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MARIANA ALEJANDRA ROSAS FERNÁNDEZ
INTERFERÊNCIA DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR INTERMITENTE NA EXPRESSÃO
DOS FATORES LIPOGÊNICOS SREBP 1C E 2 E ACETIL-COA CARBOXILASE NO
HIPOTÁLAMO DE RATAS
MACAÉ
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CAMPUS UFRJ-MACAÉ PROFESSOR ALOÍSIO TEIXEIRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS BIOATIVOS E BIOCIÊNCIAS
MARIANA ALEJANDRA ROSAS FERNÁNDEZ
INTERFERÊNCIA DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR INTERMITENTE NA
EXPRESSÃO DOS FATORES LIPOGÊNICOS SREBP 1C E 2 E ACETIL-COA
CARBOXILASE NO HIPOTÁLAMO DE RATAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Produtos Bioativos e Biociências,
como requisito para a obtenção do grau de Mestre
em Ciências.
Orientadores: Profª Drª Kelse Tibau de Albuquerque
Prof. Dr. Leonardo Paes Cinelli
MACAÉ
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CAMPUS UFRJ-MACAÉ PROFESSOR ALOÍSIO TEIXEIRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS BIOATIVOS E BIOCIÊNCIAS
FOLHA DE APROVAÇÃO
MARIANA ALEJANDRA ROSAS FERNÁNDEZ
INTERFERÊNCIA DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR INTERMITENTE NA
EXPRESSÃO DOS FATORES LIPOGÊNICOS SREBP 1C E 2 E ACETIL-COA
CARBOXILASE NO HIPOTÁLAMO DE RATAS
Macaé, 15 de fevereiro de 2017
Profª Kelse Tibau de Albuquerque – Doutora em Ciências
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus UFRJ-Macaé
___________________________________________
Profª Fátima Lúcia de Carvalho Sardinha - Doutora em Ciências
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus UFRJ
___________________________________________
Profª Vivian de Oliveira Sousa Corrêa - Doutora em Ciências
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus UFRJ-Macaé
___________________________________________
Profª José Roberto da Silva - Doutor em Ciências
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus UFRJ-Macaé
___________________________________________
DEDICATÓRIA
A minha grande família, que na minha decisão de partir para longe de casa na busca dos
meus sonhos, sempre me apoiou e confortou entre brincadeiras e palavras de alento a
nunca me deixar cair.
Mãe, mulher forte e de palavra precisa, aprendi d e você a nunca me render, a que na vida,
é necessário parar para pensar, e que pode uma pessoa estar triste e chorar, mas logo
depois, tem que começar de novo e com mais força.
Papai, teu carinho e ternura estão sempre comigo e me confortam para seguir no meu
caminho, por acreditar em mim, ainda quando eu esteja duvidando.
Goyita e Peto, por serem também meus pais, que com o coração partido me deixaram
partir, pelo grande amor que nós temos. Os pais grandes que Deus me deu, avós que me
chamam de filha, e esta, sua neta, que lhes chama de pais, amo vocês.
Meus irmãos, doidos, lindos, queridos: Hugo, Caro, Queque, Ricar e Sofi, qualquer
momento simples, acaba sendo o melhor com vocês, numa coleção de lembranças que
nunca acabam e histórias para contar uma e outra vez.
Ao amor da minha vida, Josefito, por me mimar, por me querer, por me suportar, porque
chegamos sem ninguém, mas nunca ficamos sozinhos, sempre estivemos juntos, nos bons
e maus momentos, meu eterno companheiro.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, que permite todas as coisas que tem de acontecer, e
as que não, também, mas que sempre põe no meu coração a forca da qual preciso.
A minha querida orientadora, a Profa. Kelse Tibau de Albuquerque, porque sem me
conhecer me deu a oportunidade que eu precisava. Por cada momento de aprendizagem,
porque cheguei sabendo pouco, mas você nunca me deixou, estarei eternamente grata,
pela sua paciência comigo, seu carinho, sua confiança, por ser minha mestra e meu
modelo.
Ao professor Leonardo Cinelli, por me receber em seu nome no programa de pós-
graduação e contribuir para a realização do meu sono.
A meu professor e amigo, Leandro Oliveira Batista, porque você foi meu mestre desde o
primeiro dia que entrei no laboratório e com muita paciência me ensinou todas as coisas
que precisei para realizar meu projeto.
Por fim, meu respeito por seu sacrifício a aqueles que fizeram possível a realização deste
trabalho.
EPÍGRAFE
Algum dia tudo fará sentido. Enquanto isso, ria da confusão,
chore pouco, e entenda que tudo acontece por alguma razão.
Paulo Coelho.
RESUMO
A obesidade é um problema mundial que provoca graves consequências para a saúde. Na
tentativa de seu controle, a restrição alimentar intermitente (RAI) tem sido uma estratégia
amplamente utilizada pela população para a perda rápida de massa corporal. Contudo há
poucas evidências quanto aos efeitos desta estratégia no sistema nervoso central. No
presente trabalho, avaliamos em ratas saudáveis se a RAI promove alteração das proteínas
que integram a via lipogênica hipotalâmica. Sessenta fêmeas Wistar, com 67 dias de vida,
foram distribuídas nos grupos Controle (C, ração comercial ad libitum), Restrito 3 (R3,
mantido 2 dias com ração à 50% do C, seguido de 3 dias de realimentação ad libitum) e
o Restrito 5 (R5, mantido 2 dias com ração à 50% do C, seguido de 5 dias de
realimentação ad libitum) durante 6 semanas. Os grupos R3 e R5 mostraram menor
ingestão acumulada (R3: p=0,001; R5: p=0,006) no período, porém o consumo imediato
pós-restrição de ambos os grupos mostraram-se elevados vs. C (R3: p<0,0001; R5: p<
0,0001). O grupo R5 teve menor ganho de massa corporal total vs. C (p=0,0001). O teor
sérico de glicose aumentou em ambos os grupos (R3: p=0,007; R5: p=0,001), enquanto
a triacilglicerolemia (TG) e o teor de gordura mesentérica (MES) foram maiores no R3
(TG: p=0,018; MES: p=0,001) vs. C. No hipotálamo foram observadas diferenças
estatísticas na expressão dos fatores de transcrição, na proteína ligadora do elemento
regulado por esteróis (SREBP) 1c (C: 1,02 ± 0,18; R3: 0,72 ± 0,19; R5: 2,32 ± 0,43) do
grupo R5 vs. C (p<0,04) e vs. R3 (p<0,04) e do SREBP 2 (C: 0,72 ± 0,14; R3: 2,04 ±
0,47; R5: 2,06 ± 0,21) do grupo R5 e R3 vs. C (R3: p=0,42; R5: p=0,39). O teor da
enzima Acetil-CoA carboxilase (ACC) não diferiu entre os grupos. Concluímos que RAI
promoveu perda de massa corporal com prejuízos na glicose sérica e adiposidade visceral
e na expressão hipotalâmica do fator de transcrição lipogênico SREBP.
Palavras-chave: restrição alimentar intermitente, tecido adiposo visceral, ACC, SREBP,
hipotálamo.
ABSTRACT
Obesity is a worldwide problem, which causes serious health consequences. In an attempt
to control it, intermittent food restriction (IFR) has been a strategy widely used by the
population for the rapid loss of body mass. However there is little evidence with respect
to the effects of this strategy over the central nervous system. In the present work we
evaluated in healthy rats whether IFR could lead to alterations in the content of proteins
that integrate the hypothalamic lipogenic pathway. Sixty Wistar females rats, 67 days old,
were distributed in the Control (C, feed with Chow diet ad libitum), Restricted 3 (R3,
maintained 2 days with Chow diet at 50% C, followed by 3 days feeding ad libitum ) and
Restricted 5 (R5, maintained 2 days with Chow diet at 50% C, followed by 5 days feeding
ad libitum) for 6 weeks. The groups R3 and R5 showed lower cumulative food intake
(R3: p=0.001; R5: p=0.006) over the period of investigation, but the immediate post-
restraint consumption of both groups proved to be higher vs. C (R 3: p <0.0001; R 5: p
<0.0001). The R5 group had lower total body mass gain vs. C (p=0.0001). The serum
glucose increased in both groups (R3: p=0.007, R5: p=0.001), whereas triacylglycerol
(TG) and mesenteric fat depot (MFD) contents were higher in R3 (TG: p = 0.018; MFD:
p=0.001) vs. C. In the hypothalamus, statistical differences were observed in the
expression of the transcription factors SREBP-1c (C: 1.02 ± 0.18; R3: 0.72 ± 0.19; R5:
2.32 ± 0.43) in the R5 group vs. C (R5: p <0.04) and vs. R3 (p <0.04) and SREBP 2 (C:
0.72 ± 0.14; R3: 2.04 ± 0.47; R5: 2 , 06 ± 0.21) of the R5 group and R3 vs. C (R3: p=0.42,
R5: p=0.39) .The content of the ACC enzyme did not differ between groups. We conclude
that IFR led to loss of body mass with alterations of blood glucose level and visceral
adiposity and hypothalamic expression of the lipogenesis transcription factor SREBP.
Key words: intermittent food restriction, visceral adipose tissue, ACC, SREBP,
hypothalamus.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Da Revisão de literatura
Figura 1 - Integração de sinais metabólicos periféricos e controle central da
homeostase energética
3
Figura 2 - Fatores de transcrição Sterol Regulatory Element-Binding Protein -
SREBP
6
Figura 3 - Efeito da obesidade sobre as adipocinas e desordens metabólicas 8
Figura 4 - Distribuição dos depósitos de gordura branco e marrom em humanos
e roedores
10
Do Material e métodos
Figura 5 - Esquema de tratamento dos grupos 18
Dos Resultados – Artigo
Figura 1 - Consumo alimentar, massa corporal e consumo pós-jejum 27
Figura 2 - Teor dos depósitos de gordura mesentérico, retroperitoneal e gonadal 28
Figura 3 - Concentração sérica de glicose e triacilglicerol 29
Figura 4 - Expressão hipotalâmica de fatores de transcrição SREBP e ACC 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACC Acetil coenzima A carboxilase
AgRP Proteína relacionada ao gene Agout
AGS Ácido graxo sintase
AMPK Proteína quinase ativada pelo AMP
ARC Núcleo arqueado
ATP Trifosfato de adenosina
C/EBPα Proteína vinculada ao potenciador CCAAT
CART Transcrito regulado por cocaína e anfetamina
EM Enzima málica
FOXO1 Forkhead box O 1
Fsp27 Proteína específica de gordura 27
HDL Lipoproteína de alta densidade
HLS Hormônio sensível à lipase
IL-6 Interleukina 6
IRS Substratos receptores de insulina
JACK2 Janus quinase 2
LDL Lipoproteína de baixa densidade
NPY Neuropeptídio Y
NTS Núcleo do trato solitário
ObRb Receptor específico de leptina
PI3q Fosfatidilinositol-3-quinase
PKA Proteína quinase A
PKB/Akt Proteína quinase B
POMC Proopiomelanocortina
PPARs Receptores ativados pelos proliferadores de peroxisomas
RAI Restrição alimentar intermitente
RNA Ácido ribonucleico
SNC Sistema nervoso central
SREBP Proteína ligadora do elemento regulado por esteróis
STAT3 Transdutor do sinal ativador de transcrição 3
TNF-α Fator de necrose tumoral α
UCP-1 Proteína desacopladora 1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 01
2 REVISÃO DE LITERATURA 03
2.1 Regulação da ingestão alimentar 03
2.2 Tecido adiposo 07
2.3 Restrição alimentar intermitente 13
3 OBJETIVOS 16
3.1 Objetivo geral 16
3.2 Objetivos específicos 16
4 MATERIAL E MÉTODOS 17
4.1 Condições experimentais 17
4.2 Desenho experimental 17
4.3 Protocolo de intermitência alimentar 17
4.4 Avaliação de parâmetros nutricionais 18
4.5 Avaliação sérica 18
4.6 Avaliação da expressão hipotalâmica do SREBP e ACC 19
4.7 Análise de dados 20
5 RESULTADOS 21
Artigo 22
Resumo 22
Introdução 23
Material e Métodos 25
Resultados 27
Discussão 31
Referências 36
6 CONCLUSÕES 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
ANEXO 48
1
1 INTRODUÇÃO
A obesidade é um problema mundial e frequentemente surgem estratégias para a
reversão ou controle da sua prevalência. Contudo, apesar de que levam à perda de massa
corporal, nem sempre dispõem de fundamentação científica. Nesta perspectiva, há muitos
anos a restrição alimentar intermitente é utilizada com vistas à redução da massa corporal
(TINSLEY & LA BOUNTY, 2015), mas ainda pouco se sabe sobre as repercussões dessa
estratégia sobre os mecanismos centrais de regulação da lipogênese e modulação da
homeostase energética.
A obesidade é uma desordem metabólica que reúne alterações periféricas e
centrais (CINTRA; ROPELLE & PAULI, 2011), e apesar de estudos demonstrarem que
a aplicação da restrição alimentar intermitente promove redução da massa corporal em
humanos (HARVIE et al., 2011; KLEMPEL et al., 2012) e roedores (KARBOWSKA &
KOCHAN, 2012), não se têm apontadas quais as alterações nos mecanismos de controle
da ingestão alimentar são revertidas por este método, de forma a induzir a perda de massa
e possivelmente limitar o crescimento compensatório (efeito “sanfona”), comum em
indivíduos com rápida perda de massa corporal.
A homeostase energética resulta da atuação integrada de vários fatores periféricos
e centrais e, dada a complexidade da regulação da integração destes mecanismos, os
estudos que buscam a compreensão da ação de fatores dietéticos sobre o desfecho
metabólico no controle da obesidade tornam-se relevantes.
A lipogênese é um processo ativo no desenvolvimento da obesidade. Contudo, o
tecido adiposo, nos últimos anos, assumiu papel importante na obesidade, tendo em vista
a sua distribuição anatômica e o perfil histológico, que confere a cada depósito de gordura
características peculiares e consequente participação em desordens metabólicas
(BJØRNDAL et al., 2011). É também o tecido alvo nos programas de redução da massa
corporal. Entretanto, a mobilização de seus estoques de gordura depende da atividade
integrada de enzimas lipogênicas, hormônios e fatores de transcrição nuclear (SANDERS
& GRIFFIN, 2016) que modulam o processo de lipogênese.
A investigação de alterações no sistema nervoso central, guardada as possíveis
análises por imagem ou de material periférico que permitem fazer relações centrais,
demanda metodologia invasiva e dessa forma estudos em modelo animal tem importante
papel científico na compreensão de mecanismos biológicos. Assim, a presente
2
investigação estabeleceu modelo de ratas saudáveis para aplicar o método de restrição
alimentar intermitente e avaliar as repercussões sobre a adiposidade e atividade da via
lipogênica hipotalâmica.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Regulação central da ingestão alimentar
O sistema nervoso central (SNC) é alvo de estudos na gênese da obesidade, porém
o controle da ingestão alimentar e do gasto energético é complexo e envolve diferentes
mensageiros (CINTRA; ROPELLE & PAULI, 2011; SCHWARTZ et al., 2000). O
cérebro integra sinais metabólicos provenientes de tecidos periféricos, como fígado,
pâncreas, tecido adiposo, intestino e músculo, o que promove ajustes no neurocircuito, e
as condições metabólicas percebidas em tempo real determinam a resposta sobre a
ingestão alimentar e o gasto energético (ROH; SONG & KIM, 2016) (Figura 1).
Figura 1. Integração de sinais metabólicos periféricos e controle central da
homeostase energética. No estado de jejum, o hipotálamo recebe sinais provenientes
da periferia e responde ativando neurônios orexígenos e inibindo os anorexígenos
(lado esquerdo). No estado pós-prandial o hipotálamo recebe sinais de saciedade
provenientes da periferia, e responde ativando neurônios anorexígenos e inibindo os
orexígenos (lado direito). Neuropeptídio Y (NPY), proteína relacionada ao gene
Agout (AgRP), proopiomelanocortina (POMC), transcrito regulado por cocaína e
anfetamina (CART), núcleo arqueado (ARC), polipeptido YY (PPY),
colecistoquinina (CCK). (Adaptado de ROH; SONG & KIM, 2016)
ESTADO DE JEJUM ESTADO PÓS-PRANDIAL
Nervo Vago
NPYAgRP
POMCCART
ARC
Grelina
Trato gastrointestinal
NPYAgRP
POMCCART
Insulina Nervo VagoPPY/
CCK
Trato gastrointestinal
Tecido adiposo
Leptina
ARC
Pâncreas
4
O hipotálamo é o centro de integração das informações periféricas e centrais, de
onde partem as respostas orexígenas ou anorexígenas de regulação energética (DAMIANI
& DAMIANI, 2011). Do ponto de vista morfológico, este centro é dividido em seis
regiões. Porém, o núcleo arqueado (ARC) no hipotálamo e o núcleo do trato solitário
(NTS), no tronco encefálico, são os principais locais de convergência e integração dos
sinais periféricos, como hormônios, nutrientes e adipocinas e os centrais, como
neuropetídeos (WATERSON; HORVATH, 2015).
No ARC, neurônios sensíveis ao estado de energia do organismo, seja este, jejum
ou pós-prandial, produzem neuropeptídio Y (NPY), proteína relacionada ao gene agout
(AgRP) e proopiomelanocortina (POMC), os quais promovem a regulação homeostática
de energia. As respostas orexígenas são determinadas pelo NPY e AgRP, bem como pelas
orexinas, galanina e noradrenalina; enquanto o estímulo anorexígeno decorre de ações da
POMC e também do transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART), interleucina
1β e serotonina (CORNEJO et al., 2016).
Dentre os sinais hormonais periféricos, estão os hormônios leptina e insulina, que
agem no SNC ativando POMC e CART. Ambos hormônios agem mediados por seus
respectivos receptores e desencadeiam uma sequência de sinais que resultam na sua
resposta hipotalâmica de inibição da ingestão (LAU & HERZOG, 2014; SOBRINO
CRESPO et al., 2014).
A ação da insulina, hormônio secretado pelo pâncreas, é mediada por seu receptor
transmembrana, que ao ligar-se ao hormônio se autofosforila e desencadeia uma
sequência de fosforilações dos seus substratos receptores (IRS) e da proteína Akt ou PKB,
a qual encerra a cascata e determina a resposta inibitória da alimentação (BOUCHER;
KLEINRIDDERS & KAHN, 2014). De forma semelhante, a leptina, hormônio secretado
pelo tecido adiposo proporcionalmente a sua massa total, é um mediador anorexígeno que
reduz a ingestão alimentar por agir por meio de receptor específico, o ObRb no
hipotálamo.
A ligação da leptina com seu receptor permite o recrutamento de um segundo
receptor próximo, formando assim uma estrutura temporalmente dimérica. Essa
modificação transitória, induz a atividade catalítica da enzima JACK2 (Janus quinase 2),
a qual se autofosforila em resíduos tirosina quinase, ativando o domínio SHP2 (CINTRA;
ROPELLE & PAULI, 2011), que por sua vez ativa AMPK e a STAT3 (transdutor do sinal
5
ativador de transcrição 3), que migra ao núcleo controlando a expressão de
neurotransmissores que respondem à leptina. Além disso, a JACK2 fosforila os substratos
do receptor de insulina (IRS), sobretudo IRS2, potencializando o sinal da insulina por
ativar a proteína 3 quinase (PI3q) e Akt/PKB. Desta forma, a insulina e a leptina atuam
em associação no controle da ingestão alimentar, uma vez que regulam a expressão e
liberação de neurotransmissores no ARC do hipotálamo (KWON; KIM & KIM, 2016).
Modelos específicos de camundongos com ausência do receptor de leptina apresentam
comportamento hiperfágico, são obesos e diabéticos (NIKI et al., 2015).
O SNC apresenta enzimas lipogênicas, porém este não é caracterizado como tecido
lipogênico, mas sim, está relacionado com o controle da ingestão alimentar. No
hipotálamo, o teor tanto dos intermediários como dos produtos finais da via lipogênica,
são determinantes no controle da homeostase energética (KARAMI et al., 2006). O
incremento dos níveis de malonil CoA no hipotálamo indica que há um excedente de
energia no organismo, o que leva a uma rápida regulação da oxidação de ácidos graxos
no musculo esquelético. Assim, os teores de malonil CoA serão decisivos no destino dos
ácidos graxos, seja para serem oxidados ou para serem estocados (SWIERCZYNSKI et
al., 2008).
A enzima envolvida na conversão de acetil CoA em malonil CoA é a acetil CoA
carboxilase (ACC). Existem duas isoformas diferentes dessa enzima lipogênica, sendo a
isoforma ACC1 expressa principalmente no tecido adiposo e no fígado, que apresentam
maior atividade lipogênica, enquanto a isoforma ACC2, expressa no hipotálamo,
apresenta função mais relacionada com o sinal de saciedade. Os níveis de malonil CoA
caem uma vez que a enzima ácido graxo sintase (AGS), utiliza este substrato para a
conversão dos ácidos graxos. Inibidores da AGS, administrados via
cerebrointraventricular, levaram à diminuição da ingestão alimentar com a diminuição de
NPY/ AgRP e o aumento de POMC/CART (CHEN et al., 2014).
O organismo possui sistemas que regulam a homeostase energética e a adiposidade
e ambos os processos envolvem a participação de vários fatores de transcrição nuclear
incluindo SREBP-1c e 2, envolvidos na via lipogênica (FERRÉ & FOUFELLE, 2007;
XIAO & SONG, 2013).
6
O fator de transcrição nuclear “proteína ligadora do elemento regulado por esteróis”
(SREBP) compreende uma família de fatores que ativam genes que codificam enzimas
reguladoras da biossíntese de ácidos graxos (XIAO & SONG, 2013) (Figura 2). Dentre
as isoformas do SREBP, a 1c aumenta preferencialmente a transcrição de genes
envolvidos na síntese de ácidos graxos, enquanto a SREBP 2 ativa genes da via de síntese
de colesterol. Portanto, a isoforma 1c desempenha papel fundamental no metabolismo de
ácidos graxos. Contudo, há estudos que relatam que a atividade do SREBP 2 pode
compensar falhas no 1c, e suprir o déficit daquele fator de transcrição (HORTON, 2002).
Figura 2. Fatores de transcrição nuclear Proteína ligadora do elemento
regulado por esteróis (SREBP). Família de fatores que ativam genes que
codificam enzimas reguladoras da biossíntese de ácidos graxos (SREBP-1c e 1a) e colesterol (SREBP-2).
A inflamação de baixa intensidade é característica na obesidade, uma vez que o
adipócito hipertrofiado é mais propenso a hipóxia e apoptose. Esse quadro leva à
infiltração de monócitos e aumento no acúmulo de macrófagos, iniciando o processo
inflamatório de baixo grau, com a produção de citocinas pró-inflamatórias, responsáveis
pela gênese de distúrbios metabólicos, principalmente pela resistência à insulina (CHEN
et al., 2015). Da mesma forma, o hipotálamo pode se ver afetado por este processo
inflamatório, que leva a defeitos na transdução de sinal da insulina e leptina, gerando
SREBP
Proteína ligadora do elemento regulado por esteróis
7
distúrbios na sinalização de neurônios especializados no controle da fome, saciedade e
termogênese (KÄLIN et al., 2015).
Consequências da inflamação, ainda mais críticas, produzidas por adipocinas, como
a apoptose de células neuronais, acabam levando a prejuízos, quando situações de fome
tornam-se impossíveis de controlar, o que leva a ciclos repetidos de respostas orexígenas
e o aumento descontrolado da massa corporal (PUIG et al., 2015).
2.2 Tecido adiposo
O tecido adiposo, além da função de reservatório de energia, é considerado o
maior órgão endócrino ativo, secretando vários fatores bioativos, denominadas
adipocinas (HARWOOD, 2012). A epidemia da obesidade tem levado à ampliação das
características biológicas e metabólicas associadas a este tecido, bem como a clareza
sobre a interação com outros órgãos e tecidos, o chamado crosstalk inter-órgão, como o
fígado, músculo esquelético, pâncreas e coração (KIM & MOUSTAID-MOUSSA, 2000)
(Figura 3). A unidade celular endócrina e funcional do tecido é o adipócito, o qual atua
de forma parácrina e autócrina para a regulação tanto das células do tecido quanto no
crosstalk e, assim, emite sinais que integram o controle da homeostase energética
(SMITKA & MAREŠOVÁ, 2015).
8
Figura 3. Efeito da obesidade sobre as adipocinas e desordens
metabólicas (Adaptado HARWOOD, 2012). Ácidos graxos livres
(AGL), fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), interleuquina 6
(IL-6), lipídios de muita baixa densidade (VLDL)
De fato, durante períodos de balanço energético negativo, vários mecanismos são
ativados para a preservação dos estoques de energia e, dada a complexidade desta
regulação, o tratamento da obesidade é difícil. Os prejuízos da obesidade e síndrome
metabólica parecem depender da distribuição da gordura corporal e evidências mostram
que a localização da gordura abdominal é mais fortemente correlacionada com a síndrome
metabólica do que a gordura periférica (HARWOOD, 2012).
Para que os adipócitos se tornem funcionais, devem passar pelo processo de
adipogênese, o qual é controlado por fatores de transcrição encarregados da diferenciação
dos pré-adipócitos em adipócitos. Este processo pode ser afetado de forma positiva ou
negativa por sinais hormonais e nutricionais (ALZAMENDI et al., 2016; ZUBIRÍA et al.,
2016). A participação de proteínas, como os receptores ativados pelos proliferadores de
Tecido adiposo gordo
Ingestão alimentar
Gasto energético
Produção glicose hepática
Disfunção endotelial
Adesão vascular
Aterosclerose
Hipernutrição
Expansão do tecido adiposo
Infiltração de macrófago
Aumento do nº e tamanho do adipócito
Inflamação
Oxidação de lipídios
Esteatose
Resistência à insulina
Glicogenólise
Gliconeogênese
Produção de glicose
Produção de VLDL
Glicemia Dislipidemia
Inflamação - Oxidação de AG
Capitação de glicose
Resistência à insulina
Secreção de insulina
Função células-beta
Falha de células-beta
Secreção desregulada de adipocinas:
ADIPÓCITOS MACRÓFAGOS
Adiponectina Resistina TNF-alfa
Leptina AGL IL-6
RESISTÊNCIA SISTÊMICA À INSULINA SÍNDROME METABÓLICA DIABETES TIPO 2 DESORDEM CARDIOVASCULAR
Tecido adiposo magro
9
peroxissomos (PPARs) e fatores de transcrição nuclear, como o SREBP-1c, torna-se
indispensável neste processo e, mudanças na expressão dessas proteínas podem
influenciar tanto a diferenciação, como a função metabólica da célula adiposa (MOSETI;
REGASSA & KIM, 2016; LEFTEROVA et al., 2014).
Nos mamíferos, o tecido adiposo apresenta diferenças histológicas dos seus
adipócitos, sendo reconhecido como tecido adiposo marrom e branco e, mais
recentemente, o bege. Inicialmente, acreditava-se que o tecido adiposo marrom estava
presente unicamente em recém-nascidos e crianças, mas estudos recentes mostram que
este tecido segue funcional em adultos. É um tecido especializado na produção de calor,
o que guarda forte relação com o grande número de mitocôndrias contendo UCP-1
(proteína desacopladora 1). A UCP-1 impede a formação de ATP permitindo que a
energia seja dissipada em forma de calor (termogênese) (BETZ & ENERBÄCK, 2015).
A alta concentração da enzima citocromo oxidase na mitocôndria do adipócito contribui
para sua cor escura (FONSECA-ALANIZ et al., 2007).
O tecido adiposo marrom, apesar de escasso em adultos, encontra-se localizado nas
regiões cervical, supraescapular, axilar e paraventral, enquanto em crianças recém-
nascidas se concentra nas regiões interescapular e perirrenal. Nos roedores localiza-se nas
áreas cervical, interescapular, axilar e mediastinal e cumpre função similar a dos humanos
(CHOE et al., 2016) (Figura 4). Indivíduos com tecido adiposo marrom mostraram
aumento do gasto energético em repouso, melhora na disponiblidade de glicose, assim
como melhora na resistência à insulina (BLONDIN et al., 2014; CHONDRONIKOLA et
al., 2014).
10
Painel A – Humanos
Painel B - Roedores
Figura 4. Distribuição dos depósitos de gordura branco e
marrom em humanos (Painel A) e em roedores (Painel B)
(adaptado de CHOE et al., 2016).
O tecido adiposo branco é o mais abundante no corpo humano e sua função
principal é reserva de energia, além de oferecer também proteção mecânica aos órgãos e
vísceras (SETHI & VIDAL-PUIG, 2007). De acordo com a anatomia, o tecido adiposo
branco está amplamente distribuído entre as vísceras (adiposo visceral), como os
depósitos de gordura mesentérico, retroperitoneal, perirrenal e gonadal (epididimal e
periovário), e sob a pele, como tecido subcutâneo, tipo anterior e posterior, o qual
TECIDO ADIPOSO MARROM
TECIDO ADIPOSO BRANCO VISCERAL
TECIDO ADIPOSO BRANCO SUBCUTÂNEO
SupraclavicularParavertebral
PerirenalRetroperitonealOmentalMesentérico
AbdominalGlutealFemoral
TECIDO ADIPOSO MARROM
TECIDO ADIPOSO BRANCO VISCERAL
TECIDO ADIPOSO BRANCO SUBCUTÂNEO
PerirenalRetroperitonealMesentérico Gonadal (epididimal e periovárico)
CervicalInterescapular
AxilarMediastinal
Anterior
PosteriorDorsolombar
InguinalGlúteo
11
apresenta 3 importantes depósitos: inguinal (abdominal), glúteo e dorsolombar (área
femural) (CHOE et al., 2016). Os adipócitos brancos são rodeados por tecido conectivo
altamente vascularizado e inervado e contêm fibroblastos, macrófagos e pré-adipócitos,
além de outros tipos de células (AHIMA, 2006).
Os adipócitos possuem enzimas e proteínas reguladoras da síntese de ácidos graxos
(lipogênese), que são armazenados na forma de triacilgliceróis nos períodos de abundante
oferta de energia, ou degradados a ácido graxo e glicerol (lipólise), quando a demanda
energética supera a oferta. Este tecido é facilmente modificado, e mudanças na
alimentação, tais como jejum, realimentação e composição da dieta, podem influenciar a
lipogênese e lipólise (PROENÇA et al., 2014).
Do ponto de vista energético, durante o jejum, os ácidos graxos liberados do tecido
adiposo branco são parcialmente oxidados pelo músculo esquelético e fígado, gerando
corpos cetônicos que servem como substrato energético para o cérebro e também órgãos
periféricos (AHIMA, 2006). Além disso, o tecido adiposo branco apresenta excepcional
atividade secretória, liberando na circulação adipocinas que participam do metabolismo
energético por regular processos em tecidos periféricos como no fígado e músculo, e no
SNC como no hipotálamo (GALIC; OAKHILL & STEINBERG, 2010).
Os adipócitos dos diferentes depósitos de gordura, apresentam participação
específica sobre a expressão de genes, o que pode explicar, em parte, a diferença na
distribuição de gordura nos diferentes tipos de obesidade e no desenvolvimento de
desordens metabólicas (TRUJILLO & SCHERER, 2006). O tecido adiposo bege situa-se
entre o tecido adiposo branco e o marrom, apresenta características de ambas as células
adiposas, brancas e bege, e sua função ainda não está totalmente esclarecida. Sugere-se
que sob de baixas temperaturas, a célula bege, pode escurecer e adquirir características
morfológicas e funcionais similares ao tecido marrom (CEDIKOVA et al., 2016).
Do ponto de vista endócrino, as diferenças funcionais mais conhecidas dos
adipócitos dos diferentes depósitos são relacionadas a fatores extrínsecos. O efeito da
insulina sobre o metabolismo e função endócrina dos adipócitos é mais prevalente no
subcutâneo do que no visceral, enquanto que o efeito das catecolaminas e glicocorticóides
são maiores no visceral vs. subcutâneo (MARCADENTI & DE ABREU-SILVA, 2015).
Tais diferenças parecem ser atribuídas ao número de receptores para estes hormônios,
como pode ser devido à redução da sensibilidade dos próprios receptores como
12
demonstrado com a insulina. O fato é que alterações das respostas hormonais resultam
em mobilização mais elevada de ácidos graxos livres dos depósitos viscerais do que do
subcutâneo (HARWOOD, 2012).
A síntese ou oxidação de ácidos graxos depende do período alimentar no qual o
organismo se encontra, pós-prandial ou jejum. Desta forma, a lipogênese, será ativada no
período pós-prandial, na presença de carboidratos ou outras fontes de energia da dieta, e
inibido em condições de jejum. Aumento nas concentrações circulantes de insulina,
induzem a atividade de enzimas relacionadas a lipogênese, tais como ácido graxo sintase
(AGS), acetil coenzima A carboxilase (ACC) e a enzima málica (EM), assim como o
aumento da expressão gênica destas enzimas, uma vez que estimula o fator de transcrição
SREBP-1c, fundamental na regulação da expressão das enzimas lipogênicas. A expressão
do fator de transcrição SREBP-1c no tecido adiposo encontra-se aumentada em período
de realimentação, a qual é promovida pela insulina, que ativa a lipogênese e inibe a
lipólise. (SANDERS & GRIFFIN, 2016).
Em condições de jejum, as enzimas lipolíticas são ativadas no tecido adiposo. A
lipólise é estimulada pela ação do glucagon e catecolaminas nos adipócitos mediante a
ativação da proteína quinase A (PKA), a qual inibe a ação da perilipina e ativa a lipase
hormônio sensível (HLS). Esta cascata resulta na mobilização de ácidos graxos, os quais
serão transportados aos diferentes tecidos para serem oxidados. A geração de glicose
ocorre a partir do glicerol, por meio da gliconeogênese (SAPONARO et al., 2015).
A leptina e a adiponectina atuam na regulação do balanço energético, podendo a
leptina aumentar o gasto e diminuir o consumo energético, (PARK & AHIMA, 2015) e a
adiponectina diminuir a esterificação dos triacilgliceróis e aumentar a oxidação de ácidos
graxos (LEE & SHAO, 2014). Outras secreções do tecido adiposo, como o fator de
necrose tumoral α (TNF-α), a interleucina 6 (IL-6) e o proteína quimiotáctica de
monócitos 1 (RODRÍGUEZ et al., 2015) exercem respostas pró-inflamatórias ou
migração celular, além de outras proteínas com funções biológicas, tais como resistina,
inibidor do ativador do plasminogénio 1, proteína de ligação ao retinol 4 e outras
envolvidas nos efeitos sistêmicos (SMITKA & MAREŠOVÁ, 2015).
No curso da obesidade, o adipócito sofre perda de suas capacidades, o que tem sido
relacionado com a hipertrofia do adipócito, desequilíbrio entre a lipogênese e lipólise,
falta da sensibilidade a sinais externos, assim como falha no processo de transdução de
13
sinais (RUTKOWSKI; STERN & SCHERER, 2015). Tais eventos modificam a utilização
dos ácidos graxos, conduzindo a lipotoxicidade em tecidos não adiposos, como o fígado,
pâncreas, coração entre outros (JUNG et al., 2015).
2.3 Restrição alimentar intermitente
Durante anos foram utilizadas diferentes abordagens dietéticas para o tratamento da
obesidade, mas há consenso entre diversas sociedades científicas de que a dieta
hipocalórica tradicional segue como a mais eficaz para a perda de massa corporal. Em
geral, este regime, recomenda diminuição de 500-1000 kcal, com oferta não inferior a
800 kcal diárias, além de ser equilibrada e manter a quantidade recomendada de
macronutrientes para a população geral (FESNAD-SEEDO, 2011).
A dificuldade da permanência numa dieta do tipo hipocalórica, seja pela pouca
adesão, como o escasso tempo para sua realização, por causa do estilo de vida atual, faz
com que esta estratégia de perda de massa corporal seja difícil de ser mantida (FESNAD-
SEEDO, 2011; KOEHNLEIN; SALADO & NUNES, 2008). Nesse cenário surgem
padrões alimentares que propõem reproduzir efeitos similares da dieta hipocalórica
(HOFMEKLER, 2007; SWEETSER, 2010; HARRISON, 2013; SKINNER, 2013).
Conhecido como jejum ou restrição alimentar intermitente, essa regime recomenda
a realização de jejum total ou parcial em dias alternados, deixando livre a escolha do(s)
dia(s) na semana para a realização do jejum ou restrição. O indivíduo pode optar por
suprimir uma refeição diária, seja o café da manhã, o almoço ou o jantar, sendo o mais
recomendado pular o café da manhã no caso da diminuição da frequência alimentar
(TINSLEY & LA BOUNTY, 2015). Desta forma, torna-se acessível para a população,
que poderá escolher o tipo de jejum mais adequado ao seu estilo de vida.
Pesquisas realizadas em humanos mostraram benefícios, tais como a perda de
massa corporal, tanto em pessoas saudáveis (HEILBRONN et al., 2005), como naquelas
com sobrepeso e obesidade (HARVIE et al., 2011; KLEMPEL et al., 2012). Outros
estudos concordam com a diminuição da concentração sérica de glicose e melhora na
resistência à insulina; mas não mostraram perda de massa corporal (HALBERG, 2005),
nem alterações nos parâmetros séricos para triacilgliceróis, colesterol-LDL e colesterol-
HDL (BENLI AKSUNGAR et al., 2005; BHUTANI et al., 2010; ESHGHINIA &
14
MOHAMMADZADEH, 2013) em indivíduos que realizaram restrição alimentar
intermitente total ou parcial.
Karbowska e Kochan (2012) replicaram a estratégia alimentar em modelo animal e
mostraram diminuição da massa corporal, de triacilgliceróis circulantes, assim como dos
depósitos de gordura epididimal de camundongos submetidos a 8 ciclos de restrição
alimentar intermitente, 3 dias de restrição total, seguido de 3 dias de realimentação ad
libitum. Foi observado, entretanto, aumento na expressão do RNA de genes diretamente
envolvidos na síntese e armazenamento de triacilgliceróis no tecido adiposo branco, a
proteína específica de gordura 27 (Fsp27), receptor ativado por proliferador de
peroxissoma γ 2 (PPARγ2) e as proteínas de ligação ao intensificador CCAAT α
(C/EBPα) no tecido adiposo epididimal quando comparados ao grupo controle.
Dorighello et al. (2014) submeteram camundongos hipercolesterolêmicos a
restrição alimentar, utilizando o dia de jejum alternado (dia de jejum total, seguido de um
dia de realimentação ad libitum) por 12 semanas; os resultados mostraram perda de massa
corporal, porém, aumento do conteúdo gorduroso da carcaça, aumento do tecido adiposo
epididimal, perda da massa magra, aumento do tamanho dos adipócitos subcutâneos,
assim como aumento sérico de leptina e adiponectina quando comparados com o grupo
controle.
Condutas alimentares restritivas levam ao organismo a permanecer sem alimento
por longos períodos de tempo e, nesse cenário, a regulação metabólica pode ser afetada,
produzindo distúrbios na regulação energética (HAN et al., 2014). Um dos grandes
problemas no tratamento da obesidade não é a redução da massa corporal, mas sim
controlar a recuperação após um programa para perda de peso (LUOTOLAHTI;
VIIKARI & KANTOLA, 2015; MARCHESINI et al., 2016).
Foi verificado que o intestino é capaz de elevar a taxa de absorção e transporte de
nutrientes durante restrição alimentar crônica e que este é possivelmente um mecanismo
envolvido na resistência à perda de peso corporal e aumento da recuperação do mesmo,
visto que redução na quantidade de alimento ingerido pode resultar em aumento do apetite
(ZHANG et al., 2012).
Zhao et al. (2013) verificaram que ratos submetidos a restrição alimentar e
realimentação apresentaram aumento dos depósitos de gordura e maior ingestão de
energia, estes achados evidenciam o fato de que a restrição, e realimentação, pode levar
15
a um rápido crescimento compensatório por promover aumento na ingestão alimentar e
eficiente estoque de energia. A restrição alimentar intermitente parece promover
distúrbios na função hipotalâmica, aumentando a expressão dos neurotransmissores
orexígenos AgRP e NPY, o que poderia explicar as diferenças na massa corporal e na
ingestão energética (CHAUSSE et al., 2014).
Considerando os frequentes programas de restrição alimentar e realimentação e
suas consequências sobre o crescimento compensatório, o presente estudo visa investigar
se fatores lipogênicos hipotalâmicos, incluindo proteína e fatores de transcrição, são
afetados pela prática do jejum intermitente e, assim, contribuem para o rompimento da
homeostase energética e favorecimento da obesidade.
16
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Avaliar em fêmeas Wistar saudáveis se a restrição alimentar intermitente regula a
massa corporal e exerce efeito sobre proteínas da via lipogênica hipotalâmica.
3.2 Específicos
1. Mensurar o consumo alimentar e a massa corporal;
2. Quantificar depósitos do tecido adiposo branco visceral;
3. Determinar a glicemia e triacilglicerolemia;
4. Avaliar, no hipotálamo, a expressão dos fatores de transcrição SREBP-1c e 2 e da
enzima ACC.
17
4 MATERIAL E MÉTODOS
4,1 Condições experimentais
Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética e Uso de Animais
– CEUA/Macaé da Universidade Federal de Rio de Janeiro – campus Macaé (MAC030).
Os animais foram mantidos sob condições controladas de luz, ciclos de 12h claro/escuro,
e temperatura ambiente média de 24 + 1°C. Os animais tiveram livre acesso a água e
ração comercial (Nuvilab, Brasil), a partir do 67º dia de vida desenvolveu-se a
programação de intermitência alimentar.
4.2 Desenho experimental
Sessenta ratas fêmeas Wistar de 67 dias de vida foram distribuídas aleatoriamente
em três grupos: grupo Controle (C), n=20, o qual teve livre acesso a água e ração
comercial e dois grupos de tratamento, o grupo Realimentado-Restrito 3:2 (R3), n=20 e
Realimentado-Restrito 5:2 (R5), n=20, ambos submetidos a restrição alimentar
intermitente (RAI) a 50% do consumo do C. Os animais foram mantidos em gaiolas
individuais durante 6 semanas de tratamento.
4.3 Protocolo de intermitência alimentar
O Restrito 3:2 (R3) foi alimentado por três dias com acesso ad libitum à ração,
seguido de RAI a 50% do consumo do C durante dois dias, e o Restrito 5:2 (R5) que teve
acesso ad libitum à ração durante 5 dias, para logo ser submetido à RAI a 50% do
consumo do C durante dois dias. O grupo C recebeu ração comercial ad libitum durante
todo o período (Figura 5).
18
4.4 Avaliação de parâmetros nutricionais
A ingestão alimentar e a massa corporal foram avaliadas diariamente durante todo
o tratamento. Os grupos tratados foram colocados em jejum a 50% vs. C por um período
de 24 horas (8h00 até às 8h00) durante dois dias seguidos, de acordo com o protocolo de
intermitência alimentar estabelecido para cada grupo. A medida do consumo e do peso,
foi realizada todo dia as 8h30, utilizando balança analítica (BEL Engineering) para a ração
e balança comercial (Toledo Prix) para o peso dos animais.
Os depósitos do tecido adiposo branco mesentérico (MES), retroperitoneal (RET)
e gonadal (GN) (perirrenal + periovário) foram retirados e pesados em balança analítica
(BEL Engineering) na 7ª semana de tratamento, dia da eutanásia.
4.5 Avaliação sérica
Utilizamos sangue coletado de animais submetidos a jejum de 12h. O sangue foi
coletado da aorta no dia da eutanásia e centrifugado a 2.500 r.p.m. durante 15 minutos a
Figura 5. Esquema de tratamento dos grupos. Alimentado
(A) e restrição alimentar intermitente (RAI)
Modelo experimental e grupos
19
4°C e separado o soro para as análises. A concentração de glicose foi determinada pelo
método enzimático, com limite de detecção de 0,41 mg/ dL (Glicose PAP Liquiform,
Labtest Diagnostica, BH-MG) e o teor sérico de triacilgicerol foi determinado por método
colorimétrico (Triglicérides Liquiform, Labtest Diagnostica, MG-Brasil). Ambas as
avaliações foram realizadas utilizando kit comercial. Para o protocolo foram pipetados
2µL de soro e 200µL de reagente e, após incubação a 37°C a 5 minutos, a leitura das
absorbâncias foi feita em comprimento de onda 505nm (Biochrom Asys UVM 340) e os
resultados foram expressos em mg/dL.
4.6 Avaliação da expressão hipotalâmica do SREBP e ACC
Aos 109 dias de vida, e, após jejum de 12h, os animais foram eutanasiados, e o
hipotálamo retirado rapidamente e colocado em reagente Trizol para a extração do RNA
total, para o qual foi adotado o protocolo do fabricante (Invitrogen, Thermo Fisher
Scientific). O cDNA foi sintetizado por meio de kit comercial High-Capacity cDNA
(Applied Biosystems). Foi utilizado 10 µL de mastermix (2 µl de 10X RT Buffer, 2 µL de
10X RT Random, 0,8 µL de 25X dNTP Mix, 1µL de MultiScribe RT e 4,2 µL de água
livre de nucleases) e 10 µL de amostras de RNA normalizada entre 1 e 3 µg/RNA por
amostra. A placa foi, em seguida, selada e levada a centrifugação por 5 minutos e,
posteriormente, colocada no termociclador a 25°C, 37°C, 85°C e 4°C durante 10, 120, 5
e ∞ minutos respectivamente. Para a amplificação do mRNA, foi utilizada a técnica de
PCR (Real Time PCR ou reação em cadeia de polimerase) em tempo real por meio do
aparelho StepOne Plus (Applied Biosystems). Foi usado 1 µL dos iniciadores desenhados
para os genes SREBP-1c, SREBP2, ACC e 18S, 9 μL de cDNA sintetizado e 10 μL de
mastermix TaqMan (Applied Biosystems). Após o preparo das reações, a placa foi selada
e centrifugada a 2.500 r.p.m. por 5 minutos para eliminação de bolhas de ar e carregadas
no aparelho a 50° C durante 2 minutos para a incubação, seguido de 95°C durante 10
minutos para ativação da polimerase e PCR (40 ciclos) a 95° C por 15 segundos para
desnaturar e 60° C por 1 minuto para extensão. As análises foram realizadas em triplicata
e os resultados foram analisados em ΔΔCT (LIVAK K. & SCHMITTGEN T., 2001). Os
dados de expressão foram comparados com o gene 18S como gene de referência.
20
4.7 Análise de dados
Os dados foram apresentados como média e erro padrão da média. A análise
estatística foi realizada utilizando-se o software SPSS® versão 20.0. Para as variáveis de
comparações múltiplas foi utilizado análise de variância de uma via (ANOVA de uma
via), seguida do teste de Bonferroni. Foi adotado nível de significância p<0,05.
21
5 RESULTADOS
Os dados obtidos foram organizados para constituir um manuscrito e assim serão
apresentados os resultados.
22
Restrição alimentar intermitente afeta a expressão do RNAm do SREBP-1c e 2 no
hipotálamo de ratas
Resumo
Objetivo: Avaliar em ratas saudáveis se a restrição alimentar intermitente (RAI) altera
proteínas da via lipogênica hipotalâmica. Métodos: Sessenta fêmeas Wistar, 67 dias de
vida compuseram por 6 semanas os grupos Controle (C, ração comercial ad libitum),
Restrito 3 (R3) e 5 (R5) mantidos 2 dias com ração à 50% do C, seguido de 3 ou 5 dias
de realimentação ad libitum respectivamente, com livre acesso à agua. Resultados: Os
grupos R3 e R5 mostraram menor ingestão acumulada [R3: p=0,001; R5: p=0,006],
porém no dia pós-restrição ambos os grupos tratados apresentaram consumo elevado vs.
C [R3 e R5: p<0,0001]. O grupo R5 [p<0,0001] teve menor ganho de massa corporal
total vs. C. O teor de glicose aumentou em R3 e R5 [R3: p=0,007; R5: p=0,001] e do
triacilglicerol apenas no grupo R3 [p=0,018]. O tecido adiposo mesentérico (TAM) foi
maior no R3 [p=0,001] vs. C. No hipotálamo foram observadas diferenças na expressão
hipotalâmica do fator de transcrição SREBP 1c no grupo R5 vs. C [p=0,04] e vs. R3
[p=0,04] e no SREBP 2 nos grupos R3[p<0,04] e R5 [p<0,03] vs. C. A expressão da
enzima ACC não diferiu entre os grupos. Conclusão: A restrição alimentar intermitente
(RAI) em ratas alterou a expressão de fatores lipogênicos da família SREBP no
hipotálamo, promoveu perda de massa corporal com aumento da adiposidade visceral e
prejuízo na glicemia e triacilglicerolemia.
Palavras chave: Restrição alimentar intermitente, SREBP, ACC, hipotálamo.
23
Introdução
A regulação da homeostase energética e lipogênica nos organismos
desenvolvidos, especialmente mamíferos, envolve complexa integração entre
mecanismos periférico e central. Dadas as constantes mudanças na alimentação, tanto na
composição quanto na quantidade de alimentos ingerida, tais mecanismos sofrem
constantes ajustes a fim de manter a função adequada dos sistemas que integram a
regulação da ingestão alimentar e a adipogênese e, assim, controlar a massa corporal
(LONGO & MATTSON, 2014). O estoque de gordura é depositado em decorrência de
excessivo suprimento alimentar e mobilizado em períodos de jejum, na forma de ácidos
graxos e glicerol.
A restrição alimentar intermitente (RAI), utilizada como estratégia de
emagrecimento, expõe periodicamente o organismo a ciclos repetidos de jejum e livre
acesso à alimentação (TINSLEY & LA BOUNTY, 2015). Esses ciclos provocam
mudanças hormonais (BONAKDARAN, 2016; HEILBRONN et al., 2005) e ativação e
ou inibição repetida de proteínas relacionadas à lipogênese e à regulação da ingestão
(ZHAO et al., 2013), de forma que o organismo, para exercer eficientemente o controle
lipogênico, depende de mudanças na expressão gênica (LIANG et al., 2002; GRIFFIN &
SUL, 2004; OKAMOTO et al., 2006). Portanto, alterações na expressão gênica podem
decorrer da dieta e são importantes para composição da resposta de diversos tecidos à
alteração da condição nutricional.
O hipotálamo é importante centro regulador da homeostase energética e sensível
a hormônios, como a insulina e leptina, cuja secreção é modulada pela adiposidade, e
exercem efeito central anorexígeno (HUYNH et al., 2016). O estado nutricional no qual
o organismo se encontra leva à ativação de neurônios orexígenos ou anorexígenos,
resultando no aumento ou diminuição do apetite (ROH; SONG & KIM, 2016). Apesar de
ser difundido que a RAI promove perda de massa corporal (HEILBRONN et al., 2005;
HARVIE et al., 2011; KARBOWSKA & KOCHAN, 2012; KLEMPEL et al., 2012
DORIGHELLO et al., 2014), e que há forte relação entre dieta, expressão gênica e
adipogênese, não tem sido demonstrado se a prática de RAI afeta a via lipogênica
hipotalâmica, importante para a homeostase energética. No hipotálamo, esta via integra
a regulação da homeostase energética por meio da ação de enzima acetil-CoA carboxilase
24
e do produto da sua ação sobre o acetil-CoA, o malonil-CoA, que promovem aumento da
resposta anorexígena, iniciada pela leptina (SONE et al., 2016).
As proteínas SREBPs são os principais fatores de transcrição que regulam a
expressão de genes envolvidos na biossíntese de colesterol, ácido graxo e triacilglicerol
(YE & DEBOSE-BOYD, 2011). O SREBP-1c tem como função principal a síntese de
ácidos graxos, pela sua capacidade de aumentar a expressão das enzimas lipogênicas
acetil-CoA carboxilase e ácido graxo sintase, enquanto o SREBP-2 está relacionado com
a síntese do colesterol (XIAO & SONG, 2013). Embora o SREBP-1c seja expresso no
cérebro, pouco se sabe sobre sua ação na lipogênese hipotalâmica.
Elevação da concentração de insulina no período pós-prandial promove
fosforilação do SREBP-1c e sua consequente translocação do citoplasma para o núcleo,
iniciando a atividade lipogênica, enquanto a atividade diminui durante o jejum em
resposta à diminuição da insulina (OKAMOTO et al., 2006).
Vários fatores no organismo são regulados de forma dependente da glicose ou
insulina, de maneira que oscilações na concentração de insulina e glicose, decorrentes dos
ciclos de jejum e realimentação podem determinar regulação de fatores de transcrição
lipogênicos e tal evidência pode revelar importante adaptação à intermitência alimentar e
modulação de genes envolvidos. Nesta perspectiva demonstramos que a expressão
hipotalâmica dos fatores de transcrição SREBP-1c e 2 foi alterada em resposta a RAI em
ratas saudáveis, porém a expressão da enzima acetil-CoA carboxilase parece não ser
afetada pelos ciclos de jejum e realimentação. Tais dados demonstram que estes fatores
de transcrição são sensíveis aos repetidos ciclos de supressão alimentar.
25
Material e métodos
Animais e desenho experimental
Sessenta ratas fêmeas Wistar foram mantidas durante 6 semanas em gaiolas
individuais, e ciclos claro/escuro (12/12h) e temperatura ambiente média de 24 + 1°C e
aos 67 dias de vida foram agrupadas como: Controle (C), animais com livre acesso à agua
e ração comercial; o Restrito 3:2 (R3) alimentado por três dias com acesso ad libitum à
ração, seguido de RAI a 50% do consumo do C durante dois dias, e o Restrito 5:2 (R5)
que teve acesso ad libitum à ração durante 5 dias, para logo ser submetido à RAI a 50%
do consumo do C durante dois dias. Todos os procedimentos foram aprovados pela
Comissão de Ética e Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Rio de Janeiro
– Campus Macaé (MAC030).
Consumo alimentar e composição corporal
O consumo alimentar e a massa corporal foram monitorados diariamente durante
todo o período de tratamento. Os grupos tratados foram colocados em jejum a 50% do C
por 24 horas (8h00 às 8h00) durante dois dias consecutivos, após os quais receberam
ração ad libitum segundo o protocolo de RAI do grupo (3 ou 5 dias). No dia do
experimento as ratas foram eutanasiadas e coletados os depósitos de gordura mesentérica
(MES), retroperitoneal (RET) e gonadal (GN) (perirrenal + periovário) e avaliados
gravimetricamente.
Avalições séricas
O sangue foi coletado da aorta no dia da eutanásia, após 12 h de supressão
alimentar, e centrifugado a 2.500 r.p.m. durante 15 minutos a 4°C para separação do soro.
Para as análises utilizou-se microensaio com kit comercial. A concentração de glicose foi
determinada pelo método enzimático, com limite de detecção de 0,41 mg/ dL (Glicose
PAP Liquiform, Labtest Diagnostica, BH-MG) e o teor sérico de triacilgicerol com kit
colorimétrico (Triglicérides Liquiform, Labtest Diagnostica, MG-Brasil). Na microplaca
foram pipetados 2μL de soro e 200μL de reagente e após incubação a 37°C por 15 minutos
a leitura das absorbâncias a 505nm foi realizada no (Biochrom Asys UVM 340). As
26
concentrações de glicose e triacilglicerol foram determinadas seguindo os protocolos dos
fabricantes a partir das absorbâncias das amostras.
Determinação dos teores hipotalâmicos dos fatores de transcrição
O mRNA total foi extraído das amostras de hipotálamo com reagente Trizol, de
acordo com instruções do fabricante (Invitrogen, Thermo Scientific), enquanto a
quantificação e qualidade do RNA total foram avaliadas com a utilização de aparelho
fluorímetro Nanodrop (Thermo Scientific), considerada melhor relação nos
comprimentos de onda A260/280 entre 1,90 e 2,09. As amostras de RNA foram estocadas
em freezer até a síntese de cDNA. O cDNA foi sintetizado do RNA total (2mg) em 20 uL
de reação utilizando o kit comercial High-Capacity cDNA (Applied Biosystems),) em
termociclador a 25°, 37°, 85° e 4° durante 10, 120, 5 para as 3 primeiras e em ciclo infinito
para a última. Uma vez obtido o cDNA, foi quantificada a expressão gênica mediante a
amplificação pela técnica de PCR (Real Time PCR ou reação em cadeia de polimerase)
em tempo real por meio do aparelho StepOne Plus (Applied Biosystems). Foram
utilizados iniciadores customizados SREBP-1c, SREBP-2, ACC e 18S. As reações foram
realizadas com 10 μL TaqMan Universal mastermix TaqMan (Applied Biosystems), 1μL
do iniciador e 9μL do cDNA sintetizado. A placa foi selada e centrifugada a 2.500 r.p.m.
por 5 minutos para eliminação de bolhas de ar e carregadas no aparelho a 50° C durante
2 minutos para a incubação, seguido de 95° C durante 10 minutos para ativação da
polimerase e PCR (40 ciclos) a 95° C por 15 segundos para desnaturar e 60° C por 1
minuto para extensão. As análises foram realizadas em triplicata e os resultados foram
analisados em ΔΔCT, os dados de expressão foram comparados com o gene 18S como
gene de referência.
Análise dos dados
Os dados foram apresentados como média ± erro padrão da média e a análise
estatística realizada utilizando-se o software SPSS® versão 20.0. Para as variáveis de
comparações múltiplas foi realizada análise de variância de uma via (ANOVA de uma
via), seguida do teste de Bonferroni. Foi adotado nível de significância p<0,05.
27
Resultados
Consumo alimentar e massa corporal
O consumo alimentar acumulado (Figura 1A) foi menor nos grupos restritos (R3: 312,96
± 3,45 g/100g; p=0,001; R5: 317,60 ± 3,54 g/100g, p=0,006) comparado ao C (341,37 ±
22,68 g/100g). O ganho de massa corporal (Figura 1B) do grupo R5 foi menor (38,89 ±
1,32 g/100g; p=0,0001) comparado ao C, enquanto o grupo R3 (52,22 ± 2,47 g/100g) não
diferiu dos grupos. A ingestão pós-jejum imediata (Figura 1C e 1D) foi maior nos grupos
restritos (p=0,0001, R3; p=0,0001 R5, respectivamente) em todo o período analisado vs.
C.
Figura 1. Consumo alimentar e massa corporal. Consumo
alimentar acumulado no período (A; n=10), massa corporal (B; n=10)
e consumo alimentar no pós-jejum imediato (C: R3; D: R5; n=10) de
fêmeas Wistar submetidas à restrição alimentar por 2 dias seguido de
realimentação por 3 (R3) ou 5 (R5) dias. Dados apresentados como
média ±EPM. p<0,05; * vs. C.
C O N S U M O P O S J E J U M
C i c l o s
g/1
00
g
1 2 3 4 5
0
5
1 0
1 5
C
R 5
C O N S U M O P O S J E J U M
C i c l o s
g/1
00
g
1 2 3 4 5 6 7 8
0
5
1 0
1 5
C
R 3
C O N S U M O A C U M U L A D O T O T A L
g/1
00
g
C R 3 R 5
0
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 0 0
G A N H O P E S O T O T A L
gr
am
as
C R 3 R 5
0
2 0
4 0
6 0
8 0
A B
C D
*
* *
* * * * * * * * * * * * *
28
Teor dos depósitos de gordura visceral
O depósito mesentérico (MES) apresentou-se mais denso no grupo R3 (1,31 ±
0,26 g/100g, p=0,001) vs. C, porém não foram observadas diferenças nos demais
depósitos avaliados nem na gordura visceral total (Figura 2).
Figura 2. Teores dos depósitos de gordura. Depósitos
mesentérico (MES; n=10), retroperitoneal (RET; n=10), gonadal
(GN; n=10) e índice de adiposidade (IA; n=10) de fêmeas Wistar
submetidas à restrição alimentar intermitente por dois dias,
seguido de realimentação por 3 (R3) ou 5 (R5) dias. Dados
apresentados como média ± EPM. p<0,05; * vs. C.
T E C ID O A D IP O S O
g/1
00
g
M E S R E T G N T O T A L
0
2
4
6
C
R 3
R 5
*
29
Concentração sérica de glicose e triacilglicerol
A concentração sérica de glicose mostrou-se elevada em ambos os grupos
restritos (R3: 125,40 ± 7,92 mg/dL; p=0,007; R5: 135,74 ± 6,59 mg/dL; p=0,001 mg/dL)
(Figura 3A) comparado ao grupo C (92,72 ± 8,29 mg/dL). O teor de triacilglicerrideos
circulante (Figura 3B) foi maior no grupo R3 (119,26 ± 8,89 mg/dL; p=0,018) vs. C
(94,26 ± 1,19 mg/dL), enquanto R5 (107,94 ± 3,32 mg/dL) não apresentou diferença.
Figura 3. Parâmetros bioquímicos. Concentração sérica de glicose
(A) e triacilglicerol (B) de fêmeas Wistar submetidas à restrição
alimentar intermitente por dois dias, seguido de realimentação por 3
(R3) ou 5 dias (R5). Dados apresentados como média ± EPM; n=6
para ambas as avaliações. p<0,05; * vs. C.
T R IG L IC E R ID IO S
mg
/dl
C R 3 R 5
0
5 0
1 0 0
1 5 0
G L I C O S E
mg
/dl
C R 3 R 5
0
5 0
1 0 0
1 5 0
A B* *
*
30
Expressão gênica de proteínas hipotalâmicas
Os níveis de expressão do SREBP-1c (Figura 4A) do grupo R5 (2,32 ± 0,43) foi
maior comparado aos grupos C (1,02 ± 0,18; p=0,04) e R3 (0,72 ± 0,19; p=0,04).
Enquanto a expressão do fator de transcrição SREBP-2 (Figura 4B) foram mais elevados
nos grupos R3 (2,04 ± 0,47; p=0,04) e R5 (2,06 ± 0,21; p=0,03) vs. C (0,72 ± 0,14). Na
avaliação da expressão da enzima lipogênica acetil CoA carboxilase (Figura 4C) não foi
verificado diferença entre os grupos (C: 1,07 ± 0,14; R3: 1,17 ± 0,19; R5: 1,03 ± 0,16).
]
S R E B P 2
UA
C R 3 R 5
0
1
2
3
S R E B P 1 c
UA
C R 3 R 5
0
1
2
3
A C C
UA
C R 3 R 5
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
B
C
A * #
**
Figura 4. Expressão hipotalâmica de fatores lipogênicos. Expressão dos
fatores de transcrição SREBP 1c (A, n=6) e 2 (B, n=4) e da enzima ACC (C,
n=8) no hipotálamo de fêmeas Wistar submetidas à restrição alimentar
intermitente por dois dias, seguido de realimentação por 3 (R3) ou 5 (R5) dias.
Dados apresentados como média ± EPM. p<0,05; * vs. C e # vs. R3.
31
Discussão
A restrição alimentar intermitente (RAI) é uma estratégia de perda de massa
corporal conhecida e comprovada em humanos (HEILBRONN et al., 2005; HARVIE et
al., 2011; KLEMPEL et al., 2012) e animais (KARBOWSKA & KOCHAN, 2012;
DORIGHELLO et al., 2014). Contudo, não há muitas evidências se os mecanismos
lipogênicos e de regulação da ingestão alimentar hipotalâmicos podem ser rompidos
com a prática da RAI e contribuir para rápida e sucessiva recuperação da massa corporal.
Ciclos de jejum-realimentação promovem repetidas modificações nas secreções
hormonais e ativação ou inibição de neuropeptídios que atuam na homeostase energética
e controle da massa corporal (WATERSON & HORVATH, 2015). Demonstramos que a
RAI em ratas saudáveis reduziu a massa corporal, aumentou a glicose e triacilglicerol
séricos e o estoque de gordura mesentérica. No hipotálamo, o tratamento aumentou a
expressão dos fatores lipogênicos SREBP-1c e SREBP-2, mas sem repercussão sobre a
expressão da enzima acetil-CoA carboxilase.
Embora ambos os grupos restritos tenham consumido menos ração no período, a
restrição alimentar levou a perda de massa corporal no grupo R5 mas não no R3.
Comparado ao R3, o grupo R5 teve menor repetição de ciclos de jejum-realimentação e
ambos apresentaram maior ingestão alimentar no pós-jejum imediato. O jejum ativa sinais
de fome, como NPY e grelina, os quais podem estimular a atividade da dopamina,
envolvida com o comportamento alimentar (ROSEBERRY, 2015), pudendo ter
contribuído para a compulsão alimentar cíclica no pós-jejum imediato.
A liberação de dopamina na realimentação aumentou em animais com restrição
alimentar crônica (POTHOS; CREESE & HOEBEL, 1995; POTHOS; HERNANDEZ &
HOEBEL, 1995; CARR, 2007), também foi demonstrado que a liberação de dopamina
na restrição alimentar aguda (20h, com alimentação limitada) constitui mecanismo de
recompensa, eu leva ao aumento da motivação para a alimentação em períodos ad libitum
(FRANCE & MEISCH, 1979; CARROLL, 1985; CARROLL; JEWETT et al., 1995;
WILSON et al., 1995). Além disso, há evidências em modelo animal, de que a restrição
alimentar intermitente pode levar a distúrbios no consumo alimentar por determinar
resposta orexígena estimulada pelo NPY e AgRp (ZHAO et al., 2013).
32
O jejum induz a produção de glicose e acúmulo de lipídio hepático, produtos
consequentes à gliconeogênese e lipólise do tecido adiposo. Assim, os teores elevados de
glicose e triacilgliceróis séricos verificados decorrem de ajuste metabólico que pode ser,
inclusive, mecanismo de proteção à lipotoxicidade hepática (GEISLER et al., 2016).
A frequência de jejum foi maior no grupo R3, o qual teve ambos os parâmetros
bioquímicos alterados. A hiperglicemia comum aos grupos restritos pode ser
consequência tanto da exportação de produto da gliconeogênese hepática quanto de
resistência periférica à insulina. A RAI pode aumentar a resistência à insulina por
diminuir a sinalização da insulina e reduzir a expressão do hormônio e reduzir a expressão
da glicogênio fosforilase (PARK et al., 2017). Além disso, o cérebro possui mecanismo
de detecção de glicose-lactato por meio do qual regula a produção hepática de lipídio e
glicose (LAM, 2007). Portanto, as frequentes reduções da glicose sérica nos intervalos de
jejum do grupo R3 podem ter favorecido o rompimento da homeostase de forma mais
precoce comparado ao grupo R5 e determinado simultâneo aumento na produção de
glicose e triacilgliceróis naquele grupo.
Durante períodos de restrição alimentar, é necessária a utilização de estoques de
energia, em primeiro lugar provenientes do glicogênio (SALTIEL, 2015;
BONAKDARAN, 2016; GEISLER et al., 2016), seguido do tecido adiposo, para garantir
a liberação de triacilgliceróis e produção de glicose a partir do glicerol (PERRY et al.,
2015; SHARABI et al., 2015). Na restrição alimentar aguda, dois dias de realimentação
não foram capazes de restabelecer o triacilglicerol sérico pós-jejum; porém, quatro dias
de realimentação foram suficientes para duplicar a concentração sérica (WRONSKA et
al., 2015), o que poderia, em parte, explicar a triacilglicerolemia do grupo R3, podendo
considerar três dias de realimentação similar ao estudo de Wronska et al., 2015.
Aumento na lipólise provoca incremento dos teores de diacilglicerol na célula, o
que eleva o conteúdo da proteína quinase C (SZENDROEDI et al., 2014). Entretanto, há
relação entre o aumento da proteína quinase C e resistência à insulina, já que esta enzima
inibe a fosforilação do substrato 1 do receptor de insulina (CHEN et al., 2015),
mecanismo, que pode também estar relacionado ao aumento na glicemia observado no
presente estudo.
O estresse pode induzir resistência tanto à insulina quanto à leptina o que pode
resultar em ganho de massa e gordura corporais (PARK et al., 2008; PARK; AHN & KIM,
33
2010), resultando em obesidade. O grupo R3 foi submetido a maior frequência de ciclos
de jejum e repetidos períodos de estresse por fome, que podem ter sido suficientes para
limitar a perda da massa corporal e, ainda, propiciar aumento do depósito de gordura
mesentérica. O mesmo não ocorreu com o grupo R5, submetido a menor número de ciclos
de jejum. Embora pouco se saiba sobre a relação entre a RAI e gasto energético de
repouso (GER), foi observado que o jejum intermitente em homens magros e saudáveis,
por 2 semanas, diminuiu o GER, sugerindo que este tipo de restrição alimentar
intermitente, pode alterar um dos principais componentes do gasto energético e
relacionado à massa corporal em humanos (SOETERS et al., 2009).
Estudos realizados em animais mostraram que a restrição alimentar intermitente
levou ao aumento dos depósitos de gordura (DORIGHELLO et al., 2014; ZHAO et al.,
2013). Embora no presente estudo, o teor total de gordura visceral não tenha se
modificado, foi observado aumento no depósito adiposo mesentérico do grupo R3.
Diferentes genes relacionados aos adipócitos são regulados pela dieta e parece que a RAI
pode promover incremento da incorporação de triacilgliceróis nos depósitos de gordura
visceral, visto que 3 dias de jejum e 3 de realimentação em machos Wistar determinou
aumento da expressão do gene Fsp2 no tecido adiposo branco epididimal, o qual está
envolvido na deposição de lipídios (KARBOWSKA & KOCHAN, 2012).
Não evidenciamos alteração na expressão hipotalâmica da enzima ACC pela RAI.
Foi observado que, o jejum agudo de 45h e realimentação por 3h não promoveu alteração
na expressão desta enzima no cérebro de machos Wistar (OKAMOTO et al., 2006). Além
disso, foi observado que a restrição alimentar aguda não alterou a expressão das enzimas
ácido graxo sintase e acetil-CoA carboxilase no cérebro (ELLIS; BOWMAN &
WOLFGANG, 2015; KIM & FREAKE, 1996). Contudo, a restrição alimentar durante 48
horas seguida de realimentação foi capaz de aumentar a atividade de enzimas lipogênicas
nos depósitos de gordura epididimal e retroperitoneal (WRONSKA et al., 2015). Além
disso, em outros estudos com modelo de jejum e realimentação, foi verificado, esteatose
hepática e aumento do mRNA de enzimas lipogênicas do tecido adiposo branco
(KARBOWSKA, KOCHAN & SWIERCZYNSKI, 2001; KARBOWSKA & KOCHAN,
2012; WRONSKA et al., 2015).
Ainda que o subproduto lipogênico, o malonil-CoA, seja regulador da ingestão
alimentar, o hipotálamo não é um centro de intensa síntese lipídica, portanto, mudanças
34
nutricionais, como intervalos de jejum e realimentação, podem vir a alterar mais
facilmente a expressão de enzimas lipogênicas em tecidos periféricos do que no
hipotálamo. Okamoto et al. (2006) sugerem que a expressão de enzimas lipogênicas no
cérebro não é regulada pelo estado nutricional periférico.
Okamoto et al. (2006), submeteram a animais, tanto magros como obesos, a
restrição alimentar aguda de 45h e realimentação por 3h, e observaram, que não houve
alterações no SREBP-1 no cérebro de ambos grupos tratados, o que indica, que pelo
menos de forma aguda, independente do estado nutricional, a restrição alimentar não
altera esse fator de transcrição central. O presente estudo, mostrou, que os grupos restritos
aumentaram a expressão do SREBP-2, e do SREBP-1c no R5. De todo modo, o fato do
grupo R3 não ter modificado SREBP-1c, mas somente o SREBP-2, pode ser que, mesmo
não tendo alterado a expressão da ACC, seja aquela alteração, um mecanismo para regular
a síntese de malonil-CoA e limitar a resposta anorexígena, uma vez que este grupo teve
maior frequência de jejum, o que se soma a maior concentração sérica de triacilglicerol
provavelmente decorrente de lipólise e síntese hepática.
O cérebro é rico em colesterol, majoritariamente formado pela síntese de novo,
uma vez que a barreira hematoencefálica limita sua captação a partir da circulação
(BJORKHEM & MEANEY, 2004; DIETSCHY & TURLEY, 2004). Dessa forma, a
expressão de SREBP-2 nos grupos restritos pode ser um mecanismo para compensar a
reduzida captação sérica, em função dos ciclos intermitentes de jejum e garantir a
manutenção de processos estruturais importantes no tecido hipotalâmico (KOTTI et al.,
2006; MITTER et al., 2003). Além disso, é sugerido que alterações na expressão de
SREBP-1c podem ser compensadas pelo SREBP-2 (LIANG et al., 2002), como
observada no grupo restrito 3. De fato, a expressão da acetil-CoA carboxilase não foi
afetada no R3, mesmo com menor expressão do SREBP-1c vs. R5.
Considera-se que o aumento do SREBP-1c é decisivo na transcrição e tradução
final da proteína lipogênica acetil-CoA carboxilase (GRIFFIN & SUL, 2004) e, com isso,
o aumento do seu produto malonil-CoA, que no hipotálamo pode levar à resposta
anorexígena. Estudos sugerem que a restrição alimentar crônica leve, conduz ao aumento
da fosforilação da AMPK e ACC, seguido da redução dos teores hipotalâmicos de
malonil-CoA (IIO et al., 2015). Este resultado sinaliza para possível reganho na massa
35
corporal ao longo prazo, visto que a redução de malonil-CoA limita a resposta
anorexígena.
Alterações transcricionais, sobretudo no hipotálamo, são prejudiciais ao balanço
energético, o que torna compreensível que tais mudanças possam ser observadas de forma
imediata à realização de restrição alimentar nos tecidos periféricos (KARBOWSKA;
KOCHAN & SWIERCZYNSKI, 2001; KARBOWSKA & KOCHAN, 2012; WRONSKA
et al., 2015); enquanto no SNC tais modificações são menos evidenciadas com a prática
aguda de restrição alimentar (KIM & FREAKE, 1996; ELLIS; BOWMAN &
WOLFGANG, 2015). Porém, o presente estudo, mostrou alterações transcricionais com
a pratica da RAI.
Os resultados obtidos no presente trabalho mostraram que a RAI promoveu menor
ganho de massa corporal favorecido pela menor frequência de jejum e maior de
realimentação, bem como, induziu aumento de glicose e triacilglicerol séricos e do
depósito mesentérico de gordura. Estas alterações poderiam se relacionar à resistência
insulínica e ao diabetes mellitus tipo II. Concluímos que a RAI em ratas saudáveis, afetou
a expressão de fatores de transcrição lipogênicos no hipotálamo e demonstrou ser efetiva
na perda de massa corporal, mas com consequências negativas relacionadas à resistência
à insulina e agravos nos mecanismos lipogênicos centrais.
36
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6 CONCLUSÕES
A RAI, em ratas saudáveis, durante 6 semanas, com intervalos de jejum de 2 dias,
e realimentação de 5 ou 3 dias:
1. Induziu menor ganho de massa corporal com menor frequência de ciclos de jejum
e maior de realimentação;
2. Determinou maior acúmulo de gordura visceral mesentérica com maior
frequência de ciclos de jejum;
3. Provocou mudança no metabolismo de lipídios e carboidratos, induzindo
hiperglicemia e hipertriacilglicerolemia e;
4. Regulou a expressão dos fatores de transcrição lipogênicos SREBP-1c e 2 no
hipotálamo sem alteração na expressão do mRNA da ACC.
Tomados juntos esses resultados permitem inferir que a frequência dos ciclos de jejum
e o tempo de realimentação podem determinar alterações metabólicas diferenciadas,
sendo observada melhor resposta periférica com a menor frequência de ciclos de jejum.
Porém, no hipotálamo, a regulação não foi influenciada por este fator. Contudo, a RAI
em ratas adultas e saudáveis, apesar de promover menor ganho de massa corporal,
desencadeia mecanismos de ajustes fisiológicos que, a longo prazo, podem promover
reganho de peso, com crescimento adiposo compensatório e prejuízos na via lipogênica
hipotalâmica.
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