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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Uma Análise do Potencial de Implantação de Novas Rotas para o Transporte de Passageiros na Baía de Guanabara
Igor Massena Mello Nygaard
2019
ii
Uma Análise do Potencial de Implantação de
Novas Rotas para o Transporte de Passageiros na Baía de Guanabara
Igor Massena Mello Nygaard
Projeto de Graduação
apresentado ao Curso de
Engenharia Naval e
Oceânica, Escola Politécnica,
da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à
obtenção do título de
Engenheiro Naval e Oceânico.
Orientador:
Floriano Carlos Martins Pires
Júnior
Rio de Janeiro
Setembro de 2019
iii
Uma Análise do Potencial de Implantação de Novas Rotas para o
Transporte de Passageiros na Baía de Guanabara
Igor Massena Mello Nygaard
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.
Examinado por:
Orientador:
_______________________________________________________
Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior
(COPPE/UFRJ) D.Sc.
_______________________________________________________
Luiz Felipe Assis
(COPPE/UFRJ) D.Sc.
_______________________________________________________
Prof Claudio Luiz Barauna Vieira Ph.D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
Setembro de 2019
iv
RESUMO
NYGAARD, I. M. M. Uma Análise do Potencial de Implantação de Novas
Rotas para o Transporte de Passageiros na Baía de Guanabara. 2019.
Projeto de Graduação. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
O transporte pendular se caracteriza pelo movimento diário do cidadão de
sua casa para local de trabalho/estudo. Este tipo de transporte está muito
presente no dia a dia das cidades e em grande parte é realizado por transporte
público. Porém, com o crescimento populacional, os meios de transporte acabam
por ficar defasados e superlotados, sendo necessária sua expansão constante.
Neste contexto, se insere o transporte aquaviário no estado do Rio de
Janeiro. Com o transporte rodoviário cada vez mais defasado e com uma
possibilidade cada vez menor de expansão, a necessidade de outros modais de
transporte se faz presente, sendo sua integração necessária. A Baía de
Guanabara está localizada numa região central da cidade, porém o transporte
de passageiros por barcas ainda não explora totalmente o seu potencial.
O presente trabalho inicialmente demostra o panorama atual do
transporte, mostrando as rotas exploradas, seus dados e os problemas
relacionados à operação. A seguir, é discutida a possibilidade de expansão,
demostrando rotas que são de interesse público. Por fim, uma dessas rotas é
selecionada e a sua viabilidade discutida, demostrando os conceitos e estudos
necessários para tal.
Igor Massena Mello Nygaard
Setembro/2019
Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Júnior
Curso: Engenharia Naval e Oceânica
Palavras chave: Transporte Aquaviávio Urbano, Baía de Guanabara,
Transporte Urbano de Passageiros
v
ABSTRACT
NYGAARD, I. M. M. An Analysis of the Potential of Deploying of New
Routes for Passenger Transport in Guanabara Bay. 2019. Graduation
Project. Federal University of Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
Commuting is characterized by the daily movement of citizens from their
home to work / study. This type of transport is very present in the daily life of cities
and is largely carried out by public transport. However, with the population
growth, the means of transport eventually become outdated and overcrowded,
requiring constant expansion.
In this context, water transportation is included in the state of Rio de
Janeiro. With road transport increasingly outdated and with an ever-diminishing
possibility of expansion, the need for other transports modes is present and their
integration is necessary. Guanabara Bay is located in a central area of the city,
but passenger ferry transport has not yet explored its potential.
This paper initially demonstrates the current transport landscape, showing
the routes explored, their data and the problems related to the operation. The
following discusses the possibility of expansion, demonstrating routes that are of
public interest. Finally, one of these routes is selected and its viability is
discussed, showing the concepts and studies necessary for this.
Igor Massena Mello Nygaard
September/2019
Advisor: Floriano Carlos Martins Pires Júnior
Graduation: Oceanic and Naval Engineering
Keywords: Water Transportation, Guanabara Bay, Passenger Transport
vi
Lista de Figuras
Figura 1 - Baía de Guanabara ...................................................................................... 1
Figura 2 - Linhas Atuais ................................................................................................ 4
Figura 3 - Praça XV x Charitas ..................................................................................... 6
Figura 4 - Horários Praça XV x Charitas ....................................................................... 7
Figura 5 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Charitas .......................................... 7
Figura 6 - Taxa de Ocupação Sentido Charitas x Praça XV .......................................... 8
Figura 7- Praça XV x Praça Arariboia ........................................................................... 8
Figura 8 - Horários Praça XV x Praça da Arariboia ..................................................... 10
Figura 9 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Arariboia ....................................... 11
Figura 10 - Taxa de Ocupação Sentido Arariboia x Praça XV .................................... 11
Figura 11- Praça XV x Paquetá .................................................................................. 12
Figura 12 - Horários Praça XV x Paquetá ................................................................... 13
Figura 13 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Paquetá ...................................... 13
Figura 14 - Taxa de Ocupação Sentido Paquetá x Praça XV ...................................... 14
Figura 15 - Praça XV x Cocotá ................................................................................... 14
Figura 16 - Horários Praça XV x Cocotá ..................................................................... 15
Figura 17 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Cocotá ........................................ 15
Figura 18 - Taxa de Ocupação Sentido Cocotá x Praça XV ........................................ 15
Figura 19 - Praça XV x Gradim ................................................................................... 19
Figura 20 - Praça XV x Piscinão de São Gonçalo ....................................................... 20
Figura 21 - Armazém 18 x Praça Arariboia ................................................................. 21
Figura 22 - Praça XV x Caxias .................................................................................... 22
Figura 23 - Armazém 18 x Gradim .............................................................................. 23
Figura 24 - Armazém 18 x Piscinão de São Gonçalo .................................................. 23
Figura 25 - Armazém 18 x Caxias ............................................................................... 24
Figura 26 - Santos Dumont x Galeão .......................................................................... 25
Figura 27 - Possível Localização para um Terminal na Região do Gradim ................. 27
Figura 28- Gráfico de Desempenho ............................................................................ 32
Figura 29 - Desempenho das Embarcações HC 18 .................................................... 33
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Dados Totais do Transporte por ano parte 1 .............................................. 16
Tabela 2 - Dados Totais do Transporte por ano parte 2 .............................................. 17
Tabela 3 -Exemplo Pesquisa Origem Destino ............................................................. 30
Tabela 4 - Custo de Tripulação Ano 2000 ................................................................... 34
Tabela 5 - Estimativa Firjan do Número de Viagens por dia no Trecho ....................... 35
vii
Sumário 1. Motivação ............................................................................................................. 1
1.1 A inserção do modo aquaviário na conjuntura urbana .................................... 2
1.2. Operação ....................................................................................................... 2
2. Baía de Guanabara ............................................................................................... 5
3. Rotas .................................................................................................................... 5
3.1 Praça XV – Charitas ....................................................................................... 6
3.1 Praça XV – Praça Arariboia ............................................................................ 8
3.3 Praça XV – Paquetá ..................................................................................... 12
3.4. Praça XV – Cocotá ....................................................................................... 14
3.5. Dados do Sistema ........................................................................................ 16
3.6. Problemas atuais da operação ..................................................................... 17
4. Estudo de Novas Rotas....................................................................................... 18
5. Análise do trajeto a ser percorrido ....................................................................... 18
5.1. Praça XV – São Gonçalo .............................................................................. 19
5.1.1. Praça XV - Gradim................................................................................. 19
5.1.2. Praça XV – Piscinão de São Gonçalo .................................................... 20
5.2. Armazém 18 – Praça Arariboia ..................................................................... 21
5.3. Praça XV – Caxias ........................................................................................ 22
5.4. Armazém 18 – Gradim e Armazém 18 – Piscinão de São Gonçalo .............. 23
5.5. Armazém 18 – Caxias .................................................................................. 24
5.6. Santos Dumont – Galeão .............................................................................. 25
5.7. Caracterização da nova rota ......................................................................... 25
5.8. Impacto da construção de um novo terminal................................................. 26
6. Considerações sobre a geração de modelos ...................................................... 27
6.1. Demanda ...................................................................................................... 27
6.2. Oferta ........................................................................................................... 29
7. Implementação da Travessia Aquaviária Entre o Rio de Janeiro e São Gonçalo 29
8. Metodologia ........................................................................................................ 30
9. Análise dos Resultados ....................................................................................... 37
10. Conclusão ........................................................................................................ 38
11. Bibliografia ....................................................................................................... 39
1
1. Motivação Um dos temas mais discutidos devido ao grande crescimento das cidades é a
mobilidade urbana. O crescimento populacional e as necessidades de a população se
locomover, seja para trabalho ou lazer, estão inseridos nos contextos das grandes
cidades. No Brasil, este crescimento foi baseado no transporte rodoviário. Porém, este
tipo de transporte tem se esgotado, não conseguindo absorver toda a necessidade da
população, além de não haver mais espaço físico para sua expansão em
conglomerados urbanos, assim, causando grandes congestionamentos.
Neste contexto, outros modos de transporte acabam se inserindo, como é o caso
do transporte aquaviário. Cidades como o Rio de Janeiro possuem um potencial deste
meio de transporte devido ao seu vasto litoral, e as ligações do continente. A Baía de
Guanabara está localizada na região central no estado do Rio de Janeiro, e banha
diferentes pontos de diferentes cidades do estado, possuindo um grande potencial para
ligação. A Baía, por ser uma região de aguas abrigadas, não oferece grandes
dificuldades para a implementação do transporte mesmo com climas adversos, fazendo
com que o transporte não seja afetado em grande escala devido a isso.
Porém, nos dias atuais, o transporte é muito pouco explorado dentro do seu
potencial, com poucas ligações e problemas na sua operação. O presente trabalho tem
como finalidade analisar o transporte aquaviário de passageiros na Baía de Guanabara,
discutindo os aspectos presentes neste modal e desafios existentes. Assim, tendo
conhecimento do panorama, discutir a ampliação do sistema, sua potencial viabilidade
e impactos que pode causar na mobilidade urbana.
Figura 1 - Baía de Guanabara
2
1.1 A inserção do modo aquaviário na conjuntura urbana
A região Metropolitana do Rio de Janeiro enfrenta um grande problema de
mobilidade urbana, refletidos em longos engarrafamentos que significam elevados
custos para sociedade. Isso ocorre tanto por conta do aumento do tempo dedicado à
distribuição de cargas como pela queda de produtividade dos trabalhadores decorrente
do excessivo tempo no transporte para seu trabalho. Neste contexto, se insere o
transporte aquaviário realizado na cidade do Rio de Janeiro, utilizando embarcações de
passageiros na Baía de Guanabara.
O estado do Rio de Janeiro possui uma diretriz para desenvolvimento do
transporte urbano, chamado Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU). Neste plano,
está inserido o transporte realizado pelas barcas e sua integração com os outros meios
de transporte, para atender a população.
A rede atual do sistema de barcas na Baía de Guanabara é composta por quatro
linhas, todas elas com uma extremidade na estação Praça XV, na cidade do Rio de
Janeiro. São realizadas duas ligações com o munícipio de Niterói (Arariboia e Charitas),
uma com Paquetá e outra com a Ilha do Governador (Cocotá). Em estudos de
acessibilidade em redes de transporte urbano, a distância tolerada para se acessar
sistemas de transporte por meio da caminhada é 800 metros. Logo, a integração das
barcas com outros modais de transporte urbano é essencial, reforçando o conceito de
integração de transportes urbanos, onde sistemas de baixa capacidade alimentam
outros modais de capacidade média/alta.
Além disso, o principal terminal de barcas na cidade do Rio de Janeiro fica
localizado na Praça XV, na região central da cidade. Está é a principal região econômica
da cidade, possuindo em sua grande maioria prédios e lojas comerciais. Logo, o
transporte para a região é caracterizado em grande parte pelo transporte pendular, em
que trabalhadores realizam o transporte de ida e volta para a região uma vez por dia,
com um grande fluxo. Assim, a integração de modais é muito presente, com diversas
estações de metrô, VLT, paradas de ônibus, que ligam diferentes regiões da cidade.
A implementação de novas Rotas no transporte urbano do Rio de Janeiro é
objeto de diversos estudos e diversas propostas já foram apresentadas. A adição de
linhas neste transporte pode suprir uma demanda de certo trecho, onde o transporte
rodoviário está operando acima de sua capacidade normal, o que ocasiona grandes
congestionamentos. Assim, a adição de um novo modal de transporte para o trecho
pode melhor o fluxo e se tornar atrativo para os usuários. Porém, grandes questões
devem ser discutidas para essa implementação, o que é tema do presente trabalho
1.2. Operação
A operação de transporte aquaviário no Rio de Janeiro teve início no ano de
1835, com a travessia Praça XV x Praça Arariboia. No ano de 1959 ocorreu a chamada
''Revolta das Barcas", motivada por uma greve de funcionários que trouxe insatisfação
aos passageiros. Após o evento ocorreu uma intervenção federal que culminou com a
estatização da empresa. Em 1967 foi criado o STBG (Serviço de Transporte da Baía de
3
Guanabara) e posteriormente foi criada a CONERJ (Companhia de Navegação do
Estado do Rio de Janeiro).
O Estado do Rio de Janeiro operou diretamente o sistema aquaviário urbano até
o ano de 1998, quando, através de um processo de privatização, no âmbito do Programa
Estadual de Desestatização, concedeu a operação à iniciativa privada através de
processo licitatório. O Contrato de Concessão previa 25 anos de operação, prorrogável
por mais 25 anos. As linhas operadas após a privatização eram: Praça XV x Praça
Arariboia {Rio x Niterói), Praça XV x Paquetá, Praça XV x Ribeira, além da operação da
Divisão Sul Fluminense, composta pelas linhas Mangaratiba x Ilha Grande e Angra dos
Reis x Ilha Grande.
Em 2002 teve início o Projeto Modernidade, com investimento Integral da
Concessionária financiado pelo BNDES. O projeto englobava a construção de quatro
embarcações para atender a linha Rio x Niterói (classe HC18), a construção de três
estações (Praça XV, Charitas e Cocotá) e de três embarcações para operação na nova
linha seletiva ligando a Praça XV ao bairro de Charitas em Niterói (classe MC25). Ao
todo, foram construídas sete embarcações, sendo quatro catamarãs sociais com
capacidade para 1.300 passageiros (HC18) e três catamarãs seletivos com capacidade
para 237 passageiros (MC25). Atualmente, há quatro linhas operando na região,
fazendo a ligação entre cinco terminais distintos (Praça XV, Arariboia, Charitas, Cocotá
e Paquetá) (figura 2).
4
Figura 2 - Linhas Atuais
5
2. Baía de Guanabara
A Baía de Guanabara é uma baía localizada no estado do Rio de Janeiro, sendo
banhada pelo Oceano Atlântico. O calado médio da baía está entre 3 e 8 metros, sendo
este um importante fator de restrição do projeto, dependendo do porte da embarcação
a ser utilizada. Ela está localizada numa região importante do Estado, banhando
localidades importantes como a região central da cidade do Rio de Janeiro e cidades
importantes como Duque de Caxias, Niterói e São Gonçalo, locais com grandes
conglomerados de habitantes. Apesar de sua importância, a Baía sofre com graves
problemas de degradação ambiental, devido ao grande despejo de esgoto e lixo sem
controle, causando poluição de suas águas e grande sedimentação do seu leito.
3. Rotas
Primeiramente, será feita uma análise das rotas já existentes, já citadas na seção
1.1, mostrando como a operação é realizada nos dias de hoje, as estações já existentes
e os trechos em que as embarcações operam. Todos os dados demostrados abaixo
podem ser encontrados no site oficial da Concessionária que opera o transporte e em
relatórios de indicadores fornecidos por ela [1]. Para a obtenção das distâncias entre os
terminais, foi utilizada a ferramenta do Google Maps [2], onde é dada a distância no
trecho requerido em quilômetros e milhas. Com base no valor em quilômetros, para a
conversão para milhas náuticas, foi utilizado o seguinte método:
𝐷𝑒𝑚 𝑀𝑖ℎ𝑎𝑠 𝑁á𝑢𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠 = 𝐷𝑒𝑚 𝑄𝑢𝑖𝑙ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋 0,54
Todas as taxas de ocupação mostradas a baixo são médias do ano de 2018, de
acordo com relatórios de indicadores da Concessionária.
6
3.1 Praça XV – Charitas
Figura 3 - Praça XV x Charitas
Primeiramente, existem três catamarãs, Apolo, Netuno e Zeus, que já operam
na baía de Guanabara, operadas pela CCR Barcas, e que operam neste trajeto. Essas
embarcações realizam o trajeto Praça XV – Charitas. O tempo médio da viagem
principal é de 20 minutos. Esse trecho é realizado por um modelo de catamarã mais
veloz, possuindo um custo mais alto para o passageiro. Seguem informações sobre as
embarcações que realizam o trajeto:
Apolo, Netuno e Zeus:
Capacidade de passageiros: 237 pessoas
Modelo: MC 25
Comprimento: 29 metros
Boca: 10 metros
Calado: 1,4 metros
Velocidade Máxima de operação: 25 nós
Tempo de operação: 20 minutos
Tipo de embarcação: Catamarã
Tarifa: R$ 17,60
Distância do Trecho: 8,39 Quilômetros ou 4,53 Milhas Náuticas
7
Figura 4 - Horários Praça XV x Charitas
Figura 5 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Charitas
8
Figura 6 - Taxa de Ocupação Sentido Charitas x Praça XV
3.1 Praça XV – Praça Arariboia
Figura 7- Praça XV x Praça Arariboia
Este trajeto é realizado por 7 catamarãs, de dois tipos diferentes. Ambos os tipos
de embarcação possuem dupla proa, o que facilita a operação de manobra no terminal:
Gávea, Ingá, Neves e Urca:
Capacidade de passageiros: 1300 pessoas
Modelo: HC 18
Comprimento: 52,30 metros
Boca: 14,20 metros
Calado: 2,20 metros
Velocidade Máxima de operação: 18 nós
Tempo de operação: 20 minutos
9
Tipo de embarcação: Catamarã Dupla Proa
Tarifa: R$ 6,30
Distância do Trecho: 5,02 Quilômetros ou 2,71 Milhas Náuticas
Pão de Açúcar, Corcovado e Itacoatiara:
Capacidade de passageiros: 2000 pessoas
Modelo: US 2000
Comprimento: 78,40 metros
Boca: 14,80 metros
Calado: 1,80 metros
Velocidade Máxima de operação: 18 nós
Tempo de operação: 20 minutos
Tipo de embarcação: Catamarã Dupla Proa
Tarifa: R$ 6,30
Distância do Trecho: 5,02 Quilômetros ou 2,71 Milhas Náuticas
10
Figura 8 - Horários Praça XV x Praça da Arariboia
11
Figura 9 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Arariboia
Figura 10 - Taxa de Ocupação Sentido Arariboia x Praça XV
12
3.3 Praça XV – Paquetá
Figura 11- Praça XV x Paquetá
Esta rota é realizada pela barca Ilha Grande, um modelo de catamarã diferente
do anterior. Eventualmente pode ser realizada pelas outras embarcações. As
informações do site oficial da operadora falam que o transporte nesta rota tem a duração
entre 50 a 70 minutos. Porém somente barcas antigas demoram 70 minutos.
Ilha Grande:
Capacidade de passageiros: 500 pessoas
Comprimento: 57,60 metros
Boca: 9,30 metros
Calado: 1,43 metros
Velocidade Máxima de operação: 18 nós
Tempo de operação: 50 a 70 minutos
Tipo de embarcação: INACE 500
Tarifa: R$ 6,30
Distância do Trecho: 18,65 Quilômetros ou 10,07 Milhas Náuticas
13
Figura 12 - Horários Praça XV x Paquetá
Figura 13 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Paquetá
14
Figura 14 - Taxa de Ocupação Sentido Paquetá x Praça XV
3.4. Praça XV – Cocotá
Figura 15 - Praça XV x Cocotá
Essa rota é operada pelo catamarã Harpia. O catamarã também opera na rota
para Praça Arariboia.
Harpia:
Capacidade de passageiros: 645 pessoas
Comprimento: 42,00 metros
Boca: 12 metros
Calado: 1,8 metros
Velocidade Máxima de operação: 18 nós
Tempo de operação: 55 minutos
Tipo de embarcação: Catamarã
15
Tarifa: R$ 6,30
Distância do trecho: 13,27 Quilômetros ou 7,16 Milhas Náuticas
Figura 16 - Horários Praça XV x Cocotá
Figura 17 - Taxa de Ocupação Sentido Praça XV x Cocotá
Figura 18 - Taxa de Ocupação Sentido Cocotá x Praça XV
16
3.5. Dados do Sistema
As tabelas a seguir mostram o número de passageiros que utilizaram o sistema
do ano de 1980 até 2016, divididos por ano e trecho. A divisão sul, mencionada na
tabela, se refere ao transporte aquaviário em Angra dos Reis, que é operado pela
mesma concessionária, porém seus dados não são relevantes pois a região não faz
parte do escopo do trabalho.
Tabela 1 - Dados Totais do Transporte por ano parte 1
17
Tabela 2 - Dados Totais do Transporte por ano parte 2
3.6. Problemas atuais da operação
A operação realizada pela CCR Barcas, operadora das embarcações, é licitada
pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, logo deve respeitar os aspectos da licitação
e imposições do poder Executivo e Legislativo. Muitas vezes, por pressão política,
algumas medidas são cobradas, sem que sua viabilidade seja estudada, sendo
aprovados projetos de lei pelos poderes que penalizam a operação e aumentam os
custos do transporte, sem que haja esse repasse para o passageiro e aumentando os
custos do operador sem haver uma contrapartida do Estado. Um exemplo disso é a
cobrança da Alerj (poder Legislativo do Rio de Janeiro), para que se realize o transporte
com tarifa popular no trecho entre Praça XV – Charitas, que é realizado por uma
embarcação mais veloz com custo de tarifa mais elevado para os passageiros. Porém,
não houve nenhum tipo de estudo para demanda e oferta para essa adoção, e nem
nenhum tipo de incentivo do Estado para isso, somente uma imposição para que a
operadora realize algo em que não se sabe a viabilidade.
Um outro problema são as diferentes embarcações operadas. Em conversas
com engenheiros responsáveis por elas, foi citado um grande problema com as
embarcações novas, da classe US 2000, compradas pelo governo do estado em
reposição a uma dívida antiga com a operadora. Essas embarcações não passaram por
um grande controle de qualidade, sendo necessário um grande trabalho em aspectos
como sua pintura (tinta venenosa de baixa qualidade diminuiu a eficiência da
embarcação em pouco tempo de uso), aumentando o custo agregado na sua utilização.
Para resolver este problema, foi necessário realizar uma docagem antes do
programado, docagem esta que possui um custo elevado, na faixa de 400 mil reais
(dados da licitação) [6]. Além disso, o estaleiro da CCR Barcas, na cidade de Niterói,
não consegue realizar a docagem dessas embarcações, devido a manobrabilidade
necessária para tal e falta de espaço existente no estaleiro atualmente, assim sendo
necessário realizar em outro local, e elevando muito o custo de manutenção delas.
Devido a revitalização da cidade do Rio de Janeiro, que ocorreu devido aos
grandes eventos ocorrido nos últimos anos (Copa do Mundo de Futebol em 2014 e
Jogos Olímpicos em 2016), várias mudanças ocorreram na região central da cidade. Na
área próxima à estação da praça XV, o transporte rodoviário foi expandido com a
18
instalação de um mergulhão. Em conversas com pessoas ligadas a operadora das
barcas (CCR Barcas), foi citado que essa expansão retirou usuários do sistema de
barcas, que pode ser visto nos dados da tabela 2, devido a mudança na localização do
ponto de ônibus existente próximo à estação da praça XV, para cerca de um quilômetro
distante da localização original. Segundo eles, as pessoas hoje preferem realizar a
integração dentro do próprio sistema rodoviário, pegando outro ônibus, do que andar
até a estação e realizar a integração rodoviária-aquaviária.
Além disso, trechos como Praça XV x Cocotá, possuem uma taxa de utilização
e ocupação da embarcação muito baixa, sendo que sua operação causa prejuízos a
Concessionária, mostrando não possuir viabilidade econômica. Porém, como é objeto
da concessão e imposição do poder público, o transporte deve ser mantido, causando
aumento no custo das outras linhas para compensar.
4. Estudo de Novas Rotas
Com a apresentação do panorama atual da operação de transporte de
passageiros na Baía de Guanabara, será apresentada a proposição da implementação
de novas rotas, levando em consideração o sistema existente. Serão discutidos os
aspectos referentes a essa implementação, como a justificativa para a escolha e
impactos causados pela escolha. Todas as rotas propostas a seguir contam a criação
de um terminal, logo o impacto desta construção também será discutido.
Para a seleção de novas rotas, alguns aspectos devem ser levados em conta.
Primeiramente, deve se levar em conta a relevância da rota, levando em conta as
justificativas para que essa rota seria de interesse popular, assim sendo adotadas pelos
passageiros, mostrando como a adoção facilitaria a vida do passageiro no dia a dia.
O dimensionamento correto do sistema é de suma importância para que haja
viabilidade no transporte. A rota, as condições ambientais e sua percepção pelos
passageiros, o perfil da demanda e seus anseios, além do perfil do operador e sua
necessidade de obter lucro com o transporte, são de essencial importância para que a
rota tenha sucesso.
5. Análise do trajeto a ser percorrido
Nesta seção, serão considerados alguns trajetos proposto para a implementação
de uma rota de transporte Aquaviário. Todos os trechos propostos constam no estudo
da Firjan [4] e estão mapeados na Rede Futura de transporte do Estado do Rio de
Janeiro [6]. Serão analisados os aspectos citados anteriormente, analisando
previamente sua viabilidade hipotética pelas circunstâncias citadas.
19
5.1. Praça XV – São Gonçalo
Agora, serão feitas análises do trajeto proposto entre São Gonçalo e a Praça XV.
Como são Gonçalo não possui um terminal, serão analisados dois diferentes locais de
terminais da barca:
5.1.1. Praça XV - Gradim
Figura 19 - Praça XV x Gradim
O estudo realizado em 2015 pela FIRJAN [4], demostrou como sendo viável a
instalação de um terminal no bairro de Gradim. Está é uma região que atende a área
central da cidade de São Gonçalo, além de uma grande região onde pode ser instalado
o terminal de barcas. Além disso, possuiu grande disponibilidade de acesso rodoviário,
sendo uma importante região de acesso a outras localidades na cidade, podendo ser
uma facilidade para a integração da mobilidade urbana, importante fator no modelo de
transporte aquaviário urbano.
Distância: 15,09 Quilômetros ou 8,15 Milhas Náuticas
20
5.1.2. Praça XV – Piscinão de São Gonçalo
Figura 20 - Praça XV x Piscinão de São Gonçalo
Uma outra alternativa de instalação do terminal de barcas seria próximo ao
piscinão de São Gonçalo, local que atenderia melhor a regiões mais centrais da cidade
como o bairro de Alcântara, onde há um fluxo muito grande para o Rio de Janeiro.
Distância: 16,21 Quilômetros ou 8,75 Milhas Náuticas
21
5.2. Armazém 18 – Praça Arariboia
Figura 21 - Armazém 18 x Praça Arariboia
Como citado anteriormente, durante as obras realizadas na cidade do Rio de
Janeiro, para os Jogos Olímpico de 2016, o processo de revitalização do centro da
cidade promoveu mudanças significativas na região. A região do Armazém 18, próxima
a rodoviária Novo Rio, se tornou uma região atrativa devido a demolição da Perimetral,
viaduto que percorria o trecho. Além disso, a criação do VLT (Veículo Leve Sobre
Trilhos) facilitou o acesso a área, que antigamente era somente acessível por modo
rodoviário, já que também é distante dos centros urbanos da cidade.
Distância: 8,97 Quilômetros ou 4,84 Milhas Náuticas
22
5.3. Praça XV – Caxias
Figura 22 - Praça XV x Caxias
Umas das rotas amplamente discutidas durante anos, e por várias vezes
prometidas e aprovadas por políticos, é a rota entre Praça XV – Duque de Caxias. Está
rota propõe a criação de um terminal em Duque de Caxias, próximo ao Hospital Dr.
Moacyr Rodrigues. A implementação da rota possui algumas dificuldades. Devido a
existência da Ilha do Governador e suas ligações com o continente, a ilha deve ser
contornada devido ao porte das embarcações que realizam o transporte de passageiros
(calado e suas dimensões). Assim, o trecho percorrido acaba sendo muito extenso,
maior que o trecho rodoviário, que é praticamente paralelo a costa, o que acaba por
interferir no tempo de viagem no trecho.
Além disso, a ligação entre o centro da cidade do Rio de Janeiro e Duque de
Caxias por meio rodoviário é feita por meio de uma via expressa (Linha Vermelha).
Apesar do trânsito nos horários de pico, a ligação é feita majoritariamente de forma
rápida. Assim, a atratividade do transporte aquaviário deve ser bastante discutida, já
que a sua implementação esbarra no nível de serviço que será oferecido.
Distância: 29,49 Quilômetros ou 15,92 Milhas Náuticas
23
5.4. Armazém 18 – Gradim e Armazém 18 – Piscinão de São Gonçalo
Figura 23 - Armazém 18 x Gradim
Figura 24 - Armazém 18 x Piscinão de São Gonçalo
24
Com a implantação dos terminais (Armazém 18 e Gradim ou Piscinão de São
Gonçalo) já citadas anteriormente, uma ligação no trecho pode ser realizada. Para isso,
deve ser estudada sua demanda.
Distância Armazém 18 x Gradim: 16,43 Quilômetros ou 8,87 Milhas
Náuticas
Distância Armazém 18 x Piscinão de São Gonçalo: 18,05 Quilômetros ou
9,75 Milhas Náuticas
5.5. Armazém 18 – Caxias
Figura 25 - Armazém 18 x Caxias
Mesma situação anterior, mas ligando o Armazém 18 a Duque de Caxias. A
discussão sobre os terminais deve ser novamente levada em conta.
Distância: 31,78 Quilômetros ou 17,16 Milhas Náuticas
25
5.6. Santos Dumont – Galeão
Figura 26 - Santos Dumont x Galeão
Esta é uma rota que deve ser discutida mais amplamente, pois sua utilização,
além da utilização como modal diário urbano, teria uma demanda para facilitação do
transporte aéreo, para auxiliar a operação das companhias aéreas ao realizar
locomoção de passageiros que realizarem a escala de suas viagens no rio de janeiro,
com a troca de aeroporto, o que acontece nos dias atuais.
Distância: 29,94 Quilômetros ou 16,17 Milhas Náuticas
Assim, com a demonstração destas rotas, será realizada uma abordagem mais
profunda sobre a rota entre Praça XV e São Gonçalo.
5.7. Caracterização da nova rota
A rota marítima selecionada para o estudo de viabilidade é a entre a Praça XV e
São Gonçalo (Gradim). Isto ocorreu pois, em uma análise preliminar das rotas citadas
anteriormente, ela foi a que se mostrou em condições de se tornar viável no futuro,
devido ao grande interesse público. Além disso, o estudo da viabilidade técnica e
econômica dela é obrigatório para a empresa vencedora do edital de licitação para a
nova concessão do transporte aquaviário na Baía de Guanabara. Ela atualmente ainda
não é utilizada, sendo na cidade de São Gonçalo necessária a construção do terminal,
assim, é necessário estudar a sua melhor localização, de acordo com a demanda. Uma
outra alternativa de instalação do terminal de barcas seria próxima ao piscinão de São
Gonçalo, local que atenderia melhor a regiões mais centrais da cidade como o bairro de
Alcântara, onde há um fluxo muito grande para o Rio de Janeiro. De acordo com os
26
estudos da Firjan, a implementação desta rota auxilia na redução do congestionamento
rodoviário presente na ligação entre São Gonçalo – Niterói – Rio de Janeiro. Atualmente,
o fluxo existente entre essas regiões é um grande desafio para a mobilidade urbana
intermunicipal, devido ao seu constante crescimento.
Atualmente, a ligação principal rodoviária realizada entre o Rio de Janeiro e São
Gonçalo é realizada pela ponte Rio- Niterói, sendo um caminho que é utilizado por
diferentes pessoas para diversos origens e destinos, acontecendo congestionamentos
no trecho frequentemente. Além disso, qualquer tipo de problema no trecho causa um
reflexo muito grande em toda a cidade, já que as alternativas são escassas. Deste
modo, uma inserção maior do transporte aquaviário auxiliaria na diminuição no fluxo
desta importante rodovia.
5.8. Impacto da construção de um novo terminal
Para a construção de um terminal deve levar em conta os impactos que serão
causados pelo mesmo. Primeiramente, deve-se levar em contas os impactos com a
dragagem da área, para que possua profundidade suficiente para que as embarcações
possam chegar próximas ao píer e realizar o embarque e desembarque dos
passageiros, de acordo com o calado das mesmas.
Essa dragagem acaba por modificar o ambiente marinho, fazendo alterações
significativas no solo e mudando a geografia do leito marinho, podendo causar
mudanças que podem impactar negativamente no bioma. Além disso, a movimentação
de sedimentos no mar faz com que a profundidade do cais diminua com o tempo, sendo
necessária uma dragagem periódica na região, o que pode acarretar em um custo
elevado de manutenção do cais.
Outros impactos que ocorrem com a realização do transporte aquaviário de
passageiros em regiões urbanas são a formações de ondas (washing), que podem
causar erosão e impacto em pequenas embarcações que naveguem na região, e
emissão de poluentes e ruídos. Estes impactos, no caso da construção do terminal na
Baía de Guanabara são menores devido a existência do transporte na região
atualmente, não modificando o cenário já existente.
Abaixo temos a imagem (figura 27) de uma possível localização do terminal na
região, mostrando que há um grande potencial marítimo para o terminal, mas será
necessário um grande trabalho e estudo do local com base nos impactos mostrados.
27
Figura 27 - Possível Localização para um Terminal na Região do Gradim
6. Considerações sobre a geração de modelos
Para a geração dos modelos, uma discussão sobre princípios básicos de
transporte aquaviário se faz necessária. Essa discussão implica diretamente na
obtenção da demanda e oferta para uma rota selecionada.
6.1. Demanda
A demanda por determinado tipo de viagem pode ser influenciada por
sazonalidade ou por períodos de pico. Ela é função, basicamente, das variáveis
socioeconômicas que afetam o passageiro e dos níveis de serviço oferecidos.
Primeiramente, a demanda é caracterizada pelo número de pessoas que
necessitam realizar a viagem entre os trechos sugeridos. Isso pode ser obtido através
de uma pesquisa de Origem e Destino, aplicando diferentes metodologias para se obter
os resultados necessários. Essa pesquisa leva em conta as particularidades de cada
passageiro, como a rota realizada por ele, a frequência desta rota, e o motivo de estar
realizando ela. Além disso, podem ser feitas perguntas em que se mede o quanto a
criação de uma nova rota seria aceita pelo usuário. Assim, pode se obter um panorama
do número de usuários, sendo necessário medir o nível de serviço.
Os principais fatores que afetam o nível de serviço são o tempo de viagem
percebido pelo usuário, o custo total da viagem para o usuário, o conforto e
conveniência, a confiabilidade e a segurança.
O tempo de viagem percebido pelo usuário é composto por alguns tempos, como
o tempo da viagem em si, o tempo de acesso ao modal, o tempo de espera e o tempo
de translado até o acesso ao modal.
A confiabilidade também é um fator importante a ser levado em conta. Ao
selecionar determinado serviço de transporte, o usuário espera que o tempo de viagem
28
esteja dentro de uma faixa de variação aceitável, e que a operação transcorra sem
transtornos. No caso de ocorrência de problemas, o usuário pode interpretar que o
serviço não é confiável, e mesmo com facilidades como realizar o percurso em um
tempo menor, o usuário pode escolher um outro modal em que ela tenha mais confiança.
Assim, a preocupação com o serviço prestado dever ser primordial, para que os usuários
voltem a utilizar o sistema e também o recomendem para outras pessoas com as
mesmas necessidades de locomoção que as dele.
A segurança e conforto são fatores que são levados em consideração no
transporte aquaviário. Devido à falta de costume da população em utilizar o transporte
por meio marítimo, há certa falta de confiança no meio, pelo desconhecimento. Assim,
o operador necessita respeitar e mostrar que está respeitando todas as leis impostas
pela Capitania dos Portos, para que haja uma confiabilidade maior por parte da
população. Assim, todos os aspectos da salvatagem devem ser respeitados e
demostrado para a população, além de se fazer um esforço para que nenhum tipo de
acidente ocorra.
O conforto também deve ser levado em conta. A estrutura das embarcações,
como poltronas, áreas de livre deslocamento, aspectos de limpeza da embarcação, e
proteção contra mau tempo, são muito importantes para que os passageiros se
mantenham usuários do sistema. Além disso, o seakeeping, ou seja, o conforto das
pessoas dentro das embarcações devido ao movimento dela pela locomoção no mar, é
muito importante. As embarcações de passageiro normalmente são projetadas para que
haja o movimento mais suavizado possível, porém, o estado de mar deve ser estudado
previamente para isso. Também, a confiabilidade do sistema, com um nível baixo de
atrasos e contratempos é essencial para a fidelização do usuário no sistema.
Finalmente, a acessibilidade ao sistema, considerando a integração modal e a
rede que ele está inserido e de suma importância no transporte marítimo. A construção
de terminais possui um elevado custo, assim, os terminais devem ser alimentados pelo
transporte rodoviário e deve haver uma integração de tarifa, para que os usuários sejam
induzidos a utiliza-lo. Assim, esses são os aspectos que devem ser levados em conta
para a obtenção da demanda de transporte aquaviário.
Todos esses fatores podem ser mensurados e aplicados no Método de
Preferência Declarada (MPF) [8]. Este método consiste em modelar matematicamente
os fatores que levam o usuário a utilizar o transporte ou não, e atribuir pesos a esses
fatores através de constantes, modelando uma equação em que se mede a
probabilidade de o usuário utilizar o transporte ou não.
Os fatores utilizados para esse cálculo são os que influenciam a percepção do
passageiro no transporte, tais como tempo de viagem, tempo de espera, número de
trocas de modal, distância de deslocamento, custo, conforto, etc. Todos os pesos dados
a esses fatores podem ser atribuídos através da calibração do sistema, utilizando
métodos de pesquisa com perguntas aos possíveis usuários do sistema e observação
de padrão em transportes similares. Assim, pode-se obter, com certo nível de confiança,
a demanda provável para o transporte que está sendo estudado.
29
6.2. Oferta
Para a consideração da oferta, deve-se levar em conta os níveis de serviço
requeridos pela demanda, analisando o custo necessário para se viabilizar o requerido
pelos usuários.
Assim, podemos chegar ao ponto ótimo devemos ter um equilíbrio entre a oferta
e a demanda, e ela depende de dois aspectos: número de usuários que optam pelo
sistema e número de assentos disponíveis; e o preço que o usuário pagaria pelo serviço
e o custo para a manutenção do transporte. Assim, se houver um ponto em que essa
demanda e a oferta se encontrem, há uma análise do ponto para saber se a implantação
do sistema é viável ou não.
7. Implementação da Travessia Aquaviária Entre o Rio de
Janeiro e São Gonçalo
Nesta seção, serão apresentadas as análises realizadas para verificação da
viabilidade técnica e econômica da travessia escolhida, de acordo com os preceitos
explicitados anteriormente
Para a oferta de viagens, serão usadas as embarcações HC 18, utilizadas no
trecho entre Praça XV x Arariboia. Isso se deve, pois, a aquisição de novas
embarcações não é prevista no curto prazo, e seria necessário um estudo econômico
para a viabilidade dessa aquisição, o que não está presente no escopo deste trabalho,
e nem previsto em planos governamentais e nem da concessionária, o que tornaria o
estudo fora da realidade atual do modelo. Além disso, na operação das barcas, há
embarcações deste modelo que ficam ociosas em certos períodos, podendo ser
utilizadas para esta rota.
O custo para construção do terminal em São Gonçalo pode ou não ser
considerado, levando-se em conta que pode ser 100% subsidiado pelo governo, devido
ao interesse público na implementação do mesmo. Assim, o cálculo do custo da oferta
pode ser obtido pelo custo operacional e de manutenção do mesmo.
Para o modelo da demanda, foram utilizados dados de pesquisa de origem e
destino (OD) do edital para nova concessão de transporte aquaviário [7] que está sendo
implementada no modelo de transporte na Baía de Guanabara, como mostrado na
tabela 3. Esses dados demostram, do total diário de viagens realizadas, a porcentagem
de passageiros que realizam o transporte de certo destino e para certa origem. Além
disso, esses dados podem ser associados com o transporte realizados por ônibus e
carro para São Gonçalo, obtendo projeções para o transporte a ser realizado no trecho.
30
Tabela 3 -Exemplo Pesquisa Origem Destino
8. Metodologia
Com as premissas do problema apresentadas, a proposta de metodologia para
análise da viabilidade se baseia na obtenção do custo unitário por passageiro do
transporte, considerando os custos da operação da barca, o tempo de viagem obtido no
trecho e a demanda obtida do estudo da FIRJAN [3]. Assim, os resultados serão
analisados de acordo com o modelo de transporte já existente. Para isso, serão
utilizadas como referência as embarcações do modelo HC 18 (Ingá, Gávea, Urca e
Neves) utilizadas no trecho entre Praça XV e Praça Arariboia.
Para o cálculo do tempo de viagem aquaviária, ou seja, o tempo navegando tem
a seguinte composição:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚
= 𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 + 𝑇𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + 𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + 𝑇𝐴𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜
31
Onde:
𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎𝑟 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑖𝑠
𝑇𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑛𝑔𝑖𝑟 𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜 𝑛𝑎𝑣𝑒𝑔𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜
= 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑡í𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑜 𝑐𝑎𝑖𝑠
𝑇𝐴𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎𝑟 𝑛𝑜 𝑐𝑎𝑖𝑠
Segundo PEIXOTO LEMOS, Cesar (2000), o tempo de aceleração varia entre 2
e 3 minutos, logo, será usado o tempo médio de 2,5 minutos. Já para a desaceleração,
o tempo varia entre 1 e 2 minutos. Logo, como na aceleração, será usado o tempo de
1,5 minuto.
Para o tempo de atracação e desatracação, o tempo médio de embarque e
desembarque varia entre 2 e 4 minutos para cada etapa. Logo, o tempo escolhido para
os efeitos de cálculo será de 3 minutos. Assim, este cálculo será utilizado para obtenção
dos tempos de viagem nas novas rotas propostas, utilizando os dados das embarcações
já existentes.
O tempo de viagem cruzeiro pode ser obtido através do cálculo da distância da
rota, dividindo pela velocidade da embarcação. Na figura 19 foi calculada a distância
entre o terminal da Praça XV e um possível Terminal na região do Gradim, em São
Gonçalo, obtendo a distância 15,09 quilômetros ou 8,15 milhas náuticas. Considerado
que em parte deste percurso a embarcação estará no seu processo de aceleração /
desaceleração, foi considerado que ela navegará em 80% do percurso com sua
velocidade média de acordo com os dados fornecidos pela CCR Barcas expostos na
figura 28.
32
Figura 28- Gráfico de Desempenho
Assim:
𝐷𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝐷𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑋 %𝑉𝑆
Onde:
𝐷𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 : Distância Final
𝐷𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 : Distância Total = 8,15 Milhas Náuticas
%𝑉𝑆 : Porcentagem da Distância na Velocidade de Serviço = 80% ou 0,8
Assim:
𝐷𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 = 8,15 𝑋 0,8
𝐷𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 = 6,52 𝑀𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑁á𝑢𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠
Para a obtenção do Tempo de Viagem Cruzeiro é realizado o seguinte cálculo:
𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 =𝐷𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Levando em conta que todas as embarcações escolhidas para a realização do
trajeto possuem uma velocidade média de 8,5 nós na sua operação, como pode ser
visto na figura 28:
𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 =6,52
8,50= 0,77 = 46 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
Podemos agora calcular o tempo total da viagem:
33
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚
= 𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 + 𝑇𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + 𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + 𝑇𝐴𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜
Onde:
𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 = 3 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑇𝐴𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 2,5 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 = 46 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑇𝐷𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 1,5 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑇𝐴𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 = 3 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
Assim:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 = 3 + 2,5 + 46 + 1,5 + 3
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 = 56 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
Com isso, o tempo de viagem entre terminais é de 56 minutos, utilizando as
embarcações citadas. Agora, será calculado o custo dessas embarcações nesse trajeto.
Figura 29 - Desempenho das Embarcações HC 18
No gráfico (figura 29) pode ser visto o consumo médio dessas embarcações em
litros por milhas náuticas navegadas, até o mês de Julho de 2018. Para facilidade nos
cálculos e utilizando um valor dentro do padrão desses meses, será utilizado o consumo
de 20 Lts/mn (litros por milhas náuticas). Assim, podemos calcular o total gasto com
óleo diesel em cada viagem. Com a distância do trecho de 8,15 milhas náuticas, é feito:
34
𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎
𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 20 𝑥 8,15
𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 163 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
Logo, obtemos que por viagem, o custo total de combustível da embarcação é
de 163 litros. Para o custo de óleo e lubrificantes, o valor fica em 2% do valor total gasto
em combustível [3].
O custo de manutenção da embarcação não será incorporado, devido ao fato de
que a concessionária possui estaleiro próprio capaz de realizar a manutenção, e o seu
custo já está incluído no custo geral de manutenção dela, que será estimado mais à
frente, logo não sendo agregado nenhum custo adicional para a concessionária. Assim,
calculando o custo de tripulação obtemos, obtemos o custo total associado ao
transporte. Para isso, utilizamos a tabela 4, obtida de PEIXOTO LEMOS, Cesar (2000),
e aplicamos o valor da inflação no período (2000 até 2019) [5]. Com isso obtemos o
custo mensal de 49360,55 reais de custo mensal atual com tripulação por turno de
trabalho. Considerando o tempo de funcionamento do serviço, serão utilizados dois
turnos de trabalho, obtemos o custo total de 98721,10 reais por mês. Considerando que
temos em média 21 dias úteis no mês, o custo por dia com tripulação para cada
embarcação é de 4701 reais. Este cálculo facilitará a obtenção do custo por passageiro,
que será realizado mais à frente no presente projeto.
Tabela 4 - Custo de Tripulação Ano 2000
Agora, é necessário analisar a demanda para verificar quantas viagens serão
necessárias realizar diariamente, assim obtendo todos os custos envolvidos na
operação. Para isso, já tendo sido explicados os métodos de obtenção de demanda,
através de pesquisa de origem e destino, e Método de Preferência Declarada (MPD),
serão utilizados dados da pesquisa da Firjan [4], que estima a capacidade de viagens
dia do trecho em 53200, como pode ser visto na tabela 5 abaixo.
35
Tabela 5 - Estimativa Firjan do Número de Viagens por dia no Trecho
Assim, segundo PEIXOTO LEMOS, Cesar (2000), para a obtenção do número
de viagens por dia, sendo conhecida a demanda e a capacidade de passageiros da
embarcação calculamos o intervalo entre viagens da seguinte forma:
𝐼 = 60 𝑥 𝑝𝑎𝑥
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎
Onde:
I = Intervalo entre partidas, em minutos;
pax = Capacidade de passageiros da embarcação = 1300;
D = Demanda requerida em passageiros, por hora
Para a obtenção da demanda por hora, obtendo a demanda total diária, é
necessário dividir a demanda pelo horário de funcionamento do serviço. Considerando
que o serviço será oferecido de 6 horas da manhã até meia noite, obtemos um tempo
total diário de funcionamento de 18 horas por dia. Analisando uma aproximação
grosseira, podemos dividir a demanda igualmente neste horário, assim fazendo:
𝐷 = 53200
18
𝐷 = 2956 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑎𝑔𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐻𝑜𝑟𝑎
Como está é a demanda total, podemos dividir por trecho, assim obtendo a
demanda requerida de 1478 passageiros. Assim pode ser feito:
𝐼 = 60 𝑥 1300
1478
𝐼 = 53 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
36
Para o transporte real, seria necessária uma análise mais detalhada dos intervalos em
cada hora, pois a demanda não é uniforme com o utilizado. Porém, a aproximação é
válida pois podemos obter o número total de viagens, independentemente do horário
que ela vai ser realizada. Para a obtenção do número total de viagens, pode-se dividir
o tempo total do funcionamento do serviço por dia pelo intervalo de viagens obtido
anteriormente, multiplicando por 2 já que teremos viagens dos dois terminais. Assim:
𝑁𝑉 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐼𝑥 2
Onde:
NV = Número de Viagens Diário;
Tempo Total = Tempo Total de Serviço Diário = 18 horas = 1080 minutos
I = Intervalo entre partidas = 53 minutos
𝑁𝑉 = 1080
53𝑥 2
𝑁𝑉 = 40 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐷𝑖𝑎
Este número de viagens por dia considera que as embarcações estarão com 100% da
sua taxa de ocupação, o que é praticamente impossível ocorrer. Logo, considerando
uma taxa de ocupação média de 50%, obtemos o total de 80 viagens por dia. Assim,
como foi obtido o gasto de diesel por viagem, podemos calcular o total por dia com a
informação do número total de viagens necessárias.
𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 = 163 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑥 80
𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 = 13040 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
Pesquisando o preço do diesel marítimo, foi obtido o valor médio de 4 reais por litro nas
principais revendedoras. Logo:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 = 13040 𝑥 4
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 = 52160 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠
Como falado anteriormente, o custo com óleo e lubrificantes é 2% do gasto com
combustível, sendo seu valor de 521, 6 reais. Com todas essas informações, podemos
calcular o custo total do transporte. Considerando que para realizar o transporte dentro
do intervalo obtido e do tempo de viagem calculado de 56 minutos são necessárias 4
embarcações realizando o transporte, logo o custo diário de tripulação deve ser
multiplicado por 4. Assim pode ser feito:
𝐶𝑇 = 𝐶𝑇𝐶 + 4 𝑥 𝐶𝑇𝑇 + 𝐶𝑇𝑂𝐿
Onde:
CT = Custo Total Diário do Transporte
CTC = Custo Total Diário de Combustível = 52160 reais
37
CTT = Custo Total Diário de Tripulação = 4701 reais
CTOL = Custo Total Diário de Óleo e Lubrificantes = 521,6 reais
𝐶𝑇 = 52160 + 4 𝑥 4701 + 521,6
𝐶𝑇 = 71485,60 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠
Estimasse que o custo calculado acima, em outros projetos, corresponde a um terço do
custo total do transporte [3], considerando custos fixo, como docagem, manutenção,
custos de operação dos terminais e de pessoas fora da tripulação, custos associados a
eventuais problemas, entre outros. Logo o custo total será:
𝐶𝑇 = 71485,6 𝑥 3
𝐶𝑇 = 214456,80 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠
Para a obtenção do custo unitário por passageiro, pode-se dividir o custo total pela
demanda do transporte. Além disso, será realizado um acréscimo de 20% do valor,
como margem de erro e reserva para custos não planejados.
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 =𝐶𝑇
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑥 1,2
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 =214456,80
53200 𝑥 1,2
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 = 4,84 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑠𝑢á𝑟𝑖𝑜.
9. Análise dos Resultados
Durante o desenvolvimento da metodologia, diversos resultados foram obtidos
com base nos preceitos adotados. Informações como o tempo de viagem, custos
associados ao transporte, intervalo entre viagens, etc., mostram que o transporte está
dentro de um padrão aceitável. Apesar disso, para aferir sua viabilidade real, é
necessário um estudo mais amplo, com investimento para um estudo técnico com
equipe capacitada e que contemple todos os temas mostrados no presente trabalho de
forma eficaz.
Os resultados de tempo de viagem estão dentro de um contexto aceitável e
plausível para o trecho. Porém, para o número de viagens, foi adotado que todas as
embarcações utilizarão 50% de sua capacidade em todas as viagens, sendo sua taxa
de ocupação média. Porém, na realidade seria necessário um maior estudo sobre essa
taxa, como vimos nas taxas de ocupação do transporte atual. É necessário realizar um
aferimento maior, contemplando estudos de da demanda horária e o impacto nas
viagens, auxiliando assim também na obtenção de um intervalo entre viagens mais
correto dentro dos períodos do transporte.
38
Já para os custos associados, existe uma grande disparidade entre o custo
obtido por passageiro de 4,84 reais e o custo atual da passagem de 6,30 reais, apesar
da adoção de premissas aceitas para os cálculos. Certamente existem muitos custos
associados que não foram mensurados devido a sua dificuldade de obtenção e não
conhecimento público, como custos de integração entre os modais, que reduz o preço
da passagem para a operadora, compensação no preço de outros sistemas deficitários,
custos não programados com falhas e acidentes, entre outros, além de não ter sido
considerada nenhuma gratuidade, que é imposta por lei. Assim, um estudo maior deve
contemplar todos esses fatores e obter informações oficiais para obter esses dados mais
precisamente.
10. Conclusão
Diante dos fatos dispostos no presente trabalho, pode ser visto que a discussão
sobre o transporte de barcas em uma cidade como o Rio de Janeiro é muito ampla, e
abrange toda a questão da mobilidade urbana da cidade. Muitos aspectos devem ser
discutidos e levados em consideração para se adotar novos modos de transporte entre
diferentes regiões, sendo de grande interesse público.
A metodologia para estudo de viabilidade económica é muito ampla, possuindo
várias vertentes que devem ser analisadas para um projeto completo. A realização de
um grande estudo, com vários setores de interesse da sociedade se faz mais que
necessária, para que todos os parâmetros sejam especificados corretamente e os
interesses reais da população fiquem claros.
Com o presente trabalho, pode-se ter a noção do que é necessário para ter uma
discussão completa sobre o tema, e os conceitos dispostos podem ser aplicados para
se obter um resultado sobre a viabilidade ou não de um trecho aquaviário.
Os resultados obtidos, apesar da carência de muitas informações oficiais e 100%
precisas, demostram que o estudo de viabilidade da rota entre o Rio de Janeiro e São
Gonçalo é um objeto que merece a atenção das autoridades, devido ao seu grande
potencial de mudança na mobilidade urbana das cidades, podendo se mostrar a
alternativa mais viável para o futuro do transporte público entre as regiões. Este estudo
requer um grande investimento e discussão, mas é possível demostrar pelo presente
trabalho que é uma necessidade da sociedade nos dias de hoje, e que pode trazer
grandes benefícios no futuro.
39
11. Bibliografia
[1] SITE OFICIAL CCR BARCAS
Disponível em: http://www.grupoccr.com.br/barcas/
[2] GOOGLE MAPS
Disponível em: https://www.google.com.br/maps
[3] LEMOS, CESAR PEIXOTO (2000), Embarcações de Alta Velocidade no Brasil,
M.Sc., Engenharia Oceânica, 2000) Tese -Universidade Federal do Rio de Janeiro,
COPPE
[4] FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – FIRJAN.
Novas linhas hidroviárias – uma alternativa para a mobilidade urbana no Rio de Janeiro,
Agosto de 2015.
[5] FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – Atualização de Valores.
Disponível em: https://www.fee.rs.gov.br/servicos/atualizacao-valores/
[6] PLANO DIRETOR DE TRANSPORTE DA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO – PDTU. 2015
[7] EDITAL DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE EXPLORAÇÃO DE
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS, CARGAS E
VEÍCULOS, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 06 de Agosto de 2018.
[8] SOUZA, CASSIANO MARINS DE (2002), Métodos de Preferência Declarada:
Aplicações no Setor de Transporte Aquaviário. UFRJ, Pós Graduação em Enegenharia
Oceânica.