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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE COMPUTAÇÃO - FACOM BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Léia Sousa de Sousa PANORAMA ATUAL DAS REDES WDM: ESTADO DA ARTE Marabá-PA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE COMPUTAÇÃO - FACOM

BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Léia Sousa de Sousa

PANORAMA ATUAL DAS REDES WDM:

ESTADO DA ARTE

Marabá-PA

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE COMPUTAÇÃO - FACOM

BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Léia Sousa de Sousa

PANORAMA ATUAL DAS REDES WDM: ESTADO DA ARTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

para a obtenção do grau de Bacharel em

Sistemas de Informação pela Universidade

Federal do Pará.

Orientador: Prof. M. Sc. Josué Leal Moura

Marabá-PA

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Josineide Tavares, Marabá-PA)

_______________________________________________________________________________

Sousa, Léia Sousa de.

Panorama atual das redes WDM: estado da arte / Léia Sousa de Sousa;

Orientador, Josué Leal Moura. – 2013.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Universidade Federal do

Pará, Faculdade de Computação, 2013.

1. Redes de computadores. 2. Rede óptica. 3. Fibra óptica. I. Título.

CDD - 22 ed.: 004.6

_______________________________________________________________________________

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DEDICATÓRIA

Ao meu Orientador, Professor Josué, que foi fundamental para a

conclusão dessa jornada, aconselhando, exigindo, mas também

fazendo crescer.

A todos os professores da Faculdade de Computação, sem os

quais nada disso teria acontecido.

Aos colegas de turma que ao longo dos quatro anos se

transformaram em grandes amigos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela iluminação e pela graça de ter começado e terminado mais um grande

sonho, me impulsionando para novas conquistas.

Agradeço a toda minha família pelo apoio, pela compreensão e por acreditar em mim sempre.

Aos meus professores da Universidade Federal do Pará pela inestimável contribuição em

minha formação, tanto para o trabalho quanto para a vida.

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AUTORIZAÇÃO

LÉIA SOUSA DE SOUSA, matrícula n. 08404003222. AUTORIZO a Universidade Federal

do Pará - UFPA a divulgar total ou parcialmente o presente Trabalho de Conclusão de Curso

através de meios eletrônicos.

Xinguara, 20 de setembro de 2013.

____________________________

Mat. 08404003222

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. X

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... XII

ACRÔNIMOS ..................................................................................................................... XIII

RESUMO ............................................................................................................................ XVII

ABSTRATC ..................................................................................................................... XVIII

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19

2 REDES ÓPTICAS ............................................................................................................... 23

2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE FIBRA ÓPTICA ............................................................. 23

2.2 PARÂMETROS DE UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ÓPTICO ........................ 28

2.2.1 Ondas ....................................................................................................................... 28

2.2.2 Banda Passante ........................................................................................................ 31

2.2.3 Degradação .............................................................................................................. 32

2.3 MODULAÇÃO .............................................................................................................. 32

2.3.1 Modulação por Codificação de Pulso (PCM) .......................................................... 34

2.4 MULTIPLEXAÇÃO ...................................................................................................... 36

2.4.1 Multiplexação por Divisão de Frequência (FDM) .................................................. 37

2.4.2 Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM) ......................................................... 38

2.4.3 Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda (WDM) .............................. 39

2.5 RESUMO ....................................................................................................................... 42

3 ARQUITERURA DE REDES ÓPTICA WDM ................................................................ 43

3.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS .................................................................................. 43

3.1.1 Equipamento Terminal: multiplexador e demultiplexador ...................................... 43

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3.1.2 Multiplexador óptico (OADM) ............................................................................... 44

3.1.3 Unidade Transponder .............................................................................................. 45

3.1.4 Amplificador Óptico ................................................................................................ 46

3.1.5 Equipamentos Ópticos de conexões cruzadas (OXC) ............................................ 48

3.1.6 Unidade Compensadora de Dispersão (DCU) ......................................................... 49

3.2 TOPOLOGIAS DE REDES WDM ................................................................................ 50

3.3 REDES WDM: NÍVEIS E CAMADAS ......................................................................... 52

3.4 SERVIÇOS DA REDE WDM E COMUTAÇÕES ....................................................... 59

3.5 DESAFIO DA INTEGRAÇÃO DE IP E WDM ............................................................ 63

3.5.1 Os desafios arquiteturais .......................................................................................... 65

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 67

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 69

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fibra Multimodo e Fibra Monomodo ........................................................... 24

Figura 2 - Índice Degral e Índice Gradual ..................................................................... 25

Figura 3 - Diagrama de um Sistema de Comunicação Óptico ...................................... 27

Figura 4 - Espectro de ondas eletromagnéticas ............................................................. 29

Figura 5 - Frequência e comprimento de onda .............................................................. 30

Figura 6 - Representação da banda passante do sinal..................................................... 31

Figura 7 - Degradação/Atenuação do sinal .................................................................... 32

Figura 8 - Modulação de Onda Contínua (CW) ............................................................ 33

Figura 9 - Processo de Quantização .............................................................................. 35

Figura 10 – Codificação................................................................................................. 35

Figura 11 - Sinais binários.............................................................................................. 35

Figura 12 - Técnica de Multiplexação ........................................................................... 37

Figura 13 - Processo de Multiplexação por Divisão de Frequência .............................. 38

Figura 14 - Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM)............................................. 39

Figura 15 - STDM (Esquerda) e Multiplexação Estatística (direita) ............................. 39

Figura 16 - Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda ............................... 40

Figura 17 - Exemplo de como CWDM e DWDM ocupam bandas de comprimento de

onda ............................................................................................................................... 41

Figura 18 – Multiplexador/Demultiplexador ................................................................. 43

Figura 19 – Optical Add and Drop ................................................................................ 44

Figura 20 – Transponder ................................................................................................ 45

Figura 21 – Amplificador de Linha ............................................................................... 46

Figura 22 - Tipos de Amplificadores Ópticos ............................................................... 47

Figura 23 – Equipamento Óptico de Conexões Cruzadas ............................................. 48

Figura 24 – Unidade Compensadora de Dispersão ....................................................... 49

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XI

Figura 25 - Níveis e Camadas - Panorama Dinâmico .................................................. 52

Figura 26 - Estrutura de um quadro SONET ................................................................. 56

Figura 27 - Arquitetura das camadas nas redes de telecomunicações ........................... 57

Figura 28 - Serviços ópticos .......................................................................................... 59

Figura 29 - Estrutura de Serviços em Redes WDM ...................................................... 60

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XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aplicações da fibra óptica e as informações por ela transmitidas ................ 26

Tabela 2 - Tipos de Transponder ................................................................................... 46

Tabela 3 - Correspondência entre unidades de medidas da velocidade de Transmissão

em STM, STS e OC ....................................................................................................... 55

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XIII

ACRÔNIMOS

ADM - add/drop multiplexing

ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line

AM – Modulação de Amplitude

ANSI - American National Standards Institute

AON - All Optical Networks

ATM - Asynchronous Transfer Mode

CPU – Central Processing Unit

CW – Onda Contínua

CWDM - Coarse Wave Division Multiplex

dB – Decibel

DCU - Dispersion Compensation Unit

DGO - Distribuidor Geral Óptico

DSL - Digital Subscriber Line

DWDM - Dense Wave Division Multiplex

DXC - Digital Cross-Connect

FDM - Multiplexação por Divisão de Frequência

FM – Modulação de Frequência

FPA - Amplificadores Fabry-Perot

FTTx - Fiber To The x (Fiber to the Home, Fiber to the Building, Fiber to the Curb e

Fiber to the Cabinet)

HDTV - High-Definition Television

HFC - Hybrid Fiber Coax

ILA - In-Line Amplifier

IP - Internet Protocol

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XIV

ITU-D - International Telecommunication Union - Setor de Desenvolvimento

ITU-R - International Telecommunication Union - Setor de Radiocomunicações

ITU-T - International Telecommunication Union - Setor de Telecomunicações

ITU-T - União Internacional de Telecomunicações

LAN - Local Area Network

LASER - Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

LED - Light Emitting Diode

MAN - Metropolitan Area Network

MM - fibras multimodo

OADM - Optical Add and Drop

OAN - Redes Ópticas Ativas

OC - Optical Carriers

O-E-O ou OEO - conversões óptico-eletrônico-óptico.

OFA - Optical Fibre Amplifiers

ON – Optical Network

ONA - Optical Network Adapter

ONE - Optical Network Element

ONU - Optical Network Users

O-O-O ou OOO- óptico-óptico-óptico

OSI - International Organization for Standardization

OTH - Optical Transmission Hierarchy

OTN - Optical Transport Network

OWGA - Optical Wave Guide Amplifiers

OxC - Optical Cross-connect

PAM - Modulação por Amplitude de Pulso

PAN - Personal Area Network

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XV

PAN - Redes Ópticas Passivas

PCM - Modulação por Código de Pulso

PCM - Modulação por Codificação de Pulso

PDM - Modulação de Duração de Pulso

PM – Modulação de Fase

POP3 - Post Office Protocol - Version 3

PPM - Modulação de Posição de Pulso

PXC - fotônica cross-connect

QoS - Quality of Service

RF – Rádio Frequência

ROADM - Reconfigurable Optical Add and Drop

SDH - Synchronous Digital Hierarchy

SM – Singlemode (fibras monomodo)

SONET - Synchronous Optical Networking

STDM - Multiplexação Síncrona por Divisão de Tempo

STM - Synchronous Transport Module

STS - Sinal Synchronous Transport

TDM - Multiplexação por Divisão de Tempo

TDM-POM - Rede Óptica Passiva baseada em multiplexação por divisão no tempo

TV – Televisão

TWALSA - Traveling-Wave Semiconductor Laser Amplifier

UDWDM - Ultra Dense Wave Division Multiplex

UNI - User-to-Network Interface

VC - circuitos virtuais

VDSL - Very-high-bit-rate Digital Subscriber Line

VIPA - Matriz de fase e imagem virtual

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XVI

WADM - Wavelength Add/Drop Multiplexer

WAN - Wide Area Network

WDM - Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda

WWDM - Wide Wavelength Division Multiplexing

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XVII

RESUMO

Este trabalho apresenta algumas dimensões das redes ópticas, com foco

especial no panorama atual das redes WDM - Wavelength Division

Multiplexing, tecnologia capaz de otimizar o uso das redes ópticas reduzindo o

uso de fibra de vidro uma vez que diversos sinais ópticos podem ser

transmitidos simultaneamente por um único meio. Além da sua grande

capacidade de transmissão, as redes WDM também podem transportar

diversos tipos de hierarquias digitais com alta disponibilidade e segurança. É

graças a essa nova tecnologia que se tornou comum o uso de aplicações de voz

e vídeo sobre demanda e em tempo real de inúmeros clientes ao mesmo

tempo, transmissão da TV digital em multicast e broadcast entre muitas outras

aplicações. Adicionalmente são destacados os quatro tipos principais

de WDM: CWDM (Coarse Wave Division Multiplex), DWDM (Dense Wave

Division Multiplex), WWDM (Wide Wavelength Division Multiplexing) e

UDWDM (Ultra Dense Wave Division Multiplex). Será possível conhecer os

principais equipamentos utilizados por estas tecnologias, bem como as

perspectivas futuras e desafios para o pleno funcionamento de uma rede

totalmente óptica.

Palavras-chave: Rede óptica. WDM. Fibra óptica.

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XVIII

ABSTRATC

This paper presents some aspects of optical networks, with special focus on

the current situation of WDM networks, technology to optimize the use of

optical networks by reducing the use of fiberglass as many optical signals can

be transmitted simultaneously by a single medium. In addition to it is large

transmission capacity, WDM networks can also carry various types of digital

hierarchies with high availability and security. It is thanks to this new

technology that has become common to use voice and video applications on

demand and in real time from many clients at the same time, transmission of

digital TV broadcast and multicast among many other applications.

Additionally highlights the four main types of WDM: CWDM (Coarse Wave

Division Multiplex), DWDM (Dense Wave Division Multiplex), WWDM

(Wide Wavelength Division Multiplexing) and UDWDM (Ultra Dense Wave

Division Multiplex). Is it possible to know the main equipment used for these

technologies, as well as future prospects and challenges for the full operation

of an entirely optical network.

Keywords: Optical network. WDM. Optical fiber.

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19

1 INTRODUÇÃO

O surgimento da tecnologia de redes de fibra óptica trouxe grandes avanços para

a área de telecomunicações. Isso é especialmente notável quando se refere ao

crescimento da capacidade de transmissão de dados em um curto intervalo de tempo

(PASTORE,2009).

Em um experimento realizado com Fotofen (MITSCHKE,2009) pelo físico

indiano Narinder Kanpany, um dispositivo foi posto em contato com a luz do sol e,

amparado por algumas lentes, tal dispositivo foi capaz de transformar as ondas de som

em ondas luminosas.

Narinder Kanpany contribuiu para a evolução dos estudos que, atualmente

possibilitam um futuro promissor para a transmissão de sinal digital de TV, o qual é

abrange as transmissões de vídeo em alta definição (high definition) e serviços digitais

mais avançados como, por exemplo, a transmissão de áudio, texto, e aplicativos.

O cenário atual das redes ópticas é o das crescentes pesquisas no ramo das

telecomunicações, buscando-se, com isso, assegurar mais qualidade na transmissão de

um volume maior de informação trocadas em pouquíssimo tempo (MORAES,2006).

Tais mudanças atingem, respectivamente, a camada física, de enlace e de redes

presentes no modelo de Interconexão de Sistemas Abertos OSI - Open Systems

Interconnection.

Nessas três camadas iniciais, as principais evoluções da rede podem ser

percebidas com notoriedade, especialmente, tendo em vista que o mercado tem

produzido equipamentos com hardwares mais sofisticados como, por exemplo, a

popularização dos computadores pessoais com elevado poder de processamento ou os

próprios smartphones, cujas características de capacidade de armazenamento e alto

processamento tem “miniaturizado” os diversos dispositivos processadores. Tudo isso

tem auxiliado no processo de ampliação e consolidação de redes que estabeleçam a

comunicação entre tantos e diferentes equipamentos.

De maneira similar, a transmissão de ondas eletromagnéticas tem se destacados

como meio de comunicação, através das redes de Wavelength Division Multiplexing, ou

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20

simplesmente WDM (Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda), pelo fato

desse tipo de rede transmitir muitos dados através de uma única fibra óptica.

Com a WDM é possível modular diferentes comprimentos de onda e transmiti-

los, com segurança, garantia de qualidade e rapidez – ainda que, viajando por imensas

distâncias, contudo para compreender o funcionamento do sistema WDM e, até mesmo

uma de suas especializações (como a Dense Wavelength Division Multiplexing –

DWDM, ou simplesmente Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda

Densa), é interessante revisitar alguns conhecimentos relacionados à Física

(NAVES,2002).

De maneira geral, os sinais eletrônicos viajam em fios de cobre, diferentemente

dos sinais ópticos – que viajam em fibras de vidro e possuem outros comportamentos. O

espectro eletromagnético, que é o conjunto de todas as ondas eletromagnéticas, sob os

meios e condições adequadas, pode chegar a transmitir comprimentos de onda de até

1cm, com a aproximadamente 30 GHz (FOROUZAN,2006).

Especificamente em relação ao emprego dos sistemas DWDM, pode-se afirmar

que eles são atualmente utilizados principalmente em redes de acesso em grandes

centros de pesquisa, como por exemplo, universidades, organizações militares, redes

metropolitanas (comumente chamadas abreviadamente de Metro), redes de longa

distância (geralmente denominadas LH (Long Haul) e redes submarinas ou Ultra Longa

Distância, também chamadas de ULH (Ultra Long Haul).

Adicionalmente, as rede baseadas em DWDM podem transmitir dados também

por meio dos protocolos IP ou Protocolo de Internet (Internet Protocol), Modo de

Transmissão Assíncrono ATM (Asynchronous Transfer Mode), SONET/SDH – Rede

Óptica Síncrona / Hierarquia Digital Síncrona (Synchronous optical networking

/Synchronous Digital Hierarchy) e Ethernet, além de lidar com taxas de bits entre 100

Mb/s e 2,5 Gb/s. (MITSCHKE,2009).

Novas redes como a Ultra Dense Wave Division Multiplexing (Multiplexação

por Divisão de Comprimento de Onda Ultra Densa) ou UDWDM, preveem a redução

de equipamentos em uma rede óptica uma vez que um único laser de alta velocidade

pode ser utilizado para gerar todos os sinais, ao invés de usar um laser para cada

comprimento de onda. Pode-se esperar ainda a integração de diferentes equipamentos

(que executem mais de uma função), além de permitir o alcance a os equipamentos mais

distantes da rede.

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Atualmente, a UDWDM apresenta um raio de alcance em torno dos 100 km sem

o uso de equipamentos intermediários e, concomitantemente, muito mais velocidade de

transmissão de dados (NOKIA SIEMENS NETWORKS, 2012). Mesmo em fase inicial

de pesquisa e teste, ela tem mostrado sua capacidade para se tornar o próximo

backbone1 da internet.

Isto traz a necessidade de aprofundar os estudos na área de rede de

computadores de alta capacidade para transmissão de dados, assim como do

aproveitamento (reuso) da infraestrutura existente e a sua otimização são desafios atuais

que devem ser vencidos como forma de manter a sociedade cada vez mais conectada.

Os diversos serviços que são disponibilizados nas nuvens2 constituem um

exemplo bastante prático dos benefícios que podem ser alcançados pelas pessoas que

utilizam a infraestrutura da rede de telecomunicação e de internet para se comunicarem,

trocarem mensagens ou receberem informações em tempo real.

As informações compartilhadas e o conhecimento que pode ser construído de

maneira colaborativa podem gerar soluções específicas a grupos de pessoas

geograficamente espalhadas, mas que vivenciam semelhantes contextos. Novamente, é

por intermédio das redes de longo alcance que tais grupos conseguem partilhar

experiências comuns e acompanhar as mudanças cotidianas com maior precisão.

Contudo, mesmo antes de se pensar em horizontes de pesquisa, é necessário

revisar conceitos, entender as perspectivas apontadas, compreender o encadeamento

dessa estrutura de informação, para então, seguir um foco de interesse: redes de

comunicação de alto desempenho.

Essa ideia é descrita no decorrer deste trabalho, o qual se inicia com um

levantamento histórico da comunicação via redes de computadores, passa por um

conjunto de conceitos que fundamentam o funcionamento de cada nova tecnologia,

como o simples emprego de um equipamento terminal de rede óptica e segue para a

exploração do estado da arte das redes WDM - atualmente em uso, porém sem previsão

de ser adotada por outro tipo de tecnologia.

Para a área da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) essa abordagem

pode ser considerada imprescindível, posto que a capacidade de provimento de

1 Backbone é a espinha dorsal da Internet. Consiste de várias conexões de largura de banda ultra alta, que

ligam muitos nós diferentes ao redor do mundo (FOROUZAN, 2006).

2 A nuvem ou computação em nuvem refere-se a computadores e aplicativos que são executados

remotamente e acessados pela Internet (TAURION, 2009).

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benefícios é, frequentemente, incrementada e deve servir de fundamentos para

conhecimentos vindouros.

Por estas razões, este trabalho pretende conhecer o funcionamento básico de

uma rede óptica, bem como os equipamentos ópticos que a compõe, e ainda apresentar

os requisitos básicos para o funcionamento de uma rede óptica WDM, para então poder

compreender o estado da arte desta tecnologia.

Para isso, este primeiro capítulo de Introdução apresenta uma contextualização

do trabalho e faz um resumo dos principais fundamentos de redes de computadores. O

Capítulo 2 faz um refinamento sobre o estudo de redes, dedicando-se a explicar os

principais parâmetros de um sistema óptico, as formas de se modular sinal, o

surgimento da operação de multiplexação de sinal e suas classificações, por meio da

qual é possível ao usuário experimentar as redes de melhor velocidade e maior

capacidade de transmissão.

É no Capítulo 3 que se estende o levantamento de informações, abordando os

equipamentos de rede que tornam possível a uma onda eletromagnética transmitir

arquivos inteiros. Também fala-se sobre as padronizações já ocorridas com as redes

ópticas. Adicionalmente, o capítulo 4 discorre sobre as considerações finais acerca deste

trabalho.

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2 REDES ÓPTICAS

Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos de redes ópticas. São

descritos os conceitos de fibra óptica e como se classificam, são mostrados os elementos

de um sistema de comunicação óptico, os parâmetros que constituem este sistema, em

seguida é feita a abordagem sobre tecnologia WDM e suas classificações.

2.1 CONCEITOS BÁSICOS DE FIBRA ÓPTICA

A fibra ótica, composta de material dielétrico (sílica ou plástico) de estrutura

cilíndrica, bastante transparente, com espessura próxima a de um fio de cabelo, possui

outras características, conforme Mitschke(2009), que a torna fundamental para as

telecomunicações: são de transmissão altamente confiável já que as ondas luminosas

não sofrem interferências de ondas radioelétricas; o peso dos cabos ópticos é muito

inferior ao dos metálicos, reduzindo assim o custo das instalações e montagens de

suporte; sua matéria prima, areia, é abundante e de baixo custo; quanto menor for a

atenuação da transmissão óptica, maior será o espaçamento entre amplificadores ao

longo da linha de transmissão; permite escalabilidade da capacidade de transmissão com

baixos custos incrementais.

Existem dois tipos de fibra óptica muito utilizados hoje: fibras multimodo e

fibras monomodo.

As fibras multimodo (MM) recebem este nome porque a luz que atravessa seu

núcleo realiza diversos caminhos de propagação, e como consequência permitem um

melhor e mais eficiente acoplamento com reduzido número de perdas. Nas fibras

monomodo (SM) a luz se propaga apenas de um modo, ou seja, apenas em uma direção,

deste modo transportam maiores taxas de dados a longas distâncias (Figura 1).

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Figura 1 - Fibra Multimodo e Fibra Monomodo

Fonte: Mitschke(2009)

As fibras multimodos podem ser classificadas em índice degrau ou abrupto, e

índice gradual, como se pode observar na Figura 2(PEREIRA G., 2008).

Nas fibras de Índice degrau a refração ocorre na interface entre o núcleo da fibra

e a casca, de maneira uniforme, tendo grande capacidade de captação de energia

luminosa. Por sua vez, as fibras de índice gradual não possuem índice de refração

constante. A refração é gradual, indo de eixo central à borda, sendo mais adequados aos

sistemas de telefonia.

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Figura 2 - Índice Degral e Índice Gradual

Fonte: Mitschke(2009)

Entretanto, existem algumas desvantagens na utilização de fibra óptica, como

relaciona Bolzani(2004):

Alto custo dos equipamentos periféricos:

Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamentos;

Dificuldade de conexão das fibras ópticas;

Impossibilidade de alimentação remota dos repetidores;

Acopladores do tipo T com perdas muito altas;

As fibras ópticas são a base dos sistemas ópticos de comunicação.

Jeszensky(2004) apresenta um panorama das aplicações destas fibras fotocondutoras na

Tabela 1:

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26

Tabela 1 - Aplicações da fibra óptica e as informações por ela transmitidas

Tipo de informações Aplicações

Voz

Troncos telefônicos (interoffice; interurbano;

transoceânico).

Serviços de assinantes (cidade cabeada com

fibras; serviço de difusão).

Perto de estações geradoras de eletricidade.

Ao longo de linhas de transmissão.

Ao longo de ferrovias.

Comunicações de campo

Vídeo

Difusão de TV (eventos ao vivo; minicâmaras de

TV).

CATV (linhas entre fonte e cabeça de tronco

(headend); distribuição; tap de assinante;

supervisão; monitoração remota; cidade cabeada.

Dados

Computadores (CPU para periféricos; CPU para

CPU).

Enlaces de dados interoffice.

Redes locais.

Cabeamento de aeronaves.

Cabeamento de navios.

Estações terrestres de satélite.

Fonte: Jeszensky(2004)

Há ainda outras aplicações citadas por Pereira G.(2008), como em sistemas de

sensores, indústria automobilística, indústria médica e medicina, principalmente para

iluminar e observar órgãos no interior do corpo humano, domínio militar nas

tecnologias de mísseis teleguiados, entre outras.

Entretanto, um sistema de comunicação óptico não tem apenas fibra óptica como

elemento que o constitui. Nunes (2001) expõe que o elemento transmissor, que dá início

ao processo de transmissão da informação é o primeiro passo. O transmissor converte os

sinais elétricos em ópticos, através do laser, a fibra óptica é o meio físico por onde

transitarão estes sinais de informação. Nunes(2001) ressalta ainda que “Por outro lado,

devemos desde já dizer que um enlace óptico não obrigatoriamente necessita de uma

fibra óptica. (...) o meio de comunicação dispensa o uso de fios, sejam metálicos ou de

vidros”. Um exemplo para ilustrar o que foi pontuado é o da comunicação entre TV e

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controle remoto, onde os sinais de comando são enviados ao aparelho de TV via

transmissores de infravermelhos.

Faz parte ainda do sistema de comunicação óptico o receptor, dotado de

fotodetector, que realizará a operação inversa do transmissor, ou seja, converterá os

sinais ópticos em elétricos, ainda convertendo seu resultado em sinal sonoro.

Até o momento, falou-se sobre os componentes básicos de um sistema de

comunicação óptico. Dependendo do propósito da referida rede de comunicação, novos

elementos são necessários. Além do mais, muitos outros elementos surgem todos os

dias, tais como conectores, acopladores e moduladores. Com a introdução desses novos

elementos, o sistema fica esquematizado como segue na Figura 3 abaixo:

Figura 3 - Diagrama de um Sistema de Comunicação Óptico

Fonte: Nunes (2001)

Nesta Figura, os elementos estão distribuídos em dois níveis básicos: nível de

componentes ópticos e nível de componentes eletrônicos. No nível óptico predomina a

fotônica, denominação esta que se refere a fóton como ferramenta chave, enquanto que

na camada eletrônica predomina o elétron. O que ocorre é que a informação (seja ela

uma música, um vídeo, um texto) passa inicialmente pelo processo de codificação, onde

lhe são atribuídos sinais binários, em seguida o sinal é modulado, ou seja, são

convertidos através de uma portadora de sinais, que passa pela fonte óptica onde é

operado para ser transportado através da fibra óptica. Em seguida, o detector óptico o

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recebe e o envia para que seja amplificado, ou seja, para que se recupere de problemas

como a resistência aos meios de transmissão, por exemplo. Por último chega ao

decodificador, de onde a informação é extraída.

Tanenbaum (2003) salienta que tal diagrama sofre algumas alterações visto que

esta área está em constantes avanços e a cada dia novos dispositivos são incorporados.

Além disso, há alguns parâmetros que caracterizam os elementos abordados até aqui e

que devem ser compreendidos para que se consiga refletir sobre um dos campos que

mais crescem em tecnologias de comunicação, como segue.

2.2 PARÂMETROS DE UM SISTEMA DE

COMUNICAÇÃO ÓPTICO

Para a compreensão dos conceitos relacionados com rede óptica de

computadores, conforme sugere Nunes (2001) faz-se necessário abordar algumas

“características relevantes aos sistemas de comunicação”, como segue:

2.2.1 Ondas

As ondas são importantes nos sistemas de comunicação por realizarem o

transporte do sinais, seja sonoro ou luminoso.

Salvetti(2008) define as ondas sonoras como vibrações mecânicas que se

propagam no ar, precisando do meio como suporte para sua propagação Em um ar

muito rarefeito, sua transmissão é menos eficiente e a velocidade de propagação é

menor. Por outro lado, as ondas luminosas (ondas eletromagnéticas) se propagam no

vazio, não necessitando de qualquer meio material como transmissão. Por este motivo,

as ondas luminosas não estão apenas sob a forma de ondas, mas também de partículas

que sim, podem viajar no espaço vazio, ao que Einstein denominou “de quanta de luz”.

Neste sentido, as ondas de luz são na verdade “ondas de probabilidade, um padrão

matemático abstrato que dá a probabilidade de se encontrar uma partícula de luz (ou

fóton) em um determinado lugar” (CAPRA,2006). De acordo com este conceito, Nunes

(2001) complementa:

(...)ondas eletromagnéticas têm características físicas totalmente diferentes

das ondas sonoras, já que elas são variações de campos elétrico e magnético

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que, se induzindo mutuamente, propagam-se tanto no vácuo, quanto no ar ou

qualquer outro meio dielétrico (não condutor). (NUNES, 2001)

Como a fibra óptica é um meio dielétrico, logo transmite com facilidade as ondas

eletromagnéticas, que são uma forma de energia radiante. A Figura 4 apresenta a faixa

de espectro, com destaque na faixa da radiação infravermelha, onde temos o Sistema de

Comunicação Óptica.

As fibras ópticas operam na faixa da radiação infravermelha (luz invisível),

que vai de 700nm a 1700nm. No entanto, é usual se falar em luz, bem como

em cores nos sistemas ópticos. Isso se deve ao fato de que didaticamente

torna-se mais atraente a representação da radiação infravermelha sob forma

visível, além do mais, a radiação infravermelha possui um comportamento

exatamente idêntico ao da luz visível. (CARISSIMI et al. ,2009)

Outras formas de energia radiante (Figura 4) são ondas de rádio, micro-ondas, luz

visível, radiação ultravioleta, raio X e raios gama, organizadas por ordem de

comprimento de onda, do mais longo ao mais curto, conforme a imagem que segue:

Figura 4 - Espectro de ondas eletromagnéticas

Fonte: Nunes (2001)

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2.2.2 Frequência e comprimento de onda

Assim como as frequências de vibração das ondas sonoras produzem sons do

grave ao agudo, da mesma forma as frequências de vibração das ondas eletromagnéticas

produzem as diferentes cores do espectro de luz visível. As ondas eletromagnéticas se

propagam no espaço com a mesma velocidade da luz mostradas na Figura 4, onde são

organizadas em ordem crescente de frequência e ordem decrescente de comprimentos

de onda.

Forouzan(2006) explica que frequência é a quantidade de oscilações da onda em

uma unidade de tempo, comumente segundo (s). Sua unidade de medida é o Hertz (Hz).

Já o comprimento de onda, representado pela letra grega (lambda), é a distância entre

dois pontos no espaço em que ocorre uma vibração. Como se pode observar na Figura 5,

o comprimento de onda está para o espaço, assim como a frequência está para o tempo.

Figura 5 - Frequência e comprimento de onda

Fonte: Forouzan(2006)

A velocidade de propagação da onda no vácuo é igual a velocidade da luz, ou

seja, 300.000 km/s (3x108 m/s). Essa velocidade é afetada de acordo com o meio de

transmissão. Como a fibra óptica tem uma estrutura transparente, isso faz com que se

atinja excelentes taxas de transmissão, mas convém lembrar que “a velocidade da luz no

ar é menor que o valor no vácuo e é menor ainda dentro de uma fibra óptica”, A relação

entre comprimento de onda e frequência de onda nunca é proporcional, visto que isso

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levaria a velocidades superiores à da luz, o que é impossível. “A velocidade de

propagação do feixe luminoso em fibra óptica é da ordem de 99% da velocidade da luz

no vácuo e, portanto, sofre um atraso de propagação de ~3,3ns/m (nanosegundos por

metro)” (CARISSIMI et al. ,2009).

Distorções e ruídos provocam perdas de sinal, fazendo com que a potência de

entrada no meio de transmissão não seja a mesma de saída. Forouzan(2006) explica os

motivos: Essa atenuação refere-se às resistências do meio que levam à perda de energia

do sinal. Já a distorção é a alteração de um sinal devido às diferentes velocidades de

propagação das componentes de frequência que compõem o sinal enquanto que, o ruído

são as fontes de perturbações externas que corrompem o sinal.

2.2.2 Banda Passante

Banda passante, segundo Roberts (2010), é uma faixa de frequência a qual é

permitida a passagem da potência de sinal através de determinado meio (Figura 6). No

caso analógico essa faixa de frequência é dada em Hertz (Hz e seus múltiplos e

submúltiplos), e em caso de sistemas digitais, a faixa de frequência é dada em bits por

segundo que um sistema dispõe para envio de sinais. A frequência a qual a potência do

sinal é bloqueada é denominada banda de rejeição. Isso ocorre porque o sinal muitas

vezes é tratado/filtrado para se livrar de distorções. A frequência limite entre a banda

passante e a banda de rejeição e chamada de banda de corte. Roberts(2010) assim como

Carissimi et al. (2009) também apresentam o conceito de portadora associado ao de

banda base. A portadora é uma comunicação em que o espectro em banda básica, ou

seja, o sinal inicial/original é deslocado para frequências maiores.

A “transmissão em um meio físico é possível sempre que a banda passante do

meio for maior ou igual que a banda passante do sinal. Normalmente a banda passante

do meio físico é superior ao necessário” (CARISSIMI et al, 2009).

Figura 6 - Representação da banda passante do sinal.

Fonte: Carissimi et al, 2009

Este conceito de banda passante se estende a todos os componentes da rede.

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32

2.2.3 Degradação

Degradação ou atenuação (Figura 7) é um efeito que ocorre com o sinal

independente do meio de transmissão. Moreira (2005) afirma que trata-se de uma perda

de potência, de força do sinal. Ela determina a separação máxima sem repetidores entre

um transmissor e um receptor, uma vez que tais repetidores são de preços elevadíssimos

e é o equipamento que mais consome recursos financeiros em um projeto de redes com

fibra óptica. A atenuação é medida em decibel (dB) e usa a tensão de saída da banda

base (frequência original do sinal) como referência.

Figura 7 - Degradação/Atenuação do sinal

Fonte: Datalink(2011)

2.3 MODULAÇÃO

Louis & Frenzel (2013) conceituam modulação como uma forma de tornar o

sinal de informação transmitido, mais compatível com o meio. O destinatário precisa

receber uma informação compreensível, então ocorre a modulação para que esta

mensagem possa ser transformada de maneira que possa ser transportada. Ao chegar ela

sofre o processo de demodulação, para enfim voltar à forma como foi emitida.

Esse processo de modulação é classificado por Haykin(2004) em modulação de

Continuous Wave ou onda contínua (CW) e modulação de pulso. Na modulação de onda

contínua a portadora é uma onda senoidal. Como se observa na Figura 8, se a amplitude

desta onda varia de acordo com o sinal da mensagem, diz-se que ocorreu uma

Amplitude Modulation ou modulação de amplitude (AM). Se quem varia com o sinal da

mensagem é a frequência da onda, então tem-se modulação de frequência (FM), da

mesma forma ocorre a Phase Modulation ou modulação de fase (PM), se a fase da

portadora variar sua frequência de acordo com o sinal modulador da mensagem. Se o

ângulo desta portadora é variado, então tem-se modulação angular.

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Figura 8 - Modulação de Onda Contínua (CW)

Fonte: Pereira P.,2012

Pode-se compreender melhor este conceito a partir da analogia com transmissão

de ondas de rádio:

Quando se escuta uma lacuna entre músicas ou anúncios em uma estação de

rádio, na realidade, está se "escutando" a portadora. Enquanto a portadora

não contém nenhuma mensagem, pode-se dizer que está sendo transmitida

porque anula a ruído de fundo no seu rádio. Por definição, a modulação é a

variação de um parâmetro de uma onda portadora senoidal, de maneira

linearmente proporcional ao valor instantâneo do sinal modulante ou

informação. Por sua vez, a portadora é a onda senoidal que, pela modulação

de um dos seus parâmetros, permite a transposição espectral da informação

(ou sinal modulante). CAMPOS(2002)

Para uma portadora em forma de sequência periódica de pulsos retangulares,

aplica-se a modulação contínua, que pode ser do tipo analógico ou digital.

Haykin(2004) apresenta a diferença entre estes dois tipos de modulação: “Na

modulação de pulso analógica, a amplitude, duração ou posição de um pulso são

variadas de acordo com valores de amostra do sinal de mensagem”. Trata-se da Pulse-

amplitude Modulation ou Modulação por Amplitude de Pulso(PAM), Pulse-density

Modulation ou Modulação de Duração de Pulso (PDM) e Pulse-position Modulation ou

Modulação de Posição de Pulso (PPM).

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Na forma digital a codificação de pulso é chamada Modulação por Codificação

de Pulso (PCM). Haykin(2004) explica que no caso da PCM, a amplitude de cada pulso

modulado é arredondada ao valor mais próximo em um conjunto prescrito de níveis de

amplitude discreta, em seguida é codificada em uma sequência correspondente de

símbolos binários.

Essa Modulação por Código de Pulso (PCM) é de grande importância para os

sistemas de transmissão óptica devido a sua rapidez, flexibilidade, integração e

segurança.

2.3.1 Modulação por Codificação de Pulso (PCM)

No processo de geração de um sinal totalmente digital, a Modulação por

Codificação de Pulso (PCM) é aplicada nos pulsos gerados pela Modulação por

Amplitude de Pulso (PAM), realizando sobre eles a quantização. “A quantização é um

método que atribui valores inteiros, distribuídos numa determinada faixa, às amostras

geradas na modulação PAM” (FOROUZAN,2006).

Mas antes da quantização (Figura 9), é necessário verificar a amostragem a ser

utilizada. Tal amostragem é uma parcela do sinal que será digitalizado, e depois

recuperado. Continuando o processo, aquela amostra que foi quantizada agora lhe será

atribuído um sinal binário de intensidade e sinais, trata-se da codificação (Figura 10).

Em seguida, o resultado obtido da codificação, que é um resultado binário, será agora

convertido em sinal digital. A Figura 10 representa o resultado da Modulação PCM de

um sinal originalmente codificado em um sinal unipolar.

Como visto, a Modulação PCM pode ser obtida em quatro processos: PAM,

quantização, codificação binária e codificação de linha.

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Figura 9 - Processo de Quantização

Fonte: Forouzan(2006)

A Figura 9 mostra como ocorre o processo de quantização. Onde a faixa de sinal

(eixo y) foi dividido em níveis e todos os sinais da amostra foram aproximados dos

valores deste níveis.

Figura 10 - Codificação

Fonte: Forouzan(2006)

A Figura 10 mostra como cada um dos elementos quantizados anteriormente

foram codificados em código binário equivalente a 7 bits.

Figura 11 - Sinais binários

Fonte: Forouzan(2006)

A Figura 11 mostra que os sinais codificados pelo código binário se

transformaram em sinal digital e estão prontos para serem enviados até o seu destino.

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Yo et al (2001) explica que quando o destinatário receber tal mensagem,

precisará fazer o processo inverso da modulação, que é a demodulação, e como a

quantização foi feita com aproximação nas faixas de valores, alguns erros aparecerão.

Assim, entra em cena o processo de filtragem para tornar o sinal o mais próximo

possível do originalmente enviado. Está demonstrada aí a importância da modulação

para assegurar que uma mensagem seja realmente entregue através do canal. Mas como

foi visto, apenas um sinal ocupa o canal por vez. “A multiplexação é o processo de

combinação de diversos sinais para que sejam transmitidos simultaneamente pelo

mesmo canal” (FOROUZAN, 2006).

2.4 MULTIPLEXAÇÃO

Para Moussavi (2012) a Multiplexação é

(...) uma técnica para o uso mais eficiente de meios de transmissão na

comunicação de dados, que age como compressão de dados reais. Na técnica

de multiplexação, múltiplos transmissores compartilham um único canal para

transmitir as suas frequências, quadros de dados, ou comprimentos de onda.

Por permitir o transporte simultâneo de muitos dados, a multiplexação (Figura

12) colaborou para a redução de custos em um projeto de telecomunicações, já que

reduziu o número de cabos e interligações necessárias para realizar a comunicação entre

múltiplos pontos. Cada sinal, ao entrar no canal de transmissão, recebe um rótulo para

sua identificação, o que garante que será entregue ao seu destino corretamente.

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Figura 12 - Técnica de Multiplexação

Fonte: Nunes(2001)

Há três técnicas principais para realizar a Multiplexação: Frequency Division

Multiplexing ou Multiplexação por Divisão de Frequência (FDM), Time Division

Multiplexing ou Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM) e Wavelength Division

Multiplexing ou Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda (WDM).

2.4.1 Multiplexação por Divisão de Frequência (FDM)

Na técnica de Multiplexação por Divisão de Frequência, Moussavi (2012)

explica que a banda passante a ser transportada é dividida em canais onde são alocados

seus bits, em frequências e faixas distintas. Cada um desses canais de comunicação se

comporta como se fosse uma única linha separada e ocupam diferentes porções da

largura de banda.

A Figura 13 mostra como ocorre o processo de FDM. Os dados a serem

transmitidos são {E1, E2, ..., Em}. Eles serão convertidos pelas portadoras locais (AC)

em frequências diferentes, assim nenhum sinal se sobrepõe. Os canais resultantes {Em1,

Em2, ..., Emn} são então organizados e transportados, ocupando faixas adjacentes do

espectro.

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38

Figura 13 - Processo de Multiplexação por Divisão de Frequência

Fonte: Moussavi,2012

Ao chegar a seu destino, os canais se separarão, passarão por filtros para então

iniciar o processo de reconversão usando a mesma frequência da portadora local,

passando por filtragem para tornar o sinal mais puro (filtro passa-baixas).

2.4.2 Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM)

Forouzan(2006) conceitua a técnica de Multiplexação por Divisão de Tempo

como um “processo digital onde muitas conexões compartilham um link banda larga3.

Em vez de compartilhar apenas uma porção da banda, toda ela é entregue a um sinal

num determinado intervalo de tempo (slot)”. O conjunto de dados de cada intervalo de

tempo é tratado como um quadro, obtendo vantagem no fato de que a taxa de

transmissão do meio é em bits, ou seja, pode satisfazer as necessidades de transmissão

com folga.

3 Banda larga (broadband) é uma tecnologia que “usa uma grande parte do espectro eletromagnético para

obter taxas mais altas de throughput”. Normalmente empregam multiplexação por divisão de frequência

(COMER, 2004).

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Figura 14 - Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM)

Fonte: Teleco, 2013

A Figura 14 traz o processo de multiplexação por divisão de tempo, onde um bit

de cada canal é transmitido periodicamente, ou seja um canal inteiro é transmitido com

4 períodos de tempo. Também pode ocorrer o mesmo procedimento, mas intercalando

bytes. Quando chega ao seu destino, a informação passa pela demultiplexação que é o

processo inverso.

A Multiplexação por Divisão de Tempo pode ocorrer de duas formas:

Synchronous Time Division Multiplexing ou Multiplexação Síncrona por Divisão de

Tempo (STDM) e Multiplexação Estatística. Comer (2004) explica que se as frações do

tempo de transmissão, que foi dividido para que possa transportar todos os sinais, forem

iguais, então trata-se da STDM (Figura 15, à esquerda), agora se diferentes frações de

tempo são alocadas de acordo com a demanda, então refere-se à Multiplexação

Estatística (Figura 15, à direita).

Figura 15 - STDM (Esquerda) e Multiplexação Estatística (direita)

Fonte: Teleco, 2013

2.4.3 Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda (WDM)

Na técnica de Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda, de acordo

com Tanenbaum(2003), ocorre a multiplexação por divisão de frequência em um

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sistema óptico, mas em frequências muito altas, em canais disjuntos com faixa de

frequência própria.

Na Figura 16 pode-se observar como ocorre o processo de WDM. No esquema,

quatro fibras ópticas estão conectadas ao combinador, cada uma delas trazendo um sinal

com comprimento de onda distinto. A união destes quatro comprimentos de onda estão

organizadas então como o Espectro na fibra de compartilhamento para serem

transportadas. Ao chegar no receptor, um divisor realiza a separação dos comprimentos

de onda. Os filtros contidos nas fibras de saída tratam os sinais resultantes e os

encaminham ao seu destino final.

Figura 16 - Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda

Fonte: Tanenbaum(2003)

Atualmente a tecnologia WDM possui quatro sistemas: CWDM (Coarse Wave

Division Multiplex - Multiplexação por Divisão de Onda Esparsa), DWDM (Dense

Wave Division Multiplex – Multiplexação por Divisão de Onda Densa), WWDM (Wide

Wave Division Multiplexing - Multiplexação por Divisão de Onda Larga) e

UDWDM (Ultra Dense Wave Division Multiplex - Multiplexação por Divisão de Onda

Ultra Densa). Cada um destes sistemas é empregado de acordo com o espaçamento

entre os canais ópticos, conforme discute Worden (2006). Cada um desses sistemas

possui características que continuam sendo melhoradas.

2.4.3.1 CWDM (Coarse Wavelenght Division Multiplex)

A Multiplexação por Divisão de Onda Esparsa, de acordo com Worden (2006), é

uma infraestrutura de fibra que vai até 50 metros, cuja faixa de espectro vai de 1270nm

a 1610nm, e permite até 18 canais com espaçamento de 20nm. Não é preciso que o sinal

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multiplexado por este sistema seja regenerado, assim como dispensa a presença de um

amplificador. A taxa de bits do laser WDM determina diretamente a capacidade do

comprimento de onda e é responsável pela conversão do sinal de entrada de dados para

um comprimento de onda eléctrica.

2.4.3.2 DWDM (Dense Wave Division Multiplex)

O Sistema de Multiplexação por Divisão de Onda Densa pode ser empregado

para o curto e o longo curso de transporte dos dados, possui espaçamento que vai de 100

GHz a 25 GHz, e podem variar a quantidade de canais de 16 a 128, detalha Worden

(2006).

A Figura 17 mostra uma diferença básica entre CWDM e DWDM: o número de

canais estabelecidos na divisão de ondas.

Figura 17 - Exemplo de como CWDM e DWDM ocupam bandas de comprimento de onda

Fonte: Worden (2006).

2.4.3.3 WWDM (Wide Wave Division Multiplexing)

O sistema de Multiplexação por Divisão de Onda Larga, conforme aponta Lord

(2001), suporta fibras multimodo para distâncias de 300 m e fibras monomodo para

distâncias de 10 km. Ele utiliza a janela óptica em 1310 nm e possui um amplo

espaçamento entre os canais multiplexados. Também possibilita a combinação de 4

comprimentos de onda em uma única fibra.

2.4.3.4 UDWDM (Ultra Dense Wave Division Multiplex)

O sistema de Multiplexação por Divisão de Onda Ultra Densa ainda não está

completamente desenvolvido, de acordo com Grobe (2013). Preliminarmente, sabe-se

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que esta tecnologia pode reunir em média, 128 até 256 comprimentos de onda. As

tachas de transmissão podem chegar até 40 Gbit/s.

Pode-se esperar para o futuro um sistema de multiplexação em redes totalmente

ópticas, e junto disso, a criação de novos equipamentos que suportem taxas de centenas

de comprimentos de onda em uma única fibra, na ordem de Tb/s.

2.5 RESUMO

Este capítulo apresentou conceitos básicos relacionados a tecnologia de redes

ópticas, destacando as principais propriedades da fibra óptica, a caracterização dos

sinais por ela transmitidos, as principais aplicações deste sistema fotônico. Sobre o

processo de geração de um sinal, foram mostradas as principais classificações de

modulações e multiplexações possíveis, com especial ênfase para Multiplexação por

Divisão de Comprimento de Onda.

O capítulo seguinte se aprofundará em investigações a respeito de WDM, com

foco na sua infraestrutura e arquitetura física. Desta forma será possível entender como

esta rede óptica se organiza em termos de equipamentos, como se dá a

intercomunicação no que tange a protocolos, bem como os principais desafios

enfrentados para sua difusão.

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3 ARQUITERURA DE REDES ÓPTICA WDM

Como visto até aqui, as redes de comunicação óptica, devido aos avanços

alcançados, transmitem muito mais informação por meio de fibra óptica do que seria

possível em redes comuns com cabos coaxiais ou semelhantes. A Multiplexação por

Divisão de Comprimento de Onda (WDM) está permitindo alcançar os mais altos

patamares de transmissão de volumes de dados com rapidez e mobilidade.

Nesta seção será mostrado como se estruturam as redes ópticas WDM, bem

como os seus principais desafios no atual cenário de desenvolvimento desta tecnologia.

3.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS

Uma rede WDM, por ser exclusivamente óptica, é composta por alguns

equipamentos Optical Network Element – Elementos da Rede Óptica (ONE) com

funções bem específicas, conforme apresentado por TELECO (2013):

3.1.1 Equipamento Terminal: multiplexador e demultiplexador

Os equipamentos terminais (Figura 18) são as portas de entrada e saída da rede

óptica. Eles Permitem inserir e retirar os comprimentos de onda eletromagnéticas

através de Multiplexadores e Demultiplexadores.

Figura 18 – Multiplexador/Demultiplexador

Fonte: Teleco, 2013

Imagine duas estações geograficamente distantes. Para realizar a comunicação

entre dois equipamentos pertencentes a essas estações, basta uma interligação com um

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cabo óptico. Mas se muitos equipamentos precisarem se comunicar para que muitos

serviços sejam oferecidos entre estas estações, poderiam ser utilizados muitos cabos

ópticos. Porém, o uso do Multiplexador e Demultiplexador dispensa a necessidade de

tantos cabos, fazendo com que diversos serviços sejam transmitidos por apenas um cabo

óptico.

No Multiplexador, também denominado simplesmente de Mux, é definida uma

frequência de transmissão para cada um dos serviços a serem transmitidos. Ele possui

múltiplas entradas e apenas uma saída.

O sinal dos múltiplos serviços é então transmitidos até o Demultiplexador, na

outra ponta da rede óptica. Este equipamento final, também chamado de Demux, possui

uma entrada e múltiplas saídas, para separar os canais recebidos e encaminhá-los

demultiplexados

3.1.2 Multiplexador óptico (OADM)

O OADM (Multiplexer Optical Add and Drop - Multiplexador óptico de injeção

e extração) é um equipamento que fica localizado entre o Multiplexador e o

Demultiplexador e sua finalidade é acrescentar e retirar determinado comprimentos de

onda do enlace WDM.

A primeira geração de OADM era dita OADM não sintonizáveis ou estáticos,

visto que os comprimentos de onda acrescentados ou retirados eram fixos. Eles exigiam

a necessidade de um módulo OADM (Figura 19) para cada comprimento de onda, de

armazenamento de diversos módulos com todos os tipos de comprimentos de onda e a

presença de técnicos especializados para instalar este equipamento.

Figura 19 – Optical Add and Drop

Fonte: Teleco, 2013

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45

Depois disso surgiram os OADM sintonizáveis, que devido à tecnologia dos

Diodos LASER4 (Amplificação de Luz pela Emissão Estimulada de Radiação), não

exigia armazenamento de grandes volumes de OADM, pois no momento da troca, o

comprimento de onda desejado seria selecionado sem problemas.

Em seguida foi a vez dos OADM Reconfiguráveis - ROADM (Reconfigurable

Optical Add and Drop - Multiplexador óptico de injeção e extração reconfigurável), a

partir dos quais foi possível acrescentar e retirar comprimentos de onda de forma

remota.

Hoje, alguns desses equipamentos até realizam conversão de comprimento de

ondas, o que é de grande auxílio para sistemas de grande complexidade.

3.1.3 Unidade Transponder

O Transponder ou Transmitter-responder (Figura 20) é um equipamento que

prepara os sinais a serem utilizados pelo Multiplexador. Isto é necessário visto que os

sinais entrantes no sistema Mux é muito irregular, com intensidades diferentes e

espaçamentos irregulares.

Figura 20 – Transponder

Fonte: Teleco, 2013

Inicialmente, o Transponder era útil apenas para traduzir o comprimento de

onda de um sinal de transmissão da camada cliente para um dos comprimentos de onda

internos do sistema DWDM5, época em que existia apenas a opção de uso do tipo 1R

(Tabela 2). Mas hoje, ele recebe o sinal óptico que sai do equipamento do cliente –

switch, o padroniza segundo ITU-T6 (União Internacional de Telecomunicações) e ainda

4 Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation é um tipo de laser que está na base da

transmissão de dados nas fibras ópticas, leitura de CDs, DVDs, apontadores lasers, scanners, impressoras

a laser e mais recentemente a leitura Blu-ray. 5 Dense Wavelength Division Multiplexing (DWDM)

6 International Telecommunications Union

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faz a regeneração do sinal de acordo com as seguintes classificações de equipamentos

Transponder:

Tabela 2 - Tipos de Transponder

TIPO DESCRIÇÃO

1R Re-amplification – executa somente a função de re-amplificação.

2R

Re-amplification and Re-shaping – executa a re-amplificação e

reformatação do sinal. Ainda baseado em parâmetros analógicos

3R

Re-amplification, Re-shaping and Re-timing – executa a re-

amplificação, reformatação e retemporização do sinal. Totalmente

digitais, eles monitoram e verificam a saúde e qualidade do sinal.

Muxponder Fusão do Transponder com Multiplexador.

Fonte: Elaboração própria

Quando o sinal chega ao Demultiplexador, é dividido nos vários canais. Estes

sinais são encaminhados ao Transponder onde ocorre a recepção e retransmissão, a

padronização ITU-T é então extraída; os sinais retransmitidos seguem seu curso com

uma frequência diferente daquela na qual chegaram.

3.1.4 Amplificador Óptico

Aguiar (2012) explica que os amplificadores ópticos (Figura 21) amplificam o sinal que

transmitem ao longo de grandes distâncias, procurando combater as perdas que este

sinal possa ter tido por ter passado por multiplexagem.

Figura 21 – Amplificador de Linha

Fonte: Teleco, 2013

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Exercem a função de amplificador de potência (Booster). É usado como

amplificador de linha, instalado após o Multiplexador, e também como pré-

amplificador, instalado antes do Demultiplexador. Eles são divididos em dois grandes

grupos: Optical Wave Guide Amplifiers ou Amplificadores baseados em Guias de Onda

Ópticas – laser - (OWGA) e os Optical Fibre Amplifiers ou Amplificadores baseados

em Fibras Ópticas (OFA) conforme Figura 22.

Figura 22 - Tipos de Amplificadores Ópticos

Fonte: Aguiar, 2012

A principal diferença entre cada um dos amplificadores mostrados está

basicamente em parâmetros que os definem como por exemplo as faixas de Operação

(nm), de variação de potência de entrada (dBm) e de variação de ganho (dB), potência

de saída (dBm) e percentual de eficiência da conversão de potência (%), entre outros.

Os mais utilizados em sistemas totalmente ópticos são os SOAs ( Semiconductor

Optical Amplifiers ou Amplificadores Ópticos Semicondutores), cuja finalidade é

modular intensidade e fase, converter comprimentos de onda, embora eles ainda

ocupem a função de porta lógica, gerador de impulso, detentor e compensador de

dispersão, entre outros.

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Os SOAs ainda se subdividem em (AGUIAR,2012):

Amplificadores de engate por injeção – São os lasers semicondutores

polarizados acima do limiar que se aplica para amplificar o sinal de entrada.

Amplificadores Fabry-Perot (FPA) - com uma polarização abaixo do

limiar, a luz que entra na zona ativa é refletida várias vezes e ao ser

amplificada, deixa cavidades.

Amplificadores TWALSA - elimina as reflexões dos espelhos de saída da

cavidade, impedindo a realimentação do sinal, por este motivo a

amplificação do sinal devido à sua passagem só é realizada uma vez pelo

dispositivo. Este é o amplificador SOA mais usado atualmente por causa do

seu desempenho em saturação, à sua largura de banda e ao ruído

3.1.5 Equipamentos Ópticos de conexões cruzadas (OXC)

Também em All Optical Network ou redes totalmente ópticas (AON) existe o

Optical Cross-connect (OxC), uma espécie de Chave Óptica. Ele comuta um feixe de

um só comprimento de onda entre n portas de entrada e n portas de saída, sem que para

isso realize qualquer tipo de conversão óptico-elétrico-óptico.

Além disso ele assume funções de monitoração de sinal provimento e

restauração. Os OXCs (Figura 23) são implementados em de três maneiras principais,

como explana Yu et al (2001):

Figura 23 – Equipamento Óptico de Conexões Cruzadas

Fonte: Teleco, 2013

OXC opacos – também chamada de comutação eletrônica porque os sinais

ópticos que entram no dispositivo OXC são convertidos em sinais eletrônicos

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depois de serem demultiplexados. O sinal resultante é então encaminhado para

um switch eletrônico. E por fim, os sinais do comutador eletrônico são

reconvertidos em sinais ópticos. Este processo também é dito OEO, pois

representam conversões óptico-eletrônico-óptico.

OXC transparente – também chamado de comutação óptica ou PXC (fotônica

cross-connect) porque os sinais ópticos são demultiplexados, em seguida, os

comprimentos de onda resultantes são ligados por módulos de switch ópticos.

Depois da comutação os sinais ópticos são multiplexados em fibras de saídas por

multiplexadores ópticos é como um DXC (Digital Cross-Connect) ou Conexão z

Digital, que pode ser caracterizado como óptico-óptico-óptico (OOO)

OXC translúcidas – Uma forma híbrida que mistura OXC Opaco e OXC

Transparente. Em tal dispositivo existe um interruptor de fase, que consiste de

um módulo comutador óptico e um módulo de chave eletrônica.

3.1.6 Unidade Compensadora de Dispersão (DCU)

Um sistema WDM, especificamente DWDM deve de alguma forma compensar a

dispersão cromática ou CD - chromatic dispersion, para que possa suportar altas

velocidades de transmissão de sinal. A dispersão acaba por limitar o comprimento da

transmissão de um link óptico, e para resolver tal problema é preciso aplicar alguma

técnica de compensação da dispersão.

Alwayn(2004) explica que a DCU - Unidade compensadora de dispersão (Figura

24 ) é um dispositivo com efeito oposto ao CD, proporcionando uma dispersão negativa

em ps/nm. Ele trabalha de acordo com duas técnicas principais: pós-compensação e pré-

compensação. As técnicas de pós-compensação são implementadas em receptores com

circuitos adjacentes que podem reduzir a quantidade de dispersão que um sinal sofre.

Figura 24 – Unidade Compensadora de Dispersão

Fonte: Teleco, 2013

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A pré-compensação é o inverso da pós-compensação. Na pré-compensação, os

pulsos são compensados pela dispersão mesmo antes de serem transmitidos através da

fibra.

Algumas tecnologias são usadas em DCU, incluído as seguintes:

Compensação da Dispersão na fibra.

Redes de Bragg.

Matriz de fase e imagem virtual (VIPA) que é um dispositivo de dispersão de

espaço livre.

3.2 TOPOLOGIAS DE REDES WDM

Teleco (2013) apresenta as principais topologias de rede WDM, que podem ser

de Longa Distância ou do tipo Metropolitana, seguindo as topologias descritas abaixo:

Ponto-a-ponto

Em redes ponto-a-ponto do tipo Longa Distância, compreende-se trechos

superiores a 500 km, divididos em partes chamadas span’s, comumente de 100 km.

Interligando estes span’s existem equipamentos terminais, e ILA’s (In-Line Amplifier

ou Amplificador em linha) ou OADM’s (Optical Add-Drop Multiplexer ou

Multiplexador Óptico de Adição e Perda).

Já as redes do tipo metropolitanas, são de curta distância e dispensam muitos

desses equipamentos.

Anel

Redes de Longa Distância na topologia Anel são formadas por vários enlaces

ponto-a-ponto, interligados pela camada de aplicação através de equipamentos SDH que

formam uma hierarquia digital síncrona com altas taxas de transmissão de dados.

A topologia em anel de redes metropolitanas pode ser de duas formas: uma com

amplificadores pouco potentes e equipamentos SDH - Synchronous Digital Hierarchy, e

que, portanto implementam a Multiplexação por Divisão de Tempo, e uma outra forma

de rede WDM em anel que faz uso de equipamentos bem mais modernos. Nessa rede, as

informações de um nó são repassadas a todos os outros, assim são utilizados os

dispositivos Wavelength Add/Drop Multiplexer (WADM) ou Multiplexador de Adição e

Retirada de Comprimentos de Onda.

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Esses anéis SDH podem ser constituídos por canais ópticos ponto-a-ponto –

lambdas – conectado através de OXC ou por multiplexadores add/drop (ADM –

add/drop multiplexor), também adotam o conceito de standby, tendo sempre fibras em

operações e fibras em espera. Há anéis SDH/SONET equipados com switches ATM, e

por isso chamadas de redes ATM, onde tais switches criam vários circuitos virtuais (VC

- virtual circuits ) na rede. Em caso de falha de um circuito a rede ATM pode re-rotear o

tráfico por outra conexão SDH/SONET.

Carvalho (2002) defende que redes ponto-a-ponto não é uma rede e sim, um

subsistema de transmissão. Ele ainda acrescenta outras topologias, como descrito a

seguir:

Redes de acesso

São as redes que abrangem várias localizações como casas e edifícios e que se

organizam de forma híbrida, misturando muitos tipos de tecnologias como ADSL -

Asymmetric Digital Subscriber Line ou Linha Assimétrica de Assinante Digital , DSL -

Digital Subscriber Line ou Linha de Assinante Digital, VDSL - Very-high-bit-rate

Digital Subscriber Line ou Linha de Assinante Digital com velocidade muito alta , HFC

- Hybrid Fiber-Coax ou Coaxial de Fibra Híbrida , entre outras.

Redes de difusão e seleção

Caracterizam-se especialmente pelo acoplamento passivo em estrela interligando

as várias estações. Tal topologia possui custo elevado por exigir muitos equipamentos

que garantam o bom funcionamento dos serviços.

Cada nó conectado a este tipo de rede possui um transmissor óptico fixo ou

ajustável e um ou mais receptores fixos ou sintonizáveis.

Maxwell(2008) acrescenta mais uma topologia a estas em debate:

Redes em Malha

São redes constituídas por conexões aleatórias em que todos os nós se encontram

interligados. Este tipo é o mais utilizado por permitir a reutilização do comprimento de

onda, roteamento através do comprimento de onda por meio de rotas contínuas

(lighpath), “sem conversão óptico-elétrico-óptico (OEO). Nos nós intermediários são

utilizados cross-connect ópticos (OXC), que podem fazer a conversão de comprimento

de ondas e a transferência do sinal entre fibras” (MAXWELL,2008).

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3.3 REDES WDM: NÍVEIS E CAMADAS

As redes ópticas são hipoteticamente qualquer uma das representações do

modelo em 5 camadas ou 7 camadas, onde a camada física, ou seja, o meio de

transmissão, é o cabo óptico. Porém, com os avanços obtidos em pesquisa, novas

tecnologias surgiram nas camadas adjacentes.

Para falar dos níveis e camadas onde se encontram as redes WDM, Barbosa

(2012) propõe a seguinte estruturação:

Figura 25 - Níveis e Camadas - Panorama Dinâmico.

Fonte: Barbosa(2012)

As redes de computadores são padronizadas segundo o modelo OSI -

Organização Internacional para a Normalização (Figura 25) que definem formalmente

uma padronização para facilitar a comunicação entre diversos equipamentos, de modo a

permitir que a uma rede funcione de fato e atenda os propósitos a que se destina.

Quando se trata de redes ópticas, está-se referindo as camadas de rede e de

ligação do modelo OSI, uma vez que se trata de equipamentos que transmitem ondas

eletromagnéticas. O mesmo vale para a equivalência no modelo OTN/ITU-T (Figura

25), que representa a pilha de camadas das comunicações telefônicas.

O ITU - International Telecommunication Union, de acordo com Carissimi et al

(2009), organização internacional mais antiga do mundo - seus principais setores são

Setor de radiocomunicações (ITU-R), Setor de padronização de telecomunicações (ITU-

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T), Setor de desenvolvimento (ITU-D) - surgiu com o propósito de padronizar e regular

ondas de rádio e telecomunicações internacionais. Entre 1984 e 1988, “órgãos

internacionais de padronização ITU-T (Europa) e ANSI (EUA), entre outros,

estabeleceram uma série de recomendações com técnicas para transmissão, comutação,

sinalização e controle para implementar redes inteligentes baseadas em fibra óptica”

(TELECO,2013). A partir da década de 90, tal instituição passou a debater sobre uma

padronização para as transmissões de dados, ou seja a Regulação de uma nova rede

óptica (OTN - Optical Transport Network) que não fosse apenas para telefonia,

representando a evolução das redes de transporte de núcleo, combinando a tecnologia

DWDM com a tecnologia SONET/SDH.

Tanenbaum (2003) resume Organizações e Padrões, da seguinte maneira:

A ISO publica padrões sobre uma vasta gama de assuntos. Ela

já publicou mais de 13 mil padrões, incluindo os padrões OSI. A ISO

tem quase 200 comissões técnicas, numeradas por ordem de criação — cada

uma delas lida com um assunto específico. A TC97 trata de

computadores e processamento de informações. Cada TC tem

subcomissões (SCs) que, por sua vez, se dividem em grupos de trabalho

(WGs). O trabalho da ISO é feito nos grupos de trabalho, em torno dos quais

se reúnem100 mil voluntários de todo o mundo. (...) Nas questões

relacionadas aos padrões de telecomunicações, a ISO e a ITU- T costumam

trabalhar em conjunto (a ISO é membro da ITU- T), para evitara ironia de

dois padrões internacionais oficiais serem mutuamente incompatíveis.

O representante dos Estados Unidos na ISO é o ANSI (American National

Standards Institute) que, apesar do nome, é uma organização não

governamental sem fins lucrativos. Seus membros são fabricantes,

concessionárias de comunicações e outras partes interessadas. Os

padrões ANSI frequentemente são adotados pela ISO como padrões

internacionais.

No ITU G.709, definiu-se o protocolo OTN - digital wrapper (Empacotador

Digital) - para realizar multiplexação de serviços em caminhos de luz óptica.

Juntamente, foram definidos recursos avançados para prover tais serviços através de

estrutura de unidade de transporte óptico (OTU), seja OTU-1 a 2,7 Gb/s, OTU-2 a 10,7

Gb/s, OTU-3 a 43 Gb/s ou OTU-4 a 112 Gb/s.

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54

As recomendações do ITU-T estão agrupadas por categorias, sendo as

principais:

Categoria de Protocolos e Equipamentos: reúne as recomendações G.701 a

G.785 e dispõem sobre modelos, configurações e gerenciamentos;

Categoria de Desígnio: reúne as recomendações G.803 a G.845, e dispõem sobre

arquiteturas SDH - Synchronous Digital Hierarchy, interfuncionamento e

parâmetros de desempenho.

A tecnologia SONET - Synchronous Optical Network (hierarquia proposta pela

Bellcore (Telecordia) em 1985), assim como SDH, é um protocolo padronizado que

transfere fluxos digitais de bits através da fibra óptica, usando lasers ou Diodos

Emissores de Luz (LED). Também permite o tráfego através de interface elétrica.

Comer (2004) comenta a respeito:

Na América do Norte, os padrões usam o termo Synchronous Optical

NETwork (SONET), enquanto na Europa eles são conhecidos como

Synchronous Digital Hierarchy (SDH). O SONET especifica detalhes como a

forma em que os dados são enquadrados, como os circuitos de capacidade

mais baixa são multiplexados em um circuito de alta capacidade e como as

informações síncronas de relógio são enviadas junto com os dados.

Nessa multiplexação que ocorre na rede óptica via SONET os dados são

transportados à velocidades OC-x (portadores ópticos-x) no domínio óptico, como por

exemplo:

OC-1 - TRANSPORTE 52 Mbps (672 Canais de 64 kbps)

OC-3 - TRANSPORTE 155 Mbps (2,016 Canais de 64 kbps)

OC-9 - TRANSPORTE 466 Mbps (6,048 Canais de 64 kbps)

OC-12 - TRANSPORTE 622 Mbps (8,064 Canais de 64 kbps)

Como o SDH surgiu primeiramente na Europa, logo seus dados são

transportados com outro tipo de velocidade, definido pelo ITU-T. Trata-se do STM-x

(Synchronous Transport Module level – 1), como por exemplo:

STM1 – TRANSPORTE 155 Mbps

STM4 – TRANSPORTE 622 Mbps

STM16 – TRANSPORTE 2,5 Gbps

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STM64 – TRANSPORTE 10 Gbps

Por suas correspondências, conforme definiu Comer (2004), o STM1 é o sinal de

nível básico, que transporta 155 Mbps, referente ao SDH na Europa, e corresponde ao

sinal SONET OC-3.

A ANSI padronizou um Sinal Synchronous Transport (STS) ou Transporte

Síncrono de Sinais no domínio elétrico, como equivalente ao Optical Carrier (OC) ou

Transportador Óptico, no domínio óptico. Tittel (2002) estabelece uma conversão

simplificada, conforme segue:

Tabela 3 - Correspondência entre unidades de medidas da velocidade de Transmissão em STM,

STS e OC

CONVERSÃO STM-n = STS-3n = OC-3n

EXEMPLO STM-1 = STS-3 = OC-3 = 155,52 Mbps

Fonte: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO DE PORTUGAL, 2011

Fonte: Elaboração própria

Muito mais do que ser um padrão, o SONET marcou a trajetória do

fortalecimento das redes ópticas. Naves (2002) destaca esta relação:

(...) a rede WDM surge normalmente da evolução de redes síncronas digitais

(SDH/SONET), que costumam assumir a topologia em anel para melhor

provimento de facilidades de proteção ao seu elevado tráfego, que geralmente

atende a um grande número de usuários.

Essa evolução diz respeito a três gerações. A primeira geração foi caracterizada

pela substituição dos meios de transmissão existentes naquele período por fibra óptica,

onde surgiu o SONET. Já a segunda direção foi marcada pela melhoria em capacidade,

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desempenho e configuração dos dispositivos ópticos. E por conseguinte, a terceira

geração, ao qual está em curso no momento, se destaca pelo roteamento de

comprimento de ondas.

Como visto anteriormente, quando os pacotes de dados chegam à camada de

enlace (Link, na Figura 25 ), são separados em quadros conforme o exemplo hipotético

da Figura 30. Tittel (2002) enfatiza que tais quadros são usados pelo SONET e seguem

o formato de Modulo do Transporte Síncrono (STM – Synchronous Transport Module).

Figura 26 - Estrutura de um quadro SONET

Fonte: Comer (2004)

Comer (2004) explica que no quadro SONET da Figura 26, cada um dos quadros

existentes possuem 810 octetos, ou seja, 9 filas com 90 colunas, referindo-se ao circuito

STS-1, onde os três octetos de início referem-se a sobrecarga (cabeçalho), seguidos de

87 octetos de carga útil, que durante a transmissão são enviados intercaladamente. Em

um quadro SONET de um circuito STS-3, cada quadro conterá 2430 octetos, pois foi

utilizado a constante fundamental para digitalização da voz valorada em 125

microssegundos (referente a uma amostra de 8 bits a cada 125 microssegundos). Para

definir o tamanho do quadro, o SONET usa o tempo, conforme visto anteriormente.

Desta forma é fácil ver que em um circuito STS-1 são transferidos 6480 bits em 125

microssegundos, indicando dessa forma que o quadro é composto de 810 octetos de 8

bits. Da mesma forma, em um circuito STS-3 são transferidos 2430 octetos em 125

microssegundos. “A vantagem principal de fazer o tamanho do quadro depender da taxa

de transferência do circuito é que isso possibilita multiplexação síncrona – é justo reter a

sincronização ao combinar três streams SONET STS-1 em um stream SONET STS-3”

(COMER,2004).

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Em SONET e SDH a estrutura interna da sobrecarga e da carga útil diferem um

pouco no interior do quadro. Ademais, os padrões são extremamente semelhantes em

implementação, tornando mais fácil para interoperar entre SDH e SONET em qualquer

determinada largura de banda. Ambos os padrões constituem a camada elétrica das

redes de telecomunicações ópticas, juntamente com os protocolos IP e ATM (Figura

27). IP é uma aposta certa para o futuro, uma vez que a tendência seguida é a de

transmissão de multisserviços como dados, voz, vídeos enfim, embora muitos desafios

precisem ser superados para que de fato isso aconteça. Esses problemas serão

detalhados mais adiante. Por hora, resume-se na dificuldade que os multiplexadores e

Demultiplexadores têm para tratar os pacotes, que são de tamanhos variados. Essa é

uma das razões, dentre outras que serão destacadas adiante, que leva ao emprego das

células ATM, que são de tamanho fixo, são fácil e rapidamente manipuláveis pelos

equipamentos multiplexadores e Demultiplexadores.

De maneira geral, a arquitetura de camadas planejada para o futuro das redes de

telecomunicações ópticas, como proposto por Naves (2002), segue a seguinte estrutura:

Figura 27 - Arquitetura das camadas nas redes de telecomunicações

Fonte: Naves,2002.

As aplicações dos usuários são as mesmas disponibilizadas por outros tipos de

rede. Mas, se tratando de redes ópticas, tais aplicações são transmitidas aos usuários

pela camada óptica, representada pelo conjunto dos equipamentos vistos na seção 4.1

deste trabalho, mediante a camada elétrica que realizará serviços de forma a permitir

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que as aplicações cheguem ao usuário com rapidez e qualidade, mesmo diante das altas

demandas exponencialmente crescente.

As redes de acesso, que conectam a camada elétrica à camada de aplicação dos

usuários, são redes metropolitanas ligando os usuários do serviço à central fornecedora.

Essa ligação é geralmente do tipo FTTx7 (Fiber To The x"), podendo utilizar Redes

Ópticas Ativas (AON - Active Optical Network)8 ou Redes Ópticas Passivas (PAN -

Personal Area Network). Em rede ópticas ativas o nós processam, analisam e até

executam os pacotes que por eles passam. Já nas redes ópticas passivas os nós fazem a

verificação dos cabeçalhos dos pacotes e de possíveis erros para em seguida encaminhá-

los.

Rosolem et al (2010) descreve novas tecnologias e topologias para redes de

acesso passivas e defende que “a solução de acesso óptico mais difundida no mundo é a

Rede Óptica Passiva baseada em multiplexação por divisão no tempo (TDM-PON –

Time Division Multiplexing-PON)” e vem também abrindo espaço para as redes WDM-

POM, que são as redes ópticas passivas baseadas em multiplexação por divisão de

comprimento de onda, visto que estas oferecem maiores eficiência na exploração de sua

capacidade sem alteração na estrutura da rede, como por exemplo, a inserção de um

novo equipamento, que acaba por elevar custos. A diferença básica entre TDM-PON e

WDM-PON é a escalabilidade, pois em redes TDM-PON podem ocorrer perdas por

divisão de potência nos divisores ópticos, reduzindo o número de unidade de redes

ópticas.

Pinheiro (2002) também destaca mais uma vantagem para o uso das redes

ópticas passivas. Elas podem funcionar normalmente aproveitando toda a estrutura de

rede de acesso que já existe, como cabos de cobre e cabos coaxiais. Sua topologia

básica se constitui por uma Central de Equipamentos (Headend), que guarda

equipamentos ópticos de transmissão e o Distribuidor Geral Óptico (DGO), Backbone

Óptico (Feeder), que são cabos ópticos (cuja fibra é monomodo) subterrâneos ou

aéreos, Pontos de Distribuição e a própria rede óptica de distribuição, que divide e

entrega o sinal óptico em áreas mais distantes da central onde se encontram os

equipamentos, Network Access Point (NAP), transmite o sinal da rede óptica de

backbone à rede terminal (Rede Óptica Drop), e ainda a Rede Interna que são extensões

ópticos para transmitir o sinal óptico da fibra até à casa do assinante.

7 Fiber to the Home, Fiber to the Building, Fiber to the Curb e Fiber to the Cabinet 8 Se requerer suprimento de energia, a arquitetura é chamada Rede Óptica Ativa (AON), caso contrário a

arquitetura é chamada de Rede Óptica Passiva (PON ).

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3.4 SERVIÇOS DA REDE WDM E COMUTAÇÕES

Toda rede óptica é construída para oferecer serviços aos seus usuários. Tais

serviços são classificados por Carvalho (2002) em Serviços de Circuitos Ópticos e

Serviços de Pacotes/Células Ópticas (Figura 28) e estão localizados abaixo, na camada

mais inferior ON (Rede óptica). Ambos os serviços podem ser providos de forma

analógica ou digital.

Figura 28 - Serviços ópticos

Fonte: Carvalho,2002

Além disso, existe uma camada intermediária UNI - User-to-Network Interface,

que simboliza uma Interface Usuário-Rede onde se tem um adaptador de rede óptica

(ONA - Optical Network Adapter) que realiza conversão opto-elétrica entre usuários

(ONU - Optical Network Users) e a rede óptica (ON - Optical Network). Os usuários são

equipamentos como cross-connects SONET, switches ATM Frame Relay ou roteadores

IP, ou ainda equipamentos do usuário final como o próprio computador pessoal. Nestes

equipamentos alguns serviços também são providos.

Nos dispositivos cross-connects SONET ocorrem os serviços de circuito. Tal

serviço também é oferecido por redes telefônicas e Hierarquia Digital Síncrona ou SDH

- Synchronous Digital Hierarchy. No caso dos switches são oferecidos serviços de

circuito virtual. Os roteadores provem serviços de pacotes. A estrutura de serviços é

representada a seguir, na Figura 29.

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Figura 29 - Estrutura de Serviços em Redes WDM

Fonte: PINHEIRO, 2002

Os serviços de circuitos do tipo analógico, segundo Carvalho(2002) visam

ocupar adequadamente o comprimento de onda, completa ou parcialmente, transportar o

sinal com o mínimo possível de distorção seguindo as especificações do canal como

largura de banda e canal, prover um canal óptico entre todos os níveis de infraestrutura

de uma rede totalmente óptica como WAN (Wide Area Network ou Rede de Longa

Distância ), MAN ( Metropolitan Area Network ou Rede Metropolitana) e LAN ( Local

Area Network ou Rede de Área Local), e permitir conexões ponto a ponto, multiponto e

do tipo broadcast. Os serviços de circuito do tipo digitais são fornecer um canal lógico

dedicado entre as WAN, MAN e LAN por meio de um conjunto de impulsos curtos de

elevada potência, bem como também transportar os sinais com o mínimo possível de

erros de sinais digitais.

Todos esses serviços, segundo Assis (2010), se dão pela comutação de circuitos,

quando um comprimento de onda é comutado pelo OXC de sua porta de entrada para

uma porta de saída. Neste processo o comprimento de onda sofre conversão óptico-

elétrico-óptica, pois quando passa pela porta de entrada, o sinal óptico é convertido em

sinal elétrico, já na porta de saída, tal sinal elétrico e convertido em sinal óptico. Mas

este mesmo processo de comutação também pode ocorrer de forma totalmente óptica.

Se ocorrer o processo óptico-elétrico-óptico nos nós intermediários de uma rede então

esta rede é dita opaca. Se ocorrer o processo de comutação totalmente óptico, sem

conversões, então esta rede é dita transparente. Neste último caso, os nós que estão ao

longo do trajeto do sinal transmitido não conseguem acessar as informações desse sinal.

Switches ATM criam circuitos virtuais que aprovisionam novas rotas em caso de

falhas em algum lugar da rede ATM, tudo para garantir que um serviço de voz seja

entregue. Eles comutam informações em pacotes pequenos e de tamanhos fixos, cujas

capacidades totais já proveem reserva para atraso, débito e também para a duração da

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61

chamada, em casos de ligações telefônicas. Da mesma forma, switches Frame Relay

também realizam comutações de circuitos virtuais a partir do estabelecimento e

finalização de um sinal de envio, por serem orientados à conexão. Estes circuitos

virtuais também são comutados sem que sejam afetados por congestionamento e seu

bom desempenho é garantido sem acarretar em prejuízos para o restante do tráfego.

Um tipo de comutação muito semelhante à comutação de circuitos é a

comutação de comprimento de onda. Neste caso, para que seja transmitido um sinal,

primeiramente se estabelece uma rota, denominada caminho de luz (lightpath), que se

inicia na origem (nó inicial) e vai até um nó final (destino). Este caminho de luz é uma

conexão fim-a-fim e lhe é associado um comprimento de onda. Caso este caminho de

luz possua muitos enlaces, podem ser associados a cada um desses enlaces um mesmo

comprimento de onda ou comprimentos de onda distintos. Neste primeiro caso, com

comprimentos de onda iguais, diz-se que o canal atende a propriedade de continuidade

de comprimento de onda. Quando essa propriedade não é atendida, faz-se necessário

realizar conversão de comprimentos de onda, que é feita por meio de conversores

inseridos nos OXC’s da rede WDM.

A comutação de circuitos, dedicada a serviços de voz, foi otimizada para a

comutação de pacotes, cujos serviços oferecidos são, na sua modalidade analógica, de

acordo com Carvalho(2002), transportar de forma transparente, os pacotes contendo

payload (slot de tempo), onde estas por sua vez contém sinal analógico com suas

especificações de transmissão, uma vez que seu cabeçalho é transportado fora desta

mesma banda. Outro serviço é o de interpretar o cabeçalho nos nós de passagem através

de diversos métodos de codificação. Os serviços de pacotes digitais são um tanto

semelhantes ao analógico, com exceção no fato de que cabeçalho e payload são

transportados digitalmente no slot de tempo. A comutação de pacotes IP para prover

serviços onde além de voz trafeguem todos os outros tipos de dados. Ruela (2010)

elenca esta mudança registrada de comutação de circuitos à comutação de pacotes

afirmando

O IP constitui actualmente o protocolo dominante em comunicações de dados

(internetworking) e tende a tornar-se o protocolo universal em redes multi-

serviços, permitindo e acelerando a convergência entre as redes de

telecomunicações e as redes de comunicação de dados. Assiste-se assim a

uma alteração de paradigma, de redes centradas em serviços de voz (voice-

centric) para redes centradas em IP (IP-centric).

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62

Esta mudança de paradigma da qual se fala, constitui atualmente o ramo de

pesquisa em redes ópticas com mais desafios. Como a comutação de pacotes ópticos

ocorre sem reserva de recursos, não é possível garantir Qualidade de Serviço (QoS -

Quality of Service) pois quando uma banda é enviada junto dela também vão o

cabeçalho e a carga útil. Além disso, o roteador deve ser dotado de um buffer para que

possa guardar pacotes com o objetivo de processar suas informações de controle, e só

depois encaminha-lo. Como o desenvolvimento dessas tecnologias de armazenamento

temporário de pacotes ainda é uma questão imatura, para curto e médio prazo

(FIGUEIREDO, 2009), as pesquisas continuarão no sentido de minimizar a necessidade

desse buffer.

Enquanto a comutação de pacotes ópticos não pode ser amplamente posta em

prática, se discute a comutação em rajadas ópticas, por meio de uma colaboração vinda

tanta das redes de comutação de pacotes quanto de comutação de comprimentos de

onda. Agora, os pacotes ópticos são organizados em rajadas, obedecendo a ordem dos

endereços a que se destinam. Moraes (2006) explica que antes de liberar estas rajadas,

um sinal de controle é remetido do nó de borda ao destino final desses pacotes, com a

intenção de preparar os recursos que serão lhes requeridos. Esse sinal de controle é

convertido para o domínio óptico, suas informações são processadas em seguida, a

melhor rota é determinada e consequentemente os recursos desejados são alocados pelo

comutador por um período determinado de acordo com o tempo necessário para a

comutação. Se não houver recurso disponível para atender às especificações a rajada é

bloqueada e descartada, se não houver confirmação da reserva.

Porém, os passos de determinar a melhor rota para a rajada óptica o os

comprimentos que lhe devem ser alocados para que possa transitar entre os nós

intermediários da rede também constituem um desafio atual das redes ópticas,

denominado problema de alocação de comprimento de onda. A solução pretendida deve

garantir altíssima velocidade de transmissão e segurança contra falhas, pois o volume de

dados transportados é imenso e qualquer erro pode acionar num enorme prejuízo.

Tanto a comutação em pacotes ópticos quanto a comutação em rajadas ópticas

estão em franco desenvolvimento para solucionar os problemas que apresentam e então

poder ser empregadas por completo.

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63

3.5 DESAFIO DA INTEGRAÇÃO DE IP E WDM

Como em uma rede WDM existem várias taxas de transmissão e vários

comprimentos de onda distintos ao se transmitir um dado, estas disparidades acarretam

em uma elevada capacidade de transmissão, que é sua principal característica, em

detrimento capacidade limitada de comutação que apresenta no domínio eletrônico.

O desafio de integrar harmoniosamente o tráfico IP à tecnologia WDM é uma

das questões mais debatidas pelos grupos de pesquisa, visto que a demanda por larguras

de banda que suporte o tráfego de vídeo e voz em tempo real, a expansão do e-Science,

a tecnologia HDTV que chegou pra ficar, entre muitas outras novidades, já são uma

realidade cada vez mais crescente, conforme defende Naves (2002):

Nas últimas duas décadas, a internet tem sido a infraestrutura de

comunicação dominante para o transporte do tráfego de dados através do

Protocolo Internet(IP), que provê serviços de melhor esforço ao entregar

pacotes de tamanho variável. Nos últimos anos, a quantidade de tráfego

internet está dobrando a cada 3 a 6 meses, e parece manter-se crescendo

exponencialmente. Esta explosão sem precedentes da demanda de tráfego,

clama para uma próxima geração de internet usando WDM, a qual pode

prover larguras de banda praticamente ilimitadas.

Neste sentido, o tráfego desses dados deve ocorrer de forma menos complexa

possível e com níveis máximos de eficiência permitidos. Isso em tese, pode ocorrer por

meio da comutação feita a partir de roteadores de alta velocidade. Os principais

problemas, destacados por Carissimi (2009), e que ainda não são solucionáveis em nível

óptico, tampouco em nível eletrônico são:

Com protocolo IP, os pacotes percorrem curtas distâncias (hop by hop),

ao contrário dos sinais ópticos, que são eficientes para distâncias muito

longas, e quando necessário, podem ser regenerados, afinal, a rede prevê

isso. Os pacotes IP ainda não possuem nenhum mecanismo de repetição

para que sejam tratados.

A plataforma de transporte óptico é muito instável. As redes DWDM, por

exemplo, apesar de estarem sendo utilizadas, ainda não possuem

mecanismos que garanta plenamente um serviço confiável e com

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qualidade, quando o desejável seria um mecanismo que monitorasse

exatamente a qualidade, disponibilidade, tolerância às falhas, comutação

com segurança e tratamento dos erros.

Seriam necessário megarroteadores ou terarroteadores para comutar

milhões de pacotes em um único período de tempo, o que atualmente

ainda não foi possível desenvolver.

A solução mapeada até o momento diz respeito a arquitetura OTN, que se

estrutura em duas hierarquias com o objetivo de aproximar os níveis de transmissão

DWDM e IP. Essas duas hierarquias são Hierarquia de Transporte Digital ou Digital

Transport Hierarchy (DTH) e Hierarquia de Transmissão Óptica ou Optical

Transmission Hierarchy (OTH).

Tessinari(2011) aponta que a DTH é subdividida em três camadas: OPU

(Optical Channel Payload Unit) que realiza o tratamento do sinal digital cliente, o ODU

(Optical Channel Data Unit) que realiza a multiplexação digital, fornece um caminho

digital fim a fim ao sinal cliente, e provê supervisão de caminho fim a fim, de qualidade

do sinal e TCM, assim como o OTU (Optical Channel Transport Unit) que fornece um

caminho digital entre dois NEs e FEC. Cada OTU é mapeado diretamente em um canal

óptico.

A segunda hierarquia é a tecnologia OTH, composto por conjuntos de

Elementos de Rede Óptical ou Optical Network Element (ONE) conectados uns aos

outros por meio de links de fibra óptica e que conseguem prover transporte a taxas de

1.25Gbps, 2.5Gbps, 10Gbps, 40Gbps, e mais recentemente 100Gbps (em fase de

padronização), multiplexação, roteamento, gerenciamento, supervisão e mecanismos de

sobrevivência aos canais ópticos que transportam os sinais. As vantagens são

basicamente:

Dessa forma a OTN pode transportar qualquer forma de sinal digital, e por

isso ser chamada de “empacotador” digital (digital wrapper). Essa

transparência permite o transporte de uma grande quantidade de tipos de

sinais clientes, entre eles: SONET/SDH, Ethernet, Fiber Channel,

Asynchronous Transfer Mode (ATM), Frame Relay, e IP. Esses sinais são

transportados sem que haja alterações nas características intrínsecas do sinal

original (formato, taxa de bits e clock). (TESSINARI,2011)

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A tecnologia OTH, segundo Tessinari(2011), é dividida em três camadas

puramente ópticas: Seção de Transmissão Óptica ou OTS (Optical Transmission

Section), Seção de Multiplexação Óptica ou OMS (Optical Multiplex Section) e Canal

Óptico ou OCh (Optical Channel). A camada OCh transporta o sinal cliente pela rede

OTN por meio de um caminho óptico, a camada OTS provê um caminho óptico ponto-

a-ponto entre dois ONEs, enquanto que a camada OMS se encarrega da

multiplexação/demultiplexação dos variados comprimentos de onda, cada um

transportando um canal óptico em uma determinada fibra.

3.5.1 Os desafios arquiteturais

A tecnologia WDM já demonstrou que veio pra ficar devido a sua capacidade de

suportar todas as demandas de tráfego necessárias para manter os crescentes serviços

dos clientes em satisfatório fornecimento. Entretanto, integrar antigas e novas

tecnologias no lado da transmissão WDM (Figura 31), de modo que não seja preciso

reformular o uso e funcionamento de todas as tecnologias correntes, demanda grandes

desafios.

O principal desafio no projeto destas redes é entretanto, levar em conta as

várias características de cada tecnologia disponível (antigas ou emergentes)

de forma a construir redes de transporte eficientes e robustas no sentido de

não necessitarem de uma completa reformulação, cada vez que uma nova

onda de avanços tecnológicos torne-se economicamente viável. (NAVES,

2002)

Os argumentos de Naves(2002) se devem ao fato de não ser possível ainda,

relacionar completamente equipamentos reais com os equipamentos descritos nas

Recomendações ITU-T para redes totalmente ópticas. Tessinari(2011) aponta um

exemplo básico: amplificadores de linha unidirecional, um dos equipamentos que fazem

parte de uma ONE, são responsáveis pela amplificação do sinal óptico de entrada, mas

não efetuam conversão O-E-O, tampouco a multiplexação/demultiplexação, ou seja,

estes equipamentos não implementam as camadas OMS e OCh referentes à tecnologia

OTH, realizando apenas funções relativas a camada OTS.

As recomendações ITU-T G.872 descrevem a arquitetura OTH e todos os

equipamentos que a compõem, mas segundo Tessinari(2011), não se obteve ainda um

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nível homogêneo de intercomunicação entre todas as tecnologias as quais a norma se

refere. Adaptações são realizadas em cada uma das camadas OTH para se estudar

propostas de integração em prol de uma rede totalmente óptica, uma vez que alguns

pontos não esclarecidos pelas recomendações ITU-T ou RFC dão liberdade para

implementações específicas dos desenvolvedores de hardware ou software. Atualmente

não se tem desenvolvido um modelo de uma arquitetura de plano de gerência a ser

seguido pelos diferentes fabricantes de equipamentos OTN, conforme o autor discute

abaixo:

Muitos fabricantes utilizam em seus equipamentos, uma placa que tem como

objetivo supervisionar as demais placas, ou seja, para cada N transponders, K

multiplexadores e J amplificadores, existem H placas que fazem a supervisão

e verificação do estado dessas placas. (TESSINARI,2011)

Da mesma forma, ainda não estão completamente definidos os planos de

transporte e controle para a tecnologia OTH, o que eleva o número de placas do tipo H a

serem utilizadas, exemplificadas na citação acima, de modo a implementar todas as

funcionalidades necessárias para que a rede funcione efetivamente.

3.6 Resumo

Este capítulo apresentou a arquitetura das redes WDM, os principais equipamentos

utilizados nesta rede para que a comunicação se estenda por longas distâncias, as

regulamentações dessa tecnologia, bem como alguns dos principais desafios que

enfrentas para tornarem-se dinâmicas e para integrar-se harmoniosamente ao tráfego IP.

Apesar dos grandes avanços tecnológicos em rede óptica como meio de transmissão e

comutação, a grande base ainda é comutação eletrônica. Como foi visto, interruptores

electrónicos, roteadores e regeneradores são onipresentes na rede e fundamentalmente

importante para o seu funcionamento. O objetivo de uma rede totalmente óptica, em que

os dados percorre grandes distâncias sem intervenção eletrônica, continua a ser um

caminho não alcançado.

O capítulo a seguir faz as considerações finais a respeito da realização deste

trabalho.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, as redes ópticas com tecnologia WDM têm mostrado que

oferecem os serviços mais promissores que se pode esperar para aplicações de alta

demanda, que exigem grande velocidade, baixa latência, capacidade em lidar com

ambientes heterogêneos e ainda propriedades que permitam lidar com os mais variados

formatos de arquivos.

A realização deste trabalho permitiu compreender sua estrutura, sua organização

e composição, também pontuou desde a concepção de espectro eletromagnético aos

conceitos em Física que embasam as redes de computadores, assim como destacou as

características específicas de redes ópticas, arquitetura e tendências futuras.

A tecnologia de transmissão óptica passou por muitas evoluções, e embora

enfrente muitos desafios para o seu efetivo emprego, as tendências indicam que é uma

grande aposta para suportar aplicações de TV Digital, Computação em Nuvem, a claro,

também fortalecer todos os tipos de telecomunicações.

Todo este aparato tecnológico que começou a se desenvolver no século XVIII,

trazendo avanços expressivos para as telecomunicações, tornou possível a transmissão

de dados, imagens e sons em larga escala, a altas taxas de velocidade e com baixa

incidência de falhas. Inicialmente esta tecnologia era utilizada apenas em conexões

ponto-a-ponto. Com as contínuas pesquisas, foram criados equipamentos amplificadores

como OADM e ROADMS e comutadores OXC que fizeram explodir a capacidade e

funcionalidade da rede, pois além da grande velocidade de transmissão, também a

possibilidade de alcançar distâncias muito maiores e reduzir as perdas no sinal,

transformaram a tecnologia WDM na grande aposta par o futuro.

Em redes ópticas, que são geralmente utilizadas como backbone, é necessário

haver conversão óptico-eletrico-óptico, visto que ainda não se tem uma rede totalmente

óptica. Esse tratamento eletrônico que é dado ao sinal representa uma limitação a ser

superada, pois atualmente os equipamentos que lidam com centenas de gigabits de

dados e que são empregados em tais infraestrutura de redes, possuem preços muito

altos.

Mesmo diante destes constantes desafios, a tecnologia de Multiplexação por

Comprimento de Onda se desenvolveu em um cenário onde foram incorporados ONEs,

equipamentos estes capazes de eliminar totalmente o tratamento eletrônico, manter o

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sinal óptico sem perdas e com qualidade. O grande obstáculo neste caso é que muitos

dos equipamentos que formam cada ONE não implementam ainda todas as

funcionalidades da tecnologia OTH, que é a proposta de solução para integrar IP e

DWDM.

O panorama atual das redes ópticas que empregam a tecnologia da camada de

transporte WDM é o de uma geração de redes em malha, com grande quantidade de

tráfego, gargalos de comunicação em ambientes onde há conversão elétrica e óptica, a

ainda com equipamentos onerosos financeiramente. Os esforços atuais buscam

interligações transparentes, reconfiguráveis e flexíveis para rotear e provisionar um

tráfego cada vez mais crescente e minimizando as perdas nos canais de transmissão.

Este levantamento de informações reflete o estado da arte das redes WDM,

pontuando ordenadamente como funcionam, como são constituídas, bem como seus

maiores obstáculos para que esteja funcionando integralmente.

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&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>.

Acesso em 16/03/2013.