UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE … · saber coletivo sobre o tema após...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
HARETON TEIXEIRA VECHI
ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE VACINAÇÃO INFANTIL EM ESCOLA
MUNICIPAL DE NATAL/RN
Natal/RN
2016
HARETON TEIXEIRA VECHI
ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE VACINAÇÃO INFANTIL EM ESCOLA
MUNICIPAL DE NATAL/RN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Universidade Federal do Maranhão/UNASUS, para obtenção do título de Especialista em Atenção Básica em Saúde.
Orientador (a): Ilka Kassandra Pereira Belfort.
Natal/RN 2016
Vechi, Hareton Teixeira Atividade educativa sobre vacinação infantil em escola municipal de Natal/RN/Hareton Teixeira Vechi. – São Luís, 2016. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Atenção Básica em Saúde) - Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde - PROGRAMA MAIS MÉDICOS, Universidade Federal do Maranhão, UNA-SUS, 2016. 1. Vacinação. 2. Educação em saúde. 3. Saúde da Criança. I. Título. CDU 614.47
HARETON TEIXEIRA VECHI
ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE VACINAÇÃO INFANTIL EM ESCOLA
MUNICIPAL DE NATAL/RN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Universidade Federal do Maranhão/UNASUS, para obtenção do título de Especialista em Atenção Básica em Saúde.
Aprovado em / /
BANCA EXAMINADORA
_____________________________
Prof (a). Ilka Kassandra Pereira Belfort
Mestre em Saúde Materno Infantil
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
_____________________________
Membro da banca Maior titulação
Nome da Instituição
_____________________________
Membro da banca Maior titulação
Nome da Instituição
RESUMO
A vacinação se destaca como medida exitosa de prevenção primária, em termos de custo-eficácia; entretanto, persistem entraves para vacinação infantil nas famílias brasileiras. Para mitigar essas problemáticas que dificultam a vacinação, a parceria entre Unidade Básica de Saúde (UBS) e escola pode tornar o ambiente escolar um cenário apropriado para transformar essa realidade. O presente plano de ação se trata de uma atividade educativa sobre vacinação infantil em uma escola municipal de Natal/RN, tendo objetivo geral promover discussão compartilhada entre docentes, pais e profissionais de saúde sobre vacinação. A ação foi promovida pela equipe de saúde e professores, tendo como público-alvo os pais das crianças, dividindo-se em três etapas: discussão sobre vacinação infantil, apresentação do calendário nacional de vacinação e análise dos cartões vacinais dos alunos. Participaram da ação 83 pais e/ou responsáveis. Na primeira etapa, os pais esclareceram suas dúvidas sobre vacinação infantil e consolidaram conhecimentos, permitindo a construção de um saber coletivo sobre o tema após discussão. Apresentou-se o calendário nacional de vacinação da criança aos pais, possibilitando o empoderamento sobre o calendário vacinal dos filhos. Analisaram-se 60 cartões de vacinas das crianças; destes, 16 alunos tinham pendências vacinais, sendo encaminhados à UBS para regularização da vacinação. A escola consiste em um cenário oportuno para incentivo à vacinação e identificação de pendências vacinais, destacando a intersetorialidade das ações, mediante parcerias com as unidades de saúde.
Palavras-chave: Vacinação. Educação em saúde. Saúde da Criança.
ABSTRACT
Vaccination stands out as a successful practice of primary prevention, in terms of cost-effectiveness; however, there are still barriers to childhood immunization in Brazilian families. To mitigate these problems that complicate vaccination, the partnership between Basic Health Unit (BHU) and school can make the school a suitable setting to change this reality. This plan of action is an educational activity on child vaccination in a municipal school in Natal/RN, aims to promote a shared discussion among teachers, parents and health professionals about immunization. The action was promoted by health team and teachers, had as audience the parents of the children, and was divided into three stages: discussion on childhood immunization, the presentation of national vaccination schedule and analysis of the vaccination cards of the students. Participated in the action 83 parents and / or guardians. In the first stage, parents clarified their doubts about childhood immunization and consolidated knowledge, allowing the construction of a collective knowledge on the subject in discussion. The national immunization schedule of children was presented to parents, enabling the empowerment of the immunization schedule of children. Sixty vaccination cards of children were analysed; of these, 16 students had vaccine pendencies, being submitted to UBS for regularization of vaccination. The school consists of an opportune setting for encouraging vaccination and identification of vaccine pendencies, highlighting the intersectoral actions, through partnerships with health facilities. Keywords: Vaccination. Health education. Child Health.
SUMÁRIO
p.
1 IDENTIFICAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO.................................................. 6
1.1 TÍTULO........................................................................................................ 6
1.2 EQUIPE EXECUTORA.............................................................................. 6
1.3 PARCERIAS INSTITUCIONAIS ................................................................ 6
2 INTRODUÇÃO............................................................................................. 7
3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 9
4 OBJETIVOS................................................................................................ 10
4.1 Geral............................................................................................................ 10
4.2 Específicos................................................................................................. 10
5 METAS........................................................................................................ 10
6 METODOLOGIA ........................................................................................ 11
7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES............................................................. 13
8 IMPACTOS GERADOS............................................................................... 14
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 17
10 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 18
11 APÊNDICES................................................................................................ 20
6
1 IDENTIFICAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO
1.1 TÍTULO
ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE VACINAÇÃO INFANTIL EM ESCOLA MUNICIPAL
DE NATAL/RN.
1.2 EQUIPE EXECUTORA
Hareton Teixeira Vechi
Ilka Kassandra Pereira Belfort
1.3 PARCERIAS INSTITUCIONAIS
Centro Municipal de Educação Infantil Prof(a). Stella Lopes.
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal/RN.
7
2 INTRODUÇÃO
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde do Brasil
se destaca como exemplo bem-sucedido dentre as estratégias de prevenção
primária, em termos de custo-eficácia (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
[SVS], 2014; FIGUEIREDO ET AL, 2011). Prova disso foi a erradicação da varíola
no Brasil no ano de 1973 e da poliomielite em 1993, além da redução significativa da
incidência de inúmeras doenças infecto-contagiosas. Em 1997, notificaram-se cerca
de 30.000 casos de rubéola no Brasil, enquanto apenas 1.480 casos da doença
ocorreram em 2002 após a implantação do Plano de Erradicação do Sarampo,
correspondendo a um decréscimo de 95% (SVS, 2009).
Formulado em 1973, o PNI se propõe a coordenar sistematicamente as ações
de imunização desempenhadas nas diversas redes de serviços em saúde do país
(DOMINGUES; TEIXEIRA, 2013), tendo seu público-alvo voltado especialmente
para as crianças, conforme se demonstra em seu principal objetivo: “oferecer todas
as vacinas com qualidade a todas as crianças que nascem anualmente em nosso
país, tentando alcançar coberturas vacinais de 100% de forma homogênea em todos
os municípios e em todos os bairros” (DATASUS, 20-?).
Foi na Atenção Básica, mediante a Estratégia de Saúde da Família (ESF),
que o PNI consolidou as bases necessárias para implementar de forma efetiva seu
propósito, valendo-se dos princípios da universalidade, acessibilidade, continuidade
do cuidado, vínculo, responsabilização e participação social (SECRETARIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE [SAS], 2012):
[...] A construção do SUS [...] propiciou oportunidades impensáveis no passado para que ações como a vacinação [...] fossem descentralizadas para os municípios e integradas com a Estratégia Saúde da Família, ampliando o seu acesso e garantindo sua continuidade e estabilidade (SVS, 2012 citado por SVS, 2013, p.64).
A despeito de bem-sucedido e de uma boa relação custo-eficácia, cerca de
dois milhões de crianças morrem anualmente por doenças imunopreveníveis no
mundo, ou seja, que poderiam ser prevenidas por vacinas (SVS, 2009). Ainda
existem entraves para vacinação infantil entre as famílias brasileiras. Questões
8
relacionadas aos serviços de saúde e também às experiências das famílias no
processo saúde-doença podem levar pais e/ou responsáveis a atrasarem as vacinas
de suas crianças ou, até mesmo, não as vacinarem.
Dentre tais fatores, que levam à não imunização das crianças, podem se citar:
inexperiência dos pais, excesso de tarefas, recusa de aplicações simultâneas de
imunização, assistência fragmentada, ausência de diálogos, discriminação, falsas
contraindicações e obrigatoriedade (FIGUEIREDO et al, 2011).
Ademais, a ausência de informações atualizadas e confiáveis sobre as
vacinas administradas, suas respectivas reações adversas e data das próximas
vacinas, medo e preocupação quanto aos riscos das vacinas (MOLINA, 2007;
AUSTIN, 2008), contraindicações desnecessárias (SES/SP, 2008), a dificuldade de
transporte e dificuldade de acesso ao serviço de saúde (PATERSON, 2004) podem
também figurar como obstáculos para a vacinação infantil.
No sentido de mitigar essas problemáticas que dificultam a vacinação infantil,
os profissionais de saúde, sobretudo da Atenção Básica, precisam reorientar suas
atitudes e práticas profissionais e buscar compreender as experiências pessoais e
familiares no processo saúde-doença, especificamente no que se refere à vacinação
(FIGUEIREDO et al, 2011).
A parceria entre Unidade Básica de Saúde (UBS) e escola, caracterizando a
intersetorialidade nas ações em saúde, pode tornar o ambiente escolar um cenário
apropriado para transformar essa realidade, considerando o papel das instituições
de ensino em adquirir conhecimentos para a vida social e pessoal e
desenvolvimento das relações interpessoais, impactando no comportamento do
alunado (RODRIGUES et al, 2011).
Do exposto, o presente trabalho de conclusão de curso se trata de atividade
educativa entre professores, pais e/ou responsáveis e profissionais de saúde sobre
vacinação infantil em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) no município
de Natal/RN.
9
3 JUSTIFICATIVA
Há cerca de 06 meses iniciei as atividades como médico generalista,
participando do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
(PROVAB), na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Cidade Praia, localizada no
bairro Lagoa Azul, zona norte do município de Natal/RN.
Até o presente momento, as ações de saúde prestadas pelos profissionais de
saúde da unidade se voltavam quase que exclusivamente para atividades
assistenciais, de ordem curativa, ou atividades de promoção e proteção da saúde
em nível individual.
Essa postura e atitude dos profissionais da unidade, curativa e individual,
caminhavam de encontro aos princípios e diretrizes da Atenção Básica, que também
preconizam a prática de ações de promoção e proteção da saúde em coletividades.
Havia, portanto, a necessidade de se realizarem ações em saúde em de caráter
coletivo.
Além disso, é sobejamente sabido que a vacinação constitui uma das ações
em saúde mais exitosas em Saúde Pública, em termos de relação custo-eficácia:
pelo tamanho de seu impacto na redução da morbidade e mortalidade dentre as
doenças imunopreveníveis através de vacinas de baixo custo.
Há algum tempo, a diretoria de um Centro Municipal de Educação Infantil
(CMEI), localizado na área de abrangência da UBS de Cidade Praia, solicitava o
suporte da equipe de saúde em diversos aspectos relacionados à Saúde da Criança,
dentre eles a vacinação infantil.
O desempenho das atividades práticas na unidade também me permitiu
identificar que atrasos na vacinação infantil ou, até mesmo, a não-vacinação eram
ocorrências relativamente frequentes. Era, portanto, imperativo uma ação em saúde
direcionada a minimizar e, até mesmo pretensiosamente, solucionar essa situação
de saúde.
Diante dessa realidade, considerando o papel da intersetorialidade nas ações
em saúde e da importância da promoção e proteção da saúde em nível coletivo, o
presente trabalho consiste na realização de uma roda de conversa entre
professores, pais e/ou responsáveis e profissionais de saúde sobre vacinação
infantil em um centro educacional infantil do município de Natal/RN.
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4 OBJETIVOS
4.1 Geral
Promover discussão compartilhada entre professores, pais e/ou responsáveis
e profissionais de saúde sobre vacinação infantil no Centro Municipal de Educação
Infantil Prof(a) Stella Lopes no município de Natal/RN.
4.2 Específicos
Discutir a temática vacinação infantil com pais e/ou responsáveis e
professores;
Apresentar e discutir o calendário de vacinação da criança, do Programa
Nacional de Imunizações;
Identificar atrasos na vacinação das crianças e/ou não-vacinação;
Encaminhar as crianças com pendências vacinais (atraso ou não-vacinação)
para UBS de Cidade Praia a fim de regularização da situação vacinal.
5 METAS
Contar com a participação de, pelo menos, 50% dos pais e/ou responsáveis
na atividade educativa;
Analisar, no mínimo, 70% dos cartões de vacinação trazidos pelos pais e/ou
responsáveis;
Encaminhar para vacinação 100% das crianças com atraso vacinal após
análise da caderneta da criança.
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6 METODOLOGIA
Uma reunião foi realizada entre profissionais da Equipe de Saúde da Família
(ESF) de Cidade Praia e a diretoria do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI)
Prof(a) Stella Lopes com o objetivo de estreitar laços e parcerias entre as duas
instituições. Nessa sessão, foram apontadas e discutidas diversas demandas da
escola relacionadas à Saúde da Criança, com a definição da temática vacinação
infantil como ponto de partida para uma série de ações em saúde promovidas pela
equipe de saúde em conjunto com a escola.
Após planejamento interno da equipe de saúde, considerando a temática
definida em pauta de reunião, uma ação educativa sobre vacinação infantil foi
realizada no CMEI Prof(a) Stella Lopes, localizado no Loteamento Cidade Praia,
bairro Lagoa Azul do município de Natal/RN, com a participação dos professores e
diretora da escola, profissionais de saúde da ESF de Cidade Praia e pais e/ou
responsáveis dos alunos do CMEI.
Os pais e/ou responsáveis dos alunos matriculados no CMEI foram
recrutados/convidados a participarem dessa ação educativa através de um
comunicado escolar que foi entregue aos alunos pelos professores, convidando-os a
participarem da atividade educativa sobre vacinação infantil e uma orientação para
trazer os cartões de vacinas de seus filhos (as).
A ação foi promovida pelos professores e diretora da escola e profissionais de
saúde da ESF de Cidade Praia, tendo como público-alvo os pais e/ou responsáveis
das crianças, e se realizou no pátio da escola, sendo dividida em três etapas
principais:
1) Discussão sobre vacinação infantil.
2) Apresentação do calendário nacional de vacinação da criança.
3) Análise dos cartões de vacinação dos alunos.
A primeira etapa consistiu em uma discussão compartilhada entre pais e/ou
responsáveis, professores, diretora e profissionais de saúde sobre a vacinação
infantil e seus aspectos, a partir de quatro questões semiestruturadas:
a) Por que as vacinas são importantes?
b) Já aconteceu de você não querer vacinar seu filho? Por quê?
c) Quais são as contraindicações para vacinação?
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d) Quais são os efeitos adversos mais comuns das vacinas? Como
lidar com eles?
A segunda etapa foi realizada através da apresentação do calendário nacional
de vacinação da criança, proposto pelo Programa Nacional de Imunizações, através
de diapositivos e distribuição de cópias do calendário vacinal aos pais e/ou
responsáveis, extraído do sítio do Ministério da Saúde1. As vacinas contempladas no
calendário oficial, a idade apropriada para tomada e as respectivas doenças
prevenidas foram expostas pelos profissionais de saúde nessa etapa.
Por último, na terceira etapa, os profissionais de saúde (médico e enfermeiro)
procederam à análise dos cartões de vacina dos alunos trazidos por seus pais e/ou
responsáveis a fim de identificar atrasos vacinais ou não vacinação. A partir dessa
análise, nos casos de cartões de vacina desatualizados, os pais e/ou responsáveis
receberam orientações específicas com encaminhamento à Unidade de Saúde da
Família de Cidade Praia para tomada das vacinas pendentes. Já os cartões de
vacinação atualizados foram devolvidos aos pais com parabenização da equipe.
1 Cópia do calendário nacional de vacinação infantil, disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o ministerio/197-secretaria-svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>. Acesso em 29 Nov. 2015.
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7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ATIVIDADES Set/2015 Out/2015 Nov/2015 Dez/2015
Reunião entre diretoria escolar e equipe de saúde
X
Entrega dos comunicados escolares aos alunos
X
Ação educativa
X
Vacinação das crianças com pendência vacinal
X
Confecção de relatórios da ação
X
Apresentação dos resultados da ação à escola e à UBS
X
14
8 IMPACTOS GERADOS
Conforme na metodologia descrita, no dia 09 de Outubro de 2015, a ação
educativa sobre vacinação infantil ocorreu no CMEI Prof (a) Stella Lopes. A partir de
153 convites, sob a forma de comunicados escolares, entregues aos pais e/ou
responsáveis, compareceram a essa ação oitenta e três (83) indivíduos, dos quais
79 eram do sexo feminino e 04 do sexo masculino, representando 54,24% dos pais
e/ou responsáveis convidados.
A primeira etapa da ação (discussão sobre vacinação infantil) foi um momento
bastante profícuo e oportuno em que os pais e/ou responsáveis puderam esclarecer
suas dúvidas sobre vacinas e vacinação infantil e consolidar seus conhecimentos a
respeito da temática. Os conhecimentos, saberes e experiências prévios - de caráter
pessoal e/ou familiar - dos pais foram ouvidos e acolhidos pelos profissionais de
saúde, que, somados ao saber técnico da equipe de saúde, permitiram a construção
de um conhecimento coletivo a respeito da temática em pauta, após discussão
compartilhada.
Espera-se que os pais e/ou responsáveis tenham ampliado e consolidado
seus conhecimentos sobre a importância da vacinação infantil, enquanto prática de
saúde capaz de prevenir determinadas doenças infecciosas (p. ex.: sarampo), certos
tipos de cânceres (como exemplo, o câncer de colo do útero) e formas mais graves
de algumas doenças (p. ex.: meningite tuberculosa), conforme se pode evidenciar
nas falas de CSB – “A vacina é importante, porque meu filho fica protegido de
infecções, pneumonia, meningite” – ou ainda nas falas de VLFN - “Eu acho que é a
vacina do HPV que protege contra o câncer” – e MLCL – “Ela [a vacina contra o
HPV] protege o câncer do colo do útero pelo que [eu] ouvi na televisão”.
Em conformidade com as falas dos pais expostas a seguir, medo de reações
adversas, compaixão e distância entre a residência e a unidade de saúde foram os
principais elementos potencializadores da não vacinação: KBN - ”O posto é muito
longe da minha casa e não gosto de levar ela [sua filha] no sol quente” -, CRS - “Tive
pena e não quis dar, eram quatro injeções, ele ia chorar muito” – e MPSA - “Tenho
medo de ele ter alguma reação tomando muita vacina de uma vez só”.
Com essa ação, teve-se também o intento de que os pais e/ou responsáveis
identificassem e analisassem, com a ajuda dos profissionais de saúde, os principais
fatores apontados por eles próprios que lhes impediam de vacinar seus filhos, a fim
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de que, em última análise, essa reflexão sobre os elementos impeditivos à
vacinação reduza e evite atrasos desnecessários na vacinação das crianças. De
forma semelhante, que os pais e os responsáveis pudessem, assim se almejou com
a execução dessa ação, reconhecer as verdadeiras contraindicações, além de
desmistificar as chamadas falsas contraindicações à vacinação, para que não sejam
perdidas oportunidades de vacinar as crianças ou, pelo menos, que se reduzam as
janelas de oportunidades perdidas.
De acordo com a expectativa descrita acima, mitos sobre contraindicações
vacinais puderam ser descontruídos, como estes relatados por IRS - “Eu acho que
não pode [vacinar] quando a criança está gripada” – ou ainda por GMS - “Se meu
filho já teve papeira [caxumba], eu não preciso vacinar ele [contra caxumba]”. Mas
também foi a oportunidade de consolidação dos conhecimentos coletivos
corretamente aprendidos sobre esse tópico, a se observar na fala de PBS: “Não tem
problema de dar a vacina da gotinha [vacina contra poliomielite Sabin] se ela [a
criança] tiver com diarreia”.
Espera-se, por último, que essa discussão sobre a vacinação infantil tenha
possibilitado aos pais e/ou responsáveis a capacidade de elencar os principais e
mais comuns efeitos adversos das vacinas (febre, dor local, irritabilidade, choro fácil,
eritema) e, sobretudo, adquirir conhecimento e habilidade de realizar medidas
simples, porém capazes de promover alívio desses efeitos colaterais, sem que fosse
estritamente necessário um atendimento médico para isso, a saber: uso de
antitérmicos e analgésicos, compressa local com gelo, repouso. Ou seja, espera-se
empoderar os pais e/ou responsáveis com conhecimentos e habilidades no manejo
dos efeitos adversos e despertar gradativamente o protagonismo deles no cuidado
dos filhos.
O calendário nacional de vacinação da criança do Ministério da Saúde do
Brasil foi apresentado aos pais e uma cópia do calendário vacinal foi distribuído, em
consonância com a metodologia enunciada. Que a discussão desse calendário,
anseio adicional da execução dessa ação, tenha permitido que os pais apreendam
melhor o cartão de vacinas dos seus filhos e filhas, apropriando-se do assunto, com
aquisição de maior segurança, confiança e responsabilidade quanto ao ato de
vacinar suas crianças, além de acompanhar melhor a situação vacinal delas e evitar
atrasos vacinais.
16
Analisaram-se os cartões de vacinação de 60 crianças, dos quais 24 eram do
sexo masculino e 36, do sexo feminino, com idade variando de 04 a 06 anos. A
análise mostrou que 44 crianças (73,3%) apresentavam situação vacinal atualizada,
ou seja, sem pendências de vacinação. Por outro lado, 16 crianças apresentavam
atrasos vacinais e/ou não vacinação, conforme mostra a tabela abaixo, tendo sido
encaminhadas à Unidade de Saúde da Família de Cidade Praia para regularização
da situação vacinal.
Tabela 1 – Crianças com atrasos vacinais e/ou não vacinação.
Nº de crianças Vacina
4 Hepatite B
13 DTP
4 Tríplice viral
3 Pólio oral (Sabin)
Em última análise, teve-se a intenção de que o conhecimento coletivo sobre
vacinação infantil, construído conjuntamente entre profissionais de saúde,
professores e pais nessa ação, possa ser transmitido dos participantes para outros
pais e outras pessoas, contribuindo para a disseminação do conhecimento, com
destaque para a ratificação da importância da vacinação infantil e o combate aos
fatores impeditivos e contraindicações falsas à vacinação, tendo em vista reduzir as
taxas de não vacinação e atraso vacinal nessa localidade.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade educativa foi concluída plenamente, contando com a participação
de mais da metade dos pais e/ou responsáveis dos alunos matriculados no CMEI
Prof(a) Stella Lopes, onde se pôde realizar a construção de um saber coletivo sobre
vacinação infantil em seus mais diversos aspectos a partir dos saberes e
experiências prévias pessoais e/ou familiares dos pais e dos conhecimentos técnico-
científicos dos profissionais de saúde da USF de Cidade Praia.
O calendário nacional de vacinação da criança foi apresentado e discutido em
detalhes com os pais e/ou responsáveis e corpo docente da escola. A partir desse
empoderamento sobre a temática, os pais adquirem maior segurança, confiança e
responsabilização no ato de vacinar seus filhos (as).
Mais da metade dos cartões de vacina puderam ser analisados pela equipe
de saúde, demonstrando que parcela considerável das crianças apresentavam
pendências vacinais, seja atrasos de doses ou, até mesmo, a não vacinação. Todas
as crianças identificadas com pendências vacinais foram encaminhadas à USF de
Cidade Praia para regularização da situação vacinal. O controle da tomada das
vacinas foi feito pela equipe nas duas semanas subsequentes nas visitas da equipe
na escola pelo Programa Saúde na Escola.
A vacinação infantil figura como medida exemplar de prevenção primária, no
que diz respeito aos baixos custos e redução significativa da morbimortalidade,
devendo ser incessantemente valorizada. O comparecimento dos pais e a
frequência diária das crianças na escola tornam o cenário escolar uma janela de
oportunidade para incentivo à vacinação infantil e identificação de pendências
vacinais, destacando o papel da intersetorialidade nas ações em saúde, com o
estabelecimento de parcerias entre unidades de saúde e as escolas.
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REFERÊNCIAS
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AUSTIN, Helen et al. Parents' difficulties with decisions about childhood immunisation. Community Pract., v. 81, n. 10, p. 32-35, 2008. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18853886>. Acesso em: 05 Out. 2015.
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PATERSON, Janis et al. Maternal and demographic factors associated with non-immunization of Pacific infants living in New Zealand. The New Zealand Medical Journal. New Zealand, v. 117, n. 1199, p 994-1001, 2004. Disponível em: < http://www.nzma.org.nz/journal/117-1199/994/>. Acesso em: 05 Out. 2015. RODRIGUES, Isabela Cristina et al. Vacinação de escolares: estimulando o autocuidado e a responsabilização. Revista Arquivos de Ciências da Saúde. São José do Rio Preto, v. 18, n. 4, p. 170-175, 2011. Disponível em <http://repositorioracs.famerp.br/racs_ol/vol184/IDZ%206%20%20out%20dezembro%202011.pdf>. Acessado em 05 Out. 2015. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO. Norma técnica do programa de imunização. São Paulo, 2008.
20
APÊNDICES
APÊNDICE A – Imagem da ação educativa sobre vacinação infantil – discussão compartilhada sobre vacinação.
APÊNDICE B - Imagem da ação educativa sobre vacinação infantil – discussão compartilhada sobre vacinação.
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APÊNDICE C – Imagem da ação educativa sobre vacinação infantil – análise dos cartões de vacina das crianças.
APÊNDICE D – Imagem da ação educativa sobre vacinação infantil – análise dos cartões de vacina das crianças.