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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
JOSÉ MIRABEAU DE OLIVEIRA RAMOS
IDENTIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS E ESTUDO FARMACOLÓGICO DO ÓLEO ESSENCIAL DAS
FOLHAS DA Croton argyrophyllusKunth
ARACAJU 2013
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JOSÉ MIRABEAU DE OLIVEIRA RAMOS
IDENTIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS E ESTUDO FARMACOLÓGICO DO
ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DA Croton argyrophyllusKunth
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe para a obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Sara Maria Thomazzi
ARACAJU 2013
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JOSÉ MIRABEAU DE OLIVEIRA RAMOS
IDENTIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS E ESTUDO FARMACOLÓGICO DO
ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DA Croton argyrophyllusKunth
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe para a obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde.
Aprovado em 07/03/2013
Orientadora: Profa. Dra. Sara Maria Thomazzi
1º Examinador: Dra. Cristiane Bani Corrêa
2º Examinador: Profa. Dra. Elen Cristina Teizem Landucci
3º Examinador: Prof. Dr. Enilton Aparecido Camargo
4º Examinador: Prof. Dr. Leonardo Rigoldi Bonjardim
PARECER
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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DEDICATÓRIA
Ao MESTRE JESUS,
Que nos mostrou a necessidade da fé,
A importância da esperança e a realeza do amor. Ingredientes básicos
e essenciais a excelência da vida.
Aos meus pais,
Ursino e Helena, pelo amor e carinho e que tudo fizeram pela minha
formação moral e intelectual do qual tenho imenso orgulho e
admiração.
Aos meus filhos e meu neto
Handel, Raquel e Netinho, esperança e fonte inspiradoras de meus
sonhos.
Aos meus irmãos,
Byron, Ney, Magna, Joésia, sempre amigos e companheiros.
À Ivana,
Pelo seu amor, carinho, compreensão e paciência, dispensada
durante toda essa longa jornada.
À Clio e Dani,
Pelo incentivo e construção diária nessa minha caminhada para
realização do meu sonho, ajudando-me em todos os momentos a
torná-lo um sonho possível. A minha gratidão e meu eterno
obrigado...... Vocês são demais.
Ao Prof. Dr. Ângelo Antoniolli,
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Que assumiu o aluno desconhecido e acreditando em mim sempre de
forma positiva, dando-me incentivo constante na realização desse
meu doutorado. Minha eterna Gratidão.
À Profa. Dra. Sara Thomazzi,
Pela disponibilidade para comigo em todos os momentos que precisei,
pelo seu amor ao ensino e à pesquisa e pela credibilidade depositada
em mim. O meu muitíssimo obrigadoooo.
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Enilton Camargo,
Pela sua amizade, mas, sobretudo comemorando comigo nesse
seu jeito simples e elegante o meu sucesso, em ter
concretizado essa etapa tão importante na minha vida
acadêmica. Obrigadooooo, obrigado mesmo!
Aos amigos e colegas que me ajudaram direta e indiretamente,
estando ao meu lado nos momentos que precisei e que todos
compartilhavam o mesmo ideal de ajudar o próximo; Renata,
Marise, Adailton, Sandra, Débora Pimentel, Alípio, Diego,
Wesley, Carlos Anselmo, Toinho, Maíra,Alaíde, Clóvis Rosa,
Elizangela...Vocês são feras !!!
À UFS, pela oportunidade dada para o desenvolvimento da
ciência e da pesquisa.
Aos colegas do Laboratório, sempre disponíveis em me ajudar.
Aos animais do Laboratório, que contribuíram com suas vidas
em prol da pesquisa.
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AS COISAS BOAS DURAM O TEMPO NECESSÁRIO PARA SE TORNAREM
INESQUECÍVEIS. CHARLES CHAPLIN
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RESUMO
RAMOS, José Mirabeau de Oliveira. IDENTIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS E ESTUDO FARMACOLÓGICO DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DA Croton argyrophyllusKunth. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) UFS/SE, Aracaju, 2013. A inflamação é um importante componente de muitas doenças cujo processo central é o recrutamento de células fagocitárias provocando dano tecidual. Os produtos naturais de uso terapêutico são alternativas para o tratamento de diversas patologias; neste sentido, as espécies do gênero Croton (Euphorbiaceae) são amplamente utilizadas na medicina popular. Destaca-se a Croton argyrophyllusKunth, um arbusto abundante na região Nordeste do Brasil, cuja infusão de suas folhas e flores é usada no tratamento de dor de cabeça, gripe e como tranquilizante. Este estudo buscou analisar os constituintes químicos e avaliar as atividades anti-inflamatória, antinociceptiva e antioxidante do óleo essencial (OE) desta planta. O OE da Croton argyrophyllusKunthfoi obtido a partir das folhas frescas e administrado em roedores por via oral (v.o.) nas doses de 10, 30 e 100 mg/kg de peso, e como veículo foi usado o tween 80 a 0,2% em salina (10 mL/kg, v.o.), administrados 1 h antes do agente flogístico. Observou-se que o OE da Croton argyrophyllusKunthinibiu o edema de pata induzido por carragenina (30 e 100 mg/kg), reduziu o recrutamento de neutrófilos para a cavidade abdominal em todas as doses estudadas e inibiu a produção de metabólitos do óxido nítrico (NO) no lavado peritoneal (100 mg/kg). O OE da Croton argyrophyllusKunth,administrado oralmente, produziu inibição dose-dependente na nocicepção visceral induzida por ácido acético. No teste da placa quente, O OE (100 mg/kg) produziu significativo efeito antinociceptivo. No teste da formalina, o OE inibiu significativamente o tempo de lambida-mordida, tanto na fase inicial (neurogênica; 100 mg/kg) quanto na fase tardia (inflamatória; 30 e 100 mg/kg) do modelo. O pré-tratamento com o OE (30 e 100 mg/kg) levou a uma redução significativa e dose-dependente na nocicepção induzida por capsaicina e glutamato. Também se observou, na dose de 100 mg/kg, que a nocicepção no teste da placa quente foi significativamente atenuada pela injeção intraperitoneal de naloxona (5 mg/kg). Em contraste, a antinocicepção causada pelo OE (100 mg/kg) no teste das contorções abdominais não foi alterada pelo tratamento com L-arginina (i.p., 600 mg/kg). A administração do OE também não foi associada com efeitos inespecíficos como sedação ou relaxamento muscular. Em relação à capacidade antioxidante, observamos que o OE (0,001-100 µg/mL) apresenta capacidade sequestradora do radical óxido nítrico e é capaz de inibir a peroxidação lipídica induzida por FeSO4 e FeSO4 + H2O2. Assim, estes resultados sugerem que o OE de Croton argyrophyllusKunthpossui ação anti-inflamatória, a qual está relacionada, ao menos em parte, com sua atividade antioxidante. Além disso, demonstramos que o OE é capaz de produzir antinocicepção de forma dose-dependente em vários modelos experimentais, através do envolvimento dos sistemas glutamatérgico e opióide, mas não pela via da L-arginina-óxido nítrico.
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Palavras-chave: inflamação; nocicepção; Croton argyrophyllusKunth; produtos naturais.
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ABSTRACT
RAMOS, Jose Mirabeau de Oliveira. IDENTIFICATION OF CHEMICAL CONSTITUENTS AND PHARMACOLOGICAL STUDY OF THE ESSENTIAL OIL OF Croton argyrophyllusKunth LEAVES. Thesis (Doctorate in Health Sciences), UFS/SE, Aracaju, 2013. Inflammation is an important component of many diseases whose central process is the recruitment of phagocytic cells causing tissue damage. The therapeutic use of natural products is an alternative for treating various diseases, in this sense, the species of the Croton (Euphorbiaceae) genus are widely used in folk medicine. We highlight the Croton argyrophyllusKunth, a shrub abundant in northeastern Brazil, whose infusion of its leaves and flowers is used in the treatment of headache, flu, and as a tranquilizer. This study investigates the chemical constituents and evaluates the anti-inflammatory, antinociceptive, and antioxidant properties of the essential oil (EO) of this plant. Croton argyrophyllusKunthEO was obtained from fresh leaves and administered in rodents per orally (p.o.) at the doses of 10, 30, and 100 mg/kg, and was used as a vehicle 0.2% tween 80 in saline (10 mL/kg, p.o.), administered 1 h before the phlogistic agent. It was observed that Croton argyrophyllusKunthEO inhibited paw edema induced by carrageenan (30 and 100 mg/kg), reduced neutrophil recruitment into the abdominal cavity at all doses studied, and inhibited the production of nitric oxide metabolites (NO) in the peritoneal wash (100 mg/kg). Croton argyrophyllusKunthEO administered orally, produced dose-dependent inhibition in visceral nociception induced by acetic acid. In the hot plate test, the EO (100 mg/kg) produced significant antinociceptive effect. In the formalin test, the EO significantly inhibited the time-licking bite, both in the initial phase (neurogenic; 100 mg/kg) and late phase (inflammatory; 30 and 100 mg/kg) in the model. Pretreatment with the EO (30 and 100 mg/kg) led to a significant reduction in dose-dependent nociception induced by capsaicin and glutamate. We also observed, at the dose of 100 mg/kg, which nociception in the hot plate test was significantly attenuated by intraperitoneal injection of naloxone (5 mg/kg). In contrast, the antinociception caused by the EO (100 mg/kg) in the writhing abdominal test was not altered by treatment with L-arginine (i.p., 600 mg/kg). Administration of the EO has not been associated with unspecific effects like sedation or muscle relaxation. Regarding antioxidant capacity, we observe that the EO (from 0.001 to 100 µg/mL) presents nitric oxide radical scavenging capacity and is able to inhibit lipid peroxidation induced by FeSO4 and FeSO4 + H2O2. Thus, these results suggest that the EO of Croton argyrophyllusKunthhas anti-inflammatory action, which is related, at least in part, to its antioxidant activity. Furthermore, we showed that the EO is able to produce antinociception in a dose-dependent manner in various experimental models involving the glutamatergic and opioids systems, but not via the L-arginine-nitric oxide. Keywords: inflammation, nociception, Croton argyrophyllus Kunth; natural products.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Hábito de Croton argyrophyllusKunth................................ 28
Figura 2: Cromatograma do óleo essencial da Croton
argyrophyllusKunthrealizado pela técnica de CG-
MS/FID......................
42
Figura 3: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunthsobre o
edema da pata induzido por carragenina...........................
46
Figura 4: Ensaio da atividade da enzima mieloperoxidase em patas
de ratos...............................................................................
47
Figura 5: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunthsobre a
migração de leucócitos induzida por carragenina para a
cavidade peritoneal em camundongos após 4 h................
48
Figura 6: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunth6 h após a
indução da peritonite na concentração de nitrato e nitrito
(NOx-) no lavado peritoneal.................................................
49
Figura 7: Contorções abdominais induzidas por ácido acético.......... 50
Figura 8: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunthno teste da
formalina.............................................................................
51
Figura 9: Teste da nocicepção induzida por capsaicina.................... 53
Figura 10: Teste da nocicepção induzida por glutamato..................... 54
Figura 11: Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico................ 55
Figura 12: Efeito do óleo essencial da Croton argyrophyllusKunthno
teste de campo aberto em camundongos.....................
56
13
LISTA DE TABELAS
Tabela1: Composição do óleo essencial das folhas daCroton
argyrophyllusKunth...........................................................
43
Tabela 2: Atividade antioxidante do OE da Croton
argyrophyllusKunthfrente a diversos
estímulos.......................................
44
Tabela 3: Efeito antinociceptivo do OE da Croton
argyrophyllusKunth no teste da placa quente em
camundongos............
52
Tabela 4: Resumo dos efeitos do OE da Croton argyrophyllusKunth
sobre a inflamação e nocicepção.............................
57
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
5-HT 5-hidroxitriptamina
ANOVA análise de variância
ASC área sob a curva
ATP trifosfato de adenosina
BHT butil-hidroxitolueno
CEPA Comitê de Ética em Pesquisa Animal
CG cromatografia gasosa
CGRP peptídeo relacionado ao gene da calcitonina
COX Ciclo-oxigenase
DNA ácido desoxirribonucléico
EDTA ácidoetilenodiaminotetracético
eNOS óxido nítrico sintase endotelial
EPM erro padrão da média
ERC espécies reativas de cloro
ERN espécies reativas de nitrogênio
ERO espécies reativas de oxigênio
FAD flavina adenosina dinucleotídeo
FID detector de ionização de chama
GPS Global Position System
i.p. intraperitoneal
i.pl. intraplantar
IASP Associação Internacional para Estudo da Dor
iNOS óxido nítrico sintase induzível
L-NOARG L-NG-nitro-arginina
LT Leucotrieno
MDA Malondialdeído
MPO Mieloperoxidase
MS espectrometria de massa
NADPH fosfato de dinucleotídio de nicotinamida e adenina
NK Neurocininas
15
nNOS óxido nítrico sintase neuronal
NO óxido nítrico
OE óleo essencial
OMS Organização Mundial da Saúde
ONOO− Peroxinitrito
PG prostaglandina
PK proteínaquinase
PL Fosfolipase
PPAR-γ receptores ativados pelo proliferados do peroxissomo gama
RRI índice de retenção
s.c. Subcutânea
SBCAL Sociedade Brasileira de Cuidados com Animais de
Laboratório
SP substância P
SUS Sistema Único de Saúde
TBA ácido tiobarbitúrico
TBARS substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico
TCA ácido tricloroacético
TNF fator de necrose tumoral
TX Tromboxano
UMPO unidades de mieloperoxidase
UV Ultravioleta
v.o. via oral
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................... 15
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................... 18
2.1 Inflamação........................................................................ 18
2.2 Dor................................................................................... 20
2.3 Radicais Livres................................................................. 22
2.4 Produtos Naturais............................................................ 25
2.5 Gênero Croton................................................................. 25
2.6 Croton argyrophyllus Kunth.............................................. 27
3 OBJETIVOS........................................................................ 29
3.1 Objetivo Geral.................................................................. 29
3.2 Objetivos Específicos....................................................... 29
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................... 30
4.1 Coleta e Identificação da Planta...................................... 30
4.2 Extração do óleo essencial.............................................. 30
4.3 Análise Cromatográfica................................................... 31
4.4 Estudo da atividade antioxidante................................. 32
4.4.1 Peroxidação lipídica in vitro........................................ 32
4.4.2 Atividade sequestrantede radical óxido nítrico (NO).. 32
4.5 Animais............................................................................. 33
4.6 Tratamentos..................................................................... 34
4.7 Avaliação da Atividade Anti-inflamatória.......................... 34
4.7.1 Edema de pata em ratos.............................................. 34
4.7.2 Ensaio de mieloperoxidase (MPO) nas patas de ratos 35
4.7.3 Peritonite em camundongos........................................ 36
4.7.4 Determinação de metabólitos do NO (NOx-)............... 36
4.8 Avaliação da Atividade Antinociceptiva....................... 37
4.8.1 Contorções abdominais induzidas pelo ácido acético. 37
4.8.2 Teste da formalina....................................................... 38
4.8.3 Teste da placa quente................................................. 38
4.8.4 Teste da nocicepção induzida por capsaicina............. 39
4.8.5 Teste da nocicepção induzida por glutamato.............. 39
4.8.6 Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico......... 39
4.9 Estudo da atividade locomotora................................ 40
17
4.9.1 Teste do campo aberto............................................... 40
4.10 Análise Estatística........................................................ 40
5 RESULTADOS.................................................................... 42
5.1 Extração e Análise cromatográfica do OE da Croton argyrophyllus Kunth.....................................................
42
5.2 Avaliação da atividade antioxidante............................. 44
5.3 Edema de pata............................................................. 44
5.4 Ensaio da atividade da mieloperoxidase nas patas de ratos.............................................................................
47
5.5 Peritonite e contagens total e diferencial de leucócitos do lavado peritoneal....................................
48
5.6 Concentração de NOx- no lavado peritoneal............... 49
5.7 Contorções Abdominais............................................... 49
5.8 Teste da Formalina...................................................... 50
5.9 Teste da placa quente................................................. 51
5.10 Teste da nocicepção induzida por capsaicina............. 52
5.11 Teste da nocicepção induzida por glutamato.............. 53
5.12 Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico......... 54
5.13 Teste do campo aberto............................................... 55
5.14 Sumário dos resultados obtidos com os tratamentos 56
6. DISCUSSÃO....................................................................... 58
7. CONCLUSÃO.................................................................. 65
8. REFERÊNCIAS................................................................ 66
ANEXOS 78
18
1 INTRODUÇÃO
Durante séculos a humanidade lutou contra as enfermidades buscando
não apenas a sobrevivência, como também uma melhor qualidade de vida. A
utilização de plantas medicinais em diversas civilizações, com o uso de chás,
sucos, banhos, unguentos e demais preparados, propiciou ao longo dos anos a
cura das mais diversas doenças (VIEGA JR; BOLZANI; BARREIRO, 2006).
De acordo com Veiga-Júnior, Pinto e Maciel (2005), o ressurgimento do
interesse internacional em pesquisas sobre as plantas medicinais deve-se em
grande parte à República Popular da China. Isso porque foi este um dos
primeiros países que introduziu uma análise sistemática de plantas utilizadas
como remédios tradicionais. Os estudos com base na medicina tradicional
chinesa propiciaram a descoberta de novas drogas de origem vegetal com
diversas propriedades, entre asquais as anti-hipertensivas, anti-
hipoglicemiantes e antifúngicas (FAN et al., 2012). A utilização de plantas
medicinais pela população mundial tem sido significativa nos últimos tempos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que cerca de
80% da população dos países em desenvolvimento fizeram uso de algum tipo
de planta para aliviar ou curar determinadas enfermidades (OMS, 2011).
O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo,
contando com mais de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre
350.000 e 550.000 (GIULIETTI et al., 2005). Destes, apenas 8% das espécies
vegetais da flora foram estudadas em busca de compostos bioativos e 1.100
espécies vegetais foram avaliadas em suas propriedades medicinais, com 590
plantas registradas para comercialização no Ministério da Saúde (CARVALHO
et al., 2008).
O nordeste brasileiro, bem como o estado de Sergipe, onde domina o
clima marcado por secas periódicas e precipitação que varia entre 300-800
mm/ano, écaracterizado pela diversidade de formas vegetais. Nesta região,
existe um predomínio de caatingas, associadas a carrascos e mata de altitude
(matas de brejo), além de áreas de cerrado e de campo rupestre, mata
atlântica e vegetação costeira, entre outras. Este cenário ocupa 18% do
19
território nacional (1.561.177,8 km2), onde vivem 54 milhões de habitantes, dos
quais, cerca de 30% habitam a área rural (BRASIL, 2010).
O crescente uso das plantas medicinais tem estimulado a pesquisa na
busca de substâncias com atividade biológica, no sentido de dar uma base
científica a este conhecimento popular, além de buscar novas estruturas
químicas de interesse à indústria farmacêutica, já que muitos fitoterápicos são
produzidos com fundamento no uso popular das plantas, sem nenhuma
comprovação pré-clínica e clínica, ficando, portanto, difícil de competir a nível
nacional e também internacional (YUNES et al., 2001).
As plantas medicinais que têm sua eficácia terapêutica e toxicológica ou
segurança de uso avaliadas, dentre outros aspectos, estão cientificamente
aprovadas para serem utilizadas pela população nas suas necessidades
básicas de saúde, além de possuírem outras vantagens como facilidade de
acesso, baixo custo e compatibilidade cultural com as tradições populares
(GAZZANEO; LUCENA; ALBUQUERQUE, 2005).
O gênero Croton faz parte da família Euphorbiaceae que abrange cerca
de 300 gêneros e aproximadamente 8.000 espécies. A Croton ssp, destaca-se
por seu expressivo número de espécies, aproximadamente 800 (COSTA et al.,
2008). Nos últimos anos várias espécies vegetais desse gênero foram
estudadas para comprovação do seu uso terapêutico na medicina popular,
inclusive quanto as suas atividades anti-inflamatória e antinociceptiva
(MOLLICK et al., 2011; CAVALCANTI et al., 2012; MONTOPOLI et al., 2012;
ZHAO et al., 2012; ALMEIDA et al., 2013).
A espécie Croton argyrophyllus Kunth, conhecida como “marmeleiro
prateado ou sacatinga”, tem sido estudada nos últimos anos no intuito de
conhecer mais a respeito de suas ações farmacoterapêuticas e da validação do
seu uso na medicina popular (MORAIS et al., 2006; GOBBO-NETO; LOPES,
2007; COSTA et al., 2008; VEIGA-JÚNIOR; PINTO; MACIEL, 2008). Na
maioria destes estudos a ação antibacteriana e antifúngica foram investigadas,
sendo verificado a ausência do conhecimento a respeito das ações anti-
inflamatória e antinociceptiva da CrotonargyrophyllusKunth.Deste modo, torna-
se necessária constatar a existência destas atividades terapêuticas do Croton.
20
O desenvolvimento de atividades de pesquisa envolvendo o estudo dos
produtos naturais, principalmente tomando-se como base o conhecimento
popular, deve ser de interesse prioritário para o desenvolvimento regional
(AGRA et al., 2007). Neste sentido, este trabalho se desenvolveu a partir do
estudo do óleo essencial de uma planta da caatinga amplamente usada pela
população local, principalmente para tratar condições inflamatórias e dolorosas.
Os testes para avaliar as atividades anti-inflamatória e antinociceptiva
representam uma das formas mais utilizadas na avaliação de novos
medicamentos e tratamentos quanto a sua agressividade e capacidade de
adaptação aos tecidos (CONSOLARO, 2009).Diante do exposto, este trabalho
teve como objetivo realizar análise dos constituintes químicos e estudar as
atividades anti-inflamatória, antinociceptiva e antioxidante do óleo essencial do
Croton argyrophyllusKunth.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Inflamação
O processo inflamatório é uma reação complexa em resposta a vários
agentes nocivos, que consiste de respostas vasculares, migração e ativação de
leucócitos e respostas sistêmicas. Neste processo ocorrem alterações no
calibre vascular com consequente aumento do fluxo sanguíneo, alterações
estruturais na microcirculação levando ao extravasamento de plasma,
proteínas e leucócitos, sendo que a migração leucocitária com acúmulo no foco
da lesão e ativação destes leucócitos para eliminar o agente agressor
caracteriza o processo inflamatório agudo (MARCHE, 1959).
As reações inflamatórias podem ser desencadeadas por vários
estímulos, como infecções, trauma, agentes físicos e químicos, necrose,
corpos estranhos e reações imunológicas a micro-organismos patogênicos,
dentre outros (KUMAR et al., 2005). Estas reações ocorrem com vistas a
debelar o agente agressor; no entanto, a exacerbação da resposta inflamatória
pode levar ao agravamento dos sinais inflamatórios, calor, rubor, edema e dor
e até a perda da função da estrutura lesada (KLEBANOFF, 2005).
Os mediadores inflamatórios são substâncias naturais do organismo,
com estruturas químicas e atividades farmacológicas e fisiológicas variadas;
estes podem se derivar do plasma, dos leucócitos ou de neurônios, com a
função de ligar-se a receptores específicos na célula alvo, estimulando a
liberação de novos mediadores e suas ações podem ser passíveis de inibição
por antagonistas específicos (RUFINO; SILVA JR, 2006).
Quando os agentes infecciosos entram num tecido lesionado,
macrófagos ou neutrófilos presentes no local começam a fagocitá-los. Os
macrófagos ativados durante este processo liberam citocinas, tais como o fator
de necrose tumoral (TNF)-α, a interleucina (Iδ)-1, a IL-6, a IL-8 e a IL-12. Os
macrófagos também produzem outros mediadores tais como as
prostaglandinas (PGs), os leucotrienos (LTs), o fator de ativação das plaquetas
(PAF) e o óxido nítrico (NO), este último responsável, juntamente com a
22
histamina, pelo aumento da permeabilidade vascular, propiciando o
espaçamento entre as células endoteliais (STEIN et al., 2009).
As PGs são metabólitos do ácido araquidônico, um importante
componente dos fosfolipídeos de membrana, e no sítio inflamatório, as PGs
liberadas de células endoteliais e inflamatórias sensibilizam os nervos
(hiperalgesia), aumentam o fluxo sanguíneo, potencializam a formação do
edema, levando ao extravasamento de líquidos, e no sistema nervoso central
levam ao aparecimento da febre (PHILLIPSON; KUBES, 2011). As PGs são
sintetizadas e liberadas por muitos tipos de células e formadas pela ação da
enzima ciclo-oxigenase (COX) pela adição de duas moléculas de oxigênio
(GIERSE et al., 2008). Esta enzima possui duas isoformas, a COX-1 e a COX-2
(HONG et al., 2002; KIM et al., 2004).
A COX induzível (COX-2) é aumentada em resposta a vários estímulos,
incluindo os inflamatórios em diferentes tipos de tecidos, largamente expressa
em macrófagos e mastócitos quando estimulados por citocinas pró-
inflamatórias ou por lipopolissacarídeo, enquanto que a COX constitutiva (COX-
1) atua na manutenção da função celular e está presente em todo tipo de célula
(ANDRADE et al., 2007). Uma variante da enzima COX-1, a COX-3, foi descrita
no córtex cerebral e no coração (CHANDRASEKHARAN et al., 2002).
Outra importante enzima que contribui para geração de mediadores
inflamatórios é a 5-lipoxigenase, que catalisa a formação dos LTs a partir do
ácido araquidônico. Os LTs são sintetizados por leucócitos residentes ou
recrutados durante processos inflamatórios. Estas moléculas agem via
receptores de superfície de membrana acoplados a proteína G,
desencadeando eventos sinalizadores intracelulares que levam ao acúmulo de
leucócitos, aumento da capacidade fagocítica e microbicida pelos fagócitos e
geração de outros mediadores pró-inflamatórios (PETERS-GOLDEN et al.,
2005).
O PAF, um derivado lipídico da ação das fosfolipases (PLA2), atua via
receptores específicos de superfície celular, localizados em numerosas células
e tecidos, incluindo plaquetas, leucócitos e células endoteliais
(SCHOLMERICH, 1996). O PAF está envolvido em muitos eventos
inflamatórios, incluindo ativação de plaquetas, de neutrófilos e macrófagos,
23
aumento da permeabilidade vascular e contração do músculo liso (FORMELA;
GALLOWAY; KINGSNORTH, 1995).
Outro mediador de destaque é a histamina, uma amina básica
relacionada com processos inflamatórios e alérgicos, que causa vasodilatação
e aumento da permeabilidade vascular (ANDRADE et al., 2007).
Neuropeptídios, como a substância P (SP) e a neurocinina A (NKA), que são
liberados a partir de terminações nervosas sensoriais, têm sido observados em
estudos estimulando a liberação de histamina pelos mastócitos, a qual causa
aumento da permeabilidade vascular, aumentoda síntese de citocinas como o
TNF-α e Iδs (GUO et al., 1997), e estimula as terminações nervosas sensoriais,
fazendo com que seja liberada mais substância P (SP). A neurocinina B (NKB)
produz antinocicepção mediada por receptores opióides na medula espinhal e
está correlacionada com a dor neuropática (CAHILL; CODERRE, 2002).
Os mediadores envolvidos na dor são PG, NKA, peptídeo relacionado ao
gene da calcitonina (CGRP), entre outros (ROCHA et al., 2008). As cininas
(calidina e bradicinina) são importantes mediadores vasoativos derivados da
ação de enzimas denominadas calicreínas (tecidual ou plasmática) sobre
cininogênios de alto ou baixo peso molecular. Esses mediadores são, por sua
vez, degradados pela ação de enzimas chamadas cininases I e II e estão
envolvidos em vários processos inflamatórios, causando principalmente
aumento da permeabilidade vascular e formação de edema. A bradicinina tem
maior importância em processos inflamatórios, agindo preferencialmente via
ativação de receptores acoplados à proteína G, denominados receptores B2
quando ativados agudamente e, em condições crônicas, via receptores B1
(LIEBMANN et al., 1990; MEINI et al., 2009).
Sendo a dor o principal sintoma da inflamação que faz com que o
indivíduo doente procure ajuda médica, estando ou não associada a processos
inflamatórios, a busca de novos agentes para seu tratamento, com menos
reações adversas, é sempre necessária (ROCHA et al., 2008).
2.2 Dor
Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, 2002),
esta é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável
24
associada a um dano tecidual potencial e/ou real. Não obstante, é um processo
cognitivo dependente da memória e de aspectos culturais e psíquicos.
A dor sentida no momento da lesão é um evento fisiológico de proteção
que permite ao organismo localizar precisamente o local lesionado a fim de
cessar o estímulo doloroso, evitando ou reduzindo o dano tecidual (STEIN et
al., 2009). É produzida pela estimulação dos nociceptores mecânicos que
transmitem rapidamente os potenciais de ação através das fibras A . Se o
estímulo não causa dano e é de curta duração, a dor desaparece quando o
estímulo cessa (CHAPMAN, 2005).
No entanto, ao persistir o estímulo ou tendo havido lesão, a segunda
fase da dor é fisiopatologicamente responsável pela sensação dolorosa que
ocorre secundariamente a uma lesão e tem por finalidade proteger o local de
futuros traumas, ocorrendo após estímulo dos nociceptores e é transmitida por
fibras tipo C (CHAPMAN, 2005). Este sistema é primariamente envolvido com
respostas inflamatórias após estímulo sensitivo. Esta sensibilização causa
hiperalgesia ou alodínia em humanos, fenômenos que envolvem a percepção
da dor, e é mais bem descrita como hipernocicepção em modelos animais
(VERRI-JUNIOR et al., 2006; CUNHA et al., 2008).
As fibras nervosas responsáveis pela nocicepção são caracterizadas
como fibras aferentes primárias de pequeno diâmetro, denominadas fibras C e
A . As fibras C não são mielinizadas, possuem baixa velocidade de condução
(<1 m/s) e respondem a estímulos nocivos de origem térmica, mecânica ou
química. As fibras A são mielinizadas, apresentam velocidade de condução de
5-30 m/s e respondem a estímulos térmicos e mecânicos (JULIUS; BASBAUM,
2001).
Os mediadores inflamatórios envolvidos com a dor incluem a bradicinina,
PGE2, prostaciclina (PGI2), leucotrienos (LTB4), ácido (8R,15S)-di-hidroxi-icosa-
(5E-9,11,13Z) tetraenóico (8R,15S-diHETE), 5-hidroxitriptamina (5-HT),
adenosina, histamina, IL-1, IL-8, fator de crescimento do nervo (NGF), TNF-α,
mediadores derivados de fibras sensoriais, como a SP (LEVINE; REICHLING,
1999), K+, H+, ATP, NO, adenosina, neurotrofinas, neuropeptídios (NKA,
CGRP) e mediadores simpáticos, os quais podem agir de modo sinérgico
(KIDD; URBAN, 2001).
25
A bradicinina pode ativar direta ou indiretamente os nociceptores,
acarretando dor e/ou ainda sensibilização periférica, a qual envolve a liberação
de outros mediadores como as aminas biogênicas, neuropeptídios e a geração
de ácido araquidônico e prostanóides (DRAY; PERKINS, 1993). Os demais
mediadores, em sua maioria, agem através da ativação de receptores
acoplados à proteína G, fosforilando canais iônicos, via ativação das proteínas
quinases A (PKA) e C (PKC). Podem atuar ativando diretamente o nociceptor
(histamina e SP), induzindo dor espontânea, ou sensibilizando os nociceptores,
induzindo hiperalgesia (citocinas, 5-HT e PGE2) (RIEDEL; NEECK, 2001).
Um dos parâmetros possíveis de ser avaliado em animais de
experimentação é a hipernocicepção, que é a resposta exagerada a um
estímulo doloroso, causada pela ativação e sensibilização de nociceptores
periféricos que ocorre devido à ação de mediadores químicos produzidos pela
lesão ou inflamação tecidual (HOGAN, 2002). A hipernocicepção pode ser
primária, quando sentida no local da lesão e pode envolver aumento da
sensibilidade ao calor e a estímulos mecânicos, ou secundária, quando ocorrer
nas regiões circunvizinhas, envolvendo sensibilização central e sendo
caracterizada por um aumento da resposta a estímulos mecânicos (TREEDE;
MARGERL, 2000; SERPELL, 2006). A nocicepção visceral é um importante
aspecto da dor em humanos e, em geral, modelos de dor visceral em roedores
envolvem injeção intraperitoneal de algum agente irritante que deve induzir
contorções abdominais (HOGAN, 2002).
A inflamação e a dor, presentes em vários processos patológicos,
estão relacionados à liberação de radicais livres e espécies reativas
(SALVEMINI; DOYLE; CUZZOCREA, 2006). Portanto, substâncias com
atividade antioxidante também podem ser considerados no tratamento desses
males.
2.3 Radicais livres
Um radical livre équalquer espécie quecontém um ou mais elétrons
desemparelhados, ou seja, elétrons que individualmente estejam ocupando um
orbital atômico oumolecular. Estes radicais livres, que possuem o elétron
desemparelhado centrado nos átomos de oxigênio, nitrogênio ou cloro são
26
denominados, respectivamente, espécies reativas de oxigênio (ERO), de
nitrogênio (ERN) ou de cloro (ERC) (HALLIWELL; WHITEMAN, 2004).
O termo ERO inclui tanto os radicais de oxigênio como o ânion radical
superóxido (O2−) e o hidroxil (OH), quanto espécies não-radicalares que são
agentes oxidantes e/ou são facilmente convertidos em radicais como o
peróxido de hidrogênio (H2O2) e o oxigênio singlete (O21∆g). As ERN
compreendem os radicais livres de nitrogênio como o óxido nítrico (NO, ou
simplesmente NO, como será chamado de agora em diante) e as espécies
não-radicalares como o peroxinitrito (ONOO−). Do mesmo modo, fazem parte
das ERC o cloro radicalar (Cl) e o ácido hipocloroso (HOCl) (HALLIWELL;
WHITEMAN, 2004).
Em condições normais, estas espécies são geradas nas células
aeróbicas como subprodutos de uma série de reações metabólicas e são
rapidamente removidas por sistemas antioxidantes existentes na própria célula
(URUÑUELA et al., 2002). Quando a geração destas espécies reativas é
superior à capacidade dos sistemas antioxidantes endógenos, desenvolve-se o
estresse oxidativo (HALLIWELL; WHITEMAN, 2004), que provoca distúrbios na
homeostase celular, uma vez que as ERO/ERN/ERC podem causar alterações
bioquímicas e funcionais em diferentes níveis celulares, como lipoperoxidação,
oxidação de proteínas ou danos ao ácido desoxirribonucléico (DNA), entre
outros efeitos tóxicos (MONFARED et al., 2009). Indiretamente, estes radicais
agem na cascata do ácido araquidônico aumentando a produção de
tromboxano (TX) e de LTB4(RAU et al., 2000). Além disso, alguns dos produtos
resultantes da lipoperoxidação podem atuar como cofatores ou ativadores de
outros mecanismos patológicos (TSUKAHARA et al., 1999), ou ainda podem
atuar na via de sinalização dos receptores ativados pelo proliferador do
peroxissomo gama (PPAR- ), interferindo na regulação de macrófagos e
exacerbando o processo inflamatório (GUTIERREZ et al., 2008).
O malondialdeído (MDA) é o principal aldeído liberado pelas membranas
das células, resultante dos ataques das ERO a estas membranas, o que leva a
lipoperoxidação, um processo que primariamente acomete os ácidos graxos
poli-insaturados das biomembranas e se caracteriza por uma degradação auto
catalítica mediada por radicais livres (URUÑUELA et al., 2002). Em condições
27
normais, as ERO são geradas por processos celulares aeróbicos e removidas
por diferentes sistemas antioxidantes endógenos, mas em algumas situações,
como no quadro inflamatório agudo, estas defesas são insuficientes frente a
uma produção exacerbada de ERO, desenvolvendo o estresse oxidativo(RAU
et al., 2000). A geração destes radicais não é um evento iniciador da
inflamação, no entanto, o aumento das espécies reativas de oxigênio pode ser
considerado um importante mediador da lesão tecidual (SEVILLANO et al.,
2003).
Vários mediadores que se formam a partir do sistema oxidante estão
envolvidos no processo inflamatório, inclusive o óxido nítrico. O NO é um
importante mensageiro de vários sistemas no organismo participando, por
exemplo, na regulação do tônus vascular, na defesa imunológica do hospedeiro
promovendo a diminuição da migração de leucócitos para o local da
inflamação, na neurotransmissão e em inúmeras funções endócrinas. Algumas
disfunções vasculares estão associadas à produção prejudicada de NO.
Entretanto, conforme sua concentração e o tecido em questão, o NO (tanto
diretamente como por meio de espécies derivadas) pode atuar como agente
citotóxico, com importante papel no processo inflamatório (BARRETO;
CORREA; MUSCARÁ, 2005; SHUKLA et al., 2009).
O NO, um radical livre altamente reativo, tem efeitos biológicos
complexos e por vezes paradoxais, atuando ora como um mediador anti-
inflamatório, protegendo o endotélio pela inibição da agregação plaquetária e
da adesão de leucócitos, ora como um agente citotóxico via geração de
peroxinitrito (ANDICAN et al., 2005). Sua função biológica é influenciada pela
isoforma de óxido nítrico sintase (NOS) envolvida na sua síntese, pela
localização da sua produção e pela quantidade de NO produzido. Seu papel na
inflamação é controverso, apresentando efeito protetor, decorrente
principalmente da sua ação vasodilatadora na microcirculação (AKTAN,
2004),enquanto que em outros estudos, apresenta um papel deletério,
decorrente principalmente do estresse oxidativo, que contribui para a
citoxicidade de macrófagos e neutrófilos na resposta inflamatória (ANDICAN et
al., 2005; MEHTA, 2005).
28
Uma vez produzidas, as ERO são capazes de desencadear diversos
processos inflamatórios e seu papel tem sidoamplamente estudadoemdiversos
modelos animais(RAU et al., 2000; URUÑUELA et al., 2002; TURKYILMAZ et
al., 2008). Acredita-se que a liberação local de ERO e a infiltração de células
inflamatórias no tecido, principalmente neutrófilos, têm um papel fundamental
na evolução dos quadros inflamatórios e das complicações a eles associados
(CUZZOCREA et al., 2004). Elas podem atacar diretamente a matriz lipídica de
membranas biológicas e estimular o metabolismo do ácido araquidônico com o
aumento da produção de PG, TX e LT, reforçando assim o acúmulo e a
aderência de neutrófilos e plaquetas para a parede capilar(YU et al., 2002).
Assim, as ERO podem comprometer a microcirculação e perturbar a
integridade microvascular, resultando em diminuição da perfusão e aumento da
permeabilidade capilar e transudação de fluido (DABROWSKI et al., 1999).
2.4 Produtos naturais
A utilização de plantas pela necessidade de sobrevivência propiciou ao
longo da existência da humanidade a descoberta de possíveis aplicações
terapêuticas (RIOS; RECIO, 2005). Assim, em todas as civilizações, as mais
diversas enfermidades vêm sendo tradicionalmente cuidadas com chás, sucos,
tinturas, banhos, cataplasma e unguentos preparados, tendo as plantas como
base (YUNES et al., 2001).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011), nos
países em desenvolvimento, 70-80% da população depende de plantas
medicinais, exclusivamente ou como complementar para os cuidados básicos
com a saúde. No Brasil, a inserção da fitoterapia no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS) foi estimulada a partir da aprovação da Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2006a) e da Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares no SUS (BRASIL, 2006b), que buscam
valorizar o conhecimento construído pelas populações locais a respeito dos
seus recursos naturais e do seu uso na saúde e nas doenças, bem como
inserir o uso das plantas medicinais e dos fitoterápicos na atenção básica no
sistema público.
29
2.5 GêneroCroton
O gênero Crotonfaz parte da família Euphorbiaceaeque abrange cerca
de 300 gêneros e aproximadamente 8.000 espécies. A Croton spp. destaca-se
por seu expressivo número de espécies, aproximadamente 800 espécies
(COSTA et al., 2008). Nos últimos anos várias espécies vegetais desse gênero
foram estudadas para comprovação de seu uso terapêutico na medicina
(MOLLICK et al., 2011; CAVALCANTI et al., 2012; MONTOPOLI et al., 2012;
ZHAO et al., 2012; ALMEIDA et al., 2013).
No Brasil, há alta diversidade de espécies de Crotonna região Nordeste,
principalmente na vegetação da caatinga. Esse bioma cobre quase um milhão
de km2 desta região e sua vegetação xerófita característica é afetada por
períodos irregulares de seca, altas temperaturas e elevada radiação ultravioleta
(MORAIS et al., 2006). Cruz et al. (2007) enfatizam que a caatinga apresenta-
se com extrema diversidade de plantas medicinais e que mais estudos
fitoquímicos e farmacológicos são necessários para comprovação do uso
terapêutico popular desses vegetais.
A maioria das espécies do gênero Crotonapresenta aroma, propriedade
adquirida para combate a possíveis agentes biológicos agressores, com
enfoque aos terpenos produzidos como o α-pineno, o limoneno e o mirceno
(VIEGAS-JUNIOR, 2003). Este gênero tem importância na medicina popular da
região para tratamento de enfermidades como micoses, distúrbios
gastrintestinais, distúrbios estomacais, processos inflamatórios, diabetes, dor e
afecções do trato respiratório. Dentre os constituintes químicos presentes
nesse gênero destacam-se os terpenóides, flavonóides, alcalóides, esteróides,
taninos e saponinas (ALBUQUERQUE et al., 2007; COSTA et al., 2008;
MORAIS et al., 2006; RADULOVIC et al., 2006b; ROCHA et al., 2008; SANTOS
et al., 2008; SANTOS et al., 2009).
Veiga-Júnior, Pinto e Maciel (2008) ao pesquisarem a o extrato das
folhas de Crotoncajucara constataram ação no combate ao diabetes mellitus,
como a trans-deidrocrotonina (RODRIGUES et al., 2012) e efeito emagrecedor,
no entanto, alertam que diversas pessoas foram hospitalizadas nas cidades do
Rio de Janeiro (RJ) e em Belém (PA) devido ao uso indiscriminado, por longos
períodos, do chá dessa planta, por apresentarem toxicidade hepática. Gobbo-
30
Neto e Lopes (2007) alertam para a estocagem e procedência dos extratos das
plantas principalmente para uso em chás em virtude da sua composição
química, pois, o metabolismo secundário pode variar consideravelmente
dependendo de vários fatores. Nesse sentido, a ANVISAdispõe sobre o registro
de medicamentos fitoterápicos e exige a apresentação de uma série de
relatórios que atestem, para o preparo fitoterápico ao qual buscam registro, a
segurança e a eficácia dos produtos metabólitos a serem comercializados
(BRASIL, 2006a).
Ao pesquisar a atividade antioxidante de Croton zenhtnerie eCroton
nepetaefolium, Morais et al. (2006) constataram queentre os constituintes
químicos presentes nos óleos essenciais dessas espécies os
maispredominantes foram o ρ-anisaldeído, -anetol e o formiato de anisila para
aprimeira, e na segunda espécie as substâncias em maior concentração foram
ο-copaeno e o metil-eugenol; importante salientar que o-pineno e o óxido
decariofileno foram encontrados nas duas espécies e o biciclogermacreno na
Crotonnepetaefolium. Essas plantas mostram-se como uma fonte eficiente de
compostos antioxidantes através dos seus metabólitos secundários,
combatendo os radicais livres e protegendo o organismo contra os danos
induzidos pelo estresse oxidativo celular (SHUKLA et al., 2009).
Nos estudos de Radulovicet al. (2006) foi apresentado que a maioria
das espécies de Crotoncontem -cariofileno e α/ -pineno.Estudos
desenvolvidos por Rocha et al. (2008) avaliaram a ação anti-inflamatória e o
efeito antinociceptivo de Crotonpullei. Essa planta vem sendo utilizada pela
população amazonense no combate a dores e processos inflamatórios. Os
resultados desta pesquisa corroboraram com o uso popular desta planta, ou
seja, foram demonstradas ações antinociceptiva e anti-inflamatória. Esses
mesmos autores através de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria
de massa identificaram as substâncias químicas que compunham o óleo
essencial das folhas de Croton nepetaefoliuse Croton zenhtneri, para a
primeira, os constituintes presentes em maior concentração foram metil-
eugenol, biciclogermacreno e -cariofileno , e o estragole para a segunda
espécie.
31
2.6Croton argyrophyllus Kunth
A espécie Croton argyrophyllusKunth (Figura 1), conhecida
popularmente como “sacatinga” ou “marmeleiro prateado”, uma planta da
caatinga, vegetando em lugares pedregosos, apresenta-se morfologicamente
como um arbusto de ramos delgados, cilíndricos e cenerescentes, sendo uma
espécie nativa do nordeste. Suas folhas e cascas têm sido estudadas no intuito
de se conhecer suas ações, farmacoterapêuticas e toxicológicas, e de validar
seu uso na medicina popular, sendo observada a ausência do conhecimento a
respeito das ações anti-inflamatórias e antinociceptivas da Croton
argyrophyllusKunth.
Nos estudos desenvolvidos por Cruz (2002) na região de Canindé do
São Francisco-SE, verificou-se que diversas pessoas da comunidade fazem
uso dessa planta no combate a problemas do trato respiratório. Algumas
pesquisas foram desenvolvidas com essa espécie com a finalidade de
confrontar os resultados com o uso popular. Morais et al. (2006), empregando
técnicas para verificar a atividade antioxidante, identificou na entrecasca
daCroton argyrophyllus Kunth a presença de α-pineno , E-cariofileno e 1,8
cineol . Deste modo, procurando viabilizar a veracidade do seu uso, tornam-se
necessárias constatar a existência destas atividades. Em consequência disso,
esta pesquisa avaliou as atividades anti-inflamatória, antinociceptiva e
antioxidante do óleo essencial da Croton argyrophyllus Kunth.
32
Figura 1: Hábito de Croton argyrophyllusKunth. Fonte: Acervo pessoal. 2010.
33
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar os constituintes presentes e investigar as ações farmacológicas do
óleo essencial das folhas da Croton argyrophyllusKunth.
3.2 Objetivos Específicos
Analisar os constituintes do OE da Croton argyrophyllusKunth.
Avaliar a atividade anti-edematogênica do OE da Croton argyrophyllusKunth
em modelo in vivo.
Avaliar a capacidade do OE em inibir:
- O infiltrado de leucócitos em modelos in vivo;
- A produção de metabólitos do NO.
Avaliar a atividade antinociceptiva do OE da Croton argyrophyllusKunthem
modelos de nocicepção induzidos por agentes químicos e térmicos, in vivo.
Avaliar in vivo o envolvimento:
- Do sistema L-arginina/óxido nítrico na atividade antinociceptiva do OE
da Croton argyrophyllusKunth;
- Do sistema opióide na atividade antinociceptiva do OE da Croton
argyrophyllusKunth;
- Da via glutamatérgica na atividade antinociceptiva OE da Croton
argyrophyllusKunth.
- Da via neurogênica na atividade antinociceptiva OE da Croton
argyrophyllusKunth.
Avaliar a atividade antioxidante do OE da Croton argyrophyllusKunth frente
a diferentes agentes oxidantes in vitro.
Avaliar o efeito do OE da Croton argyrophyllusKunth sobre a atividade
locomotora em modelo in vivo.
34
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Coleta e Identificação da Planta
A Croton argyrophyllus Kunth utilizada nesta pesquisa foi coletada no
Povoado Curituba, Município de Canindé do São Francisco - SE, em 10 de
outubro de 2010 (na estação primavera), com auxílio de mateiros da região e a
utilização do Global Positioning System (GPS) para o georreferenciamento. Os
pontos estabelecidos pelo aparelho foram: 09°γ9’γ9.8”S, γ7°55’17.8”O com
altitude de 98 m. Um espécime foi identificado pela botânica Profa. Dra. Ana
Paula Prata do Departamento de Biologia da UFS, e depositado no Herbário da
Universidade Federal de Sergipe (Av. Marechal Rondon S/N, São Cristóvão –
SE, 49.100-000, Brasil) sob o nº ASE 20.584.
4.2 Extração do óleo essencial
A extração óleo essencial da Croton argyrophyllus foi realizada no
laboratório de Fitotecnia do departamento de Agronomia da Universidade
Federal de Sergipe sob a coordenação do Prof. Dr. Arie Fitzgerald Blank.
O óleo essencial das folhas frescas (7.300 g) foi extraído por
hidrodestilação através de aparelho do tipo Clevenger. As folhas frescas foram
transferidas para balão de destilação que seguiu por um processo de
aquecimento com o auxílio de mantas térmicas atingindo a temperatura de
70°C, possibilitando dessa forma, a origem de vapores e a extração dos
constituintes voláteis das folhas. O óleo e o hidrolato foram condensados no
Clevenger. O primeiro foi coletado e armazenado em recipientes de vidro
opaco em freezer a –20ºC, e o segundo, ou seja, o hidrolato foi descartado. Ao
final, deste processo, obteve-se o rendimento calculado segundo a
Farmacopéia Brasileira com o uso de picnômetro calibrado. Todas as doses do
OE administradas foram calculadas levando-se em conta a densidade do óleo
essencial da C. argyrophyllus.
35
4.3 Análise Cromatográfica
As análises foram realizadas utilizando um CG-MS/CG-DIC (GC-2010
Plus; GCMS-QP2010 Ultra, Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão) equipado
com um amostrador automático AOC-20i (Shimadzu). As separações foram
realizadas usando uma coluna capilar de sílica fundida Rtx®-5MS Restek
(polissiloxano 5%-difenil-95%-dimetil) de 30 m x 0,25 mm de diâmetro interno
(d.i.), 0,25 µm de espessura de filme, em um fluxo constante de hélio
(99,999%) com taxa de 1,2 mL/min. Foi utilizado um volume de injeção de 0,5
µL (5 mg/mL), com uma razão de split de 1:10. A programação de temperatura
do forno utilizada foi a partir de 50°C (isoterma durante 1,5 min), com um
aumento de 4° C/min, à 200°C, em seguida, a 10°C/min até 250°C, terminando
com uma isoterma de 5 min a 250°C.
Os dados de CG-EM e CG-DIC foram simultaneamente adquiridos
empregando um sistema de separação de detector; a razão de separação de
escoamento foi de 4:1 (EM: FID). Um tubo restritor de 0,62 m x 0,15 milímetros
d.i. (coluna capilar) foi usado para ligar o divisor para o detector do EM; um
tubo restritor de 0,74 m x 0,22 mm d.i. foi usado para ligar o divisor para o
detector do DIC. A temperatura do injetor foi de 250°C e a temperatura da fonte
de íons foi de 250°C. Os íons foram gerados à 70 eV; uma velocidade de
varredura de 0,3 fragmentos/s detectados no intervalo de 40-350 Da. A
temperatura do DIC foi ajustada para 250ºC, e os suprimentos de gás para o
DIC foram hidrogênio, ar e hélio em taxas de fluxo de 30, 300 e 30 mL/min,
respectivamente. A quantificação de cada constituinte foi estimada por
normalização área do pico gerado no DIC (%). As concentrações dos
compostos foram calculadas a partir das áreas dos picos de CG e foram
dispostos por ordem de eluição do CG.
A identificação dos constituintes foi realizada com base na comparação
dos índices de retenção da literatura (ADAMS, 2007). Para o índice de
retenção foi utilizando a equação de Van denDool e Kratz (1963) em relação a
uma série homóloga de n-alcanos (nC9-nC18). Também foram utilizadas três
bibliotecas do equipamento WILEY8, NIST107 e NIST21 que permite a
36
comparação dos dados dos espectros com aqueles constantes das bibliotecas
utilizando um índice de similaridade de 80%.
44 Estudo da atividade antioxidante
4.4.1 Peroxidação lipídica in vitro
Para determinar o conteúdo de substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS), como indicativo de lipoperoxidação, conforme
previamente descrito por Gelainet al. (2004), sistemas in vitro de produção de
radicais com FeSO4 (0,145 mM) ou FeSO4 (0,145 mM) + H2O2 (0,4 M) foram
utilizados, e a capacidade do extrato de prevenir ou aumentar o dano oxidativo
causado por esses sistemas em uma preparação de lipossomos (gema de ovo
a 0,1% p/v, 50 mM tampão fosfato, pH 7,4, sonicado por 10 s em potência 4) foi
quantificada. Após incubação por 1 hora a 37°C com o OE da C. argyrophyllus
nas concentrações de 0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 100 µg/mL, as amostras (0,3
mL) tiveram as proteínas precipitadas pela adição de ácido tricloroacético
(TCA, 0,6 mL) a 20%, e foram centrifugadas (10.000xg por 10 min, 4°C). Os
sobrenadantes (0,5 mL) foram incubados com ácido tiobarbitúrico (TBA,
solução 0,67%, 0,5 mL) em banho a 100°C por 30 min. Após resfriamento em
banho de gelo, as amostras foram lidas em espectrofotômetro (532 nm), a
concentração de TBARS calculada usando o coeficiente de absorção 1,56 ×
105/M x cm e os resultados, em triplicata, expressos em percentual de
malondialdeído (MDA), o qual se condensa com o TBA produzindo cromógenos
com absortividade molar no espectro visível. O sistema contendo FeSO4 (0,145
mM) ou FeSO4 (0,145 mM) + H2O2 (0,4 M), gema de ovo a 0,1% e tampão
fosfato foi considerado como indutor de 100% de dano lipoperoxidativo
(ESTERBAUER; CHEESEMAN, 1990). Como controle padrão foi utilizada a
vitaminaC (Sigma ChemCo, EUA; 0,001 - 100 µg/mL), em triplicata. Para
normalizar os resultados encontrados, todos os valores obtidos foram
subtraídos do valor do branco (gema de ovo a 0,1% em tampão fosfato).
4.4.2 Atividade scavenger de radical óxido nítrico (NO)
37
A atividade do OE da C. argyrophyllus como scavenger de radical NO foi
medida em um sistemain vitro de produção de NO por nitroprussiato de sódio
em tampão fosfato 20 mM (pH 7,4). Uma vez gerado do sistema, o NO reage
com oxigênio para produzir nitrito, os quais são quantificados
espectrofotometricamentepela reação de Griess, utilizando kit de reagente de
Griess. Após incubação do sistema de produção de NO com o composto
estudado (OE nas concentrações de 0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 100 µg/mL, 0,05
mL) por 60 min a 37°C, o reagente de Griess foi adicionado e incubado por
mais 15 min, sendo a absorbância em 540 nm determinada em
espectrofotômetro(XU et al., 2008). A vitamina C (0,001 - 100 µg/mL) foi
utilizada como controle positivo.
4.5 Animais
Os animais, ratosWistar (180-220 g) e camundongos Swiss(20-30 g),
machos, adultos, foram obtidos do Biotério Central da Universidade Federal de
Sergipe (São Cristóvão, Brasil) e transportados para o biotério local do
Departamento de Fisiologia antes do uso, onde permaneceram por pelo menos
02 dias até o manuseio. Os animais foram aleatoriamente divididos em grupos
e mantidos em caixas plásticas (5 ratos ou 8 camundongos por caixa) em sala
com temperatura controlada (21 ± 2°C), com água e ração ad libitum, sob ciclo
claro/escuro de 12:12 h, e troca da serragem a cada 2 dias. Todos os
procedimentos experimentais foram conduzidos durante o período das 7 às 17
h, e de acordo com as normas de procedimentos sobre cuidados com animais
para uso em pesquisa do Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEPA) da
Universidade Federal de Sergipe e da Sociedade Brasileira de Cuidados com
Animais de Laboratório (SBCAL).Para o desenvolvimento deste projeto, o
mesmo foi submetido ao CEPA da Universidade Federal de Sergipe e
aprovado sob o protocolo n.º 06/2011.
Os animais submetidos à administração oral do óleo essencial e dos
controles foram aclimatados no laboratório durante 24 h e colocados em jejum
12 h antes do experimento. Todos os esforços foram realizados para minimizar
38
o número de animais usados e o sofrimento destes, sendo administrado
anestésico sempre que necessário.
Posteriormente, após o manuseio dos animais nos procedimentos in
vivo, estes foram anestesiados com uma dose de 50 mg/kg (i.p.) de tiopental
sódico (Thiopentax – Cristália/SP) e eutanasiados por deslocamento cervical,
acondicionados em sacos plásticos brancos e guardados em freezer reservado
para esta finalidade, até o descarte definitivo conforme a rotina do
Departamento de Fisiologia, pelo serviço de coleta seletiva de lixo biológico da
UFS.
4.6Tratamentos
Os animais foram pré-tratados com o OE da C. argyrophyllus em
diferentes doses (10, 30 e 100 mg/kg) ou com o veículo (Tween 80 a 0,2% em
solução salina NaCl 0,9%, 10 mL/kg, controle negativo) por via oral (v.o.) 1 h
antes da administração dos compostos indutores da inflamação ou nocicepção.
Como controle positivo, grupos de animais foram tratados com ácido
acetilsalicílico (Sigma ChemCo., EUA; AAS; 300 mg/kg, v.o., 60 min antes da
administração do agente flogístico), dexametasona
(ResearchBiochemicalsInternational, EUA; 2 mg/kg, subcutânea (s.c.), 60 min
antes da administração do agente flogístico), morfina (Cristália, SP; 3 mg/kg,
i.p., 30 min antes da administração do agente flogístico ou da inserção dos
animais na placa quente) ou diazepam (Cristália, SP; 1,5 mg/kg, i.p., 30 min
antes da inserção no campo aberto), dependendo do teste. Em adição, grupos
separados de animais foram inicialmente tratados com naloxona
(ResearchBiochemicalsInternational, EUA; 5 mg/kg, i.p., 60 min antes da
inserção na placa quente) e, posteriormente, com o OE (100 mg/kg, v.o., 30
min antes da administração do agente flogístico, inserção da placa quente ou
no campo aberto) ou morfina (3 mg/kg, i.p., 30 min antes da administração do
agente flogístico ou inserção na placa quente). Para avaliar o envolvimento do
sistema L-arginina/óxido nítrico, grupos de animais foram tratados com L-
arginina (600 mg/kg, i.p), 15 minutos antes da administração de OE (100
mg/kg, v.o.) ou L-NOARG (75 mg/kg, i.p.).
39
4.7 Avaliação da Atividade Anti-inflamatória
4.7.1 Edema de pata em ratos
Um método utilizado para avaliar a atividade anti-inflamatória foi o
modelo de edema de pata induzido pela carragenina a 1% (Sigma ChemCo.,
EUA), administrada no volume de 100 μδ/animal na região subplantar (s.pl.) da
pata traseira direita do rato, segundo o método descrito por Winter, Risley e
Nuss (1962) modificado. Os animais (ratos Wistar, 180-220 g, n=6/grupo) foram
pré-tratados (60 min antes da injeção de carragenina) com o OE da C.
argyrophyllus (10, 30 e 100 mg/kg, v.o.), dexametasona (2 mg/kg, s.c., grupo
controle positivo) ou veículo (tween 80 a 0,2%, v.o.). Na região s.pl. das patas
contralaterais dos ratos que receberam o pré-tratamento com veículo foram
injetados 100 μδ de salina a 0,9%/animal. O volume da pata foi medido com o
auxílio de um hidropletismômetro (modelo 7150, Ugo Basile, Itália),
observando-se o deslocamento da coluna de líquido, imediatamente antes da
injeção s.pl. do agente edematogênico carragenina, sendo esta denominada
medida basal. Medidas do volume da pata foram novamente realizadas em
intervalos regulares de 1, 2, 3 e 4 h após a injeção da carragenina (HARRIS;
SPENCER, 1962). Os resultados estão expressos como média ± E.P.M. da
variação do volume (mL) da pata encontrada entre os grupos controle e
tratados. Também foram calculados os valores de área sob a curva (ASC),
utilizando a regra trapezoidal, em todos os grupos. A porcentagem de inibição
no edema foi calculada com base na ASC.
4.7.2 Ensaio de mieloperoxidase (MPO) nas patas de ratos
O recrutamento de neutrófilos foi indiretamente medido pela atividade da
MPO, que se baseia na velocidade de oxidação do substrato о-dianisidina na
presença de H2O2, evidenciada pela mudança de absorbância medida a 460
nm para tanto, os animais provenientes do edema de pata foram eutanasiados
após a 4ª hora e o tecido muscular da região s.pl. das patas estimuladas com
carragenina e das contra-patas onde foi injetada apenas salina (0,9%, 100
40
μδ/pata) foi coletado, pesado, cortado em pedaços pequenos e mantido em
tubos teste na presença de tampão fosfato [50 mM, pH 6,0 contendo 0,5% de
brometo de hexadeciltrimetilamônio (HTAB, Sigma Chem. Co, EUA)].
Cada amostra foi homogeneizada em homogeneizador de tecidos Ultra
Turrax e alíquotas do homogenato foram aquecidas durante 2 h a 60°C para
inativação da catalase endógena (OHTA; KONGO; KISHIKAWA, 2003) e,
posteriormente, centrifugadas a 12.000xg por 5 min a 4°C. Os sobrenadantes
obtidos foram submetidos à análise da atividade da MPO, conforme descrito a
seguir. Em placa de 96 poços, os sobrenadantes foram adicionados a solução
de di-hidrocloreto de o-dianisidina (Sigma Chem. Co, EUA; 0,167 mg/mL,
preparada em tampão fosfato de potássio 50 mM contendo 0,005% de H2O2).
As alterações nos valores de absorbância a 460 nm foram registradas
em leitor de microplaca (LabsystemMultiskan®, Helsinki, Finlândia) e os
resultados foram expressos como unidades de MPO (UMPO)/mg de tecido,
considerando-se 1 UεPO como a quantidade de enzima que degrada 1 μmol
de H2O2 por min, gerando variação de absorbância de 0,0113 unidades de
absorbância, conforme previamente descrito (BRADLEY et al., 1982;
CAMARGO et al., 2008).
4.7.3 Peritonite em camundongos
Camundongos Swiss (20–30 g, n = 6/grupo) foram pré-tratados com o
OE da C. argyrophyllus (10, 30 e 100 mg/kg, v.o.), dexametasona (2 mg/kg,
s.c.) ou veículo (tween 80 a 0,2%, v.o.), e após 1 h foi injetada uma solução de
carragenina i.p. (1%, 0,25 mL, diluída em salina), de acordo com a técnica
modificada de Mendes et al. (2010). Após 4 h da injeção da carragenina, os
animais foram anestesiados com tiopental sódico (50 mg/kg, i.p.) e
eutanasiados por deslocamento cervical. Para a coleta dos fluidos peritoneais
foi utilizada solução salina contendo 1mM de ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA, 3 mL, i.p.). A contagem dos leucócitos totais foi realizada em câmara
de Neubauer e a contagem diferencial em esfregaço sob lâmina obtido por
citocentrifugação a 600 rpm/10 min em citocentrífuga de bancada (Sorocito
2400, FANEN®, São Paulo-SP), analisadas sob microscópio ótico (CX41,
41
Olympus Optical do Brasil®, São Paulo-SP) baseado no critério morfológico
normal. Os resultados foram expressos como número de leucócitos/mL e a
porcentagem de inibição de leucócitos foi calculada pela fórmula: % inibição=
(1 – T/C) x 100, onde T representa a contagem de leucócitos dos grupos
tratados e C representa a contagem de leucócitos do grupo controle.
4.7.4 Determinação de Metabólitos do NO (NOx-)
A técnica se baseia na detecção de nitrato e nitrito, metabólitos do NO,
após a redução do nitrato a nitrito, que foi determinado pela reação de Griess,
segundo método modificado de Grisham et al.(1996). Os camundongos
(n=6/grupo) foram pré-tratados com o OE da C. argyrophyllus (100 mg/kg, p.o.),
dexametasona (2 mg/kg, s.c.) ou veículo (tween a 0,2%, p.o.) 1 h antes da
administração de carragenina. Amostras de lavado peritoneal, recolhidas 6 h
após a indução do experimento de peritonite realizado previamente, foram
centrifugadas em microtubos de 10 kDa (Microcon, Ultracel YM-10, Millipore,
USA) a 8000xg durante 120 min. Em seguida, 100 µL do sobrenadante foram
incubados durante 30 min a 37ºC em estufa na presença de Aspergillus nitrato
redutase, flavinaadenosídeodinucleotídeo (FAD) e fosfato de dinucleotídio de
nicotinamida e adenina (NADPH), preparadas em tampão Tris-HCl pH 7,6.
Decorrido este tempo, foram acrescentados lactato desidrogenase e ácido
pirúvico com incubação adicional de 30 min a 37ºC. Ao final do período de
incubação, 100 µL do reagente de Griess (iguais volumes de 0,2% (v/v) de
naftilenoetilenodiamina e 2% (v/v) de sulfanilamida em 5% (v/v) de ácido
fosfórico) foram adicionados, e após 10 min em temperatura ambiente, foi
determinada a absorbância a 540 nm em leitor de microplaca. A curva-padrão
de NaNO3 nas concentrações 0,2-200,0 µmol/L foi realizada e os resultados
foram expressos como µmol de NOx- por litro de lavado.
4.8 Avaliação da atividade antinociceptiva
4.8.1 Contorções abdominais induzidas pelo ácido acético
42
As contorções abdominais consistem de uma contração no músculo
abdominal junto a um alongamento dos membros traseiros (TORNOS et al.,
1999), induzidas pela injeção i.p. de ácido acético (solução a 0,6%, 0,1 mL/10
g) em camundongos (KOSTER; ANDERSON; DEBBER, 1959).
Os animais (camundongos Swiss, 20-30 g, n=6/grupo) foram pré-
tratados com OE da C. argyrophyllus (10, 30 ou 100 mg/kg), AAS (300 mg/kg,
usado como controle positivo) ou veículo (tween 80 a 0,2%, usado como
controle negativo) oralmente, 60 min antes da aplicação do estímulo doloroso.
Para a observação das contorções abdominais, os animais foram dispostos em
grupos de 3 em caixas plásticas e a avaliação foi feita por um único
observador. As contorções foram contadas durante um período de 20 min,
começando 5 min após a administração do ácido acético.
4.8.2 Teste da formalina
O teste da formalina foi realizado de acordo com o método descrito por
Dubuisson e Dennis (1977), e posteriormente modificado por Hunskaar e Hole
(1987). Os camundongos (Swiss, 20-30 g, n=6/grupo) foram tratados com o OE
da C. argyrophyllus (10, 30 ou 100 mg/kg, v.o., 60 min antes), morfina (3
mg/kg; i.p., 30 min antes) e AAS (300 mg/kg, v.o., 60 min antes) antes da
injeção s.pl. da solução de formalina a β% (β0 μδ/pata traseira direita). O grupo
controle negativo recebeu tween 80 (0,2% em salina 0,9%, 0,1 mL/10 g, v.o.,
60 min antes). O tempo que o animal gastou lambendo ou mordendo sua pata
foi medido durante a primeira (0-5 min) e a segunda (15-30 min) fases do teste.
4.8.3 Teste da placa quente
Os animais (camundongos Swiss, 20-30 g, n=6/grupo) foram pré-
tratados com o OE da C. argyrophyllus (10, 30 e 100 mg/kg, v.o., 30 min
antes), morfina (3 mg/kg, i.p., 30 min antes), veículo (tween 80 a 0,2%, v.o., 30
min antes), naloxona (5 mg/kg, i.p., 60 min antes) + morfina (3 mg/kg, i.p., 30
min antes), ou naloxona (5 mg/kg, i.p., 60 min antes) + OE da C. argyrophyllus
(100 mg/kg, v.o., 30 min antes) e, posteriormente, colocados individualmente
sobre uma placa metálica (Insight, Brasil) aquecida a 55 ± 0,5ºC. Os
43
camundongos que se mantiveram na placa, em um ensaio 24 h antes do teste,
por mais de 10 s sem apresentar reação ao estímulo, foram excluídos do teste
(JACOB; TREMBLAY; COIOMEEL, 1974; JACOB; RAMABADRAN, 1978).
O tempo decorrido até o aparecimento de reações ao estímulo térmico
(latência, em s), tais como lamber, sapatear ou sacudir (flinch) a pata traseira,
foi registrado como índice de nocicepção (WOOLFE; MACDONALD, 1944) nos
tempos 30, 60, 90, 120 e 150 min após o tratamento. Um corte no período de
30 s foi imposto para evitar danos às patas, sendo, portanto, o tempo de
latência máximo.
4.8.4 Teste da nocicepção induzida por capsaicina
A injeção subcutânea de capsaicina, uma neurotoxina extraída de
pimenta do gênero Capsicum, é capaz de promover dor de origem neurogênica
através da ativação seletiva das fibras aferentes primárias do tipo C, induzindo
a liberação espinhal de glutamato e substância P, com o envolvimento de NO
(SAKURADA et al., 2003). Grupos de animais (n=8) foram tratados com veículo
(tween80 a 0,2%, v.o., 60 min antes), OE da C. argyrophyllus em diferentes
doses (10, 30 e 100 mg/kg, v.o., 60 min antes) ou morfina (3 mg/kg, i.p., 30 min
antes) e posteriormente receberam injeção de β0 μδ de uma solução de
capsaicina (1,6 μg/pata). Em seguida, os animais foram colocados em caixas
espelhadas, e observados durante os 5 min subsequentes. O tempo que os
animais despenderam lambendo ou mordendo a pata injetada foi registrado
com o auxílio de um cronômetro, e considerado como indicativo de nocicepção
(SAKURADA et al., 1992; SANTOS; CALIXTO, 1997).
4.8.5 Teste da nocicepção induzida por glutamato
Com o objetivo de obter evidências mais diretas a respeito da interação
da C. argyrophyllus com o sistema glutamatérgico, foi avaliado seu efeito frente
à injeção i.pl. de glutamato. Camundongos (n=8/grupo)foram pré-tratados com
veículo (tween80 a 0,2%, v.o., 60 min antes), OE da C. argyrophyllus nas
doses de 10, 30 e 100 mg/kg (v.o., 60 min antes), ou morfina 3 mg/kg (i.p., 30
44
min antes), após o tempo foram submetidos à injeção de β0 μδ de uma solução
de glutamato (β0 μmol/pata) na pata posterior direita. Em seguida, os animais
foram observados por um período de 15 min em caixas espelhadas, iniciados
imediatamente após a injeção de glutamato, como descrito anteriormente
(BEIRITH et al., 2002). O tempo despendido pelos animais para lamber ou
morder a pata injetada foi considerado como indicativo de nocicepção.
4.8.6 Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico
Para avaliar se parte da atividade antinociceptiva apresentada pelo OE
da C. argyrophyllus envolve a inibição da via L-arginina/óxido nítrico, 24
camundongos foram pré-tratados com L-arginina (substrato para a enzima
óxido nítrico sintase; NOS; 600 mg/kg, i.p.) e, após 15 min, com OE da C.
argyrophyllus (100 mg/kg, v.o.; n=8), L-NOARG (inibidor da enzima NOS, 75
mg/kg, i.p.; n=8) ou veículo (tween80 a 0,2%, v.o., n=8) (VAZ et al., 1996;
BEIRITH et al., 1998). Decorridos 60 min do último tratamento, os animais
foram submetidos ao teste das contorções abdominais – administração de
ácido acético a 0,6% (i.p.) e quantificação das contorções abdominais durante
20 min depois de decorridos 5 min da administração do agente nociceptivo, de
acordo com Koster, Anderson e Beer (1959) e Broadbearet al. (1994). Os 3
grupos controles foram tratados somente com OE da C. argyrophyllus (100
mg/kg, v.o.; n=8), L-NOARG (75 mg/kg, i.p.; n=8) ou veículo (tween80 a 0,2%;
v.o., n=8), 60 min antes da indução da nocicepção.
4.9 Estudo da Atividade Locomotora
4.9.1Teste do campo aberto
A atividade locomotora dos animais foi investigada no campo aberto
(Insight®, Ribeirão Preto-SP) de 60 cm de diâmetro. Os camundongos foram
divididos em três grupos experimentais contendo 6 animais cada e tratados
com veículo ou OE da C. argyrophyllus (100 mg/kg; v.o.) 1 h antes e diazepam
(Compaz - Cristália®, Itapira-SP; 1,5 mg/kg; i.p.) 30 min antes de serem
colocados individualmente ao campo aberto, e após 1 minuto de ambientação,
45
foi registrada durante 4 min a frequência de locomoção dos animais, que
consistiu do ato do animal penetrar com as quatro patas em uma das divisões
da arena do campo aberto, e foi expressa como número de campos cruzados,
segundo descrição de Capaz et al. (1981).
4.10 Análise Estatística
Os resultados dos experimentos foram expressos com média ± erro
padrão da média (E.P.M.) e analisados estatisticamente utilizando-se a análise
de variância (ANOVA), e o pós-teste de Bonferroni ou Newman-Keuls, através
do programa GraphPadPrism (versão 5.0). Valores de P<0,05 foram
considerados estatisticamente significativos.
46
5 RESULTADOS
5.1 Extração e Análise Cromatográfica do OE da Croton argyrophyllusKunth
O rendimento foi de 0,76% de óleo essencial por 100 g de folhas, com
densidade de 0,93 g/mL. A tabela 1 mostra os quarenta e dois compostos do
OE da Croton argyrophyllusKunth que foram identificados por CG-MS/FID
(Figura 2), além dos índices de retenção, e percentagem de composto na
composição do óleo, listados em ordem de eluição. Observou-se que os
principais componentes do óleo foram os terpenos biciclogermacreno,
espatuleno, (E)-cariofileno, β-elemeno, β-felandreno, mirceno e óxido de
cariofileno (tabela 1).
Figura 2: Cromatograma do óleo essencial da Croton argyrophyllusKunth realizado pela técnica de CG-MS/FID.
47
Tabela 1. Composição do óleo essencial das folhas de Croton
argyrophyllusKunth.
RRI Compostos GC-MS (%) GC-FID (%) 928 α-tujeno 0,80 1,24 932 α-pineno 1,79 2,83 975 Sabineno 1,06 1,56 979 -pineno 1,39 2,17 992 Mirceno 3,42 4,81 1006 α-felandreno 0,28 0,33 1008 -3-careno 1,88 2,57 1026 p-cimeno 0,24 0,27 1032 -felandreno 4,62 5,75 1034 1,8-cineol 1,86 2,52 1049 E- -ocimeno 0,59 0,73 1061 -terpineno 0,29 0,39 1069 Hidrato de cis-sabineno 0,35 0,36 1091 Terpinoleno 0,75 0,95 1101 Linalol 0,88 0,90 1181 Terpinen-4-ol 0,74 0,75 1195 α-terpineol 0,69 0,53 1344 -elemeno 2,33 2,85 1355 α-terpinil acetato 0,37 0,35 1394 -bourboneno 0,34 0,42 1399 -elemeno 5,83 6,19 1430 (E)-cariofileno 6,78 6,79 1441 -elemeno 1,04 1,19 1452 6,9-guaiadieno 0,55 0,58 1464 α-humuleno 1,47 0,93 1472 Allo-aromadendreno 0,46 0,47 1491 Germacreno-D 0,68 0,68 1509 Biciclogermacreno 15,27 14,60 1525 Cubebol 0,38 0,32 1532 -cadineno 0,33 0,34 1554 α-calacoreno 0,36 0,20 1559 Elemol 1,99 1,37 1588 Germacrene-D-4-ol 0,28 0,18 1592 Espatulenol 10,10 8,27 1598 Cariofileno óxido 4,36 3,68 1618 Ledol 1,85 1,41 1627 Eremoligenol 2,23 1,85 1651 Allo-aromadendreno epóxido 1,79 1,46 1665 α-eudesmol 1,58 1,18 1672 cis-calamenen-10-ol 0,73 0,67 1681 trans-calamenen-10-ol 0,99 0,83 1684 14-hidroxi-9-epi-(E)-cariofileno 0,61 0,55 Total identificado 84,33 86,02 RRI: Índice de Retenção Relativo, % Percentagem do composto.
48
5.2 Avaliação da atividade antioxidante
O radical óxido nítrico gerado a partir do nitroprussiato de sódio foi
inibido pelo OE da Croton argyrophyllus Kunth em todas as concentrações
estudadas (P < 0,001, Tabela 2). O óleo essencial em estudo também preveniu
a lipoperoxidação induzida pelo FeSO4e pelo FeSO4associado a H2O2, em
todas as concentrações estudadas (P < 0,001, Tabela 2).
Tabela 2. Atividade antioxidante do OE da Croton argyrophyllusKunth frente a diversos estímulos.
Valores mostrados como média ±E.P.M. (triplicata). * P < 0,001 versus o resultado do respectivo sistema (ANOVA e pós-teste de Newman-Keuls).
5.3 Edema de Pata
Inibição (%)
Amostra (μg/mL) Atividade scavenger do
radical NO
TBARS (FeSO4)
TBARS (FeSO4 +
H2O2) OE 0,001 57,22 ± 2,65* 51,97 ± 0,66* 75,22 ± 2,61*
OE 0,01 56,35 ± 2,34* 53,51 ± 0,38* 77,65 ± 0,96*
OE 0,1 56,26 ± 3,14* 59,65 ± 0,76* 75,10 ± 1,99*
OE 1,0 51,39 ± 3,26* 60,96 ± 0,38* 78,93 ± 2,33*
OE10,0 52,09 ± 0,66* 69,96 ± 1,66* 80,72 ± 0,22*
OE100,0 52,35 ± 0,99* 70,61 ± 0,76* 83,27 ± 0,22*
Vitamina C 0,001 78,53 ± 1,20* 49,25 ± 1,26* 70,27 ± 0,92*
Vitamina C 0,01 80,82 ± 1,02* 53,92 ± 3,91* 76,11 ± 1,40*
Vitamina C 0,1 81,93 ± 0,21* 54,26 ± 5,21* 78,41 ± 0,31*
Vitamina C 1,0 82,27 ± 0,12* 60,27 ± 2,52* 78,94 ± 0,31*
Vitamina C 10,0 83,38 ± 0,55* 73,62 ± 5,36* 77,70 ± 0,53*
Vitamina C 100,0 85,87 ± 0,55* 79,30 ± 1,76* 78,05 ± 0,31*
49
Conforme demonstrado na Figura 3A, o tratamento com o OE da C.
argyrophyllus Kunth na dose de 100 mg/kg reduziu significativamente (P<0,05)
a formação do edema de pata induzido pela carragenina comparando-se com o
grupo que foi submetido somente ao pré-tratamento com veículo; efeito este
observado a partir da 3ª hora após indução. Em adição, as doses de 10, 30 e
100 mg/kg reduziram (P<0,05) a formação do edema na 3ª h. Como esperado,
a dexametasona (2 mg/kg) inibiu (P<0,05) a resposta edematogênica evocada
pela carragenina a partir da 2ª hora.
Com base nos valores da ASC0-4h, foi observado que a injeção s.pl. de
carragenina, em animais pré-tratados com veículo, aumentou (P < 0,001) a
formação do edema quando a comparação foi realizada com os animais que
receberam a injeção s.pl. de salina a 0,9% na contra-pata (Figura 3B). O pré-
tratamento dos animais comas doses de 30 e 100 mg/kg do OE da Croton
argyrophyllusKunth causou uma inibição (P < 0,05) de 32,8% e 35,1%,
respectivamente, em comparação com o grupo que recebeu pré-tratamento
com o veículo (3,9 ± 0,3 mL x h) (Figura 3B). A administração de
dexametasona (2 mg/kg) inibiu a formação do edema em 53,7% (P<0,001).
50
A
0 1 2 3 4 0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
1.5
1.8
Dexa 2 mg/kg
Veículo
10 mg/kg
30 mg/kg
100 mg/kg*
*
*
*****
***
h
* Salina
###
###
###
###
Ede
ma
(mL)
B
Figura 3:Efeito do óleo essencial no edema de pata induzido por carragenina em ratos. Os animais foram pré-tratados com veículo (tween 80 a 0,2%), dexametasona (2 mg/kg) ou OE da Croton argyrophyllusKunth(10, 30 e 100 mg/kg) 1 h antes da injeção de carragenina (1%, 100 µL, s.pl.). A pata contra lateral de cada animal recebeu a injeção de salina (100 µL, s.pl.). Painel A: As medidas foram realizadas nos tempos de 0, 1, 2, 3 e 4 h após a injeção subplantar do agente flogístico na pata traseira direita. Painel B: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunth sobre o edema da pata induzido por carragenina durante 4 h (ASC0-4h). Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, *P < 0,05, **P < 0,01 e ***P < 0,001 vs. veículo; ###P < 0,001 vs. salina. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo).
0
1
2
3
4
5
*
***
Veículo Dexametasona
C. argyrophyllus (mg/kg)
*
Salina
###
Carragenina - + + + + +10 30 100
AS
C (
mL
x h
)
51
5.4 Ensaio da atividade da mieloperoxidase nas patas de ratos
Foi observado que a injeção s.pl. de carragenina em animais pré-
tratados com veículo aumentou (P < 0,001) a atividade da mieloperoxidase
quando a comparação foi realizada com o grupo de animais que recebeu a
injeção s.pl. de salina e o pré-tratamento com veículo (8,57 ± 0,94 e 0,00 ± 0,00
UMPO/mg de tecido, respectivamente). O pré-tratamento com o OE da Croton
argyrophyllusKunth foi capaz de diminuir a atividade da mieloperoxidase de
forma significativa (P < 0,001) nas três doses investigadas (2,96 ± 0,87, 0,70 ±
0,14 e 0,46 ± 0,05 UMPO/mg de tecido para 10, 30 e 100 mg/kg,
respectivamente) em comparação ao grupo de animais pré-tratados com o
veículo (Figura 4). O tecido da pata dos animais que receberam dexametasona
(2 mg/kg) no pré-tratamento mostrou uma baixa atividade da enzima (0,38 ±
0,06 UMPO/mg de tecido), logo, uma baixa migração de neutrófilos para a pata
(P < 0,001) quando comparado ao grupo de animais pré-tratados com o veículo
(Figura 4).
Figura 4: Ensaio da atividade da enzima mieloperoxidase em patas de ratos. Grupos de ratos foram pré-tratados com veículo (tween 80 a 0,2%), dexametasona (2 mg/kg) ou OE da Croton argyrophyllusKunth(10, 30 e 100 mg/kg), 1 h antes da injeção de carragenina (1%, 100 µL, s.pl.). Após 4 h, o tecido da pata foi coletado, preparado o homogenato e analisado em leitor de placas a 460 nm. Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, *P < 0,001, em relação ao grupo veículo; ###P
0
20
40
60
80
100
120
###
**
* *
VeículoSalina
C. argyrophyllus (mg/kg)
10 30 100 Dexametasona
UM
PO
/mg
tec
ido
52
< 0,001 vs. salina. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo).
5.5 Peritonite e contagens total e diferencial de leucócitos do lavado peritoneal
A injeção de carragenina (1%, 250 µL, i.p.) nos animais previamente
tratados com veículo induziu migração de leucócitos para a cavidade
peritoneal. As doses de 10, 30 e 100 mg/kg do OE da Croton
argyrophyllusKunth inibiram 47,9%, 42,8% e 56,3%, respectivamente (P <
0,001) esta resposta (Figura 5). O anti-inflamatório esteroidal dexametasona (2
mg/kg, controle padrão) reduziu a migração em 42,8% (P < 0,001) (Figura 5).
As doses de 10, 30 e 100 mg/kg do OE da Croton argyrophyllusKunth
provocaram diminuição significativa (P < 0,001) na contagem diferencial de
polimorfonucleares do lavado peritoneal (58,6%, 62,5% e 70,5%,
respectivamente; Figura 5), com predominância de neutrófilos, apresentando o
mesmo perfil da dexametasona (2 mg/kg, inibição de 58,6%, P < 0,001),
quando comparado ao grupo de animais pré-tratados com veículo (Figura 5).
Figura 5: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunthsobre a migração de leucócitos induzida pela carragenina para a cavidade peritoneal em camundongos após 4 h. Grupos de camundongos foram pré-tratados com veículo (tween 80 a 0,2%), dexametasona (2 mg/kg) ou OE da Croton argyrophyllusKunth (10, 30 e 100 mg/kg), 1 h antes da injeção de carragenina (1%, 0,25 mL/cavidade). A contagem de células foi realizada 4 h após a injeção de carragenina. Contagens total e diferencial de leucócitos. Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas,
0
5
10
15
Veículo Dexametasona
C. argyrophyllus (mg/kg)
10 30 100
***
***
***
***
***
***
***
***
Leucócitos totais
Polimorfonucleares
Mononucleares
Leu
cóci
tos
x 10
6 /mL
53
***P < 0,001, em relação ao respectivo grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo). 5.6 Concentração de NOx
- no lavado peritoneal
O lavado coletado na peritonite foi utilizado para a determinação de
metabólitos do NO (NOx-), onde se observou que o pré-tratamento com o OE
da Croton argyrophyllus Kunth (Figura 6) na dose de 100 mg/kg reduziu
significativamente (3,99 ± 0,48 µM, P< 0,01) a concentração de NOx- no lavado
peritoneal em comparação com os animais tratados apenas com o veículo
(7,86 ± 0,94 µM). O tratamento com dexametasona também foi hábil em reduzir
a concentração de NOx- (3,09 ± 0,73 µM,P< 0.01).
Figura 6: Efeito do OE da Croton argyrophyllusKunth 6 h após a indução da peritonite na concentração de nitrato e nitrito (NOx
-) no lavado peritoneal. Os camundongos foram pré-tratados com veículo (Tween 80 a 0,2% em salina) ou OE (100 mg/kg) 1 h antes da indução da peritonite. A concentração de NOx
- no lavado peritoneal, 6 h após a indução da peritonite, é mostrada com média ± EPM Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, **P < 0,01, em relação ao grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo). 5.7Contorções Abdominais
As doses de 10, 30 e 100 mg/kg do OE da Croton argyrophyllusKunth
reduziram de forma dose-dependente (P < 0,05) em 30,8%, 51,2% e 72,7%,
respectivamente, as contorções induzidas pelo ácido acético em camundongos
(Figura 7). O AAS na dose de 300 mg/kg também inibiu as contorções
0
2
4
6
8
10
****
Veículo C. argyrophyllus 100 mg/kg
Dexa
NO
x- (
mo
l/L
)
54
abdominais induzidas pelo ácido acético de forma significativa (P < 0,001) em
81,2% (Figura 7).
Figura 7: Contorções abdominais induzidas por ácido acético.Grupos de camundongos foram pré-tratadoscom veículo (tween 80 a 0,2%), AAS (300 mg/kg) ou OE da Croton argyrophyllusKunth (10, 30 e 100 mg/kg), 1 h antes da injeção de ácido acético 0,6% (0,1 mL/10 g de peso). O número das contorções abdominais foi observado por um período de 20 min, iniciando 5 min após a administração do ácido acético. Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, *P < 0,05 e ***P < 0,001 em relação ao grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo).
5.8 Teste da Formalina
A injeção intraplantar de solução de formalina produz um
comportamento nociceptivo tanto na primeira quanto na segunda fase (72,5 ±
2,8 e 103,0 ± 2,2 s, respectivamente; Figura 8). O OE da Croton argyrophyllus
Kunth inibiu (P < 0,001) o comportamento nociceptivo na 1ª. fase(neurogênica)
com a dose de 100 mg/kg (31,7%; P<0,001), e inibiu a 2ª. fase (inflamatória) do
teste de formalina com as doses de 30 e 100 mg/kg (51,0% e 94,6%; P <
0,001), em comparação ao grupo de animais pré-tratados com o veículo
(Figura 8). Conforme esperada ação farmacológica, a morfina (3 mg/kg) inibiu
ambas as fases do teste (P < 0,001) e o AAS (300 mg/kg) inibiu apenas a
segunda fase (P < 0,001) (Figura 8).
0
10
20
30
40
Veículo 10 30 100
Croton argyrophyllus (mg/kg)
AAS 300 mg/kg
*
***
*** ***
Nú
mer
o d
e co
nto
rçõ
es a
bd
om
inai
s
55
0
30
60
90
120
3010Veículo
C. argyrophyllus OE (mg/kg)
100 AAS
*
Morfina
Primeira fase
Segunda fase
*
*
*
**
La
mb
end
o/m
ord
end
o t
emp
o (
s)
Figura 8: Efeito do OE da Croton argyrophyllus Kunthno teste da formalina. Grupos de camundongos foram pré-tratados com o veículo (tween 80 a 0,2%), AAS (300 mg/kg), morfina (3 mg/kg) ou OE da Croton argyrophyllusKunth(10, γ0 e 100 mg/kg). Posteriormente, foi administrado formalina a β% (β0 μδ, s.pl.) na pata posterior direita. O tempo que o animal passou lambendo e/ou mordendo sua pata foi cronometrado em dois períodos: durante a primeira fase (0-5 min após a injeção de formalina), e durante a segunda fase (15-30 min após a injeção de formalina). Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, *P < 0,001 em relação ao respectivo grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo). 5.9 Teste da Placa Quente
A dose de 100 mg/kg do OE da Croton argyrophyllusKunth aumentou
(P < 0,05) o tempo de latência, em s, dos camundongos na placa quente nos
tempos 30, 60, 90, 120 e 150 min após o primeiro estímulo térmico quando
comparada com o grupo que recebeu a administração do veículo (tween 80 a
0,2%), conforme mostrado na tabela 3. O grupo que recebeu morfina (3 mg/kg),
um analgésico opióide, apresentou elevado tempo de latência (P < 0,05). Para
avaliação do envolvimento dos receptores opióides na ação antinociceptiva do
OE da Croton argyrophyllus, foi administrada naloxona (5 mg/kg).O pré-
tratamento dos animais com naloxona foi capaz de reverter o efeito
56
antinociceptivo induzido pelo OE (100 mg/kg), bem como àquele induzido pela
morfina (3 mg/kg) (Tabela 3).
Tabela 3: Efeito antinociceptivo do OE da Croton argyrophyllusKunth no teste da placa quente em camundongos.
Tempo de reação após estímulo (s)
Tratamento Dose
(mg/kg)
30 min 60 min 90 min 120 min 150 min
Veículo -- 7,0±0,9 10,3±0,7 9,7±1,1 9,5±1,3 10,8±1,4
OE 10 8,0±0,5 8,2±1,3 8,8±1,1 8,0.±1,1 10,0±1,1
30 72±0,7 10,0±0,7 9,5±1,2 8,8±1,4 10,3±1,6
100 12,9±0,5a 14,8±1,4a 16,0±0,9a 14,3±0,7a 17,2±1,3a
Morfina 3 30,0±0,0a 30,0±0,0a 29,2±0,8a 28,2±0,9a 30,0±0,0a
Naloxona + Morfina 5 + 3 7,6±0,9b 9,6±0,8b 9,2±0,9b 11,2±1,0b 9,8±1,0b
Naloxona + OE 5 + 100 9,7±0,6c 9,5±1,1c 9,8±0,6c 9,5±1,5c 9,7±1,7c
P< 0,05 vs. aveículo, bmorfina, e cOE (100 mg/kg) (n=6/grupo).
5.10 Teste da nocicepção induzida por capsaicina
A capsaicina, após ser administrada estimula a liberação de glutamato e
de neuropeptídios de neurônios periféricos e centrais. Pode-se observar na
figura 9 que a administração do óleo essencial da Croton argyrophyllusKunth,
nas doses de 30 e 100 mg/kg, reduziu (41,7% e 57,9%, respectivamente, P <
0,001) o tempo de lambida/mordida após injeção intraplantar de capsaicina
(Figura 9). Conforme esperada ação farmacológica, a morfina (3 mg/kg)
diminuiu o tempo de lambida/mordida observado nos animais (59,2%, P <
0,001; Figura 9).
57
Figura 9: Teste da nocicepção induzida por capsaicina.Grupos de camundongos foram pré-tratados com veículo (tween 80 a 0,2%, 60 min antes), morfina (3 mg/kg, 30 min antes) ou OE da Croton argyrophyllusKunth (10, 30 e 100 mg/kg, 60 min antes), O tempo que o animal passou lambendo e/ou mordendo sua pata foi cronometrado nos primeiros 5 min após a injeção da capsaicina(1,6 µg/pata). Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, ***P < 0,001 em relação ao grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=8 animais/grupo).
5.11 Teste da nocicepção induzida por glutamato
A figura 11 mostra que os animais tratados com as doses de 30 e 100
mg/kg do óleo da Croton argyrophyllus Kunthapresentaram uma redução no
tempo de lambida/mordida induzida por glutamato de maneira dose-
dependente (38,9% e 51,1%, respectivamente, P<0,001, Figura 10). A morfina
(3 mg/kg) também inibiu (76,1%, P<0,001) a nocicepção induzida por glutamato
(Figura 10).
0
20
40
60
Veículo MorfinaOE C. argyrophyllus (mg/kg)
10 30 100
*** ******
Tem
po d
e la
mbi
da/m
ordi
da (
s)
58
Figura 10: Teste da nocicepção induzida por glutamato.Grupos de camundongos foram pré-tratados com veículo (tween 80 a 0,2%, 60 min antes), Morfina (3 mg/kg, 30 min antes) ou OE da Croton argyrophyllusKunth (10, 30 e 100 mg/kg, 60 min antes).O tempo que o animal passou lambendo e/ou mordendo sua pata foi cronometrado nos primeiros 15 min após a injeção do glutamato (20 µmol/pata). Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, ***P < 0,001 em relação ao grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=8 animais/grupo).
5.12 Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico
O pré-tratamento sistêmico dos camundongos com o precursor de NO, L-
arginina (600 mg/kg, i.p.), administrado 15 min antes, reverteu
significativamente a antinocicepção causada pelo L-NOARG (75 mg/kg, i.p., um
inibidor da NO sintase), mas não a antinocicepção induzida pelo OE (100
mg/kg), no teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético (Figura
11).
10 30 100
0
20
40
60
Veículo Morfina
C. argyrophyllus (mg/kg)
***
***
***
Tem
po
de
lam
bid
a/m
ord
ida
(s)
59
Figura 11: Participação do sistema L-arginina/óxido nítrico. Grupos de camundongos foram pré-tratados com L-arginina (600 mg/kg, i.p.) 15 min antes do tratamento com o OE da Croton argyrophyllusKunth (100 mg/kg, v.o.), L-NOARG (75 mg/kg, i.p.) ou veículo. O número das contorções abdominais foi observado, 1 h após os tratamentos, por um período de 20 min, iniciando 5 min após a administração do ácido acético. Cada valor representa a média ± E.P.M. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas,*P<0,05, **P<0,01 e ***P < 0,001 em relação ao grupo veículo; ##P<0,01 em relação ao L-NOARG. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=8 animais/grupo).
5.13 Teste do campo aberto
O OE na dose de 100 mg/kg não afetou a atividade locomotora dos
camundongos submetidos ao teste do campo aberto, quando comparado com
os animais que receberam veículo. Como esperado, a injeção de diazepam
(1,5 mg/kg) reduziu o número de vezes que o animal cruzou o campo após o
tratamento (P < 0,001, Figura 12).
0
10
20
30
***
***
VeículoL-Arginina (600 mg/kg)
L-NOARG (75 mg/kg)C. argyrophyllus (100 mg/kg)
+ -
- + -
+ -
- +
- - -
--
- - -
+
+ -
-
+
+
##
+
Nº
con
torç
ões
ab
do
min
ais
60
Figura 12: Efeito do óleo essencial da Croton argyrophyllusKunth no teste de campo aberto em camundongos. Os animais foram tratados com veículo (Tween 80 a 0,2% em salina, 1 h antes), OE da Croton argyrophyllus (100 mg/kg, 1 h antes) ou diazepam (1,5 mg/kg, 30 min antes). Foi avaliado o número de cruzamentos em 4 min, após 1 min de ambientação. Os asteriscos denotam diferenças estatísticas, ***P < 0,001 em relação ao grupo veículo. ANOVA seguida pelo teste de Bonferroni (n=6 animais/grupo).
5.14 Sumário dos resultados obtidos com os tratamentos
A tabela 4 mostra o resumo dos dados obtidos com os tratamentos com
o OE de Croton argyrophyllusKunth na investigação das atividades anti-
inflamatória e antinociceptiva.
0
20
40
60
80
***
Veículo C. argyrophyllus 100 mg/kg
Diazepam
Fre
qu
ênci
a d
e lo
com
oçã
o
61
Tabela 4: Resumo dos efeitos do OE da Croton argyrophyllusKunth sobre a inflamação, nocicepção e antioxidante.
Parâmetro avaliado Croton argyrophyllus (mg/kg)
10 30 100
Edema de pata A ↓ ↓
Atividade de MPO na pata ↓ ↓ ↓
Contagem total de leucócitos - Peritonite ↓ ↓ ↓
Contagem diferencial (PMN) - Peritonite ↓ ↓ ↓
Contagem diferencial (MN) - Peritonite A A A
Determinação de metabólitos do NOx- ↓
Contorções abdominais (ácido acético) ↓ ↓ ↓
Formalina 1ª fase A A ↓
Formalina 2ª fase A ↓ ↓
Placa quente (tempo de latência) A A ↑
Capsaicina A ↓ ↓
Glutamato A ↓ ↓
Sistema L-arginina/NO (L-NOARG) A
Campo aberto A
Parâmetro avaliado Croton argyrophyllus (mg/kg)
0-100 (μg/mL)
Peroxidação lipídica ↓
Atividade scavenger NO ↓
A = Ausência de alteração na resposta. ↓ Diminuição da resposta. ↑ Aumento da resposta.
62
6 DISCUSSÃO
O uso popular da Croton argyrophyllusKunth para o tratamento de
diversas condições inflamatórias (ALBUQUERQUE et al., 2007), associado a
efeitos prévios em animais de experimentação (CRUZ, 2002), direcionou o
desenvolvimento do presente estudo que envolveu diversos modelos
experimentais para avaliar o efeito protetor sobre os parâmetros inflamatórios,
nociceptivos e radicalares induzidos por diferentes agentes. Em adição,
também é considerado de grande interesse o conhecimento acerca dos
componentes do óleo essencial extraído desta planta. A presença de terpenos
nos óleos essenciais (ADAMS, 2007) foi fator decisivo para o desenvolvimento
de um método cromatográfico que fosse capaz de permitir a elucidação dos
componentes deste óleo.
O presente estudo descreve pela primeira vez a análise cromatográfica
do OE da C. argyrophyllusKunth onde se observa a presença de quarenta e
dois compostos com destaque para o biciclogermacreno, espatuleno, (E)-
cariofileno, β-elemeno, β-felandreno, mirceno e óxido de cariofileno, além de
diversos outros terpenos com reconhecidas atividades anti-inflamatória,
antinociceptiva e antioxidante, pelo uso da técnica de cromatografia gasosa
associada ao espectrômetro de massa com detector de ionização de chama,
que se apresenta como o método mais completo disponível para este tipo de
análise (ADAM, 2007). Assim, o conhecimento dos componentes no óleo
essencial da C. argyrophyllusKunth tem sua importância por auxiliar na
validação do uso popular desta planta e na elucidação dos seus mecanismos
de ação como anti-inflamatório, antinociceptivo e antioxidante.
Os modelos comumente utilizados como ferramenta farmacológica para
avaliar o processo inflamatório são úteis na validação do uso de substâncias
utilizadas pela população no seu dia-a-dia.
O edema de pata induzido pela carragenina é um modelo clássico de
screening de compostos anti-inflamatórios, para investigar a fisiopatologia da
inflamação aguda local e avaliar o efeito antiedematogênico de diversas
substâncias (CICALA et al., 2007), entre elas, produtos naturais, exibindo um
63
alto grau de reprodutibilidade. Em ratos, a resposta inflamatória induzida pela
carragenina é caracterizada por uma resposta bifásica acompanhada de
marcante formação de edema, resultante de uma rápida produção de vários
mediadores inflamatórios, tais como histamina, 5-HT e bradicinina (primeira
fase), que é sustentada pela liberação de PG e NO (segunda fase), com pico
na terceira hora, produzidos pelas isoformas induzíveis da COX (COX-2) e
óxido nítrico sintase (iNOS), respectivamente (SEIBERT et al., 1994; BUCCI et
al., 2005).
O resultado apresentado neste trabalho mostra que a injeção intraplantar
de carragenina na pata de ratos ocasionou a formação tempo-dependente de
um edema em 4 h e que o OE da C. argyrophyllusKunthreduziu
significativamente a formação do edema nas doses de 10, 30 e 100mg/kg, na
terceira hora, e na dose de 100 mg/kg na quarta hora. Sugere-se então que
osmediadores da inflamação envolvidos neste mecanismo são as PG e o NO
pordiminuir a formação do edema entre a 3ª e 4ª h. O biciclogermacreno e o
espatuleno já possuem sua atividade anti-inflamatória descrita (AMORIM et al.,
2009; CHAVAN et al., 2010), o que pode explicar, em parte, os efeitos
observados.
Após a lesão tecidual, ocorrem migração e ativação dos leucócitos
polimorfonucleares(PMN), principalmente de neutrófilos possuidores de
grânulos azurofílicos que contêm aenzima MPO, a qual é capaz de modular a
resposta inflamatória devido às substânciasoxidantes resultantes da reação
com o peróxido de hidrogênio e cloreto existentes no meio(KLEBANOFF,
2005). Em todas as doses estudadas, o OE da C. argyrophyllus foi hábil em
inibir a migração celular para o foco inflamatório induzido pela injeção de
carragenina na pata dos animais.
A inflamação induzida pela carragenina envolve migração celular,
exsudação deplasma e produção de mediadores, como NO, PGE2, IL-1 , Iδ-6 e
TNF-α (δORAε et al., β007). Pode-se sugerir que todas as doses estudadas
(10, 30 e 100 mg/kg) do OE, assim como o anti-inflamatório dexametasona na
dose estabelecida de 2mg/kg, reduziram a formação de alguns desses
mediadores no modelo de peritonite induzida por carragenina, inibindo assim a
inflamação no peritônio dos camundongos. Os estudosrealizados por
64
Albuquerque et al. (2007) mostraram que as COX, o NO e as
citocinas,principalmente o TNF-α, estão envolvidos no processo inflamatório
provocado porcarragenina no peritônio. A peritonite é uma condição
inflamatória frequente com alta taxa demorbimortalidade e de etiologia
infecciosa bastante ampla incluindo bactérias, fungos eparasitas
(KOLACZKOWSKA; ARNOLD; OPDENNAKER, 2008).
O recrutamento ocorre quando a célula se adere ao endotélio
inflamadoligando-se às integrinas e liberando substâncias quimiotáticas. A
infiltração dos PMN éregulada pelas moléculas de adesão, citocinas e
componentes da matriz extracelular do vaso edo tecido adjacente (KASUGA et
al., 2010). A redução no número de PMN na cavidade peritoneal daqueles
animais que receberam a injeção de carragenina e as doses de 10, 30 e 100
mg/kgdo OE da C. argyrophyllusKunth corrobora o resultado de diminuição da
atividade da MPOmensurada no modelo de edema de pata.
Uma espécie química altamente reativa que tem importante papel nos
processos inflamatórios é o NO, que foi quantificado indiretamente através das
concentrações de seus metabólitos nitrato e nitrito no filtrado do lavado
peritoneal coletado 4 h após a indução da peritonite por carragenina. A
peritonite levou a um aumento dos níveis de NOx- no exsudato inflamatório
presente no peritônio, sendo que o pré-tratamento com a dose de 100 mg/kg
do OE da C. argyrophyllus impediu a elevação dos níveis deste metabólito. O
aumento dos níveis de NOx- no foco inflamatório está associado com a
gravidade do processo, sendo que este aumento deve-se principalmente, à
indução da produção de NO via iNOS(AKTAN, 2004). A atividade anti-
inflamatória observada para o OE C. argyrophyllus observada nos modelos
acima citados indica um potencial deste óleo essencial como fonte de
substâncias para o tratamento de diversas condições inflamatórias.
O efeito antinociceptivo do OE da C. argyrophyllus foi avaliado
utilizando-se diversos modelos de nocicepção, entre os quais se destacam os
modelos das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, teste da
placa quente e teste da formalina. O teste das contorções abdominais
induzidas pelo ácidoacético investiga atividade periférica, enquanto o teste da
formalina investiga atividades central eperiférica (QUEIROZ et al., 2010). Este
65
último modelo é constituído de duas fases: a primeirafase, transitória, é
causada pelo efeito direto da formalina nas fibras C sensoriais, e a
segundafase, prolongada, está associada com o desenvolvimento da resposta
inflamatória e com aliberação de mediadores nociceptivos (HUNSKAAR;
HOLE, 1987). A injeção s.pl. de formalina foi descrita por Omoteet al.
(2001)como indutora de produção e liberação de NO que é sugerido como
sendo o componenteessencial da resposta pró-inflamatória/nociceptiva por
estimular a produção e liberação de citocinas, EROs e prostanóides.
Foi reportado por Du et al. (2007) que a SP e a bradicinina participam na
resposta daprimeira fase, e a histamina, a 5-HT, a PG e a bradicinina na
resposta da segunda fase no testeda formalina, onde drogas de ação central,
como os narcóticos, inibem ambas as fasesigualmente, enquanto que drogas
anti-inflamatórias inibem apenas a segunda fase, ações estas que foram
reproduzidas neste estudo com os controlespadrões utilizados.
Nestas condições de estudo, o OE da C. argyrophyllus apresentou
atividade antinociceptiva periférica nas doses de 10, 30 e 100 mg/kg no teste
das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, o qual, apesar de
possuir baixa especificidade, possui boa sensibilidade, funcionando como um
modelo de screening para avaliar a atividade antinociceptiva de diversas
substâncias (ARCHANA et al., 2005). O teste das contorções abdominais, além
de ser um modelo de dor visceral, mostra-se útil para avaliar a ação
antinociceptiva, pois já foi reportado que a atividade nociceptiva do ácido
acético se deve ao fato de que o mesmo leva à liberação de citocinas como o
TNF-α, IL-1 e IL-8 pela modulação de macrófagos e mastócitos teciduais
residentes no peritônio (DU et al., 2007).
Já no teste da nocicepção induzida por formalina, o OE da C.
argyrophyllus inibiu o tempo de mordida/lambida nas primeira e segunda fases
do experimento, a fase neurogênica na dose de 100 mg/kg, e a fase
inflamatória nas doses de 30 e 100 mg/kg, dado este que, de certo modo,
confirma a ação anti-inflamatória da C. argyrophyllus pois a segunda fase do
teste da formalina é caracterizada pela liberação de histamina, bradicinina, 5-
HT e PG no sítio onde foi injetada a formalina.
66
A fim de avaliar a ação central do OE da C. argyrophyllusfoi utilizado o
teste da placaquente, considerado sensível a fármacos que atuam modulando
a resposta dolorosa em nívelespinhal e supra espinhal (SILVA et al., 2006). Os
resultados sugeremque o óleo da planta em estudo promove efeito analgésico
central, como evidenciado pelo tempo de respostaprolongado dos
camundongos quando sujeitos ao estímulo nociceptivo (calor). Foi
observadoque apenas a dose de 100 mg/kg foi capaz de aumentar o tempo de
latência dosanimais na placa quente. Este resultado corrobora o efeito
antinociceptivo observado com este óleo na 1ª. fase do teste de formalina. Para
demonstrar o envolvimento do sistema opióide na atividade central do OE da C.
argyrophyllus, observou-se em um grupo de animais que recebeu a dose de
100 mg/kg do OE e em outro que recebeu naloxona(5 mg/kg), antagonista de
receptores opióides, a reversão da ação antinociceptiva da mesmadose da
planta administrada isoladamente até os níveis daqueles que receberam
apenas oveículo.
A fim de se avaliar por quais possíveis vias o OE da C. argyrophyllus
estaria produzindo um efeito antinociceptivo foram realizados os testes da
nocicepção induzida por capsaicina e por glutamato e a avaliação da
participação do sistema L-arginina-óxido nítrico.
A nocicepção plantar induzida por capsaicina foi primeiramente
demonstrada por Sakuradaet al. (1992), que observaram a vigorosa
nocicepção causada pela administração intraplantar de capsaicina em
camundongos, sendo esta caracterizada por lambidas e mordidas. Este efeito é
relacionado com a nocicepção de origem neurogênica, pois a capsaicina, uma
neurotoxina extraída da pimenta vermelha do gênero Capsicum, estimula o
receptor TRPV1 localizado nas fibras C e quando aplicada em contato com a
pele causa irritação caracterizada por reação dolorosa e subsequente
dessensibilização para a nocicepção quimicamente induzida (MELO et al.,
2006). A administração prévia do OE da C. argyrophyllus, nas doses de 30 e
100 mg/kg, apresentou um menor tempo de lambida/mordida da pata após a
injeção intraplantar de capsaicina, sugerindo um envolvimento deste óleo
essencial na inibição dos receptores TRPV1.
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O glutamato é um importante aminoácido excitatório bastante difundido
no sistema nervoso central onde participa de grande número de fenômenos
fisiológicos e patológicos (CODERRE, 1993). A resposta nociceptiva causada
pelo glutamato envolve sítios de ação periférico, espinhal e supraespinhal com
os receptores glutamatérgicos (NEUGEBAUER, 2001). É capaz de estimular os
receptores metabotrópicos acoplados à proteína G e estão envolvidos na
transmissão aferente primária da nocicepção, sendo liberado no local de
injeção, no caso deste trabalho, na pata e posteriormente na medula, causando
o estímulo (FERREIRA; SANTOS; CALIXTO, 1999; BEIRITH; SANTOS;
CALIXTO, 2002), além de não provocar o aparecimento de edema no local da
aplicação (FIORENTINO; CAIRNS; HU, 1999). A administração das doses de
30 e 100 mg/kg do OE da C. argyrophyllus fez com que o tempo de
lambida/mordida da pata que recebeu injeção de glutamato diminuísse,
mostrando que o mecanismo de inibição da transmissão do glutamato está
presente no teste com o óleo essencial.
O envolvimento da via L-arginina/NO foi analisado com o pré-tratamento
dos animais com o precursor de óxido nítrico, L-arginina, o qual não se mostrou
significativamente diferente do grupo controle (veículo), mas capaz de reverter
a atividade antinociceptiva exibida pelo inibidor de NO sintase, L-NOARG.
Conforme resultado esperado (KHALID et al., 2011) observamos reversão
quando a L-arginina foi administrada conjuntamente com L-NOARG; resultado
este comparado com aquele cujos animais receberam somente L-arginina.
Porém, o mesmo não aconteceu quando se administrou L-arginina com o OE, o
que nos mostra que o sistema L-arginina/NO não está envolvido no mecanismo
antinociceptivo do OE de C. argyrophyllus.
Estudos mostram que os inibidores da NO sintase reduzem a
nocicepção causada pelo ácido acético (LARSON et al., 2000; MEOTTI et al.,
2006) e nossos achados são coerentes com estudos prévios de Chien et al.
(2008) e Perimal et al. (2011) que reportam terpenos, como geraniol e mentol
agindo como potentes inibidores de NO.
Estudos sugerem que a depressão do SNC e o efeito relaxante muscular
nãoespecíficopodem reduzir a resposta de coordenação motora a qual pode
invalidar osresultados do teste de nocicepção (LE BARS, 2001). Para tanto, foi
68
realizado o teste do campo aberto a fim de se verificar a presença ou não de
alterações na frequência de locomoção dos animais expostos ao tratamento
com o OE da C. argyrophyllus, verificando-se que a dose de 100 mg/kg, a
maior dose administrada, não foi capaz de alterar a frequência de locomoção
dos animais no campo aberto, diferente dos animais tratados com diazepam.
Deste modo, a atividade antinociceptiva do OE da C. argyrophyllus pode ser
destacada, pois houve a redução, em vários modelos de nocicepção da
hiperalgesia nos animais, evidenciada pela ausência de comportamentos pré-
determinados.
A avaliação do potencial antioxidante dá base e norteia as atividades
anti-inflamatória e antinociceptiva dos produtos naturais. O óxido nítrico
configura-se como um importante modulador em vários tipos de processo
inflamatório (SHUKLA et al., 2009), além de exercer papel fisiológico como
vasodilatador (MOLLACE et al., 2005; SALVEMINI; DOYLE; CUZZOCREA,
2006). No presente estudo, o OE da C. argyrophyllus, investigado
anteriormente como inibidor da produção de NO, mostrou atividade scavenger
em todas as concentrações analisadas (0,001 a 100 μg/mδ), o que pode
representar um importante papel norteador na inibição da inflamação.
A peroxidação lipídica é uma cascata de eventos bioquímicos resultando
na ação de radicais livres nos lipídeos insaturados da membrana celular,
produzido principalmente por radicais alquil, peroxil e alcoxil. Este processo
pode conduzir à destruição da estrutura da membrana, falha do mecanismo de
troca de metabólitos e, em casos extremos, morte celular (SRINIVASAN et al.,
2007). Isto consiste na incorporação de oxigênio molecular ao ácido graxo poli-
insaturado para produzir um lipídio hidroperoxidado como produto primário
inicial (PORTER; CALDWELL; MILLS, 1995). O OE foi capaz de prevenir a
peroxidação lipídica provocada tanto pelo FeSO4 quanto pelo FeSO4 incubado
com H2O2 em todas as concentrações analisadas.
69
7 CONCLUSÃO
O óleo essencial extraído das folhas da Croton argyrophyllus apresentou
diversos monoterpenos de importância biológica em sua composição, além de
atividades anti-inflamatória, antinociceptiva e antioxidante, atuando nas vias
opióide, glutamatérgica e da capsaicina, sem, contudo, apresentar atividade na
via da L-arginina/óxido-nítrico. Sendo assim necessários novos estudos e
outras abordagens para que seus compostos ou associações destes produtos
possam contribuir na clínica.
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ANEXOS