Análise farmacoeconômica do tratamento do câncer colorretal ...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · CAPITULO 1 - O Papel das Acridinas no...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
TESE DE DOUTORADO
SÍNTESE E AVALIAÇÃO IN VITRO DE NOVOS DERIVADOS
ISOQUINOLÍNICOS, QUINAZOLÍNICOS, PIRIMIDÍNICOS E PIRIDÍNICOS
ACRIDÍNICOS.
Ricardo Olimpio de Moura.
Recife – 2009
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RICARDO OLIMPIO DE MOURA
Síntese e Avaliação Antitumoral in vitro de Novos Derivados Isoquinolínicos
Quinazolínicos, Pirimidínicos e Piridínicos Acridínicos.
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas para obtenção do Título de Doutor
em Ciências Biológicas, com Área de
Concentração em Farmacologia, Fisiologia e
Química Medicinal.
Orientador: Professor Doutor Ivan da Rocha
Pitta
RECIFE – 2009
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UNIVERSIDADE FEDEAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
REITOR:
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoas Lins
VICE-REITOR:
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO:
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS:
Profa. Dra. Ângela Maria Isidro de Farias
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS:
Profa. Dra. Silvia Regina Arruda de Moraes
COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS:
Profa. Dra. Maria Tereza dos Santos Correia.
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“Sinto que já cheguei quase à liberdade. A ponto de não precisar mais
escrever. Se eu pudesse, deixava meu lugar nesta pagina em branco:
cheio do maior silencio. E cada um que olhasse o espaço em branco, o
encheria com seus próprios desejos”.
Clarice Lispector.
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DEDICATORIA
A Deus por cada dia que já me foi dado nesta vida e que se fosse possível, de cada
um deles, não mudaria uma virgula.
A minha Mãe Maria Madalena da Silva, pelo seu amor incondicional, sem ele eu não
teria chegado ate onde estou. Ao meu Pai José Olimpio de Moura, por ter sempre
acreditado em mim.
Aos meus irmãos Josemi Olimpio de Moura e Guilherme Olimpio de Moura, por tudo
que eles representam para minha vida.
A todas as pessoas que passaram em minha vida, sei que cada uma delas
contribuíram com o que foi permitido para o meu crescimento.
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AGRADECIMENTOS
A meu Orientador Prof. Dr. Ivan da Rocha Pitta do Laboratório de Planejamento e
Síntese de Fármacos LPSF/UFPE – pela orientação e incentivo, além das
oportunidades que me foram dadas para o desenvolvimento desse trabalho.
Ao Prof. Dr. Jean Jacques Bourguignon da Faculté de Pharmacie da Université Louis
Pasteur/França por todo incentivo e ajuda e principalmente por ter abertos as portas
de seu Laboratório, para que fosse possível o desenvolvimento desse trabalho.
A Profa. Dra. Martine Schmitt da Faculté de Pharmacie da Université Louis
Pasteur/França por todo aprendizado, apoio incentivo e ajuda, além de toda
paciência que teve comigo ao desenvolver desse trabalho, principalmente nas
dificuldades de adaptação.
A Profa. Dra. Maria do Carmo Alves de Lima do Laboratório de Planejamento e
Síntese de Fármacos – LPSF/UFPE, por seu apoio, incentivo e principalmente por
ter sempre acreditado em mim.
Ao Prof. Dr. Manuel Odorico de Moraes do Laboratório de Oncologia Experimental
da Universidade Federal do Ceara, por realizar os testes de citotoxicidade in vitro.
Ao Prof. Dr. Francisco Jaime Bezerra Mendonça Junior do Departamento de
Bioquímica da Universidade Estadual da Paraíba, pelo apoio e incentivo.
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A Profa. Dra. Teresinha Gonçalves da Silva, do Laboratório de Bioensaios para
Pesquisa de Fármacos da Universidade Federal de Pernambuco pelo apoio e
incentivo.
A Adenilda Eugênia de Lima, secretaria da Pós-Graduação em Ciências Biológicas
pelo apoio, incentivo e dedicação.
Aos meus amigos e companheiros de jornada de laboratório tanto no Brasil quanto
na França, sei que sem eles, peças fundamentais nesse trabalho, a caminhada teria
sido muito mais árdua e sem animo.
Aos meus amigos da pós-graduação Diana Malta; Aracelly França, Juliana Cruz,
Juliana Kelle Lemoine, Cleiton Diniz, ,Anekécia Lauro, Fabiana Oliveira dos Santos
Gomes, Arthur Felipe dos Santos Barbosa, Andrea Cristina Apolinário da Silva, Luiz
Carlos Apolinário da Silva, as minhas queridas amigas e companheiras de Mestrado
e Doutorado Micheline Miranda da Silva e Manuela dos Santos Carvalho.
Em especial gostaria de agradecer a dois companheiros de trabalho, sei que muito
aprendi com eles e não mediram esforços para me ajudar, Willams Leal e Antonio
Sergio, que sem a ajuda deles o trabalho teria sido muito mais difícil.
As minhas duas grandes amigas e companheiras de longa data Diana Jussara do
Nascimento Malta e Maria Patrícia Albuquerque de Farias, pela caminhada iniciada
na Graduação, nos momentos difíceis de nossas vidas e principalmente em saber
que parte desse trabalho, devo também ao esforço dedicado a mim dessas duas
almas companheiras.
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Aos meus grandes amigos cariocas, Arthur Eugen Kummerle, Alexandra Basílio e
Fernando, pela amizade iniciada na França e que dura ate hoje no nosso pais, pelo
apoio incentivo e companheirismo nos nossos momentos de trabalho e de laser
passados juntos, onde passamos a ser uma família.
A Ana Carolina Monteiro Santiago, pessoa essa tão importante na minha vida, por
toda credibilidade que me foi dada e principalmente por ter dedicado uma parte de
sua vida a minha, isso nunca será esquecido.
A toda minha família, pelo amor, carinho e compreensão, principalmente pelo apoio
que me foi dado, mesmo quando estava muito longe delas.
A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro, no qual sem eles esse projeto não teria
avançado.
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SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
LISTA DE ESQUEMAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO 01
REVISÃO DA LITERATURA 04
Câncer: Doença Multifatorial 06
Uma Visão Molecular das Causas do Câncer 07
Teoria dos Hits 07
Controladores do Crescimento Celular 10
Prevalência de Câncer no Brasil e no Mundo 12
Tratamento 18
Antimetabólitos 19
Agentes Alquilantes 20
Agentes Capazes de Clivar a Cadeia de DNA 21
Agentes Hormonais 22
Intercaladores do DNA 23
Fármacos Considerados “Venenos” Topoisomerases 23
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x
Acridinas: Como Possíveis Fármacos Direcionados ao Tratamento
do Câncer
28
Química das Acridinas 34
OBJETIVOS 43
Geral 44
Específicos 44
CAPITULO 1 - O Papel das Acridinas no Tratamento do Câncer 45
Introdução 48
Tratamento quimioterápico do câncer 50
Mecanismo de ação dos compostos acridínicos 50
Novas Acridinas com Atividade Anticâncer 51
9-Aminoacridinas 52
Nitroacridinas 54
Isoquinoacridinas 55
Acridinas-4-carboxamidas 55
Acridinas-5-carboxamidas 56
Anilinoacridinas 56
Pirazoloacridinas 57
Derivados de produtos naturais 58
Bisamidoacridinas 59
Derivados de organismos marinhos 59
Tiazoloacridinas 60
Triazoloacridinonas 61
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xi
Tiadiazinoacridinas 62
Poliacridinas 62
Conclusões 66
CAPITULO 2 - Síntese e avaliação antitumoral in vitro de novos
derivados acridínicos: influência dos heterociclos na resposta
biológica
87
Introdução 89
Resultados e Discussão da parte Química 89
Resultados e Discussão da Parte Biológica 100
Influência dos Grupos na Resposta Biológica 101
Procedimentos Experimentais 105
Materiais e Métodos 105
Parte Química 105
Parte Biológica 112
CONCLUSÕES 134
PERSPECTIVAS 136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 138
ANEXO 1 - Thiazacridine and Imidazacridine Compounds as New
Potential Anticancer Agents.
149
ANEXO 2 - Synthesis and antitumor activity of thiazacridines
derivatives.
176
ANEXO 3 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio da Acridina-9-carboxaldeído (AC-2).
192
ANEXO 4 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio da 9-bromo-metil-acridina.
194
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xii
ANEXO 5 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 3-acridin-9-il-metileno-3H-
piridina-2,6-diona (ACR-18).
196
ANEXO 6 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 4-acridin-9-il-metileno-4H-
isoquinolina-1,3-diona (ACR-1).
199
ANEXO 7 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 4-acridin-9-il-metileno-2-benzil-
4H-isoquinolina-1,3-diona (ACR-06).
202
ANEXO 8 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 3-acridin-9-il-metil-1-benzidril-
1H-pirimidina-2,4-diona (ACR-37).
205
ANEXO 9 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 1-acridin-9-il-il-metil-3-benzil-1H-
pirimidine-2,4-diona (ACR-39).
208
ANEXO 10 – Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de
Hidrogênio e Espectro de Massa do 3-acridin-9-il-metil-1-benzidril-
1H-quinazolina-2,4-diona (ACR-38).
211
-
xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
δ ppm – Deslocamento químico em parte por milhão
AC-06 – 5-(acridina-9-il-metileno)-3-(4-nitro- benzil)-tiazolidina-2,4-diona
AC-07 – 5-(acridina-9-il-metileno)-3-(4-bromo-benzil)-tiazolidina-2,4-diona
AcOEt – Acetato de Etila
ACR-01 - -acridin-9-il-metileno-4H-isoquinolina-1,3-diona
ACR-06 - 4-acridin-9-il-metileno-2-benzil-4H-isoquinolina-1,3-diona
ACR-18 - 3-acridin-9-il-metileno-3H-piridina-2,6-diona
ACR-37 - 3-acridin-9-il-metil-1-benzidril-1H-pirimidina-2,4-diona
ACR-38 - 3-acridin-9-il-metil-1-benzidril-1H-quinazolina-2,4-diona
ACR-39 - 1-acridin-9-il-il-metil-3-benzil-1H-pirimidina-2,4-diona
AHMA – 3-(9-acridinilamino)-5-hidroximetilanilina
AMA - 5-(9-acridinilamino)-m-anisidine
AMTs – 5-(9-acridinilamino)-m-toluidina
AOA - 5-(9-acridinilamino)-o-anisidine
AOTs – 5-(9-acridinylamino)-o-toluidina
APA - 5-(9-acridinilamino)-p-anisidine
APTs – 5-(9-acridinilamino)-p-toluidina
APTS – Acido p-toluenosulfônico
BSA – Bis-(trimetilsilil)-acetamida
CCD – Cromatografia em Camada Delgada
CDCl3 – Clorofórmio deuterado
CHCl3 – Clorofórmio
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xiv
CI50 – Concentração inibitória em 50%
d – Dupleto
DACA – N-[2-(dimetilamino)-etil]-acridina-4-carboxamine
DCI – Decomposição por ionização química
dd – Duplo dupleto
DMF – Dimetilformamida
DMSO – Dimetilsulfóxido
DMSOd6 – Dimetilsufóxido deuterado
DNA – Ácido desoxirribonucléico
DOX – Doxorrubicina
DPM – Desvio padrão da média
dt – Duplo tripleto
EGF – Fator de Crescimento Epidermal
EtOH – Etanol
FUdRP – Ácido 5-fluoro-2-desoxiduridílico
HCl – Ácido Clorídrico
HCT-8 – Colon Humano
Hep – Heptano
HL–60 – Leucemia promielocitica
INCA – Instituto Nacional do Câncer
J – Constante de acoplamento
m – Multipleto
m-AMSA – N-[4-(acridin-9-ylamino-metoxi-fenil]-metanosulfonamida
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xv
MDA/MB-435 – Mama Humano
MDR – Multidrug Resistence
MS – Espectrometria de massa
MTT – 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2H-brometo de tetrazolium
NBS – N-bromossuccinamida
NCI – National Cancer Institute (Instituto Nacional de Câncer)
o-AMSA – N-[4-(acridin-9-ylamino)-2-metoxi-fenil]-metanosulfonamida
OMS – Organização Mundial de Saúde
PCC – Clorocromato de piridinio
q – Quadripleto
Rdt – Rendimento
Rf – Fator de Retenção
RMN1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RNA – Acido ribonucléico
rpm – Rotação por minuto
RPMI 1640 – Roswell Park Memorial Institute (meio de cultura celular)
s – Simpleto
SE – Suspensão de Eritrócitos
SF-295 – Sistema Nervoso Central
t – Tripleto
WHO – World Health Organization
XR-11576 – 4-metoxi-benzo[a]-fenazina-11-carboxil-(1-dimetilamino-etil)-amida
XR-5000 – [N-[2-(dimetilamino)-etil]-acridina-4-carboxamida
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xvi
LISTAS DE FIGURAS
INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
Figura 2.1 – Hits ocorridos no desenvolvimento de carcinoma
matastásico.
09
Figura 2.2 - Principal antagonista dos folatos – metotrexato 19
Figura 2.3 - 5-Fluorouracil um análogo estrutural do Uracil 19
Figura 2.4 - Antimetabólitos Purínicos 20
Figura 2.5 - Mostardas nitrogenadas 21
Figura 2.6 - Complexo 9-aminoacridina-4-carboxamida platina 21
Figura 2.7 - Estrutura da Bleomicina A2 22
Figura 2.8 – Estrutura do Camptothecin 24
Figura 2.9 – Alguns fármacos que atuam nas topoisomerases II 25
Figura 2.10 – Fármacos Capazes de interferir nas topoisomerases I e
II.
26
Figura 2.11 – Estrutura da 4-metoxi-benzo[a]fenazina-11-carboxil-
(1-dimetilamino-etil)-amida (XR 11576)
27
Figura 2.12 - 3-amino-9-aminofenil-acridina 28
Figura 2.13 – Estrutura dos antibacterianos proflavina e acriflavinas 28
Figura 2.14 - Estrutura da Amsacrina 29
Figura 2.15 - Estrutura do o-AMSA 31
Figura 2.16 – Estrutura do AHMA 32
-
xvii
Figura 2.17- Estrutura dos derivados da AHMA (AOT, AMT e APT) 32
Figura 2.18 – Estrutura dos derivados da AHMA (AOA, AMA, APA) 33
Figura 2.19 - Derivados acridínicos desenvolvidos pelo LPSF – UFPE 34
Figura 2.20 – Acridina 35
CAPITULO 1
Figura 1 - Amsacrina (1), mepacrina (2), quinina (3), acriflavina (4) e proflavina (5)
77
Figura 2 - Fórmula geral dos novos derivados acridínicos utilizados como agentes antitumorais
77
Figura 3 - Estruturas da quinacrina (7) e tacrina (8) 77
Figura 4 - Compostos citotóxicos que atingem o sítio abásico do DNA
diferindo no comprimento das cadeias
78
Figura 5 - Estrutura geral dos derivados da 9-amino-nitro-acridina 78
Figura 6 - Derivados substituídos da 1-nitroacridina 78
Figura 7 - Derivados da isoquino[4,5-bc]acridina 13-17 79
Figura 8 - DACA 18 e seu derivado 19 clorado na posição 7 79
Figura 9 - Estrutura das pirazolo[3,4,5-kl]acridinas-5-carboxamidas 79
Figura 10 - Amsacrina e derivados da anilinoacridina 80
Figura 11 - Derivados da anilinoacridina 80
Figura 12 - Derivados da pirazolo-acridina (28), da acridina-4-
carboxamida (29) e pirazol[3,4,5-kl]-acridina (30)
80
Figura 13 - Derivados da 6H-pirazolo-[4,5,1-de]acridina-6-onas 81
Figura 14 - Estruturas da acronicina (32) e da S23906-1 (33) 81
Figura 15 - Cloreto de di-hidroindolizino[7,6,5-kl]-acridinium 81
Figura 16 - Bisamidoacridinas inibidoras da telomerase 81
-
xviii
Figura 17 - Ascididemina e derivados (38) e estruturas das
Arnoaminas A1 (39) e B2 (40) e do composto etil 4-metoxi-1-
metilpirido[4,3,2-mn]pirrolo[3,2,1-de]acridina-2-carboxilato 41
82
Figura 18 - Estruturas químicas de derivados da tiazolo[5,4-a]acridina 82
Figura 19 - Estrutura geral de derivados das triazoloacridinonas 83
Figura 20 - Estrutura do C-1305 83
Figura 21 - Desenho racional das [1,2,6]tiadiazino[3,4,5-kl]acridinas 82
Figura 22 - Dímeros de acridina 82
Figura 23 - Estrutura geral da bis(acridina-4-carboxamida) 84
Figura 24 - Derivados bis e tetra-acridínicos 84
Figura 25 - Derivados da bis {[(9-oxo-,10-dihidroacridina-4-
carbonil)amino]alquil}alquilaminas
84
Figura 26 - Complexos bis(acridiniltiouréia)platina II 85
Figura 27 - Estruturas da bis(pirimido[5,6,1-de]acridinas) (57) e da
bis(pirazolo[3,4,5-kl]acridina-5-carboxamidas) (58)
85
Figura 28 - Fotonuclease derivada de bis-acridinas 85
CAPITULO 2
Figura 1 - Estrutura dos derivados 9-anilinoacridinicos testados sobre
células tumorais sintetizados por Bacherikov e colaboradores (2005)
128
Figura 2 - Estrutura dos análogos da 9-anilinoacridinicos 129
Figura 3 - Derivados acridinicos testas frente a diversas linhagens de
células tumorais
130
Figura 4 - Estrutura dos derivados acridinicos testados em linhagens
de células de cânceres humanos.
131
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xix
LISTAS DE ESQUEMAS
INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
Esquema 2.1 - Reações de Acoplamento cobre-catalisada de Ullmann
e Goldberg.
36
Esquema 2.2 - Reação de aminação cobre catalisada 37
Esquema 2.3 – Síntese do acido N-(3-cloro-fenil)-antranilinico) 37
Esquema 2.4 - Síntese de derivados 9-aminoacridinicos pela reação
de Ullmann modificada
38
Esquema 2.5 – Síntese dos derivados 5-(9-acrinilamino)-m-anisidines 39
Esquema 2.6 – Síntese de obtenção da 9-metil-acridina 39
Esquema 2.7 – Síntese do 9-acridinaldeido a partir da oxidação do
grupo metila
40
Esquema 2.8 – Síntese do 2-ciano-acridin-9-il-acrilato de etila
(LPSF/IP29)
40
Esquema 2.9 - Derivados tiazo-acridínicos sintetizados por Silva
(2003)
41
Esquema 2.10 – Síntese de derivados 4-tioxo-imidazo e 4-tioxo-tiazo
acridínicos desenvolvidos por Magalhães (2003)
41
CAPITULO 2
Esquema 1 - Mecanismo reacional para obtenção da 9-metil-acridina
(AC-1)
116
Esquema 2 – Mecanismo reacional para obtenção da acridina 9-
carbaldeido
117
Esquema 3 – Mecanismo proposto para a obtenção da 9-bromo metil- 118
-
xx
acridina
Esquema 4 - Provável mecanismo para a obtenção do 3-acridin-9-il-
metileno-3H-piridina-2,6-diona
119
Esquema 5 - Provável mecanismo de obtenção do 4H-isoquinolina-
1,3-diona
120
Esquema 6 - Provável mecanismo para obtenção do 4-acridin-9-il-
metileno-4H-isoquinolina-1,3-diona
121
Esquema 7 – Mecanismo para a síntese do 2-benzil-4H-isoquinolina-
1,3-diona.
122
Esquema 8 – Provável mecanismo reacional para obtenção do 1-
benzidril-1H-pirimidina-2,4-diona
123
Esquema 9 - Mecanismo reacional do 3-acridin-9-il-metil-1-benzidril-
1H-pirimidina-2,4-diona
124
Esquema 10 - Mecanismo reacional para obtenção do 3-benzil-1H-
pirimidina-2,4-diona
125
Esquema 11 – Rotas sintéticas testadas para a obtenção do 1-Acridin-
9-il-metil-3-benzil-1H-quinazolina-2,4-diona
126
-
xxi
LISTAS DE TABELAS
INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
Tabela 2.1 – Tipos de cânceres causados por alterações em genes
específicos
11
Tabela 2.2 – Estimativas para o ano de 2008 no Brasil, do número de casos
novos de câncer, segundo a sua localização primaria
15
Tabela 2.3 – Estimativas para o ano de 2008 no Nordeste do Brasil, das
taxas brutas de incidência por 100.000 habitantes e do número de casos
novos de câncer, segundo a sua localização primaria.
16
Tabela 2.4 – Estimativas para o ano de 2008 no Estado de Pernambuco e
Grande Recife, das taxas brutas de incidência por 100.000 habitantes e do
número de casos novos de câncer, segundo a sua localização
17
CAPITULO 1
Tabela 1 - Estruturas químicas de derivados das bis e tetra-acridinas
85
CAPITULO 2
Tabela 1 - valores referentes ao percentual das médias de inibição do
crescimento (%IC) e desvio padrão (DP) da média dos compostos em
concentração única de 25 g/mL, testados em diferentes linhagens tumorais
através do teste do MTT (72h). Doxorrubicina e Amsacrina foram usados
como controle positivo
131
Tabela 2 - valores de CI50 e intervalo de 95% de confiança (IC95%) em
g/mL das substâncias selecionadas em diferentes linhagens celulares no
teste do MTT. Foram consideradas ativas aquelas que apresentaram CI50 <
4 g/mL. Doxorrubicina foi usado como controle positivo.
132
-
xxii
RESUMO
Os derivados acridínicos são drogas capazes de interagir com moléculas nucleares,
como DNA e inibir enzimas nucleares, como as topoisomerases, sendo assim, fortes
candidatos ao desenvolvimento de novos fármacos com atividade antitumoral.
Dentre os derivados acridínicos, a Amsacrina se encontra na clinica medica e
apresenta boa atividade antineoplásica, principalmente contra leucemias. A síntese
dos derivados acridínicos, ocorre de forma paralela e convergente, onde os núcleos
são construídos separadamente e depois condensados. Assim, temos por objetivo,
além da obtenção dos novos derivados acridínicos, o aperfeiçoamento das técnicas
de obtenção dos intermediários essenciais na construção de novas moléculas
farmacologicamente ativas, buscando maior rendimento, estabilidade, diminuindo
assim o número de etapas no desenvolvimento das mesmas e o custo. O método
utilizado parte da obtenção da 9-metilacridina através da reação da difenilamina com
acido acético glacial, em seguida é oxidada à aldeído por duas etapas, a primeira
consiste na formação de um intermediário reativo através da reação da 9-
metilacridina acridina com N,N-dimetil-4-nitrosoaniline em meio alcoólico. A segunda
etapa consiste em uma oxidação em meio ácido conduzindo à formação do aldeído.
O núcleo isoquinolínico substituído foi obtido através de uma reação do anidrido
homoftálico com benzilaminas, conduzindo à formação da 2-benzil-isoquinolina-1,3-
diona, que foram posteriormente condensados em meio básico com aldeídos
acridínicos, levando aos compostos finais. Os núcleos pirimidínicos e quinazolínicos
são comerciais e sofrem reações de N-alquilações sucessivas com haletos de
benzila e 9-bromo-benzilacridina, obtidos através de uma reação de halogenação
partindo-se da 9-metilacridina usando-se N-bromossucinamida (NBS) como doador
de halogênio. E assim foram obtidos 5 novos derivados acridinicos com heterociclos
diferentes, que foram caracterizados por RMN1H e Espectrometria de massa,
apresentado rendimentos entre 55 e 75% e testados frente a quatro linhagens
celulares de câncer diferentes, através de analise colorimétrica baseada na
conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2H-brometo de tetrazolio (MTT)
em azul formazan, a partir de substratos de enzimas microssomais e mitocondriais
presentes somente nas células metabolicamente ativas, na dose de 25µg/mL. Os
compostos que apresentaram melhores resultados foram os derivados
isoquinolinicos, o 4-acridin-9-il-metileno-4H-isoquinolina-1,3-diona com redução de
96 e 63% do crescimento celular em HL-60 e HCT-8 respectivamente e o 4-acridin-
9-il-metileno-2-benzil-4H-isoquinolina-1,3-diona com redução de 98 e 78% do
crescimento celular em HL-60 e HCT-8 respectivamente.
Palavras-chaves: Derivados acridinicos, Antitumoral, Citotoxicidade.
-
xxiii
ABSTRACT
Acridines derivatives are drugs able to interact with nuclear molecules, such as DNA
and inhibit enzymes such as topoisomerases, thus, strong candidates for the
development of new drugs with antitumor activity. Among the acridines derivatives,
the amsacrine is already in clinical medicine and has good anticancer activity,
especially against leukemia. The synthesis of derivatives acridine, occurs in parallel
and convergent pathway, where the nuclei are built separately and then condensed.
The first step is obtaining of 9-methyl-acridine, followed by oxidation. Thus we have
the goal of obtaining new derivatives acridine, improving the techniques of obtaining
the key intermediaries in the construction of new pharmacologically active molecules,
seeking greater efficiency, stability, thereby reducing the number of stages in the
development, as well as the cost. The method used to obtain the 9-metilacridina by
the reaction of diphenylamine with glacial acetic acid, then is oxidized the aldehyde
by two stages, the first is the formation of a reactive intermediate through the reaction
of 9-methylacridine with N, N-dimethyl-4-nitrosoaniline amid alcoholic. The second
step is to oxidation in an acidic environment leading to formation of the aldehyde.
The nucleu Isoquinoline replaced was obtained through a reaction of anhydride
homophitalico with benzilaminas leading to formation of 2-benzyl-isoquinoline-1,3-
dione which was then condensed with aldehyde acridinicos amid basic leading
compounds to end. The nucleus pyrimidine and quinazoline are commercial suffering
reactions of N-alkylation with benzyl halide and 9-bromo-benzilacridine, obtained
through a reaction of halogenations from the 9-methylacridine using N-
bromossucinamide (NBS) as a donor of halogen. And so were obtained 5 new
acridines derivatives with different heterocycles that were characterized by mass
spectrometry and RMN1H and presented yields between 55 and 75% and tested
against the four cell lines of different cancers, the dose of 25μg/mL. The compounds
that showed better results were derived from the 4-isoquinolines acridin-9-yl-
methylene-4H-isoquinoline-1,3-dione with a reduction of 96 and 63% of cell growth in
HL-60 and HCT-8 respectively and 4-acridin-9-yl-methylene-2-benzyl-4H-
isoquinoline-1 ,3-dione with a reduction of 98 and 78% of cell growth in HL-60 and
HCT-8 respectively.
Keywords: Acridine derivatives, Antitumoral, Citotoxicity
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1
INTRODUÇÃO
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2
1. INTRODUÇÃO
As ciências evoluíram junto com o pensamento humano, e vem crescendo
com uma velocidade maior a cada década principalmente devido aos avanços
tecnológicos. Na realidade, um grande numero de informações em nível médico-
biológico têm alcançado profissionais desta área, e com isso, grandes descobertas
têm auxiliado na compreensão e elucidação do desenvolvimento de determinadas
patologias que a muitos anos vem afligindo a vida do homem. Isso se torna claro,
principalmente com a possibilidade de manipulação do DNA e o mapeamento
genômico, que nos permite hoje compreender melhor o desenvolvimento de varias
doenças entre elas o câncer (SCHOR, 2003).
Esta doença é considerada um problema de saúde publica em todo mundo,
além de ser apontada como a segunda causa de morte nos países desenvolvidos,
perdendo apenas para doenças cardiovasculares. No Brasil, as estimativas para o
ano de 2008, válidas também para o ano de 2009, apontam que ocorrerão 466.730
casos novos de câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do
tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão, no sexo masculino,
e os cânceres de mama e de colo do útero, no sexo feminino, acompanhando o
mesmo perfil da magnitude observada no mundo (INCA 2007).
Existem algumas alternativas no tratamento da doença como: a radioterapia,
a terapia gênica, e a quimioterapia além da intervenção cirúrgica. Todas elas podem
ser utilizadas isoladas ou associadas. Entretanto, a quimioterapia é uma das
abordagens mais aplicada no tratamento, e nesse sentido surge à necessidade de
aprimorar esta ferramenta, principalmente no desenvolvimento de novos fármacos,
em especial aqueles ativos contra os tumores sólidos. Um dos fatores limitantes do
uso dos quimioterápicos é o surgimento de células tumorais capazes de desenvolver
mecanismos de resistência farmacológica de etiologia multifatorial (FORMARIZ et
al., 2004).
Diante de tal situação, surge a necessidade do desenvolvimento de novos
fármacos que possam superar esses mecanismos de resistência além de apresentar
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uma atividade biológica satisfatória. Neste contexto, os derivados acridínicos como a
N-[2-(dimetilamino)-etil]acridina-4-carboxamina e seus análogos, classificados como
agentes intercaladores de DNA, apresentam atividade inibitória frente a enzimas
reguladoras do DNA, as topoisomerases I e II (SCHENEIDER, 1988; BAGULEY,
1997) e não são relativamente afetadas pela Resistência Multidroga (MDR) mediada
pela glicoproteina-P, devido à sua alta lipolificidade (ATWELL, 1987; BAGULEY,
1997).
Diante de todas essas informações e utilizando as ferramentas
disponibilizadas pela Química Medicinal no Planejamento Racional de Fármacos,
baseado no bioisosterismo, é que novos derivados acridínicos foram sintetizados
através de uma variedade de reações químicas, buscando sempre uma rota sintética
mais simples, com melhores rendimentos e menor custo. Os derivados obtidos foram
também submetidos a um screening inicial para avaliar seu potencial citotóxico.
O presente trabalho abordará inicialmente uma fundamentação teórica, onde
discutiremos a doença, a teoria de seu desenvolvimento, sua incidência no Brasil e
no mundo, opções de tratamento, seguido de derivados acridínicos usados para
combater a doença e os que são atualmente considerados promissores.
A seguir, abordaremos a necessidade do planejamento de fármacos e a sua
importância na resposta biológica, a química das acridinas por fim, a metodologia
utilizada para a obtenção dos novos derivados, com uma breve abordagem sobre os
prováveis mecanismos de reação em cada etapa na obtenção dos novos derivados,
assim como sua elucidação estrutural.
A última etapa do trabalho consiste nos testes de citotoxicidade in vitro frente
a quatro linhagens celulares diferentes, selecionando o(s) composto(s) mais
promissor(es) e assim avaliar sua IC50., além de verificar a importância dos
heterociclos na resposta biológica.
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REVISÃO DA
LITERATURA
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2. REVISÃO DA LITERATURA
A descoberta sempre foi algo que fascinou o homem. Durante um longo
período na historia da humanidade, acreditava-se e ensinava-se que o mundo tinha
sido criado subitamente no ano 4004 a.C., a duvida na época era apenas se essa
criação tinha ocorrido no inverno ou verão deste ano (LIMA, 2003).
Essa curiosidade sobre o inicio da historia do homem serve para caracterizar
sua própria evolução em sua estrutura mental e intelectual. Na antiguidade, a
religião e a filosofia competiram pela supremacia, e a ciência somente se destacou
completamente no século XIX.
Esse fato se deve, ao esforço de muitos pesquisadores, que mesmo na
época, não apresentavam recursos e ,ate mesmo, credibilidade sobre a importância
da ciência na criação e evolução humana.
Entretanto, foi em um monastério onde surgiu um dos primeiros
pesquisadores sobre as ciências da vida e a evolução humana através da
hereditariedade. Gregor Mendel foi um desses pesquisadores, que iniciou um
programa de pesquisas sobre hibridização de plantas que, postumamente, lhe valeu
o titulo de descobridor da ciência genética. Seus estudos forneceram um marcante
exemplo de boa técnica cientifica. Seu trabalho foi baseado na escolha de um
material de pesquisa bem adequado ao estudo do problema em questão, planejou
cuidadosamente seus experimentos, coletou grandes quantidades de dados, e usou
analise matemática para mostrar que os resultados eram consistentes com a
hipótese explicatória (GRIFFITHS, et al,1998).
Os estudos de Mendel, hoje culminam com os conceitos usados pela Química
Medicinal, através do planejamento, coleta de dados e analises matemáticas,
resultando na interação multidisciplinar, com objetivo central o desenho e a
descoberta de novos compostos que sejam adequados ao uso como fármacos.
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Essa descoberta pode exigir a pesquisa básica sobre a natureza biológica e
química do estado patológico, e para isso exigem a contribuição de especialistas de
outras áreas e que o químico medicinal possua conhecimento geral sobre tais áreas
(THOMAS, 2003).
2.1. Câncer: Doença Multifatorial
Com a descoberta do DNA como a molécula responsável pela informação
genética, vários pesquisadores focalizaram sua atenção a sua estrutura. Na
realidade apenas se conhecendo a estrutura do DNA seria possível compreender
como essa molécula carrega informações e como faz copias idênticas de si mesma
(MICHELACCI et al, 2003 apud SCHOR, 2003). A possibilidade de manipular direta
e precisamente a molécula de DNA determinou o mapeamento genômico de varias
doenças e entre elas o câncer que se apresenta como uma das mais crescentes do
mundo (SCHOR, 2003).
Várias definições foram adotadas que pudessem melhor conceituar o câncer
que em poucas palavras pode ser resumido basicamente como uma doença de
células, caracterizada por um desvio nos mecanismos que controlam e dirigem a
proliferação e diferenciação celular.
Assim, o câncer não pode ser representado como uma doença única, e sim
um grupo heterogêneo de doenças que tem na sua origem processos similares
desordenados de divisão celular. Além do que todos os tumores malignos têm a sua
origem a partir de alterações no DNA levando a perturbações nos processos
proliferativos (SCHOR, 2003).
Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (2008), o
câncer é um termo genérico usado para definir um grupo de doenças que podem
afetar qualquer parte do corpo. Uma de suas características é a rápida criação de
células anormais que crescer para além das suas fronteiras habituais, e que pode,
então, invadir adjacentes partes do corpo e se espalhar para outros órgãos. Este
processo é chamado de metástase, que é considerada a principal causa da morte
pela doença
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2.1.1. Uma Visão Molecular das Causas do Câncer
De acordo com a literatura, existem varias teorias que abordam as causas do
desenvolvimento de cânceres. Pesquisadores acreditam que se a causa das
alterações forem conhecidas, provavelmente ocorrera à eliminação dos fatores que
desencadeiam a doença e ajudara no desenvolvimento de melhores modalidades de
tratamento.
A taxa de incidência de vários tipos de cânceres está fortemente relacionada
a fatores ambientais e estilo de vida, alem disso, tais células tem certas
características de crescimento, tais como a capacidade de crescer
descontroladamente cercando e invadindo outros tecidos em um processo
conhecido como metástase. De um ponto de vista microscópico, observamos
também algumas características particulares das células cancerígenas, como
alterações na diferenciação celular, principalmente do núcleo e nucléolo (RUDDON,
2007).
A doença é considerada por alguns autores como, uma doença de idade, na
realidade a media de idade para o surgimento de cânceres é 65 anos, devido a uma
serie de fatores de vão se acumulando ao decorrer do tempo, esses fatores são
conhecidos por “hits”. Esses hits podem resultar de susceptibilidade genética e
fatores ambientais tais como, agentes químicos, radiação, vírus, bactérias, infecções
parasitarias, entre outros, ou de agentes gerado endogenamente como radicais
livres (RUDDON, 2007).
2.1.1.1 Teoria dos Hits
Como já mencionado, o câncer é uma doença considerada “doença da idade”,
exceto para alguns tipos de cânceres como, leucemias e sarcomas, que podem
ocorrer em crianças.
Muitos tumores sólidos têm início em indivíduos com aproximadamente 45
anos e cresce logaritimicamente com o passar dos anos, isso da à idéia de que
esses hits aumentam com o aumento da idade (LUEBECK e MOOLGAVKAR, 2002).
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Pesquisadores afirmam ainda que muitos desses hits são conhecidos por
serem mutacionais na origem, resultado de danos cromossomais ou mudanças nas
bases do DNA. O número necessário para iniciar um processo cancerígeno pode
variar entre um a seis ou até mais, entretanto para progressão a processos
metastásicos são necessários geralmente múltiplos hits. Como por exemplo, no caso
da Leucemia Mielogênica Crônica (CML) há uma translocação cromossomal, que
envolve uma parte do cromossomo 22 (NOWELL e HUNGERFORD, 1960), há na
realidade, uma permutação entre os cromossomos 22 e 9 que produz uma proteína
quimérica, chamada Bcr/Abl, que é uma tirosina quinase constitutiva promotora da
proliferação celular. E assim, a CML parece ser provocada por um único hit, e é
provavelmente por esse motivo drogas que possam atuar nesse alvo são suficientes
para o seu tratamento (RUDDON, 2007).
Por outro lado, muitos tumores sólidos como, câncer de mama, cólon, pulmão
e próstata, provavelmente requer um maior numero de hits para atingir um estagio
de malignidade máxima. O melhor exemplo desse evento é para o câncer de cólon,
no qual estão envolvidos no mínimo cinco hits diferentes, para produzir um
carcinoma invasivo (Figura 2.1). Onde no primeiro passo ocorrem duas mutações
nos genes APC nas células do cólon normais, o segundo passo ocorre à formação
de poliplasias adenomatosa através de uma mutação no gen RAS, o terceiro passo
ocorre duas mutações nos gens PT53 levando a poliplasias displáticas, quarto passo
consiste no carcinoma de cólon, onde ocorrem outros eventos e aberrações
cromossomais e por fim o quinto passo que caracteriza o carcinoma metastático
(RUDDON, 2007).
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Figura 2.1 – Hits ocorridos no desenvolvimento de carcinoma matastásico.
Assim observamos que existem processos desencadeadores para o
desenvolvimento de cânceres, mas que de uma forma geral estão ligados a
processos considerados imprescindíveis na vida celular: a síntese de DNA, a divisão
e por fim sua diferenciação. Os mecanismos que controlam esses processos
ocorrem através de sinais químicos, como fatores e inibidores de crescimento
(WILLIAMS e LEMKE, 2002).
1° hit (passo 1)
2° hit (passo 2)
3° hit (passo 3)
4° hit (passo 4)
5° hit (passo 5)
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2.1.2. Controladores do Crescimento Celular
Os fatores de crescimento, assim como os inibidores, exercem as suas
funções através de ligações a receptores na superfície da célula. O que acontece
nas células cancerígenas é um defeito nesses processos reguladores que levam a
um crescimento celular descontrolado, como por exemplo, algumas células
cancerígenas podem produzir excessivamente fatores de crescimento como o Fator
de Crescimento Epidermal (Epidermal Growth Factor – EGF), ou suprimir a
expressão dos inibidores de crescimento como p53, ou até aumentar os números de
receptores dos fatores de crescimento (WILLIAMS e LEMKE, 2002).
A causa dessas falhas no mecanismo de proliferação celular não tem sido
completamente esclarecida, mas sabe-se que existem duas classes de genes que
atuam diretamente na patogênese do câncer. A primeira classe inclui os genes que
controlam diretamente a proliferação celular, os oncogenes e os genes supressores
de tumor; e a segunda classe é formada pelos genes que não controlam diretamente
o ciclo celular, mas controlam as taxas de mutações que são os genes de reparo
(SCHOR: 2003).
Vários geneticistas e pesquisadores de áreas afins definem oncogenes como
formas modificadas de genes celulares normais, os denominados proto-oncogenes.
Estes têm papel essencial no controle positivo da proliferação e diferenciação celular
através de proteínas que exercem sua função em diversos processos intracelulares,
atuando como proteínas quinases, fatores de crescimento ou transdutores de sinal.
Acredita-se que qualquer alteração na estrutura ou na expressão desses genes
altera suas funções normais, levando ao complexo processo de oncogênese
(SCHOR, 2003).
Os genes supressores de tumor nas células codificam proteínas cuja função é
a regulação negativa do crescimento ou do processo de diferenciação celular. Um
gene bem conhecido na supressão tumoral é o p53 que é codificado por um proteína
de 53 KDa. Esta proteína esta envolvida na regulação do ciclo celular através de
suas interações com ciclinas que atua para desacelerar a proliferação celular. O
estudo desse gene conduziu a identificação de outros genes supressores de tumor
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como o p21. Subseqüentes pesquisas têm sugerido que p21 e p53 trabalham juntos
para retardar uma das fases do ciclo celular (WILLIAMS e LEMKE, 2002).
De acordo com dados publicados por Stewart e Kleihue, divulgados pelo
world cancer report (WHO,2003), uma série de genes estão envolvidos no
desenvolvimento de vários tipos de cânceres. Na tabela 2.1 poderemos observar
alguns genes que estão envolvidos no surgimento de diferentes tipos de cânceres.
Tabela 2.1 – Tipos de cânceres causados por alterações em genes específicos
Síndrome Gene Localização Tipo de câncer
Retinoblastoma Familiar
RB1 13q14 Retinoblastoma osteosarcoma
Neoplasia Endócrina Múltipla I
MEN 1 11q13 Adrenal e células pancreáticas
Neurofibromatose tipo I NF1 17q11 Neurofibromas, gliomas ópticos, feocromacitoma
Síndromes sanguíneas BLM 15q26 Leucemias e Linfomas
Tumor de Wilms Familiar
WT1 11q Tumor de Wilms (rins)
Xeroderma Pigmentoso
XP(A–D) 9q,3p,19q,15p Carcinoma de tecido basal e escamoso,
melanoma
Anemia de fanconi FAC 16q, 9q, 3p Leucemia aguda
Sindrome de Li-Fraumeni
p53 17p13 Mama, Carcinoma adrenocortical, ossos
e tecidos moles, tumores cerebrais e
leucemias
Sindrome de Cowden PTEN 10q22 Mama e Tireóide
Síndrome de Peutz-Jeghers
LKB1 19q Mama e Cólon
Sindrome de Gorlin PTCH 9q31 Carcinoma de Células basais
Dados fornecidos por World Cancer Report (WHO, 2003)
E por fim, a última classe de genes que podem também levar a o câncer são
dos genes de reparo, conhecidos também como “Mutator genes” isso devido a sua
contribuição patogênica quando mutado. A sua principal função nas células normais
é garantir a integridade da informação genética, e mantendo desta forma a eficácia
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da replicação e reparo do DNA. Esses apresentam comportamentos recessivos na
célula, como os genes supressores de tumor, sendo necessário assim duas
alterações na estrutura do gene para a perda de sua função (SCHOR, 2003).
Desta forma, acredita-se que a formação de um tumor depende de processos
múltiplos que podem ser evidenciados através de alterações genéticas presentes
nas células neoplásicas. E assim o câncer vem se tornando uma doença crescente
em todo o mundo, e já esta se tornando um problema de saúde publica, não só em
países desenvolvidos, mas também em países em desenvolvimento.
2.1.3. Prevalência de Câncer no Brasil e no Mundo
De acordo com Waters (2001), o processo global de industrialização, ocorrido
principalmente no século passado, conduziu a uma crescente integração das
economias e das sociedades dos vários países, desencadeando a redefinição de
padrões de vida com uniformização das condições de trabalho, nutrição e consumo.
Isso resultou em uma significativa alteração na demografia mundial, devido à
redução nas taxas de mortalidade e natalidade com aumento da expectativa de vida
e envelhecimento populacional. Assim, esse processo de reorganização global
determinou grandes modificações nos padrões de saúde-doença no mundo, o que
acarretou uma transição epidemiológica, que foi caracterizada pela mudança no
perfil de mortalidade com diminuição da taxa de doenças infecciosas e aumento
concomitante da taxa de doenças crônico-degenerativas, especialmente as doenças
cardiovasculares e o câncer (ABALA e YANEZ, 1997).
E assim o câncer se tornou claramente um problema mundial. De acordo com
dados publicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003), no ano de 2000
os tumores malignos foram responsáveis por 12 % de aproximadamente 56 milhões
de mortes em todo o mundo.
Entretanto, as taxas de incidência e mortalidade para vários tipos de cânceres
são similares, embora não idênticas em vários países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Isso porque tais países apresentam uma maior expectativa de
vida, contudo o que se observa é uma diferença regional na distribuição da doença,
reflexo de diferentes fatores etiológicos. Por exemplo, as etiologias infecciosas,
desenvolvem um importante papel em certas partes do mundo, como as infecções
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causadas por schistosomiasis em partes da África e da hepatite tipo B na China e
sudoeste da Ásia (PISANI et al, 2005)
No ano de 2005, de um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o
câncer foi responsável por aproximadamente 13%, que em valores reais
corresponde a 7,6 milhões de vítimas. Dentre os tipos de câncer os que mais
mataram foram: pulmão (1,3 milhão), estômago (aproximadamente 1 milhão), fígado
(662 mil), cólon (655 mil) e mama (502 mil). De todos os óbitos ocorridos por câncer
nesse ano, mais de 70% ocorreram em países de media ou baixa renda e estima-se
ainda que, no ano de 2020, o número de casos novos anuais será de 15 milhões,
sendo que cerca de 60% desses novos casos serão em países em desenvolvimento
(WHO, 2008).
Na Europa, mas especificamente na França, um terço das mortes masculinas
e um quarto das mortes femininas são causadas por câncer. Isso também é
justificado pelo tempo de vida da população européia, onde atualmente homens e
mulheres apresentam uma expectativa de vida maior (RICAN et al, 2006)
Na América do Norte, as estimativas também não são promissoras, uma vez
que as expectativas para 2008 foram de 1,44 milhões de novos casos, isso não
incluindo carcinomas in situ de qualquer região, exceto câncer de bexiga, nem
cânceres de tecido escamoso ou basal, pois se estima que esses serão mais de 1
milhão de novos casos, alem disso, estima-se ainda, cerca de 67.770 para
carcinoma de mama in situ e 54.020 para melanoma in situ (AMERICAN CANCER
SOCIETY, 2008).
Uma observação feita aos países da América Latina que, ao contrário dos
países desenvolvidos, esta transição epidemiológica ainda não se completou,
observando-se um aumento na ocorrência de doenças crônico-degenerativas,
enquanto a freqüência de doenças infecciosas e de doenças transmissíveis por vetor
biológico, como malária e dengue permanecem elevadas, além da presença
constante de desnutrição. Na realidade, considera-se a América Latina como a mais
urbanizada das regiões menos desenvolvidas do mundo, sendo que esta
urbanização tem sido acompanhada de pobreza urbana maciça, o que tem
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contribuído para o agravamento das disparidades sociais (PARKIN, BRAY e
DEVESA, 2001).
E devido às tais disparidades sociais, o mapa global de distribuição dos tipos
de câncer na America Latina, segue uma superposição semelhante à encontrada no
perfil de morbimortalidade anteriormente mencionado. Desta forma, o Brasil destaca-
se como uma área interessante para monitoramento e controle das tendências na
incidência de câncer, assim como para estudo das variações nos padrões desta
doença (GUERRA, MOURA GUERRA e SILVA MENDONÇA, 2005).
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, - INCA (2007) No
Brasil, as estimativas para o ano de 2008, válidas também para o ano de 2009,
apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer. Os tipos mais incidentes, à
exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e
de pulmão, no sexo masculino, e os cânceres de mama e de colo do útero, no sexo
feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada no mundo.
Os valores esperados isolados entre homens e mulheres são 231.860 e
234.870 casos novos respectivamente. Alem disso, estima-se que o câncer de pele
do tipo não melanoma (115 mil casos novos) será o mais incidente na população
brasileira, seguido pelos tumores de próstata (49 mil), de mama feminina (49 mil), de
pulmão (27 mil), de cólon e reto (27 mil), de estômago (22 mil) e de colo do útero (19
mil) (Tabela 2.2) (INCA, 2007).
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Tabela 2.2 – Estimativas para o ano de 2008 no Brasil, do número de casos novos de câncer, segundo a sua localização primaria
Localização Primaria
Neoplasias Malignas
Estimativa de novos casos
Homens Mulheres Total
Pele não Melanoma 55.890 59.120 115.010
Mama Feminina - 49.400 49.400
Próstata 49.530 49.530
Traquéia, Brônquio e
Pulmão
17.810 9.460 27.270
Estômago 14.080 7.720 21.800
Colo do Útero - 18.680 18.680
Cólon e Reto 12.490 14.500 26.990
Esôfago 7.900 2.650 10.550
Leucemias 5.220 4.320 9.540
Cavidade Oral 10.380 3.780 14.160
Pele Melanoma 2.950 2.970 5.920
Outras Localizações 55.610 62.270 117.880
Total 231.860 234.870 466.730
Fonte: INCA, 2007
A distribuição dos casos novos de câncer segundo sua localização primária é
bem heterogênea entre os Estados do País, onde as regiões Sul e Sudeste, de
maneira geral, apresentam as maiores taxas, enquanto as regiões Norte e Nordeste
mostram as menores taxas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam um padrão
intermediário (INCA, 2007).
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As tabelas a seguir apresentam as estimativas para 2008 de novos casos de
câncer na Região Nordeste (Tabela 2.3) e as estimativas para o Estado de
Pernambuco dando ênfase a capital Recife (Tabela 2.4).
Tabela 2.3 – Estimativas para o ano de 2008 no Nordeste do Brasil, das taxas brutas de incidência por 100.000 habitantes e do número de casos novos de câncer, segundo a sua localização primaria.
Localização Primaria
Neoplasia maligna
Estimativa dos casos novos
Estado Capital
Casos Taxa Bruta Casos Taxa Bruta
Pele não melanoma 26.240 99,36 5.880 104,36
Traquéia, Brônquio
e Pulmão
3.630 13,81 1.460 26,45
Colo e Reto 2.680 10,18 1.170 20,63
Estômago 3.840 14,63 1.100 20,01
Cavidade Oral 2.500 9,55 800 14,55
Próstata 9.820 37,97 2.900 55,05
Esôfago 1.360 5,24 390 6,61
Mama Feminina 7.630 28,38 3.080 51,70
Pele Melanoma 450 1,75 250 3,48
Colo do útero 4.720 17,58 1.420 23,71
Leucemias 1.900 7,29 580 10,78
Outras Localizações 14.190 53,52 8.100 142,22
Total 78.960 299,26 27.130 479,55
Fonte: INCA, 2007
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Tabela 2.4 – Estimativas para o ano de 2008 no Estado de Pernambuco e Grande Recife, das taxas brutas de incidência por 100.000 habitantes e do número de casos novos de câncer, segundo a sua localização primaria.
Localização Primaria
Neoplasia maligna
Estimativa dos casos novos
Estado Capital
Casos Taxa Bruta Casos Taxa Bruta
Pele não melanoma 5.790 132,83 830 108,14
Traquéia, Brônquio
e Pulmão
830 19,45 270 35,29
Colo e Reto 670 15,41 270 33,69
Estômago 700 16,22 170 21,94
Cavidade Oral 510 11,78 140 18,15
Próstata 2.260 54,01 620 85,78
Esôfago 280 6,57 60 7,86
Mama Feminina 2.010 44,86 730 87,90
Pele Melanoma 100 2,31 40 5,53
Colo do útero 1.020 22,73 210 25,26
Leucemias 350 8,28 100 13,01
Outras Localizações 3.520 80,73 1.770 224,06
Total 18.040 414,63 5.210 664,90
Fonte: INCA 2007
Mediante tais informações podemos observar que a doença acomete cada
vez mais a população brasileira, e conseqüentemente também influência a economia
e a qualidade de vida no país. Apesar do Nordeste não esta entre as regiões
brasileiras com maior prevalência da doença, os índices de morbidade e mortalidade
crescem a cada ano, onde em 2008 esta estimado uma taxa de aproximadamente
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17% dos novos casos no Brasil, um aumento de 1,5% das ultimas estimativas para o
ano de 2005 que foram de 15,5 % dos novos casos.
Para o estado de Pernambuco estão estimados 18.040 novos casos que
corresponde a 3,86 % da população nacional e 22,85% da população nordestina,
perdendo apenas para Bahia que apresenta 23,37% da população estimada a ser
acometida pela doença.
Esse aumento não é considerado tão significativo em relação aos últimos 3
anos, onde se estimou em Pernambuco, para 2005, 17.070 novos casos que
correspondeu a 3,56% da população nacional. Entretanto, em relação ao nordeste,
observamos uma pequena diminuição na incidência de novos casos, que passou de
23, 47% em 2005, para 22, 85% para 2008, como já mencionado.
2.1.4. Tratamento
Com os avanços na Medicina e com a ajuda da tecnologia, atualmente existe
uma variedade de opções para o tratamento de doenças degenerativas como o
câncer. Entretanto, a quimioterapia é considerada uma das abordagens mais bem
aceita para o seu tratamento. É nesse sentido que pesquisadores buscam o
aprimoramento de novos agentes terapêuticos capazes de atuar sobre a doença, e
em especial aqueles que sejam ativos contra tumores sólidos (FORMARIZ et al.,
2004).
Existe uma variedade de fármacos capazes de inibir ou atuar na síntese de
macromoléculas como DNA e RNA. Aqueles capazes de inibir a síntese geralmente
agem como antimetabólitos, ou como inibidores enzimáticos. Os que atuam
diretamente sobre os ácidos nucléicos já existentes, podem ser classificados de
forma geral como agentes intercaladores, agentes alquilantes e agentes que clivam
as cadeias. Em ambos os casos, o resultado final é a prevenção ou a diminuição do
crescimento e da divisão celular (THOMAS, 2003).
-
19
2.1.4.1. Antimetabólitos
São fármacos capazes de bloquear vias metabólicas normais nas células.
Suas estruturas geralmente são muito semelhantes aos metabólitos celulares e são
usados para impedir a formação do DNA. Esses fármacos podem ser classificados
como antifolatos, antimetabólitos das pirimidinas e das purinas (THOMAS, 2003).
Os folatos são essenciais para a síntese de nucleotídeos da purina e do
timidilato, indispensáveis para a síntese do DNA e a divisão celular. Seu principal
antagonista é o metotrexato (Figura 2.2), que interfere na síntese do timidilato
através de uma ligação do mesmo com uma enzima chamada diidrofolato redutase
(RANG et al., 2004).
Figura 2.2 - Principal antagonista dos folatos – metotrexato
Os antimetabólitos das pirimidinas são geralmente relacionados
estruturalmente com os endógenos que eles antagonizam. Geralmente, eles atuam
por inibição de uma ou mais enzimas que são necessárias para a síntese de DNA,
como exemplo temos o fluorouracil, que é metabolizado pela mesma via que o uracil
(Figura 2.3), gerando o ácido 5-fluoro-2”-desoxiduridílico (FUdRP). O flúor foi
escolhido para substituir o átomo de hidrogênio na posição 5 do uracil porque possui
uma dimensão semelhante ao hidrogênio (WILLIAMS e LEMKE, 2002; THOMAS,
2003).
Figura 2.3 - 5-Fluorouracil um análogo estrutural do Uracil
Outros compostos como o 6-mercaptopurina e a 6-tioguanina (Figura 2.4),
são antimetabólitos purínicos, com estrutura baseada no núcleo da purina. Eles
N
NN
N
N
NH2
H2NCH3
CONH CH
COOH
CH2CH2COOH
5-Fluorouracil
N
N
O
O
H
H
F
Uracil
N
N
O
O
H
H
H
-
20
inibem a síntese do DNA e em alguns casos do RNA através de mecanismos
diferentes (THOMAS, 2003).
Figura 2.4 - Antimetabólitos Purínicos
2.1.4.2. Agentes Alquilantes
São fármacos correlatos que contêm grupos químicos capazes de formar
ligações covalentes com substâncias nucleofílicas particulares na célula, como o
DNA. Esses agentes em sua maioria são bifuncionais, ou seja, apresentam dois
grupos alquilantes. Nos ácidos nucléicos, atuam principalmente no nitrogênio da
posição 7 (N7) da guanina, por ser fortemente nucleofílico, embora o N1 e N3 da
adenina e o N3 da citosina também possam ser afetados (RANG et al., 2004).
A sua natureza eletrofílica implica também dizer que eles também podem
reagir com um grande número de biomacromoléculas, justificando assim, muito dos
seus efeitos indesejáveis, como as mostardas nitrogenadas (Figura 2.5), que estão
relacionadas com a mostarda de enxofre, o “gás de mostarda” muito utilizado
durante a Primeira Guerra Mundial. No entanto, devido ao seu caráter nucleofílico e
conseqüentemente muito tóxico, outros fármacos foram desenvolvidos como o
clorambucil, um fármaco menos tóxico, sendo ativo contra linfomas malignos,
carcinomas da mama e do ovário e a leucemia linfocitica (THOMAS, 2003).
HN
N
S
H2NN
N
H
6-tioguanina
HN
N
S
N
N
H
6-mecaptopurina6-tioguanina 6-mecaptopurina
-
21
Figura 2.5 - Mostardas nitrogenadas
Vários outros agentes alquilantes foram sintetizados com objetivo de diminuir
os efeitos colaterais dos derivados das mostarda nitrogenadas. Entre eles temos
bussulfan, dacarbazina, complexos de platina, procarbazina, ifosfamida e melfalan.
Todos esses foram desenvolvidos para alquilar e assim, interferir na síntese do DNA
(BRODY et al., 1997).
Pesquisadores vêm desenvolvendo e testando uma nova serie de análogos
da cisplastina no qual o complexo de platina esta ligado a um intercalador como a 9-
aminoacridina-4-carboxamida que levam a formação do complexo 9-aminoacridina-
4-carboxamida platina (Figura 2.6). Esses análogos exibem uma atividade
semelhante ao da cisplastina, mas também exibem uma significante atividade in vivo
frente a tumores resistentes a cisplastina (TEMPLE et al., 2002).
Figura 2.6 - Complexo 9-aminoacridina-4-carboxamida platina
2.1.4.3. Agentes Capazes de Clivar a Cadeia de DNA
Essa classe de fármacos são capazes de degradar os ácidos nucléicos em
fragmentos menores, entre eles temos as bleomicinas (Figura 2.7) e os seus
análogos. Acredita-se que a sua ação sobre o DNA envolva a intercalação ao DNA e
a quelação do Fe2+ que interage com o oxigênio, resultando na oxidação do ferro e
produção de radicais superóxido e/ou hidróxilas (RANG et al., 2004; THOMAS,
2003).
N
NH2
NH(CH2)n
NHPt
NH2
Cl Cl
O
R N
Cl
Cl
-
22
Figura 2.7 - Estrutura da Bleomicina A2
2.1.4.4. Agentes Hormonais
Existem tumores em certos tecidos que são considerados hormônio-
dependente. Desta forma, o seu crescimento pode ser inibido por hormônios com
ações opostas, por antagonistas de hormônios ou por agentes que inibem a síntese
dos hormônios relevantes. Entre esses hormônios podemos destacar os
glicocorticóides, que exercem efeitos inibitórios sobre a proliferação dos linfócitos e
são utilizados no tratamento de leucemias e dos linfomas. Além desses, temos os
estrógenos como fosfestrol e os progestogênios como o megestrol e a
modroxiprogesterona, que tem sido bem utilizado nas neoplasias endometriais e
tumores renais (RANG et al., 2004).
Os antagonistas hormonais também têm se apresentado como fármacos
eficazes no tratamento de diversas neoplasias, entre eles temos o tamoxifeno,
considerado o principal antiestrogênico usado clinicamente e age se ligando a
receptores de estrogênio e bloqueando a transcrição dependente de estrógenos em
uma das fases do ciclo celular. Entre os antiandrogênicos temos a flutamida e a
ciproterona que inibem a ligação do androgênio a receptores no núcleo, e são
utilizados em tumores de próstata (BRODY et al., 1997; RANG et al., 2004).
N N
CH3
H2N
CONH2
N
NH
O
H
NH
O
O
OO
OH
OH
HO
OHOCONH2
OH
OH
NH
N
HO
CH3
NH
OHO CH3
NH
S
N
S
N
CONHCH2CH2CH2S
O
CH3
CH3
CH3CONH2
CH3
-
23
2.1.4.5. Intercaladores do DNA
Esses fármacos são capazes de se inserirem entre as bases da hélice de
DNA e assim inibem a transcrição, o que bloqueia o processo de replicação celular.
Entretanto acredita-se que o processo de replicação pode ser alterado devido à
inibição das enzimas topoisomerases. Esses fármacos devem possuir estruturas que
contêm uma seção com anéis aromáticos condensados, ou uma seção contendo um
anel heterocíclico aromático que pode se encaixar entre as estruturas planas das
bases do DNA. Com isso, acredita-se que esses fármacos além de intercalar o DNA
também atuam como inibidores enzimáticos (THOMAS, 2003).
2.1.4.6. Fármacos Considerados “Venenos” Topoisomerases
As topoisomerases I e II são expressas em diferentes níveis nos diferentes
tipos celulares. A expressão da topoisomerase I é marcante nas linhagens celulares
de câncer de colo enquanto que das topoisomerases II são mais freqüentes em
linhagens celulares de câncer de mama e ovário (HOLDEN et al., 1990). Essas
informações serviram de incentivo para pesquisadores de áreas afins
desenvolverem novos fármacos que fossem capazes de atuar em tais enzimas,
visando uma terapêutica mais eficiente. Com isso, um grande número de compostos
têm sido desenvolvido com capacidade de interferir com a atividade das
topoisomeraeses, principalmente a topoisomerase II, e esses apresentam uma
variedade de características estruturais (BAILLY, 2000).
A variedade de compostos que interferem na atividade catalítica da
topoisomerase I fornece uma oportunidade para avaliar regiões funcionais destas
moléculas. O alcalóide 4-etil-4-hidroxi-1,12-diidro-4H-2-oxa-6,12a-diaza-dibenzo
[b,h]-fluoreno-3,13-diona chamada de camptothecin (Figura 2.8) é conhecido por
inibir a topoisomerase I, e consideráveis evidências indicam que essa droga forma
um complexo covalente com o DNA e topoisomerase I, resultando na inibição da
etapa de re-ligação do ciclo catalítico (HSIANG et al., 1989; FROELICH-AMMON e
OSHEROFF, 1995).
-
24
Figura 2.8 – Estrutura do Camptothecin
No entanto, Kubota e colaboradores (1992), assim como Tanizawa e
colaboradores (1993) haviam evidenciado em seus trabalhos de pesquisa a
existência de células resistentes ao camptothecin, devido a formas mutantes de
topoisomerases.
Outros estudos em linhagens de células resistentes têm sido iniciado para a
descoberta de mutantes que confere resistência ao camptothecin aparentemente
sem alterar a capacidade da enzima relaxar a super helicoidização (LI, et al., 1997).
Devido a tal fato, análogos sintéticos do camptothencin foram desenvolvidos como o
topotecan e irinotecan (PALUMBO et al., 2002).
Os venenos topoisoemrases II incluem drogas de diferentes famílias, como
antraciclinas, epipodofillotoxinas, flavonóides e derivados da acridina (Figura 2.9).
N
N
O
O
O
CH3OH
-
25
Figura 2.9 – Alguns fármacos que atuam nas topoisomerases II
Alguns destes fármacos não atuam com ligantes do DNA, enquanto outros
exibem uma alta afinidade pelos ácidos nucléicos. Muitos destes são intercaladores
de DNA (antraciclinas, antracenodiona, derivados da acridina, bisantreno e
actnomicina D). Eles se caracterizam por uma região policíclica planar intercaladora
de DNA e grupos polares de correntes laterais que são eventualmente atacados.
Supõe-se que esta região planar é capaz de “escorregar” entre as bases de DNA e
gerar uma eficiente interação. Além disso, para estabilizar um maior contato com os
ácidos nucléicos, as “correntes laterais” provavelmente interagem com a enzima,
atuando como elementos de reconhecimento da enzima. A estrutura química, a
relativa posição dos grupos farmacóforos (anel planar e “correntes laterais”) parecem
ser fundamentais na modulação das ligações aos ácidos nucléicos e dos efeitos de
envenenamento enzimático (CAPRANICO et al., 1998; BAILLY et al., 1999).
O
O OH
OHO
COCH3
OH
H3CO
NH2
OH
H3C
O
OH
HO
OH
O
H
OH
O
O
O
HO
H O
OO
O
H
H
O
OH CH3
OOH3C CH3
OH
Antraciclinas Epipodofillotoxins
Flavonóides Derivados da Acridina
N
NH
OCH3H3C2OSHN
-
26
Todos esses fármacos interferem com uma das etapas do ciclo catalítico das
topoisomerases. Eles são capazes de atuarem no então chamado “complexo de
clivagem”, que representa um estado de intensa fragilidade da molécula de DNA,
cuja continuidade é apenas concedida por quatro grupos de ligações de hidrogênio
entre os pares de bases e por interações não covalentes entre os dois monômeros
da topoisomerase II. A estabilidade deste complexo é também suficiente para inibir a
proliferação celular através de um sinal letal para as células que entram em
apoptose como uma resposta a esta agressão (WALKER et al., 1991 Apud ROBERT
e LARSEN, 1998).
Com isso, inibidores duais de topoisomerases I e II, têm apresentado
vantagens por terem a capacidade de interferir tanto nas topoisomerases I como nas
topoisomerases II. Como exemplos podemos destacar o intoplicina e o [N-[2-
(dimetilamino)etil]-acridina-4-carboxamida (XR 5000) conhecida como DACA (Figura
2.10) (PODDEVIN et al., 1993).
Figura 2.10 – Fármacos Capazes de interferir nas topoisomerases I e II.
Outros inibidores duais como o derivado da fenazina, o 4-metoxi-
benzo[a]fenazina-11-carboxil-(1-dimetilamino-etil)-amida (XR 11576) (Figura 2.11) foi
desenvolvido para superar o fenômeno da Multdrug Resistence (MDR) (WANG et al.,
2002).
N
N
HO
NH(CH2)3N(CH3)2
H
Intoplicina XR 5000 - DACA
N
NN
H
O
-
27
Figura 2.11 – Estrutura da 4-metoxi-benzo[a]fenazina-11-carboxil-
(1-dimetilamino-etil)-amida (XR 11576)
Nesse contexto, os derivados acridinicos como N-[2-
(dimetilamino)etil]acridina-4-carboxamina (DACA) e seus análogos estruturais
representam uma classe de agentes intercaladores de DNA com atividade inibitória
frente a enzimas reguladoras do processo de transcrição, topoisomerases I e II
(SCHENEIDER, 1988; FINLAY, 1996). Tais derivados apresentam um amplo
espectro de atividade frente a tumores sólidos em modelos animais e não são
relativamente afetadas pelo fenômeno multidroga resistência mediada pela
glicoproteina-P devido a sua alta lipolificidade (ATWELL, 1987; BAGULAY, 1995).
Spicer e colaboradores (1997) obtiveram uma série de derivados acridínicos,
os quais foram avaliados frente a uma linhagem de células que incluiam o tipo
selvagem (JLc) e mutantes (JLa e JLd) de leucemias Jurkat humana. Constataram
que essa linhagem mutante apresentava resistência a agentes específicos inibidores
da topoisomerases II, principalmente devido ao baixo nível enzimático. Daí à
importância de se desenvolver novos agentes terapêuticos eficazes portadores de
uma atividade dual frente as topoisomerases, e que sejam capazes de superar tal
resistência.
N
N
H3CO
N NO
H
-
28
2.1.4.7. Acridinas: Como Possíveis Fármacos Direcionados ao Tratamento do
Câncer
Derivados acrdínicos são os agentes quimioterápicos mais amplamente
estudados como antimaláricos, antiprotozoário, antibactericida e antitumoral. Esses
compostos são caracterizados por apresentarem um sistema policíclico planar,
formado por três ou quatro anéis e um ou dois grupos substituintes flexíveis
(SANCHEZ, et al 2006).
O seu interesse clinico surgiu em 1888, quando Auclert foi designado a
encontrar o uso médico da 3-amino-9-amino-fenil-acridina (Figura 2.12), e em suas
pesquisas descobriu que tal composto apresentava propriedades farmacológicas
semelhantes as quininas e alguns alcalóides.
Figura 2.12 - 3-amino-9-aminofenil-acridina
Mas tais derivados não foram utilizados até Browning em 1913 descobrir a
ação antibacteriana da proflavina e acriflavina (Figura 2.13), e a partir de então
esses compostos foram introduzidos na prática médica principalmente no período da
Primeira Guerra Mundial (ALBERT, 1966).
Figura 2.13 – Estrutura dos antibacterianos proflavina e acriflavinas
N NH2
NH2
N NH2H2N
Prof lav ina Acriflavina Proflavina
N NH2H2N
CH3
+
(Cl-)
Acrif lav ina
-
29
Na década de 1950, pesquisadores encontraram outras propriedades das
acridinas. Estes constataram que tais moléculas poderiam diferenciar os ácidos
ribonucléicos (RNA) dos ácidos desoxirribonucléicos (DNA) com fluorescência
vermelha e verde respectivamente. Tais observações foram feitas em tecidos fixos,
mas logo foram transferidos para células vivas (SMILES e TAYLOR, 1957;
STOCKINGER, 1958). Isso despertou a curiosidade dos estudiosos da área a
investigar a capacidade que tais fármacos poderiam interferir com a estrutura dos
ácidos nucléicos e assim na replicação celular.
Mas foi na década de 1970, que surgiu o primeiro derivado anilinoacrdinico,
desenvolvido por Denny e colaboradores, a Amsacrina (N-[4-(acridin-9-ylamino)-3-
metoxi-fenil]-metanosulfonamida – m-AMSA) (Figura 2.14).
Figura 2.14 - Estrutura da Amsacrina
Tal derivado foi implementado na clinica em 1976 para o tratamento de
leucemias e foi o primeiro fármaco no qual o seu modo de ação foi previsto como
uma interação com o complexo DNA-Topoisomerase II (DENNY, 2004).
As topoisomerases são enzimas que estão envolvidos no processo de
relaxamento do DNA durante inúmeros processos críticos celulares, tais como
replicação, recombinação e transcrição através de uma quebra transitória em uma
ou nas duas fitas de DNA, passando uma ou ambas através da abertura do DNA e
finalmente religando as quebras (LI et al., 2004)
Nos eucariotos existem dois tipos de topoisomerases, a I e II, que estão
envolvidas na diminuição do estresse torcional no momento da replicação do DNA,
N
HN
H3CO NH S
O
O
CH3
-
30
transcrição e condensação das cromatinas (DENNY e BAGULAY, 2003; LEPPARD e
CHAMPOUX, 2005).
O ciclo catalítico das topoisomerases I e II consiste na clivagem do DNA,
através de cortes em uma ou em ambas as fitas respectivamente, para formar um
intermediário covalente enzima-DNA, relaxamento do DNA e religação da coluna
fosfodiéster para restaurar a integridade do DNA (BAILLY, 2000). E fármacos
capazes de interagir com tal intermediário, são considerados venenos
topoisomerases, pois formam um complexo ternário fármaco-enzima-DNA, levando a
quebras sucessivas no mesmo e destruição de células cancerígenas (BELMONT et
al, 2007).
Estudos de modelagem molecular verificaram que o principal modo de
interação dos derivados 9-anilinoacridinicos foi por intercalação, e que diferentes
grupos substituintes podem interferir no modo e na seqüência das bases (FISCHER
e PINDUR, 1999). Entretanto, em estudos realizados com a m-AMSA e um dos seus
isômeros, menos ativo, o-AMSA (N-[4-(acridin-9-ilamino)-2-metoxi-fenil]-
metanosulfonamida) (FIGURA 2.15), foram estudados em DNA de plasmídio, e
observaram que a porção acridinica, de ambos os derivados, intercalam no DNA,
entretanto, o grupamento anilinico da m-AMSA, participa de uma interação
especifica adicional com as topoisomera II, o que não foi observado com o seu
isômero o-AMSA. Esses resultados apontam a capacidade da amsacrina em
interagir com a enzima sozinha, independente da formação do complexo ternário
fármaco-enzima-DNA, e isso parece ser fundamental na sua atividade inibitória
(CHOURPA et al 1996).
-
31
Figura 2.15. Estrutura do o-AMSA
Embora, a m-AMSA, seja um intercalador e inibidor da topoisomerase II, seu
metabolismo pode estar associado com a produção de radicais livres, que causam
sérios danos não apenas ao DNA das células tumorais mais também das células
normais (BLASIAK et al 2003).
Essa toxicidade, pode ser resultado da ação espécies de oxigênios reativos
que se formam durante o metabolismo da amsacrina nas células. Este processo
envolve a oxidação do fármaco, formando espécies de quinonas-diiminas
quimicamente reativas, que podem assim reagir com compostos tiois ou aminas,
incluindo glutationas (SU et al, 1995; BLASIAK et al, 2003).
Com intuito de contornar o problema, pesquisadores vêm desenvolvendo
novos derivado acridínicos baseado na estrutura da amsacrina os chamados drogas
“como amsacrina” um deles é o 3-(9-acridinilamino)-5-(hidroximetil)-anilina (AHMA)
(Figura 2.16), onde o grupo amino se encontra na posição meta, prevenindo assim a
formação de quinonas-diiminas, diminuindo sua toxicidade. Seu mecanismo de ação
é semelhante ao da amsacrina, onde se observou uma intercalação com o DNA e
interação com topoisomerase II, entretanto apresentam longo tempo de meia-vida
(SU et al 1995).
N
HN
NH
OH3C
S
O
O
CH3
-
32
Figura 2.16 – Estrutura do AHMA
Outros derivados do AHMA foram sintetizados por Su e colaboradores, e
avaliados sua citotoxicidade in vitro, interação com topoisomerase II e atividade
antitumoral in vivo, nesses derivados foram substituído o grupamento CH2OH por
CH3 nas posições orto-, meta- e para- em relação ao grupamento amino, levando a
formação dos compostos 5-(9-acridinilamino)-m-toluidina (AMTs), 5-(9-
acridinilamino)-p-toluidina (APTs) e 5-(9-acridinilamino)-o-toluidina (AOTs). As
posições 4 e 5 do núcleo acridinico também foram submetidos a modificações por
grupos dimetilaminoetilcarboxamida e metil respectivamente (Figura 2.17), que
apresentaram melhor citotoxicidade in vitro que o AHMA e uma apreciável atividade
antitumoral in vivo, com menor toxicidade para o hospedeiro (CHANG et al 2003).
Figura 2.17- Estrutura dos derivados da AHMA (AOT, AMT e APT)
Outros derivados da AHMA foram sintetizados, apresentando as mesmas
características estruturais para o núcleo acridínico, diferenciando apenas o
N
HN NH2
CH3NH
NO
CH3
AOT
N
HN
CH3
NH2
CH3NH
NO
AMT
N
HN NH2
CH3NH
NO
H3C
APT
N
HN
CH2OH
NH2
-
33
grupamento metila da anilina que foi substituído por uma metoxila nas posições orto-
meta- e para- conduzindo aos compostos 5-(9-acridinilamino)-o-anisidine (AOA), 5-
(9-acridinilamino)-m-anisidine (AMA) e 5-(9-acridinilamino)-p-anisidine (APA) (Figura
2.18) (BACHERIKOV et al, 2005).
Figura 2.18 – Estrutura dos derivados da AHMA (AOA, AMA, APA)
Esses derivados foram testados frente a diversas linhagens de células
tumorais e observaram que o AOA foi o composto mais potente, quando comparado
aos outros derivados AMA e APA, seguindo a seguinte ordem de citotoxicidade:
AOA>AMA>APA. E quando comparados todos os derivados sintetizados e avaliados
pelo grupo foram observado à seguinte ordem de toxicidade: AMA >AMT, AOA >
AOT entretanto o APT > APA. Isso foi justificado pela posição do grupo metila (efeito
indutivo) e do grupo metoxila (efeito doador de elétrons) afetando a
eletronegatividade do anel anilinico e conseqüentemente alterando a ligação droga-
topoisomerase II e assim a atividade antitumoral (BACHERIKOV et al, 2005).
E com base na eficácia das respostas frente a neoplasias apresentadas pelos
derivados acridínicos, que Silva (2003) idealizou e sintetizou novos derivados
imidazoacridínicos e tiazoacridínicos. Entre esses o derivado 5-(acridina-9-il-
metileno)-3-(4-nitro-benzil)-tiazolidina-2,4-diona (AC-06) e o 5-(acridina-9-il-
metileno)-3-(4-bromo-benzil)-tiazolidina-2,4-diona (AC-07) (FIGURA 2.19), foram os
mais ativos frente ao tumor sólido Sarcoma 180 na dose de 50 mg/Kg, com taxa de
inibição de crescimento tumoral de 71,48% e 72,25%, respectivamente. Outros
derivados imidazoacridínicos e tiazoacridínicos já sintetizados no Laboratório de
N
HN NH2
CH3NH
NO
OCH3
AOA
N
HN
OCH3
NH2
CH3NH
NO
AMA
N
HN NH2
CH3NH
NO
H3CO
APA
-
34
Planejamento e Síntese de Fármacos - LPSF se encontram patenteados (PITTA et
al., Br, IP-0203747-5, 2002).
Figura 2.19 - Derivados acridínicos desenvolvidos pelo LPSF – UFPE
A seguir discutiremos a química das acridinas, nomenclatura, reatividade e
vias de obtenção utilizadas para a preparação de acridinas.
2.1.4.7.1. Química das Acridinas
A química dos compostos heterociclicos é um dos ramos mais complexos da
química orgânica. Tais compostos normalmente apresentam uma grande
diversidade de atividades biológicas, o que desperta o interesse de centros de
pesquisas em todo o mundo. Dentre tais derivados os anéis policíclicos planares
apresentam grande interesse, principalmente por apresentarem propriedades
antiproliferativas, entre eles os derivados acridinicos vem sendo amplamente
estudado em todo o mundo e apresentam resultados promissores, o que encorajam
os pesquisadores na busca de novos prováveis fármacos a partir desse farmacóforo.
O núcleo acridinico foi descoberto em 1870 Graebe e Caro, quando esses
analisavam as cinzas de alcatrão e descobriram um novo material básico,
semelhante ao antraceno, que apresentavam um átomo de nitrogênio no seu anel
central. Por apresentar um cheiro acre e ações irritantes sobre a pele e mucosas
essa nova substância foi chamada de “Acridin” (acris = acre ou mordaz) (ACHESON
et al 1956). As acridinas são compostos heterociclicos formados de dois anéis
benzênicos fundidos a um anel piridínico no centro (Figura 2.20). Também são
N
S
N
O
O
CH2 NO2
AC-06
N
S
N
O
O
CH2 Br
AC-07
-
35
denominadas de dibenzo-(B, E)-piridina; 10-azaantraceno; 2,3,5,6-dibenzopiridina;
2,3-dibenzoquinolina, entre outros.
Figura 2.20 - Acridina
A partir desse núcleo uma serie de moléculas contendo o cromóforo da
acridina foram sintetizados e avaliados frente a diversas atividades biológicas, por
diversas diferenciadas rotas.
Um dos principais métodos para obtenção dos núcleos acridinicos é a partir
das reações de Ullmann. Esta reação consiste basicamente em um acoplamento de
haletos de arila com aminas para a síntese de aril-éster ou arilaminas (Esquema 2.1)
(KUNZ et al, 2003). Na realidade as reações de Ullmann foram realizadas desde
inícios do século XX e são amplamente utilizadas pelos laboratórios de químicas ate
os dias atuais.
N
12
3
45
6
7
8 9
-
36
Esquema 2.1 - Reações de Acoplamento cobre-catalisada de Ullmann e Goldberg.
Essas reações são também conhecidas por condensação de Ullmann e
usadas para descrever reações cobre-catalisadas. O ponto limitante de tais reações
consiste basicamente nas condições reacionais onde se faz necessário a utilização
de solventes muitas vezes tóxicos, altas temperaturas, alem de intolerância a uma
ampla variedade de grupos funcionais (FANTA, 1974; LINDLEY 1984).
Com isso, varias metodologias foram desenvolvidas baseadas nas reações de
Ulmann conhecidas por reações cobre-catalisadas, modificando-se as fontes de
cobre, como também os solventes utilizados nas reações.
Como por exemplo, as reações de acoplamento cobre-catalisadas para
obtenção de alquilaminas, através de uma reação de aminação com iodeto de cobre
e etilenoglicol, em meios reacionais mais brandos e com uma ampla tolerância a
diferentes grupos funcionais a partir de iodetos de arila em meio básico (Esquema
2.2) (BUCHWALD et al 2002).
OH Br
Cu cat, K
2-2,5 h
210°C, 90%
O
OH
O
NH2
Br
Cu cat. K2CO3
3h, 210°C, Ph-NO299%
OH
O
NH
-
37
Esquema 2.2 - Reação de aminação cobre catalisada
Outros compostos foram sintetizados por reações de aminação do ácido
clorobenzóico, conduzindo a formação dos derivados ácidos N-aril-antranilinico, por
Mei e colaboradores (2005). Tais pesquisadores realizaram um protocolo de
aminação cobre-catalisada para a síntese de ácidos N-aril-antranilinico que foram
utilizados como precursores para a construção de 9-cloro e 9-bromo acridinas. Das
reações realizadas a que apresentou melhor resultado foi a partir do acido o-cloro-
benzóico e m-cloro-anilina na presença de Cu, Cu2O, K2CO3 e 2-etoxi-etanol como
solvente a 130° por 24h, resultando no composto final com 99% de rendimento
(Esquema 2.3)
Esquema 2.3 – Síntese do acido N-(3-cloro-fenil)-antranilinico)
E assim, vários derivado acridínicos foram sintetizados através de
aperfeiçoamento nas condições reacionais como a síntese dos derivados acridínicos
e acridônicos realizadas por Gooldell e colaboradores (2006), inicialmente os
derivados acridínicos foram sintetizados a partir de uma reação modificada de
acoplamento de Ullmann-Goldberg entre o ácido bromoterafitálico e anilinas
produzindo os intermediários antranilínicos. Uma reação cobre-catalisada e piridina
como co-catalisador responsável por manter o ciclo do Cu°, reduzindo o tempo
reacional e melhorando os rendimentos. A segunda etapa consiste em uma reação
I
NHR1
R2
5 mol% CuI
2 equiv K3PO42 equiv HO(CH2)2OH
Isopropanol80°C 8-72h
NR1
R2
48 - 91%
OH
O
Cl
H2N Cl
Cu, CU2O, K2CO3
2-etoxi-etanol, 130°, 24h
OH
O
NH
Cl
-
38
de ciclização com POCl3 levando a formação dos intermediários 9-cloroacridínicos, e
um cloroácido respectivamente Tais intermediários reagiram com aminas
conduzindo a formação dos compostos 3-carboxamida-9-cloroacridinicos. Por fim
esses intermediários reagem com fenol, formando um intermediário fenóxi-
acridínicos estável que foi acoplado com aminas conduzindo aos derivados 9-
aminoacridínicos finais (Esquema 2.4).
Esquema 2.4. - Síntese de derivados 9-aminoacridinico