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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Parasitologia
Dissertação
Prevalência de anticorpos anti- Toxocara canis em ovinos da região Sul do estado do Rio Grande do Sul
Gabriela Rassier
Pelotas, 2010
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Gabriela Lopes Rassier
Prevalência de anticorpos anti- Toxocara canis em ovinos da região Sul do estado do Rio Grande do Sul
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Parasitologia da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências (área de
conhecimento: Parasitologia).
Orientador (a): Profª Dr.ª Maria Elisabeth Aires Berne
Co-orientadora: Prof ª Dr.ª Sibele Borsuk
Pelotas, 2010
Dados de catalogação na fonte: Ubirajara Buddin Cruz – CRB-10/901 Biblioteca de Ciência & Tecnologia - UFPel
R228p Rassier, Gabriela Lopes
Prevalência de anticorpos anti-Toxocara canis em ovinos da região Sul do estado do Rio Grande do Sul / Gabriela Lopes Rassier ; orientador Maria Elisabeth Aires Berne ; co-orientador Sibele Borsuk. – Pelotas, 2010. – 56f. – Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Parasitologia. Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Instituto de Biologia. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2010.
1.Parasitologia. 2.Toxocara canis. 3.Ovinos. 4.Elisa.
5.Soroprevalência. I.Berne, Maria Elisabeth. II.Borsuk, Sibele. III.Título.
CDD: 636.3089696
Banca Examinadora: ___________________________________ Profª Dr.ª Maria Elisabeth Aires Berne ___________________________________ Prof.Dr. Carlos James Scaini
___________________________________ Profª Dr.ª Claudia H. Pinho Fernandes ___________________________________ Prof. Dr. Fábio Pereira Leivas Leite
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser meu refúgio, minha força e alegria a cada dia.
Aos meus pais, Sandra e Heron, pelo amor, carinho e por não terem medido esforços para que eu chegasse até aqui.
Ao meu tio Sérgio, o carinho e dedicação me ajudando sempre que necessário.
Aos meus irmãos, Ieve e Ian, pelo amor e a amizade. Por mais que a distância nos separe, sempre estaremos juntos.
A todos os meus amigos, especialmente a Jaqueline e o Alexsander, que sempre estiveram presentes me aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.
Na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL),
À Dr.ª Maria Elisabeth Berne, minha orientadora e amiga, por ter me proporcionado a oportunidade de desenvolver este trabalho, pelo apoio recebido e confiança depositada.
À minha co-orientadora, Dr.ª Sibele Borsuk, pela ajuda neste trabalho e pela relação de confiança que construímos ao longo do tempo que nos conhecemos. “Gracias” pelos ensinamentos e pela amizade sincera.
Aos meus colegas, Felipe, Tiago, Janaína, Suélen e Tati pela grandiosa ajuda na realização deste trabalho.
À Dr.ª Magda Benavides pelo apoio em relação aos cálculos estatísticos.
Aos meus amigos e colegas do laboratório de Parasitologia Molecular, Fernanda, Relber, Paula, Amanda, Lucas, Luciano, a todos pela amizade, respeito, auxílio e ambiente agradável de trabalho.
RESUMO
RASSIER, Gabriela Lopes. Prevalência de anticorpos anti- Toxocara canis
em ovinos da região Sul do estado do Rio Grande do Sul. 2010. 56f.Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS. A toxocaríase visceral é uma zoonose parasitária negligenciada. O principal modo de infecção é pela ingestão de ovos embrionados de Toxocara canis, porém os seres humanos podem se infectar pela ingestão de carne ou vísceras de hospedeiros paratênicos. Este modo de infecção carece de informações pela diversidade de espécies de animais que podem atuar como hospedeiros paratênicos desse ascarídeo. Existem poucos dados sobre a soroprevalência em rebanhos ovinos em todo mundo. O objetivo deste trabalho foi verificar a presença de anticorpos anti-T. canis e determinar fatores de risco em ovinos do sul do estado do RS, que se destaca como região consumidora, sendo uma das principais regiões produtoras de ovinos, cujo manejo envolve a presença de cães. Amostras de soro de 1642 ovinos foram testadas para conhecer a prevalência de imunoglobulinas da classe G para T. canis, pelo Ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) utilizando o antígeno de excreção e secreção de T.canis (TES). A soroprevalência para T. canis foi de 57,4% (942/1642). Na avaliação da positividade das propriedades, todas tiveram pelo menos animal positivo. Os fatores que mostraram significância (p ≤ 0,05) para soropositividade ao T. canis foram ovinos com idade superior a dois anos, oriundos de pequenas propriedades, criados semi-extensiva e o contato com cães errantes e canídeos silvestres. Os resultados indicam que a infecção por T. canis está amplamente distribuída entre os rebanhos ovinos da região sul do Rio Grande do Sul, podendo representar risco à saúde humana Palavras- chave: Toxocara canis, Ovinos, ELISA,Soroprevalência.
ABSTRACT
RASSIER, Gabriela Lopes. Prevalence of anti-Toxocara canis antibodies in sheep from the Southern of Rio Grande do Sul state. 2010. 61f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Parasitologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
Visceral Toxocariasis is a zoonosis neglected parasitic. The main mode is infection by ingestion of embryonated eggs of Toxocara canis, but humans can get infected by eating meat or offal from parathenic hosts. This mode of infection lacks information for the diversity of animal species that can act as hosts parathenic this ascarid. There are few data on seroprevalence in sheep flocks worldwide. The aim of this study was to verify the presence of anti- T.canis and determine risk factors in sheep's southern state of RS, which stands as consuming region, is a major sheep-producing regions, whose management involves presence of dogs. Serum samples of 1642 sheep were tested to find the prevalence of immunoglobulin G to T. canis by enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) using excretory-secretory antigen of T.canis (TES). The seroprevalence of T. canis was 57.4% (942/1642). In assessing the positivity of the farms, all had at least one positive animal. The factors that showed significance (p ≤ 0,05) for seropositivity to T. canis were sheep aged over two years, coming from small farms and created semi-extensive contact with stray dogs and wild canids .The results indicate that the infection by T. canis is widely distributed among the sheep flocks in the southern of Rio Grande do Sul , and this can be a risk to human health.
Key-words: Toxocara canis, sheep, ELISA, seroprevalence.
Lista de Tabela- Introdução
Tabela 1 - Freqüência de anticorpos anti-Toxocara ssp em população humana,
no Brasil e em outros países....................................................................................7
Lista de Tabelas Artigo
Tabela 1- População ovina de propriedades rurais de municípios do sul do estado do Rio Grande do Sul e número de propriedades estudadas...............................................................................................................7 Tabela 2 - Características da amostra de propriedades com criação de ovinos estudadas na região sul do RS.............................................................................12 Tabela 3 - Descrição, segundo idade e sexo, do grupo amostral dos ovinos coletados nas 95 propriedades da zona sul do RS ...............................................13 Tabela 4- Fatores avaliados para risco de toxocaríase através do Teste Qui- quadrado do número total de ovinos .....................................................................14
Lista de Figuras Artigo
Figura 1- Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a zona sul e a localização dos municípios envolvidos no estudo................................................5 Figura 2- Prevalência de ovinos soropositivos, pela técnica de ELISA acima do ponto de corte na região sul do Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007 ...............................................................................................................................14 Figura 3 - Percentagem de ovinos jovens e adultos soropositivos para Toxocara
canis, na região sul do Rio Grande do Sul ...........................................................15 Figura 4 - Prevalência da soropositividade para Toxocara canis em ovinos de propriedades da região sul do Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007 em relação ao tamanho das propriedades .............................................................16 Figura 5 - Lesões hepáticas em ovino infectado experimentalmente com ovos embrionados de Toxocara canis ...........................................................................17
Lista de Abreviaturas
D.O: Densidade óptica
ELISA: Ensaio Imunoenzimático indireto
IgG: Imunoglobulina G
IgE: Imunoglobulina E
LMN: Larva migrans neurológica
LMO: Larva migrans ocular
LMV: Larva migrans visceral
OPD: Ortofenilenodiamina
PBS: Salina isotônica com tampão fosfato
PBS-T: PBS contendo Tween-20
PSMF: Fluoreto de fenilmetilsulfonila
SNC: Sistema Nervoso Central
TES: Antígeno de excreção e secreção de larvas de Toxocara canis
Ul: Unidade internacional
Sumário
1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA.................................................1
1.1 Toxocaríase humana.................................................................................... 2
1.2. Diagnóstico da toxocaríase humana............................................................ 4
1.3. Soroprevalência da toxocaríase humana. .................................................... 5
1.4. Toxocaríase em outros animais. .................................................................. 7
1.5. Risco zoonótico do consumo de carne crua ou mal cozida.......................... 8
2. OBJETIVO GERAL .....................................................................................,.. 10
2.1 Objetivos específicos.................................................................................... 10
3. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 11
ARTIGO - Prevalência de anticorpos anti-Toxocara canis em ovinos no sul do
Brasil.
Resumo. ............................................................................................................ 1
Abstract. ............................................................................................................. 2
1. Introdução. ..................................................................................................... 3
2. Material e Métodos...........................................................................................5
3. Resultados ......................................................................................................11
4. Discussão.........................................................................................................18
5. Conclusões.......................................................................................................21
6. Referências. .....................................................................................................22
7. Conclusões gerais............................................................................................25
8. Normas da revista...........................................................................................26
1
1- Introdução e Revisão bibliográfica
O termo síndrome da larva migrans visceral (LMV) descrita pela primeira vez por
Beaver et al. (1952). Esta síndrome se caracteriza pela migração e persistência de
larvas de helmintos em tecidos de hospedeiros não habituais (BEAVER, 1969).
Atualmente, sabe-se que é uma zoonose difundida em todo o mundo, constituindo- se
em um importante problema de saúde coletiva (ELEFANT et al., 2008).
Entre todos os nematóides que podem causar a LMV, Toxocara canis por
apresentar características peculiares de padrão de migração das larvas, elevada
prevalência e sobrevivência das larvas é o mais frequentemente implicado na etiologia
desta síndrome (CYPESS et al., 1977).Este parasito pertence ao filo Nematoda, à
classe Secernentea, ordem Ascaridida, superfamília Ascaroidea e família Anisakidae,
tendo como habitat das formas adultas o intestino delgado de cães e gatos; principais
hospedeiros definitivos. Nos cães com menos de dez semanas de idade, por possuírem
sistema imunológico imaturo, geralmente ocorre migração das larvas pela via hepato-
pulmonar- traqueal, que atingem o estagio adulto no intestino delgado (GLICKMAN,
1981). Estes animais são as principais fontes de infecção, sendo responsáveis pela
manutenção da contaminação ambiental (MAGNAVAL et al., 2001) em praças
(GUIMARÃES et al., 2005), em areias de praias (SCAINI et al., 2003), em locais de
recreação infantil (OLIVEIRA et al., 2007) e em pastagens (HUGHES, 1991), através
da liberação de ovos do parasito junto com as fezes.
A infecção dos seres humanos ocorre pela ingestão acidental de ovos
embrionados de T.canis (SCHANTZ & GLICKMAN, 1978) ou pela ingestão de larvas
deste parasito, presentes em carne ou vísceras cruas ou mal cozidas de hospedeiros
paratênicos. (STÜRCHLER et al., 1990).
Estudos da soroprevalência da toxocaríase humana mostraram que esta
síndrome tem ampla distribuição mundial, sendo mais freqüente em regiões tropicais e
subtropicais. (ANDRADE, 2000).
2
1.1-Toxocaríase humana
As manifestações clínicas da toxocaríase são variáveis em gravidade e
dependem do número de larvas ingeridas, freqüência da infecção, intensidade da
resposta imunológica do hospedeiro, duração da infecção, presença de larvas em locais
críticos e de, possivelmente, outros fatores ainda não estudados (SCHANTZ, 1989).
Essas podem ocorrer nas seguintes formas: sistêmica (clássica e incompleta),
compartilhada (LMO e LMN), oculta e assintomática. Esta nova classificação proposta
por Pawlowsky (2001) está associada às manifestações clínicas e mecanismos
imunopatológicos, incluindo a intensidade da resposta sorológica e a localização da
larva Toxocara.
A LMV sistêmica clássica é geralmente observada em crianças pré-escolares, mas
pode ocorrer em indivíduos de todas as idades, como forma grave, caracterizada por
eosinofilia crônica, febre, hepatomegalia, hiperglobulinemia, títulos elevados de
isohemaglutininas, leucocitose e alterações respiratórias. (BEAVER et al., 1952).
Segundo Magnaval et al (2000) nesta forma os títulos de IgE estão elevados.
Na LMV incompleta, forma mais comum, em que podem ocorrer apenas alguns
sinais da forma clássica, como por exemplo, hepatomegalia e elevada eosinofilia em
pacientes com sorologia (ELISA) anti- Toxocara positivo. Apresentando IgE total moderada.
(LUZNA-LYSKOV et al., 2000; FIGUEREIDO et al., 2005).
A síndrome da Larva migrans compartilhada se divide em duas formas
principais de toxocaríase: ocular (LMO) e neurológica (LMN) (Pawlowsky, 2001). Como
o olho e o cérebro são os sítios finais da migração da larva de Toxocara, estas formas
deveriam ser separadas das demais. Alguns autores acreditam que a forma de LMO
ocorra quando o número de ovos ingeridos é reduzido, não ocorrendo estímulo suficiente
para resposta imune protetora, e assim não impondo limites para a migração da larva.
Por outro lado, quando o número de ovos ingeridos for muito elevado, o efeito filtro do
fígado é insuficiente para impedir que um número considerável de larvas de Toxocara
migrem para outros órgãos (GLICKMAN & SCHANTZ, 1981).
3
A Larva migrans ocular (LMO) atinge, normalmente, crianças acima de seis anos
e adultos. Normalmente apresenta-se com deficiência visual unilateral, que, por vezes
está acompanhada por dor ocular e estrabismo. A consequência mais grave da infecção
é a invasão da retina, levando a formação de um granuloma, que desloca a retina
criando distorções, heterotopia ou descolamento da mácula, podendo levar inclusive à
cegueira (STEWART et al., 2005). O grau de comprometimento depende da
localização das larvas no globo ocular. A LMO também pode causar endoftalmite
crônica, granuloma solitário e, mais raramente, a retinite periférica. Pode ocorrer uveíte,
papilite, glaucoma secundário ou até endoftalmite difusa. (GOOD et al.,2004).
Na Larva migrans neurológica (LMN) o paciente pode apresentar
manifestações neurológicas devido à migração e a presença de granulomas
eosinofílicos. (FINSTERER et al., 2007). As manifestações mais comuns são crises
convulsivas isoladas, em pacientes sem histórico. No cérebro, as larvas não são
encapsuladas e as consequências de sua migração incluem pequenas áreas de
necrose e infiltração inflamatória mínima (HOTEZ et al., 1993). Alguns autores
demonstraram relação positiva entre a soroprevalência de infecção por Toxocara e a
ocorrência de epilepsia (ARPINO et al.,1990; NICOLETTI et al.,2002). A reação
imunológica à presença do parasita pode levar a crises convulsivas generalizadas
(BÄCHLI et al., 2004).
Estas formas (LMO e LMN) apresentam títulos baixos de IgE.
(PAWLOWSKY, 2001). A toxocaríase oculta é caracterizada por sinais e sintomas inespecíficos, que não
se enquadram nas categorias da LMV clássica, LMV incompleta, LMO e LMN. (TAYLOR
et al., 1987). A expressão clínica da toxocaríase oculta varia extensamente. Mostra-se
por envolvimento pulmonar, podendo apresentar asma, bronquite aguda, pneumonia
com ou sem síndrome de Löeffler (BUIJIS et al.,1995). Em alterações dermatológicas,
manifesta-se como dermatite atópica (BUIJIS et al., 1997) e eczema (WOLFRO et al.,
1996). Observa-se também linfadenopatia, miosite, síndrome pseudorreumática e
artalgia (KRAUS et al., 1995). A toxocaríase oculta é freqüentemente confirmada devido
ao alívio ou desaparecimento de sinais clínicos após tratamento com anti-helmíntico.
Apresentando uma eosinofilia leve ou ausente (MAGNAVAL et al., 2000)
4
1.2- Diagnóstico da toxocaríase humana
O diagnóstico definitivo da toxocaríase é difícil, pois a única evidência de certeza
é a identificação da larva através de biópsias (PAWLOWSKI, 2001). Em biópsia
hepática, este achado é raro, sendo mais comum o achado de granuloma eosinofilico
sem a presença do agente (WOODRUF, 1975). Exames radiológicos como ultra-
sonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem auxiliar na
localização de lesões granulomatosas (DEGOUY et al., 2001).
As dificuldades dos métodos parasitológicos estimularam o desenvolvimento de
técnicas imunológicas para detecção de anticorpos específicos ao parasito no soro.
Essas técnicas imunológicas são também importantes para o diagnóstico da toxocaríase
ocular, permitindo detecção de anticorpos em fluidos oculares. Entre as várias
metodologias já descritas, o ELISA, utilizando antígeno de excreção e secreção de
larvas de T. canis (DE SAVIGNY et al.,1979) é aceita como técnica padrão para o
diagnóstico de todas as formas clinicas de toxocaríase (MAGNAVAL et al.,2000).
O antígeno TES apresenta cinco componentes mais importantes (32, 55, 70,
120 e 400 kDa), é rico em carboidratos, sendo os principais produtos N-
acetilgalactosamina e galactose ( MAIZELS et al., 1984).
5
1.3 -Soroprevalência da toxocaríase humana
A LMV tem distribuição mundial, mas, por se tratar de uma doença muitas vezes
assintomática, ou com sintomas inespecíficos e não ser de notificação obrigatória, sua
ocorrência é subestimada. A pesquisa de anticorpos anti- Toxocara na avaliação da
toxocaríase humana tem sido realizada através de estudos de soroprevalência em
diversas partes do mundo. (AKAO et al., 2007) (Tabela 1).
A prevalência de LMV é mais alta nos países em desenvolvimento e de clima
tropical, especialmente nas crianças que tem maior contato com cães e hábitos de
geofagia e onicofagia. (ALDERETE et al., 2003; ANARUMA FILHO et al., 2002).
Na Áustria, o risco de infecção de moradores rurais por T.canis foi 39 vezes
maior que no grupo de pessoas que viviam em áreas urbanas, devido ao contato das
pessoas com animais de baixo nível nutricional e sem tratamento anti-helmíntico (DEUTZ
et al.,2005).
No Brasil, em Brasília, estudo avaliando a toxocaríase em crianças em
diferentes classes sociais mostrou a prevalência de 21,5% e 3% para crianças da classe
social baixa e alta, respectivamente. (CAMPOS JR et al., 2003).
Tabela 1 - Freqüência de anticorpos anti-Toxocara ssp em população humana, no Brasil e em outros países
Local
Campinas, SP Santos, SP São Paulo, SP São Paulo, SP São Paulo, SP Sorocaba, SP Maringá (Pr) Vitória, ES Pelotas, RS Teodoro Sampaio (SP)
Goiânia (GO) OUTROS PAÍSES Argentina Argentina Argentina Argentina Coréia Espanha Nigéria Taiwan
Número de Amostra
138
2056* 399* 208* 338* 180* 450 100* 427* 79
1,139 206* 156 182* 100 314
1009*
104 329
Freqüência
23,9 24,7 38,8 54,8 26,9 38,8 28,8 39,0 50,6 20,2 18,8 37,9 39,0 67,0 23,0 5,1
62,3 29,8 76,6
Autor (es)
ANARUNA FILHO et al. (2002)
CASEIRO (1996)
ALDERETE et al. (2003)
FIGUEIREDO et al. (2005)
MURADIAN et al. (2005)
COELHO et al. (2004) PALUDO et al. (2007) MOREIRA-SILVA et al.
(1998)
SCHOERNADIE et al. (2005)
PRESTES-CARNEIRO et al. (2008)
SANTOS et al. (2009) ALONSO et al. (2000) RADMAN et al. (2000) LOPEZ et al. (2005)
CHIODO et al. (2006)
PARK et al. (2002)
BABOOLAL & RAWLINS (2002)
AJAYI et al. (2000) FAN et al. (2004)
* Estudo com população infantil
7
1.4- Toxocaríase em hospedeiros paratênicos
A toxocaríase pode ocorrer em animais como ratos (CHIEFFI et al., 2009) ,
galinhas (GARGILI et al.,1999), codornas (PAHARI & SASMAL ,1990), ovinos (LOYD,
2006) e suínos (SOMMERFELT et al., 2004).
Hospedeiro paratênico é o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre
desenvolvimento ou reprodução, mas permanece viável até atingir novo hospedeiro
definitivo (NEVES, 2005).
Os hospedeiros paratênicos como os suínos, galinhas e ovinos criados
extensivamente são particularmente susceptíveis a adquirir infecção por T. canis,
através do contato com solo contaminado na busca de alimentos, (OKOSHI & USUI,
1968; PAHARI & SASMAL, 1991), ou pela ingestão da pastagem contaminada. A
existência de cães de pastoreio em rebanhos de ovinos e bovinos aumenta o risco de
infecção para esses (HUGHES, 1991).
Kayes (1997) citou que o ascarídeo T.canis persiste mais nos tecidos dos
hospedeiros paratênicos, do que no hospedeiro definitivo. A capacidade do T.canis de
inibir a resposta imune poderia ser um dos mecanismos utilizados pelo parasito para a
sobrevivência por longos períodos nos tecidos dos hospedeiros paratênicos. Na Grã-
Bretanha, Stevenson (1979) relatou que 4,5% dos suínos são soropositivos para larvas T.
canis.
Em ovinos as larvas sobreviveram mais do que 7 meses ,em galinhas 5 meses e
em pombos 2-3 anos (SWEATMAN et al., 1962; TAIRA et al., 2003b; TSEVTAEVA et al.,
1979).
Os estudos realizados em galinhas (AGNITHORI et al., 1987, MARUYAMA et al.,
1994), codornas (NAKAMURA et al., 1991, PAHARI et al., 1990) e pombos (GALVIN et
al., 1964), infectados com 1500-15000 ovos embrionados de T.canis, indicaram que as
larvas sempre acumulam-se em grande número no fígado, independente do tempo de
infecção. Segundo Maruyama et al. (1994) a carcaça foi o segundo órgão com maior
acúmulo de larvas de T.canis nestas aves. As larvas de T. canis podem migrar através
de uma rota hepatopulmonar no frango, reforçando o risco zoonótico, especialmente
pela ingestão de fígado. (GARGILI et al.,2000).
1.5-Risco zoonótico do consumo de carne crua ou mal cozida
Embora estudos de Okoshi & Usui (1968) já relatassem a presença de larvas
de T.canis em camundongos alimentados com carcaças de ratos e galinhas infectados
experimentalmente o modo de infecção era focado principalmente pela ingestão
acidental de ovos presentes em solo de áreas de recreação (BARRIGA, 1988).
Entretanto, nas últimas décadas o hábito cultural de consumo de carne e vísceras
cruas ou mal cozida de hospedeiros paratênicos como coelho (STURCHLER et al.,
1990), ovino (SALEM & SCHANTZ, 1992), suíno (FAN et al.,2004) e frango
(MORIMATSU et al., 2006) tem sido considerado um fator de risco para toxocaríase.
Kwon et al. (2006) observaram que a prevalência de T. canis foi de 7,8 vezes maior em
pacientes com histórico de ingestão de carne e vísceras cruas comparados aos que não
apresentavam esse tipo de hábito.
Casos clínicos de toxocaríase visceral relacionados à ingestão de carne ou de
vísceras cruas tem sido descritos em diferentes regiões do mundo. No Japão, dois
jovens foram diagnosticados como tendo toxocaríase causada pela ingestão de carne
crua de frango (NAGAKURA et al., 1989). Posteriormente, Aragne et al.(1999) isolaram
larvas de Toxocara de biópsia da pele do tornozelo de uma jovem de 26 anos que
apresentava histórico de ingestão de carne crua de bovino. Recentemente, Morimatsu
et al. (2006) descreveram um caso familiar , em que um pai (71 anos) e um filho (45
anos), desenvolveram toxocaríase visceral após o consumo de carne crua de frango
provenientes de sua fazenda, com encontro de larvas de T. canis no fígado destas
aves. Choi et al. (2008) ao estudarem 120 pacientes com eosinofilia de etiologia
desconhecida e que tinham o hábito de consumir carne crua de bovino, concluíram,
que essa peculiaridade alimentar recente representa um risco maior de adquirir
toxocaríase. Na Suíça, um casal foi diagnosticado com toxocaríase causada pela ingestão de
carne crua de suíno (STÜRCHLER et al., 1990). Na América do Norte, um idoso de 63
anos de idade foi diagnosticado com toxocaríase, possivelmente causada pela ingestão
de carne crua de cordeiro (SALEM & SCHANTZ, 1992). Na Alemanha, Hoffmeister et al.
(2007) relataram um caso de toxocaríase cerebral pelo consumo de carne crua de pato .
Yoshikawa et al (2008) relataram três casos de toxocaríase visceral em uma família da
Coréia que consumia regularmente finos pedaços de carne crua de bovino.
9
.
Quando Taira et al. (2004) avaliaram a infectividade de larvas de T. canis
provenientes de hospedeiros paratênicos, observaram que as presentes nas vísceras
de aves e suínos tinham alta infectividade, mesmo após permanecerem uma semana
sob refrigeração. Esse fato confirma que larvas de T.canis estão bem adaptadas para a
migração em hospedeiros paratênicos, e podem ser altamente infectantes, quando estes
tecidos são ingeridos por outro hospedeiro paratênico. Fato este, já observado
anteriormente por Pahari & Sasmal (1990) quando observaram uma elevada
recuperação das larvas de T. canis em camundongos inoculados com larvas
provenientes de codornas japonesas.
Diante do citado, pode-se verificar que o consumo de carne ou vísceras cruas ou
mal cozidas é uma importante fonte de infecção para o homem. No Brasil não existem
estudos acerca do risco de toxocaríase por ingestão de carnes cruas. Além disso, pouca
ou nenhuma informação sobre a parasitose em hospedeiros paratênicos, utilizados na
alimentação humana, é conhecida. Visto a presença de cães ser permanente no manejo
dos ovinos, portanto convivendo diariamente, aliada ao hábito da população rural
alimentar-se quase que exclusivamente de carne e vísceras de ovinos é importante que
inicie-se um estudo da toxocaríase nestes animais.
10
2. Objetivo geral
- Conhecer a soroprevalência de Toxocara canis em ovinos de propriedades do Sul do Rio Grande do Sul e fatores associados;
2.1 Objetivos específicos -Determinar a soroprevalência pelo ELISA indireto no soro de ovinos - Avaliar a associação da presença de anticorpos para T. canis com o sexo e a idade de ovinos. - Identificar possíveis fatores de risco para infecção por T. canis em ovinos.
11
3. Referências
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1 ARTIGO - VETERINARY PARASITOLOGY
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3 Prevalência de anticorpos anti- Toxocara canis em ovinos no sul do Brasil
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5 Gabriela Lopes Rassier¹, Felipe Pappen¹, Sibele Borsuk¹, Carlos James Scaini², Tiago
6 Gallina¹, Nara Amélia da Rosa Farias ¹, Magda Vieira Benavides3, Maria Elisabeth
7 Aires Berne¹.
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9 1-Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Microbiologia e Parasitologia 10
CEP 96010-9002, Pelotas, Rio Grande do Sul E-mail: [email protected]
11 2 -Universidade Federal de Rio Grande
12 3- Centro de Pesquisa Pecuária Sul- EMBRAPA-Bagé
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A toxocaríase visceral é uma zoonose parasitária negligenciada. O principal modo de
infecção é pela ingestão de ovos embrionados de Toxocara canis, porém os seres humanos
podem se infectar pela ingestão de carne ou vísceras de hospedeiros paratênicos. Este
modo de infecção carece de informações pela diversidade de espécies de animais que podem
atuar como hospedeiros paratênicos desse ascarídeo. Existem poucos dados sobre a
soroprevalência em rebanhos ovinos em todo mundo. O objetivo deste trabalho foi verificar
a presença de anticorpos anti-T. canis e determinar fatores de risco em ovinos do sul do
estado do RS, que se destaca como região consumidora, sendo uma das principais regiões
produtoras de ovinos, cujo manejo envolve a presença de cães. Amostras de soro de 1642
ovinos foram testadas para conhecer a prevalência de imunoglobulinas da classe G para T.
canis, pelo Ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) utilizando o antígeno de excreção e
secreção de T.canis (TES). A soroprevalência para T. canis foi de 57,4% (942/1642). Na
avaliação da positividade das propriedades, todas tiveram pelo menos um animal positivo.
Os fatores que mostraram significância (p ≤ 0,05) para soropositividade ao T. canis foram ovinos
com idade superior a dois anos, oriundos de pequenas propriedades, criados semi-extensiva e
o contato com cães errantes e canídeos silvestres. Os resultados indicam que a infecção por
T. canis está amplamente distribuída entre os rebanhos ovinos da região sul do Rio Grande
do Sul, podendo representar risco à saúde humana.
Palavras- chave: Toxocara canis; Ovinos; ELISA; Soroprevalência.
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Gabriela Lopes Rassier¹, Felipe Pappen¹, Sibele Borsuk¹, Carlos James Scaini², Tiago
Gallina¹, Nara Amélia da Rosa Farias¹, Magda Vieira Benavides3, Maria Elisabeth Aires
Berne¹.
1-Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Microbiologia e Parasitologia.
CEP 96010-9002, Pelotas, Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
2 - Universidade Federal de Rio Grande
3 - Centro de Pesquisa Pecuária Sul- EMBRAPA-Bagé
ABSTRACT
Visceral Toxocariasis is a zoonosis neglected parasitic. The main mode is infection by
ingestion of embryonated eggs of Toxocara canis, but humans can get infected by eating
meat or offal from parathenic hosts. This mode of infection lacks information for the
diversity of animal species that can act as hosts parathenic this ascarid. There are few data
on seroprevalence in sheep flocks worldwide. The aim of this study was to verify the
presence of anti-T.canis and determine risk factors in sheep's southern state of RS, which
stands as consuming region, is a major sheep-producing regions, whose management
involves presence of dogs. Serum samples of 1642 sheep were tested to find the prevalence
of immunoglobulin G to T. canis by enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) using
excretory-secretory antigen of T.canis (TES). The seroprevalence of T. canis was 57.4%
(942/1642). In assessing the positivity of the farms, all had at least one positive animal. The
factors that showed significance (p ≤ 0,05) for seropositivity to T. canis were sheep aged over
two years, coming from small farms and created semi-extensive contact with stray dogs and
wild canids .The results indicate that the infection by T. canis is widely distributed among the
sheep flocks in the southern of Rio Grande do Sul , and this can be a risk to human health.
Key-words: Toxocara canis; sheep; ELISA; seroprevalence.
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70 1. INTRODUÇÃO
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Toxocara canis é um ascarídeo parasita do intestino delgado de cães e gatos, com
distribuição cosmopolita. Seres humanos, outros mamíferos e aves quando infectados por
larvas deste nematóide comportam-se como hospedeiros paratênicos, não permitindo o seu
completo desenvolvimento (Magnaval et al., 2000). No homem estas larvas podem
sobreviver longos períodos causando a síndrome larva migrans visceral (LMV) ou
toxocaríase visceral. Essa pode ocorrer nas seguintes formas clínicas: sistêmica (clássica e
incompleta), assintomática, oculta e compartilhada (ocular-LMO e neurológica-LMN)
(Pawlowsky ,2001).
Beaver (1962) suspeitou de toxocaríase como causa de hipereosinofilia em vários
indivíduos que se alimentavam de fígado cru para tratamento de anemia perniciosa. Outros
casos humanos de toxocaríase, pela ingestão de fígado e ou de carne crua de diferentes
animais, são descritos na literatura em diferentes regiões do mundo (Akao et al., 2007). No
Japão, dois jovens foram diagnosticados como tendo toxocaríase causada pela ingestão de
carne de frango cru (Nagakura et al., 1989), Na Espanha, Espanã et al. (1993) descreveram
o caso de um paciente com processo urticariforme persistente, após várias avaliações, foi
definido o diagnóstico de toxocaríase, e esta foi relacionada a ingestão habitual de carne
crua bovina. Também no Japão foram encontradas larvas de Toxocara em biópsia da pele
do tornozelo de uma mulher que tinha um histórico de ingestão de fígado cru de bovino
(Aragane et al., 1999). Na Suíça, um casal com diagnóstico de toxocaríase foi relacionado à
ingestão de fígado cru de suíno (Stürchler et al., 1990). Na América do Norte, um homem de
63 anos de idade foi diagnosticado com toxocaríase e na avaliação de sua alimentação foi
constatado que tinha o hábito de ingestão de fígado cru de ovinos (Salem & Schantz,1992).
Outro fator importante na aquisição da LMV pela ingestão de carne ou vísceras
cruas dos hospedeiros paratênicos é o tempo de sobrevivência destas larvas nos tecidos
destes hospedeiros. Estudos mostram que larvas de T. canis sobreviveram por sete meses
nos tecidos de ovinos (Sweatman et al., 1962) e até 3,5 anos em galinhas (Taira et al.,
2003b).
103
104
105
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133
134
135
136
4
A soroprevalência da toxocaríase humana tem ampla distribuição mundial, sendo
mais freqüente em regiões tropicais e subtropicais. (Andrade, 2000). Já em outros hospedeiros
paratênicos estes estudos são escassos. Um estudo conduzido no país de Gales em ovinos
verificou uma prevalência de 31%, já em suínos 4,5% (Stevenson, 1979).
A região sul do Rio Grande do Sul possui um expressivo rebanho ovino e no seu
manejo utiliza diariamente o cão, que normalmente não recebe tratamentos anti-
helmínticos, o que deve viabilizar a contaminação das pastagens por ovos de T. canis.
Aliado a isto, nesta região a carne e vísceras (fígado, rim e coração) de ovinos são
consumidas constantemente pela população rural. Em vista do exposto, foi desenvolvido
o presente estudo, que teve como objetivo conhecer a soroprevalência da LMV em ovinos
dessa região e fatores associados.
5
137
138
139
140
141 2. MATERIAIS E MÉTODOS
142
143 2.1. Local do estudo
144
145 O estudo foi realizado em propriedades com criação de ovinos de 21 municípios, no período
146 de 2006 a 2007, situados na região sul do estado do Rio Grande do Sul, e localizados entre
147 os paralelos 31°S e 34°S, representados na Fig. 1.
148 149
150
151
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154
155
156
157
158
Figura 1- Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a zona sul e a
localização dos municípios envolvidos no estudo (1. São José do Norte; 2. Rio Grande; 3.
Santa Vitória do Palmar; 4. Chuí; 5. Jaguarão; 6. Arroio Grande; 7. Pedro Osório; 8. Capão
do Leão; 9. Pelotas; 10. Arroio do Padre; 11. Turuçu; 12. São Lourenço do Sul; 13.Cristal;
14. Camaquã; 15. Herval; 16. Piratini; 17. Cerrito; 18. Morro Redondo; 19.Canguçu; 20.
Pinheiro Machado; 21. Pedras Altas).
6
159 2.2. Tamanho amostral
160
161
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163
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165
166
167
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177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198
O cálculo do tamanho amostral foi realizado através do Programa EpiInfo (versão
6.04). O número de propriedades que possuem ovinos na região sul do Estado foi
pesquisado no banco de dados da Inspetoria Veterinária (Regional Pelotas) sendo observada
existência de 6018 estabelecimentos rurais. Diante da falta de dados referentes à
prevalência de anticorpos para T. canis na região foi calculado o tamanho da amostra a
partir da prevalência estimada de 50% para a base de cálculo. Além disso, foi adotado nível
de confiança de 95% e erro associado de 10%. A amostra encontrada foi de 95
propriedades, sendo essas divididas proporcionalmente ao número de propriedades dos 21
municípios (Tabela 1).
De cada propriedade selecionada foram coletadas amostras de sangue de 12 a 22
animais, perfazendo um total de 1642 amostras. Este número de amostras foi superior caso
fosse considerado para o calculo do tamanho amostral apenas o numero de ovinos
da área estudada (n=384) e não no numero de propriedades.
7
199 Tabela 1- População ovina de propriedades rurais de municípios do sul do estado do 200 Rio Grande do Sul e número de propriedades estudadas. 201
Municípios
C huí
Santa Vitória Rio Grande
Pelotas/Arroio do Padre
Capão do Leão Arroio Grande
Jaguarão Herval
Pedro Osório/Cerrito
Morro Redondo
Canguçu Piratini
Pinheiro Machado
Pedras Altas
São Lourenço
Turuçu
Camaquã/Cristal
São José do Norte
TOTAL
População ovina
2 .0 8 8
5 2 .3 8 5 2 4 .0 6 5 3 .7 5 4
8.4 9 7
3 0.9 6 0 6 0.6 5 5
1 1 0. .3 9 1 2 0 .9 3 1 1 .1 2 7
4 0 .0 6 0 9 9 .9 6 4
1 2 2 .4 0 0 6 0 .5 2 9 8 .2 3 6 279
5 .1 0 0 6 .6 4 0
6 5 8 .0 6 1
Propriedades
32
395 296 58
94
340 284 786 92 48
745
1 .3 9 1 759 345 85 12 38
218
6 .0 1 8
Prop. Coletadas
1 6 4
1/ 1
2 5 4
12 1/ 1 1
11 21 11 5 2 1
1/ 1 3
95 202 203 Fonte: Inspetora Veterinária Regional Pelotas, 2005
204
205
8
206
207 2.3. Dados epidemiológicos
208
209
210
211
212
213
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217
218
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231
232
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237
238
239
Além dos dados individuais dos animais (sexo e idade), foram coletadas
informações da propriedade com possível relevância epidemiológica fornecidas pelos
proprietários das mesmas, como, finalidade da ovinocultura, tipo de criação, presença de
cães, errantes e canídeos silvestres, tamanho da propriedade, suplementação alimentar dos
ovinos, sal, destino de carcaças e vísceras. Esses dados foram obtidos através de um
questionário epidemiológico, com a finalidade de serem avaliados os fatores de risco para
Toxocara da população ovina da região (Anexo A).
2.4. Animais experimentais
A seleção dos animais foi aleatório, sendo o grupo amostral composto de ovinos,
de ambos os sexos e várias idades (acima de um ano). 2.5. Coleta e processamento das amostras de sangue
2.5.1 Obtenção dos soros ovinos das propriedades
As amostras de sangue total dos ovinos analisados foram coletadas em frascos do
tipo Vacutainer sem anticoagulante, por punção da veia jugular. Após a coleta, as amostras
ficaram em repouso à temperatura ambiente por no máximo oito horas e, em seguida, foram
levadas à geladeira (4°C) até que o coágulo se retraísse totalmente. Os soros foram
separados dos coágulos, mediante centrifugação (2000g), e acondicionados em microtubos
de 1,5 mL, em duplicata, permanecendo armazenadas - 20°C até a realização do teste
sorológico.
9
240 2.5.2. Obtenção dos soros controle
241
242
243
244
245
246
247
248
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250
251
252
253
Os soros controles negativos foram obtidos da soroteca do laboratório de
Parasitologia da UFPEL, cujo ponto de corte foi estabelecido pela média de 90 soros mais
três desvios padrões. Também foi utilizado o soro fetal ovino como controle negativo,
obtido de cordeiros logo após o nascimento.
Os soros controle positivo foram obtidos pela infecção experimental de três ovinos
adultos com 5000 ovos embrionados de T. canis (L3), durante três dias consecutivos
totalizando 15000 ovos. O sangue foi coletado e processado conforme descrito no item
2.5.1. O período de coleta compreendeu os dias zero, 21, 45 e 60 dias após a inoculação.
Para controle da eficiência da infecção, os animais foram eutanasiados e amostras de
fígado com lesões macroscópicas sugestivas de LMV foram examinados em cortes
histológicos para confirmar a ocorrência da toxocaríase.
10
254 2.6. Análise sorológica
255
256 2.6.1. Antígeno- Produção do Antígeno TES
257
258
259
260
261
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277
278
279
280
Formas adultas de T. canis foram recuperadas através da administração de pamoato
de pirantel (15mg/kg) em cães de quatro a oito semanas de idade. Os ovos foram obtidos
através da histerectomia de fêmeas de T.canis fixadas em placa de Petri com fundo revestido
de parafina. Em seguida, estes foram incubados durante 28 dias em formalina 2% a 28ºC.
As larvas infectantes foram liberadas dos ovos, conforme metodologia descrita por
De Savigny (1975),com modificações . Os ovos foram lavados através de sucessivas
centrifugações com PBS 0,15M pH 7,2, submetidos ao tratamento com solução de
hipoclorito de sódio 5% durante 10 a 15 minutos e a lavagens com PBS 0,15M. A seguir,
sob condições assépticas, foram submetidos à agitação mecânica em erlenmeyer com pérolas
de vidro, em meio RPMI 1640 (suplementado com HEPES 25mM, Glicose a 1%, penicilina
100 UI/ml, estreptomicina 100 ∝g/mL, ofloxacina 0,4 ∝g/ml e fungizona 50 ∝g/mL) a
37°C. Após, as larvas liberadas foram cultivadas no mesmo meio a 37°C e com 5% de CO2.
Semanalmente, foi colhido o sobrenadante de cada cultivo, este filtrado em membrana de
0,22∝m (Page et al.,1991) e conservado com inibidor de protease (PMSF - fluoreto de
fenilmetilsulfonila) a -20ºC. Posteriormente, os sobrenadantes foram misturados e
concentrados por ultrafiltração (Sigma Stirred Cell - 10KDa), dialisados contra água ultrapura
a 4ºC durante 24 a 28 horas e liofilizados. O TES obtido foi resuspenso em água ultrapura e
conservado em alíquotas a -70ºC. A concentração de proteínas do antígeno TES foi
determinada pelo BCA Kit (Pierce) conforme instruções do fabricante, utilizando placa de
microtitulação e leitor de ELISA (Thermo plate) (492 nm).
11
281 2 .6 .2 . E l i s a - T E S
282
283
284
285
286
287
288
289
290
291
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294
295
296
297
298
299
300
301
302
303
304
305
306
307
308
309
310
311
Placas de poliestireno foram sensibilizadas com 1µg/mL de antígeno TES em
tampão carbonato/bicarbonato pH 9,6 "over night". Os sítios livres para ligação de proteína
foram bloqueados com PBS- leite em pó desnatado a 5%, durante uma hora, a 37° C. Os
soros foram testados, em duplicatas, na diluição de 1:200 e o conjugado peroxidase IgG
anti-ovino (SIGMA) na diluição de 1:5000 em tampão PBS/ leite em pó 5% .Tanto os soros,
como o conjugado, foram incubados durante 1 hora, a 37°C. Entre todas as fases do teste, as
placas foram lavadas por três vezes de três minutos cada com PBS-Tween (0,05%). Como
cromógeno foi utilizado ortofenilenodiamina (OPD), na concentração de 0,4 mg/mL, em
tampão citrato-fosfato pH 4,0, acrescida do substrato peróxido de hidrogênio 30V a 0,01%.
Após a placa foi incubada à temperatura ambiente por 15 minutos, ao abrigo da luz. Em
seguida, a reação foi interrompida com 50 µl de acido sulfúrico 1N. A leitura das
absorbâncias foi determinada em leitor de ELISA (Thermo plate) com comprimento de
onda de 492nm. Para controle da reação foram sempre considerados os soros controle
positivos e negativos adicionados em cada placa, em duplicata.
2.7. Análise estatística
Todos os animais foram incluídos na analise estatística (soropositivos e negativos).
Foi analisada a prevalência a T. canis dentro de cada fator de risco através da análise de
qui-quadrado, com nível de significância de 5%. O pacote estatístico utilizado foi o SAS
(SAS, 1990).
3. RESULTADOS
3.1. Características epidemiológicas da região estudada
Os dados apurados no questionário epidemiológico aplicado no momento das
coletas quanto às características das propriedades estão expostos na Tabelas 2.
12
312 Tabela 2- Características da amostra de propriedades com criação de ovinos estudadas 313 na região sul do RS.
Variável
Finalidade de criação
Tipo de criação
Suplementação
Categorias
Corte
Lã
Extensivo
Semi- Extensivo
S im
Propriedades (n)
64
31
64 31
28
Propriedades (%)
6 7 ,4
3 2 ,6
6 7 ,4 3 0 ,5
2 9 ,5
alimentar
Contato com cão
Contato com Canídeo silvestre
Contato com cão errante
Destino de carcaças
Destino de vísceras
Não S im Não S im Não S im Não
Adequada¹
Inadequada² Adequada¹
Inadequada²
67 90 5
93 2
52 43 14 73 31 64
7 0 ,5 9 4 ,7 5 ,2
9 7 ,9 2 ,1
5 4 ,7 4 5 ,3 1 4 ,7 7 6 ,9 3 2 ,6 6 7 ,4
314 ¹ Práticas como enterrar, queimar ou utilizar a cocção antes do aproveitamento para 315 outros animais; 316 ² Abandono no ambiente ou oferecidas cruas aos cães
317
318
319
320
321
322
323
324
325
326
327
328
329
330
331
332
13
Na maior parte das propriedades estudadas os ovinos destinavam-se a produção de carne
(67,4%), onde em quase todas as propriedades (94,8%) os ovinos tinham contato com cães.
O destino das carcaças (76,9%) e vísceras (67,4%) na maioria das propriedades não era
adequado, ou seja, as carcaças dos animais que morriam nas propriedades eram
abandonadas no ambiente e as vísceras oferecidas cruas aos cães. Somente em 29,5% das
propriedades era oferecida suplementação alimentar com ração aos ovinos, os demais animais
(70,5%) eram mantidos somente na pastagem.
Quanto à idade dos ovinos observou-se que a amostra foi composta
principalmente de animais de um ano de idade (37,1%) e de animais com quatro anos ou mais
(36,9%). Quanto ao sexo os rebanhos apresentaram uma maior concentração de fêmeas
(87,1%), caracterizando a exploração da ovinocultura destinada a carne (Tabela 3).
Tabela 3- Descrição, segundo idade e sexo, do grupo amostral dos ovinos coletados nas
95 propriedades estudadas da zona sul do Rio Grande do Sul
Categorias
1 an o
2 an os
3 an os
≥≥≥≥ 4 an os
Total
Machos
139 (8,4%)
29 (1,8%)
15 (0,9%)
28 (1,7%)
211 (12,9%)
Fêmeas
471 (28,7%)
207 (12,5%)
175 (10,6%)
578 (35,2%)
1431 (87,1%)
Total
610 (37,1%)
236 (14,3%)
190 (11,6%)
606 (36,9%)
1642 (100%)
333
334
335
336
337
338
339
340
341
3.2. Soroprevalência
Dos 1642 soros de ovinos testados, 942 (57,4%) apresentaram anticorpos contra T.canis
acima do ponto de corte (Figura 2), demonstrando que estes ovinos já tinham tido contato
com este nematóide. Todas as propriedades tiveram pelo menos um animal pos i t i vo.
57,4%
14
42,6% 57,4% Positivos Negativos
342
343
344
345
346
347
348
349
Figura 2 - Prevalência de ovinos soropositivos, pela o ELISA, acima do ponto de corte
na região sul do Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007.
Todos os ovinos foram analisados quanto ao risco para toxocaríase. Os fatores
avaliados no Teste Qui-quadrado encontram-se na Tabela 4 com seus respectivos valores de
significância.
350
Tabela 4 -
Fatores
Sexo
Fatores avaliados para risco de toxocaríase através do Teste Qui-quadrado do número total de ovinos. Valor de p para Teste do Qui-quadrado
(χ2) 0 ,4 6 0 8
Idade (adultos e jovens) Idade (faixa etária) Área Finalidade da criação Tipo de criação Suplementação alimentar Sal Destino de carcaças Destino de vísceras Contato com cão Contato com cão errante Contato com canídeo silvestre
0 ,0 2 5 8 0.,0 8 1 7 0 ,0 1 4 4 0 ,2 4 3 4 0 ,0 1 0 3 0 ,0 0 7 6 0 ,0 8 8 0 0 ,1 8 2 8 0 ,8 2 2 6 0 ,9 8 4 6 0 ,0 0 1 8 0 ,0 0 5 7
351
352
353
354
15
355 A análise da soropositividade em função da idade mostrou que os ovinos jovens
356 ( 1 a 2 anos) foram menos soropositivos (54%), diferindo significativamente dos animais
357 adultos ( ≥ 2 anos) (Figura3).
358
60 59
58 57 56
55
54
53
52
51
5 4 ,3 %
55,8%
a
59,7%
Animais jovens Animais adultos
359
Figura 3 - Percentagem de ovinos jovens e adultos soropositivos para T.canis, na região sul do Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007.
360
361
362
363
364
365
366
367
368
369
370
371
372
Quando foi analisada a presença de cães e a soropositividade para T. canis, esta se
mostrou não significativa, no entanto foi observado que, dos 5,2% ovinos que não tiveram
contato com cães da propriedade, mas tiveram contato com canídeos silvestres ou cães
errantes, estas relações foram significativas, portanto 100% dos ovinos tiveram contato com
canídeos, hospedeiros definitivos de T. canis.
A maior prevalência de ovinos positivos ocorreu nas propriedades pequenas
(60,1%) e grandes (61,5%). As propriedades de tamanho médio apresentaram menor
prevalência de animais positivos (52,9%), diferindo significativamente das demais (Figura
4).
16
373
6 0 ,1 %
1- Pequenas propriedades (0 a 100 ha)
5 2 ,9 %
2- Médias propriedades (101 a 500 ha)
6 1 ,5 %
3- Grandes propriedades (> 500 ha)
Figura 4 - Prevalência da soropositividade para Toxocara canis em ovinos de propriedades da região sul do Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007 em relação ao tamanho das propriedades .
374
375
376
377
378
379
380
A prevalência de T.canis quanto ao tipo de criação, mostrou-se maior nos ovinos
oriundos das propriedades semi-extensivas (62,15%), diferindo significativamente dos
ovinos de propriedades extensivas (55, 29%).
Dentre os animais que receberam ração 62,7% mostraram-se soropositivos, o que
diferiu significativamente dos ovinos soropositivos que não recebiam ração.
17
381 3.3. Infecção experimental de ovinos
382
383
384
385
386
387
388
389
390
Na avaliação do fígado dos ovinos infectados experimentalmente com T. canis,
macroscopicamente foi observado áreas de fibrose (Figura 5) e microscopicamente lesões
hepáticas sugestivas de hepatite subaguda multifocal a coalescente moderada, devido à
migração das larvas. A análise sorológica destes ovinos, pelo ELISA, detectou leituras
médias de (0, 067 D.O. e 0, 650 nm), antes e após inoculações, respectivamente. (Figura 5).
391 392 393
394
395
396
397
398
399
400
'
Figura 5 -
Lesões hepáticas em ovino infectado experimentalmente com ovos embrionados de Toxocara canis (período de 2005 a 2006).
18
401 4. DISCUSSÃO
402
403
404
405
406
407
408
409
410
411
412
413
414
415
416
417
418
419
420
421
422
423
424
425
426
427
428
429
430
431
432
433
434
A toxocaríase constitui-se em uma zoonose, cuja uma das formas de aquisição pode
ser através da ingestão de vísceras e carne crua de hospedeiros paratênicos. O conhecimento
da presença desta parasitose e dos fatores de risco em rebanhos ovinos é fundamental para a
implantação de medidas que previnam a infecção humana.
A presença de anticorpos anti-Toxocara canis nos ovinos da região sul do Rio
Grande do Sul foi expressiva (57,4%), indicando uma alta contaminação ambiental por ovos
deste nematóide. Estudo semelhante conduzido Lloyd (2006), no país de Gales no Reino
Unido mostrou resultados inferiores (31%). Esta diferença pode estar associada à utilização
periódica de tratamento anti-helmíntico aos cães, hospedeiros responsáveis pela
contaminação das pastagens com ovos de T. canis, o que não é rotina na região em estudo.
Além disso, outro fator que pode estar contribuindo para a alta prevalência de anticorpos
anti-Toxocara, é a possibilidade da ocorrência de infecção vertical em cordeiros nascidos
de ovelhas infectadas com ovos de T. canis (Anderson ,1996).
Quando foram analisadas as propriedades em relação à presença de ovinos
soropositivos para T. canis, todas foram positivas, com pelo menos um animal
soropositivo. Essa alta prevalência de propriedades positivas evidencia que T.canis está
amplamente distribuído nos rebanhos ovinos da região sul do RS, independentemente do
percentual de ovinos soropositivos, o que aumenta as possibilidades de infecção humana e
de disseminação do agente entre outras espécies de animais.
Neste estudo, assim como o conduzido no Reino Unido (Loyd, 2006), não houve
diferença significativa em relação ao sexo. Em relação à idade dos ovinos observou-se que a
amostra foi composta principalmente de animais de um ano de idade (37,1%) e de animais
com quatro anos ou mais (36,9%). O grande número de fêmeas nos dois extremos da
variável idade indica que os rebanhos são, na sua maioria, especializados na atividade de
cria e, que a ovinocultura na região está em pleno crescimento, uma vez que se tem uma
grande produção de cordeiras para reposição (fêmeas jovens) e mantendo-as por um maior
tempo no rebanho. Quando foram analisadas somente as idades houve diferença significativa
(p≤ 0,05) entre a soroprevalência dos ovinos de um ano (54%) e aqueles acima de dois anos de
idade (59,7%). O aumento da soropositividade com o avançar da idade neste estudo,
concorda, em parte, com os achados de Lloyd (2006) que verificou maior soropositividade
com aumento da idade. Provavelmente este aumento da soropositividade nos ovinos com
mais idade esteja
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relacionado à re-infecções adquirida ao longo da vida destes animais e também a
manutenção por longos períodos dos anticorpos (IgG), já confirmado em outras espécies,
como camundongos (Lescano et al. 2005) e homem (Tundisi et al.,1995), também
hospedeiros paratênicos de Toxocara. Múltiplas infecções experimentais de ovinos com
larvas L3 de T. canis, semelhante ao que ocorre na natureza, induz a um aumento gradativo
dos IgG. (Revajová et al., 2006).
A importância epidemiológica da presença ou ausência do hospedeiro definitivo é
grande, visto que a transmissão de T.canis para os ovinos é atribuída, principalmente, à
eliminação de ovos nas pastagens (Hughes, 1991). O hospedeiro definitivo encontra- se
sempre presente, através de cães da propriedade, cães errantes e canídeos silvestres. A
infecção de cães, principalmente jovens, é freqüente, podendo atingir 90% da população
(Sousby, 1991). Salienta-se que fêmeas desse nematóide são altamente prolíferas quanto à
produção de ovos, com cerca de 200 mil/ovos/dia/fêmea (Schantz & Glickman, 1983),
portanto assegurando a contaminação das pastagens. Isto é confirmado pelos estudos de
Habluetzel et al. (2003) que verificaram 52,7% de amostras de solo positivas em áreas
rurais. Também, Santarém et al. (2008), confirmaram contaminação ambiental em áreas
rurais, com 29,03% das amostras de solo positivas para ovos de T. canis, com média de 2,3
cães por propriedade. As propriedades deste estudo mantinham uma população média de
três cães (dados não mostrados).
A suplementação alimentar por ração dos ovinos foi um fator significativo na
soropositividade de T.canis para ovinos, isto provavelmente devido ao acesso de cães e gatos
jovens nos depósitos de ração, bem como a presença destes animais próximo às instalações
da propriedade onde, muitas vezes é oferecida a ração contaminada por ovos oriundos das
fezes desses animais.
A maior prevalência de soropositividade registrada nas propriedades pequenas e
criação semi-extensiva pode estar relacionada à concentração de animais, como também ao
manejo, que muitas vezes em pequenas propriedades são concentrados a noite no
peridomicílio, em função de roubos e predadores, facilitando o contato com formas
infectantes de T. canis. Nas grandes propriedades a maior prevalência pode ser atribuída à
maior população de cães, com conseqüente contaminação ambiental, pois segundo
Habluetzel et al. (2003) amostras de solo de propriedades que possuíam mais de três cães
apresentaram o dobro de positividade, quando comparada com propriedades com menor
número de cães.
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Embora a rota da migração larvária nos ovinos não tenha sido determinada, a avaliação dos
órgãos acometidos (fígado e coração) na infecção experimental de ovinos apresentavam
lesões histopatológicas compatíveis com toxocaríase, concordando com os achados de
Aldawek et al., (2002) e segundo registros de Sweatman et al.,( 1962), larvas (L3) de
T.canis podem se manter viáveis por mais de sete meses em ovinos, tornando mais evidente
o risco que a ingestão de vísceras e carne ovina crua ou mal assada representa para o
homem na região, onde o consumo desta espécie animal é expressivo. Além disso, sendo os
abates realizados nas propriedades, sem os devidos cuidados sanitários.
Portanto, há a necessidade de esclarecimento da população para que sejam tomadas
medidas de prevenção, como: tratamento antihelmíntico periódico dos cães, manutenção do
número necessário de cães para manejo dos animais, cuidados com o armazenamento da
ração em relação ao contato com cães e cocção adequada da carne e vísceras dos ovinos,
tanto a utilizada para consumo humano como para os cães.
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503 5. CONCLUSÕES
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- A infecção por T.canis está amplamente distribuída entre os rebanhos ovinos da região sul
do Rio Grande do Sul, com animais soropositivos em todas as propriedades estudadas;
-O teste de ELISA- TES serve como um diagnóstico epidemiológico da Larva Migrans
Visceral para esta espécie;
- A ingestão de carne ovina crua ou mal cozida originada da região estudada pode
representar risco de infecção humana por T.canis uma vez que 57,4% dos animais são
soropositivos;
-Os fatores que mostraram significância (p ≤ 0,05) para soropositividade ao T. canis foram ovinos
com idade superior a dois anos, oriundos de pequenas propriedades, criados semi-
extensivamente e o contato com cães errantes e canídeos silvestres.
22
542 6. REFERÊNCIAS 543 544 545 546 547 548 549 550 551 552 553 554 555 556 557 558 559 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572 573 574 575 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 591
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24
ANEXO A
Questionário Epidemiológico Dados gerais: Nome da Propriedade: ____________________________________________________ Nome do Proprietário: ____________________________________________________ Fone contato: ___________________________________________________________ Município: _____________________________________________________________ Localidade: ____________________________________________________________ Dados da propriedade Área total (ha): __________________________________________________________ Área ovinocultura (ha): ___________________________________________________ Exploração predominante: ( ) ov ( ) bov ( ) eq ( ) outra __________________________ Outras Explorações: ( ) soja ( ) arroz ( ) outra _________________________________ Dados dos ovinos Total de ovinos: _________________________________________________________ Raça predominante: ______________________________________________________ Finalidade principal: ( ) Lã ( ) Corte Tipo de criação: ( ) Extensiva - sempre soltas ( ) Semi-extensiva - prende à noite ou concentra ( ) Intensiva - sempre presos Suplementação: ( ) Nada ( ) só sal mineral ( ) ração comercial ( ) Freqüência da suplementação: ( ) Nunca ( ) Eventualmente - inverno, engorda esporádica ( ) Permanentemente
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Armazenagem do suplemento: Onde? ________________________________________ Outros animais (gato, cães, pássaros) tem acesso? Fonte de água dos ovinos: Qual a principal? ___________________________________ Como considera a natalidade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim Contato dos ovinos com outros animais: ( ) Bov ( ) Equ ( ) Sui ( ) Cap ( ) Aves domésticas ( ) Cão dom. ( ) quantos ( ) Felino dom. ( ) quantos ( ) Felino silvestre ( ) Felino errante Destino de carcaças na prop: _______________________________________________ Destino das vísceras (abate): _______________________________________________ Ocorre aborto em ovinos? _________________________________________________ Aborto em outra espécie? _________________________________________________ Cordeiros fracos? ________________________________________________________
26
ANEXO B
NORMAS DA REVISTA- VETERINARY PARASITOLOGY
Guide for Authors An international scientific journal and the Official Organ of the American Association of Veterinary Parasitologists (AAVP)), the European Veterinary Parasitology College (EVPC) and the World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (WAAVP). Veterinary Parasitology Types of contributions 1. Original research papers (Regular Papers) 2. Review articles 3. Rapid Communications 4. Short Communications 5. Letters to the Editor 6. Book Reviews Original research papers should report the results of original research. The material should not have been previously published elsewhere, except in a preliminary form. Review articles should cover subjects falling within the scope of the journal which are of active current interest. They may be submitted or invited. Rapid Communications should contain information of high 'news'/scientific value worthy of very rapid publication. Rapid Communications should be submitted to the journal as such (i.e. clearly labelled as a RC) and should, in general, not exceed 2000 words in length. Upon receipt, they will be subject to rapid assessment and if accepted, published with priority. Short Communications should consist of original observations or new methods within the scope of the journal. Reports of observations previously published from different geographical areas may be accepted only if considered sufficiently unusual or noteworthy. The Communications should be concise with the minimum of references, and cover no more than four pages of the journal; they need not be formally structured as are full papers, but should give sufficient methods and data necessary for their comprehension. Letters to the Editor offering comment or useful critique on material published in the journal are welcomed. The decision to publish submitted letters rests purely with the Editors-in-Chief. It is hoped that the publication of such letters will permit an exchange of views which will be of benefit to both the journal and its readers. Book Reviews will be included in the journal on a range of relevant books which are not more than 2 years old and were written in English.
27
Book reviews will be solicited by the Book Review Editor. Unsolicited reviews will not usually be accepted, but suggestions for appropriate books for review may be sent to the Book Review Editor: Dr F.H.M. Borgsteede Animal Sciences Group, Wageningen UR Division Infectious Diseases Laboratory of Parasitic Diseases P.O. Box 65 8200 AB Lelystad The Netherlands
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All sources of funding should be declared as an acknowledgement at the end of the text. Authors should declare the role of study sponsors, if any, in the study design, in the collection, analysis and interpretation of data; in the writing of the manuscript; and in the decision to submit the manuscript for publication. If the study sponsors had no such involvement, the authors should so state. Ethics Circumstances relating to animal experimentation must meet the International Guiding Principles for Biomedical Research Involving Animals as issued by the Council for the International Organizations of Medical Sciences. They are obtainable from: Executive Secretary C.I.O.M.S., c/o WHO, Via Appia, CH-1211 Geneva 27, Switzerland, or at the following URL: http://www.cioms.ch/frame_1985_texts_of_guidelines.htm. Unnecessary cruelty in animal experimentation is not acceptable to the Editors of Veterinary Parasitology. Preparation of manuscripts 1. Manuscripts should be written in English. Authors whose native language is not English are strongly advised to have their manuscripts checked by an English-speaking colleague prior to submission. Language Editing: Elsevier's Authors Home provides details of some companies who can provide English language and copyediting services to authors who need assistance before they submit their article or before it is accepted for publication. Authors should contact these services directly. Authors should also be aware that The Lucidus
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2. Manuscripts should have numbered lines, with wide margins and double spacing throughout, i.e. also for abstracts, footnotes and references. Every page of the manuscript, including the title page, references, tables, etc., should be numbered. However, in the text no reference should be made to page numbers; if necessary one may refer to sections. Avoid excessive usage of italics to emphasize part of the text.
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Complete correspondence address including e-mail address to which the proofs should be sent Abstract Keywords (indexing terms), normally 3-6 items. Please refer to last index (Vol. 100/3- 4). Introduction Material studied, area descriptions, methods, techniques Results Discussion Conclusion Acknowledgments and any additional information concerning research grants, etc. References Tables Figure captions Tables (separate file(s)) Figures (separate file(s)). 4. Titles and subtitles should not be run within the text. They should be typed on a separate line, without indentation. Use lower-case letter type. 5. S I uni t s s houl d be us e d. 6. Elsevier reserves the privilege of returning to the author for revision accepted manuscripts and illustrations which are not in the proper form given in this guide. Abstracts The abstract should be clear, descriptive and not longer than 400 words. Tables 1. Authors should take notice of the limitations set by the size and lay-out of the journal. Large tables should be avoided. Reversing columns and rows will often reduce the dimensions of a table. 2. If many data are to be presented, an attempt should be made to divide them over two or more tables. 3. Tables should be numbered according to their sequence in the text. The text should include references to all tables. 4. Each table should occupy a separate page of the manuscript. Tables should never be included in the text. 5. Each table should have a brief and self-explanatory title. 6. Column headings should be brief, but sufficiently explanatory. Standard abbreviations of units of measurement should be added between parentheses. 7. Vertical lines should not be used to separate columns. Leave some extra space between the columns instead. 8. Any explanation essential to the understanding of the table should be given as a footnote at the bottom of the table.
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Illustrations 1. All illustrations (line drawings and photographs) should be submitted as separate files, preferably in TIFF or EPS format. 2. Illustrations should be numbered according to their sequence in the text. References should be made in the text to each illustration. 3. Illustrations should be designed with the format of the page of the journal in mind. Illustrations should be of such a size as to allow a reduction of 50%. 4. Lettering should be big enough to allow a reduction of 50% without becoming illegible. Any lettering should be in English. Use the same kind of lettering throughout and follow the style of the journal. 5. If a scale should be given, use bar scales on all illustrations instead of numerical scales that must be changed with reduction. 6. Each illustration should have a caption. The captions to all illustrations should be typed on a separate sheet of the manuscript. 7. Explanations should be given in the figure legend(s). Drawn text in the illustrations should be kept to a minimum. 8. Photographs are only acceptable if they have good contrast and intensity. 9. If you submit usable colour figures, Elsevier would ensure that these figures appeared free-of-charge in colour in the electronic version of your accepted paper, regardless of whether or not these illustrations are reproduced in colour in the printed version. Colour illustrations can only be included in print if the additional cost of reproduction is contributed by the author: you would receive information regarding the costs from Elsevier after receipt of your accepted article. Please note that because of technical complications which may arise by converting colour figures to 'grey scale' (for the printed version, should you not opt for colour in
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References 1. All publications cited in the text should be presented in a list of references following the text of the manuscript. The manuscript should be carefully checked to ensure that the spelling of author's names and dates are exactly the same in the text as in the
reference list. 2. In the text refer to the author's name (without initial) and year of publication, followed - if necessary - by a short reference to appropriate pages. Examples: "Since Peterson (1988) has shown that..." "This is in agreement with results obtained later (Kramer, 1989, pp. 12-16)".
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3. If reference is made in the text to a publication written by more than two authors the name of the first author should be used followed by "et al.". This indication, however, should never be used in the list of references. In this list names of first author and co- authors should be mentioned. 4. References cited together in the text should be arranged chronologically. The list of references should be arranged alphabetically on author's names, and chronologically per author. If an author's name in the list is also mentioned with co-authors the following order should be used: publications of the single author, arranged according to publication dates - publications of the same author with one co-author - publications of the author with more than one co-author. Publications by the same author(s) in the same year should be listed as 1974a, 1974b, etc. 5. Use the following system for arranging your references: a. For periodicals Lanusse, C.E., Prichard, R.K., 1993. Relationship between pharmacological properties and clinical efficacy of ruminant anthelmintics. Vet. Parasitol. 49, 123-158. b. For edited symposia, special issues, etc., published in a periodical Weatherley, A.J., Hong, C., Harris, T.J., Smith, D.G., Hammet, N.C., 1993. Persistent efficacy of doramectin against experimental nematode infections in calves. In: Vercruysse, J. (Ed.), Doramectin - a novel avermectin. Vet. Parasitol. 49, 45-50. c. For books Blaha, T. (Ed.), 1989. Applied Veterinary Epidemiology. Elsevier, Amsterdam, 344 pp. d. For multi-author books Wilson, M.B., Nakane, P.K., 1978. Recent developments in the periodate method of conjugating horseradish peroxidase (HRPO) to antibodies. In: Knapp, W., Holubar, K., Wick, G. (Eds.), Immunofluorescence and Related Staining Techniques. North Holland, Amsterdam, pp. 215-224. 6. Abbreviate the titles of periodicals mentioned in the list of references in accordance with BIOSIS Serial Sources, published annually by BIOSIS. The correct abbreviation for this journal is Vet. Parasitol. 7. In the case of publications in any language other than English, the original title is to be retained. However, the titles of publications in non-Latin alphabets should be transliterated, and a notation such as "(in Russian)" or "(in Greek, with English abstract)" should be added. 8. Work accepted for publication but not yet published should be referred to as "in press". 9. References concerning unpublished data and "personal communications" should not be cited in the reference list but may be mentioned in the text. 10. Web references may be given. As a minimum, the full URL is necessary. Any further information, such as Author names, dates, reference to a source publication and so on, should also be given. 11. Articles available online but without volume and page numbers may be referred to by means of their Digital Object identifier (DOI) code. Formulae
1. Give the meaning of all symbols immediately after the equation in which they are first used. 2. For simple fractions use the solidus (/) instead of a horizontal line. 3. Equations should be numbered serially at the right-hand side in parentheses. In general only equations explicitly referred to in the text need be numbered. 4. The use of fractional powers instead of root signs is recommended. Powers of e are often more conveniently denoted by exp.
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5. In chemical formulae, valence of ions should be gi1ven as, e.g. Ca2+, not as Ca++. 6. Isotope numbers should precede the symbols e.g. 8O. 7. The repeated use of chemical formulae in the text is to be avoided where reasonably possible; instead, the name of the compound should be given in full. Exceptions may be made in the case of a very long name occurring very frequently or in the case of a compound being described as the end product of a gravimetric determination (e.g. phosphate as P2O5). Footnotes 1. Footnotes should only be used if absolutely essential. In most cases it should be possible to incorporate the information into the normal text. 2. If used, they should be numbered in the text, indicated by superscript numbers, and kept as short as possible. Nomenclature 1. Authors and editors are, by general agreement, obliged to accept the rules governing biological nomenclature, as laid down in the International Code of Botanical
Nomenclature, the International Code of Nomenclature of Bacteria, and the International Code of Zoological Nomenclature. 2. All biotica (crops, plants, insects, birds, mammals, etc.) should be identified by their scientific names when the English term is first used, with the exception of common domestic animals. 3. All biocides and other organic compounds must be identified by their Geneva names when first used in the text. Active ingredients of all formulations should be likewise identified. 4. For chemical nomenclature, the conventions of theInternational Union of Pure and Applied Chemistry and the official recommendations of the IUPAC-IUB Combined
Commission on Biochemical Nomenclature should be followed. 5. For the denomination of parasitic diseases or infections, authors are requested to follow the Standardized Nomenclature of Animal Parasitic Diseases (SNOAPAD) published in 1988 in Veterinary Parasitology (Kassai, T. et al., 1988. Vet. Parasitol. 29, 299-326). Copyright If excerpts from other copyrighted works are included, the Author(s) must obtain written permission from the copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier has preprinted forms for use by Authors in these cases: contact Elsevier's Rights Department, Oxford, UK: phone (+1) 215 239 3804 or +44(0)1865 843830, fax +44(0)1865 853333, e-mail [email protected]. Requests may also be completed online via the Elsevier homepage http://www.elsevier.com/permissions.
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Material in unpublished letters and manuscripts is also protected and must not be published unless permission has been obtained. Authors Rights As an author you (or your employer or institution) may do the following: • make copies (print or electronic) of the article for your own personal use, including for your own classroom teaching use • make copies and distribute such copies (including through e-mail) of the article to research colleagues, for the personal use by such colleagues (but not commercially or systematically, e.g., via an e-mail list or list server) • post a pre-print version of the article on Internet websites including electronic pre- print servers, and to retain indefinitely such version on such servers or sites • post a revised personal version of the final text of the article (to reflect changes made in the peer review and editing process) on your personal or institutional website or server, with a link to the journal homepage (on elsevier.com) • present the article at a meeting or conference and to distribute copies of the article to the delegates attending such a meeting • for your employer, if the article is a 'work for hire', made within the scope of your employment, your employer may use all or part of the information in the article for other intra-company use (e.g., training) • retain patent and trademark rights and rights to any processes or procedure described in the article • include the article in full or in part in a thesis or dissertation (provided that this is not to be published commercially) • use the article or any part thereof in a printed compilation of your works, such as collected writings or lecture notes (subsequent to publication of your article in the journal) • prepare other derivative works, to extend the article into book-length form, or to otherwise re-use portions or excerpts in other works, with full acknowledgement of its original publication in the journal Funding body agreements and policies Elsevier has established agreements and developed policies to allow authors who publish in Elsevier journals to comply with potential manuscript archiving requirements as specified as conditions of their grant awards. To learn more about existing agreements and policies please visit http://www.elsevier.com/fundingbodies). Proofs One set of page proofs in PDF format will be sent by e-mail to the corresponding author (if we do not have an e-mail address then paper proofs will be sent by post). Elsevier now sends PDF proofs which can be annotated; for this you will need to download Adobe Reader version 7 available free from
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wish to use the PDF annotations function, you may list the corrections (including replies to the Query Form) and return to Elsevier in an e-mail. Please list your corrections quoting line number. If, for any reason, this is not possible, then mark the corrections and any other comments (including replies to the Query Form) on a printout of your proof and return by fax, or scan the pages and e-mail, or by post. Please use this proof only for checking the typesetting, editing, completeness and correctness of the text, tables and figures. Significant changes to the article as accepted for publication will only be considered at this stage with permission from the Editor. We will do everything possible to get your article published quickly and accurately. Therefore, it is important to ensure that all of your corrections are sent back to us in one communication: please check carefully before replying, as inclusion of any subsequent corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your responsibility. Author Services Questions arising after acceptance of the manuscript, especially those relating to proofs, should be directed to Elsevier Ireland, Elsevier House, Brookvale Plaza, East Park, Shannon, Co. Clare, Ireland, Tel.: (+353) 61 709600, Fax: (+353) 61 709111/113, [email protected]. Authors can also keep a track of the progress of their accepted article, and set up e-mail alerts informing them of changes to their manuscript's status, by using the "Track your accepted article" option on the journal's homepage
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