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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DA SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ÁREA PROFISSIONAL DE SAÚDE EM MEDICINA VETERINÁRIA JULIANA VALENTIN PORTELA O PAPEL DA RADIOGRAFIA TORÁCICA EM CÃES DIAGNOSTICADOS COM DIROFILARIOSE Belém 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

INSTITUTO DA SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ÁREA

PROFISSIONAL DE SAÚDE EM MEDICINA VETERINÁRIA

JULIANA VALENTIN PORTELA

O PAPEL DA RADIOGRAFIA TORÁCICA EM CÃES DIAGNOSTICADOS COM

DIROFILARIOSE

Belém

2019

JULIANA VALENTIN PORTELA

O PAPEL DA RADIOGRAFIA TORÁCICA EM CÃES DIAGNOSTICADOS COM

DIROFILARIOSE

Trabalho de conclusão de Residência apresentado à

Coordenação do Programa de Residência

Multiprofissional em Área de Saúde em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da

Amazônia.

Área de concentração: Diagnóstico por Imagem

em Animais de Companhia

Orientador: Prof. Dr. Leandro Nassar Coutinho

Belém

2019

Portela, Juliana Valentin

O papel da radiografia torácica em cães diagnosticados com

dirofilariose / Juliana Valentin Portela. – Belém, 2019. 33 f.

Especialização (Residência Multiprofissional em Área de Saúde em

Medicina Veterinária) – Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.

Orientador: Dr. Leandro Nassar Coutinho.

1. Cães 2. Cães - Dirofilariose 3. Cães – Radiografia torácica I.

Coutinho, Leonardo Nassar (orient.) II. Título.

CDD – 636.7

Bibliotecária-Documentalista: Letícia Lima de Sousa – CRB2/1549

JULIANA VALENTIN PORTELA

O PAPEL DA RADIOGRAFIA TORÁCICA EM CÃES DIAGNOSTICADOS COM

DIROFILARIOSE

Trabalho de conclusão de Residência apresentado à Coordenação do Programa de Residência

Multiprofissional em Área de Saúde em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural

da Amazônia como requisito para obtenção de título de especialista. Área de concentração:

Diagnóstico por Imagem em Animais de Companhia.

___________________________________________

25 de fevereiro de 2019

Prof. Dr. Leandro Nassar Coutinho

Universidade Federal Rural da Amazônia

Dra. Sinerey Karla Salim Aragão de Sousa

Universidade Federal Rural da Amazônia

Dra. Vívian Tavares de Almeida

Universidade Estadual Paulista - UNESP

Aos meus pais, Dagmar Portela e Marcelina

Valentin e ao meu irmão Rafael Valentin Portela.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus que até aqui me ajudou, me guardou e me fortaleceu

para que eu conquistasse meus objetivos. Por ter me colocado no lugar onde eu sempre quis

estar e plantado em meu coração o amor por essa profissão e especialidade.

Agradeço aos meus alicerces Dagmar Alves Portela Filho, Maria Marcelina Valentin e

Rafael Valentin Portela pelo apoio e por nunca medirem esforços para a realização dos meus

sonhos. Essa é mais uma conquista nossa!

Agradeço a todos os meus filhos de quatro patas, em especial a Bolota e Leão (in

memorian), Xande, Caetano e Capitu que foram minhas grandes motivações para seguir a

profissão.

Agradeço a D. Francisca, Marcia, e Marcio por ser minha família aqui e por todo apoio,

e cuidado de sempre.

Agradeço aos meus grandes amigos Jaese Chaves, Mário Carneiro, Flávio Silva,

Andréia Cruz e Beatriz Victor que desde a graduação dividem os momentos de alegria,

tristeza e as conquistas.

A Dra Ediléia Mesquita, Dra Sinerey Aragão, Bianca Mendonça, Adriano Leão, Shenya

Corrêa, Daniela Regina, Laiza Borges, Jasson Pena e Susana Salazar por todos os

ensinamentos compartilhados, amizade e convivência que em conjunto foram fundamentais

para eu ter certeza da especialidade que decidi seguir.

Aos colegas residentes que dividiram e somaram experiências nesses dois anos de

residência, em especial Mário Carneiro, Cristiane Pimenta e Ene Almeida que sempre tiveram

minha admiração e que tive o imenso prazer de trabalhar junto.

Agradeço a equipe HVB, em especial Dr. Tarcísio Mesquita, Dr. Bruno Martins e

Leandro Torres por plantarem em mim os primeiros conhecimentos sobre diagnóstico por

imagem e consequentemente foram os iniciadores da minha paixão pela área.

Gratidão a todos os animais que acompanhei ao longo desses 24 meses e que me

possibilitaram aprendizados imensuráveis e as mais intensas sensações, além da satisfação

pessoal em poder contribuir com a recuperação da saúde deles.

Agradeço ao Professor Dr. Leandro Nassar Coutinho pela orientação e seus

ensinamentos como tutor.

Agradeço a Dra. Sinerey Aragão e a Dra. Vivian Tavares por aceitarem participar da

banca avaliadora.

Muito obrigada a todos!

“O coração do homem planeja o seu caminho,

mas o Senhor lhe dirige os passos.”

Provérbios 16:9

RESUMO

Em decorrência de poucos estudos que avaliam a ocorrência da dirofilariose na região e suas

consequências cardiopulmonares, fez-se necessário identificar e caracterizar por meio da

radiografia torácica as alterações cardiopulmonares e vasculares de 13 cães oriundos de

Belém e região metropolitana, sem predileção por sexo, idade ou raça, naturalmente

infectados por Dirofilaria immitis, confirmados por meio de técnicas parasitológicas

(microematócrito, esfregaço sanguíneo, gota espessa e/ou knott modificado) e sorológicas

(Kit Alere® dirofilariose Ag); e determinar sua associação com a dirofilariose. Foram

encontrados 62% (8/13) e 38% (5/13) de cães machos e fêmeas, respectivamente. 100% dos

animais foram positivos nos testes parasitológicos e 85% foram positivos nos testes

sorológicos. Foi caracterizado aumento de câmaras cardíacas direitas e comprometimento das

artérias e veias pulmonares em 38% (5/13) dos animais, 8% (1/13) dos pacientes

apresentaram convexidade em topografia de tronco pulmonar e 85% (11/13) dos cães

apresentaram alterações dos padrões pulmonares, com variados graus de comprometimento,

caracterizadas por opacificações pulmonares de padrões interstícioalveolares (15%),

broncointersticiais (30%), interstíciovasculares (15%), intersticial associado à senilidade

(15%) ou brônquico (8%). Os resultados demonstram que a radiografia torácica representa

uma técnica útil na avaliação complementar da gravidade das alterações cardiopulmonares e

do diagnóstico da dirofilariose canina.

Palavras-chave: Dirofilaria immitis. Canino. Raios x.

ABSTRACT

Due to few studies evaluating the occurrence of heartworm disease in the region and its

cardiopulmonary consequences, it was necessary to identify and characterize the

cardiopulmonary and vascular changes of 13 dogs from Belém and the metropolitan region,

with no predilection for sex, age, or race, naturally infected with Dirofilaria immitis,

confirmed by parasitological techniques (microemethod, blood smear, thickened and / or

modified knott) and serological (Kit Alere® heartworm Ag); and to determine its association

with heartworm disease. We found 62% (8/13) and 38% (5/13) of male and female dogs,

respectively. 100% of the animals were positive in the parasitological tests and 85% were

positive in the serological tests. It was characterized an increase of right heart chambers and

involvement of pulmonary arteries and veins in 38% (5/13) of the animals, 8% (1/13) of the

patients presented convexity in pulmonary trunk topography and 85% (11/13) of the dogs

presented alterations in pulmonary patterns, with varying degrees of impairment,

characterized by pulmonary opacifications of alveolointerstitial (15%), bronchointerstitial

(30%), vasculointerstitial (15%), interstitial associated with senility (15%) or bronchial (8%)

patterns. The results demonstrate that chest radiography is a useful technique in the

complementary evaluation of the severity of cardiopulmonary changes and the diagnosis of

canine heartworm disease.

Key words: Dirofilaria immitis. Canine. X ray.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 10

2.1 Morfologia do parasita .......................................................................................... 10

2.2 Ciclo biológico ...................................................................................................... 10

2.3 Epidemiologia e distribuição geográfica no Brasil .............................................. 11

2.4 Patogênese da doença ........................................................................................... 13

2.5 Manifestações clínicas .......................................................................................... 13

2.6 Diagnóstico ........................................................................................................... 14

2.6.1 Diagnóstico laboratorial .................................................................................. 14

2.6.2 Exames de imagem ......................................................................................... 15

2.6.2.1 Radiografia torácica ...................................................................................... 15

2.6.2.2 Ecocardiograma ........................................................................................... 16

2.6.2.3 Eletrocardiograma ........................................................................................ 17

2.6.2.4 Tomografia computadorizada ........................................................................ 17

2.7 Tratamento ........................................................................................................... 18

3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 20

3.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 20

3.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 20

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 23

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 29

ANEXO .............................................................................................................................. 33

9

1 INTRODUÇÃO

A dirofilariose é popularmente conhecida como a doença do verme do coração, é a

principal doença parasitária cardiopulmonar de animais da família Canidae, que tem como

agente etiológico o Dirofilaria immitis. O parasita é um nematóide que acomete cães

domésticos e silvestres, considerados os principais reservatórios e hospedeiros naturais desta

enfermidade, no entanto, outros mamíferos, como o homem, podem também ser infectados,

sendo, portanto, uma zoonose (ALMOSNY, 2002).

A doença é encontrada no mundo inteiro, sendo endêmica na maioria das zonas de

clima tropical, subtropical e temperado (ALMOSNY, 2002), contudo existem relatos de sua

ocorrência em áreas que apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento dos mosquitos,

que são os hospedeiros intermediários (FERREIRA; BARBOSA; MASTRANTONIO, 1999;

FERNANDES et al., 2000).

O parasito adulto é frequentemente localizado na artéria pulmonar e ventrículo direito,

levando a alterações principalmente de caráter cardiovascular e respiratório (ALMOSNY,

2002; TRAVERSA; CESARI; CONBOY, 2010).

O diagnóstico definitivo se dá por meio de testes laboratoriais que podem ser diretos

na detecção das microfilárias circulantes e indiretos na detecção de antígenos contra doença

(ALMOSNY, 2002).

Como exames complementares podem ser realizados radiografias de tórax,

ecocardiograma, eletrocardiograma, hemograma e bioquímicos.

Embora a radiografia não seja um exame que possibilite um diagnóstico definitivo, ela

é um método acessível que permite avaliar as consequências da presença do parasito na

vascularização e parênquima pulmonar, como dilatação das artérias pulmonares, padrões

pulmonares alterados e aumento da silhueta cardíaca (McCALL et al., 2008; AMERICAN

HEARTWORM SOCIETY, 2014).

Dessa forma, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar e caracterizar as alterações

cardiopulmonares em animais portadores da doença por meio da radiografia torácica, a fim de

determinar a contribuição da técnica para o diagnóstico.

10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Morfologia do parasita

As dirofilárias são nematódeos pertencentes à superfamília Filaroidea, família

Filariidae, subfamília Dirofilarinae, gênero Dirofilaria. O gênero Dirofilaria apresenta dois

subgêneros, Dirofilaria (D. immitis) e Nochtiella (Dirofilaria tenuis, Dirofilaria repens e

Dirofilaria ursi) (SILVA; LANGONI, 2009).

É um nematódeo filarídeo, filiforme, longo, esbranquiçado e com a extremidade

anterior arredondada. Possui um orifício oral pequeno e circular, apresentando acentuado

dimorfismo sexual, sendo que os machos medem de 12 a 20 cm de comprimento, com cauda

em espiral, e as fêmeas, bem maiores que os machos, medem de 25 a 31 cm de comprimento,

com extremidade caudal arredondada (LOK, 1988; FORTES, 2004; BOWMAN; ATKINS,

2009). Em sua fase larvária, as microfilárias medem em média 308µm de comprimento e 7µm

de diâmetro e são encontradas em quantidades variadas na circulação sanguínea (Figura 1)

(LOK, 1988; FORTES, 2004).

Figura 1- Microfilária de Dirofilaria immitis em um esfregaço sanguíneo de cão.

Fonte: Laboratório de Análises clínicas do Hospital Veterinário Professor Mário Dias Teixeira-HOVET-UFRA.

2.2 Ciclo biológico

A doença é transmitida por mais de 70 espécies de mosquitos dos gêneros Aedes,

Anopheles e Culex que são os hospedeiros intermediários. Ao picar um hospedeiro infectado

previamente, o mosquito ingere as microfilárias, larvas de primeiro estágio, L1, provenientes

11

da corrente sanguínea do animal (URQUHART et al., 1998; ALMOSNY, 2002). Dentro do

artrópode hematófago, as larvas irão se desenvolver, migrando do tórax para o aparelho

picador do inseto passando por duas mudas, L2 e L3, no período de 2 a 2,5 semanas para

realizá-las (ALMOSNY, 2002).

Quando este mosquito infectado realiza o repasto sanguíneo em outro cão, inocula as

larvas de terceiro estágio, L3. As larvas recém-chegadas ao organismo migram para o tecido

subcutâneo e muscular, mudando para L4 (jovens adultos) em cerca de 3 a 4 dias. Em

seguida, invadem o sistema vascular e, por volta de 100 dias após a infecção, chegam ao

coração, se alojam no ventrículo direito e nas artérias pulmonares dos lobos caudais do

hospedeiro, mudando para L5, onde atingem a maturidade sexual, acasalam e o ciclo se

completa com a liberação de novas microfilárias na corrente sanguínea (Figura 2)

(ALMOSNY, 2002; NELSON; COUTO, 2006; AHS, 2014).

O período pré-patente, em que as microfilárias são encontradas na circulação

periférica após a infecção, é de 6 a 8 meses, e cada uma delas poderá sobreviver por até dois

anos, garantindo níveis altos de microfilaremia no hospedeiro (ALMOSNY, 2002).

Figura 2- Ciclo biológico da dirofilariose

Fonte: Adaptado de AHS, 2014

2.3 Epidemiologia e distribuição geográfica no Brasil

Apesar de não haver predileção por sexo ou idade, os cães machos, principalmente os

de grande porte com idade entre 4 e 8 anos, são mais comumente acometidos, fato este

12

associado ao hábito de serem mantidos em locais abertos, fora de casa, o que os torna mais

expostos aos vetores (NELSON; COUTO, 2006).

Segundo Barbosa e Alves (2006), a prevalência nacional até 2005 variou de 9,1%

(animais com antígenos circulantes) a 10,2% (animais microfilarêmicos). As prevalências

para a doença são maiores nas localidades costeiras: São Paulo com 0,9 a 45%, Rio de

Janeiro com 21,3%, Alagoas com 12,5%, Paraíba com 12,4%, Santa Catarina com 12%,

Belém- PA com 10,7%, Marajó- PA com 43%, Cuiabá-MT com 1,1%, Rio Grande do Sul

com 1,1%, Recife – PE com 2,3% e Uberlândia – MG com 04 (quatro) casos (Figura 3)

(YADA; OLIVEIRA; SARTOR, 1994; SOUZA et al., 1997; ALMOSNY, 2002; BARBOSA;

ALVES, 2006; FURTADO et al., 2009).

A doença é considerada endêmica no Brasil e, o risco de transmissão aumenta

consideravelmente em áreas onde existem condições precárias de saneamento básico e

higiene, maior índice de população de baixa renda, carência de informações, precariedade em

serviços médicos veterinários, desmatamento, alta concentração de populações de mosquitos e

o aumento desordenado da densidade de cães e gatos (ALMOSNY, 2002; SILVA;

LANGONI, 2009).

Figura 3- Distribuição geográfica nacional da dirofilariose canina

Fonte: Adaptado de www. brasil-turismo.com

13

2.4 Patogênese da doença

A patogênese da doença está relacionada com a presença do parasito e em

consequência das alterações físicas na túnica íntima das artérias pulmonares, causando

proliferação das vilosidades, aumento da permeabilidade endotelial, levando a saída de

proteínas séricas e fluído plasmático para o interstício perivascular, principalmente nos lobos

pulmonares caudais por conta da diminuição do calibre arterial, gerando edema e hipertensão

pulmonar (ATKINS, 2002; NELSON; COUTO, 2006).

Compensatoriamente a hipertensão pulmonar o ventrículo direito dilata e depois

hipertrofia conforme pressões sistólicas maiores são requeridas (RAWLINGS et al., 1980;

O'GRADY, 1994). As lesões endoteliais causam exposição do subendotélio, estimulando a

aderência de leucócitos e plaquetas ativadas, acarretando no desenvolvimento de trombose. A

migração das microfilárias circulantes geram alterações inflamatórias no parênquima

pulmonar e os fragmentos dos vermes mortos e dos trombos causam embolização pulmonar,

acarretando em fibrose (URQUHART et al., 1998; McCALL et al., 2008).

A dirofilariose é uma doença de evolução crônica e sua gravidade está relacionada

diretamente com a quantidade de vermes albergados pelo portador. Os parasitas se alojam

preferencialmente nas artérias pulmonares, mas à medida que a carga parasitária aumenta se

deslocam para o ventrículo direito, veia cava caudal, veias coronárias e veias hepáticas. As

infestações ectópicas são raras, tendo sidas observadas no olho, sistema nervoso central e

ramos caudais de artérias (ALMOSNY, 2002; MATTOS JUNIOR, 2008).

2.5 Manifestações clínicas

Muitos animais mantêm-se assintomáticos. Quando manifestam sinais, os mesmo são

inespecíficos como tosse, dispneia ou taquipneia que podem aparecer em diferentes fases da

doença; e em quadros mais avançados da doença podem apresentar hemoptise, perda de peso,

inapetência edema de membros torácicos e outros sinais relacionados à insuficiência cardíaca

congestiva direita que podem evoluir para o óbito (TRAVERSA; CESARI; CONBOY, 2010;

SIMÓN et al., 2012).

Os animais em estados mais graves podem apresentar síndrome da veia cava, que

geralmente é fatal, devido à alta concentração de vermes adultos no átrio direito, veia cava

caudal e válvula tricúspide, cursando com manifestações de fraqueza, anorexia, tempo de

14

preenchimento capilar prolongado, taquipneia ou dispneia, distensão ou pulsação da veia

jugular, hemoglobinúria, ascite e outros sinais de insuficiência cardíaca congestiva direita

(URQUHART et al., 1998; ALMOSNY, 2002). A doença pode ser classificada em quatro

graus de acordo com a gravidade dos sinais clínicos (MATTOS JUNIOR, 2008; AHS, 2014)

(Tabela 1).

Tabela 1 - Classificação da dirofilariose de acordo com os sinais clínicos

Classe 1-

Leve

Sinais clínicos ausentes ou discretos, condições físicas gerais do paciente boas, exames

auxiliares de imagem e laboratoriais com parâmetros normais, teste antigênico negativo ou

fracamente positivo e microfilaremia por D. immitis positiva. Infecções contraídas há menos de três anos. Prognóstico favorável.

Classe 2-

Moderada

Quando há fadiga ou perda da condição física. Nota-se na radiografia de tórax espessamento

das artérias pulmonares, opacidade pulmonar difusa, discreto aumento da câmara cardíaca

direita, discreta hipertrofia ventricular direita. Os exames hematológicos podem evidenciar

ligeira anemia, proteinúria, aumento dos glóbulos brancos, eosinofilia e teste antigênico

positivo. Infecções contraídas há mais de três anos. Prognóstico favorável/reservado.

Classe 3-

Grave

Quando o animal apresenta perda geral da condição física, caquexia, fadiga ao exercício,

tosse, hemoptise, insuficiência cardíaca direita e tromboembolismo evidenciado na

radiografia torácica. Prognóstico desfavorável.

Classe 4–

Muito grave Corresponde à síndrome da veia cava.

Fonte: Adaptada de Mattos Junior, 2008 e AHS, 2014.

2.6 Diagnóstico

Baseia-se na sintomatologia clínica de disfunção cardiovascular, epidemiologia,

achados radiográficos, métodos diretos de detecção de microfilárias e testes sorológicos

(URQUHART et al., 1998).

2.6.1 Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico pode ser direto, através de testes parasitológicos, sendo o exame ouro

para detecção de microfilárias circulantes a técnica de Knott modificada. No entanto, devido à

ocorrência de outros filarídeos como o Dipetalonema reconditum e pelo fato de a

diferenciação entre as espécies ser difícil de ser feita, são necessários outros testes

confirmatórios (URQUHART et al., 1998).

Os testes sorológicos para detecção de antígenos contra Dirofilaria immitis são

técnicas de diagnóstico indireto, que são consideradas sensíveis e específicas. Apesar de

detectar apenas fêmeas adultas, o teste é capaz de detectar infecções amicrofilarídeas,

entretanto, a eficácia do teste na detecção da dirofilaria só poderá ser confirmada após cerca

15

de 7 meses de infecção, o tempo necessário para que o ciclo biológico da D. immitis se

complete no hospedeiro e as fêmeas entrem em reprodução (ALMOSNY, 2002; NELSON;

COUTO, 2006).

Com o uso da técnica molecular utilizando a reação em cadeia da polimerase (PCR),

pode-se determinar a real ocorrência desta parasitose nos cães, favorecendo a adoção de

medidas de tratamento e prevenção, sendo o método diagnóstico de maior precisão em

comparação aos testes sorológicos, além servir para diferenciar D. immitis dos outros tipos de

dirofilaria encontradas em cães (NELSON; COUTO, 2006; LABARTHE, 2009).

Os cães portadores de dirofilariose podem ou não apresentar alterações significativas

em exames laboratoriais complementares (URQUHART et al.,1998). Quando presentes, as

alterações mais comumente encontradas em hemogramas são: anemia regenerativa,

eosinofilia, basofilia, leucocitose com neutrofilia e trombocitopenia associados à

tromboembolia; e em exames bioquímicos séricos e urinálise, observa-se hiperglobulinemia,

proteinúria, hipoalbuminemia e albuminúria discreta (ALMOSNY, 2002; TILLEY; SMITH

JUNIOR, 2008; OLIVEIRA et al., 2013).

2.6.2 Exames de imagem

Outros exames são necessários para determinar a gravidade da doença e direcionar as

opções de tratamento (KNIGHT, 1995; VENCO et al., 2004). Os exames de imagens podem

apoiar os exames parasitológicos no diagnóstico confiável de infecção por dirofilariose e

permitem suspeitar da doença, além de contribuírem na avaliação do estado cardiopulmonar e

das consequências patológicas cardíacas da doença (RANJBAR-BAHADORI et al., 2011;

SIMÓN et al., 2012; AHS, 2014).

2.6.2.1 Radiografia torácica

Lee e Atkins (2010) afirmam que a radiografia constituí um método válido na

detecção de doença oculta, visto que em 85% dos casos os sinais clínicos precoces são

visualizáveis ao raio x. As medidas de dimensão cardíaca total, da veia cava e das artérias

pulmonares, podem ser úteis no estadiamento da doença e avaliação da eficácia do tratamento

adulticida (ATKINS; MORESCO; LITSTER, 2005).

16

No início da doença, os animais acometidos podem não manifestar sinais clínicos e

radiográficos, no entanto, em cães com altas cargas parasitárias frequentemente são

observados aumento do ventrículo direito, artérias pulmonares dilatadas e tortuosas,

abaulamento do tronco pulmonar, infiltrados pulmonares broncointersticiais ou alveolares,

edema, pneumonia, fibrose e formação de nódulo granulomatoso, que podem ser confundidas

com nódulos neoplásicos ou metastáticos (Figura 4) (CALVERT; RAWLINGS, 1985;

RAWLINGS, 1986; SCHREY; TRAUTVETTER, 1998; MCCALL et al., 2008; SEILER et

al., 2010; SIMÓN et al., 2012; FINA et al., 2014; AHS, 2014; RATH et al., 2014).

Figura 4- Cão com dirofilariose. A- radiografia látero lateral direita evidenciando ponto de calcificação

pulmonar (seta). B- radiografia ventrodorsal evidenciando dilatação e tortuosidade da artéria pulmonar caudal

(círculo)

Fonte: American Heartworm Society, 2012

2.6.2.2 Ecocardiograma

O ecocardiograma possibilita identificar lesões cardiovasculares como a ocorrência e o

grau de hipertensão pulmonar decorrente da diminuição do lúmen das artérias pulmonares e o

cor pulmonale oriundo da sobrecarga direita do coração (McCALL et al., 2008; SIMÓN et

al., 2012). Possibilita também observar os parasitas adultos, identificados com linhas ecóicas

na artéria pulmonar principal, artérias pulmonares caudais, átrio e ventrículo direito e veia

cava caudal, fornecendo dados sobre a carga parasitária, importantes para definir a conduta

clínica (Figura 5) (SERRES et al., 2006; McCALL et al., 2008; SIMÓN et al., 2012).

17

Figura 5- Ecocardiograma evidenciando a presença de vermes adultos de D. immitis na artéria pulmonar

Fonte: American Heartworm Society, 2012

2.6.2.3 Eletrocardiograma

Pode ser usado na detecção de arritmias, revela desvios direito de eixo cardíaco na

presença de hipertensão pulmonar moderada a grave, sobretudo na fase crônica e/ou grave da

doença (McCALL et al., 2008; SIMÓN et al., 2012). É menos sensível na avaliação da

dilatação das câmaras cardíacas quando comparado com o ecocardiograma e a radiografia

(CALVERT et al., 1986).

2.6.2.4 Tomografia computadorizada

Permite a avaliação mais consistente das lesões pulmonares pelo fato de não possuir

interferências e limitações de técnicas e por possibilitar melhor detalhamento das estruturas

torácicas. É considerada de eleição para avaliação pulmonar, vias áreas inferiores,

tromboembolismo pulmonar e lesões infiltrativas (Figura 6). Sua limitação está no custo

elevado e inacessibilidade ao exame em alguns lugares (COSTA et al., 2006; SCHWARZ;

JOHNSON, 2011; SEILER et al., 2010; DENNLER et al., 2011).

18

Figura 6 – Tomografia computadorizada em corte transversal de tórax de cão com dirofilariose (A) Importante

aumento das artérias lobares caudais direita e esquerda (setas pretas) quando comparada aos brônquios

adjacentes (setas amarelas). (B) Severo infiltrado peri-arterial (círculo vermelho).

Fonte: Costa, 2016

2.7 Tratamento

O tratamento pode ser microfilaricida e adulticida, e deve ser realizado com cautela

visto que pode provocar complicações de saúde para os cães, como embolias parasitárias

levando, por vezes, à sua morte. Uma boa anamnese e um detalhado exame físico, avaliando

também as condições do coração, pulmão, fígado e rins através de exames de imagem e

hematológicos complementares, são extremamente importantes para se planejar um protocolo

terapêutico para o paciente (ALMOSNY, 2002; NELSON; COUTO, 2006).

Dentre as opções, pode ser realizada a terapia microfilaricida, que corresponde a

eliminação das microfilárias circulantes com uso de avermectinas 3 a 6 semanas após o

tratamento adulticida ou como medida profilática em animais com mais de 6 semanas de

idade (ALMOSNY, 2002).

A terapia adulticida objetiva eliminar os vermes adultos em cães portadores da

dirofilariose e consiste na utilização de compostos orgânicos arsenicais, como o dicloridrato

de melarsomina e a tiacetarsamida (não comercializados no Brasil), que levam os vermes à

morte por causar alterações em sua superfície epitelial e no metabolismo da glicose.

(ALMOSNY, 2002; NELSON; COUTO, 2006).

É importante a associação do antibiótico doxiciclina no tratamento a fim de eliminar

os endossimbiontes do gênero Wolbachia, que são bactérias que infectam artrópodes, e os

nematódeos filarídeos que estão relacionados às características reprodutivas da D. immitis e

19

de inflamação causadas pelo parasito. A terapia antibiótica adjuvante induz a perturbação da

embriogênese dos ovos dos helmintos filarídeos, com consequente interrupção da formação

de microfilárias, interrompendo o crescimento e o desenvolvimento dos filarídeos, prevenindo

à resposta imune a bactéria e a perpetuação do ciclo da doença e ainda a disseminação da

mesma, visto que, o cão é o principal reservatório para a doença (CALVERT; RAWLINGS,

1986; COSTA et al., 2006; SIMÓN et al., 2007; McCALL et al., 2008).

Cães em estado grave devem receber o tratamento com duas doses alternativas da

terapia adulticida (2,5 mg/kg por via intramuscular com intervalo de 30 dias) e aqueles com

síndrome da veia cava devem ser submetidos a procedimento cirúrgico (venotomia jugular

direita, canulação da aurícula direita e/ou cirurgia percutânea) para retirada do máximo de

vermes possíveis para depois ser tratado com medicação adulticida (NELSON; COUTO,

2006; TILLEY; SMITH JUNIOR, 2008; CICARINO, 2009).

Durante o tratamento o ideal é que o paciente permaneça internado para ter restrição

de exercício e ser monitorado, e deve receber dieta pobre em sódio. Efeitos colaterais típicos

de tromboembolismo podem ocorrer num período de 5 a 7 dias, ou mesmo 14 a 28 dias após o

tratamento adulticida, como tosse, anorexia, apatia, letargia, febre, congestão pulmonar e

êmese (ALMOSNY, 2002).

Como adjuvante para reduzir as complicações decorrentes do tratamento, é indicado o

uso de ácido acetil salicílico - que impede a agregação plaquetária e a formação de trombose,

heparina, corticoides, oxigenoterapia, inibidores de enzima conversora de angiotensinogênio,

fluidoterapia, digoxina, broncodilatadores e antitussígenos (CALVERT; RAWLINGS, 1986;

RAWLINGS, 1990; ALMOSNY, 2002).

Como medidas profiláticas, deve-se evitar levar os animais para áreas endêmicas sem

proteção contra insetos, e se residentes nessas áreas fazer a administração mensal das

avermectinas e usar repelente contra mosquitos. Além do controle dos vetores por meio da

telagem das casas, e dos cuidados com a água parada que favorece o desenvolvimento dos

mesmos e consequentemente da dirofilariose, entre outras zoonoses vetoriais (ALMOSNY,

2002).

20

3 OBETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar e caracterizar o padrão radiográfico torácico de cães naturalmente infectados

por Dirofilaria immitis.

3.2 Objetivos Específicos

• Avaliar e identificar as alterações radiográficas torácicas em cães naturalmente

infectados por D. imitis, com base no referencial teórico de animais normais.

• Avaliar a associação das alterações radiográficas torácicas com a dirofilariose.

• Correlacionar a positividade para a doença com o sexo dos animais.

21

4 MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas as avaliações radiográficas torácicas de 13 animais naturalmente

infectados por Dirofilaria immitis, atendidos no Hospital Veterinário Professor Mário Dias

Teixeira (HOVET), no período de abril a dezembro de 2018. O projeto foi aprovado pela

Comissão de Ética do no uso de animais (CEUA) da Universidade Federal Rural da

Amazônia (Ufra) registrado com protocolo Nº 39/2018, e os tutores assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido para o uso de seus animais nesta pesquisa (Anexo).

Foram selecionados animais com diferentes idades e sem predileção por sexo ou raça,

com diagnóstico positivo para dirofilariose baseado no exame clínico no ato da consulta, nos

testes parasitológicos (microematócrito, esfregaço sanguíneo, gota espessa e/ou knott

modificado) e no teste sorológico (kit Alere® dirofilariose Ag) ambos processados no

Laboratório de Análises Clínicas do HOVET-Ufra.

Os exames radiográficos foram realizados em um aparelho de raios x (Reveladora CR-

30X AGFA/potência 500 mA e 125 Kv), sendo as técnicas radiográficas atribuídas de acordo

com o porte do animal. Os cães foram posicionados em decúbito lateral esquerdo, direito e em

decúbito dorsal para aquisição das incidências radiográficas látero lateral esquerda, direita e

ventrodorsal.

As imagens foram compiladas para confecção dos laudos, onde foram avaliados o

diâmetro das artérias e veias pulmonares craniais e caudais, o diâmetro da artéria aorta e veia

cava caudal, além de alterações anatômicas da silhueta cardíaca e parênquima pulmonar

(Tabela 2).

22

Tabela 2 - Parâmetros avaliados nas radiografias torácicas de cães naturalmente infectados por Dirofilaria

immitis

Fonte: O’BRIEN, 2003, KEALY E MCALLISTER, 2005 e THRAL, 2010.

Variáveis Parâmetros de referência

Calibre e trajeto das artérias e veias

pulmonares em incidências laterais

Limite superior de normalidade: diâmetro do terço proximal da

quarta costela.

Limite inferior de normalidade: metade do diâmetro do terço

proximal da quarta costela

Calibre e trajeto das artérias e veias

pulmonares em incidências ventrodorsais

Limite superior de normalidade: diâmetro da nona costela onde

cruzam os vasos.

Limite inferior de normalidade: metade do diâmetro da nona

costela onde cruzam os vasos

Presença de tromboembolismos Interrupções nas artérias e veias pulmonares

Diâmetro da veia cava caudal (VCC) O limite de normalidade da VCC é o comprimento da quinta

vértebra torácica

Diâmetro da artéria aorta (AO) O limite de normalidade da AO é três vezes o diâmetro proximal

da quarta vértebra torácica

Avaliação da silhueta cardíaca pelo o método Vertebral Heart Score -VHS

O valor de normalidade para a maioria das raças é de 9,7v +/- 0,5 com variação de 8,5v a 10,5v

Relação cardiotorácica

Os valores de normalidade variam entre aproximadamente 2/3 da

distância esterno-coluna na incidência lateral e 60 a 65% da

largura torácica na incidência ventrodorsal

Quantidade aproximada de espaços

intercostais ocupados pela silhueta cardíaca

nas incidências laterais

Os valores de normalidade variam entre 2,5 espaços intercostais

para cães de tórax estreito e 3,5 espaços intercostais para cães

com tórax largo

Avaliação da silhueta cardíaca pelo método

de analogia com o relógio

Na pesquisa de aumentos focais das câmaras e tronco pulmonar

Avaliação subjetiva do padrão pulmonar

Considerando o referencial teórico segundo O’Brien (2003),

Kealy e McAllister (2005) e Thral (2010), verificando mudanças

do padrão habitual e a presença de alterações focais sugestivas de

granulomas.

23

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação ao sexo, dos 13 animais avaliados radiograficamente 62% (8/13) eram

machos e 38% (5/13) eram fêmeas, o que corrobora com a afirmativa de Nelson e Couto

(2006), de que machos são mais acometidos pela doença do que fêmeas. Fato que pode ser

atribuído ao hábito dos cães machos serem mantidos em quintais como animais de guarda,

sendo assim mais expostos aos vetores (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Acredita-se que a

baixa ocorrência da doença em fêmeas atribui-se, segundo Nzabanita, Priester, e Ferver

(1982), à presença do estrógeno que tem potencial larvicida.

Todos os cães avaliados foram positivos nos testes parasitológicos e 85% (11/13)

foram positivos no teste sorológico. A negatividade dos 15% pode ter decorrido da baixa

carga de parasitas fêmeas adultas, infecção unissex, fêmeas imaturas, ou ainda, existe a

possibilidade de não estarem parasitados com a espécie Dirofilaria immitis, podendo estarem

acometidos por outra espécie de filarídeo como o Dipetalonema reconditum que não tem

importância clínica (CALVERT; RAWLINGS, 1985; HOCH; STRICKLAND, 2008; SIMÓN

et al., 2012).

Em estudo, Atkins (2003) determinou que a especificidade é de 97% e sensibilidade de

78% e 84% em casos de cães com baixas cargas parasitárias, inferindo que a carga parasitária

está diretamente relacionada a sensibilidade dos testes sorológicos.

Vezzani, Fontanarrosa e Eiras (2008) testaram 88 amostras de cães microfilarêmicos

em três kits sorológicos e 22% apresentaram-se falso negativos, o que eles atribuíram aos

fatores de interferência de carga parasitária, sexo e maturidade sexual do filarídeo, o que

sugere que os animais negativos no teste sorológico desta pesquisa devem ser submetidos a

novos testes sorológicos periódicos para que sejam considerados negativos para a doença.

Porquanto segundo a AHS (2014) somente após a realização de três exames sorológicos

negativos no intervalo de 6 meses é possível considerar um animal negativo para a doença.

De acordo com Ware (2010) e Hoch e Strickland (2008) o ideal é que o teste

parasitológico seja utilizado após a positividade no teste sorológico para determinar a

microfilaremia circulante, o que geralmente difere da metodologia aplicada na rotina, onde

somente são submetidos aos testes sorológicos os animais sabidamente positivos na pesquisa

de microfilária circulante. Podendo apontar assim, um fator para a doença ser

subdiagnosticada na população atendida na nossa região.

24

Esse fator se torna mais agravante considerando que o tratamento com lactonas

macrocíclicas (fármaco geralmente presente em antiparasitários) durante seis meses, e a

associação dele com doxiciclina (frequentemente usado para tratar hemoparasitoses- doença

comum na região), tornam os animais amicrofilarêmicos (DATZ, 2003; WARE, 2010 e AHS,

2014), e segundo Venco, Kramer e Guenchi (2007), mais de 30% dos cães amicrofilarêmicos

possuem verme adultos no coração. Isto infere que muitos animais passam despercebidos nos

testes parasitológicos para dirofilariose e reforça a ideia que esse teste deve ser realizado após

a positividade no teste sorológico e por meio do diagnóstico por imagem.

Durante a avaliação radiográfica do tórax, foi caracterizado aumento de câmaras

cardíacas direitas em 38% (5/13) dos animais avaliados (Figura 7). Em estudo de Tudor et al.

(2014), foram detectadas 46,99% (39/83) de alterações cardíacas nos cães avaliados, enquanto

Losonsky, Thrall e Lewis (1983) e Polizopoulou et al. (2000) identificaram o aumento do

ventrículo direito em 60% e 41,76% dos cães com dirofilariose, respectivamente. Essas

alterações da forma do coração e tamanho são caracterizadas somente após longo tempo de

infecção, provavelmente devido à carga parasitária e intensidade de esforço secundário à

hipertensão pulmonar, oriunda da presença de vermes adultos nas artérias pulmonares

(GOMES, 2009).

Comprometimentos das artérias e veias pulmonares craniais e caudais foram vistos em

38% (5/13) dos animais, sendo que 60% (3/5) corresponderam à dilatação e tortuosidade dos

vasos, provavelmente decorrente da presença do parasito no lúmen vascular (Figura 8), e 40%

(2/5) de diminuição do calibre dos vasos, podendo estar associado a tromboembolismo, que

de acordo com Seiler et al. (2010), pode ser causado pela morte do parasito no vaso e pela

formação de trombos oriundos da ativação de plaquetas e leucócitos que ocorre pelo

desprendimento de células endoteliais.

8% (1/13) dos caninos apresentaram convexidade em topografia de tronco pulmonar

(Figura 9), sendo sugestivo de hipertensão pulmonar, que é uma alteração resultante da

presença do parasito na artéria pulmonar e consequente redução do lúmen das artérias

afetadas tornando-as tortuosas, o que se reflete também em perda da integridade dos vasos

(GOMES, 2009).

Anormalidades nos padrões pulmonares foram as principais alterações encontradas

nos animais estudados, correspondendo a 85% (11/13) (Figura 10), evidenciadas em variados

graus de comprometimento, caracterizadas por opacificações pulmonares de padrões

25

interstícioalveolares (15%), broncointersticiais (30%), interstíciovascular (15%), intersticial

associado à senilidade (15%) ou brônquico (8%) (Tabela 3).

Tabela 3 - Padrões radiográficos torácicos observados em cães naturalmente infectados por Dirofilaria immitis

atendidos no HOVET-Ufra. AMOSTRAS ANALISADAS

VARIÁVEL NÚMERO %

Alteração cardíaca 4 31

Artérias e veias pulmonares 5 38

Hipertensão pulmonar 1 8

Aorta e veia cava caudal 0 0

Padrão pulmonar interstícioalveolar 2 15

Padrão pulmonar broncointersticial 4 31

Padrão pulmonar interstíciovascular 2 15

Padrão pulmonar intersticial (senilidade) 2 15

Padrão pulmonar brônquico 1 8

Estudos realizados por Thrall et al. (1980) revelaram que a presença de padrão

pulmonar intersticial ou misto está dentro das alterações típicas da dirofilariose. Calvert e

Rawlings (1985), Rawlings (1986) e Calvert e Thomason (2008) afirmam que elas decorrem

do comprometimento das artérias pulmonares, gerando aumento da permeabilidade vascular e

permitindo o extravasamento de fluidos e proteínas da corrente sanguínea, acarretando em

edema perivascular e inflamação do parênquima pulmonar, além da migração de microfilárias

pelo parênquima pulmonar que favorecem a resposta inflamatória.

Avaliando alterações cardiopulmonares em cães com D. immitis, Tudor et al. (2014)

observaram que 61,44% (51/83) dos cães apresentaram variados graus de alterações no

parênquima pulmonar características de dirofilariose, com apresentações em padrão

intersticial focal ou multifocal e vascular. Losonsky, Thrall e Lewis (1983) observando

alterações cardiopulmonares em 200 cães com dirofilariose, identificaram que 86% dos cães

tinham alterações cardiopulmonares, sendo este resultado atribuído à intervenção de vários

fatores que interferem no desenvolvimento da doença como o habitat, o estilo de vida (criado

no interior ou exterior da casa) e resposta do hospedeiro à infecção.

McCall et al. (2008), Seiler et al. (2010), Simón et al. (2012), Fina et al. (2014), Rath

et al. (2014) e AHS (2014) afirmam que os cães portadores de dirofilariose apresentam como

principais sinais radiográficos cardiomegalia direita, artérias pulmonares dilatadas e

tortuosas, infiltrados pulmonares broncointersticiais ou alveolares, abaulamento do tronco

26

pulmonar e tromboembolismo, o que corroborou com o resultado dessa pesquisa onde 69%

(9/13) dos animais apresentaram pelo menos duas dessas alterações no mesmo exame.

Considerando que o período pré-patente da dirofilariose em cães é demasiado longo

(6-8 meses) e a evolução clínica da doença é comumente crônica, alguns cães infectados não

apresentam sinais por meses ou mesmo anos (ALMOSNY, 2002; VENCO et al., 2004;

BOWMAN; CALVERT; THOMASON, 2008; ATKINS, 2009; RANJBAR-BAHADORI et

al., 2011), e em decorrência disso acredita-se que as alterações torácicas deste estudo se

revelaram de forma sutil. Tudor et al. (2014) avaliando mudanças cardiopulmonares em 83

cães, também obtiveram resultados que demonstram que as alterações cardiopulmonares em

cães com dirofilariose são variadas e dependentes do tempo de evolução da doença.

Figura 7- Radiografias torácicas ventrodorsais de cães com dirofilariose evidenciando aumento de câmara

cardíaca direita

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem do HOVET-UFRA

Figura 8 - Radiografias torácicas. A- Vista lateral direita evidenciando dilatação e tortuosidade das artérias e

veias pulmonares craniais e caudais (setas), além de padrão pulmonar intersticioalveolar. B- Vista ventrodorsal

demonstrando aumento de calibre de artérias e veias pulmonares lobares (setas).

Fonte: Setor de Diagnóstico por imagem do HOVET-UFRA

27

Figura 9- Radiografia torácica ventrodorsal de cão com dirofilariose evidenciando projeção em topografia de

tronco pulmonar (seta)

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem do HOVET-UFRA

Figura 10- Radiografias torácicas látero laterais representando as alterações de padrões pulmonares

caracterizadas em cães com dirofilariose.

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem do HOVET-UFRA

28

6 CONCLUSÃO

Os dados obtidos neste estudo, não podem por si só, no que tange a avaliação

radiográfica, predizer a ocorrência de dirofilariose, visto sua apresentação multissistêmica

levando a padrões radiográficos variados. Isso reforça a importância da investigação através

de testes sorológicos e parasitológicos respectivamente de forma periódica.

Porém, após a detecção da doença e instalação do verme no coração, a radiografia

torácica se torna de suma importância para o estadiamento da doença, colaborando com o

prognóstico do paciente. Além disso, padrões radiográficos com aumento atrioventricular

direito em regiões endêmicas para a doença convergem fortemente para a suspeita,

principalmente na sua fase crônica, podendo ser interpretada com um certo grau de

severidade, visto que estes aumentos demoram a se instalar.

A radiografia torácica demonstrou ser um exame acessível, pouco invasivo que

possibilitou caracterizar alterações vasculares e do parênquima pulmonar decorrentes da

doença no cão, ainda que sutis, e que pode ser utilizada na rotina como importante ferramenta

de complementação diagnóstica.

29

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VENCO, L.; KRAMER, L.; GUENCHI, C. Heartworm (Dirofilaria immitis) disease in dogs.

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VEZZANI D.; FONTANARROSA, M. F.; EIRAS, D. F. Are antigen test kits efficient for

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de Botucatu - SP. In: XXIIIº CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA

VETERINÁRIA, Olinda, 1994.

33

ANEXO

Termo de consentimento da pesquisa

Vossa Senhoria está sendo convidada a participar do projeto de pesquisa que tem

como objetivo a avaliar cães positivos para dirofilariose, atendidos no HOVET- UFRA por

meio da radiografia torácica. Os animais serão submetidos à radiografia torácica, sendo

posicionados em decúbito lateral esquerdo e direita e ventrodorsal para aquisição das imagens

radiográficas.

O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que

estamos realizando. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas

caso venha a desistir de participar a qualquer momento, o animal será excluído do projeto, e

os custos retornarão ao valor original da tabela de preços do hospital.

Estou ciente que:

I) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas;

II) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no

momento em que desejar, tendo consciência que os valores de todos os procedimentos

retornarão para o valor da tabela de preço original do hospital;

III) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados

referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não

causará nenhum risco a minha integridade física, psicológica, social e intelectual;

IV) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha

participação voluntária;

V) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo;

VI) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que

meus dados pessoais não sejam mencionados;

VII) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e

finais desta pesquisa.

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais

esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.

Nome do animal:.........................................................

Idade:...............

Raça:................................

Sexo:............

Proprietário:...........................................................................................................

Endereço:............................................................................................................

Bairro:.................................................. Fone:...................................................

CPF- .........................................................................

.......................................................................................................

Assinatura do Proprietário

Belém, ................./............./..........