UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS ...‡ÃO... · universidade federal de ouro...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS ...‡ÃO... · universidade federal de ouro...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA,
NÚCLEO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
BIOPROSPECÇÃO DE METABÓLITOS BIOATIVOS
PRODUZIDOS POR FUNGOS ENDOFÍTICOS ASSOCIADOS
A ANGIOSPERMAS PRESENTES NA ANTÁRTICA
Iara Furtado Santiago
Ouro Preto
2011
Iara Furtado Santiago
Bioprospecção de metabólitos bioativos produzidos por fungos
endofíticos associados a angiospermas presentes na Antártica
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre em
Biotecnologia.
Área de concentração: Biotecnologia Aplicada a
Processos
Linha de pesquisa: Bioprospecção de fungos
Orientador: Luiz Henrique Rosa
Co-orientador: Carlos Augusto Rosa
Ouro Preto, Minas Gerais
2011
Catalogação: [email protected]
S235B SANTIAGO, IARA FURTADO.
Bioprospecção de metabólitos bioativos produzidos por fungos endofíticos associados a angiospermas presentes na Antártica [manuscrito] / Iara Furtado Santiago - 2011.
x, 98f.: il., color; graf.; tabs.; mapas. Orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Rosa. Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Área de concentração: Biotecnologia Aplicada a Processos e
ao Tratamento de Doenças.
1. Bioprospecção - Teses. 2. Fungos - Teses. 3. Angiospermas - Teses. 4. Metabólitos - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 582.28:582.5/.9(292.3)
Colaboradores:
Dr. Carlos Leomar Zani
Dr. Tânia Maria de Almeida Alves
Laboratório de Química de Produtos Naturais. Centro de Pesquisas René Rachou –
FIOCRUZ/MG
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
i
AGRADECIMENTOS
Chega ao fim de mais uma etapa... Etapa conquistada através de muitos incentivos, sorrisos,
lágrimas, conselhos, palavras e até mesmo “puxões de orelha”.
Obrigada a Deus pois sem ele nada disto seria possível; a minha família que é tudo aquilo de
mais importante na minha vida... apesar de muitas vezes eles acharem e falarem que eu acho
os fungos mais importantes, rsrs!!!
Aqueles anjinhos que lá de cima continuam a me guiar... vô Jarino, vó Glorinha, vó Lilica e
vó Helena;
Aos meus pais que acreditaram e aceitaram... mesmo que as vezes sem entender o porque das
minhas escolhas. Tenho vocês com exemplos de persistência e coragem de encarar o novo;
Aos meus tios “pais”, tia Simone e tio Zé Rubens que sempre me acolheram e estiveram ao
meu lado com muito carinho; aquele que busca entender dos meus assuntos e pesquisas só pra
me alegrar, né tio Petrus!! Por todos aqueles sorrisos da tia Marly, pelo orgulho do tio Marco
as minhas conquistas e orações da tia Cici;
Aos meus irmãos Ivo, Iran e João Pedro pela amizade e momentos de descontração quando
tudo parecia perdido;
Ao orientador, chefe e amigo Luiz Henrique Rosa agradeço o exemplo, paciência, confiança e
crescimento profissional. Foram longas as conversas, desabafos, desesperos e alegrias;
Ao Carlos Augusto Rosa pela co-orientação, ensinamentos e por acreditar no meu trabalho;
Aos amigos do laboratório de Ouro Preto é muito bom recordar dos bons momentos
compartilhados. A turma é MARA!!!
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
ii
Aos amigos do laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras que me acolheram e
fazem com que os dias nas bancadas sejam ainda melhores. Um agradecimento especial a
galerinha dos fungos filamentosos que muito me ensinaram trocando conhecimento e
engrandecendo os trabalhos do grupo;
Ao Carlos Zani e a Tânia Alves pela colaboração e por me “abrigar” no LQPN. Aos amigos e
“tias” que lá conquistei um obrigada muito carinhoso;
Ao CNPq pela bolsa de mestrado concedida. A FAPEMIG pelo apoio financeiro;
Aos amigos de Ouro Preto que estiveram presentes em momentos de alegria e tristeza me
acolhendo com um “montinho”... né Banda Podre! A turma da graduação que mesmo distante
e cheios de outros compromissos não esqueceram a amiga e é claro aos “irmãos” da Kzona
que são sempre presentes;
Obrigada a todos aqueles que de alguma forma ajudaram, estiveram ao meu lado e torceram
para que este dia chegasse. Hoje vejo que tudo valeu a pena e que se pudesse voltar atrás faria
tudo de novo, talvez mais cautelosa e segura mas não deixaria de fazer!!!
Este projeto faz parte das atividades do projeto API 403 ‘MIDIAPI Microbial Diversity of
Terrestrial and Maritime ecosystems in Antarctic Peninsula’ sob a coordenação da DraVivian
H. Pellizari, o qual contribui com os projetos MERGE (Microbiological and Ecological
Responses to Global Environmental Changes in Polar Regions), CAML (Census of Antarctic
Marine Life) e SCARMarBIN (SCAR-Marine Biodiversity Information Network).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
iii
RESUMO
Apesar das relações ecológicas, evolutiva e do potencial biotecnológico de muitos
microrganismos, pouco se conhece da micota presente no continente Antártico. Desta forma,
este trabalho teve como objetivo detectar a presença de metabólitos bioativos produzidas por
fungos endofíticos associados as angiospermas antárticas Deschampsia antarctica Desv.
(Poaceae) e Colobanthus quitensis quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae). Dos 564
isolados de fungos endofíticos, 251 foram obtidos de C. quitensis e 313 de D. antarctica.
Estes fungos foram cultivados em Agar Batata Dextrosado por 15 dias a 15°C para obtenção
dos extratos brutos. Os 477 extratos obtidos foram avaliados quanto a proliferação celular das
linhagens de células tumorais humanas MCF-7 (glândula mamária), UACC-62 (melanoma) e
TK-10 (renal); e de formas amastigota de Leishmania amazonensis e Trypanosoma cruzi.
Após a triagem, seis extratos foram ativos sobre a proliferação de pelo menos uma das
linhagens de células tumorais. Destes, quatro extratos apresentaram inibição sobre MCF-7,
um sobre TK-10 e um sobre UACC-62. Nenhum extrato foi ativo para duas ou mais linhagens
de células tumorais, sugerindo uma seletividade dos extratos testados. Vinte sete extratos
obtidos de fungos associados a D. antarctica foram ativos contra L. amazonensis. Nenhum
extrato foi capaz de inibir o crescimento de T. cruzi. Todos os isolados ativos foram
identificados por meio do sequenciamento da região espaçadora transcrita interna (ITS) do
gene do rRNA. Os seguintes gêneros foram identificados: Alternaria, Cadophora, Helgardia,
Microdochium, Phaeosphaeria, Oculimacula e Ypsilina. Os extratos de dois isolados de
Microdochium phragmitis (UFMGCB 2479 e UFMGCB 2656) apresentaram os menores
valores de CI50 (8 e 12,5 µg/mL, respectivamente) sobre as linhagens de células tumorais. Os
extratos dos táxons UFMGCB 2672 (não identificado) e Phaeosphaeria sp. UFMGCB 2669
foram ativos sobre L. amazonensis com valores de CI50 de 0,2 e 0,4 µg/mL, respectivamente.
Os resultados obtidos neste estudo contribuem para o conhecimento do potencial
biotecnológico da micota endofítica associadas a plantas endêmicas do ecossistema antártico.
Estes fungos podem representar uma fonte promissora de metabólitos protótipos para o
desenvolvimento de novas drogas, em especial contra doenças negligenciadas.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
iv
ABSTRACT
Despite the ecological and evolutionary relationships and biotechnological potential of many
microorganisms, little is known about this mycota from the Antarctic continent. Since, this
study aimed to detect the presence of bioactive metabolites produced by endophytic fungi
associated with the antarctic angiosperms Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) and
Colobanthus quitensis quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae). From 564 isolates of
endophytic fungi, 251 were obtained from C. quitensis and 313 from D. antarctica. These
fungi were grown on potato dextrose agar for 15 days at 15oC to obtain crude extracts. The
477 extracts were evaluated for cellular proliferation of tumor cell lines MCF-7 (mammary
gland), UACC-62 (melanoma cells) and TK-10 (renal cells) and amastigote Leishmania
amazonensis and Trypanosoma cruzi. After screening, six extracts were active on the
proliferation of at least one tumor cell line. Of these, four extracts showed inhibition of MCF-
7, one showed inhibition of TK-10 and one of UACC-62. No extract was active for two or
more tumor cell lines, suggesting a selectivity of the extracts. Twenty seven extracts of fungi
associated with D. antarctica were active against L. amazonensis. No extract was able to
inhibit the growth of T. cruzi. All isolates were identified by sequencing the internal
transcribed spacer (ITS) region of rRNA gene. The following genera were identified:
Alternaria, Cadophora, Helgardia, Microdochium, Phaeosphaeria, Oculimacula and
Ypsilina. The extracts of two isolates of Microdochium phragmitis (UFMGCB 2479 and
UFMGCB 2656) had the lowest IC50 values (8 and 12,5 µg/mL, respectively) on the tumor
cell lines. The extracts of the unidentified taxa UFMGCB 2672 and of Phaeosphaeria sp.
UFMGCB 2669 were active against L. amazonensis with IC50 values of 0,2 e 0,4 µg/mL,
respectively. The results of this study contribute to the knowledge of the biotechnological
potential of endophytic mycota associated with endemic plants of the Antarctic ecosystem.
These fungi may represent a promising source of metabolites prototypes for the development
of new drugs, especially against neglected diseases.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
v
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS....................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS............................................................................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 1
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................................. 3 2.1 BIOPROSPECÇÃO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS....................................................................................... 3 2.2 DOENÇAS NEGLIGENCIADAS ............................................................................................................ 7
2.2.1 Doença global - Câncer............................................................................................................10 2.3 ANGIOSPERMAS ANTÁRTICAS: RESERVATÓRIO DE MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS ..........................11
3 OBJETIVOS..............................................................................................................................................14 3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................................14 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................................14
4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................................................15 4.1 ÁREA DE COLETA...........................................................................................................................15 4.2 COLETAS DAS ANGIOSPERMAS ANTÁRTICAS ...................................................................................15 4.3 ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DOS FUNGOS ....................................................................................17 4.4 CULTIVO DOS FUNGOS E PREPARO DOS EXTRATOS ...........................................................................17
4.4.1 Fungos Filamentosos................................................................................................................17 4.4.2 Leveduras.................................................................................................................................18
4.5 PREPARO DOS EXTRATOS VEGETAIS ................................................................................................18 4.6 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA ....................................................................................18
4.6.1 Ensaio com células tumorais.....................................................................................................19 4.6.2 Ensaio contra formas amastigotas de Leishmania amazonensis .................................................19 4.6.3 Ensaio com Trypanosoma cruzi.................................................................................................20
4.7 DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIO A 50% (CI50) DOS EXTRATOS ATIVOS ....................20 4.8 IDENTIFICAÇÃO DOS FUNGOS..........................................................................................................20
4.8.1 Extração do DNA total..............................................................................................................21 4.8.2 Obtenção dos amplicons ...........................................................................................................21 4.8.3 Purificação dos amplicons ........................................................................................................22 4.8.4 Reação de sequenciamento .......................................................................................................22 4.8.5 Precipitação da reação de sequenciamento...............................................................................23 4.8.6 Análise computacional das sequências ......................................................................................23
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................................25 5.1 COLETA E ISOLAMENTO DOS FUNGOS ENDOFÍTICOS ................................................................................25 5.2 CULTIVO DOS FUNGOS E OBTENÇÃO DOS EXTRATOS ETANÓLICOS ...........................................................26 5.4 ATIVIDADES BIOLÓGICAS......................................................................................................................27 5.5 IDENTIFICAÇÃO DOS FUNGOS ATIVOS.....................................................................................................31 5.5 DETERMINAÇÃO DE CI50 DOS EXTRATOS ATIVOS ...................................................................................43
6 CONCLUSÕES ..........................................................................................................................................48
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................49
8 ANEXOS.............................................................................................................................................................62
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
BDA: Ágar dextrose batata
BHCB: Herbário do Departamento de Botânica da UFMG
BLAST: Basic Local Alignment Search Tool
CI: Concentração Inibitória
CI50: Concentração Inibitória a 50%
cm: centímetro
CO: Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae)
CPRG: cloro-phenol red beta-D-galactopyranoside
CTAB: Brometo de cetil trimetilamonio
DE: Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae)
DMSO: Dimetilsulfóxido
DNA: Ácido desoxirribonucléico
dNTP: Desoxirribonucleotídeos fosfatados
EACF: Estação Antártica Comandante Ferraz
EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético
EUA: Estados Unidos da América
g: grama
g/L: grama por litro
GPS: Global Positioning System
GYMP: glicose, extrato de levedura, extrato de malte, Na2PO4
h: Hora
H2O: água
HCl: Ácido clorídrico
IARC: International Agency for Research on Cancer
ICB: Instituto de Ciências Biológicas
INCA : Instituto Nacional de Câncer
IRR/FIOCRUZ: Instituto René Rachou/Fundação Oswaldo Cruz
ITS: Região transcrita interna
LT: Leishmaniose Tegumentar
LV: Leishmaniose Visceral
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
vii
KH2PO4: Dihidrogenofosfato de potássio
KNO3: nitrato de potássio
LBEM: Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular
LQPN: Laboratório de Química de Produtos Naturais
m: metro
M: molar
MCF-7: Célula de adenocarcinoma de mama humano
MgCl2: cloreto de magnésio
MgSO4: Sulfato de magnésio
mg: miligrama
mg/mL: miligrama/mililitro
min: Minuto
mL: Mililitro
mm: Milímetro
mM: Milimolar
mol/L : mol por litro
MTT: Brometo Tiazolil Azul de Tetrazólico
μg: Micrograma
μg/mL: micrograma/mililitro
μl: Microlitro
Na2HPO4: dihidrogenofosfato de sódio
NaCl: Cloreto de sódio
NCBI: National Center for Biotechnology Information
NCCLS: National Committee for Clinical Laboratory Standards
NCI: National Cancer Institute
ng: nanograma
nm: Nanômetro
OMS: Organização Mundial de Saúde
PCR: Reação em cadeia da polimerase
PEG: polietilenoglicol
pH: potencial hidrogeniônico
p.p.m: partes por milhão
pmol: Pico mol
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
viii
p/v: peso por volume
rDNA: DNA ribossomal
rRNA: RNA ribossomal
r.p.m.: Rotações por minuto
s: Segundo
S: sul
SDS: Dodecil sulfato de sódio
TBE: Tris borato
TK-10: Célula de câncer renal
U: Unidade
UACC-62: Célula de melanoma
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMGCB : Coleção de Microrganismos e Células da Universidade Federal de Minas
Gerais
UFOP: Universidade Federal de Ouro Preto
V: Volts
W: oeste
% : por cento
ºC: graus Celsius
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:. Desenho esquemático com a hipótese sobre o antagonismo balanceado entre
hospedeiro e endofítico (SCHULZ & BOYLE, 2005)..................................................... 5
Figura 2:. Estrutura química do Taxol (STROBEL, 2003)..................................................... 6
Figura 3:. Estrutura química da podofilotoxina (STROBEL, 2003). ...................................... 6
Figura 4:. Estrutura química da altenusina (COTA et al., 2008)............................................. 7
Figura 5:. A- Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae) e B- Deschampsia
antarctica Desv. (Poaceae). ......................................................................................... 13
Figura 6:. Mapa da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica, indicando os locais e o
transecto onde foram coletadas as amostras vegetais. Bp = Botany point (62°05'S,
58°19'W); Up = Ullman point (62°05'S, 58°20'W); Br = Refúgio Brasileiro II (62°04'S,
58°25'W); Mp = Estação Antártica Peruana Macchu Picchu (62°07'S, 58°23'W); Hp =
Hennequin point (62°05'S, 58°24'W); e Dp = Demay point (62°12'S, 58°19'W) (Simões
et al., 2004 com modificações). As distâncias entre os pontos de coleta foram 2 km (Bp a
Up), 4 km (Up a Br), 4 km (Br a Mp), 5 km (Mp a Hp), e 10,5 km (Hp a Dp)............... 16
Figura 7:. Fungos endofíticos isolados de Deschampsia antarctica Desv. e Colobanthus
quitensis (Kunth) Bartl. presentes na Antártica. ............................................................ 26
Figura 8:. Análise filogenética entre os fungos filamentosos obtidos de Deschampsia
antarctica Desv. e as sequências de fungos mais próximos retiradas do GenBank. A
árvore foi construída com base nas sequências do gene do rRNA (ITS1-5.8S-ITS2). A
árvore foi construída utilizando a sequência do fungo Trametes versicolor [AF042324]
como grupo externo...................................................................................................... 43
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:. Número de casos de Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar em
diferentes regiões do Brasil entre os anos de 2005 a 2009............................................... 9
Tabela 2:. Número de casos de Doença de Chagas nas regiões do Brasil de 2005 a 2009..... 10
Tabela 3:. Estimativa para o ano 2010 de número de casos novos por câncer, em homens e
mulheres....................................................................................................................... 11
Tabela 4:. Extratos dos isolados de fungos endofíticos com atividades biológicas ≥60%,
contra células tumorais humanas e ≥70% contra formas amastigotas de Leishmania
amazonensis e Trypanosoma cruzi, quando testado a concentração de 20 µg/mL.......... 29
Tabela 5:. Cinco melhores sequências alinhadas no BLAST de fungos endofíticos bioativos
de Deschampsia antarctica Desv. e Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl., com substrato
e origem de cada sequência. ......................................................................................... 33
Tabela 6:. Valores de CI50 (μg/mL) dos extratos de fungos endofíticos bioativos................. 46
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
1
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais, em todo mundo, verifica-se a necessidade da descoberta e
desenvolvimento de novas drogas para utilização na clínica, pecuária e agricultura. Isto
ocorre, principalmente, devido a alta incidência de doenças que não possuem tratamentos e/ou
cura satisfatória em humanos e animais e doenças em vegetais de interesse econômico, o que
aumenta a importância de realização de estudos de bioprospecção de novas fontes de
moléculas bioativas (STROBEL & DAISY, 2003). Enfermidades como o câncer,
leishmaniose e doença de Chagas representam grandes problemas de saúde pública e
acometem pessoas de países desenvolvidos e em desenvolvimento. É grande o impacto sócio-
econômico negativo causado por estas doenças em países em desenvolvimento,
principalmente sobre populações de baixa renda (MRAZEK & MOSSIALOS, 2003). Além
disso, nas últimas décadas pouco incentivo foi dado para a pesquisas por novos fármacos
capazes de controlar doenças negligenciadas.
Os microrganismos, em especial os fungos, têm representado fonte promissora de
substâncias para uso terapêutico. Entre os grupos microbiano, diferentes estudos demonstram
que metabólitos bioativos produzidos por fungos representam importantes fontes para o
desenvolvimento de diferentes medicamentos (STROBEL, 2003; FERRARA, 2006; TAN &
ZOU, 2006). Os fungos endofíticos, microrganismos encontrados em diferentes espécies
vegetais e que habitam seus hospedeiros assintomaticamente sem lhe causar dano aparente,
foram relativamente pouco estudados como potenciais fontes de novos produtos naturais úteis
na medicina, agricultura, pecuária e indústria (STROBEL & DAISY, 2003), os quais vem
demonstrando a capacidade de produzir metabólitos com atividades antiparasitária,
antibacteriana, antifúngica, antitumoral, antioxidante, imunossupresora, entre outras (TAN &
ZOU, 2001; STROBEL, 2003; STROBEL & DAISY, 2003; FERRARA, 2006; COTA et al.,
2008a,b). Estima-se que existam cerca de 300 mil espécies de plantas no planeta e que cada
planta pode ser hospedeira de um ou mais fungos endofíticos, o que aumenta a chance de
obtenção de táxons capazes de produzir metabólitos bioativos. Diferentes estratégias podem
ser adotadas para pesquisa e utilização biotecnológica de fungos produtores de substâncias
bioativas, as quais se destacam a seleção de plantas endêmicas e presentes em ambientes
inexplorados (STROBEL, 2003).
Isolada dos demais continentes por correntes marinhas e pela distância, a Antártica
apresenta-se como um ambiente que se caracteriza por extremos de clima e habitats. Nos
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
2
ecossistemas Antárticos podem ocorrer grandes variações de temperatura, salinidade,
dessecação, escassez de nutrientes, alta incidência de radiação ultravioleta alternada com
longos períodos de ausência de luz, mudanças climáticas acentuadas e descontínuas; além dos
ciclos de congelamento e degelo, que influenciam a distribuição das massas de água no
Oceano Austral e geram alterações locais de clima (WYN-WILLIAMS, 1996; VINCENT,
2000; CLARKE, 2003). Nestas condições, poucas plantas são capazes de sobreviver; entre
elas se destacam as espécies Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) e Colobanthus
quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae) que representam as duas únicas angiospermas
adaptadas às condições extremófilas da Antártica (PARNIKOZA et al., 2007). Em estudos
prévios do nosso grupo de pesquisa, as comunidades de fungos endofíticos associados a D.
antarctica (ROSA et al., 2009) e C. quitensis (ROSA et al., 2010) foram determinadas e
diferentes táxons caracterizados; entre eles se destacam isolados adaptados as condições
extremas da Antártica, endêmicos e possíveis novas espécies, os quais podem ser
considerados fontes inéditas para o estudo de bioprospecção de moléculas bioativas protótipos
para o desenvolvimento de novas drogas.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Bioprospecção de fungos endofíticos
Os fungos constituem um grande grupo de microrganismos encontrados, virtualmente,
em todos os nichos ecológicos (ALEXOPOULOS et al. 1996). Os habitas, substratos
ocupados e as funções desenvolvidas são amplamente diversificados nos ecossistemas. Nos
últimos anos o número de trabalhos realizados com objetivo de conhecer a riqueza de espécies
de fungos de regiões tropicais, temperadas e polares vem aumentando, bem como o estudo de
sua diversidade genética e, consequentemente, utilização em processos biotecnológicos. Sabe-
se que algumas funções desenvolvidas pelos fungos no ecossistema podem gerar aplicações
biotecnológicas tais como a decomposição de matéria orgânica, acúmulo de substâncias
tóxicas, alteração da permeabilidade do solo e das trocas iônicas, produção de biomassa
(alimentos ou ração), maturação de alimentos, fermentação, produção de imunossupresores e
antibióticos (CHRISTENSEN, 1989).
A utilização de produtos terapêuticos de origem antimicrobiana teve início com a
descoberta penicilina (PEARCE, 1997; CRAGG & NEWMAN, 2005), a qual devido a
eficácia despertou o interesse na busca de outros microrganismos produtores de substâncias
bioativas (BUTLER & BUSS, 2006). De acordo com Strobel & Dayse (2003), novas espécies
e/ou endêmicas de microrganismos são comumente associadas à obtenção de novas moléculas
bioativas, as quais têm sido fonte de moléculas bioativas modelos utilizadas para o
desenvolvimento de novos fármacos (TAN & ZOU, 2001; STROBEL & DAISY, 2003).
O termo endofítico foi utilizado pela primeira vez em 1866 por Bary (AZEVEDO,
1999). A partir da descoberta dos organismos endofíticos, vários pesquisadores definiram os
organismos endofíticos de diferentes modos (STROBEL & DAISY, 2003;
SURYANARAYANAN et al. 2009). São conhecidos como organismos endofíticos, protistas
(PETERS, 1991), insetos (FELLER,1995), bactérias (KOBAYASCHI & PALUMBO, 2000) e
fungos (STONE et al., 2000), os quais passam parte ou todo os seus ciclos de vida
colonizando, assintomáticamente, os espaços inter ou intracelulares de tecidos vivos de um
vegetal hospedeiro, sem causar sintomas aparentes (TAN & ZOU, 2001; STROBEL &
DAISY, 2003; SCHULZ & BOYLE, 2005; SURYANARAYANAN et al., 2009). Os
endofíticos já foram encontrados em tecidos vegetais fossilizados de angiospermas e
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
4
gimnospermas (GUNATILAKA, 2005). Desse modo, supõe-se que diversas interações podem
ter sido estabelecidas ao longo dos anos, incluindo-se relações especificas entre o endofítico e
hospedeiro (TAN & ZOU, 2001; STROBEL & DAISY, 2003).
Alguns estudos demonstram as diversas funções ecológicas relacionadas aos
endofíticos tais como a decomposição de tecidos vegetais mortos (KUMARESAN &
SURYANARAYANAN, 2002; HYDE & SOYTONG, 2008; OSES et al., 2008), proteção do
hospedeiro contra doenças (ARNOLD et al., 2003), atividade repelente contra insetos
(AKELLO et al., 2007), aumento da tolerância a estresse abiótico (REDMAN et al., 2002;
BAE et al., 2009), produção de fito hormônios, toxinas e outras substâncias de interesse
biotecnológico, como enzimas e metabólitos bioativos. Em contrapartida, os endofíticos
podem receber proteção e nutrientes dos seus respectivos hospedeiros (PETRINI et al., 1992;
STROBEL & DAISY, 2003; KOGEL et al., 2006; WEBER et al, 2007). Algumas hipóteses
procuram explicar a relação simbiótica endofítico - hospedeiro; a distinção entre patógenos e
mutualistas ainda não é clara e pode variar entre populações e comunidades sob determinadas
condições (GUNATILAKA, 2005; KOGEL et al., 2006; WEBER et al, 2007). De acordo com
Schulz & Boyle (2005), a colonização assintomática resulta de uma relação antagônica
balanceada (Figura 2), onde ocorre um equilíbrio entre a patogenicidade e a resposta de defesa
do hospedeiro. Desse modo a variabilidade dessa interação dependeria não só da adaptação ao
hospedeiro, mas também de fatores de patogenicidade do endofítico, em resposta a defesa do
hospedeiro e as condições ambientais.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
5
Figura 1:. Desenho esquemático com a hipótese sobre o antagonismo balanceado entre
hospedeiro e endofítico (SCHULZ & BOYLE, 2005).
De acordo com Strobel & Dayse (2003), os fungos são os microrganismos endofíticos
isolados com maior frequência. A composição e a freqüência dos fungos endofíticos podem
variar de acordo com diferentes fatores tais como: umidade ambiental, distribuição geográfica
do vegetal, posição relativa da planta (sua altura em relação ao solo), idade e parte da planta e
disposição na folha, dentre outros (PETRINI et al., 1992; CARROL, 1995; RODRIGUES &
PETRINI, 1997; SAIKKONEN et al., 1998; STROBEL, 2003). Os táxons de fungos
endofíticos incluem espécies dos filos Zygomycota, Chytridiomycota, Ascomycota e
Basidiomycota (HUANG et al., 2001; SURYANARAYANAN et al., 2005; GUNATILAKA,
2005). Contudo, a maioria dos fungos endofíticos são Ascomycota e seus anamorfos
(ARNOLD et al., 2000; HUANG et al., 2001). A descoberta que o fungo endofítico
Taxomyces andreanae Strobel, isolado do vegetal Taxus brevifolia (Taxaceae), produz o
diterpeno paclitaxel (Figura 1), um dos agentes anticâncer mais utilizado na clínica
atualmente, tem potencializado os estudos de fungos endofíticos como fonte de substâncias
bioativas (STIERLE et al., 1995; SUFFNESS, 1995; KNIGTH et al., 2003).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
6
Figura 2:. Estrutura química do Taxol (STROBEL, 2003)
Segundo Strobel (2003), muitas propriedades bioativas atribuídas as plantas
hospedeira podem, na realidade, serem decorrentes da produção de moléculas bioativas
sintetizadas por microrganismos endofíticos. Como exemplo, pode-se citar a espécie vegetal
Kennedia nigriscans (Lindl.), utilizada pelas tribos aborígenes australianas para o tratamento
de feridas, cortes e infecções. Muitas propriedades cicatrizantes atribuídas à K. nigriscans
eram, na realidade, decorrentes da produção de peptídeos com ação antibacteriana sintetizados
pelo endofítico Streptomyces NRRL 30562. Outro exemplo de substância bioativa extraída de
plantas e produzida por fungos endofíticos é a podofilotoxina (Figura 3), sintetizada por
espécies vegetais do gênero Podophyllum, a qual apresenta atividades antitumoral, antiviral,
antibacteriana e imunoestimulante. Recentemente, foi relatado que o fungo endofítico
Trametes hirsuta (Wulfen), obtido da espécie vegetal Podophyllum hexandrum
(Berberidaceae), também é capaz de sintetizar podofilotoxina e outras lignanas bioativas com
propriedades antitumoral e antioxidante (PURI et al., 2006).
Figura 3:. Estrutura química da podofilotoxina (STROBEL, 2003).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
7
Além da existência de alguns metabólitos secundários com atividades antimicrobianas
e citotóxica por fungos endofíticos, já foi obtida substância com atividade inibitória sobre a
enzima Tripanotiona Redutase (TryR). A TryR evita o estresse oxidativo dos parasitas da
leishmaniose e doença de Chagas e é reconhecida como um alvo para a busca de drogas
leishmanicidas e tripanosomicidas. A altenusina (Figura 4), isolada do fungo endofítico
Alternaria sp. UFMGCB 55, obtido da planta Trixis vauthieri DC (Asteraceae) foi capaz de
inibir 99% da atividade da TryR (COTA et al., 2008).
Figura 4:. Estrutura química da altenusina (COTA et al., 2008).
Para organismos que vivem em condições extremas são necessárias diferentes
adaptações morfo-fisiológicas para a sobrevivência, as quais ocorrem por meio da síntese de
diferentes moléculas, que variam de simples ou até complexos metabólitos secundários
(WILSON & BRIMBLE, 2009). Estas moléculas podem ser empregadas diretamente como
fármacos, ou mesmo modificadas de modo a se obter uma nova molécula com propriedades
desejadas. Mesmo quando estas moléculas bioativas não apresentam a atividade esperada, ela
pode servir como protótipo para o desenvolvimento de novas moléculas, o que evidencia
ainda a importância do estudo de microrganismos como fonte de novas drogas.
2.2 Doenças negligenciadas
As doenças negligenciadas são aquelas que, apesar do processo do conhecimento e do
desenvolvimento de novas drogas e de recursos terapêuticos e de diagnóstico, ainda não
dispõem de tratamentos eficazes ou adequados e afetam milhares de pessoas por todo mundo
(MRAZEK & MOSSIALOS, 2003; MOREL, 2006). Em sua maioria são doenças tropicais
(tais como leishmaniose, malária, doença de Chagas, dengue, dentre outras) que acometem
populações pobres de países menos desenvolvidos (MRAZEK & MOSSIALOS, 2003). O
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
8
número de mortes e o impacto de algumas destas doenças em várias regiões do mundo tem
sido observado nos últimos anos.
A leishmaniose é uma doença infecciosa zoonótica que afeta homens e animais, sendo
as leishmanias protozoários intra celulares obrigatórios (WHO, 2010). A leishmaniose
prevalece em quatro continentes (Ásia, Europa, África e América), e são endêmicas em 88
países, dos quais 72 são países em desenvolvimento (RATH et al., 2003, WHO, 2010). Os
principais hospedeiros das diferentes espécies de Leishmania são os mamíferos, incluindo a
população humana, onde a transmissão ocorre pela picada da fêmea do inseto Lutzomia
longipalpis. O ciclo evolutivo dessas espécies é caracterizado por apresentar duas formas: a
amastigota (obrigatoriamente intracelular em vertebrados), e a forma promastigota (presente
no tubo digestivo dos vetores invertebrados). Os parasitas permanecem dentro de seus vetores
como promastigotas extracelulares (SAHA et al., 2006) e após a picada do flebotomíneo,
vetor, as formas promastigotas invadem os macrófagos do indivíduo infectado e se
diferenciam e replicam como forma amastigota (JOCHIM & TEIXEIRA, 2009). A
leishmaniose apresenta duas formas clínicas (tegumentar e viceral) que estão associadas a
diversos sinais, sintomas e graus de severidade (ANVISA, 2004; REITHINGER, 2007) e
representa a segunda doença de maior importância publica causada por protozoário;
responsável por altos índices de mortalidade nas regiões endêmicas (RATH et al., 2003,
ROCHA et al., 2003). Diversas drogas são administradas para controlar a leishmaniose tais
como a anfotericina B e o antimonial pentavalente, mas na maioria das vezes apresentam
efeitos colaterais adversos, comprometendo o tratamento do paciente (OUELLETTE et al.,
2004). O Ministério da Saúde relata a incidência de cerca de 35 mil casos de Leishmaniose
Visceral (LV) no período entre 2003 e 2009; já a Leishmaniose Tegumentar (LT) apresenta
média anual de cerca de 26 mil casos registrados no período de 1988 a 2009. As regiões
Nordeste (47,5% dos casos de LV em 2009) e a região Norte (37,3% de LT dos casos
registrados) apresentam os níveis mais críticos da doença (Tabela 1 - MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2010).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
9
Tabela 1:. Número de casos de Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar em
diferentes regiões do Brasil entre os anos de 2005 a 2009. 2005 2006 2007 2008 2009
Regiões LV LT LV LT LV LT LV LT LV LT
Norte 660 10.679 684 8.833 847 9.890 815 8.680 709 8.272
Nordeste 2.011 8.112 1.982 6.169 1.741 5.925 1.739 6.003 1.754 6.910
Sudeste 656 2.809 704 2.868 679 1.898 723 1.592 641 1.605
Sul 3 541 3 573 3 514 0 630 8 464
Centro- Oeste 261 4.388 277 3.852 331 3.095 322 3.005 275 4.492
Brasil 3.597 26.685 3.651 22.397 3.604 21.407 3.852 19.992 3.693 21.824
Fonte: Sinan/SVS/MS
A doença de Chagas ou tripanossomíase americana é causada pelo Trypanosoma cruzi,
parasita da ordem dos Kinetoplastida. É uma doença que ocorre em países da América Latina
(18 países nas regiões da América do Sul e da América Central) (BARRET, 2003; MAYA et
al., 2006; WHO, 2010). A doença de Chagas afeta aproximadamente 16-18 milhões de
pessoas, principalmente na América Latina, onde cerca de 25% da população encontra-se em
risco de contrair a doença (GÜRTLER et al., 2003). Desde 1909, muitas substâncias naturais
e sintéticas foram avaliadas e utilizadas por apresentar atividade tripanocida mas nenhum
fármaco foi eficiente para o tratamento da doença. Os medicamentos usados atualmente no
tratamento, nifurtimox e o benzonidazol, que em muitos casos apresentam efeitos adversos e
podem causar toxicidade sistêmica (MAYA et al., 2006).
No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos de doença de Chagas decorrentes
de infecções adquiridas no passado. No entanto, nos últimos anos, a ocorrência da doença tem
sido mais observada nos estados da Amazônia Legal (Tabela 2), com ocorrência de casos
isolados em outros estados (BA, CE, PI, SC, SP) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
10
Tabela 2:. Número de casos de Doença de Chagas nas regiões do Brasil de 2005 a 2009.
Regiões 2005 2006 2007 2008 2009 2010*
Norte 10 88 157 124 248 61
Nordeste 2 24 3 7 2 1
Sudeste 0 3 0 0 0 0
Sul 24 0 0 0 0 0
Centro-Oeste 0 1 1 0 0 0
Brasil 36 116 161 131 250 62
Fonte: SVS/MS. *Até 02/10/2010 - Dados preliminares sujeito a revisão
2.2.1 Doença global - Câncer
O câncer é um dos principais problemas de saúde no mundo, com mais de 10 milhões
de novos casos diagnosticados e cerca de seis milhões de mortes estimadas no ano de 2000
(Parkin, 2001; Parkin et al., 2001). Desde 1990 a incidência e mortalidade causada por câncer
aumentaram cerca de 20% e os quatro casos mais freqüentes são de pulmão, mama, coloretal
e estômago (Parkin et al., 2001). Em 2007 o câncer de mama foi a segunda principal causa de
morte por câncer em mulheres no Estados Unidos (JEMAL et al., 2007). O câncer de mama é
a neoplasia maligna mais incidente no sexo feminino. Já em 2008, a International Agency for
Research on Cancer/Organização Mundial de Saúde (IARC/OMS) estimou que ocorreria 12,4
milhões de novos casos e 7,6 milhões de óbitos por câncer no mundo. Sendo o câncer de
pulmão, mama e cólon e reto os mais incidentes. Para América Central e do Sul estimou-se
em 2008 cerca de um milhão de novos casos e 589 mil mortes (WORLD CANCER REPORT,
2008). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde (Tabela 3), o
Brasil registra cerca de 470 mil novos casos e 135 mil mortes por ano. (INCA 2010).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
11
Tabela 3:. Estimativa para o ano 2010 de número de casos novos por câncer, em homens e
mulheres.
Neoplasia Maligna
Masculino Feminino Total
Próstata 52.350 - 52.350
Mama Feminina - 49.240 49.240
Traqueia, Brônquio e Pulmão 17.800 9.830 27.630
Cólon e Reto 13.310 14.800 28.110
Estômago 13.820 7.680 21.500
Colo do Útero - 18.430 18.430
Cavidade Oral 10.330 3.790 14.120
Esôfago 7.890 2.740 10.630
Leucemias 5.240 4.340 9.580
Pele Melanoma 2.960 2.970 5.930
Pele não Melanoma 53.410 60.440 113.850
Outras Localizações 59.130 78.770 137.900
Todas as Neoplasias 236.240 253.030 489.270
Fonte: Instituto Nacional de Câncer - INCA/MS
2.3 Angiospermas antárticas: reservatório de microrganismos endofíticos
O continente Antártico apresenta condições climáticas extremas e constitui um dos
ambientes mais inóspitos do planeta (KOSTADINOVA et al., 2009). Muitas das comunidades
microbianas presentes neste continente desenvolveram adaptações o que possibilitaram a sua
permanência em condições extremófilas. As baixas temperaturas, que induzem a formação de
cristais de gelo no ambiente intracelular, provocam a redução da disponibilidade de água,
fator limitante para as comunidades microbiológicas presentes em regiões polares
(GUNDECIMERMAN et al., 2003). Tais condições ambientais são encontradas na Antártica
e resultam em fatores limitantes para o metabolismo, crescimento (COWAN & TOW, 2004) e
biodegradação microbiana (GOCHEVA et al., 2006), além disto, estes fatores atuando sobre
os organismos podem possibilitar a descoberta de novas vias metabólicas e,
consequentemente, novos metabólitos (OARGA, 2009).
O continente Antártico é caracterizado pelo isolamento geográfico e climático e a
maior parte possui pouca ou nenhuma influência antrópica (BRUNATI et al., 2009). A
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
12
Antártica oferece condições exclusivas para estudar microrganismos isolados
geograficamente de outras comunidades microbianas do planeta em escala de tempo e
evolução; além disso, as diferenças na estabilidade e pressão seletiva entre os ambientes
Antárticos são fatores que influenciam o grau de endemismo e adaptação dos microrganismos
presentes na Antártica (VICENTE, 2000).
A maioria das espécies microbianas encontradas na Antártica são de distribuição
cosmopolita, mas recentemente, têm se relatado novos habitats) e proposto a presença de
microrganismos endêmicos. A colonização microbiana na Antártica ocorre na maioria das
vezes a partir das correntes oceânicas, atmosféricas e animais migratórios (COWAN & TOW,
2004). Segundo Ruisi et al. (2007), a maioria dos fungos descritos para Antártica são
cosmopolitas, sendo estes transportados por esporos, e adaptados e capaz de crescer e se
reproduzir em baixas temperaturas. Atualmente, ambientes extremos como os encontrados na
Antártica tem sido alvo de estudos sobre os mecanismos biológicos de adaptação e tolerância
às condições extremas e sua utilização em processos biotecnológicos (TANG et al, 1997,
BIONDI et al., 2008, MARINELLI et al, 2004; BRUNATI et al., 2009; ROJA et al., 2009).
Segundo Parnikoza et al. (2007), existe no continente Antártico apenas duas plantas
vasculares (angiospermas): Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae) e
Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) (Figura 6). Segundo Lewis Smith (1994) a
população de ambas espécies tem aumentado ao longo da Península Antártica no últimos 30
anos, possivelmente devido ao aquecimento global (GROBE et al.,1997). O período de
germinação destas plantas ocorre a partir de novembro (KIRK 1994) e são geralmente
cobertas por neve a partir de abril, desconhece-se se as folhas sobrevivem ao inverno antártico
(LEWIS SMITH, 2003). Wouw et al.(2008), em estudo para determinar relações e padrões de
diversidade de espécies vegetais na Antártica, observou que o fluxo gênico não ocorre em
longa distância, o que limita espécies presentes na Antártica e sugere que estas representem
ecotipos antárticos.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
13
Figura 5:. A- Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae) e B- Deschampsia
antarctica Desv. (Poaceae).
Deschampsia antarctica, uma planta altamente tolerante ao congelamento (BRAVO et
al., 2001), é uma das duas plantas vasculares adaptadas ao ambiente antártico (KAPPEN
1999). Alguns estudos vêm demonstrando o potencial de D. antarctica em estudos de
bioprospecção. Cuadra et al. (2005) avaliaram atividade biológica de plantas da Patagônia, e
entre os extratos etanólicos estudados, o de D. antarctica apresentou alta toxicidade a larvas
do crustáceo Branchipus stagnalis (L.), do qual foi obtido duas flavonas ativas contra a larva
do crustáceo. Não foi verificado nenhum estudo envolvendo aplicações biotecnológicas de C.
quitensis.
Alguns estudos filogenéticos (WOUW et al.,2008), fisiológicos (ALBERDI et al.,
2002), adaptação do frio (BRAVO et al., 2005; CONCHA et al., 2005; GIANOLI et al., 2004;
GIDEKEL et al., 2003) e de diversidade microbiana (FRENOT et al.,2005; ROSA et al.,2009;
ROSA et al., 2010; ROSADO et al., 2010; UPSON et al.,2008) foram realizados utilizando as
angiospermas da Antártica. Entretanto, pelo nosso conhecimento não foi verificado a
existência de nenhum trabalho envolvendo aplicações biotecnológicas de microrganismos
endofíticos associados a D. antarctica e C. quitensis, o que faz com que este seja um assunto
ainda a ser explorado.
A B
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
14
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Contribuir para o conhecimento do potencial biotecnológico da micota endofítica
associada a duas angiospermas presentes na Antártica e avaliar estes microrganismos como
fonte de metabólitos bioativos úteis para o desenvolvimento de novas drogas, em especial
contra células tumorais humanas e parasitas dos gêneros Leishmania e Trypanosoma.
3.2 Objetivos específicos
• Isolar fungos endofíticos associados de Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. e
Deschampsia antarctica Desv. presentes na Península Antártica;
• Depositar todos os isolados de fungos endofíticos obtidos em uma coleção de cultura de
microrganismos para preservação ex-situ da biodiversidade fúngica da Antártica;
• Cultivar todos os fungos endofíticos obtidos, preparar seus extratos brutos e deposita-los
em uma coleção de extratos;
• Testar todos os extratos em ensaios biológicos utilizando:
a. Três linhagens de células tumorais humanas
b. Formas amastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis
c. Formas amastigotas de Trypanosoma cruzi
• Determinar a Concentração Inibitória a 50% (CI50) dos extratos ativos;
• Identificar os fungos cujos extratos apresentaram atividade biológica por meio de
metodologia e técnicas moleculares.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
15
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de coleta
A Baía do Almirantado está localizada no Arquipélado Shetland do Sul, sendo a maior
Baía da Ilha Rei George, com uma área de aproximadamente 131 Km2. A localização das
áreas de coleta foram determinadas por coordenadas geográficas obtidas por meio do Global
Positioning System (GPS). Os seis pontos de coleta foram Botany point (62º05’S e 58º19’W),
Refúgio Brasileiro II (62º04’S e 58º25’W), Hennequin point (62º07’S e 58º23’W), Ullman
point (62º04’S e 58º21’W), Estação Peruana Macchu Picchu (62º07’S 58º 28’W) e Demay
point (62º12’S e 58º19’W) (Figura 6).
4.2 Coletas das angiospermas Antárticas
Neste trabalho foi realizada a coleta de Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl.
(Caryophyllaceae) e Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) durante o verão austral no mês
de fevereiro de 2008. Para realização das coletas foram aprovadas as devidas licenças junto ao
Ministério do Meio Ambiente e Marinha do Brasil. Em ambas as coletas, foram amostrados
três fragmentos de folha de 60 indivíduos de C. quitensis e 60 indivíduos de D. antarctica.
Três folhas aparentemente saudáveis de cada indivíduo foram amostradas, armazenadas em
sacos plásticos e processadas no Laboratório de Química e Microbiologia da Estação
Antártica Comandante Ferraz (EACF). Uma exsicata representativa de cada planta em cada
ponto de coleta encontra-se depositada no herbário BHCB da UFMG.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
16
Figura 6:. Mapa da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica, indicando os locais e o
transecto onde foram coletadas as amostras vegetais. Bp = Botany point (62°05'S, 58°19'W);
Up = Ullman point (62°05'S, 58°20'W); Br = Refúgio Brasileiro II (62°04'S, 58°25'W); Mp =
Estação Antártica Peruana Macchu Picchu (62°07'S, 58°23'W); Hp = Hennequin point
(62°05'S, 58°24'W); e Dp = Demay point (62°12'S, 58°19'W) (Simões et al., 2004 com
modificações). As distâncias entre os pontos de coleta foram 2 km (Bp a Up), 4 km (Up a
Br), 4 km (Br a Mp), 5 km (Mp a Hp), e 10,5 km (Hp a Dp).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
17
4.3 Isolamento e preservação dos fungos
As folhas coletadas foram inicialmente limpas com 2% de detergente neutro Extran
(Merck/EUA) e enxaguados com água destilada esterilizada. Três fragmentos de cada folha
foram retirados com auxílio de pinça e tesoura esterilizadas e imersos em álcool 70% (1
minuto), hipoclorito de sódio 2% (3 minutos) e água destilada esterilizada (2 minutos). Após
desinfecção superficial, os fragmentos foram transferidos para placas de Petri contendo Agar
Batata Dextrosado (BDA/Difco) suplementado com 100 μg/mL de cloranfenicol
(Sigma/EUA) para inibir o crescimento de bactérias contaminantes. Alíquotas da água
destilada esterilizada utilizada ao final do processo de desinfecção foram plaqueadas em meio
BDA para avaliar se o processo de desinfecção foi bem sucedido e assegurar que somente os
fungos endofíticos seriam isolados. As placas foram incubadas a 15-18ºC por um período de
até 60 dias e os isolados foram purificados em novas placa de Petri contendo meio BDA.
Os isolados de fungos filamentosos obtidos foram preservados em duplicata em
glicerol 30% a –80ºC e as leveduras obtidas conservadas em caldo GYMP (glicose 2%,
extrato de levedura 0,5%, extrato de malte 1% Na2PO4 0,2%) com 20% de glicerol a -80ºC.
Todos os isolados obtidos durante o estudo foram depositados na Coleção de Microrganismos
e Células do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
4.4 Cultivo dos fungos e preparo dos extratos
4.4.1 Fungos Filamentosos
Os fungos filamentosos obtidos foram cultivados em placas de Petri contendo meio
BDA a 15-18ºC. Após 15 dias de crescimento todo o meio de cultura e crescimento micelial
de cada fungo endofítico foi macerado e transferido para tubo cônico de 50 mL. Para a
obtenção dos extratos brutos, foi adicionado 25 mL de etanol P.A (Vetec) em cada tubo
contendo o meio de cultura com o crescimento fúngico. Os tubos foram incubados por 48
horas ao abrigo da luz e o sobrenadante de cada transferido para frascos de 30 mL e tubos de
1,5 mL. Todos os extratos obtidos foram secos em concentrador a vácuo (Savant) com
temperatura inferior a 35ºC e em seguida solubilizados em dimetisulfóxido (DMSO), a uma
concentração de 20 mg/mL e mantidos a -20ºC até utilização no ensaios biológicos.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
18
4.4.2 Leveduras
As leveduras foram previamente crescidas em placas de Petri contendo Agar
Sabouraud a 15ºC, e transferidas para tubos contendo 3 mL de caldo GYMP e incubados a
15ºC por até 5 dias. Para obtenção dos extratos foram utilizadas microplacas de 24 poços
contendo em cada poço 1 mL de meio Agar Sabouraud. Em cada poço foram inoculados 50
μL do caldo GYMP com o crescimento das leveduras em duplicata e incubadas a 15ºC por 15
dias. Após o período de incubação, o meio de cultura com crescimento das leveduras foi
macerado com auxilio de um pistilo esterilizado e adicionado 1,5 mL de etanol PA em cada
poço. Todas as microplacas foram incubadas por 48 horas e o sobrenadante de cada poço foi
transferido para tubos novos de 1,5 mL. Os extratos obtidos foram secos em centrífuga a
vácuo (Savant) com temperatura inferior a 35ºC e em seguida solubilizados em DMSO, a uma
concentração de 20 mg/mL e mantidos a -20ºC até utilização nos ensaios biológicos. Todos os
extratos obtidos (fungos filamentosos e leveduras) foram depositados na Extratoteca do
Laboratório de Química de Produtos Naturais do CPqRR/FIOCRUZ para futuros estudos de
bioprospecção.
4.5 Preparo dos extratos vegetais
As folhas de C. quitensis e D. antarctica foram coletadas aleatoriamente dos seis
pontos de coleta, macerados e inoculados em tubos cônicos de 50 mL com 25 mL de etanol.
Os tubos foram mantidos ao abrigo da luz e, após 15 dias, o sobrenadante foi filtrado e
transferido para frascos de cintilação. Todos os extratos brutos obtidos foram secos em
centrifuga a vácuo (Savant) com temperaturas inferior a 35ºC, solubilizados em DMSO, a um
concentração de 20 mg/mL para realização de ensaios biológicos.
4.6 Determinação da atividade biológica
A determinação da atividade biológica dos extratos fúngicos e vegetais foi realizada
por método colorimétrico utilizando os seguintes alvos: três linhagens de célula tumoral,
amastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis e forma parasitária de Trypanosoma
cruzi. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
19
4.6.1 Ensaio com células tumorais
Para a realização do ensaio com células tumorais, três linhagens tumorais humana
foram escolhidas: MCF-7 (glândula mamária), UACC-62 (melanoma) e TK-10 (renal)
(MONKS et al., 1991). De acordo com dados do NCI (National Cancer Institute), estas
linhagens são capazes de detectar 95% dos extratos que contém substâncias antitumorais. Os
procedimentos utilizados nos ensaios com as três linhagens foram os mesmos, exceto o
número de células adicionado em cada poço devido particularidades de cada linhagem. As
suspensões celulares foram diluídas de acordo com a linhagem de modo que 100 µL, foi
colocado em cada poço de uma placa de 96 poços, estes continham 100.000 células TK-10,
100.000 células UACC-62 e 150.000 células MCF-7. Os inóculos foram incubados por 24
horas a 37ºC para estabilização celular. Em seguida foi adicionado as células os extratos numa
concentração de 200 μg/mL e as placas foram incubadas por 48 horas em atmosfera de CO2 e
100% de umidade. A quantificação da multiplicação celular foi medida pelo método
colorimétrico empregando sulfarrodamina B. Este corante se liga aos aminoácidos básicos das
proteínas das células e é utilizado para quantificar a proliferação celular. Os extratos que
foram capazes de inibir a multiplicação celular em pelo menos 60% foram selecionados como
ativos. Os testes foram realizados em triplicatas e com controles positivos utilizou-se
Etoposide, droga anticâncer.
4.6.2 Ensaio contra formas amastigotas de Leishmania amazonensis
A atividade leishmanicida foi avaliada utilizando culturas axênicas da forma
amastigota de Leishmania (Leishmania) amazonensis, pertencentes ao banco de cepas da
Coleção de Leishmania do Centro de Referência em Tipagem de Leishmania do Instituto
Oswaldo Cruz. Os ensaios foram realizados em triplicata e foi baseado no protocolo proposto
por Callahan et al. (1997) com algumas modificações. Formas amastigotas foram adicionadas
a cada poço de uma microplaca de 96 poços, sendo 90 μL de cultura na concentração de 1x108
parasitas/mL e 10 μL dos extratos fúngicos numa concentração de 200 μg/mL. Após as placas
foram incubadas em estufa a 32ºC por 72 horas. A atividade dos extratos testados foi medida
pelo método colorimétrico do MTT (metil tiazol - Sigma/USA) 5 mg/mL. A absorbância dos
poços foi comparada com a absorbância do controle positivo, sem droga, e controle negativo
com a droga utilizada em tratamentos de Leishmaniose, a anfotericina B, na concentração de
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
20
0,2 μg/mL. Foram considerados ativos extratos capazes de inibir a proliferação das formas
amastigotas em 70%.
4.6.3 Ensaio com Trypanosoma cruzi
Os extratos foram testados por meio do ensaio colorimétrico desenvolvido por
Buckner et al. (1996), com modificações (Oliveira et al., 2006). Este ensaio utiliza uma cepa
de Trypanosoma cruzi (Tulahuen) transformada para expressar beta-galactosidase, enzima
que é capaz de catalisar uma reação colorimétrica quando o cloro-phenol red beta-D-
galactopyranoside (CPRG) é utilizado como substrato. Para a triagem dos extratos, o ensaio
foi realizado utilizando células infectadas com parasitas e extratos fúngicos numa
concentração de 20 µg/mL. Os resultados foram expressos na comparação da absorbância dos
poços inoculados com os poços controle, utilizados células não infectadas, células infectadas
não tratadas, benzonidazol a 1 µg/mL (3,81 µM) (controle positivo) e DMSO diluído em meio
a uma concentração final de 1% (controle negativo).
4.7 Determinação de Concentração Inibitório a 50% (CI50) dos extratos ativos
A determinação da IC50 dos extratos fúngicos ativos seguiram os protocolos dos
ensaios biológicos acima. Os extratos ativos contra as formas amastigotas de L. amazonensis
foram adicionados ao meio contendo 108 parasitos/mL em diferentes concentrações de 100 a
0,2 μg/mL para cálculo da Concentração Inibitória a 50% (CI50) em comparação a droga
controle, anfotericina B. Já os extratos ativos as linhagens tumorais foram testados utilizando
de etoposideo como droga controle em comparação aos extratos ativos inoculados em
concentrações de 100 a 0,2 µg/mL para cálculo da CI50.
4.8 Identificação dos fungos
Todos os isolados que tiveram seu extrato bruto ativo foram selecionados para
identificação molecular por meio de sequenciamento da região espaçadora transcrita interna
(ITS1-5.8S- ITS2) do RNA ribossomal.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
21
4.8.1 Extração do DNA total
A extração do DNA total foi realizada de acordo com Rosa et al. (2009). Os fungos
filamentosos foram crescidos por sete dias em ágar Sabouraud e fragmentos de micélio foram
colocados em tubos de 1,5 mL acrescidos de 400 μL de tampão de lise (Tris-HCL -
trishidroximetilaminometano 0,05 M, EDTA – ácido etilenodiamino tetraacético 0,005 M,
NaCL 0,1M e SDS – sódio dodecil sulfato 1%) e deixado a – 20ºC por aproximadamente 10
minutos. O micélio foi macerado com auxílio de um pistilo e foram acrescidos 5 μL de
Proteinase K (50 μg/mL). Após homogeneização, o tubo foi colocado por 30 minutos a 60ºC
em banho seco. Após esta etapa, foram adicionados 162 μL de CTAB de Hoog (Tris 2M,
NaCl 8,2%, EDTA 2M e CTAB 0,2%), seguido de homogeneização em vortex e incubação
por 10 minutos a 65ºC. Em seguida, foram acrescentados 570 μL da mistura clorfórmio/álcool
isoamílico (24:1). Após homogeneização, o tubo foi incubado por 30 minutos em gelo. Em
seguida, o conteúdo foi centrifugado a 13.200 rpm por 10 minutos e o sobrenadante foi
transferido para um novo tudo de 1,5 mL, e acrescentado 10% do volume de uma solução de
acetato de sódio 3M. O tubo foi vertido para homogeneização, incubado a 0ºC por 30 minutos
e centrifugado a 13.200 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi transferido para um novo
tubo, onde foi adicionado 50% do volume de isopropanol e centrifugado a 13.200 rpm por 5
minutos. O sobrenadante foi desprezado por inversão. A seguir, foram adicionados 200 μL de
etanol (Merck) 70% e a suspensão foi gentilmente homogeneizada. Após este procedimento, a
amostra foi centrifugada a 13.200 rpm por 5 minutos e o sobrenadante desprezado por
inversão, seguido de nova homogeneização com etanol 70% e centrifugação. A amostra foi
seca em temperatura ambiente, para evaporação do excesso de etanol, e 50 μL de Tris-EDTA
(Tris-HCL 0,01M e EDTA 0,001M) foram adicionados e a mesma foi incubada a 65ºC por 60
minutos para hidratação do DNA. As amostras foram armazenadas em freezer a -20ºC.
4.8.2 Obtenção dos amplicons
Os iniciadores ITS1 (5’-TCCGTAGGTGAACCTGCGG-3’) e ITS4 (5’-
TCCTCCGCTTGATATGC-3’) foram utilizados para amplificação das regiões ITS do rDNA,
conforme descrito por White et al. (1990). A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) foi
realizada em um volume final de 50 μL contendo 2 μL de DNA, 1 μL de cada iniciador ITS1
e ITS4 10 μmol-1 (MWG Biotech), 5 μL de tampão de PCR 5X (Fermentas), 2 μL de MgCl2
25mM, 2 μL de dNTP 10 mM, 0,3 μL de TaqDNA polimerase 5U (Fermentas) e o volume
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
22
final completado com água destilada estéril. As reações de PCR foram realizadas utilizando o
termociclador PCR (Biosystems). O programa consistiu de uma desnaturação inicial a 94ºC
por 5 minutos, seguido por 35 ciclos de 1 minuto de desnaturação a 94ºC, 1 minuto da
anelamento a 55ºC e 1 minuto de extensão a 72ºC, e uma extensão final por 5 minutos a 72ºC.
Os produtos de PCR foram analisados por eletroforese em gel de agarose 1%, em tampão
TBE 0,5X, eluídos,em tampão de corrida 6X e Gel Red, durante aproximadamente 30 minutos
a 120V. Os géis foram visualizados sob luz ultravioleta e fotografados pelo sistema de foto-
documentação de gel (Vilber Lourmat, France).
4.8.3 Purificação dos amplicons
Os amplicons gerados pela reação de PCR foram purificados utilizando-se
polietilenoglicol (PEG). Ao produto de PCR foi adicionado igual volume de solução de
polietilenoglicol 20% em NaCl 2,5M, que foi mantido em banho-maria à 37ºC por 15
minutos. O tubo foi centrifugado a 13.500 rpm por 15 minutos e o sobrenadante foi retirado e
descartado. A seguir, foram adicionados 125 μL de etanol 70% resfriado a 4ºC. O tubo foi
centrifugado a 13.500 r.p.m. por 5 minutos e o etanol foi retirado. O tubo fio deixado à
temperatura ambiente para evaporação de todo o excesso de etanol. Foram adicionados 10 μL
de água deionizada estéril e o conteúdo do tubo foi homogenizado em vórtex por 15
segundos. Em seguida, o tubo foi incubado em banho- maria a 37ºC por 60 minutos. O
produto obtido foi dosado em NanoDrop ND 1000 (NanoDrop Technologies) para ser
utilizado na reação de sequenciamento.
4.8.4 Reação de sequenciamento
O sequenciamento foi realizado utilizando o Kit DYEnamicTM (Amersham
Biosciences, USA) em combinação com o sistema de sequenciamento automatizado
MegaBACETM 1000, no Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular (LBEM-
UFMG). Para a reação de sequenciamento foram utilizados 100-150 ng do DNA purificado,
os reagentes presentes no kit e iniciadores. A reação de PCR foi realizada em um volume final
de 10 μL contendo 4 μL do pré-mix (presente no kit de sequenciamento) e 1 μL do iniciador
(5 μmol-1), completando-se o volume final com água deionizada estéril. O programa consistiu
de 36 ciclos de uma desnaturação inicial a 95ºC por 25 minutos, seguido por 15 segundos de
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
23
anelamento a 50ºC e 3 minutos de extensão a 60ºC. Em seguida, os produtos da reação foram
transferidos para uma placa de sequenciamento de 96 poços para serem precipitados.
4.8.5 Precipitação da reação de sequenciamento
Para precipitação das reações de sequenciamento, 1 μL de acetato de amônio 7,5 M foi
adicionado em cada poço da placa de 96 poços. A solução de acetato de amônio foi
dispensada na parede lateral dos poços e a placa levemente batida sobre a bancada para que as
gotas do acetato de amônio se misturassem à reação. Em seguida, foram adicionados 28 μL de
etanol absoluto (Merck/EUA). A placa foi submetida à agitação em vórtex e incubada por 20
minutos à temperatura ambiente, protegida da luz. Após período de incubação, a placa foi
centrifugada por 45 minutos a 4000 rpm. O sobrenadante foi descartado virando-se a palca
sobre um papel absorvente. Em seguida, foram adicionados 150 μL de etanol 70%
(Merck/EUA). A placa foi novamente centrifugada por 15 minutos a 4000 rpm e o
sobrenadante foi então descartado. Para remoção do excesso de etanol, a placa foi invertida
sobre um papel absorvente, e submetida a um pulso em centrifuga a 900 rpm durante 1
segundo. Em seguida a placa foi mantida em repouso durante 20 minutos, protegida da luz,
para evaporação do etanol. O DNA das amostras precipitado em cada poço da placa foi então
ressuspendido em 10 μL de Loading buffer (presente no kit de sequenciamento). A placa foi
submetida à aitaçao em vórtex por 2 minutos, centrifugada por 1 segundo a 900 rpm e
armazenada a 4ºC, protegida da luz, até injeção das amostras no sistema automatizado
MegaBACETM 1000.
4.8.6 Análise computacional das sequências
As seqüências de DNA foram analisadas, comparando com as seqüências de cultura
tipo depositadas no GenBank, utilizando o programa BLASTn (Basic Local Alignment Search
Tool - versão 2.215 do BLAST 2.0) disponível no portal NCBI
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/) desenvolvido pelo Nacional Center For Biotechnology
(ALTSCHUL et al., 1997). Os isolados que apresentaram as sequências analisadas com
similaridade ≥98% em relação às sequências já depositadas no GenBank, foram considerados
como pertencentes à mesma espécie ou gênero; já aqueles que apresentaram sequências com
similaridade ≤97%, foram considerados como pertencentes ao mesmo gênero; para sequências
com identidade <93% os isolados foram identificados como espécies desconhecidas ou
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
24
identificados em família, classe, ordem (ROSA et al., 2010). As sequências do táxons
identificados em nível de classe, ordem, família, gênero ou outros níveis hierárquicos foram
submetidos a análises filogenéticas para determinção de suas proximidades filogenéticas, por
meio do alinhamento dos fragmentos da região ITS1-5.8S-ITS2 do gene do rDNA, utilizando-
se as sequências que possuíam acima de 300 pb. Os isolados que apresentaram sequências
≤300 pb foram considerados como não identificados. A análise filogenética foi conduzida a
partir da comparação das sequências dos fungos endofíticos e as sequências mais próximas
depositadas no GenBank utilizando-se o programa MEGA (Molecular Evolutionary Genetics
Analysis) versão 4 (TAMURA et al., 2007). As árvores filogenéticas foram construídas
utilizando o algorítimo de Neighbor-joining com bootstrap de 1.000 repetições.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Coleta e isolamento dos fungos endofíticos
Ao final da amostragem nos seis pontos de coleta foram obtidos 360 fragmentos de
folhas (total de 180 de C. quitensis e 180 de D. antarctica) e obtidos 564 isolados de fungos
endofíticos (438 isolados de fungos filamentosos e 126 leveduras). Destes, 251 obtidos de C.
quitensis (162 fungos filamentosos e 89 leveduras) e 313 de D. antarctica (276 fungos
filamentosos e 37 leveduras) (Figura 7). A quantidade de isolados de fungos endofíticos
obtidos pode variar de acordo com os ecossistemas onde se encontra as plantas hospedeiras.
Diferentes trabalhos publicados, referente a distribuição de fungos, vêm mostrando que a
diversidade de endofíticos diminui em direção as regiões polares do planeta. De três espécies
vegetais coletadas na floresta boreal e em ecossistema de tundra no Canadá foram isolados
558 de fungos endofíticos (HIGGINS et al., 2007). Estudos voltados para caracterização da
comunidade fúngica presente na Antártica indicam que a quantidade de isolados obtidos pode
variar de acordo com o substrato escolhido. Arenz & Blanchette (2011) obtiveram 455
isolados de fungos em amostras de solo da Antártica; por outro lado, Rosa et al. (2009)
obtiveram apenas 26 isolados de fungos endofíticos associados a D. antarctica. No presente
estudo, a quantidade de isolados fúngicos obtidos foi próxima a encontrada em estudos de
endofíticos de regiões temperadas.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
26
Figura 7:. Frequência (%) de fungos endofíticos isolados de Deschampsia antarctica Desv. e
Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. presentes na Antártica.
5.2 Cultivo dos fungos e obtenção dos extratos etanólicos
No presente trabalho foram produzidos 472 extratos a partir do crescimento dos
fungos endofíticos (438 de fungos filamentosos e 34 das leveduras). Além disso, foram
produzidos extrato das folhas das duas plantas hospedeiras dos fungos endofíticos. Noventa e
dois isolados de leveduras não apresentaram crescimento após o isolamento e por isso seus
extratos não puderam ser produzidos. O estresse abiótico, os nutrientes fornecidos pelo meio
de cultura, o pH do mesmo e a viabilidade celular podem ser alguns dos fatores que
desencadearam a morte destas leveduras.
Diferentes técnicas de cultivo e produção obtenção de extratos microbianos já foram
descritas, as quais constituem etapas importantes para detecção de metabólitos bioativos em
estudos de bioprospecção. Entre estas etapas destacam-se o tipo de meio de cultura utilizado
e o processo fermentativo utilizado (cultivos em condições de fermentação líquida e sólida).
Ezra & Strobel (2003) avaliaram diferentes meios de cultura com o objetivo de verificar
variações na produção de metabólitos antimicrobianos produzidas pelo fungo endofítico
Muscodor albus Worapong, Strobel & W.M. Hess. Segundo estes autores, o meio de cultura
BDA foi o substrato que permitiu M. albus produzir elevados níveis de metabólitos bioativos,
Freq
uenc
iade
isol
ados
(%)
Colobanthus quitensis Deschampsia antarctica TOTAL
Filamentosos Leveduras
Freq
uenc
iade
isol
ados
(%)
Colobanthus quitensis Deschampsia antarctica TOTAL
Filamentosos Leveduras
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
27
quando comparado ao outros meios testados. Desta forma, o meio de cultura BDA foi
utilizado para o cultivo dos fungos endofíticos associados as angiospermas antárticas. Por
outro lado, a obtenção dos metabólitos bioativos pode ser realizada utilizando técnicas de
fermentação em meio líquido ou meio sólido. A extração utilizando o meio líquido permite
um maior controle das condições de cultivo, tais como pH, umidade, temperatura e
quantidade de nutrientes disponível, entre outros (ROBINSON et al., 2001); já a extração de
metabólitos a partir de meios de culturas sólidos possui a vantagem da maior facilidade na
recuperação do produto (metabólitos produzidos), aumento da produtividade e maior
rendimento. Além disso, diferentes solventes são utilizados para extração de metabólitos
secundários de fungos, tais como acetato de etila (ROSA et al., 2003; PHONGPAICHIT et al.,
2006), diclorometano (SETTE et al., 2006; MACÍAS- RUBALCAVA et al., 2010), metanol
(BRUNATI et al., 2009; VAZ et al., 2009), hexano (MUTHUVELAN & RAJA, 2008) e
etanol (GAMBOA et al., 2001).
No presente trabalho foi utilizado o etanol como solvente para obtenção dos extratos
dos fungos endofíticos de C. quitensis e D. antarctica, devido à sua polaridade e afinidade por
moléculas de baixa massa molecular (metabólitos secundários). Alem disto, este solvente
penetra de forma satisfatória nos meios de cultura sólidos (VIZCAINO et al., 2005) e possui
baixa toxicidade quando comparado ao metanol. Após os processos de cultivo e produção dos
extratos, foi obtido rendimento de 0,82 a 15,8 mg de extrato, quantidade suficiente para
realização de todos os ensaios de triagem e CI50 sobre as células tumorais humanas e formas
amastigotas de L. amazonesis e contra T. cruzi.
5.4 Atividades biológicas
Todos os 474 extratos produzidos (189 obtidos de C. quitensis, 284 de D. antarctica e
dois extratos de folha de cada uma das plantas) foram avaliados a uma concentração de 20
µg/mL nos ensaios biológicos selecionados. Dentre os extratos avaliados, 33 (7%) foram
ativos contra pelo menos um dos alvos testados. Todos os extratos ativos foram produzidos
por fungos filamentosos. Nenhum extrato produzido pelas leveduras apresentou atividade
biológica. Em todas as áreas coletas obtivemos isolados com atividade biológica.
Trabalhos de triagem utilizando fungos de ambientes tropicais como fonte de
metabólitos bioativos mostram que a porcentagem de atividade pode variar de 10 a 40%
(ROSA et al., 2003; HUANG et al., 2008; VAZ et al., 2009). Poucos trabalhos de
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
28
bioprospecção foram realizados até o momento utilizando microrganismos obtidos de
ecossistemas da Antártica. Entre estes estudos, Brunati et al. (2009) obtiveram 29% de
atividade microbiana a partir de fungos filamentosos coletados em lagos antárticos e
Gonçalves (2011) obteve 128 isolados de fungos filamentosos, dos quais 24% foram capazes
de produzir extratos bioativos. Apesar da porcentagem de extratos ativos produzidos pelos
fungos endofíticos associados as angiospermas antárticas ter sido menor em comparação com
os resultados de Brunati et al. (2009) e Gonçalves (2011), a mesma se encontra próximo a
faixa limite exibida em outros trabalhos de bioprospecção de isolados fúngicos.
Dos 33 extratos ativos, cinco foram capazes de inibir a proliferação de duas das
linhagens de células tumorais humanas (quatro ativos sobre a linhagem MCF-7 e um sobre
TK-10) (Tabela 6). A atividade citotóxica sobre as células tumorais foi mais acentuada para
os extratos produzidos pelos endofíticos obtidos de C. quitensis. Apenas o isolado UFMGCB
2661, obtido de D. antarctica, foi capaz de inibir o crescimento da linhagem tumoral TK-10.
Os 27 extratos que apresentaram atividade leishmanicida foram obtidos dos fungos
endofíticos associados a D. antarctica. Nenhum extrato foi capaz de inibir o crescimento das
formas amastigotas de T. cruzi. Dos quatro extratos obtidos das folhas das plantas
amostradas,dois de C. quitensis e dois de D. antarctica, nenhum foi ativo para os alvos
testados (Tabela 4).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
29
Tabela 4:. Extratos dos isolados de fungos endofíticos com atividades biológicas ≥60%, contra células tumorais humanas e ≥70% contra formas amastigotas de Leishmania amazonensis e Trypanosoma cruzi, quando testado a concentração de 20 µg/mL. Planta Hospedeira Isolado
aUFMGCB
bMCF-7 cTK-10 dUACC-62 Morte de eLA (%) Morte de fTC (%)
Deschampsia antarctica 2301 6 13 0 72g 0
2508 1 11 9 94 9
2564 0 19 1 91 4
2673 14 29 1 89 0
2569 0 17 5 94 9
2630 7 26 4 90 4
2682 2 15 5 94 0
2272 0 19 0 70 0
2515 0 0 0 94 0
2518 0 32 6 94 3
2528 5 8 2 91 5
2560 0 0 3 94 2
2649 0 31 1 89 4
2650 9 24 0 82 0
2667 0 42 6 93 0
2669 0 10 3 74 0
2632 0 17 5 91 9
2567 12 24 1 83 3
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
30
2661 0 60 3 44 6
2256 0 6 0 70 0
2629 13 13 1 94 7
2653 14 26 2 93 2
2659 0 32 5 93 1
2666 0 25 6 84 1
2670 2 38 2 82 0
2672 3 34 0 86 0
2687 2 32 0 89 0
2697 6 24 1 93 3
Colobanthus quitensis 2455 82 43 11 33 8.5
2290 62 25 27 8 8
2479 77 53 18 40 4
2656 61 30 4 34 0
2794 0 20 75 47 0
Drogas controles etoposídeo 44,5 80 83 - -
anfotericina B - - - 71 -
benzonidazol - - - - 73 aUFMGCB = Coleção de Micro-organismos e Células da Universidade Federal de Minas Gerais. bMCF-7 = glândula mamária, cUACC-62 =
melanoma, dTK-10 = renal, eLA = Leishmania amazonensis, fTC = Trypanossoma cruzi. gEm negrito estão marcados os valores de atividade dos
extratos acima da linha de corte estabelecida.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
31
Entre os seis extratos ativos contra as células tumorais, foi observado um grau de
seletividade quanto a atividade testada. Quatro extratos (UFMGCB 2455, UFMGCB 2290,
UFMGCB 2479 e UFMGCB 2656) apresentaram efeito apenas contra a linhagem MCF-7. O
extrato do fungo UFMGCB 2661 foi ativo apenas contra a linhagem TK-10. O extrato do
isoladoUFMGCB 2794 foi ativo apenas contra a linhagem UACC-62. Estes seis extratos não
apresentaram atividade (porcentagem de inibição ≤ 47%) sobre as formas amastigotas de L.
amazonensis e T. cruzi. Por outro lado, os 27 extratos que exibiram atividade leishmanicida
não foram ativos contra as três linhagens de células tumorais e formas amastigotas de T. cruzi.
Vinte cinco dos extratos com atividade leishmanicida apresentaram porcentagem de inibição
acima do valor exibido pela anfotericina B (71%). A seletividade exibida por estes extratos os
tornam bons candidatos para o isolamento dos metabólitos com atividade citotóxica e
leishmanicida observada.
5.5 Identificação dos fungos ativos
Os fungos bioativos foram identificados por meio do sequenciamento da região ITS do
gene do RNA ribossomal. Dez isolados de fungos bioativos não apresentaram amplicons com
concentração suficiente ou, após seqüenciamento, não apresentram sequências com boa
qualidade para identificação molecular. Estes isolados não identificados foram nomeados
como Fungos endofíticos sp. 2 a sp. 11. As sequências de nucleotídeos dos isolados de fungos
produtores de extratos bioativos foram alinhadas utilizando o algoritmo BLASTn e as cinco
sequências mais próximas depositadas no GenBank foram analisadas (Tabela 5). Além disso,
as sequências dos fungos bioativos foram submetidas a análises para inferências filogenéticas
em relação aos táxons mais próximos.
Adams et al. (2006) descreve que o filo que apresenta maior freqüência de isolados na
Antártica é Ascomycota e seus anamorfos, seguidos por Basidiomycota e Zygomycota. No
presente estudo, todos os fungos identificados pertencem ao filo Ascomycota e estão
distribuídos em quatro classes de fungos: Leotiomycetes, Dothiodeomycetes, Sordariomycetes
e Hyphomycetes, sendo as duas primeiras mais dominante nos isolados identificados. Em
estudo de fungos filamentosos isolados de lagos antárticos foi observado a presença destas
classes, sendo também a maioria dos isolados pertencentes as classes Leotiomycetes e
Dothiodeomycetes (GONÇALVES, 2011).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
32
De acordo com Bérdy (2005), metabólitos produzidos por fungos filamentosos são
principalmente obtidos de isolados pertencentes ao filo Ascomycota e seus anamorfos,
apresentando um total de 6.400 de um total de 8.600 metabólitos fúngicos conhecidos. Os
táxons identificados neste estudo foram incluídos nos gêneros: Alternaria Nees, Cadophora
Lagerb. & Melin, Davidiella Crous & U. Braun, Helgardia Crous & W. Gams, Herpotrichia
Fuckel, Microdochium Syd., Oculimacula Crous & W. Gams, Phaeosphaeria I. Miyake e
Ypsilina J. Webster, Descals & Marvanová (Tabela 5).
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
33
Tabela 5:. Cinco melhores sequências alinhadas no BLAST de fungos endofíticos bioativos de Deschampsia antarctica Desv. e Colobanthus quitensis
(Kunth) Bartl., com substrato e origem de cada sequência. Fungo Endofítico
(UFMGCB*)
Identidade
(%)
Descrição dos melhores alinhamentos
[no. de acesso no GenBank]
Substrato e origem Referência Identificação final**
2569 96 Fungo não cultivável [EU516862] Solo coberto de neve, Áustria Não publicado Cadophora luteo-olivacea
95 Cadophora luteo-olivacea [FJ486276] Indeterminado Não publicado
94 C. malorum [AB190402] Indeterminado Não publicado
94 C. malorum [GU212434] Refúgio de madeira, Antártica Blanchette et al. (2010)
95 C. luteo-olivacea [GU212374] Refúgio de madeira, Antártica Blanchette et al. (2010)
2564 88 Alternaria sp. [EU747137] Folhas de Deschampsia antarctica,
Antártica
Rosa et al. (2009) Alternaria sp. 3
88 Alternaria sp. [EU747136] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
88 Alternaria sp. [EU747140] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
87 Alternaria sp. [EU747139] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
87 Alternaria sp. [EU747143] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2508 95 Alternaria sp. [EU747153] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Alternaria sp. 2
95 Alternaria sp. [EU747143] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
95 Alternaria sp. [EU747141] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
95 Alternaria sp. [EU747134] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
95 Alternaria sp. [EU747140] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2673 96 Alternaria sp. [EU747143] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Alternaria sp. 4
96 Alternaria sp. [EU747141] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
96 Alternaria sp. [EU747134] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
34
96 Alternaria sp. [EU747149] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
96 Alternaria sp. [EU747153] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2301 90 Alternaria sp. [EU747137] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Alternaria sp. 1
90 Alternaria sp. [EU747136] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
90 Alternaria sp. [EU747149] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
90 Alternaria sp. [EU747143] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
90 Alternaria sp. [EU747141] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2272 98 Phaeosphaeria herpotrichoides
[FJ911873]
Talo da alga Adenocystis
utricularis, Antártica
Loque et al. (2010) Phaeosphaeria herpotrichoides
98 Fungo sp. [FJ911889] Folhas de Colobanthus quitensis,
Antártica
Rosa et al. (2010)
98 Ascomycetes não cultivável [AM901930] Resíduo de poeira de casa,
Finlândia
Pitkaranta et al. (2007)
98 Fungo não cultivável [FJ237155] Sacos de solo alpino coberto de
neve, Áustria
Não publicado
97 Ascomycetes não cultivável [AM901830] Resíduo de poeira de casa,
Finlândia
Pitkaranta et al. (2007)
2518 92 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp.
92 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folhas de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010)
93 Phaeosphaeria dennisiana [AF439478] Fungos fitopatógenos associados a
Minuartia sedoides, Suíça
Camara et al. (2002)
90 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
94 Phaeosphaeria sp. [EU747150] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
35
2528 92 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 3
91 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
93 P. dennisiana [AF439478] Fungos fitopatógenos associados a
Minuartia sedoides, Suíça
Camara et al. (2002)
94 Phaeosphaeria sp. [EU747150] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
89 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2560 98 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 4
97 P. dennisiana [AF439478] Fungos fitopatógenos associados a
Minuartia sedoides, Suíça
Camara et al. (2002)
97 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
98 Phaeosphaeria sp. [EU747150] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
96 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2649 91 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 5
90 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
89 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
89 Phaeosphaeriaceae não cultivável
[EF635691]
Solo alpino, Áustria Oberkofler et al. (2008)
87 Phaeosphaeria sp. [EU747156] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2650 89 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 6
89 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folha de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010)
90 Phaeosphaeria sp. [EU747150] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
87 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
89 Phaeosphaeria padellana [AF439496] Fungos fitopatógenos associados a Camara et al. (2002)
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
36
M. sedoides, Suíça
2667 96 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 7
96 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folha de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010)
95 Uncultured Phaeosphaeriaceae
[EF635691]
Solo alpino, Áustria Oberkofler et al. (2008)
93 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
95 P. dennisiana [AF439478] Fungos fitopatógenos associados a
M. sedoides, Suíça
Camara et al. (2002)
2669 95 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009) Phaeosphaeria sp. 8
94 Phaeosphaeria sp. [FJ911893] Folha de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010)
93 Phaeosphaeriaceae não cultivável
[EF635691]
Solo alpino, Áustria Oberkofler et al. (2008)
95 Phaeosphaeria sp. [EU747144] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
91 Phaeosphaeria sp. [EU747151] Folhas de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
2630 94 Helgardia sp. [AM262430] Endofítico de Dactylis glomerata,
Espanha
Não publicado Helgardia sp.
94 Ascomycetes não cultivável [AM901839] Resíduo de poeira de casa,
Finlândia
Pitkaranta et al. (2007)
92 Ypsilina graminea [GQ411306] Água de riacho, Portugal Seena et al. (2010)
92 Volucrispora não cultivável [EU516740] Solo coberto pela neve, Áustria Não publicado
92 Y. graminea [GQ411305] Água de riacho, Portugal Seena et al. (2010)
2632 85 Y. graminea [GQ411306] Água de riacho, Portugal Seena et al. (2010) Ypsilina graminea
85 Volucrispora não cultivável Solo coberto pela neve, Áustria Não publicado
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
37
[EU516740]
85 V. graminea [AJ748690] Rizosfera de Triticum aestivum,
Inglaterra
Não publicado
Y. graminea [GQ411305] Água de riacho, Portugal Seena et al. (2010)
Y. graminea [GQ411304] Água de riacho, Portugal Seena et al. (2010)
2682 94 Fungo sp. [HQ602655] Espinhos de Pinus Monticola,
Estados Unidos
Não publicado Herpotrichia juniperi
94 Ascomycota sp. [FN178473] Raíz de D. antarctica, Antártica Upson et al. (2009)
94 Sarcosomataceae não cultivável
[EF635708]
Solo descoberto nos Alpes, Áustria Oberkofler et al. (2008)
94 Fungo sp. [HM123708] Decompositor de folha Pinus
arizonica, Estados Unidos
U'ren et al. (2010)
94 Fungo sp. [HM123613] Decompositor de folha P.arizonica,
Estados Unidos
U'ren et al. (2010)
2567 93 Fungo endofítico [GU581208] Folhas de Calamagrostis purpurea,
Noruega
Não publicado Oculimacula sp.
93 Fungo não cultivável [EU516862] Solo coberto de neve, Áustria Não publicado
93 Oculimacula yallundae [AY713294] Folha com mancha de Pyrenopeziza
brassicae, Polônia
Karolewski et al. (2006)
93 O. acuformis [AY266146] Indeterminado Não publicado
93 Helgardia aestiva [AY266145] Indeterminado Não publicado
2661 92 Fungo sp. [FJ911881] Folha de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010) Fungo endofítico sp.
91 Fungo endofítico [EU747157] Folha de D. antarctica, Antártica Rosa et al. (2009)
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
38
91 Tetracladium não cultivável [GU055598] Solos agrícolas, Áustria Klaubauf et al. (2010)
91 Fungo não cultivável [FJ237072] Solo coberto pela neve, Áustria Não publicado
91 Fungo sp. [FJ911897] Folhas de C. quitensis, Antártica Rosa et al. (2010)
*UFMGCB = Coleção de Microrganismos e Células da Universidade Federal de Minas Gerais. **Identificação final após análise fiologenética em
comparação com os táxons mais próximos.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
39
Alguns do táxons de fungos endofíticos obtidos das angiospermas antárticas
apresentaram sequências próximas a fungos obtidos na Antártica e ecossistemas temperados
ou frios (Tabela 5). Muitas teorias têm sido propostas como possíveis mecanismos utilizados
pelos fungos para sobreviver em regiões polares e ambientes frio. Robinson (2001) relatou
que os fungos que vivem tanto no Ártico ou na Antártica, utilizam diferentes mecanismos
fisiológicos para sobreviver nestes ambientes frios, como acumulando trealose e outros
açúcares crioprotetores. Outros autores sugerem que existam modificações celulares na
membrana (ONOFRI et al., 1999), produção e secreção de proteínas anticongelantes
(SNINDER et al., 2000), adaptações bioquímicas (FENICE et al., 1998) e adaptações
morfológicas, como a latência dos esporos no período de congelamento (MARSHALL 1998;
ROBINSON 2001), hifas escuras devido à produção de melanina (ONOFRI et al., 2004). No
presente trabalho, obtivemos espécies que são amplamente descritas em ambientes Antártico,
sugerindo que estes microrganimos estejam adaptados às condições de estresse destes
ambientes frios.
Os isolados UFMGCB 2301, 2508, 2564 e 2673 apresentaram sequências de
nucleotídeos com identidade entre 88 e 96% e proximidade filogenética em relação a
sequências de diferentes táxons de Alternaria (Figura 8a). Estes isolados foram identificados
como Alternaria sp. 1, Alternaria sp. 2, Alternaria sp. 3 e Alternaria sp. 4. Alternaria é um
gênero anamorfo de distribuição cosmopolita, algumas espécies deste gênero são isoladas
como endofíticos e já foram encontradas colonizando assintomaticamente várias plantas,
como caules de Gossypium (WANG et al.,2007); casca, folha e raiz de Aegle marmelos
(GOND et al.,2007); folhas de plantas medicinais (LI et al., 2005); cactos
(SURYANARAYANAN et al., 2005), entre outros.
A sequência do isolado UFMGCB 2569 apresentou 96% de identidade em relação a
sequência do fungo não cultivável (número de acesso EU516862 no GenBank). Entretanto,
esta sequência também foi 95 e 94% semelhante a Cadophora luteo-olivacea (FJ486276) e
Cadophora malorum (AB190402 e GU212434). A partir da análise filogenética comparativa
entre sequência do isolado UFMGCB 2669 e sequências de espécies mais próximas
depositadas no GenBank, foi verificada uma diferença de cinco nucleotídeos (1%) em relação
a fungo não cultivável (EU516862) e 13 (2,6%) em relação a sequência de nucleotídeos de
Cadophora luteo-olivacea (FJ486276) (Figura 8b); e este isolado foi identificado como C.
luteo-olivacea. O gênero Cadophora é amplamente encontrado em estudos de fungos
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
40
associados a madeira em decomposição na Antártica (BLANCHETTE et al., 2004; ARENZ et
al.,2006; DUNCAN et al.,2006; ARENZ & BLANCHETTE, 2009; BLANCHETTE et al.,
2010).
As sequências dos isolados UFMGCB 2515, 2518, 2528, 2560, 2649, 2650, 2667 e
2669 apresentaram identidades de 90 a 94% em relação a sequências de diferentes espécies de
Phaeosphaeria depositadas no GenBank. As sequências destes isolados foram submetidos a
análise de proximidade filogenética em relação as espécies mais próximas depositadas no
GenBank e apresentram diferenças de 13 (2,6%) a 70 (14%) nucleotídeos com diferentes
táxons de Phaeosphaeria (Figura 8c). Estes isolados foram identificados como Phaeosphaeria
sp. 1, sp. 2 sp. 3, sp. 4, sp. 5, sp. 6, sp. 7 e sp. 8 (Figura 8c). A sequência do isolado
UFMGCB 2272 apresentou 98% de similaridade em relação a sequência da espécie algícola
Phaeosphaeria herpotrichoides (FJ911873), isolada do talo da macroalga Adenocystis
utricularis coletada na Península Antártica (LOQUE et al., 2010), sendo portanto identificado
como pertencente a esta espécie. Na Antártica, Onofri et al. (1999), Connell et al. (2006) e
Fell et al. (2006) isolaram espécies de Phaeosphaeria a partir de amostras de solo e madeira
(ARENZ et al., 2006).
O isolado UFMGCB 2630 apresentou sequência com 94% de identidade em
comparação com as sequências dos táxons Helgardia sp. (AM262430) e Ascomiceto não
cultivável (AM901839). Após análise das sequencias, o isolado UFMGCB 2630 apresentou
23 (5%) nucleotídeos de diferença em relação a Helgardia sp. (AM262430) (Figura 8d),
sendo este isolado identificado como Helgardia sp. Espécies do gênero Helgardia já foram
descritas com patógenos de cereais (CROUS et al., 2006) e endofíticas de Dactylis glomerata
(Poaceae) (MÁRQUEZ et al. 2007).
A sequência do isolado UFMGCB 2567 apresentou 93% identidade com sequências
de dois fungos não identificados, bem como espécies do gênero Oculimacula. Este isolado
apresentou 14 (3%) nucleotídeos de diferença com a sequência Oculimacula acuformis
AY266146) e foi identificado como Oculimacula sp. (Figura 8d). Upson et al. (2009)
encontraram O. yallundae associado a raiz de D. antarctica. Além disso, a espécie O.
yallundae já havia sido isolada de folhas de Brassica napus (Brassicaceae) na Nova Zelândia,
sugerindo que este fungo esta adaptado a ambientes frio.
A sequência do isolado UFMGCB 2682 apresentou 94% de identidade com diferentes
sequências de fungos não identificados e quando comparada filogeneticamente apresentou
três (0,6%) nucleotídeos diferentes em relação as sequências de Fungal sp. (HQ6002655 e
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
41
FJ911896) e de Herpotrichia juniperi (FJ839639). Desta forma, pela proximidade
filogenética, este isolado foi identificado como H. juniperi. Lilja et al. (2010) identificaram H.
juniperi como fitopatógeno e causadora de doença em árvores na Finlândia (LILJA et at.,
2010). O isolado UFMGCB 2661 apresentou sequência com 92% de identidade com
sequência de Fungal sp. UFMGCB 2603 (FJ911881) e 91% com diferentes táxons de fungos
não cultiváveis. Após análise filogenética em relação a proximidade em relação a estes fungos
não identificados, a sequência do isolado UFMGCB 2661 variou de 23 (5%) nucleotídeos
(Figura 8d). Este isolado foi portanto identificado como Fungo endofítico sp.
(a)
Alternaria oregonensis [FJ266478] Lewia infectoria [AY154691] Alternaria triticina [GU594743] Alternaria metachromatica [AY762946] Lewia ethzedia [AY278833] Lewia hordeicola [AJ867479]
Alternaria sp. [EU747137] UFMGCB 2564
UFMGCB 2508 UFMGCB 2673
UFMGCB 2301 Chalastospora obclavata [FJ839616]
Alternaria alternata CBS 916.96 [FJ196306]
Acroconidiella sp. [FJ914709] Pleosporales sp. [HQ649942] Embellisia phragmospora [FJ357314] Monodictys sp. [FJ914710]
Tetracladium setigerum [HQ647302] Trametes versicolor [AF042324]
61
55
86
66
79
72
53 72
0,1
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
42
(b)
(c)
Cadophora luteo-olivacea [FJ486276] Fungal sp. [FJ235941] Cadophora malorum [GU212434] Phialophora sp. [FJ946482] UFMGCB 2569 Uncultured fungus [EU516862] Cadophora fastigiata [AY787724] Trametes versicolor [AF042324]
60
72
53
63
0,2
Phaeosphaeria dennisiana [AF439478] UFMGCB 2560 Phaeosphaeria sp. [EU747142] Phaeosphaeria oreochloae [AF439494] Phaeosphaeria alpina [AF439471]
UFMGCB 2518 UFMGCB 2650
Phaeosphaeria herpotrichoides [FJ911873] Phaeosphaeria oryzae [AF250833]
UFMGCB 2528 UFMGCB 2667
UFMGCB 2649 UFMGCB 2669 Phaeosphaeria padellana [AF439496]
Phaeosphaeria vagans [AF439508] Trametes versicolor [AF042324]
79
61
61
65
99
76
99
0,2
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
43
(d)
Figura 8:. Análise filogenética entre os fungos filamentosos obtidos de Deschampsia
antarctica Desv. e as sequências de fungos mais próximos retiradas do GenBank. A árvore foi
construída com base nas sequências do gene do rRNA (ITS1-5.8S-ITS2). A árvore foi
construída utilizando a sequência do fungo Trametes versicolor [AF042324] como grupo
externo.
5.5 Determinação de CI50 dos extratos ativos
Todos os extratos ativos dos fungos endofíticos foram avaliados em concentrações de
0,2 a 100 µg/mL para o cálculo e determinação da CI50, os quais exibiram valores que
variaram de 0,2 a 20 µg/mL (Tabela 6). Os extratos dos táxons endofíticos identificados
como Alternaria sp. apresentaram valores de CI50 entre 3,2 e 20 µg/mL contra L.
amazonensis. O táxon Alternaria sp. UFMGCB 2673 produziu o extrato com o menor valor
de CI50 (3,2 µg/mL). Espécies de Alternaria já foram descritas como produtoras de diferentes
UFMGCB 2630 Phialophora mustea [AB190404] Helgardia aestiva [AY266145] Oculimacula acuformis [AY266146] Ypsilina graminea [GQ411306] Helgardia sp. [AM262430] Rhynchosporium commune [HM627492] Helgardia anguioides [AY266144]
UFMGCB 2567 Ascomycota sp. [FN178473] Herpotrichia juniperi [FJ904492]
UFMGCB 2682 Fungal sp. [HQ602655]
UFMGCB 2661 Fungal sp. [FJ911881]
Endophytic fungus [EU747157] Trametes versicolor [AF042324]
98
98
69
0,1
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
44
metabólitos bioativos. Espécies de Alternaria têm sido caracterizadas quanto a atividade
antimicrobiana contra Staphylococcus aureus e Candida albicans (CHRISTOPHERSEN et
al.,1999; FERNANDES et al.,2009; VAZ et al.,2009). Espécies deste gênero tem sido
relatadas como produtoras de taxol, substância anticancerígena utilizada em diversos
tratamentos (STROBEL et al. 1996; VURRO et al. 1998). Li et al. (2005) isolaram fungos
endofíticos isolados de plantas medicinais chinesas e obtiveram 33% de isolados de
Alternaria sp. com atividade contra fungos patogênicos e/ou célula causadora de tumor
gástrico. Além disso, substâncias com atividades biológicas produzidas por Alternaria tem
sido isoladas e identificadas. Cota et al. (2008) isolaram a altenusina, substância com
atividade contra enzima tripanotioma redutase, de um isolado de Alternaria sp. obtido da
planta Trixis vauthieri DC (Asteraceae). Estes autores detectaram valores de CI50 de 0,3 a 4,3
µM para esta substância. Dois metabólitos, altechromona A e herbarin A, foram isolados a
partir Alternaria brassicicola (Schwein.) Wiltshire, com atividade antimicrobiana (GU et al.,
2009).
O extrato do fungo Cadophora luteo-olivacea UFMGCB 2569 apresentou CI50 de 20
µg/mL contra L. amazonensis. O gênero Cadophora representa um dos Ascomycota
responsáveis pela decomposição de matéria orgânica em ambientes Antárticos (DUNCAN et
al.,2006; ARENZ & BLANCHETTE, 2009; BLANCHETTE et al., 2010). Cadophora luteo-
olivacea foi relatada como um fitopatógeno de Kiwi (PRODI et al., 2005), mas já foi obtido
como endofítico de plantas medicinais na China (CHEN et al., 2010). Na Antártica, esta
espécie foi frequentemente encontrada em madeira em decomposição (BLANCHETTE et al.,
2010), em amostra de solo (ARENZ et al., 2006; ARENZ & BLANCHETTE 2011),
associados a musgos (TOSI et al., 2002) e de folhas de Colobanthus quitensis (ROSA et al.
2010).
O extrato de Davidiella tassiana UFMGCB 2455 apresentou atividade citotóxica
seletiva contra a linhagem MCF-7, com valor de CI50 de 20 µg/mL. Davidiella tassiana já foi
descrita como endofítico de diferentes plantas como: Pinus halepensis (Pinaceae)
(BOTELLA & DIEZ 2010), Colobanthus quitensis (ROSA et al., 2010), Dactylis glomerata
(Poaceae) (MARQUEZ, 2007) e Coffea arabica (Rubiaceae) (SETTE et al., 2006).
Entretanto, não foram encontrados relatos de atividade biológicas produzidas por espécies de
Davidiella.
Os extratos obtidos de dois isolados de Microdochium phragmitis e um isolado de
Microdochium sp. obtidos de folhas de C. quitensis (UFMGCB 2479, 2656 e 2290,
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
45
respectivamente) apresentaram atividade citotóxica seletiva, com valores de CI50 entre 8 a 17
µg/mL, sobre a linhagem MCF-7 [valores estes abaixo do valor do etoposideo (16 µg/mL)].
Márquez et al. (2010) obtiveram espécies de Microdochium como endofíticas de Holcus
lanatus (Poaceae) e bambu (MORAKOTKARN et al. 2007). Zhang et al. (2008) obtiveram
quatro substâncias, três novos derivados de isocumarina e uma monocerina, bioativas de
Microdochium bolleyi [espécie endofítica associada a Fagonia cretica (Zygophyllaceae)],
com atividades antifúngica, antibacteriana e antialgal.
Dez extratos produzidos por táxons do gênero Phaeosphaeria mostraram atividade
leishmanicida seletiva com valores de CI50 de 0,4 a 55 µg/mL. Entre os táxons de
Phaeosphaeria, o isolado UFMGCB 2669 se destacou por apresentar CI50 de 0,4 µg/mL,
valor próximo ao obtido para a anfotericina B. Espécies do gênero Phaeosphaeria foram
descritas por Zhang et al. (2008) como produtoras de metabólitos com atividade
antimicrobiana frente a Streptococcus pneumoniae e Candida albicans. Pittayakhajonwut et
al. (2008) isolaram 11 metabólitos bioativos de espécies de Phaeosphaeria, que tiveram
atividades antibacteriana (contra Mycobacterium tuberculosis) e citóxica (contra células
tumorais renais, de pele, mama e pulmão.
Os isolados UFMGCB 2653, UFMGCB 2672 e UFMGCB 2687, fungos endofíticos
não identificados obtidos de D. antarctica, apresentaram atividade leishmanicida seletiva com
valores de CI50 entre 0,2 a 20 µg/mL. Estes isolados não puderam ser identificados pelos
métodos moleculares utilizados neste estudo até o momento. Novas metodologias moleculares
e a caracterização das estruturas de reprodução assexuada serão posteriormente utilizadas para
a correta identificação destes isolados.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
46
Tabela 6:. Valores de CI50 (μg/mL) dos extratos de fungos endofíticos bioativos.
Isolado de fungo endofítico aUFMGCB bUACC-62 cMCF-7 dTK-10 Morte de eLA
Alternaria sp. 1 2301 ntf nt nt 20
Alternaria sp. 2 2508 nt nt nt 20
Alternaria sp. 3 2564 nt nt nt 12,5
Alternaria sp. 4 2673 nt nt nt 3,2
Cadophora luteo-olivacea 2569 nt nt nt 20
Davidiella tassiana 2455 nt 20 nt nt
Helgardia sp. 2630 nt nt nt 3,4
Herpotrichia sp. 2682 nt nt nt 3,5
Ypsilina graminea 2632 nt nt nt 20
Microdochium sp. 2290 nt 17 nt nt
Microdochium phragmitis 2479 nt 8 nt nt
Microdochium phragmitis 2656 nt 12,5 nt nt
Oculimacula sp. 2567 nt nt nt 1,6
Phaeosphaeria herpotrichoides 2272 nt nt nt 20
Phaeosphaeria sp. 1 2515 nt nt nt 20
Phaeosphaeria sp. 2 2518 nt nt nt 20
Phaeosphaeria sp. 3 2528 nt nt nt 1,95
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
47
Phaeosphaeria sp. 4 2560 nt nt nt 7
Phaeosphaeria sp. 5 2649 nt nt nt 55
Phaeosphaeria sp.6 2650 nt nt nt 5
Phaeosphaeria sp. 7 2667 nt nt nt 20
Phaeosphaeria sp. 8 2669 nt nt nt 0,4
Fungo endofítico sp. 1 2653 nt nt nt 20 gFungo endofítico sp. 2 2661 nt nt 20 nt gFungo endofítico sp. 3 2256 nt nt nt 20 gFungo endofítico sp. 4 2629 nt nt nt 16,5 gFungo endofítico sp. 5 2659 nt nt nt 25,1 gFungo endofítico sp. 6 2666 nt nt nt 9,26 gFungo endofítico sp. 7 2670 nt nt nt 3,27 gFungo endofítico sp. 8 2672 nt nt nt 0,2 gFungo endofítico sp. 9 2687 nt nt nt 9,6 gFungo endofítico sp. 10 2697 nt nt nt 1,5 gFungo endofítico sp. 11 2794 20 nt nt nt
Drogas controles etoposideo 16 16 16 nt
anfotericina B nt nt nt 0,2 aUFMGCB = Coleção de Microrganismos e Células da Universidade Federal de Minas Gerais. bMCF-7 = glândula mamária, cUACC-62 = melanoma, dTK-10 = renal, eLA = Leishmania amazonensis, fnt = não testado. gFungos não identificados que não foram obtidos amplicons para seqüenciamento.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
48
6 CONCLUSÕES
Nos últimos anos, alguns estudos vêm demonstrando a importância ecológica, evolutiva e
biotecnológica dos fungos endofíticos associados a plantas de diferentes ecossistemas do
planeta. Entretanto, poucos dados foram gerados referentes a diversidade e aplicações
biotecnológicas do fungos presentes nas condições extremas da Antártica. O isolamento de
564 fungos endofíticos associados as angiospemas presntes na Antártica indica que estas
plantas representam um reservatório promissor e reforça a importância de estudos que visem a
caracterização de microrganismos presentes em ambientes extremos.
Os extratos de nove gêneros de fungos associados as angiospermas antárticas
apresentaram-se ativos contra os alvos testados: Alternaria, Cadophora, Davidiella,
Helgardia, Herpotrichia, Microdochium, Oculimacula, Phaeosphaeria e Ypsilina. Este
resultado sugere a capacidade de produção de moléculas bioativas promissoras, as quais
podem representar protótipos para o desenvovimento de drogas citotóxicas e antiparasitárias.
Os isolados do gênero Microdochium apresentaram atividade citotóxica seletiva,
indicando que estes isolados possam representar fungos promissores quanto a produção de
moléculas antitumorais; por outro lado, o Phaeosphaeria sp. UFMGCB 2669 apresentou o
melhor valor de CI50 sobre as formas amastigotas de L. amazonensis. Estes resultados indicam
que estes fungos são bons candidatos para estudos fermentativos e de fracionamento químico
para o isolamento da(s) substância(s) citotóxicas e leishmanicidas.
Por fim, os resultados obtidos neste projeto indicam qua a micobiota endofítica das duas
únicas angiospermas que habitam a Antártica (C. quitensis e D. antarctica) constitui uma
fonte promissora de metabólitos bioativos. Em paralelo, este trabalho abre novas perspectivas
de estudo de outras organismos da Antártica (tais como espécies de musgos, macroalgas e
fungos liquenizados) como fonte de fungos produtores de moléculas biativas.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
49
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, B. J.; BARDGETT, R. D.; AYRES, E.; WALL, D. H.; AISLABIE, J.;
BAMFORTH, S.; BARGAGLIF, R.; CARYG, C.; CAVACINIH, P.; CONNELLI, L.;
CONVEYJ, P.; FELLK, J. W.; FRATIL, F.; HOGGM, I. D.; NEWSHAM, K. K.;
O’DONNELLN, A.; RUSSELLO, N.; SEPPELTP, R. D.; STEVENS, M. I. Diversity and
distribution of Victoria Land biota. Soil Biology & Biochemistry, v. 38, p. 3003-3018,
2006.
ALBERDI, M.; BRAVO, L.A.; GUITIÉRREZ, A.H.; GIDEKEL, M.; CORCUERA, L.J.
Ecophysiology of Antarctic vascular plants. Physiologia Plantarum, v.115, p. 479–486,
2002.
AKELLO, J.; DUBOIS, T.; GOLD, C.S.; COYNE. D.; NAKAVUMA, J.; PAPARU, P.
Beauveria bassiana (Balsamo) vuillemin as an endophyte in tissue culture banana (Musa
spp.). Journal of Invertebrate Pathology v. 96, p. 34–42, 2007.
ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. New
York: John Wiley ed. 4, p. 869, 1996.
ANVISA – Ministério da Saúde, Manual de Recomendações para Diagnóstico, Tratamento e
Acompanhamento da Co-infecção Leishmania-HIV, 2004
ARENZ, B. E.; HELD, B. W.; JURGENS, J. A.; FARRELL, R.L.; BLANCHETTE, R.A.
Fungal diversity in soils and historic wood from the Ross Sea Region of Antarctica. Soil
Biology & Biochemistry, v. 38, p. 3057–3064, 2006.
ARENZ, B.E.; BLANCHETTE, R.A. Investigations of fungal diversity in wooden structures
an soils at historic sites on the Antarctic Peninsula. Canadian Journal of Microbiology,
v.55, p.46-56, 2009.
ARENZ, B.E.; BLANCHETTE, R.A. Distribution and abundance of soil fungi in Antarctica
at sites on the Peninsula, Ross Sea Region and McMurdo Dry Valleys. Soil Biology &
Biochemistry v. 43, p. 308-315, 2011
ARNOLD, A.E.; MAYNARD, Z.; GILBERT, G.S.; COLEY, P.D.; KURSAR, T.A. Are
tropical fungal endophytes hyperdiverse? Ecology Letters, v. 3, p. 267-274, 2000.
ARNOLD A. E.; MEJIA L. C.; KYLLO D.; ROJAS E. I.; ROBBINS N.; HERRE E. A.
Fungal endophytes limit pathogen damage in tropical tree. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, v.100, p. 15649-15654, 2003.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
50
AZEVEDO, J. L. Botânica: uma ciência básica ou aplicada? Revista Brasileira de Botânica,
v. 22, p. 225-229, 1999.
BAE, H.; SICHER, R.C.; KIM, M.S.; KIM, S.H.; STREM, M.D.; MELNICK, R.L.;
BAILEY,B.A. The beneficial endophyte Trichoderma hamatum isolate DIS 219b
promotes growth and delays the onset of the drought response in Theobroma cacao.
Journal of Experimental Botany, v. 60, n. 11, p. 3279–3295, 2009.
BÉRDY, J. Bioactive Microbial Metabolites. The Journal of Atibiotics, v. 58 (1), p. 1-26,
2005.
BIONDI, N.; TREDICI, M.R.; TATON, A.; WILMOTTE, A.; HODGSON, D.A.; LOSI, D.;
MARINELLI, F. Cyanobacteria from benthic mats of Antarctic lakes as a source of new
bioactivities. Journal of Applied Microbiology, 105, p. 105-115, 2008.
BLANCHETTE, R.A.; HELD, B.W.; JURGENS, J. A.; MCNEW, D.L.; HARRINGTON,
T.C.; DUNCAN, S.M.; FARRELL, R.L. Wood-Destroying Soft Rot Fungi in the Historic
Expedition Huts of Antarctica. Applied and Environmental Microbiology, v. 70, n. 3, p.
1328–1335, 2004.
BLANCHETTE, R.A.; HELD, B.W.; ARENZ, B.E.; JURGENS, J. A.; BALTES, N.J.;
DUNCAN, S.M.; FARRELL, R.L. An Antarctic Hot Spot for Fungi at Shackleton's
Historic Hut on Cape Royds. Microbial Ecology, v. 60, p. 29–38, 2010.
BOTELLA, L.; DIEZ, J.J. Phylogenic diversity of fungal endophytes in Spanish stands of
Pinus halepensis. Fungal Diversity, 2010.
BRAVO, L.A.; ULLOA, N.; ZÚÑIGA, G.E.; CASANOVA, A.; CORCUERA, L.J.;
ALBERDI M. Cold resistance in Antarctic angiosperms.Physiologia Plantarum, v.111,
p.55–65, 2001.
BRAVO, L. A.; GRIFFITH, M. Characterization of antifreeze activity in Antarctic plants.
Journal of Experimental Botany, v. 56, n. 414, p. 1189–1196, 2005.
BRUNATI, M.; ROJAS, J.L.; SPONGA, F.; CICILIATO, I.; LOSI,D.; GÖTTLICH, E.;
HOOG, S.; GENILLOUD, O.; MARINELLI, F. Diversity and pharmaceutical screening
of fungi from benthic mats of Antarctic lakes. Marine Genomics, v. 2, p. 43–50, 2009.
BUTLER, M. S.; BUSS, A. D. Natural products – The future scaffolds for novel antibiotics?
Biochemical Pharmacology, v.71, p. 919-929, 2006.
CALLAHAN, H.L., PORTAL, A.C., DEVEREAUX, R. AND GROGL, M. An axenic
amastigote system for drug screening. Antimicrob. Agents Chemother. v. 41, p.818-822,
1997.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
51
CAMARA,M.P.; PALM,M.E.; VAN BERKUM,P.; O'NEILL,N.R. Molecular phylogeny of
Leptosphaeria and Phaeosphaeria. Mycologia, v. 94, n.4, p. 630-640, 2002.
CARROL, G. Forest endophytic: pattern and process. Canadian Journal of Botanic, v. 73,
p.1316-1324, 1995.
CHEN, X.M.; DONG, H.L.; HU, K.X.; SUN, Z.R.; CHEN, J.; GUO, S.X. Diversity and
Antimicrobial and Plant-Growth-Promoting Activities of Endophytic Fungi in
Dendrobium loddigesii Rolfe. J Plant Growth Regul, v.29, p. 328 - 337, 2010.
CHRISTENSEN, M. A view of fungal ecology. Mycologia. v.81, p.1-19, 1989.
CHRISTOPHERSEN, C.; CRESCENTE, O.; FRISVAD, J.C.; GRAM, L.; NIELSEN, J.;
NIELSEN, P.H.; RAHBÆK, L. Antibacterial activity of marine-derived fungi.
Mycopathologia, v.143, p.135–138, 1999.
CLARKE, A. Evolution, adaptation and diversity: global ecology in an Antarctic context. In:
Huiskes, A. H. L.; Gieskes, W. W. C.; Rozema, J.; Schorno, R. M. L.; Van Der Vies, S.
M.; Wolff, W. J. (Eds). Antarctic Biology in a Global Context, Backhuys Publishers,
Leiden, p. 3-17, 2003.
CROUS, P.W.; RONG, I.H.; WOOD, A.; LEE, S.; GLEN, H.; BOTHA, W.; SLIPPERS, B.;
BEER, W.Z.; WINGFIELD, M.J.; HAWKSWORTH, D.L. How many species of fungi
are there at the tip of Africa? Studies in Mycology, v.55, p.13-33, 2006.
CONCHA, N.O.; BRAVO, L.A.; LARA, S.R.; CORCUERA, L.J. Differential accumulation
of dehydrin-like proteins by abiotic stresses in Deschampsia antarctica Desv.. Polar
Biology, v.28 p. 506–513, 2005.
COTA, B.B.; ROSA,L.H.; CALIGIORNE,R.B.; RABELLO,A.L.T.; ALVES, T.M.A.;
ROSA, C.A.; ZANI, C.L. Altenusin, a biphenyl isolated fromthe endophytic fungus
Alternaria sp., inhibits trypanothione reductase from Trypanosoma cruzi. FEMS
Microbiol Lett, p. 1–6, 2008.
CONNELL, L.; REDMAN,R.; CRAIG, S.; RODRIGUEZ, R. Distribution and abundance of
fungi in the soils of Taylor Valley, Antarctica. Soil Biology & Biochemistry, v. 38, p.
3083–3094, 2006.
COWAN, D.A.; TOW, L.A. Endangered Antarctic Environments. Annual Review of
Microbiology, v.58, p.649–90, 2004.
CRAGG, M. G.; NEWMAN, D. J. Biodiversity: A continuing source of novel drug leads.
Pure and Applied Chemistry, v. 77, p. 7-24, 2005.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
52
CUADRA, P.; FURRIANCA, M.; OYARZÚN, A.; YÁÑEZ, E.; GALLARDO,A.;
FAJARDO, V. Biological activity of some Patagonian plants. Fitoterapia, v.76, p.718–
721, 2005.
DUNCAN, S.M.; FARRELL, R.L.; NEVILLE JORDAN, N.; JURGENS, J. A.;
BLANCHETTE, R.A. Monitoring and identification of airborne fungi at historic
locations on Ross Island, Antarctica. Polar Science, v.4, p. 275-283, 2010.
EZRA, D.; STROBEL, G.A. Effect of substrate on the bioactivity of volatile antimicrobials
produced by Muscodor albus. Plant Science, v. 165, p. 1229-1238,
2003.
FELL,J.W.; SCORZETTI,G.; CONNELL, L.; CRAIG, S. Biodiversity of micro-eukaryotes in
Antarctic Dry Valley soils with < 5% soil moisture. Soil Biology & Biochemistry, v. 38,
p. 3107–3119, 2006.
FELLER, I.C. Effects of nutrient enrichment on growht and herbivory of dwarf red mangrove
(Rhizophora mangle). Ecologial Monographs, v. 65, p. 477-505, 1995.
FERNANDES,M.R.V.; SILVA,T.A.C.; PFENNING,L.H.; NETO,C.M.C.; HEINRICH,T. A.;
ALENCAR,S.M.; LIMA, M. A.; IKEGAKI, M. Biological activities of the fermentation
extract of the endophytic fungus Alternaria alternata isolated from Coffea arabica L.
Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 45, n. 4, p. 677- 686 , 2009.
FERRARA, M.A. Fungos Endofíticos. Potencial para a Produção de Substâncias Bioativas.
Revista Fitos, v.2, n.1, p.73-79, 2006.
FRENOT, Y.; CHOWN,S.L.; WHINAM,J.; SELKIRK, P.M.; CONVEY,P.; SKOTNICKI,
M.; BERGSTROM, D. M. Biological invasions in the Antarctic: extent, impacts and
implications. Biol. Rev., v.80, p. 45–72, 2005.
GAMBOA, M.A. & BAYMAN, P. Communities of endophytic fungi in leaves of tropical
timber tree (Guarea guidonia: Malvaceae). Biotropica, v. 33, p.352-360, 2001.
GIANOLI, E.; INOSTOZA, P.; ZUNIGA-FEEST, A.; REYES- DIAZ, M.; CAVIERES,
L.A.; BRAVO, L.A.; CORCUERA, L.J., Ecotypic Differentiation in Morphology and
Cold Resistance in Populations of Colobanthus quitensis (Caryophyllaceae) from Andes
of Central Chile and the Maritime Antarctic. Arctic, Antarctic, and Alpine Res., v. 36, n.
4, p. 484–489, 2004.
GIDEKELM.; BELTRÁN, L.D.; GARCÍA, P.; LORENA MUJICA, L.; LEAL,P.; CUBA,M.;
FUENTES,L.; BRAVO, L.A.; CORCUERA, L.J.; ALBERDI, M.; CONCHA, I.;
GUTIÉRREZ, A. Identification and characterization of three novel cold acclimation-
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
53
responsive genes from the extremophile hair grass Deschampsia antarctica Desv..
Extremophiles, v. 7, p. 459–469, 2003
GOCHEVA, Y. G.; KRUMOVA, E. T.; SLOKOSKA, L. S.; MITEVA, J. G.; VASSILEV, S.
V.; ANGELOVA, M. B. Cell response of Antarctic and temperate strains of Penicillium
spp. to different growth temperature. Mycological research, v. 110, p. 1347-1354, 2006.
GOND, S. K.; VERMA, V. C.; KUMAR, A.; KUMAR, V.; KHARWAR, R. N. Study of
endophytic fungal community from different parts of Aegle marmelos Correae (Rutaceae)
from Varanasi (India).World J Microbiol Biotechnol, v. 23, p.1371–1375, 2007.
GONÇALVES, V.N. Diversidade e bioprospecção de fungos presentes em lagos Antárticos.
Belo Horizonte. Departamento de Microbiologia da UFMG,2010. (Tese de Mestrado).
GROBE, C.W.; RUHLAND, C.T.; DAY, T.A. A new population of Colobanthus quitensis
near Arthur Harbor, Antarctica: correlating recruitment with warmer summer
temperatures. Arct Antarct Alp Res, v. 29, n.2, p.217–221, 1997.
GU, W. Bioactive metabolites from Alternaria brassicicola ML-P08, an endophytic fungus
residing in Malus halliana. World J. Microbiol. Biotechnol. v. 25, p. 1677–1683, 2009.
GUNATILAKA, A. A. L. Natural products from plants-associated microorganisms:
Distribution, Structural Diversity, Bioactivity, and applications of their occurrence.
Journal of Natural Products, v. 69, p. 509-526, 2005.
GUNDE-CIMERMAN, N.; SONJAK, S.; ZALAR, P.; FRISVAD, J. C.; DIDERICHSEN, B.;
PLEMENITAS, A. Extremophilic fungi in arctic ice: a relationship between adaptation to
low temperature and water activity. Physics and Chemistry of the Earth, v. 28, p. 1.273-
1.278, 2003.
HIGGINS, K.L.; ARNOLD, A.E.; JOLANTA MIADLIKOWSKA,J.; SARVATE, S.D.;
LUTZONI,F. Phylogenetic relationships, host affinity, and geographic structure of boreal
and arctic endophytes from three major plant lineages. Molecular Phylogenetics and
Evolution, v.42, p.543–555, 2007.
HUANG, Y.; WANG, J.; LI, G.; ZHENG, Z. & SU, W. Antitumor and antifungal activities in
endophytic fungi isolated from pharmaceutical plants. FEMS Immunology and Medical
Microbiology, v. 31, p.163-167, 2001.
HUANG, W.Y.; CAI, Y.Z.; HYDE, K.D.; CORKE, H.; SUN, M. Biodiversity of endophytic
fungi associated with 29 traditional Chinese medicinal plants. Fungal Diversity, v.33,
p.61-75, 2008.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
54
HYDE, K.D.; SOYTONG, K. The fungal endophyte dilemma. Fungal Diversity, v.33, p.163-
173, 2008.
JEMAL A.; SIEGEL R.; WARD E.; MURRAY T.; XU J.; THUN MJ. Cancer statistics 2007.
CA Cancer J Clin, V.57, p.43-66, 2007.
JOCHIM, R.C. & TEIXEIRA, C. Leishmania commandeers the host inflammatory response
through neutrophils. Trends in Parasitology, v. 25, n. 4, p. 145–147, 2009.
KAROLEWSKI, Z.; FITT, B. D. L.; LATUNDE-DADA, A. O.; FOSTER, S. J.; TODD, A.
D.; K. DOWNES, K.; EVANS, N. Visual and PCR assessment of light leaf spot
(Pyrenopeziza brassicae) on winter oilseed rape (Brassica napus) cultivars. Plant
Pathology, v. 55, p. 387–400, 2006.
KIRK J.T.O. Light and photosynthesis in aquatic ecosystems, 2nd edn. Cambridge University
Press, London, p 545, 1994.
KLAUBAUF, S.; INSELSBACHER, E.; BOLTENSTERN, S.Z.; WANEK, W.;
GOTTSBERGER, R.; STRAUSS, J.; GORFER, M. Molecular diversity of fungal
communities in agricultural soils from Lower Austria. Fungal Diversity , v. 44, p.65–75,
2010.
KNIGHT, V.; SANGLIER J.-J.; DITULLIO, D.; BRACCILI, S.; BONNER, P.; WATERS,
J.; HUGHES, D.; ZHANG, L. Diversifying microbial natural products for drug
discovery. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 62, p. 446-458, 2003.
KOBAYASCHI, D.Y.; PALUMBO, J.D. Bacterial endophytes and their effects on plants and
uses in agriculture. In: C.W.BACON & J.F. WHITE (ed.) Microbial Endophytes. New
York: Marcel Dekker, p. 199-236, 2000.
KOGEL, K-H.; FRANJKEN, P.; HUCKELHOVEN, R. Endophyte or parasite-what decides?
Current Opinion in Plant Biology, v.9, p.358-363, 2006.
KOSTADINOVA, N.; KRUMOVA, E.; TOSI, S.; PASHOVA; ANGELOVA, M. Solation
and identification of filamentous fungi from Island Livingston, Antarctica. Biotechnology
and Biotechnological Equipment, v. 23, n. 2, 2009.
KUMARESAN, V.; SURYANARAYANAN, T.S. Endophyte assemblages in young, mature
and senescent leaves of Rhizophora apiculata: evidence for the role of endophytes in
mangrove litter degradation. Fungal Diversity, v. 9, p. 81-91, 2002.
LEWIS SMITH, R.I. Vascular plants as bioindicators of regional warming in Antarctica.
Oecologia, v. 99, p.322–328, 1994.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
55
LEWIS SMITH, R.I., The Enigma of Colobanthus quitensis and Deschampsia antarctica in
Antarctica, Antarctic Biology in Global Context, Ed. by Huiskes, A.H.L., Leiden:
Backhuys Publ., p. 234–239, 2003.
LI, H.; QING,C.; ZHANG, Y.; ZHAO, Z. Screening for endophytic fungi with antitumour
and antifungal activities from Chinese medicinal plants. World Journal of Microbiology
& Biotechnology, v.21, p. 1515-1519, 2005.
LILJA, A.; POTERI, M.; PETÄISTÖ, R.L.; RIKALA, R.; KURKELA, T.; KASANEN, R.
Fungal Diseases in Forest Nurseries in Finland. Silva Fennica, v.44, n.3, p. 525-545,
2010.
LOQUE, C.P.; MEDEIROS, A.O.; PELLIZZARI, F. M.; OLIVEIRA, E.C.; ROSA,
C.A.;ROSA, L.H. Fungal community associated with marine macroalgae from
Antarctica. Polar Biol, v. 33, p.641–648, 2010.
MACÍAS-RUBALCAVA, M.L.; HERNÁNDEZ-BAUTISTA, B.E.; OROPEZA, F.;
DUARTE, G.; GONZÁLEZ, M.C.; GLENN, A.E.; HANLIN, R.T.; ANAYA, A.L.
Allelochemical Effects of Volatile Compounds and Organic Extracts from Muscodor
yucatanensis, a Tropical Endophytic Fungus from Bursera simaruba. J Chem Ecol, v. 36,
p. 1122-1131, 2010.
MARINELLI, F., BRUNATI, M., SPONGA, F., CICILIATO, I., LOSI, D., VAN TRAPPEN,
S., GÖTTLICH, E., DE HOOG, S., ROJAS, J.L., GENILLOUD, O., 2004.
Biotechnological exploitation of heterotrophic bacteria and filamentous fungi isolated
from benthic mats of Antarctic lakes. In: Kurtböke, I., Swings, J. (Eds.), Microbial
Genetic Resources and Biodiscovery. Queensland Complete Printing Services,
Queesland, Australia, pp. 163–184.
MÁRQUEZ, S.S.; BILLS, G.F.; ZABALGOGEAZCOA, I. The endophytic mycobiota of the
grass Dactylis glomerata. Fungal Diversity, v.27, p.171-195, 2007.
MÁRQUEZ,S.S.; BILLS, G.F.; ACUÑA, L.D.; ZABALGOGEAZCOA, I. Endophytic
mycobiota of leaves and roots of the grass Holcus lanatus. Fungal Diversity, v.41, p.115-
123, 2010.
MONKS, A.; SCUDIERO, D.; SKEHAN, P.; SHOEMAKER, R.; PAULL, K.; VISTICA, D.;
HOSE, C.; LANGLEY, J.; CRONISE, P.; VAIGRO-WOLFF, A.; GRAY-GOODRICH,
M.; CAMPBELL, H.; MAYO, J.; BOYD, M. Feasibility of a high-flux anticancer drug
screen using a diverse panel of cultured human tumor cell lines. J National Cancer
Institute, v. 83, p.757-766, 1991.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
56
MORAKOTKARN,D.; HIROKO KAWASAKI,H.; SEKI, T. Molecular diversityof bamboo-
associated fungi isolated from Japan. FEMS Microbiol Lett, v. 266, p. 10–19, 2007.
MRAZEK, M.F.; MOSSIALOS, E. Stimulating pharmaceutical research and development for
neglected diseases. Health Policy, v. 64, p.75-88, 2003.
MUTHUVELAN, B.; RAJA, R.B. Studies on the efficiency of different extraction procedures
on the anti microbial activity of selected medicinal plants. World J Microbiol Biotechnol,
2008.
OARG A. Life in extreme environments. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 9, p. 1-
10, 2009.
OBERKOFLER,I.; PEINTNER, U. Detection of soil fungal communities in an alpine primary
successional habitat: Does pooling of DNA extracts affect investigations? Annals of
Microbiology, v. 58, n.4, p. 585-595, 2008.
OLIVEIRA,R.B.; VAZ,A.B.M.; ALVES,R.O.; LIARTE, D. B.; DONNICI,C.L.; ALVARO J
ROMANHA,A.J.; ZANI, C.L. Arylfurans as potential Trypanosoma cruzi trypanothione
reductase inhibitors. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 101, p. 169-173, 2006.
ONOFRI, S., PAGANO, S., ZUCCONI, L., et al. Friedmanniomyces endolithicus (Fungi,
Hyphomycetes), anam.-gen. and sp.nov., from continental Antarctica. Nova Hedwigia,
v.68, p. 175–181, 1999.
ONOFRI S.; SELBMANN L.; ZUCCONI L.; PAGANO S. Antarctic microfungi as models
for exobiology. Planet. & Space Sci., v.52, p. 229-237, 2004.
OSES, R.; VALENZUELA, S.; FREER, J.; SANFUENTES, E.; RODRIGUEZ, J. Fungal
endophytes in xylem of healthy chilean trees and their possible role in early wood decay.
Fungal Diversity, v. 33, p. 77- 86, 2008.
PARKIN, D.M. Global cancer statistics in the year 2000. Lancet Oncology, v. 2, n.9, 533-543,
2001.
PARKIN, D.M.; BRAY, F.; FERLAY, J.; PISANI, P. Estimating the world cancer burden:
Globocan 2000. International Journal of Cancer. v. 94, p.153-6, 2001.
PARNIKOZA, I.Y.; MAIDANUK, D.N.; KOZERETSKA, I.A. Are Deschampsia antarctica
Desv. and Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. Migratory Relicts? Cytology and
Genetics, v. 41, n. 4, p. 226–229, 2007.
PEARCE, C. Biologically active fungal metabolites. Advances in Applied Microbiology, v.44,
p.1-80, 1997.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
57
PETERS, A.F. Field and culture studies of Streblonema-Macrocystis new species
Ectocarpales Phaeophyceeae from Chile, a sexual endophyte of giant kelp. Phycologia,
v. 30, p. 365-377, 1991.
PETRINI, O.; SIEBER, T.N.; TOTI, L.; VIRET, O. Ecology metabolite production and
substrate utilization in endophytic fungi. Natural Toxins. v.1, p.185-196, 1992.
PHONGPAICHIT, S.; RUNGJINDAMAI, N.; RUKACHAISIRIKUL, V.; SAKAYAROJ,J.
Antimicrobial activity in cultures of endophytic fungi isolated from Garcinia
species.FEMS Immunology and Medical Microbiology, v. 48, p. 367-372, 2006.
PITTAYAKHAJONWUT, P.; SOHSOMBOON, P.; DRAMAE, A.; SUVANNAKAD, R.;
LAPANUN, S.; TANTICHAREON, M. Antimycobacterial Substances from
Phaeosphaeria sp BCC8292. Planta Med, v.74, p. 281-286, 2008.
PRODI, A.; SANDALO, S.; TONTI, S.; NIPOTI, P. Additional fungal species associated
with elephantiasis of kiwifruit. Journal of Plant Pathology, v. 87, n. 4, p. 280, 2005.
PURI, S.C; NAZIR, A.; CHAWLA, R.; ARORA, R.; RYAZ-ULHASAN, S.; AMNA, T.;
AHMED, B.; VERMA, V.; SINGH, SHIKHA.; SAGAR, R.; SHARMA, A.; KUMAR,
R.SHARMA, R.K.; QAZI, G.N. The endophytic fungus Trametes hirsuta as a novel
alternative source of podophyllotoxin and related aryl tetralin lignans. Journal of
Biotechnology, 2006.
REDMAN, R.S.; SHEEHAN, K.B.; STOUT, T.G.; RODRIGUEZ, R.J.; HENSON, J.M.
Thermotolerance generated by plant/fungal symbiosis. Science, v. 298, 2002.
REITHINGER, R.; DUJARDIN, J.C.; LOUZIR, H.; PIRMEZ, C.; ALEXANDER, B.;
BROOKER, S. Cutaneous leishmaniasis. The Lancet infectious diseases, v. 7, n.9, p.
581–96, 2007.
ROBINSON, C. H. Cold adaptation in Arctic and Antarctic fungi. New Phytologist, v. 151, p.
341–353, 2001.
ROBINSON, T.; SINGH, D.; NIGAN, P. Solid-state fermentation: a promosing microbial
technology for secondary metabolites production. Applied Microbiology and
Biotechnology, v. 55, p. 284-289, 2001.
RODRIGUES, K.F.; PETRINI, O. Biodiversity of endophytic fungi in tropical regions. In:
Diversity of tropical microfungi. HYDE, K.D. (Ed.), University of Hong Kong press. p.
57-69, 1997.
ROJAS, J. L.; MARTÍN, J.; TORMO, J.R.; VICENTE, F.; BRUNATI, M.; CICILIATO, I.;
LOSI, D.; VAN TRAPPEN, S.; MERGAERT, J.; SWINGS, J.; MARINELLI, F.;
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
58
GENILLOUD, O. Bacterial diversity from benthic mats of Antarctic lakes as a source of
new bioactive metabolites. Marine Genomics, v. 2, p. 33–41, 2009.
ROSA, L.H.; MACHADO, K.M.G.; JACOB, C.C.; CAPELARI, M.; ROSA, C.A.; ZANI,
C.L. Screening of brazilian basidiomycetes for antimicrobial activity. Mem Inst Oswaldo
Cruz. v. 98, p.967-974, 2003.
ROSA, L.H.; VAZ, A.B.M.; CALIGIORNE , R. B.; CAMPOLINA, S.; ROSA, C.A.
Endophytic fungi associated with the Antarctic grass Deschampsia antarctica Desv.
(Poaceae). Polar Biol, v. 32, p. 161–167, 2009.
ROSA, L.H.; VIEIRA, M.L.A.; SANTIAGO, I.F.; ROSA, C.A. Endophytic fungi community
associatedwith the dicotyledonous plant Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl.
(Caryophyllaceae) in Antarctica. FEMS Microbiol Ecol, v. 73, p. 178–189, 2010.
ROSA, L.H.; GONÇALVES, V.N.; CALIGIORNE, R.B.; ALVES, T.M.A.; RABELLO, A.;
SALES, P.A.; ROMANHA, A.J.; SOBRAL, M.E.G.; ROSA, C.A.; ZANI, C.L.
Leishmanicidal, Trypanocidal, and Cytotoxic activities of endophytic fungi associated
with bioactive plants in Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 41, 2010.
TEIXEIRA, L. C.R.S.; PEIXOTO, R. S.; CURY, J.C.; SUL,W.J.; PELLIZARI, V.H.;
TIEDJE, J.; ROSADO, A.S. Bacterial diversity in rhizosphere soil from Antarctic
vascular plants of Admiralty Bay, maritime Antarctica. The ISME Journal, v.4, p. 989–
1001, 2010.
RUISI, S.; BARRECA, D.; SELBMANN, L.; ZUCCONI, L.; ONOFRI, S. Fungi in
Antarctica. Rev Environ Sci Biotechnol, v. 6, p. 127–141, 2007.
SAHA,S.; MONDAL, S.; BANERJEE, A.; GHOSE, J.; BHOWMICK, S.; ALI,N. Immune
responses in kala-azar, Indian Journal of Medical Research, v. 123, n. 3, p. 245–266,
2006.
SAIKKONEN, K.; FAETH, S. H; HELANDER, M.; sullivan, t. j. Fungal endophytes: A
Continuum of Interactions with Host Plants. Annual Review of Ecology and Systematic, v.
29, p. 319-343, 1998.
SCHULZ, B.; BOYLE, C. The endophytic continnum. Mycological Reserch, v.109, p.661-
686, 2005.
SEENA, S.; PASCOAL, C.; MARVANOVÁ, L.; CÁSSIO, F. DNA barcoding of fungi: a
case study using ITS sequences for identifying aquatic hyphomycete species. Fungal
Diversity, v. 44, p. 77–87, 2010.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
59
SETTE, L.D.; PASSARINI, M. R. Z., DELARMELINA, C. SALATI, F.; DUARTE,M.C.T.
Molecular characterization and antimicrobial activity of endophytic fungi from coffee
plants. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 22, p.1185-1195, 2006.
SNIDER, C.S.; HSIANG, T.; ZHAO, G.; GRIFFITH, M. Role of Ice Nucleation and
Antifreeze Activities in Pathogenesis and Growth of Snow Molds. Phytopathology, v. 90,
n.4, p. 354- 361 ,2000.
STIERLE, A., STROBEL, G., STIERLE, D., GROTHAUS, P. & BIGNAMI, G. The search
for a taxol-producing microorganism among the endophytic fungi of the pacific yew,
Taxus brevifolia. Journal of Natural Products, v. 58, p. 1315-1324, 1995.
SUFFNESS, M. Taxol, science and applications. CRC Press, Boca Raton, Fla. 1995.
STONE, J.K., BACON, C.W. & WHITE, J.F. An overview of endophytic microbes:
endophytism defined. In: C.W. BACON & J.F. WHITE (Ed.) Microbial Endophytes.
New York: Marcel Dekker. p. 3-30, 2000.
STROBEL, G.; DAISY B. Bioprospecting for microbial endophytes and their natural
products. Microbiol. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v.67, p. 491-502,
2003.
STROBEL, G. Endophytes as sources of bioactive products. Microbes and Infection, v.5,
p.535-544, 2003.
SURYANARAYANAN, T. S.; WITTLINGER, S. K.; FAETH, S. H. Endophytic fungi
associated with cacti in Arizona. Mycological Research, v. 109, p. 635-639, 2005.
SURYANARAYANAN, T.S.; THIRUNAVUKKARASU, N.; GOVINDARAJULU, M.B.;
SASSE, F.; JANSEN, R.; MURALI, T.S.Fungal endophytes and bioprospecting. Fungal
Biology Reviews, v. 23, p. 9 – 19, 2009.
TAMURA, K.; DUDLEY, J.; NEI, M.; KUMAR, S. MEGA4. Molecular Evolutionary
Genetics Analysis (MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and Evolution, v.
24, p.1596-1599, 2007.
TAN, R.X.; ZOU, W.X. Endophytes: a rich source of functional metabolites. Natural Product
Reports, v. 18, p. 448-459, 2001.
UPSON, R.; NEWSHAM, K.K.; READ, D.J. Root-Fungal Associations of Colobanthus
quitensis and Deschampsia antarctica in the Maritime and Subantarctic. Arctic,
Antarctic, and Alpine Research, v. 40, n.. 3, p. 592–599, 2008.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
60
UPSON, R.; READ, D.J.; NEWSHAM, K.K. Nitrogen form influences the response of
Deschampsia antarctica to dark septate root endophytes. Mycorrhiza, v. 20, p.1–11,
2009.
U’REN, J.M; LUTZONI, F.; MIADLIKOWSKA, J.; ARNOLD, A. E. Community Analysis
Reveals Close Affinities Between Endophytic and Endolichenic Fungi in Mosses and
Lichens. Microb Ecol, v. 60, p. 340–353, 2010.
VAZ,A.B.M.; MOTA,R.C.; BOMFIM, M.R.Q.; VIEIRA,M.L.A.; ZANI, C.L.; ROSA, C.A.;
ROSA, L. H. Antimicrobial activity of endophytic fungi associated with Orchidaceae in
Brazil. Can. J. Microbiol., v. 55, p. 1381–1391, 2009.
VINCENT, W.F. Evolutionary origins of Antarctic microbiota: invasion, selection
and endemism. Antarctic Science, v.12, p. 374-385, 2000.
VIZCAÍNO, J. A.; SANZ, L.; BASILIO, A.; VICENTE, F.; GUTIÉRREZ, S.; HERMOSA,
M. R.; MONTE, E. Screening of antimicrobial activities in Trichoderma isolates
representing three Trichoderma sections. Mycological Research, v. 109, p. 1397-1406,
2005.
ZHANG, W.; KROHN, K.; DRAEGER, S.; SCHULZ, B. Bioactive Isocoumarins Isolated
from the Endophytic Fungus Microdochium bolleyi. J. Nat. Prod., v. 71, p. 1078–1081,
2008.
WANG, B.; PRIEST, M. J.; DAVIDSON, A.; BRUBAKER, C. L.; WOODS, M.J.;
BURDON, J.J. Fungal endophytes of native Gossypium species in Australia. Mycological
Research, v. 111, p. 347-354, 2007.
WEBER, R.W.S.; KAPPE, R.; PAULULAT, T.; MOSKER , E.; ANKE, H. Anti-Candida
metabolites from endophytic fungi. Phytochemistry, v. 68, p. 886–892, 2007.
WHITE, T.J., BRUNS, T., LEE, S. TAYLOR, J. 1990. Amplification and direct sequencing
of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: Innis, M.A., Gelfand, D.H.,
Sninsky, J.J., White, T.J. (Eds.), PCR Protocols: A Guide to Methods and Applications.
Academic Press, San Diego, pp. 315-322.
WHO – World Health Organization , Disponível em http://www.who.int/leishmaniasis/en/.
Último acesso em 16 de dezembro de 2010.
WILSON, Z.E. & BRIMBLE, M. A. Molecules derived from the extremes of life. Natural
Product Reports, v 26, n.1 p. 44-71, 2009.
WORLD CANCER REPORT, 2008 In: http://www.who.int/topics/cancer/es/. último acesso
em 17 de dezembro de 2010.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
61
WOUW, M.; DIJK, P.; HUISKES, A.H.L. Regional genetic diversity patterns in Antarctic
hairgrass (Deschampsia antarctica Desv.). Journal of Biogeography, v.35, p. 365-376,
2008.
WYNN-WILLIAMS, D. D. Antarctic microbial diversity: the basis of polar ecosystem
processes. Biodiversity and Conservation, v. 5, p. 1271-1293, 1996.
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas da UFOP
62
8 ANEXOS Seguem os artigos gerados a partir do projeto de mestrado:
• Endophytic fungi community associated with the dicotyledonous plant Colobanthus
quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae) in Antarctica.
• Leishmanicidal and antitumoral activities of endophytic fungi associated with the Antarctic angiosperms Deschampsia antarctica Desv. and Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl.