UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS MESTRADO …...maneira, ³A resposta de Deus pode tardar um...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO E DOCÊNCIA
POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO
SUPERIOR: uma análise do material didático e dos recursos de tecnologia assistiva
acessíveis as pessoas com deficiência visual
Belo Horizonte
2016
Judith Vilas Boas Santiago
Judith Vilas Boas Santiago
POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO
SUPERIOR: uma análise do material didático e dos recursos de tecnologia assistiva
acessíveis as pessoas com deficiência visual
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação e Docência da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do grau de Mestre em Educação e Docência. Linha de Pesquisa: Educação Tecnológica e Sociedade Orientador: Prof. Dr. Eucídio Pimenta Arruda
Belo Horizonte
2016
S235p T
Santiago, Judith Vilas Boas, 1961- Possibilidades e limitações nas práticas pedagógicas no ensino superior: uma análise do material didático e dos recursos de tecnologia assistiva acessíveis as pessoas com deficiência visual / Judith Vilas Boas Santiago. - Belo Horizonte, 2016. 82 f., enc, il. Dissertação - (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. Orientador: Eucídio Pimenta Arruda. Bibliografia: f. 73-82. 1. Educação -- Teses. 2. Educação especial -- Teses. 3. Deficientes visuais -- Material didático -- Teses. 4. Deficientes visuais -- Educação -- Teses. 5. Material didático -- Avaliação -- Teses . 6. Cegos -- Educação -- Teses . 7. Inclusão em educação -- Teses. 8. Tecnologia educacional -- Teses. 9. Inovações educacionais -- Teses. 10. Ensino superior -- Teses. I. Título. II. Arruda, Eucídio Pimenta. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação.
CDD- 371.9
Catalogação da Fonte: Biblioteca da FaE/UFMG
Dedico a meu filho, Frederico José, a minha vida, o meu saber, os estudos e agora o mestrado, o entender que nada é impossível: basta acreditar e ter fé. Incansavelmente, esteve comigo dando-me força e alento e o tempo todo dizia: “Você consegue, é guerreira!!!” Portanto, conforme Hellen Keller, surda-cega, em uma das suas frases famosas: “As maiores coisas do mundo e as mais belas não podem ser vistas e nem sequer tocadas. Devem ser sentidas com o coração." Você nunca enxergou com o sentido da visão, mas enxergou sempre com o coração.
Filho, sem você eu não seria ninguém. Te amo!!!!
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus a oportunidade de finalizar mais uma etapa da minha vida. Dessa maneira, “A resposta de Deus pode tardar um pouco, mas jamais deixará de ser dada. Esse tempo de espera serve para provar a fé, a perseverança e a confiança. É um teste de paciência e oportunidade de desenvolver a força interior, a alegria e a coragem. (Bezerra de Menezes)”. Jesus, vós que nunca me abandonastes, que me carregais todos os dias, OBRIGADA. Porém, nada seria possível sem pessoas especiais que compõem a minha grande família. Quero agradecer ao meu pai (in memoriam), que ainda conseguiu escutar: “passei no mestrado”. Sem o seu amor, carinho, não teria conseguido. Agradeço a minha mãe que nesses dois anos teve paciência, amor, dedicação, respeito e muita atenção. Aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos, tios, tias, primos, primas, amigos, amigas. Que torcida! O carinho foi o que impulsionou todos os dias a certeza que tudo daria certo, mesmo nos momentos de medo, perdas, incertezas. Vocês ao meu lado fizeram a diferença. Agradeço também a Tia Avany, Tio Chico e Cari (todos in memoriam): o pouco que sei aprendi com vocês. Tia ensinou o significado de ser mãe de uma pessoa especial; tio Chico, o amor incondicional à família. Cari ensinou que sempre é hora de começar; nunca devemos ter medo. Vocês estão presentes sempre na minha vida e no meu coração. Às minhas irmãs, Kátia e Esmeralda, digo-lhes especialmente “obrigada”. Agradeço ao Professor Eucídio, pela paciência, compreensão e atenção, que fizeram com que entendesse o que é ser orientador. Orientador não é só aquele que orienta mas também que respeita.
“Voar significa ser feliz, confiar no poder do desconhecido. Significa deixar que o céu
nos levante para as alturas, enfrentando desafios e obstáculos com o nosso amor e
saber”. (Richard Bach)
A todos o meu muito obrigado!!!!!
Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
(Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe)
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi investigar os materiais didáticos e os recursos de
tecnologia assistivas utilizados por alunos com deficiência visual em disciplinas
presenciais e a distância de um curso superior, a fim de compreender suas
possibilidades e limitações. O curso foi desenvolvido na plataforma Moodle, sendo o
NVDA (Non Visual Desktop Access) um recurso auxiliar. A metodologia, pautada na
análise bibliográfica e documental, buscou relacionar tais aspectos, discutindo essa
temática para compreender se a produção de materiais didáticos é acessível para os
alunos deficientes visuais matriculados no ensino superior em cursos presenciais e a
distância, quais são as formas de reverter esses materiais inadequados e quais os
avanços em relação à inclusão do deficiente. Os resultados indicaram a demanda
por planejamento e adequação dos materiais didáticos pelos professores e técnicos
administrativos. O trabalho de adaptação dos textos utilizados pelas disciplinas
tornou-se procedimento primordial para a garantia de uma educação de qualidade
para os alunos deficientes visuais, possibilitando a eles o suporte necessário para o
processo ensino-aprendizagem. Em função desta demanda, esta pesquisa
apresenta como proposta um plano de ação intitulado “Guia de acessibilidade na
Produção de Materiais Didáticos às Pessoas com Deficiência Visual”. Espera-se que
este guia traga contribuições para a inclusão da pessoa com deficiência visual no
ensino superior e auxilie os professores e técnicos na adequação do material
pedagógico, tendo em vista a prática da educação inclusiva.
Palavras-chave: Deficiência visual. Tecnologia assistiva. Produção de materiais
didáticos. Leitor de tela. Ensino superior.
ABSTRACT
The aim of this work is to analyze teaching material and assistive technology
resources that are used by visually impaired students in attending and distance
learning courses of higher education, focusing on their possibilities and limitations.
The course was developed for Moodle platform with NVDA (Non Visual Desktop
Access) as an auxiliary recourse. Methods were based on bibliographical and
documental reviews and sought links among such issues, discussing this matter in
order to: verify if learning material are accessible to visually impaired students at
higher education; analyze if it is possible to “fix” inappropriate material; evaluate
advances in the inclusion of physically disabled people. Result shows it is necessary
that teachers and other professionals plan and adapt learning material. The work to
adapt course texts became essential to ensure good education to visually impaired
students, giving them all the support they may need to the teaching-learning process.
Then, this work proposes an action plan named “Guide of accessibility in the
production of learning material oriented to visually impaired students”. This guide is
supposed to make major contribution to the inclusion of visually impaired students at
higher education and to help teachers and other professionals to adapt learning
material to inclusive education.
Keywords: Visual impairment. Assistive technology. Production of learning material.
Screen reader. Higher education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Tabela de Snellem Anatomia Ocular ........................................................ 25
Figura 2 Anatonomia Ocular ................................................................................... 26
Figura 3 Louis Braille Alfabeto Braille ..................................................................... 27
Figura 4 Alfabeto Braille ......................................................................................... 28
Figura 5 Museu Benjamin Constant ....................................................................... 40
Figura 6 Reglete e Punção ..................................................................................... 41
Figura 7 Máquina de Datilografia Braille - Perkins .................................................. 41
Figura 8 Máquina Braille Tetrapoint ........................................................................ 57
Figura 9 Página Principal do DOSVOX .................................................................. 64
Figura 10 Página Principal do Virtual Vision ............................................................ 64
Figura 11 Página Principal do Jaws ......................................................................... 65
Figura 12 Página Principal do NVDA ........................................................................47
Figura 13 Ícone da barra de Tarefas - NVDA ...........................................................48
Figura 14 Símbolo de Acessibilidade na Web ..........................................................55
Figura 15 Selo de garantia após os testes do DaSilva..............................................64
Figura 16 W3C HTML Validation Service .................................................................62
Figura 17 Imagem de Chaplin sem e com equivalência ...........................................63
Figura 18 Texto em PDF em Colunas.......................................................................67
LISTA DE TABELA
Tabela 1 Dados gerais dos Censos Populacionais do IBGE – 2000 e 2010 –
relativos às pessoas com deficiência ................................................. 18
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Quadro Comparativo dos Leitores de Tela ............................................. 51
LISTA DE SIGLAS AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem
CENESP Centro Nacional de Educação Especial
Corde Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência
EaD Educação a Distância
IBGE Instituto Brasileiro de Educação e Estatística
IES Instituição de Ensino Superior
ISO International Organization for Standardization
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MEC Ministério da Educação
NAI Núcleo de Apoio à Inclusão aos Alunos com Necessidades
Educacionais
NVDA Non Visual Desktop Access
ONU Organização das Nações Unidas
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PPI Projeto Pedagógico Institucional
PPP Projeto Político Pedagógico
TA Tecnologia Assistiva
TDIC Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
W3C Word Wide Web Consortium
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15
1.1 Justificativa ................................................................................................... 16
1.2 Objetivos ....................................................................................................... 18
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 18
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 19
1.3 Estrutura da dissertação ............................................................................... 19
2 A INCLUSÃO DO ALUNO DEFICIENTE VISUAL ....................................... 21
2.1 Aspecto histórico .......................................................................................... 21
3 TECNOLOGIA ASSISTIVA, SOCIEDADE E A PESSOA COM
DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................................................. 35
3.1 Tecnologia e sociedade ................................................................................ 35
3.2 Tecnologia assistiva e suas propriedades .................................................... 39
4 INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
VISUAIS POR MEIO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TICs) ............................................................................... 54
4.1 Conceito de educação à distância e seu aspecto histórico .......................... 54
4.2 Acessibilidade e usabilidade em ambientes virtuais ..................................... 55
4.3 Aspecto histórico do padrão de acessibilidade ............................................. 57
4.4 Materiais didáticos acessíveis e a utilização do leitor de tela baseado na
usabilidade/acessibilidade ............................................................................ 60
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 67
5.1 Apresentação e discussão dos resultados ................................................... 67
6 CONCLUSÃO............................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 73
15
1 INTRODUÇÃO
A educação inclusiva no ensino superior dos alunos com deficiência visual
vem crescendo no mundo inteiro e essa se depara com mudanças e adaptações que
desafiam o sistema educacional. Com base no pressuposto de que toda pessoa tem
direito a educação de qualidade com recursos, são necessários equipamentos,
softwares específicos e materiais didáticos acessíveis para garantir acesso e
permanência a alunos com deficiência que ingressam na universidade (NAÇÕES
UNIDAS, 1994).
A motivação para a realização dessa pesquisa ocorreu em razão de
observações adquiridas da minha experiência pessoal, decorrente de ser mãe de
uma pessoa com deficiência visual e professora na educação especial e ensino
superior. Em todas essas situações percebia que os alunos deficientes visuais, ao
receberem os materiais didáticos para estudar, tinham a maior dificuldade de
compreensão e entendimento no processo de aprendizagem. Isso ocorria devido à
falta de acesso à tecnologia assistiva, utilizada como recurso para os trabalhos
educacionais.
Em 1981, nasceu meu filho prematuro e com diagnóstico de fibroplasia
retrolenticular1, e essa notícia implicava a tomada de decisões rápidas e que
mudariam toda a minha vida.
Naquele momento, iniciei uma nova proposta de vida: estudar para entender
melhor o que é a cegueira e suas consequências. Fiz vários cursos, trabalhei na
Fundação Hilton Rocha, na Escola Estadual São Rafael, instituição de cegos de
Belo Horizonte, na Biblioteca Pública Luiz de Bessa (setor Braille), fiz Pedagogia na
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), pós em Educação
Inclusiva e participei da implantação do Núcleo de Apoio à Inclusão aos Alunos com
Necessidades Educacionais da PUC Minas (NAI), um dos primeiros Núcleos de
Inclusão em Universidades Brasileiras.
O dia a dia da minha atuação em Instituição de Educação Superior me fez
relembrar das questões relacionada à educação básica bem como da experiência
1 A fibroplasia retrolenticular é a principal causa de cegueira em recém-nascidos. Esta afecção é
produzida pelo efeito tóxico do oxigênio e resulta em espasmo retinianos. Ambos os olhos são afetados; a cegueira resultante pode ser completa ou quase completa. Tem-se atribuído a fibroplasia retrolenticular à concentração muito alta de oxigênio em incubadoras para recém-nascidos prematuros (ADAMS et al., 1985, p. 172).
16
tanto no Instituto São Rafael, no Setor Braille da Biblioteca Pública Luiz de Bessa
quanto com alunos deficientes visuais matriculados na universidade. Lidei com
questões referentes às dificuldades de compreensão e processo de ensino e
aprendizagem desses alunos no momento em que recebiam os textos e capítulos de
livros para serem estudados. Assim, esses questionamentos me despertaram o
interesse sobre a adequação dos materiais didáticos a fim de deixarem de ser uma
das possíveis barreiras de aprendizagem a esse público acadêmico.
Coloca-se, pois, como problema de pesquisa: Como é realizada a produção
de materiais didáticos para os alunos deficientes visuais matriculados em curso
presencial, mas que também cursam disciplinas na modalidade a distância?
Dessa forma, propõem-se investigar se os recursos de tecnologias assistivas
(TA) – utilizados por esses alunos com deficiência visual em um curso superior
presencial com disciplinas a distância – são apropriados para fazer a leitura dos
materiais didáticos e compreender suas possibilidades na plataforma Moodle, sendo
o Non Visual Desktop Access (NVDA) um recurso auxiliar nesse seguimento.
1.1 Justificativa
Esta pesquisa possibilita contribuir com a produção de novos conhecimentos
no que diz respeito à inclusão dos alunos deficientes visuais na universidade,
promover adequação na organização dos conteúdos didáticos acessíveis, contribuir
para a melhoria da qualidade da produção desses materiais, interagir com
tecnologias assistivas contemporâneas e compartilhar valores e ações educativas na
formação do discente.
Esta iniciativa desafia a universidade e todos aqueles que compõem a
estrutura da docência a desvendar um campo de atuação ainda pouco conhecido,
referente ao suporte e ao apoio necessário ao aluno com deficiência visual.
Saliente-se que cabe à universidade garantir a permanência confortável e
produtiva ao aluno com deficiência que conquista o acesso ao ensino superior,
conforme determina a Portaria do MEC n. 3.284/2003, que
Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências, para instruir os processos de autorização e de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições. O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, INTERINO, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto na Lei n o 9.131, de 24 de novembro
17
de 1995, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no Decreto nº 2.306, de 19 de agosto de 1997, e considerando a necessidade de assegurar aos portadores de deficiência física e sensorial condições básicas de acesso ao ensino superior, de mobilidade e de utilização de equipamentos e instalações das instituições de ensino [...] (BRASIL, 2003).
Durante dez anos, coordenei a área da limitação sensorial, cegueira e baixa
visão no NAI. Liderando uma equipe multidisciplinar, técnicos em braile, auxiliar
administrativo, instrutores de Libras e pessoas com deficiência, surdos, paralisia
cerebral, com uso de cadeiras de rodas, baixa audição, baixa visão. Como docente
já trabalhei com várias disciplinas, entre elas: Necessidades Educacionais Especiais
para Pessoa Deficiente Visual e Pessoa Cega, Políticas Públicas de Inclusão e
Educação Especial, Tecnologia Assistiva para Pessoas Cegas e Pessoas Surdas,
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, sempre levando aos alunos
apropriação do conhecimento adquirido no saber dos livros e na prática como mãe
de uma pessoa cega.
Na perspectiva de inclusão, o trabalho realizado nessa instituição, traduzia-se
na expectativa de que os alunos com deficiência tivessem acesso ao conhecimento,
informação e cultura bem como de que fossem consideradas as limitações e
potencialidades como pessoas com deficiência visual. De acordo com dados do
último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, referentes ao ano de
2010, o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com deficiência (24% da população).
As deficiências visuais, baixa visão ou visão subnormal e cegueira aparecem
com maior frequência entre a população brasileira, perfazendo 35.791.488 pessoas,
ou seja, 18,8% do total (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010).
Na Tabela 1 são apresentados os tipos de deficiência e os quantitativos
populacionais encontrados no levantamento do censo do ano de 2010.
18
Tabela 1 - Dados gerais dos Censos Populacionais do IBGE - 2000 e 2010 - relativos às pessoas com deficiência
Tipo de deficiência População residente 2000
Pop. Total: 169.799.170 População residente 2010
Pop. Total: 190.732.694
Total de pessoas com deficiência 24,6 milhões (14,5%) 45,6 milhões (23,91%)
VISUAL 16.644.842 35.774.392 AUDITIVA 5.735.099 9.717.318 FÍSICO/MOTORA* 9.355.844 13.265.599 MENTAL/INTELECTUAL 2.844.937 2.611.536
Nota: Alguns declararam possuir mais de um tipo de deficiência; somadas as ocorrências, o número total ultrapassará o nº total das pessoas com deficiência. *Somaram-se os valores encontrados para deficiência física e motora. Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO..., 2000/2010.
Em relação à educação superior e à quantidade de matrículas de pessoas
com deficiência, verificou-se um aumento de 933,6% entre 2000 e 2010. Estudantes
com deficiência passaram de 2.173 no começo do período para 20.287 em 2010 —
6.884 na rede pública e 13.403 na particular. O número de instituições de educação
superior que atendem alunos com deficiência mais que duplicou no período, ao
passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em 2010. Destas, 1.948
contam com estrutura de acessibilidade para os estudantes.
1.2 Objetivos
Esta subseção apresenta os objetivos da pesquisa cujos resultados são
apresentados nesta dissertação.
1.2.1 Objetivo geral
Investigar se os recursos de tecnologias assistivas, disponibilizados aos
alunos com deficiência visual em um curso superior presencial com disciplinas a
distância, são apropriados para fazer a leitura dos materiais didáticos. Além disso,
compreender suas possibilidades na plataforma Moodle, sendo o Non Visual
Desktop Access (NVDA) um recurso auxiliar nesse seguimento.
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1.2.2 Objetivos específicos
Foram traçados os seguintes objetivos específicos:
Verificar se existem problemas de acessibilidade nos materiais
didáticos que são encaminhados aos alunos;
Analisar ferramentas consideradas adequadas para a produção do
material de apoio; e
Discutir as possibilidades e limitações no ensino superior, no que se
refere ao deficiente visual.
1.3 Estrutura da dissertação
Esta dissertação está dividida em seis seções, contabilizada a Introdução. Na
seção 2, discutem-se a inclusão e o deficiente visual bem como a compreensão de
alguns conceitos do termo deficiente, as características do deficiente visual, os
aspectos históricos e o sistema Braille no Brasil.
Na seção 3, a tecnologia assitiva (TA), a sociedade e a pessoa com
deficiência visual serão analisados em conjunto. Abordam-se a importância da TA e
sua influência na sociedade e na educação, com o fim de explicitar como sua
aplicação e potencialidade provocaram transformações nas relações educativas, e
como a computação pode ser utilizada no contexto educacional. Ressalta-se que
muitas ferramentas são imprescindíveis a esses alunos no ensino superior, usuários
dessa tecnologia que contribui para sua inclusão sociodigital e educacional.
A quarta seção aborda a inclusão no ensino superior das pessoas com
deficiências visuais por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação
(TDICs), buscando na educação presencial seus aspectos, como trabalho norteador
na questão dos materiais didáticos acessíveis: a importância da acessibilidade e
usabilidade em ambientes virtuais; seus aspectos históricos, que servem de
fundamentação teórica adequada para o uso efetivo do padrão de acessibilidade
como recurso para que a produção de materiais didáticos sejam acessíveis aos
alunos deficientes visuais.
Na quinta sessão, descreve-se a abordagem metodológica adotada. Foi
realizada a pesquisa bibliográfica e documental como método de compreensão e
20
produção do conhecimento científico acerca da importância da acessibilidade e
usabilidade para as pessoas com deficiência visual no ensino superior e a produção
de materiais didáticos acessíveis neste universo.
Finalmente, nas considerações finais, são retomados os principais aspectos
levantados e discutidos na pesquisa com a finalidade de propor algumas
investigações futuras.
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2 A INCLUSÃO DO ALUNO DEFICIENTE VISUAL
Esta seção apresenta uma revisão da literatura sobre a inclusão do aluno
deficiente visual. Salienta-se que a inclusão, em todos os seus aspectos, requer uma
série de medidas necessárias para que possa acontecer em qualquer espaço social.
Quando se fala em educação e acessibilidade, é necessário um conjunto de
medidas adotadas por profissionais qualificados e intermediadas por métodos
apropriados, espaço físico, recursos de materiais didáticos acessíveis e a adaptação
às necessidades educacionais específicas de cada sujeito.
Este capítulo está estruturado em cinco seções. Inicialmente, descreve-se o
aspecto teórico do tema (subseção 2.1). Em seguida, na subseção 2.2,
apresentam-se aspectos sobre o Sistema Braille, enfatizando sua essencialidade
para deficientes visuais. Por fim, a subseção 2.3 apresenta aspectos sobre
legislação e inclusão.
2.1 Aspecto histórico
Ao iniciar um trabalho sobre qualquer tema, é imprescindível escolher
conceito ou conceitos para que funcionem como guia, conduzindo as ideias que
serão desenvolvidas. Dessa forma, apresentam-se algumas definições existentes
para ampliar nosso conhecimento sobre o termo “deficiência”.
Num primeiro momento, de acordo com as autoras Maria Elisa Caputo
Ferreira e Marly Guimarães, no livro “Educação Inclusiva”:
Os termos utilizados com referência às pessoas com deficiências são vários, a partir de dados fornecidos pela Unesco: [...] inválido, minusválido, deficiente, déficient, handicapé, anormal, handicapped person, disabled person, unusual person, special people, descapacitado, indivíduo de capacidade reduzida, indivíduo de capacidade limitada, incapacitado, minorado [...] O que apresenta anomalia, deficiência, déficit, invalidez, retraso, inadaptatión, transtorno e dificuldade, anomalie, déficience, infirmité, arriération, perturbation, trouble, désorde e difficulté, abnormality, atypically, impairment, retardation, disturbance, maladjustment e difficult.” (FERREIRA; GUIMARÃES, 2008, p. 24).
No artigo “Portadores de necessidades especiais, sua relação com a família e
a sociedade”, Ferreira e Guimarães citadas por Silva, Gomes e Ferreira (2008),
apresentam alguns conceitos referentes à deficiência:
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Segundo o Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, publicado em 1997 pela Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe os seguintes conceitos, a seguir enumerados. - Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica. - Incapacidade é toda restrição ou falta (devido a uma deficiência) da
capacidade de realizar atividades, na forma ou na medida em que se considera normal para o ser humano.
- Impedimento é situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou de uma incapacidade que lhe limite ou impeça o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo, fatores sociais e culturais). (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003 apud SILVA; GOMES; FERREIRA, 2008, p. 4).
Para entender melhor o que é a deficiência visual e/ou cegueira, é preciso
conhecer o significado dos termos e suas subdivisões, e considerar os aspectos
clínicos e educacionais.
Segundo Yamamoto “A concepção clínica da deficiência visual é necessária
em questões de reconhecimento dos direitos legais, administrativos e de
elegibilidade da pessoa que se encontra nesta situação” (YAMAMOTO, 1995, p. 31).
Conforme descrito no site do Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com
Necessidades Educacionais Especiais (NAI) da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais:
O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Segundo a OMS (Bangkok, 1992), o indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após tratamento e/ou correção óptica convencional, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa. (MULSER, 2011).
Vanderheiden (apud SILVA, 2009) afirma que uma pessoa é classificada
como legalmente cega quando sua acuidade visual é 20/200, ou pior, após a
correção, ou quando seu campo de visão é menor que 20 graus2.
2 Estabelecido pela American Medical Association em 1934 (VANDERHEIDEN;
VANDERHEIDEN apud CARVALHO; ARANHA, 1998).
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Figura 1Tabela de Snellen
Fonte: MEC; Ministério da Saúde (2008)
Segundo a American Foundation for the Blind (1934), mais de uma pessoa
entre mil, com menos de 45 anos de idade, possui algum tipo de deficiência visual.
Estima-se que uma pessoa em cada 13 indivíduos com mais de 65 anos de idade
possui algum tipo de deficiência visual que não pode ser corrigida com óculos. Como
o número de idosos tem aumentado, essa proporção deverá certamente crescer no
nosso século (CARVALHO; ARANHA, 1998).
No que se refere ao aspecto educacional – e para melhor entendimento-
Barraga (1985) apresenta em seus estudos três tipos de deficiência visual, a saber:
Cegos: Têm somente a percepção da luz ou não têm nenhuma visão e precisam aprender através do método Braille e de meios de comunicação escrita que não estejam relacionados com o uso da visão. Pessoas com VISÃO PARCIAL: Têm limitações da visão a distância, mas são capazes de ver objetos e materiais quando estão a poucos centímetros ou no máximo a meio metro de distância. Pessoas com VISÃO REDUZIDA: indivíduos que podem ter seu problema corrigido por cirurgias ou pela utilização de lentes. (BARRAGA, 1985, p.54).
É importante ressaltar que, apesar das particularidades relativas à deficiência
visual, cada aluno desenvolve seu aprendizado ao seu modo e ao seu tempo.
Para tanto, Yamamoto afirma:
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Uma definição mais aproximada acerca da real condição visual do escolar com deficiência visual deve ocorrer no seu trabalho educacional diário, de forma prática, funcional e dinâmica da visão residual. A eficiência visual está intimamente relacionada com o desenvolvimento perceptivo e a capacidade mental, os quais são fundamentais no trabalho educacional, fazendo-se necessário serem considerados no planejamento do mesmo. O planejamento educacional do treinamento da visão residual deve ser norteado em atividades que envolvam:
desenvolvimento do controle dos movimentos dos olhos;
refinamento da agudeza da acuidade visual para a percepção visual. Considerando os propósitos educacionais, crianças legalmente “cegas”, devem passar por uma investigação educacional para a constatação ou não de algum resíduo visual aproveitável em tarefas escolares para assim, respeitar e aproveitar o seu potencial visual. (YAMAMOTO, 1995, p. 79).
A referência da pessoa com deficiência visual é a percepção da realidade por
meio dos sentidos remanescentes, como o sentido tátil, auditivo, olfativo e gustativo;
A sociedade deveria guiar-se pela mesma via, não no sentido de fazer juízo de valor
com as diversas formas de acessar as informações, mas sim de permitir a
democratização sensorial da sociedade, pois, conforme Vygotsky (1997), a cegueira
não pertence apenas ao indivíduo com diferença; ela também é social.
Diante da pluralidade e diversidade social, faz-se necessário despertar os
sentidos da sociedade para se remodelar, tendo em vista o desenho universal3 que
reflita a heterogeneidade dessa constituição. Assim, buscou-se diálogo acerca dos
sentidos socialmente construídos referentes ao que venha ser a pessoa com
deficiência visual na atualidade.
De acordo com Vygotsky (1999, apud LIRA; SCHLINDWEIN, 2008, p. 176), “a
cegueira não é somente um defeito, uma debilidade, mas uma fonte de atitudes, de
força criativa, já que cria uma nova e peculiar configuração da personalidade”.
Trata-se também de manifestação das capacidades, uma força (por estranho e
paradoxal que seja), alimentando as possibilidades e o desejo de superação diante
dos obstáculos que são oriundos da cegueira, mas produzidos socialmente.
Para o Manual de Orientação elaborado para o Projeto Olhar Brasil pelo
Ministério da Saúde e o Ministério da Educação:
A visão é a capacidade que o indivíduo tem de perceber o universo que o cerca. Oitenta por cento da relação do ser humano com o mundo se dá
3 Desenho Universal não é uma tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam; é
desenhado para todas as pessoas. A ideia do Desenho Universal é, justamente, evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiências, assegurando que todos possam utilizar com segurança e autonomia os diversos espaços construídos e objetos (GABRILLI, 2015).
25
através do sentido da visão. Para que o sentido da visão seja aproveitado de maneira plena, é fundamental que todos os órgãos e estruturas relacionadas com a visão estejam perfeitos (os dois olhos, os nervos ópticos, as vias ópticas o cérebro e mais especificamente o córtex cerebral occipital). (BRASIL, 2008b, p. 14).
Figura 2 - Anatomia Ocular
Fonte: BRASIL, 2008
2.2 Sistema Braille
Para entender a história das pessoas cegas, cumpre analisar a fundação em
1784, pelo francês Valetin Hauy fundou, em Paris, do Instituto Nacional dos Jovens
Cegos, primeira escola para cegos do mundo. Os alunos eram alfabetizados por
meio de um sistema tátil que foi desenvolvido e criado pelo próprio fundador da
escola, o qual consistia na impressão dos caracteres em relevo linear em folhas de
papel. Com a Revolução Francesa, em 1789, terminou o trabalho do professor Hauy
(SANTOS, 2014).
No ano de 1819, Louis Braille ingressou como aluno do Instituto Real dos
Jovens Cegos. Ao mesmo tempo, um capitão de Artilharia do Exército francês
chamado Charles Barbier de La Serre desenvolveu um sistema de sinais em relevo
26
que, combinados, permitiam a transmissão de ordens aos soldados durante a noite.
Eles, no escuro, conseguiam, por meio do tato, ler as mensagens representadas por
pontos. O capitão Barbier, então, pensou que esse sistema poderia servir para
facilitar a comunicação entre as pessoas cegas e transformou-o em um sistema que
chamou de “Grafia Sonora” (SANTOS, 2014).
Em 1821, Barbier apresentou o método aos alunos do Instituto, e Louis Braille
passou, a partir desse momento, a dedicar-se ao Sistema Braille para que as
pessoas cegas tivessem condições de escrita e leitura (ABREU, 2008, p. 15).
Esse sistema, simples, permitiria a representação de letras, números,
acentuação, pontuação e símbolos básicos de aritmética. O sistema também tinha a
vantagem de permitir que cada um dos símbolos fosse reconhecido por uma pessoa
cega apenas com o contato da parte mais sensível do indicador, a polpa. Dessa
maneira, o novo sistema, ficou conhecido como Sistema Braille (SANTOS, 2014).
Professor, pianista e escritor, Louis Braille fez a diferença e, até hoje, as
pessoas cegas do mundo escrevem e leem com o mesmo Sistema Braille criado em
1821.
Figura 3 – Louis Braille
Fonte: IBC, 2006
No histórico da inclusão do deficiente visual no Brasil, o marco inicial
deveu-se em grande parte a um cego brasileiro chamado José Álvares de Azevedo.
Em 14 de dezembro de 1850, ao retornar de seus estudos em Paris no Instituto Real
27
dos Jovens Cegos (Instituition Nacionale des Jeunes Aveugles), ensinou o Braille4
para a filha do doutor José F. Xavier Sigaud, médico da família imperial, despertando
uma atenção especial para a criação de uma escola voltada para o ensino de
pessoas com deficiência visual, persuadindo D. Pedro II sobre essa necessidade.
Figura 4 – Alfabeto Braille
Fonte: SENAI, 2015
Por meio do Decreto Imperial n. 1.428, de 12 de setembro de 1854, foi
fundado no Rio de Janeiro pelo Imperador D. Pedro II em 17 de setembro de 1854 o
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. No início do ano de 1857, foi instalada a
primeira tipografia Braille, no Imperial Instituto dos Meninos Cegos, local na qual a
4 O Sistema Braille criado por Luís Braille é um modelo de lógica e que se tem adaptado a todas
as línguas e a toda a espécie de grafias. O Sistema Braille é constituído por 63 sinais, obtidos pela combinação metódica de seis pontos que, na sua forma fundamental, se agrupam em duas filas verticais e justapostas de três pontos cada para facilitar o aprendizado por meio do tato.
28
produção de livros em Braille começa a fazer a diferença para as pessoas cegas do
Brasil. Em 24 de janeiro de 1891, mediante o Decreto n. 1.320, já no regime
republicano, o Instituto passa a denominar-se como é hoje conhecido, Instituto
Benjamin Constant (IBC), em homenagem a Benjamin Constant Botelho de
Magalhães, atuante professor e diretor do instituto (LEMOS; FERREIRA, 1995).
Figura 5 – Museu Benjamin Constant
Fonte: MUSEU CASA DE BENJAMIN CONSTANT, 2013
Atualmente, o Instituto Benjamin Constant é reconhecido pelo governo e pela
sociedade como um Centro de Referência Nacional para questões da deficiência
visual, mantém uma escola, capacita profissionais da área da deficiência visual,
assessora escolas e instituições, realiza consultas oftalmológicas, reinsere a pessoa
com deficiência visual na sociedade, produz material especializado e faz impressões
em Braille (CABRAL; NASCIMENTO, 2009).
Na década de 80, teve início à impressão de texto em Braille por meio de
impressoras Braille5, exemplo impressora Tiger, conectada a computadores. Neste
5 As impressoras Braille seguem o mesmo conceito das impressoras de impacto comuns e
fazem interface com a maioria dos computadores, via portas paralelas ou seriais. Elas são eficientes na elaboração de relatórios, mas não são apropriadas para funcionar como dispositivos de acesso independentes para operação de computadores. Estão disponíveis para comercialização diferentes tipos de impressoras Braille, desde as individuais, de pequeno porte, às de grande capacidade de produção, de médio e grande porte, com velocidades muito variadas. Podem imprimir Braille, além de desenhos, interpondo ou não, em seis ou oito pontos. Algumas se utilizam de folhas de papel soltas, porém a maioria funciona com formulários contínuos. Já existe no mercado uma impressora que imprime simultaneamente caracteres Braille e comuns, em linhas paralelas, de modo a facilitar a comunicação dos deficientes visuais com seus colegas de trabalho, ou de estudo, não deficientes (CARVALHO; DALTRINI, 1993).
29
momento a oferta desses livros para os alunos cegos e suas adaptações nas figuras
em alto relevo inicia um novo olhar para as questões relacionadas à tecnologia.
Já na década de 90, exatamente em 1993, que o Sistema DOSVOX foi
desenvolvido – o qual será trabalhado na próxima seção –, responsável por
mudanças significativas para as pessoas com deficiência visual no Brasil, em virtude
da possibilidade de maior acesso à informação e ao ambiente informatizado.
2.3 Legislação e inclusão
O arcabouço legal do Brasil que visa à inclusão das pessoas em todos os
aspectos da vida social, econômica e política é extenso. Entretanto, as ditaduras
implantadas no Brasil, como a de Marechal Deodoro da Fonseca em 1889, a
República Café com Leite, o golpe do Estado Novo organizado por Getúlio Vargas
em 1937, e o golpe militar de 1964 impediram o país de promover a inclusão social.
Por essa razão, a palavra inclusão só foi aparecer na Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1998), como afirma Moreira et al. (2011, p.3)
Somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 é que o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência passa a ser ofertado preferencialmente na rede regular de ensino e, com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96, a educação especial passa a ser concebida como uma modalidade de educação escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, Lei n. 9.394/1996),
em seu capítulo V, traz novas características de flexibilidade, abertura e inovações,
trazendo uma nova conceituação de Educação Especial e do alunado com
Necessidades Educativas Especiais (NEE), valorizando o papel e a formação dos
profissionais da educação e o incentivo pelo Poder Público para a formação e a
capacitação desses profissionais. Esses aspectos são regulamentados em 2001
pelas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Outros
documentos internacionais influenciaram parte da legislação brasileira vigente.
Em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), que
tinha como proposta integrar apenas aquelas crianças de maior condição de
aprender; aqueles que não estavam nessa categoria seriam encaminhados para
educação especial.
30
O ano de 1981 é declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU)
como o Ano Internacional da Pessoa Deficiente.
Em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas lança o Programa de Ação
Mundial para Pessoas Deficientes, que recomenda o ensino de pessoas deficientes
dentro do sistema escolar normal.
Em 1990, em Jomtiem, na Tailândia, aconteceu a Conferência Mundial de
Educação para Todos. Na conferência, ficou estabelecido que as necessidades
básicas fossem oferecidas a todos pela universalização do acesso, promoção da
igualdade de oportunidades, ampliação dos meios e conteúdos da Educação Básica
e melhoria do ambiente de estudo. A partir desta conferência, o movimento da
educação inclusiva começou a tomar força.
Em junho de 1994, em Salamanca, na Espanha, ocorreu a Conferência
Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, local em que se reuniram mais
de 300 representantes de 92 governos e 25 organizações internacionais com
objetivo de:
Promover a Educação para Todos, analisando as mudanças fundamentais de políticas necessárias para favorecer o enfoque da educação integradora, capacitando realmente as escolas para atender todas as crianças, sobretudo as que têm necessidades especiais. (NAÇÕES UNIDAS, 1994, p. 5).
A conferência aprovou a Declaração de Salamanca, que expõe princípios,
políticas e práticas das necessidades educativas especiais, além de uma linha de
ação. Ela proclama as escolas regulares inclusivas como o meio mais eficaz de
combate à discriminação. Determina que as escolas devem acolher todas as
crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais ou linguísticas.
O Brasil, ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos e
com a Declaração de Salamanca, fez uma opção por ter um sistema educacional
inclusivo, devendo, portanto, oferecer acesso, equiparação de oportunidade e
qualidade de ensino a todos.
Em relação as universidades brasileiras, verifica-se que estão promovendo
essa inclusão, diante das leis e da Portaria MEC n. 3.284 de 2003, que dispõe sobre
requisitos de acessibilidade de pessoas com deficiências, disponibilizando
equipamentos necessários para que os deficientes visuais possam utilizar na sua
31
formação materiais digitados, livros em Braille, livros falados e ledores voluntários
para fazerem a leitura de livros e textos expressos.
Quando se fala de inclusão, pode-se afirmar que a verdadeira proposta é
aquela construída coletivamente com a participação de todos os setores sociais, ou
seja, num processo de “mão dupla”, numa construção coletiva iniciada com um
amplo trabalho na família, continuando na comunidade e estendendo-se para a
sociedade (BARTALOTTI, 2006; CERIGNONI; RODRIGUES, 2005).
O processo inclusivo como um todo para sujeitos com necessidades especiais
requer reflexão sobre alguns pontos a respeito da sua inserção na educação e na
própria sociedade.
Em nossa sociedade, ainda há momentos de séria rejeição ao outro, ao diferente, impedindo-o de sentir-se, de perceber-se e de respeitar-se como pessoa. A educação, ao adotar a diretriz inclusiva no exercício de seu papel socializador e pedagógico, busca estabelecer relações pessoais e sociais de solidariedade, sem máscaras, refletindo um dos tópicos mais importantes para a humanidade, uma das maiores conquistas de dimensionamento “ad intra” e “ad extra” do ser e da abertura para o mundo e para o outro. Essa abertura, solidária e sem preconceitos, poderá fazer com que todos percebam-se como dignos e iguais na vida social. (BRASIL, 2001).
A convivência educacional possibilita a efetivação de respeito, da dignidade e
da identidade de cada pessoa. A maneira pela qual cada pessoa terá o acesso ao
currículo se diferenciará pela sua singularidade.
A pessoa cega ou com baixa visão, todavia, é uma realidade presente e ativa
em nossa sociedade. Como qualquer outro sujeito, ela precisa de cuidados e afeto
inclusive para entender o meio que a circunda e que, sem imagens, a envolve com
sons, toques, palavras, reações, horários, roupas e alimentos. A apresentação e a
interpretação deste mundo, sua estrutura e o seu funcionamento são
progressivamente feitas a todas as pessoas comprometidas visualmente a partir dos
elementos e das palavras valorizadas pelo outro. Por isso, seu conhecimento é,
mais do que para uma pessoa que enxerga, estruturado e orientado com base
naquilo que é significativo e importante para seu outro social e na forma como este
conhecimento lhe é transmitido.
Bruno citado por Cardoso e Pagliuca (1999) na obra “Caminho da Luz: A
deficiência visual e a família” mostra o quanto é importante que o deficiente visual
mantenha a relação e a interação para além do seu contato familiar, inclusive com
qualquer pessoa vidente e não vidente que possuam sua mesma faixa etária para
32
que, assim, levante suas próprias hipóteses perceptivas, simbólicas e pré-lógicas:
O desenvolvimento humano é um processo sistêmico complexo, que não apenas passa pela dimensão biofisiológica e cognitiva, mas depende também da relação social e afetiva. O homem se constrói de uma maneira holística, buscando desenvolver potencialidades através de todas as experiências significativas sociais, afetivas ou cognitivas como um todo indivisível. (BRUNO apud CARDOSO; PAGLIUCA, 1999, p. 28).
Buscando uma educação inclusiva, deve-se considerar que o processo de
ensino e aprendizagem deve estar voltado para o discente, seja deficiente visual ou
não, e cabe ao docente, juntamente com o projeto político-pedagógico, abranger no
seu planejamento a adaptação curricular necessário a esse sujeito dito “normal”, tal
como ao sujeito com necessidade educacional especial.
Sendo assim, é fundamental que as pessoas com necessidades especiais
não sejam apenas integradas e aceitas na educação básica e na educação superior,
mas conforme definição do Parecer CNE/CEB n. 17/2001 e a Portaria do MEC
n. 3.284/2003; deve-se assegurar a essa pessoas o acesso, permanência e efetiva
participação em todas as atividades educacionais, instalações de ensino, tendo
como objetivo principal seu desenvolvimento pessoal:
A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades. (BRASIL, 2001).
Lima (2006) destaca que a legislação é explicita quanto à obrigação das
escolas de receber as crianças que se apresentam para a matrícula. Segundo a
referida autora, é importante que esse acolhimento não seja meramente formal e
que o aluno com deficiência tenha condições efetivas de realizar integralmente suas
potencialidades.
Verifica-se, no caso específico da pessoa com deficiência visual, que é o foco
da pesquisa, a inclusão na universidade exige suporte tecnológico para acesso
didático como, por exemplo, a produção de materiais didáticos acessíveis, ou seja,
digitalização de textos e livros para a leitura com sintetizadores de voz no
computador, livros no formato áudio, entre outros.
33
Para que essa produção de materiais tenha respaldo legal, a Lei n. 9.610 de
1998, em seu art. 43, veio afirmar que não constitui violação aos direitos autorais, a
reprodução em formas acessíveis como o sistema Braille, áudio-livro, entre outros,
para uso exclusivo e sem fins lucrativos por pessoa com deficiência, no momento em
que se fazem necessárias as adaptações curriculares na produção de materiais
didáticos.
A Portaria nº 1.679, de 2 de dezembro de 1999, do Ministério da Educação,
em seu art. 1º, determina que sejam incluídos nos instrumentos destinados a avaliar
as condições de oferta de cursos superiores, para fins de sua autorização e
reconhecimento e para fins de credenciamento de instituições de ensino superior,
bem como para sua renovação, conforme as normas em vigor, requisitos de
acessibilidade a pessoas com necessidades especiais.
Ainda a respeito das pessoas com deficiência visual esse documento em sua
alínea b, resolve:
Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio contendo; máquina de datilografia Braille, impressora Braille acoplada a computador, sistema de síntese de voz; gravador e fotocopiadora que amplie textos; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em fitas de áudio; software de ampliação de tela do computador; equipamento para ampliação de textos para atendimento a aluno com visão subnormal; lupas, réguas de leitura; scanner acoplado a computador; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico dos conteúdos básicos em Braille. (BRASIL, 1999).
Outro aspecto essencial diz respeito à indispensável eliminação da barreira
atitudinal por parte da comunidade acadêmica, pois isso pode convergir para a
construção de maior independência e autonomia física, intelectual e humana dos
estudantes com deficiência.
Nesse sentido, faz-se necessário o envolvimento do aluno e da universidade
na implementação dessas ações que podem conduzir à conquista da inclusão
acadêmica das pessoas com deficiência visual, pois um positivo processo de
inclusão traz implícita uma instituição que se adeque às necessidades dos seus
diversos alunos, haja vista que o direito à igualdade de oportunidades de educação
implica respeitar as diferenças, tratando os iguais como iguais e os desiguais como
desiguais (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS, 1999).
34
A próxima seção trará a importância da tecnologia assistiva como ferramenta
fundamental à educação das pessoas com deficiência visual matriculados no ensino
superior.
35
3 TECNOLOGIA ASSISTIVA, SOCIEDADE E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
VISUAL
3.1 Tecnologia e sociedade
A sociedade atual é tecnológica, repleta de equipamentos, recursos, serviços
que influenciam determinante e diretamente nos processos de ensino-aprendizagem
da pessoa. Segundo Galvão Filho (2009), a tecnologia assistiva é uma área do
conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando a sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social (GALVÃO FILHO et al., 2009, p. 26).
É nesse contexto que se apresentam a TA, a sociedade e a pessoa com
deficiência visual nos aspectos de evolução, funcionalidade e particularidades.
Castells (1999, p. 67) diz que a tecnologia gera transformações na dinâmica
da sociedade e representa uma transformação nas aplicações comerciais e civis.
Isso pressupõe que, para entender a tecnologia como “uso de conhecimentos
científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira
reproduzível”, as consequências dessa transformação será a penetrabilidade,
criatividade, aplicabilidade, inovações, habilidade e interatividade no estilo de vidas
das pessoas, no mercado de trabalho e nos novos tipos de comunicação. Esse autor
ainda destaca que:
[...] embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico (CASTELLS, 1999, p. 45).
O referido autor conceitua essas várias transformações decorrentes da
revolução tecnológica, como a sociedade em rede, aquela que não monopoliza sua
informação e conhecimentos; ao contrário, ele as compartilha para permitir a
geração, armazenamento, recuperação, processamento, transmissão e construção
de novos conhecimentos e novos saberes, conforme um padrão interativo.
36
Autores como Carvalho Neto, Hetkowski e Cruz (2008) afirmam que essa
revolução tecnológica fez com que o uso das tecnologias da informação e da
comunicação fosse incorporado ao cotidiano do ser humano, principalmente as
pessoas com deficiência, e provocasse novas relações com o saber, linguagens
diferenciadas e diversificadas, e compartilhamento de bens culturais, além de
promover a geração e disseminação de informações em grande escala.
Percebe-se, por meio desse panorama, que Castell (1999) destaca ainda
cinco características centrais do que podemos dizer do novo paradigma da
tecnologia da informação que, interseccionados e articulados, representam a base
da sociedade em rede. A primeira característica refere-se a como as tecnologias
agem sobre a informação, e não apenas informação para agir sobre a tecnologia; a
segunda, à capacidade de penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias, ou
seja, refere-se ao poder de influência que os meios tecnológicos exercem na vida
social, econômica e política da sociedade; a organização estrutural em forma de
rede ou lógicas de redes, como a terceira características; a flexibilidade com que as
instituições e organizações podem ser modificadas e alteradas pela reorganização
de seus componentes; por último, refere-se à convergência de tecnologias
específicas para um sistema altamente interligado.
Verifica-se que no Brasil, houve várias discussões a respeito das quatro
esferas da sociedade – governamental, privado, acadêmico e terceiro setor – que
possibilitaram a coletividade brasileira fosse inserida nessa sociedade em rede.
Takahashi (2000, p. 10), organizador do Livro Verde – Sociedade da Informação no
Brasil, no ano de 2000, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
explica que a sociedade de informação no Brasil, tem como seu objetivo de “integrar,
coordenar e fomentar ações para a utilização de tecnologia de informação e
comunicação, de forma a contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros.”
Nesse contexto, Lévy (1999), posiciona-se a favor de uma nova atitude e
preparação do cidadão para saber lidar positivamente com essa contínua e
acelerada difusão tecnológica. Afirma que as tecnologias são produtos de uma
sociedade e de uma cultura, e reconhece que não basta estar na frente de uma tela
de computador com todos os dispositivos disponíveis para superar uma situação de
ausência, de desconhecimento da informação. É preciso ter habilidade e
competência para usá-las. O importante é pensar na interação, no compartilhar, no
37
comunicar coletivamente, na reflexão e no seu uso de forma que produza
conhecimento.
Ainda segundo Lévy (1999, p. 17), a ideia de cybercultura ou conceito digital6
seria o aspecto preponderante na sociedade da informação, definida como o
“conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço.” Assim, o cidadão deixaria de ser mero consumidor passivo para
assumir um papel ativo nessa sociedade cada vez mais influenciada pelo uso das
tecnologias da informação e comunicação.
Todos esses conceitos são apresentados para que se compreenda a
importância da forma como se deve referir às pessoas com necessidades especiais,
no caso específico, os deficientes visuais, a TA como base e ferramenta para
promover a autonomia e independência dessas pessoas.
Como é de conhecimento, a revolução tecnológica ocorreu a partir da
Revolução Industrial e foi marcada pela presença de quatro campos
inter-relacionados: microeletrônica, computadores, telecomunicações e
optoeletrônica. A centralização desses quatro campos proporcionou a criação da
internet (CASTELLS, 1999).
Numa retrospectiva da história tecnológica, Castells (1999) destaca que o
primeiro computador eletrônico surgiu em 1945, na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Era de grande porte, usava 18 mil válvulas a vácuo pesavam cerca de 30 toneladas
e ocupava uma extensa área. Em 1951 foi desenvolvida a primeira versão comercial.
Foi então, em 1971, com o advento do microprocessador, que novas configurações
(computador com um chip) foram realizadas, facilitando a sua utilização daí em
diante. O desenvolvimento de softwares para os computadores pessoais também
contribuiu para a difusão dessa ferramenta.
6 Existem 4 linhas de estudo: 1. Utópica – o conceito refere-se ao advento de novas mídias e
como estas influenciam a sociedade. 2. Informativa – está relacionado a um conjunto de práticas culturais que permite novas formas de transmitir informação. 3. Antropológica – quando este assunto é sempre levado em conta a história presente. Está relacionado a um conjunto de práticas culturais e estilos de vida gerados pelas Tecnologias da informação e Comunicação, que correspondem a todas as tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos dos seres. 4. Epistemológica – Está sempre relacionado a contar sobre a história de novas mídias e pesquisas de cultura de informação (LÉVY, 1999).
38
O surgimento do computador para Castells (1999) e Lévy (1999) inicialmente
estava associado à necessidade das empresas de processamento de grandes
dados e de programadores profissionais. Com o movimento social denominado de
“contracultura” o computador pessoal foi redesenhado com um novo formato que
permitia a utilização mais ampla pela população.
Na década de 90, a interconexão começou a crescer em um ritmo acelerado,
impondo melhorias na arquitetura dos computadores, nas técnicas de digitalização
da informação, no armazenamento e no tratamento, para serem disponibilizados
para o usuário final. Os processadores a cada ano tornam-se mais potentes. As
memórias com maior capacidade de armazenamento de informação, a transmissão
de informações passou a ser realizada por várias vias de comunicação. As novas
interfaces permitiram a diversificação, simplificação e progressão da interação entre
o universo informacional e o mundo.
A programação permitiu fazer com que um ou mais processadores
executassem tarefas, e os programas aplicativos auxiliaram o usuário a realizar
tarefas cotidianas, financeiras e escolares. O ciberespaço7 surge então “como um
espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das
memórias dos computadores.” (LÉVY, 1999, p. 94).
Autores como Costa, Monteiro e Paim (2004, p. 10), observam no contexto
acadêmico que a internet contribuiu para acentuar a geração do conhecimento
científico, proporcionando também “[...] conexões entre diferentes culturas,
ampliando as possibilidades de estabelecer uma multiplicidade de relacionamentos
entre pessoas”. Além do fato que a disseminação da internet tem feito ressurgir com
novo ímpeto o interesse em educação a distância como mecanismo complementar,
substitutivo ou integrante de ensino presencial.
Após esse breve histórico, percebe-se que a tecnologia vem acompanhando o
processo histórico e o desenvolvimento da sociedade numa sequência de conexões
que guardam relações entre si.
Não se pode negar a chegada nem a evolução da tecnologia, pelo fato de ela
permitir que vários setores da sociedade vivenciem um ambiente de inovação, e, por
7 Ciberespaço é o espaço gerado pela Internet, onde se armazenam dados e constroem-se
textos. É o espaço de interligação entre pessoas, de todos para com todos e de todos para com cada um, considerando a individualidade pessoal e assim, construindo uma rede de intersubjetividade. É nesse espaço que Pierre Lévy desenvolve seus projetos, suas pesquisas. (LÉVY, 1999).
39
isso, não pode ser concebido como mero instrumento, mas como possibilidade
transformadora. É preciso preparar o indivíduo para operar tais tecnologias
criticamente.
Os autores Matos e Schrainer (2010) afirmam que as tecnologias provocaram
três grandes modificações no ambiente. A primeira refere-se ao computador que
deixou de ser um objeto estático para tornar-se manipulável. A segunda, refere-se
ao papel ativo dos indivíduos no espaço digital, interferindo, manipulando,
descobrindo e inventando possibilidades. A terceira envolve a comunicação, que
ocorre com a designação muito apropriada de navegação, na qual não há a
existência de um espaço definido e as informações não estão em um único lugar.
Todas essas modificações e evolução são apresentadas para mostrar como a
tecnologia contribuiu para o surgimento da TA tornando possível o rompimento da
barreira entre os deficientes visuais e as pessoas que enxergam.
3.2 Tecnologia assistiva e suas propriedades
Dessa maneira que a tecnologia é utilizada todos os dias por uma grande
parcela da população, inclusive por pessoas com deficiência visual, conclui-se que
esse uso crescente rompe com a barreira da falta de acessibilidade, garante que a
informação seja disseminada, promove a construção do conhecimento, pode ser
apropriada nos vários campos sociais (educação, esporte, lazer, cultura, trabalho) e,
o principal, contribui para inclusão de todos os cidadãos nessa nova sociedade, mais
interativa e dinâmica que se configura.
Entre as tecnologias que são utilizadas pelos alunos deficientes visuais faz-se
necessário apresentar os recursos e ferramentas tecnológicas das pessoas com
deficiência visual para entenderem a proposta deste trabalho em verificar se a
produção de materiais didáticos é acessível a essas pessoas cegas que estudam no
ensino superior, tendo um papel fundamental nesse contexto.
A primeira ferramenta que a pessoa com deficiência visual utilizou e ainda
utiliza como tecnologia, antes do advento da informática, é reglete, sistema de leitura
e escrita. Essa consiste em uma prancha de madeira retangular, uma régua dupla de
metal, com celas ou células Braile, e um punção. A grande questão aqui a ser
apresentada é que a escrita acontece da direita para a esquerda e para fazer a
40
leitura é necessário virar o papel para fazer a leitura da esquerda para a direita.
(SONZA, 2011).
Figura 6 – Reglete e Punção
Fonte: ESPERANÇA, 2000
Outras tecnologias foram surgindo, em 1892, a primeira máquina Braille ou
máquina de datilografia Braille, inventada por Frank Hall, nos Estados Unidos, uma
evolução, o aluno deficiente visual, não mais escreveria da direita para esquerda,
como a reglete, no momento em que utilizasse as seis teclas para a produção do
sistema Braille, teria condições de ler e escrever simultaneamente (SONZA, 2011).
As máquinas de datilografia Braille são equipamentos mecânicos de princípio
semelhante ao das máquinas de escrever comum. Diferentemente da reglete, são
produzidos da esquerda para a direita, podendo ser lido sem a retirada do papel da
máquina. Pedagogicamente, a máquina é um facilitador para a criança no momento
em que está no processo de ensino aprendizagem, alfabetização, pelo fato de
permitir a grafia de vários pontos de uma só vez, ou seja, de símbolo em símbolo
(SONZA, 2011).
Atualmente, utiliza-se a máquina de escrever Perkins – nome em homenagem
ao Professor David Abraham Perkins.
41
Figura 7- Máquina de Datilografia Braille - Perkins
Fonte: ESPERANÇA, 2000
Figura 8 - Máquina Braille Tetrapoint
Fonte: ESPERANÇA, 2000
Os avanços tecnológicos continuam e, para minimizar a dificuldade de
aprendizagem, surgem alguns recursos que irão auxiliam e permitir a realização de
tarefas simples, escolares, e ampliar a possibilidade ao acesso ao mercado de
trabalho, informação, cultura e à educação. Todo esse acesso tem objetivo de
42
aumentar a acessibilidade de aprendizagem e, assim, contribuir para seu
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor, como, por exemplo, o
sistema DOSVOX, NVDA, JAWS, Virtual Vision. Alba (2006) afirma que tais recursos
são em geral chamados de ajudas técnicas. Sua definição encontra-se no Decreto
n. 3.298, art. 19, parágrafo único, assim como no documento Portal de ajudas
técnicas para educação:
[...] os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade. (BRASIL, 1999).
Em relação às ajudas técnicas, e de acordo com o Comitê de Ajudas
Técnicas da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (CORDE/SEDH/ PR, 2007), essa expressão, empregada por Alba (2006)
aparece no Decreto n. 3.298, conforme citado acima, e essa terminologia, de acordo
com Lima Junior e Santana (2010), surge do conceito de Tecnologia Assistiva (TA)
que é:
[...] uma área de conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada a atividade e participação de pessoas com deficiência, incapazes ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (LIMA JÚNIOR; SANTANA, 2010).
Esse conceito extrapola a concepção de recursos e serviços e agrega outra
característica, ou seja, a criação de ambientes e processos de aprendizagem mais
acessíveis, que promovem maior independência, mobilidade, qualidade de vida e
participação das pessoas com deficiência, auxiliando na construção das relações
interpessoais de modo ativo e engajado.
Nesse contexto, três grupos são classificados: ferramentas para o
processamento da informação; ferramentas para permitir o acesso diversificado ao
computador; e ferramentas para diversificar os formatos de saída da informação. O
primeiro grupo no qual foi nomeado – ferramentas para o processamento da
informação – o computador é adequado às necessidades das pessoas com
deficiência para ajudá-las na sua aprendizagem e formação, apresentando dois
recursos: programa-padrão e programas de funcionamento. Este último “permite
adequar o funcionamento do processador e de outros programas às necessidades
43
específicas de cada pessoa”, podendo ser subdividido em: programas para a
personalização ou programas transparentes, e programas para a comunicação
(ALBA, 2006, p. 146).
Segundo Ramires et al (2013, p. 447) uma das características da TA é que as
ajudas técnicas devem ser entendidas como “recurso do usuário”, e não como
“recurso do profissional”. Afirmam também que o termo é relativamente novo e se
refere a recursos que contribuem para “proporcionar ou ampliar habilidades
funcionais da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, com o propósito
de promover a inclusão e independência destes.”
Segundo Bersch (2008), as TAs podem ser conceituada como um conjunto de
artefatos tecnológicos que busca proporcionar a pessoa com deficiência mais
qualidade e possibilidade de inclusão social. Elas são classificadas de inúmeras
maneiras, e uma importante classificação internacional de recursos assistivos é
definida pela Internacional Organization for Standardization (ISO).
Santarosa (2007) afirma que muitas TAs são implementadas como sistemas
computacionais, classificando-as em quatro áreas:
a) Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) utilizadas para controle
do ambiente: possibilitam à pessoa com deficiência comandar
remotamente aparelhos eletrônicos, acender e apagar as luzes de casa,
tendo assim uma independência nas atividades diárias de qualquer ser
humano. Exemplo: balança adaptada em braile ou Balança falante8,
eletrodomésticos acionados por comando de voz, equipamentos com
alertas visuais e sonoros simultâneos, entre outros;
b) TICs como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: utilizadas
por PNEs para se comunicarem. Exemplos: Sistemas Alternativos e
Aumentativos de Comunicação (SAAC)9;
c) TICs como meio de inserção no mundo do trabalho profissional. Exemplo:
8 Instrumentos de precisão para a cozinha. A balança adaptada em Braille apresenta peso para
deficientes visuais em braile. Já a balança falante, possui uma pequena tela de LCD onde o peso é mostrado e verbalizado em português. (BRASIL, 2008).
9 SAAC são recursos capazes de proporcionar possibilidades de comunicação e interação através de
dispositivos de mensagens simples e múltiplas, como digitalização de voz, sistemas gráficos, utilização pranchas de comunicação, comunicadores de diversos tipos, e até computadores com software que permita a construção de quadros de comunicação e digitalização de voz. Dividem-se em: 1) Sistemas que não precisam de ajuda externa - o indivíduo usa o próprio corpo através de sinais; 2) Sistemas que necessitam de ajuda - utilizam-se recursos para transmitir e receber mensagens através de objetos. A comunicação alternativa pode ser feita utilizando diferentes signos.. (TETZCHNER; MARTINSEN, 2000).
44
Estojo de Costura ILA10;
d) TICs como ferramentas ou ambientes de aprendizagem: proporciona a
possibilidade de aprendizado através de uma ferramenta ou um ambiente
de aprendizagem. Exemplo: DOSVOX (leitor de tela), Calculadora
Científica Falante11.
Nesses aspectos citados, as TAs foram consideradas como um agente que,
por um lado, se adapta às necessidades das pessoas com deficiência visual e, por
outro lado, possibilita a interação desses sujeitos com o meio de trabalho
acadêmico, contribuindo para a igualdade de oportunidade para todos.
Dando continuidade, surge um novo mundo para as pessoas deficientes
visuais, cegas e com baixa visão. Exemplo são os telefones celulares com
acessibilidade, isto é, conseguem fazer a leitura de todo os componentes que estão
instalados no celular. Os computadores com seus leitores de tela12 trouxeram
oportunidades, como no acesso às informações escritas por meio de livros
eletrônicos, livros em áudios, na educação, fazer o ensino superior pela Educação à
Distância (EaD), entre outros.
Esses leitores de tela para a comunicação permitem que a pessoa com
deficiência visual possa interagir com o computador por meios sonoros, sendo um
dos principais recursos tecnológicos desse programa os sintetizadores de voz. A
definição apresentada por Alba é a seguinte:
São programas que permitem a conversão de um texto à voz, voz a voz e geradores de voz. Traduzem cada sinal gráfico em um som ou registram ou geram sons, de tal forma que proporcionam um vocabulário ou repertório praticamente ilimitado. (ALBA, 2006, p. 143).
O sistema DOSVOX, possibilita a comunicação com o usuário, pessoa cega,
mediante síntese de voz, viabilizando um alto grau de independência no estudo e
nas atividades cotidianas. Tecnicamente, o sistema DOSVOX permite a pessoa com
10
Estojo de costura à mão que apresenta um sistema de separados identificados, que podem ser rotulados em braile. (BRASIL, 2008).
11 Cada tecla pressionada é falada simultaneamente que é exibida no painel de LCD, e o sistema de
aprendizado permite a identificação das teclas sem interromper um cálculo em andamento. O resultado também é falado enquanto mostrado no painel. (BRASIL, 2008).
12 Programas de software que convertem texto em voz sintetizada e as pessoas cegas são capazes
de ouvir o conteúdo. Estes programas são geralmente chamados Leitores de tela, apesar de fazerem um pouco mais do que simplesmente ler a tela. Leitores de tela permitem aos usuários navegar pelo conteúdo da Web de muitas maneiras. (LEITORES de tela transformam textos de computadores em áudio, 2015).
45
deficiência visual utilizar-se de um computador comum, com uma comunicação
amigável e de uso simples. O ambiente apresenta uma série de aplicativos, podendo
ser concebido como um recurso tecnológico importante para o processo
ensino/aprendizagem, inclusão social e digital desses sujeitos (PROJETO DOSVOX,
2012).
Figura 9 – Página principal do DOSVOX
Fonte: PROJETO DOSVOX, 2015
Segundo Barbosa (2013), esse sistema foi idealizado por José Antônio
Borges, na década de 90, desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, juntamente com Marcelo Pimentel,
46
deficiente visual, cego, estudante de informática, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Devido a sua dificuldade de acesso aos materiais didáticos, utilizou dessa
tecnologia brasileira para adequá-la inicialmente às suas necessidades e
posteriormente às das pessoas com deficiência visual na vida acadêmica e na
sociedade.
Barbosa (2013) afirma que esse sistema funciona com um sintetizador de voz
com licença gratuita, que permite a conversão de informações textuais em áudio,
auxiliando-os na compreensão e no consequente desenvolvimento das atividades. O
sistema é composto por diversos aplicativos que permitem a realização de
operações cotidianas no computador, possibilitando a aprendizagem, a autonomia e
melhor qualidade de vida, viabilizando a inclusão sociodigital e educacional desses
sujeitos.
Nesse percurso, temos a inclusão digital. Pereira (1980) afirma que a inclusão
é um processo em que as pessoas com e sem deficiência participam e gozam dos
mesmos direitos e deveres de interagir com os constantes avanços da ciência,
mediante o uso de ferramentas tecnológicas (computador, celular, internet)
existentes numa sociedade cada vez mais afirmada por essas tecnologias. A ideia
principal da inclusão digital para esse autor não é apenas dominar tecnicamente as
ferramentas existentes (em especial o computador). É ir além da informação. É
usufruir da capacidade de extrair conhecimento dessas tecnologias, saber usá-las de
forma questionadora, reflexiva e crítica.
Já o autor Rondelli (2003, p. 1) define a inclusão digital como a “[...]
aprendizagem necessária ao indivíduo para circular e interagir no mundo das mídias
digitais, como consumidor e produtor de seus conteúdos e processos.” Desse modo,
ao mesmo tempo em que propicia o acesso à informação, a inclusão digital requer
que as pessoas com ou sem deficiência apresentem habilidades e competências
para lidar com a informação disponibilizada, gerando e compartilhando
conhecimentos de forma reflexiva. Assim, tais usuários devem assumir uma postura
não apenas de consumidores de informação, mas de protagonistas, abrindo
caminhos para a inclusão e o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária.
Outro software utilizado é o Virtual Vision, um leitor de tela lançado pela
empresa MicroPower, brasileira, que permite aos deficientes visuais acessar com
autonomia o ambiente Windows, o Office, Internet Explorer entre outros aplicativos,
47
“varrendo” os programas dos computadores em busca de informações que podem
ser lidas pelos deficientes visuais, possibilitando a navegação por menus, telas e
textos.
Figura 10 – Página principal Virtual Vision
Fonte: http://www.virtualvision.com.br (2015)
Um dos softwares considerado como um o melhor leitor de tela é o Jaws,
acrônimo para Job Access With Speech. Foi criado em 1989 por Ted Henter, um
ex-corredor de moto que havia perdido a visão em um acidente de trânsito. Esse
software é distribuído pela Freedom Scientific, uma empresa americana que
disponibiliza esse leitor de tela por cerca de mil dólares, valor inviável para os
deficientes visuais adquirirem e utilizarem no seu dia a dia. Atualmente o Jaws está
na 17ª versão, permitindo a navegação nos programas do computador,
sintetizadores de voz para 20 idiomas, suporte para o Office atual e na internet.
48
Figura 11 – Página principal JAWS
Fonte: http://www.freedomscientific.com/Products/Blindness/JAWS, (2015)
O leitor de tela NVDA, acrônimo para Non Visual Desktop Access, que
significa “acesso não visual à área de trabalho”, foi desenvolvido em 2006, pelo
australiano Michael Curran, o Mick, um jovem estudante de Ciência da Computação,
que, por ser cego, se viu obrigado a comprar uma licença do Jaws. Devido ao alto
custo desse software poucas pessoas deficientes visuais conseguiam ter a mesma
igualdade e oportunidade de acesso a esse produto, além do fato de que a área
educacional e o mercado de trabalho não iriam assumir os gastos com um produto
deste valor.
Figura 12 – Página principal NVDA
Fonte: http://www.nvda.pt/pt-pt/downloads, (2015)
49
Além da versão para instalação, o software possui também uma versão para
viagem, que pode ser executada de um CD ou Pen Drive. A última versão é a NVDA
2015.3.
O NVDA é escrito na linguagem de programação Python e é construído em
módulos, permitindo que a maior parte de seu código seja facilmente expandida com
a finalidade de suportar novos programas e/ou controles no Windows. Para
comunicar-se com o sistema operacional e com os programas, o NVDA utiliza uma
variedade de funções do sistema operacional como Microsoft Active Accessibility
(MSAA), Accessible 2, Java Access Bridge e interfaces de programação específicas
dadas por certos aplicativos. Além disso, o NVDA não utiliza driver de interceptação
de vídeo, evitando maiores conflitos com software/hardware do computador.
O NVDA, por ser uma tecnologia livre, código aberto, está coberto pela
General Public License/Versão 2 (GNU), permite ser desenvolvido constantemente,
livre para partilhar ou alterar este programa da forma que desejar desde que
distribua sempre a licença, dia após dia, por várias pessoas cegas do mundo.
Entre os leitores de tela apresentado na pesquisa, a opção foi o software
NVDA. Além de os alunos deficientes visuais utilizarem-no em seu cotidiano, o
software tem sempre atualizado sua versão do leitor de tela nos computadores dos
laboratórios, nos cursos, biblioteca, em fim em toda a estrutura da universidade.
Figura 13 – Ícone da barra de tarefas - NVDA
Fonte: http://www.nvda.pt/pt-pt/downloads, (2015)
A partir do NVDA, houve possibilidade também de verificar ou validar se os
materiais didáticos de EaD estavam acessíveis aos alunos deficientes visuais. O
50
Quadro 2 apresenta os leitores de tela e suas diferenças, relacionando seus
produtores, funcionalidade, indicações de uso e comentários.
51
Quadro 1 - Quadro Comparativo dos Leitores de Tela
FERRAMENTA PRODUTOR FUNCIONALIDADE INDICAÇÕES COMENTÁRIOS
DOSVOX Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/
Programa que lê o conteúdo da tela através da síntese de fala. Interativo
Para uso das pessoas com deficiência visual com cegueira ou com baixa visão
É gratuito. Seus criadores consideram-no como um Sistema Operacional que contempla os elementos necessários a proporcionar uma interface com o usuário: - Sistema de síntese de fala; - Editor/leitor de texto; - Impressão de textos; - Formatado também para o Sistema Braille; - Programas gerais, como jogos de caráter didático, lúdico; - Ampliador de tela; - Programa de auxílio à educação das crianças com deficiência visual; - Programas sonoros para acesso à Internet, como leitor de e-mail, web, terminais de Telnet; - Leitor simplificado de telas para Windows;
JAWS Freedom Scientific Blind Freedom http://www.freedomscientific.com/ fs_products/software_jaws.asp
Software que lê o conteúdo da tela através de síntese de fala
Para uso das pessoas com deficiência visual, cegueira.
É pago e seu custo é muito alto. É o mais popular leitor de tela do mundo. Opera de forma rápida e com identificação ampla de vários ícones, menus e janelas do Windows este software é capaz de processar leitura integral, durante a utilização do Windows e demais programas da Microsoft.
VIRTUAL VISION
Criado em 1995 pela MicroPower. http://www.micropower.com.br/v3 /pt/acessibilidade/vv/index.asp
Software que lê o conteúdo da tela através de síntese de fala
Para uso das pessoas com deficiência visual, cegueira.
É pago. Leitor de tela que pode ser utilizado em diversas versões do Windows, possuindo um módulo de treinamento. É considerado autoexplicativo. Sua voz é robotizada.
Non Visual Vision Desktop Acess (NVDA)
Michael Curran, australiano, no ano de 2006 http://www.nvdaproject.org/download.html
Software que lê o conteúdo da tela através de síntese de fala
Para uso das pessoas com deficiência visual, cegueira.
O leitor é gratuito e de código aberto, de modo a facilitar a disponibilidade do mesmo e o acesso de qualquer pessoa aos mesmos sistemas dos demais leitores de tela sem custos adicionais; o leitor deve ser licenciado de modo a que qualquer pessoa capaz do mundo possa contribuir para a melhoria e aperfeiçoamento deste, como adaptá-la a necessidades específicas e redistribuí-lo se for o caso; o leitor deve sempre permanecer aberto a novas ideias, sugestões e experimentos providos de todas as partes do mundo, afim de não limitar-se ao que já foi tentando nos
52
produtos comerciais similares; o leitor deve, na medida do possível, seguir um “design” de fácil entendimento para programadores iniciantes, sem deixar de oferecer uma arquitetura poderosa e flexível ao máximo, que permita melhorar e implementar mais recursos e portar o programa para outros dispositivos e sistemas proprietários, quando for o caso. (Uliana, 2008, p.02)
Fonte: Projeto de Acessibilidade Virtual, Leitores de Tela, (2015)
53
Pensar na perspectiva dos alunos deficientes visuais utilizando o leitor de tela
NVDA, para a leitura, edição de textos, cálculos, agendas, navegação na internet,
correio eletrônico, jogos, entre outras tarefas nos cursos presenciais e na EaD,
significa uma possibilidade para inclusão nas mais diversas atividades, incluindo
comunicação, aprendizagem e trabalho. Com o uso desse leitor de tela, o deficiente
visual passa a ter maior acesso à informação, independência e a possibilidade de
fazer as leituras interagindo de modo autônomo.
Cobo, Rodriguez e Bueno argumentam essa discursam pontuando que:
O desenvolvimento e, sobretudo, a aprendizagem ocorrem como resultado de uma interação na qual intervêm os sentidos, o sistema motor e os sentimentos da criança com as pessoas e os objetos que a rodeiam. Essa interação possibilita a construção dos processos cognitivos, propiciando a ativação da aprendizagem. (COBO; RODRIGUEZ; BUENO, 2003, p. 129).
No próximo capítulo será tratado o acesso ao ensino superior das pessoas
com deficiência visual na educação à distância, como acontece a produção de
materiais didáticos, no momento em que os discentes utiliza o leitores de tela,
NVDA, se esses são acessíveis.
54
4 INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
VISUAIS POR MEIO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TICs)
Sabe-se que as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC)
têm se tornado, de forma crescente, importantes instrumentos de nossa cultura, e
sua utilização, um meio concreto de inclusão e interação no mundo (LEVY, 1999).
As TICs podem ser utilizadas como tecnologia assistiva, sendo um facilitador para as
pessoas com deficiência visual, trazendo-lhes autonomia, independência, um
espaço de oportunidades variadas, no caso o ensino superior.
4.1 Conceito de educação a distância e seu aspecto histórico
Ao se falar do acesso da pessoa com deficiência visual no ensino superior,
verifica-se a necessidade de trabalhar a temática relacionada à acessibilidade e à
educação a distância como forma adequada de acesso para o deficiente visual.
Em relação à educação à distância, verifica-se que nos últimos anos, vem
sendo utilizada cada vez mais em universidades, instituições públicas e privadas no
Brasil e no mundo. De acordo com o Ministério da Educação, no Decreto n. 2.494,
de 10/02/1998:
Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (BRASIL, 1998).
No Projeto de Informática na Educação, do Estado de Minas Gerais,
encontra-se outra definição:
A Educação a Distância é o processo capaz de permitir o acesso à aprendizagem, quando a fonte da informação (e/ou controle do curso) e o aluno estão separados pelo tempo e/ou distância. Na ED clássica o meio de comunicação usual é a utilização de correspondência via correio. Novas tecnologias estão viabilizando a ED no meio digital, em especial, utilizando redes como a Internet ou as Intranets. (SARAIVA, 1998, p. 9).
55
Peters, ao analisar o ensino a distância, diz que nessa modalidade de ensino
[...] evidencia-se uma afinidade especial com o ensino aberto. Ele é tendencialmente igualitário, ajuda a realizar igualdades, baseia-se em grande parte na atividade própria de estudantes autônomos, está mais relacionado com a prática da vida e da profissão e, nos centros de estudo, enfatiza maior interação e comunicação. (PETERS, 2001, p. 83).
Belloni (2006), explica que EaD é adequada e desejável para atender às
demandas educacionais recentes que têm surgido. Já Oliveira (2008), afirma que a
EaD redimensiona a noção de tempo e espaço do modelo tradicional da educação,
em que o tempo diz respeito a singularidade e diversidade de cada aprendiz.
Apontando outros aspectos, Litto define que:
Educação a Distância é um sistema de aprendizagem, no qual o aluno está distante do professor ou da fonte de informação em termos de espaço, ou tempo, ou ambos, durante toda ou a maior parte do tempo da realização do curso ou da avaliação do conhecimento, sempre utilizando meios de comunicação convencionais (como material impresso, televisão e rádio) ou tecnologias mais novas, para superar essas barreiras, tendo, atrás de si, uma ou mais Instituições de apoio responsáveis por seu planejamento, implementação, controle e avaliação. (LITTO, 1999).
4.2 Acessibilidade e usabilidade em ambientes virtuais
Outro fator relevante para a questão da educação a distância, tecnologia
assistiva, refere-se aos termos acessibilidade e usabilidade. O autor Bevan (1995
apud CATAPAN et al., 1999) refere-se à usabilidade como a qualidade do uso de
uma interface, enquanto que Nielsen (1993) acredita que uma interface mais usável
deve preencher alguns requisitos, como facilidade no aprendizado e na execução de
tarefas, memorização, velocidade nas interações com o ambiente, e apresentar uma
quantidade mínima de problemas.
Essas interfaces, que são consideradas mais usáveis, são fundamentais para
o desenvolvimento, em se tratando dos ambientes virtuais de aprendizagem. Os
ambientes virtuais de aprendizagem se constituem de espaços que promovem a
construção do conhecimento, mediado pelas ferramentas síncronas e assíncronas13,
13
SÍNCRONO: Aquele que permite a comunicação entre duas ou mais pessoas em tempo real. Neste caso, as pessoas precisam estar conectadas de alguma forma. Exemplos: no chat, no telefone, na videoconferência. ASSÍNCRONO: Permite o debate de temas, com a inclusão de
56
e são desenvolvidos em software livre, como Moodle, Teleduc, ou proprietário, como
WebCT, Blackboard, entre outros.
Em consequência da evolução dos recursos computacionais, houve o
surgimento e o acréscimo de diversas tecnologias na construção das interfaces.
Esse avanço trouxe um forte apelo visual para possibilitar uma maior interatividade
com o usuário. Em se tratando dos ambientes virtuais, esse apelo é, sem dúvida,
uma ferramenta estratégica para aprofundar as relações pedagógicas. As mesmas
inovações tecnológicas, contudo, podem estar de alguma forma inviabilizando a
navegação pela dificuldade de encontrar a informação desejada, comprometendo o
acesso ao conteúdo pela utilização inadequada de recursos multimídias.
O uso de tecnologias diversas pode implicar a incompatibilidade de hardware
ou software (browser), podendo criar obstáculos para o desenvolvimento de suas
atividades rotineiras, de acordo com Winckler e Pimenta (2002).
Segundo a ONU (1990), acessibilidade é a “possibilidade de acesso,
processo de conseguir igualdade de oportunidade em todas as esferas da
sociedade". Do ponto de vista tecnológico, é uma ferramenta, recurso, equipamento
que pode ser utilizada por qualquer pessoa, independentemente da sua condição
social, educacional, sensorial, cognitiva.
Quando a questão é internet, a acessibilidade é vista “pela flexibilidade da
informação e interação relativamente ao respectivo suporte de apresentação,
permitindo sua utilização por indivíduos com necessidades especiais, em diferentes
ambientes e situações, através de diferentes equipamentos e navegadores.”
(FUKUMORI; PEREIRA, 2015).
Para Godinho, o conceito de acessibilidade apresenta as seguintes
perspectivas:
- O termo "Utilizadores" significa que nenhum obstáculo é imposto ao indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais.
- O termo "Situação" significa que o sistema é acessível e utilizável em diversas situações, independentemente do software, comunicações ou equipamentos.
- O termo "Ambiente" significa que o acesso não é condicionado pelo ambiente físico envolvente, exterior ou interior. (GODINHO, 1999).
opiniões em qualquer tempo, não sendo necessário que os alunos estejam conectados simultaneamente, como na comunicação síncrona. Como exemplo, podemos citar correspondência, e-mail, aulas gravadas etc. (GOMES, 2011).
57
Para representar a acessibilidade, foi criado um símbolo de acessibilidade14
(Figura 14). No momento em que o símbolo está inserido no site esse pode estar
acessível, porém isso não garante que seja realmente acessível às pessoas
deficientes, no caso os deficientes visuais.
Figura 14 - Símbolo de Acessibilidade na Web
Fonte: http://www.acessibilidade.net, (2015)
No mundo digital, a construção de páginas Web cada vez mais acessíveis é o
alvo da maioria das grandes instituições governamentais e privadas. Isso repercute
positivamente por uma maior preocupação no desenvolvimento de ambientes que
sigam os padrões de acessibilidade, como forma de estimular a inclusão,
principalmente dos deficientes visuais, uma vez que estes pertencem à maior
parcela de pessoas com algum tipo de deficiência física, sensorial e/ou cognitivas.
4.3 Aspecto histórico do padrão de acessibilidade
Ainda convém lembrar que para compreender toda relação acima citada, da
educação à distância, usabilidade, acessibilidade e a pessoa com deficiência visual,
faz-se necessário trazer o conhecimento sobre as Diretrizes Web Content
Acessibilility Guidelines (W3C, 1999), “que define a acessibilidade da web como
garantia que pessoas com deficiência possam perceber, entender, navegar,
interagir, além de poder contribuir para a web”. Disponibilizaram-se, pelo Word Wide
Web Consortium (W3C)15, todos os elementos gráficos, animações, entre outros,
associados a descrições textuais que podem ser acessadas pelos softwares
14
De propriedade do CPB/WGBH National Center for AccessibleMedia (NCAN) . A NACAM é um centro de pesquisa nos Estados Unidos por 25 anos, um dos principais defensores e pioneiro no desenvolvimento de mídia e tecnologias da Informação acessível para pessoas com necessidades Especiais.
15 W3C é um consórcio internacional em que organizações filiadas, uma equipe em tempo integral
e o público trabalham juntos para desenvolver padrões para a web. (W3C BRASIL, 2013).
58
apresentados no quadro anterior, isto que dizer, que apesar de todo avanço
relacionado à tecnologia para as pessoas com deficiência visual, os sistemas
computacionais ainda não apresentam soluções para a leitura dos elementos
citados.
De acordo com o W3C, para trabalhar na web, no caso aqui estudado com
produção de materiais didáticos na EaD, o uso de texto alternativo/descrição textual
é o princípio na acessibilidade, pois os sistemas atuais, leitores de tela, não
possuem a capacidade de análise de imagens.
Diante das Recomendações de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG)
2.0, Recomendação W3C de 11 de dezembro de 2008, citam-se algumas
considerações importantes e imprescindíveis para este trabalho e que estão
descritas no manual de recomendação. São elas:
a) Conteúdo Não Textual: todo o conteúdo não textual que é apresentado ao
usuário tem uma alternativa em texto que serve um propósito equivalente.
b) Controles, Entrada: se o conteúdo não textual for um controle ou aceitar a
entrada de dados por parte do usuário, então dispõe de um nome que
descreve a sua finalidade.
c) Mídias com base no tempo: se o conteúdo não textual corresponder a
mídia baseada no tempo, então as alternativas em texto fornecem, no
mínimo, uma identificação descritiva do conteúdo não textual.
d) Teste: se o conteúdo não textual for um teste ou um exercício, inválidos se
apresentados em texto, então as alternativas em texto fornecem, no
mínimo, uma identificação descritiva do conteúdo não textual.
e) Sensorial: se a finalidade do conteúdo não textual for, essencialmente,
criar uma experiência sensorial específica, então as alternativas em texto
fornecem, no mínimo, uma identificação descritiva do conteúdo não textual.
f) CAPTCHA: se a finalidade do conteúdo não textual for confirmar que o
conteúdo está sendo acessado por uma pessoa e não por um computador,
então são fornecidas as alternativas em texto que identificam e descrevem
a finalidade do conteúdo não textual, e são fornecidas as formas
alternativas do CAPTCHA que utilizam modos de saída para diferentes
tipos de percepção sensorial, para atender diferentes incapacidades.
59
g) Decoração, Formatação, Invisível: se o conteúdo não textual
for meramente decorativo, for utilizado apenas para formatação visual, ou
não for apresentado aos usuários, então é implementado de uma forma
que pode ser ignorada pelas tecnologia assistivas (W3C, 1999).
Como a WCAG é formada por 14 diretrizes de acessibilidade e cada item
possui um ou mais pontos verificação– mas cada ponto tem um nível de prioridades
(W3C, 2005) –, é baseado no seu impacto sobre a acessibilidade, apresentadas a
seguir, a descrição sobre o objetivo de cada nível, os pontos positivos e os negativos
da não verificação de cada requisito.
a) Prioridade 1: pontos que os criadores de conteúdo Web devem satisfazer
inteiramente. Se não o fizerem, um ou mais grupos de usuários ficarão
impossibilitados de acessar as informações contidas no documento. A
satisfação desse tipo de pontos é um requisito básico para que
determinados grupos possam acessar documentos disponíveis na Web.
b) Prioridade 2: pontos que os criadores de conteúdo
Web deveriam satisfazer. Se não o fizerem, um ou mais grupos de
usuários terão dificuldades em acessar as informações contidas no
documento. A satisfação desse tipo de pontos promoverá a remoção de
barreiras significativas ao acesso a documentos disponíveis na Web.
c) Prioridade 3: pontos que os criadores de conteúdo Web podem satisfazer.
Se não o fizerem, um ou mais grupos poderão se deparar com algumas
dificuldades em acessar informações contidas nos documentos. A
satisfação deste tipo de pontos irá melhorar o acesso a documentos
armazenados na Web. (W3C, 2005).
60
4.4 Materiais didáticos acessíveis e a utilização do leitor de tela baseado na
usabilidade/acessibilidade
Segundo os dados do Censo de 2010, no Brasil, com o elevado número de
deficientes, as barreiras de acessibilidade educacional são evidenciadas no
momento em que os alunos estão inseridos na educação superior. Na EaD, uma das
dificuldades encontradas estão vinculadas aos recursos das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDIC), que incluem o ambiente virtual de aprendizagem
(AVA) e a produção do material didático.
Para entender melhor sobre os materiais didáticos acessíveis e a utilização do
leitor de tela baseado na usabilidade/acessibilidade, buscou-se em Machado (2011)
que a educação a distância e sua relação com a educação inclusiva do deficiente
visual é uma forma de contribuição para o processo de crescimento da sociedade.
Esse fato vem sendo fundamental para o avanço da sociedade contemporânea na
luta contra a discriminação, pois auxilia na valorização e inclusão das pessoas com
deficiência visual, aumentando suas possibilidades de desenvolvimento profissional,
produtivo e promovendo sua integração social mais digna (MACHADO,
2011, p. 114).
Desenvolver mecanismos, estratégias que diminuam a desigualdade entre as
pessoas que enxergam e as deficientes visuais, perpassa pela questão de materiais
didáticos acessíveis e inclusão digital, que irão transformar a aprendizagem dessa
pessoa em significado real, facilitando o processo de ensino aprendizagem na vida
educacional do aluno.
No entanto, os desenvolvedores Web, devem preocupar-se com as seguintes
regras básicas de acessibilidade e que constam na W3C e que serão citadas na
íntegra (GAMALEIRA, 2001):
a) Mecanismos de Navegação: deve-se utilizar recursos padrão, se possível,
fazendo com que os mesmos apareçam no mesmo lugar em cada nova
página exibida, como por exemplo: Barra de menu de navegação; o
conteúdo principal da página; Anúncios e navegação. A página deve ser
também navegável pela tecla TAB, mantendo uma estrutura lógica de
navegação. Pois assim, não só usuário cego, como também, aqueles com
61
visão normal, será capaz de localizar mecanismos de navegação mais
facilmente e permitirá encontrar mais facilmente conteúdos importantes.
b) Imagens e animações – ao utilizar imagens, deve-se utilizar sempre a
propriedade <ALT= “descrição”> do elemento imagem <IMG>. Assim, o
programa leitor de tela ao encontrar uma imagem lê o texto informado
nessa propriedade.
c) Mapas de Imagens – Nos hiperlinks gerados por mapas de imagem
<MAP>, além de utilizar o atributo <ALT= “descrição”>, do elemento <
IMG> deve-se utilizar o atributo <TITLE=”descrição”> em cada hiperlink
d) Descrição textual do site - Se possível, deve-se criar um link para uma
página HTML puro de uma descrição textual a da formatação da página.
Deve-se ainda colocar o link como primeiro objeto a receber foco na
página.
e) Título da página – Deve-se incluir sempre o título significativo para a página
utilizando o marcador <TITLE> no nome da página </TITLE> no cabeçalho
da página. </TITLE>. Esta será a primeira informação a ser lida quando a
pagina for carregada.
f) Enlaces de Hipertextos – No hiperlink texto, deve-se utilizar sempre
palavras significativas. Utiliza o atributo <TITLE= “descrição”> do marcador
<A> caso seja necessário dar mais clareza sem prejudicar o layout da
página.
g) Formulários - Em objetos de formulário, como por exemplo, caixa de texto,
utiliza-se o marcador <LABEL>. Pois, esse marcador fará com que o título
do objeto seja falado com mais precisão.
h) Evento do Mouse - Deve-se usar “onclick” com onkeypress, “onmouseover”
com “onfocus” , “onmouseout” com “onblur” . Já que com certeza vai haver
necessidade da não utilização do mouse em certos eventos.
i) Expressões sem contexto - Expressões como: Click aqui, saiba mais e etc.,
como hiperlink não terá muito sentido se a frase não fizer parte deste
hiperlink, principalmente se esta expressão aparecer em vários locais ao
mesmo tempo.
j) Macros (frames) – Alguns leitores de tela não interpretam Frame, sempre
que for necessário que eles apareçam na página deve-se utilizar o
62
marcador <NOFRAME> provendo uma página alternativa de navegação.
Para Leitores de tela que trabalham no ambiente Windows, a utilização de
frame não é proibida. Porém, deve-se utilizar no máximo duas janelas e
informar da existência do mesmo.
Na instituição particular pesquisada, nos ambientes virtuais, o aluno interage
sistematicamente com os professores/tutores, tem apoio nos materiais didáticos,
inovações tecnológicas na área da comunicação e informação a uma orientação
pedagógica e didática adaptada a EaD.
Em relação aos materiais didáticos, a maioria não está acessível para os
alunos deficientes visuais que estão matriculados nos cursos ou em disciplinas
isoladas. Pelo fato de não existir uma preparação nesses materiais. Esses são
produzidos para aqueles que enxergam e não tem nenhuma dificuldade visual.
Dessa maneira traz no processo de leitura, no aprender a aprender, significado
quando o professor/tutor dá condições necessárias para desde a compreensão dos
conteúdos atribuídos ao distanciamento entre suas possibilidades de acesso às
informações expostas até a questão da apropriação do conhecimento dos alunos,
diminuindo efetivamente as dificuldades que esses adquirem.
Os conteúdos que são disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem,
como atividades, textos, documentos, livros geralmente estão protegidos para cópia
e para leitura por ter sido convertido no formato PDF/imagem. Dessa forma, os
alunos deficientes visuais, apesar de ter acessibilidade no momento em que acessa
o site e interage com o portal da instituição, o conteúdo programático não é
acessível.
Para que possam participar efetivamente no AVA será necessário
acessibilidade na produção de materiais didáticos, exercícios, provas, para que os
alunos deficientes visuais possam ter as mesmas condições de equidade
educacional.
Partindo da perspectiva inclusiva, isto é, igualdade para todos, a educação a
distância deve ser pensada de uma maneira a criar mecanismos e alternativas de
ensino e aprendizagem; pensar e repensar sua prática, suas estratégias, suas
metodologias, assim como nos recursos tecnológicos e humanos, pois a “inclusão
trazida no contexto da educação está propiciando acaloradas discussões em toda a
63
comunidade escolar, seja de entusiasmo e encantamento seja de temor e
desconfiança” (OMETE, 2004, p. 300).
O projeto político pedagógico (PPP) será primordial neste contexto quando
esse assume as diretrizes curriculares do curso e base do processo de ensino
aprendizagem e propõe um olhar diferenciado a alunos deficientes que estão
matriculados na EaD.
A educação a distância deve ser vista para esse aluno como forma de
desfrutar os mesmos direitos e deveres que as pessoas que enxergam. Ter acesso
ao conhecimento para o discente em questão é possibilitar seu aprendizado por
meio dos sentidos remanescentes como a audição e o tato. Garantir ao discentes o
acesso e a permanência e acima de tudo a construção do conhecimento científico é
função da universidade.
Entretanto, para que isso aconteça de forma que exista acessibilidade e
usabilidade, é necessário que se desenvolva materiais digitais para a educação a
distância de uma maneira a pensar em um espaço interativo de ensino de
aprendizagem, proporcionado pelas tecnologias da informação e comunicação.
Esses espaços podem ser importantes instrumentos de mediação pedagógica,
potencializando processos de aprendizagem e desenvolvimento humano, por meio
da inserção em ambientes cognitivos e sociais compartilhados em rede.
Segundo a autora Vianna (2006), para que exista qualidade na EaD, é
necessário interação entre professor/tutor/aluno e o ambiente de aprendizagem e
materiais didáticos acessíveis a todos os alunos, sem necessidade de adequação
posterior.
Flexibilizar esse processo no momento da produção de materiais didáticos é
realmente possibilitar inclusão digital e social para os alunos deficientes visuais.
Nesse sentido, a utilização dos recursos tecnológicos compatíveis, leitores de tela,
como o NVDA, irá propiciar a leitura, estudo desses materiais didáticos de forma a
agregar a cidadania e de acordo com as políticas governamentais de inclusão digital.
Nessa perspectiva, e para entender se realmente, o material didático é acessível, é
necessária a validação de acessibilidade, ou seja, verificar se o material
disponibilizado está adequado e atende aos padrões de acessibilidade.
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Existem vários avaliadores de acessibilidade, entre eles o Da Silva16, um
software validador automático que detecta um código HTML, linguagem baseada em
hiperdocumentos. No momento em que faz análise do conteúdo escolhido, o
avaliador, aponta os pontos positivos e negativos de acordo com as regras e normas
das Diretrizes da W3 e WACG.
Ao analisar os textos, documentos dos alunos deficientes visuais matriculados
na EaD, optou-se por usar as regras de acessibilidade do WACG. Isso se dá pelo
fato dos princípios de acessibilidade preconizados pela Lei Federal de
Acessibilidade, Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelecer normas
gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com
deficiência ou com mobilidade reduzida, possibilitando que mais pessoas acessem
as informações ou serviços.
No momento em que o site estiver de acordo com as normas e regras de
acessibilidade, selos são apresentados na página do site pesquisado.
Figura 15 - Selo de garantia após os testes do DaSilva
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br, (2015)
Ferramenta de autoria da W3C que também faz teste de acessibilidade na Web. Seu relatório é em inglês.
Figura 16 - W3C HTML Validation Service
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br, (2015)
16
O DaSilva versão WEB é uma ferramenta da família de avaliadores DaSilva, desenvolvida pela Acessibilidade Brasil , sendo o primeiro avaliador de acessibilidade de SITES em língua portuguesa, com base nos princípios de acessibilidade preconizados pelo W3C/WAI (WCAG1 e WCAG2) e pelo documento E-mag, desenvolvido pelo governo eletrônico brasileiro em parceria com a Acessibilidade Brasil, possibilitando a analise de todas as paginas do site e indicado os erros das páginas em discrepância com a acessibilidade. Foi desenvolvido na linguagem Java, um motor baseado num conjunto de regras semânticas orientadas a objeto , permitindo sua utilização em qualquer plataforma que suporte Java.
65
Outro avaliador que não podemos deixar de considerar e o mais importante é
o próprio deficiente visual, que utilizam o leitor de tela NVDA, para compreender e
reconhecer se o material produzido é acessível, o software fará a leitura do
conteúdo. Vale lembrar que se existir imagens de figuras, fotografias, botões,
animações, mapas, entre outros ou ícones, esses devem ter uma equivalência
textual para que o leitor possa informar para o aluno deficiente visual o conteúdo do
documento. A Figura 17 apresenta um exemplo.
Figura 17 - Imagem de Chaplin sem e com equivalência
Fonte: http://www.bengalalegal.com (2015)
Portanto, para existir acessibilidade e usabilidade nos conteúdos e materiais
didáticos para as pessoas com deficiência visual, é necessário propor orientações e
procedimentos de educação a distância para que esses sujeitos tenham a mesma
possibilidade e igualdade que os outros alunos que optaram pela modalidade à
distância.
A pesquisa documental traz na sua produção mecanismo e ações do fazer do
homem que poderá ou não validar o documento produzido pelo pesquisador.
Flores considera que
Os documentos são fontes de dados brutos para o investigador e a sua análise implica um conjunto de transformações, operações e verificações realizadas a partir dos mesmos com a finalidade de se lhes ser atribuído um significado relevante em relação a um problema de investigação. (FLORES apud CALADO; FERREIRA, 2004, p. 3).
Nessa perspectiva, investiga-se determinado problema não em sua interação
imediata, mas de forma indireta, por meio do estudo dos documentos, no caso o
66
projeto político pedagógico (PPP), os materiais didáticos que os professores utilizam,
nas disciplinas virtuais e disponibilizam para todos os alunos matriculados. Os
alunos estudam presencialmente e fazem algumas disciplinas virtuais.
67
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta seção, apresenta-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento da
dissertação. Tal pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, descritiva com
interesse propositivo. Na pesquisa bibliográfica, foi um amplo levantamento de
fontes que abordam os temas tecnologias digitais, assistivas, educação à distância,
deficiência visual e Plataforma Moodle.
Os dados empregados na pesquisa foram coletados a partir de documentos
da instituição particular pesquisada. Foi necessário também conhecer o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e os
Projetos Políticos-pedagógicos dessas disciplinas e como são postados os
exercícios, avaliações, documentos que foram encaminhados aos discentes no
Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, para verificar a questão de
acessibilidade nos materiais didáticos que são produzidos pelos docentes.
5.1 Apresentação e discussão dos resultados
O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Político Pedagógico
Institucional (PPI) e os Projetos Políticos-pedagógicos, na sua estrutura curricular
não existem nenhum subsídio que alerta ao docente que poderá ter nas suas
disciplinas alunos com deficiência visual, cego e/ou com baixa visão. Mesmo quando
apresenta no PPI, um horizonte de formação humanística apontado para as
necessidades de conteúdos que garantam a formação do bacharel e do licenciado
de modo que percebam o que significa ser sujeito no mundo do conhecimento, que
compreendam os modos de construção do saber, que exerçam uma presença ética
no mundo; que se expressem em diferentes linguagens, e que sejam capazes de
compreender as dimensões da realidade e a interpretá-las; que valorizem e
signifiquem a dimensão simbólica da cultura e da experiência religiosa.
Diante da leitura do PDI, PPI, verificou-se que a instituição mesmo atendendo
à regulamentação da Constituição Federal de 1988; à Lei n. 9.394/96 (LDB); ao
Decreto Federal n. 5.296, de 2 de dezembro 2004; ao Decreto n. 3.298/99; à
Portaria n. 1.793/99, ao Decreto n. 5.626/2005, à Portaria n. 3.284/2003, à Portaria
n. 948/2007, à NBR 9050/2004 103 (ABNT), principalmente, criando condições de
68
acesso, de permanência e atendimento de estudantes com diferentes necessidades
especiais, não tem na sua regulamentação nenhuma proposta de articulação na
questão da produção dos materiais didáticos para os alunos presenciais e/ou à
distância, no que tange as pessoas com deficiência.
Apesar da instituição ter um setor específico conforme a legalidade do MEC, a
sua atuação ocorre em contextos específicos de atendimento e apoio aos alunos
com necessidades especiais matriculados na universidade, seja por meio do
vestibular, ENEM, transferência ou portador de diploma, e que ao longo do percurso
acadêmico necessitam de recursos específicos, humanos, equipamentos entre
outros para terem as mesmas condições de igualdade que os outros alunos.
Ao examinar a produção dos materiais didáticos, disponibilizados e utilizados
pelo corpo docente, se possuem a acessibilidade digital, conforme a regra de
acessibilidade do Wide Web Consortium (W3C) no ambiente virtual de
aprendizagem aos alunos deficientes visuais, cegos, constatou-se que os mesmos
na maioria das vezes estão no formato PDF, imagem “JPG”, protegidos, contra
cópia, e são apresentados de forma visual que impossibilita a leitura de tela para
esses alunos com o leitor de tela, NVDA, como já explicado anteriormente, por meio
de um sintetizador de voz, sonorizar todas as informações textuais contidas no
documento, texto, livro, proposto pelo docente. Além de apresentarem no seu
conteúdo, gráficos, mapas, tabelas, imagens, textos em colunas, que são partes
integrantes e complementares dos textos, mas totalmente inacessíveis a esses
usuários.
Após realizada a análise de dados e identificação dos recursos didáticos
existentes na instituição, traçarei um plano de ação para adequar e melhorar a
acessibilidade dos alunos com deficiência visual no ensino superior, que será
apresentado como produto final como Guia de Acessibilidade na Produção de
Materiais Didáticos as Pessoas com Deficiência Visual.
Abaixo apresento uma parte de um texto no formato PDF, gráficos, em
colunas que exemplifica essa situação e que deve servir de base ao Guia de
Acessibilidade:
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Figura 18 – Texto em PDF em Colunas
70
S E N S A Ç Ã O
1 0 5
Limiares
Existimos num mar de energia. Neste momento, você e eu somos atingidos por raios X e ondas de rádio, luz ultravioleta e infravermelha, e por ondas sonoras de frequências muito altas e muito baixas. Mas para tudo isso somos cegos e surdos. As cortinas de nossos sentidos abrem-se apenas por uma fresta, permitindo-nos um conhecimento restrito desse vasto mar. A psicofísica é o estudo da maneira como essa energia física se relaciona com nossa experiência psicológica. Que estímulos podemos detectar? Com que intensidade? Até que ponto somos sensíveis à mudança de estimulação?
Detecção de Sinais
106 Introdução à Psicologia Geral Baixo Límií
absoluto Intensidade do estímulo Porcentagem de detecções
100 corretas
Limiares Absolutos
Temos uma sensibilidade refinada para alguns tipos de estímulos. No alto de uma montanha, em total escuridão, numa noite clara, podemos ver, dispondo de sentidos normais, a chama de uma vela no alto de outra montanha, a 50 quilómetros de distância. Numa sala silenciosa, podemos ouvir o tique-taque de um relógio a 6 metros de distância. Podemos sentir a asa de uma abelha roçando em nosso rosto. Podemos sentir o cheiro de uma única gota de perfume num apartamento de três cómodos (Galanter, 1962).
Nossa consciência desses ténues estímulos demonstra os limiares absolutos — a estimulação mínima necessária para detectar um estímulo específico (luz, som, pressão, gosto, odor). Os psicólogos em geral medem o limiar absoluto pelo registro da estimulação necessária para detecção em 50 por cento das ocasiões. A fim de testar seu limiar absoluto para sons, um especialista em audição exporia cada um dos ouvidos a níveis variados de som. Para cada altura, o teste de audição define onde na metade das vezes você detecta corretamente o som e a metade em que isso não ocorre. Em cada um dos sentidos, esse ponto de 50-50 define seu limiar absoluto.
71
6 CONCLUSÃO
Neste trabalho, buscou-se responder o problema de pesquisa, o qual
circundou na produção de materiais didáticos para os alunos deficientes visuais
matriculados na EAD.
Após análise dos documentos, dos textos e livros que são disponibilizados no
Ambiente Virtual, percebe-se o quão difícil é para o professor criar materiais
didáticos acessíveis, por não ser uma prática pedagógica e inclusiva do seu
cotidiano.
Ao começar o trabalho, buscou-se compreender aspectos relacionados ao
processo de inclusão social das pessoas com deficiência, de que forma ele ocorreu,
a evolução da percepção sobre deficiência propriamente dita, fazendo-se um
apanhado histórico sobre as diversas abordagens sobre a questão, a evolução da
EAD, suas características, funcionalidade e flexibilidade, a tecnologia assistiva, com
recursos e equipamentos que possibilitam a acessibilidade digital para as pessoas
com deficiência visual.
A utilização do leitor de tela, NVDA, conhecer a ferramenta W3C,
auxiliou-nos a visualizar a forma como os discentes deficientes visuais fazem a
prática da leitura na sua real condição. Esses leitores vieram agregar uma condição
ímpar, ou seja, a criação de ambientes e processos de aprendizagem mais
acessíveis, rápidos e práticos ao seu aprendizado.
A EAD proporciona autonomia, redimensiona a noção de tempo e espaço do
modelo tradicional da educação, em que o tempo diz respeito a singularidade e
diversidade de cada aprendiz. Porém, essa modalidade ainda não é suficientemente
inclusiva para os alunos com deficiência visual, no momento em que são
organizados, produzidos os materiais didáticos.
A produção de materiais didáticos não pode significar uma barreira para o(a)
professor(a) e/ou para o aluno(a) no momento em que esse escolhe disciplina ou
curso na EAD.
As estratégias utilizadas pelos professores para a confecção dos materiais
didáticos devem estar inseridas no PPP, nos cursos presenciais, na proposta da
EAD, que é baseada na interação entre esses sujeitos, para que haja adaptações à
forma de navegação dos softwares de leitura de tela, agrupando e organizando as
72
informações de forma que facilitem a localização da informação por parte do aluno
deficiente visual.
Além disso, as interfaces do Ambiente Virtual de Aprendizagem devem conter
o mínimo de informações estritamente necessárias ao processo de aprendizagem,
organizadas de forma planejada e obedecendo a uma hierarquia clara para
navegação, não deixando de proporcionar estratégia de localização ao usuário.
Diante das dificuldades que os professores de modo geral têm na produção
de materiais didáticos para os alunos com deficiência visual, ou no desconhecimento
de como elaborar ou mesmo desenvolvê-los, propomos como produto final desta
pesquisa, um instrumento de apoio que poderá trazer contribuições nos processos
de ensino e de aprendizagem na EAD: um guia de acessibilidade acessível. Esse
guia, voltado para a educação à distância e educação presencial, propõe
desenvolver os materiais didáticos, baseado nas normas de acessibilidade,
constituindo uma real possibilidade de inclusão digital e social. As razões para tornar
esses materiais didáticos acessíveis são que os alunos com necessidades especiais,
no caso os deficientes visuais, se beneficiaram, tornando mais viável e agradável o
acesso às informações online e ainda a vantagem de estar de acordo com as
políticas governamentais de inclusão digital.
Entretanto, esclareça-se que esse guia não deve ser encarado como um
manual a ser fielmente seguido. Deve ser visto como uma possibilidade para todos
aqueles que trabalham com a inclusão, podendo ser adaptado pelo docente,
funcionário, de acordo com as necessidades de seus alunos com deficiência. Cada
sujeito é único, e a adaptação é curricular mediante esses sujeitos.
Nesse contexto, a pesquisa documental implica a reflexão sobre as pessoas
com deficiência visual, no universo educacional, como acontece a produção de
materiais didáticos acessíveis, tecnologia assistiva, acessibilidade digital e social.
Enfim, um dos grandes desafios é compreender como se dá a inclusão de
alunos com deficiência visual no ensino superior, garantir sua permanência nesses
ambientes virtuais e presenciais, participando ativamente do seu sucesso acadêmico
e pessoal.
73
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