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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA
ANDREY SÁVIO DE ALMEIDA ASSUNÇÃO
NÍVEIS DE SÓDIO NA RAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM CLIMA QUENTE
CUIABÁ 2016
i
ANDREY SÁVIO DE ALMEIDA ASSUNÇÃO
NÍVEIS DE SÓDIO NA RAÇÃO DE POEDIRAS SEMIPESADAS EM CLIMA QUENTE
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Heder José D’Avila
Lima.
CUIABÁ
2016
A minha mãe, pela força, dedicação, ajuda e coragem durante todos os
momentos. Sobretudo, ensinando de forma mais honrável como lutar pelos
seus ideais.
A minha madrinha, pelo voto de confiança e, principalmente, pela
demonstração de fé inabalável.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela saúde e força em todos os momentos difíceis, e pelas benções
concedidas.
Ao meu orientador, professor Heder José D’Avila Lima, pela condução do
presente trabalho e, desde o início, pelas orientações que serviram de base para a
aprendizagem científica. A disponibilidade de tempo, atenção e a forma de transmitir
conhecimentos de maneira simples e aberta. As palavras ditas durante suas aulas e
reuniões, que contribuíram para o meu crescimento profissional, e me motivaram a
buscar desafios, que de forma intensa busquei aprimorar-se. Por isto, o meu sincero
agradecimento.
A minha namorada Renata, que foi de fundamental importância na realização
deste trabalho. Pelo amor, companheirismo e atenção, impecáveis. A forma
persistente de lutar diante de uma situação difícil, torna-te única e especial.
A minha mãe Silnéia, pela educação, amor, carinho e, principalmente, pelo
preenchimento da função de “pai” durante todos esses anos. Tudo que sou é graças
à senhora.
Ao meu amigo e padrasto Simão, pela disposição em me levar a
universidade, logo pela manhã, devido às aulas práticas.
A minhas irmãs, Andressa e Andrielly, pela compreensão de silêncio nos
momentos de estudo.
Ao meu sobrinho João Pedro, pela alegria que contagiava os momentos de
lazer.
Ao professor Felipe Gomes da Silva, pelos conhecimentos adquiridos no
início da graduação juntamente com o núcleo de estudos e, de forma distinta, pelas
belas palavras de encorajamento.
À professora Alexandra Potença, durante a graduação em que sanou as
minhas dúvidas de forma carismática e atenciosa.
Ao professor Marcio Aquio Hoshiba, por ter aceitado a compor a banca
examinadora.
A todo o corpo docente do curso de Zootecnia e, especialmente, aos
professores: Carlos, Janaína, Janessa, Joadil, Lisiane, Lívia, Nelcino, Sânia e Vânia,
que contribuíram para a minha formação.
Aos amigos Georger e Rafael Menegildo, que ajudaram de forma singular,
nos momentos delicados da graduação, e que tornaram o ambiente de estudo mais
agradável.
A Ana Carolina, pela dedicação e esforço durante a realização deste
experimento.
Aos colegas que de alguma forma contribuíram durante a graduação:
Bianca, Camila, Carolinne, Carlos, Cristhian, Cristiane, Daniel, Danny, Elanine,
Edvania, Gabriel, Jackeline, Jayme, Jhean, Kellen, Kênia, Laryssa, Paraná (Ana
Claudia), Paula Rocha, Paulo, Sérgio, Silvio, Thabata e Thuanny.
Aos funcionários da fazenda experimental: Srs. Antônio, Donato, Lourival,
Luiz, Manézinho, Miguel, Orlando e Sandro, dos bate-papos, brincadeiras e risadas
descontraídas ao longo do experimento.
A Universidade Federal de Mato Grosso, por ter proporcionado a realização
deste curso.
MUITO OBRIGADO!
“Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo
que se sabe, saber que se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se
sabe; na verdade é este o saber”.
Confúcio
“Os sonhos abrem as janelas da vida. Assim, você a enxerga com outro
ângulo”.
Augusto Cury
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Os três mecanismos de absorção de sódio no intestino .............................. 8
Figura 2. Porcentagem de gema (A) e casca (B), no final do primeiro ciclo de postura
conforme os níveis de sódio nas rações. .................................................. 21
Figura 3. Peso dos ovos (A), albúmen (B) e casca (C), no final do primeiro ciclo de
postura conforme os níveis de sódio nas rações. ...................................... 23
Figura 4. Espessura de casca (A) e gravidade específica (B), no final do primeiro
ciclo de postura conforme os níveis de sódio nas rações .......................... 25
Figura 5. Consumo de ração (A) no final do primeiro ciclo de postura segundo os
níveis de sódio nas rações. ....................................................................... 27
Figura 6. Produção de ovos (A), massa de ovos (B), conversão alimentar por massa
(C) e dúzia de ovos (D), no final do primeiro ciclo de postura segundo os
níveis de sódio nas rações ........................................................................ 28
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação dos minerais .................................................................................. 4
Tabela 2 - Concentrações de várias substâncias nos líquidos intracelular,
extracelular e plasma sanguíneo........................................................................ 6
Tabela 3 - Fontes e quantidades de sódio na dieta das aves .......................................... 6
Tabela 4 - Composição percentual e calculada das dietas experimentais .................. 15
Tabela 5 - Desempenho produtivo e qualidade de ovos de poedeiras semipesadas
no final do primeiro ciclo de postura, em função dos níveis de sódio na
ração ..................................................................................................................... 20
LISTA DE ABREVIATURAS
ABPA = Associação Brasileira de Proteína Animal
ADP = Adenosina Difosfato
ATP = Adenosina Trifosfato
BE = Balanço Eletrolítico
IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NM = Número de Mogin
NRC = National Research Council
Pi = Fosfato Inorgânico
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 3
3. REVISÃO.............................................................................................................. 4
3.1 Fontes de sódio na dieta de aves ............................................................................. 5
3.2 Metabolismo do sódio ................................................................................................. 7
3.3 Funções do sódio no transporte de nutrientes ........................................................ 9
3.4 Homeostase ácido-básico ........................................................................................ 10
3.5 Estresse calórico nas aves ....................................................................................... 12
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 14
4.1 Localização e tempo experimental ......................................................................... 14
4.2 Equipamentos e instalações .................................................................................... 14
4.3 Dietas experimentais ................................................................................................. 15
4.4 Manejos das aves ...................................................................................................... 16
4.5 Parâmetros estudados .............................................................................................. 16
4.5.1 Consumo de ração ................................................................................................ 16
4.5.2 Produção de ovos .................................................................................................. 16
4.5.3 Peso médio dos ovos ............................................................................................ 17
4.5.4 Massa de ovos ....................................................................................................... 17
4.5.5 Conversão alimentar por dúzia de ovos ............................................................. 17
4.5.6 Conversão alimentar por massa de ovos .......................................................... 17
4.5.7 Viabilidade das aves.............................................................................................. 17
4.5.8 Variação de peso corporal.................................................................................... 17
4.5.9 Gravidade específica ............................................................................................. 18
4.5.10 Espessura de casca .............................................................................................. 18
4.5.11 Qualidade interna do ovo...................................................................................... 18
4.6 Análise estatística ...................................................................................................... 19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 20
6. CONCLUSÕES................................................................................................... 31
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 32
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 33
RESUMO
Objetivou-se com este trabalho estimar a exigência nutricional de sódio (Na) para
poedeiras semipesadas criadas em clima quente, no final do primeiro ciclo de
postura. Foram utilizadas 120 galinhas da linhagem Hisex Brown, com 48 semanas
de idade. As aves foram distribuídas em delineamento experimental inteiramente
casualizado, com cinco tratamentos, seis repetições e quatro aves por unidade
experimental. As rações experimentais foram formuladas a base de milho e farelo de
soja e os tratamentos foram constituídos por cinco níveis de sódio (0,12; 0,17; 0,22;
0,27 e 0,32%) derivados do sal comum. Foram avaliados: consumo de ração (g),
produção de ovos (%), peso dos ovos (g), massa de ovos (g), conversão alimentar
por massa (kg/kg) e por dúzia (kg/dz) de ovos, gravidade específica (g/cm3),
espessura de casca (mm), elementos dos ovos, tais como, gema (g e %), albúmen
(g e %) e casca (g e %), viabilidade (%) e variação do peso corporal (g) das aves.
Não foi verificado efeito (P>0,05) dos níveis de sódio sobre o peso da gema (g) e
porcentagem de albúmen. Houve efeito linear (P<0,01) decrescente para o consumo
de ração, diminuindo o consumo à medida que aumentou o nível de sódio na ração.
Verificou-se efeito quadrático (P<0,01) para a produção de ovos, peso dos ovos,
conversão alimentar por massa e dúzia de ovos, pesos de albúmen e casca,
gravidade específica, espessura de casca e porcentagem de gema (P<0,05) e
casca. Os níveis de sódio analisados influenciaram os componentes dos ovos e o
desempenho zootécnico das aves acima de 0,27%, negativamente. Recomenda-se
a inclusão de 0,20% de sódio na ração de poedeiras semipesadas criadas em clima
quente, no final do primeiro ciclo de postura para proporcionar melhor qualidade dos
ovos e satisfatório desempenho produtivo.
Palavras-chaves: gallus gallus domesticus, poedeiras comerciais, sal comum.
1
1. INTRODUÇÃO
No cenário mundial, a produção animal destaca-se pela alta produtividade e
rentabilidade, à medida que o grau de especialização tecnológica aumenta. Desta
forma, gerando alimentos de origem animal de maior qualidade para o consumidor.
Nos últimos anos a avicultura de postura tem-se destacado como um dos setores
responsáveis pela demanda desses alimentos. Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2016), no ano de 2015, a produção de ovos anual foi
de 2,92 bilhões de dúzias, os quais 99% foram destinados para o mercado interno e
1% para exportações (Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA, 2016).
As exportações brasileiras de ovos concentram-se em 92 e 8%, in natura e
industrializados, respectivamente e, em 2015, o estado de São Paulo destacou-se
pela maior produção, Minas Gerais como maior exportador e Mato Grosso ocupou a
quarta posição, tanto para exportação (3,70%) quanto para produção de ovos por
estados (6,43%). No mesmo ano, o principal país importador de ovos foi os
Emirados Árabes Unidos, seguidos pelo Japão e República Democrática do Congo
(Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA 2016).
Atualmente, as melhorias alcançadas para o desempenho produtivo, para a
qualidade interna e externa dos ovos de galinhas poedeiras, são em virtude, dos
constantes estudos aplicados em genética, deste modo, conforme Barreto et al.
(2007), torna-se necessário balancear de forma adequada os nutrientes da dieta.
Entre os nutrientes que demandam pesquisas, os minerais exercem funções
importantes no metabolismo, uma vez que os minerais presentes no ovo são em
decorrência de sua concentração no sangue (GOMES et al., 2013; MACARI e
MENDES, 2005).
Elementos como o sódio (Na+), potássio (K+) e o cloro (Cl-) possuem
basicamente função eletroquímica, atuando desta maneira na manutenção do
balanço ácido básico e controle osmótico da distribuição da água no corpo (GOMES
et al., 2013; PETRUCCI et al., 2012; TORRES, 1979).
2
O sódio é o principal cátion encontrado nos fluidos extracelulares,
participando nos processos de transmissão de impulsos nervosos, na produção de
sais biliares, na absorção de monossacarídeos, aminoácidos, pirimidinas e na
ativação dos nervos da função muscular (GOFF, 2006; SILVA e PASCOAL, 2014).
Por esta razão, a determinação dos níveis ideais de sódio para cada fase de
produção das aves é de grande importância (MURAKAMI et al., 2003a). No entanto,
pelo fato do sódio estar facilmente disponível através do sal comum (NaCl) e pela
pequena participação no custo total da ração, torna-se para a maioria dos
nutricionistas, motivo de poucos estudos (RODRIGUES et al., 2004).
O primeiro ciclo de postura da poedeira comercial consiste entre 50 a 70
semanas de idade, levando para o produtor, a escolha final de prolongar semanas a
mais, por intermédio da muda forçada, quando se verifica o segundo ciclo de postura
até 130 semanas (COTTA, 2002; MAZZUCO et al., 1997). Todavia, essa decisão, é
influenciada através do preço dos ovos no mercado, dificuldades financeiras,
elevado preço das matérias-primas, idade das aves e pintainhas de um dia de idade.
As exigências nutricionais de sódio para poedeiras no primeiro e segundo
ciclo de postura são menos estudadas, em detrimento de outros nutrientes que
oneram mais as rações. Tanto o excesso quanto o déficit de sódio na ração, tornam-
se prejudiciais para o organismo animal e, principalmente, para o desempenho.
Níveis elevados de sódio na dieta de aves estimula o consumo de água, assim,
aumentando a umidade das excretas e facilitando a produção de gases tóxicos
(amônia e sulfídrico), o que pode comprometer no manejo e gerar perdas
econômicas (LIMA et al., 2015; RIBEIRO et al., 2007).
3
2. OBJETIVO
Pelo exposto, objetivou-se estudar a inclusão de níveis crescentes de sódio
na ração, sobre o desempenho produtivo e a qualidade de ovos de poedeiras
semipesadas, criadas em clima quente, no final do primeiro ciclo de postura.
4
3. REVISÃO
A fração de minerais nos tecidos e fluidos do organismo animal podem
promover mudanças com o consumo de dietas deficientes, desbalanceadas ou em
excesso, sendo assim, a falta de minerais resulta em deficiência prejudicando o
desempenho, do mesmo modo, o excesso causa a redução do desempenho pela
toxidez (DAGHIR, 2008; SILVA e PASCOAL, 2014).
Tanto animais como os vegetais, em sua composição há diversas
quantidades de minerais, que são suficientes para equilibrar o metabolismo
fisiológico. Os minerais são elementos químicos apresentando-se de forma sólida,
cristalina e que não se decompõe (MAIORKA e MACARI, 2002).
De acordo com Bertechini (2012), os minerais são classificados em
macrominerais e microminerais ou elementos traços (Tabela 1). Esta classificação
está conectada com as concentrações dos elementos nos tecidos, que dessa
maneira, indicam as suas necessidades orgânicas. No entanto, cálcio (Ca), fósforo
(P), sódio (Na), enxofre (S), potássio (K), cloro (Cl), e magnésio (Mg), considerados
macrominerais, tornam-se críticos para a nutrição das aves, uma vez que participam
em maiores quantidades nas rações (ARAUJO et al., 2008).
Tabela 1 - Classificação dos minerais
Macrominerais Microminerais
Cálcio (Ca) Cobalto (Co) Molibdênio (Mb)
Cloro (Cl) Cobre (Cu) Níquel (Ni)
Enxofre (S) Cromo (Cr) Selênio (Se)
Fósforo (P) Ferro (Fe) Silício (Si)
Magnésio (Mg) Flúor (F) Zinco (Zn)
Potássio (K) Iodo (I)
Sódio (Na) Manganês (Mn)
Fonte: Araujo et al. (2008) e Bertechini (2014).
O sódio é um elemento químico de símbolo Na+, incluso ao grupo dos metais
alcalinos, de peso anatômico 23 e número anatômico 11 (TABELA PERIÓDICA,
2016), em temperatura ambiente é sólido e de coloração branco. Este mineral
5
encontra-se, basicamente, no plasma sanguíneo e líquidos extracelulares
(BERTECHINI, 2014).
O Na+ é um cátion monovalente encontrado nos fluídos extracelular e
fundamental pelos animais para um metabolismo normal (MACARI e MENDES,
2005; BORGES, 2001), o qual desempenha funções extremamente importantes para
o processo de desempenho das aves. Além disso, envolvidos no equilíbrio osmótico
e da manutenção do pH corporal, absorção de glicose, fósforo, cálcio, aminoácidos
como lisina e arginina (FURLAN et al., 2002; MACARI e MENDES, 2005).
Mazzuco et al. (1997), utilizando dados médios dos manuais da Cooperativa
Agrícola de Cotia (s.d.), Ito-Avicultura Indústria e Comércio (1995), H & N
International (s.d.), Poultry Breeding Farms (s.d.), Cooperativa Central Agrícola de
São Paulo (s.d.) e Embrapa (1994), concluíram que a exigência nutricional de sódio
na ração para todo o ciclo de postura, tanto para poedeiras brancas quanto para
poedeiras vermelhas, são de 0,15% e 0,16%, respectivamente. Entretanto, estas
exigências dependem e diferenciam conforme a idade, sexo, clima, linhagem e
alimentação.
3.1 Fontes de sódio na dieta de aves
As fontes minerais comumente utilizadas para formulação de rações na
nutrição de aves são, em geral, originárias de compostos inorgânicos que possuem
origem geológica ou industrial. Tais compostos são frequentemente utilizados para
elaboração de rações em sua forma natural ou através de misturas minerais
(premix), com intuito de adicionar os minerais insuficientes nos ingredientes
empregados na dieta das aves (ARAUJO et al., 2008).
Recentemente, houve uma demanda pelo uso de minerais orgânicos, pelo
fato de trazer maiores benefícios, aumentando assim à absorção dos macro e micro-
minerais. Os minerais orgânicos são moléculas de minerais ligadas a proteínas e/ou
aminoácidos ou produtos de leveduras, o que impede que ocorram interações com
outros minerais ou componentes da dieta ao longo do trato gastrointestinal. Com
isso, há um maior aproveitamento pelo animal e são menores as excreções no meio
ambiente, além de melhor o desempenho produtivo (SCHMIDT, 2013).
As principais fontes de sódio na alimentação das aves são: água, sal comum
(NaCl) e grãos (milho e soja). Enquanto que a concentração de sódio no organismo
6
está presente nos líquidos intracelular, extracelular e no plasma sanguíneo (Tabela
2).
Tabela 2 - Concentrações de várias substâncias nos líquidos intracelular, extracelular e plasma sanguíneo
Concentração (mmol/L)
Intracelular Extracelular Plasma sanguíneo
Na+ 15 140 142
K+ 150 05 04
Cl- 10 110 103
Fonte: Adaptado de Cunningham e Klein (2008).
A concentração de potássio (K+) utilizados nas rações dos animais é
relativamente alta, enquanto que o Na+, está presente em quantidades inferiores nos
ingredientes naturais utilizados na nutrição animal (BORGES, 2006). As fontes de
origem vegetal, como os grãos, apresentam baixa concentração de sódio e maiores
níveis de cloro (SUTTLE, 2010). Entretanto, fontes de origem animal, como farinha
de carne e ossos, farinha de peixe e sangue, apresentam maiores níveis de sódio e,
pelo motivo das rações em sua maioria, serem formuladas à base de milho e farelo
de soja, aumenta a relevância da suplementação de sódio, de modo adequado, para
a nutrição das aves (MENDOZA, 2015) (Tabela 3).
Tabela 3 - Fontes e quantidades de sódio na dieta das aves
Ingredientes % de Na+ na matéria natural
Fonte vegetal
Milho (7,88% de PB) 0,02
Milheto 0,01
Farelo de soja (45% de PB) 0,02
Fonte animal
Farinha de carne e osso (46% de PB) 0,72
Farinha de peixe (54% de PB) 0,68
Farinha de sangue 0,48
Fontes inorgânicas
Sal comum 39,70
Bicarbonato de sódio 27,00
Carbonato de Sódio 43,00
Fonte: Rostagno et al. (2011).
7
3.2 Metabolismo do sódio
Segundo Silva e Pascoal (2014), o processo de absorção dos minerais
acontece normalmente pelo transporte passivo, a favor do gradiente de
concentração em que as moléculas e íons se movimentam, via parede intestinal,
intervindo através de controle hormonal e pela concentração de fluidos
extracelulares. As células epiteliais que compõe a camada do intestino delgado e
grosso e responsável pela absorção, ruptura e transporte de nutrientes para dentro
dos tecidos, denomina-se enterócito (MEGIAS et al. 2015) e na passagem de
absorção dos minerais no enterócito intestinal, macro e microminerais devem estar
em sua forma iônica (cátions e anions) para que seja realizado a absorção e o
transporte.
Muitas células mobilizam moléculas e íons contra seus potenciais
eletroquímicos, ou seja, este transporte exige o gasto de energia por intermédio da
célula, chamado de transporte ativo (CUNNINGHAM e KLEIN, 2008). O sódio é
facilmente transportado devido ser um mineral monovalente e altamente solúvel e
sua absorção acontece por meio de transporte ativo (SILVA e PASCOAL, 2014).
Além disso, considerado um íon que é absorvido pela rápida velocidade no intestino
delgado, visto que a sua absorção pode ocorrer durante todo intestino (MAIORKA e
MACARI, 2002).
Há pelo menos dois tipos de transporte ativos: primário e secundário. No
transporte ativo primário, a quebra de adenosina trifosfato (ATP) em adenosina
difosfato (ADP + Pi) libera uma energia que visa o movimento do soluto contra um
gradiente eletroquímico, enquanto que no transporte ativo secundário, o movimento
do sódio a favor de seu gradiente eletroquímico, oferece energia necessária para
direcionar o cotransporte de um segundo soluto contra seu potencial eletroquímico
(NELSON e COX, 2014).
De acordo com Cunningham e Klein (2008), há três mecanismos diferentes de
absorção de sódio que ocorre no trato intestinal, especialmente, no intestino delgado
(Figura 1).
O primeiro mecanismo de absorção (A) é através das proteínas de
cotransporte de sódio juntamente com moléculas orgânicas como glicose e
aminoácidos, caracterizando-se como transporte ativo secundário e considerado o
principal meio de absorção de sódio.
8
O segundo mecanismo (B) é a absorção acoplada de sódio ao íon cloreto,
ambos trabalham juntos, para facilitar o transporte dos mesmos na membrana
apical, onde forma-se o ácido carbônico (H2CO3) no interior do enterócito, através da
água (H2O) e dióxido de carbono (CO2). O íon hidrogênio é trocado pelo sódio
luminal através da membrana apical. Durante essa troca haverá a formação do
bicarbonato (HCO3-), através da ação da enzima anidrase carbônica. Na troca de íon
hidrogênio (H+) pelo íon sódio (Na+), aumentará as concentrações de bicarbonato
dentro da célula, juntamente, o gradiente de bicarbonato encaminha a ação da troca
de Cl/HCO3, resultando na troca de bicarbonato intracelular pelo íon cloro luminal, e
devido a retirada de ambos da célula o pH ficará equilibrado.
Figura 1. Os três mecanismos de absorção de sódio no intestino
Fonte: Cunningham e Klein (2008).
O terceiro mecanismo (C) é a difusão simples, considerado um tipo de
transporte passivo. O gradiente eletroquímico pode existir para o sódio, na
membrana apical do enterócito, possivelmente, podendo haver o movimento de
sódio direto não acoplado, por meio da membrana se os canais de íons estiverem
9
abertos. Entretanto alguma absorção de sódio talvez possa ocorrer através deste
mecanismo, e a sua importância na homeostase de sódio no organismo animal
certamente não é grande.
No jejuno, parte que compõe o intestino delgado, a absorção de sódio é mais
alta, pela presença de aminoácidos, glicose e galactose, que estão neutros no lúmen
da célula e atravessam a membrana utilizando as proteínas carreadoras, revelando
a importância da absorção de sódio em outras substâncias como carboidratos,
aminoácidos e vitaminas (MAIORKA e MACARI, 2002).
3.3 Funções do sódio no transporte de nutrientes
Conforme Guyton e Hall (2011), as concentrações de sódio no organismo são
maiores no líquido extracelular, ao passo que as maiores concentrações de potássio
estão no líquido intracelular. Segundo os autores, a conservação deste gradiente
não pode ocorrer por difusão simples, pois com o passar do tempo pode equilibrar a
concentração em ambos os lados da membrana celular. Deste modo, alguma fonte
de energia deve ocasionar maior movimento de íons potássio para dentro da célula
e a locomoção mais forte de íons de sódio para fora das células. E para os mesmos
autores, quando a membrana celular transporta moléculas ou íons contra um
gradiente de concentração, o processo denomina-se transporte ativo.
O meio de transporte ativo mais estudado devido suas particularidades é a
bomba de sódio-potássio (Na+-K+), pois é um mecanismo de transporte que bombeia
íons de sódio para fora da célula e, ao mesmo tempo bombeia íons de potássio de
fora para dentro da célula, por meio da membrana celular de todas as células.
Assim, a bomba de sódio-potássio é responsável pela manutenção das diferenças
de concentração entre sódio e potássio através da membrana celular, ou seja,
exercendo papel fundamental no controle do volume celular, pois sem sua função a
maior parte das células iria inchar e estourar (GUYTON e HALL, 2011).
De acordo com Guyton e Hall (2011), a bomba de sódio-potássio conduz dois
íons de potássio para o interior da célula e ao mesmo tempo transporta três íons de
sódio para fora da célula, no entanto, a energia básica para este processo é oriunda
da clivagem de uma molécula de adenosina-trifosfato (ATP), fracionando-a em
difosfato de adenosina (ADP) e liberando uma ligação fosfato de alta energia (Pi).
Esta energia, para os autores, provoca alteração química e conformacional da
10
molécula da proteína transportadora, ocasionando assim, o movimento de três íons
de sódio para fora e dois íons de potássio para dentro da célula.
O principal mecanismo pelo qual o sódio é transportado é o cotransporte.
Neste processo, o transporte ocorre com dois compostos através da membrana
celular em mesma direção, com o sódio levando juntamente outras substancias,
como por exemplo, glicose e aminoácidos (GOFF, 2006). Para que o sódio leve junto
outras substâncias, é fundamental um mecanismo de ligação, em que é realizado
através de outra proteína transportadora na membrana celular (GUYTON e HALL,
2011).
3.4 Homeostase ácido-básico
Na composição do organismo animal encontra-se um fluido aquoso, onde
contém íons e várias substâncias. Para Cavalcante et al. 2011, a maior parte deste
fluido aquoso é encontrado dentro das células, ou seja, líquido intracelular (meio
interno), a outra parte, fora da célula, que compreende o líquido extracelular (meio
externo). Os autores esclarecem que a diferença entre ambos os meios, interno e
externo, é a composição química, em que no líquido extracelular encontram-se
grandes quantidades de sódio, ácidos graxos, glicose, cloreto, íons bicarbonato,
aminoácidos e oxigênio. Por outro lado, no líquido intracelular, encontram-se
principalmente íons de potássio, magnésio e fosfato.
A célula para manter-se viva necessita de nutrientes e, para que isso ocorra,
deve haver trocas entre o meio interno e externo, através de transporte como:
osmose, difusão e transporte passivo e ativo. Nesse sentindo, a manutenção do
ambiente interno em condições favoráveis recebe o nome de homeostasia ou
homeostase (CAVALCANTE et al., 2011).
A osmorregulação celular é obtida através da homeostasia entre os minerais
do fluído intracelular (K+) e extracelular (Na+ e Cl-). Em ambientes confortáveis, o
volume de água e de eletrólitos é mantido relativamente constante, porém, a
osmolalidade do fluído intra e extracelular diminui, quando ocorre a perda de Na+ ou
K+ (BORGES, 2001).
Para Silva e Pascoal (2014), na homeostase mineral, os elementos minerais
podem ser divididos em dois segmentos no que diz respeito às rotas de excreção
endógenas. A primeira rota está relacionada com as perdas nas fezes, que são
11
contraladas pelo sistema digestivo e glândulas anexas, como o fígado e pâncreas. A
segunda rota é dependente dos rins pela excreção renal, o qual é controlado pela
reabsorção nos túbulos renais.
As dietas dos animais quando ausente de Na+ e Cl-, em condições de
equilíbrio dinâmico, em poucos dias, perdem facilmente esses íons na urina e, logo
após, se estiver constantes outras situações, a urina estará escasso de Na+ e Cl-
(MENDOZA, 2015; RIBEIRO, 2007). Uma vez que a baixa eliminação urinária de
sódio, provavelmente, pode ser um parâmetro de deficiência desse mineral.
Guyton e Hall (2011) relataram que a homeostase de sódio no organismo
animal está envolvida com a síntese de hormônios como aldosterona e renina, que
estimulam sua excreção ou retenção nos túbulos renais e como os rins regulam as
perdas de eletrólitos e água no organismo. Para Maiorka e Macari (2002), a
reabsorção de sódio nos túbulos renais é estimulada pela aldosterona, sendo esta
produzida pelas glândulas adrenais. Quando a concentração plasmática de sódio for
baixa, o rim libera uma enzima chamada de renina, que converte o
angiotensinogênio, circulante no sangue, em angiotensina I, posteriormente, nos
pulmões, é convertido em angiotensina II. A angiotensina II induz a produção e
secreção de aldosterona pelas glândulas adrenais, aumentando assim a eliminação
de K+ e a reabsorção de Na+ pelos rins (GOFF, 2006).
Segundo Bertechini (2012), o balanço eletrolítico relaciona-se ao equilíbrio
iônico dos fluidos orgânicos, que promove a regulação do balanço ácido-básico para
manutenção da homeostase orgânica, em que os cátions, sódio e potássio, e o
ânion cloro são elementos fundamentais para esse equilíbrio. Estes íons são
essenciais para o processo vital dos organismos, quando mantidos de forma
balanceada no sangue.
A homeostase ácido-básico nas aves pode ser influenciada pelo meio
ambiente em que vivem e pela dieta que consomem. O balanço ácido-básico está
relacionado com os mecanismos homeostáticos que mantêm o pH do sangue
constante. Deste modo, é relevante considerar que os desequilíbrios ácidos-básicos
devem ser entendidos como processos fisiológicos anormais que alteram a
homeostase, e não como anormalidades medidas no sangue (FURLAN et al., 2002).
Íons como o Na+, K+ e Cl-, são essenciais para a manutenção do equilíbrio
ácido-base. Na alimentação das aves, tais elementos são exigidos em quantidades
mínimas e para satisfazer suas necessidades nutricionais, é de suma importância
12
que a proporção entre eles seja ideal para conservar a homeostase ácido-basico e
alcançar o máximo desempenho (BORGES, 2006).
Segundo Furlan et al. (2002), descreveram que os eletrólitos como Na+, K+,
Cl-, e demais íons como o Ca++, Mg++, fosfatos, sulfato e bicarbonato, participam da
manutenção do pH corporal e equilíbrio osmótico. Os autores citaram que o Na+ e o
K+ são alcalogênicos, pois aumentam o pH sanguíneo e a concentração de
bicarbonato, por sua vez, o Cl- é acidogênico, porque visa reduzir o pH sanguíneo e
a concentração de bicarbonato.
O distúrbio provocado pela adição do excesso de ácido e base no fluido
extracelular alterando o pH sanguíneo, é conhecido como acidose e alcalose
(HOUPT, 2006), respectivamente. Estes distúrbios ácidos-básicos ocasionados,
principalmente, pelo aumento ou diminuição anormal da pressão parcial de dióxido
de carbono (pCO2) no sangue, é na maioria das vezes, devido a algum problema do
sistema respiratório (costelas fraturadas e lesões pulmonares) e, recebem o nome
de acidose e alcalose respiratória (CUNNINGHAM e KLEIN, 2008; FURLAN et al.,
2002), respectivamente.
3.5 Estresse calórico nas aves
A sensibilidade das aves ao estresse calórico aumenta quando a temperatura
e umidade relativa do ar ficam acima da zona de termoneutralidade e, como
consequência, haverá dificuldades em perder calor para o meio externo (Borges et
al., 2003). As aves são animais homeotérmicos, sendo capazes de manter a
temperatura interna constante, independente das variações da temperatura
ambiente externa e de suas atividades (ABREU e ABREU, 2004; SOUZA, 2005).
Poedeiras comerciais em situação de estresse térmico diminuem o consumo
de ração, produção, peso dos ovos e qualidade de casca, pois, o calor excessivo
prejudica o organismo animal comprometendo vários processos fisiológicos
(DONKOH e ATUAHENE, 1988).
A ocorrência da alteração no equilíbrio ácido-básico das aves, quando
submetidas ao estresse calórico, devido à exposição a temperaturas elevadas
denomina-se alcalose respiratória. Com isto, a ave aumenta a frequência
respiratória, o que causa uma hiperventilação e resulta em perdas de CO2 no
sangue. A importância do CO2 reflete na reação com a água (H2O), através da
13
intervenção da enzima anidrase carbônica formando o ácido carbônico (H2CO3).
Estas mudanças podem originar uma redução na qualidade da casca do ovo (casca
fina), porque com a perda de CO2 há uma menor disponibilidade do íon carbonato
(CO3-) para a formação do carbonato de cálcio (CaCO3), uma vez que a casca do
ovo é constituída, em sua maioria, pelos cristais de carbonato de cálcio (BORGES,
2006; BRIDI, 2010; MACARI e MENDES, 2005).
A ocorrência de ovos pequenos e de casca fina, em galinhas poedeiras,
geralmente é devido à alcalose respiratória, em virtude de altas temperaturas, que
gera um desequilíbrio eletrolítico e mineral. Isso só ocorre, porque a alcalose diminui
a quantidade de cálcio disponível no sangue na forma livre ou ionizado, que seria
usado para ser depositado na casca do ovo (FURLAN et al., 2002).
Entre as alternativas disponíveis para amenizar esse estresse calórico,
utilizam-se compostos como bicarbonato de sódio (NaHCO3), cloreto de potássio
(KCL), cloreto de cálcio (CaCl2), carbonato de potássio (K2CO3) e cloreto de amônia
(NH4Cl) adicionados na água ou na ração. Além disso, a utilização do conceito de
equilíbrio eletrolítico pode ser empregada como uma estratégia para diminuir a
alcalose respiratória, resultante da exposição das aves a altas temperaturas
(BORGES, 2006; NOBAKHT et al., 2006).
14
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Localização e tempo experimental
O experimento foi conduzido no setor de avicultura da fazenda experimental
da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, localizada no município de Santo
Antônio de Leverger – MT. No período de 01 de outubro a 02 de dezembro de 2015,
com duração de 63 dias, divididos em três períodos de 21 dias no primeiro ciclo de
postura. As análises de qualidade interna e externa dos ovos foram realizadas no
Laboratório de Tecnologia de Produto de origem Animal – TPOA, localizado na
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FAMEVZ, da Universidade Federal
de Mato Grosso.
4.2 Equipamentos e instalações
As aves foram alojadas em um galpão experimental de postura com cobertura
em telhas de barro e composta de tela de arame galvanizado nas laterais, nas
dimensões de 35,45 m de comprimento x 3,89 m de largura e corredor interno com
1,20 m de largura. Com gaiolas de arame galvanizado em escada, com as
dimensões de 25 x 46 x 47 cm (largura x profundidade x altura), correspondendo
uma área de 575 cm2/ave alojada, comportando duas aves por gaiola e utilizando 60
gaiolas para o experimento. Foram equipadas com comedouros do tipo calha e
bebedouros do tipo nipple. Cada comedouro foi equipado com divisórias de Eucatex,
ajustadas de acordo com a largura de cada unidade experimental.
Os dados médios de temperatura e umidade relativa do ar foram registrados
duas vezes ao dia (08h00 e 15h00), utilizando-se um termo-higrômetro digital
modelo INCOTERM, posicionado na altura média das gaiolas e disposta no centro
do galpão. Para o programa de iluminação, foi adotada iluminação natural mais
artificial, totalizando 16 horas de luz.
15
4.3 Dietas experimentais
As rações experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja
(Tabela 1), com níveis crescente de sódio (0,12; 0,17; 0,22; 0,27 e 0,32%), para
atender as exigências nutricionais de poedeiras semipesadas, utilizando composição
química e energética dos alimentos, segundo recomendações de Rostagno et al.
(2011). O balanço eletrolítico (BE) das rações experimentais foi calculado segundo
Mongin (1980), considerando-se os valores percentuais dos eletrólitos, através da
seguinte fórmula: Numero de Mongin (NM) = %Na+ x 10000/22,990* + %K+ x
10000/39,102* - %Cl- x 10000/35,453* (* Equivalente grama de Na+, K+ e Cl-,
respectivamente).
Tabela 4 - Composição percentual e calculada das dietas experimentais
Ingredientes (%) Níveis de Sódio (%)
0,12 0,17 0,22 0,27 0,32
Milho moído 61,68 61,68 61,68 61,68 61,68
Farelo de soja 25,00 25,00 25,00 25,00 25,00
Óleo de soja 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
Calcário calcítico 8,12 8,12 8,12 8,12 8,12
Fosfato bicálcico 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10
Sal comum 0,27 0,40 0,50 0,64 0,75
Núcleo de postura1 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80
Inerte 0,530 0,400 0,300 0,160 0,050
Balanço eletrolítico (mEq/kg) 157,37 157,56 158,03 158,98 159,07
Composição Calculada
Energia metabolizável (Kcal/kg) 2900 2900 2900 2900 2900
Proteína bruta (%) 16,17 16,17 16,17 16,17 16,17
Lisina digestível (%) 0,77 0,77 0,77 0,77 0,77
Metionina+Cistina digestível (%) 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70
Triptofano digestível (%) 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18
Treonina digestível (%) 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
Cálcio (%) 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90
Fósforo disponível (%) 0,291 0,291 0,291 0,291 0,291
Sódio (%) 0,120 0,170 0,220 0,270 0,320
Fibra bruta (%) 2,45 2,45 2,45 2,45 2,45 1Composição/kg de produto: Cálcio: 170g, Fósforo: 45g, Metionina: 10g, Vitamina A: 140.000 U.I.,
Vitamina D3: 35.000 U.I., Vitamina E: 140 U.I., Tiamina (B1): 10mg, Riboflavina (B2): 75mg, Piridoxina (B5): 20mg, Vitamina B12: 120mg, Vitamina K3: 30 mg, Ácido Fólico: 6mg, Niacina: 300mg, Pantotenato de cálcio: 120mg, Colina: 5000mg, Manganês: 1600mg, Zinco: 1300mg, Cobre: 160mg, Iodo: 20mg, Selênio: 6mg, Fitase: 10.000 FTU, e Bacitracina de Zinco: 500mg.
16
4.4 Manejos das aves
Foram utilizadas 120 galinhas semipesadas da linhagem Hisex Brown, com
48 semanas de idade, peso médio inicial de 1,630 kg + 150 g. O delineamento
utilizado foi o inteiramente casualizado, constituído por cinco tratamentos e seis
repetições, com quatro aves por unidade experimental.
O fornecimento de rações e água foram à vontade, sendo o arraçoamento
feito duas vezes ao dia (08h00 e 15h00) durante todo o período experimental. A
coleta de ovos foi realizada, diariamente, no período vespertino (15h00), logo após o
arraçoamento. Durante todo o período, as aves permaneceram com iluminação
artificial de quatro horas e iluminação natural, perfazendo um total de 16 horas de
luz.
4.5 Parâmetros estudados
4.5.1 Consumo de ração
A ração equivalente a cada unidade experimental foi pesada e acondicionada
em baldes plásticos com capacidade de 40 litros com tampas, devidamente
identificados. No final de cada período (três períodos de 21 dias) foi calculado o
consumo de ração, pela diferença entre a quantidade fornecida e as sobras. O
resultado obtido foi dividido pelo número de aves e pelos dias que as aves
consumiram a ração. Em caso de mortalidade efetuaram-se correções nas
respectivas unidades experimentais. O consumo foi expresso em g/ave/dia.
4.5.2 Produção de ovos
Os ovos foram coletados diariamente à tarde e anotados por gaiola para
determinação da produção média de ovos produzidos, compreendendo os
quebrados, trincados e os anormais, sendo representado em porcentagem sobre a
média de aves do período (ovo/ave/dia).
17
4.5.3 Peso médio dos ovos
Nos três últimos dias de cada período, foram coletados três ovos por unidade
experimental em cada dia e foram pesados individualmente em balança analítica
modelo FA – 2104N de 0,0001g e o peso total obtido foi dividido pelo número de
ovos utilizados na pesagem, perfazendo-se o peso médio dos ovos em gramas (g).
4.5.4 Massa de ovos
A massa de ovos de cada parcela experimental foi obtida multiplicando-se o
número de ovos pelo peso médio dos ovos. A massa total obtida de cada unidade
experimental foi dividida pelo número de aves por dia do período, sendo
apresentado em gramas de ovo por ave por dia (g ovo/ave/dia).
4.5.5 Conversão alimentar por dúzia de ovos
A conversão alimentar por dúzia de ovos foi calculada pelo consumo total de
ração (kg) dividido pela produção de dúzia por ovos (kg de ração/dúzia de ovos).
4.5.6 Conversão alimentar por massa de ovos
Foi calculada pelo consumo de médio de ração (kg) dividido pela massa de
ovos produzida (kg de ração/kg de ovos).
4.5.7 Viabilidade das aves
Foi considerado o número de aves no final do experimento dividido pelo
número de aves no início, sendo expresso em porcentagem.
4.5.8 Variação de peso corporal
As aves foram pesadas no início e final do referido trabalho para obtenção da
variação de peso corporal.
18
4.5.9 Gravidade específica
Foi estimada utilizando-se três ovos oriundos de cada unidade experimental
do 19º, 20º, 21º, 40º, 41º, 42º, 61º, 62º e 63º dias, pelo método de flutuação salina,
submetidos em oito soluções de cloreto de sódio (NaCl), com densidade variando de
1,060 a 1,100 g/cm3 e com gradiente de 0,005 g/cm3 entre elas, por intermédio de
um densímetro modelo INCOTERM – OM – 5565, conforme método sugerido por
Hamilton (1982).
4.5.10 Espessura de casca
Após a secagem em temperatura ambiente por 72 horas e pesadas, as
cascas foram anotadas e, posteriormente, registraram-se as medidas de sua
espessura em dois pontos da região equatorial do ovo, através de um paquímetro
digital 150 mm modelo STAINLESS HARDENED, com precisão de 0,02 a 0,001 mm.
Os valores adquiridos nos dois pontos de cada ovo das unidades experimentais
foram convertidos em valores médios por parcela.
4.5.11 Qualidade interna do ovo
Para avaliação da qualidade dos ovos, nos três últimos dias de cada período
(19º, 20º, 21º, 40º, 41º, 42º, 61º, 62º e 63º dias), foram analisados os pesos das
cascas, da gema, do albúmen. Para esse fim, foram utilizados eventualmente três
ovos de cada parcela experimental. Cada ovo foi identificado e pesado
especialmente em balança analítica modelo FA – 2104N de 0,0001g. Sendo assim,
a gema foi pesada e anotada, posteriormente, as cascas foram lavadas em água
corrente e secas em temperatura ambiente por 72 horas, para aquisição do peso da
casca. Para determinação do peso do albúmen, por diferença, utilizou-se o peso do
ovo íntegro, menos o peso da casca e gema.
Para o calculo de porcentagem do albúmen, gema e casca, foram utilizados o
peso destes componentes e divididos pelo peso do ovo e, o resultado final
multiplicado por 100.
19
4.6 Análise estatística
Os parâmetros avaliados foram realizados utilizando-se o programa
ASSISTAT – Assistência Estatística (SILVA, 2016), onde os dados foram submetidos
a analise de variância a 5% de probabilidade. Em seguida, os efeitos dos níveis de
sódio foram estimados por meio de análise dos parâmetros pelos modelos de
regressão linear e quadrática, considerando o comportamento biológico das aves.
20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A zona de termoneutralidade para aves adultas, segundo Tinôco (2001),
situa-se entre 15-18°C a 22-25°C e umidade relativa do ar de 50 a 70%. A
temperatura média do ar durante o período experimental foi de 31°C e, as médias de
temperatura e umidade relativa do ar, máxima e mínima, foram de 37,14 ± 3,6 e 24,8
± 3,9°C e 69 ± 13,5 e 29,8 ± 11,6%, respectivamente. Desta forma, verificou-se que
durante o período experimental, as aves ficaram expostas a períodos de estresse
por calor.
Não foi verificado efeito (P>0,05) dos níveis de sódio sobre o peso da gema
(g) e porcentagem de albúmen (Tabela 5).
Tabela 5 - Desempenho produtivo e qualidade de ovos de poedeiras semipesadas
no final do primeiro ciclo de postura, em função dos níveis de sódio na
ração
Variáveis Níveis de Sódio (%)
CV (%) 0,12 0,17 0,22 0,27 0,32
Consumo de ração (g/ave/dia)* 106,74 117,88 100,27 101,24 92,88 8,71
Produção de ovos por ave por dia (%)** 59,69 53,90 61,44 49,54 25,94 12,24
Peso dos ovos (g)** 58,92 61,60 58,03 60,53 53,26 4,91
Massa de ovos (g/ave/dia)** 33,29 33,22 35,72 29,95 11,87 18,20
Conversão alimentar por massa de
ovos (kg/kg)**
3,11 3,48 2,77 3,33 6,16 13,12
Conversão alimentar por dúzia de ovos
(kg/dz)**
2,41 2,51 1,98 2,37 5,52 20,32
Gravidade específica (g/cm3)** 1,088 1,089 1,092 1,093 1,078 0,30
Espessura de casca (mm)** 0,41 0,41 0,41 0,42 0,36 4,56
Peso de gema (g)NS 14,29 14,83 14,05 14,51 13,89 5,58
Peso de albúmen (g)** 38,85 40,66 38,09 39,81 34,90 5,56
Peso de casca (g)** 5,77 6,11 5,89 6,21 4,47 7,30
Porcentagem de gema (%)*** 24,23 24,08 24,21 24,01 26,12 4,25
Porcentagem de albumen (%)NS 65,96 66,00 65,64 65,72 65,49 1,87
Porcentagem de casca (%)** 9,79 9,91 10,15 10,26 8,38 5,11
Viabilidade das aves (%)NS 100 95,83 100 100 100 4,60
Variação de peso corporal (g) 85,62 90,62 100,21 130,21 105,83 -
*Efeito Linear (P<0,01); **Efeito quadrático (P<0,01); ***(P<0,05). CV = coeficiente de variação. NS = não significativo.
21
A porcentagem de casca (P<0,01) e gema (P<0,05) foram influenciadas de
forma quadrática, sendo estimado o valor de 0,20 e 0,19% de sódio na ração para
as aves, respectivamente (Tabela 5 e Figura 2). A porcentagem de gema foi maior
em decorrência do maior nível de sódio, relacionado ao menor peso do ovo.
Enquanto a porcentagem de casca foi menor ao maior nível de sódio devido ao
menor peso de ovo e casca.
Utilizando níveis de sódio (0,15; 0,18; 0,21 e 0,24%) e cloro (0,14; 0,17; 0,20
e 0,23%) nas rações de poedeiras no primeiro ciclo de postura, Murakami et al.
(2003b), estimaram 0,22 e 0,23% de sódio para a porcentagem de casca e
gravidade específica, respectivamente. Os autores concluíram que para melhor
qualidade de casca, devem-se ajustar níveis de sódio de acordo com o nível de cloro
na ração. Mendoza (2015), ao testar 0,10; 0,14; 0,18; 0,22 e 0,26% de sódio nas
rações de poedeiras comerciais submetidas a temperaturas elevadas, no final do
primeiro ciclo de postura, observou efeito quadrático para a porcentagem de casca,
recomendando 0,21% de sódio na ração.
Figura 2. Porcentagem de gema (A) e casca (B), no final do primeiro ciclo de postura conforme os níveis de sódio nas rações.
A
22
B
Houve efeito quadrático para o peso dos ovos (g), albúmen (g) e casca (g)
sendo estimado o valor de 0,19% de sódio na ração (Tabela 5 e Figura 3). Este nível
foi próximo ao teor de 0,18% de sódio recomendado por Bertechini (2014), superior
ao de 0,15% recomendado pelo National Research Council – NRC (1994), e inferior
ao de 0,23% recomendado por Rostagno et al. (2011) para galinhas poedeiras.
Resultados diferentes foram obtidos por Murakami et al. (2003a), ao utilizarem
0,12; 0,15; 0,18; 0,21 e 0,24% níveis de sódio na ração de poedeiras no primeiro
ciclo de postura, pois, não verificaram efeito significativo para o peso do ovo,
gravidade específica, porcentagem e espessura de casca, concluindo que 0,12% de
sódio foi suficiente para promover melhor qualidade externa dos ovos. Por outro
lado, Balnave (1993), utilizou 0,2 e 2 g de sal comum (NaCl) na água de bebida para
poedeiras comerciais e, observou que o peso dos ovos diminuiu ao maior nível de
sal na água. Segundo o autor, o excesso de sódio, reduziu a atividade da enzima
anidrase carbônica na glândula da casca, o que limitou o fornecimento de
bicarbonato de sódio e cálcio para o lúmen da glândula da casca, no processo de
formação da casca do ovo.
23
Figura 3. Peso dos ovos (A), albúmen (B) e casca (C), no final do primeiro ciclo de postura conforme os níveis de sódio nas rações.
A
B
24
C
O peso das cascas foi menor ao maior nível de sódio (0,32%) que coincidiu
com o menor consumo de ração, e que possivelmente pode estar relacionado ao
impacto negativo que a temperatura elevada (31°C) exerceu sobre a qualidade da
casca do ovo. Condizente com Torres (1979), um dos fatores externos responsáveis
pela casca fina é justamente o calor e, à medida que a temperatura se eleva acima
de 25°C, a casca se afina, o que coincide com um menor consumo de ração.
Segundo Macari e Mendes (2005), em temperaturas elevadas, as aves perdem calor
por evaporação e, para aumentar o efeito deste mecanismo elas aumentam a
frequência respiratória e com isso ocorrem perdas de CO2 no sangue, resultando em
alcalose respiratória. De acordo com Bridi (2010), a alcalose em galinhas poedeiras,
exerce um desequilíbrio eletrolítico e mineral e, para compensar este
desbalanceamento eletrolítico, gera uma descarga de ácidos orgânicos (lático e
pirúvico) no sangue. Tais ácidos possuem a capacidade de complexar o cálcio, o
que reduz a quantidade de cálcio livre que seria utilizado para deposição na casca
do ovo e impedindo a sua formação, como resultado, a qualidade da casca será
menor devido à ocorrência de ovos pequenos e de casca fina.
Ao adicionarem 2 g de sal comum (NaCl) na água de bebida de galinhas
poedeiras da linhagem Isa Brown, com 20 e 60 semanas de idade, Chen e Balnave
(2001), não observaram efeito significativo sobre a qualidade dos ovos e
desempenho produtivo nas aves. No entanto, quando foram submetidas a
temperaturas elevadas (30°C), o peso e espessura da casca, consumo de ração,
produção e peso dos ovos, e a conversão alimentar (kg/kg) diminuíram,
25
negativamente. Do mesmo modo, Balnave e Muheereza (1997), ao submeterem
poedeiras comerciais em temperaturas altas (30 e 35°C), com 67 e 77 semanas de
idade, constaram redução no peso das cascas, consumo de ração, produção, peso e
massa de ovos. Porém, ao adicionarem bicarbonato de sódio na ração, obtiveram
melhora na qualidade dos ovos e desempenho zootécnico das aves.
Verificou-se que a espessura de casca e a gravidade específica diminuíram
com o maior nível de sódio na ração (Tabela 5 e Figura 4). Conforme Hamilton
(1982), a gravidade específica é um método indireto para mensurar a espessura da
casca, estando altamente correlacionadas, sendo que quanto menor o valor obtido
pelo método menor é a espessura de casca. Da mesma forma, ao testar 0; 0,06;
0,22; e 0,45% de sódio na ração de poedeiras da linhagem Hy-line W-36, com 41
semanas de idade, Junqueira et al. (1984), notaram que a gravidade específica
diminuiu ao maior nível de sódio (0,45%), no entanto, não verificaram efeito sobre o
peso dos ovos. De modo contrário Junqueira et al. (2003), verificaram melhora na
gravidade específica quando aumentou o nível de sódio na ração de poedeiras no
final do primeiro ciclo de postura de 0,17% para 0,28%. Portanto, o excesso de sódio
na ração prejudicou tanto a qualidade dos ovos quanto o desempenho produtivo das
aves, o que se confirmou neste experimento ao nível de 0,32% de sódio na ração.
Figura 4. Espessura de casca (A) e gravidade específica (B), no final do primeiro ciclo de postura conforme os níveis de sódio nas rações.
A
26
B
Rodrigues et al. (2004), quando incluíram níveis de sódio (0,15; 0,25 e 0,35%)
na ração de poedeiras comerciais, no segundo ciclo de postura, observaram melhora
na espessura de casca com o nível de 0,25% de sódio. Contudo, não encontraram
efeito significativo para a qualidade dos ovos e desempenho zootécnico, concluindo
que 0,15% de sódio na ração foi suficiente para atender a exigência nutricional de
sódio para as aves.
Não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de sódio sobre a viabilidade das
aves e, em relação à variação de peso corporal das poedeiras, não houve perda de
peso entre os tratamentos (Tabela 5). Resultados divergiram aos encontrados por
Nesbeth et al. (1976), ao realizarem experimento com duas dietas (0 e 0,25%) de sal
comum (NaCl), em poedeiras Leghorn com 16 semanas de idade, revelaram que a
dieta sem sal diminuiu o peso corporal das aves, gravidade específica, consumo de
ração, ovários, produção e peso dos ovos.
Houve efeito linear (P<0,01) decrescente para o consumo de ração,
diminuindo o consumo conforme aumentou os níveis de sódio na ração (Tabela 5 e
Figura 5). Resultado similar foi encontrado por Smith et al. (2000), que observaram
efeito linear decrescente no consumo de ração à medida que o nível de sódio
aumentou na ração, ao avaliarem seis dietas experimentais, sendo 1,6; 5,5; 9,4;
13,3; 17,2 e 21,1 g/kg de sódio e, correspondendo um consumo diário de 0,18; 0,55;
0,88; 0,98; 1,03 e 9,64 g de sódio na ração, respectivamente, em poedeiras
27
comerciais da linhagem Isa Brown com 30 e 60 semanas de idade. Do mesmo
modo, Balnave (1993), quando adicionou 0,2 e 2 g de cloreto de sódio (NaCl) na
água de bebida de galinhas poedeiras, verificou que a produção de ovos e o
consumo de ração reduziu ao maior nível de sal na agua.
Figura 5. Consumo de ração (A) no final do primeiro ciclo de postura segundo os níveis de sódio nas rações.
A
A produção de ovos, massa de ovos e a conversão alimentar por massa (kg/kg)
e dúzia (kg/dz) de ovos foram influenciadas de forma quadrática (P<0,01) nos níveis
0,17; 0,18; 0,19 e 0,19% de sódio na ração, respectivamente (Tabela 5 e Figura 6).
Estes níveis foram superiores ao de 0,16% recomendado por Faria et al. (2000) para
poedeiras no final do primeiro ciclo de postura. No entanto, para os autores, níveis
acima de 0,16% de sódio na ração, não surtiram efeitos sobre a qualidade dos ovos
e desempenho produtivo. O que não se confirmou no presente estudo, onde níveis
acima de 0,27% de sódio na ração afetou, negativamente, o desempenho
zootécnico das aves.
Resultados semelhantes aos obtidos neste experimento foram observados por
Ribeiro et al. (2008), que verificaram melhora de forma quadrática para a produção
de ovos, massa de ovos e a conversão alimentar por massa de ovos, ao testarem
níveis (0,08; 0,13; 0,18; 0,23; 0,28; 0,33 e 0,38%) de sódio nas rações de poedeiras
no final do primeiro ciclo de postura. Porém, os autores não observaram efeito
28
significativo dos níveis de sódio sobre o consumo de ração e a conversão alimentar
por dúzia de ovos.
Figura 6. Produção de ovos (A), massa de ovos (B), conversão alimentar por massa (C) e dúzia de ovos (D), no final do primeiro ciclo de postura segundo os níveis de sódio nas rações.
A
B
29
C
D
Junqueira e al. (1984), por outro lado, constataram uma diminuição do
consumo de ração ao utilizar o maior nível de sódio (0,45%) na ração de poedeiras
no final do primeiro ciclo de postura, o que foi observado neste experimento com a
inclusão de 0,32% de sódio na ração. Os mesmos autores, não verificaram efeito
sobre a produção de ovos e conversão alimentar por dúzia de ovos.
30
Os valores obtidos para a produção de ovos, massa e conversão alimentar por
massa e dúzia de ovos, foram menores nos maiores níveis de sódio, o que pode
estar relacionado ao impacto negativo, envolvendo a deficiência ou excesso de
sódio (RIBEIRO et al., 2008), que prejudicaram o desempenho das aves. Conforme
Silva e Pascoal (2014), a fração de minerais nos tecidos e fluidos do organismo
animal podem promover mudanças com o consumo de dietas deficientes,
desbalanceadas ou em excesso, ou seja, tanto a falta quanto o excesso de minerais,
causam a redução no desempenho das aves.
Nos menores níveis de sódio não houve falta de apetite e canibalismo, no
entanto, houve redução do consumo de ração quando se utilizou o nível de sódio
acima de 0,27%. Resultados contrários foram obtidos por Hughes e Whitehead
(1979), ao utilizarem níveis crescentes de sódio na ração (0,003; 0,03; 0,13 e 0,18%)
de poedeiras comerciais com 90 semanas de idade, pois, aos menores níveis de
sódio (0,003 e 0,03%) na ração, observaram canibalismo entre as aves e redução na
produção de ovos e consumo de ração. Porém, os autores, não verificaram redução
no consumo, produção de ovos e canibalismo aos níveis de 0,13 e 0,18% de sódio
na ração. A deficiência de sódio na dieta pode ocasionar prejuízos para avicultura de
postura, pois a ausência deste macromineral pode causar redução na produção de
ovos, atraso na maturidade sexual, diminuição do apetite, redução do peso corporal,
além de favorecer o canibalismo (MACARI e MENDES, 2005; TORRES, 1979).
O nível de 0,20% de sódio proporcionou melhor qualidade de casca, ou seja,
porcentagem e espessura de casca e gravidade específica. Com o nível estimado de
0,20% de sódio foram atendidas também às exigências para melhor desempenho
produtivo, estimadas à 0,20% de sódio na ração para poedeiras semipesadas
criadas em clima quente.
31
6. CONCLUSÕES
O nível de 0,20% de sódio na ração de poedeiras semipesadas criadas em
clima quente, no final do primeiro ciclo de postura, foi suficiente para proporcionar
melhor qualidade dos ovos e melhor desempenho produtivo.
32
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho proporcionou um melhor desempenho profissional
e social, e que foi de suma importância para a formação acadêmica.
33
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