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DANIELE MARTINS NASCIMENTO A PRÁTICA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Corumbá - MS 2014

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DANIELE MARTINS NASCIMENTO

A PRÁTICA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá - MS

2014

DANIELE MARTINS NASCIMENTO

A PRÁTICA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá – MS

Junho – 2014

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DANIELE MARTINS NASCIMENTO

A PRÁTICA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Corumbá-MS

2014.

DANIELE MARTINS NASCIMENTO

A PRÁTICA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada como requisito parcial para

a conclusão do Curso de Licenciatura em

EducaçãoFísica para obtenção do Título de licenciado em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr.º Fabiano Antonio dos Santos

Corumbá – MS

2014

DEDICATÓRIA

A minha mãe, todas as minhas conquistas são dedicadas àquela que

tudo fez para que eu pudesse ser o que sou. Meu maior exemplo.

Ao Amor da minha vida, que todos esses anos vem me apoiando.

AGRADECIMENTOS

A Deus, sobre todas as coisas, pois é minha maior fortaleza, que me permitiu chegar e

percorrer todo esse caminho, a ele toda honra, toda glória.

A minha amada mãe, companheira de toda a minha vida, sempre me apoiando, me

respeitando, por muitas vezes não poder estar presente em certos momentos por conta dos

estudos. A ela, devo tudo o que sou e pretendo ser nessa vida.

Ao meu Amor, por me incentivar sempre, principalmente nos momentos mais difíceis que

pensei em desistir, por ele acreditar sempre na minha capacidade.

A minha família, irmãs Sú, Kelly, Tayane e queridos e amados sobrinhos que são grandes

presentes de Deus em nossas vidas, Cauã, Julinha, Mateus (Picthu) e Davizinho. Obrigada por

me apoiarem e terem orgulho de mim. Amo vocês.

Aos Meus Amigos que nesta caminhada sempre estiveram presentes, tornando-se uma família

que espero levar para a vida inteira.

A minhas queridas amigas Mayara e Nega, amigas e companheiras dessa jornada.

Construímos linda amizade para a Vida.

À Mayara em especial, que me acompanhou em tudo, apoiamo-nos, ajudamo-nos desde o

princípio. Querida grande amiga.

Aos professores que me educaram nesta formação, devo a eles todo meu conhecimento,

desenvolvimento e a minha carreira.

Ao meu Orientador Fabiano, em especial, por acreditar e confiar em mim, eu devo grande

parte de minha formação a ele, assim como a visão sobre a vida e o mundo. Grande mentor.

À professora Maria Lúcia, a formação e a prática que terei, como professora, serão por conta

de todo ensinamento a nós dedicado. Através de suas aulas que escolhi o tema do TCC.

À professora Hellen, por nos ensinar que somos capazes sim de sermos excelentes

profissionais e por nos confiar tarefas, as quais achávamos impossíveis de serem realizadas.

Aos professores que fizeram parte de nossa formação e não puderam estar presentes até o

final desta.

“Quando penso que cheguei ao meu limite

Descubro que tenho forças para ir além”

Ayrton Senna.

RESUMO

Este trabalho pretende compreender a prática avaliativa nas aulas de educação física escolar,

diante do contexto histórico da educação física. Refletindo as influências que esta prática

sofre a partir das mudanças sociais e educativas ocorridas durante a sua trajetória. Buscando

entender o papel fundamental da avaliação no processo de ensino aprendizagem, atrelado aos

objetivos e as concepções teóricas metodológicas propostas pelo professor, visualizando como

este se orienta diante das teorias pedagógicas de ensino da educação física. O presente estudo

parti de uma pesquisa bibliográfica, o que a literatura tem apontado sobre os desdobramentos

da avaliação escolar e como as abordagens de ensino foram compreendidas e implementadas

na prática pedagógica do professor. Entendendo que a avaliação é um instrumento do ensino

que pode contribuir para uma transformação social, sendo ela de acordo com os objetivos bem

definidos, acompanhado por uma concepção metodológica e atrelada aos Projetos Políticos

Pedagógicos de ensino.

Palavras-chave: Avaliação escolar. Abordagens da educação física. Prática Pedagógica

ABSTRAC

This work aims to understand the evaluative practice in school physical education classes, on

the historical context of the physical education. Reflecting the influences that this practice

suffers from social and educational changes that have occurred during his career. Sought to

understand the fundamental role of the evaluation in the teaching learning process coupled to

the goals and the theoretical methodological conceptions proposed by professor, you will see

how this is oriented on pedagogical theories of teaching of physical education. Sought to

understand the study of this subject from the bibliographical research, what literature has

pointed out about the developments of the school assessment and how the teaching

approaches were understood and implemented on teacher's pedagogical practice.

Understanding that evaluation is an instrument of teaching which can contribute to a social

transformation, being according to well-defined objectives, accompanied by a design Meth...

Keywords: School Evaluation. Approaches to physical education. Teaching Practice

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 12

2. ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR .............................15

2.1 Histórico da avaliação escolar .................................................................................................. 17

2.2 A função e utilização da avaliação na educação física escolar ................................................. 19

3.TEORIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E A AVALIAÇÃO ............................ 21

3.1 Relação metodologia e avaliação .............................................................................................. 26

3.2 Par dialético objetivo e avaliação ............................................................................................. 28

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 30

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 32

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1. INTRODUÇÃO

No terceiro semestre da graduação em educação física, na disciplina de prática de

ensino, tive a oportunidade de olhar e conhecer a temática da avaliação na educação física

escolar, mesmo que de forma rápida. No decorrer da graduação, percebi que necessitava

entender ainda mais sobre o assunto, pois nas disciplinas em que os docentes requisitavam

planos de aula como trabalho, e até nos de estágio obrigatório, a dúvida sobre as estratégias e

instrumentos avaliativos ao final de cada plano persistia. E como a avaliação tem papel

fundamental no processo de ensino-aprendizagem, eu, como professora de educação física em

formação, pretendo, com essa pesquisa: Compreender as relações entre a avaliação, os

encaminhamentos metodológicos e os objetivos de ensino. Em particular, a pesquisa objetiva:

analisar, por meio de revisão bibliográfica, o que a literatura tem apontado para a

funcionalidade da avaliação na educação física escolar; demonstrar as relações entre a

avaliação e a concepção teórica adotada pelo professor de educação física. Além da falta de

critérios e da inconsistência entre as estratégias e instrumentos avaliativos, percebo a

necessidade de articulação entre avaliação, objetivos e encaminhamentos metodológicos

propostos pelo professor. Essas inquietações me levaram a realizar os seguintes

questionamentos de pesquisa: Que relações existem entre a avaliação os encaminhamentos

metodológicos e objetivos propostos pelo professor?

A educação física escolar, assim como a avaliação, tem passado por transformações ao

logo de sua história. Várias concepções, abordagens, tendências, metodologias foram

inseridas na educação física com o propósito de buscar sentido a sua prática. De acordo com

(DARIDO, 1999 p. 1), “A possibilidade de identificar, classificar e diferenciar as várias

abordagens da avaliação permite iluminar o campo sobre o qual se discute, além de

possibilitar a percepção de que medida as elaborações teóricas sobre avaliação oferecem

suporte à ação pedagógica”.

As abordagens tradicionais de ensino da educação física têm grande influência na

prática de avaliação dos professores até os dias de hoje. Podem ser compreendidas como

abordagens tradicionais as tendências tecnicistas, esportivistas, que tinham como ênfase

aptidão física, habilidades motoras, conhecimento técnico desportivo. Uma série de testes

físicos eram aplicados, seguiam padrões de avaliação pré-estabelecidos, a avaliação era de

forma quantitativa, seletiva e excludente, selecionando os mais habilidosos e,

consequentemente, excluindo aqueles que não se interessavam pela prática ou eram

considerados mais “fracos”. A avaliação era medida através do esforço físico, priorizando a

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competitividade e o individualismo. Com isso, os professores selecionavam os “atletas” para

competições e as escolas exigiam dos professores títulos. Como a nota faz parte das

exigências da escola, algumas vezes o critério de avaliação, para os considerados menos

habilidosos, era a presença nas aulas de educação física.

Esse modelo de avaliação, pautado no desempenho técnico, remete a formação de

indivíduos obedientes, seguidores de regras estabelecidas, numa forma de adaptação social,

alienante da sociedade e da economia, preparando os educandos para o mercado de trabalho.

“A tendência tecnicista da educação buscava a eficiência e a produtividade, tendo como

concepção a escola como uma empresa, modeladora do comportamento e formadora do

indivíduo para o mercado de trabalho” (SAVIANI 2007 apud DE PAULA, 2009 p.5).

Outras abordagens foram propostas a fim de buscar novas práticas no ensino

pedagógico da educação física. Exemplos dessas novas abordagens são a construtivista,

desenvolvimentista e psicomotrocista. Tais abordagens se contrapõem à perspectiva

tradicional, sendo uma das primeiras que orientaram de maneira mais sistemática a educação

física escolar, cujo foco eram as questões individuais e psicológicas. Passou-se a utilizar a

autoavaliação como mediação, sendo de maneira qualitativa, pois o professor tem condições

de observar o progresso dos alunos através da contínua reflexão da prática de cada indivíduo,

já que os aspectos cognitivos passam a ser considerados, além dos aspectos técnicos.

As abordagens críticas de ensino, crítica superadora e crítica emancipatória surgem

com a finalidade de mudanças, buscando superar a questões tradicionais, com foco em

promover uma educação capaz de resultar na emancipação dos indivíduos, tornar os alunos

mais críticos. Refletindo conteúdo sócio cultural, busca questionar parte das experiências dos

alunos, aguçando sua curiosidade a fim de que sintam necessidade de apreender. Essas novas

perspectivas promovem a prática pela experimentação do conhecimento adquirido, e a

avaliação se dá de forma contínua em todo o processo de ensino, observando os progressos

dos alunos, assim como suas capacidades de decisão e responsabilidade. Incentiva a auto-

avalição pela prática do próprio aluno, analisando os aspectos cognitivos, no processo de

ensino, tornando-os mais críticos por promover reflexões, diálogos durante todo processo,

querendo, assim, formar cidadãos capazes de lutar por uma transformação social mais justa e

igualitária.

Freitas (1995), ao refletir sobre as novas perspectivas críticas de ensino, chama a

atenção para a importância de se ter claros os objetivos a serem alcançados através do

processo de ensino-aprendizagem. Isso requer clareza quanto às finalidades do ensino, postura

do professor, no sentido de como ele se coloca diante de suas em relação aos alunos e à

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administração escolar. É necessário, nessa perspectiva, que os conteúdos sejam sistematizados

a todos os níveis de ensino e que estejam de acordo com o projeto político pedagógico da

escola.

A avaliação na educação física tem sido vivenciada e reproduzida com características

do sistema social vigente, sendo de fundamental importância que os professores tomem

consciência de que esta prática pode ser um instrumento de contribuição para uma

transformação social. Certamente, não há uma fórmula de como avaliar, mas é possível

traçarmos caminhos e abordagens nos quais os professores possam delimitar os objetivos a

serem alcançados e, a partir daí, definir uma abordagem metodológica adequada e avaliação

correspondente.

Sendo assim, avaliação deve estar aliada aos objetivos de ensino propostos no Projeto

Político Pedagógico (PPP) da escola. Essas relações, entre objetivos e avaliação, devem,

também, estar expressos nos planos de ensino e planejamentos de aula do professor. Como

cita FREITAS (1995) “A avaliação incorpora os objetivos, aponta uma direção. Os objetivos,

sem alguma forma de avaliação, permaneceriam sem nenhum correlato prático que permitisse

verificar o estado concreto da objetivação”. (p. 95)

A pesquisa a ser realizada neste trabalho é do tipo bibliográfico, serão selecionados

materiais de estudo que compreendem o assunto da pesquisa, como livros, artigos científicos,

que serão analisados, organizados, servindo de orientação teórica para o estudo.

A pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho

científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em

que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no

levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. (AMARAL, 2007, p.1).

Pesquisa classificada segundo seus objetivos, como pesquisa exploratória. Segundo

(GIL, 2002, p.41), “esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o

problema”. Quanto à abordagem, será qualitativa, segundo Moreira e Caleffe (2006, p. 73),

“a pesquisa qualitativa explora as características e cenários que não podem ser facilmente

descritos numericamente”.

Para iniciarmos a pesquisa, realizou-se um levantamento bibliográfico a partir de

artigos disponibilizados na internet (sites: Ceped, portal do MEC, Scielo,) destacando a busca

pelos seguintes descritores: Terra, Dinah Vasconcellos, Palafox, Freitas, Darido, De Paula,

Luckesi, o levantamento também contou com a seleção de livros indicados pelo professor

orientador além daqueles emprestados na biblioteca da universidade. A busca foi basicamente

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por nomes de autores que explanavam sobre a temática e também pelas palavras chaves

“avaliação na educação física escolar”, também “teorias pedagógicas da Educação física”;

ainda “Avaliação do processo de ensino aprendizagem”, entre outros, assim encontramos

artigos que abordavam esta temática. A pesquisa será realizada primeiramente com

levantamento de dados bibliográficos, apresentação e discussão do material encontrado.

Essa pesquisa está dividida em introdução e três seções. Na primeira, abordamos os

aspectos teóricos e históricos da avaliação escolar. Na segunda sessão, apresentamos a

utilização e a função da avaliação escolar, assim como a avaliação em educação física diante

das teorias pedagogia. Na terceira, são tecidas as considerações finais que apontam a

importante função que a avaliação escolar pode ter para a sociedade.

2. ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

A avaliação, ao longo de toda historia da sociedade, consistiu por muito tempo em

aprovar ou reprovar, excluir ou incluir, medir fracos e fortes, como uma forma de saber se

aprenderam e se obtiveram o resultado. “Avaliação escolar tem se modificado no decorrer

dos anos, em consequência das mudanças estruturais na sociedade, das alterações no

comportamento humano, dos avanços tecnológicos, entre outros fatores”. (BRATIFISCHE,

2003 p. 1)

Luckesi (2012) argumenta que a avaliação escolar recebeu influência, da forma de

avaliar da sociedade, que era seletiva, por isso permaneceu por muito tempo com essa

característica. Afirma, ainda, que a sociedade enxerga a avaliação como sucesso, a qual deseja

alcançar, segundo o auto, avaliação é um diagnóstico que sinaliza a obtenção ou não dos

resultados, e não é a avaliação o resultado em si, o que vai depender do resultado é a

administração ou a gestão pelas quais se organizam os caminhos para se chegar ao objetivo

final, que seria a instituição ou sistema de ensino. Este deve mapear o caminho com

instrumentos de ensino que serão meios para alcançar os resultados que almejarem.

A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que

se articula com um projeto pedagógico e com seu consequente projeto de

ensino. A avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de

ação que visa construir um resultado previamente definido. (LUCKESI,

1998, p.71).

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Para Luckesi (2012), avaliar é como medir o conhecimento, como se mede algo,

porém dando ao aluno uma nota ou um conceito sobre determinado assunto, o discente se

esforça muitas vezes para atingir a uma melhor nota e não, necessariamente, esforçando-se

para a aprendizagem.

A avaliação pode ser analisada por dois pontos de vista: o pedagógico e o político. Na

visão pedagógica de ensino, a avaliação, desde o princípio do ensino, é a maneira utilizada

pelos professores para compreender o quanto o aluno está aprendendo, tendo como resultado

aprovação ou reprovação. E como uma forma de corrigir as falhas dos alunos, existe a

recuperação, porém se os resultados forem muitas reprovações, Luckesi (2012) explica que

quando a falha é grande, o que deve ser revisto e reorganizado são as metodologias de ensino,

a organização do sistema de ensino aprendizagem e seus objetivos, no intuito de corrigir e

obter melhores resultados.

Politicamente, a avaliação tem a capacidade de igualar o conhecimento. Que a

aprendizagem de todos e para todos seja investida realmente na educação para que isso

aconteça. Se os educadores tiverem interesse de equalizar a educação, a avaliação tem esse

poder; porém, politicamente, o poder econômico deve fazer valer o ensino, tendo educação

para todos, realmente, e de qualidade. Não uma educação que alguns aprendem e outros não e

fica por isso mesmo. É necessário que se dê mais atenção a este processo fundamental da

educação. Quanto a isso, De Paula (2009) afirma:

Nos últimos anos, observa-se no cenário educacional que a avaliação,

enquanto políticas públicas ou como articuladora do processo de ensino

aprendizagem, tem sido muito discutida nos bastidores educacionais. Ela traz

em si uma complexidade que deve ser estudada profundamente para que se compreenda o processo avaliativo no qual nossa educação foi inserida. (DE

PAULA, 2009, p. 7364).

De acordo Luckesi (2012), a prática da avaliação necessita ser com rigor da

metodologia científica; isso quer dizer, segundo o autor, que a ciência pedagógica atualmente

tem total capacidade de oferecer subsídios que possam conduzir a prática educativa para a

construção de resultados significativos da aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.

A avaliação não é o ponto final da aprendizagem e, sim, um caminho para entender se

o ensino está correspondendo à expectativa do planejamento pedagógico, se não estiver,

existe a forma de corrigir com a recuperação, no caso do aluno, mas se a maioria não está

aprendendo, então o sistema de ensino deve ser analisado e reformulado. Segundo SILVA

(2009, p.8), “Avaliação significa dar o aval a alguém ou alguma coisa, dar seu parecer sobre

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algo, isso quer dizer que estamos dando autonomia de possibilidade de avanço.” Como no

dia-a-dia, todos avaliam e são avaliados quando, por exemplo, observam atitude das pessoas e

dão uma opinião a respeito de determinadas atitudes, dão seu parecer, estão avaliando. O que

vai se diferenciar da avaliação escolar é que, no ensino-aprendizagem, a avaliação é formal,

pois são estabelecidos critérios para a sua prática. A avaliação é executada por uso de

instrumentos como, por exemplo, prova escrita, oral ou prática corporal, no caso da educação

física.

2.1 HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

Avaliação escolar tem sido muito discutida, e vários estudos dessa temática apontam

que, ao longo da história, desde seus primeiros manifestos, mostra-se de maneira seletiva,

com a finalidade de aprovação ou reprovação. Segundo Deprebíteres (1989 apud

MESQUITA; COELHO. 2008 p. 163), o ato de avaliar retoma períodos antigos, mais

precisamente o império chinês, em 2205 a. C., quando o imperador avaliava seus oficiais com

o propósito de prover o Estado com homens capacitados.

Antes do século XVI, a forma de ensino era como oficinas de mestres e aprendizes,

um mestre para dois ou três aprendizes. Após o século XVI, surge a necessidade de ensinar

vários aprendizes ao mesmo tempo e, para saber se os alunos estavam aprendendo ou não o

que era ensinado, cria-se a avaliação escolar, que foi influenciada por avaliações e exames

que eram feitos na sociedade para testar indivíduos no intuito de selecionar pessoas, como por

exemplo, para uma seleção profissional, para entrar no exército. (Luckesi, 2012).

A avaliação segundo Perrenoud (1999 apud FRÓES JÚNIOR et al 2011, p.2 ) [...]

“nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa

que conhecemos, desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória”. A avaliação desde que

estabelecida na aprendizagem escolar torna-se norma burocrática do sistema.

No período da república, o Brasil ainda não era industrial, sua economia era agrário-

exportadora e, neste período, ele não possuía planejamentos estratégicos que associassem

interesses comuns da economia e políticas públicas. Segundo Mesquita e Coelho (2008, p.

163), na metade do século XX, surge no Brasil o planejamento para o desenvolvimento

econômico, seguindo uma tendência mundial de controle das economias no mundo do

trabalho capitalista. A educação, assim como todos os setores sociais entram no plano de

desenvolvimento social, adequando a escola ao desenvolvimento do capitalismo. Com as

mudanças na economia e a necessidade de mão de obra para o mercado de trabalho, o governo

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amplia o acesso às escolas, onde o objetivo maior passa a ser formar cidadãos para suprir a

carência produtiva do capital.

[...] A fixação da Avaliação Educacional nos resultados, nos produtos reflete

bem a lógica capitalista da época nos Estados Unidos e nos países de

economia avançada. Com isso percebemos a vinculação da Avaliação

Educacional sempre a um projeto de sociedade, por isso também não é neutra e sua compreensão depende de associá-la as tramas sociais de seu

contexto. (SILVA, 2012 p.2).

A avaliação da aprendizagem foi influenciada pelo contexto histórico da humanidade

pela forma como se organizavam. A partir da revolução industrial, a educação passou a ser

planejada com objetivos de atender a necessidade de mão de obra do sistema hegemônico.

A avaliação da aprendizagem escolar foi permanecendo tradicional de maneira

classificatória, com interesse de ensinar e os alunos aprenderem o essencial para atender a

necessidade do mercado de trabalho. A tendência pedagógica tradicional tinha o professor

como o detentor do conhecimento, em que todo conteúdo era tido como verdade absoluta, a

avaliação era a reprodução exata dos conteúdos transmitidos em sala de aula. “Essa função

social seletiva, incorporada pela escola, faz com que ela seja vista como um local de

preparação de recursos humanos para os vários postos de trabalho existentes na sociedade”.

(BOURDIEU e PASSERON 1975, apud FREITAS 1995. p.96).

No início do século XX, surge o movimento da Escola Nova no Brasil. Essa

perspectiva de ensino é centrada no aluno, valorizando a criatividade no processo cognitivo.

Os estudantes devem aprender praticando, ou seja, conforme suas experiências do dia-a-dia. O

planejamento de ensino não é feito com antecedência e organizado como era o ensino

tradicional, os conteúdos vão sendo programados conforme os alunos vão aprendendo, tendo

como objetivo o desenvolvimento pessoal dos alunos. A avaliação nesta perspectiva era feita

por conceitos de forma qualitativa. A escola nova não se manteve por muito tempo. Segundo

Mesquita e Coelho (2008 p. 5), a experiência do escolanovismo não foi bem sucedida, pois

necessitava de investimentos financeiros para equipar as escolas com materiais adequados e a

exigência de um número reduzido de alunos para possibilitar o desenvolvimento de

experimentos individuais.

A avaliação escolar acompanha a trajetória da educação e seus objetivos, seguindo as

mudanças históricas sociais, econômicas e políticas. Com o passar do tempo, o governo

brasileiro, com planejamento e metas para o desenvolvimento do País, passa a priorizar a

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educação. A partir de planejamentos sociais aliados aos interesses da industrialização surgem

as abordagens de ensino voltadas aos objetivos de formar trabalhadores. Com a intenção de

manter o poder do país e atingir o objetivo do sistema vigente, configura-se o modelo de

ensino tecnicista, em que é regulamentado pela lei de diretrizes bases da educação brasileira

de ensino, é a forma que se encontra para os governantes controlarem o que as escolas estão

ensinando aos alunos, e a avaliação se dá de forma a mensurar o conhecimento sem se

importar se atingiu o que foi proposto nos planejamentos ou não.

Em 1990, surge no Brasil a abordagem crítica de ensino, voltada aos interesses do

proletariado, redimensionando/tencionando o caminho da educação e seus objetivos de

avaliação. Essa pedagogia de ensino tem como objetivo a transformação através do

conhecimento científico, muito bem orientado com objetivos definidos, desenvolvendo a

capacidade de reflexão dos alunos a respeito dos conteúdos desenvolvidos no processo de

ensino e sua correlação com o contexto histórico. “Analisando a escola, os alunos, a

comunidade e a sociedade, para, em seguida, sintetizar e interpretar a condição atual desses

elementos, direcionando o processo pedagógico de acordo com os objetivos do projeto de

ensino da escola e do planejamento do professor”. (VARGAS, 2010, p. 2). Segundo Pirolo e

Taam (2009), “Tendência crítico-social - considera a avaliação um processo de conhecimento

questionador da realidade social para buscar transformá-la através da participação

democrática, responsabilidade, convivência, compromisso e autoavaliação”. (PIROLO e

TAAM, 2009, p.3).

As teorias críticas de ensino, baseadas no Marxismo, são apoiadas em referenciais das

ciências Humanas, enquanto a pedagogia crítico – superadora - está diretamente ligada às

questões sociopolíticas dos alunos, da escola e da comunidade. Diante do processo histórico,

algumas mudanças sociais e, consequentemente, pedagógicas na educação física foram sendo

desveladas durante sua trajetória, juntamente com a forma de avaliação diante de cada

perspectiva de ensino. A seguir, será apresentado como a avaliação vem sendo utilizada e sua

funções diante das mudanças históricas.

2.2 A FUNÇÃO E UTILIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

Diante do contexto histórico, a educação física teve funções voltadas à dominação e

adequação dos alunos ao projeto de sociedade vigente, priorizava-se a avaliação do

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desempenho, da técnica, da repetição. A influência principal desse tipo de avaliação na

educação física veio da perspectiva militarista e tecnicista.

Na disciplina de educação física, é complexa uma exata função da avaliação, já que a

própria função de avaliação escolar encontra-se desorientada, por tantas mudanças e objetivos

antagônicos de ensino. E, na educação física, a dificuldade ainda encontrada na avaliação tem

a ver com crise de identidade da disciplina e sua função escolar. A educação física ficou por

muito tempo pautada no método tradicional de ensino e na tendência tecnicista, quanto a isso,

afirmam Palafox e Terra (1998) “ideologicamente, esta prática, quando manifestada por uma

concepção tecnicista de Educação, tem sido utilizada como um mecanismo de distinção entre

os melhores e os piores, tomando como referência os erros e os acertos encontrados, na

perspectiva do professor”. (PALAFOX e TERRA, 1998, p.2).

A função da avaliação na educação física escolar desde os anos 1980 e 1990 vem

sendo discutida e estudada, por conta da própria educação física estar buscando sentido a sua

prática a fim de quebrar paradigmas da educação física voltada para promoção de saúde,

baseada em seu princípio, atendia objetivos militaristas, higienistas e interesses da burguesia.

A perspectiva da avaliação esteve sempre voltada à verificação de méritos

físicos. Porém, hoje, a avaliação é entendida como integrante de todo o

processo educativo e sua função é proporcionar a educadores e educandos momentos de análise das ações estabelecidas em aula para que ambos

possam retomar posturas com o escopo de concretizar o Projeto de Ensino-

Aprendizagem. (Da COSTA e JUNIOR, 2005).

A função da avaliação está ligada diretamente aos objetivos de ensino, às abordagens

pedagógicas de ensino no currículo escolar, aos projetos pedagógicos. E para que o professor

de educação física se oriente e se organize quanto aos conteúdos, existem os parâmetros

curriculares nacionais que direcionam os encaminhamentos metodológicos como base de

ensino, como também os próprios Projetos político-pedagógicos da escola.

A educação física necessita avaliar constantemente o desenvolvimento dos alunos em

sua prática corporal em conjunto com os conteúdos, é uma constante analise teórica e prática

da aprendizagem. “Avaliar em Educação é reconhecer, diagnosticar, desenvolver e valorizar

a expressão individual, a cultura própria e a manifestação de afetividade, como um meio para

a aprendizagem e formação integral do educando”. (BRATIFISCHE, 2008, p 21-31).

Na educação física, avaliar é enxergar o aluno diante do seu contexto histórico de

aprendizagem, analisando os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores dos alunos, sendo

contextualizado e inserido do projeto pedagógico da escola. Com isso, o professor consegue

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acompanhar o desenvolvimento do aluno, diagnosticando suas capacidades físicas e

intelectuais. Para Carvalho et al. (2000, p.195 apud Bratifische 2003), “a avaliação no

âmbito da educação física deve ser analisada de maneira ampla, contextualizada e inserida no

projeto político-pedagógico da escola e não restrita a métodos, procedimentos técnicos e

aplicação de testes físicos”. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de educação física

(1998), “a avaliação é de utilidade tanto para o professor quanto para o aluno, para que ambos

possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do processo de ensino e

aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo”. (BRASIL, 1998, p.58).

A partir dos conteúdos da educação física escolar, aliados aos objetivos de ensino,

utilizando-se de metodologias de ensino e instrumentos da avaliação escolar, a utilização da

avaliação é diagnosticar, verificar e acompanhar a aprendizagem dos alunos em todos os

aspectos; cognitivos, afetivos e motores. Não como finalidade excludente e sim inclusiva,

explicativa e educativa de ensino, pois o dever da educação é ensinar e formar, respeitando os

limites de cada aluno, sua história, tendo a consciência de que o progresso de cada um é

individualmente diferenciado.

Os professores também têm suas particularidades e metodologias diferenciadas em sua

forma de avaliar, sendo ele ciente de seus objetivos de ensino, atrelados aos conteúdos,

planejamentos pedagógicos, utilizará a avaliação em educação física de forma a vislumbrar o

desenvolvimento do aluno e seu progresso tanto na teoria quanto na prática. O professor deve

traçar métodos de ensino que vão lhe dar um caminho e colaborar para o desenvolvimento do

aluno.

Na educação física, as teorias pedagógicas de ensino, abordagens e tendências

pedagógicas foram inseridas na escola/nas aulas conforme as transformações sociais, cada

qual desempenha objetivos e perspectivas diferentes, com visão de formação diferenciada.

Dessa forma, afirma Ferreira (2011): “A cada nova concepção de ensino, cria-se ou propõe-se,

necessariamente, uma nova concepção para a avaliação”. (FERREIRA, 2011 p.35).

3. TEORIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E A AVALIAÇÃO

Toda prática pedagógica parte de determinada concepção teórica, estas práticas estão

sistematizadas através de teorias pedagógicas que pressupõem uma perspectiva de ensino;

diante disto, essa sessão objetiva apontar a pluralidade dessas teorias pedagógicas, que

resultam em diferentes perspectivas para prática da educação física.

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Conforme o coletivo de autores (1992), a prática pedagógica surge da necessidade

concreta da sociedade, devido a suas mudanças históricas. No final do século XIII e início do

século XIX, a educação física escolar e a prática corporal dos exercícios físicos foram

influenciadas fortemente pelo militarismo e a medicina, os exercícios físicos passaram a ser

entendidos como receita médica com objetivo de desenvolverem corpos saudáveis, fortes e

disciplinados para servirem e defenderem a pátria.

Na perspectiva do higienismo, estava voltado à saúde pública, exigindo da sociedade

hábitos saudáveis, como de tomar banho, escovar os dentes, e os exercícios físicos eram

apresentados como um fator de higiene. “Educar o corpo para a produção significa promover

saúde e educação para a saúde (hábitos saudáveis, higiênicos). Essa saúde ou virilidade

(força) também pode ser (e foi) ressignificada numa perspectiva nacionalista/patriótica”

(BRACHT, 1999, p. 73).

No século XX, a Educação Física escolar sofreu, no Brasil, influências de correntes de pensamento filosófico, tendências políticas, científicas e

pedagógicas. Assim, até a década de 50, a Educação Física ora sofreu

influências provenientes da filosofia positivista, da área médica (por exemplo, o higienismo), de interesses militares (nacionalismo, instrução pré-

militar), ora acompanhou as mudanças no próprio pensamento pedagógico

(por exemplo, a vertente escola-novista na década de 50). (BRASIL, 1998, P.21).

Para Darido (1999), as abordagens pedagógicas da avaliação em educação física, são

classificadas como: abordagem tradicional, humanista e crítica. Entendidas como abordagens

críticas e não críticas. As consideradas não críticas são: tradicional e humanista, e as críticas

de ensino da educação física são denominadas: crítica-superadora e crítica-emancipatória.

A abordagem tradicional de ensino, também denominada como

biologização/esportivização, tinha como método de ensino exercícios de repetições, testes

físicos aplicados, como teste de verificação de força, abdominais, membros inferiores e

superiores, suspensões, flexões entre outros. A partir dos testes, os alunos eram classificados

por categorias entre fraco, regular, bom e excelente. Os professores não explicavam o porquê

dos testes e nem qual objetivo deles. “Os objetivos dos testes eram vinculados a proposta de

avaliar a aptidão física enquanto o conteúdo hegemônico das aulas era a aprendizagem dos

esportes, e o que é pior, esportes para os habilidosos e os que podiam representar a escola nas

competições esportivas” ( DARIDO, 1999, p.2).

23

Nesta perspectiva de educação física, a avaliação era bastante seletiva, com os testes

físicos, a fim de selecionar atletas de alto rendimento, utilizando a avaliação como verificação

físico-motora dos alunos.

Este tipo de crença tecnicista se sustenta numa leitura científica de caráter

“funcionalista”, que parte do pressuposto de que toda realidade tende a ser

estável e harmônica e que, portanto, seu conhecimento também faz parte de um processo constante e regular, capaz de ser monitorado com processos

avaliativos uniformizados que podem, em consequência, ser aplicados para

todos os alunos sem distinção de classe social, nível escolar, raça, cor, sexo, níveis e tipos de inteligência etc. (PALAXOX;TERRA,1998, p. 3 ).

São classificadas como abordagens tradicionais de ensino as tendências pedagógicas

tecnicistas e esportistas, tendo a avaliação como ênfase na aptidão física e habilidades

motoras, de forma quantitativa e somativa, a importância da avaliação estava no resultado

final. “Neste método a avaliação tinha características de reprodução do sistema econômico

vigente, pois ela apenas reforçava a força física e o rendimento em detrimento de uma força

de trabalho e competitividade que o sistema apresentava” (DE PAULA, 2009, p. 7366).

Observa-se desta perspectiva de ensino que os conteúdos eram transmitidos de forma

fragmentada, a prioridade eram apenas gestos técnicos e o esporte, mesmo existindo na

educação física, um leque de conteúdos a serem trabalhados. Percebe-se que os professores

não tinham objetivos definidos, a partir do momento em que se exclui o aluno já se verifica

que o objetivo de desenvolver o mesmo não existe, o ensino é para os mais habilidosos e os

que não têm certas habilidades não desenvolvem estas para que sejam aprimoradas. Darido

(1999) aponta os principais equívocos diante desta perspectiva, quanto a forma de avaliar:

A perspectiva tradicional de avaliação, que infelizmente ainda frequenta a

visão e a prática de muitos professores de Educação Física, cometeu uma série de equívocos. Os principais são; - a noção de que avaliação consiste em

aplicar testes em prazos determinados, - que avaliação é algo que acontece

somente no final de um prazo; - que avaliar é atribuir uma nota ou um conceito; - que a avaliação é punitiva; - que avaliação pode tomar o lugar do

ensino, - que avaliação só é possível se for quantitativa e envolver medição e

que avaliação é um mero cumprimento de uma exigência burocrática.

(DARIDO, 1999, p. 3)

A partir da década de 70, com várias críticas ao modelo de ensino

tradicional/tecnicista, novas abordagens foram propostas na educação física buscando

mudanças em sua prática, contrapondo a abordagem tradicional de ensino. A abordagem de

ensino humanista – reformista tinha perspectiva de ensino voltada mais aos aspectos internos,

24

principalmente os aspectos psicológico dos alunos, valorizando o individual. Entendem-se

como abordagem humanista as tendências de ensino psicomotricista, desenvolvimentista e

construtivista, que têm as mesmas características da abordagem.

A tendência psicomotricista ou psicomotora foi proposta à educação física nas décadas

de 70 e 80, seu método de ensino está voltado ao estímulo do desenvolvimento psicomotor,

construção de esquema corporal, aptidões motoras, lateralidade. A educação física nesta

perspectiva está direcionada como uma disciplina que ajudará os alunos a se desenvolverem

em outras disciplinas, pois o desenvolvimento da educação física é o desenvolvimento do

aluno, na busca de garantir a sua formação integral.

De acordo com De Paula (2009), as tendências construtivista e psicomotora foram as

primeiras a conduzirem a educação física escolar de maneira mais sistemática. O foco está

voltado às questões individuais e psicológicas dos alunos, passando a utilizar autoavaliação. A

avaliação é realizada durante o processo do ensino aprendizagem, de forma qualitativa e

formativa, valorizando a aprendizagem individual e o instrumento utilizado é por observação,

autoavaliação e sociograma. Avaliava-se o domínio afetivo social e cognitivo motor. Nesta

perspectiva, os alunos são estimulados pelos professores à reflexão de suas ações e a

observarem seus próprios progressos no âmbito dos aspectos motores. Concepção de ensino

não crítica, os professores não relacionam os conteúdos transmitidos à realidade em que estão

inseridos. Busca nesta perspectiva ensinar a partir das experiências que os alunos já possuem

para assim inserir novos conhecimentos, o professor é como um mediador do conhecimento,

estando em constante observação do desenvolvimento dos alunos.

Na perspectiva construtivista, a intenção é a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, e para cada criança a construção

desse conhecimento exige elaboração, ou seja, uma ação sobre o mundo.

Nesta concepção, a aquisição do conhecimento é um processo construído

pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente de acordo com as pressões do meio. Conhecer

é sempre uma ação que implica esquemas de assimilação e acomodação num

processo de constante reorganização. (BRASIL, 1998, p.24)

Ainda consideradas abordagens não críticas de ensino, as desenvolvimentistas, foram

influenciadas pelas duas tendências anteriores citadas, e suas metodologias de ensino têm

características humanistas-reformistas. O professor observa o aluno de forma sistemática com

a intenção de perceber seus progressos, encontrar os erros para, a partir deles, corrigir e

desenvolvê-los. Valoriza experiência dos alunos, sua cultura e se preocupa com o que o

discente aprendeu, considerando o que o mesmo já tinha como experiência, avalia-se nesta

25

perspectiva o aspecto afetivo-social cognitivo e motor, de caráter qualitativo e seus

instrumentos de avaliação é a autoavaliação, observação e sociograma. Como

desenvolvimentista o ensino é voltado para alunos de até catorze anos. “Admite-se a

avaliação qualitativa, julgando-a como uma permanente reflexão sobre a atividade humana e

que só pode ser captada através da vivência de cada um”. (DARIDO, 1999, p.6).

Nas abordagens humanista-reformistas, algumas mudanças no ensino acontecem com

relação às abordagens tradicionais. A educação física passa a valorizar outros aspectos além

das aptidões físicas, preocupa-se com a relação cognitiva, afetiva e social. Importava-se mais

com as experiências que os alunos já possuem. A avaliação não se dá somente no fim, e sim

durante o processo de ensino, respeita-se a individualidade e capacidade de cada um,

estimulando a reflexão individual e coletiva do conhecimento adquirido.

Assim como a abordagem humanista levanta a necessidade de avaliar para

além dos parâmetros motores, incluindo as dimensões cognitivas e também

afetivo-sociais através da formação de atitudes e aquisição de valores. Além disso, propõe um modelo de avaliação qualitativa, baseada na observação

sistemática. Freire (1989), além das críticas ao modelo tradicional, voltado

ao rendimento e a visão quantitativa, propõe o uso de sociogramas e

questionários com questões abertas para avaliar o aspecto social, cognitivo e moral vivenciado pelas crianças em situações de jogos, utilizando fichas

individuais para cada aluno, além da observação do desenvolvimento e

aprendizagem da criança dentro das atividades a partir do ponto de partida de cada um. (DARIDO 1999, p.6).

As abordagens críticas de ensino da educação física são: crítica-superadora e crítica

emancipatória. Foram inseridas na educação física em meados dos anos 80 com a pretensão

de buscar sentido a sua prática e superar as questões tradicionais de ensino, visando à

emancipação dos indivíduos. Com intenção de romper com o poder hegemônico, criticam o

caráter alienante da educação física na escola, buscando superar as contradições e injustiças

sociais, relacionando o ensino com as transformações sociais, econômicas e políticas.

Saviani cria a pedagogia histórico-crítica, abordagem de ensino que serviu como base

para a tendência crítico superadora elaborada pelo coletivo de autores que escrevem o livro

“Metodologia de ensino da Educação Física” tendo como proposta de ensino o conhecimento

sistematizado por ciclos. (BRACHT, 1999, p. 79) “Entende essa proposta que o objeto da área

de conhecimento EF é a cultura corporal que se concretiza nos seus diferentes temas, quais

sejam, o esporte, a ginástica, o jogo, as lutas, a dança e a mímica”. Esta concepção de ensino

que tem como fundamento no materialismo histórico dialético propõe ao ensino novos rumos,

trançando um caminho mais organizado, a fim de quebrar paradigmas e orientar professores

26

em sua prática de ensino a terem resultados positivos. Propõe que os conteúdos sejam

sistematizados e organizados de acordo com o conhecimento acumulado historicamente.

O coletivo de autores tem como base o marxismo, como centro de resistência utiliza

dos discursos da justiça social. Pretende ensinar e entender o conhecimento em sua totalidade,

contextualizando os fatos e registros históricos. Esta abordagem é compreendida por Darido

(1999) como Projeto Político Pedagógico. “Político porque encaminha propostas de

intervenção em determinada direção e pedagógico no sentido de que possibilita uma reflexão

sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas determinações”. (DARIDO 1999,

p.7).

A pedagogia crítico-superadora é fundamentada na concepção diagnóstica, buscando

o desenvolvimento do aluno a partir de projeções e retrospecção, privilegiando a criatividade

do indivíduo, as condutas humanas e a compreensão crítica da realidade. Conforme Soares

(1993 apud DE PAULA 2009, p.7370), esta perspectiva dá importância para a participação de

todos no processo de avaliação, possui característica democrática, facilitando ao aluno a

tomada de atitudes críticas frente as suas práticas sociais e aos conteúdos estudados. Para o

coletivo de autores, a avaliação deve buscar coerência entre as ações com o projeto político

pedagógico, considerando a observação, voltada para aquisição do conhecimento, habilidades

e atitude dos alunos perante a realidade.

A crítica emancipatória foi influenciada por Paulo Freire, em que os primeiros estudos

foram desenvolvidos por Elenor Kunz. Segundo BRACHT (1999), a concepção proposta por

Kunz parte de uma concepção de movimento denominada por ele de dialógica, em que o

movimento humano é entendido como forma de comunicação com o mundo. Propõe como

conteúdo de ensino elementos da cultura do movimento, pretende desenvolver a autonomia

dos alunos e a capacidade de analisar e agir criticamente no contexto sociocultural e

esportivo. Parte do entendimento de que o movimentar-se humano é uma linguagem capaz de

se comunicar com o mundo, sendo um processo de comunicação, que as pessoas se

reconhecem a partir do diálogo corporal. A corrente que sustenta esta abordagem é a

fenomenologia.

Assim, ambas as propostas sugerem procedimentos didático-pedagógicos

que possibilitem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se

humano (os temas da cultura corporal ou de movimento), propiciar um

esclarecimento crítico a seu respeito, desvelando suas vinculações com os elementos da ordem vigente, desenvolvendo, concomitantemente, as

competências para tal: a lógica dialética para a crítico-superadora, e o agir

comunicativo para a crítico-emancipatória. (BRACHT, 1999 p.81)

27

Nessas abordagens, avalia-se na busca da tomada de decisão: as habilidades, os

conhecimentos e as atitudes a partir do conteúdo adquirido. De forma qualitativa através de

registros sistemáticos, com ênfase no processo de ensino aprendizagem sendo contínuo e

diagnóstico, realizado coletivamente por professor, aluno e equipe pedagógica. Pretendendo

formar indivíduos críticos associando os conteúdos transmitidos, fazendo com que os alunos

compreendam a realidade em que estão inseridos, na busca de torná-los críticos conscientes.

Com base no pressuposto de que toda prática pedagógica possui intencionalidade e,

portanto, não é neutra, e que tal prática possui relação direta com aspectos teóricos, pois é ele

quem dá sustentação argumentativa e prática, é que passaremos a discutir no próximo item as

relações entre metodologia e avaliação. A metodologia é, antes de tudo, a forma como o

professor organiza os conteúdos, como ele apresenta-o a seus alunos. Certamente, essa

apresentação é sistematizada, possui organização e tem relação com os aspectos teóricos já

mencionados e sistematizados pelas teorias pedagógicas. Assim, também não é possível

pensarmos em avaliar o processo de ensino aprendizagem sem considerar a metodologia do

professor e o referencial teórico por ele selecionado.

3.1 RELAÇÃO METODOLOGIA E AVALIAÇÃO

O histórico da avaliação em educação física escolar, assim como sua prática, diante

das abordagens pedagógicas, difere-se e orienta-se de acordo com suas teorias, objetivos,

perspectivas e metodologia de ensino, cada qual com sua forma de ensinar, aprender e avaliar,

pois não tem como pensar na avaliação sem pensar na metodologia nela empregada.

Analisando as abordagens e o desdobramento da educação física, podemos questionar: qual

significado a avaliação tem assumido? Que sentindo os professores estão dando a ela? Qual

referência podemos buscar para conduzir metodologicamente a prática avaliativa na educação

física escolar?

O ensino da educação física deixou a desejar por muito tempo, por não entender a

importância que avaliação possui no processo de ensino, que precisa ser diretamente

relacionada aos planejamentos de ensino, as metodologias que serão utilizadas a fim de

alcançar os objetivos que se pretende. Por esta razão, educação física limitou-se por muito

tempo em avaliar apenas para cumprir normas burocráticas da escola, seguindo padrões

28

estabelecidos de ensino tradicional, pautada na repetição, com ênfase na aptidão física,

utilizando de testes de medidas pré-estabelecidos, conteúdos fragmentados, com finalidade no

alto rendimento e seleção de atletas, sem refletir as consequências que essa educação pode

causar nos indivíduos. Tantas outras dimensões a que não se dava importância como de

respeitar a individualidade, experiência, cultura e condição social.

“Como consequência desta realidade nos encontramos diante de uma prática avaliativa

utilizada como um mero instrumento de poder, frequentemente utilizado como arma para

hostilizar os alunos e exigir deles uma conduta disciplinada e submissa” (PALAFOX e

TERRA, 1998, p. 2).

Neste modelo de ensino, que se pretende romper, os professores eram tidos como o

centro do saber, o processo histórico social de construção do conhecimento não é levado em

consideração, não existe relação do conteúdo e a realidade em que se encontra, pois não era

estimulada a reflexão crítica nos alunos, muito menos sabiam para quê e por que estavam

sendo avaliados.

Pensando na avaliação diante da visão crítica de ensino, estes estudos vêm tentando

direcionar uma prática pedagógica da educação física mais organizada e sistematizada no

saber escolar. Entende-se que a avaliação deve ter dimensão formadora, tendo reflexão da

ação e a da prática pedagógica. De acordo com Palafox (1992 Apud PALAFOX e TERRA

1998, p5), “avaliação é um processo de obtenção de informações integradas a um sistema de

trabalho que apresenta finalidades e objetivos pré-determinados”. Todavia, os professores

precisam definir quais procedimentos utilizar e quais critérios, buscando a luz de um

referencial teórico, a fim de tomar decisões quanto sua metodologia de ensino. Sendo que a

avaliação se concretiza a partir do que se estabelece nos Projetos Políticos Pedagógicos e a

Proposta Pedagógica Curricular e Plano de Trabalho Docente, que são documentos escolares

fundamentados nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Visando definição do procedimento de

mensuração sendo ela qualitativa ou qualitativa.

O Coletivo de Autores (1992) que propõe a abordagem crítico-superadora com saber

sistematizado por ciclos e o conhecimento é construído coletivamente tendo como orientação

os projetos pedagógicos da escola, planejamento das aulas de acordo com os conteúdos que a

educação física possui da cultura corporal, tendo os jogos, o esporte, a dança e as lutas, assim

como o lúdico. A partir dos conteúdos, o conhecimento é contextualizado historicamente; a

avaliação é continua durante todo processo de ensino, estimula as reflexões constantes dos

alunos para um saber coletivo e relacionado à realidade social, cultural, econômica e política.

29

É importante que o professor tenha clareza do que se pretende ensinar, para que

ensinar, por que ensinar e quais caminhos ele deve seguir para alcançar os objetivos. Traçar

um caminho para que seus objetivos sejam alcançados em sua especificidade. Que os

conteúdos de ensino sejam programados e construídos coletivamente por instituição,

professor e alunos, e que os alunos tenham clareza do que vão aprender e como serão

avaliados durante o processo de ensino. Concordo com a visão crítica quando ao se referir que

se deve respeitar o contexto histórico do aluno assim como suas experiências já adquiridas,

que ninguém é igual em todos os aspectos; físico , psíquico, social e economicamente.

A relação que se tem como do conhecimento a ser transmitido com a realidade em

que se encontra a escola e a sociedade, acredito que há a necessidade de que esse

conhecimento seja transmitido de forma sistematizada e historicamente acumulado,

facilitando a reflexão crítica dos alunos. Sabendo que a educação física tem um leque de

conteúdos a serem desenvolvidos na escola, não se deve negá-lo aos alunos.

Busca-se com este tipo de reflexão ampliar nossas concepções e visões,

assim como analisar as condições do ensino da Educação Física Escolar

numa perspectiva crítica da Educação, de tal forma que possamos repensar seus objetivos e, a partir destes, diversificar os instrumentos e as formas de

avaliar, procurando a cada etapa do processo ensino aprendizagem

diagnosticar o crescimento dos alunos e, por outro lado, estabelecer, para o professor, parâmetros que encaminhem o replanejamento constante de sua

ação docente. (PALAFOX e TERRA 1998, p.4).

Na prática do ensino da educação física, também é importante que professores tenham a

clareza de sua postura, linguagem e atitudes perante os alunos e a escola, entender como os

alunos estão aprendendo os conteúdos.

3.2 PAR DIALÉTICO OBJETIVO E AVALIAÇÃO

Compreendendo como a avaliação em educação física vem sendo composta e

refletindo sobre os referenciais teóricos metodológicos da prática avaliativa, aqui refletiremos

sobre duas categorias importantes nesta prática, o par dialético objetivo/avaliação tendo como

base o estudo de Luiz Carlos de Freitas ( 1995), no Livro “Crítica da Organização do trabalho

Pedagógico e da didática”.

Na obra de FREITAS (1995), Crítica da Organização do trabalho pedagógico,

reuniram-se pesquisas a respeito da avaliação escolar, com professores de várias escolas de

Campinas, onde demonstraram que os professores não trabalhavam a avaliação com objetivos

30

pré-definidos e nem estabeleciam critérios para avaliar. Já em outra pesquisa na mesma obra,

foi observado que a professora de uma escola de periferia incitava a competitividade e dividia

a turma entre “fortes” e “fracos”. Ainda em outro estudo feito por Fróes Júnior et al, em uma

escola publica de Montes Claro (MG), a pesquisa foi feita por meio de questionário com

professores e alunos, e o resultado apontou que alunos e professores não sabiam identificar

ao certo como eram feitas as avaliações nas aulas de educação física. Estas pesquisas

revelaram a realidade em que se encontra avaliação na educação física escolar.

A avaliação é o resultado dos objetivos que se esperam da educação, juntamente com

toda organização de ensino, projeto político pedagógico, sistematização e/ou organização de

conteúdos. Os objetivos são determinados pelo professor, em sua especificidade, pois são

caminhos para se chegar ao resultado que se espera. Estes precisam ser planejados de acordo

com os problemas que são encontrados perante a escola, turma, sociedade, espaço, momento

histórico, cultura, enfim, de acordo com aquilo que se pretende superar. A prática da

avaliação precisa estar em conjunto com a metodologia utilizada pelos professores, estando

diretamente ligada à forma com que o professor administra a sala de aula, controla e incentiva

a turma. Percebe-se neste aspecto que na avaliação, diante da metodologia de ensino

tradicional, o professor era autoritário e o centro do saber, não incentivava a reflexão crítica

dos alunos, não relacionava os conteúdos com a realidade, de forma transmitir o

conhecimento historicamente acumulado.

Outro ponto destacado por Freitas (1995) é que a prova reflete aquilo que foi

transmitido em aula; portanto, na avaliação, é fundamental que só seja cobrado nas provas

aquilo que foi transmitido como conteúdo, pois os objetivos incorporam os conteúdos e os

conteúdos incorporam os objetivos, sendo o objetivo o guia para os alunos e professores

juntamente com os conteúdos. Por isso é importante que os estudantes sejam esclarecidos

quanto aos objetivos de ensino do professor, assim como de que forma os docentes avaliarão

neste processo.

A partir da obra de Freitas (1995), compreendemos que a sua crítica sobre a avaliação

escolar diante do ensino tradicional, basicamente, destaca o tecnicismo, denominada de escola

capitalista, com isso a avaliação é aliada ao sistema e está comprometida com o modelo de

sociedade. Indicando que o ensino corresponde a formar alunos sem visão crítica. Fazendo

parte de um processo alienante do sistema hegemônico, que não pretender mudar, nem sequer

investir na educação pra que o conhecimento seja de qualidade, continuando assim sendo

fragmentado em sua forma, com objetivos de formar cidadãos apenas para o mercado de

trabalho. E a educação física por muito tempo vem cumprindo esse papel.

31

O que pretende o ensino capitalista é selecionar pessoas, incentivando a

competitividade exacerbada. O exemplo disso é frequente priorização da esportivização da

educação física, sem objetivos direcionados, planejamento, passava o ano letivo inteiro tendo

como conteúdo o esporte, selecionando os mais habilidosos e excluindo os demais. Sem se

preocupar com o que aqueles alunos excluídos poderiam levar desta experiência para suas

vidas adultas. SILVA (2009, p.2) via nitidamente a clara separação entre os que “podiam” e

“não podiam”, aqueles que deveriam avançar e uma grande massa que deveria ficar aquém do

processo educativo, aceitando passivamente sua condição de alienação ao sistema educativo,

econômico e político-social. “Lutar pela manutenção das classes populares no interior da

escolar é sem dúvida, importante, mas mais importante ainda é transformar o projeto político-

pedagógico da escola” (FREITAS, 1995, p.258).

A prática avaliativa deve estar vinculada, além dos aspectos teórico-metodológicos,

aos objetivos de ensino. Um professor que acredite não ser preciso vincular avaliação com

metodologia e os objetivos de ensino não compreende a complexidade que envolve tal

atividade. Isso porque objetivo e avaliação formam um par dialético, ou seja, não é possível

pensar um sem o outro. Avaliar pressupõe um determinado objetivo, avaliamos com base em

uma proposta de ensino, que será definida pelo professor da escola.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações citadas neste trabalho certamente não pretendem apontar uma exata

forma de avaliação escolar, porém, analisando as propostas de ensino em educação física

escolar, fica claro que a avaliação como vem se desenvolvendo, atrelada ao ensino tradicional,

não está colaborando para uma educação de qualidade, nem transmitindo ao aluno o total

conhecimento que a educação física tem como disciplina escolar. É possível perceber que o

conhecimento tem sido transmitido de forma fragmentada, priorizando o esporte, sendo que a

educação física tem vários conteúdos para serem ensinados. Portanto, não se deve negar aos

alunos o conhecimento, o qual eles têm direito de aprender.

Percebemos a partir deste trabalho, analisando o processo histórico da educação física,

as dificuldades que professores ainda possuem para definir encaminhamentos metodológicos

à prática avaliativa e atrelar tal definição a um posicionamento diante de uma abordagem

teórica compatível com os objetivos que se pretende alcançar. A prática avaliativa nas aulas

32

de educação física tem sido realizada de forma a cumprir normas burocráticas. Os objetivos

que orientam essa prática ainda estão atrelados aos interesses do capitalismo e vão continuar

enquanto a sociedade for regida pelo capital. Se o professor não se posiciona quanto aos

caminhos que pretende seguir e os objetivos que pretende alcançar, a avaliação só tem

sentindo se estiver articulada com projeto pedagógico e seu próprio projeto de ensino.

É de fundamental que os professores tomem consciência de que esta prática avaliativa

é de suma importância no processo de ensino aprendizagem. Certamente não há uma fórmula

de como avaliar, mas é possível traçarmos caminhos e abordagens nos quais os professores

possam delimitar os objetivos a serem alcançados e, a partir daí, definir uma abordagem

metodológica adequada e avaliação correspondente.

“Apesar dos progressos, dificuldades e limitações, as análises e as

observações da prática dos professores de Educação Física (Darido, 1999) permitem inferir que poucos são os professores que utilizam este modelo de

avaliação, mesmo que o tenham estudado na graduação”. (DARIDO 1999, p.

5).

Este modelo de avaliação a que Darido se refere é a avaliação para além dos aspectos

motores, incluindo a avaliação do domínio cognitivo, afetivo e social. Pois por muito tempo a

avaliação teve ênfase na aptidão física apenas, utilizando-se de tabelas padronizadas de

avaliação.

Percebemos a partir deste estudo que as discussões sobre uma nova maneira de

avaliação em educação física vêm acontecendo desde os anos 80 e 90, e que professores de

educação física não têm acompanhado tais mudanças, ou não buscam aprimorar sua práticas

avaliativa.

A partir do estudo realizado, entende-se que a função da avaliação em educação física

está muito além de dar nota, a sua função está diretamente ligada aos objetivos que se

pretende alcançar, relacionando-os com os problemas que se pretende superar, sejam eles da

escola, sala de aula, de sociedade e/ou de mundo. Para isso, os conteúdos e métodos para

alcançar esses objetivos devem ser traçados, pensando nos instrumentos de avaliação que

serão utilizados durante o processo de ensino.

A abordagem que mais direciona o professor de forma ampla, em todos os aspectos da

educação, é a abordagem crítica de ensino, pois ela possui todos os procedimentos para

transformação da educação física, pensando em uma educação com objetivo de superar as

dificuldades, erros e buscando transformação social, tendo a visão crítica do que se aprende

com a realidade.

33

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