UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE … · 2017. 2. 20. · universidade federal de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL UNIDADE ACADÊMICA DE
ENGENHARIA FLORESTAL CAMPUS DE PATOS – PB
ADÃO BATISTA DE ARAÚJO
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS
EM UMA ÁREA PRESERVADA NA FAZENDA VERDES PASTOS, SÃO
MAMEDE – PB
PATOS – PARAÍBA – BRASIL 2017
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ADÃO BATISTA DE ARAUJO
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS E
ARBUSTIVAS EM UMA ÁREA PRESERVADA NA FAZENDA VERDES
PASTOS, SÃO MAMEDE – PB
Monografia apresentada à Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Engenheiro Florestal.
Orientadora: Profa. Dra. Assíria Maria Ferreira da Nobrega
PATOS – PARAÍBA – BRASIL
2017
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR
A658f
Araújo, Adão Batista de
Florística e fitossociologia de espécies arbóreas e arbustiva em uma área preservada na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede – PB / Adão
Batista de Araújo. – Patos, 2017.
41f.: il.; Color. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Florestal) –
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2017.
“Orientação: Profa. Dra. Assíria Maria Ferreira da Nóbrega”.
Referências.
1. Caatinga. 2. Composição florística. 3. Diversidade. I. Título.
CDU 528.4
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ADÃO BATISTA DE ARAUJO
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS E
ARBUSTIVAS EM UMA ÁREA PRESERVADA NA FAZENDA VERDES
PASTOS, SÃO MAMEDE – PB
Monografia apresentada à Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Engenheiro Florestal.
APROVADO em: 14/02/2017
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dra. Assíria Maria Ferreira da Nobrega (UAEF/UFCG)
Orientadora
Prof.ª Dr. Francisco das Chagas Vieira Sales (UAEF/UFCG)
1º Examinador
Prof. Dr. Lucio Valério Coutinho de Araújo (UAEF/UFCG)
2º Examinador
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Dedico aos meus pais, por todo amor e incentivo durante toda essa minha jornada acadêmica. Aos meus irmãos, pelo apoio que sempre me deram, mesmo distantes.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, porque ele é o dono de tudo, por me
proporcionar chegar até aqui, sempre me guiando pelos melhores caminhos durante
todos os dias da minha vida.
Aos meus pais, Pedro e Edna, pelo apoio incondicional, incentivo, amor e
ensinamentos de humildade, respeito, dignidade e principalmente de honestidade,
ensinamentos esses que foram essenciais para minha formação e que contribuíram
para ser esta pessoa de hoje.
Aos meus irmãos João e Pedro, pela amizade, companheirismo. Ter um
irmão é ter, para sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração.
Amor de irmão nunca acaba a gente pode brigar, discutir, se bater, mas não tem
como deixar de amar.
Aos meus Padrinhos e avós maternos, Luiz e Patrocino que sempre estiveram
juntos a mim nesta caminhada até aqui, sempre fazendo o papel de segundos pais.
Aos meus avós paternos João e Nazinha, e minha avó materna, Digna (in
memoriam), breve ou nenhum foi o contato com esses, mas sempre tive o
sentimento de presença e às vezes até de lembranças, por histórias ouvidas, e pela
formação de caráter das pessoas a minha volta.
Aos meus tios, Corina, Evaldo, Evandro, Eva, Carlos, Rose, Vandinho (in
memoriam), Terezinha (in memoriam) e primos, Carlinhos, Karol, Daliane, Luiz Neto
e Ana Luiza e todos que sempre torceram pelo meu sucesso. Em especial, tio Lula
(in memoriam) um amigo, um conselheiro e um incentivador lá no início da
caminhada. As pessoas não morrem, elas só vêm morar nos nossos corações.
À minha orientadora Dra. Assíria Maria Ferreira da Nobrega, por toda
confiança e oportunidade concedida para realização deste trabalho, por me permitir
usufruir de sua colaboração, talento, apoio e amizade.
Aos meus colegas de curso, Arthur, Amanda Lira, Amélia, Anderlon, Andreia, Clícia,
Fabio Rodrigues, Fagner, Felipe Gomes, Felipe Silva, Francisco, Gutemberg, Helton, Iara,
Yasmim, Jaqueline Rocha, Jakellyne, Jefferson, Josy, Luan, Matthaus, Rita, Roberta,
Samara, Valdirene, Vinicius, Walleska Medeiros e Whenderson, que contribuíram de
maneira significativa para que eu pudesse realizar este meu sonho.
Em especial, a Adriel, Junior França, Lenildo, Ramon, por toda amizade e
cumplicidade, sem os quais este trabalho jamais teria sido construído.
Ao Pastor John Philip Medcraft, proprietário da Fazenda Verdes Pastos, pela
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concessão da área para o desenvolvimento desta pesquisa.
A Manoel pela disponibilidade do software para a tabulação dos dados.
Ao amigo Fabio Junho, uma pessoa simples, mas de grande coração e um
novo irmão que ganhei aqui no sertão, agradeço por toda amizade, cumplicidade,
apoio e conversas jogadas fora.
A Josias, Josueldo e Rennam, pessoas com uma sabedoria e inteligência
incondicional e acima de tudo, detentores de uma simplicidade incrível, dons dos
quais contribuirão significativamente para minha formação acadêmica.
A todos que dentro ou fora da Universidade sempre estiveram comigo, “quem
foi que disse que pra está junto tem que estar perto?”, agradeço a vocês: Adriele
Cassimiro, Anderson Leandro, Anderson Douglas, Amanda Firmino, Arthur Vinicius,
Bella Lima, Crislane Louise, Edna Dias, Edja Suennia, Eliene Araujo, Gal Barbosa,
Geanne Vitorio, Gerlaine Medeiros, Germano Medeiros, Givianny Ribeiro, Neto
Vieira, Renata Silveira, Riquele Nascimento, Maria Luana, Mayara Cândido, Michel
Ramon, Michelle Dionízio, Melissa Costa, Ronny Dhayson, Salete Freire, Sebastian,
Tatiane Souza, Wesley Rodrigues.
Aos professores: Antônio Amador, Carlos Lima, Diércules, Éder, Elizabeth,
Elenildo, Gilvan, Jacob, João Batista, Izaque, Joedla, Josuel, Leandro Calegari,
Lúcio, Lucineudo, Maria do Carmo, Naelza, Olaf, Paulo, Ricardo, Rivaldo, Rosileudo
e Valdir, por todo aprendizado concedido, como também por todo incentivo e
amizade. Em especial às professoras Ivonete, Alana Candeia, Patrícia Carneiro e
Maria das Graças com quem tive a oportunidade de ter uma convivência maior.
Agradeço por todo ensinamento e incentivo, pelas oportunidades concebidas e
confiadas.
Aos secretários da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal, Paulo,
Ednalva e Ivanice por todo o carinho e atenção.
Enfim, agradeço a todos que, de maneira direta ou indireta, participaram dessa
caminhada e que estiveram ao meu lado nos momentos de alegrias e tristezas
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Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga como a Maniçoba, a Favela e a
Jurema, elas podem ajudar você a conviver com a seca. (Padre Cícero - 1844/1934)
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ARAÚJO, Adão Batista de. Florística e fitossociologia de espécies arbóreas e arbustivas em uma área preservada na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede – PB. 2017. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos - PB, 2017. 41 p.
RESUMO
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em biodiversidade, possui biomas com imensa diversidade biológica. Dentre os seus biomas, a Caatinga é o único exclusivamente brasileiro. O potencial econômico dessa vegetação tem como protagonismo, a exploração extrativista dos recursos madeireiros. A utilização desenfreada desses recursos florestais tem provocado grande preocupação, devido ao alto nível de degradação que a Caatinga vem apresentando. Assim, esta pesquisa objetivou estudar a composição florística e fitossociológica em uma área preservada, para conhecer a diversidade e riqueza florística da vegetação para a formação de uma base de informações que permitirá avaliar a dinâmica da comunidade florestal. A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede, PB. A amostragem dos indivíduos arbóreo e arbustivo foi realizada em 7 ha, sendo demarcadas 20 parcelas de 20 m x 20 m (400 m²) distribuídas sistematicamente, alocadas através de GPS. Os indivíduos vivos ou mortos ainda em pé, foram mensurados o CAP (1,30 m de altura) ≥ 6 cm e altura total da árvore, além de determinado o nome regional. Foram amostrados 1.802 indivíduos, distribuídos em 11 famílias botânicas, 14 gêneros e 15 espécies. Euforbiacea e Fabaceae foram as mais representativas em riqueza florística, com seis espécies e três espécies. As espécies mais importantes na fitocenose foram Mimosa tenuiflora e Aspidosperma pyrifolium. O índice de diversidade de Shannon- Weaver (H’) foi de1,41 nats.ind-1, isso demostra que a área apresenta baixa diversidade florística.
Palavras-chave: Caatinga. Composição florística. Diversidade.
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ARAÚJO, Adão Batista de. Florística e fitossociologia de espécies arbóreas e arbustivas em uma área preservada na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede – PB. 2017. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos - PB, 2017. 41 p.
ABSTRACT
Brazil is one of the richest countries in the world in biodiversity, it has biomes with great biological diversity. Among its biomes, Caatinga is the only one exclusively Brazilian. The economic potential of this vegetation is the exploitation of extractive timber resources. The unrestrained use of these forest resources has caused great concern, due to the high level of degradation that the Caatinga has been presenting. So, this research aimed to study the floristic and phytosociological composition in a preserved area, to know the diversity and floristic richness of the vegetation to the formation of an information base that will allow us to evaluate the dynamics of the forest community. The research was developed at Fazenda Verdes Pastos, São Mamede, PB. Sampling of trees and shrubs was carried out in 7 ha, with 20 parcels of 20m x 20m (400 m²) distributed systematically allocated through GPS. The individuals living or dead were still standing, the CAP (1.30 m height) ≥ 6 cm and total height of the tree were measured, in addition to the regional name. There were 1,802 individuals sampled, distributed in 11 botanical families, 14 genera and 15 species. Euforbiacea and Fabaceae were the most representative in floristic richness, with six species and three species. The most important species in phytochenosis were Mimosa tenuiflora and Aspidosperma pyrifolium. The diversity index of Shannon-Weaver (H ') was 1.41 nats.ind-1, this shows that the area presents low floristic diversity.
Keywords: Caatinga. Floristic composition. Diversity.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 12
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 12
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 12
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13
3.1 Bioma Caatinga ................................................................................................ 13
3.2 Degradação do Bioma Caatinga ...................................................................... 14
3.3 Florística e Fitossociologia ............................................................................... 15
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 17
4.1 Caracterização da Área de Estudo .................................................................. 17
4.2 Amostragem e Coleta de Dados ...................................................................... 19
4.2.1 Inventário Florestal ........................................................................................ 19
4.3 Análise dos Dados ........................................................................................... 19
4.3.1 Diversidade Florística .................................................................................... 21
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 23
5.1 Suficiência amostral ......................................................................................... 23
5.2 Composição Florística ...................................................................................... 23
5.3 Índice de Diversidade de Espécie .................................................................... 27
5.3.1 Índice de Shannon-Wiener (H’) ..................................................................... 27
5.3.2 Equabilidade de Pielou (J) ............................................................................ 27
5.4 Estrutura Horizontal ......................................................................................... 28
5.5 Estrutura Vertical .............................................................................................. 31
5.5.1 Classe de Altura ............................................................................................ 31
5.5.2 Classes de Diâmetro ..................................................................................... 32
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
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1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em biodiversidade, possui
biomas com imensa diversidade biológica, com fauna e flora às vezes raras e
exclusivas. Dentre os seus biomas, a Caatinga é o único exclusivamente brasileiro,
e é o principal da região Nordeste. Essa região apresenta os menores índices
pluviométricos do país e temperatura média anual elevada, mesmo nessas
condições, a Caatinga consegue sobreviver, por possuir características adaptativas
às condições de secas prolongadas.
A vegetação desse bioma é caracterizada como xerófila, onde algumas
espécies apresentam espinhos e acúleos, os fustes, em parte, são bifurcados. No
estrato, são encontrados herbáceas sazonais, arbustos, cactos e árvores de
pequeno porte. O potencial econômico dessa vegetação tem como protagonismo, a
exploração extrativista dos recursos madeireiros, a exemplo do suprimento de lenha
para produção de energia, madeira para construções, serrarias e cercas, como
também a abertura de pastos para criação de animais.
A exploração inadequada desses recursos florestais tem gerado um alerta
preocupante, devido ao alto nível de degradação que a Caatinga vem apresentando.
Nessa região, em decorrência das condições climáticas apresentadas, esses sinais
são facilmente encontrados, nas áreas mais críticas, em que já é possível verificar
indícios do processo de desertificação. Nesse contexto, devido à exploração de
espécies arbóreas, principalmente para fins energéticos (carvão e lenha), a
recuperação e preservação desde ecossistema se faz necessário.
Como alternativa econômica, e para reduzir a exploração das espécies
nativas, na década de 1970 foram introduzidas espécies exóticas Prosopis juliflora
(Algaroba) e Leucaena leucocephala (Leucena), para atender à demanda de
madeira e forragem na região de Caatinga. Essas espécies encontraram condições
especiais, rápido crescimento e alta produção de sementes. A falta de manejo
florestal das espécies contribui para alteração da estrutura da comunidade, inibição
da regeneração de espécies nativas e redução da composição florística, devido
processos alopáticos.
Essa situação vem sendo demonstrada nos diversos levantamentos
fitossociológicos realizados na Caatinga, como o de Guedes et al., (2012), Bulhões
et al., (2015) e Medeiros et al., (2016), onde demonstraram que a composição
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florística é dominada por poucas espécies da vegetação nativa: como Mimosa
tenuiflora, Cnidoscolus quercifolius e Poincianella pyramidalis.
Para minimizar essa situação, estudos são necessários para se conhecer a
composição florística, a diversidade, presença ou ausência de espécies que
ocorrem na sua área natural, são informações relevantes e cruciais para serem
utilizadas em áreas degradadas, bem como manejar fragmentos ainda existentes
de forma sustentável.
Segundo o MMA, 2012, diante da problemática da degradação ambiental na
caatinga, a criação e manutenção de áreas de preservação existentes, se fazem
necessárias, objetivando a proteção do solo, corpos d'água, a função ecológica de
refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que facilitam o fluxo gênico de
fauna e flora.
Dentro desse contexto, a Fazenda Verdes Pastos, por possuir uma área
preservada de relevância para a região, por abrigar uma variedade de espécies
vegetais e animais importantes, e também por ser utilizada para soltura de animais
apreendidos pelo IBAMA, estudos dessa natureza se fazem necessários.
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12
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Realizar um levantamento da composição florística e fitossociológica em uma área
preservada na fazenda Verdes Pastos, São Mamede – PB, a fim de contribuir para a
construção de um conhecimento sobre a vegetação existente e subsidiar com
informações para o manejo e recuperação da área de estudo.
2.2 Objetivos Específicos
- Conhecer e identificar as espécies arbóreas-arbustivas na área em pesquisa;
- Determinar os índices de diversidade florística da Reserva;
- Criar uma base de dados de informações para futuras pesquisas.
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3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Bioma Caatinga
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupa uma área de
cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11 % do território nacional.
Está presente nos estados de: Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico em
biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de
répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas. Cerca de 27
milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos
do bioma para sobreviver (MMA, 2013).
O Nordeste brasileiro possui uma cobertura vegetal de caatinga de
aproximadamente 800.000 km2, o que corresponde a 70 % da região. No que diz
respeito aos recursos hídricos, aproximadamente 50 % das terras recobertas com a
caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios, em sua
maioria, são intermitentes e os volume de água, em geral, é limitado, sendo
insuficiente para a irrigação. A altitude da região varia de 0- 600 m. A temperatura
varia de 24 a 28 °C (DRUMOND et al., 2000). As precipitações pluviométricas são
inferiores a 800 mm ao ano e concentram-se durante três a cincos meses, sendo
irregularmente distribuídas no tempo e no espaço (LIMA et al., 2011).
A vegetação predominante dessa região é caracterizada de Caatinga,
formada de árvores e arbustos baixos com algumas características xerofíticas
(PRADO, 2003). Apresenta alta temperatura e evapotranspiração, porém, baixa
umidade relativa, e as precipitações são irregulares. As espécies são na maioria
caducifólia, tortuosa, espinhenta e com folhas pequenas ou modificadas em
espinhos, para reduzir a evapotranspiração.
A exploração inadequada da Caatinga contribui para o desaparecimento de
espécies valiosas, como as espécies Amburana cearenses, Myracodruon urundeuva
e Schinopsis brasiliensis, que são citadas na lista do Ministério do meio Ambiente
como ameaçadas de extinção. Essa ação contribui para a perda da biodiversidade.
A vegetação desempenha uma função relevante no ecossistema, como proteção do
solo, ciclagem dos nutrientes, na manutenção e/ou melhoria dos atributos físicos,
químicos e biológicos do solo, manutenção dos mananciais, além de oferecer
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alimento para a fauna. A sua ausência provoca o processo de erosão, reduzindo a
fertilidade do solo e armazenamento de água. Como consequência, o clima da
região se torna cada vez mais seco e, ao longo dos anos, a região da Caatinga
poderá se transformar em um deserto (EMBRAPA, 2007).
Esse bioma é um dos mais explorados e degradados do mundo, em virtude
do uso intensivo pela atividade agrícola, extração de madeira e pecuária extensiva.
A ação antrópica nessa vegetação com fins econômicos varia conforme a
disponibilidade dos recursos naturais presentes. Esse uso desordenado contribui
para processos de degradação e desertificação (EMBRAPA, 2007).
Nesse contexto, estudos sobre essa biodiversidade se torna relevante a fim
de conhecer as potencialidades das espécies para garantir a sua sobrevivência e
uso sustentável desses recursos.
3.2 Degradação do Bioma Caatinga
O homem sempre interferiu no meio ambiente onde vive para extrair os
recursos naturais necessários à sua sobrevivência, mas com o passar do tempo
essa necessidade cresceu muito, principalmente com o surgimento da atividade
econômica, onde ele deixou de retirar o necessário para extrair em larga escala,
muitas vezes danificado o meio. Na caatinga não foi diferente, pois nas últimas
décadas ocorreu um grande crescimento populacional, o que acarretou constantes
modificações na área de domínio desse bioma. As principais alterações ambientais
presentes nesse local são decorrentes das atividades realizadas pelo homem
(ALVES, 2009).
No Bioma Caatinga, o sertanejo tem a sua disposição uma variedade muito
grande de plantas e de animais, os quais são utilizados por ele, como por exemplo,
alimentos, remédios, forrageiras e fontes de madeira e de energia. Porém, esses
recursos estão sendo explorados de forma inadequada, o que tem provocado o
desaparecimento de muitas espécies. Por isso, é necessária a preocupação em
preservar a Caatinga. Utilizar os recursos que ela oferece, sem destruí-la.
Como todo o meio ambiente no planeta, a Caatinga tem sido bastante
modificada pelo homem ao longo de sua ocupação. Os longos períodos de seca que
frequentemente atingem o Sertão têm agravado os problemas ambientais da região.
As características climáticas, associadas à ação humana, tornam ainda mais frágil o
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equilíbrio ecológico, com implicações negativas para os recursos ambientais e,
consequentemente, para a qualidade de vida dos habitantes. Desmatamento,
extrativismo, agricultura, pecuária, mineração e construção de barragens estão entre
as principais atividades que causam danos à Caatinga (EMBRAPA, 2007).
A área de Caatinga desmatada entre os anos 2002 e 2009 corresponde a
18.497 km2. Área equivalente a aproximadamente 84 % de todo o território do
Estado de Sergipe. O mesmo relatório evidencia que, no mesmo período, a Paraíba
perdeu o equivalente a 1.104,89 km2 de Caatinga (MMA/IBAMA, 2011).
Nessa região, a degradação ambiental ocorre devido à exploração de lenha
para fins energéticos, atividades agrícolas, e pastejo. Segundo Silva (2016),
anualmente cerca de 20 mil hectares de lenhas são retirados das matas paraibanas
por meio de exploração a cada ano.
Na Paraíba, principalmente na sua região semiárida, é visível a vasta
degradação dos recursos florestais, fato esse que, aliado à vulnerabilidade de
algumas áreas, vem transformando a região em um aglomerado de áreas
degradadas, expandindo, dessa forma, os chamados núcleos de desertificação, que
geram impactos diretos no desenvolvimento econômico e social da região (DUARTE;
BARBOSA, 2009).
O bioma está no estado de sucessão secundaria e já apresenta fragmentos
com algum nível de desertificação, mas acredita-se que boa parte ainda é passível
de recuperação e pode ser explorada de forma sustentável. Através do manejo
florestal, a utilização sustentável dos recursos florestais da Caatinga permite sua
exploração, gerando renda, aumentando a oferta de produtos florestais e, ao mesmo
tempo, contribuindo para a conservação das florestas (MMA, 2008).
3.3 Florística e Fitossociologia
Análise estrutural da vegetação auxilia no conhecimento do estado em que a
floresta se encontra e das alterações que ela sofre, bem como permite analisar os
aspectos que envolvem as espécies, tanto isoladamente quanto as interações da
comunidade florestal (SCOLFORO; MELLO 2006).
Na realização de uma análise estrutural de florestas inequiâneas, a
estratificação vertical é muito importante. Dependendo da região fitoecológica,
fitogeográfica, do estádio de sucessão e do estado de conservação, a estrutura
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florestal pode apresentar, por exemplo, sub-bosque, estrato inferior, estrato médio e
estrato superior, ou pode, na maioria das vezes, não se apresentar estratificada
dessa forma (SOUZA et al., 2003).
Os estudos florísticos e fitossociológicos geram informações sobre a estrutura
e funcionamento dos ecossistemas, por isso são essenciais na elaboração de planos
de exploração ou conservação de florestas, servindo como base de dados para
tomada de decisões (TABARELLI; VICENTE 2002).
Os levantamentos florísticos têm grande relevância, pois facilitam a
compreensão da distribuição das espécies vegetais de cada região (FREITAS;
MAGALHÃES, 2012). Uma das principais ferramentas para caracterização das
formações vegetais de uma floresta é a análise da composição florística, permitindo
analisar distribuição de espécies e famílias (DIAS, 2005). Esses estudos contribuem
para o conhecimento das espécies arbóreas inventariadas na área, realizada através
de métodos de coleta (RODAL et al., 2013).
Segundo Carvalho (1997), o estudo da estrutura de uma floresta é realizado
com base nas dimensões das plantas e suas distribuições. A análise quantitativa de
uma comunidade de plantas permite predições sobre a sua dinâmica e evolução. O
conhecimento da estrutura e sua relação com a diversidade e produtividade são
essenciais para o planejamento de sistemas silviculturais e ecológicos. A análise das
características silviculturais, condições biológicas, composição florística e estrutura
das florestas proporcionam uma base firme para a tomada de decisões sobre os
métodos e técnicas apropriados para serem usados em futuras ações de manejo
(ARAÚJO, 2007).
A fitossociologia é o principal ramo da Ecologia Vegetal utilizado para realizar
o diagnóstico quali-quantitativo das formações vegetacionais. Vários pesquisadores
defendem a aplicação de seus resultados no planejamento das ações de gestão
ambiental, como no manejo florestal e na recuperação de áreas degradadas
(ISERNHAGEN, 2001). A fitossociologia objetiva entender as comunidades vegetais,
bem como os seus padrões de estrutura (GIEHL; BUBKE, 2011).
Os parâmetros fitossociológicos, que melhor permitem distinguir entre
formações vegetais e entre diferentes tipos fisionômicos são os relacionados ao
porte dos indivíduos (alturas das plantas e diâmetros de caule, áreas basais e
biomassas) e a densidade, além da composição florística, principalmente espécies
mais importantes (PESSOA et al., 2008).
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4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Caracterização da Área de Estudo
O A pesquisa foi desenvolvida em uma área preservada na Fazenda Verdes
Pastos, localizada no município de São Mamede-PB, situado na mesorregião do
Sertão Paraibano e microrregião do Seridó Ocidental, no centro do Estado, com
altitude aproximada de 253 metros com latitude: 6.92662, e longitude: 37.0962. A
área total é de 122 hectares (Figura1). A precipitação média anual é de 431,8 mm.
Figura 1 Localização do município de São Mamede, Paraíba, Brasil.
Fonte AESA adaptado, (2010)
No século XX, o cultivo do algodão se estendeu na Paraíba, chegando a ser a
maior produtora de algodão do país. Com isso, grande área da vegetação da
Caatinga foi substituída por essa cultura, causando o desequilíbrio ambiental e
consequentemente influenciando na diversidade florística. Com o declínio dessa
cultura, as áreas paulatinamente foram se recuperando e a regeneração surgindo,
propiciando uma vegetação em estágio secundário. A Fazenda Verdes Pastos foi
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adquirida pelo proprietário Pastor Jonh Mecfraft, que sempre teve a preocupação de
preservá-la, introduzindo espécies nativas, a fim de recuperar as áreas antropizadas.
Nessa área, é proibido o desmatamento, caça ou qualquer outra ação que
venha a danificar o ecossistema ali existente. A fazenda criou uma parceria com
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
para soltura da fauna resgatada, oriunda do tráfico e maus tratos de animais
silvestres (Figura 2).
Figura 2 – Área de estudo na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede, PB.
Fonte CCT Florestal (2015)
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De acordo com o sistema de Köppen (2013), o clima é enquadrado no tipo
Bsh (semiárido quente) com chuvas de verão, O período chuvoso se inicia em
novembro com término em abril, a temperatura média anual de 28 ºC.
Os solos são classificados como pedregosos. Luvissolo Hipocrômico Órtico
típico textura média/argilosa, a moderado, relevo plano (EMBRAPA, 1999) e a
vegetação é arbórea e arbustiva aberta.
4.2 Amostragem e Coleta de Dados
4.2.1 Inventário Florestal
Para o estudo da comunidade arbórea e arbustiva, a área dividida em 20
parcelas distribuída de forma sistemática em 20 parcelas de 20 m x 20 m (400 m²) e
locadas através de GPS (Global Position System) totalizando um área de 7 ha.
Todos os indivíduos arbóreos-arbustivos vivos ou mortos ainda em pé, com
circunferência a altura do peito (CAP ≥ 6 cm), foram amostrados, seguindo o
Protocolo de Medições de Parcelas Permanentes da Rede de Manejo Florestal da
Caatinga (2005). Cada indivíduo amostrado foi identificado no campo e determinada
sua altura total por meio de comparação com uma vara de coleta com altura até 4,0
metros, e seu valor de CAP registrado através de fita métrica graduada em
centímetros (precisão de 0,5 cm).
A identificação das espécies foi realizada por meio de consulta a literatura
especializada. A organização das famílias seguiu o Sistema APG III (2011) e a
nomenclatura botânica foi confirmada pela lista da flora do Brasil.
4.3 Análise dos Dados
A estrutura horizontal foi realizada através dos parâmetros fitossociológicos
de densidade, dominância e frequência das espécies, bem como o valor de
importância, quantificando assim a participação de cada espécie em relação às
outras e, a forma de distribuição das mesmas na comunidade florestal, tendo sido
caracterizada também pelas distribuições do número de árvores e área basal
(LAMPRECHT, 1964; FINOL, 1971; MUELLER-DUMBOIS; ELLENBERG, 1974;
MOREIRA, 2011).
-
20
O cálculo dos parâmetros fitossociológicos e área basal foram feitos
utilizando-se as seguintes expressões:
Densidade Absoluta
Densidade Relativa
Frequência Absoluta
Frequência Relativa
Dominância Absoluta
(1) Onde, n = número de indivíduos de uma determinada espécie; N = número total de indivíduos.
(2)
(3)
(4)
Onde, DRi = Densidade relativa (%); DA = Densidade absoluta.
Onde, pi = número de parcelas com ocorrência da espécie i; P = número total de parcelas na amostra.
Onde, FR = Frequência relativa (%); FA = Frequência absoluta.
(5) (6)
-
21
(9)
(8)
(10)
Dominância Relativa
Valor de Cobertura
Valor de Importância
Onde, DR = Densidade relativa (%);
DoR = Dominância relativa (%);
FR = Frequência relativa (%).
Os dados foram tabulados no Microsoft® Excel® e posteriormente foram
analisados utilizando o software Mata Nativa Versão 4 (CIENTEC, 2006).
4.3.1 Diversidade Florística
Para analisar a heterogeneidade florística da área de estudo foi utilizado o
índice de diversidade de Shannon-Weaver (H´) e a equabilidade, de Pielou (J)
(MUELLER-DOMBOIS; ELLEMBERG, 1974).
em que: H’ = Índice de Shannon-Weaver ni=Número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie. N=número total de indivíduos amostrados. S=número total de espécies amostradas. ln=logaritmo de base neperiana.
Onde, DR = Densidade relativa (%);
DoR = Dominância relativa (%)
Onde, DoR = Dominância relativa (%); AB = Área basal da família ou espécie.
(7)
-
22
(11)
Hmáx= ln(S). J = Equabilidade de Pielou S = número total de espécies amostradas. H’ = índice de diversidade de Shannon-Weaver.
-
23
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Suficiência amostral
Verifica-se na Figura 3, que a amostragem realizada na área de estudo,
houve um incremento inicial de espécies até os 6.800 m2, ou seja, na 17ª parcela. A
partir desse ponto, houve uma estabilização no número de espécies acumuladas, ou
seja, não houve mais ingresso de novas espécies. Nesse caso, pode se considerar
que as amostragens realizadas na área foram consideradas suficientes para
caracterizar a estrutura da vegetação.
Figura 3 Representação gráfica da suficiência amostral das espécies inventariadas
em uma área preservada na fazenda Verdes Pastos, São Mamede – PB.
Fonte Araújo (2017).
5.2 Composição Florística
No levantamento da área de estudo, foram amostrados 1.802 indivíduos,
distribuídos em 8 famílias, 14 gêneros e 15 espécies (Tabela 1). Do total de
indivíduos amostrados 64,2 % foram vivos e 35,8 % mortos. O número de indivíduos
ha-1 foi de 2.252,5. Das espécies identificadas 78 % possuem hábito de vida arbóreo
4
6
8
10
12
14
16
400 1600 2800 4000 5200 6400 7600
Esp
écie
s
Área amostrada (m2)
Curva do Coletor
-
24
e 22 % como arbustivas.
Tabela 1 Famílias botânicas e espécies amostradas em área de Caatinga na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede-PB, com nomes populares e hábitos de vida.
Fonte Araújo (2017).
Resultado semelhante foi obtido por Trovão et. al, (2010), na mata ciliar de
Bodogongó, Campina Grande, PB., onde registrou 17 espécies, 16 gêneros e 7
famílias.
O número de espécies encontradas nessa pesquisa é relativamente inferior a
outras pesquisas desenvolvidas na Caatinga (RODAL et al., 1998; LEMOS e
RODAL, 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; PEREIRA JÚNIOR et al., 2013),
onde os números encontrados variam de 35 a 96 espécies.
Souza et al., (2016) encontraram 22 espécies pertencentes a 11 famílias
botânicas e 20 gêneros, e na RPPN Fazenda Almas 293 espécies pertencentes a
203 gêneros e 68 famílias (LIMA e BARBOSA, 2014).
Para Rodal (1992), a quantidade de espécies encontradas nos
levantamentos, não pode ser relacionada apenas a quantidade de chuvas, embora
seja um dos fatores mais importantes, mas devem-se levar em consideração os
fatores topográficos, profundidade e permeabilidade do solo, histórico da área e etc.
Outro fator que também contribui para a elevação da quantidade de espécies
amostradas é o critério de inclusão do DAP.
Família Espécie Nome Popular Hábito
Apocynaceae
Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro Árvore
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett Imburana Árvore
Capparaceae
Capparis flexuosa (L.) L. Feijão Bravo Árvore
Combretaceae Combretum leprosum Mart.
Mofumbo Arbusto
Euphorbiaceae
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Pinhão Arbusto Cnidoscolus quercifolius Faveleira Árvore Croton blanchetianus Baill.
Marmeleiro Arbusto
Erythroxylaceae
Erythroxylum pungens O.E.Schuz Rompe-gibão Árvore
Fabaceae
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema Preta Árvore Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Leucena Árvore Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz Jucá Árvore Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz Catingueira Árvore Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema branca Árvore Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth
Jurema vermelha Árvore
Rhamnaceae
Zizyphus joazeiro Mart.
Juazeiro Árvore
-
25
As famílias Fabaceae e Euphorbiaceae apresentaram maior riqueza florística,
sendo representadas por seis espécies arbóreas e duas arbustivas. Juntas, essas
famílias contribuíram com aproximadamente 60% de espécies registradas nesta
pesquisa. As demais famílias apresentam apenas uma espécie cada (Figura 4).
Figura 4 Distribuição das famílias botânicas com número de espécies amostradas
na Fazenda Verdes Pastos, São Mamede, PB.
Fonte Ara jo (201 ).
Essas duas famílias também se destacaram em riqueza florística nos
trabalhos de MAMEDE et al., (2016), na fazenda Aba, Município de Passagem;
Pereira Júnior (2012), na fazenda Mocó de Baixa em Monteiro, PB; de Trovão et al,
(2010) no riacho de Bodocongó, Campina Grande; e ARAÚJO (2007) na Fazenda
Tamanduá, Santa Terezinha, PB.
Esses resultados reforçam as afirmações de Rodal et al., (2008), destacando
essas famílias como as principais do ecossistema Caatinga em termos em gêneros,
espécies e abundância de plantas. As leguminosas são relevantes para a Caatinga,
por apresentarem potencialidade econômica, social e econômica.
A maioria dos gêneros (92,75 %) amostrados foi representada por apenas
uma espécie, exceto Mimosa por duas espécies: Mimosa tenuiflora (Jurema preta) e
Mimosa ophthalmocentra (Jurema vermelha).
0 1 2 3 4 5 6 7
Fabaceae
Euphorbiaceae
Rhamnaceae
Erythroxylaceae
Combretaceae
Capparaceae
Burseraceae
Apocynaceae
Número de Espécies
-
26
Das famílias amostradas, apenas três espécies apresentaram maior número
de indivíduos, ou seja, deteve 88,60 %. Mimosa tenuiflora (59 %); Croton
blanchetianus (21,14 %) e Aspidosperma pyrifolium (11,7 %) (Figura 5).
Figura 5 Número total de indivíduos amostrados por espécie na área.
Fonte Ara jo (201 ).
A jurema preta (Mimosa tenuiflora) é uma espécie pioneira, colonizadora de
áreas em estado de degradação e de grande potencial como regeneradora de solos
erodidos (MAIA, 2004). É uma espécie indicadora de sucessão secundária
progressiva ou de recuperação, quando é praticamente a única espécie lenhosa
presente (ARAÚJO FILHO e CARVALHO, 1996). A presença de um número elevado
de Mimosa Tenuiflora, se atribui a ocupação de áreas degradadas, por ser pioneira,
grande produção de sementes, forma do banco de sementes, que com as chuvas a
regeneração na área demonstra ser ocasionado pela exploração extrativista de
outras espécies, e como esta espécie é pioneira, o ambiente propicia a regeneração,
outros fatores que podem explicar essa abundância em relação as demais espécies,
devem-se provavelmente a fácil adaptação do indivíduo a área em questão e a
grande facilidade de rebrota dessas espécies.
0 200 400 600 800 1000 1200
Mimosa tenuiflora
Croton blanchetianus
Aspidosperma pyrifolium
Erythroxylum pungens
Mimosa ophthalmocentra
Morta
Capparis flexuosa
Combretum leprosum
Poincianella pyramidalis
Jatropha mollissima
Libidibia ferrea
Cnidoscolus quercifolius
Zizyphus joazeiro
Piptadenia stipulacea
Leucaena leucocephala
Commiphora leptophloeos
Número de indivíduos
-
27
5.3 Índice de Diversidade de Espécie
Esse índice avalia a variedade de espécies vegetais ou animais de uma
determinada comunidade, habitat ou região. A diversidade é determinada através da
riqueza florística e uniformidade das espécies na área. A riqueza utiliza o número de
espécies presentes na flora e/ou na fauna em uma área e a Uniformidade diz
respeito à distribuição de indivíduos entre as espécies na área.
5.3.1 Índice de Shannon-Wiener (H’)
O índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’), é um indicador da
diversidade florística em uma área amostrada. Valores inferiores a 2,0 são
considerados como áreas de baixa diversidade florística e valores superiores a 5,0
são indicadores de grande biodiversidade. A maioria dos trabalhos realizados na
Caatinga, os valores encontrados estão na faixa de 2 a 3 nats.ind-1.
Nesta pesquisa, o valor obtido foi 1,41 nats.ind-1, inferior ao encontrado por
Pessoa Júnior et al., (2013) em pesquisa realizada em Monteiro, PB e Guedes et al.,
(2012) na estação Ecológica do Seridó, RGN, porém superior ao encontrado por
Trovão et. al, (2010) na mata ciliar de Bodocongó, PB.
O baixo valor encontrado para a diversidade nesta pesquisa, se atribui ao fato
de um menor número de espécies, responderem a uma maior densidade das
espécies Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium e Croton blanchetianus.
Segundo Alcoforado Filho (2003), esse índice é influenciado pela densidade das
espécies dominantes. Dois componentes afetam diretamente a diversidade de
espécies: a riqueza, que representa o número de espécies da comunidade, e a
equabilidade ou uniformidade, que é expressa pela distribuição dos indivíduos entre
as espécies.
Santana e Souto (2006), recomendam cautela ao comparar os índices de
diversidade de áreas diferentes, em virtude destes sofrerem influência dos fatores
bióticos e abióticos, critérios de inclusão e antropismo.
5.3.2 Equabilidade de Pielou (J)
A equabilidade de Pielou (J) é representada pelo intervalo de 0 a 1. O valor 1,
-
28
representa a máxima diversidade. Na área de estudo, o valor encontrado foi 0,5,
essa baixa equabilidade foi fortemente influenciada pela alta densidade de Mimosa
tenuiflora, que se fez presente em 100% das parcelas, apontando a baixa
heterogeneidade florística desse componente arbóreo-arbustivo.
Os valores obtidos foram inferiores aos encontrados por Araújo (2007), que,
analisou uma área preservada de Caatinga, por Fabricante; Andrade (2007); Guedes
et al., (2012); Souza (2012); e Pereira Júnior et al., (2013).
5.4 Estrutura Horizontal
Na Tabela 2 encontram-se os resultados, seguindo a ordem do valor de
importância, pois os parâmetros usados para seu cálculo retratam, de certa forma, a
importância ecológica de uma certa espécie na comunidade, quando comparado às
outras espécies nela existentes, uma vez que são utilizados valores relativos.
Dentre os indivíduos amostrados foram encontrados um total de 30 mortos
não identificados ainda em pé, o que representou 1,66 % da densidade relativa.
Estas ocuparam o sexto maior valor de importância (VI), abrangendo 1,99 % da
dominância total da comunidade amostrada. As árvores mortas em pé constituem
abrigo para a fauna silvestre, bem como contribuem para a ciclagem de nutrientes,
melhorando o solo para as espécies existentes na área.
A densidade encontrada foi de 2.252,5 ind.ha-1, valor superior ao obtido por
Beranger et al., (2012), em um remanescente degradado no Seridó Paraibano. Essa
densidade elevada pode ser consequência da preservação dos últimos 30 anos,
refletindo em uma maior conservação do remanescente florestal (Tabela 2).
A área basal da área de estudo foi de 5.768 m2ha-1, sendo que Mimosa
tenuiflora (3,884 m2 ha-1), Aspidosperma pyrifolium (0,97 m2ha-1) e Croton
blanchetianus (0,344 m2ha-1) foram as mais expressivas.
As espécies com maior densidade relativa foram Mimosa tenuiflora, (55,83
%), Croton blanchetianus (20,09 %) e Aspidosperma pyrifolium (11,71 %). Juntas,
essas espécies representam 87,63 % dos indivíduos arbóreos levantados no estudo.
Ambas respondem também por 90,06 % da Dominância Relativa.
Na pesquisa realizada por Beranger et al., (2012), a Mimosa hostilis (Mimosa
tenuiflora) apresentou resultado semelhante. Para Lopes et al., (2002), elevados
valores de densidade mostram que as espécies são mais competitivas e encontram-
-
29
se bem adaptadas às condições ambientais do momento.
Aspidosperma pyrifolium foi a terceira mais abundante, porém apresentou a
segunda maior frequência (9,05%) e a segunda maior dominância, representando
assim 14,24% da cobertura e, consequentemente, valor de importância de 14,51
(Tabela 2).
Croton blanchetianus, apesar de apresentar a segunda maior densidade,
apresentou a terceira maior frequência e a terceira maior dominância dentre as
espécies estudadas, refletindo com isso em um valor de cobertura de 13,03% e
consequentemente, surgindo como a terceira maior espécie em valor de importância
(12,81%).
Essa espécie também ocupou o 2º, lugar na pesquisa de Souza (2012). O
autor atribui à superioridade da densidade dessa espécie a exploração de nativas,
contribuindo para o surgimento do Croton sonderianum, já que é uma espécie
pioneira, aproveita bem a luminosidade deixada na área para surgir.
As espécies, Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium e Croton
blanchetianus apresentaram os maiores VI, com destaque para a primeira, demais
espécies em número de indivíduos (1.006), densidade relativa (55,8%), dominância
relativa (67,33%) e índice de valor de importância (46,95%).
Essas mesmas espécies também foram representadas com destaque nos
parâmetros fitossociológicos no trabalho realizado por Ferreira (2013) no município
de Malta, PB.
-
30
Tabela 2 Parâmetros fitossociológicos caracterizando a distribuição das espécies amostradas na Reserva Ecológica da Fazenda Verdes Pastos, São Mamede, PB. Nome Científico N AB DA DR FA FR DoA DoR VC VC VI VI
Mimosa tenuiflora 1006 3,884 1257,5 55,83 100 17,7 4,854 67,33 123,157 61,58 140,856 46,95
Aspidosperma pyrifolium 211 0,968 263,75 11,71 85 15,04 1,209 16,77 28,484 14,24 43,528 14,51
Croton blanchetianus 362 0,344 452,5 20,09 70 12,39 0,43 5,96 26,054 13,03 38,443 12,81
Erythroxylum pungens 70 0,084 87,5 3,88 65 11,5 0,105 1,46 5,344 2,67 16,848 5,62
Capparis flexuosa 24 0,055 30 1,33 45 7,96 0,069 0,96 2,289 1,14 10,254 3,42
Morta 30 0,115 37,5 1,66 35 6,19 0,144 1,99 3,656 1,83 9,85 3,28
Mimosa ophthalmocentra 32 0,093 40 1,78 25 4,42 0,117 1,62 3,392 1,7 7,817 2,61
Combretum leprosum 20 0,028 25 1,11 35 6,19 0,035 0,48 1,595 0,8 7,789 2,6
Jatropha mollissima 14 0,031 17,5 0,78 30 5,31 0,039 0,54 1,313 0,66 6,623 2,21
Cnidoscolus quercifolius 5 0,078 6,25 0,28 25 4,42 0,097 1,35 1,629 0,81 6,054 2,02
Poincianella pyramidalis 17 0,048 21,25 0,94 10 1,77 0,06 0,84 1,781 0,89 3,551 1,18
Libidibia ferrea 5 0,012 6,25 0,28 15 2,65 0,015 0,21 0,49 0,25 3,145 1,05
Zizyphus joazeiro 2 0,009 2,5 0,11 10 1,77 0,011 0,15 0,26 0,13 2,03 0,68
Piptadenia stipulacea 2 0,011 2,5 0,11 5 0,88 0,014 0,19 0,303 0,15 1,188 0,4
Commiphora leptophloeos 1 0,007 1,25 0,06 5 0,88 0,008 0,12 0,171 0,09 1,056 0,35
Leucaena leucocephala 1 0,002 1,25 0,06 5 0,88 0,002 0,03 0,083 0,04 0,968 0,32
Total 1802 5,768 2252,5 100 565 100 7,21 100 200 100 300 100
IVI. Número de indivíduos amostrados (Ni); Área basal absoluta (AB); Densidade relativa (DR %); Frequência relativa (FR %); Dominância relativa (DoR %) e Índice de Valor de Cobertura (IVC %); IVI-Índice de Valor de Importância (VC %). Fonte Araújo (2017).
-
31
5.5 Estrutura Vertical
5.5.1 Classe de Altura
Analisando a distribuição vertical dos indivíduos dentro da área de estudo, foi
observado que 77% de seus indivíduos (1.389) estão agrupados na classe de altura,
variando de 2,5 a 7 m (Figura 6).
A altura máxima dos indivíduos estimada na área foi de 10 m, e a média de
3,6 m. Apenas quatro indivíduos atingiram a altura máxima, distribuídas em três
indivíduos de Aspidosperma pyrifolium e um de Mimosa tenuiflora. O valor médio
obtido, foi similar ao de Medeiros et al., (2016) e Alves et al. (2013), porém inferior
aos observados por Lima e Coelho (2015).
A menor classe de altura encontrada foi 1,5 m, distribuídos em quatro
indivíduos de Aspidosperma pyrifolium e um de Mimosa tenuiflora.
Esses valores foram superiores aos encontrados por Amorim et al., (2005),
porém, inferiores aos do trabalho de Pereira Júnior et al., (2013), cuja maior altura
estimada foi de 17m.
Figura 6 Distribuição das classes de altura.
Fonte Ara jo (201 ).
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1 |- 3 3 |- 5 5 |- 7 7 |- 9 >= 9
Número de indivíduos
-
32
5.5.2 Classes de Diâmetro
Na Figura 7, verificou-se que os maiores números de indivíduos ocorreram
nas duas primeiras classes: a classes classe I, com (20,08%) e a classe II com
70,14%, totalizando 90,23%, enquanto que nas demais classes foram observados
176 indivíduos (9,76%), corroborando com estudos de Guedes et al., (2012), em que
verificou que 90% dos indivíduos ocorreu nas primeiras classes e de Calixto Junior
et. al., (2011).
Observa-se que a partir da segunda classe, o padrão de distribuição dos
diâmetros aproxima-se do modelo de distribuição exponencial na forma de “J
invertido”, padrão característico de uma floresta nativa. Padrão semelhante dos
demais trabalhos realizados nesse bioma.
Para Pereira Júnior et al., (2013), a presença de muitos indivíduos nas
classes de diâmetro iniciais demonstra uma característica de estágio secundário
inicial por parte da vegetação estudada.
Figura 7 Distribuição das classes de altura.
Fonte Ara jo (201 ).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 |- 3 3 |- 6 6 |- 9 9 |- 12 12 |- 15 15 |- 18 18 |- 21 21 |- 24 >= 24
Número de indivíduos
-
33
6 CONCLUSÕES
As famílias com maior diversidade florística na área foram Fabaceae e
Euphorbiaceae,
Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium e Croton sonderianus foram as
mais representativas na área, apresentando maiores parâmetros fitossociológicos,
Maior número de indivíduos ocorreu nas menores classes de diâmetro,
indicando que a área se encontra em estágio inicial de crescimento.
A baixa diversidade florística encontrada na área demonstra a necessidade
de ampliar o plantio de espécies nativas, a fim de contribuir para a preservação do
ambiente.
-
34
REFERÊNCIAS
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