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Universidade Federal de Alagoas Formação de Profissionais em Engenharia Civil e Engenharia Química para o Setor de Petróleo e Gás PRH40 UFAL/ANP SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE WOx/TiO2 PARA CONVERSÃO CATALÍTICA DA GLICOSE Bolsista: Marco Antônio Costa Júnior Dissertação de Mestrado em Engenharia Química Orientador(es) Prof. Simoni M. P. Meneghetti, DSc Prof. Rusiene M. de Almeida, DSc Maceió, 2016

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Universidade Federal de Alagoas

Formação de Profissionais em Engenharia Civil e Engenharia Química para

o Setor de Petróleo e Gás – PRH40 UFAL/ANP

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE WOx/TiO2

PARA CONVERSÃO CATALÍTICA DA

GLICOSE

Bolsista: Marco Antônio Costa Júnior

Dissertação de Mestrado em Engenharia Química

Orientador(es)

Prof. Simoni M. P. Meneghetti, DSc

Prof. Rusiene M. de Almeida, DSc

Maceió, 2016

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MARCOS ANTÔNIO COSTA JÚNIOR

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE WOx/TiO2 PARA CONVERSÃO

CATALÍTICA DA GLICOSE

Maceió

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

UNIDADE ACADÊMICA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

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MARCOS ANTÔNIO COSTA JÚNIOR

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE WOx/TiO2 PARA CONVERSÃO

CATALÍTICA DA GLICOSE

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-graduação em Engenharia

Química da Universidade Federal de

Alagoas como requisito à obtenção

do título de mestre em Engenharia

Química.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Simoni M. P. Meneghetti

Co-orientadora: Profª. Drª. Rusiene M. de Almeida

Maceió

2016

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Catalogação na fonte

Universidade Federal de Alagoas Biblioteca Central

Divisão de Tratamento Técnico Bibliotecário Responsável: Valter dos Santos Andrade

C837s Costa Júnior, Marcos Antônio.

Síntese e caracterização de WOx/TiO2 para conversão catalítica da glicose /

Marcos Antônio Costa Júnior. – 2016.

90 f. : il.

Orientadora: Simoni M. P. Meneghetti.

Coorientadora: Rusiene M. de Almeida.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade Federal de

Alagoas. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química. Maceió, 2016.

Bibliografia: f. 84-90.

1. Biocombustíveis. 2. Acidez de Lewis. 3. Acidez de Bronsted. 4. WOx/TiO2.

5. Glicose. I. Título.

CDU: 66.094.943

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Dedico este trabalho ao meu amor Társila, e aos meus pais, Marcos e Cícera.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por todas as bênçãos concedidas, a Ele toda a glória.

A minha companheira Társila, por todos os momentos de amor compartilhados, por ter sido

meu porto seguro nos momentos de dúvida e pelo seu sorriso nos momentos de alegria.

Aos meus pais, Cícera e Marcos, minha irmã, Mariana, que com toda dedicação, paciência e

amor, ensinaram-me que através da educação pode-se atingir a realização na vida, e por

sempre terem me apoiado incondicionalmente em todas as etapas que trilhei.

A minha orientadora, Prof.ª Simoni Meneghetti, pela oportunidade de convivência, pelos

conselhos, ensinamentos, enfim todo aporte dispensado à realização deste trabalho.

A minha coorientadora, Profª Rusiene Monteiro por toda compreensão, paciência, discussões

e conselhos que muito me ajudaram, e por ter sido antes de tudo uma amiga.

Aos professores da banca examinadora por sua contribuição na obtenção do meu título de

Mestre e as melhorias propostas neste trabalho.

Aos amigos e colegas da UFAL, em especial, Nilson, Jailma, Thati, Dayse, Débora, Cristian e

Nereu pelos momentos de alegria, além das indispensáveis ajudas em análises e obtenção de

dados.

Ao LSCat pelas análises de TGA e DRX, em especial ao Prof. Antônio Osimar e aos colegas

Bruno e Tiago.

Ao Programa de Recursos Humanos - PRH 40 e toda a sua comissão gestora, na pessoa do

coordenador, Prof. João Paulo Lima Santos, demais professores e colegas.

Ao PPGEQ, em especial a coordenação, professores, técnicos e demais integrantes.

Enfim, meu muito obrigado sempre, que a minha alegria seja compartilhada com todos.

Muito obrigado!

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“Minha alma breve, breve o elemento mais leve na tabela de Mendeleiev”

(P. Leminski)

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RESUMO

A celulose é o biopolímero mais abundante na natureza e apresenta grande potencial para ser

processada e produzir de maneira sustentável biocombustíveis e produtos químicos. Assim, a

conversão catalítica da glicose é um dos meios para a transformação desta em produtos de

interesse industrial e com alto valor agregado. Neste trabalho avaliou-se as propriedades, do

catalisador WOx/TiO2, com diferentes concentrações do óxido de tungstênio ancorado ao

óxido de titânio e a sua atividade na reação de conversão da glicose. Os catalisadores foram

obtidos através da técnica sol-gel e impregnação úmida; seguidos de caracterização. Foram

realizadas análises de espectroscopia de absorção na região do infravermelho (FTIR), FTIR

com piridina, difração de raios-X (DRX), adsorção e dessorção de N2 a 77K, temperatura

programada de dessorção de amônia (TPD-NH3) e espectroscopia Raman. A caracterização

por FTIR mostrou bandas características do TiO2 e do WO3, sintetizado. Na espectroscopia

Raman e DRX foi observado que o TiO2 está na fase cristalina anatase. No TPD-NH3 ficou

evidenciado que a quantidade de óxido de tungstênio alterou a acidez dos catalisadores, sendo

o material com 10% (m/m) obteve a maior acidez relativa. O FTIR com piridina mostrou que

os catalisadores apresentaram sítios ácidos de Lewis e de Brønsted, de forma que foi possível

a quantificação relativa destes sitos, e que houve uma tendência no aumento na relação entre

os sítios ácidos e Lewis com o aumento de WOx. As reações de conversão da glicose foram

conduzidas em 190°C em diferentes tempos reacionais e apresentaram atividade catalítica de

58% para o TiO2, de 72% com o WO3, ambos sendo mais seletivos ao HMF. Já o catalisador

com 10% de tungstênio, ou seja, o com maior acidez relativa, apresentou rendimentos de

95%, com seletividade maior ao ácido fórmico, além da formação de outro ácido orgânico, o

ácido acético. Estes resultados obtidos mostram o potencial de utilização destes materiais na

reação de conversão da glicose.

Palavras-Chave: Biocombustíveis. WOx/TiO2. Acidez de Lewis. Acidez de Brønsted.Glicose.

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ABSTRACT

Cellulose is the most abundant polymer in nature and has great potential to process and

produce a sustainable manner biofuels and chemicals. Thus, the catalytic conversion of

glucose is one of the means for transformation into products of industrial interest and with

high added value. In this work the properties of WOX / TiO2 catalyst with different tungsten

oxide concentrations anchored titanium oxide and its activity in the glucose conversion

reaction. The catalysts were obtained by sol-gel technique, wet impregnation; followed by

characterization. absorption spectroscopy analyzes were carried out in the infrared (FTIR)

FTIR with pyridine, diffraction X-ray (XRD), adsorption and N2 desorption at 77K,

temperature programmed desorption of ammonia (TPD-NH3) and Raman spectroscopy . The

characterization by FTIR showed characteristic bands of TiO2 and WO3 synthesized. In

Raman and XRD spectroscopy it was observed that the TiO2 is in the anatase crystalline

phase. In TPD-NH3 evidenced that the quantity of tungsten oxide alter the acidity of the

catalyst, the material was 10% (m / m) obtained the highest relative acidity. FTIR showed that

the pyridine with catalysts showed acidic sites of Lewis and Brønsted so that the relative

quantification of these require- was possible and there was a trend in increasing the ratio

between the Lewis acid sites and increase with Wox. The glucose conversion reactions were conducted at 190 °C in different reaction times and exhibited catalytic activity for 58% TiO2,

72% with WO3, both of which are more selective to HMF. Since the catalyst with 10%

tungsten, ie having a relative acidity, showed 95% yield, with higher selectivity to formic

acid, the formation of other organic acid, acetic acid. These results indicate the potential use

of these materials in glucose conversion reaction.

Keywords: Biofuels.WOX/TiO2. Lewis acidity. Brønsted acidity. Glucose.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Interação entre sítios ácidos de Lewis e de Brønsted vizinhos em um catalisador de

sílica. ......................................................................................................................................... 23

Figura 2 - Espécies formadas através da adsorção da piridina com os sítios na superfície de

óxidos metálicos a 300 K. a) BPy - Sítios de Brønsted; b) LPy - Sítios de Lewis. .................. 25

Figura 3- Estruturas cristalinas do TiO2. A) Anatase; B) Rutilo e C) Brookita. ...................... 26

Figura 4 - Estruturas cristalinas possíveis para o WO3 e as respectivas temperaturas de

ocorrência. ................................................................................................................................ 28

Figura 5 - Evolução das espécies octaédricas de WOx na superfície do ZnO2 com diferentes

quantidades de WOx. ................................................................................................................ 31

Figura 6 - Evolução das espécies de tungstato superficiais coordenadas na forma tetraédrica.

a) Sítios de Lewis; b) Sítios de Brønsted; c) Formação de espécies diméricas e d) Polimérias

obtidas por condensação. .......................................................................................................... 31

Figura 7 - Oferta Interna de Energia no Brasil (em %) em 2014. ............................................ 34

Figura 8 - Estrutura da cadeia de celulose apresentando suas ligações β -1,4-glicosídicas e

ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxilas. ................................................................... 35

Figura 9 – Integração na cadeia de biomassa e obtenção de produtos com maior valor

agregado.................................................................................................................................... 36

Figura 10 - Derivados Químicos da Glicose. ........................................................................... 37

Figura 11- Mecanismo provável para a isomerização de glicose para frutose com um ácido de

Brönsted .................................................................................................................................... 38

Figura 12 - Isomerização de glicose em frutose e desidratação destas a HMF ........................ 39

Figura 13 - Produtos de hidrogenólise da glicose..................................................................... 40

Figura 14 – Etapas de obtenção do catalisador. 1) Obtenção do TiO2 sol-gel; 2 )Impregnação

úmida do óxido de tungstênio ao TiO2 ..................................................................................... 46

Figura 15 - Reator de aço Inox e sistema de aquecimento utilizado nas reações. .................... 49

Figura 16 - Espectros Raman dos catalisadores TiO2, WO3, WT5, WT10, WT20 e WT30. .. 54

Figura 17 - Estrutura cristalina da fase monoclínica do WO3 .................................................. 56

Figura 18 - Difratogramas o dos catalisadores com diferentes massas de W, indicando as fases

cristalinas anatase (A) e monoclínica (*). ................................................................................ 56

Figura 19 - Espectros de infravermelho dos catalisadores com diferentes quantidades de W . 57

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Figura 20- Estrutura proposta para as espécies wolframyls na forma anidra (esquerda) e

hidratada (direita), na superfície do óxido. ............................................................................... 57

Figura 21 - Isotermas de adsorção e dessorção de N2 a 77K para os catalisadores.................. 59

Figura 22 - Resultados da área e da densidade superficial como função do teor de tungstênio

.................................................................................................................................................. 60

Figura 23- Comportamento das espécies de WOx de acordo com a densidade superficial ..... 62

Figura 24 - Distribuição do volume de poros das amostras ..................................................... 62

Figura 25 - Perfis das curvas de TPD-NH3 para os catalisadores sintetizados, em destaque as

áreas de Baixa Temperatura (BT) e de Alta Temperatura (AT) ............................................... 64

Figura 26- Área correspondente à acidez fraca, acidez forte e acidez total para os

catalisadores.............................................................................................................................. 65

Figura 27 - Tipos de ligação entre a superfície de tungstênio e a piridina: (a) formando ligação

de hidrogênio; (b) formando o íon piridínio via transferência do próton dos grupos hidroxila

de superfície; e (c) se coordenando a um sítio ácido de Lewis. ............................................... 66

Figura 28 - Relação entre as bandas características de Bronstend e Lewis para os catalisadores

(IB/IL) ........................................................................................................................................ 67

Figura 29 - Espectros de Infravermelho com piridina dos catalisadores WT5, WT10, WT20,

WT30 e TiO2 nas temperaturas 100, 200 e 300°C. .................................................................. 68

Figura 30- Conversão da glicose na ausência e na presença dos diversos catalisadores, TiO2,

WO3, WT10 .............................................................................................................................. 70

Figura 31 - Rotas de conversão da glicose e da frutose e os possíveis produtos formados ..... 73

Figura 32- Rendimento dos produtos da glicose, a 190 °C, em presença e ausência de

catalisadores, nos tempos de 30, 60 e 120 minutos. ................................................................. 74

Figura 33 - Seletividade dos produtos da glicose, a 190 °C, em presença e ausência de

catalisadores, nos tempos de 30, 60 e 120 minutos. ................................................................. 75

Figura 34 - Mecanismo proposto para a conversão da glicose em frutose promovida por

espécies do tipo WO4 ou AlO4 ................................................................................................. 76

Figura 35 - Via de reação, formação e decomposição de 5-HMF ............................................ 77

Figura 36 - Rota proposta de obtenção de dehidroxicetona, hidroxiacetona e ácido lático ..... 77

Figura 37 - Rota de Obtenção dos ácidos fórmico e acético .................................................... 78

Figura 38 - Imagens da mistura reacional antes e após filtração obtidas em diferentes

condições. A) WT10, tempo 2h; B)WT10, 1h; C)TiO2,1h; D) produto de A filtrado e E)

Produto de D filtrado. ............................................................................................................... 79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação entre os catalisadores ácidos líquidos e ácidos sólidos ...................... 22

Tabela 2 - Características dos Produtos, analisados obtidos via HPLC ................................... 52

Tabela 3 - Áreas superficiais e propriedades texturais dos catalisadores ................................. 60

Tabela 4 - Temperaturas dos picos de dessorção de NH3, Td1 E Td2 ........................................ 63

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LISTA DE SIGLAS ABREVIAÇÕES

AAc - Ácido Acético

AFo - Ácido Fórmico

ALa - Ácido Lático

ALe - Ácido Levulínico

B – Sítios ácidos de Brønsted

BET- Teoria de Adsorção Multimolecular de Brunauer- Emmett-Teller

BJH - Teoria da Distribuição de poros de Barrett-Joyner-Halenda

DRX - Difração de Raios-X

F - Frutose

FTIR - Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

GLC - Gliceraldeído

G - Glicose

HMF -5-hidroximetilfurfural

L – Sítios ácidos de Lewis

HPLC - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

PIR – Piruvialdeído

Py - Piridina

SG – Metodologia Sol-gel

TCD – Detector de condutividade térmica

TPD- Temperatura programada de dessorção

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 20

2.1 Catálise ........................................................................................................................ 20

2.2 Materiais Superácidos ................................................................................................ 21

2.2.1 Definição e Obtenção.................................................................................................... 21

2.2.2 Medidas de Acidez........................................................................................................ 23

2.2.3 TiO2 ............................................................................................................................... 26

2.2.4 WOX .............................................................................................................................. 27

2.3 Metodologias Para Preparação de Catalisadores .................................................... 32

2.3.1 Método Sol-gel ............................................................................................................. 32

2.3.2 Impregnação Úmida ...................................................................................................... 33

2.4 Biomassa de Origem Lignocelulósica ........................................................................ 33

2.4.1 Transformação Química de Monossacarídeos com Catalisadores ............................... 37

3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 43

3.1 Geral ............................................................................................................................. 43

3.2 Específicos.................................................................................................................... 43

4 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 45

4.1 Síntese do Catalisador WOX/TiO2 ............................................................................. 45

4.1.1 Síntese do TiO2 via metodologia Sol-Gel ..................................................................... 45

4.1.2 Impregnação Úmida do Óxido de Tungstênio .............................................................. 45

4.2 Caracterização dos Catalisadores ............................................................................. 47

4.2.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho ................................................................ 47

4.2.2 Espectroscopia da Região do Infravermelho com Piridina ........................................... 47

4.2.3 Espectroscopia Raman .................................................................................................. 47

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4.2.4 Difração de Raio-X ....................................................................................................... 48

4.2.5 Temperatura Programada de Dessorção de NH3 .......................................................... 48

4.2.6 Isotermas de Adsorção e Dessorção de Nitrogênio a 77K............................................ 48

4.3 Testes Catalíticos......................................................................................................... 49

4.3.1 Caracterização e Quantificação dos Produtos de Reação ............................................. 50

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 54

5.1 Caracterização dos Catalisadores ............................................................................. 54

5.1.1 Espectroscopia Raman .................................................................................................. 54

5.1.2 Difração de Raios-X ..................................................................................................... 55

5.1.3 Espectroscopia na Região do Infravermelho ................................................................ 56

5.1.4 Isotermas de Adsorção Dessorção de Nitrogênio ......................................................... 58

5.1.5 Temperatura Programada de Dessorção de Amônia..................................................... 63

5.1.6 Espectroscopia na Região do Infravermelho com Piridina ........................................... 65

5.2 Testes Catalíticos......................................................................................................... 69

5.2.1 Conversão da Glicose ................................................................................................... 69

5.2.2 Rendimento e Seletividade a partir da Conversão da Glicose ...................................... 72

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 81

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................... 83

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85

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Introdução

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17

1 INTRODUÇÃO

A crescente necessidade do aprimoramento dos processos industriais visando uma

melhor utilização dos recursos naturais levou muitas áreas da ciência a buscar processos ditos

mais limpos, onde haja o mínimo, ou nenhum, desperdício dos insumos indispensáveis a estes

processos, como a água e a energia que por sua vez também são imprescindíveis para o

equilíbrio do meio ambiente. Mais importante, a transformação de biomassa em combustíveis,

produtos químicos e outros materiais tem um grande significado para diminuir a dependência

excessiva de recursos fósseis, aliviar a crise de energia, reduzir a poluição ambiental, e

promover o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade humana (HU, et al., 2014).

Industrialmente, a catálise apresenta-se em posição de destaque no desenvolvimento de

novos materiais e no desenvolvimento de processos que atendam às demandas de

sustentabilidade. A escolha na utilização de catalisadores homogêneos, heterogêneos ou

enzimáticos é fortemente influenciada por fatores econômicos, pois estes materiais podem

impactar diretamente na viabilidade de determinados processos. Por sua ampla utilização, tais

como na isomerização de alcanos (AL-KANDARI, et al., 2008), tratamento de

organoclorados (RAMOS-DELGADO, et al., 2013), produção de biodiesel (ALMEIDA, et

al., 2014), descontaminação de poluentes radioativos (YIN, et al., 2006), hidrogenação do

glicerol (ZHU, et al., 2014), e muitos outros, os catalisadores heterogêneos apresentam

inúmeras vantagens frente aos catalisadores homogêneos, tais como, a facilidade de separação

dos produtos de reação, a obtenção de produtos com alto grau de pureza, possibilidade de

regeneração e de reutilização. Muito se têm estudado as formas de obtenção destes

catalisadores e como cada metodologia afeta as características texturais e estruturais do

material, pois para a sua utilização em escala industrial é preciso que apresentem

características, tais como estabilidade nas condições de operação, resistência térmica e

mecânica, alta área superficial específica, elevada atividade e seletividade.

Para uma boa interpretação destas características, destacadamente a atividade catalítica

e seletividade, é fundamental conhecer os centros ativos dos catalisadores. Quanto à natureza

dos sítios ácidos existem dois tipos, os de Lewis e os de Brønsted. Sendo assim, a acidez

destes catalisadores pode ser influenciada pelo método de síntese empregado. No caso

especial dos catalisadores suportados nos quais o suporte também participa do processo

catalítico há uma especial atenção, isso porque a deposição de materiais catalíticos, como os

óxidos, em um suporte também ativo, pode produzir novos catalisadores com características

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18

diferentes devido às novas interações entre os dois componentes, modificando, assim, suas

propriedades catalíticas iniciais, como é o caso do TiO2, WOx, MoO3, ZrO2 , Al2O3 e suas

versões combinadas. Nestes óxidos metálicos estão presentes tanto sítios ácidos de Brønsted

quanto sítios ácidos de Lewis. A acidez destes materiais é atribuída a sítios ácidos de

Brønsted, criados ou já existentes, cuja acidez é aumentada, pela presença de sítios ácidos de

Lewis fortes, vizinhos. Não há um modelo para a caracterização e entendimento da acidez nos

materiais sólidos de forma definitiva. Existem, porém, diversas técnicas que se habilitam a

corroborar este entendimento, de forma que existem aquelas que são melhores aplicadas para

a determinação da densidade dos sítios, enquanto outras são importantes na caracterização da

natureza do sítio ácido. O ideal é que várias destas técnicas sejam usadas simultaneamente

para a obtenção de resultados mais reais. Entre as técnicas de estudo dos sítios ácidos, uma

das mais importantes e utilizadas é a espectroscopia na região do infravermelho (FTIR), em

que se utiliza a quimissorção da molécula sonda, por exemplo, a piridina, pois esta técnica

pode diferenciar sítios de Brønsted, de Lewis e de ligações de hidrogênio.

Assim, o presente trabalho visa a síntese de catalisadores heterogêneos do tipo

WOx/TiO2, com diferentes concentrações de óxido de tungstênio, assim como a investigação

das propriedades deste material, em especial a acidez e sua potencial aplicação em reações de

conversão da glicose para a obtenção de insumos industriais.

Nos próximos capítulos serão abordadas a fundamentação teórica do assunto, os

objetivos, a metodologia utilizada, os resultados experimentais e suas discussões, as conclusões

geradas a partir dos resultados, perspectivas, e sugestões para trabalhos futuros e referências.

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19

Fundamentação Teórica

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20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Catálise

Dentro das demandas advindas do desenvolvimento da indústria química, há a

constante necessidade por processos cada vez eficientes, de forma que não haja desperdício de

matéria prima e/ou a produção de subprodutos indesejados, e possivelmente poluidores ou

tóxicos ao ser humano. Muito desse desenvolvimento pode ser traçado em paralelo ao

desenvolvimento da catálise, em sua constante busca por novos sistemas catalíticos, pois

segundo, a catálise é a chave para se chegar a “química verde” (SANTOS, et al., 2015). Uma

das definições clássicas de catálise diz que catalisador altera a velocidade da reação,

promovendo um caminho reacional diferente para a reação. Todavia, este não afeta o

equilíbrio químico uma vez que acelera tanto a reação direta como também a reação inversa.

Quanto à natureza físico-química, os catalisadores podem ser classificados como homogêneos

ou heterogêneos. Catalisadores são ditos homogêneos se estes estão presentes na mesma fase

dos reagentes. Por outro lado, catalisadores heterogêneos são aqueles presentes numa fase

diferente daquela dos reagentes, neste caso a reação acontece na interface entre as fases

(FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2007). Por ser um fenômeno superficial, que ocorre entre as

moléculas de um determinado reagente e os sítios catalíticos expostos, também chamados

sítios ativos, as propriedades estruturais destes materiais devem ser tais que facilitem o acesso

dos reagentes a estes sítios, por isso características como alta área superficial, adequada

distribuição de poros e volume de poros, são características desejáveis. A metodologia pela

qual estes catalisadores são preparados influencia fortemente as características.

A escolha de um catalisador, seja ele heterogêneo ou homogêneo, a ser utilizado em

um processo químico é predominantemente econômica, pois além de sua eficiência no

processo a qual se destina, deve-se levar em conta fatores como estabilidade térmica,

estabilidade química, estabilidade mecânica, facilidade de separação dos produtos obtidos,

ciclos de uso, vida útil, entre outras, esta importância, dita econômica, fica ainda mais

evidente quando se sabe que no ano de 2012 cerca de 90% dos processos químicos envolvem

catalisadores em pelo menos uma de suas fases (FECHETE, et al., 2012). As principais

vantagens dos catalisadores heterogêneos são: a facilidade de separação do produto da reação,

a obtenção de produtos com alto grau de pureza, a facilidade de regeneração e a possibilidade

de reutilização dos sólidos.

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As principais propriedades dos catalisadores são intimamente dependentes do método

de preparação. A principal influência do método de preparação é a dispersão das espécies

ativas, pois uma boa dispersão leva a uma melhor disponibilidade e possível utilização destes

sítios ativos durantes as reações. Uma das classificações mais utilizadas na catálise divide os

catalisadores sólidos em dois tipos, os mássicos e os suportados. Nos catalisadores ditos

mássicos, todo o material (massa) é composto por substâncias ativas. Os catalisadores

suportados são aqueles onde as espécies ativas estão dispersas sobre um material suporte

(FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2007).

Uma das maneiras de melhorar a disponibilidade de sítios ativos na superfície de um

catalisador é diminuir o tamanho das partículas, neste caso a melhor forma de utilização

destes materiais é na forma de pó, porém em processos que exijam aquecimento, existe a

possibilidade de haver a sinterização das partículas. No processo de sinterização as partículas

do material tendem a se juntar, de forma a diminuir a energia superficial, como consequência

há a diminuição, podendo chegar até a completa obstrução e, consequentemente a

indisponibilidade de inúmeros sítios ativos do catalisador (FIGUEIREDO & RIBEIRO,

2007).

2.2 Materiais Superácidos

2.2.1 Definição e Obtenção

Por ser uma importante característica dos materiais utilizados na catálise e não existir

uma definição universal ou uma escala absoluta de sua medida, a acidez sempre despertou

interesse nos estudos de materiais catalíticos. Desde a primeira definição clara formulada por

Arrhenius em meados da década de 1880, muitas outras teorias e definições foram utilizadas

para quantificar, e principalmente explicar os mecanismos que envolvem as interações nas

reações envolvendo ácidos. Em 1927 surgiu o termo superácido em um artigo de Connat e

Hall, que se originou em um trabalho envolvendo a atividade do íon hidrogênio em solução

ácida não aquosa. Foi Gillespie quem propôs uma bem conhecida definição arbitrária, mas

amplamente aceita de superácidos, como sendo qualquer sistema mais forte que o ácido

sulfúrico 100% (NODA, 1996). No caso específico dos catalisadores sólidos, medidas

precisas da acidez são difíceis de serem efetuadas, ainda segundo Noda, 1996, o método mais

utilizado para estimar a acidez seria utilizar o catalisador em reações catalisadas por ácidos

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bem conhecidos. Por apresentar as vantagens dos catalisadores heterogêneos, os sólidos

superácidos tem despertado muito interesse frente aos líquidos superácidos, isto pode ser

observado nas diversas utilizações deste material. Na Tabela 1 podemos ver uma comparação

entre os Ácidos Líquidos e os Ácidos Sólidos.

Tabela 1- Comparação entre os catalisadores ácidos líquidos e ácidos sólidos

ÁCIDOS LÍQUIDOS ÁCIDOS SÓLIDOS

Origem

histórica

Utilizados desde a antiguidade,

especialmente o vinagre. Em 1887,

Arrhenius formalizou o primeiro

conceito moderno.

Os alicerces teóricos foram construídos

somente em 1923, por Brønsted e Lewis.

Quanto à

teoria mais

aplicada

Especialmente Brønsted. Brønsted e Lewis.

Restrições

ambientais

Severas, principalmente com HF e

H2SO4

Comparativamente poucas, pois são

mais fáceis de manipular, de separar os

produtos de reagentes ou de reciclar o

catalisador sólido.

Síntese Geralmente, não requer muitos esforços. Frequentemente é muito elaborada,

necessitando de diversas etapas.

Pesquisa

Comparativamente bem estabelecida,

principalmente devido, em geral, à

facilidade de estudo.

Atualmente, bastante ampla, mas em

franca expansão, principalmente devido

aos novos avanços tecnológicos.

Natureza

química

Usualmente considera-se somente a

quantidade de H+ dissolvido no meio

(pH), mas em sistemas de catalise

homogênea a acidez de Lewis é

importante

São descritos como sítios ácidos de

Lewis ou Brønsted, distribuídos pela

superfície dos sólidos e em ambiente

químico definido.

Medida de

força e

natureza

Relativamente fácil de realizar por meio

de peagâmetro, papel indicador de pH

ou indicadores

Diversos métodos são utilizados para

estimar a força e a distribuição de sítios

ácidos, dependendo do rigor e do

alcance das técnicas utilizadas.

Mecanismos

de reação

Considera-se mais frequentemente

apenas a formação de carbocátions

Além de carbocátions, mecanismos

radicalares são comumente

considerados.

Relação com a

reatividade

Usualmente, fácil de correlacionar

(especialmente em fase gasosa).

Complexa. Requer que outros

parâmetros sejam considerados, como

cinética de reação, área específica,

porosidade, homogeneidade de

composição, etc.

Aplicação

catalítica

Restrito, embora bastante utilizados em

processos já estabelecidos.

Em tese aplicável a qualquer sistema,

sendo necessário investir no estudo de

condições operacionais e suportes

sólidos mais adequados.

Fonte: Adaptado de MORENO e RAJAGOPAL, 2009.

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Para obtenção de catalisadores superácidos, pode-se ter um sistema de ácidos

conjugados, em que se tem inicialmente um ácido forte e com a adição de outro ácido forte,

haverá a ionização do primeiro (NODA, 1996), a interação está exemplificada na Figura 1, em

um catalisador de sílica.

Fonte: Adaptado de GUPTA e PAUL, 2014.

2.2.2 Medidas de Acidez

Um dos principais exemplos desta melhoria na acidez é a utilização de catalisadores

suportados, também chamados ancorados, nos quais o material que contém os sítios ácidos é

disperso na superfície de um suporte inerte e estável, de forma que a dispersão deste material

otimize o acesso dos reagentes à estes sítios ácidos e, como consequência, o suporte pode

promover o melhoria da estabilidade mecânica e da estabilidade térmica, impedindo, por

exemplo o fenômeno da sinterização nestes materiais. Existem inúmeros suportes inorgânicos

que podem ser usados, todos estes com uma elevada superficial (100-1000 m2/g) (GUPTA &

PAUL, 2014). Em algumas situações, há que se considerar o caso dos catalisadores

suportados nos quais o suporte também participa do processo catalítico, isso porque a

deposição de materiais catalíticos, como os óxidos, em um suporte também ativo, pode

produzir novos catalisadores com características diferentes devido às novas interações entre

os dois componentes, modificando, assim, suas propriedades catalíticas iniciais, como é o

caso do TiO2, WOx, MoO3, ZrO2 Al2O3 e suas versões combinadas. Nestes óxidos metálicos

estão presentes tanto sítios ácidos de Brønsted quanto sítios ácidos de Lewis. A acidez destes

materiais é atribuída a sítios ácidos de Brønsted, criados ou já existentes, cuja acidez é

aumentada, pela presença de sítios ácidos de Lewis fortes, vizinhos.

Figura 1 - Interação entre sítios ácidos de Lewis e de Brønsted vizinhos em um catalisador de

sílica.

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Além do entendimento dos mecanismos que envolvem a acidez, a sua quantificação,

em materiais sólidos, não é de todo simples, visto que, enquanto no meio líquido é

relativamente fácil estabelecer um padrão para a acidez, como o pKa, escala de Hammett (H0)

ou atividade (aH+), no sólido, apenas a acidez de Hammett tem algum significado prático,

embora restrito. A origem desta dificuldade vem da topologia da superfície no sólido que é

usualmente complexa, podendo promover vários tipos de interações ácido-base e com

diferentes espécies presentes, pois em um catalisador sólido podem coexistir sítios ácidos de

diferentes forças, seja de Brønsted ou de Lewis, e com densidades de distribuição variadas

(MORENO & RAJAGOPAL, 2009).

Algumas técnicas são utilizadas para a quantificação e classificação da acidez de

materiais sólidos, porém, como já discutido a dificuldade de se unificar o entendimento da

acidez em uma única teoria, resulta no fato de que nenhuma das técnicas quando usadas

isoladamente apresenta uma explicação satisfatória, de forma que na maioria das vezes os

seus resultados só são bem compreendidos quando apresentados por duas ou mais técnicas

disponíveis. As duas principais metodologias aplicadas para o estudo dos sítios ácidos são: a

temperatura programa de dessorção de amônia (TPD-NH3) e a espectroscopia de

infravermelho com piridina. No TPD-NH3, a molécula sonda de amônia, é quimissorvida

sobre a amostra previamente tratada e então se procede à dessorção aumentando-se a

temperatura de forma controlada. A determinação da quantidade dessorvida e,

consequentemente, do número de sítios ácidos pode ser feita analisando-se o gás que passa

através da amostra e posteriormente passa por um detector do tipo TCD, detector de

condutividade térmica. O número total de sítios ácidos está relacionado à área total das curvas

de TPD obtidas, enquanto a força é proporcional à temperatura na qual ocorre a dessorção das

espécies (MORENO & RAJAGOPAL, 2009). Quanto mais forte o sítio ácido, maior a

interação com o material e maior a temperatura necessária para dessorver a molécula sonda.

O TPD de amônia é uma técnica relativamente barata, bem conhecida e que permite

obter resultados satisfatórios em um tempo relativamente curto. Contudo, os principais

contratempos estão no fato de a amônia não possuir especificidade para os sítios ácidos de

Brønsted e de Lewis, e ainda adsorver em sítios ácidos muito fracos. Outro problema é a

dificuldade em reproduzir os resultados em outros equipamentos, pois pode-se ter diferentes

condições de tratamento da amostra e equipamentos de construção diversas.

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A caracterização da natureza do sítio ácido pode ser realizada por espectroscopia de

infravermelho, que é uma das técnicas mais comuns para se avaliar a natureza da acidez em

sólidos. Tradicionalmente utiliza-se a quimissorção da molécula de piridina como molécula

sonda. A interação da piridina com os sítios ácidos de Brønsted ou de Lewis gera espécies

com freqüências de vibração características, que são correlacionadas aos sítios. A Figura 2

mostra as duas principais formas de adsorção da piridina que são: (i) a protonação da piridina

formando o íon piridínio, caracterizando sítios de Brønsted (BPy) com bandas de absorção

características em 1540-1565cm-1

e 1635cm-1

e (ii) a coordenação da molécula de piridina

gerando sítios de Lewis (LPy) com bandas de absorção características em torno de 1440-

1460cm-1

, 1575-1580cm-1

e 1600-1620cm-1

(CORMA, 1995). O maior problema associado a

estas medidas está sempre na quantificação absoluta dos sítios ácidos ou básicos, sendo

muitas vezes limitado a comparações relativas entre amostras.

Fonte: Adaptado de ZAKI et al., 2001.

Outra metodologia para se medir, qualitativamente, a acidez de um determinado

catalisador é através de reações modelos. Esta técnica consiste na comparação entre o

desempenho do catalisador que se pretende estudar com outro(s) já previamente estudado(s)

em reações já conhecidas e difundidas, daí o termo modelos (MORENO & RAJAGOPAL,

2009). Dependendo da força dos sítios ácidos escolhe-se um tipo de reação: para sítios ácidos

fracos as reações indicadas são isomerização cis-trans de alcenos, enquanto para sítios ácidos

fortes são dealquilação e isomerização de alquilaromáticos e a isomerização e craqueamento

de alcanos (ALMEIDA, 2003).

Figura 2 - Espécies formadas através da adsorção da piridina com os sítios na superfície de

óxidos metálicos a 300 K. a) BPy - Sítios de Brønsted; b) LPy - Sítios de Lewis.

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2.2.3 TiO2

O dióxido de titânio (TiO2), biologicamente e quimicamente inerte, é resistente à

oxidação pela luz a corrosão e química, apresenta baixo custo e não é tóxico, é encontrado na

natureza em três fases com arranjos cristalinos distintos, brookita (ortorrômbica), anatase

(tetragonal) e rutilo (LANDMANN, et al., 2012). Estas três estruturas são compostas por

octaedros com um átomo de titânio central rodeado por seis átomos oxigênio. A anatase é a

fase mais estável, juntamente com a fase rutilo, e por isso são as fases mais importantes do

ponto de vista tecnológico, as duas estruturas são mostradas na Figura 3. A transformação de

fase irreversível de anatase para rutilo é esperada para temperaturas acima de 800°C.

Fonte: LANDMANN et al., 2012.

O TiO2 é um produto muito importante para diversos setores industriais, destacando-se

a fabricação de corantes e tintas, esmaltes e vernizes, além de: siderurgia para a produção de

ferro-ligas, fabricação de eletrodos e pisos e revestimentos. A produção mundial de

concentrado de titânio em 2013 foi de 7,6 Mt, um aumento de 4,5% em relação a 2012. Cerca

de 88% da produção mundial de titânio é obtida da ilmenita, mineral de titânio de ocorrência

mais comum, enquanto que o restante vem do rutilo, mineral com maior teor, porém mais

escasso. As reservas na forma de ilmenita e rutilo totalizam aproximadamente 715 Mt, sendo

que quase dois terços estão localizados na China, Austrália e Índia. As reservas lavráveis

brasileiras de ilmenita e rutilo totalizam 2,6 Mt. Os maiores produtores mundiais de titânio

(soma da produção de ilmenita e rutilo) são: Austrália, África do Sul, China e Canadá. O

Brasil é o maior produtor da América Latina, com 1,1% da produção mundial de titânio em

Figura 3- Estruturas cristalinas do TiO2. A) Anatase; B) Rutilo e C) Brookita.

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2013 (AMORIM FILHO, 2014). A diversa gama de possibilidades de utilização do TiO2

deve-se às suas propriedades elétricas, óticas e estruturais únicas, que podem ser modificadas

com relativa facilidade, à sua alta estabilidade sobre condições adversas de temperatura,

umidade e pH, além de ser um material atóxico e facilmente sintetizado por diferentes

métodos (CHEN & MAO, 2007).

Como catalisador, o TiO2 apresenta-se de forma destacada na catálise heterogênea e na

fotocatálise, nesta última o TiO2 é o mais popular fotocatalisador, com pelo menos quarenta

anos de desenvolvimento desde os primeiros trabalhos reportados (WANG, et al., 2014).

Dentre as três fases cristalinas do óxido de titânio, a que potencialmente pode ser mais

interessante cataliticamente é a anatase, devido à presença de um número maior de sítios

vacantes na superfície do que na forma cristalina rutilo (ALMEIDA, 2003), o que facilita a

formação de sítios ácidos. Isoladamente o TiO2 apresenta uma acidez relativamente pequena

para ser utilizado em muitos processos, em comparação com o óxido de tungstênio, por

exemplo, pois este último é quinze vezes mais ácido (KWON, et al., 2000). Assim, a acidez

do TiO2 aumenta sensivelmente com a adição de outros óxidos metálicos, tais como o WO3,

que também proporciona a melhoria da estabilidade térmica, e a estabilização da fase anatase

até temperaturas próximas a 900 ºC (AKURATI, et al., 2008). Trabalhos recentes reportam a

melhoria da acidez do TiO2, na sua forma sulfatada (SO42−

/TiO2) utilizado na

transesterificação do óleo de soja (ALMEIDA, et al., 2008) e as melhorias para a

esterificação com a adição de óxido de molibdênio (MoO3/TiO2) (ALMEIDA, et al., 2014).

2.2.4 WOX

O elemento tungstênio é um metal de transição do grupo 6B da tabela periódica que

apresenta vários estados de oxidação, de (-2) a (+6), sendo o (+6) o mais estável e o mais

encontrado nos compostos. Os diferentes estados levam o tungstênio a formar vários óxidos

com diferentes estequiometrias. O óxido de tungstênio apresenta várias formas polimórficas

sendo na maioria das vezes designado como WOx. A temperatura de processamento do

material a base de tungstênio é um fator muito importante para a estabilidade deste, pois a

fase cristalina predominante dependerá desta temperatura (MOURA, 2014).

A Figura 4 apresenta algumas das configurações cristalinas possíveis para o WO3:

monoclínica II (ε-WO3), triclínico (δ-WO3), monoclínica I (γ-WO3), ortorrômbica (β -WO3),

tetragonal (α -WO3), e WO3 cúbico. Como acontece com outros óxidos metálicos, o WO3

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passa por transições de fase cristalinas quando submetidos a mudanças de temperatura. O

WO3, na forma pura (bulk), apresenta a seguinte sequencia de transformação de fase:

monoclínico II (ε -WO3, < - 43°C) → triclínico (δ-WO3, - 43°C a 17°C) → monoclínico I (γ -

WO3, 17°C a 330°C) → ortorrômbico (β-WO3, 330°C a 740°C) → tetragonal (α -WO3,> 740

°C) (ZHENG, et al., 2011). O WO3 apresenta uma coloração amarelo-limão e estrutura

semelhante ao óxido de rênio ReO3. De uma forma geral, são compostos de octaedros WO6

distorcidos. Estes octaedros podem ser unidos pelos vértices e/ou pelos lados com os íons W

na posição central do octaedro. Os óxidos de tungstênio também podem possuir água em suas

estruturas cristalinas, apresentando-se nas formas WO3.H2O, WO3.2H2O, WO3.0,75H2O e

WO3.0,33H2O. Esses óxidos são chamados, geralmente, de óxidos de tungstênio hidratados.

Fonte: ZHENG et al., 2011.

Atualmente são conhecidos cerca de 20 minérios contendo tungstênio, mas os quatro

principais são: volframita (Fe,Mn)WO4, scheelita (CaWO4), ferberita (FeWO4) e hubnerita

(MnWO4), sendo que os dois primeiros possuem maior importância econômica, porque

respondem pela maior quantidade de tungstênio produzida no mundo.

Figura 4 - Estruturas cristalinas possíveis para o WO3 e as respectivas temperaturas de

ocorrência.

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A importância industrial do tungstênio é associada com suas características únicas,

como elevada dureza, densidade e ponto de fusão, que são indispensáveis na composição de

certas ligas de aços especiais. A maior parte das jazidas de tungstênio é encontrada em

depósitos de veios de quartzo e em granitoides. No Brasil, elas aparecem nos depósitos de

scheelita (CaWO4) situados no Nordeste, como também em jazidas de veios de quartzo e

depósitos localizados no Sul e ao Norte do país, onde a wolframita (Fe,Mn)WO4 é encontrada

associada à cassiterita (TELMA, 2013). A China, com mais de 50% das reservas mundiais de

minério de tungstênio, é o país em que a maior parte desse recurso mineral ocorre no mundo.

No Brasil as reservas lavráveis de scheelita estão localizadas no Estado do Rio Grande do

Norte. O mercado interno absorveu 57% dos concentrados de scheelita e wolframita

produzidos no país em 2013. A principal aplicação do metal no país foi para a produção ferro-

ligas, mas sua utilização se estende para a produção de filamentos para lâmpadas, nas esferas

de canetas esferográficas, nas brocas das sondas de perfuração de petróleo em águas

profundas e na fabricação de caixas pretas de avião.

Catalisadores de óxido de tungstênio suportados em alumina, zircônia e titânio, estão

entre os materiais mais relevantes da catálise heterogênea (GUTIÉRREZ-ALEJANDRE, et

al., 2001) e são amplamente utilizados em processos industriais, tais como na

hidrodessulfurização, metátese de alcenos, desidrogenação de álcoois, e hidrocraqueamento

de frações pesadas na indústria do petróleo (VAIDYANATHAN, et al., 2002), na área de

fotocatálise é, juntamente com o TiO2 um dos materiais mais amplamente utilizados. Em

algumas das reações citadas acima, o óxido de tungstênio puro (bulk) foi utilizado como

catalisador, mas devido a sua baixa área superficial e a presença de sítios ácidos fracos foram

necessárias altas temperaturas (BARTON, et al., 1998). Ainda segundo os autores, isto pode

ser resolvido com a dispersão eficaz das espécies de WO3 em um material de elevada área

superficial, aliada ou não com a introdução de um heteroátomo, a fim de criar um

desequilíbrio de carga permanente na estrutura do WO3 e assim, aumentar a densidade e a

força dos centros ácidos. Por este motivo a utilização do WO3 com um suporte é mais

estudada. Por exemplo, catalisadores WO3/ZrO2 têm recebido muita atenção, Hino e Arata

(HINO & ARATA, 1988) verificaram que este catalisador, quando utilizado na reação de

isomerização de butanos e pentanos, possui características superácidos adequadas associado a

um menor volume de poros, em comparação com outros catalisadores ácidos, tais como

catalisadores baseadas em alumina ou zeólitas, e a sua aplicação levou à redução do tamanho

do reator, quando comparado com outros catalisadores. Quando comparados com

catalisadores sulfatados, os baseados em WOX são muito mais estáveis, em temperaturas

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elevadas e sofre significativamente menos desativação durante a reação catalítica (DI

GREGORIO & KELLER, 2004). Chen et al. (CHEN, et al., 2012) observaram que estes

catalisadores também são extremamente estáveis em altas temperaturas em atmosferas de H2,

N2 ou H2O.

Já é conhecido o fato de que os óxidos de metais de transição com cátions hexavalentes

e pentavalentes apresentam-se como excelentes candidatos a atuar como sólidos superácidos

para inúmeras reações de interesse industrial. Para alguns destes óxidos metálicos, a atividade

catalítica parece estar ligada à formação de sítios ácidos Brønsted fortes, que são estabilizados

pelo deslocamento eficiente da densidade eletrônica da base conjugada (HERRERA, et al.,

2006). Dentre os metais de transição, o óxido de tungstênio fornece os sítios ácidos Brønsted

mais fortes, seja na forma pura do óxido ou como óxido suportado, sendo que a sua estrutura

e as propriedades catalíticas são fortemente influenciadas pelo suporte, o aumento de acidez

de Brønsted parece estar ligado ao aumento cobertura de WOx na superfície, conduzindo

assim á conversão de grupos tungstatos isolados em agrupamentos politungstato, que pode

deslocar prótons vizinhos entre as espécies WOx (BARTON, et al., 1998) . Muitos estudos têm

sido desenvolvidos no sentido de explorar como as interações entre o suporte e óxido de

tungstênio afetam a acidez, e consequentemente a atividade catalítica, levando-se em conta

que a variedade de possibilidades de estruturas depende de muitos fatores, tais como a rota de

síntese empregada, a natureza do precursor utilizado e a temperatura de calcinação

(HERRERA, et al., 2006).

Os óxidos de tungstênio suportados podem apresentar espécies superficiais isoladas

(monotungstatos), espécies poliméricas (politungstatos) e partículas cristalinas (WO3), assim

como formar compostos com o suporte, como, por exemplo, Al2(WO4)3, Zr(WO4)2. Em

baixas concentrações de tungstênio disperso na superfície (<2 W-atoms/nm2), as espécies

monotungstatos predominam e apenas sítios ácidos de Lewis são encontrados. Com uma

concentração intermediária de óxido de tungstênio (3-4 W-atoms/nm2), as espécies

politungstatos superficiais tornam-se predominantes e ambos os sítios ácidos, Brønsted e de

Lewis estão presentes. Com a cobertura de óxido de tungstênio maior (>4 W-atoms/nm2),

nanopartículas de WO3 cristalino estão presentes na superfície (WACHS, et al., 2006).

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Fonte: BARTON et al., 1998.

A Figura 6 mostra as possíveis configurações das espécies de tungstênio na superfície

do óxido de zircônio proposta por Di Gregorio e Keller (DI GREGORIO & KELLER, 2004),

nas quais são mostrados também os sítios ácidos de Lewis e de Brønsted formados. A

identificação das espécies e a estrutura molecular dos óxidos de tungstênio suportados podem

ser determinadas por espectroscopia Raman, uma vez que essa técnica tem a habilidade de

diferenciar as espécies presentes na superfície dos suportes (WACHS, et al., 2006). Por

exemplo, as bandas na região entre 990-1020 cm-1

são referentes às ligações W=O terminais.

A deformação da ligação W-O-W apresenta uma banda em 275 cm-1

, a deformação W- O em

720 cm-1

, o WO3 cristalino apresenta bandas em 274, 715 e 807 cm-1

. Em altas densidades

superficiais de tungstênio, a atribuição de bandas de Raman torna-se mais complexo porque

as bandas das estruturas cristalinas do WO3 tendem a dominar os espectros e limitar a

detecção de outras espécies do tipo WOx (LÓPEZ, et al., 2007).

Figura 5 - Evolução das espécies octaédricas de WOx na superfície do ZnO2 com diferentes

quantidades de WOx.

Figura 6 - Evolução das espécies de tungstato superficiais coordenadas na forma tetraédrica. a)

Sítios de Lewis; b) Sítios de Brønsted; c) Formação de espécies diméricas e d) Polimérias obtidas

por condensação.

Fonte: DI GREGORIO e KELLER, 2004.

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2.3 Metodologias Para Preparação de Catalisadores

Para a incorporação e/ou a adequação das espécies ácidas de Lewis ou de Brønsted,

existe uma série de estratégias de síntese que podem ser desenvolvidas, como impregnação,

deposição, precipitação, calcinação, redução, sol-gel dentre outras. As variações estruturais

são muito diversificadas, e inúmeras espécies químicas podem ser incorporadas à superfície

de um suporte, em composição, estados de oxidações e ambientes químicos variados

(MORENO & RAJAGOPAL, 2009). O principal objetivo de se obter um catalisador com

elevada área superficial é porque isto corresponde a uma maior disponibilidade/dispersão das

espécies ativas.

2.3.1 Método Sol-gel

O processo sol-gel envolve a transição de um sistema a partir de uma solução coloidal

(sol) em um ‘gel’ sólido. Os materiais de partida (precursores) utilizados na preparação do sol

são geralmente compostos orgânicos metálicos, tais como alcóxidos de metais [M(OR)n],

onde M representa um elemento de formação da rede (tal como Si, Ti, Zr, Al, B), e o R

representa geralmente um grupo alquil. A evolução do sistema de sol para gel é o resultado da

reação de hidrólise e policondensação dos alcóxidos de metal precursor. Em particular, a

hidrólise gera grupos -OH, que tendem a estabelecer novas ligações (por meio de pontes de

hidrogênio) por meio de reações de policondensação. Portanto, no processo de transformação

sol-gel a viscosidade das soluções aumenta gradualmente à medida em que as espécies de

interconexão do sol se transformam em uma rede rígida e porosa que é o gel. A secagem do

gel úmido, aerogel ou xerogel pode ser alcançada, dependendo das condições adotadas

(CATAURO, et al., 2015). Quando o gel é seco, ocorre a expulsão do líquido presente nos

poros com a posterior redução de volume devido à formação de novas ligações por

policondensação, e a resistência do gel aumenta e o tamanho dos poros se tornam menores.

Este é o processo mais utilizado para a produção de TiO2 tipo anatase. Este processo

apresenta algumas vantagens para o processamento de materiais tais como, a alta pureza dos

precursores, o que leva a obtenção de materiais com alta pureza. A partir do conhecimento e

controle dos processos químicos fundamentais é possível a obtenção de materiais com

características pré-planejadas. As principais desvantagens ou limitações associadas ao

processo sol-gel são o alto custo de alguns precursores, longos tempos de processamento e,

algumas vezes, difícil reprodutibilidade.

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2.3.2 Impregnação Úmida

As espécies ativas podem ser depositadas num sólido por vários métodos, um dos mais

simples e utilizado é método de impregnação. Esse método consiste na impregnação das

espécies ativas sobre um suporte sólido, geralmente na forma de óxido a partir de uma

solução que contenha o precursor da fase ativa. Esse método envolve três etapas: (1) contato

do suporte com a solução impregnante por um determinado período de tempo, (2) secagem do

sistema para que ocorra a difusão das espécies e remover o solvente e (3) ativação do

catalisador por calcinação, redução ou outro tratamento apropriado.

A impregnação das espécies ativas aos catalisadores é a etapa mais importante na

síntese desses materiais. Os sais precursores das espécies ativas são normalmente usados em

fase aquosa e, se possível, devem utilizar-se ânions que podem ser facilmente eliminados por

lavagem ou que decomponham a temperaturas baixas (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2007).

2.4 Biomassa de Origem Lignocelulósica

A poluição ambiental chegou a níveis tão alarmantes, que novas e ambiciosas metas

para a redução das emissões de gases do efeito estufa estão sendo estabelecidas em todo o

mundo. Associado a isso podemos acrescentar a relação entre a demanda e a oferta de

petróleo bruto e seus derivados, fato que está levando os países a reverem suas políticas

energéticas de forma a dependerem menos destas fontes fósseis.

Como alternativa a este desafio, a celulose apresenta as características ideais para a sua

utilização como matéria-prima e o provimento de produtos com alto valor agregado. A

natureza produz 200 bilhões de toneladas de biomassa, e esta contém uma quantidade de

energia da ordem de 3x1018

kJ por ano através da fotosíntese, o que representa em torno de 10

vezes a atual e anual demanda por energia do mundo (HU, et al., 2014) e esta biomassa é

originada em culturas de origem florestal (principalmente madeira), agrícola (soja, arroz e

cana-de-açúcar, entre outras), resíduos de culturas agrícolas, plantas aquáticas, resíduos de

madeira, entre outros, o que a torna a celulose o biopolímero mais abundante da natureza.

Por ser um importante produtor agrícola, o Brasil está na linha de frente na quantidade

de biomassa produzida e na utilização desta biomassa como fonte energética, isto fica mais

evidente quando olhamos para a matriz energética brasileira, Figura 7, pois dentro da

classificação de energias renováveis, os materiais provenientes da biomassa representam mais

de 60% do total da oferta energética nacional, dos quais em torno de 40% representa o etanol

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e o bagaço de cana e os outros 20% a lenha e o carvão vegetal (ANEEL, 2015). Contudo, a

maior parte da biomassa produzida no Brasil, especialmente o bagaço produzido nas lavouras

de cana-de-açúcar, é usado diretamente para cogeração de vapor e eletricidade através da sua

queima em caldeiras. Frente à essa forma atual de atualização, o desenvolvimento de novas

rotas competitivas economicamente para obtenção de combustíveis e produtos químicos é

essencial para agregar valor à essa matéria prima.

Fonte: Adaptado de ANEEL, 2015.

A biomassa de origem lignocelulósica é composta majoritariamente por celulose (40-

50%), hemicelulose (25-30%) e lignina (15-30%): as porcentagens da composição vão variar

conforme a origem da biomassa. A quebra da biomassa lignocelulósica pode gerar

monossacarídeos, que podem ser convertidos cataliticamente com elevada seletividade para os

produtos químicos de valor agregado, para uso como monômeros e posterior reação de

polimerização ou geração de biocombustíveis(ZHANG, et al., 2015).

A celulose, cuja estrutura é apresentada na Figura 8, é um polissacarídeo linear com

cadeias longas que consiste em unidades de β-D-glicopiranose unidas por ligações do tipo β-

1,4 glicosídicas (HOKKANEN, et al., 2016). O dissacarídeo 4-(β-dglicopiranosil-d-

glucopiranose), a celobiose, é a unidade de polímeros repetida. As unidades repetidas de

glicose definem o grau de polimerização (DP) da celulose (DENG, et al., 2014). Devido à

ausência de cadeias laterais ou ramificações, as cadeias de celulose podem existir em uma

estrutura ordenada. Por conseguinte, a celulose é um polímero semi-cristalino, e que contém

ambas as fases: cristalina e amorfa. A estrutura de cadeia da celulose apresenta ligações de

hidrogênio intramoleculares, entre unidades de glicose adjacentes, e intermoleculares, entre

cadeias de celulose adjacentes, devido aos grupamentos hidroxila, além de interações de Van

der Waals. Essas interações intra e intermoleculares conferem à celulose uma estrutura

Figura 7 - Oferta Interna de Energia no Brasil (em %) em 2014.

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tridimensional com regiões cristalinas na forma de placas rígidas, o que dificulta sua

dissolução e sua transformação química (CHERUBINI & STROMMAN, 2011).

Fonte: LEAL, 2014.

Os polissacarídeos de tecidos vegetais, que não a celulose, são classificados como

hemicelulose. A celulose faz referência apenas a um biopolímero, já as hemiceluloses são

uma classe de compostos, variando em estrutura e composição dependendo da origem vegetal.

As hemiceluloses não apresentam cristalinidade, sendo facilmente atacadas por ácidos

minerais diluídos a quente e são solúveis em meio alcalino, diferentemente da celulose. Nos

tecidos vegetais se encontram como um emaranhado de cadeias que não possuem orientação

preferencial, com grande quantidade de ligações de hidrogênio inter e intramolecular. (LEAL,

2014). As unidades de açúcares que compões as hemiceluloses podem ser divididas em quatro

grupos: pentoses, hexoses, ácidos hexurônicos e desoxi-hexoses. A cadeia principal da poliose

pode ser classificada como homopolimérica, quando é formada por apenas um tipo de açúcar,

ou heteropolimérica, quando é formada por dois ou mais tipos. Os biopolímeros de pentoses

são as pentosanas, enquanto os de hexoses são as hexosanas.

A lignina apresenta uma estrutura de alto peso molecular contendo polímeros

reticulados formados por monômeros fenólicos. A lignina, presente na parede celular primária

proporciona suporte estrutural, permeabilidade, e resistência contra o ataque microbiano. Ela

possui uma afinidade forte por ións metálicos carregados positivamente, e sua molécula

contém um grupo hidroxilo fenólico, um grupo hidroxilo alcoólico e um grupo carboxilo e

pode reagir quimicamente com outros polímeros para formar compósitos híbridos (JUNG, et

al., 2015).

Figura 8 - Estrutura da cadeia de celulose apresentando suas ligações β -1,4-glicosídicas e

ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxilas.

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Há atualmente um entendimento que a melhor forma de aproveitamento de todo

potencial das biomassa lignocelulósica é promover uma integração entre a produção de

alimentos, materiais, biocombustíveis e produtos químicos de interesse industrial, formando

uma cadeia, onde além da formação de produtos com maior valor agregado, também ocorra a

minimização a quantidade de resíduos gerados.

Fonte: Adaptado de María, 2013.

O benefício advindo desta integração de processos é duplo, primeiro a utilização da

biomassa, uma fonte renovável, fecha o ciclo do carbono, ou seja, o ciclo de emissão e

consumo de CO2 garante que não haja mais acúmulo deste gás na atmosfera, evitando-se

assim a piora no efeito estufa, e seus já comprovados efeitos danosos ao planeta, inclusive

impactando negativamente na agricultura e o potencial dano a produção de alimentos

(biomassa). O segundo benefício é de ordem econômica, uma vez esses processos não são

ditados meramente por questões químicas e ambientais, mas sim por questões políticas e de

mercado (LEAL, 2014).

Um dos grandes desafios para a obtenção de produtos químicos a partir de materiais

lignocelulósicos é o fracionamento dos componentes químicos (celulose, hemicelulose e

lignina) que compõem a estrutura da biomassa vegetal para que os polissacarídeos, os quais

serão utilizados no processo fermentativo, não sejam degradados durante este fracionamento.

Muitos são os processos industriais que podem ser empregadas para a obtenção de

produtos químicos e combustíveis a partir dos componentes de biomassa lignocelulósica. A

conversão bioquímica é usada para processar os componentes açúcares da celulose e

Figura 9 – Integração na cadeia de biomassa e obtenção de produtos com maior valor agregado

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hemicelulose para convertê-los em etanol pela fermentação, sendo este o principal foco de

estudo do etanol de segunda geração (2G). Já a conversão química pela hidrólise ácida, pode

levar à produção do ácido levulínico (a partir de polissacarídeos C6) e furfural (a partir de

polissacarídeos C5). O terceiro componente da biomassa lignocelulósica, a lignina, não é

fermentável, mas pode ser queimada para gerar eletricidade e calor, ou passar por tratamentos

termoquímicos para produzir biocombustíveis (diesel-FT a partir de gás de síntese depois da

gaseificação) e produtos químicos (pela pirólise) (RODRIGUES, 2011).

2.4.1 Transformação Química de Monossacarídeos com Catalisadores

Como visto, muitas são as possibilidades de processos com potencial de ser

empregados no beneficiamento da biomassa. Dentre estas, a hidrólise da celulose com

objetivo de se obter como produto final a glicose, é considerada uma das principais. A

conversão da celulose se inicia pela degradação das fibras, descompactando as cadeias. Do

ponto de vista químico, a celulose primeiramente requer a sua hidrólise para a obtenção das

unidades de glicose. A glicose pode ser obtida a partir do amido, da celulose, da sacarose e da

lactose. Em escala industrial, a glicose é produzida a partir de amido de milho por hidrólise

enzimática, de forma que o milho é a principal fonte de glicose, esta por sua vez é utilizada

para obter outros importantes produtos.

Fonte: Yabushita et al., 2014

Figura 10 - Derivados Químicos da Glicose.

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Depois de hidrolisados os polissacarídeos, os monossacarídeos obtidos podem sofrer

reações de isomerização, desidratação, oxidação, hidrogenação e hidrogenólise, obtendo

produtos de interesse (CORMA, et al., 2011).

A glicose é uma importante molécula de biomassa abundante na natureza e é

facilmente solúvel em água. Em comparação com a celulose, glicose é possui um estrutura

molecular mais simples, e extremamente conveniente para a caracterização e é adequada para

o estudo do mecanismo reacional em reações catalíticas (LIU, et al., 2015) . As condições de

reação influenciam muito na eficiência da conversão da celulose. Os parâmetros de reação

que devem ser considerados são o tempo de reação, a concentração inicial do substrato, a

configuração de reactor (CSTR ou fluxo pistonado), o modo de operação (batelada ou

contínuo), a temperatura empregada e a concentração de ácido/catalisador.

A isomerização da glicose em frutose é um processo catalítico industrial realizado em

grande escala, em que se utiliza, principalmente, a enzima isomerase. Em geral a

isomerização da glicose em frutose é considerada a etapa principal para a obtenção de 5-

hidroximetilfurfural (HMF). O mecanismo proposto para o ataque da glicose por um próton

H+, mostrado na Figura 11: primeiramente, o átomo de oxigénio no anel de glicose é atacada

por um próton, que conduz à abertura do anel pirenoide e a formação de um carbocátion em

C-1. Em segundo lugar, o resultando em o átomo de hidrogénio em C-2 mudando para C-1.

Em terceiro lugar, um anel de furano é formado pela combinação com o grupo hidroxila em

C-5 e o carbocatíon em C-2, libertando um próton. Por este meio, a glicose é isomerizada a

frutose (SHI, et al., 2014).

Fonte: Adaptado de SHI et al., 2014.

Figura 11- Mecanismo provável para a isomerização de glicose para frutose com um ácido de

Brönsted

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A isomerização de glicose em frutose é um importante passo intermediário,

empregando processos catalíticos, pois a desidratação dessas duas hexoses conduz à obtenção

do HMF, uma importante plataforma para obtenção de outros insumos. O HMF é uma

matéria-prima interessante devido à sua alta reatividade e polifuncionalidade; ele é

simultaneamente um álcool aromático primário, um aldeído aromático e possui um anel

furânico. A desidratação da frutose em HMF se processa então pela perda de três moléculas

de água, tal como apresentado na Figura 12. O HMF é muito útil não apenas como

intermediário para a produção do biocombustível 2,5 - dimetilfurano (DMF) e outras

moléculas, mas também para moléculas importantes, tais como o ácido levulínico, o ácido

2,5-furanodicarboxílico (FDCA), o 2,5-diformilfurano (DFF) e dihidroximetilofurano

(ROSATELLA, et al., 2011). Dentre estes produtos formados o DMF, comparado com o

bioetanol, possui uma densidade de energia mais elevada (31,5 MJ/L), um número de

octanagem maior (119), baixar volatilidade, é imiscível em água, o que o torna mais similar a

gasolina (HU, et al., 2014).

Fonte: Adaptado de (LEAL, 2014)

O processo de hidrogenólise da glicose leva a uma diversidade de produtos,

destacando-se os polióis e alcoóis, além de ceto-álcoois. Além disso, a glicose pode sofrer

isomerização e daí então seu isômero sofrer hidrogenólise, aumentando ainda mais a

variedade de produtos.

Figura 12 - Isomerização de glicose em frutose e desidratação destas a HMF

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Fonte: LEAL, 2014.

Como abordado anteriormente, a escolha do catalisador em uma reação é uma das

etapas determinantes, pois disto dependerá a viabilidade técnica e econômica do processo em

estudo. Muito se tem dado atenção à catálise homogênea (hidrólise ácida) na reação de

conversão da celulose, isto se reflete no número de estudos reportados na literatura. Este

maior número pode ser explicado de um ponto de vista prático, pois aponta para os custos

reduzidos do processo e os ganhos de rendimento elevados (NEGAHDAR, et al., 2016).

Os estudos com sistemas catalíticos heterogêneos vêm ganhando importante destaque

na literatura. A escolha pela rota catalítica heterogênea apresenta facilidade de

separação entre produto e catalisador, uma vez que se encontram em fases diferentes. Isso tem

influência direta no preço final do produto.

Duo et al., 2015, utilizando na reação de obtenção do ácido lático a partir da glicose,

um catalisador a base de silicato de sódio (Na2SiO3) obteve rendimento de cerca de 30% em

300◦C por 60s (DUO, et al., 2016), além disso verificou-se que a utilização deste catalisador

conduziu a uma menor corrosão e rendimento mais elevado do que com hidróxido de sódio

NaOH no mesmo valor de pH.

Para a reação de hidrogenólise da glicose, Liu et al (2015) utilizaram um catalisador

sólido a base de Pd−WOx/Al2O3. N reação de conversão da glicose a HMF, utilizando o

superácidos do tipo SO42-

/SnO2 preparado pelo método de impregnação com H2SO4, Yang et

Figura 13 - Produtos de hidrogenólise da glicose

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al, 2015 obtiveram conversão de 11% de HMF com seletividade de 22%, os autores

observaram ainda na análise de TPD-NH3 que este catalisador apresentou um larga região de

acidez forte quando comparado a outros catalisadores, como SO42-

/TiO2 e SO42-

/ZnO2

(YANG, et al., 2015).

A isomerização da glicose a frutose, catalisada pelo aluminato de sódio (NaAlO2), em

um sistema de refluxo, a 55°C, com tempo de reação de 3h, obteve conversão de 59%, com

seletividade em frutose de 70% e 3% de manose, os autores observaram ainda que o

rendimento na isomerização, quando são utilizados outros solventes orgânicos é muito

influenciado pela presença de água na reação, o que leva a necessidade de utilização de

glicose anidra (DESPAX., et al., 2013). Na reação de hidrogenação da glicose, utilizando

catalisadores a base de Ru, Pt suportados em carbono ativado, trabalhando a temperatura de

180°C, quantidade de catalisador variando de 1-5% (m/m), as taxas de conversão da glicose

da ordem de 97%, sendo o sistema Pt/C, sendo seletivo ao sorbitol em 90% (LAZARIDIS, et

al., 2015). Os autores verificaram também que para os sistemas Ru/C, a formação de co-

produtos do sorbitol é influenciado pela razão entre as fases cristalina e amorfa do Ru.

Zeólitas do tipo HY modificada com ferro, apresentaram com alta acidez relativa, em

especial um aumento nos sítios ácidos de Lewis, após a impregnação do com FeCl3, em

contrapartida houve uma diminuição das características texturais, como área superficial e

volume dos microporos, nos teste catalíticos o sistema 10% HY/Fe, apresentou, a temperatura

de 180°C, conversão de glicose de 98%, e seletividade em ácido levulínico de 60% (RAMLI

& AMIN, 2015).

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Objetivos

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3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Síntese, caracterização e avaliação de sistemas catalíticos a base de WOX ancorado com

TiO2 frente à conversão catalítica da glicose.

3.2 Específicos

Sintetizar catalisadores a base de óxido de titânio utilizando o método sol-gel, e seguido

da impregnação úmida do tungstênio com diferentes proporções mássicas;

Caracterizar os catalisadores através das técnicas de espectroscopia de absorção na região

do infravermelho com e sem piridina, espectroscopia Raman, difração de Raios-X (DRX),

isotermas de adsorção, e temperatura programada de dessorção de amônia (TPD-NH3);

Investigar a atividade catalítica frente à conversão catalítica da glicose e quantificar os

produtos obtidos através de cromatografia líquida (HPLC).

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Materiais e Métodos

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Todas as sínteses e análises foram realizadas nos seguintes laboratórios: Laboratório do

Grupo de Catálise e Reatividade Química – GCAR e no Laboratório de Síntese de

Catalisadores – LSCAT, ambos na Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

4.1 Síntese do Catalisador WOX/TiO2

Os catalisadores foram obtidos em duas etapas, primeiro fez-se a síntese do TiO2 via

método sol-gel (SG) e posteriormente a impregnação úmida do óxido de tungstênio.

4.1.1 Síntese do TiO2 via metodologia Sol-Gel

A metodologia utilizada nesta primeira etapa foi como descrita por Almeida et al,

(ALMEIDA, 2003) e é apresentada na Figura 14. Primeiramente foram preparadas duas

misturas em dois béqueres, no béquer 1 foi adicionado 37,7ml de isopropanol (99,5%, Vetec)

e 2,3 ml de água deionizada (MiliQ); no béquer 2 foi adicionado 37,7ml de isopropanol

(99,5%, Vetec), 18,7ml de isopropóxido de titânio (>98%, Aldrich) e 3,33ml de ácido nítrico

(HNO3) (70%, Vetec). O conteúdo do béquer 1 foi adicionado lentamente ao conteúdo do

béquer 2, após alguns segundos sob agitação magnética, ocorreu a formação do gel. Em

seguida, o gel obtido foi envelhecido por 2 h, seguido de secagem em banho de areia a 90°C

até a evaporação total dos solventes, obtendo-se o assim o gel seco, ou xero gel. Após a

obtenção do xerogel, este foi calcinado em uma mufla (EDG Equipamentos) a 350ºC/4h, com

uma taxa de aquecimento de 5ºC/min sob fluxo de ar sintético.

4.1.2 Impregnação Úmida do Óxido de Tungstênio

Na segunda etapa da síntese a impregnação úmida, foi empregada para a obtenção do

catalisador WOx/TiO2, Figura 14. Uma quantidade desejada do sal precursor do óxido de

tungstênio, o metatungstato de amônio hidratado (NH4)6H2W12O40·xH2O, >85%, Aldrich) foi

totalmente dissolvido em 100 ml de água deionizada em um béquer sob agitação magnética.

Em seguida uma quantidade desejada do óxido de titânio obtido na etapa anterior foi

adicionada ao béquer contendo a solução do sal precursor.

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A mistura resultante ficou sob agitação durante 1 hora, de forma a se obter uma maior

homogeneidade e, em seguida, foi aquecida a 70°C até eliminação parcial da água. Por fim, o

material obtido passou pelo processo de calcinação conforme parâmetros descritos no item

anterior, a 350ºC/4h. Os catalisadores sintetizados foram identificados pela sigla WT-X, onde

X corresponde à porcentagem teórica, em massa de WOx presente no suporte, variando de 5,

10, 20 e 30%.

Figura 14 – Etapas de obtenção do catalisador. 1) Obtenção do TiO2 sol-gel; 2 )Impregnação

úmida do óxido de tungstênio ao TiO2

Fonte: Autor, 2016

Calcinação

350ºC/ 4h

Agitação

1h

Secagem

70ºC

BÉQUER 1

Metatungstato de amônio

+ água deionizada

TiO2

Solução

Material seco WOXTiO2

Agitação

2 horas

90ºC

BÉQUER 1

Isopropanol +

água deionizada

BÉQUER 2

Isopropanol +

Isopropóxido de

titânio + HNO3

GEL

GEL

envelhecido

XEROGEL TiO2

Calcinação

350ºC/ 4h

Etapa 1

Etapa 2

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4.2 Caracterização dos Catalisadores

As técnicas utilizadas para a caracterização dos catalisadores foram espectroscopia

Raman, difração de raios-x (DRX), espectroscopia do infravermelho (FTIR) com e sem

piridina, isotermas de adsorção e dessorção em nitrogênio líquido a 77K (BET/BJH) e

temperatura programada de dessorção de NH3 (TPD-NH3), de forma a se obter dados acerca

das características morfológicas, cristalinidade, área superficial, tamanho, volume,

distribuição de poros, natureza e força dos sítios ácidos.

4.2.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho

Os espectros de adsorção na região do infravermelho médio, foram obtidos num

espectrofotômetro de infravermelho por Transformada de Fourier modelo Varian 660 IR

usando KBr como agente dispersante, numa região espectral entre 400 – 4000 cm-1

.

4.2.2 Espectroscopia da Região do Infravermelho com Piridina

Para a análise da acidez por espectroscopia de infravermelho com adsorção de piridina

utilizando espectrômetro Shimadzu IR Prestige 21. Primeiramente foi utilizado KBr como

agente dispersante, na estação de coleta do espectro foi adicionado uma quantidade conhecida

de piridina (99% Vetec) com a ajuda de uma pipeta automática, após 5 minutos foram obtidos

então espectros de forma sucessiva nas temperaturas de 100, 200 e 300°C, a uma taxa de

aquecimento de 10ºC/min.

4.2.3 Espectroscopia Raman

Os espectros Raman foram obtidos no equipamento Renishaw Sistem In Via Raman

com laser RL 633 Renishaw Class 3B HeNe Laser.

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48

4.2.4 Difração de Raio-X

A técnica de difração de raios-X usada na caracterização das amostras foi o método de

pó. Neste método as amostras pulverizadas foram expostas a uma radiação monocromática. O

equipamento utilizado foi da Shimadzu modelo XRD-6000 com uma fonte de radiação de

CuK α com voltagem de 30 KV e corrente de 30 mA, com filtro de Ni. Os dados foram

coletados na faixa de 2θ de 3 º a 90 º com velocidade de goniômetro de 2 °/min com um passo

de 0,02 º.

4.2.5 Temperatura Programada de Dessorção de NH3

As análises de TPD de amônia foram realizadas no aparelho dinâmico Quantachrome

Instruments Chembet 3000 e detecção por condutividade térmica. Inicialmente 200 mg da

amostra foi adicionado a um reator de quartzo sendo condicionada a um pré-tratamento a

200°C por duas horas sob fluxo de nitrogênio gasoso, afim de retirar vestígios de umidade

adsorvida na amostra. Em seguida, resfriou-se a amostra até 80°C ainda sob fluxo de

nitrogênio. Logo após, deu-se o inicio a injeção de amônia sob um fluxo de 80 cm3/min

durante 20 minutos, seguido da purga utilizando como gás de arraste o nitrogênio por 30

minutos, em seguida foi resfriado à temperatura de 50ºC. Após estas etapas inicia-se à análise

propriamente dita, onde ocorre um aquecimento de 50°C a 850°C numa rampa de 15°C/mim

sob o fluxo de nitrogênio.

4.2.6 Isotermas de Adsorção e Dessorção de Nitrogênio a 77K

Foram realizadas análises de fisissorção com o objetivo de obter isotermas de

adsorção/dessorção das amostras, área superficial específica, o volume total e diâmetro de

poros. Tais parâmetros foram determinados a partir das curvas de adsorção e dessorção de

nitrogênio obtidas através do instrumento da marca Quantachrome modelo Nova 2200, onde

os catalisadores foram previamente ativados à 200 ºC sob vácuo durante 4 horas, em seguida

foram submetidos às análises de adsorção/dessorção física de N2 à –196°C. A área superficial

específica foi determinada pelo método de BET. O diâmetro e a distribuição de poros foram

mensurados pelo método de BJH e o volume poroso pela quantidade de nitrogênio adsorvido

a P/P0 igual a 0,95.

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49

4.3 Testes Catalíticos

Nos testes catalíticos de conversão foi empregada uma massa de 0,48 g glicose (> 99

% Vetec) e 60 mL de água deionizada na presença ou não de catalisador. Nas reações com

catalisador foi estabelecida um quantidade de 2% de massa catalisador em relação a massa de

glicose. As reações foram realizadas em diferentes tempos reacionais (30, 60 e 120 minutos)

na temperatura de 190ºC. As reações foram realizadas em batelada, num reator de aço

inoxidável de 200 mL, acoplado a um manômetro, que permitiu o controle da pressão no

interior do reator. O reator e o respectivo sistema de aquecimento são mostrados na Figura 15.

O reator foi colocado diretamente sobre um sistema de agitação magnética e o aquecimento

foi realizado por um sistema com controlador de temperatura da marca Novus, o qual controla

o tempo, taxa de aquecimento e temperatura de reação. Ao término do processo, a mistura foi

filtrada duas vezes em papel de filtro, para separação do catalisador e possíveis materiais

insolúveis formados. A mistura líquida foi analisada em HPLC para determinação dos

produtos formados.

Fonte: Autor, 2016

Figura 15 - Reator de aço Inox e sistema de aquecimento utilizado nas reações.

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50

4.3.1 Caracterização e Quantificação dos Produtos de Reação

A mistura líquida foi submetida à filtração em filtros de membrana com porosidade de

0,45 μm (MilliporeTM), para em seguida ser injetado em um cromatógrafo líquido de alta

eficiência (HPLC) com detecção por índice de refração (RI). O cromatógrafo em questão

estava equipado com uma bomba modelo ProStar 210 (Varian), injetor manual modelo 80765

(HAMILTON) com loop de 20 μl, detector de índice de refração modelo 356 LC. A coluna

cromatográfica empregada para determinação dos produtos foi a de aço inox 87H (300 mm x

7,8 mm d.i.; MetaCarb), operando nas seguintes condições: temperatura da coluna: 55 °C; a

fase móvel (eluente) foi uma solução de ácido sulfúrico (0,005 mol.L-1) com fluxo de 0,70

mL.min-1. Para a quantificação dos produtos reacionais por cromatografia líquida de alta

eficiência, foram preparadas soluções padrão, nas concentrações de 30, 300, 600, 900, 1200 e

1500 ppm, de cada composto, para construção das curvas de calibração e detecção do tempo

de retenção (foram injetados soluções contendo glicose, frutose, piruvaldeído, gliceraldeído,

HMF e os ácidos orgânicos: lático, fórmico, acético e levulínico). Uma vez determinado o

tempo de retenção de cada amostra, então as misturas obtidas após reação foram injetadas e

analisadas em corridas de 30 minutos. Ao término das análises, foram realizados os cálculos

de conversão, rendimento e seletividade, utilizando como parâmetro a intensidade do sinal

gerado no cromatograma correspondente.

A conversão da glicose foi calculada pela razão entre a diferença da concentração de

glicose inicial menos a concentração da glicose final e a concentração inicial, conforme

Equação 1.

C (%) =

x 100 (1)

Onde:

C(%) = conversão da glicose;

Co = concentração inicial da glicose (mol/L);

Cf = concentração final da glicose (mol/L).

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51

O rendimento de cada produto solúvel obtido e devidamente identificado foi calculado

conforme Equação 2.

Ri (%) =

x 100 (2)

Onde:

Ri (%) = Rendimento do produto i;

Ci= concentração obtida do produto i (mol/L);

C0 = concentração inicial da glicose.

A seletividade de cada produto foi calculada conforme Equação 3.

Si (%) =

(3)

Onde:

Si (%) = Seletividade do produto i;

Ci = concentração final do produto i;

Ci1, Ci2, Ci3, Ci4, Ci5 = concentração dos demais produtos (mol/L).

A Tabela 2 apresenta as principais características, como o tempo de retenção, a

equação da curva de calibração e a massa molar dos principais produtos solúveis formados na

reação e detectados pelo HPLC. É importante ressaltar que os produtos obtidos ao término da

reação pode conter huminas, polímeros insolúveis e oligômeros insolúveis, obtidos a partir de

reações paralelas durante o processo de conversão, solubilizações e degradação da glicose.

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52

Tabela 2 – Características dos Produtos, analisados obtidos via HPLC

PRODUTO

TEMPO DE

RETENÇÃO

(min)

MASSA

MOLAR

(g/mol)

EQ. CURVA DE

CALIBRAÇÃO

R2

Glicose

(G) 8 180,16 y= 20,21x – 166,1 0,9991

Frutose

(F) 8,6 180,12 y= 18,51x – 150,2 0,9991

Gliceraldeído

(GLC) 9,9 90,07 y= 16,11x – 138,0 0,9992

Piruvialdeído

(PIR) 10,6 72,06 y= 15,68x – 166,9 0,9990

Ácido Lático

(ALa) 11,1 90,08 y= 8,98x – 47,6 0,9986

Ácido Fórmico

(AFo) 12,1 46,02 y= 5,94x – 58,6 0,9989

Ácido Acético

(AAc) 13,2 60,05 y= 6,73x – 54,1 0,9991

Ácido Levulínico

(ALe) 13,7 116,11 y= 9,64x – 71,3 0,9990

HMF 26,3 126,11 y= 8,96x - 94,7 0,9986

Fonte: Autor, 2016

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53

Resultados e Discussão

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54

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização dos Catalisadores

5.1.1 Espectroscopia Raman

É sabido que o TiO2 possui três diferentes formas cristalinas, anatase, rutilo e brookita.

A potencialmente mais interessante para aplicação em catálise é a anatase, devido à presença

de um número maior de sítios vacantes na superfície do que na forma cristalina rutilo

(ALMEIDA, 2003), o que facilita a formação de sítios ácidos.

Para detectar quais fases estão presente nas amostras sintetizadas pelo método sol-gel

foi realizada a análise de espectroscopia Raman. A Figura 16 mostra as bandas do

espalhamento Raman para do TiO2 e o WO3 e para os catalisadores sintetizado com diferentes

proporções. O TiO2 foi obtido pelo método sol-gel, enquanto o WO3 foi obtido via calcinação

do sal precursor (NH4)6H2W12O40·xH2O na temperatura de 550ºC/4h.

Fonte: Autor, 2015

200 400 600 800 1000 1200

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000 WT30

WT20

WT10

WT5

TiO2

WO3

Inte

nsid

ad

e (

u.a

)

Frequencia Raman (cm-1)

Figura 16 - Espectros Raman dos catalisadores TiO2, WO3, WT5, WT10, WT20 e WT30.

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55

Os picos em 153, 400, 517 e 640 cm-1

são característicos da fase anatase do TiO2,

também foi possível observar a banda em cerca de 248 cm-1

(pequena intensidade)

proveniente da forma cristalina brookita (ALMEIDA, 2003), que se encontra misturada com a

forma predominante anatase. No espectro do WO3 observa-se a presença dos picos em 275,

328, 711 e 805 cm-1

característicos do WO3 cristalino (CASTRO, et al., 2015).

Pode-se observar que os picos correspondentes à fase anatase, vão diminuindo de

intensidade à medida que a quantidade de WOx aumenta, na mesma media os picos

correspondentes ao tungstênio vão aumentando. Com pouca quantidade de W, como no caso

do catalisador WT5, não foi observado nenhum pico correspondente ao WOx. Quando a

massa de tungstênio foi aumentada para 10% (WT10), três picos com baixa intensidade

apareceram, um em 270 cm-1

, correspondente à deformação das ligações W-O-W, e os outros

dois em 714 e 804 cm-1

, correspondentes aos modos de estiramento e deformação,

respectivamente, da ligação W=O do WO3 cristalino (SHIJU, et al., 2009). Nas amostras com

20 e 30% de W, os picos relativos às espécies cristalinas do WO3 se apresentam com a maior

intensidade, indicando uma deposição maior desta espécie na superfície do TiO2, o material

depositado nestas condições apresenta-se na forma amorfa e cataliticamente não é desejada,

pois ela pode estar associada a diminuição da acidez dos catalisadores deste tipo.

5.1.2 Difração de Raios-X

Para corroborar com a análise da estrutura cristalina da espectroscopia Raman, foi

realizada a análise de difração de Raios-X e os difratogramas obtidos são apresentados na

Figura 18. No catalisador com maior porcentagem em massa de titânio (WT5) foram

observado a presença de picos em 2θ = 25º, 38º, 48º, 55º e 62º, associados aos Planos (101),

(004), (200), (105), e (204) da fase anatase do TiO2 (MISZCZAK & PIETRZYK, 2015), o

que está de acordo com o que foi analisado na espectroscopia Raman. À medida que a

quantidade de W foi aumentando, os picos em 2θ = 23,2º, 23,7º, 24,4º e 33,3º e 34,1º,

atribuídos ao WO3 em sua forma monoclínica, foram ficando mais intensos, na Figura 17 .

Quando quantidades intermediárias de W, o difratograma mostra a presença de ambas as

estruturas do TiO2 e do WO3.

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56

Fonte: ZHENG et al., 2011.

Fonte: Autor, 2015

5.1.3 Espectroscopia na Região do Infravermelho

Na análise de espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) dos catalisadores,

mostrado na Figura 19, são observadas duas bandas, a primeira em 1146 cm-1

é atribuída aos

grupos W-OH, sendo estes grupos potenciais responsáveis pela geração de sítios ácidos de

Brønsted. A banda em 1432 cm-1

é atribuída um grupo -OH fortemente ligado a outras

moléculas de água (REYES, et al., 2008).

15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

A - Anatase

* - WO3 monoclinico

A

Inte

nsid

ad

e (

u.a

)

2 Theta

WT5

WT10

WT20

WT30

A

A

AA

***

**

Figura 18 - Difratogramas o dos catalisadores com diferentes massas de W, indicando as fases

cristalinas anatase (A) e monoclínica (*).

Figura 17 - Estrutura cristalina da fase monoclínica do WO3

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57

Conforme Gutiérrez-Alejandre et al. (GUTIÉRREZ-ALEJANDRE, et al., 2001), a

estrutura das espécies responsáveis por estas bandas, as wolframyls (mono-oxo tungstatos) e a

sua interação (adsorção/dessorção) da água explica a formação de sítios ácidos de Lewis, na

forma anidra, e de Brønsted, na forma hidratada, estruturas propostas são apresentadas na

Figura 20. Os autores enfatizam ainda que a relação existente entre as espécies anidras e

hidratadas das wolframyls levam, simultaneamente, à formação de sítios ácidos de Lewis e de

Brønsted, o que é interessante, pois não é raro encontrar na literatura que esses sítios ácidos

são, necessariamente, origindos, de forma separada em diferentes estruturas na superfície dos

óxidos.

Fonte: Autor, 2015

Fonte: GUTIÉRREZ-ALEJANDRE et al., 2001.

Figura 19 - Espectros de infravermelho dos catalisadores com diferentes quantidades de W

3000 2500 2000 1500 1000 500

WT30

WT20

WT10

WT5

Tra

sm

itâ

ncia

(%

)

N؛ de Onda (cm-1)

1146

1432

W-OH

Figura 20- Estrutura proposta para as espécies wolframyls na forma anidra (esquerda) e

hidratada (direita), na superfície do óxido.

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58

5.1.4 Isotermas de Adsorção Dessorção de Nitrogênio

A área superficial específica, o volume de poro e o diâmetro de poro foram

determinados utilizando a metodologia de Brunauer–Emmett-Teller (BET) e Barrett-Joyner-

Halenda, respectivamente, através das isotermas de adsorção e dessorção de N2 a 77 K. A

determinação da área superficial específica e da porosidade (volume e diâmetro de poros) é de

extrema importância quando se pretende empregar materiais sólidos como catalisadores, pois

existem uma correlação entre a atividade catalítica e estas propriedades. Para se obter tais

informações, a construção de isotermas é muito importante, pois a sua forma pode revelar

muitos detalhes sobre as características destes materiais.

As condições de calcinação determinam de forma predominante a porosidade e a área

específica de um material, da mesma forma o tipo de precursor utilizado e da sua resistência a

sinterização (aglomeração). A calcinação do material precursor provoca várias mudanças no

suporte e nas espécies dispersas: o suporte perde água, sua superfície diminui e ele cristaliza.

Via de regra, o aumento da temperatura de calcinação, promove o aumento da quantidade de

material volátil eliminado e, consequentemente, há o aumento da porosidade e da área

específica, porém deve-se levar em conta que a partir de uma determinada temperatura inicia-

se o processo de sinterização.

Na Figura 21 podemos observar as isotermas obtidas para todos os catalisadores

sintetizados. O TiO2 obtido através da metodologia sol-gel, de acordo com a classificação da

IUPAC, possui isoterma do tipo IV característicos de materiais meso-porosos, pode-se

observar ainda a histerese, que é o fenômeno no qual as curvas de adsorção e dessorção não

coincidem. Esse fenômeno está associado à condensação capilar nos mesoporos, em que há a

formação de um menisco côncavo. Muitos adsorventes industriais mesoporosos apresentam

esse tipo de isoterma (SING, et al., 1985) (GREEGG & SING, 1982).

O TiO2 puro, obtido via sol-gel, apresentou área superficial específica de 121 m2/g.

Quando analisamos a área específica do catalisador WT5, verificou-se que houve uma

diminuição no valor da área específica, tendência essa mantida quanto maior a proporção

entre Ti e tungstênio, de forma que houve uma diminuição progressiva da área superficial,

entre 92 - 30 m2/g, resultados semelhantes forma obtidos por (CASTRO, et al., 2015). A

impregnação do tungstênio modificou as propriedades texturais em relação ao material obtido

via técnica sol-gel, ocorrendo uma diminuição significativa na área superficial e na

capacidade de adsorção.

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59

Fonte: Autor, 2015

É possível observar claramente o efeito da impregnação do W nas propriedades dos

catalisadores. Um importante parâmetro para o entendimento dos dados obtidos através das

isotermas de N2 é a densidade superficial do tungstênio, ou seja, a quantidade de átomos de W

dispersos por nanômetro quadrado (W-atoms/nm2) do suporte, neste caso o TiO2. Segundo

(WONGMANEENIL, et al., 2009) a densidade superficial teórica pode fornecer um melhor

indicativo de como as espécies se comportam na superfície do suporte. A densidade

superficial pode ser calculada através da Equação 4.

Densidade Superficial =

(4)

Onde:

W(%) = porcentagem de W presente na amostra (5, 10, 20 ou 30%);

A = Constante de Avogadro (6,023x1023

átomos)

MmW = massa molar do tugnstênio (231,84 g.mol-1

)

Figura 21 - Isotermas de adsorção e dessorção de N2 a 77K para os catalisadores

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

WT20

WT10

WT5

Vo

lum

e (

cc/g

)

Pressao Relativa (P/Po)

TiO2

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60

Os valores das áreas superficiais e demais análises texturais estão mostradas na Tabela

3. Observou-se que à medida que a quantidade de W é aumentada, a área superficial diminui,

enquanto a densidade superficial aumenta, este efeito é esperado, pois uma maior quantidade

de W leva a diminuição da área superficial específica, por exemplo o catalisador com 5% de

W apresentou densidade de 1,4 W-atoms/nm2 valor que foi crescendo até o valor de 27,8 W-

atoms/nm2 para o catalisador WT30. A Figura 22 é possível visualizar melhor o efeito do teor

de tungstênio nas amostras e a relação entre a área superficial e a densidade superficial.

Tabela 3 – Áreas superficiais e propriedades texturais dos catalisadores

CAT.

ÁREA

SUPERFICIAL

(m2/g)

VOLUME

DE PORO

(cm3/g)

DIÂMETRO

DE PORO

(Å)

DENSIDADE

SUPERFICIAL

(W-atoms/nm2)

COBERTURA1

(%)

TiO2 121 0,142 36 0 0

WT5 92 0,031 31 1,4 0,2

WT10 54 0,008 36 4,8 0,7

WT20 31 0,004 31 16,8 2,6

WT30 28 0,005 36 27,8 4,3

Fonte: Autor, 2016 1Cobertura igual a unidade significa a cobertura da monocamada.

Fonte: Autor, 2016

0 5 10 15 20 25 30

20

40

60

80

100

120

Quantidade de W (%)

Are

a S

up

erf

icia

l (m

2/g

)

TiO2 puro

0

5

10

15

20

25

30

De

nsid

ad

e S

up

erfic

ial (W

-ato

ms/n

m2)

Figura 22 - Resultados da área e da densidade superficial como função do teor de tungstênio

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61

A estrutura e a atividade catalítica dos sistemas WOx/TiO2 são fortemente

influenciadas pela densidade superficial de W e pela cobertura deste, isto porque, em baixas

densidades superficiais W (<4 W/nm2), espécies isoladas de metatungstatos estão presentes

Figura 23 (A), a medida que este valor aumenta (4-8 W/nm2) as espécies vão crescendo de

forma a recobrir a monocamada (B), e em valores maiores que 12 W/nm2 há a formação de

espécies de WO3 (C). A formação das espécies da etapa (C) está associada à diminuição da

acidez destes materiais, pois há a formação de estruturas cristalinas amorfas em detrimento de

sítios ácidos (BAERTSCH, et al., 2001). A cobertura teórica de W na superfície do

catalisador, e consequente valores associados a formação da monocamada, é calculada pela

Equação 5:

(5)

Onde:

Cobertura = %;

Densidade superficial = W-atoms/nm2;

AW = área molecular de WO3 (nm2/W-atom)

Valores de cobertura próximos da unidade, ou seja, 100% indicam a formação da

monocamada. O catalisador WT10, com valor de cobertura 0,7, foi o com valor mais próximo

ao da cobertura da monocamada, indicando a formação de espécies da forma metatungstato,

enquanto os catalisadores com maiores densidades, e consequentemente maior cobertura,

apresentam formação de WO3 na superfície, o que como já abordado, leva a alteração da

acidez do material, para tal investigação a análise de TPD de amônia foi empregada e será

abordada no próximo tópico. O comportamento das espécies de tunsgtato e sua relação com a

variação da quantidade de W são mostradas na Figura 23.

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Fonte:Adaptado de BAERTSCH et al., 2001.

As curvas de distribuição do diâmetro de poros pelo método de BJH para os

catalisadores são mostradas na Figura 24. A partir da figura, pode-se constatar que as

amostras apresentaram poros situados na faixa de 30 a 50 Å, confirmando a estrutura

mesoporosa demonstrada pelas respectivas isotermas. No gráfico de distribuição de diâmetro

médio de poros para os catalisadores, é possível observar a significativa diminuição do

volume de adsorvato no sólido e diminuição da concentração de diâmetros de poros

independentemente do suporte utilizado, isto é atribuído pela ocupação do óxido de tugnstênio

nos poros do óxido de titânio, este fato está de acordo com a densidade superficial e na

formação de espécies de WO3. Esta modificação das propriedades texturais torna-se mais

acentuado no catalisador com maior concentração de tungstênio.

Fonte: Autor, 2016

20 40 60 80 100 120 140

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

dV

/lo

g d

(cc/g

)

Diâmetro de Poros (A)

WT5

WT10

WT20

TiO2

Figura 24 - Distribuição do volume de poros das amostras

Figura 23- Comportamento das espécies de WOx de acordo com a densidade superficial

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63

5.1.5 Temperatura Programada de Dessorção de Amônia

Uma das técnicas mais utilizadas para medir e comparar a acidez de sólidos ácidos é a

temperatura programada de dessorção de amônia TPD-NH3. O uso da NH3 se justifica por sua

característica básica, a possibilidade de adsorção na forma NH3 e NH4+

, permitindo a

identificação de sítios de Lewis e Brønsted, porém é importante ressaltar que a acidez

retratada no perfil de TPD refere-se a ambos os sítios, não podendo ser feita a diferenciação

entre estes.

Os perfis ou picos obtidos no TPD-NH3 podem ser distribuídos em duas regiões

distintas: a região de baixa temperatura, situada em temperaturas abaixo de 350ºC (BT) e a

região de alta temperatura, acima de 350ºC (AT). Os picos na região AT, são atribuídos para

dessorção de amônia que apresentam sítios ácidos fortes de Lewis e Brønsted, enquanto os

picos localizados na região BT estão relacionados aos sítios ácido fracos, de forma que a área

sob a curva pode ser interpretada como uma medida da acidez (KEMDEO, et al., 2010).

O TiO2 puro, por si só, apresenta sítios ácidos com força fraca a moderada

(ALMEIDA, et al., 2014), adicionalmente a formação da monocamada de WO3 na superfície

do TiO2 pode aumentar significativamente acidez destes materiais, na ordem de 15

vezes(AKURATI, et al., 2008) . Os perfis obtidos mostram que houve uma significativa

modificação na acidez do material com a variação da quantidade de W no catalisador. Os

catalisadores apresentam um perfil de TPD semelhante, com a presença de dois picos de

dessorção. Ulgem e Hoelderich, 2011 e Vilcocq et al., 2014 obtiveram perfis bem semelhantes

para catalisadores a base de W-Ti. Dos dois picos obtidos um está localizado entre as

temperaturas de 200-250ºC e outro entre 470-475ºC, sendo denominadas Td1 e Td2

respectivamente, os valores de temperatura para cada catalisador são apresentados na Tabela

4, o TiO2 não apresentou nenhum pico nas condições de análise.

Tabela 4- Temperaturas dos picos de dessorção de NH3, Td1 E Td2

CATALISADOR Td1 (ºC) Td2 (ºC)

WT5 248 475

WT10 200 472

WT20 216 470

WT30 212 476

Fonte: Autor, 2016

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64

O primeiro pico é atribuído a sitos ácidos fracos, geralmente associados com grupos

hidroxilas (-OH) terminais (KEMDEO, et al., 2010), e outro pico em torno de 470-475ºC é

atribuído a sítios moderados a fortes.

Outra forma de analisar o resultado de TPD é calcular a área abaixo das curvas e

associar este valor a com acidez relativa de cada material, conforme a divisão em duas regiões

de baixa e de alta temperatura, correspondentes a sítios ácidos fracos e fortes,

respectivamente. As duas regiões são mostradas na Figura 25 e os valores obtidos com a

integração das áreas são mostradas na Figura 26.

Utilizando esta metodologia, primeiramente observou-se que de fato a impregnação de

tungstênio no TiO2 alterou a acidez, o catalisador que obteve a maior acidez na área de alta

temperatura, que está relacionado a sítios ácidos fortes, foi o WT20. Quando analisada a área

total, o catalisador WT10 foi o que apresentou a maior acidez, seja ela fraca ou forte.

Resultados semelhantes foram obtidos por Zhang et al. (2011) (ZHANG, et al., 2011) e por

Zhu e Bian (2008), (ZHU & BIAN, 2008), e pode estar relacionado com a formação de

cristais de WO3 na superfície do TiO2 e a consequente indisponibilidade dos sítios ácidos, ou

seja, grandes concentrações de tungstênio leva a diminuição da acidez do material. A

formação de WO3 na superfície está de acordo com os resultados obtidos nas análises de DRX

e na espectroscopia Raman. Está evidenciado que existe um ponto ótimo de acidez quando a

quantidade de tungstênio está entre 10 e 20%.

Fonte: Autor, 2016

Figura 25 - Perfis das curvas de TPD-NH3 para os catalisadores sintetizados, em destaque as

áreas de Baixa Temperatura (BT) e de Alta Temperatura (AT)

100 200 300 400 500 600 700 800

0

2

4

6

8

10

12

AT BT WT30

WT20

WT10

WT5

TiO2

WO3

Sin

al (m

V)

Temperatura (0C)

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65

Fonte: Autor, 2016

5.1.6 Espectroscopia na Região do Infravermelho com Piridina

A análise de TPD de amônia não é capaz de fornecer informações diferenciando os

sítios ácidos, ou seja, de Lewis ou de Brønsted, para esta diferenciação foram realizadas

análises de espectroscopia na região do infravermelho utilizado como molécula sonda a

piridina. Adicionalmente os espectros foram obtidos em três diferentes temperaturas, 100, 200

e 300ºC, para melhor entender a interação desta com o material aqui estudado.

Como reportado anteriormente, a piridina possui a capacidade de interagir com os

sítios ácidos dos óxidos originado bandas específicas para cada interação. A adsorção da

piridina na superfície de óxidos metálicos ocorre principalmente com os grupos hidroxila da

superfície, depois na camada de água adsorvida, e finalmente nos sítios ácidos de Lewis

(KANAN, et al., 2002). Com o tungstênio a piridina pode formar três espécies, formação de

ligações de hidrogênio (a), forma um íon piridínio através de transferência de prótons com os

grupos hidroxila superficiais (b), ou coordenado a um sítio de um ácido de Lewis (c) como

mostrado na Figura 27.

0

1000

2000

3000

4000A

cid

ez (

u.a

.)

0% (TiO2) 5% 10% 20% 30%

Quantidade de W no catalisador (%)

Acidez Fraca

Acidez Forte

Acidez Total

Figura 26- Área correspondente à acidez fraca, acidez forte e acidez total para os catalisadores.

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66

Fonte: KANAN et al., 2002.

Conforme metodologia adotada, os espectros de absorção de infravermelho com

piridina foram obtidos nas temperaturas de 100, 200 e 300°C. Nos espectros obtidos dos

catalisadores, Figura 29, o TiO2 puro apresentou bandas em 1488cm-1

e 1440cm-1

,

características de sítios ácidos de Lewis e bandas em 1591cm-1

oriunda da piridina livre.

Também foram observadas a presença da banda em torno de 1540cm-1

, que é atribuída a o

íon piridínio coordenada nos sítios ácidos de Brønsted, as bandas na região de 1440 cm-1

atribuídas a piridina molecular coordenado nos ácidos de Lewis, a banda 1486 cm-1

é

atribuída a ambos os sítios, de Brønsted e de Lewis juntos, e a banda em torno de 1598 cm-1

é

atribuída da piridina livre não adsorvida (em excesso). É reportado que sítios de Brønsted

estão presentes no WO3, mas não no TiO2, por isso os sítios de Brønsted nos catalisadores

WT são associados com os grupos W-OH (KOBAYASHI & MIYOSHI, 2007). Observa-se

também que a medida que a temperatura é elevada a intensidade dos picos vai diminuindo, o

que indica a dessorção da piridina. A proporção entre os sítios ácidos de Lewis e de Brønsted

pode ser calculada também pela razão entre as intensidades entre as bandas em 1540 cm-1

e

1440 cm-1

(IB/IL) (NODA, et al., 2003), pois estas bandas são características dos sítios ácidos

de Brønsted e Lewis, respectivamente. Na Figura 28 estão apresentados os valores da relação

entre as referidas bandas calculadas a partir do espectro com temperatura de 100ºC. Os

valores de IB/IL indica que os catalisadores WT10 e WT20 apresentaram maior relação entre

sítios ácidos de Brønsted, o que indica que a acidez associada a este material verificada na

análise de TPD-NH3 é característica de ambos os sítios.

Figura 27 - Tipos de ligação entre a superfície de tungstênio e a piridina: (a) formando ligação

de hidrogênio; (b) formando o íon piridínio via transferência do próton dos grupos hidroxila de

superfície; e (c) se coordenando a um sítio ácido de Lewis.

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Fonte: Autor, 2016

À medida que a quantidade de tungstênio é aumentada, a proporção se inverte, de

forma que o catalisador com 30% de W apresenta uma maior quantidade de sítios de Lewis,

este fato pode estar associado principalmente a uma dispersão deficiente do óxido de

tungstênio na superfície do TiO2 e da presença de WO3 cristalino na superfície de óxido de

titânio, tal como indicado pelos resultados de DRX e espectroscopia Raman.

Mais uma vez fica evidenciado que a forma como as espécies do óxido de tungstênio

se formam na superfície do material suporte, neste caso no óxido de titânio, influencia

fortemente suas propriedades texturais, a acidez e consequentemente o seu desempenho nas

diversas utilizações a que ele se destina, seja na forma de monotugstatos, politungstatos ou

WO3.

Figura 28 - Relação entre as bandas características de Brønstend e Lewis para os catalisadores

(IB/IL)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

Re

laç

ao

IB/I

L

Catalisador

WT5 WT10 WT20 WT30

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Figura 29 - Espectros de Infravermelho com piridina dos catalisadores WT5, WT10, WT20,

WT30 e TiO2 nas temperaturas 100, 200 e 300°C.

Fonte: Autor, 2016

1650 1600 1550 1500 1450 1400

300oC

200oC

L

L

Tra

nsm

itâ

ncia

(%

)

N؛ de Onda (cm-1)

Py 100oC

TiO2

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69

5.2 Testes Catalíticos

5.2.1 Conversão da Glicose

A pesquisa empregando catalisadores a base de metais no processo de conversão da

celulose, e seus derivados, tem despertado interesse devido à alta atividade, promissora

seletividade e a possibilidade de desenvolvimento de tecnologias ditas “limpas” além de

investigar a produção de produtos químicos de interesse industrial.

Este trabalho investigou a atuação do catalisador com maior acidez relativa obtido na

etapa de síntese, escolhido após a análise do TPD-NH3, o WT10, na conversão da glicose à

temperatura de 190ºC em diferentes tempo reacionais, a fim de avaliar a atividade e

seletividade do mesmo. Segundo Möller et al, (2012), a glicose necessita de temperaturas de

decomposição maiores quando comparada a frutose. Nesta temperatura uma maior gama de

produtos é formada, pois mais energia é fornecida para o sistema. Este maior fornecimento de

energia dá suporte para um maior leque de possibilidades de quebras de ligações C-C e C-O,

fazendo com que temperaturas mais elevadas levem a uma maior variedade de produtos.

Além disso, os produtos inicialmente formados também são transformados em outros através

de reações catalíticas paralelas (LEAL, 2014).

Os resultados são apresentados de modo comparativo com as reações realizadas em

presença do TiO2, do WO3 e na ausência de catalisador. O TiO2 e o WO3 foram utilizados

para demonstrar que os melhores resultados provêm da sinergia entre ambos. Na Figura 30

estão apresentados os resultados obtidos para a conversão da glicose, na ausência e na

presença dos catalisadores selecionados neste estudo, para as reações conduzidas 190 ºC,

realizadas em três tempos reacionais, 30, 60 e 120 min.

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70

Figura 30- Conversão da glicose na ausência e na presença dos diversos catalisadores, TiO2,

WO3, WT10

Fonte: Autor, 2016

Os rendimentos obtidos para a conversão da glicose comprovam que essa reação pode

ocorrer sem adição de catalisadores e nesse caso, a água, atuaria como catalisador, podendo

esta reação ser classificada como autocatalítica, pois no menor tempo reacional (t=30 min),

temos uma conversão próxima de 40%. Na medida em que o tempo de reação foi aumentado

(120 min) chegamos a 65%. Tal conversão pode ser devido à água estar em estado subcrítico

por conta da elevada temperatura e pressão, ou seja, sob pressão e temperatura acima de seu

ponto de ebulição normal e abaixo do ponto crítico. A água pode participar em reações como

catalisador ácido/base, pois sofre autodissociação (H+ e OH-) ou como uma espécie que

modifica e estabiliza algum estado de transição formado durante a reação (YU, et al., 2008).

O efeito de aumento da conversão com o tempo foi devido ao aumento da acidez do meio

reacional, provocado pelo deslocamento da constante de equilíbrio de dissociação da água,

Quanto maior o tempo, mais a reação se processou, e então mais glicose foi convertida.

Assim, para fins de comparação, as reações foram realizadas na presença dos catalisadores

puros, TiO2 e WO3.

30 60 90 120

30

40

50

60

70

80

90

100

Sem Cat. TiO2

WO3 WT10

Co

nve

rsa

o (

%)

Tempo (min)

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O TiO2, em tempos reacionais menores apresentou uma conversão maior, quando

comparada a reação sem catalisador, 53% e 39%, respectivamente, e os valores de rendimento

mantiveram-se próximos a este valor, de forma que no maior tempo (120 min) houve

aproximadamente 60% conversão. A menor conversão de glicose pelo catalisador TiO2 pode

ser justificada pelo fato deste catalisador apresentar sítios ácidos fracos (NOVA, et al., 1998).

Através dos resultados, constatamos que tanto o óxido de titânio como o óxido de

tungstênio não apresentaram rendimentos satisfatórios frente à reação de conversão. Estes

resultados podem estar relacionados com a baixa acidez destes sólidos comprovados pelas

análises de TPD-NH3. A forma como a acidez do material é modificada com a impregnação

do W pode ser visualizada pelos valores de conversão da glicose que aumentaram

significativamente, mesmo no menor tempo de reação, 83%, chegando ao valor máximo de

conversão de 95% no maior tempo reacional. Pelo perfil da curva de rendimento, observa-se

que em todas as situações os catalisadores têm potencial para continuar com a conversão de

glicose e a produção em maiores tempos de reação. Considerando os resultados experimentais

e o incremento da acidez após a impregnação do tungstênio, pode-se concluir que a acidez

tem uma influência direta sobre a atividade dos catalisadores, pois além das conversões terem

sido maiores, outros produtos foram formados e com diferentes seletividades.

É importante observar que a quantidade de catalisador é uma variável muito

importante a ser analisada nestas reações envolvendo a glicose, neste trabalho foi utilizado um

percentual em massa de 2% de catalisador. Um catalisador a base de nano-γ-Al2O3, em

T=190ºC, na presença de 1:1 em massa de catalisador obteve conversão máxima de glicose

89,4% (TEIMOURI, et al., 2015), na mesma linha o catalisador do tipo SO42−

/ZrO2 com

T=130ºC, tempo de 4h, com proporção 5:5 (g/g) entre a glicose e o catalisador, obteve

conversão próximo de 95% (YAN, et al., 2009). Isso demonstra que, em detrimento de se

obter nestes trabalhos, altos valores de conversão, as cargas de catalisadores são relativamente

altas.

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72

5.2.2 Rendimento e Seletividade a partir da Conversão da Glicose

A glicose é considerada uma alternativa promissora e renovável que pode ser utilizada

como matéria-prima para a produção de produtos químicos com uma versátil plataforma, tais

como 5-HMF, ácido lático, ácido levulínico, furfural, entre outros (YABUSHITA, et al.,

2014). A obtenção destes produtos pode se dar através de reações de desidratação e/ou

hidratação, em presença ou não de catalisadores. A importância da escolha do catalisador

reside no fato de que os diversos tipos de catalisadores podem promover diferentes etapas de

desidratação e/ou reidratação para produtos químicos de interesse, podendo ocorrer também

reações de polimerização que levam à formação de materiais solúveis e huminas insolúveis,

uma vez que diminuem a eficiência de utilização dos substratos e podem também levar à

desativação dos catalisadores (HU, et al., 2011).

De forma a facilitar a apresentação dos resultados deste trabalho os resultados obtidos

na forma de rendimento e seletividade serão apresentados na forma das possíveis rotas de

obtenção, por isso é importante frisar que os resultados aqui apresentados não descartam a

formação de outros produtos não identificados, além dos produtos oriundos das reações

paralelas de polimerização, que levam a formação de materiais insolúveis e huminas.

A Figura 31 exibe reações de conversão da frutose e da glicose, em água, que podem

ocorrer quando a mesma é submetida a diferentes condições como elevadas temperaturas e

pressões. Várias etapas estão envolvidas na modificação catalítica de hexoses/pentoses, tais

como desidratação, hidratação, hidrólise, isomerização, reforma, condensação aldólica,

hidrogenação e oxidação (AIDA, et al., 2007). As reações a partir da Glicose (1) e da frutose

(2) podem ser divididas três caminhos:

(i) Reação aldólica para gliceraldeído (3) e dihidroxiacetona (6);

(ii) Desidratação para 5-HMF (11);

(iii) Transformação Lobry de Bruyn-Alberda van Ekenstein (TLBE) à glicose (1).

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73

A partir dos testes catalíticos anteriormente descritos, nos resultados analíticos

(cromatogramas) foram observados e quantificados os seguintes produtos reacionais na

ausência de catalisador e na presença de TiO2 e WO3: glicose, frutose, gliceraldeído,

piruvaldeído, e HMF. Nas reações realizadas na presença do catalisador WT10 foram

detectados e identificados, além dos referidos produtos: ácido fórmico e ácido acético. Na

Figura 32 são apresentados os produtos identificados via HPLC, na ausência de catalisadores,

na presença de TiO2, WO3 e WT10.

Figura 31 - Rotas de conversão da glicose e da frutose e os possíveis produtos formados

Fonte: AIDA et al., 2007.

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74

Por ser uma reação muito importante nos estudos envolvendo a obtenção de produtos a

partir dos monossacarídeos provenientes da biomassa celulósica, a isomerização da glicose a

frutose é uma etapa que merece uma atenção especial.

Conforme resultados (Figura 30), na ausência de catalisador, a conversão de glicose

máxima ocorreu no tempo de 2h e foi de 65%, em termos de rendimento houve a formação,

dos seguintes produtos solúveis e identificados, frutose, gliceraldeído, piruvaldeído e HMF.

Estes produtos foram formados em todos os tempos de reação (Figura 32), o produto formado

em maior quantidade foi o HMF, comportamento que se repetiu em todos os tempos

reacionais. O gliceraldeído foi formado praticamente na mesma proporção em todos os

tempos, enquanto que a concentração de frutose seguiu uma ligeira tendência de queda. Em

termos da seletividade, Figura 33, na reação sem catalisador o HMF foi o que teve a maior

seletividade, seguido do piruvaldeído, gliceraldeído e pela frutose.

Figura 32- Rendimento dos produtos da glicose, a 190 °C, em presença e ausência de

catalisadores, nos tempos de 30, 60 e 120 minutos.

Fonte: Autor, 2016

0

5

10

15

20

25

30

35

S/ Cat. TiO2

WO3

Re

nd

ime

nto

(%

)

Tempo (min)

HMF AAc AFo

PIR GLD FRU

30 60 120 30 60 120 30 60 120 30 60 120

WT10

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75

Fonte: Autor, 2016

Rosatella et al., 2011 afirmam que o TiO2 na sua fase cristalina anatase, fase esta

predominante no material sintetizado neste trabalho, conforme resultados de Raman e DRX,

atua como um bom catalisador ácido para promover a formação de HMF. Neste mesmo

trabalho eles obtiveram a temperatura de 200°C e tempo de reação de 5 min, uma conversão

de 63,8 % e seletividade em HMF de 18,6%.

O WO3 no menor tempo reacional, obteve resultados de conversão semelhante às

reações sem catalisador e com TiO2, já no tempo de 60 minutos não houve variação

significativa, em termos da seletividade, de forma que os três produtos com maior rendimento

foram, respectivamente, o HMF, piruvaldeído e a frutose. Liu et al, (2015), propuseram um

mecanismo para a isomerização da glicose em frutose, promovido por espécies do tipo WO4,

considerando que a isomerização se dá em sítios ácidos de Lewis presentes nestas estruturas

isoladas, ainda segundo os autores este mesmo mecanismo pode ser análogo as estruturas

tetraédricas do AlO4.

Figura 33 - Seletividade dos produtos da glicose, a 190 °C, em presença e ausência de

catalisadores, nos tempos de 30, 60 e 120 minutos.

0

20

40

60

80

100S/ Cat. TiO

2WO

3S

ele

tivid

ad

e (

%)

HMF AAc AFo PIR GLD FRU

30 60 120 30 60 120 30 60 120 30 60 120

WT10

Tempo (min)

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Figura 34 - Mecanismo proposto para a conversão da glicose em frutose promovida por espécies

do tipo WO4 ou AlO4

Fonte: LIU et al., 2015.

A Figura 34 ilustra a via de desidratação da frutose a HMF e, consequentemente, a

reidratação do HMF aos ácidos levulínico e fórmico. Além da formação de HMF, prevê-se a

formação de outros produtos, tais como materiais poliméricos solúveis ou insolúveis

(huminas) (MOLLER et al., 2012). Como mencionado acima o HMF foi o principal produto

obtido nas reações sem catalisador, com TiO2 e com o WO3.

Quando analisamos os resultados obtidos com o emprego do catalisador WT10, temos

uma diminuição substancial de formação do HMF, visto que neste caso este catalisador

promoveu o menor rendimento deste composto entre todas as condições estudadas, ao mesmo

tempo em que o ácido fórmico, que não foi detectado em nenhuma outra situação, mesmo em

tempos reacionais mais altos, foi identificado já no tempo de 30 minutos e foi o produto com

maior rendimento na reação de 120 minutos, com uma seletividade relativamente alta, de

47,6%, o que pode indicar que o HMF está se decompondo via reidratação, em ácido fórmico.

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77

Fonte: Adaptado de MOLLER et al., 2012.

O piruvaldeído foi obtido em todas as reações analisadas, de forma que os melhores

rendimentos foram com os catalisadores do tipo WT10, sendo que no tempo de 30 minutos

forneceu o maior rendimento 10,8%. À medida que o tempo reacional foi aumentado o

rendimento sofreu um leve decréscimo. Os compostos como gliceraldeído, piruvaldeído e

ácido lático são formados através de reações aldólicas, o mecanismo de reação começa a

partir da reação aldólica de D-frutose em gliceraldeído e dihidroxiacetona, a desidratação do

gliceraldeído para piruvaldeído seguido por um rearranjo benzil-ácido benzílico e, finalmente,

a desidratação para formar o ácido lático (MOLLER, et al., 2012), conforme Figura 35.

Fonte: Adaptado de MOLLER et al., 2012.

Semelhante ao ácido fórmico, o ácido acético só foi obtido nas reações envolvendo o

catalisador WT10. Outra rota para a obtenção dos ácidos lático e acético é apresentada na

Figura 37. A frutose é clivada via reação retro-aldol em glicolaldeído e eritrose, que

novamente é clivada em ácido fórmico e acético (MOLLER et al., 2012).

Figura 35 - Via de reação, formação e decomposição de 5-HMF

Figura 36 - Rota proposta de obtenção de dehidroxicetona, hidroxiacetona e ácido lático

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Fonte: Adaptado de MOLLER et al., 2012.

Como se pode observar na Figura 32, o comportamento do catalisador WT10 seguiu

uma tendência diferente dos outros sistemas com o aumento do tempo reacional, a quantidade

de produtos identificados diminuiu, mesmo que os resultados de conversão tenham sido os

maiores chegando a 95% no tempo de 2 horas. Dois fenômenos podem estar ocorrendo em

simultâneo ou não, são eles, primeiro a formação de produtos não identificáveis, como a

dehidroxicetona, através da reação aldólica da frutose em gliceraldeído e deste para aquela,

visto que depois de 2 horas não o gliceraldeído não foi detectado, ou ainda podem estar

ocorrendo tal como esperado, conforme reação lateral da, a formação de produtos poliméricos

solúveis e insolúveis, além de huminas, esta última hipótese está apoiada no fato de poder-se

visualizar a variação na coloração produtos obtidos em diferentes tempo reacionais.

Tal como esperado, conforme reação da Figura 35, a formação de produtos

poliméricos solúveis e insolúveis pode ser visualizado pela variação na coloração dos

produtos obtidos. Na Figura 38 são apresentadas as imagens destes produtos. Em A temos o

produto obtido na reação com WT10 a 190ºC no tempo de 2h, a coloração mais escura

evidencia maior formação das estruturas poliméricas e que conferem cor, em B temos o

produto de reação do catalisador WT10 no tempo de 1h. Na figura C vemos o resultado da

reação do TiO2 com tempo de 1h, a amostra D é resultado da filtração com papel de filtro do

produto obtido em A e finalmente em E temos o produto de D filtrado em filtros de

membrana com porosidade de 0,45 μm antes de ser injetado no HPLC.

Figura 37 - Rota de Obtenção dos ácidos fórmico e acético

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Fonte: Autor, 2016

É importante ressaltar que mesmo que os valores referentes aos produtos

quantificáveis tenha diminuído este é um indicativo de que a reação em 30min, a mais rápida

portanto, forma as maiores quantidades de produtos, majoritariamente piruvaldeído e ácido

fórmico, muito embora a seletividade para o ácido fórmico tenha dobrado quando comparados

os tempos de 30 e 120 min (21% - 47%).

Um estudo mais aprofundado se faz necessário, com variações de catalisadores e

substratos, para um melhor entendimento do mecanismo de reação, porém o através do

presente trabalho foi possível se obter indícios de como a conversão da glicose se processa via

reação catalítica com os catalisadores do tipo WOx/TiO2. Os resultados obtidos com os

catalisadores separadamente (TiO2 e WO3) e com os catalisadores binários mostrou que

produtos diferentes em rendimentos e seletividades foram obtidos. Esse comportamento é

semelhante ao observado no sistema TiO2/ZrO2, para qual os rendimentos superiores em

produtos foram obtidos o óxido binário em comparação com TiO2 e ZrO2 separados, o que foi

atribuído a sinergia entre os dois óxidos e modificação nos sítios ácidos (ATANDA, et al.,

2015) .

Figura 38 - Imagens da mistura reacional antes e após filtração obtidas em diferentes condições.

A) WT10, tempo 2h; B)WT10, 1h; C)TiO2,1h; D) produto de A filtrado e E) Produto de D

filtrado.

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Conclusões

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6 CONCLUSÕES

Devido a sua importância e ampla utilização, o estudo do catalisador do tipo

WOX/TiO2 mostra-se importante, e neste trabalho foi possível a síntese deste material com

diferentes porcentagens em massa de tungstênio. Através das análises de Raman e DRX

verificou-se que o TiO2 estava na fase anatase de o WO3 na monoclínica. Observou-se uma

relação direta entre a quantidade de tungstênio e a acidez relativa do catalisador, e ainda, que

existe uma quantidade ideal em que a acidez é máxima, o que mostra que houve uma

dispersão satisfatória, o que foi evidenciado pela análise de TPD-NH3, quanto a natureza

destes sítios observou-se que a relação entre os sítios ácidos de Brönsted e de Lewis variou na

conforme a quantidade de W dopado no TiO2.

A análise dos produtos formados mostrou que a reação se processa na ausência de

catalisador, mas ainda assim em valores abaixo dos resultados obtidos com o catalisador

binário, observou-se ainda a uma mudança no comportamento dos sistemas catalíticos, visto

que o óxido misto foi seletivos a mais produtos, e com diferentes rendimentos. E houve uma

indicação da definição do perfil dos produtos formados e os caminhos reacionais seguidos. O

HMF foi o produto majoritário nos sistemas sem catalisador, com TiO2 e com WO3, enquanto

que no catalisador com 10% de W houve a formação de ácidos orgânicos, em maior

quantidade o ácido fórmico com seletividade de 47% em 120 min. Houve ainda um tendência

na formação de mais material polimérico insolúvel com o catalisador WT10, quando em

tempos maiores em detrimento de outros produtos de interesse, mostrando que a reação se

processa de forma rápida. Os produtos formados nas reações aqui estudadas são muito

importantes para a indústria, em especial a petroquímica, pois são ambientalmente mais

eficientes, quando comparados aos processos tradicionais.

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Sugestões

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7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Investigação de diferentes tempos de reação, além de outros valores de temperaturas.

Estudos sobre reutilização do catalisador e números de ciclos de reação que poderá ser

usado sem que haja perda de rendimento de produtos e seletividade.

Análise dos produtos insolúveis formados na reação.

Testes com a frutose e variações na carga de catalisador, pois isso enriqueceria o

conhecimento sobre como os componentes do catalisador (W e Ti) atuam no

mecanismo de conversão.

Melhorias na metodologia de análise (HPLC).

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Referências

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