UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE … · HABILITAÇÃO EM LÍNGUA ... revistas e livros....

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES LICENCIATURA PLENA EM LETRAS HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA ÍTALO DANTAS WANDERLEY CRÔNICA: UM GÊNERO LITERÁRIO MODERNO E SUA APRECIAÇÃO JOÃO PESSOA MARÇO DE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

LICENCIATURA PLENA EM LETRAS

HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

ÍTALO DANTAS WANDERLEY

CRÔNICA: UM GÊNERO LITERÁRIO MODERNO E SUA APRECIAÇÃO

JOÃO PESSOA

MARÇO DE 2013

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

LICENCIATURA PLENA EM LETRAS

HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

ÍTALO DANTAS WANDERLEY

CRÔNICA: UM GÊNERO LITERÁRIO MODERNO E SUA APRECIAÇÃO

Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura

em Letras da Universidade Federal da Paraíba,

como requisito para obtenção do grau de

Licenciado em Letras, habilitação em Língua

Portuguesa.

Orientador: Prof.º Dr.º Expedito Ferraz Júnior

JOÃO PESSOA

MAIO DE 2013

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Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade Federal da Paraíba.

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Wanderley, Ítalo Dantas.

Crônica: Um gênero literário moderno e sua apreciação. / Ítalo Dantas

Wanderley. - João Pessoa, 2013.

23f.:il.

Monografia (Graduação em Letras) – Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.

Orientadora: Prof.Dr.Expedito Ferraz Junior

1. Literatura. 2. Crônicas. 3. Veríssimo, Luís Fernando. I. Título.

BSE-CCHLA CDU 82-94

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ÍTALO DANTAS WANDERLEY

CRÔNICA: UM GÊNERO LITERÁRIO MODERNO E SUA APRECIAÇÃO

Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em Letras da Universidade Federal da Paraíba

como requisito para o grau de Licenciado em Letras, habilitação em Língua Portuguesa.

Data da aprovação:____/____/____

Banca examinadora

____________________________________________

Prof.º Dr.º Expedito Ferraz júnior, DLCV, UFPB

Examinador

_____________________________________________

Prof.º Dr. , DLCV, UFPB

Examinador

_____________________________________________

Prof.º Dr.º

Examinador

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AGRADECIMENTOS

A Deus.

À minha querida mãe, esposa e filha, pelos carinhos e cuidados.

Aos professores e colegas que compartilharam comigo essa trajetória.

Ao meu professor orientador, pela assessoria, técnica e intelectual, essencial para a realização

deste trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho objetiva apresentar recortes que evidenciam a visão pessoal, subjetiva do

cronista perante a um fato qualquer do cotidiano, e também, destacar passagens que revelam

seu dom de “contador de histórias”. O corpus de nosso trabalho conta com textos de Luis

Fernando Veríssimo, um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, escolhidos

aleatoriamente, publicados em jornais, revistas e livros. Para tanto, tomamos como alicerce

teórico as contribuições dos autores: Moisés (1978), Sá (1985), Cândido (1992) e Menezes

(2002) e colaboradores. Nossas reflexões demonstram a transitoriedade do gênero no qual o

autor evidencia tanto sua subjetividade, como revela seu dom de “contador de histórias”.

Palavras-chaves: Literatura; Narrativas; Crônicas; Subjetividade; Luis Fernando Verissimo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7

1. O GÊNERO CRÔNICA E A LITERATURA ... ................................... 8

1.1 Um gênero e sua ambiguidade .................................................. 10

1.2 características da crônica ....................................................................... 11

1.3 Entre o poeta lírico e o contador de histórias .................................... 12

2. COMENTÁRIOS SOBRE AS CRÔNICAS ............................................... 14

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 20

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 21

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INTRODUÇÃO

Fato já assinalado por críticos e estudiosos é o surgimento de um novo gênero

literário: a crônica. De acordo com Moisés (1978) o vocábulo crônica vem do Grego krónos

que significa tempo. Conforme Cândido (1992) apresenta um conjunto de características

próprias que poderíamos afirmar ser um gênero especificamente brasileiro. É tão ligado ao

caráter sentimental e à realidade social do cotidiano que ocorre uma recriação e não

simplesmente uma cópia dos fatos reais. Invade ora o terreno do conto ou do poema, sem

deixar de lado outra característica fundamental – a leveza. No entanto, parece-nos que toda e

qualquer tentativa de impor definição, ainda o deixaria à margem, pois a crônica ainda é

considerada por muitos uma “gênero menor”. Entretanto, o fato é que diante da lista de

grandes escritores que atraiu, não poderíamos imaginá-lo sem a presença de um ingrediente

fundamental – o talento.

O presente trabalho objetiva apresentar recortes que evidenciam a visão pessoal,

subjetiva do cronista perante a um fato qualquer do cotidiano, e também, destacar passagens

que revelam seu dom de contador de histórias. O corpus de nosso trabalho conta com textos

de Luis Fernando Veríssimo, um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos,

escolhidos aleatoriamente, publicados em jornais, revistas e livros. Para tanto, tomamos como

alicerce teórico as contribuições dos autores: Moisés (1978), Sá (1985), Cândido (1992) e

Menezes (2002).

No primeiro capítulo, apresentamos um breve histórico do gênero crônica na literatura,

seu caráter ambíguo, e outros aspectos que foram fundamentais para este trabalho, como o

caráter subjetivo do autor e seu dom de “contador de histórias”.

Em seguida, descrevemos primeiramente como foi desenvolvido nosso trabalho, e,

posteriormente, levantamos alguns comentários acerca das crônicas escolhidas como corpus

de nossa reflexão. Tais comentários evidenciam os dois aspectos supracitados.

Por fim, tecemos as considerações finais a partir das observações feitas do decorrer de

nosso trabalho.

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1. O GÊNERO CRÔNICA E A LITERATURA

De acordo com Moisés (1978) o vocábulo crônica vem do Grego krónos que significa

tempo e do Latim annu (m), ano; ânua, anais. O termo „crônica‟ assinalou seu percurso até a

contemporaneidade mudando de sentido ao longo dos séculos, desde o início da era cristã,

quando ainda caracterizava-se apenas por registrar ou descrever acontecimentos de forma

linear de conotação historicista, sem nenhum aprofundamento interpretativo; até a

significação moderna (séc. XIX), quando passou a apresentar seu caráter estritamente literário

e, posteriormente, em sua forma contemporânea, período em que ocorreu uma ruptura de sua

forma original pautada na preocupação histórica dos grandes períodos humanos.

A crônica está ligada a um intervalo curto de tempo, ou seja, a um pequeno instante do

cotidiano, de pequenas e grandes alegrias e tragédias humanas. Segundo o autor, “Crônica é

para nós hoje, na maioria dos casos, prosa poemática, humor lírico, fantasia, etc., afastando-se

do sentido de história, de documentário que lhe emprestam os franceses”. (p. 246)

A carta de Pero Vaz de Caminha, segundo Sá (1985), assinala o marco inicial da

modalidade literária no Brasil. Em seu texto, Caminha registra de forma literária as

circunstâncias de seu contato com a cultura e os costumes indígenas no momento em que se

depara com a disparidade entre duas culturas: europeia e primitiva. Desse modo, de acordo

com o autor, “Caminha estabeleceu também o princípio básico da crônica: registrar o

circunstancial”. (p.06)

Desde a carta de Caminha até a os dias atuais, houve uma busca por uma expressão

literária tipicamente brasileira. Nesse percurso, a literatura passou por várias etapas e

percorreu vários caminhos. Para Cândido (1992), a crônica configura uma boa história no

Brasil e, sob vários aspectos como a adaptação natural e a originalidade com que foi

desenvolvida por aqui, poderíamos afirmar que é um gênero brasileiro. Entretanto, a crônica

daria seus primeiros passos expressivos no Brasil de 1808, com a chegada de D. João VI que

trouxe a impressa para o país e com ela os folhetins. Acerca do que eram os folhetins Sá

(1985) nos afirma:

“[...] era apenas uma seção quase informativa, um rodapé onde eram

publicados pequenos contos, pequenos artigos, ensaios breves, poemas em

prosa, tudo, enfim, que pudesse informar os leitores sobre os acontecimentos

daquele dia ou daquela semana [...]”. (p. 08)

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Assim sendo, com o passar do tempo, a modernização das cidades exigiu uma mudança de

comportamento dos escritores, sobretudo os jornalísticos, que atribuíram à crônica uma

mudança de ordem estrutural passando a apresentar, a partir daquele momento, uma sintaxe e

linguagem diferentes das encontradas na estrutura folhetinesca. De acordo com Cândido

(1992): “Aos poucos o “folhetim” foi encurtando e ganhando certa gratuidade, certo ar de

quem está escrevendo à toa, sem dar muita importância. Depois, entrou francamente pelo tom

ligeiro e encolheu de tamanho, até chegar o que é hoje.”

Ao longo desse percurso, foi passando de um simples registro formal de cunho

historicista para um registro circunstancial permeado por uma interpretação subjetivista com

um toque ficcional que quase sempre utiliza o humor. Ainda de acordo com autor, podemos

afirmar que a crônica é um gênero eminentemente jornalístico, entretanto, ela não se originou

propriamente com o jornal, mas sim do espaço jornalístico quando este se tornou cotidiano.

Nesse contexto, a crônica reúne jornalismo e literatura, uma vez que figura cotidianamente

nesse veículo de informação e cultura. Essas duas categorias textuais se cruzam, já que o

jornal nasce e morre cada dia, assim como os textos escritos para este veículo. De acordo com

Sá (1985, p. 10) “[...] a crônica assume essa transitoriedade, dirigindo-se inicialmente a

leitores apressados, que lêem nos pequenos intervalos da luta diária, no transporte ou no raro

momento de trégua que a televisão lhes permite”. Acerca desse encontro textual no jornal,

Moisés (1978) advoga que “Textos escritos para o jornal morrem automaticamente a cada dia,

substituídos por outros, que exercem idêntica função e conhecem igual destino: o

esquecimento”. Em seguida, o autor nos afirma que a crônica oscila entre dois focos

jornalísticos: “no e para o jornal”, ou seja, de forma ambígua, uma vez que se propõe,

inicialmente, a ser lida no jornal ou revista, e ao mesmo tempo, difere por não objetivar a

mera informação já que há uma “recriação do cotidiano por meio da fantasia”. Para melhor

explicar essa natureza textual híbrida da crônica que figura entre a reportagem e Literatura,

Moisés (1978) afirma:

“No entanto, o mais da crônica em que se localiza tal segmento livra-se da

reportagem pura e simples graças a outros ingredientes propriamente literários, dos quais é de ressaltar o humor. Em toda crônica, por

conseguinte, os indícios de reportagem se situam na vizinhança, quando não

mescladamente, com os literários; e é a predominância de uns e de outros que fará tombar o texto para o extremo do jornalismo ou da Literatura.” (p.

248)

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O suporte do jornal, onde nasce a crônica, impõe ao gênero a brevidade e o

direcionamento a uma leitura mais rápida, que lhe sugere a leveza e a despretensão no

tratamento temático. Ao mesmo tempo, o ambiente da notícia exerce sobre o texto da crônica

uma espécie de influência, dotando-o de uma conexão imediata com o tempo presente que o

cerca nas páginas dos jornais.

Podemos assim perceber, que a crônica e a matéria jornalística identificam-se

principalmente por serem textos ligados diretamente ao dia-a-dia. Porém, em seu percurso, a

crônica foi deixando a finalidade de informar e comentar para o propósito de divertir,

evidenciando, assim, uma linguagem mais leve e descompromissada, até chegar a sua fórmula

moderna que transita geograficamente entre a poesia e o conto.

1.1 Um gênero e sua ambiguidade

Segundo Sá (1985) a crônica oscila entre o lirismo poético e a densidade do conto,

ambos os gêneros possuem uma linha divisória muito próxima. Com isso, é comum muitos

considerarem que narrativa curta é sinônimo de conto: “Acontece que o conto tem uma

densidade específica, centrando-se na exemplaridade de um instante de condição humana.” (p.

07)

No caso da crônica parece-nos existir certo ar de liberdade do cronista, o que não

acontece com o contista:

“Enquanto o contista mergulha de ponta-cabeça na construção do personagem, do tempo, do espaço e da atmosfera que darão força ao fato

“exemplar”, o cronista age de maneira mais solta, dando a impressão de que

pretende apenas ficar na superfície de seus próprios comentários, se ter

sequer a preocupação de colocar-se na pele do narrador, que é, principalmente, personagem ficcional [...]”. (SÁ, 1985, p.09, grifos do autor)

Percebe-se, pois, que no conto o tempo e o espaço são restritos, pois não há interesse

em desvelar o passado ou o futuro das personagens, cuja construção ocorre em dias ou horas,

permanecendo, portanto, restrito ao espaço pautado na perspectiva dramática. Desse modo,

não há uma liberdade de espaço do contista, no geral, um só espaço é suficiente para que o

enredo se desenvolva.

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No caso da crônica, embora possa transmitir certo ar de superficialidade, o espaço

onde as personagens se movimentam são de âmbito livre, visto que há uma liberdade do

cronista. Por ser assim tão despretensiosa, apresenta uma linguagem mais solta e

desestruturada que se aproxima de nossas conversas e reflexões diárias numa dimensão mais

natural. Assim, o espaço predominante da crônica é o urbano, embora apareça também o rural

em forma de memória.

Dessas considerações, podemos inferir que a linha divisória existente entre a crônica e

o conto reside na densidade, que muitas vezes, revela-se bastante tênue. A crônica e o conto

acabariam em fronteiras muito próximas justamente pelo fato de ambos os gêneros

transitarem entre o “acontecimento” e o “lirismo”. Conforme Moisés (1978), “o meio termo

entre acontecimento e lirismo parece o lugar ideal da crônica”. Sendo assim, o caráter

ambíguo da crônica corrobora a afirmação de que a crônica é uma expressão literária de

natureza híbrida já que poderá perfeitamente assumir uma ou outra forma literária, já que

segundo o autor “a crônica poderá ser conceituada como a poetização do cotidiano”.

Após essa explanação sobre o caráter híbrido da crônica, apresentaremos a seguir, as

principais características da crônica.

1.2 Características da crônica

Conforme mencionamos anteriormente, a crônica se assemelha ao conto e também à

reportagem, uma vez que é oriunda do jornal, veículo transitório onde tudo acaba

rapidamente. Saindo desse âmbito híbrido, a crônica evidencia uma expressão literária com

características peculiares, e a primeira delas, de acordo com Moisés (1978), é a brevidade. É

um gênero que, de forma geral, apresenta uma estrutura textual curta, ligado também a um

intervalo curto de tempo. Uma de suas marcas mais relevantes é a subjetividade e seu foco

narrativo situa-se na primeira pessoa do singular:

“A impessoalidade é não só desconhecida como rejeitada pelos cronistas: é a

sua visão das coisas que lhes importa e ao leitor; a veracidade positiva dos acontecimentos cede lugar à veracidade emotiva com que os cronistas

divisam o mundo. Não estranha, por isso, que a poesia seja uma de suas

fronteiras, limite do espaço em que se movimenta livremente; e o conto a

fronteira de um território que não lhe pertence.” (MOISÉS, 1978, p. 255)

Tal afirmação leva-nos a afirmar que entre a subjetividade e o lirismo poético da

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crônica há grandes semelhanças, o que é demonstrado pela naturalidade presente no diálogo,

aparentemente simplório, existente entre o cronista e o leitor. Com uma linguagem direta e

espontânea a crônica dissipa, via de regra, com a prosa jornalística, e também, utiliza-se da

linguagem metafórica. Por outro lado, é um gênero que traz temas do cotidiano, uma vez que

seu diálogo confere uma proximidade com a oralidade, havendo, portanto, uma recriação dos

fatos narrados, tal como acontece em nossas conversas diárias, onde ocorre uma recriação e

não simplesmente uma cópia dos fatos reais. De forma geral, ambiguidade, brevidade,

subjetividade, diálogo, temas do cotidiano e um estilo que transita entre o oral e o literário,

são, portanto, ingredientes imprescindíveis à crônica, pois ela se configura como uma

“expressão literária que faz do cotidiano o seu prato diário” transformando a literatura em

algo íntimo à vida de cada um de nós.

1.3 Entre o poeta lírico e o contador de histórias

De acordo com Sá (1985) é de forma lírica que o cronista capta os pequenos e breves

acontecimentos que se passam em nosso dia-a-dia, conferindo uma visão mais profunda das

relações existentes entre os fatos circunstanciais e as pessoas, ou seja, entre nós e o mundo.

Acerca desse lirismo característico dos cronistas, o referido autor nos afirma:

“Em todos os cronistas há um certo lirismo, pois é através dos seus estados

de alma que eles observam o que se passa nas ruas. Entretanto já vimos que a aparência de leveza da crônica revela, quase sempre, o acontecimento

captado sob a forma de uma reflexão, mesmo quando se trata de uma coisa

efetivamente ligada ao escritor.” (SÁ, 1985. p. 57)

É com esse toque de lirismo que o cronista transforma o circunstancial presente nos

breves acontecimentos do dia-a-dia numa reflexão mais emotiva e racional. Vale à pena

ressaltar que, tal lirismo não confere uma expressão simplória de nossas dores e alegrias

diárias, conforme advoga o autor está para “um repensar constante pelas vias da emoção

aliada à razão.”

Nesse contexto, o lirismo presente na crônica se relaciona de forma bastante clara com

o subjetivismo do cronista. Entretanto, tal subjetivismo não se configura como uma

compreensão do texto somente por quem o vivenciou, segundo o autor, está contido no

“processo associativo”, ou seja, “o subjetivismo como uma forma de apreensão do ser.”

Sendo assim, podemos afirmar que o cronista figura entre o poeta lírico, uma vez que

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há uma visão pessoal, subjetiva do autor perante um fato simples do cotidiano, e o contador

de histórias, já que pode traduzir uma dramatização que o revela como tal.

Diante dessas colocações, fizemos um breve percurso sobre a crônica, destacamos

suas principais características enquanto gênero literário atual. A seguir, apresentaremos

comentários sobre algumas crônicas, mostrando passagens que se aproximam do lirismo

(subjetividade) e do contar histórias. Tomamos como exemplo alguns textos de Luis Fernando

Veríssimo, um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos. Segundo Menezes (2002),

Luis Fernando Veríssimo é considerado um dos maiores cronistas da atualidade, contribuindo

diariamente com textos para jornais e revistas de todo o país. Veríssimo tem parte

considerável de suas crônicas reunidas em forma de livros, que figuram na lista dos mais

vendidos do país. É também romancista, contista, cartunista e músico, sendo na crônica que

sua obra ganha mais destaque.

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2. COMENTÁRIOS SOBRE AS CRÔNICAS

O corpus de nosso trabalho conta com 05 crônicas, escolhidas aleatoriamente,

publicadas em jornais, revistas e livros. O levantamento dos comentários consistiu na leitura

atenta dos textos (crônicas), observando recortes que evidenciam a visão pessoal, subjetiva,

do cronista perante a um fato qualquer do cotidiano, por outro lado, também destacamos

passagens que revelam seu dom de contador de histórias. As tabelas, a seguir, apresentam as

crônicas observadas das quais tecemos alguns comentários.

CRÔNICA 01

Crônica e ovo

A discussão sobre o que é, exatamente, crônica, é quase tão antiga quanto aquela

sobre a genealogia da galinha. Se um texto é crônica, conto ou outra coisa, interessa aos

estudiosos da literatura, assim como se o que nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha

interessa aos zoólogos, geneticistas, historiadores e (suponho) o galo, mas não deve

preocupar nem o produtor nem o consumidor. Nem a mim nem a você. Eu me coloco na

posição da galinha. Sem piadas, por favor. Duvido que a galinha tenha uma teoria sobre o

ovo, ou na hora de botá-lo, qualquer tipo de hesitação filosófica. Se tivesse, provavelmente

não botaria o ovo. É da sua natureza botar ovos, ela jamais se pergunta “Meu Deus, o que

eu estou fazendo?” Da mesma forma o escritor diante do papel em branco (ou, hoje em dia,

da tela limpa do computador) não pode ficar se policiando para só “botar” textos que se

enquadrem em alguma definição técnica de crônica. O que aparecer é crônica.

Há uma diferença entre o cronista e a galinha, além das óbvias (a galinha é menor e mais

nervosa). Por uma questão funcional, o ovo tem sempre o mesmo formato, coincidentemente

oval. O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites.

Nesse texto é perceptível a impaciência demonstrada pelo autor quanto às discussões

acerca do gênero crônica conforme evidenciada no fragmento: “Se um texto é crônica, conto

ou outra coisa, interessa aos estudiosos da literatura [...]”. Por outro lado, o leitor é

tranquilizado no momento em que o autor parece garantir certa liberdade às atitudes do leitor:

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“[...] mas não deve preocupar nem o produtor nem o consumidor. Nem a mim nem a você

[...]”.

O autor também parece fixar, intencionalmente, limites entre seu próprio lugar, do

“escritor” e do “estudioso da literatura”. O mesmo assume sua liberdade de criação quando

afirma que “O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites mas está livre

para produzir seus ovos em qualquer formato”. De acordo com o autor, tais “produções”

estão presentes nas páginas do livro por ele apresentado: “Nesta coleção existem textos que

são contos, outros que são paródias, outros que são puros exercícios de estilo ou simples

anedotas e até alguns que se submetem ao conceito acadêmico de crônica.”

Também é garantida, parte do cronista, a liberdade na relação leitor-texto

principalmente no que se refere à representatividade textual, ou seja, a satisfação pessoal ou

deleite, independentemente dos aspectos formais previamente estabelecidos, mesmo que haja

o reconhecimento da inserção do texto em certos aspectos determinados pelo gênero

discursivo. Assim, o cronista evidencia que ao escritor e ao leitor cabe apenas a tarefa de

interagir por meio discurso, ou seja, privilegia a funcionalidade textual: “Os textos estão na

mesa: fritos, estrelados, quentes, mexidos... Você só precisa de um bom apetite.”

Há de se ressaltar, também, o dialogismo evidenciado pelo cronista que revela seu

posicionamento diante do tema tratado, exatamente como acontece em nossas conversas e

reflexões diárias: “Eu me coloco na posição da galinha. Sem piadas, por favor. Duvido que a

galinha tenha uma teoria sobre o ovo, ou na hora de botá-lo, qualquer tipo de hesitação

filosófica.”

De acordo com Sá (1985, p.11), é o que acontece “[...] quando também conversamos

com interlocutor que nada mais é do que o nosso outro lado, nossa outra metade, sempre

numa determinada circunstância”. Sendo assim, a subjetividade evidenciada pelo cronista

confere, também, o lado circunstancial da vida de forma muito clara demonstrando que o

cronista transforma o circunstancial presente nos breves acontecimentos do dia-a-dia numa

reflexão mais emotiva e racional.

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CRÔNICA 02

Somos todos filhos do Caminha

Pero Vaz de Caminha descreveu o que viu e sentiu de uma maneira muito pessoal,

mentiu um pouco, fez a sua literaturazinha e até as suas graças (quando usou “vergonha”

nos seus dois sentidos, referindo-se à genitália da nativa e ao sentimento que ela não tinha

ao expô-la, fazendo assim o primeiro trocadilho do Brasil) e principalmente precisou

escrever às pressas, pois o barco de mantimentos que voltaria a Lisboa com a notícia do

“achamento” tinha prazo certo para sair. Quer dizer, Caminha foi o nosso primeiro

protocronista.

Caros Amigos. abr. 2000:9

Nessa crônica, Veríssimo apresenta o conceito primeiro da crônica - um simples

registro formal de cunho historicista – e expressa também sua concepção atual - um registro

circunstancial, produto da urgência do tempo, permeado por uma interpretação subjetivista

com um toque ficcional que quase sempre utiliza o humor. O autor também, por meio da

metalinguagem, utilizou a crônica pra falar das características próprias gênero sob um olhar

bem humorado.

CRÔNICA 03

Transatlânticos

Um transatlântico assim é sempre uma visão evocativa, e o que ele evoca acima de

tudo é uma vida despreocupada, um doce se deixar levar. E um melancólico nos deixar pra

trás. Foi-se o Queen Mary 2 e ficamos nós nesta província de sonhos frustrados. Lembrei

também que nas primeiras explicações para o fato de o modelo econômico herdado pelo

novo governo não mudar se alegava que era impossível fazer cavalo de pau com

transatlântico. Uma boa imagem: não se muda a impulsão e a direção que um grande barco

manteve durante doze anos de uma hora para outra. Mas já se passou um ano com o novo

comando e este transatlântico não mudou um grau do seu rumo desastroso, o que dirá tentar

uma manobra radical. Ninguém sabe que Brasil receberá o Queen Mary 2 quando ele voltar

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no próximo carnaval.

(O Globo, 07/03/04)

O texto recorda uma analogia entre ao transatlântico e o Brasil, conferindo uma

possível tentativa de justificar a continuidade do modelo econômico pelo novo governo. Ao

estabelecer essa comparação o autor parece concordar, pois afirma ser possível fazer uma

analogia entre o Brasil e um transatlântico. Por outro lado, evidencia a ironia de forma crítica

conforme o trecho: “Mas já se passou um ano com o novo comando e este transatlântico não

mudou um grau do seu rumo desastroso”.

Além disso, é perceptível a subjetividade do cronista quando este afirma: “Lembrei

também que nas primeiras explicações para o fato de o modelo econômico herdado pelo novo

governo não mudar se alegava que era impossível fazer cavalo de pau com transatlântico”. A

ocorrência também confere uma profunda visão do cronista acerca das relações entre o fato e

a população, isto é, entre as pessoas e o mundo.

CRÔNICA 04

Esperando a neve

Sempre me lembro desta história quando ouço as razões para seguir os conselhos de

economistas liberais e do FMI — enfim, dos nossos estrategistas russos — sobre os apertos

que temos de sofrer agora para merecer a redenção que virá com o tempo, como a neve. Se

a história de todos estes anos de economia de mercado e obediência ao conselho liberal na

América Latina ensina alguma coisa é que a neve não vem nunca. Antes aumentou o deserto,

agravou-se justamente a realidade que os conselheiros ignoram, a emergência social que

transforma qualquer pedido de paciência e qualquer ortodoxia econômica, mesmo as mais

bem intencionadas, numa forma de escárnio. Brasileiro gosta de uma contradiçãozinha

semântica. Na terra de corruptos impunes de maracutaias diárias, qual é o adjetivo mais

elogioso? Legal! Deve ser por isso que por aqui conseguiram transformar responsabilidade

fiscal em antônimo de responsabilidade social. É o que dá confiar em estrategistas russos.

(O Globo, 25/07/04)

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O cronista novamente trata analogicamente o tema de forma irônica. Tal ironia se

relaciona ao fato do aperto econômico pelo qual passa a população brasileira, cuja solução

nunca acontece: “[...] é que a neve não vem nunca”. Para Veríssimo, o Brasil segue os

conselhos do FMI e dos economistas liberais, almejando uma possível redenção que nunca

vem, assim como por ser um país tropical a neve também nunca acontece, configurando,

portanto, uma analogia irônica.

É importante ressaltar o lirismo (subjetividade) presente na crônica: “Sempre me

lembro desta história quando ouço as razões para seguir os conselhos de economistas

liberais e do FMI [...]”. Consoante Sá (1985, p.57), percebemos que nesse trecho o

acontecimento é apresentado sob a forma de uma reflexão. Salientamos, pois, que essa

subjetividade é evidenciada pela experiência pessoal do cronista e se configura como uma

forma de acesso para desvelar uma verdade maior, neste caso, a espera dos brasileiros por

algo que não existe, ou seja, a espera pelo inalcançável.

CRÔNICA 05

Provocações

A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou esperneou. Mas

todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por

especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi à

alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque

não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta

de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz. Foram lhe

provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo

bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a

família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois

perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher.

Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não

ajudava. Estavam lhe provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria

voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era Parece

que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o

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que não faltava. Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a

terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era

provocação. Mais uma. Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha

mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo

que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais

disposto a aceitar provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez

amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu.

E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele: -Violência, não!

(VERISSIMO, 1999, p. 51)

O texto mostra a observação por parte do cronista sobre a vida de um indivíduo tido

como excluído socialmente, que mesmo diante de tanto sofrimento ainda reage. É perceptível

a intenção do autor em dar voz ao indivíduo marginalizado em forma de denúncia sobre as

condições subumanas em que vive. Para tanto, lança um olhar pelo qual expõe feridas e

abismos sociais que são fatos crescentes em nosso país.

Por outro lado, para representar a realidade na qual o indivíduo está inserido o cronista

dramatiza seu texto e revela seu dom de contador de história: “A primeira provocação ele

agüentou calado. Na verdade, gritou esperneou. [...] E não como ele, numa toca, aparado só

pelo chão. A segunda provocação foi à alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe.

Uma porcaria. Não reclamou [...]”.

Percebe-se, pois, que nesse texto não há interesse do narrador (autor) em desvelar o

passado ou o futuro da personagem, cuja construção ocorreu desde o nascimento à vida

adulta, permanecendo, portanto, restrito ao espaço pautado na perspectiva dramática.

Veríssimo mergulhou na construção da personagem centrando-se de forma a exemplificar

instantes da condição humana por meio do “contar histórias”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As crônicas aqui estudadas foram publicadas em jornais, livros e revistas e apresentam

características muito bem definidas o que nos leva a afirmar que, embora o texto se apresente

aparentemente simples e acessível ao leitor, por outro lado, requer do cronista a obrigação de,

em um tom despretensioso, muitas vezes dentro de um espaço reduzido, atrair e interessar o

leitor. Sendo assim, noutras palavras se faz necessário a presença de um ingrediente

fundamental – o talento.

Como vimos nas considerações apresentadas no decorrer deste trabalho, a crônica se

configura como um reflexo social de seu tempo e expressa uma transitoriedade quase

obrigatória que ora invade o terreno do lirismo poético ou a densidade do conto. Desse modo,

esse estudo corrobora a afirmação de Moisés (1978) de que a crônica é uma expressão

literária de natureza híbrida uma vez que pode perfeitamente assumir uma ou outra forma

literária.

Com relação as nossas reflexões acerca das crônicas analisadas, podemos afirmar que

demonstram a transitoriedade do gênero no qual o autor evidencia tanto sua subjetividade,

como revela seu dom de “contador de histórias”. Como destacamos no decorrer de nossos

comentários, tal subjetividade aponta para uma conversa entre o autor e o interlocutor sempre

numa determinada circunstância.

Por outro lado, o autor evidencia nos textos abordados o dialogismo, analogia irônica e

também dar voz ao indivíduo.

Ainda com relação às crônicas analisadas, o autor assume e/ou apresenta vários

posicionamentos frente ao interlocutor. Fatos esses que caracterizam o gênero como algo

ligado a realidade social cotidiana.

Por fim, é certo que não esgotamos o tema aqui abordado, outras reflexões podem ser

feitas sobre essa temática. Todavia, podemos afirmar que este trabalho demonstra sua

importância no sentido de que, embora a crônica seja considerada um “gênero menor”, não

poderíamos apreciá-la se ao autor faltasse o talento.

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