UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE …§ão... · sociodemográficos, situação vacinal,...

81
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA ROSÂNGELA GÓES RABELO OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA: A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR Salvador 2008

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE …§ão... · sociodemográficos, situação vacinal,...

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

ROSÂNGELA GÓES RABELO

OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA:

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR

Salvador 2008

ROSÂNGELA GÓES RABELO

OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA:

A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Odontologia.

Orientadora:

Profa. Dra. Maria Isabel Pereira Vianna

Salvador 2008

A474 Rabelo, Rosangela Goes

Ocorrência de acidentes de trabalho e Biossegurança em odontologia: A percepção dos estudantes de uma instituição federal de ensino superior/Rosangela Goes Rabelo.

Salvador, 2008. 79 f. Orientadora: Profª Drª Maria Isabel Pereira Vianna. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia.

Faculdade de Odontologia , 2008.

1. Ocorrência de acidentes de trabalho e biossegurança em odontologia: a percepção dos estudantes de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Rosangela Góes Rabelo. Salvador Rita. Universidade Federal da Bahia. III. Título.

CDU: 796

A Paulo Joary, companheiro de longa caminhada, incentivador

incansável, que sempre acredita nas minhas possibilidades

com convicção indiscutível, obrigada!

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelos desafios apresentados e o companheirismo e a coragem para enfrentá-los. À família, pela oportunidade de compartilhar caminhos. A todos, que além da escola formal colaboraram na construção do meu caráter e ética. Aos jovens colegas do Mestrado, pela convivência estimuladora na busca do novo. Aos meus colegas professores, que, durante esta caminhada foram solidários. Aos alunos, motivo especial para que este momento acontecesse. Aos pacientes, que se entregam e confiam a cada um de nós o alivio a suas dores. À Professora Isabel, que mesmo nos seus atribulados dias buscou orientar a construção deste trabalho.

Obrigada !

Os dias prósperos não vêm ao acaso; são granjeados, como searas,

com muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.

Camilo C. Branco

RESUMO

O objetivo deste estudo foi mensurar a ocorrência de acidentes de trabalho e avaliar a percepção do estudante do curso de Odontologia quanto aos riscos inerentes à prática com pacientes durante a sua formação profissional, a sua vulnerabilidade em relação a doenças infectocontagiosas e o conhecimento desses alunos sobre condutas a serem adotadas frente à exposição ocupacional e ao calendário vacinal. Trata-se de um estudo de corte transversal, descritivo, que envolveu 186 alunos do curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, matriculados em disciplinas clínicas do 4º ao 11º semestre. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário autoaplicável, mediante assinatura prévia de termo de consentimento livre e esclarecido. O questionário contemplava dados sociodemográficos, situação vacinal, aspectos da biossegurança, exposição ocupacional e acidente de trabalho. O banco de dados foi estruturado no programa Epi Info versão 2006 e os dados analisados por meio de estatística descritiva. Foram observados: baixa cobertura vacinal contra hepatite B (83,8%) e outras vacinas; conhecimento insuficiente e inadequado quanto ao cumprimento das precauções-padrão (62,8%); e elevada ocorrência de acidentes (37%). O semestre em curso foi o único fator associado à ocorrência de acidentes (p-valor<0,001). Em relação aos protocolos pós-exposição, 56% referiram não ter conhecimento, embora 65,9% reconheçam que as medidas devem ser adotadas nas primeiras 02 horas. Foi significativa a resposta de todos sobre a mudança de atitude pós-exposição, principalmente entre estudantes do sexo feminino (95,6%).

Palavras-chave: exposição ocupacional; biossegurança; acidente perfurocortante;

situação vacinal de graduandos.

ABSTRACT

The objective of the present study was to assess the occurrence of work accidents and to evaluate the Dentistry student's perception of the risks inherent to the practice with patients during his/her professional qualification, his/her vulnerability to infectious contagious diseases, as well as how those students' knowledge of measures to be taken in the face of the occupational exposure and the vaccinal calendar. This is a descriptive cross-sectional study involving 186 Dentistry students of a Federal University, registered in clinical practice classes from the fourth to the eleventh semester. The data collection was made by using a self-applied questionnaire, after the previous signing of an informed consent. The questionnaire covered social-demographic data, vaccinal status, biosecurity aspects, occupational exposure and work accidents. The database followed the Epi Info program, version 2006, and the data were analyzed through descriptive statistics. The study showed a low vaccinal coverage against hepatitis B (83,8%) as well as of other vaccines; insufficient knowledge and inadequate compliance to the standard precautions (62,8%); a high occurrence of accidents (37%), the on- going semester being the only factor associated with the accidents occurrence (p-value< 0,001). As for the classes where the accidents occurred, Integrated Clinic and Periodontics rank first, calling our attention the fact that Cariology appears among those most commonly cited. In relation to the pos-exposure protocols, 56% of the students reported having no knowledge of them; however, 65,9% acknowledge that those measures must be taken within the first two hours. The response of them all about the change of pos-exposure was significant, specially among female students (95,6%).

Key-words: occupational exposure; biosecurity; puncturing cutting accident;

undergraduates' vaccinal status.

LISTA DA TABELAS

TABELA 1 – Caracterização sociodemográfica de estudantes do 4º ao 11º

semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior.

Salvador-Bahia, 2008. (n=186).

TABELA 2 – Situação vacinal de estudantes de 4º ao 11º semestre do Curso de

Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador – Bahia,

2008. (n=186).

TABELA 3 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de

Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à exposição

ocupacional na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008. (n=186).

TABELA 4 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de

Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas às

circunstâncias dos acidentes, notificação e encaminhamento. Salvador-Bahia,

2008. (n=67).

TABELA 5 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de

Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas ao

conhecimento dos protocolos pós-exposição ocupacional, Salvador-Bahia. 2008.

(n=67).

TABELA 6 – Ocorrência de acidentes durante a prática clinica de estudantes do 4º

ao 11º semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino

Superior, de acordo com variáveis de interesse. Salvador-Bahia, 2008. (n= 186).

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Distribuição de estudantes do 4º ao 11º semestre de uma Instituição

Federal de Ensino Superior, de acordo com o semestre em curso. Salvador-Bahia,

2008. (n=186).

GRÁFICO 2 – Percentual de respostas afirmativas de estudantes do 4º ao 11º

semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas aos itens

considerados precauções-padrão na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008.

(n=186).

GRÁFICO 3 – Percentual de respostas afirmativas de estudantes do 4º ao 11º

semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a doenças

passiveis de transmissão na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008. (n=186).

GRÁFICO 4 – Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do

4º ao 11º semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador-

Bahia, 2008. (n=186).

GRÁFICO 5 – Tipos de acidentes ocorridos durante a prática clínica de estudantes

do 4º ao 11º semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador-

Bahia, 2008. (n=67).

GRÁFICO 6 - Percentual de respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre de

uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à percepção das causas dos

acidentes. Salvador-Bahia, 2008. (n=67).

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome

Anti HBs – Anticorpos contra o antígeno “s” da Hepatite B

Anti HCV – Anticorpos contra o vírus da Hepatite C

Anti-HBc – Anticorpos contra o antígeno “c” da Hepatite B

Anti-HBe – Anticorpos contra o antígeno “e” da Hepatite B

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

AZT – Zidovudina

BCG – Bacilo de Calmette Guerin ( vacina intradérmica contra formas graves de

tuberculose)

CDC – Center of Disease Control

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CMV – Citomegalovírus

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNS – Conselho Nacional de Saúde

DEVEP – Departamento de Vigilância Epidemiológica

dT – Vacina dupla bacteriana adulto contra difteria e tétano

DNA - Ácido Desoxirribonucleico

EAS – Edificação de Assistência a Saúde

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

HBC – Vírus da Hepatite C

HBeAg – Antígeno “e” do vírus da hepatite B

HBsAg – Antígeno “s” do vírus da hepatite B

HBV – Vírus da Hepatite B

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida

IES – Instituição de Ensino Superior

MTbE – Ministério do Trabalho e Emprego

NR – Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAS – Profissional de Assistência à Saúde

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PNI – Programa Nacional de Imunização (Ministério da Saúde)

PP – Precauções Padrão

PVC – Poli Cloreto de Vinila

SAS - Serviços de assistência a Saúde

SCR – Vacina Tríplice Viral (Sarampo,Caxumba e Rubéola)

SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho

SIM – Sistema de Informação de Mortalidade

SINAM – Sistema de Informação de Agravos e Morbidade

SUS – Sistema Único de Saúde

TTV – Transfusion-transmited vírus

VHG – Vírus da Hepatite G

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 REVISÃO DE LITERATURA 18

1.1 – Sistemas de saúde e legislação 18

1.2 – Exposições ocupacionais na prática odontológica e risco biológico 22

1.3 – Precauções-padrão (PP) e procedimentos pós-exposição (PEP) 31

1.4 – A biossegurança no processo de formação de profissionais de saúde 34

3 OBJETIVOS

4 METODOLOGIA

40

41

5 ASPECTOS ÉTICOS 44

6 RESULTADOS 45

7 DISCUSSÃO 56

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 65

REFERÊNCIAS 67

APÊNDICES 73

ANEXO

79

13

1 INTRODUÇÃO

A prática odontológica sempre envolveu riscos tanto para o profissional quanto para

os pacientes a partir da infecção cruzada e estes riscos sempre estiveram

presentes no contexto do processo de formação dos profissionais da saúde

(MARTINS et al., 2004). Todavia, só nas últimas décadas, com a elevação da

incidência de doenças transmissíveis graves, passou-se a refletir sobre tais riscos de

forma sistemática, verificando-se uma maior produção de conhecimento e a

introdução de normas e rotinas envolvendo a assistência e a formação em

Odontologia. As questões relativas à biossegurança passaram, assim, a ter novo

enfoque, já que não eram vistas anteriormente de forma tão crítica como na

atualidade (RIBEIRO, 2004).

Entretanto, ainda assim, observam-se limites na produção sobre o tema,

especificamente quanto aos estudos que focalizam a prática odontológica. Amorim,

(2007), ao analisar temáticas abordadas em artigos científicos publicados por três

revistas odontológicas brasileiras, durante o período de 1990 a 2004, observou que

do total de 2.806 publicações, apenas 1,13% estavam voltados para a

biossegurança, alcançando a 18a colocação entre os temas abordados. Considera-

se, pois, ainda presente a necessidade da realização de estudos na área,

especialmente aqueles voltados para a biossegurança no processo de formação dos

profissionais de saúde em geral e de Odontologia em particular (OLIVEIRA;

GONÇALVES, 2007).

As diretrizes curriculares nacionais que norteiam os projetos pedagógicos das

Instituições de Ensino Superior (IES) sejam elas públicas ou privadas, em

consonância com os pareceres do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do

Conselho Nacional de Educação (CNE), sugerem que os cursos de Odontologia

devem desenvolver no aluno habilidades no sentido do aprender a ser, aprender a

fazer, aprender a conviver e aprender a conhecer, garantindo a formação de

profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da

atenção, a qualidade e a humanização do atendimento prestado aos indivíduos,

famílias e comunidades (RIBEIRO, 2005). Deve ainda o graduando, ao final do

curso, ter visão crítica, reflexiva, generalista, espírito de liderança e sólida formação

14

técnico-científica, sendo capaz de identificar situações de risco e de propor soluções

para os problemas, exercendo a sua prática de forma integral, envolvendo ações de

promoção da saúde, preventivas e curativas (RIBEIRO, 2004).

As Instituições de Ensino Superior (IES), além da formação técnica e da habilitação

dos acadêmicos, têm o papel relevante de promover mudanças de comportamentos

para o desenvolvimento de uma prática segura (SANTOS et al., 2006; RIBEIRO,

2004). Os processos de capacitação devem refletir a articulação de conceitos,

procedimentos e valores. Portanto, os conteúdos da biossegurança ministrados

devem possibilitar ao aluno uma visão integrada e interdisciplinar desses fatores.

Essas significações são importantes para a aprendizagem, já que apresentam, no

seu interior, a base motivacional que contribui para a adesão do aluno (COSTA;

COSTA, 2007). Apesar das recomendações e do reconhecimento da importância da

questão da biossegurança no processo de formação, todavia, não se observa ênfase

neste campo do conhecimento nas matrizes curriculares e ementas das disciplinas

dos cursos de Odontologia.

Conceitualmente, formação significa o ato, efeito ou modo de formar, maneira pela

qual se constitui uma mentalidade, um caráter ou um conhecimento profissional.

Nesse sentido, as práticas atuais de controle de infecção são o reflexo também da

formação dos respectivos profissionais. A graduação é o momento da formação,

propício ao ensino da prevenção e do controle de infecção para os alunos da área

da saúde, há que se considerar, no entanto, que o assunto ainda representa uma

inovação e observamos que existem iniciativas isoladas em algumas instituições.

Quando se compara a relação entre o processo de ensino e o controle de infecção

entre estudantes de Odontologia, fica claro que existe a dissociação entre o

conhecimento das Precauções Padrão (PP) para o controle de infecção e a prática

clínica dos alunos. Cabe buscar a indissociabilidade, iniciando o processo nas

primeiras atividades práticas desenvolvidas pelo graduando. Para que o graduando

se envolva e fortaleça o controle de infecção é fundamental que os docentes

estejam envolvidos com os conteúdos de forma plena (TIPPLE et al, 2003;

RIBEIRO, 2004; COSTA; COSTA, 2007).

15

A adoção de um comportamento preventivo depende de vários fatores: de o

indivíduo se considerar suscetível a um problema de saúde, isto é, acreditar que

esse problema pode afetá-lo particularmente (percepção de suscetibilidade); de o

indivíduo associar o problema de saúde à gravidade de suas conseqüências, isto é,

perceber que esse problema pode ter conseqüências sérias (percepção de

severidade); e de o indivíduo acreditar que esse problema de saúde pode ser

prevenido por uma ação (percepção de benefícios), apesar de essa ação envolver

aspectos negativos, tais como impedimentos, obstáculos, desconforto, gastos

financeiros, entre outros (percepção de barreiras). Isso significa que os benefícios da

ação são avaliados em função das barreiras para realizá-la. Além disso, a presença

de estímulos para ação é importante para desencadear as percepções de

suscetibilidade e severidade e motivar o indivíduo a agir (BREVIDELLI;

CIANCIARULLO, 2001).

A maior vulnerabilidade dos alunos dos cursos de saúde a acidentes com material

biológico se deve ao fato de executarem, no processo de aprendizagem, as mesmas

tarefas que o profissional executa junto aos pacientes, o que envolve a freqüente

exposição a sangue e a outros fluídos corpóreos, em um contato permeado pelas

fragilidades de quem está aprendendo. Observa-se que a multiplicidade de condutas

utilizadas pelos alunos é resultante da falta de harmonização entre a prática clínica e

seu ensino teórico, uma vez que a estrutura curricular tem demonstrado a existência

de lacunas teóricas e práticas, reveladas nas ementas e nos conteúdos

programáticos das disciplinas (TIPPLE et al, 2003; SANTOS et al.,2006). Atribui-se

ao corpo docente dos órgãos formadores um peso importante na formação

profissional, significando que ele deverá ser um exemplo ou um modelo da prática,

uma vez que o ensino também se dá pela oportunidade de vivenciar condutas

(TIPPLE et al, 2003; RIBEIRO, 2005; BELEI et al., 2001). Outros fatores, além dos

aspectos psico-emocionais e das características da prática da Odontologia também

podem predispor ao acidente como estrutura física do ambiente, mobiliário e

equipamentos inadequados (RIBEIRO, 2005).

Trabalhos publicados apontam que os estudantes situados em faixa etária mais

elevada e já inseridos no mercado de trabalho apresentam maior facilidade de

compreensão da biossegurança e concebem a aprendizagem como uma construção

16

ativa de saberes significativos. O fato de esses alunos já possuírem significados

agregados facilita essa compreensão, diferentemente dos alunos apenas

“estudantes”, onde o processo de significação ocorre no próprio momento do ensino

(COSTA; COSTA, 2007).

Contudo, é preciso ressaltar que os acidentes com material biológico ocorrem muito

mais vezes entre alunos e cirurgiões-dentistas do que se apresenta notificado. Para

alunos de Odontologia e cirurgiões-dentistas, os respingos de sangue e o contato

com materiais biológicos corpóreos parecem naturalmente inerentes à prática

profissional (AMARAL et al, 2005; RIBEIRO, 2005; SHIMIZU; RIBEIRO, 2002;

COSTA; COSTA 2007).

Historicamente, a preocupação com riscos biológicos tem sua emergência vinculada

a agravos à saúde que envolviam profissionais de laboratório na década de 40, mas

há relatos de doenças contraídas por cientistas no exercício da pesquisa em

décadas anteriores. Muitos riscos já eram conhecidos, mas o advento da AIDS, na

década de 80, e a necessidade do estabelecimento de normas que envolvessem

questões de segurança no trabalho dos profissionais de saúde foram fatores que

propiciaram o início de um movimento no sentido da compreensão da exposição, da

possibilidade de prevenção e das medidas de controle pós-exposição (RAPPARINI,

2006; SANTOS; PELOGGIA, 2002).

A literatura relata casos de contaminação de Profissionais de Assistência à Saúde

(PAS) pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV) e vírus da

hepatite C (HVC). O primeiro caso comprovado de contaminação por HIV ocorreu

em 1984, em um hospital da Inglaterra, onde uma enfermeira, em exposição

percutânea a agulha com sangue contaminado, contraiu o vírus da AIDS (TEIXEIRA;

VALE, 1996).

Caixeta e Branco (2005) afirmam que no Brasil, pesquisas direcionadas a

estudantes de Odontologia e cirurgiões-dentistas sobre acidentes ocupacionais são

pouco freqüentes, quando comparadas àquelas dirigidas a outros cursos da área da

saúde. E pouco se sabe ainda sobre o nível de conhecimento desses Profissionais

de Assistência à Saúde (PAS) sobre as normas de biossegurança.

17

As Instituições de Ensino Superior (IES) não têm abordado de forma efetiva a

prevenção e o controle das doenças infecciosas, buscando discutir com os alunos,

por exemplo, o porquê da não-adesão à imunização. Além disso, observa-se a falta

de políticas das IES para o alcance de percentual adequado do estado vacinal dos

estudantes (SANTOS et al., 2006;TIPPLE et al ,2003). As questões que envolvem a

biossegurança devem ser repensadas pelas Instituições de Ensino Superior, pois o

processo educativo é um importante caminho a ser percorrido para transformar o

cotidiano dos profissionais, através da adoção de medidas de proteção no ambiente

de trabalho, em busca de qualidade de vida e desenvolvimento de uma prática

segura, feita por humanos para humanos (AMARAL et al, 2005; RIBEIRO, 2005;

SHIMIZU; RIBEIRO, 2002).

O Ministério da Saúde afirma que a possibilidade de transmissão, em acidente

perfurocortante com sangue contaminado pelo HIV é baixa quando comparada a

outras doenças, variando de 0,05 a 0,1 %, ou seja, 01 chance em mil e 5 chances

em 01 milhão. Para que a infecção ocorra, alguns fatores são relacionados, tais

como: o agente etiológico, o material biológico envolvido, o volume de material, a

carga viral, a forma de exposição e a susceptibilidade do acidentado. Com relação à

hepatite B – que compõe o quadro de doenças ocupacionais odontológicas mais

comuns e pode ser transmitido através de minúsculas quantidades de sangue ou

saliva com presença de sangue (sobretudo o fluido do sulco gengival) –, o risco de

infecção pelo HBV, após um acidente perfuro cortante com sangue contaminado,

varia de 6% a 30%, ou seja, 57 vezes superior, quando comparado ao HIV, e o risco

de vir a óbito é 1,7 vezes superior para o VHB, apesar da característica letal do HIV

(BRASIL, 2000; BRASIL, 2006 b).).

Tendo em vista a importância do tema bem como a atitude do graduando frente ao

conhecimento da biossegurança, este trabalho tem o objetivo de verificar a

ocorrência de acidentes de trabalho e avaliar a percepção do estudante de

odontologia sobre a exposição a material biológico como determinante do acidente

de trabalho, seu conhecimento e utilização das precauções padrão e a sua

capacidade de adoção de medidas pós-exposição, além do acompanhamento do

seu estado vacinal.

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Sistemas de saúde e legislação

A legislação brasileira sobre acidentes de trabalho passou por importantes

modificações ao longo dos anos, sendo que a primeira lei, nessa área, foi

promulgada em 1919, a Lei nº 3724, que considerava o conceito de “risco

profissional” como um risco natural às diversas atividades profissionais exercidas e

implantou a indenização como direito conseqüente ao acidente de trabalho. Em

1944, a Lei n°. 3274 foi revogada, sendo substituída pelo Decreto-Lei nº.7036. Na

década de 60, através do Decreto nº 61734, foi estabelecido novo Regulamento do

Seguro dos Acidentes de Trabalho e ocorreram outras modificações apenas de

caráter indenizatório para o trabalhador. Em 1977, foi alterado o Capítulo V, Título II,

da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), relativos à Segurança e Medicina do

Trabalho. A partir dessa mudança na CLT, iniciava-se a discussão e a implantação

das Normas Regulamentadoras (AQUINO, 1996).

A emergência do tema saúde do trabalhador, no Brasil, pode ser identificada no final

dos anos 70 e início dos anos 80, no contexto da transição democrática. O trabalho

começa a ser pensado como determinante no processo saúde e doença sendo

descortinada verdadeira epidemia de doenças ocupacionais, bem como a

incapacidade do sistema de saúde fornecer respostas efetivas às necessidades de

saúde da população, em especial a dos trabalhadores (MENDES, 1991).

Movimentos sociais como a Reforma Sanitária e a realização da VIII Conferência

Nacional de Saúde (1986), trouxeram no seu ideário, a determinação de eliminar a

dicotomia entre a assistência à saúde individual e as ações coletivas, na tentativa de

assegurar a universalidade de acesso e uma maior abrangência do cuidado à saúde

através de um Sistema Único, o que foi acatado em 1988 com a promulgação da

Constituição Federal (BRASIL, 1988 ;BRASIL,1990).

A Constituição Brasileira de 1988 expressa que “cuidar da saúde é comum à União,

aos Estados, DF e aos Municípios (art.23. II) e legislar sobre a defesa da Saúde

compete concorrentemente à União, aos Estados e suplementarmente aos

municípios” (art.30, II). A legislação sobre acidentes de trabalho indica: “Acidente de

trabalho é definido como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da

19

empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte,

perda ou redução da capacidade, permanente ou temporária, para o trabalho.”

(BRASIL, 1988).

Durante a I Conferência de Saúde dos Trabalhadores (2005), buscando atender aos

anseios e a real necessidade de mudança na legislação, foram formuladas

propostas com prioridade para a inclusão da Saúde do Trabalhador ao Sistema

Único de Saúde (SUS), conforme o estabelecido no art.200 da Constituição Federal

de 1988. Nesse artigo, são atribuídas às Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica as

funções de fiscalização, acompanhamento e estudo das situações de doenças do

país, incluindo os ambientes especiais destinados ao ensino, pesquisa e extensão

das Instituições de Ensino Superior (IES) (BRASIL, 1988).

Um grande avanço para a melhoria das condições de trabalho na área de saúde foi

a publicação, em dezembro de 2005, da Norma Regulamentadora NR32 do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTbE), a primeira normatização especifica para a

área do trabalho em saúde. Mudou a essência da Portaria 3214/78 no que se refere

às Normas Regulamentadoras, que eram, até então, tecnicistas e normativas,

incapazes de enfrentar as questões da saúde ocupacional (BRASIL, 2005;MAZZILLI,

2003).

A Norma Regulamentadora 32 define as responsabilidades do empregador, seja

público ou privado, com os seus empregados, em relação a: capacitação, vacinação,

oferta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e utilização de instrumentos

perfurocortantes com dispositivos que reduzam as lesões percutâneas. Determina

que o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) atenda ao

disposto na NR07 e acrescenta a Avaliação dos Riscos Biológicos; dispõe sobre o

atendimento adequado e também responsabiliza o trabalhador em relação à

prevenção de riscos no seu processo de trabalho. Contudo, na prática cotidiana, as

Normas, Leis e Portarias são cumpridas de forma mínima, o que expõe os

trabalhadores a situações de trabalho arriscadas (INFECTOLOGIA HOJE, 2006;

RIBEIRO, 2005).

20

Embora a NR 32 tenha definido, quanto à Segurança e Saúde no Trabalho em

Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS), responsabilidades e deveres a

serem cumpridos, observam-se situações como: falta de fornecimento ou reposição

dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção

Coletiva (EPC); inexistência de medidas de proteção coletiva; adaptação e

disposição de recipiente para o descarte de perfurocortantes; recipientes de

descarte distantes dos locais dos procedimentos; material de trabalho insuficiente;

programa de treinamento e supervisão do estado vacinal dos profissionais

ineficiente; acidentes que envolvem exposição aos agentes biológicos não

comunicados; recipientes e meios de transporte de materiais infecto-contagiosos e

fluidos inadequados para esses materiais; falta de lavatórios apropriados para

higiene das mãos; ou os mesmos lavatórios utilizados para diversos fins

(INFECTOLOGIA HOJE, 2006; ROBAZZI; BARROS JÚNIOR, 2005).

Essa Norma Regulamentadora (NR) altera diretrizes anteriores no que diz respeito à

prevenção de acidentes, trazendo avanços na implementação de programas e

direcionando a aquisição de determinados equipamentos. Contudo, mesmo

considerando a criação de leis e normatizações, o mecanismo mais importante,

nessa construção, é o conhecimento do trabalhador ou graduando quanto à

dimensão do problema. Nesse sentido, muitos países possuem redes de informação

e vigilância das exposições ocupacionais que envolvem material biológico, e as

informações coletadas são utilizadas para aprimorar os trabalhos e aperfeiçoar

esforços (BRASIL, 2005;SASSI; FEIJÓ, 2004). A Organização Mundial de Saúde

(OMS) estabeleceu como princípios da abordagem em saúde ocupacional: a

prevenção dos agravos e a promoção da saúde do trabalhador; a adaptação e o

ajuste das condições de trabalho ao trabalhador; e a oferta de serviços curativos e

de pronto atendimento (MAZZILI, 2003).

A biossegurança é uma nova ciência multidisciplinar, que pressupõe medidas de

proteção individuais e coletivas relacionadas ao meio, as quais irão colaborar com a

segurança de profissionais que atuam em saúde (RIBEIRO, 2004). A II Conferência

Nacional de Saúde Bucal (1993) já havia ressaltado e recomendado aos gestores de

serviços de saúde a importância de melhorar a estruturação do atendimento

odontológico, de forma a possibilitar o cumprimento das normas de biossegurança e

21

controle das infecções nas unidades públicas e privadas, com ênfase na

obrigatoriedade da coleta do resíduo odontológico como infectante e a integração da

atenção odontológica aos programas de Saúde do Trabalhador e Biossegurança em

Odontologia (SANTOS et al., 2006). Para a incorporação de novas práticas, é

necessário o suprimento adequado, como, por exemplo, de recipientes para o

descarte de perfurocortantes, já que lesão perfurocortante é a exposição mais

recorrente (CAIXETA; BRANCO, 2005).

Quando durante a formação, os graduandos recebem o conhecimento teórico

necessário para o controle de infecção cruzada, mas, os cursos não oferecem

estrutura adequada para sua prática, desvaloriza a teoria transmitida. Esse fato

propicia o desinteresse dos estudantes pelo controle de infecção, mesmo sabedores

de que a prática odontológica requer condições de assepsia, medidas de proteção

pessoal, uso adequado de antissépticos e desinfetantes, aplicação de método

adequado de esterilização de material, tratamento dos resíduos gerados e uso de

imunobiológicos recomendados para doenças passiveis de transmissão no ambiente

de trabalho (MACHADO; KATHER, 2002; TIPPLE et al, 2003).

Tentando reverter o quadro alarmante em relação à hepatite B, o Ministério da

Saúde do Brasil, através da Portaria nº. 597 condicionou a matricula nas instituições

de Ensino a partir das creches, em âmbito nacional, à obrigatoriedade do

comprovante de vacinação adequada do aluno, de acordo com o calendário de

vacinação definido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Ainda como

estratégia, o Governo Brasileiro sancionou, em 27 de dezembro de 2005, a Lei

11.255, conhecida como Lei das Hepatites. Essa lei define as diretrizes da

prevenção e da atenção integral à saúde das pessoas portadoras de hepatites no

âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990; BRASIL, 2004a).

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B ocupacional

entre os profissionais de saúde e graduandos, devendo ser aplicada antes do

contato com a atividade clínica e admissão a serviços de saúde sendo preconizada

a aplicação 06 meses antes do início das atividades. São previstas 03 doses, em

intervalos de zero, 01 mês e 06 meses contados a partir da 1ª dose. Com o

esquema completado deve ser feita sorologia Anti-HBs. O Anti-HBs é um anticorpo

22

que confere imunidade contra o VHB, está presente no soro após o

desaparecimento do HBsAg (antígeno de superfície) sendo indicador de cura ou

imunidade (BRASIL,2004a; BRASIL, 2006a; SANTOS et al, 2006)

2.2 – Exposições ocupacionais na prática odontológica e risco biológico

Para a epidemiologia, risco é a probabilidade da ocorrência de um resultado

desfavorável, de um dano ou de um fenômeno indesejado. Considera-se “fator de

risco” toda característica ou circunstância que acompanha um aumento de

probabilidade de ocorrência do fato indesejado, sem que o dito fator tenha de intervir

necessariamente em sua casualidade (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

A classificação dos riscos no ambiente de trabalho é definida pela Portaria 3.214/78

do Ministério do Trabalho e Emprego e Medicina Social, em suas Normas

Regulamentadoras (NR), e são classificados em riscos físicos, proporcionados por

ruídos, pressões, vibrações e radiações; riscos químicos, que envolvem substâncias,

compostos, poeiras, gases e vapores; riscos biológicos, inerentes aos

microorganismos, vírus, bactérias, fungos; e riscos ergonômicos. Eles são

resultantes da infraestrutura presente no ambiente de trabalho e interferem tanto no

aspecto fisiológico quanto no aspecto psicológico dos trabalhadores. O risco de

acidentes é definido como a condição potencial no ambiente de trabalho de causar

danos à saúde do trabalhador (RIBEIRO, 2005).

Na área de saúde, as atividades desenvolvidas envolvem o contato com riscos

físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, que variam sua intensidade,

conforme o procedimento realizado (PAULA, 2003; RIBEIRO, 2005). Para a

Organização Mundial da Saúde (OMS), os agentes biológicos são classificados em

quatro grandes grupos: Classe Risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e

para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano;

Classe Risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa

probabilidade de disseminação para a coletividade, mas podem causar doenças ao

ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento;

Classe de Risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade

de disseminação para a coletividade, que podem causar doenças ao ser humano,

para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento; Classe de Risco 4:

risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de

23

disseminação para a coletividade, apresentando grande poder de transmissibilidade

de um individuo a outro e podendo causar doenças graves ao ser humano para as

quais não existem meios eficazes para profilaxia ou tratamento (TEIXEIRA; VALE,

1996; BRASIL, 2004b).

O risco ocupacional biológico está presente em atividades em que há possibilidade

de exposição de pele, olhos, membranas mucosas, ou contato parenteral (acidentes

com perfurocortantes) com fluidos corpóreos potencialmente contaminados, sendo

fundamental conhecer a capacidade patogênica, o modo de transmissão, as

condições relativas a hospedeiro e agente, além da disponibilidade de medidas

preventivas e tratamento eficaz. Quando o risco é considerado não tolerável, tem-se

de controlar o risco e reduzir danos. O risco de transmissão de doenças após

acidente com material biológico depende de alguns fatores, como resistência ou

susceptibilidade do hospedeiro, virulência do patógeno, via de exposição e

magnitude do inoculo infectante. Na prática odontológica, esses riscos estão sempre

presentes, o que torna importante estudá-los para minimizá-los ou eliminá-los, pois

eles podem desencadear a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais

(RIBEIRO, 2005; PAULA, 2003).

Os cirurgiões dentistas estão sob constante risco de contaminação por agentes

infecciosos pela própria natureza do trabalho. Contribuem para esse fato o

instrumental pontiagudo e cortante utilizado; o restrito campo visual para atuação e o

equipamento de alta rotação e ultrassônico, que favorece a formação de aerossóis,

respingos e projeção de fragmentos dentários, com conseqüente risco de lesão ou

exposição cutânea ou ocular. Muitas doenças são passiveis de transmissão no

consultório odontológico como a sífilis, a tuberculose,a difteria, o sarampo,a rubéola,

a herpes, o citomegalovirus, as hepatites virais, o vírus da imunodeficiência humana

(HIV), a virose linfotrófica pela célula T humana (HTLV 1 e 2) e Prions.

Recentemente, um novo vírus causador da hepatite, o vírus TT (TTV), foi identificado

e estudado entre médicos, dentistas e auxiliares. Embora haja um crescente

entendimento do risco ocupacional dos acidentes com material biológico, observa-se

que os trabalhadores da saúde têm se mostrado resistentes à utilização de

equipamentos de proteção individual, subestimando o risco de infecção, e

negligenciando da notificação do acidente de trabalho (BRASIL, 2004c;

BRASIL,2007; MARZIALE, 2003; MARTINS et al. ,2004).

24

Os trabalhadores minimizam os efeitos negativos, observando-se o descumprimento

de normas básicas de segurança e a recusa em notificar o acidente e buscar

atendimento médico após a exposição. Considerando que os acidentes com perfuro

cortantes são os mais referidos em trabalhos publicados, foi desenvolvida pesquisa,

cujo objetivo foi analisar o conteúdo das caixas destinadas ao descarte de materiais

perfuro cortantes, em hospital de São Paulo, revelando que, das 1.066 agulhas

contidas em dez caixas, 681 (63,9%) estavam reencapadas, 627 (74,2%) estavam

desconectadas das seringas. Embora uma das recomendações do CDC (1993) para

reduzir essas exposições com instrumentos perfurocortantes seja a de não

reencapar agulhas e, caso o reencape seja necessário, que se utilize apenas uma

das mãos (técnica de pescagem) ou, sejam usados dispositivos mecânicos para

desconexão da seringa com agulha. O fato é que o hábito de reencapar agulhas

continua disseminado, e é responsável pelo elevado número de acidentes

(CDC,1993;RIBEIRO, 2005).

A difusão da informação, ou a formação centrada apenas em aspectos técnicos não

são suficientes para reduzir a ocorrência de acidentes. Dados registrados em

hospital universitário evidenciaram que muitos acidentes se devem à inobservância

das precauções preconizadas, e, portanto, a simples informação não é suficiente

para modificar o quadro existente. É imprescindível a percepção do risco, o

conhecimento das precauções básicas, o respeito à segurança e a discussão da

saúde quando o trabalhador é o doente (MACHADO; KATHER, 2002)

Quando se relaciona o risco a estudantes, observa-se que a prevenção e o controle

das doenças imunopreveníveis não têm sido tratados com a ênfase esperada,

embora recomendada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004a).

Os acidentes com exposição ocupacional a material biológico são freqüentes na

Odontologia em decorrência do trabalho com instrumentos de alta rotação,

perfurocortantes em um campo de visão restrito e sujeito à movimentação do

paciente. A probabilidade de ocorrer exposição ocupacional é relevante entre

graduandos dos cursos da área de saúde o que indica a necessidade da inclusão de

módulos de biossegurança não só na graduação, mas nos cursos de atualização e

especialização. A falta de planejamento ou a inexistência de estrutura física

25

adequada, recursos materiais e humanos, impõem limites à prevenção, ao controle

de infecção e ao ensino de qualidade (TIPPLE et al, 2003; GARCIA; BLANK, 2006).

É difícil a obtenção de estimativas confiáveis da freqüência de contato com sangue

ou outros materiais biológicos entre os profissionais de saúde. Além da importante

subnotificação das exposições por parte do profissional acidentado, a comparação

entre os dados é difícil, pois as informações sobre as freqüências de exposição são

baseadas em diferentes estratégias metodológicas. Existem os estudos de casos

auto-relatados, os estudos que envolvem a aplicação de questionários e/ou

realização de entrevistas com os profissionais sobre as exposições ocorridas e a

observação direta de procedimentos (CAIXETA; BRANCO, 2005; CANINI et al.,

2002).

Embora no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde os riscos já sejam

conhecidos como geradores de periculosidade e insalubridade, a preocupação com

os riscos biológicos passou a ter leitura diferenciada a partir da epidemia da

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) nos anos 80 (AMARAL et al, 2005).

Devem ser considerados materiais biológicos sem risco de transmissão ocupacional

do HIV o suor, a lágrima, as fezes, a urina e a saliva, exceto na prática odontológica.

Para os profissionais da Equipe de Saúde Bucal a saliva é um fluido que apresenta

infectividade, pois abriga diversos microrganismos causadores de doenças. A

preocupação com as doenças infecto-contagiosas, destacando-se as hepatites B, C

e AIDS, impôs que muitos paradigmas fossem revistos em todas as categorias

profissionais da área da saúde. Dentre os microrganismos presentes na saliva,

destacam-se: o herpes simplex tipo I (HSV -1), que 2 a 10% dos adultos possuem

sem sinais clinicamente visíveis; a hepatite B (HBV), presente principalmente no

sangue e apesar das controvérsias de transmissão, também pode ser isolada na

saliva, com relatos de HBsAg encontrado em 76% de pacientes com hepatite aguda

e em 81% nos portadores de infecção crônica. Outro microrganismo também já

isolado na placa dentária e na saliva é o Helicobacter pilory, cuja prevalência no

Brasil é de aproximadamente 90% em indivíduos com sintomas digestivos altos e

60% em doadores de sangue assintomáticos. Na última década foram descritos

vírus C, G e TT (HCV, HGV, TTV), todos causadores da hepatite, sendo que o TT foi

26

identificado e estudado entre médicos, dentistas e auxiliares. A saliva ao contrário do

que muitos pensam, não é um meio eficaz de transmissão do vírus HIV segundo o

Ministério da Saúde (MARTINS el al., 2004; PAULA, 2003 ; VELOSO,1999;

RIBEIRO, 2005; BIFFI et al., 2005.; BRASIL,2000).

A preocupação com a transmissão de doença infecciosa em Odontologia vai além

da Hepatite B e do vírus da AIDS, pois muitos microorganismos podem estar

presentes no sangue ou na saliva: Micobacterium tuberculosis, Staphilococcus sp.,

Streptococcus sp., Treponema pallidum, Neisseria gonorrhoeae, Haemophilus sp.,

Pseudomonas aeroginosas, mononucleose infecciosa, papiloma, caxumba,

sarampo, rubéola, síndrome da rubéola, a difteria, o sarampo, a herpes, o

citomegalovírus (CMV), a virose linfotrófica pela célula T humana (HTLV 1 e 2 ) e

Prions2 ( MARTINS et al.,2004.; RIBEIRO, 2004).

A Hepatite B é considerada a de maior risco de contaminação; o Herpes, como a de

maior freqüência e a AIDS que, apesar de o risco ocupacional ser menor em relação

a outras doenças, é a que mais amedronta e mobiliza os profissionais na adoção de

medidas de biossegurança. O contato com sangue, incluindo exposições

percutâneas e muco- cutâneas, varia conforme as diferentes categorias profissionais

e as atividades realizadas pelos profissionais nos serviços de saúde (AQUINO,

1996; BRAGA, 2000; RAPPARINI, 2006). Alguns fatores, como a duração e a

freqüência do contato com sangue e derivados, bem como a positividade de

pacientes para o antígeno de superfície do VHB (HBsAg), são determinantes na

infecção ocupacional pelo vírus da Hepatite, além disso, o vírus é extremamente

estável, podendo permanecer viável em superfícies por períodos prolongados de até

uma semana (RAPPARINI, 2006; RIBEIRO, 2005; BRAGA, 2000; BIFFI et al.,2005).

O agente etiológico é o vírus B da família Hepadnaviridae, transmitido por lesão

percutânea ou mucosa, após a exposição a sangue ou a fluidos corporais de

pessoas infectadas com o vírus. Apresenta um período de incubação longo, de 50 a

180 dias, e a sintomatologia mais comum é fraqueza, mal estar geral e anorexia.

Estima-se que haja 300 milhões de pessoas cronicamente infectadas pelo HBV em

todo o mundo e que a incidência de infecção por esse vírus seja 10 vezes maior do

que a observada para o HIV. Dos indivíduos infectados, estima-se que 6% a 10%

27

são portadores crônicos, a grande maioria sem sintomatologia, o que aumenta mais

o risco de transmissão da hepatite B. A transmissão do VHB pode ocorrer do

paciente para o dentista, do dentista para o paciente e de um paciente para o outro,

sendo imprescindível a aplicação, no consultório odontológico, das medidas de

precaução padrão (PP). A adoção de medidas de biossegurança, como a utilização

dos equipamentos de proteção individual (EPI) e os cuidados ao manipular

equipamentos pontiagudos e (ou) perfuro cortantes que tenham contato com

material biológico é uma forma de prevenir a infecção cruzada e diminuir os riscos

de acidentes com exposição de material biológico. No Brasil, o Ministério da Saúde

estima que 15% da população já tenha tido contato com o vírus da Hepatite B (VHB)

e que cerca de 1% apresente hepatite crônica (ÂNGELO et al.,2007; BRASIL,2007).

A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS) é uma doença

progressiva, que pode levar à destruição do sistema imunológico, e caracterizada

por infecção crônica cujo agente etiológico é o vírus da imunodeficiência humana

(HIV). As vias de transmissão podem ser sexual, sangüínea e vertical. A transmissão

vertical pode ser congênita (transmissão do vírus da mãe para o filho durante a

gravidez), perinatal (transmissão do vírus da mãe para o filho durante o parto) ou

pós- natal (através do aleitamento). Outra via é a ocupacional, que pode ocorrer por

acidente com material perfuro cortante ou exposição da mucosa a sangue

contaminado. O período de incubação pode variar de 2 a 4 semanas, com a

ocorrência da soroconversão seguida de uma fase assintomática por meses ou

anos. Estudos prospectivos em todo o mundo indicam que o risco médio de infecção

por HIV depois de uma única exposição percutânea por sangue contaminado é de

0,3% (variando de 0,2% - 0,5%). Após uma exposição de membranas mucosas dos

olhos, nariz ou boca, o risco é aproximadamente 0,1%. Na fase sintomática, os

sintomas podem ser: febre, linfadenopatia, mialgia, artralgia, dor de garganta,

hepatoesplenomegalia e exantema maculopapular. É comum que as primeiras

manifestações clínicas da AIDS ocorram na cavidade bucal. Como não existe a

possibilidade de vacina a adoção das Precauções Padrão pelo profissional e sua

equipe é imprescindível para a prevenção da AIDS e de outras infecções

(ZENKNER, 2006; MATOS, 2006; BRASIL, 2000)

28

Na área de enfermagem, foi realizado estudo para determinar a prevalência de

acidentes com material perfurocortante, durante o período de estágio curricular, que

envolvia 45 alunos de graduação de uma universidade privada. Os dados

demonstraram a necessidade de se repensarem os conhecimentos ministrados

durante o curso sobre biossegurança, visando à adesão às Precauções Padrão

(higienização das mãos, uso adequado e indicado de EPI, vacinação completa para

hepatite B e descarte correto de materiais). Enfatiza-se, assim, a vacinação de todos

os alunos, a revisão do conhecimento sobre doenças passíveis de transmissão e a

adoção de condutas adequadas pós-acidentes que envolvem materiais perfuro-

cortantes (BRASIL, 2004a;OLIVEIRA; GONÇALVES, 2006).

Ramalho et al. (2004), Cavalcante et al. (2003), Rapparini (2006) definem acidente

como um evento não planejado e incontrolável, no qual a ação ou reação de um

objeto, substância, pessoa ou radiação resulta em lesão pessoal ou na probabilidade

de tal lesão, resultante da exposição ocupacional a fluidos biológicos, como sangue,

líquor, líquidos pleural, amniótico, pericárdico, ascítico, articular e secreções sexuais

em situações de atendimento por profissionais de assistência a saúde (PAS), e não

profissionais da saúde, como bombeiros, policiais, profissionais de limpeza em

serviços de saúde, cuidadores domiciliares, indivíduos em situação de atendimento

de saúde eventual.

Quanto aos tipos de acidentes, eles podem ser: perfurocortantes, quando ocorre a

penetração, na pele, de agulha ou vidraria contaminada com sangue ou outros

líquidos orgânicos potencialmente infectantes; de contato da mucosa ocular, oral e a

pele com solução de continuidade dermatite ou ferida aberta, com sangue, com

líquido orgânico com sangue visível ou outros líquidos orgânicos potencialmente

infectantes; de contato através da pele integra com sangue ou liquido orgânico com

sangue visível, ou outros líquidos orgânicos potencialmente infectantes, quando

devem ser observados o volume do sangue e a possibilidade de carga viral; e ainda

o acidente por mordedura humana (CAVALCANTE et al., 2003; RAPPARINI, 2006).

Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminantes

devem ser tratados como emergência médica, uma vez que, para atingir maior

eficácia, as intervenções para a profilaxia da infecção pelo HIV e hepatite B

29

necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente. No entanto, é

importante ressaltar que as medidas pós-exposição não são totalmente eficazes,

sendo necessário manter ações educativas preventivas permanentemente

(RIBEIRO, 2005; RAPPARINI, 2006; BRAGA, 2000; BIFFI et al., 2005).

É importante salientar também que os acidentes com exposição ocupacional a

patógenos veiculados pelo sangue não se restringem à infecção, uma vez que, a

cada ano, milhares de trabalhadores de saúde são afetados por trauma psicológico

ocasionado pela expectativa do resultado de exames. Além disso, muitos sofrem

alterações nas práticas sexuais, ficam submetidos a eventos adversos das drogas

profiláticas e são afetados no relacionamento social e familiar (CARDO, 1997;

AMARAL et al., 2005; AQUINO, 1996; MAZZILLI, 2003; VELOSO, 1999;

GUANDALINI,1999; ARAUJO et al., 2007).

Para diversos autores, aspectos multifatoriais podem estar associados à ocorrência

dos acidentes. No entanto, dentre os principais fatores estão àqueles relacionados

às inadequações da organização do trabalho, às práticas de trabalho adotadas, aos

materiais disponíveis, aos fatores pessoais, à desatenção, à pressa e ao

despreparo, aliados a condições de trabalho inadequadas que favorecem acidentes

(AMARAL et al., 2005; MARZIALE, 2003; MAZZILLI, 2003).

Ressalta-se a importância de se estabelecer uma política de informação efetiva

durante os cursos de saúde, com mecanismos de controle específicos no

acompanhamento do calendário de vacinação dos estudantes desde o seu ingresso

nas escolas médicas, tendo em vista os riscos a que estão submetidos. Essa

sugestão é feita mediante a evidência da baixa adesão constatada, associada aos

riscos envolvidos no exercício profissional e pelo alto índice de soroconversão

alcançado pela vacina alem do fornecimento da vacina gratuitamente, por intermédio

dos postos de saúde (BRASIL,2004a; CARNEIRO,2007;OLIVEIRA; GONÇALVES,

2006)

Atualmente, torna-se um desafio transformar biossegurança em ações, pela

diversidade de procedimentos realizados, pela complexidade e a própria dinâmica

dos serviços, mas é indiscutível que a capacitação nessa área é a melhor estratégia

30

diante dos riscos de incidentes, acidentes e doenças ocupacionais que

acompanham o dia a dia do estudante e do profissional de odontologia. Os agentes

biológicos são os principais geradores de insalubridade para os profissionais de

assistência à saúde, principalmente pelo fato de relevante número de pacientes

serem portadores assintomáticos, ou ainda estarem no período da janela

imunológica, que compreende o momento da inoculação do agente no organismo

até a formação de anticorpos, estando a doença ainda indetectável em sorologias.

Portanto, o diagnóstico e o mapeamento de riscos são considerados de importância

significativa para a formação do profissional (PAULA, 2003; CANINI et al., 2002).

Cabe, então, ressaltar a importância da vacinação anti-VHB anteriormente ao início

da atividade clínica. A partir dos anos 80, infecções ocupacionais pelo vírus da

hepatite B em profissionais da saúde têm declinado, devido ao uso da vacina e da

adesão às precauções padrão (PP). Para que a imunidade seja alcançada, é

necessário que sejam aplicadas as três doses preconizadas. Decorridos 30 dias da

última dose, é possível verificar a efetividade da soroconversão para o VHB

(BRASIL, 2000). Além de conferir imunidade contra a HB, essas vacinas protegem

indiretamente contra a infecção pelo vírus da Hepatite D e contra o hepatocarcinoma

(BIFFI et al., 2005).

Dados para estimar o risco ocupacional de infecção por VHC entre os profissionais

de saúde são escassos. Entretanto, os estudos sugerem que a presença dessa

infecção entre dentistas, cirurgiões e profissionais de saúde dos hospitais é similar à

da população em geral, entre 1 a 2%, ou aproximadamente 1 décimo da infecção

pelo HBV. Segundo Guandalini et al., (1999), há previsão de que o dentista que

atenda 20 pacientes por dia atenderá 1 portador de HCV a cada duas semanas.

Somente 5 a 10% dos portadores do HCV apresentam sintomatologia. A forma

aguda da doença (5 a 10% dos casos) apresenta como sintomas icterícia, colúria,

acolia fecal, hiporexia, astenia e febre, além de alterações nos índices de bilirrubina

e aminotransferases. Na forma crônica, os sintomas mais encontrados são o

cansaço fácil e a adinamia, enquanto as aminotransferases apresentam-se elevadas

e oscilantes. Cerca de 20 a 30% dos pacientes infectados conseguem a cura, ao

passo que outros desenvolvem rapidamente hepatite crônica de grau severo e

cirrose nos primeiros anos.

31

A hepatite C é considerada, atualmente, como um dos mais importantes problemas

de saúde pública por apresentar elevado percentual de pessoas que evoluem para a

forma crônica da doença e alta prevalência entre os doadores de sangue. Existem

no mundo, mais de 170 milhões de pessoas infectadas com o vírus da Hepatite C,

que é da família Hepacivirus. A doença apresenta período de incubação de 6 a 8

semanas, sendo potenciais formas de transmissão, a partir da fonte, o contato

domiciliar, a exposição ocupacional, a transfusão de sangue, uso de drogas

injetáveis, tratamentos dialíticos além da atividade sexual (ZENKNER, 2006;

BRAGA, 2000).

2.3 – Precauções Padrão (PP) e Procedimentos Pós-Exposição

Em 1987, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), estabeleceu as

Precauções Universais, definidas como um conjunto de precauções para prevenir a

exposição dos trabalhadores dos serviços de saúde a patógenos transmitidos pelo

sangue e que estavam associadas somente aos fluidos corporais que pudessem

transmitir o HIV e outros patógenos de transmissão sangüínea. Essas medidas

incluem a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), com a finalidade

de reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluidos corpóreos, e os cuidados

específicos recomendados para manipulação e descarte de perfurocortantes

contaminados por material orgânico. Em 1996, as Precauções Universais foram

atualizadas e reformuladas pelo CDC, recebendo a denominação de Precauções

Padrão- PP, incorporando princípios de isolamento das substâncias corporais, sendo

aplicadas ao contato com sangue, excreções e secreções (exceto suor),

independentemente de conterem sangue visível. Como, na atividade odontológica, a

saliva sempre foi considerada um material potencialmente infectante, não existe

diferença prática entre Precauções Universais e Precauções Padrão, já que ambas

incluem o uso de equipamentos de proteção individual (luvas, jaleco, óculos de

proteção, máscara e gorro), a fim de prevenir o contato da pele e de membranas

mucosas com material biológico, observando-se sempre que todo paciente deve ser

considerado potencialmente fonte contaminante, independentemente do diagnóstico

definido ou presumido (GARCIA ; BLANCK, 2006; RAPPARINI, 2006; CDC,1987;

CDC,1996 ).

32

O Ministério da Saúde, em 2000, reafirmou a importância da adoção das medidas de

Precaução Padrão (PP), definidas e editadas pelo Center of Disease Control (CDC).

São elas: higienização das mãos; uso de EPIs; cuidados com artigos e

equipamentos; controle ambiental; cuidados com roupas nos Serviços de

Assistência à Saúde - SAS; manuseio adequado de perfurocortantes; acomodação

do paciente; precauções respiratórias para gotículas; precaução respiratória para

aerossóis; precaução de contato e imunização do profissional. O controle de

infecção deve obedecer a princípios básicos: os profissionais devem adotar

medidas para proteger a sua saúde e a da sua equipe; evitar contato direto com

matéria orgânica através da utilização de barreiras protetoras; limitar a propagação

de microrganismos, preparando adequadamente o ambiente de trabalho; e devem

tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies, além do cuidado

com o instrumental (BRASIL,2000 ; MELO, 2005).

Medidas que envolvem prevenção, minimização e eliminação de riscos inerentes às

atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação

de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio

ambiente ou da qualidade dos trabalhos, devem ser implantadas e implementadas

nos ambientes de trabalho (RIBEIRO, 2005; TEIXEIRA; VALE, 1996; COSTA;

COSTA, 2007).

Além da utilização das Precauções Padrão (PP), encontram-se disponíveis, no

mercado, dispositivos de segurança projetados com a finalidade de minimizar a

ocorrência dos acidentes com perfurocortantes, tais como: sistemas sem agulhas,

sistemas de agulhas retráteis e protetores de agulhas (MARZIALE, 2003).

Embora a adesão às Precauções Padrão (PP) e o uso rotineiro de barreiras

apropriadas assegurem proteção contra a maioria dos microorganismos, ainda

assim os trabalhadores da saúde estão expostos a risco de acidentes que têm como

conseqüência a exposição durante o trabalho a fluidos corpóreos e a sangue

potencialmente contaminado. Situações de acidentes perfurocortantes e o

atendimento de pacientes sabidamente HIV e (ou) VHB positivos nem sempre

estiveram associados ao uso adequado dos equipamentos de proteção individual e à

vacinação contra a hepatite B (MARTINS et al., 2004).

33

A redução dos acidentes de trabalho, a capacitação dos trabalhadores de forma

continuada, a informação dos riscos inerentes ao processo de trabalho, além da

imunização e da distribuição dos EPI compatíveis com os riscos, estão definidas na

NR-32 como responsabilidade do empregador. Para se proteger das ações

deletérias, bem como da transmissão de agentes bacterianos e virais, a chamada

infecção cruzada, os profissionais de saúde têm o dever de utilizar os Equipamentos

de Proteção Individual (EPI) (TEIXEIRA; VALE, 1996).

As luvas, por exemplo, reduzem a incidência de contaminação das mãos com

sangue e outros fluidos, mas não podem evitar a penetração de agulhas e de outros

instrumentos perfuro cortantes. As máscaras, os protetores faciais e os óculos

reduzem a incidência de contaminação das membranas mucosas da boca, dos olhos

e do nariz. Os calçados fechados são recomendados para a proteção dos pés em

locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante (BRASIL,

2006a).

Os estudos sobre acidentes com risco biológico existentes no Brasil referem-se a

programas específicos, realizados em hospitais universitários e em outros serviços

de saúde de forma individualizada, a partir de protocolos elaborados nas próprias

instituições. No Brasil, os dados sobre acidentes de trabalho e doenças associadas

ao trabalho são escassos e referem-se a situações em outros países. A

subnotificação dos acidentes no Brasil é um complicador para a pesquisa para as

intervenções sobre o problema (BRAGA, 2000; CAIXETA; BRANCO, 2005; CANINI,

et al., 2002). O Ministério da Saúde, através da Coordenação do Programa Nacional

de DST/AIDS, elaborou e divulgou o fluxo a ser seguido pelos profissionais de saúde

frente ao acidente, que deve ser do conhecimento de todos os profissionais de

saúde.

Em pesquisa realizada sobre a produção científica brasileira que focaliza o tema

Saúde e Trabalho, não há significativa referência à categoria dos cirurgiões-

dentistas, suas exposições ocupacionais e acidentes, mesmo sabendo-se que a

prática odontológica impõe o contato com sangue e outros fluidos corpóreos, que é

praticada no espaço exíguo da cavidade bucal, com ferramentas ruidosas como

34

turbina de alta rotação, além da exposição a outros fatores determinantes ou

condicionantes de fadiga e estresse, o que torna esses profissionais vulneráveis a

acidentes com perfurocortantes e exposição a agentes biológicos, físicos e químicos

(RIBEIRO, 2005).

2.4 – A biossegurança no processo de formação de profissionais de saúde

A academia investe no graduando para que, durante a sua formação, adquira

competência para executar um procedimento esperado em seu exercício

profissional, mas não é dada a mesma ênfase à prática do controle de infecção,

especialmente no que se refere à sua proteção (TIPPLE, 2002). As Instituições de

Ensino Superior têm papel primordial na prevenção e controle das doenças

imunopreveníveis, pois é durante a formação acadêmica que se fundamentam

conceitos e é construído o conhecimento (SANTOS et al., 2006), o qual é

fundamental e tende a ser aplicado e repetido pelo trabalhador, quando inserido no

mercado de trabalho (AZAMBUJA et al., 2004). Os egressos devem ter “construída a

compreensão dos aspectos teóricos e práticos da prevenção e controle das

infecções relacionadas aos serviços de assistência à saúde, pois constituirão

elementos de uma atuação profissional coerente” (MELO, 2005; SANTOS et al.,

2006). A preparação dos profissionais para a atuação em saúde acontece de forma

sistemática durante a formação acadêmica, através de base teórica e prática

profissional no estágio curricular. E assim, durante a construção desse

conhecimento, surge uma grande preocupação com o graduando, motivada pela

maior susceptibilidade ao acidente de trabalho com material biológico, devido à sua

condição de aprendizagem, limitada destreza e iniciativa, nesse período de

desenvolvimento de habilidades (OLIVEIRA ; GONÇALVES, 2006).

Araujo et al. (2007), avaliando a ocorrência da subnotificação de acidentes

biológicos envolvendo amostra com 207 estudantes de instituição de ensino

odontológico, que já desenvolviam atividade clínica constatou que 16,9% referiam

ter sofrido acidentes, totalizando 46 exposições durante o ano. Entretanto, apenas

14 deles notificaram à Comissão de Biossegurança. Dentre as razões citadas na

ocorrência das exposições, observaram-se: 27,5% por instrumento defeituoso, 20%

por realizarem o procedimento com pressa, 17,5% por treinamento insuficiente, 10%

35

não seguiram protocolo de atendimento clínico. Quanto aos motivos para a não

notificação das exposições, verificou-se que 42,9% consideraram a exposição

tecidual pequena, 28,5% relataram que o instrumento “estava limpo“, 17,9% não

sabiam o que fazer, 7,1% consideraram o paciente de baixo risco, e 3,6% afirmaram

que o protocolo era extenso. Embora a legislação estabeleça que o acidente de

trabalho que envolve material biológico constitui evento de notificação compulsória,

publicação posterior do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN

não contemplava ainda a notificação de tais agravos (BRASIL, 2004 c).

Silva et al., (2002), buscando conhecer a compreensão dos alunos dos cursos de

graduação da área de saúde acerca do uso de equipamentos de proteção individual

(EPI) e avaliando a contribuição do curso na formação do aluno sobre o uso de tais

equipamentos, realizou um estudo com os alunos do último ano ou semestre dos

cursos da área da saúde em Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado de

Goiás. Verificou que a maioria dos alunos afirmou usar os equipamentos de

proteção individual (EPI) rotineiramente em suas atividades práticas, embora fosse

identificada uma baixa adesão e uma inadequação ao uso de luvas e óculos

protetores. Verificou-se, ainda, que várias disciplinas, ao longo da graduação,

abordavam a temática de forma pontual e descontextualizada, o que indica

fragilidade no processo ensino-aprendizagem nas IES quanto à construção do

conhecimento sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

Em 2004, foi realizado um trabalho envolvendo 209 estudantes da Universidade

Federal da Bahia, cursando o primeiro e o último período, dos cursos de

Odontologia, Medicina e Enfermagem, que teve por objetivo avaliar os

conhecimentos, atitudes e comportamentos frente aos riscos ocupacionais dos

profissionais de saúde em relação à Hepatite B. Em resposta ao questionário

aplicado, a grande maioria relatou que a Hepatite B é uma doença comum e que não

é fatal. Sobre como proceder em caso de exposição acidental envolvendo paciente

contaminado pelo VHB, surgiram respostas como lavar o local, vacinar-se após o

acidente, ou nada fazer por já ser vacinado, entre estudantes dos três cursos.

Menos de ¼ dos alunos de todos os cursos de saúde, ao entrarem na universidade

são vacinados contra Hepatite B (SANTOS, 2004).

36

Carneiro (2007), em estudo realizado com estudantes do Curso de Odontologia de

Instituição Federal de Ensino, identificou que, apesar de os estudantes

demonstrarem conhecimento sobre a doença hepatite B, não se observa uma

atitude preventiva frente à mesma, pois 48,25% dos acadêmicos indicaram um

esquema incompleto de vacinação e 6,11% afirmaram nunca ter recebido a vacina.

Ainda não é possível avaliar com exatidão o número de profissionais da Odontologia

que foram expostos a agentes biológicos em mucosa, pele íntegra ou não íntegra,

ou sofreram lesão com instrumentos perfurocortantes, devido à baixa notificação de

acidentes. Não se estabeleceu ainda no Brasil, de forma eficiente, nenhum sistema

de vigilância de acidentes de trabalho com material biológico (RAPARINI, 2006;

SASSI; FEIJÓ, 2004). Mesmo doenças imunopreviníveis, com possibilidade de

imunização através de imunobiológicos disponíveis, se constituem em fator de

exposição para os graduandos da área de saúde por conta da não utilização dos

mesmos.

TIPPLE (2002), ao investigar o estado vacinal de alunos de Odontologia da

Universidade de Goiânia, encontrou um elevado percentual de adesão às vacinas

que integram o esquema preconizado para a infância. Contudo, chamava a atenção

o fato de 6,4% desses alunos não se referirem à imunização anti-hepatite B, embora

tenha sido implantada, na Faculdade, uma campanha de vacinação, após o ingresso

desses alunos. Nesse mesmo estudo, identificou-se ainda que a hepatite B não é a

doença infecto-contagiosa mais preocupante para os graduandos, sendo citada por

58,0%, enquanto a AIDS foi referida por 91,1%.

A obrigatoriedade de apresentar o cartão de vacinação no ato da matrícula é uma

estratégia citada por vários autores para garantir o estado vacinal adequado dos

graduandos, no entanto, não existe o cumprimento na maioria das instituições

formadoras da portaria 597 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004a).

Estudos posteriores à Portaria M.S Nº 597 demonstraram que, quanto à proteção

contra a hepatite B, quando abordamos estudantes dos cursos de Medicina,

Odontologia e Enfermagem da UFPE, 49,0% dos entrevistados haviam recebido a

vacina anti-hepatite B; 32,4% afirmaram não ter recebido e 18,5% não sabiam

37

informar, ou seja, 51,0% dos estudantes estavam com baixo nível de proteção e com

risco aumentado de possibilidade de adquirirem a infecção (SANTOS, 2006)

Em estudo que avaliou conhecimento, atitude, comportamento e prática em relação

ao risco de exposição ocupacional ao HIV entre estudantes, professores e

funcionários e a utilização das Precauções Padrão nas práticas clínicas, os

resultados demonstraram deficiência em conhecimento, principalmente nos

primeiros períodos da prática clínica. Observou-se a superestimação dos riscos de

transmissão do HIV. Em relação às Precauções Padrão o conhecimento foi

significativamente maior no grupo mais próximo da formatura (p>0,01), e a

disposição em atender aos pacientes com Aids melhorou, considerando os alunos

concluintes A população avaliada apresenta elevado risco de exposição a material

biológico, e cerca de um terço tem baixo nível de conhecimento das medidas de

biossegurança, apesar de fazer uso delas (MIRANZI, 2003) .

Estudantes de Odontologia da Universidade do Paraná quando entrevistados sobre

a ocorrência de exposição a material biológico durante o atendimento ao paciente,

descarte ou lavagem de instrumentos, demonstraram que elevado percentual de

alunos já havia se acidentado em algum momento do processo de trabalho, o que

reforça que os cirurgiões-dentistas estão expostos a risco elevado de acidentes com

instrumentos perfurocortantes durante ou após procedimentos realizados em

pacientes (YOUNAI, 1996; SANTOS; PELOGGIA, 2002). O acidente com material

biológico traz conseqüências mediatas, e na maioria das vezes, não limita

imediatamente a capacidade produtiva. Entretanto, repercussões psicossociais,

mudança nas relações sociais, familiares e no trabalho, são significativas. Torna-se,

portanto, necessária a notificação do acidente com material biológico e a adoção de

medidas como acompanhamento psicológico, monitoramento sorológico e

orientação quanto à conduta sexual. A preocupação e o medo dos estudantes e

trabalhadores da saúde de adquirirem a AIDS, Hepatite B e C, por conta dos

acidentes com materiais perfurocortantes e da exposição a fluidos biológicos tem

contribuído para o aumento do registro do acidente na Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar (CCIH) (CAVALCANTE et al., 2003).

38

Matos (2006), em estudo para avaliar a atitude dos cirurgiões-dentistas do município

de Salvador (BA) frente ao atendimento de pacientes portadores do Vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV), bem como do conhecimento desses profissionais

acerca da probabilidade de contaminação e dos cuidados primários após acidente

com instrumento perfuro cortante e sangue contaminado pelo HIV, verificou que

46,9% dos profissionais afirmaram não saber o que fazer frente ao acidente

perfurocortante e sangue contaminado por HIV; 43% responderam incorretamente e

apenas 8,8% responderam corretamente.

A profilaxia pós-exposição a material biológico e a realidade do acompanhamento

também são pouco conhecidos. Desconhece-se a incidência real da infecção pelo

HIV adquirido no exercício da profissão. Outro fato relevante é que os estudos têm

demonstrado que a subnotificação dos acidentes com material biológico é

extremamente elevada, próxima de 50% (SASSI; FEIJÓ, 2004).

Levantamento de dados sobre acidentes ocorridos com material biológico

notificados até 2002 em Goiânia (GO), em todos os hospitais com mais de 50 leitos

e que possuem programa de atendimento e acompanhamento ao profissional

acidentado com material biológico, demonstrou que o paciente-fonte era conhecido

em 685 (71,4%) registros. O teste rápido para HIV foi realizado em 442 (46,0%)

fontes. Dos profissionais acidentados, 205 (21,4%) procuraram por atendimento num

período que variou de 24 horas até meses após o acidente, demonstrando uma

despreocupação desses profissionais em notificar e iniciar o acompanhamento o

mais rápido possível. A quimioprofilaxia para HIV foi indicada para 190 (19,8%)

profissionais que se acidentaram. E o esquema antirretroviral mais utilizado foi o

esquema padrão (AZT + 3TC), preconizado pelo Ministério da Saúde. Apesar da

indicação, 02 (0,2%) profissionais acidentados com material biológico se recusaram

a usar o esquema recomendado. Há maior preocupação por parte dos acidentados

em realizar as sorologias para HIV, HBV e HCV somente no momento do acidente,

já que a adesão à realização dos exames, nesse momento, foi maior, se comparado

aos demais momentos preconizados para o acompanhamento pós-exposição. Vale

ressaltar a ausência de inúmeros dados nos prontuários analisados. Fica evidente,

nos resultados, que ainda há certo descaso e despreocupação com a notificação e o

acompanhamento dos profissionais acidentados (MATOS, 2006).

39

Belei et al. (2001), avaliando o impacto do acidente com material biológico entre

alunos e profissionais de um Hospital Universitário no Paraná, relata que, em

relação às condições de segurança no trabalho, na unidade onde ocorreu o

acidente, 17 (85%) responderam existir segurança no trabalho, mas 18 (90%)

acidentados relataram que não estavam disponíveis os equipamentos de proteção

individual.

O impacto da incidência de doenças tem gerado, nos profissionais e alunos da área

da saúde, uma grande preocupação com a ocorrência de acidentes com material

biológico, levando a sentimentos de medo e estresse, por conta de as doenças

trazerem estigma, preconceito e impossibilidade de tratamento. Os profissionais e

alunos que participaram da pesquisa sobre o “Impacto do Acidente com Material

Biológico na vida de profissionais e alunos em Hospital Universitário”, que foram

acidentados e atendidos no Pronto-Socorro de um Hospital Escola Público, referiram

como reação emocional o sentimento de preocupação, que pode estar relacionado

com os conhecimentos adquiridos sobre os riscos que o acidente proporciona

(BELEI et al., 2001).

Estudo realizado com cirurgiões-dentistas aponta o uso de EPI de forma

significativa. Observou-se que 93% usam máscaras; 55,8%, jaleco; 67,4%, óculos

de proteção; 52%, gorro e também fornecem ao ACD os devidos EPI (GARCIA;

BLANK, 2006).

Tipple et al. (2003) refere que hoje, no Brasil, o aluno recém-ingresso num curso

superior, na área da saúde, não recebe conhecimento específico das competências

profissionais que compõem o perfil esperado desse profissional. Conceitualmente,

formação significa o ato, efeito ou modo de formar; maneira pela qual se constitui

uma mentalidade, um caráter ou um conhecimento profissional. Nesse sentido, as

práticas atuais de controle de infecção são também o reflexo da formação dos

respectivos profissionais. E esse não parece ser um problema apenas em nosso

país.

40

Machado et al. (1992), afirma que de acordo com as notificações de acidentes

ocupacionais que envolvem agente biológico entre os diversos profissionais de

saúde, registros apontam os auxiliares de enfermagem como os mais acometidos,

com 52,8% dos casos. Em relação aos acidentes de trabalho em Odontologia, eles

são freqüentes, embora a notificação que envolve cirurgiões-dentistas seja pouco

significativa nas estatísticas que se apresentam. É preciso entender que os

acidentes com material biológico ocorrem muito mais vezes entre alunos e

cirurgiões-dentistas do que se apresenta notificado (AMARAL et al.; RIBEIRO, 2005;

SHIMIZU; RIBEIRO, 2002; COSTA; COSTA, 2007). Outro dado nacional importante

está relacionado à taxa de abandono dos profissionais que inicialmente procuraram

assistência e notificaram seus acidentes. Levantamento realizado por hospital

público de ensino em São Paulo aponta para uma taxa de abandono de 45% em 326

acidentes notificados. Com o objetivo de recuperar esses profissionais para término

de seguimento, a instituição convocou, através de cartas e telefonemas, os

“faltosos”. O retorno desses profissionais ao acompanhamento correspondeu a um

total de 30%, sendo que os telefonemas conseguiram recuperar um maior número

(VARKULJA, 2002).

Araújo et al. (2007), em estudo que avaliou a subnotificação de acidentes biológicos

em estudantes de instituição de ensino odontológico no sul do país, concluiu que é

necessário aprimorar as informações sobre a importância da notificação e do

protocolo após acidentes biológicos, visando à redução do risco da transmissão de

doenças infecciosas na odontologia.

Os riscos de acidentes com material biológico existem em todas as unidades de

saúde. É fundamental a participação dos profissionais e alunos em treinamentos

para atualização sobre as normas de biossegurança (BELEI et al. 2001)

Portanto, este trabalho pretende contribuir para subsidiar medidas de intervenção,

como a ampliação de serviços de referência para assistir aos trabalhadores

expostos a fatores de risco, além de produzir informação para que as instituições de

ensino incluam a Saúde do Trabalhador e Biossegurança como conteúdos

obrigatórios no curso de graduação em Odontologia.

41

3 OBJETIVOS

Mensurar a ocorrência de acidentes de trabalho entre estudantes de

Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior.

Avaliar o estado vacinal dos estudantes para prevenção de Hepatite B,

Tétano, Gripe, Sarampo, Caxumba, Rubéola, Difteria e Tuberculose.

Verificar o nível de conhecimento dos estudantes em relação a fatores

biológicos, vulnerabilidade a doenças, aspectos da biossegurança, exposição

ocupacional, acidente de trabalho e atitudes frente à ocorrência de acidente.

Identificar potenciais fatores associados à ocorrência de acidentes no âmbito

das disciplinas clínicas.

4 METODOLOGIA

O estudo foi realizado em Instituição Federal de Ensino Superior, que abriga um dos

dois primeiros cursos de Odontologia do país, criado em 25 de outubro de 1884.

Desde 1958 o curso funciona no atual prédio, edificação vertical, que apresenta uma

estrutura complexa, onde se praticam atividades acadêmicas e assistenciais, de

forma interdependente em um mesmo espaço físico. Dispõe de capacidade

instalada de 166 consultórios odontológicos, laboratórios didáticos e de pesquisa,

laboratório de experimentação animal, biblioteca, anfiteatros, salas de aula, serviços

de apoio diagnóstico, como o centro de radiologia e o laboratório de patologia

cirúrgica, serviço de urgência, um centro cirúrgico, um centro de laser e a Bebê

Clínica. São acolhidos em média 500 pacientes/dia através do Sistema Único de

Saúde (SUS). De acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC 50/2002 e

a Resolução - RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, legislação sanitária definida

para edificações de estabelecimentos de saúde do Ministério da Saúde/ ANVISA ,

reconhece-se a necessidade de muitas adequações.Tratando-se de uma estrutura

de mais de 50 anos com histórica insuficiência de recursos para sua manutenção,

são evidentes os limites para a implantação de novas rotinas em pleno acordo com a

legislação, mas nada se constitui em obstáculo intransponível ou impedimento para

a garantia da qualidade do ensino, a qualidade da atenção e a prática da

biossegurança.

42

Este é um estudo descritivo e exploratório, envolvendo os estudantes matriculados

entre o quarto e o décimo primeiro semestres, portanto, iniciantes na prática clínica e

também os que estão numa etapa do curso em que já atuam no atendimento integral

a pacientes.

A coleta de dados baseou-se na aplicação de questionário semi-estruturado, auto-

aplicável, elaborado especificamente para este estudo. Realizou-se previamente o

pré-teste do instrumento, incorporando-se as mudanças consideradas necessárias.

O questionário foi organizado em quatro seções temáticas, cujo conteúdo engloba:

dados de identificação e sociodemográficos; situação vacinal; aspectos de

biossegurança; exposição ocupacional, acidente de trabalho e atitudes pós-acidente.

Após a identificação, junto ao Colegiado de Curso, das disciplinas clínicas e dos

semestres letivos em que são ministradas, verificou-se a existência de 345 alunos

matriculados no período do quarto ao décimo primeiro semestre. Através de visitas

às disciplinas identificadas, os alunos foram informados sobre os objetivos da

pesquisa e receberam o questionário e o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido. Considerando o caráter voluntário da participação, foi estabelecido um

prazo para a devolução dos questionários preenchidos, preservando-se a identidade

do participante mediante utilização de número de identificação.

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E ACADÊMICOS:

Idade em anos, com a inclusão da data de nascimento.

Sexo masculino, feminino.

Grupo étnico: Amarelo, Branco, Indígena, Negro, Pardo.

Ano/semestre de ingresso na Universidade

Semestre em curso.

Disciplinas clínicas que já cursou ou está cursando.

SITUAÇÃO VACINAL:

Em relação às doses recebidas das vacinas contra Hepatite B, Anatoxi

Tetânica, Difteria,Sarampo,BCG, influenza,SABIN.

Sorologia pós-vacinal contra Hepatite B (Anti-HBs)

Quem orientou quanto a realização da sorologia (Anti-HBs)

43

ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA

Utilização das Precauções Padrão-PP

Uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs

EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO

Reconhecimento do respingo de saliva e a exposição a fluidos corpóreos como acidente.

Vulnerabilidade a doenças durante as atividades práticas que envolvem o atendimento de pacientes.

Doenças passíveis de serem adquiridas via infecção cruzada em Odontologia: Herpes simples, Tuberculose, AIDS, Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Tétano, Sífilis, Sarampo, Doença Meningocócica, Rubéola, Gripe.

Ocorrência, freqüência, circunstância, gravidade e tipo de acidente.

Disciplina onde correu o acidente

Procedimentos adotados pós-acidente Notificação do acidente Encaminhamento para o serviço de referência Quem encaminhou para o serviço de referência Razão do não encaminhamento Conhecimento dos Protocolos Pós-Exposição Ocupacional Fatores que influenciaram para a ocorrência do acidente: Desatenção; Avaria do EPI (luvas, máscara); Pressa; Pressão do Professor; Insegurança; Falta de condições de trabalho (área física).

Após estruturação e limpeza da base de dados, procedeu-se à análise descritiva das

varáveis de interesse, obtendo-se as freqüências simples das variáveis categoriais e

medidas de tendência central e de dispersão das variáveis contínuas.

Exploratoriamente foram observadas as ocorrências de acidentes de acordo com as

variáveis selecionadas, analisando-se as diferenças entre as categorias através do

teste do qui-quadrado.

44

Dessa forma, buscou-se caracterizar a população do estudo e descrever: a situação

vacinal; o nível de conhecimento do graduando sobre aspectos da biossegurança; e

a ocorrência de acidentes e circunstâncias em que ocorreram. Além disso, tratou-se

de identificar potenciais fatores associados à ocorrência de acidentes.

5 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi desenvolvido em conformidade com a Resolução no 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 1996) e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia,

sob protocolo de nº CAAE 00031.0.368.000-7FR 159822.

45

6 RESULTADOS

Após a conclusão da coleta dos dados, dos 345 questionários distribuídos entre os

estudantes matriculados do 4º ao 11º semestre, foram devolvidos 186 questionários

preenchidos, o que representa 53,9% do total. Observou-se que as atividades

diárias dos alunos entre aulas e estágio, repercutiram em baixa agilidade quanto à

devolução dos questionários preenchidos assim como foi possível perceber que

embora demonstrassem interesse pelo tema, o mesmo não determinava rapidez ou

compromisso na devolução do instrumento.

A idade média da população de estudo foi de 22,8 anos (DP=2,26), com mediana

igual a 23, idade mínima de 19 e máxima de 33 anos. Um percentual de 65,1% dos

estudantes tinha até 24 anos. Prevaleceram também o sexo feminino (61.8%) e a

cor da pele parda (58,8%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior Salvador – BA, 2008. (n=186) Variáveis

n

%

Idade (anos) (n=186) < 24 121 65,1 >= 24 65 34,9 Sexo (n=186) Masculino 71 38,2 Feminino 115 61,8 Grupo Étnico (n=181) Negro 13 7,2 Pardo 92 50,8 Branco 71 39,2 Outros 5 2,8

Quanto à distribuição da população de estudo de acordo com o semestre em curso,

verificou-se que 60% dos estudantes estavam entre o 8º e 11º semestre (Gráfico 1).

46

Gráfico 1 - Distribuição dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, de acordo com o semestre em curso Salvador – BA, 2008. (n=186)

Dados relativos à imunoprofilaxia e (ou) situação vacinal dos estudantes estão

apresentados na Tabela 2.

Quando questionados sobre doses recebidas de vacina anti-hepatite B, 83,8% da

população estudada referiu estado vacinal incompleto. Apenas 14,6% dos alunos

afirmam ter completado o esquema vacinal e ainda há estudantes (1,6%) que não

receberam nenhuma dose da vacina. A realização do Anti-HBs foi referida por 58,6%

dos graduandos. Embora se observe alto percentual de indivíduos que não

realizaram a sorologia Anti-HBs, quando perguntados se teriam sido orientados a

fazê-lo, 84,9% responderam afirmativamente. A vacina anatoxi tetânica apresentou

quadro semelhante ao da vacina anti-hepatite B em relação à baixa cobertura

vacinal, identificando-se que 61,4% estão inadequadamente vacinados e 10,4%

informaram não ter tomado nenhuma dose. A vacina contra gripe apresentou

equilíbrio entre as respostas, com um quadro de 49,2% imunizados. Quanto à

tríplice viral 84,6% referiram estar vacinados. A vacina associada dT, dupla adulto,

que previne tétano e difteria concomitantemente, apresentou um percentual de

estudantes com o esquema vacinal completo de apenas 24,8%. Mesmo a vacina

47

BCG ou bacilo de Calmette-Guérin, que é utilizada em regiões do mundo onde a

tuberculose é endêmica e aplicada em tenra idade, apresentou um percentual de

18,1% de não vacinados. (Tabela 2).

Tabela 2 - Situação vacinal dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior Salvador – BA, 2008. (n=186)

Variáveis

n

%

Doses Anti-hepatite B (n=184)* Nenhuma 3 1,6 Incompleta 154 83,8 Completa 27 14,6 Sorologia Anti-HBs (n=181)* Sim 106 58,6 Não 75 41,4 Orientação quanto à sorologia (n=186) Sim 158 84,9 Não 28 15,1 Doses Anatoxi tetânica (n=163)* Nenhuma 17 10,4 Incompleta 100 61,4 Completa 46 28,2 Vacina contra gripe (n=185)* Sim 91 49,2 Não 94 50,8 Tríplice viral (n=175)* Sim 148 84,6 Não 27 15,4 Difteria tétano (DT) (n=161)* Nenhuma 33 20,5 Incompleta 88 54,7 Completa 40 24,8 BCG (n=177)* Sim 145 81,9 Não 32 18,1

*Desconhecimento dos alunos sobre sua situação vacinal.

48

Sobre os aspectos de biossegurança, quando indagados quais os itens que eles

consideravam precauções padrão em Odontologia, houve uma grande variação em

relação a cada medida de proteção. O uso de equipamento de proteção individual

(EPI) foi considerado precaução padrão por 99,45% dos alunos; lavar as mãos antes

e após o contato com paciente, por 83,06%; manipular cuidadosamente

perfurocortantes, por 98,91%; não reencapar ou entortar agulhas por 75,96%;

transferir material sobre superfície segura e firme durante o trabalho por 81,42%;

utilizar os recipientes de descarte no limite de segurança preconizado e colocá-los

em local adequado por 93,44%; e destinar adequadamente os resíduos por 93,44%

(Gráfico 2). Ao assinalarem se consideravam todas as medidas citadas como

precaução-padrão em odontologia, apenas 74,4% dos estudantes responderam

afirmativamente.

Gráfico 2 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior relativas aos itens considerados precauções-padrão na prática odontológica Salvador – BA, 2008. (n=186).

Quanto aos EPI utilizados durante as práticas ambulatoriais na Faculdade, a

máscara e o gorro foram os mais citados com o mesmo percentual de 98,38%;

49

seguidos de luvas (96,2%); jaleco ou avental (95,7%); óculos (89,7%); sapato

fechado (20,0%); e visor facial (1,08%).

Questionados sobre aspectos relativos a exposições ocupacionais presentes na

prática odontológica, 67,6% consideraram respingo de saliva em qualquer superfície

do corpo, durante as práticas no ambulatório, como exposição ocupacional ou

acidente de trabalho. Quanto a outros fluidos corpóreos sem perda de integridade da

pele 52,2% responderam afirmativamente e 83,2% dos alunos afirmaram que se

consideram vulneráveis à contaminação durante a atividade clínica (Tabela 3).

Tabela 3 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à exposição ocupacional na prática odontológica. Salvador – BA, 2008. (n=186)

Variáveis

n

%

Respingo de saliva (n=182) Sim 123 67,6 Não 59 32,4 Fluidos corpóreos (n=182) Sim 95 52,2 Não 87 47,8 Adquirir doenças (n=184) Sim 153 83,2 Não 31 16,8

Foram consideradas pelos estudantes doenças passíveis de transmissão no

consultório odontológico: hepatite B (97,1%), AIDS (92,0%), tuberculose (79,4%),

herpes (78,3%), gripe (78,0%) e hepatite C (69,7%). Em menor escala, aparecem

também sífilis (39.2%), sarampo (33,5%), tétano (33,5%), rubéola (32,8%), meningite

(32.2%) e doença de Chagas (5,7%) (Gráfico 3).

50

Gráfico 3 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a doenças passíveis de transmissão na prática odontológica. Salvador – BA, 2008. (n=186).

Sobre a ocorrência de acidentes durante a prática na Faculdade, dos 131

estudantes que responderam à questão, 37% o fizeram afirmativamente (Gráfico 4).

Destes (n=67), 60,0% referiram ter sofrido um único acidente e os demais (40,0%)

dois ou mais (Gráfico 4).

Gráfico 4 - Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador – BA, 2008. (n=186).

51

Entre os 67 alunos que sofreram algum tipo de acidente, 48,4% referiram a

ocorrência de perfuração. Em seguida, foram citados respingo de sangue ou saliva

em pele sem ferida (46,9%); corte em extremidade superior e respingo de sangue ou

saliva nos olhos (14,0%); mordedura de pacientes (10,9%); respingo de sangue ou

saliva na boca (4,7%); respingo de sangue ou saliva em pele com dermatite e em

pele com ferida (1,56%); e outros (3,13%) (Gráfico 5).

Gráfico 5 - Tipos de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador - BA, 2008. (n=67).

Dos acidentes sofridos, foram considerados pelos estudantes como mais graves:

perfuração (42,1%); respingo na pele sem ferida (21,0%); corte (15,8%); mordedura

de paciente e respingo na conjuntiva (10,53%) e respingo em mucosa (5,3%). As

demais alternativas como respingo em pele com ferida e respingo em pele com

dermatite, não foram citadas.

Os acidentes ocorreram com maior freqüência no momento do atendimento ao

paciente (72,1%) (Tabela 4). Considerando as disciplinas onde ocorreram os

52

acidentes, as cinco mais citadas foram: Clínica Integrada (25,7%); Periodontia

(24,2%); Cariologia (13,6%); Cirurgia (12,1%); e Prótese Fixa (7,6%), sendo que

outras foram citadas em menor proporção. Dos alunos que se referiram a acidentes,

a maioria (57,0%) desconsiderou a necessidade da notificação. Daqueles que

notificaram o acidente (43,1%), 80,8% o fizeram ao professor da disciplina; em

segundo lugar aparece a Comissão de Biossegurança da Faculdade (11,5%). O

encaminhamento ao serviço de referência ocorreu em 32,7% dos casos (Tabela 4),

sendo que 64,3% desses foram encaminhados pelo professor da disciplina, 28,6%

pela Comissão de Biossegurança e 7,1% pela direção da Faculdade. As razões

referidas para o não encaminhamento foram: desconhecimento do professor sobre o

que fazer (44,1%); o aluno não considerou necessário (35,3%); o professor não

considerou necessário (14,7%); e em 5,9% dos casos o aluno desconhecia o que

fazer (Tabela 4).

Tabela 4 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a circunstâncias dos acidentes, notificação e encaminhamento. Salvador – BA, 2008. (n=67).

Variáveis

n=67

%

Circunstância (n=61)

Atendendo 44 72,2 Lavando instrumental 10 16,4 Acondicionando instrumental 1 1,6 Outros 6 9,8

Notificação (n=65)

Sim 28 43,1 Não 37 56,9

Instância notificadora (n=26)

Professor 21 80,9 Diretor 1 3,8 Comissão de Biosegurança 3 11,5 Outra 1 3,8

Encaminhamento ao serviço de referência (n=52)

Sim 17 32,7 Não 35 67,3

53

A desatenção foi considerada pelos alunos a maior responsável pela ocorrência do

acidente (48,5%), seguida da pressa (25,8%), da falta de condições de trabalho

(16,7%), de avaria de equipamento e insegurança (15,1%), de pressão do professor

(10,6%) e outras (19,7%) (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Respostas de estudantes do 4o ao 11osemestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à percepção das causas dos acidentes. Salvador – BA, 2008. (n=67).

Dos alunos que referiram ter sofrido acidente, a grande maioria (90,6%) afirmou que,

após o mesmo, introduziu mudanças na sua forma de trabalhar.

O desconhecimento sobre os protocolos pós-exposição ocupacional foi assumido

por 56,3% dos estudantes, embora a maioria (65,9%) tivesse respondido

corretamente a questão relativa ao tempo ideal para a tomada de decisão após o

acidente (Tabela 5).

54

Tabela 5 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a conhecimento dos protocolos pós-exposição ocupacional. Salvador – BA, 2008. (n=67).

Variáveis

n

%

Conhecimento dos protocolos (n=151) Sim 66 43,7 Não 85 56,3 Tempo preconizado para adoção de providências (n=129)

Ideal (2 horas) 85 65,9 3 horas 6 4,7 Até 24 horas 35 27,1 Mais de 24 horas 3 2,3

Quando se analisou a ocorrência de acidentes de acordo com determinadas

variáveis de interesse, observou-se uma diferença estatisticamente significante

(p<0,0010) na ocorrência de acidentes em relação ao semestre em curso, sendo

eles mais freqüentes entre os alunos do 8o ao 11o semestre (61,1%). Para as demais

variáveis, não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes (Tabela 6).

55

Tabela 6 - Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, de acordo com variáveis de interesse. Salvador – BA, 2008. (n=186).

Variáveis

Acidente Sim Não

n=67 % n=114 % p-valor Idade (anos) 0,4571 < 24 41 35,0 76 65,0 >= 24 26 40,6 38 59,4 Sexo 0,0617 Masculino 20 28,6 50 71,4 Feminino 47 42,3 64 57,7 Grupo Étnico 0,7186 Negro 4 30,8 9 69,2 Pardo 38 41,8 53 58,2 Branco 23 33,3 46 66,7 Outros 1 33,3 2 66,7 Semestre em curso < 0,001 4º ao 7º 23 21,1 86 78,9 8º ao 11º 44 61,1 28 38,9 Doses Anti-hepatite B 0,9199 Nenhuma 1 33,3 2 66,7 Incompleta 8 33,3 16 66,7 Completa 57 37,5 95 62,5 Sorologia Anti-Hbs 0,6156 Sim 40 38,8 63 61,2 Não 26 35,1 48 64,9 EPI 1,000 Completo - - 1 100,0 Incompleto 67 37,2 113 62,8

56

7 DISCUSSÃO

Observou-se, no presente estudo, que a média de idade dos graduandos que

compuseram a amostra foi de 22,8 anos, com mediana igual a 23, idade mínima de

19 e máxima de 33 anos (DP= 2,26). Até 24 anos apresentou um percentual de

65,1% e maior ou igual a 24 anos de 34,9%. O gênero feminino representou a

maioria (61,8%) em uma amostra de 186 estudantes. Os achados quanto à

predominância do sexo feminino na amostra e idades dos alunos são concordantes

com os referidos por outros autores (ARAUJO et al. 2007; CARNEIRO, 2007;

RIBEIRO, 2005; ÂNGELO et at. 2007). Em relação à cor da pele, dos 181

graduandos que responderam a questão, 58,8% se reconhecem pardos, seguidos

de 39,2% de brancos, 7,2% de negros e 2,8% de amarelos ou índios. A variável

semestre em curso foi categorizada em intervalos, sendo observado que 40% estão

cursando do 4º ao 7º semestre e 60% dos alunos estão cursando do 8º ao 11º

semestre.

A imunização dos graduandos dentre outras medidas, é uma forma eficaz de

prevenção e controle das doenças ocupacionais decorrentes da exposição a

materiais biológicos. Buscando conhecer o estado vacinal dos alunos e também seu

conhecimento acerca das vacinas, questionou-se sobre doses de vacina anti-

hepatite B recebidas, e chamou atenção o fato de 83,6% da população estudada

apresentar estado vacinal incompleto (menos de 03 doses). Apenas 14% dos alunos

referiram esquema vacinal completo e há de se considerar a existência de alunos

que não receberam nenhuma dose da vacina (1,6%), o que os coloca sob risco de

contaminação.

Sabe-se que a vacinação anti-Hepatite B é a principal medida de prevenção pré-

exposição, com eficácia de aproximadamente 95%, não apresenta toxicidade e os

efeitos colaterais pós-vacinais se resumem a sintomas locais, como dor, e

sistêmicos, como febre, com pequena incidência de resposta alérgica, o que não

ultrapassa a 6% dos vacinados (RIBEIRO, 2004). É uma forma de prevenção

acessível e obrigatória para todos os profissionais de saúde

(OLIVEIRA;GONÇALVES et al., 2006).

57

Ângelo et al. (2007) relata trabalho envolvendo alunos de odontologia, com

percentual de 41,05% dos graduandos inadequadamente vacinados (menos de 03

doses) contra a hepatite B.

Oliveira et al, (2007), em estudo sobre a cobertura vacinal de profissionais de saúde

acidentados nos últimos 07 anos (1999-2006), apontou o percentual de 64,6% de

indivíduos vacinados contra hepatite B pré-exposição, o que mostra que a exposição

desnecessária não ocorre apenas com os indivíduos em formação e significa que

alunos e profissionais estão praticando a odontologia sem proteção específica para

Hepatite B.

No Brasil a preocupação com a imunização dos trabalhadores de saúde contra

hepatite B surgiu tardiamente e a vacinação nas instituições de ensino superior é

negligenciada pelos seus dirigentes (BELEI et al., 2001).

No estudo de TIPPLE (2002), foi observado que para 58,0% dos alunos de

odontologia, a hepatite B não é a doença mais preocupante, enquanto 91,1% têm

medo de AIDS. Santos (2004) também relata que alunos de vários cursos da área

de saúde de uma Instituição de Ensino Superior em Salvador consideraram que a

hepatite B é uma doença comum. Contudo, neste estudo, as respostas dos

graduandos sobre doenças passíveis de transmissão revelaram, de forma coerente,

as doenças, considerando a sua relevância na prática odontológica, e a AIDS não

apareceu como a mais transmissível por via ocupacional.

É preciso ainda considerar que, além de estar adequadamente vacinado contra a

hepatite B, existe a necessidade de se verificar a qualidade da resposta vacinal com

os testes sorológicos. Esse aspecto é fundamental, mas desconhecido para muitos

apontando para a fragilidade das informações no processo de formação profissional

pelas IES e impõe definições e estratégias imediatas para se alcançar índice de

cobertura ideal para as doenças imunopreveníveis.

Carneiro (2007) relata que, no âmbito da saúde pública, não se realiza

rotineiramente a sorologia, mas os testes sorológicos devem ser utilizados como

medida de proteção ocupacional dos grupos expostos a riscos. Neste estudo, a

58

realização do Anti-HBs foi relatada por 58,6% dos graduandos, enquanto 41,4% não

testaram a titulação de anticorpos pós-vacinal. Dados discordantes foram

encontrados por Ângelo et al. (2007). Entre os 50% dos alunos que diziam estar

vacinados contra a hepatite B, apenas 9,95% fizeram o exame para conhecer a soro

conversão, podendo estar, portanto, vulneráveis à doença. Embora os percentuais

referentes à não-realização do Anti-HBs tenham sido elevados e concordantes em

diversos trabalhos, quando se perguntou aos acadêmicos se eles foram orientados a

realizar a sorologia, 84,9% responderam que sim, e apenas 15,1% informaram não

estar devidamente orientados. As instituições formadoras e os órgãos de saúde

devem sensibilizar graduandos e profissionais para a melhoria da cobertura vacinal

e validação da imunidade.

Neste trabalho, a referência ou fonte de informação para o aluno sobre questões

relativas à imunização e teste de sorologia foi o professor (através de algumas

disciplinas e Comissão de Biossegurança), com 64,9% das indicações, seguido

pelos colegas de curso, 20,7%. Este é um dado positivo, quando o aluno passa a ser

o sujeito da ação pela credibilidade junto aos seus pares. A mídia foi mencionada

também como uma referência de informação, mas com um percentual pouco

expressivo para a sua abrangência. Santos (2006) também identificou em trabalho

realizado que as principais fontes de orientação citadas pelos alunos para a

realização da sorologia Anti-HBs foram os professores das disciplinas, o diretor da

Faculdade e os colegas. Outra concordância observou-se em Santos (2004), quando

avaliou conhecimentos, atitudes e comportamentos a respeito da hepatite B

envolvendo alunos dos cursos de odontologia, medicina e enfermagem da

Universidade Federal da Bahia, apenas 13,3% da população estudada referiram ter

recebido orientação sobre vacinas do professor ou da instituição onde estudavam.

A vacina anatoxi tetânica apresentou quadro semelhante ao da vacina anti-hepatite

B, em relação à baixa cobertura vacinal, identificando-se que 61,4% estão

inadequadamente vacinados; 28,2% indicam esquema completo e 10,4%

informaram não ter recebido nenhuma dose. A vacina associada dT, dupla adulto

bacteriana, que previne tétano e difteria concomitantemente, apresentou o maior

percentual de inadequadamente vacinados, com 54,7%, e os percentuais de não

vacinados e vacinados adequadamente foram, respectivamente, 20,5% e 24,8%. A

59

vacina contra gripe apresentou equilíbrio das respostas, com um quadro de 49,2%

imunizados e 50,8% de não imunizados.

A vacina conhecida como BCG ou bacilo de Calmette - Guérin apresenta

percentuais de vacinados neste estudo de 81,9% e de não vacinados 18,1%.

Considerando o cenário epidemiológico da tuberculose na Bahia, que, em 2002,

notificou 8.203 casos ou 30% do total do Nordeste (27.303 casos), os dados podem

revelar uma situação preocupante. Em estudo que envolveu estudantes de medicina

de uma universidade de Pernambuco. Santos (2006) também observou elevado

percentual de não imunizados contra tuberculose através de testes de reação de

sensibilidade. De 395 estudantes avaliados, apenas 5,0%, haviam recebido a vacina

BCG. Já no estudo de Tipple (2002), ela refere que, de 261 alunos investigados,

33,5% estavam vacinados com a BCG. Por se tratar de vacina aplicada quando os

indivíduos estão recém-nascidos pode ter ocorrido um viés de memória o que

implicou em uma falsa baixa cobertura.

Quanto aos aspectos da biossegurança, o que se observa, na maioria dos trabalhos

que envolvem alunos de cursos da área de saúde, especialmente de odontologia, é

que existe uma cumplicidade entre o risco e o graduando. Para Zenkner (2006),

faltam conhecimentos sobre medidas preventivas e identificação dos riscos para a

viabilização de propostas e recomendações quanto ao efetivo controle e à redução

dos agentes agressivos presentes nos locais de trabalho. No entanto, lavar as mãos

antes e após o contato com o paciente alcançou, neste estudo, um percentual de

83,06%, o que não é o ideal. Zenkner (2006), em estudo de observação em

ambulatório numa Instituição Federal de Ensino do Rio Grande do Sul, constatou

que a lavagem das mãos ocorreu de forma correta e antes do contato com o

paciente em apenas 0,8% dos alunos observados, e nenhum lavou ao término do

atendimento. Somente 3,25% lavaram as mãos antes de calçar as luvas, e a

porcentagem de alunos que realizaram esse procedimento após a retirada das luvas

é muito baixa e conduzida de maneira inadequada. Acredita-se que esse seja um

ponto crítico importante para um novo estudo a ser realizado a partir da observação

dos preceptores em ambulatórios didáticos de atendimento ao paciente.

60

O uso de EPIs, neste estudo, foi considerado como precaução-padrão (PP) por

99,45% dos acadêmicos; mas, quando indagados sobre quais dos EPIs utilizam

durante a prática no ambulatório, houve variação dos percentuais para cada item da

paramentação. Silva et al. (2002), Carneiro (2007) e Ribeiro (2005) informam que

existe uma baixa adesão aos EPIs e que nem sempre os alunos fazem uso de EPIs

durante as práticas, sendo o uso dos óculos de proteção e das luvas para lavagem

de material os mais negligenciados. Guandalini et al. (1997) salientam que os óculos

de proteção protegem os olhos de traumas, de substancias químicas e de

contaminação microbiana, devendo ser utilizados também pelo paciente durante

procedimentos. Para Shimizu ; Ribeiro (2002) a falta dos óculos expõe o graduando

a respingos e todos sabem disto, mas, não têm o cuidado de usa-lo.

Martins et al. (2004), em estudo com profissionais cirurgiões-dentistas, observou que

63 entre 284 dentistas (22%) informaram fazer uso do conjunto de EPIs em todos os

procedimentos. Esses resultados são concordantes com os achados deste trabalho

com alunos do 4º ao 11º semestre da graduação, indicando que, na vida

profissional, persiste a exposição ao risco pelo desconhecimento ou descaso. Tipple

(2002), em estudo para identificar o conhecimento de acadêmicos de odontologia

acerca das medidas básicas de controle de infecção, observou a fragilidade do

conhecimento e a necessidade de se intervir no processo de formação profissional

no que tange a esses aspectos. A consciência da importância do controle dos riscos

de acidentes, incidentes e doenças ocupacionais começa a se formar ainda na vida

acadêmica.

Sobre a ocorrência de acidentes, dos 131 alunos que responderam à questão (67),

37,0% foram afirmativos. Desse grupo, 42,1% relataram como tipo de acidente a

perfuração, e 60,0% afirmaram ter sofrido mais de um acidente. Mesmo sendo o

instrumental perfurocortante o mais citado como causador de acidentes, 24,04%

responderam que reencapam agulhas, o que contraria as normas preconizadas pelo

Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a).

Marziale (2003) afirma que 80% a 90% dos acidentes que ocorrem entre os

profissionais da saúde são por perfuração ou corte e o risco de transmissão de

infecção, através de uma agulha contaminada, é de um em três para Hepatite B, um

em trinta para Hepatite C e um em trezentos para HIV.

61

Ribeiro, (2005) apresentou dados que diferem desses resultados, quando relaciona

a exposição à pele íntegra como a de maior ocorrência, seguida de exposição em

mucosa e, por fim, acidente percutâneo.

O risco de contrair HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue

contaminado é de aproximadamente 0,3%, e de 0,09% em acidente de contato com

mucosa. O Ministério da Saúde do Brasil afirma, no entanto, que a possibilidade de

transmissão em acidente perfurocortante é de 0,05 a 0,1% (BRASIL,(2000). No caso

de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de

6% a 30%, podendo chegar até a 60%, dependendo do estado do paciente-fonte,

entre outros fatores. Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão

ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de

aproximadamente 1,8% (variando entre 0 a 7%) (SASSI; FEIJÓ, 2004).

Biffi et al. (2005) verificaram, em estudo que envolveu alunos de curso de

odontologia, que eles deram mais importância à saliva (82,6%) como contaminante

para a transmissão do HBV do que ao sangue (68,1%), demonstrando a

necessidade de se rever o conhecimento sobre os veiculadores de patógenos.

Amaral et al. (2005) e Ribeiro (2005) indicam que, para os graduandos de

odontologia, fluidos corpóreos, como o sangue, parecem fazer parte da prática

odontológica.

Ribeiro (2005), em estudo com alunos de odontologia do Paraná, apresentou dados

concordantes com este trabalho em relação ao percentual de acidentes entre as

mulheres. Marziale (2003) aponta que em estudo envolvendo profissionais de

enfermagem, foi observado que as mulheres também foram mais acidentadas. No

entanto, Araújo et al. (2007) não encontrou diferenças significantes entre os

gêneros.

Neste estudo, entre as disciplinas onde ocorreu o acidente, as mais citadas foram a

Clinica Integrada (25,7%), seguida da Periodontia (24,2%) e da Cariologia (13,6%).

Chama a atenção o fato de a Cariologia ser a terceira mais citada, mas é possível

que isso ocorra por ser essa a primeira disciplina clínica do curso, quando o aluno

inicia a prática junto ao paciente, apresentando ainda baixa destreza e habilidade no

manuseio do instrumental. Martins et al. (2004) afirmam que a habilidade no

62

manuseio do instrumental perfurocortante, quando desenvolvida pelo aluno ou

profissional, é um fator importante de proteção contra acidentes. Ribeiro (2005)

também refere que a Clinica Integrada e a Periodontia são mais citadas.

E quanto à circunstância do acidente, os estudantes apontaram que foi o momento

do atendimento ao paciente o mais freqüente (72,1%), seguido do momento da

lavagem do material (16,4%).

Santos ; Peloggia (2002), em estudo que envolveu cirurgiões-dentistas do Vale do

Paraíba, apresentam dados concordantes com este trabalho quanto ao tipo de

acidente, pois relatam ocorrências que envolvem brocas, agulhas ocas e

instrumentais de Periodontia como mais freqüentes, caracterizando acidente

perfurocortante. Entretanto, os autores apresentam dados discordantes quanto a

circunstancia do acidente, afirmando que “lavar material” (65,1%) foi a circunstância

mais citada.

Dos alunos que sofreram acidente, 57,0% desconsideraram a necessidade de

notificar a ocorrência e, dos 43,1% que notificaram 80,8% o fizeram ao professor da

disciplina, seguido da Comissão de Biossegurança da Faculdade (11,5%), instância

que começa a ser identificada como de acolhimento no momento da exposição. Dos

encaminhamentos realizados (32,7%), elevado percentual foi conduzido pelos

professores das disciplinas (64,3%). Das razões citadas para o não

encaminhamento, foram as mais relevantes o desconhecimento do professor quanto

às medidas a serem adotadas pós-exposição e o desconhecimento do próprio aluno.

A notificação de acidentes é um grande desafio para o Sistema de Saúde e

particularmente, para a saúde do trabalhador. O exercício da notificação deve ser

iniciado na academia, com a democratização das informações, para se tornar uma

atitude na vida profissional. A subnotificação é reconhecida por vários autores, como

Araújo et al. (2007) e Canini et al. (2002).

Ângelo et al. (2007), em estudo avaliando o conhecimento e práticas de alunos de

odontologia de uma Instituição de Ensino Superior também verificou que entre os 39

alunos que referiram ter sofrido acidente (33,3%), 17(43,6%) realizaram profilaxia

pós-exposição.

63

Existem várias razões para a subnotificação como: desconhecimento; por considerar

o protocolo muito demorado e extenso para avaliação do acidente; ser a lesão

pequena; o paciente ser de baixo risco, etc. Contudo, a principal razão é a

fragilidade do conhecimento, com a ausência de dados de notificação de acidentes

para a área de saúde, o que dificulta a realização de intervenções capazes de

prevenir novos acidentes e, segundo Martins et al. (2004), de analisar as

circunstâncias do acidente.

A subnotificação de acidentes é preocupante e tem sido alvo de vários estudos.

Segundo Canini et al. (2002) a principal causa desta situação é considerar a lesão

pequena e sem importância (53,1%), seguida do desconhecimento referente ao

dever de comunicar o evento (36,8%).No Brasil, a escassez de dados

sistematizados sobre acidentes ocupacionais envolvendo material biológico e, mais

especificamente, material perfurocortante, não nos permite conhecer a magnitude

desse problema, dificultando, assim, a implementação e a avaliação das medidas

preventivas.

Quanto às razões que levaram ao acidente, a desatenção foi a mais apontada pelos

alunos neste trabalho (48,5%); a falta de condições de trabalho aparece em 3º lugar

(16,7%). Araújo et al. (2007), Santos ; Peloggia (2002) afirmam que desatenção,

pressa, pouca habilidade na manipulação do instrumental, avaria de EPI e cansaço

são os maiores facilitadores do acidente. Zenkner (2006) e Tipple (2002) indicam

que a adequação da estrutura física, práticas ergonômicas, recursos materiais e

humanos colaboram para reduzir os riscos ocupacionais e que a estrutura física e os

recursos materiais e humanos quando não existentes exercem influência como

fatores dificultadores ao controle de infecção e ao seu ensino.

Em relação ao protocolo a ser cumprido pós-exposição, neste estudo, 56,3% dos

alunos disseram não conhecê-lo, mas a maioria respondeu corretamente (65,9%) a

questão relativa ao tempo de duas horas para a adoção das medidas profiláticas,

sendo a situação ideal realizar todo o protocolo na primeira hora. O Ministério da

Saúde (2004b) refere que estudos em animais sugerem que a quimioprofilaxia não é

eficaz quando iniciada entre 24 e 48 horas após a exposição. Há estudos

64

demonstrando que o uso profilático de Zidovudina resultou em redução de 79% do

risco de soroconversão após acidente (BELEI et al., 2001; BRASIL, 2006b).

As condutas pós-exposição incluem os cuidados locais imediatos: tratamento e

acompanhamento. As lesões percutâneas e cutâneas devem ser lavadas

exaustivamente com água e sabão devendo-se evitar a utilização de soluções

irritantes como éter, hipoclorito ou glutaraldeído. Nas exposições de mucosas deve-

se lavar com água ou com solução fisiológica. A utilização da gamaglobulina

Hiperimune (HBIG), deve, quando necessária para profilaxia da hepatite B, ser

utilizada imediatamente. Quanto mais precoce a utilização melhor eficácia, podendo

ser aplicada dentro do período de 24 a 48 horas pós-exposição. Quanto à hepatite C

não existem medidas profiláticas como vacina na pré-exposição ou medicamentos

na pós-exposição. Em relação ao HIV também não existe ainda vacina contra a

doença, e este fato reforça a necessidade de aplicar as precauções padrão na

prática junto ao paciente (MARZIALE, 2003; BRASIL, 2006b).

A análise da ocorrência do acidente, de acordo com determinadas variáveis de

interesse, é contraditória com o esperado. Demonstra que o aluno concluinte no

processo de formação profissional não está apto a tomar decisões frente à

exposição ocupacional, considerando-se que os acidentes ocorreram com maior

freqüência (p<0,001) entre os alunos do 8o ao 11o semestre. Podemos analisar que

os alunos já se consideram seguros na prática clínica e negligenciam as precações

padrão e também como eles estão a mais tempo cursando disciplinas clínicas pelo

caráter cumulativo apresentaram mais exposições.

Os resultados deste estudo devem ser analisados com a devida parcimônia. Há de

se considerar a utilização de desenho transversal e análise eminentemente

descritiva. O número de estudantes que responderam o questionário, frente ao

esperado, foi limitado embora aceitável, considerando-se a natureza do objeto. Além

disso, a estratégia de coleta de dados utilizada, mediante questionário auto-

aplicável, pode ter introduzido vieses de informação, evidenciando inconsistências

que determinaram uma significativa perda de informação.

65

Há de se considerar, todavia, que este é um tema relevante e ainda incipiente na

literatura. Nesses casos, estudos descritivos têm grande potencial como geradores

de hipóteses. Além disso, vale ressaltar que os resultados poderão contribuir na

condução de mudanças nas práticas e rotinas da instituição e subsidiar as IES para

um processo de transformação na formação dos alunos, com o olhar da

interdisciplinaridade, pela preservação da vida e não só voltado para as inovações e

tecnologias.

8 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

No momento, mesmo considerando alguns avanços referidos, ainda é um grande

desafio a inserção da biossegurança como conhecimento interdisciplinar que

envolve a percepção da prevenção como uma atitude na formação dos profissionais.

A partir da Lei n. 8.975, de 5 de janeiro de 1995, que criou a Comissão Técnica

Nacional de Biossegurança (CTNBio), o termo biossegurança abrange também as

questões que envolvem meio ambiente e à biotecnologia e não está direcionada

apenas a área de saúde, mas não se observa o mesmo tratamento para as distintas

áreas principalmente iniciativas governamentais em relação a saúde dos

trabalhadores e a segurança no ambiente de trabalho em saúde (CAIXETA;

BRANCO, 2005).

É uma nova ciência e, por não ser um conhecimento isolado deve permear todo

conteúdo curricular dos alunos, sendo necessário que os educadores passem a

aplicar os princípios da biossegurança como referência para o educando. Tipple,

(2002) refere que uma disciplina única não dará conta deste trabalho. O processo de

educação para as competências, nessa área, exige acompanhamento do aluno,

discussão constante sobre atitudes e comportamentos de risco.

A estrutura física, administrativa e de funcionamento de uma instituição tem relação

com o trabalho nela desenvolvido. Quando essa estrutura não é adequada às

práticas, passam a ser operacionalizadas de forma improvisada, o que facilita a

exposição. O Estado legislador e fiscalizador deve ser também o estado cumpridor

da legislação, no sentido de prover e promover condições adequadas para o ensino,

66

cumprindo normas e resoluções que dizem respeito a questões sanitárias, que são

facilitadoras quando atendidas do controle da infecção.

As IES, devem cumprir o seu papel, oferecendo ao graduando todo o saber para sua

formação profissional, mas não deve priorizar apenas a visão tecnicista, o olhar deve

estar atento às questões da prevenção e do controle de infecção. Deve-se cumprir a

portaria 597/96, e implantar a obrigatoriedade da caderneta vacinal, com o objetivo

de alcançar coberturas adequadas para os alunos, já que a maioria das doenças

passíveis de transmissão no consultório odontológico são também imunopreviníveis.

Os resultados do trabalho reforçam a importância de envidar esforços para elevar a

a cobertura vacinal no grupo estudado. A implementação de campanhas divulgando

o conhecimento sobre o tema, contribuirá para a sensibilização e conscientização

dos graduandos quanto a necessidade de desenvolver práticas seguras já que nos

deparamos ainda com doenças que não são passiveis de proteção através da

vacinação sendo as Precauções Padrão imprescindíveis.

67

REFERÊNCIAS

AMARAL, S.A. et al. Acidentes com material perfurocortante entre profisionais de saúde em hospital privado de Vitória da Conquista - BA. Sitientibus, Feira de Santana, n.33, p.101-114, jul./dez. 2005.

AMORIM, K.P.C. et al. The construction of knowledge in Dentistry: the scientific production of three Brazilian magazines from 1990 to 2004.Interface: Comunicação, Saúde , Educ., v.11, n.21, p.9-23, jan. - abr. 2007.

ÂNGELO,A.R.;QUIROGA,A.S.;GONÇALVES,L.F.Fernandes.;SANTOS,S.D.dos.; SOARES,M.S.M.; SOUZA, C.D.S.de . Hepatite b: conhecimento e pratica dos alunos de odontologia da UFPB. João Pessoa. Pesq.Bras.Odontoped.Clin.Integrada.v.7 n.3 p.211-216; set.-dez. 2007.

AQUINO,J.D. de. Considerações críticas sobre a metodologia de coleta e obtenção de dados de acidentes no Brasil. 116 f. 1996. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - Departamento de Administração, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/teses_conteudo.asp?retorno=135> Acesso em: 17 jun. 2007.

ARAÚJO T.M.; SOUZA, R.A.; CHAGAS, I.J.; HERDY, A.C.; GRAÇA, C.E.P. Avaliação da subnotificação de acidentes biológicos em estudantes de instituição de ensino odontológico . Braz Oral Res, v.21(Supl. 1) n.31 Rio Grande do Sul, 2007

AZAMBUJA, E.P; PIRES, D.P; VAZ, M.R.C. Prevenção e controle de infecção hospitalar: as interfaces com o processo de formação do trabalhador. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.13, n. especial, p. 79-86, 2004.

BELEI, R.A et al.O impacto do acidente com material biológico na vida de profissionais e alunos e um hospital universitário.Espaço para a saúde. Brasília,v.2 n.2, p.1-17,jun.2001.

BIFFI ,J.C.G. ; FARIA ,R. A. de ; OLIVEIRA,D. A. de. Hepatite B: uma realidade na odontologia.2005.Disponível em : <http://www.propp.ufu.br/revistaeletronica/edição2005/vida2005/vida2005/hepatite.PDF> Acesso em 17 jun. 2007.

BRAGA, D. Acidente de trabalho com material biológico em trabalhadores da equipe de enfermagem do Centro de Pesquisas Hospital Evandro Chagas. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2000. 75 p.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal,1988.

BRASIL. Lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

68

serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm > Acesso em: 17 jun. 2007. ‘

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria n. 597, de 8 de abril de 2004. Institui em todo o território nacional os calendários de imunização de crianças, adolescentes, adultos e idosos, visando o controle, eliminação e erradicação das doenças imunopreveníveis por intermédio do Programa Nacional de Imunizações, vinculado ao Departamento de Vigilância Epidemiológica – DEVEP, da Secretaria de Vigilância em Saúde. Subsecretária de Informações. Brasília. 2004 a. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-597.htm> Acesso em: 26 maio 2006

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com material biológico. Brasília, DF, 2004 b. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/04_0408_M.pdf >. Acesso em: 16 jun. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.777, de 28 de abril de 2004. Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde – SUS. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 abr. 2004 c. Disponível em: <htttp://www.anamt.org.br/dowloads/portaria _777.pdf> Acesso em: 16 jun. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília, DF, 2006 a. (Serie A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_1156_M.pdf%20 > Acesso em: 16 jun. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde.Coordenação Nacional de DST e aids. Manual de Condutas em Exposição Ocupacional a material biológico.Brasília: Ministério da Saúde, 2006 b. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Controle de infecções e a prática odontológica em tempos de AIDS: manual de condutas. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego – Mtbe. Portaria n. 485/2005. Norma Regulamentadora (NR32). 2005.

BREVIDELLI, M.M.; CIANCIARULLO, T.I. Aplicação do modelo de crenças em saúde na prevenção dos acidentes com agulha. Florianópolis - Santa Catarina. Rev. Saúde Pública. v.35 n.2 p. 193-201. São Paulo, abr. 2001.

69

CAIXETA, R. B.; BRANCO, A. B. Acidente de trabalho, com material biológico, em profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal. Brasil, 2002/2003. Cadernos de Saúde Pública. v. 21, n. 3, p.737-746,Rio de Janeiro, maio-jun. 2005. Disponível em: <www.medicina.ufmg.br/dmps/saudetrab.htm - 17k> Acesso em 03 ago. 2006

CANINI, S.R.M.da S. et al. Acidentes perfuro cortantes entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário do interior paulista. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v.10, n.2, p.172-178. Ribeirão Pret, SP, mar. - abr. 2002. Disponível em: <www.eerp.usp.br/relae > Acesso em 05 jul. 2007.

CARDO D. M. et al. A case-control study of HIV seroconversion in health care workers after percutaneous exposure. New Engl Med Journal of Medicine. 1997; Massachusetts; v. 33, n..21, p.1485-1490.

CARNEIRO, G.G.V.S. Prevalência presumível, cobertura vacinal, conhecimentos e atitudes a respeito da hepatite B dos graduandos de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007.

CAVALCANTE, N. J. F.; MONTEIRO, A. L. C.; BARBIERI, D. D. Atualidades em DST/AIDS: Biossegurança. 2. ed. revisada e ampliada; Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo: São Paulo, 2003.

Centers for Disease Control and Prevention . Recommendations for the prevention of HIV transmission in health-care setting. MMWR, 36(Suppl.2s):9s-11s,1987.

Centers for Disease Control and Prevention .PROVISIONAL Public Health Services Recommendations for Chemioprophilaxis after occupational exposure to HIV. Morbity and Mortality Weekley Report , Atlanta, 45(22):468-472,june 1996.

Centers for Disease Control and Prevention. Recommendations for follow-up of health-care workers after occupational exposure to hepatitis C virus. MMWR 1993; 42(RR-8):1-12

COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B. Educação em Biosegurança : contribuições pedagógicas para a formação profissional em saúde. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Fundação Osvaldo Cruz. Rio de Janeiro. 2007.

GARCIA, L.P.; BLANK, V.L.G. Prevalência de exposições ocupacionais de cirurgiões-dentistas e auxiliares de consultório dentário a material biológico. Cad. Saúde Pública, jan. 2006, v.22, n.1, p.97-108, Rio de Janeiro.

GUANDALINI, S.L.; MELO, N.S.Fº., SANTOS, E.C.P. Biossegurança em Odontologia. Curitiba: Odontec, 1999.

INFECTOLOGIA HOJE. Riscos biológicos e segurança dos profissionais de saúde. Boletim de Atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia, ano 1, n. 2, p.1-2,

70

São Paulo, jan. - mar. 2006 . Disponível em: <www.infectologia.org.br> . Acesso em: 17 maio 2007.

MACHADO, G.L.; KATHER, J.M.Estudo do controle da infecção cruzada utilizada pelos cirurgiões-dentistas de Taubaté/The Study Of The Cross Infection Control Used By The Dentists From Taubaté . Rev. Biociênc.,Taubaté, SP, v.8, n.1, p.37-44, jan.-jun.2002.

MACHADO, A. A.; COSTA, João Carlos da; GIR, Elucir; MOTIYA, Tokiko Murakawa; FIGUEIREDO, José Fernando de Castro. Risco de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em profissionais da saúde. Rev. Saúde Pública, v..26 n.1, São Paulo Fev. 1992.

MARTINS, A.M.E. de B.L. et al. Acidentes de trabalho com instrumentos perfuro cortantes entre cirurgiões dentistas. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho. Belo Horizonte, v.2, n. 4 p., 267-274, out. - dez. 2004.

MARZIALE, M.H.P. Subnotificação de acidentes com perfurocortante na enfermagem. Brasília - DF. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 56 n. 2, p.121-122, mar. - abr. 2003. Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7167&lng=es> . Acesso em : 05 maio 2007. MATOS, R.S. Atitude do cirurgião dentista frente ao atendimento de pacientes HIV positivos em Salvador. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Odontologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.

MAZZILLI, L.E.N. Odontologia do Trabalho, Dentistry of the work. Säo Paulo; Ed. Santos; 2003. 207 p.

MELO D.S. Adesão dos enfermeiros as precauções padrão à luz do modelo de crenças em saúde. 2005.191 p. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2005.

MENDES, R. and DIAS, E.C. da,. Medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Rev. Saúde Pública, out. 1991, v.25, n.5, p.341-349.

MIRANZI, M.A.S. Conhecimentos, atitudes e práticas frente a exposição ocupacional ao HIV entre estudantes, docentes e funcionários do curso de Odontologia da Universidade de Uberaba. 2003. Tese (Doutorado)- Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2003. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000316759> Acesso em: 12 abr. 2007. OLIVEIRA AC, Gonçalves JA. Acidentes com material biológico entre os profissionais de Saúde: uma análise da cobertura vacinal para hepatite b no Cenário brasileiro com material biológico entre profissionais Rev. Enf. UFPE On Line 2007; 1(1):82-87.

71

OLIVEIRA, I.M. de. Acidentes nas mãos em profissionais de saúde. 2006. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/CTN/frmRelacaoRegistros.asp?D=CTN> Acesso em: 29 jul. 2007.

PAULA, N.V.K. Diagnóstico de biossegurança em clínica odontológica da Universidade Paranaense - UNIPAR. 103 f. Dissertação (Mestrado) Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003.

RAMALHO, M.; MONTEIRO, A. L C; SANTOS, N. J S,.Redução de uso de anti-retrovirais para profilaxia pós-exposição após publicação do novo consenso do Ministério da Saúde. BEPA. abr. 2004, ano1, n. 4. Disponível em : <http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa_menu.htm> . Acesso em: 26 jun. 2006.

RAPPARINI, C.. Riscos profissionais. Riscos biológicos e profissionais de saúde: hepatite B . 2006. Disponível em: <www.riscobiologico.org > Acesso em 20 jun. 2006.

RIBEIRO, M.de A. Avaliação da necessidade de implantação de normas e rotinas de biossegurança para a qualificação dos estudantes do curso de Odontologia. Dissertação (Mestrado) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2004.

RIBEIRO, P.H.V. Acidentes com material biológico potencialmente contaminado em alunos do curso de Odontologia do interior do Estado do Paraná. 150 f. 2005. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2005.

ROBAZZI, M.L.C.;BARROS JUNIOR,J.C.. Proposta brasileira para os trabalhadores de normatização da saúde. São Paulo: Ciência y Enfermeria , ano 11, n.2, p. 11-15, 2005.

ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO,N.;.Epidemiologia & Saúde. 6. ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro: MEDSI, 2003, p.728.

SANTOS, A.L. D. A.. Conhecimentos, atitudes e comportamentos a respeito da hepatite B pelos alunos dos cursos de Odontologia, Medicina e Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. 2004. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2004.

SANTOS, L.F. ; PELOGGIA,M.C .Estudo sobre a ocorrência de acidentes do trabalho em acadêmicos de Odontologia.UFPR, Departamento de Odontologia de Taubaté. Rev. Biociênc.,Taubaté, SP, v.8, n.1, p.85-93, jan.- jun.2002.

SANTOS, S. de L.V. dos et al. O papel das instituições de ensino superior na prevenção das doenças imunopreveníveis.R.Eletr.Enf. Goiânia,v.8., n.1.,p.91-98, 2006.Disponível em:< http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_1/original_12.htm> Acesso em: 12 set.2007

72

SASSI, S. J. G. ; FEIJÓ, R. D. F. . Acidente com material biológico: o que há de prevenção. BEPA, ano 1, n.6, jun. 2004. Artigo baseado na palestra “Acidentes com Material Biológico: caminhando além da vigilância - O que há em termos de prevenção”, ministrada na X Reunião Científica Bimestral da Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar - APECIH realizada em novembro de 2003. Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa6_bio.htm> Acesso em: 12 set. 2007.

SHIMIZU, H.E.;RIBEIRO,E.J.G.Ocorrência de Acidente de Trabalho com materiais perfuro cortantes e fluidos biológicos em estudantes e trabalhadores de saúde de um hospital em Brasília São Paulo.R. Esc. Enferm.USP.v.36,n.4, p.367-375.,2002

SILVA, Paulo Eduardo Biancheti da. et al.,Avaliação da conduta de Biossegurança em Clinicas Odontológicas de Graduação .Departamento de Odontologia de Taubaté.Rev.Biociênc.,Taubaté,SP, v.8.n.1,p.45-52,jan.- jun.2002.

TEIXEIRA, P.; VALE, S. Biossegurança - uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1996.

TIPPLE, A.C.F.V. et al. O ensino do controle de infecção: um ensaio teórico-prático. Revista Latino-am. Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, v. 11., n. 2., p. 245-250, 2003

TIPPLE, A. F. V. As interfaces do controle de infecção em uma instituição de ensino odontológico. Revista Eletrônica de Enfermagem (on-line), v. 4, n. 1, p. 67, 2002. Resumo. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen

VARKULJA G.F et al. Abandono de seguimento de acidentes com exposição a fluidos biológicos: análise de fatores de risco e do impacto de dois métodos de convocação. In: VIII Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, 8., Curitiba. Anais . Curitiba: Associação Brasileira de Infecção Hospitalar; ABIH, 2002.

VELOSO.Trabalho apresentado na Mesa Redonda Riscos Ocupacionais da Equipe Médica, no XX Congresso da Associação Médica Fluminense, Niterói, RJ, 10-14 ago. 1999. Disponível em: <http://www.pbnet.com.br/openline/gvfranca/artigo_6.htm> Acesso em: 20 jul. 2007

YOUNAI, F.S. Post exposure protocol. Dent. Clin. North Am., Philadelphia, v.40, n.2, p.457-485, 1996. ZENKNER, C. de L.L.Proposta de gestão de riscos para o controle de infecção, a partir do diagnóstico de biossegurança, nas clínicas do curso de odontologia da UFSM. 2006. Dissertação (Mestrado) – Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2006.

73

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Informado e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

Rua Araújo Pinho, 62 – Canela CEP. 40.110.150 Salvador – Bahia

Tel. (071) 3283-8963/8964/8965; Fax 32838962

PESQUISA CIENTÍFICA

O ACIDENTE DE TRABALHO E A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL EM ODONTOLOGIA:

A PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA

Estamos desenvolvendo uma pesquisa com o objetivo de verificar o nível de conhecimento do estudante de Odontologia sobre exposição ocupacional a agentes biológicos infectantes e acidentes de trabalho, bem como sobre os procedimentos imediatos pós-acidente. Além disso, pretende-se estimar a ocorrência referida de acidentes de trabalho entre os estudantes, a subnotificação de acidentes e a cobertura vacinal. Nesse sentido, solicitamos a sua valiosa colaboração preenchendo o questionário em anexo. Os dados individuais não serão divulgados em nenhuma hipótese e os resultados da pesquisa ajudarão no delineamento de políticas de prevenção de acidentes e melhoria do processo de formação dos profissionais de Odontologia. Esclarecemos que a sua participação é decorrente de sua livre decisão após receber todas as informações que julgar necessárias.

Após ter sido informado (a) sobre as características da pesquisa “O acidente de trabalho e a exposição ocupacional em odontologia: a percepção do estudante de Odontologia”, ACEITO participar, respondendo o questionário.

____________________________________________________

Assinatura do participante

Em,...............de .......................de 2008.

PESQUISADORA: Rosangela Góes Rabelo R.Dr. Jose Peroba, 73 Costa Azul Salvador-Bahia CEP. 41760-310 Tel. (71) 3115-2030. ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Isabel Vianna Faculdade de Odontologia – UFBA Rua Araújo Pinho, 62 - Canela.

74

APÊNDICE B – Instrumento de Coleta de Dados

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

Rua Araújo Pinho, 62 – Canela CEP. 40.110.150 Salvador – Bahia

Tel. (071) 3283-8963/8964/8965; Fax 32838962

I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E ACADÊMICOS: 1. Idade em anos ............... 2. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 3. Grupo étnico: Amarelo ( ) Branco ( ) Indígena ( ) Negro ( ) Pardo ( ) 4. Ano/semestre de ingresso na Universidade:............... 5. Semestre em curso:................. 6. Disciplinas clínicas que já cursou ou está cursando: ........................................................................................................................................

II. SITUAÇÃO VACINAL: 1. Em relação a vacina Anti- Hepatite B quantas doses recebeu? (assinale apenas uma alternativa): Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Uma dose e esquema está em andamento ( ) Duas doses e esquema está em andamento ( ) 2. Após esquema vacinal, fez exame (Anti-HBs) para conhecer a sua resposta vacinal? Sim ( ) Não( ) 3. Se assinalou a alternativa SIM, responda: Só uma vez ( ) Mais de uma vez após a vacinação ( ) Semestralmente desde a vacinação ( ) 4. Se assinalou a alternativa NÃO, responda: Não sei onde fazer ( ) Desconheço a necessidade ( ) Outro motivo (especificar):................................. 5. Você foi orientado (a) no sentido de realizar a sorologia após a vacina? Sim ( ) Não ( )

6. Caso tenha sido orientado (a), qual a fonte da orientação: Colegas ( ) Disciplina da Faculdade ( ) Evento extra curricular ( ) Através da mídia ( ) Outra fonte. (especificar)............................................................................................ 7. Em relação à vacina Anatoxi Tetânica, quantas doses recebeu?

75

Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Outro :............................ Último reforço em: ..................................................... 8. Já tomou alguma vez a vacina contra Gripe? Sim ( ) Não ( ) A última vez que se vacinou foi em:............................ 9. Já tomou alguma vez a vacina Tríplice Viral? Sim ( ) Não ( ) A última vez que se vacinou foi em:............................ 10. Em relação à vacina Dupla Tipo Adulto – DT (Difteria e Tétano) quantas doses recebeu? Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Outro :............................ 11. Já tomou alguma vez a vacina BCG (contra a Tuberculose)? Sim ( ) Não ( ) III. ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA 1. Leia atentamente todas as alternativas, em seguida assinale com um X aquelas

que são consideradas Precauções Básicas na prática odontológica: ( ) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPIs; ( ) Lavar as mãos antes e após o contato com o paciente, e entre dois procedimentos realizados no mesmo paciente; ( ) Manipular cuidadosamente o material pérfuro-cortante; ( ) Não reencapar, entortar, quebrar ou retirar as agulhas das seringas; ( ) Transferir os materiais e artigos, durante o trabalho a quatro mãos, com toda a atenção e, sempre que possível, utilizando-se uma bandeja; ( ) Manter as caixas de descarte dispostas em locais visíveis e de fácil acesso e não preenchê-las acima do limite de 2/3 de sua capacidade total; ( ) Efetuar o transporte dos resíduos com cautela para evitar acidentes; Em síntese, responda: ( ) Todas as alternativas compreendem Precauções Básicas na prática odontológica. ( ) Nem todas as alternativas podem ser consideradas Precauções Básicas na prática odontológica. 2.Durante o atendimento ao paciente, costuma retirar anéis, pulseiras, relógios, etc.? Sim ( ) Não ( )

3. Cite os Equipamentos de Proteção Individual – EPIs que você utiliza na rotina do atendimento na Faculdade: ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

76

IV. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO 1. Considera respingo de saliva, em qualquer superfície do corpo, durante as práticas em ambulatório, uma exposição ocupacional ou acidente de trabalho? Sim ( ) Não ( ) 2. Você considera a exposição a fluidos corpóreos sem perda de integridade da pele, um acidente? Sim ( ) Não ( ) 3. Você se considera vulnerável a adquirir doenças durante as atividades práticas que envolvem o atendimento de pacientes? Sim ( ) Não ( )

4. Assinale as doenças listadas abaixo que considera passíveis de serem adquiridas via infecção cruzada em Odontologia: Herpes simples ( ) Tuberculose ( ) AIDS ( ) Hepatite B ( ) Hepatite C ( ) Doença de Chagas ( ) Tétano ( ) Sífilis ( ) Sarampo ( ) Doença Meningocócica ( ) Rubéola ( ) Gripe ( ) Outras (especificar):................................................................................................................... 5. Já se acidentou durante a rotina do atendimento na Faculdade? Sim ( ) Não ( )

6. Se respondeu afirmativamente a questão anterior, diga quantas vezes já se acidentou na Faculdade:

( ) Apenas uma vez ( ) Duas vezes ( ) Três vezes ( ) Mais de três vezes

7. Assinale o tipo de acidente que já sofreu (pode assinalar mais de uma alternativa se for o caso): ( ) Perfuração; ( ) Respingo de sangue ou saliva em mucosa (nariz,boca ); ( ) Respingo de sangue ou saliva em conjuntiva (olhos); ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele sem feridas; ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele com ferida; ( ) Corte em extremidade superior (mãos, dedos) ( ) Respingo em pele com dermatite; ( ) Mordedura de paciente durante o atendimento; ( ) Outro (especificar): .................................................................................................................................

8. Se sofreu mais de um acidente, indique o que considerou mais grave: ( ) Perfuração; ( ) Respingo de sangue ou saliva em mucosa (nariz,boca ); ( ) Respingo de sangue ou saliva em conjuntiva (olhos); ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele sem feridas;

77

( ) Respingo de sangue ou saliva em pele com ferida; ( ) Corte em extremidade superior (mãos, dedos) ( ) Respingo em pele com dermatite; ( ) Mordedura de paciente durante o atendimento; ( ) Outro (especificar): .................................................................................................................................

Responda as questões abaixo em relação ao acidente sofrido, se foi apenas um, ou em relação ao acidente considerado mais grave, se foi mais de um.

9. Especificar a circunstância do acidente: ( ) Atendendo o paciente; ( ) Lavando o material;

( ) Empacotando o material; ( )Outra (especificar):..................................................................................................

10.Em que disciplina aconteceu o acidente?.................................................................. 11.Qual o primeiro procedimento adotado por você imediatamente após o

acidente?...................................................................................................... 12. Notificou o acidente? Sim ( ) Não ( ) 13. Se notificou o acidente, a que instância? ( ) Professor(a) da disciplina; ( ) Direção da Faculdade; ( ) Comissão de Biossegurança; ( ) Outra (especificar):......................................................................................................................

14.Foi encaminhado ao Serviço de Referência? Sim ( ) Não ( ) 15. Se a resposta a questão 14 foi afirmativa, quem fez o encaminhamento? ( ) Professor(a) da disciplina; ( ) Direção da Faculdade; ( ) Comissão de Biossegurança; ( ) Outra (especificar):...................................................................................................................... 16. Se a resposta a questão 14 foi negativa, qual a razão? ( ) Meu desconhecimento sobre o fluxo de encaminhamento; ( ) Desconhecimento dos professores sobre o fluxo de encaminhamento; ( ) Não considerei necessário; ( ) O professor não considerou necessário;

( ) Outra (especificar):........................................................................................................ 17. Conhece os Protocolos Pós-Exposição Ocupacional? Sim ( ) Não ( )

78

18.Se respondeu afirmativamente a questão 17, descreva os procedimentos:................................................................................................................. ......................................................................................................................................... 19. Qual o tempo preconizado para a adoção das providencias após o acidente? 02 horas( ) 03 horas( ) até 24 horas( ) mais de 24 horas( )Em qualquer tempo( )

20. A que você atribui o acidente? ( ) Desatenção; ( ) Avaria do EPI (luvas, máscara); ( ) Pressa; ( ) Pressão do Professor; ( ) Insegurança; ( ) Falta de condições de trabalho ( área física); ( ) Outro (especificar):.................................................................................................................................. 21. Depois do acidente ocorreu mudança na forma de trabalho? Sim ( ) Não ( )

Obrigada!

79

ANEXO A - Parecer Comitê de Ética em Pesquisa