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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
ROSÂNGELA GÓES RABELO
OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA:
A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR
Salvador 2008
ROSÂNGELA GÓES RABELO
OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA:
A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Odontologia.
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Isabel Pereira Vianna
Salvador 2008
A474 Rabelo, Rosangela Goes
Ocorrência de acidentes de trabalho e Biossegurança em odontologia: A percepção dos estudantes de uma instituição federal de ensino superior/Rosangela Goes Rabelo.
Salvador, 2008. 79 f. Orientadora: Profª Drª Maria Isabel Pereira Vianna. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia.
Faculdade de Odontologia , 2008.
1. Ocorrência de acidentes de trabalho e biossegurança em odontologia: a percepção dos estudantes de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Rosangela Góes Rabelo. Salvador Rita. Universidade Federal da Bahia. III. Título.
CDU: 796
A Paulo Joary, companheiro de longa caminhada, incentivador
incansável, que sempre acredita nas minhas possibilidades
com convicção indiscutível, obrigada!
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelos desafios apresentados e o companheirismo e a coragem para enfrentá-los. À família, pela oportunidade de compartilhar caminhos. A todos, que além da escola formal colaboraram na construção do meu caráter e ética. Aos jovens colegas do Mestrado, pela convivência estimuladora na busca do novo. Aos meus colegas professores, que, durante esta caminhada foram solidários. Aos alunos, motivo especial para que este momento acontecesse. Aos pacientes, que se entregam e confiam a cada um de nós o alivio a suas dores. À Professora Isabel, que mesmo nos seus atribulados dias buscou orientar a construção deste trabalho.
Obrigada !
Os dias prósperos não vêm ao acaso; são granjeados, como searas,
com muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.
Camilo C. Branco
RESUMO
O objetivo deste estudo foi mensurar a ocorrência de acidentes de trabalho e avaliar a percepção do estudante do curso de Odontologia quanto aos riscos inerentes à prática com pacientes durante a sua formação profissional, a sua vulnerabilidade em relação a doenças infectocontagiosas e o conhecimento desses alunos sobre condutas a serem adotadas frente à exposição ocupacional e ao calendário vacinal. Trata-se de um estudo de corte transversal, descritivo, que envolveu 186 alunos do curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, matriculados em disciplinas clínicas do 4º ao 11º semestre. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário autoaplicável, mediante assinatura prévia de termo de consentimento livre e esclarecido. O questionário contemplava dados sociodemográficos, situação vacinal, aspectos da biossegurança, exposição ocupacional e acidente de trabalho. O banco de dados foi estruturado no programa Epi Info versão 2006 e os dados analisados por meio de estatística descritiva. Foram observados: baixa cobertura vacinal contra hepatite B (83,8%) e outras vacinas; conhecimento insuficiente e inadequado quanto ao cumprimento das precauções-padrão (62,8%); e elevada ocorrência de acidentes (37%). O semestre em curso foi o único fator associado à ocorrência de acidentes (p-valor<0,001). Em relação aos protocolos pós-exposição, 56% referiram não ter conhecimento, embora 65,9% reconheçam que as medidas devem ser adotadas nas primeiras 02 horas. Foi significativa a resposta de todos sobre a mudança de atitude pós-exposição, principalmente entre estudantes do sexo feminino (95,6%).
Palavras-chave: exposição ocupacional; biossegurança; acidente perfurocortante;
situação vacinal de graduandos.
ABSTRACT
The objective of the present study was to assess the occurrence of work accidents and to evaluate the Dentistry student's perception of the risks inherent to the practice with patients during his/her professional qualification, his/her vulnerability to infectious contagious diseases, as well as how those students' knowledge of measures to be taken in the face of the occupational exposure and the vaccinal calendar. This is a descriptive cross-sectional study involving 186 Dentistry students of a Federal University, registered in clinical practice classes from the fourth to the eleventh semester. The data collection was made by using a self-applied questionnaire, after the previous signing of an informed consent. The questionnaire covered social-demographic data, vaccinal status, biosecurity aspects, occupational exposure and work accidents. The database followed the Epi Info program, version 2006, and the data were analyzed through descriptive statistics. The study showed a low vaccinal coverage against hepatitis B (83,8%) as well as of other vaccines; insufficient knowledge and inadequate compliance to the standard precautions (62,8%); a high occurrence of accidents (37%), the on- going semester being the only factor associated with the accidents occurrence (p-value< 0,001). As for the classes where the accidents occurred, Integrated Clinic and Periodontics rank first, calling our attention the fact that Cariology appears among those most commonly cited. In relation to the pos-exposure protocols, 56% of the students reported having no knowledge of them; however, 65,9% acknowledge that those measures must be taken within the first two hours. The response of them all about the change of pos-exposure was significant, specially among female students (95,6%).
Key-words: occupational exposure; biosecurity; puncturing cutting accident;
undergraduates' vaccinal status.
LISTA DA TABELAS
TABELA 1 – Caracterização sociodemográfica de estudantes do 4º ao 11º
semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior.
Salvador-Bahia, 2008. (n=186).
TABELA 2 – Situação vacinal de estudantes de 4º ao 11º semestre do Curso de
Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador – Bahia,
2008. (n=186).
TABELA 3 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de
Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à exposição
ocupacional na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008. (n=186).
TABELA 4 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de
Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas às
circunstâncias dos acidentes, notificação e encaminhamento. Salvador-Bahia,
2008. (n=67).
TABELA 5 – Respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre do Curso de
Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas ao
conhecimento dos protocolos pós-exposição ocupacional, Salvador-Bahia. 2008.
(n=67).
TABELA 6 – Ocorrência de acidentes durante a prática clinica de estudantes do 4º
ao 11º semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino
Superior, de acordo com variáveis de interesse. Salvador-Bahia, 2008. (n= 186).
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Distribuição de estudantes do 4º ao 11º semestre de uma Instituição
Federal de Ensino Superior, de acordo com o semestre em curso. Salvador-Bahia,
2008. (n=186).
GRÁFICO 2 – Percentual de respostas afirmativas de estudantes do 4º ao 11º
semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas aos itens
considerados precauções-padrão na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008.
(n=186).
GRÁFICO 3 – Percentual de respostas afirmativas de estudantes do 4º ao 11º
semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a doenças
passiveis de transmissão na prática odontológica. Salvador-Bahia, 2008. (n=186).
GRÁFICO 4 – Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do
4º ao 11º semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador-
Bahia, 2008. (n=186).
GRÁFICO 5 – Tipos de acidentes ocorridos durante a prática clínica de estudantes
do 4º ao 11º semestre de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador-
Bahia, 2008. (n=67).
GRÁFICO 6 - Percentual de respostas de estudantes do 4º ao 11º semestre de
uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à percepção das causas dos
acidentes. Salvador-Bahia, 2008. (n=67).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome
Anti HBs – Anticorpos contra o antígeno “s” da Hepatite B
Anti HCV – Anticorpos contra o vírus da Hepatite C
Anti-HBc – Anticorpos contra o antígeno “c” da Hepatite B
Anti-HBe – Anticorpos contra o antígeno “e” da Hepatite B
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
AZT – Zidovudina
BCG – Bacilo de Calmette Guerin ( vacina intradérmica contra formas graves de
tuberculose)
CDC – Center of Disease Control
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
CMV – Citomegalovírus
CNE – Conselho Nacional de Educação
CNS – Conselho Nacional de Saúde
DEVEP – Departamento de Vigilância Epidemiológica
dT – Vacina dupla bacteriana adulto contra difteria e tétano
DNA - Ácido Desoxirribonucleico
EAS – Edificação de Assistência a Saúde
EPI – Equipamento de Proteção Individual
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
HBC – Vírus da Hepatite C
HBeAg – Antígeno “e” do vírus da hepatite B
HBsAg – Antígeno “s” do vírus da hepatite B
HBV – Vírus da Hepatite B
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida
IES – Instituição de Ensino Superior
MTbE – Ministério do Trabalho e Emprego
NR – Norma Regulamentadora
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial de Saúde
PAS – Profissional de Assistência à Saúde
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PNI – Programa Nacional de Imunização (Ministério da Saúde)
PP – Precauções Padrão
PVC – Poli Cloreto de Vinila
SAS - Serviços de assistência a Saúde
SCR – Vacina Tríplice Viral (Sarampo,Caxumba e Rubéola)
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SIM – Sistema de Informação de Mortalidade
SINAM – Sistema de Informação de Agravos e Morbidade
SUS – Sistema Único de Saúde
TTV – Transfusion-transmited vírus
VHG – Vírus da Hepatite G
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 REVISÃO DE LITERATURA 18
1.1 – Sistemas de saúde e legislação 18
1.2 – Exposições ocupacionais na prática odontológica e risco biológico 22
1.3 – Precauções-padrão (PP) e procedimentos pós-exposição (PEP) 31
1.4 – A biossegurança no processo de formação de profissionais de saúde 34
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
40
41
5 ASPECTOS ÉTICOS 44
6 RESULTADOS 45
7 DISCUSSÃO 56
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES 65
REFERÊNCIAS 67
APÊNDICES 73
ANEXO
79
13
1 INTRODUÇÃO
A prática odontológica sempre envolveu riscos tanto para o profissional quanto para
os pacientes a partir da infecção cruzada e estes riscos sempre estiveram
presentes no contexto do processo de formação dos profissionais da saúde
(MARTINS et al., 2004). Todavia, só nas últimas décadas, com a elevação da
incidência de doenças transmissíveis graves, passou-se a refletir sobre tais riscos de
forma sistemática, verificando-se uma maior produção de conhecimento e a
introdução de normas e rotinas envolvendo a assistência e a formação em
Odontologia. As questões relativas à biossegurança passaram, assim, a ter novo
enfoque, já que não eram vistas anteriormente de forma tão crítica como na
atualidade (RIBEIRO, 2004).
Entretanto, ainda assim, observam-se limites na produção sobre o tema,
especificamente quanto aos estudos que focalizam a prática odontológica. Amorim,
(2007), ao analisar temáticas abordadas em artigos científicos publicados por três
revistas odontológicas brasileiras, durante o período de 1990 a 2004, observou que
do total de 2.806 publicações, apenas 1,13% estavam voltados para a
biossegurança, alcançando a 18a colocação entre os temas abordados. Considera-
se, pois, ainda presente a necessidade da realização de estudos na área,
especialmente aqueles voltados para a biossegurança no processo de formação dos
profissionais de saúde em geral e de Odontologia em particular (OLIVEIRA;
GONÇALVES, 2007).
As diretrizes curriculares nacionais que norteiam os projetos pedagógicos das
Instituições de Ensino Superior (IES) sejam elas públicas ou privadas, em
consonância com os pareceres do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do
Conselho Nacional de Educação (CNE), sugerem que os cursos de Odontologia
devem desenvolver no aluno habilidades no sentido do aprender a ser, aprender a
fazer, aprender a conviver e aprender a conhecer, garantindo a formação de
profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da
atenção, a qualidade e a humanização do atendimento prestado aos indivíduos,
famílias e comunidades (RIBEIRO, 2005). Deve ainda o graduando, ao final do
curso, ter visão crítica, reflexiva, generalista, espírito de liderança e sólida formação
14
técnico-científica, sendo capaz de identificar situações de risco e de propor soluções
para os problemas, exercendo a sua prática de forma integral, envolvendo ações de
promoção da saúde, preventivas e curativas (RIBEIRO, 2004).
As Instituições de Ensino Superior (IES), além da formação técnica e da habilitação
dos acadêmicos, têm o papel relevante de promover mudanças de comportamentos
para o desenvolvimento de uma prática segura (SANTOS et al., 2006; RIBEIRO,
2004). Os processos de capacitação devem refletir a articulação de conceitos,
procedimentos e valores. Portanto, os conteúdos da biossegurança ministrados
devem possibilitar ao aluno uma visão integrada e interdisciplinar desses fatores.
Essas significações são importantes para a aprendizagem, já que apresentam, no
seu interior, a base motivacional que contribui para a adesão do aluno (COSTA;
COSTA, 2007). Apesar das recomendações e do reconhecimento da importância da
questão da biossegurança no processo de formação, todavia, não se observa ênfase
neste campo do conhecimento nas matrizes curriculares e ementas das disciplinas
dos cursos de Odontologia.
Conceitualmente, formação significa o ato, efeito ou modo de formar, maneira pela
qual se constitui uma mentalidade, um caráter ou um conhecimento profissional.
Nesse sentido, as práticas atuais de controle de infecção são o reflexo também da
formação dos respectivos profissionais. A graduação é o momento da formação,
propício ao ensino da prevenção e do controle de infecção para os alunos da área
da saúde, há que se considerar, no entanto, que o assunto ainda representa uma
inovação e observamos que existem iniciativas isoladas em algumas instituições.
Quando se compara a relação entre o processo de ensino e o controle de infecção
entre estudantes de Odontologia, fica claro que existe a dissociação entre o
conhecimento das Precauções Padrão (PP) para o controle de infecção e a prática
clínica dos alunos. Cabe buscar a indissociabilidade, iniciando o processo nas
primeiras atividades práticas desenvolvidas pelo graduando. Para que o graduando
se envolva e fortaleça o controle de infecção é fundamental que os docentes
estejam envolvidos com os conteúdos de forma plena (TIPPLE et al, 2003;
RIBEIRO, 2004; COSTA; COSTA, 2007).
15
A adoção de um comportamento preventivo depende de vários fatores: de o
indivíduo se considerar suscetível a um problema de saúde, isto é, acreditar que
esse problema pode afetá-lo particularmente (percepção de suscetibilidade); de o
indivíduo associar o problema de saúde à gravidade de suas conseqüências, isto é,
perceber que esse problema pode ter conseqüências sérias (percepção de
severidade); e de o indivíduo acreditar que esse problema de saúde pode ser
prevenido por uma ação (percepção de benefícios), apesar de essa ação envolver
aspectos negativos, tais como impedimentos, obstáculos, desconforto, gastos
financeiros, entre outros (percepção de barreiras). Isso significa que os benefícios da
ação são avaliados em função das barreiras para realizá-la. Além disso, a presença
de estímulos para ação é importante para desencadear as percepções de
suscetibilidade e severidade e motivar o indivíduo a agir (BREVIDELLI;
CIANCIARULLO, 2001).
A maior vulnerabilidade dos alunos dos cursos de saúde a acidentes com material
biológico se deve ao fato de executarem, no processo de aprendizagem, as mesmas
tarefas que o profissional executa junto aos pacientes, o que envolve a freqüente
exposição a sangue e a outros fluídos corpóreos, em um contato permeado pelas
fragilidades de quem está aprendendo. Observa-se que a multiplicidade de condutas
utilizadas pelos alunos é resultante da falta de harmonização entre a prática clínica e
seu ensino teórico, uma vez que a estrutura curricular tem demonstrado a existência
de lacunas teóricas e práticas, reveladas nas ementas e nos conteúdos
programáticos das disciplinas (TIPPLE et al, 2003; SANTOS et al.,2006). Atribui-se
ao corpo docente dos órgãos formadores um peso importante na formação
profissional, significando que ele deverá ser um exemplo ou um modelo da prática,
uma vez que o ensino também se dá pela oportunidade de vivenciar condutas
(TIPPLE et al, 2003; RIBEIRO, 2005; BELEI et al., 2001). Outros fatores, além dos
aspectos psico-emocionais e das características da prática da Odontologia também
podem predispor ao acidente como estrutura física do ambiente, mobiliário e
equipamentos inadequados (RIBEIRO, 2005).
Trabalhos publicados apontam que os estudantes situados em faixa etária mais
elevada e já inseridos no mercado de trabalho apresentam maior facilidade de
compreensão da biossegurança e concebem a aprendizagem como uma construção
16
ativa de saberes significativos. O fato de esses alunos já possuírem significados
agregados facilita essa compreensão, diferentemente dos alunos apenas
“estudantes”, onde o processo de significação ocorre no próprio momento do ensino
(COSTA; COSTA, 2007).
Contudo, é preciso ressaltar que os acidentes com material biológico ocorrem muito
mais vezes entre alunos e cirurgiões-dentistas do que se apresenta notificado. Para
alunos de Odontologia e cirurgiões-dentistas, os respingos de sangue e o contato
com materiais biológicos corpóreos parecem naturalmente inerentes à prática
profissional (AMARAL et al, 2005; RIBEIRO, 2005; SHIMIZU; RIBEIRO, 2002;
COSTA; COSTA 2007).
Historicamente, a preocupação com riscos biológicos tem sua emergência vinculada
a agravos à saúde que envolviam profissionais de laboratório na década de 40, mas
há relatos de doenças contraídas por cientistas no exercício da pesquisa em
décadas anteriores. Muitos riscos já eram conhecidos, mas o advento da AIDS, na
década de 80, e a necessidade do estabelecimento de normas que envolvessem
questões de segurança no trabalho dos profissionais de saúde foram fatores que
propiciaram o início de um movimento no sentido da compreensão da exposição, da
possibilidade de prevenção e das medidas de controle pós-exposição (RAPPARINI,
2006; SANTOS; PELOGGIA, 2002).
A literatura relata casos de contaminação de Profissionais de Assistência à Saúde
(PAS) pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV) e vírus da
hepatite C (HVC). O primeiro caso comprovado de contaminação por HIV ocorreu
em 1984, em um hospital da Inglaterra, onde uma enfermeira, em exposição
percutânea a agulha com sangue contaminado, contraiu o vírus da AIDS (TEIXEIRA;
VALE, 1996).
Caixeta e Branco (2005) afirmam que no Brasil, pesquisas direcionadas a
estudantes de Odontologia e cirurgiões-dentistas sobre acidentes ocupacionais são
pouco freqüentes, quando comparadas àquelas dirigidas a outros cursos da área da
saúde. E pouco se sabe ainda sobre o nível de conhecimento desses Profissionais
de Assistência à Saúde (PAS) sobre as normas de biossegurança.
17
As Instituições de Ensino Superior (IES) não têm abordado de forma efetiva a
prevenção e o controle das doenças infecciosas, buscando discutir com os alunos,
por exemplo, o porquê da não-adesão à imunização. Além disso, observa-se a falta
de políticas das IES para o alcance de percentual adequado do estado vacinal dos
estudantes (SANTOS et al., 2006;TIPPLE et al ,2003). As questões que envolvem a
biossegurança devem ser repensadas pelas Instituições de Ensino Superior, pois o
processo educativo é um importante caminho a ser percorrido para transformar o
cotidiano dos profissionais, através da adoção de medidas de proteção no ambiente
de trabalho, em busca de qualidade de vida e desenvolvimento de uma prática
segura, feita por humanos para humanos (AMARAL et al, 2005; RIBEIRO, 2005;
SHIMIZU; RIBEIRO, 2002).
O Ministério da Saúde afirma que a possibilidade de transmissão, em acidente
perfurocortante com sangue contaminado pelo HIV é baixa quando comparada a
outras doenças, variando de 0,05 a 0,1 %, ou seja, 01 chance em mil e 5 chances
em 01 milhão. Para que a infecção ocorra, alguns fatores são relacionados, tais
como: o agente etiológico, o material biológico envolvido, o volume de material, a
carga viral, a forma de exposição e a susceptibilidade do acidentado. Com relação à
hepatite B – que compõe o quadro de doenças ocupacionais odontológicas mais
comuns e pode ser transmitido através de minúsculas quantidades de sangue ou
saliva com presença de sangue (sobretudo o fluido do sulco gengival) –, o risco de
infecção pelo HBV, após um acidente perfuro cortante com sangue contaminado,
varia de 6% a 30%, ou seja, 57 vezes superior, quando comparado ao HIV, e o risco
de vir a óbito é 1,7 vezes superior para o VHB, apesar da característica letal do HIV
(BRASIL, 2000; BRASIL, 2006 b).).
Tendo em vista a importância do tema bem como a atitude do graduando frente ao
conhecimento da biossegurança, este trabalho tem o objetivo de verificar a
ocorrência de acidentes de trabalho e avaliar a percepção do estudante de
odontologia sobre a exposição a material biológico como determinante do acidente
de trabalho, seu conhecimento e utilização das precauções padrão e a sua
capacidade de adoção de medidas pós-exposição, além do acompanhamento do
seu estado vacinal.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – Sistemas de saúde e legislação
A legislação brasileira sobre acidentes de trabalho passou por importantes
modificações ao longo dos anos, sendo que a primeira lei, nessa área, foi
promulgada em 1919, a Lei nº 3724, que considerava o conceito de “risco
profissional” como um risco natural às diversas atividades profissionais exercidas e
implantou a indenização como direito conseqüente ao acidente de trabalho. Em
1944, a Lei n°. 3274 foi revogada, sendo substituída pelo Decreto-Lei nº.7036. Na
década de 60, através do Decreto nº 61734, foi estabelecido novo Regulamento do
Seguro dos Acidentes de Trabalho e ocorreram outras modificações apenas de
caráter indenizatório para o trabalhador. Em 1977, foi alterado o Capítulo V, Título II,
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), relativos à Segurança e Medicina do
Trabalho. A partir dessa mudança na CLT, iniciava-se a discussão e a implantação
das Normas Regulamentadoras (AQUINO, 1996).
A emergência do tema saúde do trabalhador, no Brasil, pode ser identificada no final
dos anos 70 e início dos anos 80, no contexto da transição democrática. O trabalho
começa a ser pensado como determinante no processo saúde e doença sendo
descortinada verdadeira epidemia de doenças ocupacionais, bem como a
incapacidade do sistema de saúde fornecer respostas efetivas às necessidades de
saúde da população, em especial a dos trabalhadores (MENDES, 1991).
Movimentos sociais como a Reforma Sanitária e a realização da VIII Conferência
Nacional de Saúde (1986), trouxeram no seu ideário, a determinação de eliminar a
dicotomia entre a assistência à saúde individual e as ações coletivas, na tentativa de
assegurar a universalidade de acesso e uma maior abrangência do cuidado à saúde
através de um Sistema Único, o que foi acatado em 1988 com a promulgação da
Constituição Federal (BRASIL, 1988 ;BRASIL,1990).
A Constituição Brasileira de 1988 expressa que “cuidar da saúde é comum à União,
aos Estados, DF e aos Municípios (art.23. II) e legislar sobre a defesa da Saúde
compete concorrentemente à União, aos Estados e suplementarmente aos
municípios” (art.30, II). A legislação sobre acidentes de trabalho indica: “Acidente de
trabalho é definido como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
19
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte,
perda ou redução da capacidade, permanente ou temporária, para o trabalho.”
(BRASIL, 1988).
Durante a I Conferência de Saúde dos Trabalhadores (2005), buscando atender aos
anseios e a real necessidade de mudança na legislação, foram formuladas
propostas com prioridade para a inclusão da Saúde do Trabalhador ao Sistema
Único de Saúde (SUS), conforme o estabelecido no art.200 da Constituição Federal
de 1988. Nesse artigo, são atribuídas às Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica as
funções de fiscalização, acompanhamento e estudo das situações de doenças do
país, incluindo os ambientes especiais destinados ao ensino, pesquisa e extensão
das Instituições de Ensino Superior (IES) (BRASIL, 1988).
Um grande avanço para a melhoria das condições de trabalho na área de saúde foi
a publicação, em dezembro de 2005, da Norma Regulamentadora NR32 do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTbE), a primeira normatização especifica para a
área do trabalho em saúde. Mudou a essência da Portaria 3214/78 no que se refere
às Normas Regulamentadoras, que eram, até então, tecnicistas e normativas,
incapazes de enfrentar as questões da saúde ocupacional (BRASIL, 2005;MAZZILLI,
2003).
A Norma Regulamentadora 32 define as responsabilidades do empregador, seja
público ou privado, com os seus empregados, em relação a: capacitação, vacinação,
oferta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e utilização de instrumentos
perfurocortantes com dispositivos que reduzam as lesões percutâneas. Determina
que o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) atenda ao
disposto na NR07 e acrescenta a Avaliação dos Riscos Biológicos; dispõe sobre o
atendimento adequado e também responsabiliza o trabalhador em relação à
prevenção de riscos no seu processo de trabalho. Contudo, na prática cotidiana, as
Normas, Leis e Portarias são cumpridas de forma mínima, o que expõe os
trabalhadores a situações de trabalho arriscadas (INFECTOLOGIA HOJE, 2006;
RIBEIRO, 2005).
20
Embora a NR 32 tenha definido, quanto à Segurança e Saúde no Trabalho em
Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS), responsabilidades e deveres a
serem cumpridos, observam-se situações como: falta de fornecimento ou reposição
dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção
Coletiva (EPC); inexistência de medidas de proteção coletiva; adaptação e
disposição de recipiente para o descarte de perfurocortantes; recipientes de
descarte distantes dos locais dos procedimentos; material de trabalho insuficiente;
programa de treinamento e supervisão do estado vacinal dos profissionais
ineficiente; acidentes que envolvem exposição aos agentes biológicos não
comunicados; recipientes e meios de transporte de materiais infecto-contagiosos e
fluidos inadequados para esses materiais; falta de lavatórios apropriados para
higiene das mãos; ou os mesmos lavatórios utilizados para diversos fins
(INFECTOLOGIA HOJE, 2006; ROBAZZI; BARROS JÚNIOR, 2005).
Essa Norma Regulamentadora (NR) altera diretrizes anteriores no que diz respeito à
prevenção de acidentes, trazendo avanços na implementação de programas e
direcionando a aquisição de determinados equipamentos. Contudo, mesmo
considerando a criação de leis e normatizações, o mecanismo mais importante,
nessa construção, é o conhecimento do trabalhador ou graduando quanto à
dimensão do problema. Nesse sentido, muitos países possuem redes de informação
e vigilância das exposições ocupacionais que envolvem material biológico, e as
informações coletadas são utilizadas para aprimorar os trabalhos e aperfeiçoar
esforços (BRASIL, 2005;SASSI; FEIJÓ, 2004). A Organização Mundial de Saúde
(OMS) estabeleceu como princípios da abordagem em saúde ocupacional: a
prevenção dos agravos e a promoção da saúde do trabalhador; a adaptação e o
ajuste das condições de trabalho ao trabalhador; e a oferta de serviços curativos e
de pronto atendimento (MAZZILI, 2003).
A biossegurança é uma nova ciência multidisciplinar, que pressupõe medidas de
proteção individuais e coletivas relacionadas ao meio, as quais irão colaborar com a
segurança de profissionais que atuam em saúde (RIBEIRO, 2004). A II Conferência
Nacional de Saúde Bucal (1993) já havia ressaltado e recomendado aos gestores de
serviços de saúde a importância de melhorar a estruturação do atendimento
odontológico, de forma a possibilitar o cumprimento das normas de biossegurança e
21
controle das infecções nas unidades públicas e privadas, com ênfase na
obrigatoriedade da coleta do resíduo odontológico como infectante e a integração da
atenção odontológica aos programas de Saúde do Trabalhador e Biossegurança em
Odontologia (SANTOS et al., 2006). Para a incorporação de novas práticas, é
necessário o suprimento adequado, como, por exemplo, de recipientes para o
descarte de perfurocortantes, já que lesão perfurocortante é a exposição mais
recorrente (CAIXETA; BRANCO, 2005).
Quando durante a formação, os graduandos recebem o conhecimento teórico
necessário para o controle de infecção cruzada, mas, os cursos não oferecem
estrutura adequada para sua prática, desvaloriza a teoria transmitida. Esse fato
propicia o desinteresse dos estudantes pelo controle de infecção, mesmo sabedores
de que a prática odontológica requer condições de assepsia, medidas de proteção
pessoal, uso adequado de antissépticos e desinfetantes, aplicação de método
adequado de esterilização de material, tratamento dos resíduos gerados e uso de
imunobiológicos recomendados para doenças passiveis de transmissão no ambiente
de trabalho (MACHADO; KATHER, 2002; TIPPLE et al, 2003).
Tentando reverter o quadro alarmante em relação à hepatite B, o Ministério da
Saúde do Brasil, através da Portaria nº. 597 condicionou a matricula nas instituições
de Ensino a partir das creches, em âmbito nacional, à obrigatoriedade do
comprovante de vacinação adequada do aluno, de acordo com o calendário de
vacinação definido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Ainda como
estratégia, o Governo Brasileiro sancionou, em 27 de dezembro de 2005, a Lei
11.255, conhecida como Lei das Hepatites. Essa lei define as diretrizes da
prevenção e da atenção integral à saúde das pessoas portadoras de hepatites no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990; BRASIL, 2004a).
A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B ocupacional
entre os profissionais de saúde e graduandos, devendo ser aplicada antes do
contato com a atividade clínica e admissão a serviços de saúde sendo preconizada
a aplicação 06 meses antes do início das atividades. São previstas 03 doses, em
intervalos de zero, 01 mês e 06 meses contados a partir da 1ª dose. Com o
esquema completado deve ser feita sorologia Anti-HBs. O Anti-HBs é um anticorpo
22
que confere imunidade contra o VHB, está presente no soro após o
desaparecimento do HBsAg (antígeno de superfície) sendo indicador de cura ou
imunidade (BRASIL,2004a; BRASIL, 2006a; SANTOS et al, 2006)
2.2 – Exposições ocupacionais na prática odontológica e risco biológico
Para a epidemiologia, risco é a probabilidade da ocorrência de um resultado
desfavorável, de um dano ou de um fenômeno indesejado. Considera-se “fator de
risco” toda característica ou circunstância que acompanha um aumento de
probabilidade de ocorrência do fato indesejado, sem que o dito fator tenha de intervir
necessariamente em sua casualidade (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).
A classificação dos riscos no ambiente de trabalho é definida pela Portaria 3.214/78
do Ministério do Trabalho e Emprego e Medicina Social, em suas Normas
Regulamentadoras (NR), e são classificados em riscos físicos, proporcionados por
ruídos, pressões, vibrações e radiações; riscos químicos, que envolvem substâncias,
compostos, poeiras, gases e vapores; riscos biológicos, inerentes aos
microorganismos, vírus, bactérias, fungos; e riscos ergonômicos. Eles são
resultantes da infraestrutura presente no ambiente de trabalho e interferem tanto no
aspecto fisiológico quanto no aspecto psicológico dos trabalhadores. O risco de
acidentes é definido como a condição potencial no ambiente de trabalho de causar
danos à saúde do trabalhador (RIBEIRO, 2005).
Na área de saúde, as atividades desenvolvidas envolvem o contato com riscos
físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, que variam sua intensidade,
conforme o procedimento realizado (PAULA, 2003; RIBEIRO, 2005). Para a
Organização Mundial da Saúde (OMS), os agentes biológicos são classificados em
quatro grandes grupos: Classe Risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e
para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano;
Classe Risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa
probabilidade de disseminação para a coletividade, mas podem causar doenças ao
ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento;
Classe de Risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade
de disseminação para a coletividade, que podem causar doenças ao ser humano,
para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento; Classe de Risco 4:
risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de
23
disseminação para a coletividade, apresentando grande poder de transmissibilidade
de um individuo a outro e podendo causar doenças graves ao ser humano para as
quais não existem meios eficazes para profilaxia ou tratamento (TEIXEIRA; VALE,
1996; BRASIL, 2004b).
O risco ocupacional biológico está presente em atividades em que há possibilidade
de exposição de pele, olhos, membranas mucosas, ou contato parenteral (acidentes
com perfurocortantes) com fluidos corpóreos potencialmente contaminados, sendo
fundamental conhecer a capacidade patogênica, o modo de transmissão, as
condições relativas a hospedeiro e agente, além da disponibilidade de medidas
preventivas e tratamento eficaz. Quando o risco é considerado não tolerável, tem-se
de controlar o risco e reduzir danos. O risco de transmissão de doenças após
acidente com material biológico depende de alguns fatores, como resistência ou
susceptibilidade do hospedeiro, virulência do patógeno, via de exposição e
magnitude do inoculo infectante. Na prática odontológica, esses riscos estão sempre
presentes, o que torna importante estudá-los para minimizá-los ou eliminá-los, pois
eles podem desencadear a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais
(RIBEIRO, 2005; PAULA, 2003).
Os cirurgiões dentistas estão sob constante risco de contaminação por agentes
infecciosos pela própria natureza do trabalho. Contribuem para esse fato o
instrumental pontiagudo e cortante utilizado; o restrito campo visual para atuação e o
equipamento de alta rotação e ultrassônico, que favorece a formação de aerossóis,
respingos e projeção de fragmentos dentários, com conseqüente risco de lesão ou
exposição cutânea ou ocular. Muitas doenças são passiveis de transmissão no
consultório odontológico como a sífilis, a tuberculose,a difteria, o sarampo,a rubéola,
a herpes, o citomegalovirus, as hepatites virais, o vírus da imunodeficiência humana
(HIV), a virose linfotrófica pela célula T humana (HTLV 1 e 2) e Prions.
Recentemente, um novo vírus causador da hepatite, o vírus TT (TTV), foi identificado
e estudado entre médicos, dentistas e auxiliares. Embora haja um crescente
entendimento do risco ocupacional dos acidentes com material biológico, observa-se
que os trabalhadores da saúde têm se mostrado resistentes à utilização de
equipamentos de proteção individual, subestimando o risco de infecção, e
negligenciando da notificação do acidente de trabalho (BRASIL, 2004c;
BRASIL,2007; MARZIALE, 2003; MARTINS et al. ,2004).
24
Os trabalhadores minimizam os efeitos negativos, observando-se o descumprimento
de normas básicas de segurança e a recusa em notificar o acidente e buscar
atendimento médico após a exposição. Considerando que os acidentes com perfuro
cortantes são os mais referidos em trabalhos publicados, foi desenvolvida pesquisa,
cujo objetivo foi analisar o conteúdo das caixas destinadas ao descarte de materiais
perfuro cortantes, em hospital de São Paulo, revelando que, das 1.066 agulhas
contidas em dez caixas, 681 (63,9%) estavam reencapadas, 627 (74,2%) estavam
desconectadas das seringas. Embora uma das recomendações do CDC (1993) para
reduzir essas exposições com instrumentos perfurocortantes seja a de não
reencapar agulhas e, caso o reencape seja necessário, que se utilize apenas uma
das mãos (técnica de pescagem) ou, sejam usados dispositivos mecânicos para
desconexão da seringa com agulha. O fato é que o hábito de reencapar agulhas
continua disseminado, e é responsável pelo elevado número de acidentes
(CDC,1993;RIBEIRO, 2005).
A difusão da informação, ou a formação centrada apenas em aspectos técnicos não
são suficientes para reduzir a ocorrência de acidentes. Dados registrados em
hospital universitário evidenciaram que muitos acidentes se devem à inobservância
das precauções preconizadas, e, portanto, a simples informação não é suficiente
para modificar o quadro existente. É imprescindível a percepção do risco, o
conhecimento das precauções básicas, o respeito à segurança e a discussão da
saúde quando o trabalhador é o doente (MACHADO; KATHER, 2002)
Quando se relaciona o risco a estudantes, observa-se que a prevenção e o controle
das doenças imunopreveníveis não têm sido tratados com a ênfase esperada,
embora recomendada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004a).
Os acidentes com exposição ocupacional a material biológico são freqüentes na
Odontologia em decorrência do trabalho com instrumentos de alta rotação,
perfurocortantes em um campo de visão restrito e sujeito à movimentação do
paciente. A probabilidade de ocorrer exposição ocupacional é relevante entre
graduandos dos cursos da área de saúde o que indica a necessidade da inclusão de
módulos de biossegurança não só na graduação, mas nos cursos de atualização e
especialização. A falta de planejamento ou a inexistência de estrutura física
25
adequada, recursos materiais e humanos, impõem limites à prevenção, ao controle
de infecção e ao ensino de qualidade (TIPPLE et al, 2003; GARCIA; BLANK, 2006).
É difícil a obtenção de estimativas confiáveis da freqüência de contato com sangue
ou outros materiais biológicos entre os profissionais de saúde. Além da importante
subnotificação das exposições por parte do profissional acidentado, a comparação
entre os dados é difícil, pois as informações sobre as freqüências de exposição são
baseadas em diferentes estratégias metodológicas. Existem os estudos de casos
auto-relatados, os estudos que envolvem a aplicação de questionários e/ou
realização de entrevistas com os profissionais sobre as exposições ocorridas e a
observação direta de procedimentos (CAIXETA; BRANCO, 2005; CANINI et al.,
2002).
Embora no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde os riscos já sejam
conhecidos como geradores de periculosidade e insalubridade, a preocupação com
os riscos biológicos passou a ter leitura diferenciada a partir da epidemia da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) nos anos 80 (AMARAL et al, 2005).
Devem ser considerados materiais biológicos sem risco de transmissão ocupacional
do HIV o suor, a lágrima, as fezes, a urina e a saliva, exceto na prática odontológica.
Para os profissionais da Equipe de Saúde Bucal a saliva é um fluido que apresenta
infectividade, pois abriga diversos microrganismos causadores de doenças. A
preocupação com as doenças infecto-contagiosas, destacando-se as hepatites B, C
e AIDS, impôs que muitos paradigmas fossem revistos em todas as categorias
profissionais da área da saúde. Dentre os microrganismos presentes na saliva,
destacam-se: o herpes simplex tipo I (HSV -1), que 2 a 10% dos adultos possuem
sem sinais clinicamente visíveis; a hepatite B (HBV), presente principalmente no
sangue e apesar das controvérsias de transmissão, também pode ser isolada na
saliva, com relatos de HBsAg encontrado em 76% de pacientes com hepatite aguda
e em 81% nos portadores de infecção crônica. Outro microrganismo também já
isolado na placa dentária e na saliva é o Helicobacter pilory, cuja prevalência no
Brasil é de aproximadamente 90% em indivíduos com sintomas digestivos altos e
60% em doadores de sangue assintomáticos. Na última década foram descritos
vírus C, G e TT (HCV, HGV, TTV), todos causadores da hepatite, sendo que o TT foi
26
identificado e estudado entre médicos, dentistas e auxiliares. A saliva ao contrário do
que muitos pensam, não é um meio eficaz de transmissão do vírus HIV segundo o
Ministério da Saúde (MARTINS el al., 2004; PAULA, 2003 ; VELOSO,1999;
RIBEIRO, 2005; BIFFI et al., 2005.; BRASIL,2000).
A preocupação com a transmissão de doença infecciosa em Odontologia vai além
da Hepatite B e do vírus da AIDS, pois muitos microorganismos podem estar
presentes no sangue ou na saliva: Micobacterium tuberculosis, Staphilococcus sp.,
Streptococcus sp., Treponema pallidum, Neisseria gonorrhoeae, Haemophilus sp.,
Pseudomonas aeroginosas, mononucleose infecciosa, papiloma, caxumba,
sarampo, rubéola, síndrome da rubéola, a difteria, o sarampo, a herpes, o
citomegalovírus (CMV), a virose linfotrófica pela célula T humana (HTLV 1 e 2 ) e
Prions2 ( MARTINS et al.,2004.; RIBEIRO, 2004).
A Hepatite B é considerada a de maior risco de contaminação; o Herpes, como a de
maior freqüência e a AIDS que, apesar de o risco ocupacional ser menor em relação
a outras doenças, é a que mais amedronta e mobiliza os profissionais na adoção de
medidas de biossegurança. O contato com sangue, incluindo exposições
percutâneas e muco- cutâneas, varia conforme as diferentes categorias profissionais
e as atividades realizadas pelos profissionais nos serviços de saúde (AQUINO,
1996; BRAGA, 2000; RAPPARINI, 2006). Alguns fatores, como a duração e a
freqüência do contato com sangue e derivados, bem como a positividade de
pacientes para o antígeno de superfície do VHB (HBsAg), são determinantes na
infecção ocupacional pelo vírus da Hepatite, além disso, o vírus é extremamente
estável, podendo permanecer viável em superfícies por períodos prolongados de até
uma semana (RAPPARINI, 2006; RIBEIRO, 2005; BRAGA, 2000; BIFFI et al.,2005).
O agente etiológico é o vírus B da família Hepadnaviridae, transmitido por lesão
percutânea ou mucosa, após a exposição a sangue ou a fluidos corporais de
pessoas infectadas com o vírus. Apresenta um período de incubação longo, de 50 a
180 dias, e a sintomatologia mais comum é fraqueza, mal estar geral e anorexia.
Estima-se que haja 300 milhões de pessoas cronicamente infectadas pelo HBV em
todo o mundo e que a incidência de infecção por esse vírus seja 10 vezes maior do
que a observada para o HIV. Dos indivíduos infectados, estima-se que 6% a 10%
27
são portadores crônicos, a grande maioria sem sintomatologia, o que aumenta mais
o risco de transmissão da hepatite B. A transmissão do VHB pode ocorrer do
paciente para o dentista, do dentista para o paciente e de um paciente para o outro,
sendo imprescindível a aplicação, no consultório odontológico, das medidas de
precaução padrão (PP). A adoção de medidas de biossegurança, como a utilização
dos equipamentos de proteção individual (EPI) e os cuidados ao manipular
equipamentos pontiagudos e (ou) perfuro cortantes que tenham contato com
material biológico é uma forma de prevenir a infecção cruzada e diminuir os riscos
de acidentes com exposição de material biológico. No Brasil, o Ministério da Saúde
estima que 15% da população já tenha tido contato com o vírus da Hepatite B (VHB)
e que cerca de 1% apresente hepatite crônica (ÂNGELO et al.,2007; BRASIL,2007).
A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS) é uma doença
progressiva, que pode levar à destruição do sistema imunológico, e caracterizada
por infecção crônica cujo agente etiológico é o vírus da imunodeficiência humana
(HIV). As vias de transmissão podem ser sexual, sangüínea e vertical. A transmissão
vertical pode ser congênita (transmissão do vírus da mãe para o filho durante a
gravidez), perinatal (transmissão do vírus da mãe para o filho durante o parto) ou
pós- natal (através do aleitamento). Outra via é a ocupacional, que pode ocorrer por
acidente com material perfuro cortante ou exposição da mucosa a sangue
contaminado. O período de incubação pode variar de 2 a 4 semanas, com a
ocorrência da soroconversão seguida de uma fase assintomática por meses ou
anos. Estudos prospectivos em todo o mundo indicam que o risco médio de infecção
por HIV depois de uma única exposição percutânea por sangue contaminado é de
0,3% (variando de 0,2% - 0,5%). Após uma exposição de membranas mucosas dos
olhos, nariz ou boca, o risco é aproximadamente 0,1%. Na fase sintomática, os
sintomas podem ser: febre, linfadenopatia, mialgia, artralgia, dor de garganta,
hepatoesplenomegalia e exantema maculopapular. É comum que as primeiras
manifestações clínicas da AIDS ocorram na cavidade bucal. Como não existe a
possibilidade de vacina a adoção das Precauções Padrão pelo profissional e sua
equipe é imprescindível para a prevenção da AIDS e de outras infecções
(ZENKNER, 2006; MATOS, 2006; BRASIL, 2000)
28
Na área de enfermagem, foi realizado estudo para determinar a prevalência de
acidentes com material perfurocortante, durante o período de estágio curricular, que
envolvia 45 alunos de graduação de uma universidade privada. Os dados
demonstraram a necessidade de se repensarem os conhecimentos ministrados
durante o curso sobre biossegurança, visando à adesão às Precauções Padrão
(higienização das mãos, uso adequado e indicado de EPI, vacinação completa para
hepatite B e descarte correto de materiais). Enfatiza-se, assim, a vacinação de todos
os alunos, a revisão do conhecimento sobre doenças passíveis de transmissão e a
adoção de condutas adequadas pós-acidentes que envolvem materiais perfuro-
cortantes (BRASIL, 2004a;OLIVEIRA; GONÇALVES, 2006).
Ramalho et al. (2004), Cavalcante et al. (2003), Rapparini (2006) definem acidente
como um evento não planejado e incontrolável, no qual a ação ou reação de um
objeto, substância, pessoa ou radiação resulta em lesão pessoal ou na probabilidade
de tal lesão, resultante da exposição ocupacional a fluidos biológicos, como sangue,
líquor, líquidos pleural, amniótico, pericárdico, ascítico, articular e secreções sexuais
em situações de atendimento por profissionais de assistência a saúde (PAS), e não
profissionais da saúde, como bombeiros, policiais, profissionais de limpeza em
serviços de saúde, cuidadores domiciliares, indivíduos em situação de atendimento
de saúde eventual.
Quanto aos tipos de acidentes, eles podem ser: perfurocortantes, quando ocorre a
penetração, na pele, de agulha ou vidraria contaminada com sangue ou outros
líquidos orgânicos potencialmente infectantes; de contato da mucosa ocular, oral e a
pele com solução de continuidade dermatite ou ferida aberta, com sangue, com
líquido orgânico com sangue visível ou outros líquidos orgânicos potencialmente
infectantes; de contato através da pele integra com sangue ou liquido orgânico com
sangue visível, ou outros líquidos orgânicos potencialmente infectantes, quando
devem ser observados o volume do sangue e a possibilidade de carga viral; e ainda
o acidente por mordedura humana (CAVALCANTE et al., 2003; RAPPARINI, 2006).
Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminantes
devem ser tratados como emergência médica, uma vez que, para atingir maior
eficácia, as intervenções para a profilaxia da infecção pelo HIV e hepatite B
29
necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente. No entanto, é
importante ressaltar que as medidas pós-exposição não são totalmente eficazes,
sendo necessário manter ações educativas preventivas permanentemente
(RIBEIRO, 2005; RAPPARINI, 2006; BRAGA, 2000; BIFFI et al., 2005).
É importante salientar também que os acidentes com exposição ocupacional a
patógenos veiculados pelo sangue não se restringem à infecção, uma vez que, a
cada ano, milhares de trabalhadores de saúde são afetados por trauma psicológico
ocasionado pela expectativa do resultado de exames. Além disso, muitos sofrem
alterações nas práticas sexuais, ficam submetidos a eventos adversos das drogas
profiláticas e são afetados no relacionamento social e familiar (CARDO, 1997;
AMARAL et al., 2005; AQUINO, 1996; MAZZILLI, 2003; VELOSO, 1999;
GUANDALINI,1999; ARAUJO et al., 2007).
Para diversos autores, aspectos multifatoriais podem estar associados à ocorrência
dos acidentes. No entanto, dentre os principais fatores estão àqueles relacionados
às inadequações da organização do trabalho, às práticas de trabalho adotadas, aos
materiais disponíveis, aos fatores pessoais, à desatenção, à pressa e ao
despreparo, aliados a condições de trabalho inadequadas que favorecem acidentes
(AMARAL et al., 2005; MARZIALE, 2003; MAZZILLI, 2003).
Ressalta-se a importância de se estabelecer uma política de informação efetiva
durante os cursos de saúde, com mecanismos de controle específicos no
acompanhamento do calendário de vacinação dos estudantes desde o seu ingresso
nas escolas médicas, tendo em vista os riscos a que estão submetidos. Essa
sugestão é feita mediante a evidência da baixa adesão constatada, associada aos
riscos envolvidos no exercício profissional e pelo alto índice de soroconversão
alcançado pela vacina alem do fornecimento da vacina gratuitamente, por intermédio
dos postos de saúde (BRASIL,2004a; CARNEIRO,2007;OLIVEIRA; GONÇALVES,
2006)
Atualmente, torna-se um desafio transformar biossegurança em ações, pela
diversidade de procedimentos realizados, pela complexidade e a própria dinâmica
dos serviços, mas é indiscutível que a capacitação nessa área é a melhor estratégia
30
diante dos riscos de incidentes, acidentes e doenças ocupacionais que
acompanham o dia a dia do estudante e do profissional de odontologia. Os agentes
biológicos são os principais geradores de insalubridade para os profissionais de
assistência à saúde, principalmente pelo fato de relevante número de pacientes
serem portadores assintomáticos, ou ainda estarem no período da janela
imunológica, que compreende o momento da inoculação do agente no organismo
até a formação de anticorpos, estando a doença ainda indetectável em sorologias.
Portanto, o diagnóstico e o mapeamento de riscos são considerados de importância
significativa para a formação do profissional (PAULA, 2003; CANINI et al., 2002).
Cabe, então, ressaltar a importância da vacinação anti-VHB anteriormente ao início
da atividade clínica. A partir dos anos 80, infecções ocupacionais pelo vírus da
hepatite B em profissionais da saúde têm declinado, devido ao uso da vacina e da
adesão às precauções padrão (PP). Para que a imunidade seja alcançada, é
necessário que sejam aplicadas as três doses preconizadas. Decorridos 30 dias da
última dose, é possível verificar a efetividade da soroconversão para o VHB
(BRASIL, 2000). Além de conferir imunidade contra a HB, essas vacinas protegem
indiretamente contra a infecção pelo vírus da Hepatite D e contra o hepatocarcinoma
(BIFFI et al., 2005).
Dados para estimar o risco ocupacional de infecção por VHC entre os profissionais
de saúde são escassos. Entretanto, os estudos sugerem que a presença dessa
infecção entre dentistas, cirurgiões e profissionais de saúde dos hospitais é similar à
da população em geral, entre 1 a 2%, ou aproximadamente 1 décimo da infecção
pelo HBV. Segundo Guandalini et al., (1999), há previsão de que o dentista que
atenda 20 pacientes por dia atenderá 1 portador de HCV a cada duas semanas.
Somente 5 a 10% dos portadores do HCV apresentam sintomatologia. A forma
aguda da doença (5 a 10% dos casos) apresenta como sintomas icterícia, colúria,
acolia fecal, hiporexia, astenia e febre, além de alterações nos índices de bilirrubina
e aminotransferases. Na forma crônica, os sintomas mais encontrados são o
cansaço fácil e a adinamia, enquanto as aminotransferases apresentam-se elevadas
e oscilantes. Cerca de 20 a 30% dos pacientes infectados conseguem a cura, ao
passo que outros desenvolvem rapidamente hepatite crônica de grau severo e
cirrose nos primeiros anos.
31
A hepatite C é considerada, atualmente, como um dos mais importantes problemas
de saúde pública por apresentar elevado percentual de pessoas que evoluem para a
forma crônica da doença e alta prevalência entre os doadores de sangue. Existem
no mundo, mais de 170 milhões de pessoas infectadas com o vírus da Hepatite C,
que é da família Hepacivirus. A doença apresenta período de incubação de 6 a 8
semanas, sendo potenciais formas de transmissão, a partir da fonte, o contato
domiciliar, a exposição ocupacional, a transfusão de sangue, uso de drogas
injetáveis, tratamentos dialíticos além da atividade sexual (ZENKNER, 2006;
BRAGA, 2000).
2.3 – Precauções Padrão (PP) e Procedimentos Pós-Exposição
Em 1987, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), estabeleceu as
Precauções Universais, definidas como um conjunto de precauções para prevenir a
exposição dos trabalhadores dos serviços de saúde a patógenos transmitidos pelo
sangue e que estavam associadas somente aos fluidos corporais que pudessem
transmitir o HIV e outros patógenos de transmissão sangüínea. Essas medidas
incluem a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), com a finalidade
de reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluidos corpóreos, e os cuidados
específicos recomendados para manipulação e descarte de perfurocortantes
contaminados por material orgânico. Em 1996, as Precauções Universais foram
atualizadas e reformuladas pelo CDC, recebendo a denominação de Precauções
Padrão- PP, incorporando princípios de isolamento das substâncias corporais, sendo
aplicadas ao contato com sangue, excreções e secreções (exceto suor),
independentemente de conterem sangue visível. Como, na atividade odontológica, a
saliva sempre foi considerada um material potencialmente infectante, não existe
diferença prática entre Precauções Universais e Precauções Padrão, já que ambas
incluem o uso de equipamentos de proteção individual (luvas, jaleco, óculos de
proteção, máscara e gorro), a fim de prevenir o contato da pele e de membranas
mucosas com material biológico, observando-se sempre que todo paciente deve ser
considerado potencialmente fonte contaminante, independentemente do diagnóstico
definido ou presumido (GARCIA ; BLANCK, 2006; RAPPARINI, 2006; CDC,1987;
CDC,1996 ).
32
O Ministério da Saúde, em 2000, reafirmou a importância da adoção das medidas de
Precaução Padrão (PP), definidas e editadas pelo Center of Disease Control (CDC).
São elas: higienização das mãos; uso de EPIs; cuidados com artigos e
equipamentos; controle ambiental; cuidados com roupas nos Serviços de
Assistência à Saúde - SAS; manuseio adequado de perfurocortantes; acomodação
do paciente; precauções respiratórias para gotículas; precaução respiratória para
aerossóis; precaução de contato e imunização do profissional. O controle de
infecção deve obedecer a princípios básicos: os profissionais devem adotar
medidas para proteger a sua saúde e a da sua equipe; evitar contato direto com
matéria orgânica através da utilização de barreiras protetoras; limitar a propagação
de microrganismos, preparando adequadamente o ambiente de trabalho; e devem
tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies, além do cuidado
com o instrumental (BRASIL,2000 ; MELO, 2005).
Medidas que envolvem prevenção, minimização e eliminação de riscos inerentes às
atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação
de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio
ambiente ou da qualidade dos trabalhos, devem ser implantadas e implementadas
nos ambientes de trabalho (RIBEIRO, 2005; TEIXEIRA; VALE, 1996; COSTA;
COSTA, 2007).
Além da utilização das Precauções Padrão (PP), encontram-se disponíveis, no
mercado, dispositivos de segurança projetados com a finalidade de minimizar a
ocorrência dos acidentes com perfurocortantes, tais como: sistemas sem agulhas,
sistemas de agulhas retráteis e protetores de agulhas (MARZIALE, 2003).
Embora a adesão às Precauções Padrão (PP) e o uso rotineiro de barreiras
apropriadas assegurem proteção contra a maioria dos microorganismos, ainda
assim os trabalhadores da saúde estão expostos a risco de acidentes que têm como
conseqüência a exposição durante o trabalho a fluidos corpóreos e a sangue
potencialmente contaminado. Situações de acidentes perfurocortantes e o
atendimento de pacientes sabidamente HIV e (ou) VHB positivos nem sempre
estiveram associados ao uso adequado dos equipamentos de proteção individual e à
vacinação contra a hepatite B (MARTINS et al., 2004).
33
A redução dos acidentes de trabalho, a capacitação dos trabalhadores de forma
continuada, a informação dos riscos inerentes ao processo de trabalho, além da
imunização e da distribuição dos EPI compatíveis com os riscos, estão definidas na
NR-32 como responsabilidade do empregador. Para se proteger das ações
deletérias, bem como da transmissão de agentes bacterianos e virais, a chamada
infecção cruzada, os profissionais de saúde têm o dever de utilizar os Equipamentos
de Proteção Individual (EPI) (TEIXEIRA; VALE, 1996).
As luvas, por exemplo, reduzem a incidência de contaminação das mãos com
sangue e outros fluidos, mas não podem evitar a penetração de agulhas e de outros
instrumentos perfuro cortantes. As máscaras, os protetores faciais e os óculos
reduzem a incidência de contaminação das membranas mucosas da boca, dos olhos
e do nariz. Os calçados fechados são recomendados para a proteção dos pés em
locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante (BRASIL,
2006a).
Os estudos sobre acidentes com risco biológico existentes no Brasil referem-se a
programas específicos, realizados em hospitais universitários e em outros serviços
de saúde de forma individualizada, a partir de protocolos elaborados nas próprias
instituições. No Brasil, os dados sobre acidentes de trabalho e doenças associadas
ao trabalho são escassos e referem-se a situações em outros países. A
subnotificação dos acidentes no Brasil é um complicador para a pesquisa para as
intervenções sobre o problema (BRAGA, 2000; CAIXETA; BRANCO, 2005; CANINI,
et al., 2002). O Ministério da Saúde, através da Coordenação do Programa Nacional
de DST/AIDS, elaborou e divulgou o fluxo a ser seguido pelos profissionais de saúde
frente ao acidente, que deve ser do conhecimento de todos os profissionais de
saúde.
Em pesquisa realizada sobre a produção científica brasileira que focaliza o tema
Saúde e Trabalho, não há significativa referência à categoria dos cirurgiões-
dentistas, suas exposições ocupacionais e acidentes, mesmo sabendo-se que a
prática odontológica impõe o contato com sangue e outros fluidos corpóreos, que é
praticada no espaço exíguo da cavidade bucal, com ferramentas ruidosas como
34
turbina de alta rotação, além da exposição a outros fatores determinantes ou
condicionantes de fadiga e estresse, o que torna esses profissionais vulneráveis a
acidentes com perfurocortantes e exposição a agentes biológicos, físicos e químicos
(RIBEIRO, 2005).
2.4 – A biossegurança no processo de formação de profissionais de saúde
A academia investe no graduando para que, durante a sua formação, adquira
competência para executar um procedimento esperado em seu exercício
profissional, mas não é dada a mesma ênfase à prática do controle de infecção,
especialmente no que se refere à sua proteção (TIPPLE, 2002). As Instituições de
Ensino Superior têm papel primordial na prevenção e controle das doenças
imunopreveníveis, pois é durante a formação acadêmica que se fundamentam
conceitos e é construído o conhecimento (SANTOS et al., 2006), o qual é
fundamental e tende a ser aplicado e repetido pelo trabalhador, quando inserido no
mercado de trabalho (AZAMBUJA et al., 2004). Os egressos devem ter “construída a
compreensão dos aspectos teóricos e práticos da prevenção e controle das
infecções relacionadas aos serviços de assistência à saúde, pois constituirão
elementos de uma atuação profissional coerente” (MELO, 2005; SANTOS et al.,
2006). A preparação dos profissionais para a atuação em saúde acontece de forma
sistemática durante a formação acadêmica, através de base teórica e prática
profissional no estágio curricular. E assim, durante a construção desse
conhecimento, surge uma grande preocupação com o graduando, motivada pela
maior susceptibilidade ao acidente de trabalho com material biológico, devido à sua
condição de aprendizagem, limitada destreza e iniciativa, nesse período de
desenvolvimento de habilidades (OLIVEIRA ; GONÇALVES, 2006).
Araujo et al. (2007), avaliando a ocorrência da subnotificação de acidentes
biológicos envolvendo amostra com 207 estudantes de instituição de ensino
odontológico, que já desenvolviam atividade clínica constatou que 16,9% referiam
ter sofrido acidentes, totalizando 46 exposições durante o ano. Entretanto, apenas
14 deles notificaram à Comissão de Biossegurança. Dentre as razões citadas na
ocorrência das exposições, observaram-se: 27,5% por instrumento defeituoso, 20%
por realizarem o procedimento com pressa, 17,5% por treinamento insuficiente, 10%
35
não seguiram protocolo de atendimento clínico. Quanto aos motivos para a não
notificação das exposições, verificou-se que 42,9% consideraram a exposição
tecidual pequena, 28,5% relataram que o instrumento “estava limpo“, 17,9% não
sabiam o que fazer, 7,1% consideraram o paciente de baixo risco, e 3,6% afirmaram
que o protocolo era extenso. Embora a legislação estabeleça que o acidente de
trabalho que envolve material biológico constitui evento de notificação compulsória,
publicação posterior do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN
não contemplava ainda a notificação de tais agravos (BRASIL, 2004 c).
Silva et al., (2002), buscando conhecer a compreensão dos alunos dos cursos de
graduação da área de saúde acerca do uso de equipamentos de proteção individual
(EPI) e avaliando a contribuição do curso na formação do aluno sobre o uso de tais
equipamentos, realizou um estudo com os alunos do último ano ou semestre dos
cursos da área da saúde em Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado de
Goiás. Verificou que a maioria dos alunos afirmou usar os equipamentos de
proteção individual (EPI) rotineiramente em suas atividades práticas, embora fosse
identificada uma baixa adesão e uma inadequação ao uso de luvas e óculos
protetores. Verificou-se, ainda, que várias disciplinas, ao longo da graduação,
abordavam a temática de forma pontual e descontextualizada, o que indica
fragilidade no processo ensino-aprendizagem nas IES quanto à construção do
conhecimento sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.
Em 2004, foi realizado um trabalho envolvendo 209 estudantes da Universidade
Federal da Bahia, cursando o primeiro e o último período, dos cursos de
Odontologia, Medicina e Enfermagem, que teve por objetivo avaliar os
conhecimentos, atitudes e comportamentos frente aos riscos ocupacionais dos
profissionais de saúde em relação à Hepatite B. Em resposta ao questionário
aplicado, a grande maioria relatou que a Hepatite B é uma doença comum e que não
é fatal. Sobre como proceder em caso de exposição acidental envolvendo paciente
contaminado pelo VHB, surgiram respostas como lavar o local, vacinar-se após o
acidente, ou nada fazer por já ser vacinado, entre estudantes dos três cursos.
Menos de ¼ dos alunos de todos os cursos de saúde, ao entrarem na universidade
são vacinados contra Hepatite B (SANTOS, 2004).
36
Carneiro (2007), em estudo realizado com estudantes do Curso de Odontologia de
Instituição Federal de Ensino, identificou que, apesar de os estudantes
demonstrarem conhecimento sobre a doença hepatite B, não se observa uma
atitude preventiva frente à mesma, pois 48,25% dos acadêmicos indicaram um
esquema incompleto de vacinação e 6,11% afirmaram nunca ter recebido a vacina.
Ainda não é possível avaliar com exatidão o número de profissionais da Odontologia
que foram expostos a agentes biológicos em mucosa, pele íntegra ou não íntegra,
ou sofreram lesão com instrumentos perfurocortantes, devido à baixa notificação de
acidentes. Não se estabeleceu ainda no Brasil, de forma eficiente, nenhum sistema
de vigilância de acidentes de trabalho com material biológico (RAPARINI, 2006;
SASSI; FEIJÓ, 2004). Mesmo doenças imunopreviníveis, com possibilidade de
imunização através de imunobiológicos disponíveis, se constituem em fator de
exposição para os graduandos da área de saúde por conta da não utilização dos
mesmos.
TIPPLE (2002), ao investigar o estado vacinal de alunos de Odontologia da
Universidade de Goiânia, encontrou um elevado percentual de adesão às vacinas
que integram o esquema preconizado para a infância. Contudo, chamava a atenção
o fato de 6,4% desses alunos não se referirem à imunização anti-hepatite B, embora
tenha sido implantada, na Faculdade, uma campanha de vacinação, após o ingresso
desses alunos. Nesse mesmo estudo, identificou-se ainda que a hepatite B não é a
doença infecto-contagiosa mais preocupante para os graduandos, sendo citada por
58,0%, enquanto a AIDS foi referida por 91,1%.
A obrigatoriedade de apresentar o cartão de vacinação no ato da matrícula é uma
estratégia citada por vários autores para garantir o estado vacinal adequado dos
graduandos, no entanto, não existe o cumprimento na maioria das instituições
formadoras da portaria 597 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004a).
Estudos posteriores à Portaria M.S Nº 597 demonstraram que, quanto à proteção
contra a hepatite B, quando abordamos estudantes dos cursos de Medicina,
Odontologia e Enfermagem da UFPE, 49,0% dos entrevistados haviam recebido a
vacina anti-hepatite B; 32,4% afirmaram não ter recebido e 18,5% não sabiam
37
informar, ou seja, 51,0% dos estudantes estavam com baixo nível de proteção e com
risco aumentado de possibilidade de adquirirem a infecção (SANTOS, 2006)
Em estudo que avaliou conhecimento, atitude, comportamento e prática em relação
ao risco de exposição ocupacional ao HIV entre estudantes, professores e
funcionários e a utilização das Precauções Padrão nas práticas clínicas, os
resultados demonstraram deficiência em conhecimento, principalmente nos
primeiros períodos da prática clínica. Observou-se a superestimação dos riscos de
transmissão do HIV. Em relação às Precauções Padrão o conhecimento foi
significativamente maior no grupo mais próximo da formatura (p>0,01), e a
disposição em atender aos pacientes com Aids melhorou, considerando os alunos
concluintes A população avaliada apresenta elevado risco de exposição a material
biológico, e cerca de um terço tem baixo nível de conhecimento das medidas de
biossegurança, apesar de fazer uso delas (MIRANZI, 2003) .
Estudantes de Odontologia da Universidade do Paraná quando entrevistados sobre
a ocorrência de exposição a material biológico durante o atendimento ao paciente,
descarte ou lavagem de instrumentos, demonstraram que elevado percentual de
alunos já havia se acidentado em algum momento do processo de trabalho, o que
reforça que os cirurgiões-dentistas estão expostos a risco elevado de acidentes com
instrumentos perfurocortantes durante ou após procedimentos realizados em
pacientes (YOUNAI, 1996; SANTOS; PELOGGIA, 2002). O acidente com material
biológico traz conseqüências mediatas, e na maioria das vezes, não limita
imediatamente a capacidade produtiva. Entretanto, repercussões psicossociais,
mudança nas relações sociais, familiares e no trabalho, são significativas. Torna-se,
portanto, necessária a notificação do acidente com material biológico e a adoção de
medidas como acompanhamento psicológico, monitoramento sorológico e
orientação quanto à conduta sexual. A preocupação e o medo dos estudantes e
trabalhadores da saúde de adquirirem a AIDS, Hepatite B e C, por conta dos
acidentes com materiais perfurocortantes e da exposição a fluidos biológicos tem
contribuído para o aumento do registro do acidente na Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) (CAVALCANTE et al., 2003).
38
Matos (2006), em estudo para avaliar a atitude dos cirurgiões-dentistas do município
de Salvador (BA) frente ao atendimento de pacientes portadores do Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), bem como do conhecimento desses profissionais
acerca da probabilidade de contaminação e dos cuidados primários após acidente
com instrumento perfuro cortante e sangue contaminado pelo HIV, verificou que
46,9% dos profissionais afirmaram não saber o que fazer frente ao acidente
perfurocortante e sangue contaminado por HIV; 43% responderam incorretamente e
apenas 8,8% responderam corretamente.
A profilaxia pós-exposição a material biológico e a realidade do acompanhamento
também são pouco conhecidos. Desconhece-se a incidência real da infecção pelo
HIV adquirido no exercício da profissão. Outro fato relevante é que os estudos têm
demonstrado que a subnotificação dos acidentes com material biológico é
extremamente elevada, próxima de 50% (SASSI; FEIJÓ, 2004).
Levantamento de dados sobre acidentes ocorridos com material biológico
notificados até 2002 em Goiânia (GO), em todos os hospitais com mais de 50 leitos
e que possuem programa de atendimento e acompanhamento ao profissional
acidentado com material biológico, demonstrou que o paciente-fonte era conhecido
em 685 (71,4%) registros. O teste rápido para HIV foi realizado em 442 (46,0%)
fontes. Dos profissionais acidentados, 205 (21,4%) procuraram por atendimento num
período que variou de 24 horas até meses após o acidente, demonstrando uma
despreocupação desses profissionais em notificar e iniciar o acompanhamento o
mais rápido possível. A quimioprofilaxia para HIV foi indicada para 190 (19,8%)
profissionais que se acidentaram. E o esquema antirretroviral mais utilizado foi o
esquema padrão (AZT + 3TC), preconizado pelo Ministério da Saúde. Apesar da
indicação, 02 (0,2%) profissionais acidentados com material biológico se recusaram
a usar o esquema recomendado. Há maior preocupação por parte dos acidentados
em realizar as sorologias para HIV, HBV e HCV somente no momento do acidente,
já que a adesão à realização dos exames, nesse momento, foi maior, se comparado
aos demais momentos preconizados para o acompanhamento pós-exposição. Vale
ressaltar a ausência de inúmeros dados nos prontuários analisados. Fica evidente,
nos resultados, que ainda há certo descaso e despreocupação com a notificação e o
acompanhamento dos profissionais acidentados (MATOS, 2006).
39
Belei et al. (2001), avaliando o impacto do acidente com material biológico entre
alunos e profissionais de um Hospital Universitário no Paraná, relata que, em
relação às condições de segurança no trabalho, na unidade onde ocorreu o
acidente, 17 (85%) responderam existir segurança no trabalho, mas 18 (90%)
acidentados relataram que não estavam disponíveis os equipamentos de proteção
individual.
O impacto da incidência de doenças tem gerado, nos profissionais e alunos da área
da saúde, uma grande preocupação com a ocorrência de acidentes com material
biológico, levando a sentimentos de medo e estresse, por conta de as doenças
trazerem estigma, preconceito e impossibilidade de tratamento. Os profissionais e
alunos que participaram da pesquisa sobre o “Impacto do Acidente com Material
Biológico na vida de profissionais e alunos em Hospital Universitário”, que foram
acidentados e atendidos no Pronto-Socorro de um Hospital Escola Público, referiram
como reação emocional o sentimento de preocupação, que pode estar relacionado
com os conhecimentos adquiridos sobre os riscos que o acidente proporciona
(BELEI et al., 2001).
Estudo realizado com cirurgiões-dentistas aponta o uso de EPI de forma
significativa. Observou-se que 93% usam máscaras; 55,8%, jaleco; 67,4%, óculos
de proteção; 52%, gorro e também fornecem ao ACD os devidos EPI (GARCIA;
BLANK, 2006).
Tipple et al. (2003) refere que hoje, no Brasil, o aluno recém-ingresso num curso
superior, na área da saúde, não recebe conhecimento específico das competências
profissionais que compõem o perfil esperado desse profissional. Conceitualmente,
formação significa o ato, efeito ou modo de formar; maneira pela qual se constitui
uma mentalidade, um caráter ou um conhecimento profissional. Nesse sentido, as
práticas atuais de controle de infecção são também o reflexo da formação dos
respectivos profissionais. E esse não parece ser um problema apenas em nosso
país.
40
Machado et al. (1992), afirma que de acordo com as notificações de acidentes
ocupacionais que envolvem agente biológico entre os diversos profissionais de
saúde, registros apontam os auxiliares de enfermagem como os mais acometidos,
com 52,8% dos casos. Em relação aos acidentes de trabalho em Odontologia, eles
são freqüentes, embora a notificação que envolve cirurgiões-dentistas seja pouco
significativa nas estatísticas que se apresentam. É preciso entender que os
acidentes com material biológico ocorrem muito mais vezes entre alunos e
cirurgiões-dentistas do que se apresenta notificado (AMARAL et al.; RIBEIRO, 2005;
SHIMIZU; RIBEIRO, 2002; COSTA; COSTA, 2007). Outro dado nacional importante
está relacionado à taxa de abandono dos profissionais que inicialmente procuraram
assistência e notificaram seus acidentes. Levantamento realizado por hospital
público de ensino em São Paulo aponta para uma taxa de abandono de 45% em 326
acidentes notificados. Com o objetivo de recuperar esses profissionais para término
de seguimento, a instituição convocou, através de cartas e telefonemas, os
“faltosos”. O retorno desses profissionais ao acompanhamento correspondeu a um
total de 30%, sendo que os telefonemas conseguiram recuperar um maior número
(VARKULJA, 2002).
Araújo et al. (2007), em estudo que avaliou a subnotificação de acidentes biológicos
em estudantes de instituição de ensino odontológico no sul do país, concluiu que é
necessário aprimorar as informações sobre a importância da notificação e do
protocolo após acidentes biológicos, visando à redução do risco da transmissão de
doenças infecciosas na odontologia.
Os riscos de acidentes com material biológico existem em todas as unidades de
saúde. É fundamental a participação dos profissionais e alunos em treinamentos
para atualização sobre as normas de biossegurança (BELEI et al. 2001)
Portanto, este trabalho pretende contribuir para subsidiar medidas de intervenção,
como a ampliação de serviços de referência para assistir aos trabalhadores
expostos a fatores de risco, além de produzir informação para que as instituições de
ensino incluam a Saúde do Trabalhador e Biossegurança como conteúdos
obrigatórios no curso de graduação em Odontologia.
41
3 OBJETIVOS
Mensurar a ocorrência de acidentes de trabalho entre estudantes de
Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior.
Avaliar o estado vacinal dos estudantes para prevenção de Hepatite B,
Tétano, Gripe, Sarampo, Caxumba, Rubéola, Difteria e Tuberculose.
Verificar o nível de conhecimento dos estudantes em relação a fatores
biológicos, vulnerabilidade a doenças, aspectos da biossegurança, exposição
ocupacional, acidente de trabalho e atitudes frente à ocorrência de acidente.
Identificar potenciais fatores associados à ocorrência de acidentes no âmbito
das disciplinas clínicas.
4 METODOLOGIA
O estudo foi realizado em Instituição Federal de Ensino Superior, que abriga um dos
dois primeiros cursos de Odontologia do país, criado em 25 de outubro de 1884.
Desde 1958 o curso funciona no atual prédio, edificação vertical, que apresenta uma
estrutura complexa, onde se praticam atividades acadêmicas e assistenciais, de
forma interdependente em um mesmo espaço físico. Dispõe de capacidade
instalada de 166 consultórios odontológicos, laboratórios didáticos e de pesquisa,
laboratório de experimentação animal, biblioteca, anfiteatros, salas de aula, serviços
de apoio diagnóstico, como o centro de radiologia e o laboratório de patologia
cirúrgica, serviço de urgência, um centro cirúrgico, um centro de laser e a Bebê
Clínica. São acolhidos em média 500 pacientes/dia através do Sistema Único de
Saúde (SUS). De acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC 50/2002 e
a Resolução - RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, legislação sanitária definida
para edificações de estabelecimentos de saúde do Ministério da Saúde/ ANVISA ,
reconhece-se a necessidade de muitas adequações.Tratando-se de uma estrutura
de mais de 50 anos com histórica insuficiência de recursos para sua manutenção,
são evidentes os limites para a implantação de novas rotinas em pleno acordo com a
legislação, mas nada se constitui em obstáculo intransponível ou impedimento para
a garantia da qualidade do ensino, a qualidade da atenção e a prática da
biossegurança.
42
Este é um estudo descritivo e exploratório, envolvendo os estudantes matriculados
entre o quarto e o décimo primeiro semestres, portanto, iniciantes na prática clínica e
também os que estão numa etapa do curso em que já atuam no atendimento integral
a pacientes.
A coleta de dados baseou-se na aplicação de questionário semi-estruturado, auto-
aplicável, elaborado especificamente para este estudo. Realizou-se previamente o
pré-teste do instrumento, incorporando-se as mudanças consideradas necessárias.
O questionário foi organizado em quatro seções temáticas, cujo conteúdo engloba:
dados de identificação e sociodemográficos; situação vacinal; aspectos de
biossegurança; exposição ocupacional, acidente de trabalho e atitudes pós-acidente.
Após a identificação, junto ao Colegiado de Curso, das disciplinas clínicas e dos
semestres letivos em que são ministradas, verificou-se a existência de 345 alunos
matriculados no período do quarto ao décimo primeiro semestre. Através de visitas
às disciplinas identificadas, os alunos foram informados sobre os objetivos da
pesquisa e receberam o questionário e o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Considerando o caráter voluntário da participação, foi estabelecido um
prazo para a devolução dos questionários preenchidos, preservando-se a identidade
do participante mediante utilização de número de identificação.
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E ACADÊMICOS:
Idade em anos, com a inclusão da data de nascimento.
Sexo masculino, feminino.
Grupo étnico: Amarelo, Branco, Indígena, Negro, Pardo.
Ano/semestre de ingresso na Universidade
Semestre em curso.
Disciplinas clínicas que já cursou ou está cursando.
SITUAÇÃO VACINAL:
Em relação às doses recebidas das vacinas contra Hepatite B, Anatoxi
Tetânica, Difteria,Sarampo,BCG, influenza,SABIN.
Sorologia pós-vacinal contra Hepatite B (Anti-HBs)
Quem orientou quanto a realização da sorologia (Anti-HBs)
43
ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA
Utilização das Precauções Padrão-PP
Uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO
Reconhecimento do respingo de saliva e a exposição a fluidos corpóreos como acidente.
Vulnerabilidade a doenças durante as atividades práticas que envolvem o atendimento de pacientes.
Doenças passíveis de serem adquiridas via infecção cruzada em Odontologia: Herpes simples, Tuberculose, AIDS, Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Tétano, Sífilis, Sarampo, Doença Meningocócica, Rubéola, Gripe.
Ocorrência, freqüência, circunstância, gravidade e tipo de acidente.
Disciplina onde correu o acidente
Procedimentos adotados pós-acidente Notificação do acidente Encaminhamento para o serviço de referência Quem encaminhou para o serviço de referência Razão do não encaminhamento Conhecimento dos Protocolos Pós-Exposição Ocupacional Fatores que influenciaram para a ocorrência do acidente: Desatenção; Avaria do EPI (luvas, máscara); Pressa; Pressão do Professor; Insegurança; Falta de condições de trabalho (área física).
Após estruturação e limpeza da base de dados, procedeu-se à análise descritiva das
varáveis de interesse, obtendo-se as freqüências simples das variáveis categoriais e
medidas de tendência central e de dispersão das variáveis contínuas.
Exploratoriamente foram observadas as ocorrências de acidentes de acordo com as
variáveis selecionadas, analisando-se as diferenças entre as categorias através do
teste do qui-quadrado.
44
Dessa forma, buscou-se caracterizar a população do estudo e descrever: a situação
vacinal; o nível de conhecimento do graduando sobre aspectos da biossegurança; e
a ocorrência de acidentes e circunstâncias em que ocorreram. Além disso, tratou-se
de identificar potenciais fatores associados à ocorrência de acidentes.
5 ASPECTOS ÉTICOS
Este estudo foi desenvolvido em conformidade com a Resolução no 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 1996) e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia,
sob protocolo de nº CAAE 00031.0.368.000-7FR 159822.
45
6 RESULTADOS
Após a conclusão da coleta dos dados, dos 345 questionários distribuídos entre os
estudantes matriculados do 4º ao 11º semestre, foram devolvidos 186 questionários
preenchidos, o que representa 53,9% do total. Observou-se que as atividades
diárias dos alunos entre aulas e estágio, repercutiram em baixa agilidade quanto à
devolução dos questionários preenchidos assim como foi possível perceber que
embora demonstrassem interesse pelo tema, o mesmo não determinava rapidez ou
compromisso na devolução do instrumento.
A idade média da população de estudo foi de 22,8 anos (DP=2,26), com mediana
igual a 23, idade mínima de 19 e máxima de 33 anos. Um percentual de 65,1% dos
estudantes tinha até 24 anos. Prevaleceram também o sexo feminino (61.8%) e a
cor da pele parda (58,8%) (Tabela 1).
Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior Salvador – BA, 2008. (n=186) Variáveis
n
%
Idade (anos) (n=186) < 24 121 65,1 >= 24 65 34,9 Sexo (n=186) Masculino 71 38,2 Feminino 115 61,8 Grupo Étnico (n=181) Negro 13 7,2 Pardo 92 50,8 Branco 71 39,2 Outros 5 2,8
Quanto à distribuição da população de estudo de acordo com o semestre em curso,
verificou-se que 60% dos estudantes estavam entre o 8º e 11º semestre (Gráfico 1).
46
Gráfico 1 - Distribuição dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, de acordo com o semestre em curso Salvador – BA, 2008. (n=186)
Dados relativos à imunoprofilaxia e (ou) situação vacinal dos estudantes estão
apresentados na Tabela 2.
Quando questionados sobre doses recebidas de vacina anti-hepatite B, 83,8% da
população estudada referiu estado vacinal incompleto. Apenas 14,6% dos alunos
afirmam ter completado o esquema vacinal e ainda há estudantes (1,6%) que não
receberam nenhuma dose da vacina. A realização do Anti-HBs foi referida por 58,6%
dos graduandos. Embora se observe alto percentual de indivíduos que não
realizaram a sorologia Anti-HBs, quando perguntados se teriam sido orientados a
fazê-lo, 84,9% responderam afirmativamente. A vacina anatoxi tetânica apresentou
quadro semelhante ao da vacina anti-hepatite B em relação à baixa cobertura
vacinal, identificando-se que 61,4% estão inadequadamente vacinados e 10,4%
informaram não ter tomado nenhuma dose. A vacina contra gripe apresentou
equilíbrio entre as respostas, com um quadro de 49,2% imunizados. Quanto à
tríplice viral 84,6% referiram estar vacinados. A vacina associada dT, dupla adulto,
que previne tétano e difteria concomitantemente, apresentou um percentual de
estudantes com o esquema vacinal completo de apenas 24,8%. Mesmo a vacina
47
BCG ou bacilo de Calmette-Guérin, que é utilizada em regiões do mundo onde a
tuberculose é endêmica e aplicada em tenra idade, apresentou um percentual de
18,1% de não vacinados. (Tabela 2).
Tabela 2 - Situação vacinal dos estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior Salvador – BA, 2008. (n=186)
Variáveis
n
%
Doses Anti-hepatite B (n=184)* Nenhuma 3 1,6 Incompleta 154 83,8 Completa 27 14,6 Sorologia Anti-HBs (n=181)* Sim 106 58,6 Não 75 41,4 Orientação quanto à sorologia (n=186) Sim 158 84,9 Não 28 15,1 Doses Anatoxi tetânica (n=163)* Nenhuma 17 10,4 Incompleta 100 61,4 Completa 46 28,2 Vacina contra gripe (n=185)* Sim 91 49,2 Não 94 50,8 Tríplice viral (n=175)* Sim 148 84,6 Não 27 15,4 Difteria tétano (DT) (n=161)* Nenhuma 33 20,5 Incompleta 88 54,7 Completa 40 24,8 BCG (n=177)* Sim 145 81,9 Não 32 18,1
*Desconhecimento dos alunos sobre sua situação vacinal.
48
Sobre os aspectos de biossegurança, quando indagados quais os itens que eles
consideravam precauções padrão em Odontologia, houve uma grande variação em
relação a cada medida de proteção. O uso de equipamento de proteção individual
(EPI) foi considerado precaução padrão por 99,45% dos alunos; lavar as mãos antes
e após o contato com paciente, por 83,06%; manipular cuidadosamente
perfurocortantes, por 98,91%; não reencapar ou entortar agulhas por 75,96%;
transferir material sobre superfície segura e firme durante o trabalho por 81,42%;
utilizar os recipientes de descarte no limite de segurança preconizado e colocá-los
em local adequado por 93,44%; e destinar adequadamente os resíduos por 93,44%
(Gráfico 2). Ao assinalarem se consideravam todas as medidas citadas como
precaução-padrão em odontologia, apenas 74,4% dos estudantes responderam
afirmativamente.
Gráfico 2 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior relativas aos itens considerados precauções-padrão na prática odontológica Salvador – BA, 2008. (n=186).
Quanto aos EPI utilizados durante as práticas ambulatoriais na Faculdade, a
máscara e o gorro foram os mais citados com o mesmo percentual de 98,38%;
49
seguidos de luvas (96,2%); jaleco ou avental (95,7%); óculos (89,7%); sapato
fechado (20,0%); e visor facial (1,08%).
Questionados sobre aspectos relativos a exposições ocupacionais presentes na
prática odontológica, 67,6% consideraram respingo de saliva em qualquer superfície
do corpo, durante as práticas no ambulatório, como exposição ocupacional ou
acidente de trabalho. Quanto a outros fluidos corpóreos sem perda de integridade da
pele 52,2% responderam afirmativamente e 83,2% dos alunos afirmaram que se
consideram vulneráveis à contaminação durante a atividade clínica (Tabela 3).
Tabela 3 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à exposição ocupacional na prática odontológica. Salvador – BA, 2008. (n=186)
Variáveis
n
%
Respingo de saliva (n=182) Sim 123 67,6 Não 59 32,4 Fluidos corpóreos (n=182) Sim 95 52,2 Não 87 47,8 Adquirir doenças (n=184) Sim 153 83,2 Não 31 16,8
Foram consideradas pelos estudantes doenças passíveis de transmissão no
consultório odontológico: hepatite B (97,1%), AIDS (92,0%), tuberculose (79,4%),
herpes (78,3%), gripe (78,0%) e hepatite C (69,7%). Em menor escala, aparecem
também sífilis (39.2%), sarampo (33,5%), tétano (33,5%), rubéola (32,8%), meningite
(32.2%) e doença de Chagas (5,7%) (Gráfico 3).
50
Gráfico 3 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a doenças passíveis de transmissão na prática odontológica. Salvador – BA, 2008. (n=186).
Sobre a ocorrência de acidentes durante a prática na Faculdade, dos 131
estudantes que responderam à questão, 37% o fizeram afirmativamente (Gráfico 4).
Destes (n=67), 60,0% referiram ter sofrido um único acidente e os demais (40,0%)
dois ou mais (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador – BA, 2008. (n=186).
51
Entre os 67 alunos que sofreram algum tipo de acidente, 48,4% referiram a
ocorrência de perfuração. Em seguida, foram citados respingo de sangue ou saliva
em pele sem ferida (46,9%); corte em extremidade superior e respingo de sangue ou
saliva nos olhos (14,0%); mordedura de pacientes (10,9%); respingo de sangue ou
saliva na boca (4,7%); respingo de sangue ou saliva em pele com dermatite e em
pele com ferida (1,56%); e outros (3,13%) (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Tipos de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Salvador - BA, 2008. (n=67).
Dos acidentes sofridos, foram considerados pelos estudantes como mais graves:
perfuração (42,1%); respingo na pele sem ferida (21,0%); corte (15,8%); mordedura
de paciente e respingo na conjuntiva (10,53%) e respingo em mucosa (5,3%). As
demais alternativas como respingo em pele com ferida e respingo em pele com
dermatite, não foram citadas.
Os acidentes ocorreram com maior freqüência no momento do atendimento ao
paciente (72,1%) (Tabela 4). Considerando as disciplinas onde ocorreram os
52
acidentes, as cinco mais citadas foram: Clínica Integrada (25,7%); Periodontia
(24,2%); Cariologia (13,6%); Cirurgia (12,1%); e Prótese Fixa (7,6%), sendo que
outras foram citadas em menor proporção. Dos alunos que se referiram a acidentes,
a maioria (57,0%) desconsiderou a necessidade da notificação. Daqueles que
notificaram o acidente (43,1%), 80,8% o fizeram ao professor da disciplina; em
segundo lugar aparece a Comissão de Biossegurança da Faculdade (11,5%). O
encaminhamento ao serviço de referência ocorreu em 32,7% dos casos (Tabela 4),
sendo que 64,3% desses foram encaminhados pelo professor da disciplina, 28,6%
pela Comissão de Biossegurança e 7,1% pela direção da Faculdade. As razões
referidas para o não encaminhamento foram: desconhecimento do professor sobre o
que fazer (44,1%); o aluno não considerou necessário (35,3%); o professor não
considerou necessário (14,7%); e em 5,9% dos casos o aluno desconhecia o que
fazer (Tabela 4).
Tabela 4 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a circunstâncias dos acidentes, notificação e encaminhamento. Salvador – BA, 2008. (n=67).
Variáveis
n=67
%
Circunstância (n=61)
Atendendo 44 72,2 Lavando instrumental 10 16,4 Acondicionando instrumental 1 1,6 Outros 6 9,8
Notificação (n=65)
Sim 28 43,1 Não 37 56,9
Instância notificadora (n=26)
Professor 21 80,9 Diretor 1 3,8 Comissão de Biosegurança 3 11,5 Outra 1 3,8
Encaminhamento ao serviço de referência (n=52)
Sim 17 32,7 Não 35 67,3
53
A desatenção foi considerada pelos alunos a maior responsável pela ocorrência do
acidente (48,5%), seguida da pressa (25,8%), da falta de condições de trabalho
(16,7%), de avaria de equipamento e insegurança (15,1%), de pressão do professor
(10,6%) e outras (19,7%) (Gráfico 6).
Gráfico 6 - Respostas de estudantes do 4o ao 11osemestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas à percepção das causas dos acidentes. Salvador – BA, 2008. (n=67).
Dos alunos que referiram ter sofrido acidente, a grande maioria (90,6%) afirmou que,
após o mesmo, introduziu mudanças na sua forma de trabalhar.
O desconhecimento sobre os protocolos pós-exposição ocupacional foi assumido
por 56,3% dos estudantes, embora a maioria (65,9%) tivesse respondido
corretamente a questão relativa ao tempo ideal para a tomada de decisão após o
acidente (Tabela 5).
54
Tabela 5 - Respostas de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, relativas a conhecimento dos protocolos pós-exposição ocupacional. Salvador – BA, 2008. (n=67).
Variáveis
n
%
Conhecimento dos protocolos (n=151) Sim 66 43,7 Não 85 56,3 Tempo preconizado para adoção de providências (n=129)
Ideal (2 horas) 85 65,9 3 horas 6 4,7 Até 24 horas 35 27,1 Mais de 24 horas 3 2,3
Quando se analisou a ocorrência de acidentes de acordo com determinadas
variáveis de interesse, observou-se uma diferença estatisticamente significante
(p<0,0010) na ocorrência de acidentes em relação ao semestre em curso, sendo
eles mais freqüentes entre os alunos do 8o ao 11o semestre (61,1%). Para as demais
variáveis, não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes (Tabela 6).
55
Tabela 6 - Ocorrência de acidentes durante a prática clínica de estudantes do 4o ao 11o semestre do Curso de Odontologia de uma Instituição Federal de Ensino Superior, de acordo com variáveis de interesse. Salvador – BA, 2008. (n=186).
Variáveis
Acidente Sim Não
n=67 % n=114 % p-valor Idade (anos) 0,4571 < 24 41 35,0 76 65,0 >= 24 26 40,6 38 59,4 Sexo 0,0617 Masculino 20 28,6 50 71,4 Feminino 47 42,3 64 57,7 Grupo Étnico 0,7186 Negro 4 30,8 9 69,2 Pardo 38 41,8 53 58,2 Branco 23 33,3 46 66,7 Outros 1 33,3 2 66,7 Semestre em curso < 0,001 4º ao 7º 23 21,1 86 78,9 8º ao 11º 44 61,1 28 38,9 Doses Anti-hepatite B 0,9199 Nenhuma 1 33,3 2 66,7 Incompleta 8 33,3 16 66,7 Completa 57 37,5 95 62,5 Sorologia Anti-Hbs 0,6156 Sim 40 38,8 63 61,2 Não 26 35,1 48 64,9 EPI 1,000 Completo - - 1 100,0 Incompleto 67 37,2 113 62,8
56
7 DISCUSSÃO
Observou-se, no presente estudo, que a média de idade dos graduandos que
compuseram a amostra foi de 22,8 anos, com mediana igual a 23, idade mínima de
19 e máxima de 33 anos (DP= 2,26). Até 24 anos apresentou um percentual de
65,1% e maior ou igual a 24 anos de 34,9%. O gênero feminino representou a
maioria (61,8%) em uma amostra de 186 estudantes. Os achados quanto à
predominância do sexo feminino na amostra e idades dos alunos são concordantes
com os referidos por outros autores (ARAUJO et al. 2007; CARNEIRO, 2007;
RIBEIRO, 2005; ÂNGELO et at. 2007). Em relação à cor da pele, dos 181
graduandos que responderam a questão, 58,8% se reconhecem pardos, seguidos
de 39,2% de brancos, 7,2% de negros e 2,8% de amarelos ou índios. A variável
semestre em curso foi categorizada em intervalos, sendo observado que 40% estão
cursando do 4º ao 7º semestre e 60% dos alunos estão cursando do 8º ao 11º
semestre.
A imunização dos graduandos dentre outras medidas, é uma forma eficaz de
prevenção e controle das doenças ocupacionais decorrentes da exposição a
materiais biológicos. Buscando conhecer o estado vacinal dos alunos e também seu
conhecimento acerca das vacinas, questionou-se sobre doses de vacina anti-
hepatite B recebidas, e chamou atenção o fato de 83,6% da população estudada
apresentar estado vacinal incompleto (menos de 03 doses). Apenas 14% dos alunos
referiram esquema vacinal completo e há de se considerar a existência de alunos
que não receberam nenhuma dose da vacina (1,6%), o que os coloca sob risco de
contaminação.
Sabe-se que a vacinação anti-Hepatite B é a principal medida de prevenção pré-
exposição, com eficácia de aproximadamente 95%, não apresenta toxicidade e os
efeitos colaterais pós-vacinais se resumem a sintomas locais, como dor, e
sistêmicos, como febre, com pequena incidência de resposta alérgica, o que não
ultrapassa a 6% dos vacinados (RIBEIRO, 2004). É uma forma de prevenção
acessível e obrigatória para todos os profissionais de saúde
(OLIVEIRA;GONÇALVES et al., 2006).
57
Ângelo et al. (2007) relata trabalho envolvendo alunos de odontologia, com
percentual de 41,05% dos graduandos inadequadamente vacinados (menos de 03
doses) contra a hepatite B.
Oliveira et al, (2007), em estudo sobre a cobertura vacinal de profissionais de saúde
acidentados nos últimos 07 anos (1999-2006), apontou o percentual de 64,6% de
indivíduos vacinados contra hepatite B pré-exposição, o que mostra que a exposição
desnecessária não ocorre apenas com os indivíduos em formação e significa que
alunos e profissionais estão praticando a odontologia sem proteção específica para
Hepatite B.
No Brasil a preocupação com a imunização dos trabalhadores de saúde contra
hepatite B surgiu tardiamente e a vacinação nas instituições de ensino superior é
negligenciada pelos seus dirigentes (BELEI et al., 2001).
No estudo de TIPPLE (2002), foi observado que para 58,0% dos alunos de
odontologia, a hepatite B não é a doença mais preocupante, enquanto 91,1% têm
medo de AIDS. Santos (2004) também relata que alunos de vários cursos da área
de saúde de uma Instituição de Ensino Superior em Salvador consideraram que a
hepatite B é uma doença comum. Contudo, neste estudo, as respostas dos
graduandos sobre doenças passíveis de transmissão revelaram, de forma coerente,
as doenças, considerando a sua relevância na prática odontológica, e a AIDS não
apareceu como a mais transmissível por via ocupacional.
É preciso ainda considerar que, além de estar adequadamente vacinado contra a
hepatite B, existe a necessidade de se verificar a qualidade da resposta vacinal com
os testes sorológicos. Esse aspecto é fundamental, mas desconhecido para muitos
apontando para a fragilidade das informações no processo de formação profissional
pelas IES e impõe definições e estratégias imediatas para se alcançar índice de
cobertura ideal para as doenças imunopreveníveis.
Carneiro (2007) relata que, no âmbito da saúde pública, não se realiza
rotineiramente a sorologia, mas os testes sorológicos devem ser utilizados como
medida de proteção ocupacional dos grupos expostos a riscos. Neste estudo, a
58
realização do Anti-HBs foi relatada por 58,6% dos graduandos, enquanto 41,4% não
testaram a titulação de anticorpos pós-vacinal. Dados discordantes foram
encontrados por Ângelo et al. (2007). Entre os 50% dos alunos que diziam estar
vacinados contra a hepatite B, apenas 9,95% fizeram o exame para conhecer a soro
conversão, podendo estar, portanto, vulneráveis à doença. Embora os percentuais
referentes à não-realização do Anti-HBs tenham sido elevados e concordantes em
diversos trabalhos, quando se perguntou aos acadêmicos se eles foram orientados a
realizar a sorologia, 84,9% responderam que sim, e apenas 15,1% informaram não
estar devidamente orientados. As instituições formadoras e os órgãos de saúde
devem sensibilizar graduandos e profissionais para a melhoria da cobertura vacinal
e validação da imunidade.
Neste trabalho, a referência ou fonte de informação para o aluno sobre questões
relativas à imunização e teste de sorologia foi o professor (através de algumas
disciplinas e Comissão de Biossegurança), com 64,9% das indicações, seguido
pelos colegas de curso, 20,7%. Este é um dado positivo, quando o aluno passa a ser
o sujeito da ação pela credibilidade junto aos seus pares. A mídia foi mencionada
também como uma referência de informação, mas com um percentual pouco
expressivo para a sua abrangência. Santos (2006) também identificou em trabalho
realizado que as principais fontes de orientação citadas pelos alunos para a
realização da sorologia Anti-HBs foram os professores das disciplinas, o diretor da
Faculdade e os colegas. Outra concordância observou-se em Santos (2004), quando
avaliou conhecimentos, atitudes e comportamentos a respeito da hepatite B
envolvendo alunos dos cursos de odontologia, medicina e enfermagem da
Universidade Federal da Bahia, apenas 13,3% da população estudada referiram ter
recebido orientação sobre vacinas do professor ou da instituição onde estudavam.
A vacina anatoxi tetânica apresentou quadro semelhante ao da vacina anti-hepatite
B, em relação à baixa cobertura vacinal, identificando-se que 61,4% estão
inadequadamente vacinados; 28,2% indicam esquema completo e 10,4%
informaram não ter recebido nenhuma dose. A vacina associada dT, dupla adulto
bacteriana, que previne tétano e difteria concomitantemente, apresentou o maior
percentual de inadequadamente vacinados, com 54,7%, e os percentuais de não
vacinados e vacinados adequadamente foram, respectivamente, 20,5% e 24,8%. A
59
vacina contra gripe apresentou equilíbrio das respostas, com um quadro de 49,2%
imunizados e 50,8% de não imunizados.
A vacina conhecida como BCG ou bacilo de Calmette - Guérin apresenta
percentuais de vacinados neste estudo de 81,9% e de não vacinados 18,1%.
Considerando o cenário epidemiológico da tuberculose na Bahia, que, em 2002,
notificou 8.203 casos ou 30% do total do Nordeste (27.303 casos), os dados podem
revelar uma situação preocupante. Em estudo que envolveu estudantes de medicina
de uma universidade de Pernambuco. Santos (2006) também observou elevado
percentual de não imunizados contra tuberculose através de testes de reação de
sensibilidade. De 395 estudantes avaliados, apenas 5,0%, haviam recebido a vacina
BCG. Já no estudo de Tipple (2002), ela refere que, de 261 alunos investigados,
33,5% estavam vacinados com a BCG. Por se tratar de vacina aplicada quando os
indivíduos estão recém-nascidos pode ter ocorrido um viés de memória o que
implicou em uma falsa baixa cobertura.
Quanto aos aspectos da biossegurança, o que se observa, na maioria dos trabalhos
que envolvem alunos de cursos da área de saúde, especialmente de odontologia, é
que existe uma cumplicidade entre o risco e o graduando. Para Zenkner (2006),
faltam conhecimentos sobre medidas preventivas e identificação dos riscos para a
viabilização de propostas e recomendações quanto ao efetivo controle e à redução
dos agentes agressivos presentes nos locais de trabalho. No entanto, lavar as mãos
antes e após o contato com o paciente alcançou, neste estudo, um percentual de
83,06%, o que não é o ideal. Zenkner (2006), em estudo de observação em
ambulatório numa Instituição Federal de Ensino do Rio Grande do Sul, constatou
que a lavagem das mãos ocorreu de forma correta e antes do contato com o
paciente em apenas 0,8% dos alunos observados, e nenhum lavou ao término do
atendimento. Somente 3,25% lavaram as mãos antes de calçar as luvas, e a
porcentagem de alunos que realizaram esse procedimento após a retirada das luvas
é muito baixa e conduzida de maneira inadequada. Acredita-se que esse seja um
ponto crítico importante para um novo estudo a ser realizado a partir da observação
dos preceptores em ambulatórios didáticos de atendimento ao paciente.
60
O uso de EPIs, neste estudo, foi considerado como precaução-padrão (PP) por
99,45% dos acadêmicos; mas, quando indagados sobre quais dos EPIs utilizam
durante a prática no ambulatório, houve variação dos percentuais para cada item da
paramentação. Silva et al. (2002), Carneiro (2007) e Ribeiro (2005) informam que
existe uma baixa adesão aos EPIs e que nem sempre os alunos fazem uso de EPIs
durante as práticas, sendo o uso dos óculos de proteção e das luvas para lavagem
de material os mais negligenciados. Guandalini et al. (1997) salientam que os óculos
de proteção protegem os olhos de traumas, de substancias químicas e de
contaminação microbiana, devendo ser utilizados também pelo paciente durante
procedimentos. Para Shimizu ; Ribeiro (2002) a falta dos óculos expõe o graduando
a respingos e todos sabem disto, mas, não têm o cuidado de usa-lo.
Martins et al. (2004), em estudo com profissionais cirurgiões-dentistas, observou que
63 entre 284 dentistas (22%) informaram fazer uso do conjunto de EPIs em todos os
procedimentos. Esses resultados são concordantes com os achados deste trabalho
com alunos do 4º ao 11º semestre da graduação, indicando que, na vida
profissional, persiste a exposição ao risco pelo desconhecimento ou descaso. Tipple
(2002), em estudo para identificar o conhecimento de acadêmicos de odontologia
acerca das medidas básicas de controle de infecção, observou a fragilidade do
conhecimento e a necessidade de se intervir no processo de formação profissional
no que tange a esses aspectos. A consciência da importância do controle dos riscos
de acidentes, incidentes e doenças ocupacionais começa a se formar ainda na vida
acadêmica.
Sobre a ocorrência de acidentes, dos 131 alunos que responderam à questão (67),
37,0% foram afirmativos. Desse grupo, 42,1% relataram como tipo de acidente a
perfuração, e 60,0% afirmaram ter sofrido mais de um acidente. Mesmo sendo o
instrumental perfurocortante o mais citado como causador de acidentes, 24,04%
responderam que reencapam agulhas, o que contraria as normas preconizadas pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a).
Marziale (2003) afirma que 80% a 90% dos acidentes que ocorrem entre os
profissionais da saúde são por perfuração ou corte e o risco de transmissão de
infecção, através de uma agulha contaminada, é de um em três para Hepatite B, um
em trinta para Hepatite C e um em trezentos para HIV.
61
Ribeiro, (2005) apresentou dados que diferem desses resultados, quando relaciona
a exposição à pele íntegra como a de maior ocorrência, seguida de exposição em
mucosa e, por fim, acidente percutâneo.
O risco de contrair HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue
contaminado é de aproximadamente 0,3%, e de 0,09% em acidente de contato com
mucosa. O Ministério da Saúde do Brasil afirma, no entanto, que a possibilidade de
transmissão em acidente perfurocortante é de 0,05 a 0,1% (BRASIL,(2000). No caso
de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de
6% a 30%, podendo chegar até a 60%, dependendo do estado do paciente-fonte,
entre outros fatores. Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão
ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de
aproximadamente 1,8% (variando entre 0 a 7%) (SASSI; FEIJÓ, 2004).
Biffi et al. (2005) verificaram, em estudo que envolveu alunos de curso de
odontologia, que eles deram mais importância à saliva (82,6%) como contaminante
para a transmissão do HBV do que ao sangue (68,1%), demonstrando a
necessidade de se rever o conhecimento sobre os veiculadores de patógenos.
Amaral et al. (2005) e Ribeiro (2005) indicam que, para os graduandos de
odontologia, fluidos corpóreos, como o sangue, parecem fazer parte da prática
odontológica.
Ribeiro (2005), em estudo com alunos de odontologia do Paraná, apresentou dados
concordantes com este trabalho em relação ao percentual de acidentes entre as
mulheres. Marziale (2003) aponta que em estudo envolvendo profissionais de
enfermagem, foi observado que as mulheres também foram mais acidentadas. No
entanto, Araújo et al. (2007) não encontrou diferenças significantes entre os
gêneros.
Neste estudo, entre as disciplinas onde ocorreu o acidente, as mais citadas foram a
Clinica Integrada (25,7%), seguida da Periodontia (24,2%) e da Cariologia (13,6%).
Chama a atenção o fato de a Cariologia ser a terceira mais citada, mas é possível
que isso ocorra por ser essa a primeira disciplina clínica do curso, quando o aluno
inicia a prática junto ao paciente, apresentando ainda baixa destreza e habilidade no
manuseio do instrumental. Martins et al. (2004) afirmam que a habilidade no
62
manuseio do instrumental perfurocortante, quando desenvolvida pelo aluno ou
profissional, é um fator importante de proteção contra acidentes. Ribeiro (2005)
também refere que a Clinica Integrada e a Periodontia são mais citadas.
E quanto à circunstância do acidente, os estudantes apontaram que foi o momento
do atendimento ao paciente o mais freqüente (72,1%), seguido do momento da
lavagem do material (16,4%).
Santos ; Peloggia (2002), em estudo que envolveu cirurgiões-dentistas do Vale do
Paraíba, apresentam dados concordantes com este trabalho quanto ao tipo de
acidente, pois relatam ocorrências que envolvem brocas, agulhas ocas e
instrumentais de Periodontia como mais freqüentes, caracterizando acidente
perfurocortante. Entretanto, os autores apresentam dados discordantes quanto a
circunstancia do acidente, afirmando que “lavar material” (65,1%) foi a circunstância
mais citada.
Dos alunos que sofreram acidente, 57,0% desconsideraram a necessidade de
notificar a ocorrência e, dos 43,1% que notificaram 80,8% o fizeram ao professor da
disciplina, seguido da Comissão de Biossegurança da Faculdade (11,5%), instância
que começa a ser identificada como de acolhimento no momento da exposição. Dos
encaminhamentos realizados (32,7%), elevado percentual foi conduzido pelos
professores das disciplinas (64,3%). Das razões citadas para o não
encaminhamento, foram as mais relevantes o desconhecimento do professor quanto
às medidas a serem adotadas pós-exposição e o desconhecimento do próprio aluno.
A notificação de acidentes é um grande desafio para o Sistema de Saúde e
particularmente, para a saúde do trabalhador. O exercício da notificação deve ser
iniciado na academia, com a democratização das informações, para se tornar uma
atitude na vida profissional. A subnotificação é reconhecida por vários autores, como
Araújo et al. (2007) e Canini et al. (2002).
Ângelo et al. (2007), em estudo avaliando o conhecimento e práticas de alunos de
odontologia de uma Instituição de Ensino Superior também verificou que entre os 39
alunos que referiram ter sofrido acidente (33,3%), 17(43,6%) realizaram profilaxia
pós-exposição.
63
Existem várias razões para a subnotificação como: desconhecimento; por considerar
o protocolo muito demorado e extenso para avaliação do acidente; ser a lesão
pequena; o paciente ser de baixo risco, etc. Contudo, a principal razão é a
fragilidade do conhecimento, com a ausência de dados de notificação de acidentes
para a área de saúde, o que dificulta a realização de intervenções capazes de
prevenir novos acidentes e, segundo Martins et al. (2004), de analisar as
circunstâncias do acidente.
A subnotificação de acidentes é preocupante e tem sido alvo de vários estudos.
Segundo Canini et al. (2002) a principal causa desta situação é considerar a lesão
pequena e sem importância (53,1%), seguida do desconhecimento referente ao
dever de comunicar o evento (36,8%).No Brasil, a escassez de dados
sistematizados sobre acidentes ocupacionais envolvendo material biológico e, mais
especificamente, material perfurocortante, não nos permite conhecer a magnitude
desse problema, dificultando, assim, a implementação e a avaliação das medidas
preventivas.
Quanto às razões que levaram ao acidente, a desatenção foi a mais apontada pelos
alunos neste trabalho (48,5%); a falta de condições de trabalho aparece em 3º lugar
(16,7%). Araújo et al. (2007), Santos ; Peloggia (2002) afirmam que desatenção,
pressa, pouca habilidade na manipulação do instrumental, avaria de EPI e cansaço
são os maiores facilitadores do acidente. Zenkner (2006) e Tipple (2002) indicam
que a adequação da estrutura física, práticas ergonômicas, recursos materiais e
humanos colaboram para reduzir os riscos ocupacionais e que a estrutura física e os
recursos materiais e humanos quando não existentes exercem influência como
fatores dificultadores ao controle de infecção e ao seu ensino.
Em relação ao protocolo a ser cumprido pós-exposição, neste estudo, 56,3% dos
alunos disseram não conhecê-lo, mas a maioria respondeu corretamente (65,9%) a
questão relativa ao tempo de duas horas para a adoção das medidas profiláticas,
sendo a situação ideal realizar todo o protocolo na primeira hora. O Ministério da
Saúde (2004b) refere que estudos em animais sugerem que a quimioprofilaxia não é
eficaz quando iniciada entre 24 e 48 horas após a exposição. Há estudos
64
demonstrando que o uso profilático de Zidovudina resultou em redução de 79% do
risco de soroconversão após acidente (BELEI et al., 2001; BRASIL, 2006b).
As condutas pós-exposição incluem os cuidados locais imediatos: tratamento e
acompanhamento. As lesões percutâneas e cutâneas devem ser lavadas
exaustivamente com água e sabão devendo-se evitar a utilização de soluções
irritantes como éter, hipoclorito ou glutaraldeído. Nas exposições de mucosas deve-
se lavar com água ou com solução fisiológica. A utilização da gamaglobulina
Hiperimune (HBIG), deve, quando necessária para profilaxia da hepatite B, ser
utilizada imediatamente. Quanto mais precoce a utilização melhor eficácia, podendo
ser aplicada dentro do período de 24 a 48 horas pós-exposição. Quanto à hepatite C
não existem medidas profiláticas como vacina na pré-exposição ou medicamentos
na pós-exposição. Em relação ao HIV também não existe ainda vacina contra a
doença, e este fato reforça a necessidade de aplicar as precauções padrão na
prática junto ao paciente (MARZIALE, 2003; BRASIL, 2006b).
A análise da ocorrência do acidente, de acordo com determinadas variáveis de
interesse, é contraditória com o esperado. Demonstra que o aluno concluinte no
processo de formação profissional não está apto a tomar decisões frente à
exposição ocupacional, considerando-se que os acidentes ocorreram com maior
freqüência (p<0,001) entre os alunos do 8o ao 11o semestre. Podemos analisar que
os alunos já se consideram seguros na prática clínica e negligenciam as precações
padrão e também como eles estão a mais tempo cursando disciplinas clínicas pelo
caráter cumulativo apresentaram mais exposições.
Os resultados deste estudo devem ser analisados com a devida parcimônia. Há de
se considerar a utilização de desenho transversal e análise eminentemente
descritiva. O número de estudantes que responderam o questionário, frente ao
esperado, foi limitado embora aceitável, considerando-se a natureza do objeto. Além
disso, a estratégia de coleta de dados utilizada, mediante questionário auto-
aplicável, pode ter introduzido vieses de informação, evidenciando inconsistências
que determinaram uma significativa perda de informação.
65
Há de se considerar, todavia, que este é um tema relevante e ainda incipiente na
literatura. Nesses casos, estudos descritivos têm grande potencial como geradores
de hipóteses. Além disso, vale ressaltar que os resultados poderão contribuir na
condução de mudanças nas práticas e rotinas da instituição e subsidiar as IES para
um processo de transformação na formação dos alunos, com o olhar da
interdisciplinaridade, pela preservação da vida e não só voltado para as inovações e
tecnologias.
8 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
No momento, mesmo considerando alguns avanços referidos, ainda é um grande
desafio a inserção da biossegurança como conhecimento interdisciplinar que
envolve a percepção da prevenção como uma atitude na formação dos profissionais.
A partir da Lei n. 8.975, de 5 de janeiro de 1995, que criou a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), o termo biossegurança abrange também as
questões que envolvem meio ambiente e à biotecnologia e não está direcionada
apenas a área de saúde, mas não se observa o mesmo tratamento para as distintas
áreas principalmente iniciativas governamentais em relação a saúde dos
trabalhadores e a segurança no ambiente de trabalho em saúde (CAIXETA;
BRANCO, 2005).
É uma nova ciência e, por não ser um conhecimento isolado deve permear todo
conteúdo curricular dos alunos, sendo necessário que os educadores passem a
aplicar os princípios da biossegurança como referência para o educando. Tipple,
(2002) refere que uma disciplina única não dará conta deste trabalho. O processo de
educação para as competências, nessa área, exige acompanhamento do aluno,
discussão constante sobre atitudes e comportamentos de risco.
A estrutura física, administrativa e de funcionamento de uma instituição tem relação
com o trabalho nela desenvolvido. Quando essa estrutura não é adequada às
práticas, passam a ser operacionalizadas de forma improvisada, o que facilita a
exposição. O Estado legislador e fiscalizador deve ser também o estado cumpridor
da legislação, no sentido de prover e promover condições adequadas para o ensino,
66
cumprindo normas e resoluções que dizem respeito a questões sanitárias, que são
facilitadoras quando atendidas do controle da infecção.
As IES, devem cumprir o seu papel, oferecendo ao graduando todo o saber para sua
formação profissional, mas não deve priorizar apenas a visão tecnicista, o olhar deve
estar atento às questões da prevenção e do controle de infecção. Deve-se cumprir a
portaria 597/96, e implantar a obrigatoriedade da caderneta vacinal, com o objetivo
de alcançar coberturas adequadas para os alunos, já que a maioria das doenças
passíveis de transmissão no consultório odontológico são também imunopreviníveis.
Os resultados do trabalho reforçam a importância de envidar esforços para elevar a
a cobertura vacinal no grupo estudado. A implementação de campanhas divulgando
o conhecimento sobre o tema, contribuirá para a sensibilização e conscientização
dos graduandos quanto a necessidade de desenvolver práticas seguras já que nos
deparamos ainda com doenças que não são passiveis de proteção através da
vacinação sendo as Precauções Padrão imprescindíveis.
67
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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Informado e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Rua Araújo Pinho, 62 – Canela CEP. 40.110.150 Salvador – Bahia
Tel. (071) 3283-8963/8964/8965; Fax 32838962
PESQUISA CIENTÍFICA
O ACIDENTE DE TRABALHO E A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL EM ODONTOLOGIA:
A PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA
Estamos desenvolvendo uma pesquisa com o objetivo de verificar o nível de conhecimento do estudante de Odontologia sobre exposição ocupacional a agentes biológicos infectantes e acidentes de trabalho, bem como sobre os procedimentos imediatos pós-acidente. Além disso, pretende-se estimar a ocorrência referida de acidentes de trabalho entre os estudantes, a subnotificação de acidentes e a cobertura vacinal. Nesse sentido, solicitamos a sua valiosa colaboração preenchendo o questionário em anexo. Os dados individuais não serão divulgados em nenhuma hipótese e os resultados da pesquisa ajudarão no delineamento de políticas de prevenção de acidentes e melhoria do processo de formação dos profissionais de Odontologia. Esclarecemos que a sua participação é decorrente de sua livre decisão após receber todas as informações que julgar necessárias.
Após ter sido informado (a) sobre as características da pesquisa “O acidente de trabalho e a exposição ocupacional em odontologia: a percepção do estudante de Odontologia”, ACEITO participar, respondendo o questionário.
____________________________________________________
Assinatura do participante
Em,...............de .......................de 2008.
PESQUISADORA: Rosangela Góes Rabelo R.Dr. Jose Peroba, 73 Costa Azul Salvador-Bahia CEP. 41760-310 Tel. (71) 3115-2030. ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Isabel Vianna Faculdade de Odontologia – UFBA Rua Araújo Pinho, 62 - Canela.
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APÊNDICE B – Instrumento de Coleta de Dados
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Rua Araújo Pinho, 62 – Canela CEP. 40.110.150 Salvador – Bahia
Tel. (071) 3283-8963/8964/8965; Fax 32838962
I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E ACADÊMICOS: 1. Idade em anos ............... 2. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 3. Grupo étnico: Amarelo ( ) Branco ( ) Indígena ( ) Negro ( ) Pardo ( ) 4. Ano/semestre de ingresso na Universidade:............... 5. Semestre em curso:................. 6. Disciplinas clínicas que já cursou ou está cursando: ........................................................................................................................................
II. SITUAÇÃO VACINAL: 1. Em relação a vacina Anti- Hepatite B quantas doses recebeu? (assinale apenas uma alternativa): Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Uma dose e esquema está em andamento ( ) Duas doses e esquema está em andamento ( ) 2. Após esquema vacinal, fez exame (Anti-HBs) para conhecer a sua resposta vacinal? Sim ( ) Não( ) 3. Se assinalou a alternativa SIM, responda: Só uma vez ( ) Mais de uma vez após a vacinação ( ) Semestralmente desde a vacinação ( ) 4. Se assinalou a alternativa NÃO, responda: Não sei onde fazer ( ) Desconheço a necessidade ( ) Outro motivo (especificar):................................. 5. Você foi orientado (a) no sentido de realizar a sorologia após a vacina? Sim ( ) Não ( )
6. Caso tenha sido orientado (a), qual a fonte da orientação: Colegas ( ) Disciplina da Faculdade ( ) Evento extra curricular ( ) Através da mídia ( ) Outra fonte. (especificar)............................................................................................ 7. Em relação à vacina Anatoxi Tetânica, quantas doses recebeu?
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Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Outro :............................ Último reforço em: ..................................................... 8. Já tomou alguma vez a vacina contra Gripe? Sim ( ) Não ( ) A última vez que se vacinou foi em:............................ 9. Já tomou alguma vez a vacina Tríplice Viral? Sim ( ) Não ( ) A última vez que se vacinou foi em:............................ 10. Em relação à vacina Dupla Tipo Adulto – DT (Difteria e Tétano) quantas doses recebeu? Nenhuma ( ) Uma dose ( ) Duas doses ( ) Três doses ( ) Outro :............................ 11. Já tomou alguma vez a vacina BCG (contra a Tuberculose)? Sim ( ) Não ( ) III. ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA 1. Leia atentamente todas as alternativas, em seguida assinale com um X aquelas
que são consideradas Precauções Básicas na prática odontológica: ( ) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPIs; ( ) Lavar as mãos antes e após o contato com o paciente, e entre dois procedimentos realizados no mesmo paciente; ( ) Manipular cuidadosamente o material pérfuro-cortante; ( ) Não reencapar, entortar, quebrar ou retirar as agulhas das seringas; ( ) Transferir os materiais e artigos, durante o trabalho a quatro mãos, com toda a atenção e, sempre que possível, utilizando-se uma bandeja; ( ) Manter as caixas de descarte dispostas em locais visíveis e de fácil acesso e não preenchê-las acima do limite de 2/3 de sua capacidade total; ( ) Efetuar o transporte dos resíduos com cautela para evitar acidentes; Em síntese, responda: ( ) Todas as alternativas compreendem Precauções Básicas na prática odontológica. ( ) Nem todas as alternativas podem ser consideradas Precauções Básicas na prática odontológica. 2.Durante o atendimento ao paciente, costuma retirar anéis, pulseiras, relógios, etc.? Sim ( ) Não ( )
3. Cite os Equipamentos de Proteção Individual – EPIs que você utiliza na rotina do atendimento na Faculdade: ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
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IV. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO 1. Considera respingo de saliva, em qualquer superfície do corpo, durante as práticas em ambulatório, uma exposição ocupacional ou acidente de trabalho? Sim ( ) Não ( ) 2. Você considera a exposição a fluidos corpóreos sem perda de integridade da pele, um acidente? Sim ( ) Não ( ) 3. Você se considera vulnerável a adquirir doenças durante as atividades práticas que envolvem o atendimento de pacientes? Sim ( ) Não ( )
4. Assinale as doenças listadas abaixo que considera passíveis de serem adquiridas via infecção cruzada em Odontologia: Herpes simples ( ) Tuberculose ( ) AIDS ( ) Hepatite B ( ) Hepatite C ( ) Doença de Chagas ( ) Tétano ( ) Sífilis ( ) Sarampo ( ) Doença Meningocócica ( ) Rubéola ( ) Gripe ( ) Outras (especificar):................................................................................................................... 5. Já se acidentou durante a rotina do atendimento na Faculdade? Sim ( ) Não ( )
6. Se respondeu afirmativamente a questão anterior, diga quantas vezes já se acidentou na Faculdade:
( ) Apenas uma vez ( ) Duas vezes ( ) Três vezes ( ) Mais de três vezes
7. Assinale o tipo de acidente que já sofreu (pode assinalar mais de uma alternativa se for o caso): ( ) Perfuração; ( ) Respingo de sangue ou saliva em mucosa (nariz,boca ); ( ) Respingo de sangue ou saliva em conjuntiva (olhos); ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele sem feridas; ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele com ferida; ( ) Corte em extremidade superior (mãos, dedos) ( ) Respingo em pele com dermatite; ( ) Mordedura de paciente durante o atendimento; ( ) Outro (especificar): .................................................................................................................................
8. Se sofreu mais de um acidente, indique o que considerou mais grave: ( ) Perfuração; ( ) Respingo de sangue ou saliva em mucosa (nariz,boca ); ( ) Respingo de sangue ou saliva em conjuntiva (olhos); ( ) Respingo de sangue ou saliva em pele sem feridas;
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( ) Respingo de sangue ou saliva em pele com ferida; ( ) Corte em extremidade superior (mãos, dedos) ( ) Respingo em pele com dermatite; ( ) Mordedura de paciente durante o atendimento; ( ) Outro (especificar): .................................................................................................................................
Responda as questões abaixo em relação ao acidente sofrido, se foi apenas um, ou em relação ao acidente considerado mais grave, se foi mais de um.
9. Especificar a circunstância do acidente: ( ) Atendendo o paciente; ( ) Lavando o material;
( ) Empacotando o material; ( )Outra (especificar):..................................................................................................
10.Em que disciplina aconteceu o acidente?.................................................................. 11.Qual o primeiro procedimento adotado por você imediatamente após o
acidente?...................................................................................................... 12. Notificou o acidente? Sim ( ) Não ( ) 13. Se notificou o acidente, a que instância? ( ) Professor(a) da disciplina; ( ) Direção da Faculdade; ( ) Comissão de Biossegurança; ( ) Outra (especificar):......................................................................................................................
14.Foi encaminhado ao Serviço de Referência? Sim ( ) Não ( ) 15. Se a resposta a questão 14 foi afirmativa, quem fez o encaminhamento? ( ) Professor(a) da disciplina; ( ) Direção da Faculdade; ( ) Comissão de Biossegurança; ( ) Outra (especificar):...................................................................................................................... 16. Se a resposta a questão 14 foi negativa, qual a razão? ( ) Meu desconhecimento sobre o fluxo de encaminhamento; ( ) Desconhecimento dos professores sobre o fluxo de encaminhamento; ( ) Não considerei necessário; ( ) O professor não considerou necessário;
( ) Outra (especificar):........................................................................................................ 17. Conhece os Protocolos Pós-Exposição Ocupacional? Sim ( ) Não ( )
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18.Se respondeu afirmativamente a questão 17, descreva os procedimentos:................................................................................................................. ......................................................................................................................................... 19. Qual o tempo preconizado para a adoção das providencias após o acidente? 02 horas( ) 03 horas( ) até 24 horas( ) mais de 24 horas( )Em qualquer tempo( )
20. A que você atribui o acidente? ( ) Desatenção; ( ) Avaria do EPI (luvas, máscara); ( ) Pressa; ( ) Pressão do Professor; ( ) Insegurança; ( ) Falta de condições de trabalho ( área física); ( ) Outro (especificar):.................................................................................................................................. 21. Depois do acidente ocorreu mudança na forma de trabalho? Sim ( ) Não ( )
Obrigada!