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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL EFEITOS DA SIMULAÇÃO DE DERIVA DE CLOMAZONE E GLYPHOSATE SOBRE O CRESCIMENTO DE MUDAS DE LARANJEIRA ‘HAMLIN’ Eduardo Revoredo Foresti Jaboticabal - SP 1° Semestre de 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

EFEITOS DA SIMULAÇÃO DE DERIVA DE CLOMAZONE E GLYPHOSATE

SOBRE O CRESCIMENTO DE MUDAS DE LARANJEIRA ‘HAMLIN’

Eduardo Revoredo Foresti

Jaboticabal - SP

1° Semestre de 2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

EFEITOS DA SIMULAÇÃO DE DERIVA DE CLOMAZONE E GLYPHOSATE

SOBRE O CRESCIMENTO DE MUDAS DE LARANJEIRA ‘HAMLIN’

Eduardo Revoredo Foresti

Orientador: Prof. Dr. Pedro Luís da C. A. Alves

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias -

UNESP, Campus de Jaboticabal, para graduação em

AGRONOMIA.

Jaboticabal - SP

1° Semestre de 2013

Foresti, Eduardo Revoredo F716e Efeitos da simulação de deriva de clomazone e glyphosate sobre

o crescimento de mudas de laranjeira ‘hamlin’ / Eduardo Revoredo Foresti. – – Jaboticabal, 2013

iv, 54 f. : il.; 28 cm Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal para graduação em Agronomia, 2013

Orientador: Pedro Luís da C. A. Alves Banca examinadora: Antonio Balbo Geraldo Martins, Priscila

Lupino Gratão Bibliografia 1. Citrus sinensis. 2. Herbicidas. 3. Deriva I. Título. II. Jaboticabal-

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 634.31:631.8 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da

Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de

Jaboticabal.

e-mail: [email protected]

Dedico

Aos principais responsáveis pela minha conquista, meus pais. Pois, sem

eles, não existiria alicerce que me sustentasse e desse toda a compreensão e sabedoria

para a vida; meus grandes heróis. Dedico também à minha irmã, que sempre me serviu

de exemplo.

Agradecimentos

À minha mãe, Fátima Ap. RevoredoForesti, ao meu pai

WaldyrAngeloForesti Jr. e à minha irmã Ana Carolina RevoredoForesti, que sempre

foram exemplos a seguir e fonte da minha força, coragem e Fé para enfrentar tudo,

minha BASE.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro Luís da Costa Aguiar Alves, que

possibilitou a realização de um trabalho final de grande importância para minha vida,

pelo apoio durante o estágio, ensinamentos, conselhos, paciência e compreensão.

Aos companheiros do Laboratório de Plantas Daninhas (LAPDA) do

Departamento de Biologia Aplicada a Agropecuária, sempre dispostos a ensinar e

ajudar.

À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal – UNESP,

seus Professores e Funcionários, que me proveramestrutura, recursos, incentivo e

conhecimento para crescimento pessoal e profissional.

Meus sinceros agradecimentos às pessoas que encontrei nesse caminho que

fizeram diferença em minha vida e se mostraram especiais, dos quais nunca me

esquecerei. Aos moradores e ex-moradores da minha segunda casa, República Tapa

Xana, que ao longo do tempo e convivência tornaram-se grandes irmãos.

À AGRO09 pelos momentos jamais esquecidos, e ter o privilégio de

caminhar todos esses anos muito bem acompanhados. Em especial aos meus grandes

amigos Xi-Kú, Ah-Tum, Fofona,Kñdomblé, Placenta, Sei-La, Lá-em-Ksa, Pano-Sujo,

Pakero e Cú-Pidão.

Aos meus amigos de Jaboticabal que me acompanharam antes, durante e

após a faculdade, e mesmo distante me deram apoio e amizade ao longo não só dessa

etapa, mas durante toda a vida, em especial ao Piru.

A Ludmila, uma maravilhosa pessoa que tive o prazer de conhecer e

conviver durante esses anos, sendo uma amiga e companheira, ajudando e apoiando em

todos os momentos.

Por fim, à Deus, pela vida e pela força que me da todos os dias.

Sumário

Página

1.INTRODUÇÃO............................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................4

2.1. A importância da citricultura no Brasil.............................................................4

2.2. Cultivar Hamlin.................................................................................................7

2.3. O setor sucroalcooleiro......................................................................................8

2.4. Herbicidas........................................................................................................10

2.4.1 Clomazone.....................................................................................................10

2.4.2. Glyphosate....................................................................................................12

2.5. Deriva..............................................................................................................13

3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................16

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................21

4.1. Uniformidade das mudas em pré-aplicação do glyphosate.............................21

4.2. Efeitos do clomazone e clomazone + glyphosate no crescimento das mudas

aos 90 dias após a aplicação...................................................................................22

4.2.1.Comprimento do ramo................................................................................22

4.2.2.Diâmetro docaule........................................................................................27

4.2.3.Número de brotos.......................................................................................30

4.2.4.Teor relativo de clorofilatotal.....................................................................31

4.2.5.Área foliar...................................................................................................35

4.2.6.Matéria seca das folhas...............................................................................36

4.2.7.Matéria seca do caule..................................................................................36

5. CONCLUSÃO............................................................................................................37

6. RESUMO....................................................................................................................38

7. SUMMARY................................................................................................................40

8. REFERÊNCIAS.......................................................................................................42

1. INTRODUÇÃO

Na região citrícola do Estado de São Paulo, a erradicação de pomares

coincidiu principalmente com a expansão das áreas de plantio de cana-de-açúcar,

fazendo com que uma cultura fosse trocada por outra ou então que elas se tornassem

frequentemente vizinhas (TIMOSSI; ALVES, 2001).

O setor sucroalcooleiro vem procurando aperfeiçoar suas aplicações de

defensivos como uma forma de reduzir despesas e aumentar a eficiência. Uma das

formas de otimização é por meio das aplicações aéreas, que vêm sendo muito utilizadas

para herbicidas e maturadores, mas que aumenta o risco de deriva desses produtos em

culturas não alvo (GELMINI, 1988).

Ao se fazer a escolha de um determinado herbicida, deve-se avaliar os riscos

e benefícios do uso do produto, considerando a forma de uso, a importância e a presença

de outras culturas vizinhas suscetíveis (AUCH; ARNOLD, 1978).

O dano causado por deriva de herbicida é reconhecido como um problema

em muitas áreas (HEMPHILL Jr.; MONTGOMERY, 1981). O grau de injúria e os

sintomas observados são afetados por fatores como a espécie, o estádio de

desenvolvimento da planta, o clima, o mecanismo de ação e a dose do herbicida (AL-

KHATIB et al.,2003).

Os herbicidas que mais frequentemente ocasionam danos, em plantas

frutíferas em decorrência da deriva e/ou má aplicação, são o clomazone e o glyphosate,

tendo maior pico de aplicação nos meses de setembro e outubro, coincidindo com a

floração e formação dos frutos. Nessas áreas, ocasionalmente, são observados sintomas

cloróticos e necróticos nas folhas das plantas, causando provavelmente pelo efeito de

deriva do clomazone, provenientes da aplicação na cana-de-açúcar. Este fato é agravado

pelas aplicações intensivas, durante o período pré e pós-plantio da cana-de-açúcar,

realizados mecanicamente com uso de tratores, o que aumenta ainda mais a

possibilidade de derivas.

No caso específico de laranjeiras, Timossi e Alves. (2001a) observaram que

a deriva de clomazone em mistura com ametrina em plantas sadias de laranjeira

‘Hamlin’ de quatorze anos provocou a queda prematura de folhas, morte de ramos,

formação de manchas necróticas nos frutos, leve redução no diâmetro e aborto de frutos

quando as plantas foram submetidas a concentrações próximas a dose comercial para

cana-de-açúcar. Timossi e Alves (2001b) relataram que a dose comercial do clomazone

resultou na formação de manchas cloróticas e/ou necróticas na casca do fruto de laranja

e causou mortalidade dos ramos que se encontravam em crescimento vegetativo.

Mais recentemente, há relatos e reclamações de produtores sobre possíveis

efeitos da deriva de glyphosate ou de sua má aplicação em pomares, cujos efeitos

fitotóxicos podem ocorrer isolados ou em associação com outros herbicidas aplicados

posteriormente, como é o caso do clomazone. A partir disso fica evidente a carência de

pesquisas sobre os efeitos de deriva desses herbicidas, principalmente em plantas jovens

de laranjeira, para as quais não existem registros na literatura.

Em virtude disso, este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos

causados pela simulação da deriva de clomazone, na sequência da deriva de glyphosate,

sobre o crescimento de plantas jovens de laranjeira ‘Hamlin’.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A importância da citricultura no Brasil

Atualmente, a fruticultura brasileira é considerada uma das maiores do

mundo. De todas as árvores frutíferas, a laranjeira é uma das mais conhecidas,

cultivadas e estudadas.

A citricultura brasileira é uma das mais eficientes e dinâmicas do mundo,

respondendo rapidamente às alterações do ambiente internacional. Poucos países têm

condições de competir com o Brasil sem que haja condições artificiais de proteção a

seus citricultores devido aos custos de produção agrícola e industrial brasileiros serem

de difícil competição. A cultura é de fundamental importância para a economia

brasileira devido aos recordes de exportação e pelo alto número de empregos gerados,

proporcionando mais de 400 mil empregos de forma direta e/ou indiretamente.

A produção mundial de citros é de aproximadamente 19 milhões de

toneladas por ano (AGRIANUAL, 2012).

Com relação à citricultura brasileira, atualmente, ela ocupa uma área que

ultrapassa 838 mil ha, movimentando anualmente 15 bilhões de dólares (AGRIANUAL,

2011).

No Brasil, a produção de laranja está concentrada no estado de São Paulo, o

qual é responsável por cerca de 80% de toda produção nacional, ocupando uma área de

599 mil hectares, sendo que quase toda a produção é utilizada como matéria-prima é

processada e o suco exportado, dando ao Brasil o título de maior produtor e exportador

de suco de laranja do mundo, correspondendo a 60% da produção mundial.

O cultivo da laranja no Brasil se divide em dois períodos distintos. O

primeiro, de 1990 a 1999, período caracterizado pelo aumento da produção e conquista

da posição de líder no setor. O segundo, a partir de 1999, que é o período da

consolidação da capacidade e desempenho produtivo. Para manter a liderança nesse

setor, o Ministério da Agricultura investe no apoio a adoção de sistemas mais eficientes,

como a produção integrada, com medidas para reduzir os custos, aperfeiçoar e ampliar a

comercialização do produto, além da fiscalização efetiva e prevenção ao aparecimento

de pragas e doenças (MAPA, 2011).

Da laranja, além do suco, são extraídos óleos essenciais e líquidos

aromáticos. O bagaço de citros, com alto teor energético, é um subproduto industrial de

expressivo valor econômico, para alimentação animal, sobretudo para ruminantes e, em

especial, a vaca de leite (MAPA, 2011).

Em 2009 as exportações de produtos e subprodutos citrícolas totalizaram

US$ 1,84 bilhões em receita e 3% das exportações do agronegócio (CITRUSBR, 2011).

Os Citrus também possuem grande importância econômica devido a seus

variados usos, além de propriedade eupéptica, aperiente, colagoga, diurética, calmante,

anti-inflamatória, depurativa, vitaminizante, laxante e antiespasmódica. Suas folhas

possuem indicação contra ansiedade, espasmos musculares, e insônia, e seus frutos

contra resfriados, anemia, obstipação intestinal e avitaminose C.

O Brasil é um grande produtor de laranja, estimado que, em 2013, será

responsável pela produção de 19112251 toneladas, em uma área colhida de 795860

hectares (AGRIANUAL, 2012).

A estimativa da safra de laranja de 2012/13 do Cinturão Citrícola de São

Paulo e Triângulo Mineiro é de 364 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg, o que

representa uma queda de 15% em relação ao fechamento da safra de laranja de 2011-

/12, que atingiu 428 milhões de caixas (CITRUSBR, 2012).

A cadeia agroindustrial do citros esta separada em segmentos, sendo

representados por viveiristas, produtores rurais, fornecedores de insumos e máquinas,

prestadores de serviço, indústrias de processamento de suco concentrado e pasteurizado,

cadeia de comercialização de fruta fresca, indústria de óleos essenciais e de química

fina, comercio de polpa cítrica peletizada, entre outros (STUCHI; GIRARDI, 2010).

As maiores regiões produtoras do Estado de São Paulo formam quatro

pólos: a região central (São Carlos - Araraquara), a norte (Bebedouro - São José do Rio

Preto), a sudeste (Araras - MogiGuaçu) e o pólo centro - sul (Bauru - Itapetininga)

(BOTEON; NEVES, 2005).Dentre os demais Estados produtores destacam-se Bahia,

Sergipe, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (BOTEON; NEVES, 2005; IBGE,

2009).

2.2. Cultivar Hamlin

Existem diversos cultivares de laranja, como a Hamlin, Lima, Pera, Natal,

Bahia, Valência e Folha Murcha. Alguns cultivares são próprios para a produção de

suco, como a Hamlin, Pera, Valência e Natal, onde a Pera é a principal cultivar

explorada para este ramo.

A laranjeira ‘Hamlin’ possui excelente produtividade, podendo alcançar

mais de 300 kg de frutos por planta. No período de 2005 a 2009, as mudas da cultivar

Hamlin representaram uma média 17,7% das mudas de laranja produzidas nos viveiros

do estado de São Paulo (FUNDECITRUS, 2011).

Entre as cultivares que apresentam maturação precoce, a cultivar ‘Hamlin’ é

a mais cultivada em função da precocidade e sua elevada produção de frutos. Contudo,

essa cultivar apresenta limitações relacionadas à qualidade dos frutos em função dos

baixos valores de “ratio”, cor da casca e do suco (POZZAN; TRIBONI, 2005). Essas

limitações são maximizadas em plantios realizados em regiões que apresentam

temperaturas mais baixas, como a sudoeste do Estado de São Paulo, que concentra novo

pólo de produção de citros no Brasil (NEVES et al. , 2010).

Os primeiros plantios de laranjeira (Citrus sinensis Osbeck) cv. Hamlin

foram feitos a partir de 1940, no município de Pitangueiras, próximo a Jaboticabal – SP.

Esta cultivar possui características de copa cônica, folhagem abundante e porte grande.

Além de ser considerada a cultivar mais produtiva, seus frutos possuem forma

ligeiramente ovalada, quase esférica, com casca de cor laranja clara, de espessura fina.

2.3. O setor sucroalcooleiro

O Brasil, por possuir a grande extensão de seu território localizado em

regiões tropicais e chuvosas, torna-se um país privilegiado para a cultura da cana-de-

açúcar (Saccharum officinarum) e atualmente é um dos maiores produtores mundiais,

ocupando cerca de 2% de toda a terra arável do País para o cultivo.

O cultivo da cana-de-açúcar vem aumentando ao longo dos anos e, em

2011/12, segundo a Conab (2012), a área cultivada era estimada em cerca de 8,5

milhões de hectares. O estado de São Paulo é o maior produtor com 51,82%, seguido

por Goiás com 8,69%, Minas Gerais com 8,46%, Paraná com 7,13%, Mato Grosso do

Sul com 6,50%, Alagoas com 5,26% e Pernambuco com 3,63%.

Os principais aspectos negativos da cultura da cana-de-açúcar é a

interferência no tipo natural do solo e a possibilidade da formação de monoculturas em

grande extensão de terras, o que competiria com a produção de alimentos. Essa variável

tem sido contornada por técnicas e processos que aumentam a produtividade da

biomassa reduzindo, portanto, a necessidade de crescimento de áreas plantadas.

A expansão da cana-de-açúcar ocorre em áreas ocupadas anteriormente por

outras culturas, principalmente em propriedades pequenas ou áreas recém desmatadas.

O manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar está baseado na

integração de medidas culturais, mecânicas e químicas. No entanto, o principal método

de controle das plantas daninhas é o uso de herbicidas, aplicados em condições de pré-

emergência ou pós-emergência inicial ou eventualmente em condições tardias em jato

dirigido á entrelinha da cultura, com as plantas daninhas em estádio mais tardio de

desenvolvimento.

Os objetivos principais do controle químico de plantas daninhas é a

obtenção de máxima eficácia do controle de plantas daninhas, com alta seletividade para

a cultura, de forma econômica e com a minimização dos efeitos ambientais. No entanto,

os herbicidas, atualmente, em uso na cultura da cana-de-açúcar apresentam variações

específicas de eficácia de controle das espécies que compõem a comunidade de plantas

infestantes das áreas onde são aplicados, como no grau de seletividade para a cultura em

função da dose, época de aplicação, condições edáficas e climáticas, fenológicas e

bioquímicas da cultura e das plantas daninhas.

O setor sucroalcooleiro vem procurando otimizar suas aplicações de

defensivos como uma forma de reduzir despesas. Uma das formas de otimização é por

meio das aplicações aéreas, que vêm sendo muito utilizadas para herbicidas e

maturadores, mas que aumenta o risco de deriva desses produtos em culturas que não

eram alvo (GELMINI, 1988).

Trabalhos relatam o glyphosate como alternativa técnica e econômica que

permite flexibilizar o período de corte e manejar o comportamento das variedades. Na

literatura, encontram-se resultados que demonstram que a aplicação do glyphosate tem

promovido incrementos na pol cana, redução do chochamento e no teor de fibra, menos

perda de volume de caldo, redução no número médio de entrenós por colmo e no peso

da produção da cana-de-açúcar (GALLI, 1993; CASTRO et al., 2002).

O emprego de glyphosate, em cana-de-açúcar, como maturador promove

incremento no teor de açúcares recuperáveis e, consequentemente, na produção de

açúcar. Há informações revelando diferenças mínimas entre as distintas formulações de

glyphosate aplicado à cultura da cana-de-açúcar, entretanto, todas as formulações

promovem incremento no teor de sacarose e na produção de açúcar em relação ao

controle (VILLEGAS & TORRES, 1993; BENNETT & MONTES, 2003; VIATOR et

al., 2003).

Em áreas de renovação dos canaviais, vários produtos podem ser usados

para a eliminação química da soqueira, sendo o glyphosate um dos mais eficientes. Este

procedimento proporciona a utilização da técnica do plantio direto ou do cultivo

mínimo que tem um caráter conservacionista, pois tem como objetivo movimentar o

mínimo possível o solo, reduzindo drasticamente suas perdas por erosão, na época de

reforma dos canaviais, e associado à palha remanescente da colheita mecanizada da

cana crua, mantém uma camada de cobertura morta, contribuem para a melhoria das

condições físico-químicas do solo relativas à manutenção de maiores estoques de

matéria orgânica (SILVA & ROSSETTO, 2002).

2.4.Herbicidas

2.4.1. Clomazone

Herbicida (de acordo com a etimologia: herbi, erva, e cida matar) é um

produto químico utilizado na agricultura para o controle de plantas classificadas como

daninhas. Os herbicidas constituem um tipo de pesticidas.

As vantagens da utilização deste produto é a rapidez de ação, custo

reduzido, efeito residual e não revolvimento do solo (ARMAS et al., 2007).

O herbicida clomazone foi desenvolvido no início de 1980 para o controle

de plantas daninhas com folhas largas e gramíneas (GUNASEKARA et al., 2009).

O clomazone, [2-[(2-clorofenil) metil]-4,4-dimetil-3-isoxazolidinona]

(Figura 1) é um importante herbicida utilizado nas culturas do arroz irrigado, soja,

milho, fumo, algodão, cana-de-açúcar e mandioca (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005).

É aplicado em pré-emergência para controle de várias espécies e plantas

daninhas e pertence ao grupo químico das isoxazolidinonas, grupo este que inibe a

biossíntese de carotenóides (KRUSE, 2001). É absorvido pelo meristema apical da

planta, e uma vez que sua translocação ocorre pelo xilema, seguindo o fluxo

transpiracional, os sintomas de injúrias se manifestam nos órgãos mais novos

(RODRIGUES & ALMEIDA, 2005).

A eficácia deste herbicida está relacionada ao seu modo de ação, pois inibe

a síntese dos compostos isoprenóides precursores do pigmento fotossintético (LOCKE

et al., 1996). Para isso, ocorre a formação dos metabólitos 5-cetoclomazone e 5-OH

clomazone (resultado da oxidação do clomazone), que por sua vez inibem a enzima

deoxixilulose fosfato sintase (DXP sintase), enzima chave na síntese dos isoprenóides

nos plastídios. Assim, quando os carotenoides estão ausentes e as plantas estão expostas

a luz, o oxigênio singlet e a clorofila triplet iniciam a peroxidação lipídica, devido a sua

alta reatividade (YASUOR et al., 2008), uma vez que, os carotenóides possuem um

papel importante na proteção da clorofila contra a fotooxidação (HESS, 2000). Dessa

forma, o modo de ação do produto torna-se bi-direcional, inibindo a produção de

clorofila e a produção de pigmentos protetores da mesma. As plantas ficam brancas, por

falta de clorofila, e morrem em pouco tempo (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

O grau de injúria ocasionada por deriva e os sintomas observados são

afetados por fatores como a espécie e o estádio de desenvolvimento da planta, o clima, o

mecanismo de ação e a dose do herbicida (AL-KHATIB et al., 2003).

É altamente solúvel em água e classificado pela Legislação Brasileira com

toxidade de classe III (média). O herbicida possui grande potencial de poluição aquática

em ecossistemas.

Figura 1. Estrutura química do herbicida clomazone (SILVA et al., 2010).

2.4.2. Glyphosate

O glyphosate pertence ao grupo químico das glicinas substituídas (Figura 2),

classificado como não-seletivo e de ação sistêmica com amplo espectro de ação para

espécies daninhas. É predominantemente absorvido pela região clorofilada das plantas

(folhas e tecidos verdes) e translocado principalmente pelo floema para os tecidos

meristemáticos (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005; TREZZI et al., 2001).

O N-(fosfonometil)glicina] é um herbicida que inibe a enzima 5-enolpiruvil

shiquimato-3-fosfato sintetase (EPSP sintetase ou EPSPS)(Figura 2), e impede que a

planta forme os aminoácidos fenilalanina, tirosina e triptofano, utilizados para a síntese

de proteínas e, também, em alguns metabólitos secundários, como vitaminas, lignina e

hormônios (BRADSHAW et al., 1997).

O glyphosate pode ser aplicado na fase de pós-emergência das plantas

daninhas, o que favorece operações em áreas de cultivo mínimo; além disso, exerce

efetivo controle de grande número de espécies mono e dicotiledôneas, perenes e anuais,

sendo um herbicida de curto período residual e rapidamente inativado no solo (MALIK

et al.,1989).

O glyphosate se transloca predominantemente pelo simplasto, ou seja, pelo

conjunto vivo e contínuo, formado pelos protoplastos da planta, onde o floema faz parte

do simplasto da planta (VICTORIA FILHO, 1987).

Neste sentido, GILREATH et al. (2000) observaram interação significativa

entre doses de glyphosate e estádios de desenvolvimento da cultura do pimentão. Os

efeitos negativos de doses reduzidas do herbicida glyphosate também foram observados

nas culturas do milho e algodão, em que a fitotoxicidade nas plantas resultou em

redução de crescimento e produtividade (MAGALHÃES et al., 2001; YAMASHITA;

GUIMARÃES, 2006).

Figura 2. Estrutura química do herbicida glyphosate

2.5.Deriva

O emprego de herbicidas deve cercar-se de uma série de medidas, que vão

desde os problemas relativos à deriva que podem atingir cultivos vizinhos e/ou alvos

indesejáveis até intoxicações sofridas pelo homem e animais, além de consequências,

muitas vezes, irreversíveis ao ambiente. Estima- se que cerca de 50% dos agrotóxicos

são desperdiçados devido às más condições de aplicação (FRIEDRICH, 2004).

Quando se aplica determinado herbicida, geralmente, busca-se colocar a

quantidade certa de ingrediente ativo no alvo desejado, com máxima eficiência e de

maneira mais econômica possível, sem afetar o meio ambiente (DURIGAN, 1989).

A deriva é definida como parte da pulverização agrícola que é carregada

para fora da área-alvo, pela ação do vento ou pela volatilização do produto. Entre os

fatores que interferem na ocorrência da deriva podem ser mencionadas as características

do herbicida, o tipo de equipamento, a calibração, o tipo de pontas de pulverização, as

técnicas de aplicação, as condições meteorológicas e a habilidade do operador

(OZKAN, 2000; CUNHA et al., 2003; PENCKOWSKI et al., 2003; COSTA et al.,

2007; VIANA et al., 2007).

A ocorrência de riscos de deriva, de produtos seletivos à cultura de cana-de-

açúcar em culturas suscetíveis como a de citros, vem causando sérios problemas, devido

a pressupostos erros na tecnologia de aplicação (TIMOSSI; ALVES, 2001).

A detecção da deriva tem grande importância, pois, enquanto as perdas

ocasionadas por esse fator não forem facilmente identificadas, produtores de plantas

sensíveis em áreas adjacentes podem ter substanciais reduções na produção sem

identificar a verdadeira causa (SCHROEDER et al., 1983).

Em casos especiais, como a pulverização aérea de herbicidas não seletivos,

os cuidados devem ser redobrados para prevenir a deriva (SCHRODER et al., 2000).

Segundo os mesmos autores, em pulverizações com ventos de 2 m s-1, a deriva de

glyphosate pode atingir até 160 m e a de sulfosate pode atingir até 200 m além do local

considerado alvo. A ocorrência de deriva reduz a eficácia do herbicida no controle das

plantas daninhas, fato que é contornado com o aumento compensatório da dosagem,

resultando em gastos desnecessários (HEMPHILL JUNIOR; MONTGOMERY, 1981).

Efeitos negativos da deriva simulada do herbicida clomazone foram

observados em algumas culturas. Pavan (2011) relatou sintomas cloróticos em folhas de

laranjeira ocasionados pelo efeito da deriva de clomazone simulando aplicações feitas

na cultura da cana-de-açúcar vizinhas. Figueredo (2006) e Takahashi et al. (2009)

constataram efeito de intoxicação desse produto sobre o tomateiro e eucalipto,

respectivamente, e relatam que esse efeito pode ser agravado pelas aplicações

intensivas, durante o período pré e pós-plantio da cana-de-açúcar, realizados

mecanicamente com o uso de tratores ou aviões agrícolas, que aumentam as

possibilidades de deriva. Rodrigues e Almeida (2005) não recomendaram a utilização

de clomazone a menos de 800 metros da cultura de citros.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Para os estudos foram utilizados quarenta e oito mudas de laranjeira, com

copa ‘Hamlin’ (Citrus sinensis L. Osbeck cv. Hamlin) enxertadas em porta-enxerto

Limão Cravo, adquiridas de um viveiro comercial credenciado, em Vila Negri – SP.

Por esta ocasião, as mudas estavam, em média, com 48 cm de altura, e 9,1mm de

diâmetro de caule medido a cinco cm acima da superfície do solo.

As mudas de laranjeira, depois de adquiridas, foram mantidas nos

recipientes originais (sacos plásticos) por um mês para o inicio das brotações, condução

inicial da formação da copa, em três pernadas, e aplicação dos tratamentos. Nesse

período, as mudas foram irrigadas diariamente.

A aplicação dos herbicidas, de acordo com os tratamentos, foi realizada

após um mês em que foram adquiridas.

Os tratamentos experimentais constataram da aplicação de doses crescentes

de clomazone, isolado ou em sequência com a de glyphosate, as quais atingiram metade

da dose recomendada comercialmente para o controle de plantas daninhas, com uma

testemunha sem aplicação. A descrição dos tratamentos experimentais encontra-se na

Tabela 1.

Tabela 1. Descrição dos tratamentos experimentais, com as respectivas doses dos

ingredientes ativos (i.a.) e dos produtos.

N° Tratamentos Dose Concentração

(% v/v) i.a./e.a. (kg.ha-1

) p.c. (kg ou L.ha-1

)

1 Clomazone* – C-0,0 0 0 0

2 Clomazone – C-1,56 0,015 0,031 1,06

3 Clomazone – C-3,12 0,031 0,062 3,12

4 Clomazone – C-6,25 0,062 0,0125 6,25

5 Clomazone – C-12,50 0,125 0,250 12,50

6 Clomazone – C-18,75 0,187 0,2625 18,75

7 Clomazone – C-25,00 0,250 0,500 25,00

8 Clomazone – C-50,00 0,500 1,000 50,00

9 Glyphosate + Clomazone*– C-0,0 0,00+0,072 0,00+0,150 0,00+0,75

10 Glyphosate + Clomazone – C-1,56 0,015 + 0,072 0,031+0,150 1,06+0,75

11 Glyphosate + Clomazone – C-3,12 0,031 + 0,072 0,062+0,150 3,12+0,75

12 Glyphosate + Clomazone – C-6,25 0,062 + 0,072 0,0125+0,150 6,25+0,75

13 Glyphosate + Clomazone – C-12,50 0,125 + 0,072 0,250+0,150 12,50+0,75

14 Glyphosate + Clomazone – C-18,75 0,187+0,072 0,2625+0,150 18,75+0,75

15 Glyphosate + Clomazone – C-25,00 0,250 + 0,072 0,500+0,150 25,00+0,75

16 Glyphosate + Clomazone – C-50,00 0,500 + 0,072 1,000+0,150 50,00+0,75

*Gamit (Concentração 500g)** Glizmax (Concentração 480g e.a.)

Primeiramente, a aplicação do glyphosate (Glizmax – 480g EAG), na

concentração de 75% da dose comercial recomendada pelo fabricante, ocorreu em 24

mudas de laranjeira, restando 24 mudas sem aplicação de nenhum produto. A aplicação

do herbicida foi realizada com pulverizador costal à pressão constante (CO2), munido de

barra com quatro bicos XR11002, espaçados a cada 0,5 m, e regulado para um gasto de

volume de calda de 200L ha-1

, realizada a aplicação sobre as plantas e distanciado a 1

m. A aplicação ocorreu em fevereiro de 2012, às 16h00 e no momento da aplicação a

temperatura do ar era de 24 °C, com umidade relativa do ar de 80%, nebulosidade de

70%, sem presença de vento e orvalho.

Após 15 dias, houve a aplicação das subdoses crescentes de clomazone,

utilizando o mesmo método da primeira aplicação, sendo realizada às 14h00, no

momento da aplicação a temperatura do ar era de 26 °C, com umidade relativa do ar de

60%, nebulosidade de 70%, sem presença de vento e orvalho. Decorridos vinte dias da

aplicação, as mudas foram transplantadas e mantidas em área aberta de Laboratório de

Plantas Daninhas (LAPDA), nas dependências do Departamento de Biologia Aplicada à

Agropecuária, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV – UNESP (a

uma altitude média de 615,01 metros do nível do mar, situado na latitude 21°14’05” S e

longitude 48°17’09” W).

Para tanto, foram utilizados vasos com capacidade para 20L (34x28 cm),

preenchidos com solo coletado na camada arável de um Latossolo Vermelho Escuro.

Após o preenchimento dos vasos, uma amostra composta do solo foi coletada e

submetida às análises granulométricas e químicas de rotina, que foram realizadas no

Departamento de Solos e Adubos da FCAV-UNESP (Tabela 2). Na sequência, o solo

foi adubado de acordo com as recomendações para cultura.

As mudas foram dispostas segundo o delineamento experimental

inteiramente casualizado, com os tratamentos em três repetições.

Tabela 2. Características química e granulométrica do solo utilizado no experimento.

Jaboticabal (SP), 2011.

pH M.O. P resina K Ca Mg H+AL SB T V

CaCl2 g/dm3 mg/dm

3 ---------------------------- mmolc/dm

3 ---------------------------- %

5,4 22 47 3,4 30 16 31 49,4 80,4 61

Areia

Classe textural Argila Silte Fina Grossa

---------------------------- mmolc/dm3 -----------------------------

584 201 129 86 Argilosa

No decorrer do período experimental, além da irrigação periódica das

plantas, foram adotadas todas as práticas necessárias para a manutenção das boas

condições sanitárias das plantas, sendo efetuada a aplicação de Decis 25 EC

(deltametrina), na dose de 30 ml p.c/100 L-1

de água, para o controle de pulgão e larva-

minadora, de acordo com o monitoramento de pragas.

As plantas daninhas que emergiram espontaneamente nas parcelas

experimentais foram arrancadas manualmente.

Foram feitas avaliações das características de crescimento das plantas, antes

e após a aplicação dos herbicidas, compostas por: diâmetro do caule (m, cinco

centímetros acima da linha de enxertia, com auxílio de paquímetro digital),

comprimento do ramo (cm, considerando um dos ramos de pernada previamente

marcado com fitilho), número de ramos, teor relativo de clorofila total (UR, Minolta,

mode SPAD 502). A determinação do teor relativo de clorofila total foi feita em duas

folhas por planta, representadas uma pela folha previamente marcada localizada na

porção mediana da planta, e outra localizada no ponteiro e estabelecido uma média entre

elas.

As avaliações realizadas antes da aplicação dos herbicidas foram feitas para

verificar se as mudas estavam uniformes, procurando evitar a indução de erros em

diagnóstico posteriores.

As avaliações após a aplicação dos herbicidas foram realizadas aos 0, 10,

20, 30, 40, 50, 60 e 90 dias após a aplicação (DAA) para diâmetro do caule, altura das

plantas, teor relativo de clorofila total das folhas e número de brotações, sendo essa

plantas cortadas depois da avaliação visando manter o padrão de crescimento das

plantas.

Ao final do experimento, aos 90 DAA, as plantas das quarenta e oito

parcelas foram cortadas cinco centímetros acima do solo e, além das características

anteriormente citadas, foram determinadas: área foliar (cm², com auxílio do aparelho Li

Cor modelo Li 3000A), massa seca do caule e das folhas (g, ambas obtidas após a

secagem dos materiais em estufa com circulação forçada de ar a 70°C).

Os dados avaliados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as

médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para tanto, foi utilizado

o programa Estat. Os dados do diâmetro do caule, comprimento dos ramos e teor

relativo de clorofila total foram submetidos à análise de regressão em função das doses

de clomazone aplicadas, utilizando o programa Origin v.8 (MicroCal).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Uniformidade das mudas em pré-aplicação do glyphosate

Antes da aplicação dos tratamentos, observou-se que as mudas adquiridas

apresentavam-se uniformes quanto às características: altura da copa (48,0 ± 0,01 cm),

diâmetro do caule (9,1 ± 0,48 cm), número de brotos (sem brotos) e teor relativo de

clorofila total (97,20 ± 2,07).

Quinze dias após a aplicação do glyphosate, observou-se que as mudas de

laranjeira não apresentavam diferenças quanto às características de diâmetro do caule,

número de brotos e teor relativo de clorofila total, quando comparados os tratamentos

com ou sem glyphosate, separadamente (Tabela 3). Para o comprimento do ramo,

verificou-se diferença significativa, sendo que as plantas tratadas com glyphosate

apresentaram ramos mais curtos do que as não tratadas.

Tabela 3. Comprimento do ramo, diâmetro do caule, número de brotos e taxa relativa

de clorofila total e desvio padrão, 15 dias após a aplicação do glyphosate.

Glyphosate

Com Sem

Comprimento

do ramo (cm) 8,3 ± 3,1 15,2 ± 3,2

Diâmetro

(mm) 9,5 ± 0,5 9,6 ± 0,6

Número de

Brotos 7 ± 2 8 ± 1,6

Teor de

Clorofila 94,0 ± 2,4 93,0 ± 3,0

4.2 Efeito do clomazone e clomazone + glyphosate no crescimento das mudas aos

90 dias após a aplicação (Tabela 4)

4.2.1. Comprimento do ramo

Em relação ao comprimento do ramo não foi observada interação

significativa entre os efeitos da aplicação do glyphosate e as doses de clomazone

(Tabela 4). Verificou-se apenas efeito significativo da aplicação do glyphosate, sendo

que as mudas que receberam a deriva simulada apresentaram-se mais baixas, com ramos

mais curtos, quando comparadas com aquelas que não receberam, independentemente

da dose de clomazone. Não se constatou efeito das doses de clomazone,

independentemente do glyphosate, embora as plantas tratadas, com a maior dose do

produto, apresentassem comprimento médio de ramos de 22 cm e os da testemunha 38

cm.

Para frutíferas em geral, aplicações de glyphosate em folhagens são mais

prejudiciais às plantas jovens e aos tecidos, do que para as plantas maduras. Os autores

verificaram que os danos observados foram limitados à parte da planta que entrou em

contato direto com o herbicida pulverizado. Os sintomas incluíram queda de folhas,

galhos mortos e produção anormal de novos brotos. Para troncos danificados, o

glyphosate causa a formação de calos. Os sintomas em brotos que cresceram após a

aplicação do herbicida podem persistir por até 2 anos, após o qual as plantas podem

retomar o crescimento normal (Toth e Morrison, 1977).

Durante o decorrer do experimento foi observado que aos 10 dias após a

aplicação a testemunha já apresentava comprimento de ramo em torno de 25 cm, sendo

superior a todos os tratamentos que receberam clomazone, já as plantas do tratamento

com 50% de clomazone apresentaram ramos com menos de 10 cm de comprimento. No

decorrer do experimento, a testemunha se manteve superior aos de mais tratamentos

(Figura 3).

Os tratamentos 1,56%, 3,12%, 6,25% e 25% proporcionaram menor

interferência do herbicida, mantendo o crescimento superior quando comparado aos

demais tratamentos.

Tabela 4. Comprimento do ramo, diâmetro do caule, número de brotos e taxa de clorofila das mudas de laranjeira “Hamlin” 90 dias após a

aplicação dos tratamentos. Jaboticabal (SP), 2012.

COMPRIMENTO DO

RAMO (cm)

DIAMETRO DO

CAULE (mm)

NÚMERO

BROTOS(1)

TEOR DE

CLOROFILA

GLYPHOSATE SEM 33,50 A 12,92 A 2,06 A 58,39 B

COM 27,00 B 12,74 A 2,13 A 83,18 A

0,00 38,00 A 13,08 AB 1,99 A 91,95 A

DOSES DE

CLOMAZONE

(%)

1,56 36,00 A 12,95 AB 2,24 A 74,75 AB

3,12 33,16 A 13,82 A 2,18 A 75,93 AB

6,25 32,66 A 13,24 A 2,00 A 76,58 A

12,50 26,25 A 12,88 AB 2,00 A 77,88 A

18,75 25,08 A 13,22 A 2,00 A 63,10 AB

25,00 29,16 A 11,79 B 2,07 A 62,68 AB

50,00 21,66 A 11,68 B 2,28 A 43,41 B

Fherbicidas 5,14 * 0,68 NS 0,70 NS 24,05**

Fdoses 1,95 NS 5,77** 1,09 NS 4,04**

Fherbicidasxdoses 0,19 NS 0,68 NS 0,77 NS 1,14 NS

CV (%) 32,80 5,84 13,54 24,73

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre sim ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Pelo teste F: NS

não

significativo; ** significativo a 1% de probabilidade; * significativo a 5% de probabilidade; CV(%): coeficiente de variação; (1)

O valor do

número de brotos foram transformados por raiz(X +alfa) , sendo alfa o valor de 1,0 .

Figura 3. Comprimento dos ramos aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90 DAA dos tratamentos

de clomazone com a aplicação do glyphosate.

Figura 4. Comprimento dos ramos aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90 DAA dos tratamentos

de clomazone sem a aplicação do glyphosate.

5

10

15

20

25

30

35

40

45

10 20 30 40 50 60 90

Co

mp

rim

en

to r

am

os (

cm

)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

5

10

15

20

25

30

35

40

45

10 20 30 40 50 60 90

Co

mp

rim

en

to r

am

os (

cm

)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

Comparando os tratamentos nas plantas sem a aplicação do glyphosate

(Figura 4), observa-se que, aos 10 dias após a aplicação, a testemunha já apresentava

comprimento de ramo em torno de 25 cm, sendo superior somente ao tratamento 50%

clomazone e inferior aos de mais tratamentos. No geral, o comprimento do ramo no

tratamento 1,56% foi superior ao 3,12%, 6,25% e 12,50% sequencialmente. As plantas

que receberam o tratamento 25,00% mantiveram comprimento de ramo semelhante ao

da testemunha, mas após 50 dias da aplicação, a testemunha apresentou crescimento de

ramo superior.

Os sintomas comuns observados após a aplicação de glyphosate são clorose

foliar seguida de necrose. Outros sintomas foliares são: enrugamento ou malformações

(especialmente nas áreas de rebrotamento) e necrose de meristema e também de rizomas

e estolões de plantas perenes. Em contraste com muitos herbicidas de contato, os

sintomas fitotóxicos de danos pelo glyphosate geralmente desenvolvem-se lentamente,

com a morte ocorrendo após vários dias e mesmo semanas. Devido ao longo tempo

requerido, a estabilidade in vivo do glyphosate é uma importante característica que

contribui para seus efeitos fitotóxicos irreversíveis. Nas plantas, o glyphosate é muito

estável, com pequena degradação detectável ocorrendo em longo período de tempo

(GRUYS e SIKORSKI, 1999).

A partir de uma análise de regressão, (Figura 5), observou-se que as plantas

não tratadas com glyphosate apresentaram ramos mais compridos do que as tratadas e o

aumento da dose de clomazone proporcionou redução exponencial em ambas.

Figura 5 Análise de regressão para o efeito das doses de clomazone, com e sem

glyphosate no comprimento dos ramos aos 90 dias após a aplicação.

4.2.2. Diâmetro do caule

Em relação ao diâmetro do caule, não foi observada interação significativa

entre os efeitos da aplicação do glyphosate e as doses de clomazone (Tabela 4).

Verificou-se apenas efeito significativo nas doses do clomazone, independentemente do

glyphosate, sendo que as doses de 3,12%, 6,25% e 18,75% não diferiram

significativamente entre si, proporcionando valores de diâmetro superiores ao das doses

de 25,00% e 50,00%. Bacarim (2011) também constatou que as plantas que receberam o

herbicida tiveram redução da taxa de crescimento do diâmetro do caule, observada 60

dias após a aplicação.

Figura 6. Diâmetro do caule aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90 DAA dos tratamentos de

clomazone com a aplicação do glyphosate.

Comparando os tratamentos nas plantas em que foi aplicado glyphosate

(Figura 6), observou-se que o diâmetro do caule da testemunha se manteve superior ao

diâmetro dos demais tratamentos entre os 25 e 50 dias após a aplicação. As plantas que

receberam o tratamento de 3,12% de clomazone, após os 50 dias de aplicação,

apresentaram crescimento superior ao de todas as outras doses, com aproximadamente

14 cm de diâmetro aos 90 dias após a aplicação. O tratamento que recebeu a dose de

50% de clomazone teve o diâmetro de caule inferior aos outros tratamentos, com

aproximadamente 12 cm de diâmetro.

8

9

10

11

12

13

14

10 20 30 40 50 60 90

Dia

men

tro

(mm

)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

Figura 7. Diâmetro do caule aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90 DAA dos tratamentos de

clomazone sem a aplicação do glyphosate.

Comparando os tratamentos nas plantas sem a aplicação do glyphosate

(Figura 7), foi observado que o caule da testemunha obteve um crescimento em

diâmetro superior ao dos demais tratamentos a partir dos 20 dias após a aplicação,

mantendo-se superior até os 90 dias após a aplicação. Porém, as plantas que receberam

os tratamentos 3,12% e 6,25%, a partir dos 40 dias após a aplicação, apresentaram

elevado desenvolvimento do diâmetro do caule e aos 90 dias equipararam-se ao da

testemunha. As plantas com 50% da dose do clomazone apresentaram diâmetro de caule

inferior aos demais.

Submetendo-se os dados de diâmetro de caule à análise de regressão em

função das doses de clomazone, verificou-se que, tanto para as plantas tratadas

previamente com glyphosate como as não tratadas, em ambos os casos houve redução

de diâmetro, embora as plantas tratadas com clomazone a redução foi maior.

8

9

10

11

12

13

14

10 20 30 40 50 60 90

Dia

metr

o (

mm

)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

Figura 8 Análise de regressão para o efeito das doses de clomazone, com e sem

glyphosate, no crescimento dos ramos aos 90 dias após a aplicação.

4.2.3. Número de brotos

Em relação ao número de brotos, não foi observada interação significativa

entre os efeitos das doses de clomazone e as doses de glyphosate, assim como desses

isolados (Tabela 4). O efeito não significativo pode ter ocorrido devido ao fato das

mudas serem desbrotadas nas avaliações, mantendo somente três brotos por planta para

garantir a uniformidade, influenciando no efeito do número de brotos em relação aos

produtos.

Apesar da análise estatística não mostrar diferença significativa entre o

número de ramos das plantas, foi possível observar diferença quanto ao volume,

disposição e formação. Os ramos formados pelas plantas sem aplicação ou com as

menores doses de clomazone se caracterizam por se mostrarem mais espessos e fortes,

além de serem mais bem distribuídos e sem más formações, como alterações no

tamanho e uniformidade das folhas e das pernadas, proporcionando uma copa melhor

para a planta.

De acordo Valera-Gil e Garcia Torres (1994), aplicações de glyphosate

voltadas para a parte aérea da planta afetam apenas os brotos. Os brotos emergentes a

partir da base do tronco não foram sintomáticos, mas são esperados que apresentem os

mesmo efeitos caso recebam o produto.

4.2.4. Teor relativo de clorofila total

Em relação ao teor de clorofila total foi observado efeito significativo da

aplicação do glyphosate, independentemente das doses de clomazone, sendo que as

plantas tratadas com glyphosate apresentaram maior teor do que as não tratadas (Tabela

4).

Também verificou-se efeito significativo das doses de clomazone,

independentemente das de glyphosate, sendo que as plantas da testemunha e das doses

de 6,25% e 12,50% possuírem teores de clorofila que não diferiram significativamente

entre si, mas foram superiores à dose de 50,00%. Este fato ocorre devido ao efeito

provocado pela deriva do produto clomazone, reduzindo as taxa de clorofila da planta,

uma vez que seu mecanismo de ação é inibir a síntese de clorofilas. Pode-se observar

que as plantas da testemunha apresentaram teor relativo de clorofila total de 91,95%,

enquanto as tratadas com a dose de 50% apresentaram um valor menor que a metade

desse teor de clorofila. Não houve interação significativa entre a aplicação do

glyphosate e as doses de clomazone.

Comparando os tratamentos nas plantas em que foi aplicado glyphosate

(Figura 9), durante o decorrer do experimento foi observado que o teor de clorofila

total, nas plantas da testemunha, foi superior ao dos tratamentos que receberam as doses

de 25 e 50% de clomazone. Após 45 dias da aplicação dos tratamentos, devido a

deficiência de nitrogênio, foi aplicado 5g/L-1

de Uréia em todas as plantas. Verificou- se

que todas as plantas apresentaram inicio da recuperação dos valores dos teores de

clorofila total entre os 50-60 dias após a aplicação do clomazone, porém, mantendo suas

diferenças devido a abscisão das folhas mais prejudicadas com o clomazone e

desenvolvimento de novas folhas, e a recuperação das folhas em que não sofreram tanto

com a aplicação do produto.

Figura 9. Teor relativo de clorofila total das plantas aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90

DAA dos tratamentos de clomazone com a aplicação do glyphosate.

Comparando os efeitos dos tratamentos nas plantas nas quais não foi

aplicado glyphosate (Figura 10), de modo geral, todas as plantas que receberam os

tratamentos apresentaram comportamento semelhante até os 40 dias após a aplicação.

0

20

40

60

80

100

120

10 20 30 40 50 60 90

Teo

r re

lati

vo

de C

loro

fila

to

tal

(UR

)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

Após os 45 dias da aplicação, a testemunha manteve seu desenvolvimento continuo sem

apresentar queda nos teores de clorofila total, enquanto todas as outras plantas que

receberam as diversas doses de clomazone tiveram redução nos teores de clorofila total.

Entre os 50 e 60 dias após a aplicação dos tratamentos, foi observado o inicio da

recuperação dos valores dos teores de clorofila total nas plantas, decorrente da aplicação

de Uréia realizada aos 45 dias após a aplicação do clomazone. Desta forma, este

acontecimento ocorreu devido ao déficit de nitrogênio, abscisão das folhas mais

prejudicadas com o clomazone e desenvolvimento de novas folhas, e a recuperação das

folhas em que não sofreram tanto com o produto aplicado.

Figura 10. Teor relativo de clorofila total das plantas aos 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 90

DAA dos tratamentos de clomazone sem a aplicação do glyphosate.

Na comparação dos teores de clorofila total, que foram medidos nas plantas

que receberam os tratamentos de clomazone, seguidos ou não da aplicação de

glyphosate, verificou-se que as plantas que receberam a aplicação do glyphosate se

recuperaram mais rápido, aproximadamente 50 dias após a aplicação, e as que não

0

20

40

60

80

100

120

10 20 30 40 50 60 90

Teo

r re

lati

vo

de c

loro

fila

to

tal (U

R)

Dias após aplicação

0,00

1,56

3,12

6,25

12,50

18,75

25,00

50,00

receberam a aplicação do glyphosate tiveram uma recuperação em torno de 50 a 60 dias

após a aplicação.

A partir da análise de regressão (Figura 11), observa-se que as plantas

tratadas com glyphosate apresentaram teores de clorofila total superiores aos das plantas

que não receberam a aplicação do glyphosate. Com a aplicação do clomazone, houve

redução linear no teor de clorofila total das plantas tratadas com glyphosate, enquanto

nas não tratadas a redução foi mais acentuada com as menores doses, apresentando

comportamento exponencial, mas o efeito danoso da dose de 50% em ambas foi igual.

Figura 11. Análise de regressão para o efeito das doses de clomazone, com e sem

glyphosate nos teores de clorofila total, medidos aos 90 dias após a

aplicação.

4.2.5. Área Foliar

Em relação à área foliar, não foi observado efeito significativo da aplicação

do glyphosate (Tabela 5). Comparando os efeitos de doses do clomazone,

independentemente das de glyphosate, observou-se efeito significativo, sendo que as

plantas da testemunha apresentaram maior área foliar quando comparadas as tratadas

com clomazone, que por sua vez não diferenciaram entre si. A interação entra a

aplicação do glyphosate e as doses do clomazone não foi significativa.

A deriva do clomazone proporcionou nas plantas manchas cloróticas e

necróticas em folhas novas e velhas e, posteriormente, a abscisão de grande parte,

influenciando nos resultados finais da área foliar aos 90 dias após a aplicação.

4.2.6. Matéria seca das folhas

Em relação à matéria seca das folhas, não foi observado efeito significativo

da aplicação do glyphosate e da interação entre a aplicação do glyphosate e as doses de

clomazone (Tabela 5). Verificou-se apenas efeito significativo entre as doses de

clomazone, sendo que a massa seca das folhas da testemunha foi superior a das plantas

tratadas com as demais doses.

4.2.7. Matéria seca do caule

Em relação à matéria seca do caule, não foi observado efeito significativo

da aplicação do glyphosate e da interação entre a aplicação do glyphosate e das doses de

clomazone (Tabela 5). Observou-se efeito significativo entre as doses de clomazone,

sendo que a massa seca do caule das plantas da testemunha foi superior ao das tratadas

com as demais doses, à exceção das tratadas com as doses de 3,12% e 6,25% que não

diferenciaram entre si e, inclusive, apresentaram mais massa seca de caule do que as

tratadas com a dose de 50% de clomazone.

Tabela 5. Área foliar, matéria seca das folhas (MSF) e matéria seca do caule (MSC) das

mudas de laranjeira “Hamlin” aos 90 dias após a aplicação dos tratamentos.

Jaboticabal (SP), 2012.

ÁREA FOLIAR (cm²) MSF (g) MSC (g)

GLYPHOSATE SEM 2061,90 A 22,45 A 37,18 A

COM 1947,84 A 21,99 A 35,19 A

0,00 3240,72 A 39,65 A 53,01 A

DOSES DE

CLOMAZONE

(%)

1,56 1862,96 B 20,95 B 36,06 BC

3,12 2029,85 B 21,58 B 39,46 AB

6,25 2000,16 B 19,37 B 38,86 AB

12,50 1731,97 B 19,62 B 34,59 BC

18,75 2032,82 B 22,65 B 34,14 BC

25,00 1736,04 B 19,62 B 29,81 BC

50,00 1404,46 B 14,28 B 23,56 C

Fherbicidas 0,54 NS 0,07 NS 0,76 NS

Fdoses 6,11** 9,37** 7,03**

Fherbicidasxdoses 1,42 NS 1,68 NS 0,54 NS

CV (%) 26,76 26,89 21,72

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre sim ao nível de 5% de

probabilidade pelo teste de Tukey. Pelo teste F: NS

não significativo; ** significativo a

1% de probabilidade; CV(%): coeficiente de variação; (1)

.

5. CONCLUSÃO

A deriva de clomazone prejudica o crescimento e desenvolvimento inicial

de laranjeiras ‘Hamlin’ já a partir de 1,56 % da dose comercial. Quando essa deriva

ocorre após uma subdose de glyphosate (0,75% do produto comercial) o efeito é mais

acentuado, embora essa subdose do glyphosate em si não cause danos às plantas.

6. RESUMO

Na região citrícola do Estado de São Paulo é comum que a cultura da laranja

e da cana-de-açúcar sejam vizinhas. Por propiciar uma redução de custos, o setor

sucroalcooleiro vem procurando otimizar suas aplicações, como, por exemplo, por meio

das aplicações aéreas, prática que aumenta o risco de deriva desses produtos em culturas

não alvo. Portanto, objetivou-se avaliar os efeitos causados pela simulação da deriva de

clomazone, isoladamente ou sequencial a aplicação de glyphosate em subdose sobre o

crescimento de plantas jovens de laranjeiras ‘Hamlin’. O delineamento experimental

utilizado foi em blocos inteiramente casualizados, com os tratamentos dispostos em

esquema fatorial 2x8, sendo dois herbicidas (clomazone isolado e glyphosate a 0,75%

p.c. + clomazone) e oito doses crescentes do clomazone (0, 1,56, 3,12, 6,25, 12,50,

18,75, 25,00 e 50,00% da dose recomendada comercialmente para o controle de plantas

daninhas), com 3 repetições. As avaliações foram compostas por diâmetro do caule,

comprimento dos ramos, número de brotos e teor relativo de clorofila total,

determinados dos 10 aos 90 dias após a aplicação (DAA), e área foliar, matéria seca de

folhas e caule, determinados aos 90 DAA. Os resultados obtidos indicaram que houve

redução significativa nas características avaliadas, sendo que os efeitos negativos para a

cultura ocorrem mesmo em doses baixas (1,56%), que foram capazes de prejudicas o

crescimento das plantas. A partir dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que a

deriva de clomazone isolado ou sem sequência do glyphosate causa prejuízos no

crescimento inicial das laranjeiras, atuando de forma mais agressiva quando em

sequência com a deriva de glyphosate.

7. SUMMARY

In citrus area of São Paulo’s state it is common that the orange and the sugar

cane crops are neighboring. To provide a cost reduce, alcohol and sugar sectors are

looking to optimize their applications, for example, by aerial applications, a practice

that increases the risk of drift of these products in non-target crops. Therefore, this study

aimed to evaluate the effects caused by simulation drift of clomazone, itself or followed

by glyphosate application in subdose about the growth of young plants of orange

'Hamilin'. The experimental design was randomized blocks with treatments arranged in

a 2x8 factorial design, the treatments consisting of two herbicides (glyphosate and

clomazone isolated 0.75% pc + clomazone) and eight increasing doses of clomazone (0,

1.56, 3.12, 6.25, 12.50, 18.75, 25.00 and 50.00% of the recommended rate for weed

control) with three replicates. At 10 and 90 days after application (DAA) were

evaluated stem diameter, length of the branches, number of shoots and the total

chlorophyll content, and at 90 DAA were, also, evaluated leaf area, dry matter of leaves

and stem. The results indicated that there was significant reduction in the evaluated

characteristics, and the negative effects occur even at low doses at the crop (1,56%),

that were able to damage the growth of the culture. From the results obtained in this

study, it is concluded that the drift of clomazone alone or without following the

glyphosate causes losses in the initial growth of the orange, acting more aggressively

when in sequence with glyphosate drift.

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