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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO INFLUÊNCIA DA MÚSICA E SEU MOMENTO DE APLICAÇÃO SOBRE VARIÁVEIS PSICOFISIOLÓGICAS DE CICLISTAS EM TESTE CONTRA-RELÓGIO DE 5 km Marcelo Bigliassi LONDRINA PARANÁ 2011

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Universidade

Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

INFLUÊNCIA DA MÚSICA E SEU MOMENTO DE APLICAÇÃO SOBRE VARIÁVEIS

PSICOFISIOLÓGICAS DE CICLISTAS EM TESTE CONTRA-RELÓGIO DE 5 km

Marcelo Bigliassi

LONDRINA – PARANÁ

2011

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MARCELO BIGLIASSI

INFLUÊNCIA DA MÚSICA E SEU MOMENTO DE APLICAÇÃO SOBRE VARIÁVEIS

PSICOFISIOLÓGICAS DE CICLISTAS EM TESTE CONTRA-RELÓGIO DE 5 km

Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Leandro Ricardo Altimari

Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Nilo Massaru Okuno

Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Célio Estanislau

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 23 de setembro de 2011

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DEDICATÓRIA

A Deus, por toda felicidade e motivação durante a caminhada.

Aos meus pais, por todo esforço, investimento e amor.

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AGRADECIMENTOS

Especialmente a toda minha família que sempre foi crente em mim e me motivou

todos os dias para o cumprimento de minhas obrigações.

Ao Prof. Dr. Leandro Ricardo Altimari, por acreditar cegamente em meu potencial,

pela motivação sempre presente, por todo apoio e orientação a mim sucedida.

Aos professores, Edilson Serpeloni Cyrino e Enio Ricardo Vaz Ronque, por todo

conhecimento passado e traduzido, sempre com muita calma e dedicação.

Aos grandes amigos encontrados durante essa fase da vida, por toda a alegria por

estes proporcionada.

A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste

trabalho.

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EPÍGRAFE

“Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena

Quem quer passar além do bojador

Tem que passar além da dor”

Fernando Pessoa

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BIGLIASSI, Marcelo. Influência da música e seu momento de aplicação sobre variáveis psicofisiológicas de ciclistas em teste contra-relógio de 5 km. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.

RESUMO

O possível efeito da música como recurso ergogênico no ciclismo ainda não está

claro. Atualmente tem-se levantado dúvidas sobre sua influência nas variáveis

psicofisiológicas e momento ideal de sua utilização. Objetivo: verificar a influência da

música introduzida em diferentes momentos de um teste contra-relógio de cinco

quilômetros (TT5KM) nas variáveis psicofisiológicas de ciclistas. Métodos:

participaram deste estudo dez ciclistas treinados submetidos inicialmente a teste

incremental máximo (TIMAX) e posteriormente a três TT5KM em condições distintas:

música antes (MA), música durante (MD) e controle (C). Durante todas as condições

foram monitoradas o tempo (T), potência (W), frequência cardíaca (FC) sendo feita a

análise pela média total e a média a cada 500m, percepção subjetiva de esforço

(PSE) a cada 1000m e o estado de humor pelo questionário de BRUMS antes e

após o aquecimento, como também após o exercício. Para tratamento estatístico

dos dados foi utilizado a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas. O

nível de significância adotada foi de 5%. Nenhuma das variáveis demonstrou

diferença estatisticamente significante na interação momento x condição. Conclui-se

que a música não foi eficiente em modular variáveis psicofisiológicas durante um

contra-relógio de 5 km em diferentes momentos.

Palavras-chave: Ciclismo, Contra-Relógio, Recursos Ergogênicos e Música.

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BIGLIASSI, Marcelo. Influence of music and your moment of application in psychophysiological variables in cyclists on Time Trial with 5 km. Work Completion of Course. Physical Education Graduate. Center of Physical Education and Sport. State University of Londrina, 2011.

ABSTRACT

The effect of music as an ergogenic aid in cycling is yet unclear. Currently there are

some questions about the effect in the psychophysiological variables and the correct

moment of your utilization. Objective: verify the influence of music introduce in

different moments in a time-trial with five km (TT5KM) in the psychophysiological

variables. Methods: Ten trained cyclists participated in this study that initially

performed with a maximal incremental (TIMAX) and after this, three distinct conditions

TT5KM: music before (MA), music after (MD) and control (C). During all conditions

the time (T), power (W), heart rate (FC) was monitored in the middle and total course

in each 500m, rating of perceived exertion (PSE) in each 1000m and the mood state

with questionnaire of BRUMS before and after the warm-up, and after exercise. For

the statistical analysis, analysis of variance (ANOVA) for repeated measure was

used. The level of significance used was 5%. Anyone variable showed differences

between moment x condition interaction. We can conclude that music can’t be

effective in change psychophysiological variables in a 5 km time-trial in several

moments.

Key-Words: Cycling. Time-Trial, Ergogenics Aids and Music.

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LISTA DE ANEXOS

Figura 1 - Questionário de humor de BRUMS......................................................... 29

Figura 2 - Percepção Subjetiva de esforço.............................................................. 30

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SUMÁRIO

RESUMO Iv

ABSTRACT v

LISTA DE ANEXOS vi

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 2

1.1 Justificativa................................................................................................. 3

1.2 Objetivos.................................................................................................... 3

1.3 Hipóteses................................................................................................... 3

2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................... 5

2.1 Ergogênicos e Esportes............................................................................. 5

2.2 Hipóteses de como a música pode influenciar o desempenho motor... 6

2.3 Efeitos da música sobre o desempenho físico........................................ 7

2.4 Fatores determinantes do efeito da música sobre o desempenho físico... 8

3. MÉTODOS................................................................................................. 10

3.1 Amostra...................................................................................................... 10

3.2 Delineamento Experimental....................................................................... 10

3.3 TImáx......................................................................................................... 10

3.4 TT5km........................................................................................................ 11

3.5 Avaliação do estado de humor.................................................................. 12

3.6 Percepção Subejtiva do Esforço................................................................ 13

3.7 Procedimentos Estatísticos........................................................................ 13

4. RESULTADOS........................................................................................... 14

5. DISCUSSÃO.............................................................................................. 19

REFERÊNCIAS 24

ANEXOS 29

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1. INTRODUÇÃO

A visão contemporânea da sociedade em relação ao esporte identifica

claramente elementos que o constituem e trazem importância a esse fenômeno,

onde cada vez mais o avanço da tecnologia e ciência atuando de forma paralela,

reflete vitórias ou derrotas divididas por milésimos de segundos (MARQUES,

ALMEIDA & GUTIERREZ, 2007). Dentre algumas modalidades esportivas, o

ciclismo assim como outras modalidades de caráter similar destaca-se por ser

definido primordialmente por mecanismos responsáveis pela causa da fadiga ao

longo da prova, muitas vezes divergindo seus resultados por pequenos detalhes

moduladores do desempenho, diferente de modalidades como jogos esportivos

coletivos ou de combate, onde muitas vezes a principal variável a influenciar não se

caracteriza por respostas nos mecanismos de fadiga (ABBISS & LAURSEN, 2005).

Partindo dessa perspectiva, uma série de recursos pode ser usada para trazer

aprimoramento no treino ou na competição, esses recursos são chamados

ergogênicos, podendo ser assim classificados em nutricionais, farmacológicos,

psicológicos, biomecânicos e fisiológicos (SILVER, 2001). Agentes ergogênicos

psicológicos podem ser entendidos como fatores que sejam capazes de aumentar o

aspecto motivacional ou diminuir o estado de ansiedade do atleta no momento da

competição, entre estes, destacam-se o uso de diálogos persuasivos, forte

estimulação verbal durante a prova, vídeos e músicas (GOULD & WEINBERG,

2003).

No caso da música, seu uso já vem sendo feito a um longo período por atletas

de diferentes modalidades e até indivíduos que assim fazem uso deste para tornar a

prática de sua atividade física mais agradável (LEYES, 2006). A música tem se

demonstrado capaz de aumentar a motivação para a prática (GFELLER, 1998;

LUCACCINI & KREIT, 1972), sincronizar os batimentos por minuto da música com a

cadência de pedaladas ou passos (MACDOUGALL, 1902; SMOLL & SCHULTZ,

1982) e até disputar pela atenção sensorial de forma paralela ao exercício

(REJESKI, 1985), causando significantes modificações em fatores psicofísicos (ex:

percepção subjetiva de esforço e estado afetivo), proporcionando maior tempo até

exaustão ou maior distância percorrida em determinado teste/exercício quando

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realizado na mesma intensidade (MOHAMMADZADEH, TARTIBIYAN, & AHMADI,

2008; SHAULOV & LUFI, 2009; SZABO, SMALL, & LEIGH, 1999).

Apesar de seus resultados já terem sido evidenciados em situações de

exercícios submáximas (BROWNLEY, et al., 1995; KARAGEORGHIS, et al., 2008;

SHAULOV & LUFI, 2009; WATERHOUSE, et al., 2009), e máximo (COPELAND &

FRANKS, 1991; KARAGEORGHIS, et al., 2009; MACONE, et al., 2006;

MOHAMMADZADEH, et al., 2008). Ainda se questiona acerca de qual momento a

música deveria ser introduzida para realização da prática. Isto consiste em um fator

importante, uma vez que, de maneira geral os atletas fazem uso da música nos

momentos pré-competitivos e a maioria dos estudos feitos até o presente momento

testaram o uso da música durante a realização do teste/exercício (PUJOL &

LANGENFELD, 1999; YAMAMOTO, et al., 2003; DYRLUND & WININGER, 2008;

NAKAMURA, et al., 2008).

1.2 Justificativa

A música vem sendo constantemente utilizada nos mais diversos contextos e

modalidades esportivas, como forma de motivação, diminuição da ansiedade ou na

tentativa de diminuir aspectos relacionados à ativação e o stress (LEYES, 2006), de

uma forma ou outra buscando a melhora do desempenho no âmbito competitivo.

Dentro dessa perspectiva, essas modalidades características podem sofrer alguma

influência pelo efeito prévio da música ou mesmo durante uma prova de contra-

relógio, no qual se localiza em uma posição de modalidade individual capaz de ser

modulada por um maior nível de motivação pessoal e regulação adequada da

ativação, existindo possibilidade de ser influenciada pela ação de ergogênicos de

caráter psicológicos.

1.3 Objetivo

Verificar a influência da música e seu momento de aplicação sobre o

desempenho e sobre a modulação de variáveis psicofisiológicas durante um contra-

relógio de alta intensidade (5km) em ciclistas.

1.4. Hipóteses de Pesquisa

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As principais hipóteses decorrentes desse tipo de estudo, são baseadas na

influência que a música pode ter baseado em três possíveis teorias referentes ao

seu mecanismo de ação cerebral e então seu efeito subseqüente em medidas de

desempenho assim como respostas psicológicas e referentes à percepção de

esforço observada pelo ciclista.

Em um primeiro momento existe a hipótese de que a música seria capaz de

modular características motivacionais, modificando o humor ou a vontade individual

e acarretar então a um menor tempo de prova, sugerido por uma maior potência

média total, ou para uma mesma potência gerada, uma rotação mais adequada

capaz de manter boa rotação por minutos dos pedais mantendo a percepção

subjetiva de esforço, isso significa melhor eficiência, podendo ser interpretada pela

relação agonista antagonista dos músculos anteriores e posteriores de modo

possiblitar em diferentes rotações menor porcentagem de cocontração (WINTER,

1990).

De outro modo a música poderia acabar acarretando uma sincronização da

velocidade de giro dos pedais de forma a cadenciar em alto padrão a velocidade de

rotação, modificando uma estratégia de ritmo adotada durante a corrida, conduzindo

então de igual forma a uma melhora do desempenho.

Ainda, a música poderia agir de forma paralela a interpretação de sinais

aferentes recebidos pela ação muscular, no caso por influência de retroalimentação

e dessa forma competir pela percepção subjetiva de esforço expressa pelo

praticante.

Nos dois primeiros casos a música poderia ocasionar efeitos se sugerida antes

da realização do exercício, assim como durante sua aplicação, porém em sua última

instância, somente no caso de ocorrer de forma a concorrer com o exercício.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ergogênicos e Esportes

A evolução da ciência do treinamento esportivo e a busca pelo alcance dos

limites do desempenho humano, sobretudo ao longo da última década, têm atraído

inúmeros pesquisadores para investigar o potencial de diferentes recursos

ergogênicos que possam contribuir com a evolução da ciência esportiva,

possibilitando melhora do desempenho físico de atletas em diferentes modalidades

(LIPPI, et al., 2008; TOKISH, KOCHER, & HAWKINS, 2004).

O termo "ergogênico" deriva das palavras gregas "Ergon" e "genes", que

significam "trabalho" e "produção/criação de", respectivamente (BERNSTEIN,

SAFIRSTEIN & ROSEN, 2003). Os recursos ergogênicos são classicamente

classificados em cinco categorias: mecânico, psicológico, fisiológico, farmacológico e

nutricional (SILVER, 2001; THEIN, THEIN & LANDRY, 1995), e inclui desde

procedimentos legais e comprovadamente seguros, como a suplementação de

carboidratos, ingestão de cafeína, realização de aquecimento, utilização de

vestimenta e equipamentos esportivos, hipnose, até meios ilegais e aparentemente

inseguros, como o uso de esteróides anabólicos e infusão sanguínea (THEIN, et al.,

1995; BERNSTEIN, et al., 2003).

Dentre esses recursos ergogênicos, a música tem sido classificada como um

recurso psicológico (BERNSTEIN, et al., 2003) e tem despertado o interesse

particularmente por seus efeitos evidenciados em estudos com foco no rendimento

durante exercício (BROWNLEY, MCMURRAY, & HACKNEY, 1995; COPELAND &

FRANKS, 1991).

Conjuntamente ao estudo dos mecanismos que expliquem como a música

pode influenciar o comportamento motor, uma série de abordagens experimentais

tenta ampliarem a gama de conhecimentos específicos na área, trazendo

importância aos componentes da música que podem alterar a magnitude do efeito

ergogênico (ritmo, tempo, volume, melodia e harmonia) (KARAGEORGHIS, et al.,

2006). A influência de outros fatores além das características da música, como por

exemplo, os tipos de testes utilizados e o nível de aptidão física individual também

são levados em consideração (LEYES, 2006), entretanto, ainda requer uma

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investigação mais sistematizada para obter conclusões mais consistentes da

influência destas variáveis.

Embora exista um grande interesse em saber como a música possa atuar na

melhora do desempenho físico, os achados até presente momento ainda não é

conclusiva a cerca do seu potencial efeito ergogênico.

2.2 Hipóteses de como a música pode influenciar o desempenho motor

Segundo Karageorghis e Terry (1997), a música pode influenciar o

desempenho motor, baseado em três possíveis teorias, sendo elas: Teoria do

processamento paralelo/Teoria da dissociação (REJESKI, 1985), Teoria da

sincronização/Teoria do ritmo (MACDOUGALL, 1902; SMOLL & SCHULTZ, 1982) e

Teoria do humor/Teoria psicomotora (GFELLER, 1988; LUCACCINI & KREIT, 1972).

A hipótese do processamento paralelo, evidenciada por diversos autores,

aponta para um acontecimento no qual, uma série de informações neurais é

recebida por vias aferentes, tanto internas quanto externas, e sua interpretação é

feita em paralelo (CRUST, 2004; KARAGEORGHIS, JONES, & STUART, 2008).

Muitas dessas respostas são observadas nos mecanismos responsáveis pela

percepção subjetiva de esforço (REJESKI, 1985), estado afetivo social,

comportamento (LUCACCINI & KREIT, 1972) e sinais não verbais

(KARAGEORGHIS & TERRY, 1997). Partindo dessa perspectiva, alguns autores

tentaram observar as possíveis respostas geradas pela interação exercício e música

como sinal de dissociação (DYRLUND & WININGER, 2008; EDWORTHY &

WARING, 2006; WATERHOUSE, HUDSON, & EDWARDS, 2009).

Quanto à teoria da sincronização, esta diz respeito à capacidade do cérebro

sincronizar a cadência dos movimentos do exercício em execução (ex: andar ou

pedalar) com os batimentos por minuto da música (bpm) (POTTEIGER,

SCHROEDER, & GOFF, 2000; YAMAMOTO et al., 2003). Até o momento existem

algumas evidências que consolidem esta teoria, mostrando que em algumas áreas

específicas do cérebro como o hemisfério dominante parece estar amplamente

relacionado com uma série de componentes musicais como o ritmo e o tom nos

quais podem ser também utilizados em paralelo pelo cérebro para permitir a ação

muscular cíclica como o andar (KARAGEORGHIS et al., 2009; MACONE et al.,

2006; YAMAMOTO et al., 2003). Entretanto, alguns pesquisadores vêm

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demonstrando interesse e dessa forma investigando a capacidade de sincronização

musical com o desempenho ou respostas afetivas (estado de humor, motivação e

ansiedade) ao exercício (ATKINSON, WILSON, & EUBANK, 2004; LIM et al., 2009;

MOHAMMADZADEH, TARTIBIYAN, & AHMADI, 2008).

A hipótese do humor identifica-se com o fato no qual emoções passadas

podem estimular, de forma positiva ou negativa, determinado comportamento, e

neste caso a música pode trazer à tona sentimentos (ex: lembranças pessoais) e

assim, ao influenciar o fator motivacional, podem aumentar a excitação eferente para

os músculos em exercício e dessa maneira aumentar o desempenho obtido em

determinada atividade (CRUST, 2004; ELLIOTT, CARR & SAVAGE, 2004). Em

relação a atletas, as músicas são utilizadas para situações de diminuição da

ansiedade pré-competitiva, ou aumento da motivação e desejo de vencer (LEYES,

2006). Nessa perspectiva, os estudos focados nesta hipótese testam o uso da

música como ergogênico especificamente em condições diferentes de alterações de

estado afetivo e humor das pessoas em exercício (ELLIOTT et al., 2004;

NAKAMURA, DEUSTCH & KOKUBUN, 2008; NAKAMURA et al., 2010; POTTEIGER

et al., 2000).

2.3 Efeitos da música sobre o desempenho físico

A presença de efeito positivo do uso da música como agente ergogênico é

consistente na literatura disponível e tem se apresentado predominantemente nos

exercícios submáximos (intensidade moderada - ≤70% VO2máx) (BROWNLEY et al.,

1995; KARAGEORGHIS et al., 2008; SHAULOV & LUFI, 2009; WATERHOUSE et

al., 2009), indicando que em intensidades abaixo do limiar anaeróbio a hipótese da

dissociação parece também ter influência, devido à entrada e subseqüente

interpretação dos sinais aparentemente seguir uma ordem de importância. Nesse

sentido, estímulos considerados causadores de dor, forte emoção ou esforço do

atleta em certos momentos acabam por se sobrepor a outros estímulos externos

sensitivos com menor importância. Vale ressaltar que os principais fatores que

parecem influenciar os aspectos psicofísicos são o ritmo e a familiaridade/gosto

musical, demonstrando efeito sobre variáveis fisiológicas e subjetivas (SZMEDRA &

BACHARACH, 1998; YAMASHITA et al., 2006). O volume sonoro somente

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proporciona algum efeito se associado a um elevado ritmo (EDWORTHY &

WARING, 2006).

Contudo, durante o exercício máximo (intensidade alta - ≥100% VO2máx),

apesar de se constatar efeitos positivos no uso da música como agente ergogênico,

seus efeitos tem-se apresentado em menor magnitude. Os principais achados

apontam para a influência da música em relação a algumas variáveis de

desempenho, como por exemplo, tempo até a exaustão (COPELAND & FRANKS,

1991; KARAGEORGHIS et al., 2009; MACONE et al., 2006; MOHAMMADZADEH et

al., 2008).

Ressalta-se que existem indícios de que o efeito ergogênico da música

durante exercícios de desempenho máximo está relacionado aos modelos de maior

duração, e este efeito parece ter os fatores motivacionais como seu principal

mecanismo (KARAGEORGHIS et al., 2009; MACONE et al., 2006). Estudos com a

presença de música durante modelos de curta duração (ex: teste de wingate) são

escassos e não tem demonstrado diferenças significantes (PUJOL & LANGENFELD,

1999; YAMAMOTO et al., 2003).

Com relação aos estudos que se utilizaram da interação música e time trial

(contra-relógio), esses apresentam benefícios decorrente do uso da música

(ATKINSON et al., 2004; LIM et al., 2009), demonstrando velocidade média maior,

sem diferenças na percepção subjetiva de esforço e outras variáveis fisiológica com

utilização da música, demonstrando um efeito positivo na estratégia de pacing dos

voluntários.

Nesse sentido vale salientar que de forma geral todas as hipóteses parecem

influenciar de certo modo o desempenho ou as características psicológicas de

sujeitos que usam esse recurso em situações de exercício.

2.4 Avaliação do efeito da música sobre o desempenho físico

Vários fatores podem determinar o efeito da música sobre o desempenho

físico, dentre os quais o nível de treinamento, tipo de música, tipo de exercício e

momento de aplicação da música. Observam-se nos estudos sobre o tema maiores

efeitos positivos em populações não treinadas ou com menor nível de aptidão física

(BROWNLEY ET AL., 1995; MOHAMMADZADEH et al., 2008), uma vez que em

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situações de exercício no domínio de intensidade severa, principalmente realizado

por voluntários mais aptos, a hipótese do processamento paralelo parece não

explicar a influência da música devido à ausência de grandes efeitos em variáveis

psicofísicas (CRUST, 2004; PUJOL & LANGENFELD, 1999; YAMAMOTO et al.,

2003). Os estímulos gerados pela música nesta faixa de intensidade acabam sendo

não interpretados com a mesma importância, tendo menor importância do que, por

exemplo, sua percepção de esforço, sua sensação de dor ou a vontade de

completar a prova da melhor maneira possível (BROWNLEY et al., 1995;

MOHAMMADZADEH et al., 2008).

Quanto ao tipo de música escolhido e utilizado para testes, prática de

exercícios físicos, assim como para situações de relaxamento e aumento da

agressividade, mostra-se extremamente determinante para o objetivo em questão

(DYRLUND & WININGER, 2008; NAKAMURA et al., 2008; NAKAMURA et al., 2010).

Apesar de existirem três possíveis hipóteses para a aplicação da música enquanto

recurso ergogênico, ainda não existe evidências que suportem o predomínio de uma

teoria sobre a outra, como também de ação conjunta, ou seja, o indivíduo pode

sentir-se motivado pela música, ser capaz de sincronizar suas passadas com o ritmo

e ainda processar as informações aferentes de forma paralela.

Quando levamos em consideração o tipo de teste, a escolha depende da

capacidade física específica que se pretende avaliar (ex: força isométrica, aptidão

cardiorrespiratória ou potência). Nesta perspectiva, a música parece influenciar de

maneira mais expressiva testes/exercícios de característica submáxima

(KARAGEORGHIS & TERRY, 1997; SCHIE et al., 2008), expressa pela maior

tolerância ao exercício ou quantidade de trabalho realizada em um mesmo espaço

de tempo, e a possível explicação dá-se pela Teoria do processamento paralelo,

uma vez que a tarefa submáxima permite que os sinais aferentes compitam com os

sinais de cansaço ou dor (REJESKI, 1985).

Além disso, deve-se considerar o momento de aplicação da música para fins

ergogênicos: a maioria dos estudos aplica-a durante e paralelamente ao exercício.

Todavia, não é incomum ver o uso no momento prévio à competição no ambiente

esportivo. Devido à escassez de estudos que se propuseram avaliar o momento de

aplicação da música, as evidências encontradas até o momento indicam apenas o

efeito ergogênico da música aplicada durante o exercício, aproximando-se mais do

contexto relacionado ao seu uso durante atividades físicas.

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3. MÉTODOS

3.1 Amostra

Participaram deste estudo 10 atletas de ciclismo, os quais não apresentaram

histórico de lesões nos seis meses anteriores ao experimento. Todos os atletas

deveriam ser ativamente competitivos em nível regional e nacional, obtendo

resultados em um teste incremental máximo capaz de classificá-los como

profissionais de acordo com dados da literatura, essas variáveis seriam não só

medidas de desempenho como a potência gerada, mas também o nível de eficiência

dos atletas calculado nesse caso pela quantia de energia despendida e o trabalhado

produzido multiplicado por 100 (HOPKER et al., 2007; HOPKER et al., 2010;

MOSELEY et al., 2004; MUJIKA & PADILLA, 2001). Previamente ao experimento, os

voluntários foram instruídos sobre a necessidade de abstinência a qualquer

atividade física vigorosa e ingestão substâncias cafeinadas ou alcoólicas nas 24

horas precedentes às sessões de teste, para evitar possíveis interferências.

Realizaram os testes sempre no mesmo período do dia (± 1 h), visando evitar

interferências circadianas. Todos assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido informando sobre os objetivos e propostas do estudo.

3.2 Delineamento experimental

Todos os voluntários realizaram quatro sessões de teste em ciclossimulador

(Velotron™, Dynafit Model, Racer Mate®, USA) consistindo em um teste incremental

máximo (TIMAX) e três contra-relógios de cinco quilômetros (TT5KM). A descrição

detalhada dos protocolos segue abaixo.

3.3 TIMAX

O primeiro teste foi um TIMAX tipo degrau realizado em ciclossimulador

(Velotron, Dynafit Model; Racer Mate®, Seattle, WA, USA), para obtenção dos

parâmetros máximos de potência (WMAX) e frequência cardíaca (FCMAX), e limiares

fisiológicos dos atletas.

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Com o objetivo de manter um padrão entre todos os atletas, a configuração

dos ajustes biomecânicos (altura e distância do banco, altura e distância do guidão)

foi predeterminada de acordo com a sugestão da literatura (SILBERMAN et al.,

2005). Após o ajuste inicial na primeira sessão, foram permitidas pequenas

modificações quando requeridas pelos atletas. Todas as medidas foram ajustadas e

anotadas na primeira sessão para reproduzir a mesma configuração nas sessões de

testes subsequentes.

O TIMAX teve início com uma carga de 100 W com subseqüentes incrementos

de 25 W.min-1 até a exaustão voluntária ou incapacidade de manter a cadência

mínima estipulada por mais de cinco segundos, sendo esta de 70 rotações por

minuto (rpm). A WMAX foi considerada a potência do último estágio completo somado

ao produto do percentual do tempo de permanência no estágio de exaustão pelo

incremento padronizado (25 W) (Amann, et al., 2006; MACDONALD, et al., 2008). A

FCMAX foi considerada como sendo o maior valor de HR encontrado no último minuto

de teste.

Com os dados de variabilidade da FC (FCV) obtidos em TIMAX foram

detectados os limiares de FCV, nesse caso foi utilizado o polar RS800 (POLAR®

RS800 CX, Finlândia), por meio do produto dos índices de frequência e potência da

componente de alta frequência. Este método permite detectar os limiares HFt1 e

HFt2, que correspondem respectivamente ao limiar ventilatório 1 (aeróbio) e ponto

de compensação respiratória (anaeróbio).

3.4 TT5KM

Na segunda etapa os voluntários realizaram os demais testes, denominados

de TT5KM, nas condições controle (CON), música antes (MA) e música durante

(MD) o teste. Os três testes foram uma prova de circuito fechado com a distância de

cinco quilômetros a ser cumprida no menor tempo possível, com escolha livre de

cadência e relação de engrenagens, sendo a única restrição a permanência na

posição sentada durante todo o teste. Os voluntários receberam “feedback” sobre a

distância percorrida durante TT por meio da visualização deste dado no monitor.

Previamente a cada TT5KM foi realizado um protocolo de aquecimento

padronizado específico que consistirá em 10 minutos de exercício, distribuídos em

um bloco de quatro minutos na potência correspondente a 55% de WMAX e outros

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12

dois blocos de três minutos a 60 e 65% de WMAX, respectivamente, seguido por dois

minutos de repouso antes do início do TT5KM.

Durante todos os TT5KM foram monitoradas as variáveis potência média

(PMED), velocidade média (VMED), percentual da FCMAX (%FCMAX), percepção

subjetiva de esforço (PSE) e tempo de duração (T). A dinâmica da reposta das

variáveis %FCMAX e potência média parcial (WMED) também foi obtida por meio da

média de cada 500 metros de percurso. A dinâmica da reposta da variável PSE foi

obtida a cada 1000 metros do percurso de teste. As condições foram determinadas

por meio de sorteio no primeiro teste de TT5KM. A condição MA consistiu da

presença de música durante o protocolo de aquecimento, enquanto na condição MD

a música esteve presente durante todo o teste. Na condição CON os atletas

realizaram o teste sem a presença de música. As músicas foram escolhidas pelos

próprios atletas, visando proporcionar os efeitos positivos das músicas preferidas no

desempenho (NAKAMURA, et al., 2010).

Todos os voluntários foram instruídos na primeira sessão que realizaram o

TIMAX a trazerem uma música que os motive com o objetivo de obterem um melhor

desempenho nos TT5KM. No primeiro TT5KM, os atletas trouxeram suas músicas

em formato de arquivo MP3, que foram gravadas em um MP3 player e transmitidas

por fones de ouvido no momento de aplicação.

3.5 Avaliações do Estado de Humor

Exceto na sessão de TIMAX, em cada sessão de teste os voluntários

responderam o Brunel Mood Scale (BRUMS) nos momentos antes do início do

aquecimento, após o aquecimento e logo após o TT5KM. Este instrumento

corresponde a um questionário de detecção de estado de humor, composto por 24

questões que posteriormente foram estratificadas em seis domínios de humor:

Confusão, Raiva, Depressão, Fadiga, Tensão e Vigor.

Cada domínio foi normalizado pela pontuação obtida no momento antes do

aquecimento, sendo a variação da pontuação de um domínio determinada pela

subtração da pontuação deste em cada momento de aplicação do instrumento em

relação à obtida no momento antes do aquecimento, como na fórmula expressa

abaixo:

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13

VARIAÇÃO = MOMENTO – VALOR PRÉVIO DO AQUECIMENTO

MOMENTO = pré-aquecimento, pós-aquecimento ou valor do momento pós-

exercício.

Consequentemente, todos os voluntários partiram com valor nulo, ou seja,

pontuação zero, no momento antes do aquecimento depois de realizada a

normalização.

3.6 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)

Foi usada para avaliar o efeito do exercício sobre as variáveis

psicofisiológicas durante a atividade. Para isto, a cada minuto em TIMAX e a cada

quilômetro do TT5KM, os voluntários foram instruídos a relatarem sua percepção

subjetiva de esforço (PSE) de acordo com a escala de 15 pontos (6 – 20) de BORG

(1982), respondendo a questão: “o quão intenso está à tarefa neste momento?”.

Para todos os testes as percepções extremamente fácil (7) e extremamente difíceis

(19) serviram como âncora para instrução dos atletas. Também houve a observação

da importância da veracidade da PSE informada, realçando que o fato de responder

um valor inferior ou superior em relação ao real percebido não influenciaria na

avaliação de rendimento.

3.7 Procedimentos Estatísticos

Após os dados serem submetidos à estatística descritiva, foram analisados os

pressupostos paramétricos por meio do teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Os

dados de desempenho médio, a cada 500 metros e a PSE a cada 1000 metros

foram submetidos à ANOVA two way para medidas repetidas (momento vs

condição), com ajuste de Greenhouse-Geisser quando necessário, seguido da

aplicação do teste de Mauchly para verificar a esfericidade dos dados. Após a

normalização da variação dos domínios do BRUMS, o mesmo procedimento foi

aplicado. A significância adotada foi de 5% (P< 0,05).

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14

4. RESULTADOS

As características fisiológicas dos sujeitos estudados são apresentadas na

Tabela 1.

Tabela 1 - Antropometria e Dados de Desempenho (n=10)

Média DP MIN MÁX

ANTROPOMETRIA

Peso (kg) 73,5 10,4 56,0 92,0

Altura (m) 1,8 0,1 1,6 2,1

IMC (kg/m2) 22,5 1,9 19,0 25,5

TESTE INCREMENTAL

WMAX ( Watts) 375,7 58,0 302,7 486,9

WMáX relativa (W.kg-1) 5,2 0,8 3,6 6,5

WHFL1 ( Watts) 231,3 30,8 200,0 262,5

WHFL1 relativa (W.kg-1) 3,2 0,4 2,2 3,6

WHFL2 ( Watts) 300,2 43,8 250,0 387,5

WHFL2 RElativa (W.kg-1) 4,1 0,6 2,9 5,2

Tempo Total (s) 661,7 139,6 486,0 929,0

FCMAX 192,0 10,0 169,0 205,0

FCHFL1 158,3 10,5 141,0 172,0

% FCMAX 82,5 4,9 70,1 87,2

FCHFL2 175,1 8,2 160,0 187,0

% FCMAX 91,3 3,7 82,1 94,7

IMC=Índice de Massa Corporal; W = Potência; MAX = Máximo; FC = Frequência Cardíaca; HFL1 = Primeiro Limiar Ventilatório e HFL2 = Segundo Limiar Ventilatório vinda da análise da variabilidade da freqüência cardíaca (Cottin et al., 2006)

A VMED dos TT5KM não apresentou diferença significante entre condições

CON = 38,1(3,3) km.h-1; MA = 36,9 (4,8) km.h-1; MD = 38,6 (3,7) km.h-1; F= 0,776;

P= 0,411). Consequentemente, a PMED (F= 0,872; P= 0,387) (Tabela 2) e T (CON

= 476,4(39,3) s; MA = 498,1 (70,9) s; MD = 472,5 (43,2) s; F= 0,960; P= 0,357)

também não apresentaram diferença significante. A dinâmica da potência a cada

500 metros do percurso também não apresentou diferença significante entre as

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condições experimentais em nenhuma das distâncias (F= 0,520; P= 0,773) (Figura

1).

Tabela 2 - Dados de potência durante contra-relógio de 5 KM (n= 10)

MÉDIA DP MIN MÁX

CONTROLE

WMÉDIA ( Watts) 300,0 64,7 205,0 388,0

WRELATIVA MÉDIA ( Watts.kg-1) 4,1 0,7 3,4 5,0

% WMÁX ( %) 79,7 8,4 67,2 105,3

MÚSICA ANTES

WMÉDIA ( Watts) 279,6 78,8 148,0 382,0

WRELATIVA MÉDIA ( Watts.kg-1) 3,9 1,0 1,7 5,2

% WMÁX ( %) 74,5 6,3 47,7 100,6

MÚSICA DURANTE

WMÉDIA ( Watts) 307,3 76,0 197,0 399,0

WRELATIVA MÉDIA ( Watts.kg-1) 4,1 0,8 3,5 5,4

% WMÁX ( %) 80,6 6,8 65,1 115,0

%WMÁX = Percentual da Potência Máxima; MÀX = Máximo; MIN = Mínimo; W =

Potência.

Figura 1 – Resposta da potência durante os 5 km de contra-relógio, apresentados em média e desvio padrão (n=10)

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Com relação ao %FCMAX não foi observada diferença significante entre as

condições (CON = 93,5 (3,7) %FCMAX; MA = 93,5 (3,1) %FCMAX; MD = 95,5 (2,0)

%FCMAX; F= 1,0; P= 0,402). A dinâmica %FCMAX a cada 500 metros também não

apresentou diferença significante entre condições experimentais (F= 0,744; P=

0,761) (Figura 2).

Figura 2 – Resposta da freqüência cardíaca durante contra-relógio de 5 km, apresentado em média e desvio-padrão (n=10).

A PSE aumentou significativamente à medida que a distância percorrida no

teste aumentava (F=151,72; P<0.001) (Figura 3). Porém, semelhante ao

comportamento da WMED (Figura 1), a dinâmica da PSE também não apresentou

diferença significante entre as condições (F=0,264; P= 0,866) (Figura 3). Da mesma

forma, nenhum diferença significante foi constatada para a taxa de inclinação

(SLOPE) (F= 2,833 P= 0,113) e coeficiente de explicação (R2) (F= 0,823; P= 0,404)

da PSE (Tabela 3).

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Tabela 3 – Percepção Subjetiva de Esforço durante teste TT5KM (n=10)

Média DP MIN MAX

CONTROLE PSESLOPE (p.km-1) 2,61 0,26 2,17 2,94

PSER2 0,90 0,11 0,69 0,99

MÚSICA ANTES PSESLOPE (p.km-1) 2,45 0,29 2,00 2,83

PSER2 0,89 0,11 0,64 0,99

MÚSICA DURANTE PSESLOPE (p.km-1) 2,37 0,51 1,40 2,91

PSER2 0,86 0,13 0,63 0,99

p.km-1 = pontos para cada quilômetro

A maioria dos domínios do BRUMS não demonstrou diferença significante

entre os momentos e entre as condições (P> 0,05) (Figura 4). Somente os domínios

fadiga (F= 48,473; P< 0,001) e vigor (F= 16,976; P< 0,001) foram significativamente

alterados pelo efeito do exercício, mas sem diferença entre as condições

experimentais (condição vs fator momento: F= 0,044; P= 0,974 para fadiga; F=

0,628; P= 0,590 para vigor).

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Figura 4 – Mudanças na escala de BRUMS nos valores de pré-aquecimento, pós–

aquecimento e pós-exercício (n=10)

μ diferenças significantes em relação à condição pré-aquecimento em todas as condições (p< 0,05);

* diferenças significantes pré e pós para as duas condições (p<0,01).

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19

5. DISCUSSÃO

O principal objetivo do estudo foi verificar o uso da música como ergogênico

em uma situação próxima da condição ecológica de prova. Nesta perspectiva, o

ciclismo tornou-se um bom meio de experimentação, uma vez que o ciclossimulador

usado apresenta boa representatividade e reprodutibilidade da situação ocorrida na

prova (ABBISS, et al., 2009). Para assegurar que a presença de alguma diferença

significativa fosse ocasionada pelo efeito da música como ergogênico houve a

necessidade de escolher um protocolo reprodutível e confiável. O protocolo de

contra-relógio foi escolhido por permitir esta condição, pois demonstra coeficientes

de variação inferiores a 5% (CURRELL & JEUKENDRUP, 2008) nas variáveis de

desempenho, como também reprodutibilidade nas variáveis fisiológicas (JENSEN &

JOHANSEN, 1998).

O valor da PSE próximo da pontuação máxima no quilômetro final também

demonstra que os atletas realizaram o teste no seu máximo esforço (Figura 3).

Nossas variáveis de desempenho não demonstraram diferença em relação à

presença ou não de música, como também ao momento que esta foi aplicada

(P>0,05). Esses achados foram observados tanto na dinâmica (Figura 1) quanto nos

valores médios das variáveis de tempo e de potência (Tabela 2).

A freqüência cardíaca, utilizada como variável para quantificar o esforço e

estresse fisiológico (JOBSON et al., 1988), mostrou-se similar entre as diferentes

condições, demonstrando que o grau de exigência fisiológica foi semelhante nas

três condições experimentais. Esses resultados contrapõe o achados do estudo de

Szmedra et al. (1998), onde a música influenciou a atividade de FC por meio de

alterações no sistema nervoso autonômico. Ressalta-se, entretanto que o presente

estudo utilizou-se de um protocolo máximo para a tarefa em contraste ao estudo

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descrito acima que utilizou um protocolo submáximo. Esta resposta fisiológica

indicia que talvez a intensidade de esforço realizada sirva como variável limitante da

capacidade ergogênica da música como estimulante ao exercício. Porém esse

indício deve ser analisado com cautela, uma vez que estudo de Shaulov e Lufi

(2009) com protocolo submáximo não apresentou alterações de parâmetros

autonômicos e de FC.

Corroborando com o supracitado, as variáveis de estado de humor

monitoradas pelo instrumento BRUMs não demonstraram diferença entre as

condições, apesar de o exercício ter modulado os domínios de fadiga e vigor entre

momentos do teste. Entretanto, esta modulação foi comum às três condições (Figura

4), o que nos permite inferir que não houve interferência da música nos fatores

motivacionais e de humor devido à música não ser uma aferência importante durante

este tipo de tarefa.

Apesar de visualmente a PSE durante a condição controle demonstrar uma

média acima das demais condições em todas as distâncias parciais (Fig. 3), esta

não foi relevante estatisticamente em relação às demais situações experimentais

(P>0,05). Apesar de demonstrar efeitos positivos no desempenho, estudo anterior

com protocolo semelhante utilizando-se de contra-relógio de dez quilômetros

(ATKINSON, WILSON, & EUBANK, 2004) demonstrou o mesmo comportamento

nesta variável psicofisiológica. Diferentemente de alguns estudos com cargas

submáximas (WATERHOUSE, et al. , 2009; YAMASHITA et al., 2006), onde a PSE

diminuía com a presença de música, a condição de exercício em máxima

intensidade possível não permitiu este efeito em nosso estudo. Estas evidências

demonstram a importância da quantidade de esforço percebido durante este tipo de

tarefa como limitante do desempenho (MARCORA & STAIANO, 2010). Diferente de

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21

nossa hipótese inicial, a música como uma aferência externa não foi capaz de

influenciar a dinâmica da PSE durante contra relógio de 5 km, evidenciando que a

PSE é a variável mais importante a ser controlada neste tipo de exercício que é

realizado em intensidade máxima para a tarefa.

Os resultados do presente estudo parecem dar subsídio ao fenômeno da

importância de interpretação central no contexto do exercício e do esporte

(HERNANDEZ-PEON et al., 1961; REJESKI, 1985). O modelo de interpretação

central (KARAGEORGHIS & TERRY, 1997) indica um favorecimento e importância

seletiva da atenção aos fatores mais relevantes à realização da tarefa

proporcionada, descartando demais aferências de outros fatores que se tornam

secundários. Em nosso experimento, a tarefa indica uma estratégia e um grau de

comprometimento motor máximo para realizar a tarefa no menor tempo possível.

Desta forma, todo o foco direcionado pelo sistema nervoso central corrobora para

um objetivo comum, controlar a quantidade de esforço em prol a completar a prova

no menor tempo possível com máxima eficiência e o melhor foco de atenção

(PUJOL & LANGENFELD, 1999).

Em contraste aos nossos resultados, outros dois estudos envolvendo contra-

relógio, nesse caso de dez quilômetros, o efeito da música enquanto um recurso

ergogênico psicológico demonstrou resultados positivos, aumentando a velocidade

média dos sujeitos de forma significante, modificando a estratégia de ritmo adotada

quando a música era introduzida a partir do quinto até o décimo quilômetro

comparado com a condição controle e a condição onde a música fora removida no

quinto quilômetro (Lim et al., 2009) e ainda diminuindo o tempo total do teste quando

mantida a intervenção musical durante todo período de contra-relógio (ATKINSON,

et al. , 2004). Em ambos os estudos, o tipo de música utilizado demonstrava batidas

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por minutos acima de cento e quarenta, um ritmo musical rápido, indicando que o

ritmo da música pode ser influente no desempenho.

Além do ritmo, o volume também parece influenciar o desempenho e a

percepção (EDWORTHY & WARING, 2006). Existem indícios de que volumes

próximos do máximo seguro para o ouvido humano parecem demonstrar maior efeito

no processamento da informação, sendo assim capazes de ocasionar diferenças

com maior relevância nos resultados de desempenho e também em variáveis

fisiológicas e psicológicas relacionadas ao momento da aplicação

(KARAGEORGHIS & TERRY, 1997; LEYES, 2006).

A estratégia de opção para escolha e intervenção paralela da música buscou

base em hipóteses referentes ao processamento paralelo (REJESKI, 1985) e a

hipótese de caráter humoral (LUCACCINI & KREIT, 1972), por existir evidência de

efeito positivo com o uso de música preferida (NAKAMURA, et al. , 2010).

Entretanto, esta escolha pode gerar negligência a um aspecto sincronizador que em

vários casos têm demonstrado efeitos positivos, principalmente quando referente a

tarefas cíclicas (MACONE, et al. , 2006; MOHAMMADZADEH, et al. , 2008). Uma

melhor solução para estudos futuros seria a forma de modular parâmetros

psicofísicos por meio de auto-escolha monitorada da música usada, por vezes sem

total predileção do participante, mas que ao menos o agrade e que ainda estivesse

ligeiramente acima dos 142 batimentos por minuto (KARAGEORGHIS & TERRY,

1997), mesmo que um contra-relógio como o do nosso estudo seja realizado com

diversas estratégias de ritmo de pedalada individuais.

Vale ressaltar ainda a possível influência do nível de aptidão física individual a

ser investigado. Nossos resultados com atletas podem divergir do contexto do uso

da música em exercício com a intenção de atividade física direcionada à saúde, uma

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vez que existem indícios de que quanto menos apto a praticar exercícios físicos o

sujeitos estiver, mais influenciado este parece ser pelo uso de manipulações

sensoriais como é o uso da música (BROWNLEY, et al. , 1995;

MOHAMMADZADEH, et al. , 2008). Este fator explicativo seria de que o praticante

de exercício com baixo nível de aptidão física poderia ser incapaz de manter maior

foco de atenção na tarefa física submetido às outras aferências, como por exemplo,

a música, quando comparado a sujeitos treinados ou atletas (BROWNLEY, et al. ,

1995; MOHAMMADZADEH, et al. , 2008).

Obviamente que o padrão de escolha do nosso protocolo fora adotado

segundo características de validade externa que levaram a este formato. A tentativa

de reproduzir a situação ecológica buscou respeitar os principais momentos a

música tem sido usada no esporte, bem como o respeito à predileção musical,

ambos os fatores respeitados com o objetivo do praticante sentir-se melhor para a

prática ou até melhorar respostas obtidas de seu esforço.

Em conclusão, nosso estudo evidencia que o uso da música em

diferentes momentos de aplicação em um contra-relógio de cinco quilômetros em

ciclistas não foi suficientemente eficiente para modular variáveis psicofísicas e de

desempenho. Nossos resultados indicam o nível de esforço exigido pela tarefa como

ponto fundamental, consistindo na variável mais importante a ser monitorada e que

bloqueia a influência da variável auditiva durante em um exercício máximo de

circuito fechado. Nesta perspectiva, mais estudos devem ser feitos nesse âmbito

verificando se o efeito ergogênico da música durante as situações ecológicas de

competição existe e se este é dependente da intensidade em que este é realizado.

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1. Apavorado 0 1 2 3 4

2. Animado 0 1 2 3 4

3. Confuso 0 1 2 3 4

4. Esgotado 0 1 2 3 4

5. Deprimido 0 1 2 3 4

6. Desanimado 0 1 2 3 4

7. Irritado 0 1 2 3 4

8. Exausto 0 1 2 3 4

9. Inseguro 0 1 2 3 4

10. Sonolento 0 1 2 3 4

11. Zangado 0 1 2 3 4

12. Triste 0 1 2 3 4

13. Ansioso 0 1 2 3 4

14. Preocupado 0 1 2 3 4

15. Com disposição 0 1 2 3 4

16. Infeliz 0 1 2 3 4

17. Desorientado 0 1 2 3 4

18. Tenso 0 1 2 3 4

19. Com raiva 0 1 2 3 4

20. Com energia 0 1 2 3 4

21. Cansado 0 1 2 3 4

22. Mal-humorado 0 1 2 3 4

23. Alerta 0 1 2 3 4

24. Indeciso 0 1 2 3 4

0 = nada 1 = um pouco 2 = moderadamente

3 = bastante 4 = extremamente

Escala:

ANEXOS

A Escala de Humor de Brunel (BRUMS) Abaixo está uma lista de palavras que descrevem sentimentos. Por favor, leia tudo atenciosamente.

Em seguida assinale, em cada linha, o quadrado que melhor descreve COMO VOCÊ SE SENTE

AGORA. Tenha certeza de sua resposta para cada questão, antes de assinalar.

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