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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO E SUA ASSOCIAÇÃO COM COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO EM ESCOLARES Juliana Kazumi Miyabara LONDRINA – PARANÁ 2011

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Universidade

Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO E SUA ASSOCIAÇÃO COM COMPORTAMENTO

SEDENTÁRIO EM ESCOLARES

Juliana Kazumi Miyabara

LONDRINA – PARANÁ

2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar presente em todos os

momentos da minha vida, por proporcionar-me todas as qualidades necessárias

para chegar até aqui.

À minha orientadora, Crisieli, pela paciência, compreensão e

dedicação, por compartilhar seus conhecimentos e colaborar para o meu

crescimento profissional.

A meus pais, João e Hiroko, pela oportunidade e apoio em todos os

momentos;

Às minhas irmãs, Lidia e Deise, e ao meu namorado, Castilho, pela

paciência e encorajamento nos momentos mais difíceis;

E a todos os amigos, e colegas dessa caminhada, que de alguma

forma, participaram do meu crescimento profissional e pessoal.

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Sem progresso, a vida não tem dinamismo. Em novas circunstâncias, dão-se asas a

novos sonhos, iniciam-se novas experiências, surgem novos fatos, que

proporcionam novas culturas. Não rejeite o que é novo. Coisas novas são

mensagens enviadas por Deus para renovar sua vida.

(Masaharu Taniguchi)

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MIYABARA, Juliana Kazumi. Prevalência de excesso de peso e sua associação com comportamento sedentário em escolares. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.

RESUMO O mundo moderno fez com que ocorressem várias transformações no estilo de vida da população, dentre as quais encontram-se os hábitos alimentares e nível de atividade física. Nesse contexto, têm-se observado um aumento do excesso de peso em jovens, o que pode ser explicado em parte, pelo aumento do comportamento sedentário. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência do excesso de peso (EP), bem como sua possível associação com o comportamento sedentário de escolares pertencentes a uma escola privada no município de Londrina. Para tanto, a amostra foi composta por 121 adolescentes de ambos os gêneros, com idade entre 10 a 15 anos, regularmente matriculados em uma escola particular do município de Londrina/PR. Medidas antropométricas de massa corporal e estatura foram obtidas, e com base nesses valores, estabeleceu-se o Índice de Massa Corporal (IMC) de todos os sujeitos. Para a classificação do EP (sobrepeso e obesidade) foram adotados os pontos de corte propostos por Cole et al. (2000). Para análise do comportamento sedentário, utilizou-se um questionário. Para as devidas comparações, a amostra foi estratificada em tercis, e o teste qui-quadrado de Fisher e qui-quadrado para tendência para a associação entre o EP e comportamento sedentário, foi aplicado. Os resultados revelaram alta prevalência de EP (32%) entre os escolares do presente estudo. Quando comparados por sexo, observou-se que o sexo masculino apresentou maior prevalência de EP (38,3% vs. 25,8%), porém, sem significância estatística. Da mesma forma, também não se observou associação significante entre o EP e o comportamento sedentário. Portanto, com base nos resultados encontrados, pode-se concluir que entre os adolescentes deste estudo não se observaram associações entre EP e comportamento sedentário. E dadas às limitações do presente estudo, novos estudos com situações mais bem controladas devem ser realizados para o estabelecimento das possíveis associações entre as duas variáveis. Palavras-chave: sobrepeso, obesidade, comportamento sedentário, escolares.

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MIYABARA, Juliana Kazumi. Prevalence of overweight and its association with sedentary behavior in school. Completion of course work. Course of Bachelor of Physical Education. Center for Physical Education and Sport. Londrina State University, 2011.

ABSTRACT

The modern world has made several changes occur in lifestyle of the population, among which are the eating habits and physical activity level. In this context, it has been observed an increase of overweight in young people, which can be explained in part by increased sedentary behavior. Thus, this study aimed to investigate the prevalence of overweight (EP) and its possible association with the sedentary behavior of students belonging to a private school in Londrina. To this end, the sample consisted of 121 adolescents of both genders, aged 10 to 15 years, enrolled in a private school in the city of Londrina / PR. Anthropometric measurements of body mass and height were obtained, and based on these values, we established the Body Mass Index (IMC) of all subjects. For the classification of the EP (overweight and obesity) were adopted the cutoff points proposed by Cole et al. (2000). For analysis of sedentary behavior, we used a questionnaire. For appropriate comparisons, the sample was stratified into tertiles, and chi-square and Fisher's chi-square for trend for the association between the EP and sedentary behavior, was applied. The results showed high prevalence of EP (32%) among students in this study. When compared by gender, we found that males had a higher prevalence of EP (38.3% vs. 25.8%), but without statistical significance. Likewise there is also no significant association between the EP and sedentary behavior. Therefore, based on these results, it can be concluded that among the adolescents in this study there were no associations between EP and sedentary behavior. And given the limitations of this study, further studies with better controlled situations should be conducted to establish the possible association between two variables. Keywords: overweight, obesity, sedentary behavior, school.

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SUMÁRIO

RESUMO iii

ABSTRACT iv

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Problema ............................................................................................................ 1

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 2

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 2

1.2.2 Objetivos específicos ........................................ Erro! Indicador não definido.

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 4

2.1 Excesso de peso ................................................. Erro! Indicador não definido.

2.2 Classificação do sobrepeso e obesidade ........................................................... 5

2.3 Epidemia atual de sobrepeso e obesidade ......................................................... 6

2.4 Comportamento sedentário em adolescentes .................................................... 7

3 MÉTODOS ............................................................................................................... 9

3.1 Caracterização do estudo ................................................................................... 9

3.2 População e amostra.......................................................................................... 9

3.3 Procedimentos de coleta dos dados e instrumentos .......................................... 9

3.4 Análise estatística ............................................................................................ 11

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 13

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 15

6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19

ANEXO / APÊNDICES .............................................................................................. 22

ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos ........... 23

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................... 24

APÊNDICE 2 – Questionário para avaliação do comportamento sedentário ......... 27

APÊNDICE 3 – Ficha de medidas antropométricas ............................................... 28

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

O mundo moderno fez com que ocorressem várias transformações

no estilo de vida da população, observando-se significativas mudanças em diversos

aspectos, tais como aqueles relacionados a hábitos alimentares e nível de atividade

física. Constatou-se que esses componentes têm relação direta com aumento do

sobrepeso e obesidade atual (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

Dessa forma, a obesidade vem sendo considerada uma doença

crônica e epidêmica, devido ao rápido aumento em sua prevalência, fato observado

tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, e sua estreita

relação com a alta taxa de morbidade e mortalidade (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).

Não exclusivo a adultos, a obesidade tem atingido cada vez mais

crianças e adolescentes, sendo constantemente considerado um dos principais

fatores de risco nessa fase, (CARNEIRO et al, 2000; BOREHAN et al, 2001) além

de, comumente estar associada a maior prevalência de outras doenças na idade

adulta (MONTEIRO et al, 2000).

Silva et al. (2007) afirma que diversas são as conseqüências à

saúde, relacionadas ao sobrepeso e à obesidade, dentre elas encontra-se a

insuficiência respiratória, síndrome da apnéia do sono, riscos vasculares (diabete,

hiperlipidemia, hipertensão arterial), complicações cardíacas resultantes do excesso

de massa gorda, complicações ortopédicas e reumáticas na idade adulta e até

problemas psicológicos e sociais.

A etiologia dessa doença está relacionada a vários fatores, como os

genéticos, fisiológicos, metabólicos e ambientais. Entretanto, o rápido aumento das

taxas de obesidade nos últimos anos ocorreu em um tempo demasiadamente curto

para poder ser associado a mudanças genéticas significativas nas populações.

Assim, os fatores que melhor poderiam explicar tal crescimento seriam aqueles

relacionados aos hábitos alimentares e ao estilo de vida (GORGATTI; COSTA, 2005;

VAISBERG; MELLO, 2010).

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Nesse sentido, tem-se observado nas últimas décadas que de uma

forma geral, os jovens estão praticando menos exercícios. A atração pela televisão,

pelos videogames não ativos e pelos computadores, tendem a mantê-los dentro de

casa, além disso, a insegurança das grandes cidades inibe as caminhadas ou o

andar de bicicleta nas ruas e nos parques. Nas escolas, as novas exigências

curriculares têm diminuído a carga horária antes destinada à atividade física, e por

fim, as famílias estão se tornando cada vez mais sedentárias, incentivando então, o

aumento do comportamento sedentário (BRANDÃO et al, 2005).

Assim, estudos têm demonstrado que o tempo despendido em frente

à televisão (TV), computador e videogame, parecem estar relacionados diretamente

aos altos índices de sobrepeso e obesidade em populações pediátricas (JAKES et

al, 2003; MASCARENHAS et al, 2003).

Diante disso, a Academia Americana de Pediatria (AMERICAN

ACADEMY OF PEDIATRICS, 2001), recomenda que crianças e adolescentes não

gastem mais do que 120 min. por dia com esses eletrônicos. Nesse sentido, tornam-

se extremamente relevantes investigações que avaliem a ocorrência de tais

comportamentos, na tentativa de identificar quais os grupos que estão mais

vulneráveis a estes comportamentos, o que pode auxiliar na criação de estratégias

para minimizar tal problema.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral:

Identificar a prevalência do excesso de peso e a possível associação

com comportamento sedentário de adolescentes de 10 a 14 anos, estudantes de

uma escola privada do município de Londrina.

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1.2.2 Objetivos Específicos:

Identificar a prevalência do excesso de peso;

Observar se há diferença, no excesso de peso, entre meninos e

meninas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Excesso de peso

O excesso de peso corporal vem sendo considerado como um dos

principais problemas de saúde pública. Não exclusivo a adultos, nas últimas décadas

tem-se observado aumento nas taxas de prevalência deste fator de risco, sobretudo

em populações jovens (WANG; MONTEIRO; POPKIN, 2002).

Na intenção de melhor compreender os termos que contemplam o

excesso de peso corporal, observa-se que a literatura traz diferentes conceitos

quanto aos termos sobrepeso e obesidade.

Assim, o sobrepeso pode ser definido como o aumento excessivo

do peso corporal total que excede um padrão baseado na estatura, podendo ser

causado pelo aumento de apenas um de seus constituintes (gordura, músculos,

osso e água) ou em seu conjunto, e a obesidade, refere-se ao aumento na

quantidade generalizada ou localizada de gordura em relação ao peso corporal,

geralmente, associado a elevados riscos para a saúde (GUEDES; GUEDES, 1998;

WILMORE; COSTIL, 2001).

Com relação às causas da obesidade, muito se discute a respeito

dessa patologia, sendo possível afirmar que é uma doença a qual não apresenta

uma única causa, mas um conjunto de fatores que leva a essa condição. Na

tentativa de explicá-la, as várias causas apresentam-se divididas entre as de origem

endógena e as de origem exógena. Nos casos de obesidade endógena, observa-se

a presença de causas hereditárias, psicogênicas, medicamentosas, neurológicas e

endócrinas, com uma representação menor que 5% do total de casos da doença.

Opostamente, a obesidade de origem exógena chega a representar 95% ou mais de

todos os casos e ocorre, sobretudo, em conseqüência de hábitos alimentares

inadequados e sedentarismo (GORGATTI; COSTA, 2005).

Todos os fatores são importantes na gênese da obesidade, no

entanto, o fator que parece ser de maior influência para o crescente aumento do

número de indivíduos obesos pode estar relacionado às mudanças no estilo de vida

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e nos hábitos alimentares observados na sociedade atual (OLIVEIRA; FISBERG,

2003).

Sabe-se que a quantidade de gordura corporal está relacionada ao

equilíbrio energético ao longo do tempo, o qual é determinado pelo gasto energético

e pela ingestão calórica. Quando há balanço energético positivo, ou seja, maior

ingestão do que gasto calórico, perdurando por semanas ou meses, observa-se

aumento na quantidade de gordura corporal total (BOUCHARD, 2000 apud

HALPERN; RODRIGUES; COSTA, 2004).

Esse desequilíbrio positivo, muitas vezes, está relacionado à

diminuição progressiva da energia gasta em atividades de trabalho, ocupacionais, no

cumprimento de afazeres domésticos e necessidades diárias, sem contar no

aumento do número de horas em frente à televisão, ao microcomputador ou aos

videogames não ativos, bem como as atividades laborais mais leves e aos avanços

tecnológicos (BOUCHARD, 2003).

2.2 Classificações do sobrepeso e obesidade

O excesso de peso corporal pode ser estimado por diferentes

métodos ou técnicas. Esses métodos são, na sua generalidade, complexos e

dispendiosos como a hidrodensiometria, bioimpedância, tomografia axial

computadorizada, ressonância magnética nuclear. Já as medidas antropométricas,

devido à sua simplicidade de obtenção, baixo custo e correlação com a gordura

corporal, como a estatura, o peso relativo, a massa muscular, estrutura óssea, o

padrão de distribuição da gordura subcutânea, as pregas adiposas e os vários

índices que relacionam o peso e a estatura são algumas das medidas que podem

caracterizar o excesso de peso (WILMORE; COSTIL, 2001).

Dentre essa variabilidade de métodos, o índice mais utilizado para

se estimar o excesso de peso, é o índice de massa corporal (IMC) que é

determinado pelo quociente entre a massa, em quilogramas, e o quadrado de sua

estatura, em metros, dada a facilidade de obtenção das medidas e o baixo custo

operacional (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

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A função exponencial 2 é estabelecida com o fim de estabelecer

correlações máximas entre o sobrepeso e a gordura corporal, dessa forma,

estabelecendo uma melhor estimativa da obesidade (GUEDES; GUEDES, 1998).

A Organização Mundial da Saúde determina o sobrepeso como uma

faixa de IMC que varia de 25 a 29,9 kg/m2; e a obesidade quando IMC igual ou maior

que 30 kg/m2 (BOUCHARD, 2003). Entretanto, na infância, a avaliação da obesidade

torna-se difícil devido à intensa modificação da estrutura corporal (massa óssea,

massa magra, água e gordura) durante o crescimento (BUENO; FISBERG, 2006).

Sendo assim, Cole et al. (2000) desenvolveram curvas para IMC,

baseadas em estudos transversais representativos de seis países (Brasil, Estados

Unidos, Grã Bretanha, Hong Kong, Holanda e Cingapura), e propõem o percentil de

85 e 95 do IMC, de acordo com idade e sexo, como pontos de corte para identificar

respectivamente o sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes.

Essas curvas de classificação nutricional apresentam um caráter

internacional e são recomendados pela International Obesity Task Force (IOTF)

(BUENO; FISBERG, 2006), por isso tem sido muito utilizado em estudos

congêneres, permitindo assim comparar os achados dos estudos.

2.3 Epidemia atual de sobrepeso e obesidade

Os dados da maioria dos países industrializados, e mesmo os dos

países em desenvolvimento, revelam uma proporção crescente de crianças e

adolescentes com sobrepeso ou realmente obesos (BOUCHARD, 2003), como é

visto nos Estados Unidos em que a taxa de prevalência de sobrepeso aumentou de

30% para 34% e de obesidade de 14,8% para 17,4% de 2000 para 2004, entre

adolescentes (OGDEN et al, 2006). Essa tendência de aumento ao longo dos anos

também tem sido constatada em adolescentes brasileiros (CINTRA et al, 2007;

WANG; MONTEIRO; POPKIN, 2002).

Terres et al. (2006), em um estudo transversal de base populacional

realizado no município de Pelotas-RS, investigaram a prevalência de sobrepeso e

obesidade entre adolescentes de 15 a 18 anos, e identificaram que 20,9% dos

adolescentes avaliados apresentavam sobrepeso e 5,0% obesidade. O critério

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utilizado para a classificação do estado nutricional foi o proposto por Cole et

al.(2000), recomendado pela International Obesity Task Force – IOTF.

Utilizando o mesmo critério de classificação, Ricardo, Caldeira e

Corso (2009) identificaram prevalência elevada de excesso de peso entre crianças

de 6 a 10 anos em estudo com 140.878 escolares do Estado de Santa Catarina.

Nesse estudo, observou-se 15,4% de sobrepeso e 6,0% de obesidade.

Já Tassitano et al. (2009) encontraram nos adolescentes de

Pernambuco prevalência de sobrepeso e obesidade de 11,5% e 2,4%

respectivamente. Nesse estudo não se observou diferença significantes entre a

proporção de moças e rapazes classificados com sobrepeso e obesidade

Dessa forma, percebe-se que o excesso de peso tem se tornado um

dos principais problemas de saúde pública do mundo, atingindo proporções

epidêmicas (BOUCHARD, 2003).

Portanto, sua identificação precoce, pode contribuir na construção

de políticas públicas que valorizem a prevenção e diminuição dos casos de

sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes.

2.4 Comportamento sedentário em adolescentes

A prática habitual de atividade física é constantemente caracterizada

como importante componente do estilo de vida associado à conservação e à

promoção da saúde. No entanto, o que se tem observado nas últimas décadas é um

aumento preocupante na prática do comportamento sedentário (GUEDES; SANTOS;

LOPES, 2006).

O comportamento sedentário pode ser dividido em atividades de

lazer e atividade produtiva. Essa separação ocorre de acordo com o objetivo da

atividade. Usar o computador, por exemplo, para realizar trabalhos e tarefas é

considerada atividade produtiva; já assistir desenhos animados na TV, praticar jogos

não educacionais no computador ou videogames são definidos como

comportamento sedentário de lazer (SISSON et al, 2009).

Observa-se, no entanto, que os comportamentos sedentários

produtivos não têm sido associados com maiores níveis de inatividade física; já o

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comportamento sedentário de lazer, parece estar mais diretamente relacionado aos

fatores de risco. (SISSON et al, 2009).

Nesse sentido, nota-se que em crianças e adolescentes, o

comportamento sedentário de lazer tem sido associado a fatores de risco

metabólico, principalmente, aqueles relacionados ao sobrepeso e a obesidade

(SISSON et al, 2009), fazendo com que os estudos que se referem a avaliação do

comportamento sedentário, na sua maioria, somente levam em consideração o

comportamento sedentário de lazer, pelo fato de que este parece ser mais prejudicial

à saúde e mais fácil de ser revertido.

Assim, evidencia-se que em algumas pesquisas, disponíveis na

literatura sobre esse tema, o comportamento sedentário apresentou relação direta

com o aumento do peso corporal (HANCOX; MILNE; POULTON, 2004).

No estudo de Silva et al (2008), por exemplo, observou-se que,

rapazes de 15 e 16 anos, que eram pouco ativos e que assistiam TV por mais de

duas horas diárias, apresentavam maiores chances de ter excesso de peso corporal

em relação aos demais.

Dessa forma, assistir TV e utilizar o computador para lazer, que é

um comportamento sedentário comum em indivíduos de todas as idades e de ambos

os sexos, parece ter relação direta com o aumento de excesso de peso corporal

(DIETZ; GORTMARKER, 1985 citados por ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI,

2002).

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3 MÉTODOS

3.1 Caracterização do estudo

A pesquisa caracterizou-se do tipo descritivo e se enquadrou como

de corte transversal (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

3.2 População e amostra

A população da pesquisa foi composta por escolares de uma escola

privada do município de Londrina – PR, situada na região central da cidade.

No processo de seleção dos participantes foram adotados os

seguintes critérios iniciais de inclusão: (1) apresentar idade entre 10 e 14 anos; (2)

estar regularmente matriculado na escola selecionada para o estudo nas turmas de

5ª a 8ª séries do ensino fundamental II; (3) retornar com o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1) devidamente assinado por seus pais ou

responsáveis.

Inicialmente foi entregue o TCLE para 270 adolescentes, contudo

apenas 121 adolescentes atenderam aos critérios de inclusão, sendo 59 (48,8%) do

sexo masculino e 62 (51,2%) do sexo feminino.

3.3 Procedimentos de coleta de dados e instrumentos

O presente estudo foi desenvolvido como parte de um projeto mais

amplo entitulado Prevalência de síndrome metabólica e fatores de risco

cardiovascular em escolares de 10 a 14 anos de Londrina/Pr. De acordo com a

resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, processo nº

238/2010 (ANEXO 1).

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A coleta de dados ocorreu em quatro dias consecutivos, no próprio

colégio, divididos da seguinte forma:

1º dia: entrega do TCLE para os alunos levarem aos pais ou

responsáveis, e explicação do estudo.

2º dia: recolhimento dos Termos de Consentimento Livre e

Esclarecido devidamente assinados e esclarecimento de dúvidas para pais e/ou

responsáveis.

3º dia: os alunos, que tiveram o TCLE assinado, preencheram um

questionário (APÊNDICE 2) realizado em sala de aula. Para isso, os alunos

deveriam estar sentados e não podiam comunicar-se entre si. Um pesquisador

previamente treinado para esta tarefa, explicou cada um dos questionários e

esclareceu possíveis dúvidas. Após este procedimento, o pesquisador fazia a leitura

em voz alta dos questionários e toda a turma preenchia as questões

simultaneamente com a leitura do pesquisador.

Nesse questionário, que contemplava diversas questões, avaliou-se

o comportamento sedentário de lazer. Para esta análise os adolescentes

responderam a duas questões. Para as questões, o pesquisador orientava que o

aluno colocasse na resposta o tempo que o mesmo ficava sentado ou em repouso

assistindo TV, jogando videogame e/ou computador. Era ressaltado que qualquer

jogo que exigisse movimento não fosse considerado. Além disso, caso o jovem

ficasse em dois aparelhos (TV, videogame, computador) ao mesmo tempo, era

orientado a dividir o tempo entre os dois, ou colocar tal comportamento em apenas

um deles.

Também se ressaltaram as atividades cotidianas que os

adolescentes realizavam (escola, comer, banho, atividades extra-escolares, entre

outras).

Foi considerado comportamento sedentário de risco o uso por tempo

maior ou igual à 120 minutos/dia de TV e/ou computador/vídeo games (AMERICAN

ACADEMY OF PEDIATRICS, 2001).

Para as comparações, a amostra foi estratificada em tercis, sendo o

considerado o tercil 1, o grupo com menor nível de comportamento sedentário, o

tercil 2, o grupo intermediário, e por fim o tercil 3, em que se encontravam os de

maior comportamento sedentário.

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Durante o preenchimento do questionário, outros pesquisadores, da

equipe de coleta, estiveram em sala de aula esclarecendo dúvidas o tempo todo. A

equipe foi composta por acadêmicos e professores do curso de Educação Física da

Universidade Estadual de Londrina – UEL previamente treinados. Os estudantes

foram informados sobre os objetivos da pesquisa e o anonimato das informações.

4º dia: todos os voluntários foram submetidos à avaliação da massa

corporal (MC) e estatura preenchendo a ficha de medidas antropométricas

(APÊNDICE 3). Para avaliação da massa corporal foi utilizada uma balança de

leitura digital, com precisão de 0,1 kg, e capacidade para 180 Kg. A estatura foi

determinada em um estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm, de acordo

com procedimentos padronizados descritos na literatura (GORDON, CHUMLEA,

ROCHE, 1988). Os avaliados estavam descalços, com seu peso distribuídos

igualmente em ambos os pés e usavam roupas leves.

A partir dessas medidas, o índice de massa corporal (IMC) foi

calculado pelo quociente massa corporal/estatura2, sendo a massa corporal expressa

em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).

A classificação do IMC deu-se a partir dos pontos de corte ajustados

por sexo e idade propostos por Cole et al (2000). Dessa forma, os adolescentes

foram classificados em peso normal e excesso de peso corporal (sobrepeso ou

obesidade) quando apresentaram valores de IMC maior que percentil 85.

3.4 Análise estatística

No primeiro momento, o banco de dados foi revisado e possíveis

erros corrigidos.

Para as variáveis numéricas, foi aplicado o teste de normalidade dos

dados utilizando o Kolmogorov-Smirnov. Posteriormente, utilizou-se a estatística

descritiva, com o intuito de apresentar as características da amostra.

Os dados categóricos foram apresentados em forma de frequências.

Para a comparação da prevalência de excesso de peso entre os sexos, utilizou-se o

teste do qui-quadrado de Fisher, e para as possíveis associações entre excesso de

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peso e comportamento sedentário, qui-quadrado para tendência. O nível de

significância adotado foi de 5%, e o programa estatístico SPSS, versão 17.0.

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4 RESULTADOS

Os resultados da pesquisa foram distribuídos da seguinte forma:

informações colhidas da amostra total, prevalência de EP encontrado na amostra

total, prevalência de EP em relação ao sexo e por último, a associação entre o EP e

o comportamento sedentário.

A amostra total do estudo foi composta por 121 adolescentes, dos

quais verifica-se: médias de idade de 12,7±1,1 anos e estatura, 155,0± 9,8cm. Para

as variáveis de massa corporal e IMC, os valores apresentados referem-se à

mediana, visto que estas variáveis não apresentaram normalidade dos dados. Na

Tabela 1 é possível observar a caracterização da amostra.

Tabela 1: Valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo de idade e variáveis antropométricas dos escolares. Média DP Mínimo Máximo Idade (anos) 12,7 1,1 10 15 Massa corporal (kg) 48,5* 14,9 26,1 112,0 Estatura (cm) 155,0 9,8 130,0 177,0 IMC (kg/m2) 19,5* 4,5 14,2 38,6 * valores da mediana- dados não normais.

Ao analisar a prevalência de excesso de peso, de acordo com os

resultados encontrados, foi possível observar alta prevalência de excesso de peso

na população estudada, visto que 32% dos escolares apresentaram excesso de

peso.

Quando se analisa a prevalência de excesso de peso por sexo,

observa-se que os meninos apresentaram maior prevalência (38,3%) quando

comparados às meninas (25,8%). No entanto, ao empregar a análise estatística essa

diferença não se mostrou significante (P=0,138). (Tabela 2)

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Tabela 2: Prevalência de excesso de peso de acordo com os sexos, e associação com o comportamento sedentário de acordo com os tercis.

Com relação às possíveis associações entre excesso de peso com o

comportamento sedentário, como pode ser observado na tabela 2, não houve

associação significante entre estas variáveis.

Ressalta-se, no entanto, que foi observado neste estudo, valores

extremamente elevados de comportamento sedentário, onde as médias para o

comportamento sedentário nos respectivos tercis, foram as seguintes: 1º tercil

média de 7 horas diárias; 2º tercil média de 11 horas e o 3º tercil, média de 19 horas

diárias.

EP P

Sexo Masculino (n = 59) 38,3% Feminino (n = 62) 25,8% 0,138 Comportamento Sedentário T1 menor comport. sedentário (n=45) 28,9% T2 intermediário (n=38) 28,9% T3 maior comport. sedentário (n=38) 39,5% 0,318 Total 32,0%

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5 DISCUSSÃO

Ao analisar os resultados deste estudo, evidencia-se que a

prevalência de excesso de peso corporal encontrada, pode ser considerada elevada,

visto que 32% dos escolares apresentaram esta condição.

Salienta-se, portanto, que a literatura tem constantemente

evidenciado altas prevalências de excesso de peso corporal em adolescentes,

principalmente nas últimas décadas. Nesse sentido, observa-se estudos que

encontraram prevalências similares àquelas aqui evidenciadas como a pesquisa de

Vieira et al (2008), por exemplo, que encontrou uma prevalência de 38% de excesso

de peso corporal em crianças e adolescentes pelotenses; e Balaban e Silva (2001),

apresentou valores similares de 34,7%.

No entanto, há estudos que obtiveram valores de prevalência

menores do que os achados deste estudo como os de Ricardo, Caldeira e Corso

(2009) e Tassitano et al. (2009). Porém, ainda que menor, o valores encontrados

também indicam elevadas prevalências, visto que aproximadamente 20% dos

adolescentes avaliados nestes estudos, também apresentaram excesso de peso.

Nota-se, portanto, que as prevalências de excesso de peso corporal

encontradas nos estudos têm sido elevadas, embora variações tenham

constantemente sido observadas.

Salienta-se, contudo, que grande parte das diferenças

constantemente observadas nas taxas de prevalência entre os estudos, possa ser

oriunda de diferentes métodos e pontos de corte utilizados para a classificação do

excesso de peso corporal.

Neste estudo, acredita-se que as altas taxas de excesso de peso,

evidenciadas, possam estar relacionadas ao fato de a escola pesquisada ser

particular, e os alunos apresentarem melhores condições financeiras, pois de acordo

com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003), a

disponibilidade de alimentos ricos em gorduras e de refrigerantes é maior nas

classes de maior renda, o que talvez possa explicar, em parte, a maior prevalência

de excesso de peso em escolares de escolas particulares (IBGE, 2004). No entanto,

salienta-se que não obtivemos o controle desta variável.

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Com relação à comparação da prevalência de EP entre os meninos

e meninas, neste estudo, não se observou diferença significante entre os gêneros.

Contrariamente, em um estudo realizado em uma escola particular de Recife,

observou que os meninos apresentaram uma taxa de prevalência superior à

encontrada nas meninas (34,6% vs. 20,6%), com p<0,001 (BALABAN; SILVA, 2001).

Na mesma direção, recente estudo no Brasil mostrou que classes de

maior renda apresentaram prevalência de excesso de peso maior entre os meninos

(28,2% vs. 18,4%) (IBGE, 2004).

Analisando-se a associação do EP com o comportamento

sedentário, neste estudo, não se encontrou valor significativo para essa associação.

No entanto, este fato se difere de outros estudos encontrados na

literatura, onde constantemente tem-se evidenciado associação entre

comportamento sedentário e excesso de peso corporal.

Nesse sentido, o estudo de Silva et al. (2010) observou que

indivíduos que gastavam mais de 120 min por dia com computador e/ou videogame

tiveram aumentada em até 2,6 vezes as chances de apresentar excesso de peso.

Silva e Malina (2003) também verificaram relação significativa, entre excesso de

peso e indivíduos com comportamento sedentário maior que 3 horas por dia.

Além desses, Silva et al. (2008) também mostraram que crianças e

adolescentes que gastam maior tempo em frente à televisão, computadores e/ou

videogames têm maiores chances de apresentar excesso de peso corporal.

Portanto, parece que os adolescentes que apresentam maior

comportamento sedentário, tendem a apresentar excesso de peso.

Uma das justificativas para esta associação, que a literatura tem

abordado, deve-se ao fato de que com o aumento do comportamento sedentário dos

adolescentes, consequentemente ocorre uma diminuição da atividade física e,

portanto, menor gasto energético diário; além disso, o tempo gasto em frente à TV

pode estar relacionado com um maior consumo de alimentos calóricos e gordurosos

(Silva et al., 2008).

No presente estudo, embora não se tenha encontrado associação

entre excesso de peso e comportamento sedentário, observou-se que no terceiro

tercil, as prevalências de excesso de peso aparecem mais elevadas.

Salienta-se, no entanto, que o presente estudo apresenta algumas

limitações como tamanho da amostra do estudo; procedência dos adolescentes

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(escola particular); análise do comportamento sedentário através de questionário;

estudo do tipo transversal, que não apresenta um acompanhamento, e nesse caso,

pode ter apresentado uma causalidade reversa, oferecendo dados não

correspondentes ao dia-a-dia dos mesmos.

Dessa forma, deve-se analisar com ressalva os dados aqui

encontrados e novos estudos com situações melhores controladas devem ser

realizados para o estabelecimento das possíveis associações entre as duas

variáveis.

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6 CONCLUSÃO

Com base nos resultados encontrados, pode-se concluir que a

prevalência de excesso de peso observada nos adolescentes deste estudo foi

elevada (32%), não se observando diferença entre os sexos.

Assim, medidas devem ser adotadas na tentativa de diminuir o

excesso de peso corporal nos adolescentes, com ações voltadas à prevenção, e

quando necessário intervenção, na tentativa de controle e tratamento dessa

disfunção, visto que o excesso de peso pode se associar a diversos fatores de risco.

Além disso, não foi observado associação entre o comportamento

sedentário e o excesso de peso corporal nesse estudo, portanto, novos estudos com

situações bem mais controladas devem ser realizados.

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ANEXO / APÊNDICES

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ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos

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APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Titulo da pesquisa: “PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA E FATORES DE RISCO

CARDIOVASCULAR EM ADOLESCENTES DE LONDRINA/PR”

Prezado(a) Senhor(a):

Gostaríamos de convidá-lo(a) a participar da pesquisa “Prevalência de

síndrome metabólica e fatores de risco em adolescentes de Londrina/PR”, a

ser realizada no município de Londrina/PR. Os objetivos desta pesquisa são

identificar a presença de obesidade, pressão alta, colesterol e glicemia elevados em

adolescentes de 11 a 17 anos em Londrina/PR, bem como, identificar alguns fatores

de risco para esses problemas de saúde.

Todas as avaliações serão realizadas no ambiente escolar com a

permissão/supervisão da direção. Além disso, após conversa com a direção da

escola, asseguramos que os jovens participantes não serão prejudicados no que se

refere à freqüência nas aulas. A assinatura deste termo permitirá que o jovem sob

sua responsabilidade participe das seguintes atividades: (1) Preenchimento de

questionários sobre prática de atividades físicas, hábitos alimentares e fumo; (2)

Medidas de peso, altura, altura sentado, circunferência de cintura e pressão

arterial/freqüência cardíaca em repouso; (3) Avaliação da quantidade de gordura

corporal pelo método de impedância bioelétrica (teste com duração de 30 segundos:

deitado em um colchonete, dois pequenos eletrodos serão colocados na mão e pé

direito e transmitirão uma pequena corrente elétrica que indicará a quantidade de

gordura [procedimento indolor e sem qualquer tipo de risco]); (4) Coleta de sangue

em jejum de 12 h feita por um técnico capacitado vinculado ao Hospital Universitário

de Londrina para estudo do metabolismo. As dosagens serão realizadas no

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário e o sangue coletado e não

utilizado será descartado pelo hospital); (5) Um teste de corrida na quadra da escola.

Todas as atividades serão supervisionadas por professores universitários

participantes do projeto

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Gostaríamos de esclarecer que a participação é totalmente voluntária. O

participante pode recusar-se a participar/desistir a qualquer momento sem sofrer

prejuízo algum. As informações serão utilizadas somente para fins de pesquisa e

todos os documentos e amostras utilizados serão identificados por um código

numérico sem identificação nominal para preservar a identidade do participante.

Lembramos que não será cobrada taxa alguma por estas avaliações. Da mesma

forma, não será paga quantia alguma aos participantes.

Ao final do estudo, comprometemo-nos a retornar com os resultados de todas

as avaliações, que serão entregues aos participantes e responsáveis. Os benefícios

esperados são à detecção precoce de fatores de risco como obesidade, padrões

inadequados de alimentação, alterações no perfil lipídico dentre outros. Apesar de

considerados mínimos, os possíveis riscos são: desconfortos na coleta sanguínea e

cansaço durante o teste físico.

Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode contactar o

Prof. Dr. Edilson Serpeloni Cyrino, no Laboratório de Metabolismo, Nutrição e

Exercício, localizado no Centro de Educação Física e Esporte, da Universidade

Estadual de Londrina, pelo telefone (43) 3371-4772 / 9139-4509 ou procurar o

Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual

de Londrina, na Avenida Robert Kock, 60 ou no telefone (43) 3371-2490. Este termo

deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente

preenchida e assinada entregue a você.

Londrina, ___ de ________de 2010.

_____________________________________

Pesquisador Responsável

RG::__________________________

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_____________________________________ (nome por extenso do sujeito de

pesquisa), tendo sido devidamente esclarecido sobre os procedimentos da

pesquisa, concordo em participar voluntariamente da pesquisa descrita acima.

Assinatura (ou impressão dactiloscópica):____________________________

_____________________________________ (nome por extenso do pai, mãe ou

responsável pelo sujeito de pesquisa), tendo sido devidamente esclarecido sobre

os procedimentos da pesquisa, concordo em participar voluntariamente da

pesquisa descrita acima.

Assinatura (ou impressão dactiloscópica):____________________________

Data:___________________

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APÊNDICE 2 – Questionário para Avaliação do Comportamento Sedentário

INSTRUÇÕES PARA O PRENCHIMENTO

• As informações serão utilizadas somente para fins de pesquisa;

• Procure fornecer as informações solicitadas e indique-as marcando um “x” ou

preenchendo os espaços no questionário,

• Evite deixar as respostas em branco.

• Seja sincero nas respostas.

SUA PARTICIPAÇÃO É MUITO IMPORTANTE! OBRIGADO!

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

1. NOME_________________________________________________________

2. Data de nascimento: _____/_______/_________

3. Em que série você está? ______

4. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

5. Qual é o seu peso corporal? ______ kg

6. Qual é a sua estatura? _______m

COMPORTAMENTOS SEDENTÁRIOS:

7. Em geral, quantas horas você assiste televisão?

a) Em um dia normal de semana: _____ Horas ______ Minutos

b) Em um dia normal de final de semana: _____ Horas ______ Minutos

8. Em geral, quantas horas você usa o computador e/ou vídeo-game?

a) Em um dia normal de semana: _____ Horas ______ Minutos

b) Em um dia normal de final de semana: _____ Horas ______ Minutos

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APÊNDICE 3 – Ficha de Medidas Antropométricas

Série Data

Avaliação Data

Nascimento Massa

Corporal Altura IMC

Nome:

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Nome:

Nome:

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Nome:

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Nome:

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