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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS MATHEUS IVAN SCHMITZ VIEIRA AVALIAÇÃO DE CÓRNEAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS USANDO UM SISTEMA DE TOPOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

MATHEUS IVAN SCHMITZ VIEIRA

AVALIAÇÃO DE CÓRNEAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS USANDO UM SISTEMA DE

TOPOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG

CAMPINAS

2018

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MATHEUS IVAN SCHMITZ VIEIRA

AVALIAÇÃO DE CÓRNEAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS USANDO UM SISTEMA DE

TOPOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Ciências, área de concentração Oftalmologia.

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSE PAULO CABRAL DE VASCONCELLOS

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO MATHEUS IVAN SCHMITZ VIEIRA, E ORIENTADO PELO

PROF. DR. JOSE PAULO CABRAL DE VASCONCELLOS.

CAMPINAS

2018

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

MATHEUS IVAN SCHMITZ VIEIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSE PAULO CABRAL DE VASCONCELLOS

MEMBROS:

1. PROF. DR. JOSE PAULO CABRAL DE VASCONCELLOS

2. PROF. DR. EDUARDO MELANI ROCHA

3. PROF. DR. MAURICIO ETCHEBEHERE

Programa de Pós-Graduação em CIÊNCIAS MÉDICAS da Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: DATA DA DEFESA [28/03/2018]

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus mestres que contribuíram com seus esforços para

formar profissionais com conhecimentos e habilidades e que acima de tudo,

trouxeram um espírito de acolhimento humano e a sensibilidade de que estamos

aqui não somente para tratar doenças, mas também para servir como agentes

transformadores de saúde em nossa sociedade.

Especialmente a Dra. Rosane Silvestre Castro e Prof. Dr. Carlos Eduardo Leite

Arieta que acreditaram em mim e que sem eles não seria possível.

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AGRADECIMENTO

Agradeço muito à Dra. Mônica de Cassia Alves de Paula pelo seu empenho e

dedicação à pesquisa e pela coorientação desta obra.

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RESUMO

Objetivo: Descrever as características corneanas incluindo a distribuição

e a variação das medidas de espessura e elevação obtidas por meio do sistema de

topografia corneana de Scheimpflug Pentacam (Oculus Optikgeräte GmbH, Wetzlar,

Germany) em crianças brasileiras saudáveis.

Métodos: Crianças saudáveis de 7 a 11 anos foram escaneadas pelo

sistema de topografia de Scheimpflug Pentacam (Oculus Optikgeräte GmbH,

Wetzlar, Germany). Os critérios de exclusão foram: diagnóstico atual ou história

prévia de qualquer doença ocular (incluindo estrabismo, ambliopia, catarata,

doenças da retina e conjuntivite alérgica), e diagnóstico topográfico de ectasia

baseado no critério modificado de Rabinowitz/McDonnell. O olho direito de cada

indivíduo foi selecionado para a análise. Os parâmetros avaliados foram espessura

corneana central (CCT), paquimetria mais fina (TP), diferença de paquimetria entre

o ápice da córnea e o ponto mais fino (PDAT), índice de progressão paquimétrico

médio (PPI ave), elevação anterior e posterior máximas (AE e PE), elevação anterior

e posterior no ponto mais fino, Ambrósio Relational Thickness máximo (ART max),

Belin/Ambrósio Enhanced Ectasia Display (BAD D), ceratometria simulada (Sim K),

ceratometria simulada no eixo mais plano e mais curvo (Sim K plano e curvo),

astigmatismo no Sim K, ceratometria máxima (K max), asfericidade (Q value) e a

profundidade da câmara anterior (ACD).

Resultados: Um total de 155 (67 meninos e 88 meninas) foram incluídos

neste estudo. A média de idade foi 8,83 ± 1,24 anos (variando de 7 a 11 anos). A

CCT média foi 553,89 ± 32 µm e a TP média foi 548 ± 32,1 µm. O TP foi localizado

mais frequentemente no quadrante temporal inferior em 93,55% (145) olhos. O PPI

ave médio foi 0,992 ± 0,136, similar ao que foi encontrado em adultos. Os valores

médios de AE e PE foram 7,42 ± 3,22 µm e 10,49 ± 6.22 µm, respectivamente. ART

max e BAD D médio foi de 448,16 ± 81,69 e 0,76 ± 0,65, respectivamente. A média

e desvio padrão para Sim K, Sim K astig e K max foram 43,313 ± 1,24 D, 0,91 ± 0,58

D e 44,29 ± 1,32 D. O valor de K max e Sim K astig foram próximos

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aqueles já encontrados usando outros sistemas de topografia em crianças e em

adultos. O Q value e ACD tiveram uma média de -0,38 ± 0,14 e 3,063 ± 0,276 mm.

Conclusão: Este estudo fornece valores normativos para topografia

corneana, espessura e elevação de crianças saudáveis brasileiras. Estes resultados

podem fornecer informações importantes para o diagnóstico de doenças corneanas

em crianças. Novos estudos são necessários para avaliar o papel da tomografia em

identificar formas precoces de ectasia nessa faixa etária.

Palavras-chave: córnea; criança; topografia de córnea; ceratocone;

tecnologia.

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ABSTRACT

Purpose: To describe the corneal characteristics including the distribution

and variation of the thickness and elevation measurements obtained through the

corneal topography system of Scheimpflug Pentacam (Oculus Optikgeräte GmbH,

Wetzlar, Germany) in healthy Brazilian children.

Methods: Healthy children between 7 and 11 years of age were scanned

using the Pentacam Scheimpflug corneal topography system (Oculus Optikgeräte

GmbH, Wetzlar, Germany). The exclusion criteria were: actual diagnose or past

history of any ocular diseases (including strabismus, amblyopia, cataracts, retinal

disorders, and allergic conjunctivitis), and topographic diagnosis of corneal ectasia

based on the modified Rabinowitz/McDonnell criteria. The right eye of each subject

was selected for analysis. The parameters evaluated were central corneal thickness

(CCT), thinnest pachymetry (TP), pachymetric difference between corneal apex and

thinnest point (PDAT), average pachymetric progression index (PPI ave), anterior

and posterior maximum elevation (AE and PE), anterior and posterior elevation in the

thinnest location (AETP and PETP), Ambrosio's relational thickness (ART Max),

Belin/Ambrósio Enhanced Ectasia display score (BAD D), simulated keratometry

(Sim K), astigmatism in Sim K (Sim K astig), maximum keratometry (K max),

asphericity (Q value), and anterior chamber depth (ACD).

Results: A total of 155 children (67 male, 88 female) were included in this

study. The mean age of the children was 8.83 ± 1.24 years (ranging from 7 to 11

years). The mean CCT was 553.89 ± 32 μm, and mean TP was 548 ± 32.1 μm. The

TP was most commonly located in the inferotemporal quadrant in 93.55% (145) eyes.

The mean PPI ave was 0,992 ± 0.136, similar to that of normal adults. The mean AE

and PE values were 7.42 ± 3.22 µm and 10.49 ± 6.22 µm, respectively. ART Max and

BAD D averaged 448.16 ± 81.69 and 0.76 ± 0.65, respectively. Mean ± SD values for

Sim K, Sim K astig, and K max were 43.313 ± 1.24 D, 0.91 ± 0.58 D, and 44.29 ±

1.32 D respectively. The K max and Sim K astig values were close

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to those reported by other topographic systems for children and adults. Q value and

ACD averaged -0.38 ± 0.14 and 3.063 ± 0.276 mm.

Conclusion: This study provides normative values for corneal

topography, thickness, and elevation in healthy Brazilian children. These results may

provide helpful information for diagnosis of corneal diseases in children. Further

studies are needed to evaluate the role of tomography in identifying early forms of

ectasia in this age group.

Keywords: cornea; child; corneal topography; keratoconus; technology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. RAIOS LUMINOSOS SENDO REFRATADOS (CONVERGIDOS) DO MEIO EXTERNO PARA

UM PONTO FOCAL NA RETINA. FONTE:

HTTP://WWW.FLAPANDZAP.COM/NIDEK%20EYE%20ARROWS3_LAYOUT%201%20COP

Y.JPG ................................................................................................................. 19

FIGURA 2. REPRESENTAÇÃO DOS RAIOS LUMINOSOS SENDO REFRATADOS (CONVERGIDOS)

POR UMA LENTE ESFÉRICA (SUPERIOR) E ASFÉRICA (INFERIOR). NOTE QUE OS RAIOS

CHEGAM ESPALHADOS A DIREITA DA IMAGEM NA LENTE ESFÉRICA E EM UM PONTO FOCAL

NA LENTE ASFÉRICA. FONTE: HTTP://OPTICAL.COM/WP-

CONTENT/UPLOADS/2012/02/ASPHERIC2.JPG ........................................................ 20

FIGURA 3. DISCO DE PLÁCIDO IDEALIZADO PELO PORTUGUÊS ANTÔNIO PLÁCIDO DA COSTA

ONDE O MÉDICO SE POSICIONAVA ATRÁS DO EQUIPAMENTO, OLHAVA PELO ORIFÍCIO

CENTRAL E REFLETIA OS ANÉIS NA SUPERFÍCIE CORNEANA DO PACIENTE, INFERINDO

ASSIM O NÍVEL DE REGULARIDADE DA CÓRNEA. FONTE:

HTTP://WWW.HISTORIADELAMEDICINA.ORG/INSTRUMENTOS/IMAGENES/PLACIDO_DISCO

1.JPG ................................................................................................................. 23

FIGURA 4. REFLEXÃO DOS ANÉIS DO DISCO DE PLÁCIDO NA CÓRNEA EM UM EXAME DE

VIDEOCERATOSCOPIA COMPUTADORIZADA – PROGRAMA REALIZA MEDIDA ENTRE CADA

UM DOS ANÉIS REFLETIDOS E COM ISSO CONSEGUE MEDIR A CERATOMETRIA EM CADA

PONTO DA CÓRNEA (REGIÕES MAIS PLANAS APRESENTAM DISTÂNCIAS MAIORES ENTRE

OS ANÉIS E REGIÕES MAIS CURVAS COM DISTÂNCIAS MENORES). FONTE:

HTTP://WWW.CLSPECTRUM.COM/CONTENT/ARCHIVE/2011/MAY/IMAGES/CLS_MAY_A

13_FIG04.JPG .................................................................................................... 24

FIGURA 5. EQUIPAMENTO DE TOPOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CÓRNEA MOSTRANDO O

DISCO DE PLÁCIDO QUE É UTILIZADO PARA REFLEXÃO DA LUZ NA CÓRNEA E UMA CÂMERA

CENTRAL QUE CAPTARÁ A IMAGEM E A LEVARÁ PARA UM COMPUTADOR QUE PROCESSARÁ

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A INFORMAÇÃO EM DADOS DE CERATOMETRIA E MAPAS DE SUPERFÍCIE. FONTE:

HTTPS://VISION.BEYE.COM/IMAGES/PROD_IMG/IMG_6921423547408.JPG .............. 24

FIGURA 6. MAPA AXIAL DE UM EXAME DE VIDEOCERATOSCOPIA COMPUTADORIZADA DE UM

PACIENTE COM ALTO ASTIGMATISMO CORNEANO, REGULAR E SIMÉTRICO. FONTE:

HTTPS://STATIC1.SQUARESPACE.COM/STATIC/58354C3B579FB34D13E4F975/586CA9

41893FC ............................................................................................................ 25

FIGURA 7. CORTE ÓPTICO DA CÓRNEA. A DISTÂNCIA ENTRE O REFLEXO ANTERIOR E O

POSTERIOR DEFINEM A ESPESSURA DA CÓRNEA EM DIVERSOS PONTOS. NA IMAGEM É

POSSÍVEL VISUALIZAR NO CENTRO UM CORTE ÓPTICO MAIS FINO INDICANDO QUE A

CÓRNEA É MENOS ESPESSA NESTA REGIÃO EM COMPARAÇÃO ÀS DEMAIS. FONTE:

HTTP://WWW.OPTOMETRYSTUDENTS.COM/WP-

CONTENT/UPLOADS/2013/09/OPTICSECTION-PACIFIC-U.JPG ................................... 26

FIGURA 8. IMAGEM DA VARREDURA DE UM ESCÂNER EM FENDA (ORBSCAN IIZ) ONDE

OCORREM PROJEÇÕES EM FENDA E CAPTURA DE IMAGENS NUMA VARREDURA

HORIZONTAL DE TODA A CÓRNEA. FONTE:

HTTPS://WWW.DOVEPRESS.COM/CR_DATA/ARTICLE_FULLTEXT/S63000/63486/IMG/FIG

1.JPG ................................................................................................................. 27

FIGURA 9. IMAGEM DO ORBSCAN IIZ MOSTRANDO MAPA DE ELEVAÇÃO ANTERIOR (ESQUERDA

SUPERIOR), MAPA DE ELEVAÇÃO POSTERIOR (DIREITA SUPERIOR), MAPA AXIAL DE

CURVATURA ANTERIOR (ESQUERDA INFERIOR) E MAPA DE PAQUIMETRIA (DIREITA

INFERIOR). FONTE:

HTTP://WWW.IPVISAO.COM.BR/DADOS/IMAGE/MAPA%20CERATOMETRICO.JPG ........ 27

FIGURA 10. OBJETO, LENTE E FILME EM PLANOS PARALELOS ENTRE SI FORMANDO UMA

IMAGEM NÍTIDA EM TODA A SUA EXTENSÃO. FONTE:

HTTP://EYEWIKI.AAO.ORG/FILE%3ASCHEIMP4AGPRAKASH.JPG ............................ 28

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FIGURA 11. OBJETO EM PLANO NÃO PARALELO COM A LENTE E O FILME FAZENDO COM QUE A

IMAGEM OBTIDA TENHA NITIDEZ NO CENTRO (QUE ESTÁ SENDO FOCADO NA FOTO) PORÉM

COM DISTORÇÕES NAS PERIFERIAS. FONTE:

HTTP://EYEWIKI.AAO.ORG/FILE%3ASCHEIMP4BGPRAKASH.JPG ............................ 29

FIGURA 12. PRINCÍPIO DE SCHEIMPFLUG: OBJETO, LENTE E FILME EM PLANOS NÃO

PARALELOS, PORÉM QUE SE INTERSECTAM EM UM PONTO NO ESPAÇO, DIMINUINDO A

DISTORÇÃO DAS PERIFERIAS E MELHORANDO A NITIDEZ EM TODA A EXTENSÃO DA

IMAGEM. FONTE:

HTTP://EYEWIKI.AAO.ORG/FILE%3AFIGURE_4C_SCHEIMPGPRAKASH.JPG .............. 29

FIGURA 13. IMAGEM OBTIDA ATRAVÉS DO PENTACAM MOSTRANDO UM CORTE ÓPTICO EM

FENDA NO CENTRO E NO CANTO DIREITO A VARIAÇÃO DA DENSIDADE ÓPTICA DO

SEGMENTO ANTERIOR DA SUA PARTE ANTERIOR ATÉ A POSTERIOR. .......................... 31

FIGURA 14. A ESQUERDA: CÓRNEA NORMAL. A DIREITA: CÓRNEA COM CERATOCONE. FONTE:

HTTP://ITEKVISIONCENTRE.COM/WP-CONTENT/UPLOADS/2016/09/IMAGE3.PNG ........ 33

FIGURA 15. TELA DA VISÃO GERAL DO EXAME MOSTRANDO AS IMAGENS OBTIDAS PELA

CÂMERA, DENSIDADE ÓPTICA DOS TECIDOS OCULARES, VALORES CERATOMÉTRICOS,

PAQUIMÉTRICOS E VOLUMÉTRICOS DO SEGMENTO ANTERIOR DO OLHO E O ÍNDICE DE

QUALIDADE DO EXAME RESSALTADO PELO CÍRCULO VERMELHO. .............................. 40

FIGURA 16. MAPA AXIAL BASEADO NOS VALORES DE CERATOMETRIA DE UMA CÓRNEA COM

ASTIGMATISMO REGULAR, SIMÉTRICO E A FAVOR DA REGRA..................................... 40

FIGURA 17. MAPA DE ESPESSURA CORNEANA MOSTRANDO AS RELAÇÕES ANATÔMICAS DA

PUPILA (TRACEJADO RESSALTADO PELA FLECHA VERMELHA) O CENTRO DA PUPILA (CRUZ

RESSALTADO PELA FLECHA PRETA) E O PONTO MAIS FINO DA CÓRNEA (CÍRCULO PRETO).

.......................................................................................................................... 41

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FIGURA 18. MAPA DE ELEVAÇÃO POSTERIOR E VALORES BASEADOS NO CÍRCULO DE MELHOR

ENCAIXE DE 6,37 MM DE RAIO; VALORES REPRESENTANDO UMA CÓRNEA NORMAL COM

ASTIGMATISMO A FAVOR DA REGRA. ...................................................................... 42

FIGURA 19. DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS DE ACORDO COM SEXO. .............................. 44

FIGURA 20. DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS DE ACORDO COM A IDADE. ........................... 44

FIGURA 21. DISPOSIÇÃO DO PONTO MAIS FINO NOS QUADRANTES CORNEANOS. .............. 46

FIGURA 22. VALORES DE ASFERICIDADE EM 8 MM CENTRAIS POR IDADE. ........................ 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. VALORES DAS CERATOMETRIAS EM DIOPTRIA (D). ........................................ 45

TABELA 2. RESULTADOS DOS VALORES RELATIVOS A DISTRIBUIÇÃO DA ESPESSURA

CORNEANA. ......................................................................................................... 46

TABELA 3. VALORES SOBRE ELEVAÇÕES, BELIN/AMBROSIO ENHANCED ECTASIA DISPLAY,

ASFERICIDADE E PROFUNDIDADE DA CÂMARA ANTERIOR. ......................................... 47

TABELA 4. PARÂMETROS COM PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO PARAMÉTRICA OU NÃO

PARAMÉTRICA. .................................................................................................... 48

TABELA 5. DADOS DE SUPERFÍCIE E ESPESSURA DE CRIANÇAS BRASILEIRAS SAUDÁVEIS DE

7 A 11 ANOS COM DISTRIBUIÇÃO NÃO PARAMÉTRICA. .............................................. 49

TABELA 6. DADOS DE SUPERFÍCIE E ESPESSURA DE CRIANÇAS BRASILEIRAS SAUDÁVEIS DE

7 A 11 ANOS COM DISTRIBUIÇÃO PARAMÉTRICA. ..................................................... 50

TABELA 7. MÉDIA DOS VALORES ENTRE MENINOS E MENINAS ........................................ 51

TABELA 8. VALORES COMPARATIVOS COM O ESTUDO DE AMBRÓSIO ET AL.(62) .............. 54

TABELA 9. VALORES COMPARATIVOS COM O ESTUDO DE UÇAKHAN ET AL.(63). .............. 55

TABELA 10. VALORES COMPARATIVOS COM O ESTUDO DE HOSSEINI ET AL.(64) .............. 55

TABELA 11. VALORES COMPARATIVOS COM O ESTUDO DE VÁZQUEZ ET AL.(65) .............. 56

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TABELA 12. VALORES COMPARATIVOS COM O ESTUDO DE MAS-AIXALA ET AL.(66) ......... 56

TABELA 13. VALORES DE CERATOMETRIA ENTRE OS DIVERSOS ESTUDOS. ...................... 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACD – profundidade da câmara anterior

AE - maior elevação anterior

AETP - elevação anterior no ponto mais fino

ART - Ambrosio Relational Thickness

ART max - Ambrosio Relational Thickness máximo

BAD D - Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display

CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CCT - espessura corneana central

D - dioptrias

IC - intervalo de confiança

I-S - ceratometria inferior subtraída pela superior

K – ceratometria

mm - milímetros

m/s - metros por segundo

PDAT – diferença paquimétrica entre o ápice e o ponto mais fino

PE - maior elevação posterior

PETP - elevação posterior no ponto mais fino

PPI - índice de progressão paquimétrica

PPI ave - índice de progressão paquimétrica médio

Sim K – ceratometria simulada

SRAX – skewed radial axis (eixo radial inclinado)

TP - paquimetria no ponto mais fino

µm – micrômetros

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 19

Ceratometria ........................................................................................................ 20

Paquimetria .......................................................................................................... 21

Métodos de imagem da superfície corneana ....................................................... 22

Tomografia de córnea .......................................................................................... 25

Ectasias de córnea .............................................................................................. 31

Equipamento – tomógrafo de córnea Pentacam .................................................. 34

OBJETIVOS ............................................................................................................ 38

METODOLOGIA ..................................................................................................... 39

RESULTADOS ........................................................................................................ 44

DISCUSSÃO ........................................................................................................... 52

CONCLUSÃO ......................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62

ANEXOS ................................................................................................................. 69

Anexo 1 – Autorização da editora para a inclusão do artigo na dissertação sem

infringir direitos autorais ....................................................................................... 69

Anexo 2 – Artigo publicado na íntegra ................................................................. 70

Anexo 3 – Documento de aprovação no Comitê de ética e pesquisa .................. 77

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INTRODUÇÃO

O segmento anterior representa o terço anterior do globo ocular e é

composto pela córnea, câmara anterior, íris, ângulo irido-corneano, cristalino e o

corpo ciliar. A córnea é o tecido transparente e avascular que representa a camada

mais anterior do olho e tem como funções: proteção das estruturas intraoculares e

conceder qualidade visual - em conjunto com o cristalino ela converge os raios

luminosos vindos do meio externo para um ponto focal na retina (Figura 1). Para que

isto ocorra a córnea necessita ter uma densidade óptica baixa (ser transparente);

uma superfície regular; formato asférico e um poder óptico adequado.

Figura 1. Raios luminosos sendo refratados (convergidos) do meio externo para

um ponto focal na retina. Fonte:

http://www.flapandzap.com/nidek%20eye%20arrows3_Layout%201%20copy.jpg

A córnea possui um formato asférico (centro mais curvo e periferia mais

plana) possibilitando uma melhor qualidade visual visto que os raios que se incidem

na periferia mais plana são convergidos com menor intensidade em relação a região

central formando um ponto focal na retina. Isso não ocorreria se a córnea tivesse um

formato esférico perfeito (curvatura constante em toda a sua área) pois os raios que

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se incidiriam em sua periferia seriam convergidos com maior intensidade que os raios

que se incidiriam próximos ao centro. Isso implicaria na formação de uma região

focal mais ampla e espalhada, diminuindo a qualidade visual. (Figura 2).

Figura 2. Representação dos raios luminosos sendo refratados (convergidos) por uma lente esférica (superior) e asférica (inferior). Note que os raios chegam espalhados a direita da imagem na lente esférica e em um ponto focal na lente asférica. Fonte: http://optical.com/wp-content/uploads/2012/02/aspheric2.jpg

Ceratometria

O poder óptico, que representa a capacidade de convergir os raios

luminosos do meio externo para a retina, é medido em dioptrias (D) e o valor total de

um olho normal é de aproximadamente 58,60 D – destes, a córnea é responsável

por 74% (43,25D) (1). A sua medida, chamada de ceratometria, é diretamente

proporcional a curvatura da córnea (principalmente da superfície anterior), em

dioptria (D) e inversamente proporcional a sua medida em raio de curvatura (mm). A

medida da ceratometria mais importante para a visão representa os 3-4 mm centrais

e, portanto, ela é a área mais utilizada para as medidas de ceratometria; uma córnea

normal apresenta o centro com 3 D mais curva que a periferia, devido seu formato

asférico.

O estudo das medidas ceratométricas, que incluem as medidas da

curvatura da superfície anterior da córnea, são amplamente utilizadas tanto na

prática clínica quanto em pesquisas para auxiliar no tratamento e no diagnóstico de

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diversas afecções oculares, assim como em triagem de pacientes candidatos a

procedimentos cirúrgicos corneanos. Com os avanços da tecnologia tornou-se

possível avaliar de forma sistemática e robusta além das medidas da curvatura da

superfície anterior da córnea o estudo da superfície posterior e da sua distribuição

de espessura, que são fundamentais para entender como a córnea se comporta

estruturalmente. Todos esses parâmetros são necessários para diferenciar uma

córnea normal daquelas com alguma alteração estrutural ou característica de risco

para alguma afecção deste tecido, além de nos ajudar a predizer como ela se

comportaria após eventuais procedimentos cirúrgicos.

Paquimetria

A medida da paquimetria (espessura corneana) é um importante e

sensível indicador da fisiologia e da resistência estrutural da córnea. Ela pode

representar o estado funcional da córnea ao indicar o seu grau de hidratação. Isso

reflete a integridade da camada corneana mais interna (células endoteliais) que tem

a função de manter a córnea em um nível de desidratação fisiológica (78% de água);

córneas mais hidratadas se tornam mais espessas que o normal (2). Sabemos que

a espessura da córnea influencia diretamente nos valores obtidos na medida da

pressão intraocular, onde córneas mais grossas produzem medidas falsamente mais

elevadas e as finas medidas falsamente mais baixas (3). Córneas com espessura

mais finas podem estar relacionadas a uma menor resistência estrutural e

consequentemente a ectasias, complicações pós operatórias de tratamentos

refrativos e mais risco de evolução para o glaucoma (3–5).

O exame padrão ouro, mais utilizado, de baixo custo, rápido e preciso

para avaliar a espessura corneana é a paquimetria ultrassônica de contato que se

baseia na velocidade do som nos tecidos (1640 m/s na córnea); porém erros do

examinador, como manter a ponteira do paquímetro de forma não perpendicular ao

olho, pode causar medidas imprecisas. Outras desvantagens seriam: a medida de

um ponto específico nem sempre pode representar o local onde a córnea é mais fina

ou onde é o seu centro, a falta da avaliação da distribuição da espessura e a

necessidade de contato da ponteira com os olhos dos pacientes (6). Devido a isso,

novas tecnologias de não contato surgiram para facilitar as medidas e que, apesar

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de terem um custo mais elevado, podem proporcionar mapas de distribuição de

espessura com alta precisão, repetibilidade e com menor dependência do

examinador como os escâneres em fenda, tomografias de Scheimpflug e

tomografias de coerência óptica (5).

Métodos de imagem da superfície corneana

As medidas ceratométricas são realizadas de diversas maneiras, entre

elas: a ceratometria manual, a ceratometria por topografia disco de Plácido, o

escaneamento em fenda, o escaneamento por Scheimpflug e a tomografia de

coerência óptica.

A ceratometria manual mede indiretamente o poder corneano central

através da reflexão de uma imagem na superfície córnea/lágrima. O ceratômetro

projeta miras nesta imagem cuja centralização realizada pelo médico leva a obtenção

dos valores de ceratometria de 4 pontos em 2,8 a 4 mm centrais. A aquisição destas

medidas da curvatura da superfície anterior da córnea dependem da habilidade do

médico e devido a subjetividade e variabilidade inter-examinador, além do

surgimento de novas tecnologias, ela é muito pouco utilizada atualmente.

A ceratoscopia por disco de Plácido (Figura 3) surgiu em 1880 com a proposta

do português Antônio Plácido da Costa de colocar um disco com anéis concêntricos

brancos e pretos com o paciente fixando no centro. A partir da reflexão da imagem

na superfície córnea/lágrima, seria possível avaliar sua regularidade.

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Figura 3. Disco de Plácido idealizado pelo português Antônio Plácido da Costa onde o médico se posicionava atrás do equipamento, olhava pelo orifício central e refletia os anéis na superfície corneana do paciente, inferindo assim o nível de regularidade da córnea. Fonte: http://www.historiadelamedicina.org/Instrumentos/imagenes/Placido_disco1.jpg

A partir da década de 80, com a popularização dos microcomputadores,

surgiram programas para análise da ceratoscopia pelas imagens refletidas, com a

medição da distância entre as linhas refletidas em toda a superfície anterior da

córnea (Figura 4) e com isso mapas de topografia corneana e valores de

ceratometria ponto-a-ponto foram desenvolvidos. Esse advento se chamou de

videoceratoscopia computadorizada (topografia computadorizada de córnea), visto

na Figura 5. Como é um método computadorizado, ele é parcialmente independente

do examinador, o que leva a obtenção de medidas objetivas e mais reprodutíveis

(Figura 6) (7).

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Figura 4. Reflexão dos anéis do disco de Plácido na córnea em um exame de videoceratoscopia computadorizada – programa realiza medida entre cada um dos anéis refletidos e com isso consegue medir a ceratometria em cada ponto da córnea (regiões mais planas apresentam distâncias maiores entre os anéis e regiões mais curvas com distâncias menores). Fonte: http://www.clspectrum.com/content/archive/2011/May/images/CLS_May_A13_Fig04.jpg

Figura 5. Equipamento de topografia computadorizada de córnea mostrando o disco de Plácido que é utilizado para reflexão da luz na córnea e uma câmera central que captará a imagem e a levará para um computador que processará a informação em dados de ceratometria e mapas de superfície. Fonte: https://vision.beye.com/images/prod_img/img_6921423547408.jpg

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Figura 6. Mapa axial de um exame de videoceratoscopia computadorizada de um paciente com alto astigmatismo corneano, regular e simétrico. Fonte: https://static1.squarespace.com/static/58354c3b579fb34d13e4f975/586ca941893fc

A acurácia da topografia computadorizada pode ser afetada por:

desalinhamentos, variação entre testes, foco incorreto, defeitos do filme lacrimal,

distorções área de cobertura e escalas de cores variadas (7). Em córneas irregulares

os algorítmos usados para medições nos aparelhos de topografia de disco de Plácido

podem causar interpretações errôneas da morfologia da superfície corneana,

podendo causar erros nas medidas de ceratometria em até 4 D (8).

Tomografia de córnea

Até o surgimento de novas tecnologias, o campo do mapeamento

corneano era restrito a análise da forma e qualidade da superfície anterior através

de topógrafos baseados na tecnologia de disco de Plácido (9). Isso mudou com o

surgimento dos tomógrafos de córnea como o escaneamento em fenda e a

tecnologia de Scheimpflug que proporcionaram informações sobre curvatura da

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superfície anterior, posterior, distribuição da espessura corneana, da câmara

anterior, íris e cristalino.

O escaneamento em fenda ocorre por meio de uma projeção em toda

extensão horizontal da córnea de uma fenda luminosa estreita (Figura 7), formando

um corte óptico que é captado por uma câmera (Figura 8) e um computador faz

diversas derivações matemáticas permitindo a construção de mapas de elevação

anterior e posterior da córnea, formulações de mapas e cálculos de ceratometria e

espessura em diversos pontos (Figura 9).

O Orbscan IIz (Bausch & Lomb, Rochester, Nova Iorque) é um sistema

híbrido que combina um topógrafo de disco de Plácido com um tomógrafo de

escaneamento em fenda. Devido às derivações matemáticas deste equipamento, o

mapa de elevação posterior pode superestimar a curvatura corneana posterior

principalmente em pacientes que realizaram LASIK (laser-assisted in situ

keratomileusis) (7).

Figura 7. Corte óptico da córnea. A distância entre o reflexo anterior e o posterior definem a espessura da córnea em diversos pontos. Na imagem é possível visualizar no centro um corte óptico mais fino indicando que a córnea é menos espessa nesta região em comparação às demais. Fonte: http://www.optometrystudents.com/wp-content/uploads/2013/09/opticsection-pacific-u.jpg

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Figura 8. Imagem da varredura de um escâner em fenda (Orbscan IIz) onde

ocorrem projeções em fenda e captura de imagens numa varredura horizontal de

toda a córnea. Fonte:

https://www.dovepress.com/cr_data/article_fulltext/s63000/63486/img/fig1.jpg

Figura 9. Imagem do Orbscan IIz mostrando mapa de elevação anterior (esquerda

superior), mapa de elevação posterior (direita superior), mapa axial de curvatura

anterior (esquerda inferior) e mapa de paquimetria (direita inferior). Fonte:

http://www.ipvisao.com.br/dados/Image/mapa%20ceratometrico.JPG

Como as tecnologias acima se baseiam em captação de imagens do olho,

para que medidas tenham uma acurácia adequada essas imagens precisam ter uma

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boa nitidez e estarem adequadamente focadas. Quando captamos imagens planas

a câmera, o objeto e a imagem se apresentam em planos paralelos causando uma

imagem de nitidez adequada (Figura 10). Porém quando a imagem não apresenta

um plano único – isto é, o objeto, a câmera e a imagem estão em planos não

paralelos com distâncias axiais diferentes (como por exemplo as estruturas oculares

que são curvas) - a imagem estará com um foco adequado em uma região e

desfocada na outra, gerando imagens de nitidez inadequada o que pode geral falsos

valores de medidas oculares (Figura 11).

A tecnologia de Scheimpflug foi descrita pela primeira vez por Jules

Carpentier em 1901, sendo citado e creditado pelo austríaco Theodor Scheimpflug

em 1904 na área da fotografia. O princípio de Scheimpflug utiliza a ideia da formação

de 3 planos imaginários (plano do filme da câmera, plano da lente da câmera e plano

de foco do objeto) com intersecção entre eles em um lugar no espaço, causando um

foco adequado das imagens e sem distorções axiais (Figura 12).

Figura 10. Objeto, lente e filme em planos paralelos entre si formando uma imagem nítida em toda a sua extensão. Fonte: http://eyewiki.aao.org/File%3AScheimp4aGPrakash.JPG

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Figura 11. Objeto em plano não paralelo com a lente e o filme fazendo com que a

imagem obtida tenha nitidez no centro (que está sendo focado na foto) porém com

distorções nas periferias. Fonte:

http://eyewiki.aao.org/File%3AScheimp4bGPrakash.JPG

Figura 12. Princípio de Scheimpflug: objeto, lente e filme em planos não paralelos, porém que se intersectam em um ponto no espaço, diminuindo a distorção das periferias e melhorando a nitidez em toda a extensão da imagem. Fonte: http://eyewiki.aao.org/File%3AFigure_4c_ScheimpGPrakash.jpg

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Nos equipamentos de imagem ocular baseados neste princípio, uma

câmera captura as imagens de cortes ópticos em fenda com intersecção desses 3

planos de forma rotacional do segmento anterior e, por fim, um computador

reconstrói essas imagens com um aumento de profundidade e nitidez. Isso faz com

que se diminuam as distorções das imagens causadas pelas diferenças axiais. No

olho é possível construir mapas de curvatura anterior e do poder corneano total

(considerando a curvatura anterior e posterior), espessura corneana, diâmetro de

câmara anterior, elevação anterior e posterior, índices pupilares, densidade óptica

corneana e do cristalino com maior qualidade e índices para detecção e classificação

de doenças ectáticas (10). Apresentam um avanço importante em relação à

tecnologia de topografia de disco de Plácido pelo fato de possibilitar uma avaliação

mais completa do segmento anterior, portanto tendo mais sensibilidade e

especificidade em identificar alterações, entre elas ectasias, distrofias e opacidades.

Na atualidade os equipamentos baseados na captura de imagem por Scheimpflug

são os seguintes: Pentacam (Oculus, Inc), Galilei (Ziemer Ophthalmic Systems AG),

Precisio (Ligi Tecnologie Medicali), e Sirius (CSO Ophthalmic). (11)

O tomógrafo corneano Pentacam (Oculus Optikgerδte GmbH, Wetzlar,

Germany) utiliza uma fenda de luz monocromática e uma câmera de Scheimpflug

que capta imagens e caráter rotacional de 180° em 2 segundos, produzindo 25

imagens da superfície anterior e posterior da córnea. Até 25.000 pontos de elevação

são utilizados para a reconstrução tridimensional do segmento anterior e fornecer

leituras e análises da superfície anterior e posterior da córnea, assim como medidas

da espessura corneana em diferentes pontos, de densidade óptica (Figura 13) e

análise robusta do segmento anterior com a utilização de diversos índices (7). Desde

o seu lançamento em 2004, ele se tornou um equipamento muito popular na

avaliação do segmento anterior do globo ocular. Vários estudos demonstraram

excelente reprodutibilidade das medições automatizadas das estruturas do

segmento anterior (12–16). Apesar disso a tecnologia de Scheimpflug tem

dificuldade em identificar alterações relativas a superfície lacrimal.

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Figura 13. Imagem obtida através do Pentacam mostrando um corte óptico em fenda no centro e no canto direito a variação da densidade óptica do segmento anterior da sua parte anterior até a posterior.

Essas novas tecnologias (o escaneamento em fenda e a captura por

Scheimpflug) denominadas de tomografias de córnea são capazes de reconstruir a

estrutura tridimensional da córnea através de intersecções ópticas bidimensionais

formando mapas de superfície anterior, posterior e mapas de espessura aumentando

a nossa habilidade em investigar as propriedades estruturais da córnea e facilitando

o manejo oftalmológico na adaptação de lentes de contato, na diferenciação de

irregularidades corneanas patológicas, na identificação de alterações corneanas

(Warpage) relacionadas ao uso de lentes de contato e no diagnóstico,

acompanhamento e tratamento de doenças como ectasias corneanas.

Ectasias de córnea

Ectasia constitui um grupo de doenças de características tipicamente não

inflamatórias associadas a um afilamento central, paracentral, periférico ou total da

córnea.

A ectasia corneana mais importante e prevalente é o ceratocone. Nele

ocorre um afilamento progressivo associado a protrusão da superfície corneana,

astigmatismo irregular e consequente redução da acuidade visual, sendo bilateral na

maioria dos casos, porém assimétrico (Figura 14). A protrusão, que apresenta um

formato cônico, está relacionada a degeneração do tecido estromal levando a um

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enfraquecimento estrutural da córnea. A etiologia não é completamente esclarecida

porém alguns marcadores pro-inflamatórios e variantes em determinados genes

estão ligados ao aparecimento dessa doença (17).

Ele normalmente se apresenta de caráter isolado, porém associações a

outras doenças também são registradas como: ceratoconjuntivite vernal, atopia,

síndrome de Down, retinose pigmentar, amaurose congênita de Leber, prolapso de

valva mitral, e alterações do tecido conjuntivo (síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos).

Outros fatores de risco são: prurido ocular crônico, presença de algumas doenças

sistêmicas, síndrome da pálpebra frouxa, alergias e história familiar positiva. O fator

de risco mais importante é o hábito de coçar os olhos que está ligado com aumento

de mediadores pró-inflamatórios (metaloproteinase-13, interleucina-6 e fator de

necrose tumoral-α) também encontrados em olhos com ceratocone e provavelmente

está ligado ao seu aparecimento. (18) Pensando em história familiar, existe uma

estimativa de prevalência entre 15 e 67 vezes maior de ceratocone subclínico em

familiares de primeiro grau comparado com a população em geral. (19)

Normalmente se inicia na puberdade e progride até a terceira ou quarta

década de vida. Sua prevalência varia de acordo com a localização geográfica, etnia

(o que sugere influências genéticas na sua patogênese) (19) critério diagnóstico e

população estudada, sendo que as maiores prevalências são descritas na Ásia e

Oriente-Médio. Foi identificada a menor prevalência na Rússia com 0,0003% e a

maior na Arábia Saudita com 4,79% em pacientes jovens (20,21). Não temos estudos

na literatura verificando a prevalência de ceratocone na população brasileira. Alguns

estudos verificaram uma maior prevalência em homens. (19,22)

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Figura 14. A esquerda: córnea normal. A direita: córnea com ceratocone. Fonte:

http://itekvisioncentre.com/wp-content/uploads/2016/09/image3.png

O principal método diagnóstico para ceratocone é a topografia de córnea,

que permite detectar uma protrusão com aumento das medidas ceratométricas e

assimetria inferior-superior da superfície corneana (avaliada também pelos valores

ceratométricos). A investigação topográfica deve ser associada a avaliação clínica,

porque ambas permitem a identificação de diversos sinais típicos de ceratocone em

graus moderados e avançados. Por isso a maioria dos critérios para diagnóstico e

classificação do ceratocone são baseados nos dados topográficos da curvatura da

superfície anterior da córnea (23,24). Entre os vários critérios, um dos primeiros foi

o índice I-S (ceratometria inferior menos a superior) criado por Rabinowitz e

McDonnell; com o tempo foram adicionados novos índices para facilitar o diagnóstico

em cones que não apresentassem assimetria inferior e então surgiram os critérios

modificados de Rabinowitz/McDonnell que, além do I-S, temos um valor de

ceratometria limite e assimetria/inclinação do eixo do astigmatismo (SRAX – skewed

radial axis).

Formas de ceratocone subclínico, incipiente e assintomático podem ser

de difícil diferenciação na prática clínica por apresentarem astigmatismo miópico

regular durante um exame de rotina mesmo utilizando os métodos de

videoceratoscopia computadorizada. Além disso, ceratocone subclínico é o maior

fator de risco para desenvolvimento de ectasia pós tratamento refrativo (25).

Um diagnóstico adequado e preciso de ceratocone é crucial para melhor

entender a progressão da doença, para realizar um tratamento precoce e para evitar

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piora e/ou proporcionar a melhora da visão corrigida para longe em pacientes jovens

e seu subsequente impacto na produtividade e qualidade de vida (26–31).

Enquanto que o ceratocone avançado é facilmente diagnosticado mesmo

no exame de biomicroscopia de lâmpada de fenda e medidas da curvatura anterior

corneana, o diagnóstico de ceratocone subclínico permanece um desafio, apesar de

hoje ser facilitado por essas novas tecnologias de imagem, programas, índices e

algorítmos.

Equipamento – tomógrafo de córnea Pentacam

O Pentacam pode ser utilizado para diagnosticar ceratocone (inclusive em

ceratocones iniciais ou subclínicos aonde pode haver dúvida com o uso das

topografias por disco de Plácido), para triagem de olhos candidatos a procedimentos

refrativos e de catarata, para monitorar a evolução em pós operatórios corneanos,

para calcular índices ceratométricos a serem utilizados no cálculo do poder de lentes

intraoculares a serem implantadas na operação de catarata e para avaliar a posição

das lentes intraoculares e sua relação com outras estruturas. Os detalhes fornecidos

pelo Pentacam são confiáveis porque o equipamento apresenta um alto nível de

repetibilidade das medidas ceratométricas e paquimétricas (32,33). Diversos estudos

demonstraram que as medidas da espessura corneana realizadas com o Pentacam

e seus mapas apresentam alta confiança e reprodutibilidade (15,34–37) com uma

alta correlação com as medidas obtidas por paquimetria ultrassônica em olhos

normais e em olhos com ceratocone (5,38,39). Estudos demonstraram também baixa

variabilidade das medidas de ceratometria obtidas tanto em pacientes normais

quanto com ceratocone (40).

Apesar do surgimento dessas novas tecnologias, topografia de disco de

Plácido ainda é o método mais comumente utilizado na prática clínica, mesmo sendo

um equipamento inferior para o diagnóstico de ceratocone subclínico, Warpage

corneano por lentes de contato e para discriminar alguns olhos com risco para

complicações em candidatos a tratamentos refrativos corneanas.

Alguns estudos forneceram extensa informação sobre dados normativos

do segmento anterior de adultos (41–45) assim como as alterações da elevação

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posterior da córnea após o uso do excimer laser (46). Com o objetivo de evitar a

realização de procedimentos cirúrgicos refrativos corneanos em ceratocones de

difícil detecção, a utilização destas novas tecnologias associadas ao

desenvolvimento de ferramentas, adaptação de programas e algoritmos têm

auxiliado a diferenciar o ceratocone de córneas normais (47–49). Alguns exemplos

muito utilizados são: índices de progressão paquimétrica – PPI, que avalia como a

espessura da córnea se comporta do seu ponto mais fino até a periferia; o

Ambrosio’s Relational Thickness - ART, que é a relação entre o ponto mais fino e o

PPI; e o Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display – BAD D, que faz uma média

ponderada de índices de curvatura e elevação anterior, posterior, espessura e

progressão paquimétrica e consegue uma alta sensibilidade e especificidade para

diagnóstico de ceratocone e ceratocone subclínico.

Estudos anteriores mostraram que o perfil de espessura no adulto

fornecido pelo Pentacam associado ao programa do BAD pode diferenciar

ceratocone de córneas normais com uma sensibilidade e especificidade de 96,7%-

100% e 94,8%-100% respectivamente; e diferenciar formas de ceratocone subclínico

com uma sensibilidade e especificidade de 60%-81,1% e 73,2%-90%

respectivamente (25,47,50,51).

É importante reconhecer as influências do envelhecimento na forma da

superfície anterior e posterior da córnea (52) especialmente em pacientes com

catarata e que realizaram tratamentos corneanos no passado, isto é, pacientes que

necessitam de medidas precisas da ceratometria para o cálculo da lente intraocular

a ser usada durante o procedimento cirúrgico da catarata (53).

Apesar de vasto conhecimento sobre os parâmetros corneanos em

adultos, informações similares em crianças ainda são escassas (54), fato esse que

tem limitado o uso do Pentacam para identificação de córneas anormais nessa faixa

etária.

Estudos demonstraram que o aparecimento do ceratocone ocorre

normalmente na puberdade (55), porém quando essa doença se desenvolve mais

cedo (no caso de ceratocone pediátrico), ela progride mais rapidamente e é

diagnosticado em estágios mais avançado do que em adolescentes (56), o que faz

a qualidade de vida relacionada a visão ser pior nesses pacientes (29). A perda visual

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na infância pode trazer importantes consequências para o desenvolvimento social e

educacional. Além disso, doenças que frequentemente se apresentam em conjunto

com ceratocone na infância, como atopia e ceratoconjuntivite vernal, estão

associadas com uma progressão mais rápida da doença e complicações a longo

prazo. (19)

Devido ao seu diagnóstico mais tardio a população pediátrica apresenta

um risco mais elevado de desenvolver cicatrizes o que aumenta a necessidade de

ceratoplastia penetrante (transplante penetrante de córnea) (57). Existe muita

experiência e alto sucesso da ceratoplastia penetrante em adultos, porém tem um

pior prognóstico quando realizado na infância. (19) Isso fez com que a identificação

de córneas anormais em crianças ganhasse grande importância, visto que o

tratamento dessa doença mesmo na infância mantém bons parâmetros de

segurança e resposta (19,58,59), apesar de resultados inferiores comparados com

a população adulta (19).

Ceratocone na infância é mais grave que em adultos e está relacionado a

uma evolução mais rápida necessitando um acompanhamento mais frequente.

Córneas pediátricas e de adultos são estruturalmente diferentes pois as últimas

passam por um processo de enrijecimento natural que ocorre com o passar dos anos

fazendo com que seja possível uma estabilização espontânea do ceratocone.

No diagnóstico das ectasias corneanas em crianças por meio das novas

tecnologias, que têm incorporado os princípios do escaneamento em fenda e a

captura de imagem por Scheimpflug, é fundamental o estabelecimento de

parâmetros normativos, para diferenciar o normal do afetado. Portanto, a obtenção

de medidas ceratométricas, paquimétricas e de elevação em pacientes pediátricos

sem alterações corneanas é necessária para poder diagnosticar anormalidades

precoces e, idealmente, evitar a progressão para estágios mais avançados com

perda de linhas de visão e consequente diminuição na qualidade de vida.

Outro benefício da avaliação topográfica da córnea é a maior

sensibilidade de detectar discretas alterações nos parâmetros topográficos e em

pacientes que já obtiveram um diagnóstico de ceratocone essa avaliação ajuda na

análise da progressão e no estabelecimento de indicações de procedimentos

cirúrgicos.

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Estudos anteriores proporcionaram muitas informações e diversos valores

normativos para o poder corneano, astigmatismo, espessura e índices de progressão

paquimétrica em adultos. Apesar disso essas informações ainda não foram

estudadas em crianças usando os atuais tomógrafos de córnea como o OCULUS –

Pentacam.

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OBJETIVOS

Objetivo geral:

Normatizar e descrever as medidas de superfície anterior, posterior e de

elevação usando o sistema de topografia corneana baseado na tecnologia de

Scheimpflug em crianças saudáveis de 7 a 11 anos através da formação de uma

base de dados de topografia corneana a fim de facilitar a identificação de doenças,

como por exemplo ectasias.

Objetivo específico:

- Definir a distribuição dos dados de superfície, elevação e espessura

corneana em crianças saudáveis de 7 a 11 anos, utilizando o Oculus Pentacam.

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METODOLOGIA

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP) sob o registro CAAE 54921916.9.0000.5404,

seguindo os princípios da Declaração de Helsinki. Foi realizada uma revisão

retrospectiva dos prontuários médicos de 160 crianças do segundo ao quinto ano do

sistema público educacional do estado de São Paulo que foram examinadas em

2011. Neste caso, foi dispensado o uso do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido sem causar prejuízo e sem expor os pacientes de qualquer maneira

possível. A nossa amostra foi composta a partir de um total de 160 crianças

examinadas de 7 a 11 anos de um colégio do sistema educacional do estado de São

Paulo. Esta escola foi selecionada ao acaso e se prontificou em participar do projeto.

A nossa amostra tanto pelo tamanho quanto pela idade foi definida pela

disponibilidade dos dados em prontuário médico (amostra de conveniência).

Os critérios de exclusão foram: diagnóstico ou história prévia de qualquer

doença oftalmológica (registrados nos prontuários e obtidos através do exame

oftalmológico, incluindo estrabismo, ambliopia, catarata, alterações retinianas e

conjuntivites alérgicas) e diagnóstico topográfico de ectasia corneana baseado nos

critérios modificados de Rabinowitz/McDonnell para ectasia (8), sendo estes:

ceratometria central (K central) ≥ 47,2 D, ≥ I-S 1,4 D e ≥ SRAX 20º. Alterações

refracionais não foram considerados como doenças para critérios de exclusão.

O exame de tomografia de córnea foi realizado usando o sistema de

topografia corneana Pentacam (Oculus Optikgerate GmbH, Wetzlar, Alemanha).

Durante os exames os pacientes foram confortavelmente posicionados no aparelho

no descanso do queixo e na alça da testa. O paciente foi solicitado para piscar

algumas vezes e então abrir os dois olhos e olhar fixamente para a mira do aparelho.

O equipamento, colocado no modo automático de disparo, iniciou o escaneamento

da córnea após a correta centralização da imagem no eixo visual, obtendo 25

imagens em fenda da córnea em 2 segundos. Os exames foram realizados e

supervisionados por dois oftalmologistas experientes e eram repetidos até que

fossem obtidas imagens com qualidade aceitável (qualidade da imagem definida

pelo “OK” de acordo com as especificações de qualidade do aparelho que

consideram: área avaliada, validade de cada imagem, perda de segmentos,

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alinhamento e a movimentação dos olhos). Para a análise das imagens são

considerados os parâmetros de topografia, elevação e paquimetria e com isso

mapas, gráficos e índices são criados (Figura 15 e 16).

Figura 15. Tela da visão geral do exame mostrando as imagens obtidas pela câmera, densidade óptica dos tecidos oculares, valores ceratométricos, paquimétricos e volumétricos do segmento anterior do olho e o índice de qualidade do exame ressaltado pelo círculo vermelho.

Figura 16. Mapa axial baseado nos valores de ceratometria de uma córnea com astigmatismo regular, simétrico e a favor da regra.

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As duas telas representadas nas imagens acima (Figura 15 e 16)

associadas a uma tela que reúne os dados de ceratometria e espessura são

utilizados para a obtenção valores de ceratometria simulada (Sim K) em dioptrias (D)

- que representa os 3 mm centrais da córnea, assim como o seu valor no eixo mais

plano (Sim K plano) e no eixo mais curvo (Sim K curvo); através disso é obtido o

astigmatismo corneano dos 3 mm centrais (Sim K astig).

A espessura corneana central (CCT) é registrada no eixo visual quando o

paciente fixa na mira do aparelho. O ponto mais fino (TP) é localizado na córnea e

registrado o valor em micrômetros (µm), a sua localização e a diferença de

paquimetria entre o ápice corneano e o ponto mais fino (PDAT). O mapa

paquimétrico utilizado para a obtenção dessas medidas é exemplificado na Figura

17.

Figura 17. Mapa de espessura corneana mostrando as relações anatômicas da pupila (tracejado ressaltado pela flecha vermelha) o centro da pupila (cruz ressaltado pela flecha preta) e o ponto mais fino da córnea (círculo preto).

Mapas de elevação baseados no círculo de melhor encaixe são utilizados

para o cálculo das elevações anterior e posterior no ponto mais fino (AETP e PETP),

assim como a maior elevação anterior e posterior (AE e PE) usando uma zona óptica

fixa de 8 mm, visto na Figura 18.

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Figura 18. Mapa de elevação posterior e valores baseados no círculo de melhor encaixe de 6,37 mm de raio; valores representando uma córnea normal com astigmatismo a favor da regra.

Foi também registrado o valor médio do índice de progressão

paquimétrico (PPI ave). Outro valor obtido foi o parâmetro que avalia a relação da

progressão da espessura corneana do ponto mais fino da córnea até a periferia, o

Ambrosio’s relational thickness (ART), calculado como a relação entre TP com o PPI,

sendo registrado o valor em relação ao índice de progressão paquimétrica máximo -

ART Max (TP/PPI max).

Usando os mapas do Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia display,

registramos o valor do BAD D que é uma média ponderada baseada nos dados de

elevação anterior e posterior e na distribuição da espessura. Ele é usado como um

índice de alta sensibilidade e especificidade para diferencias córneas suspeitas de

ectasia das normais em adultos.

Outro aspecto avaliado foi a asfericidade corneana, medida pelo Q value

nos 8 mm centrais, aonde uma córnea oblada (menos protrusa) tem um valor mais

próximo do zero e uma córnea prolada (mais protrusa) apresenta um valor mais

negativo. Também foi identificado o valor da profundidade da câmara anterior (ACD).

Todas as variáveis foram estratificadas por sexo e comparadas entre si.

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Neste estudo foi incluído somente o olho direito de cada indivíduo para

evitar redundância de dados. Os parâmetros obtidos foram manualmente

transferidos para o Microsoft Excel (Microsoft Redmond, Washington) e a análise

estatística foi realizada usando o R Project software 3.0 (R Foundation for Statistical

Computing Plataform, Vienna, Áustria) e o Prism 7 (GraphPad Software In.,

Califórnia, EUA). A média, o desvio padrão, a variação e o intervalo de confiança

(95% IC) foram calculados para cada parâmetro. A avaliação da distribuição normal

foi realizada através do teste de Shapiro-Wilk e D’Agostino & Pearson.

Também serão comparados os dados entre os sexos para tentar detectar

diferenças através do teste de Mann-Whitney considerando p valor <0,05.

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RESULTADOS

Um total de 155 crianças saudáveis de 7 a 11 anos foram incluídas neste

estudo (5 crianças foram excluídas por se enquadrarem nos critérios modificados de

Rabinowitz/McDonnell para ectasia e apresentarem prurido ocular). Desses

indivíduos, 67 foram meninos e 88 foram meninas (43,2% a 56,8% respectivamente

– Figura 19). A média de idade dos pacientes foi de 8,83 ± 1,24 anos, sendo 30

crianças com 7 anos, 32 com 8 anos, 37 com 9 anos, 45 com 10 e 11 com 11 anos

(Figura 20).

Figura 19. Distribuição dos indivíduos de acordo com sexo.

Figura 20. Distribuição dos indivíduos de acordo com a idade.

43%

57%

Crianças

Meninos Meninas

19%

21%

24%

29%

7%

Idade

7 8 9 10 11

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Os valores de ceratometria simulada mais plana (Sim K plano), mais curva

(Sim K curva) e de ceratometria máxima (K max) em dioptrias foram 42,87 ± 1,26

(variação: 39,10 até 45,70), 43,75 ± 1,29 (variação: 40,20 até 46,70) e 44,29 ± 1,32

(variação: 40,50 até 47,10), respectivamente. A ceratometria média nos 3 mm

centrais (Sim K) e o astigmatismo no Sim K (Sim K astig) medidos em dioptrias (D)

foram 43,313 ± 1,24 (variação: 39,65 até 46,20) e 0,91 ± 0,58 (variação: 0 até 4,8)

respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Valores das ceratometrias em dioptria (D).

MÉDIA DP IC 95%

SIM K (D) 43,31 ± 1,24 43,12 - 43,51

SIM K plano (D) 42,87 ± 1,26 42,67 - 43,07

SIM K curvo (D) 43,76 ± 1,29 43,55 - 43,96

K MAX (D) 44,29 ± 1,32 44,08 - 44,50

SIM K astig (D) 0,91 ± 0,58 1,00 – 0,82

Notas: Ceratometria simulada média (SIM K), ceratometria simulada no eixo mais plano (SIM K plano) e no eixo mais curvo (SIM K curvo), ceratometria máxima (K MAX) e o astigmatismo da ceratometria simulada (SIM K astig), desvio padrão (DP), intervalo de confiança de 95% (IC 95%).

Na análise da espessura corneana, a CCT média foi de 553,89 ± 32 μm

(variação: 481 até 640) e a média do TP foi 548± 32,1 μm (variação: 469 até 629). A

média da PDAT foi 5,86 ± 4,95 μm. A distribuição da espessura foi representada

pelos índices de PPI ave e ART Max que foram 0,992 ± 0,136 e 448,16 ± 81,69

respectivamente (Tabela 2).

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Tabela 2. Resultados dos valores relativos a distribuição da espessura corneana.

MÉDIA DP IC 95%

CCT (µm) 553,89 ± 32 549 – 559

TP (µm) 548 ± 32,1 543 – 553

PDAT (µm) 5,86 ± 4,95 5,08 – 6,65

ART max 448,16 ± 81,69 435,2 – 461,1

PPI ave 0,99 ± 0,13 97 - 1,01

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), diferença da paquimetria entre o ápice e o ponto mais fino (PDAT), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART max) e índice de progressão paquimétrica médio (PPI ave), desvio padrão (DP), intervalo de confiança de 95% (IC 95%).

O TP foi mais frequentemente localizado no quadrante temporal inferior

em 93,55% (145) olhos, sendo os demais no temporal superior (Figura 21).

Figura 21. Disposição do ponto mais fino nos quadrantes corneanos.

94%

6%

Localização do ponto mais fino

Temporal inferior Temporal superior

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Usando os mapas anteriores e posteriores foram obtidos os dados de AE,

PE, AETP e PETP em μm que foram +7,42 ± 3,22, +10,49 ± 6,22, +3,18 ± 1,87 e

+5,06 ± 3,38, respectivamente. O valor do BAD D obtido foi 0,76 ± 0,65.

O formato da córnea foi analisado baseado na sua asfericidade e o valor

do Q value foi de -0,37 ± 0,15.

A amplitude da câmara anterior (ACD) também foi registrada sendo 3,06

± 0,27 mm.

Os valores anteriores são relacionados na Tabela 3.

Tabela 3. Valores sobre elevações, Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display,

asfericidade e profundidade da câmara anterior.

MÉDIA DP IC 95%

AE (µm) 7,42 ± 3,22 6,91 – 7,93

PE (µm) 10,49 ± 6,22 9,50 - 11,48

AETP (µm) 3,18 ± 1,87 2,89 – 3,48

PETP (µm) 5,06 ± 3,38 4,52 – 5,60

BAD D 0,76 ± 0,65 0,66 - 0,86

Q VALUE -0,38 ± 0,15 -0,40 - -0,35

ACD (mm) 3,06 ± 0,27 3,02 – 3,10

Notas: Elevação anterior e posterior máximas (AE e PE), elevação anterior e posterior no ponto mais fino (AETP e PETP), Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display (BAD D), asfericidade (Q value) e profundidade da câmara anterior (ACD), desvio padrão (DP), intervalo de confiança de 95% (IC 95%).

Através do teste de Shapiro-Wilk e D’Agostino & Pearson verificamos os

parâmetros que tiveram distribuição paramétrica (CCT, TP, PPI ave, BAD D, Sim K,

Sim K plano, curvo e K max) e os que que tiveram distribuição não paramétrica

(PDAT, AE, PE, AETP, PETP, ART max, Sim K astig, Q value e ACD) relacionados

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na Tabela 4. Os valores dos parâmetros com distribuição paramétrica estão na

Tabela 5 e os valores com distribuição não paramétrica estão na Tabela 6.

Tabela 4. Parâmetros com padrão de distribuição paramétrica ou não paramétrica.

PARAMÉTRICA

NÃO PARAMÉTRICA

CCT PDAT

TP AE e PE

PPI ave AETP e PETP

BAD D ART max

SIM K SIM K astig

SIM K plano e curvo Q value

K MAX ACD

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART max) e índice de progressão paquimétrica médio (PPI ave), ceratometria simulada média (SIM K), ceratometria simulada no eixo mais plano (SIM K plano) e no eixo mais curvo (SIM K curvo), ceratometria máxima (K MAX) e o astigmatismo da ceratometria simulada (SIM K astig), elevação anterior e posterior máximas (AE e PE), elevação anterior e posterior no ponto mais fino (AETP e PETP), Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display (BAD D), asfericidade (Q value) e profundidade da câmara anterior (ACD).

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Tabela 5. Dados de superfície e espessura de crianças brasileiras saudáveis de 7 a 11 anos com distribuição não paramétrica.

MÉDIA DP IC 95%

PDAT 5,86 ± 4,95 5,07 – 6,65

AE 7,42 ± 3,22 6,90 – 7,93

PE 10,49 ± 6,22 9,51 - 11,47

AETP 3,18 ± 1,87 2,89 – 3,48

PETP 5,06 ± 3,38 4,45 – 5,60

ART max 448,16 ± 81,69 435,2 – 461,1

SIM K astig 0,91 ± 0,58 0,82 – 1,00

Q value -0,38 ± 0,14 -0,40 - -0,35

ACD 3,06 ± 0,27 3,02 – 3,10

Nota: diferença de paquimetria entre o ápice e o ponto mais fino (PDAT), maior

elevação anterior (AE), maior elevação posterior (PE), elevação anterior e posterior

no ponto mais fino (AETP e PETP), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART

max), astigmatismo na ceratometria simulada (SIM K astig), asfericidade (Q value) e

profundidade de câmara anterior (ACD).

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Tabela 6. Dados de superfície e espessura de crianças brasileiras saudáveis de 7 a 11 anos com distribuição paramétrica.

MÉDIA DP IC 95%

CCT 553,89 ± 32 549 - 559

TP 548 ± 32,1 543 - 553

PPI ave 0,99 ± 0,13 97 - 1,014

BAD D 0,76 ± 0,65 0,66 - 0,86

SIM K 43,31 ± 1,24 43,12 - 43,51

SIM K plano 42,87 ± 1,26 42,67 - 43,07

SIM K curvo 43,75 ± 1,29 43,55 - 43,96

K max 44,29 ± 1,32 44,08 - 44,50

Nota: espessura corneana central (CCT), paquimetria mais fina (TP), índice de

progressão paquimétrica médio (PPI ave), Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display

(BAD D), ceratometria simulada (SIM K), no eixo mais plano (SIM K plano) e no eixo

mais curvo (SIM K curvo), ceratometria máxima (K max).

Os valores de todos os parâmetros estudados foram comparáveis entre

os sexos e não foi observada diferenças estatísticas na maioria deles através do

teste de Mann-Whitney, exceto: PE, PETP, Sim K, Sim K plano, Sim K curvo, K max

e ACD Tabela 7.

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Tabela 7. Média dos valores entre meninos e meninas

Meninos

Média

Meninas

Média

p valor (<0,05)

CCT (µm) 549,6 557,2 0,1029

TP (µm) 544,1 551 0,1632

PDAT (µm) 5,49 6,15 0,2946

PPI ave 0,98 1,00 0,4458

AE (µm) 7,31 7,50 0,6931

PE (µm) 8,55 11,97 0,0007

AETP (µm) 3,12 3,24 0,6286

PETP (µm) 4,27 5,67 0,0021

ART max 448 448,3 0,7193

BAD D 0,68 0,83 0,1208

Sim K (D) 43,03 43,53 0,0178

Sim K plano (D) 42,59 43,08 0,0298

Sim K curvo (D) 43,46 43,98 0,0206

Sim K astig (D) -0,86 -0,95 0,1096

K max (D) 43,94 44,56 0,0093

Q value -0,38 -0,37 0,4980

ACD (mm) 3,12 3,02 0,0202

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), diferença da paquimetria entre o ápice e o ponto mais fino (PDAT), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART max) e índice de progressão paquimétrica médio (PPI ave), ceratometria simulada (SIM K), no eixo mais plano (SIM K plano), no eixo mais curvo (SIM K curvo), ceratometria máxima (K MAX) e o astigmatismo da ceratometria simulada (SIM K astig), elevação anterior e posterior máximas (AE e PE), elevação anterior e posterior no ponto mais fino (AETP e PETP), Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display (BAD D), asfericidade (Q value) e profundidade da câmara anterior (ACD).

Este trabalho foi publicado no Journal of Clinical and Experimental

Ophthalmology. Vieira et al., J Clin Exp Ophthalmol 2017, 8:2. O artigo na íntegra se

encontra nos anexos.

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DISCUSSÃO

Este estudo fornece dados normativos de crianças de 7 a 11 anos

utilizando o topografo de Scheimpflug - Pentacam. Essas informações podem ser

úteis para diferenciar entre córneas normais das anormais. Tem o potencial de ajudar

no diagnóstico precoce de anormalidade corneanas, na avaliação e monitoramento

de ectasias corneanas e na melhor compreensão das mudanças da curvatura

corneana em paciente saudáveis, em pacientes com doenças oculares e em crianças

que passaram por procedimentos cirúrgicos oculares.

Junto com outros topógrafos e tomógrafos, o Pentacam é uma das

melhores tecnologias para escanear córneas de crianças. Ele fornece dados de

topografia, espessura corneana e elevação em um rápido e único escaneamento.

Neste estudo, parâmetros topográficos e paquimétricos de córneas de

crianças saudáveis foram estudados com o sistema de topografia de Scheimpflug

Pentacam, assim como índices de progressão paquimétricas e o Ambrosio

Relational Thickness. Como comentado anteriormente, um conhecimento preciso

sobre topografia corneana em crianças é importante para auxiliar o diagnóstico de

ectasias, adaptação de lentes de contato e para determinação de procedimentos

cirúrgicos oculares [29].

Este estudo foi o primeiro a relatar parâmetros de córnea de crianças

brasileiras; e o primeiro a relatar parâmetros de córneas de crianças no mundo

usando o Pentacam.

Ao aplicar os critérios de exclusão pudemos verificar que os pacientes não

apresentavam doenças oftalmológicas, resultado similar ao encontrado em um

estudo que verificou uma prevalência de estrabismo, ambliopia, catarata e alterações

retinianas de 0,8%, 0,5%, 0,1% e 0,3% respectivamente (60) aonde foram

examinadas 1590 crianças de 10 a 15 na população em uma cidade do interior do

Brasil (cidade de Gurupi no estado de Tocantins).

Com relação a avaliação da população, não foi realizada uma coleta de

dados sobre a distribuição étnica da amostra, porém sabemos que o Brasil é um país

com uma importante miscigenação e que o último censo do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE (61), de acordo com dados da PNAD (Pesquisa

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Nacional por Amostra de Domicílios) 2015, 45,22% dos brasileiros se declararam

como brancos, 45,06% como pardos, 8,86% como pretos, 0,47% como amarelos e

0,38% como indígenas, o que deve ser muito próxima a distribuição dos indivíduos

do atual estudo.

Este trabalho demonstrou uma relativa similaridade entre os valores de

CCT, TP, PPI ave, BAD-D, K max, Sim K plano, Sim K curvo, Sim K, Sim K astig,

AE, PE e ACD entre as crianças de 7 a 11 anos e os adultos normais de acordo com

os diversos estudos disponíveis na literatura; os resultados também mostraram uma

diferença relativa entre os valores de crianças com aqueles achados por diversos

autores em adultos com ceratocone (Tabelas 8 a 12), utilizando o Pentacam. Foram

incluídos nesta comparação os estudos de: Ambrósio et al.(62) – avaliação de

adultos no Brasil de 113 olhos saudáveis e 44 olhos com ceratocone; Uçakhan et

al.(63) – avaliação de adultos na Turquia de 44 olhos saudáveis, 44 olhos com

ceratocone leve a moderado e 44 olhos contralaterais aos que tinham ceratocone

(considerados ceratocone subclínico); Hosseini et al.(64) – avaliação de adultos na

Índia de 120 olhos saudáveis; Vázquez et al.(65) – avaliação de adultos na Argentina

de 189 olhos saudáveis, 55 olhos de pacientes com ceratocone e 55 olhos

contralaterais aos que tinham ceratocone (considerados ceratocone no melhor olho);

Mas-Aixala et al.(66) - avaliação de adultos na Espanha de 44 olhos normais e 44

olhos com ceratocone.

É possível que córneas de crianças se tornem mais finas da periferia para

o centro da mesma maneira e tão rápido quanto as córneas de adultos, um achado

que sugere que tais parâmetros podem ser utilizados para identificar córneas

pediátricas que se diferem dos parâmetros normais. Percebemos que os valores

encontrados em crianças estão adequados aos valores de corte para diagnóstico de

ectasias encontrados em adultos nos estudos dos pesquisadores supracitados.

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Tabela 8. Valores comparativos com o estudo de Ambrósio et al.(62)

Neste

estudo

Ambrósio et al. -

2011

Normais

KC

Corte

CCT (µm) 554 550 483 <529

TP (µm) 548 545 448 <504

PPI ave 0,99 0,87 2,42 <1,06

ART MAX 448 507 181 <339

BAD D 0,76 ... ... ...

Fontes: AMBRÓSIO ET AL., 2011.

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), índice de progressão paquimétrico médio (PPI ave), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART max) e Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display (BAD D), ceratocone (KC).

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Tabela 9. Valores comparativos com o estudo de Uçakhan et al.(63).

Neste estudo

Uçakhan et al. – 2011

Normais

SKC

KC

Corte

SIM K (D) 43,31 43,33 44,07 46,21 ...

SIM K plano (D) 42,87 42,60 43,02 44,28 >44,45

SIM K curvo (D) 43,76 44,09 45,12 48,14 ...

CCT (µm) 554 539 501 488 <511,5

TP (µm) 548 534 490 469 <497,5

PPI ave 0,99 0,99 1,88 1,85 >1,15

AE (µm) 7,42 11,22 17,77 34,11 >9,5

PE (µm) 10,49 22,46 35,47 55,72 >20,5

ACD (mm) 3,06 3,31 3,32 3,47 ...

Fonte: UÇAKHAN ET AL., 2011.

Notas: Ceratometria simulada média (SIM K), ceratometria simulada no eixo mais

plano (SIM K plano) e no eixo mais curvo (SIM K curvo), espessura corneana central

(CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), índice de progressão paquimétrico

médio (PPI ave), elevação anterior e posterior máximas (AE e PE), profundidade da

câmara anterior (ACD), ceratocone subclínico (SKC), ceratocone (KC). Valores de

corte para diferenciação entre córneas normais e pacientes com ceratocone

subclínico no estudo do Uçakhan et al.

Tabela 10. Valores comparativos com o estudo de Hosseini et al.(64)

Neste estudo Hosseini ei al. – 2013

CCT (µm) 554 545

TP (µm) 548 542,7

ACD (mm) 3,06 3,14

Fontes: HOSSEINI ET AL, 2013.

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP),

profundidade da câmara anterior (ACD).

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Tabela 11. Valores comparativos com o estudo de Vázquez et al.(65)

Neste

estudo

Vázquez et al.

– 2014

Normais

KC1

KC2

Corte

CCT (µm) 554 532 502 491 ...

TP (µm) 548 528 489 474 ...

PPI ave 0,99 0,97 1,42 1,79 >1,09

ART MAX 448 445 269 223 <349

BAD D 0,76 1,03 4,26 6,08 >1,61

Fontes: VÁZQUEZ ET AL., 2014.

Notas: Espessura corneana central (CCT), paquimetria no ponto mais fino (TP), índice de progressão paquimétrico médio (PPI ave), Ambrosio Relational Thickness máximo (ART max) e Belin/Ambrosio Enhanced Ectasia Display (BAD D), olho contralateral ao do ceratocone (KC1) e ceratocone (KC2). Valores de corte para diferenciação entre córneas normais e córneas contralaterais ao do ceratocone no estudo do Vázquez et al.

Tabela 12. Valores comparativos com o estudo de Mas-Aixala et al.(66)

Neste estudo Mas-Aixala et al. – 2016

Normais

KC

SIM K plano (D) 42,87 41,86 46,40

SIM K curvo (D) 43,76 42,79 50,26

SIM K astig (D) 0,99 0,94 3,56

CCT (µm) 554 550 470

AE (µm) 7,42 4,05 39,93

PE (µm) 10,49 5,54 70,98

ACD (mm) 3,06 3,06 3,34

Fonte: MAS-AIXALA, 2016.

Notas: Ceratometria simulada média (SIM K), ceratometria simulada no eixo mais

plano (SIM K plano) e no eixo mais curvo (SIM K curvo), astigmatismo na

ceratometria simulada (SIM K astig), espessura corneana central (CCT), paquimetria

no ponto mais fino (TP), elevação anterior e posterior máximas (AE e PE),

profundidade da câmara anterior (ACD), ceratocone (KC).

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Os valores achados para K max (44,29 ± 1,32 D) e para Sim K astig (0,91

± 0,58 D) foram similares àqueles encontrados com outros topógrafos com outras

tecnologias, como a videoceratoscopia computadorizada baseada em disco de

Plácido e o escâner em fenda e Scheimpflug, entre crianças e adultos saudáveis

(67,68) e foram agrupados na Tabela 13. Foram observados baixos valores de

astigmatismo corneano na população pediátrica em todos os estudos.

Tabela 13. Valores de ceratometria entre os diversos estudos.

Equipamento Olhos K max (D) Sim K astig (D)

Estudo atual Pentacam 155 44,29 0,91

Ortiz-Toquero et al. Galilei G4 56 44,22 0,97

Ortiz-Toquero et al. Topolyzer 56 44,07 0,95

Reddy et al. Orbscan IIz 100 44,26 0,69

Liu et al. Orbscan 94 44,24 0,90

Bogan et al. CMS 216 43,39 0,80

Rabinowitz et al. TMS-1 390 43,70 ...

Fontes: REDDY ET AL., 2013. ORTIZ-TOQUERO ET AL., 2016

Notas: Diversos estudos da literatura mostrando valores encontrados de ceratometria máxima (K max) e astigmatismo (Sim K astig) em dioptrias. Estudo atual com crianças saudáveis usando OCULUS - Pentacam, Ortiz-Toquero et al. com adultos normais usando Ziemer – Galilei G4 e o Allegro – Topolyzer, Reddy et al. com crianças usando Bausch & Lomb – Orbscan IIz, Liu et al. com adultos usando Bausch & Lomb – Orbscan IIz, Bogan et al. com adultos usando Computer Anatomy – CMS, Rabinowitz et al. em adultos usando Tomey – TMS-1.

O Q value médio de -0,38 ± 0,14 sugere que córneas de crianças são mais

proladas que em adultos afro americanos (-0,26 ± 0,19) e caucasianos (-0,20 ± 0,12)

nos estudos utilizando o Pentacam (69). É possível que córneas de pacientes mais

jovens sejam mais proladas que aquelas de pacientes mais velhos (7 anos -0,3919

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± 0,02438; 11 anos -0,3309 ± 0,03195; p = 0,1428) como visto na Figura 22, porém

novos estudos são necessários para provar esta informação com adequada

significância estatística.

Figura 22. Valores de asfericidade em 8 mm centrais por idade.

Observamos importantes similaridades dos valores (ceratometria,

distribuição de espessura e índices de diagnósticos de ectasia) encontrados neste

estudo com os encontrados em adultos e crianças usando o mesmo ou outros

sistemas de topografia. Apesar disso, mais estudos são necessários para provar esta

similaridade de forma significativa e outros estudos também são necessários para

testar estes parâmetros no diagnóstico de ectasia nessa faixa etária.

A asfericidade se comportou de forma diferente ao que foi identificado na

literatura utilizando o mesmo sistema de captação de imagens da córnea em adultos,

porém não há dados na literatura sobre asfericidade em crianças usando o

-0,39-0,38

-0,42

-0,39

-0,33

-0,38

-0,45

-0,4

-0,35

-0,3

-0,25

-0,2

-0,15

-0,1

-0,05

0

Q value

7 8 9 10 11 Todas as crianças

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Pentacam. Novos estudos são necessários para melhor entender como a

asfericidade se comporta entre idades e etnias.

Apesar de clinicamente pouco significativas, algumas diferenças entre os

sexos foram notadas nos parâmetros de PE, PETP, Sim K, Sim K plano, Sim K curvo,

K max e ACD. Um estudo realizado na Turquia com 666 indivíduos de média de 39,3

± 19,7 anos (3 a 85 anos) utilizando o Pentacam (70) também encontrou diferenças

nos valores de Sim K, Sim K plano, Sim K curvo e ACD o que mostra que no sexo

masculino as córneas são mais planas e a câmara anterior mais profunda. Porém

como poucos parâmetros foram comparados no estudo supracitado, novos estudos

são necessários para identificar a real diferença entre os sexos com os demais

parâmetros.

Algumas limitações devem ser notadas como: apesar de os parâmetros

serem similares aos que foram encontrados na população em geral, a variação de

idade deste estudo foi de 7 a 11 anos o que limita extrapolar os dados para população

fora dessa faixa etária (para indivíduos mais jovens que 7 e mais velhos que 11

anos). A população analisada não apresentava doenças oftalmológicas, porém não

sabemos os erros refrativos desses pacientes ou se eles apresentavam doenças

sistêmicas que poderiam implicar em risco aumentado a algumas afecções oculares.

Devido a característica descritiva deste trabalho não é possível realizar comparações

estatísticas com outras populações (como adultos e pacientes com ceratocone) e

por isso é difícil determinar similaridades e diferenças entre estes dados e outros. É

também importante observar que, apesar de o exame obter 25 imagens rotacionais

em somente 2 segundos, o paciente necessita se manter imóvel e fixar atentamente

na mira do aparelho, o que pode ser difícil de conseguir em pacientes muito jovens.

O fato que obtivemos parâmetros sem distribuição paramétrica pode representar

uma limitação porque isso pode ter acontecido por uma amostra pequena; outra

justificativa seria que esses parâmetros se apresentam na população em geral com

distribuição não paramétrica e devido a isso novos estudos são necessários para a

definição dessas teorias.

Este é o primeiro estudo na literatura em fornecer valores normativos de

ceratometria, paquimetria, elevação e dados relativos de córneas de crianças

brasileiras utilizando o topógrafo de Scheimpflug Pentacam. Ele pode fornecer um

bom fundamento para comparação de topografias de córneas pediátricas. Esses

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dados podem ser úteis para ajudar a distinguir entre córneas normais e anormais,

assim como em estudos comparativos no futuro sobre diferentes doenças corneanas

nas crianças. Novos trabalhos são necessários para avaliar o papel da tomografia

em identificar formas precoces de ectasia em crianças. Baseado nisto um estudo

está sendo realizado para avaliar os parâmetros corneanos através do topógrafo de

Scheimpflug Pentacam em crianças que apresentam prurido ocular crônico com o

objetivo de identificar maneiras de se detectar precocemente ectasias nessa

população de risco.

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CONCLUSÃO

Foi definida a variação normal dos dados de superfície, elevação e

espessura de crianças brasileiras normais na faixa etária de 7 a 11 anos utilizando

um sistema de topografia de Scheimpflug – Oculus Pentacam.

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69

ANEXOS

Anexo 1 – Autorização da editora para a inclusão do artigo na dissertação

sem infringir direitos autorais

Corneal Evaluation in Healthy Brazilian Children Using a Scheimpflug

Topography System

Vieira Matheus IS*, Germano Arnaldo MF, Zangalli Camila, Ferreira Bruna G,

Castro Rosane S, Okanobo Andre, Alves Monica and Vasconcellos JPC

Department of Ophthalmology and Otorhinolaryngology, University of Campinas, UNICAMP, Brazil.

*Corresponding Author: Vieira Matheus

Department of Ophthalmology and Otorhinolaryngology

School of Medical Sciences, University of Campinas (UNICAMP), Brazil

Tel: +55 (19) 3521-7396

E-mail: [email protected]

Received date: March 28, 2017; Accepted date: April 25, 2017; Published date: April 28, 2017

Citation: Matheus V, Arnaldo G, Camila Z, Bruna F, Rosane C, et al. (2017) Corneal Evaluation in Healthy Brazilian Children Using a Scheimpflug Topography System. J Clin Exp Ophthalmol 8:648. doi: 10.4172/2155-9570.1000648

Copyright: © 2017 Matheus V, et al. This is an open-access

article distributed under the terms of the Creative Commons

Attribution License, which permits unrestricted use,

distribution, and reproduction in any medium, provided the

original author and source are credited

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Anexo 2 – Artigo publicado na íntegra

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Anexo 3 – Documento de aprovação no Comitê de ética e pesquisa

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