UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS · de Engenharia Mecânica e coordenador do programa de...

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Efeito da adição de partículas de borracha de pneus nas propriedades físico-mecânicas de compósito cimentício São João Del Rei, 2012

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Efeito da adição de partículas de

borracha de pneus nas propriedades

físico-mecânicas de compósito

cimentício

São João Del Rei, 2012

Reniene Maria dos Santos

Efeito da adição de partículas de

borracha de pneus nas propriedades

físico-mecânicas de compósito

cimentício

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Área de Concentração: Materiais e processos de Fabricação Orientador: Túlio Hallak Panzera Co-orientador: Paulo Henrique Ribeiro Borges

São João Del Rei, 2012.

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Divisão de Biblioteca da UFSJ

Santos, Reniene Maria dos

S237e Efeito da adição de partículas de borracha de pneus nas propriedades físico-mecânicas de

compósito cimentício[manuscrito] / Reniene Maria dos Santos . – 2012.

175f . ; il.

Orientador: Túlio Hallak Panzera

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia

Mecânica .

Referências: f. 118-129.

1. Reciclagem – indústria - Teses. 2. Compósitos – propriedades físico-mecânicas - Teses.

3.Borracha de pneus – Teses. 4. Planejamento experimental – Teses. I. Panzera, Túlio Hallak

(orientador) II. Universidade Federal de São João Del- Rei. Departamento de Engenharia Mecânica.

III. Título

CDU: 678.03

iii

São João del Rei, 14 de Dezembro de 2012

iv

Dedico este trabalho aos meus familiares especialmente meus pais Eva Maria dos Santos e José Gonçalves dos Santos.

v

Agradecimentos

Aproveitando a conclusão de mais uma etapa deste trabalho, gostaria de

expressar minha mais profunda admiração e mais sinceros agradecimentos a diversas

pessoas:

Primeiramente a Deus que em sua grandeza não escolhe os capacitados, mas

capacita os escolhidos; por permitir que eu não desistisse me dando força para

ultrapassar todas as barreiras.

Aos meus Pais, Eva Maria dos Santos e José Gonçalves dos Santos, e o meu

irmão Antônio Ronald dos Santos, que me fartam com o mais puro amor e me

ensinaram desde cedo, que a humildade absoluta é o instrumento perfeito para a busca

do mais alto grau de sabedoria. Ensinando-me que a perseverança é características de

vencedores.

À minha sobrinha e afilhada Rayssa Layza Santos que na maioria das vezes

pensando em me ajudar, dava era muito trabalho. Mas incessantemente ao meu lado

com seu amor e companheirismo. Minha amigona...

Ao meu noivo Carlos Bandeira que esteve ao meu lado sempre me apoiando e

nunca medindo esforços para me ajudar. Mesmo não estando presente em todos os

momentos, sempre tinha uma palavra de anima e de “siga sempre em frente”.

Enfim, todos vocês sou grata pela compreensão, que por diversas vezes abriram

mão do direito de momentos tão aprazíveis destinados ao convívio familiar, para não

comprometer o andamento deste trabalho.

Ao orientador Professor Doutor Túlio Hallak Panzera do corpo docente do

departamento de Engenharia Mecânica que se fez excepcional na arte de ser mestre.

vi

Agradeço pelo apoio, incentivo, amizade, oportunidade, orientação segura e

fundamentada. Obrigada pelo exemplo e por todo ensinamento adquirido.

Ao co-orientador Professor Doutor Paulo Henrique Ribeiro Borges do corpo

docente do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais por ter aceitado

ser o co-orientador deste trabalho, pelo auxílio imprescindível, competência, amizade e

por sua orientação.

À Professora Doutora Vânia Regina Velloso Silva do corpo docente do

departamento de Engenharia Mecânica, por sua amizade, dedicação,

aconselhamentos, apoio, incentivos e por acompanhar meus passos desde a

graduação.

Ao Professor Doutor André Luis Christoforo do corpo docente do departamento de

Engenharia Mecânica, pela amizade, pelo exemplo de profissional e pessoa e por sua

valiosa colaboração e parceria nos trabalhos produzidos durante o curso de pós-

graduação.

A toda banca examinadora que aceitaram participar desta dissertação de

mestrado contribuindo com suas sugestões para o enriquecimento da mesma.

Ao Professor Doutor Frederico Ozanan Neves do corpo docente do departamento

de Engenharia Mecânica e coordenador do programa de pós-graduação em

Engenharia mecânica, pelos ensinamentos e auxílios oferecidos durante todo o curso

de pós-graduação.

Ao Aluno do curso de graduação em Engenharia Mecânica Fidelis, pela preciosa

contribuição no processo de qualificação das partículas, testes preliminares e na

fabricação dos corpos de prova dos compósitos.

vii

Aos técnicos do Laboratório de caracterização mecânica Francisco Marcelino da

Silva e Emílio Dias Moreira, pela amizade e pelo precioso auxílio nos ensaios

primordiais e definitivos dos compósitos, cujas contribuições ajudaram a concretizar

este trabalho.

À empresa Mantiqueira Recauchutadora e Comércio de Pneus Ltda., localizada

na cidade de São João del Rei pelo fornecimento dos resíduos de borracha de pneu.

À empresa Moinhos Gerais Ltda., localizada na cidade de Ribeirão Vermelho pelo

fornecimento das partículas de quartzo.

À empresa Sika S.A situada em São Paulo pelo fornecimento do aditivo

superplastificante Sika Viscocrete® 6500.

Aos colegas, professores e funcionários do curso de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica pelas oportunas manifestações de companheirismo e

encorajamento.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente auxiliaram no desenvolvimento e

conclusão desse trabalho, o meu profundo agradecimento.

viii

"Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma; E pelo

conhecimento se encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e

deleitáveis” (Provérbios 24. 3-4).

ix

Resumo

O mundo atual tem sofrido graves problemas devido ao grande número de pneus

inservíveis, proveniente de veículos, descartados inadequadamente no meio ambiente,

causando danos ecológicos e riscos à humanidade. A utilização destes resíduos como

fase dispersa em materiais compósitos tem sido o foco de inúmeras pesquisas, com o

objetivo de desenvolver materiais sustentáveis principalmente para a construção civil. O

presente trabalho aborda o tema de reutilização de resíduos de borracha de pneus

provenientes do processo de recauchutagem de pneus, com o objetivo de substituir o

agregado de quartzo na mesma proporção em compósitos cimentícios fabricados com

cimento Portland e identificar o efeito dessas partículas nas propriedades mecânicas

desses compósitos. Neste estudo, uma metodologia baseada no planejamento fatorial

de experimentos (DOE) foi utilizada para avaliar o efeito dos fatores experimentais nas

propriedades físicas e mecânicas efetivas dos compósitos sustentáveis. Os resultados

permitiram concluir que quanto maior o teor de borracha de pneus incorporado nos

compósitos cimentícios maior a redução das propriedades tais como: densidade

aparente, resistência a compressão, módulo de elasticidade estático além de promover

um aumento da porosidade aparente, absorção de água e permeabilidade. Notou-se

através das micrografias dos compósitos que a formação de poros maiores e em

maiores quantidades se deu em compósitos com maior presença de partículas de

borracha de pneus, sendo possível também detectar a ação da água na pasta

cimentícia, verificando a hidratação ou não do cimento Portland. Finalmente, os

resultados obtidos permitiram identificar e quantificar o efeito das partículas de

borracha de pneus nos compósitos, vislumbrando seu uso em aplicações não

estruturais para construção civil.

Palavras-chave: reciclagem; compósito; resíduos de borracha de pneu;

planejamento fatorial de experimento.

x

Abstract

In today´s world the environment has suffered serious problems due to the large

number of scrap tires from vehicles improperly disposed in the nature, causing damage

and risks to humanity. The reuse of these wastes as dispersive phase into composite

materials has been the focus of much research in the construction industry mainly to

develop new sustainable materials. The present work investigates the effect of rubber

particle additions as replacement of quartz particles in mortars. A full factorial design

(DOE) was conducted to assess the effect of the experimental factors on the physical

and mechanical properties these composites. The results revealed that rubber particle

addition reduced properties such as density, compressive strength and modulus of

elasticity and also increased apparent porosity, water absorption and permeability. It

was noted by the micrographs the presence of macro pores mainly when larger rubber

particles were added. In addition, the effect of water on the hydration of the

cementitious phase was verified. Finally, some experimental conditions exhibited

acceptable properties being suitable to employ in non-structural applications for civil

engineering.

Keywords: recycling; composite; wastes tire rubber; full factorial design of

experiment.

xi

Lista de Figuras

1.1 Geração de resíduos sólidos industriais no Brasil (Parcial) 05

1.2 Produção anual de pneumáticos - Distribuição por grupos 06

2.1 Composição química média de um pneu 11

2.2 Corte radial de um pneu de automóvel 12

2.3 Histograma que representa a destinação de pneus inservíveis 17

2.4 Fases de um material compósito 21

2.5 Classificação dos materiais compósitos quanto à fase dispersa 23

2.6 (a) Representação esquemática do empilhamento de fibras no compósito

laminado. (b) Construção do compósito painel de sanduiche com núcleo

favo de mel

24

2.7 Ilustração do método de reforço seqüencial de um compósito particulado

híbrido tendo fibras curtas de enchimento

25

2.8 Imagem da superfície de corte do corpo de prova de concreto sendo:

concreto com 50% de areia natural e 50% de brita

27

2.9 Curva de liberação de calor na hidratação do cimento Portland 33

2.10 Evolução média de resistência à compressão dos distintos tipos de cimento

Portland

34

2.11 Formas características de grãos de areias silicosas 37

2.12 Classificação do grau de arredondamento 45

2.13 Variações no Empacotamento entre: (a) Partículas com diversos tamanhos

(b) Partículas grandes e relativamente uniformes

45

2.14 Efeito da quantidade e tamanho das partículas na eficiência do

empacotamento

46

2.15 Representação esquemática das formas de poros que podem ocorrer nas

partículas

47

2.16 (a) Corpo de prova com w/c = 0,8; areia fina. (b) Corpo de prova com w/c =

0,4; areia grossa

51

xii

2.17 Adaptação de uma representação gráfica da hidratação do cimento pelo

método da calorimetria

56

3.1 (a) Processo de raspagem, uma das etapas de reparo para recauchutagem

de pneus; (b) Partículas de borracha de pneus

59

3.2 (a) Processo de lavagem; (b) Processo de secagem. 60

3.3 Peneirador mecânico com série de peneiras ABNT 62

3.4 Partículas de borracha e quartzo: (a) grossa, (b) média, (c) fina 62

3.5 Picnômetro a gás 64

3.6 Materiais para estudo de dosagem 67

3.7 Preparação e mistura dos componentes para obtenção dos corpos de

prova.

68

3.8 Moldes poliméricos 69

3.9 Processo de fabricação dos corpos de prova 69

3.10 Compósitos cimentícios com/sem borracha (C1 a C28). 70

3.11 Montagem de sistema para saturação de água nas amostras 73

3.12 Pesagem do material submerso 73

3.13 (a) Manômetro de coluna d'água: detalhe dos níveis de água.

(b) bolhômetro e célula de confinamento.

76

3.14 Sistema de vedação de gás e acoplamento da amostra no permeâmetro 76

3.15 Máquina Universal de ensaio mecânico 77

3.16 Painel de controle para obtenção dos gráficos 78

3.17 Microscópio eletrônico de varredura Hitachi TM 3000 80

4.1 Imagens das partículas de quartzo com ampliação de 50X: (a) 1180µm;

(b) 600 µm; (c) 300 µm.

83

4.2 Imagens das partículas de borracha de pneu com ampliação de 50X:

(a) 1180 µm; (b) 600 µm; (c) 300 µm.

85

4.3 Distribuição granulométrica da borracha bruta. 86

4.4 Distribuição da borracha no compósito – ausência de segregação.

Compósito com substituição total de quartzo (C28 – 100% borracha, a/c =

0,5; com aditivo).

88

xiii

4.5 Gráficos de resíduos para média da densidade volumétrica 90

4.6 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da densidade volumétrica.

92

4.7 Gráfico do efeito principal relação água/cimento sobre a média da

densidade volumétrica dos compósitos.

93

4.8 Gráficos de resíduos para média da densidade aparente 94

4.9 Gráfico de efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e relação

água/cimento sobre a média da densidade aparente.

95

4.10 Gráfico do efeito da interação substituição de quartzo e aditivo sobre a

média da densidade aparente dos compósitos.

96

4.11 Gráficos de resíduos para média da porosidade aparente 97

4.12 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo, relação

água/cimento e aditivo sobre a média da porosidade aparente

98

4.13 Gráficos de resíduos para média da absorção de água 99

4.14 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo, relação

água/cimento e aditivo sobre a média da absorção de água.

100

4.15 Gráficos de resíduos para a média da permeabilidade 101

4.16 Efeito da substituição de quartzo sobre a média da permeabilidade dos

compósitos.

102

4.17 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da permeabilidade

103

4.18 Gráficos de resíduos para a média da resistência à compressão 104

4.19 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e relação

água/cimento sobre a média da resistência à compressão.

105

4.20 Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da resistência à compressão.

106

4.21 Gráficos de resíduos para a média do módulo de elasticidade 107

4.22 Gráfico de probabilidade normal para o módulo de elasticidade 108

4.23 Gráficos de resíduos para a média do módulo de elasticidade 109

xiv

4.24 Gráfico de probabilidade normal para os resíduos considerando ln (módulo

de elasticidade).

110

4.25 Gráfico da Interação de terceira ordem para média de ln (módulo de

elasticidade).

110

4.26 Imagens de elétrons retro espalhados com uma ampliação de 50 X (a) C3:

100% quartzo; a/c 0,5; sem aditivo e (b) C4: 100% quartzo; a/c 0,5; com

aditivo.

112

4.27 Imagens de elétrons retro espalhados com uma ampliação de 50 X (a)

C27: 100% borracha; a/c 0,5; sem aditivo e (b) C28: 100% borracha; a/c

0,5; com aditivo.

113

xv

Lista de Tabelas

1.1 Classificação dos resíduos sólidos 2

2.1 Metodologia de utilização de pneus usados 15

2.2 Componentes presentes na pasta endurecida de cimento 33

2.3 Propriedades Físicas de Polímeros elastômeros 38

2.4 Relações entre a porosidade e as propriedades da pasta de cimento

endurecida.

51

2.5 Classificação dos aditivos em função da redução de água, dosagem típica e

incremento à compressão de concretos

56

3.1 Porcentagem e faixa granulométrica das partículas dos agregados 63

3.2 Fatores e Níveis experimentais investigados 65

3.3 Condições experimentais, planejamento fatorial completo (712

12) 65

4.1 Características físico-químicas do cimento Portland CP-V 81

4.2 Relação das peneiras para classificação das partículas de quartzo e de

borracha

82

4.3 Densidade de empacotamento e aparente das partículas de quartzo 83

4.4 Distribuição granulométrica do resíduo de borracha de pneu bruto 85

4.5 Caracterização das partículas de borracha de pneu 86

4.6 Propriedades do Aditivo utilizado (Sika ViscoCrete® 6500) 86

4.7 Análise de Variância (ANOVA) 89

xvi

Lista de Equações

2.1 Silicato de cálcio hidratado 30

2.2 Hidróxido de cálcio 31

2.3 Sulfoaluminato hidratado de cálcio 32

2.3 Monossulfoaluminato 32

3.1 Densidade volumétrica 71

3.2 Volume do corpo de prova 71

3.3 Densidade aparente 72

3.4 Volume dado pelo deslocamento de água 72

3.5 Porosidade aparente 74

3.6 Absorção de água 74

3.7 Permeabilidade 75

3.8 Resistência à compressão 78

3.9 Módulo de elasticidade estático 79

xvii

Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras Latinas

A Área transversal da amostra [m2]

Ab Absorção de água [%]

Ac Área da superfície de carregamento [mm2]

E Módulo de elasticidade estático [Pa]

F Carga máxima total [N]

k Permeabilidade intrínseca [m2/s]

L Comprimento da amostra [m]

m Massa do corpo de prova [g]

m1 Massa do corpo de prova seco [g]

m2 Massa da amostra saturada com água [g]

m3 Massa da amostra totalmente submersa na água [g]

P1 Pressão absoluta aplicada [bar]

P2 Pressão à qual a vazão é medida [bar]

Q Vazão [cm3/s]

Rc Resistência a compressão [MPa]

V Volume do corpo de prova [cm3]

V1 Volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água [cm3]

...................................................

Letras Gregas

∆ɛ variação da deformação

∆σ variação da tensão

ρa densidade aparente do material [g/cm3]

ρv densidade volumétrica [g/cm3]

...................................................

xviii

Abreviações

A Aditivo acelerador

a/c Relação água/cimento

ANOVA Análise de variância

C2S Belita

C3A Tricálcio Aluminato

C3S Alita

CES Cambridge Engineering Selector

CH Hidróxido de Cálcio

CMC Compósitos de matriz cerâmica

CPV ARI Cimento Portland V - alta resistência inicial

C-S-H silicato hidratado de cálcio

DOE Design of experiment

IAR Aditivo incorporador de ar

ITZ Zona de transição da interface

MEV Microscopia eletrônica de varredura

P Aditivo plastificante

PA Aditivo plastificante acelerador

PR Aditivo plastificante retardador

PVC Poli(cloreto de vinila)

R Aditivo retardador

SP Aditivo superplastificante

SPA Aditivo superplastificante acelerado

SPR Aditivo superplastificante retardador

CP’ Corpo de prova

...................................................

xix

Siglas

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

ANIP Associação Nacional da Indústria de Pneumático

ASTM American Society of Testing Materials

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

ISO International Organization for Standardization

UFSJ Universidade Federal de São João del Rei

...................................................

xx

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Comentários gerais 1

1.2 Objetivos do trabalho 8

1.3 Justificativa 8

1.4 Organização da dissertação 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10

2.1 Meio ambiente e sustentabilidade 10

2.2 Materiais compósitos 19

2.2.1 Definição 20

2.2.2 Tipos e classificação dos compósitos 21

2.2.3 Compósitos particulados 25

2.2.3.1 Compósitos com partículas grandes 26

2.2.3.2 Compósitos reforçados por dispersão 27

2.2.4 Fase Matriz 28

2.2.4.1 Matrizes cerâmicas 28

2.2.4.1.1 Cimento Portland 29

2.2.5 Fase dispersa 35

2.2.5.1 Agregado de quartzo 36

2.2.5.2 Borracha de pneu 37

2.2.6 Resíduos de borracha em compósitos cimentícios 38

xxi

2.2.7 Efeito do tamanho da partícula em compósitos cimentícios 44

2.2.7.1 Efeito do tamanho da partícula de borracha de pneus em

compósitos

48

2.2.8 Efeito da quantidade de água em compósitos cimentícios 50

2.2.9 Aditivos Superplastificantes em compósitos cimentícios 52

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL 58

3.1 Materiais 58

3.1.1 Fase Matriz Cerâmica – Cimento Portland 58

3.1.2 Fase Dispersa – Partículas de Quartzo 58

3.1.3 Fase Dispersa – Resíduos de borracha de pneu 59

3.1.4 Aditivo Superplastificante 60

3.1.5 Água 61

3.2 Distribuição granulométrica 61

3.3 Densidade de Empacotamento das Partículas 63

3.4 Densidade aparente das Partículas 63

3.5 Planejamento estatístico fatorial de experimentos: fatores e níveis

experimentais

64

3.6 Fabricação dos corpos de prova 67

3.7 Variáveis respostas 70

3.7.1 Densidade volumétrica 71

3.7.2 Densidade Aparente 72

3.7.3 Porosidade Aparente 73

3.7.4 Absorção de Água 74

xxii

3.7.5 Permeabilidade 74

3.7.6 Resistência à Compressão 77

3.7.7 Módulo de Elasticidade Estático 78

3.8 Análise estatística utilizando o Minitab 79

3.9 Análise microestrutural dos compósitos 79

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 81

4.1 Caracterizações das fases do compósito 81

4.1.1 Fase matriz cerâmica - cimento Portland 81

4.1.2 Fase dispersa – partículas de quartzo 82

4.1.3 Fase dispersa – partículas de borracha de pneus 84

4.1.4 Aditivo superplastificante 86

4.2 Ensaios físicos e mecânicos nos compósitos cimentícios 87

4.2.1 Densidade volumétrica e aparente 90

4.2.1 Densidade volumétrica 90

4.2.1 Densidade aparente 93

4.2.2 Porosidade Aparente 96

4.2.3 Absorção de Água 98

4.2.4 Permeabilidade 100

4.2.5 Resistência à Compressão 103

4.2.6 Módulo de Elasticidade Estático 106

4.2.7 Microestrutura 111

5 CONCLUSÕES 114

xxiii

6

PERSPECTIVAS

116

REFERÊNCIAS 118

APÊNDICE 130

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Comentários gerais

A indústria da construção civil é extremamente impactante tanto na fase de

produção quanto na fase de produto, tornando-se uma atividade com relevante papel

social, na geração de empregos e no combate ao déficit habitacional. O número de

construções aumenta progressivamente a cada ano, causando redução da

disponibilidade de materiais naturais. Assim, engenheiros e pesquisadores buscam

materiais que possam desenvolver boa performance com custo relativamente baixo e

que acarretem benefícios a natureza. Dentro desta busca de materiais novos e

ecologicamente corretos para a construção, tem se destacado a utilização de diferentes

resíduos sólidos como agregados para concretos e argamassas.

Entende-se por resíduo tudo aquilo que sobra em processos de diversas

atividades da sociedade, tais como processo industrial, doméstico, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviço e ainda da varrição pública. De modo geral, os resíduos

podem ser classificados quanto a diversos critérios como, por exemplo, o estado em

que se encontram: sólido, gasoso ou líquido. Os resíduos classificados como sólidos

apresentam importante participação no total de resíduos gerados no mundo;

conceituados como descartáveis ou inúteis e classificados quanto aos seus riscos

potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados

adequadamente (ABNT NBR 10004, 2004).

Outra classificação se dá de acordo com a origem, tipo de resíduo, composição

química e peculiaridade conforme demonstrado na Tabela 1.1. A classificação de

resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de

seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens

de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.

2

Tabela 1.1: Classificação dos resíduos sólidos

Classificação Tipo Definição

Origem

Resíduo Hospitalar ou

Serviços de Saúde

Qualquer resíduo proveniente de hospital ou serviço

de saúde. São constituídos de seringas, agulhas,

curativos e outros.

Resíduo Domiciliar

Qualquer resíduo gerado de residências e sua

composição é bastante variável. São constituídos de

restos de alimentos, restos sanitários, e alguns

considerados perigosos (pilhas, fogão,

medicamentos vencidos) que possuem uma

destinação diferente dos demais.

Resíduo Agrícola

Qualquer resíduo proveniente de atividades

agropecuárias. São compostos de embalagens de

defensivos agrícolas, restos orgânicos, produtos

veterinários entre outros.

Resíduo Comercial

Qualquer resíduo produzido pelo comércio em geral.

São constituídos de materiais recicláveis, como,

embalagens, papel, plásticos entre outros.

Resíduo Industrial

Qualquer resíduo originado de processos industriais.

Apresentam composição diversificada e uma grande

quantidade desses rejeitos é considerada perigosa.

São compostos por escórias, cinzas, lodos entre

outros.

Entulho

Qualquer resíduo proveniente da construção civil e

reformas. Grande parte destes resíduos podem ser

reaproveitados como: restos de demolição, de obras

e solos de escavações diversas.

Resíduo Público ou de

Varrição

Qualquer resíduo recolhido de locais públicos. Possui

uma composição variada, pois, depende do local e da

situação onde é recolhido, podendo conter folhas,

restos de alimentos, animais mortos entre outros.

Resíduos Sólidos

Urbanos

Todo e qualquer resíduo gerado na cidade e coletado

pelo serviço municipal.

3

Continuação da Tabela 1.1

Classificação Tipo Definição

Resíduos de Portos,

Aeroportos e

Terminais

Rodoviários e

Ferroviários

Tratado como resíduo séptico, pois pode conter

agentes causadores de doenças trazidas de outros

países. Resíduo que não apresenta esse risco de

contaminação é tratado como lixo domiciliar.

Resíduo de

Mineração

Qualquer resíduo proveniente de indústrias

mineradoras, sendo constituídos de solo removido,

metais pesados entre outros.

Tipo

Resíduo Reciclável Papel, plástico, vidro entre outros.

Resíduo não

Reciclável ou Rejeito

Qualquer resíduo que não é reciclável ou recicláveis

contaminados.

Composição

Química

Resíduo Orgânico

Resíduo Não tóxico: restos de alimentos, madeira,

folhas.

Resíduo Tóxico:

- Poluentes Orgânicos Persistentes (POP):

Hidrocarbonetos, clorados, pesticidas.

- Poluentes Orgânicos não Persistentes: óleos

usados, pesticidas biodegradáveis e a maioria dos

detergentes.

Resíduos Inorgânicos Vidros, plásticos, borrachas entre outros.

Peculiaridade

Classe 1

Resíduos perigosos: são aqueles que apresentam

riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo

tratamento e disposição especiais em função de

suas características e inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxidade e patogenecidade.

Classe 2

Classe 2A: Resíduos não perigosos/não-inertes: são

os resíduos que não apresentam periculosidade,

conhecidos como basicamente o lixo doméstico.

Podem ter propriedades como: combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água.

4

Continuação da Tabela 1.1

Classificação Tipo Definição

Peculiaridade Classe 2

Classe 2B: Resíduos não perigosos/inertes: são

aqueles resíduos que, segundo a NBR 10007 –

ABNT, submetidos a um contato dinâmico ou

estático com a água desionizada ou destilada, à

temperatura ambiente, conforme a NBR 10006 -

ABNT, não tiveram nenhum dos seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos

padrões de potabilidade de água, excetuando-se,

cor, tubidez, dureza e sabor.

Fonte: norma ABNT NBR 10004, 2004.

A caracterização dos resíduos sólidos consiste em estudar suas principais

características físicas (granulometria, peso, volume, resistência mecânica etc.) e/ou

químicas (reatividade, composição, solubilidade etc.) qualitativa e/ou quantitativa,

seguindo padrões específicos de amostragem e testes. A caracterização deve ser feita

por profissional especializado e, dependendo da complexidade, em laboratórios de

análises, para que sejam feitos testes específicos.

Uma visão da geração dos resíduos sólidos industriais gerados no Brasil é

mostrada na Figura 1.1, onde estão reunidos dados entre o período de 2001 a 2005

(ABRELPE, 2007).

5

Figura 1.1: Geração de Resíduos Sólidos Industriais no Brasil (Parcial)- Distribuição por

Estados. Fonte: ABRELPE, 2007.

De acordo com a figura 1.1, nota-se que do total de resíduos sólidos gerados no

Brasil, o resíduo sólido perigoso é significativamente menor que o resíduo sólido não

perigoso. Além dos estados da região Sudeste, os estados que mais contribuem no

aumento da geração de resíduos no país são: Goiás, Paraná e Pernambuco.

Entre os resíduos sólidos produzidos pelas indústrias, os pneus se classificam

ocupando papel de destaque na discussão dos impactos sanitários e ambientais.

Conforme dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumático (ANIP, 2010),

foram produzidos 67,3 milhões de unidades de pneus no Brasil em 2010, com um

crescimento de 15% em relação à produção de 2009, (Figura 1.2). O grande problema

por trás desses dados é que a maioria desses pneus quando se tornam inservíveis, não

são aproveitados devidamente.

6

Figura 1.2: Produção anual de pneumáticos - Distribuição por grupos.

Fonte: Anip, 2010.

* Em 2010, o número de associados da ANIP aumentou, passando de oito para nove empresas.

Um recente estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas para a Associação

Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) revela que cerca de 22 milhões de pneus

trocados anualmente no Brasil, 53,2% são inservíveis (não podem mais rodar em

veículos automotivos) e 46,8% podem ser reformados mediante avaliação. Vale

lembrar que o Brasil ainda tem uma grande quantidade de pneus dispostos

inadequadamente (CEMPRE, 2008).

Segundo a resolução nº. 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA, 1999), os pneus inservíveis abandonados ou dispostos inadequadamente

constituem passivo ambiental, o que resulta em sério risco ao meio ambiente e à saúde

pública. Estes resíduos apresentam grandes problemas ambientais da atualidade

mundial, funcionando como perfeitas incubadoras de larvas de mosquitos, como os da

dengue, febre amarela e malária. Por serem volumosos e perceptíveis, precisam ser

armazenados apropriadamente para evitar riscos de incêndio cuja queima gera

substâncias altamente tóxicas. Além disso, sua disposição em aterros se torna inviável,

uma vez que apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta, Quando

7

os pneus são aterrados inteiros tendem a voltar a sua forma original e retornam a

superfície, causando grande movimentação no solo.

Conforme Motta (2008), a queima do pneu não é recomendável, pois para cada

pneu queimado são liberados 10 litros de óleo, que podem percolar e contaminar o solo

e o lençol freático, além de gases como carbono, dioxinas, hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos e outras substâncias também tóxicas, cancerígenas e que são severamente

danosas à saúde humana.

Segundo Monteiro Filho (2007), em território brasileiro, uma forma comum de

destinação dos pneus é a queima em fornos de cimenteiras, ou seja, a borracha entra

como substituto do carvão, por apresentar um poder calorífero maior. Esse processo é

um pouco menos agressivo ao meio ambiente do que a queima a céu aberto, mas

ainda assim gera emissões poluentes.

Tendo em vista a dificuldade para a disposição desses resíduos e a falta de

legislação para o controle da destinação adequada, a grande maioria da população tem

a tendência de abandonar os pneus em cursos de água, terrenos vazios e beiras de

estradas, agravando gradativamente o problema.

Considerando a necessidade de dar destinação final, de forma ambientalmente

adequada e segura, aos pneumáticos, o artigo 1° da Resolução nº. 258 CONAMA,

(1999) determina que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos

ficam obrigadas a coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus

inservíveis existente no território nacional, adquirindo a consciência da necessidade de

reciclagem deste material. O 3° parágrafo desta Resolução determina que a partir de 1°

de Janeiro de 2005, os prazos e quantidades para coleta e destinação final de forma

ambientalmente adequada, dos pneumáticos inservíveis devem respeitar as seguintes

normas:

Para cada quatro pneus novos fabricados no País ou pneus novos

importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas

fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final a cinco pneus inservíveis.

Para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as

empresas importadoras deverão dar destinação final a quatro pneus inservíveis.

8

Com intuito de solucionar este problema que também é global, diversos estudos

têm sido conduzidos para examinar várias aplicações de resíduos de borracha de pneu.

Em pesquisa realizada por Yesilataa et al. (2011) adicionou-se sucata de borracha

de pneus em compósito cimentício, desenvolvendo material de construção com menor

transmitância térmica. Segundo Turgut et al. (2008) foram combinadas partículas de

borracha de pneu em concreto para produzir tijolo composto de peso leve com

resistência térmica melhorada e baixo custo.

Segundo Silva et al. (2007), o concreto é o material mais consumido na fabricação

de calçadas e nem sempre satisfaz as características exigidas no projeto. Para

melhorar certas características como durabilidade e elasticidade do concreto, a adição

de fibras de borracha tem se mostrado promissora.

Dado o exposto, nota-se que, aos poucos os pneus inservíveis são direcionados à

coleta e reciclagem devido à existência de programas e empresas voltados à correta

destinação desses produtos.

1.2 Objetivos do trabalho

Este trabalho investiga o efeito de partículas de borracha nas propriedades físico-

mecânicas de compósitos de matriz cimentícia, permitindo a reutilização de resíduos de

pneus em materiais para construção civil. Este estudo verifica também a influência da

nova fase dispersa nos compósitos cimentícios, através da substituição de agregados

de quartzo pelas partículas de borracha de tamanhos equivalentes.

Tem-se como objetivo específico verificação dos principais fatores que podem

afetar significativamente as seguintes variáveis respostas entre elas, resistência à

compressão, módulo de elasticidade, permeabilidade, absorção de água, densidade

aparente e porosidade aparente dos compósitos, por meio de uma metodologia

estatística de planejamento de experimentos.

1.3 Justificativa

Sabe-se que os conceitos de meio ambiente e sustentabilidade é hoje bastante

evidente, o que reforça a necessidade de integração das ações do setor da construção

9

civil para o desenvolvimento de novos materiais que possuam maior resistência,

durabilidade e melhor ciclo de vida. Sendo assim o presente trabalho investiga o efeito

do tamanho e fração de resíduos de borracha nas propriedades físico-mecânicas de

compósitos de matriz cimentícia. As partículas de borracha são provenientes do

processo de raspagem durante sua recauchutagem, dispensando gastos em sua

transformação, que seria muito complexa e onerosa. Outros projetos de reciclagem da

borracha tornam-se inviáveis devido ao alto custo para transformação da borracha,

sendo muitas vezes superior à produção convencional.

Diante deste contexto, somente a reciclagem não é suficiente para solucionar de

forma definitiva a geração de pneus inservíveis. Assim, no campo da construção civil, a

utilização desses pneus tem demonstrado ser uma alternativa tecnológica interessante,

permitindo adequá-los como agregados na produção de argamassas e concretos

1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação é constituída por seis capítulos, os quais apresentam os

seguintes conteúdos:

O capítulo 1 apresenta uma introdução do assunto desta pesquisa bem como

objetivo, justificativa e organização do trabalho.

O capítulo 2 é composto de uma revisão bibliográfica onde inicialmente focaliza a

realidade do descarte de pneus em relação ao meio ambiente. Posteriormente, uma

revisão sobre materiais compósitos e discussão sobre trabalhos realizados com

borracha e material cimentício serão abordados.

O capítulo 3 apresenta a metodologia adotada para a realização deste trabalho,

onde traz o detalhamento da caracterização dos materiais utilizados, bem como do

processo de mistura, moldagem e cura dos compósitos e seus ensaios. Trata-se

também da metodologia estatística.

O capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos nos ensaios experimentais e

análises dos mesmos.

O capítulo 5 apresenta as conclusões obtidas no trabalho e no capítulo 6 são

apresentadas sugestões colocadas pelo autor para trabalhos futuros.

10

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Meio Ambiente e Sustentabilidade

A borracha natural é a matéria-bruta extraída de uma seringueira conhecida como

Hevea brasiliensis. No século XIX, o norte-americano Charles Goodyear descobriu por

acaso o tratamento da borracha natural pelo processo de vulcanização a partir do qual

a borracha tratada com enxofre em alta temperatura tornava-se mais resistente, mais

elástica. Goodyear percebeu também que, a borracha carbonizada, mesmo depois de

congelada, não mudava suas características básicas.

Em 1888, o veterinário escocês John Boy Dunlop criou o pneumático, que era

composto de um tubo de borracha com ar sob pressão, que cobria um aro. No começo

do século XX, as duas invenções se uniram, transformando-se no pneu com câmara de

ar, tendo como características a leveza e a resistência (GOMES FILHO, 2007).

Graças a estas descobertas, a humanidade tem desfrutado por anos de um útil e

necessário invento, o pneu, que proporciona desempenho, economia, mobilidade,

agilidade, rapidez e conforto através do funcionamento em inúmeros veículos.

O pneumático, simplificadamente denominado de pneu, é um tubo de borracha

cheio de ar e ajustado ao aro da roda do veículo, permitindo a tração do veículo e, ao

mesmo tempo, absorvendo os choques com o solo sobre o qual o veículo trafega

(DOSSIÊ TÉCNICO, 2007).

O processo de produção do pneu inicia com a seleção de vários tipos de borracha

juntamente com óleos especiais, carbono preto, pigmentos, antioxidantes, silicone e

outros aditivos que serão combinados para oferecer as características desejadas.

Compostos diferentes são usados para diferentes partes do pneu. A Figura 2.1

descreve em porcentagem os itens que fazem parte da composição média de um pneu

novo:

11

Figura 2.1: Composição química média de um pneu (alterado de MARQUES,

2005).

Cada uma das partes do pneu é composta por diferentes materiais que garantem

o seu funcionamento. Dentre estes materiais incluem-se: a estrutura em aço, náilon,

fibra de aramida, rayon, fibra de vidro e/ou poliéster; borrachas naturais e sintéticas,

incorporando, também, centenas de tipos diferentes de polímeros; reforçadores

químicos, como carbono, sílica e resinas; antidegradantes (ceras de parafina

antioxidantes e inibidoras da ação do gás ozônio); promotores de adesão (sais de

cobalto, banhos metálicos nos arames e resinas); agentes de cura (aceleradores de

cura, ativadores, enxofre) e, produtos auxiliares no processamento dos pneus, como

óleos (GOMES FILHO, 2007; FRANÇA, 2004).

O negro de fumo é usado para conferir à borracha resistência aos esforços e à

abrasão, e os óleos são misturas de hidrocarbonetos aromáticos que servem para

conferir maciez à borracha e aumentar sua trabalhabilidade durante a confecção dos

pneus. O enxofre é usado para ligar as cadeias de polímeros dentro da borracha e

também para endurecer e prevenir deformação excessiva pelas elevadas temperaturas.

O acelerador é tipicamente um composto orgânico sulfúrico que age como um

catalisador para o processo de vulcanização. O óxido de zinco e o ácido esteárico

também agem para controlar a vulcanização e realçar as propriedades físicas da

borracha. (GOULART, 1999).

12

Os principais detalhes e os respectivos componentes de um pneu veicular são

mostrados na Figura 2.2:

Figura 2.2: Corte radial de um pneu de automóvel – (http://www.braziltires.com.br)

acessado em 29/08/2011.

Carcaça: parte resistente do pneu deve resistir à pressão, peso e choques.

Compõem-se de lonas de poliéster, nylon ou aço. A carcaça retém o ar sob pressão

que suporta o peso total do veículo. Os pneus radiais possuem ainda as cintas que

complementam sua resistência;

Talões: constituem-se internamente de arames de aço de grande resistência,

tendo por finalidade manter o pneu fixado ao aro da roda;

Parede lateral: são as laterais da carcaça. São revestidos por uma mistura de

borracha com alto grau de flexibilidade e alta resistência à fadiga;

Cintas (lonas): compreende o feixe de cintas (lonas estabilizadoras) que são

dimensionadas para suportar cargas em movimento. Sua função é garantir a área de

contato necessária entre o pneu e o solo;

13

Banda de rodagem: é a parte do pneu que fica em contato direto com o solo.

Seus desenhos possuem partes cheias chamadas de biscoitos ou blocos e partes

vazias conhecidas como sulcos, e devem oferecer aderência, tração, estabilidade e

segurança ao veículo.

Ombro: É o apoio do pneu nas curvas e manobras.

Nervura central: proporciona um contato “circunferencial” do pneu com o solo.

A banda de rodagem, por estar em contato direto com o solo, sofre desgaste mais

rapidamente que as demais partes do pneu. Devido a este fato é permitido a sua

recomposição, mantendo-se as outras partes para sua reutilização. Este procedimento

é chamado de recauchutagem ou recapeamento. Quando não podem mais ser

reutilizados, os pneus passam então à fase final de vida. Ao chegarem nessa fase, os

pneus passam a ser chamados de pneus velhos, em fim de vida ou ainda pneus

inservíveis (GRANZOTTO, 2010).

De acordo com ANIP (2010), o início da produção brasileira de pneus ocorreu em

1934, quando foi implantado o Plano Geral de Viação Nacional. No entanto, a

concretização desse plano aconteceu em 1936 com a instalação da Companhia

Brasileira de Artefatos de Borracha – mais conhecida como Pneus Brasil – no Rio de

Janeiro, que em seu primeiro ano de vida fabricou mais de 29 mil pneus. Entre 1938 e

1941, outras grandes fabricantes do mundo passaram a produzir seus pneus no país,

elevando a produção nacional para 441 mil unidades. No final dos anos 80, o Brasil já

tinha produzido nacionalmente mais de 29 milhões de pneus.

Desde então, o Brasil conta com a instalação de mais de 15 fábricas de pneus,

das quais quatro internacionais: Bridgestone Firestone, Goodyear, Pirelli e Michelin.

Hoje, da produção mundial, o Brasil é o sétimo na categoria de pneus para automóveis

e o quinto em pneus para caminhão/ônibus e camionetas (ANIP, 2011).

O ano de 2010 foi de recuperação para a indústria de pneumáticos. Depois de ter

registrado uma queda de produção de 10% em 2009, o setor voltou a crescer e

registrou uma alta de 15% no volume produzido (ANIP, 2010). O acréscimo no volume

de vendas também é notório, uma vez que, em 2010 o total de pneus comercializados

no Brasil (produção + importação) chegou a 73,1 milhões de pneus.

14

A grande problemática por trás destes dados a ser enfrentada é a destinação de

pneumáticos e a possibilidade de se ter um desenvolvimento econômico sustentável,

sem degradar o meio ambiente. Apesar dos vários estudos realizados sobre a

reciclagem, destinação e prejuízos que os pneus inservíveis causam à natureza e a

humanidade, ainda não há ampla divulgação para a população. Portanto, a função dos

órgãos responsáveis é monitorar no sentido de resguardar, esclarecer e advertir a

população quanto aos efeitos danosos causados pela má destinação dos pneus

inservíveis e, sobretudo, àqueles nocivos à saúde.

O evento, intitulado “Sistema de gestão ambiental para reciclagem de pneus”, teve

o objetivo de informar e conscientizar a população sobre a importância da reutilização

de pneus e materiais recicláveis para o meio ambiente (PNEUS&CIA, 2010).

“Para fabricar um pneu de carga (ônibus e caminhão) são retirados 60

kg de matéria-prima da natureza. Ao reformar esse mesmo pneu, se

gasta apenas 15 kg, ou seja, na reforma deixa-se de retirar 75% de

recursos naturais”, discursou Vanderlei Carvalho.

Giacobbe (2008) divide a metodologia de utilização de pneus usados em três

categorias: reutilização, reciclagem e vaporização energética. Na reutilização são

aproveitados os pneus inteiros. Na reciclagem são transformados em um novo produto

a partir de métodos físicos e/ou químicos (por exemplo: tapetes, barreiras de choque).

Por sua vez, na vaporização energética, os pneus são utilizados na geração de energia

calorífera devido ao seu elevado poder calorífero (aproximadamente 8170 kcal/kg,

superior ao do carvão).

Os principais campos de destinação de pneus inservíveis são apresentados na

Tabela 2.1:

15

Tabela 2.1: Metodologia de utilização de pneus usados.

Tipo de reciclagem Aplicalção Objetivo

Reutilização

Recauchutagem

A recauchutagem é um processo técnico que permite que um pneu usado, depois de selecionado e inspecionado, receba uma nova banda de rodagem. Gerando economia em custo por quilômetro, além de contribuir como agente ecológico para a conservação de energia, retardando o descarte (GOODYEAR 2010).

Recifes artificiais

Oferecem substrato e habitat para diversos locais, bem como, proteção contra a ação destrutiva das redes de arrasto (ROCHA, 2008).

Quebra-mares

Proteção de zonas costeiras, evitando os efeitos das marés sobre estruturas (GIACOBBE APUD SILVA, 2004).

Estabilização de taludes

Estabilização de encostas através da construção de muros constituídos de pneus descartados (SIEIRA, 2009).

Barreiras anti-choques Amortecer impactos

Reciclagem Física

Aterros

Substituir as britas em cobertura alternativa, camada de fundação e de finalização do aterro, camada coletora de coletora de gás produzido no aterro, camada operacional de segurança e camada de drenagem do lixiviado (Giacobbe apud Silva, 2004).

Concreto asfáltico

Limitar a fragilidade,melhorar a resistência, evitar o trincamento apresentando um alto nível de deformação antes de microtrincas aparecerem (TURATSINZEA, 2005).

Artefatos de borracha (tapetes, solas de sapatos, buchas,

estrados).

Os pneus passam pelo processo de trituração, desvulcanização e transformação em pasta através da adição de óleos aromáticos (ROCHA,2008).

Barreiras de choques Amortecimento de impactos

16

Continuação da Tabela 2.1

Tipo de reciclagem Aplicação Objetivo

Reciclagem Química

Pirólise

Também conhecida como destilação destrutiva de pneus, é a transformação do material elastomérico, de composição química complexa, em outros compósitos hidrocarbonetos como óleo e gás, unicamente pelo calor. É uma alternativa adequada para o reaproveitamento energético de pneus.

Desvulcanização

Este processo envolve duas etapas distintas: a redução de tamanho e a quebra de ligações químicas. Consiste na regeneração da borracha (LAGARINHOS, 2008).

Hidrogenação

Produtos de óleos leves, gasolinas, gases e óleos lubrificantes (GIACOBBE APUD SEGRE, 1999).

Gaseificação

Produção de metano (GIACOBBE APUD SEGRE, 1999).

Valorização energértica

Combustível/ Co-processamento

A borracha picada originaria de pneu inservível ou o pneu inteiro é enviado as cimenteiras licenciadas, pelos órgãos ambientais estaduais, para serem utilizados como combustível alternativo. A principal característica é o poder calorífico do pneu (AEROBOP, 2011).

Fonte: alterado de Giacobbe,2008.

Motta (2008) explica que os pneus inservíveis podem seguir três caminhos: (I) os

pneus convencionais são destinados para as empresas que realizam a laminação e

transformação da borracha em artefatos diversos, como solados, cintas de sofá,

tapetes para carros etc.; (II) os pneus radiais, na maior parte das vezes, são triturados

e depois encaminhados para empresas produtoras de cimento, para queima nos fornos

de clinquer, ou para o Processo Petrosix® (unidade produtiva de Petróleo Brasileiro S.A

(PETROBRAS) que processa xisto betuminoso para obtenção de petróleo bruto) que os

coprocessa; (III) os pneus podem ser encaminhados para empresas regeneradoras de

borracha, que os transforma em pó de borracha, embora sejam poucas as empresas

17

que realizam este processo a partir dos pneus, pois a maior parte delas se abastece

dos resíduos gerados pelo processo de raspagem dos pneus usados, realizados pelas

empresas reformadoras. A Figura 2.3 apresenta a destinação dos pneus inservíveis.

Figura 2.3: Histograma que representa a destinação de pneus inservíveis. (Alterado de

Granzotto, 2010).

Outro exemplo de destinação dos pneus inservíveis é comandado pela empresa

RECICLANIP gerando complexa operação logística. Em que diariamente, 64

caminhões transportam 850 toneladas de pneus inservíveis saindo de pontos de coleta.

Destes, 23 caminhões, com cerca de 300 toneladas, seguem com pneus inteiros para

serem usados em fornos de cimenteiras. Outros 27 são enviados para trituração e

geram 13 caminhões ou 350 toneladas com material que também vai para fornos de

cimenteiras. Os outros 14 caminhões, com cerca de 180 toneladas, seguem para a

granulação e depois o material vai para a produção de outros produtos, como asfalto

borracha ou piso de quadras poliesportivas. Toda esta complexa operação logística é

comandada pela Reciclanip (RECICLANIP, 2011).

18

A solução mais promissora para os pneus inservíveis é fazer o pneu velho voltar

para as estradas, mas sob a forma de asfalto. Os pesquisadores descobriram que é

possível adicionar à composição asfáltica um percentual de borracha de pneu triturada.

A medida aumenta em mais do que o dobro a durabilidade do asfalto. Os fabricantes

do asfalto-borracha prometem ainda outros benefícios, como uma maior aderência e a

redução sensível dos ruídos de atrito (OLIVEIRA E CASTRO, 2007). Segundo SE –

ESP (2013) relata que o asfalto-borracha custa R$ 1,4 mil por tonelada, frente aos R$

1,1 mil do asfalto tradicional. Há muitos benefícios, mas nem todas as empresas estão

dispostas a arcar com o custo maior. Outras alternativas são estudadas, mas o asfalto-

borracha é visto como o mais viável. A tecnologia traz vantagens ambientais - já que a

produção reaproveita pneus velhos. A cada quilômetro de rodovia com asfalto

ecológico, cerca de mil pneus são utilizados. Duas outras vantagens da estrada com

borracha são o aumento da aderência dos veículos na pista e a maior absorção da

água em dias de chuva.

A reforma, tanto por recauchutagem como por remoldagem, é entendida como a

maneira mais racional de utilização de uma carcaça de pneu descartado em boas

condições. Entretanto, esta não elimina o problema dos pneus inservíveis e, sim,

prolonga o tempo de vida útil das carcaças, alivia o meio ambiente e contribui para a

redução dos custos de transportes.

Segundo a Norma ISO 14001 (2004) impacto ambiental é qualquer modificação

do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das

atividades, produtos ou serviços de uma organização. Logo, os impactos ambientais

são ocasionados por confrontos diretos ou indiretos entre o homem e a natureza.

Exemplos bem conhecidos de impacto ambiental são os desmatamentos, as

queimadas, a poluição das águas, o buraco na camada de ozônio, entre outros.

Os pneus inservíveis estão no ranking dos maiores causadores de impactos

ambientais causados pelo homem, de forma indireta, se não destinados corretamente.

De acordo com a ANIP (2011) a adoção de procedimentos para implementação

da coleta e destinação dos pneus inservíveis no Brasil é uma tarefa que envolve vários

colaboradores como: os distribuidores, revendedores, reformadores e consertadores,

sem esquecer os consumidores finais de pneus, em articulação com os fabricantes,

19

importadores e o Poder Público. No conceito moderno de gestão empresarial, a

responsabilidade pós-consumo deve fazer parte dos princípios de qualquer companhia.

Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 1,82 milhões de

toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o

equivalente a 364,3 milhões de pneus de passeio. Desde então, os fabricantes de

pneus já investiram US$ 154,4 milhões no programa até outubro de 2011. A previsão

de investimento para 2011 foi de US$ 41,5 milhões, o que significa um aumento de

25% em relação à verba investida em 2010, que foi de US$ 33 milhões (RECICLANIP,

2011). Dentro deste contexto, a reutilização de resíduos de borracha de pneus torna-se

uma ação de cunho social e ambiental.

Devido ao significativo crescimento da construção civil nos últimos anos, novos

materiais alternativos e sustentáveis vêm a cada dia se consolidando no mercado

brasileiro. Os termos “alternativos e sustentáveis” não são sinônimos de produtos de

baixa qualidade, mas sim de uma tecnologia adequada capaz de transformar os

resíduos em produtos de alto desempenho. Por este motivo, a reutilização de partículas

de borracha provenientes da indústria de recauchutagem em produtos cimentícios que

atendam aos padrões e normas técnicas da construção civil brasileira é a principal

motivação deste trabalho. Para tanto, a próxima seção abordará a teoria sobre os

materiais compósitos, que por sua vez permitirá a investigação do reuso de partículas

de borracha na preparação de argamassas que contribuirão para a produção de

materiais de construção sustentável.

2.2 Materiais compósitos

Segundo Padilha (2007), os materiais são substâncias com propriedades que

tornam úteis na construção de máquinas, estruturas, dispositivos e produtos. Para cada

material específico tem-se um tipo de aplicação. As propriedades específicas são

resultantes de uma seleção e controle do processo de fabricação dos materiais, usados

para converter a matéria-prima no produto final. A classificação de materiais é um

processo que tem como objetivo agrupar todos os materiais com características

comuns. Os materiais sólidos são frequentemente classificados em três grupos

20

principais: materiais metálicos, materiais cerâmicos e materiais poliméricos ou

plásticos. Esta classificação é baseada na estrutura atômica e nas ligações químicas

predominantes em cada grupo. Um quarto grupo, os materiais compósitos, tem sido

incorporado nesta classificação nas últimas décadas por diversos autores (PADILHA,

2007).

2.2.1 Definição

A classe de materiais compósitos tem sido utilizada com sucesso em diversos

setores da indústria, sendo inicialmente desenvolvida e aplicada na indústria

aeroespacial-militar, difundindo-se em áreas como: construção civil, aeronáutica,

petroquímica, naval, bioengenharia, automobilística e artigos esportivos.

Estes materiais vêm sendo empregada cada vez mais em substituição aos

materiais tradicionais, atendendo às crescentes exigências de melhor desempenho,

segurança, economia, durabilidade e de mercado.

Há na literatura inúmeras definições para os materiais compósitos: união de

materiais (ASKELAND, 1998), materiais conjugados (Padilha, 2002), combinações de

materiais individuais (SHACKELFORD, 2006), conjunto de dois ou mais materiais

diferentes (MENDONÇA, 2005, NEWELL, 2010), material multifásico feito

artificialmente (CALLISTER 2011), substância constituída de dois ou mais materiais,

selecionado para formar um material exibindo características desejáveis, apresentando

propriedades que não se encontram nos materiais isoladamente (ASTM D3878, 2007).

Mistura de duas ou mais fases sendo uma denominada matriz (responsável pela

adesão) e as outras dispersa, onde não há formação de fases adicionais, a fim de

otimizar um desempenho específico (Panzera, 2012).

Dentre estas citações descritas uma das mais utilizada na literatura é dada por

Daniel e Ishai (1994). Estes autores definem um compósito estruturado como um

sistema de materiais consistindo de duas ou mais fases numa escala macroscópica,

cujo desempenho mecânico e propriedades são projetados para serem superiores

àqueles dos constituintes atuando independentemente. Uma das fases denomina-se

fase dispersa que proporciona resistência e rigidez, sendo descontínua. Em

contrapartida, a outra fase é menos resistente e contínua, sendo denominada fase

21

matriz. A fase matriz também fornece proteção contra ataques químicos, umidade e

preenchimento dos espaços vazios. A região de contato entre a fase dispersa e matriz

é denominada de interface, podendo esta ser forte ou fraca dependendo do tipo de

interação, seja física e/ou química. A zona de transição de interface (ZTI) pode

desempenhar um papel importante no controle dos mecanismos de falha, tenacidade à

fratura, e comportamento de tensão-deformação global do material. Por causa de

interações químicas ou efeitos de processamento, uma fase adicional, chamada

interfase, pode existir entre o reforço e a matriz, exibindo composição química distinta.

A Figura 2.4 ilustra claramente as fases constituintes de um compósito.

Figura 2.4: Fases de um material compósito.

Enfim, por definição, qualquer material constituído por pelo menos de dois ou

mais componentes, multifásico, com propriedades físicas e químicas nitidamente

distintas e não miscíveis, podem ser tratados como um material compósito. Apesar das

vantagens oferecidas pelos materiais compósitos em relação aos demais materiais, o

seu uso correto pelo engenheiro ainda não é generalizado, em razão dos seguintes

fatores: as propriedades mecânicas são diferentes, e suas características e formas de

determinação são, em geral, mais complexas; os processos de fabricação são próprios;

e as ferramentas básicas da resistência dos materiais, em geral, não funcionam para

esses materiais (LEVY NETO, 2006).

2.2.2 Tipos e classificação dos compósitos

A classificação dos materiais compósitos depende do tipo de matriz, tipo de

reforço, geometria, orientação das fibras, entre outros métodos avaliativos. Porém, a

22

literatura refere-se mais (I) à natureza da fase matriz, classificando os compósitos em

três grupos: metálico, cerâmico e polimérico; (II) à natureza da fase dispersa ou

reforçadora, onde o compósito pode ser classificado em três categorias: compósitos

particulados, compósitos reforçados por fibras, compósitos estruturais e compósitos

híbridos. A Figura 2.5 demonstra um fluxograma de classificação dos materiais

compósitos, com pelo menos duas subdivisões para cada.

23

A fase dispersa é diferente para cada tipo de compósito. Segundo Callister (2011),

a fase dispersa para compósitos reforçados com partículas é equiaxial (as dimensões

24

das partículas são aproximadamentes as mesmas em todas as direções); já para

compósitos reforçados com fibras, a fase dispersa possui a geometria da fibra (uma

grande razão entre o comprimento e o diâmetro). Por sua vez a fase dispersa para

compósitos estruturais são combinações de materiais compósitos e homogêneos.

Os compósitos fibrosos são aqueles em que a sua fase dispersa é sob a forma de

fibras contínuas ou descontínuas (whiskers). De acordo com Callister (2011), o arranjo

e a orientação das fibras umas em relação às outras, a concentração de fibras e a

distribuição também se tornam um fator de grande influência sobre a resistência e

outras propriedades de compósitos reforçados por fibras.

Compósitos estruturais são projetados para suportar carregamentos estáticos e ou

dinâmicos. Suas propriedades dependem das propriedades dos materiais dos

constituintes e também do projeto geométrico dos vários elementos estrutrurais. Estes

compósitos são representados por compósitos laminados e painel de sanduíche, como

ilustrado na Figura 2.6.

Figura 2.6: (a) Representação esquemática do empilhamento de fibras no

compósito laminado. (b) Construção do compósito painel de sanduiche com núcleo

favo de mel (alterado de Callister, 2011).

Os compósitos denominados híbridos são aqueles formados a partir de

combinações de vários tipos de reforços, combinando fibras e partículas no mesmo

material ou ainda combinando mais de um tipo de fibra ou partícula no mesmo material.

25

Os estudos sobre compósitos híbridos foram iniciados recentemente e a

tendência é se tornar um material com grande potencial no futuro, com características

diversificadas. Em primeiro lugar por possuírem vantagens econômicas em diluir um

reforço mais caro ou material de preenchimento com materiais mais baratos. Em

segundo lugar, pelo fato de existir uma gama maior de possíveis propriedades físicas e

mecânicas, facilitando a concepção de materiais com características específicas. Em

terceiro lugar, os compósitos híbridos são usados para alcançar efeitos sinérgicos e

melhoria nas propriedades mecânicas e funcional (BADU ET AL., 2005). A Figura 2.7

ilustra a formação de um compósito híbrido a partir de combinações de partículas e

fibras curtas.

Figura 2.7: Ilustração do método de reforço seqüencial de um compósito

particulado híbrido tendo fibras curtas de enchimento (alterado de Badu et al, 2005).

2.2.3 Compósitos particulados

Compósitos particulados são constituídos de partículas de vários tamanhos e

formas dispersas aleatoriamente dentro da matriz (DANIEL E ISHAI, 1994). Estas

partículas podem ser materiais metálicos, poliméricos ou cerâmicos, podendo ser

sintéticos ou naturais. Geralmente as partículas no material compósito contribuem para

o aumento da rigidez (aumenta o módulo de elasticidade) do mesmo, porém não

contribuem consideravelmente para o aumento da sua resistência. Este tipo de

compósito, geralmente, não apresenta a mesma resistência que os compósitos

reforçados por fibras, entretanto podem exibir outras características que permitirão

26

exibir um elevado desempenho especifico, seja ele químico, térmico, elétrico, etc

(CASARIAL, 2009).

Segundo Callister (2011), os compósitos particulados podem ser divididos em

compósitos com partículas grandes e compósitos reforçados por dispersão.

2.2.3.1 Compósitos com partículas grandes

Partículas, por definição, possuem pequenas dimensões. Logo o termo “grande” é

usado para destacar que a interações entre a fase dispersa e a fase matriz não podem

ser tratadas em nível atômico ou molecular. Nestes compósitos, a fase particulada é

mais rígida do que a fase matriz. De acordo com Newell (2010) o compósito particulado

contém grande número de partículas grossas, para reforçar a matriz.

Essas partículas de reforço, devido ao tamanho, tendem a restringir o movimento

da fase matriz na vizinhança de cada partícula. Essencialmente, a matriz transfere

parte da tensão aplicada às partículas, as quais suportam uma fração de carga. O grau

de reforço ou de melhoria do comportamento mecânico depende de uma ligação forte

na interface matriz-partícula (CALLISTER, 2011). Entretanto, de acordo com Askeland

(1998), os compósitos particulados são projetados para produzir combinações

incomuns de propriedades, e não para melhorar a resistência mecânica propriamente

dita.

O concreto é o melhor exemplo para representar a classe de compósitos com

partículas grandes. Sua fase matriz cerâmica é o cimento e a fase particulada também

cerâmica é composta pela areia e brita, como pode ser visualizado na Figura 2.8. Neste

caso, a resistência mecânica da matriz cimentícia é reduzida com adição das

partículas, entretanto o material altera o seu modo de falha, tornando menos frágil o

que é de grande valia para a segurança na construção civil, pois o mesmo revela

fissuras antes de sua ruptura final.

27

Figura 2.8: Imagem da superfície de corte do corpo de prova de concreto sendo:

concreto com 50% de areia natural e 50% de brita (PORTELLA ET AL., 2006).

Concreto – agregado de partículas ligadas umas às outras através de um meio

de ligação, o cimento Portland.

2.2.3.2 Compósitos reforçados por dispersão

Nestes tipos de compósitos, há necessidade das partículas serem muito menores,

na faixa de diâmetros 0,01 e 0,1µm (10 e 100nm). Assim, as interações entre partículas

pequenas e matriz levarão a um aumento da resistência e dureza, dificultando o

movimento de defeitos no material e a deformação plástica. Este aumento de

resistência pode ser melhorado pela formação de partículas extremamente pequenas e

uniformes dispersas em uma segunda fase dentro da matriz da fase original, causando

o chamado endurecimento por precipitação (metais) ou teoria de empacotamento

(partículas).

Enquanto a matriz suporta a maior parte de uma carga aplicada, as pequenas

partículas dispersas impedem ou dificultam o movimento das discordâncias (em

28

metais). Dessa forma, a deformação plástica é restringida de modo tal que os limites de

escoamento e de resistência à tração, assim como a dureza, são melhorados

(CALISTTER, 2011). No trabalho estudado este procedimento não ocorre.

2.2.4 Fase Matriz

As matrizes têm como função principal, união das fibras e suporte dos

particulados, proteção contra o meio exterior, conservação da disposição geométrica

das mesmas, bem como transferência de solicitações mecânicas.

As matrizes também são muito importantes para a resistência final do compósito.

Alguns fatores precisam ser analisados quando se trata de matriz, como: propriedades

mecânicas (resistência à tração e compressão, impacto), coeficiente de expansão

térmica, resistência térmica, temperatura de trabalho, temperatura de fusão,

cristalinidade e resistência à fadiga. De acordo com a literatura, as matrizes dos

compósitos podem ser classificadas em poliméricas, metálicas e cerâmicas. Neste

trabalho, o cimento Portland será utilizado como fase matriz cerâmica, sendo este

detalhado na seção subsequente.

2.2.4.1 Matrizes cerâmicas

Os materiais cerâmicos são os materiais que a humanidade utiliza desde a

antiguidade, possuindo qualidades importantíssimas como resistência à oxidação e à

deterioração em temperaturas elevadas. Entretanto estes materiais possuem

predisposição à fratura frágil, isto é, ausência de deformação plástica e

consequentemente baixa resistência ao impacto.

Material cerâmico é quaisquer dos vários materiais duros, frágeis e resistentes ao

calor e à corrosão, formados tipicamente por elementos metálicos combinados com

oxigênio ou com carbono, nitrogênio ou enxofre. A maioria dos materiais cerâmicos são

cristalinos e maus condutores de eletricidade, embora algumas cerâmicas

recentemente descobertas, formadas por óxidos de cobre, sejam supercondutoras a

baixas temperaturas (Newell, 2010).

29

Os materiais compósitos com matriz cerâmica (CMC – Ceramic-Matrix

Composites) estão sendo desenvolvidos para melhorar a tenacidade à fratura dos

materiais cerâmicos. São formados de uma fase dispersa constituída por particulados,

fibras ou whiskers de um material cerâmico incorporados a uma matriz de outro

material cerâmico. Com isso, Callister (2011) afirma que, os materiais compósitos com

matriz cerâmica elevaram as tenacidades entre aproxidamente 6 e 20 MPA√m (5,5 e 18

Ksi√in). Esta melhora é devido a interações entre as partículas e a matriz, pois quando

iniciada a fissura da matriz, as partículas agem, impedindo e retardando a propagação

da mesma. Atualmente, ‘aumento da tenacidade por transformação’ é a mais

promissora técnica empregada para bloquear a propagação de fissuras.

Os materiais compósitos de matriz cerâmica podem ser classificados segundo seu

tipo de reforço, como: compósitos cerâmicos reforçados por fibras contínuas,

compósitos cerâmicos reforçados por fibras descontínuas (whiskers) e compósitos

cerâmicos reforçados por partículas.

Os compósitos com matriz cerâmica podem ser fabricados utilizando-se

prensagem a quente, prensagem isostática a quente, sinterização a partir da fase

líquida e hidratação a partir da fase pulverulenta que é o caso dos materiais

cimentícios.

2.2.4.1.1 Cimento Portland

O cimento Portland é de fundamental importância para a construção civli, resulta

da moagem e mistura íntima de argila e minerais que contêm cal em proporções

adequadas (CALLISTER, 2011). Quando misturado com a água e outros materiais de

construção, tais como areia, pedra britada, pó-de-pedra, cal entre outros, resulta nos

concretos e argamassas usadas na construção civil. As características e propriedades

desses concretos e argamassas dependem da qualidade e proporções dos materiais

com que são compostos. Dentre eles, o cimento é o mais ativo, do ponto de vista

químico, sendo responsável pela transformação da mistura dos materiais componentes

dos concretos e das argamassas no produto final desejado (laje, viga, revestimento,

etc.).

30

O primeiro emprego do cimento Portland no concreto data de 1756, quando o

engenheiro inglês John Smeaton misturou o cimento com tijolos moídos e pedriscos. O

concreto é atualmente onipresente na construção e na pavimentação (NEWELL, 2010).

O cimento Portland é dito ser um cimento hidráulico, pois sua natureza se

desenvolve através de reações químicas com a água. Ele é usado principalmente em

argamassa e em concreto, para aglutinar, em uma massa coesa, agregados de

partículas inertes (areia e/ou cascalho); na confecção de materiais compósitos.

(CALLISTER, 2011).

As propriedades do cimento Portland estão diretamente relacionadas às

concentrações de suas fases constituintes, principalmente a alita, a belita, a fase

ferrítica e o aluminato. Estas fases são resultado da queima de uma mistura contendo

rocha calcária e argila, com altos teores de CaCO3, SiO2, Fe2O3 e Al2O3. (NEVILLE,

1997). Tenório et al. (2003) reporta que este processo de queima atinge temperaturas

entre 1450°C e 1500°C e o produto final é o clínquer de cimento Portland. É o clínquer

que, misturado e pulverizado com sulfato de cálcio entre outras adições, produz o

cimento Portland. A mistura resultante atinge um tamanho médio de partículas de

aproximadamente 10µm, com uma faixa entre 1µm e 100µm.

Os silicatos de cálcio são os principais constituintes do cimento Portland, assim,

as matérias-primas para a produção do cimento devem suprir cálcio e sílica em formas

adequadas. Os materiais de carbonato de cálcio que ocorrem naturalmente como pedra

calcária, giz, mármore e conchas do mar são as fontes industriais de cálcio, e as argilas

e xistos argilosos, são as fontes preferidas de sílica suplementar na mistura de

matérias-primas para produção de silicatos de cálcio (MEHTA e MONTEIRO, 1994).

Segundo Newell (2010) os silicatos de cálcio (C3S - Alita e C2S - Belita) compõem

três quartos da massa total e dão a maior parte da resistência do cimento. Os silicatos

de cálcio sofrem reações altamente exotérmicas com a água, formando silicatos de

cálcio hidratados (C-S-H) e hidróxido de cálcio (CH), como resumidos nas Equações

2.1 e 2.2:

(2.1)

31

(2.2)

Os silicatos de cálcio hidratados são partículas amorfas, extremamente pequenas,

incluem diversas composições; de modo que a designação C-S-H usada não implica

uma razão exata entre os constituintes. Cabe ressaltar que a nomenclatura adotada

para referenciar os elementos químicos da hidratação do cimento não são os mesmos

estipulados na química, ou seja, C = CaO, S= SiO2, H = H2O. Embora o cimento

Portland consista essencialmente de vários compostos de cálcio, os resultados de

análises químicas de rotina são expressos em termos dos óxidos dos elementos

(MEHTA e MONTEIRO, 1994).

Como o cimento Portland é uma mistura heterogênea de vários compostos, o

processo de hidratação consiste na ocorrência de reações simultâneas dos compostos

anidros com a água. Entretanto, todos os compostos não hidratam à mesma

velocidade. Os aluminatos são conhecidos por hidratarem muito mais rapidamente do

que os silicatos. Na verdade, o enrijecimento (perda de consistência) e a pega

(solidificação) características da pasta do cimento Portland, são amplamente

determinados por reações de hidratação envolvendo os aluminatos. Os silicatos, que

compõem aproximadamente 75% do cimento Portland comum, tem um importante

papel na determinação das características de endurecimento e desenvolvimento de

resistência (MEHTA e MONTEIRO, 1994).

As reações do silicato de cálcio ocorrem, realmente, em cinco estágios distintos.

O estágio 1 ocorre durante os primeiros minutos, após a água ser misturada ao

cimento. Os íons cálcio e hidróxido são liberados do C3S, resultando na geração de

calor e em um rápido aumento no pH. CH e C-S-H também começam a se cristalizar no

estágio 1. Após aproximadamente 15 minutos, o cimento entra em um período de

dormência (estágio 2) durante o qual a reação diminui. Uma cobertura de C-S-H se

desenvolve sobre a superfície do cimento, a qual cria uma barreira à difusão da água. À

medida que a espessura aumenta, a taxa de reação se torna, cada vez mais,

controlada pela difusão. Após 2-4 horas, é alcançada uma massa crítica de íons e a

taxa de reação acelera (estágio 3). Durante o estágio 3, tanto C3S e o menos reativo

C2S se hidratam rapidamente. Após cerca de 8 horas, a taxa de reação desacelera e a

32

difusão controla completamente todas as taxas (estágio 4). Finalmente, um estágio de

equilíbrio (estágio 5) acontece, no qual a hidratação é essencialmente independente da

temperatura (Newel, 2010).

Ao mesmo tempo, o tricálcio aluminato (C3A) também sofre uma reação de

hidratação. Sem o gesso, o C3A reagiria rapidamente com a água, causando um

endurecimento prematuro e propriedades menos desejáveis. Em vez disso, o C3A

reage com o gesso para formar sulfoaluminato hidratado de cálcio (etringita), como

apresentado na Equação 2.3:

(2.3)

Aluminato + Gesso + Água → Etringita

de Cálcio

A etringita forma uma barreira contra a difusão em torno do aluminato de cálcio e

reduz a reação de hidratação. Uma vez que o gesso tenha sido consumido, a entrigita

reage com o tricálcio aluminato para formar monossulfoaluminato, como apresentado

na Equação 2.4:

(2.4)

O monossulfoaluminato é estável no cimento, mas torna o cimento vulnerável ao

ataque de íons sulfatos. O monossulfoaluminato irá reagir para formar mais etringita na

presença dos íons sulfato. A nova estringita causa uma expansão dentro do cimento,

que pode resultar em trincas.

Quando a pasta cimento endurece, ela consiste majoritariamente em C-S-H, CH e

monossulfoaluminato, com cerca de 5% de silicatos não hidratados. O C-S-H

corresponde a cerca de 50% a 70% do volume total e dá a maior parte da resistência,

como na Tabela 2.2.

33

Tabela 2.2: Componentes presentes na pasta endurecida de cimento.

Componente

Fração

Volumétrica

Massa Específica

(kg/m3)

Microestrutura

C-S-H

0,50-0,70

2000

Misturas de agulhas radiantes de sólidos porosos

CH

0,20-0,25

2250

Placas cristalinas grossas

0,10-0,15

1950

Placas cristalinas finas, aglutinadas, irregulares

Silicatos não hidratados

>0,05

3150

Ainda mantendo a estrutura de grãos originais

Fonte: Newell, 2010.

Em função do caráter eminentemente exotérmico das reações de hidratação do

cimento, uma das maneiras mais usuais de acompanhar o desenvolvimento dessas

reações tem sido através de medidas calorimétricas, nas quais se registra a quantidade

de calor liberado em função do tempo de reação. A curva de liberação de calor em

pastas de cimento Portland é composta basicamente por quatro etapas, ilustradas na

Figura 2.9 (MELO, 2009):

Figura 2.9: Curva de liberação de calor na hidratação do cimento Portland (MELO apud

QUARCIONI, 2009).

Gel é o nome que se dá aos produtos da hidratação do cimento, tais como o

silicato hidratado de cálcio (C-S-H), a portlandita ou hidróxido de cálcio (CH), o sulfato-

34

aluminato de cálcio hidratado ou etringita, o monosulfoaluminato de cálcio hidratato,

etc. Estes compostos apresentam na forma cristalina, com morfologia bem variada, tais

como fibras no C-S-H, placas hexagonais finas no CH, agulhas alongadas na etringita,

etc (CAMPITELI, 1987).

No Brasil existem vários tipos de cimento Portland apresentando composições em

massa e algumas propriedades intrínsecas que os tornam diferentes entre si. Estes são

produzidos para aplicações diversas e todos regidos por normas da ABNT.

As escórias granuladas de alto-forno e os materiais pozolânicos tem menor

velocidade de hidratação em relação ao clínquer, os cimentos com adição desses

materiais podem apresentar, em igualdade de condições, menor desenvolvimento

inicial de resistência. Entretanto, na prática, verifica-se que as resistências efetivamente

alcançadas em todas as idades superam os limites mínimos estabelecidos pelas

normas técnicas da ABNT, que especificam os valores necessários às aplicações mais

usuais. A Figura 2.10 ilustra a evolução média de resistência dos principais tipos de

cimento, com base nos valores experimentais obtidos nos laboratórios da ABCP. Estes

valores são expressos em megapascal – MPa e garantidos pelos fabricantes após 28

dias de cura (ABCP, 2002).

Figura 2.10: Evolução média de resistência à compressão dos distintos tipos de

cimento Portland (ABCP, 2002).

O CP-V tem a peculiaridade de atingir altas resistências já nos primeiros dias de

aplicação. Há, entretanto, uma tendência mundial de abandonar a classificação do

cimento de alta resistência como sendo um tipo específico do qual se exijam limitações

35

de composição. Assim, a classificação do cimento de alta resistência inicial como

qualquer tipo de cimento Portland (comum, composto, de alto-forno, pozolânico) que

apresente adicionalmente a propriedade de desenvolver altas resistências iniciais já é

adotada nos países da União Européia, (ABCP, 2002). O mesmo já está ocorrendo no

Brasil com os trabalhos de revisão da norma brasileira ABNT NBR 5733 (1991), no

âmbito do Mercosul para adoção de norma única nos países integrantes desse

Mercado.

2.2.5 Fase dispersa

A fase dispersa tem a finalidade de reforço, enchimento ou carga na morfologia do

compósito, dependendo para qual fim o compósito será utilizado. Quando a fase

dispersa tem o papel de reforço, ela melhora consideravelmente o desempenho

mecânico da matriz, enquanto que, quando se comporta como enchimento ou carga,

ela tem a função de modificar as propriedades da matriz, caso específico de

compósitos particulados.

Os compósitos particulados não apresentam a mesma resistência que os outros

compósitos, mas possuem grande facilidade na fabricação e são muito mais baratos.

Estes compósitos possuem uma grande quantidade de partículas orientadas

aleatoriamente, denominadas agregados, que ajudam o compósito a suportar cargas

compressivas. Com isso, tendem a ser isotrópicos, possuindo as mesmas propriedades

em todas as direções.

Segundo Callister (2011), as propriedades dos compósitos são uma função das

propriedades do componente das fases, de suas quantidades relativas e geometria da

fase dispersa. Esta geometria refere-se à forma, o tamanho, distribuição e orientação

das partículas e ou fibras.

Segundo a norma ABNT NBR 9935 (1987), agregado é um material granular

pétreo, sem forma ou volume definido, a maioria das vezes quimicamente inerte, obtido

por fragmentação natural ou artificial, com dimensões e propriedades adequadas a

serem empregados em obras de engenharia.

Para efeitos da norma ABNT NBR 7211(2005), a classificação de agregados

miúdo e graúdo segue como:

36

Agregados graúdos possuem partículas que passam pela peneira com

abertura de malha de 75mm e ficam retidas na peneira com abertura de malha

de 4,75mm.

Agregados miúdos possuem partículas que passam pela peneira com

abertura de malha de 4,75mm e ficam retidas na peneira com abertura de malha

de 150µm.

Segundo Newell (2010) os agregados possuem funções básicas nos concretos e

argamassas como:

Redução do custo do concreto e argamassa, pois estes aumentam o volume

da massa, sem perda de resistência, além de serem mais baratos que o

cimento;

Aumentam a resistência da superfície do concreto e argamassa quanto ao

desgaste e intempéries;

Diminuem as variações do volume do concreto e argamassa durante sua

cura;

Ajudam a aumentar ou diminuir a densidade, ou o peso do concreto e

argamassa, em situações que se faz necessário.

O aumento da durabilidade e desempenho de compósitos cimentícios tem sido

buscado através de uma correta seleção de partículas (agregados), desenvolvimento

de diversos aditivos e adições; dentre eles o agregado de sílica.

2.2.5.1 Agregado de quartzo

Quartzo são rochas metamórficas, ou seja, aquelas resultantes de rochas pré-

existentes que sofreram modificações na sua textura, estrutura e composição devido à

variação das condições físicas (temperatura e pressão) e químicas (

Por características geométricas dos grãos de quartzo entende-se sua forma, sua

dimensão e sua distribuição granulométrica. A forma dos grãos de quartzo (Figura 2.11)

é mais comumente determinada através de exame por meio de um microscópio

37

estereoscópico ou uma lupa. Quanto à sua forma, os grãos de quartzo podem ser

classificados como arredondados, subangulares ou angulares (PANZERA, 2007).

Figura 2.11: Formas características de grãos de quartzo (PANZERA, 2007).

Sabe-se que o agregado corresponde a cerca de 75% do volume total do concreto

e também a extração dos mesmos constitui uma atividade de mineração, tratando-se

de um empreendimento exploratório que degrada o meio ambiente. Este processo

causa impactos ambientais como, alteração da paisagem, supressão da vegetação

(mata ciliar), alteração dos cursos d’água, lançamento de efluentes entre outros.

Visando diminuir a extração de agregados em prol do meio ambiente,

pesquisadores têm investigado as propriedades de concretos e argamassas,

substituindo agregados naturais por agregados especiais (industriais e minerais).

De acordo com a ABNT NBR 9935 (1987) agregado especial é aquele de origem

natural ou artificial, resultante de processo industrial, cujas propriedades podem conferir

aos concretos e argamassas um desempenho que permite ou auxilie o atendimento de

solicitações específicas de obras não usuais. Assim, as partículas de borracha de

pneus têm sido estudadas como agregado especial em concretos e argamassas.

2.2.5.2 Borracha de pneu

Os polímeros elastômeros exibem uma larga variedade de propriedades. As

misturas físicas poliméricas são adequadas para inúmeras aplicações. A Tabela 2.3

apresentada as propriedades físicas e mecânicas para polímeros elastômeros mais

utilizados na fabricação de pneus.

38

Tabela 2.3: Propriedades Físicas de Polímeros elastômeros

Polímero/

Elastômero

Tf (°C)

Tg (°C)

Massa

Específica

Resistência à Tração (Mpa)

Módulo de

Elasticidade (Mpa)

Poli-isopreno

40

-63

0,970

17 - 25

1,3

Polibutatieno

n/d

-110 a -95

1,01

18 - 30

1,3

Policloropreno

n/d

-45

1,32 25 – 38

0,52

Fonte: Alterado de Newell, 2010.

A maior dificuldade para reciclar os resíduos compostos de borracha é devido à

irreversibilidade do processo de vulcanização. A ligação química que liga o átomo de

enxofre aos polímeros é covalente e para interrompê-la é necessário o uso de grande

quantidade de energia. O processo de vulcanização torna a borracha um produto

durável e resistente às intempéries (CALLISTER, 2011).

A borracha de pneu pode ser reutilizada, sem a necessidade de desvulcanização,

sendo substituída em forma de fibras, trituradas (partículas) ou lascas como fase

dispersa de um compósito cimentício. Segundo Karakurt et al. 2007, partículas de

borracha de pneus podem atuar como substituto parcial dos agregados do concreto. O

comportamento mecânico é determinado pelas propriedades dos seus constituintes:

cimento (fase matriz – ligante) e partículas de borracha de pneus (material incluso), as

quais afetam a resistência à compressão.

2.2.6 Resíduos de borracha em compósitos cimentícios

No Brasil, uma significativa parte do volume de concreto produzido é usada em

estruturas como pilares, vigas e lajes das edificações. Desse modo, pensa-se na

possibilidade de substituir parcialmente o agregado do concreto por materiais que

sejam econômica e ecologicamente viáveis (TRIGO, 2008). O ramo da construção civil

busca constante e insistentemente materiais alternativos ecologicamente corretos, que

possam atender as condições de redução de custos, agilidade de execução e

durabilidade.

39

Constata-se, no Brasil, que enquanto o aproveitamento de alguns resíduos sólidos

evoluiu nas últimas décadas, outros materiais como os pneus inservíveis e demais

derivados da borracha, continuam sendo dispostos inadequadamente no meio

ambiente (RODRIGUES, 2010).

Hoje, com o passivo ambiental de mais de 100 milhões de pneus inservíveis no

Brasil, a sua reciclagem tornou-se necessária, visto que estes materiais,quando

abandonados,tornam-se um risco ao meio ambiente e também a saúde pública,

servindo de local para a procriação de mosquitos e outros vetores de doenças e

representam um risco constante de incêndio que contamina o ar com uma fumaça

altamente tóxica e deixa um óleo que se infiltra e contamina o lençol freático (IGNÁCIO,

2011). Segundo Meshgin (2012) métodos de eliminação comumente utilizados como

aterro tornam-se inaceitáveis, devido ao rápido esgotamento dos locais disponíveis.

A adição de partículas de borracha é capaz de aumentar a resistência ao impacto,

além de reduzir a massa específica, características estas muitas vezes desejadas em

concretos.

Lopes et al. (2005) analisaram o comportamento do concreto adicionado de

resíduos de borracha quanto à sua resistência à compressão. Foram elaborados

concretos com cimentos CPV ARI PLUS, substituindo parte do agregado miúdo (d ≤

4,76 mm) por borracha de pneu (5% em massa) proveniente do processo de

recauchutagem. Observou-se a queda na resistência à compressão após a adição do

resíduo, o que foi atribuído à falta de aderência entre as partículas de borracha e matriz

de cimento.

Marques (2005) estudou algumas propriedades de concretos e argamassas, com

substituição parcial do agregado miúdo por resíduos de borracha de pneus (1,19 mm)

provenientes do processo de recauchutagem. Para todas as misturas foi utilizado o

cimento CP V – ARI PLUS, areia e, para os concretos, brita basáltica. As substituições

foram de 12% em volume do agregado miúdo por borracha para argamassa e 10% em

volume para concreto. Em argamassa procurou-se verificar a influência do tratamento

do resíduo de borracha com solução saturada de hidróxido de sódio. As propriedades

estudadas foram: resistência à compressão, resistência à tração, absorção de água e

índice de consistência. Observou-se redução da trabalhabilidade e resistência

40

mecânica. Os resultados de resistência à abrasão em concreto mostraram-se

interessantes para o uso da mistura em pavimentação.

Marques et al. (2005) avaliaram o comportamento de argamassas mediante

ensaio de resistência à compressão, resistência à tração, absorção de água, densidade

e índice de consistência em argamassas contendo adição de diferentes granulometrias

de borracha (420 µm, 1000 µm, 1500 µm e 2000 µm). As argamassas foram testadas

no estado fresco e endurecido com borracha sem tratamento e tratada com solução

saturada de NaOH. Concluiu-se que a variação granulométrica da borracha não teve

efeito significativo nos resultados de resistência à compressão. Observou-se também

que as argamassas constituídas com borracha sem tratamento, apresentaram melhor

trabalhabilidade do que argamassas constituídas com borracha tratada, exceto para a

granulometria de 2000 μm que apresentou resultado inverso.

Rodrigues et al. (2006) investigaram as propriedades de compósitos cimentícios

contendo adição de partículas de borracha, obtidas pela trituração mecânica de pneus

inservíveis, em uma matriz de cimento Portland. A partir dessa argamassa produziram-

se placas para revestimentos especiais com absorção acústica e custo bastante

competitivo, quando comparadas a materiais e produtos convencionais.

Sukontasukkul et al. (2006) projetaram um compósito utilizando migalhas de

borracha de pneus para substituir agregados grosseiros e finos em bloco de concreto

para pedestres, sendo as borrachas passadas nas peneiras n°6 e n°20 (ASTM). Os

blocos resultantes, embora não tão fortes como a superfície do bloco de concreto, são

mais leves e parecem ser mais flexível com uma melhor absorção de energia. Tanto a

resistência à compressão, a resistência à flexão e a resistência à abrasão diminuíram

com o teor de borracha, enquanto que a tenacidade e a resistência à derrapagem

aumentaram em relação à superfície do concreto convencional.

Mayer Filho (2006) avaliou o comportamento mecânico de concretos acrescidos

de fibras de borracha vulcanizada, com diferentes granulometrias em substituição

parcial dos agregados. Percebeu-se que os valores foram satisfatórios considerando a

adição da borracha sem função estrutural. Estes materiais podem ser utilizados em

paredes e coberturas, telhas de concreto, blocos de alvenaria e painéis para isolamento

térmico e acústico e em locais onde são exigidas maior resistência ao impacto e alta

41

absorção de energia, como barreiras de proteção, quebra mar, postes etc. Benazzouk

et al. (2006) investigaram o efeito de agentes incorporadores de ar nas propriedades

físico-mecânicas de compósitos de cimento areado contendo diferentes proporções de

volume de partículas de borracha. Concluiu-se que a presença de vazios de ar e

partículas de borracha na matriz reduz o módulo de elasticidade dinâmico, o que indica

um alto nível de isolamento acústico do compósito. Em 2007, Benazzouk et al.,

investigaram a utilização de resíduos de borracha em matrizes cimentícias, como

agregados finos a fim de obter materiais leves para a construção civil. O aumento do

volume de partículas de borracha diminui a massa específica, a resistência mecânica, e

o módulo de elasticidade, além de aumentar a tenacidade dos compósitos.

Turatsinze et al. (2007) avaliaram a resistência mecânica e o mecanismo de falha

de materiais cimentícios com adição de borracha. Como esperado, os resultados

mostraram que argamassas com tiras de borracha apresentaram um menor módulo de

elasticidade, maior capacidade de tração e deformação antes da formação da

macrotrinca além de uma diminuição da sua resistência. Kang et al. (2008)

apresentaram melhoria na propagação de trincas e na resistência à flexão do cimento

com resíduos de borracha de pneus.

Reda Taha et al. (2008) avaliaram as propriedades mecânicas e fratura do

concreto com adições de partículas de borracha de pneus, em duas faixas

granulométricas (5 a 10 mm e 10 a 20 mm) usados para substituir agregados grossos e

finos, com diferentes níveis de substituição de volume. Concluiu-se que a escolha da

relação ótima de substituição das partículas de borracha de pneus pode produzir

concretos com resistência aceitável e critérios de tenacidade à fratura para diferentes

aplicações.

Turgut et al. (2008) combinaram partículas de borracha de pneu com concreto

para produzir tijolo composto de baixa massa específica com resistência térmica

melhorada e de baixo custo. Em testes realizados por Batayneh et al. (2008) notou-se a

redução de peso do compósito com a redução da resistência à compressão à medida

que partículas de pneus foram adicionadas. Trigo et al. (2008) utilizaram resíduos

proveniente da recauchutagem de pneu como parte do agregado de concreto para lajes

42

de forro, uma vez que essas lajes não possuem exigências estruturais, quando

comparadas às lajes de piso.

Yilmaz et al. (2009) estudaram um material compósito cimentício com borracha

para aplicações em alvenaria, revelando moderada resistência à flexão, diminuição do

peso específico e absorção de água com o aumento do teor de resíduo. Ganjian et al.

(2009) investigaram o desempenho do concreto incorporando borracha na substituição

de agregados em variadas proporções, concluindo que pequenas proporções de

borracha não causaram grandes alterações nas características do concreto.

Panzera et al. (2009) investigaram o efeito da adição de partículas de borracha

nas propriedades mecânicas de compósitos cimentícios, mostrando que o aumento da

fração de borracha proporcionou uma redução da densidade e aumento da porosidade.

Este mesmo resultado foi observado por Nacif et al. (2010).

Granzotto (2010) investigou as propriedades mecânicas do concreto constituído

de borracha de pneu, revelando uma dosagem otimizada a qual não altera

significativamente suas propriedades, possibilitando aplicações em calçadas, meio-fio,

e demais usos onde não requer a aplicação de concreto estrutural.

Correia et al. (2010) investigaram a substituição de agregados naturais em

misturas de argamassa por partículas de borracha vulcanizada. Concluiu-se que a

substituição de partículas de borracha diminuiu a trabalhabilidade do compósito e

enfraqueceu a zona de transição da interface (ITZ) entre agregados e matriz cimentícia

de argamassas endurecidas apresentando uma resistência à compressão aos 28 dias

de 13 a 17 MPa. Ling et al. (2010) estudaram partículas de borracha em pavimentos de

concreto. Os resultados revelaram que a substituição da borracha não deve exceder

20% em volume de areia, a fim de evitar excessivas reduções na resistência à

compressão.

Frazzan et al. (2011) estudaram as composições dos traços de concreto sem e

com adição de resíduos de borracha de pneu, verificando a resistência à compressão

dos materiais. Os traços com resíduo de borracha apresentaram aumento nos valores

de teor de ar incorporado se comparado aos traços sem resíduo. O aumento do teor de

ar incorporado nas misturas e a baixa aderência na zona de transição pasta de

cimento/agregado de borracha causaram um aumento significativo de pontos frágeis

43

em concretos com adição de resíduos, o que refletiu na redução das resistências

mecânicas.

Marques et al. (2011) investigaram concretos com a incorporação de resíduos de

borracha vulcanizada em diferentes traços, verificando a interferência deste material

nas propriedades mecânicas do concreto. Substituiu-se parte da massa do agregado

miúdo por partículas de borracha de pneus, no teor de 7,5%. Os resultados indicaram

um desempenho mecânico satisfatório, com resistência média à compressão da ordem

de 30 MPa, o que torna este concreto utilizável em diferentes setores da construção

civil.

Cunha et al. (2011) avaliaram as dosagens de concretos adicionados de resíduo

de borracha de pneu tratados com hidróxido de sódio. Os resultados obtidos

demonstraram que a produção de concreto com pneus é viável, mas, não é

aconselhável para casos de exigência estrutural, sugerindo sua utilização em calçadas

e blocos para enchimento. Ignácio et al. (2011) analisaram o comportamento de

concretos leves com adição de fibras de borrachas inservíveis concluindo que quanto

maior a adição de fibras de borracha ao concreto , menor é o módulo de elasticidade,

além de exibir uma maior deformação antes da ruptura do que o concreto convencional.

Romualdo et al. (2011) desenvolveram um concreto com raspas de pneus inservíveis,

com consequente redução de agregado miúdo, verificando a possibilidade de implantá-

lo na fabricação de calçadas de borracha.Os resultados apresentam desvantagens em

relação à resistência à compressão, entretanto a resistência à tração e à flexão foram

satisfatórias para utilização em calçadas. Ling (2011) sugere que a substituição de

borracha em blocos de concreto não deve exceder a 10% do volume para aplicações

estruturais e 40% em volume para aplicações não estruturais.

Yesilata et al. (2011) construíram uma sala cujas paredes exteriores são

totalmente feitos com sucata de pneus na adição de concreto para a obtenção de

melhor proteção térmica. Verificou-se que a introdução de pedaços de pneus em

paredes de construção reduz a transferência de calor através deles, aumentando a

resistência térmica. Tal aplicação pode ser uma solução de elevado custo-benefício.

Recentemente Meshgin et al. (2012) estudaram os efeitos de pneus inservíveis

nas propriedades mecânica e térmica de argamassa de isolamento. Com o aumento do

44

teor de borracha, a resistência à compressão e resistência à flexão das argamassas

diminuíram. A fratura ocorreu gradualmente e suavemente, não exibindo características

de fratura frágil. Os resultados de condutividade térmica mostraram que as partículas

menores e em maiores quantidades de borracha resultaram em menor condutividade

térmica. O MEV (microscopia eletrônica de varredura) mostrou que a condição de

interface entre as partículas de borracha e o cimento é adequada.

Dado o exposto, nota-se que esses estudos visam solucionar as duas

problemáticas existentes hoje no mundo. Primeiramente a destinação adequada dos

resíduos de borracha de pneu, pois é um material de difícil reciclagem e que demora

mais de 200 anos para a sua degradação. E em segundo lugar, em paralelo, a redução

do grande consumo de recursos naturais utilizados na produção do concreto, pois a

cada ano tornam-se menos disponíveis na natureza. Dessa forma, o emprego de

resíduos de borracha de pneu em concretos e argamassas pode proporcionar uma

alternativa limpa para a reciclagem de pneus inservíveis, contribuindo para uma

construção sustentável.

2.2.7 Efeito do tamanho da partícula em compósitos cimentícios

A textura superficial das partículas influencia na trabalhabilidade, na adesividade e

na resistência. À medida que aumenta a rugosidade das partículas, há uma tendência

de perda de trabalhabilidade. Partículas irregulares ou de forma angular tendem a

apresentar melhor intertravamento entre os grãos, tanto maior quanto mais cúbica

forem as partículas e mais afiladas forem as arestas (BERNUCCI et al. 2008).

De acordo com Silva et al. (2005) o grau de arredondamento das partículas indica

a presença de arestas vivas que podem ser ilustrado na Figura 2.12, estabelecendo

seis grupos:

45

Figura 2.12: Classificação do grau de arredondamento (SILVA ET AL., 2005).

Partículas menores tendem a produzir concretos mais resistentes, mas são mais

difíceis de trabalhar e elas afetam de modo negativo o modo de elasticidade e

resistência à fluência. Tipicamente, a distribuição de tamanho das partículas do

agregado é usada com o objetivo de se ter pequenas partículas preenchendo alguns

dos espaços vazios entre as partículas maiores, como apresentado na Figura 2.13;

melhorando, dessa maneira, a interação entre as partículas do agregado (NEWELL,

2010).

Figura 2.13: Variações no Empacotamento entre:

(a) Partículas com diversos tamanhos

(b) Partículas grandes e relativamente uniformes (Newell, 2010).

46

O estudo de empacotamento de partículas pode ser definido segundo McGeary

(1961), como:

“o problema da correta seleção da proporção e do tamanho adequado dos

materiais particulados, de forma que os vazios maiores sejam preenchidos com

partículas menores, cujos vazios serão novamente preenchidos com partículas

ainda menores e assim sucessivamente”.

A Figura 2.14 ilustra o efeito da quantidade e do tamanho das partículas na

eficiência de empacotamento.

Figura 2.14: Efeito da quantidade e tamanho das partículas na eficiência do

empacotamento: a) sistema monodisperso; (b) máxima densidade de empacotamento

teórica; (c) deficiência de partículas dispersas; (d) deficiência de partículas grandes; (e)

distribuição inadequada de tamanhos de partículas (PANDOLFELLI ET AL. 2000).

Segundo Conceição (2011) o empacotamento de partículas pode ser alterado por

alguns fatores. O primeiro fator é a existência de diversas distribuições granulométricas

alterando a condição de dispersão inicial. A distribuição granulométrica do sistema

47

determina o aumento ou não da densidade de empacotamento da monodispersão,

como visto na Figura 2.14. O segundo fator importante é a morfologia das partículas,

pois quanto mais afastada do formato esférico for a partícula, menor é a densidade de

empacotamento de uma distribuição que a contenha. Á medida em que se aumenta a

concentração de partículas não esféricas, a estrutura de empacotamento é destruída e

ocorre a diminuição da densidade, resultando em maior porosidade, principalmente

quando as partículas apresentam tamanhos similares.

A porosidade interna das partículas é outro fator complicador na obtenção de

empacotamentos ótimos, pois ela altera a densidade de um material. As partículas

podem ser totalmente densas, com porosidade interna fechada ou com porosidade

aberta, como na Figura 2.15. Para se obter um empacotamento de máxima densidade

para uma dada distribuição granulométrica, é necessário que se utilizem partículas

densas e com a menor porosidade possível (CONCEIÇÃO, 2011).

Figura 2.15: Representação esquemática das formas de poros que podem ocorrer

nas partículas: (a) partícula densa (isenta de poros); (b) partícula com poro interno

fechado; (c) partículas com poros abertos (PANDOLFELLI ET AL. 2000).

A distribuição granulométrica ou a sequência de preenchimento dos vazios

existentes entre as partículas é o fator que determina o aumento ou não da densidade

de empacotamento da monodispersão. Empacotamentos com menor porosidade

podem ser obtidos se os vazios existentes entre as partículas de uma dispersão forem

preenchidos por partículas menores que os mesmos. Porém, caso sejam introduzidas

partículas maiores que os vazios existentes, essas promoverão o surgimento de novos

vazios, levando a um aumento na porosidade e redução da eficiência do

empacotamento. Segundo Conceição (2011), através de controle da distribuição

48

granulométrica é possível otimizar a densidade de empacotamento em sistemas

compostos por partículas não esféricas.

A granulometria, módulo de finura, é outro fator que garante o empacotamento

ótimo das partículas de aglomerantes. A quantidade e tipo de agregado desempenham

um papel importante na trabalhabilidade do concreto fresco, uma vez que os agregados

possuem um efeito fundamental na reologia do concreto, aumentando

consideravelmente tanto a viscosidade plástica quanto a tensão de escoamento.

Para obtenção de misturas com elevadas densidades de empacotamento, tem-se

também o fator efeito pared, no empacotamento de partículas pequenas (finas) na

superfície de partículas maiores (grossas). Onde a relação entre os diâmetros efetivos

das partículas seja tal que permita a uma partícula fina considerar a superfície de

contato com a partícula grossa como praticamente plana (parede), a porosidade na

região próxima à superfície das partículas grossas será maior que no restante do

volume.

2.2.7.1 Efeito do tamanho da partícula de borracha de pneus em compósitos

Inúmeros estudos estão sendo realizados em busca de verificar os efeitos

causados através da substituição de tamanhos variados de agregados por partículas de

pneus na mistura de concretos e argamassas. Em geral, a maioria destes estudos

relata que a adição de borracha ao concreto ou argamassa é capaz de mudar as

características dos mesmos, provocando um aumento no seu comportamento elástico,

mas reduzindo a sua resistência à compressão, quando o tamanho e proporção da

partícula de borracha são aumentados.

Segundo Ganjian et al (2009), três categorias gerais de borracha de pneu

descartado têm sido considerados como:

Borracha lascada ou em pedaços é usada para substituir o cascalho. Para

produzir esta borracha, deve-se rasgar o pneu em duas fases. Ao final da primeira fase

a borracha tem comprimento de 300-430 mm e largura de 100-230 mm. Na segunda

fase sua dimensão muda para 100-150 mm por corte. Se o retalhamento continuar, as

partículas produzidas chegam até 13-76 mm sendo chamadas de partículas desfiadas

ou tiras.

49

Borracha granulada ou migalhada é usada para substituir a areia. É

fabricada por moinhos especiais onde borrachas grandes transformam-se em partículas

pequenas. Nessa produção, diferentes tamanhos de partículas de borracha podem ser

produzidas dependendo do tipo de moinho usado e temperatura gerada. Em um

método simples, partículas são feitas com alta irregularidade na escala de 0,425-4,75

mm.

Borracha sedimentada ou moída pode ser substituida ao cimento e é

dependente de um equipamento para redução de tamanho. Os pneus usados são

transformados e submentidos a duas fases de separação magnética e triagem. No

processo e micro moagem, as partículas produzidas estão na escala de 0,075 – 0,475

mm.

O formato alongado do resíduo da borracha de pneu e sua superfície áspera

contribuem para o aprisionamento de bolhas de ar; consequentemente, os traços com

a adição de borracha apresentam um aumento na porcentagem de ar incorporado dos

concretos (FAZZAN ET AL., 2011).

Panzera et al. (2009) estudaram o efeito do tamanho de partícula de borracha na

densidade aparente, porosidade e resistência à compressão. Constatou-se que o fator

de empacotamento das partículas menores é superior às partículas maiores por causa

da forma mais arredondada das partículas. O aumento da fração de borracha promove

a diminuição da densidade dos compósitos. A quantidade de poros formados em torno

das partículas maiores é maior do que em torno das partículas menores, devido ao

fator de empacotamento que nas partículas menores é mais elevado, observando-se

uma grande quantidade de borracha por área, e em consequência diminuindo a

porosidade aparente do compósito. E finalmente concluíram que a resistência à

compressão está correlacionada com a distribuição de poros, ocorrendo redução com o

aumento de partículas de borracha.

Mavrolidou e Figueiredo (2010) investigaram a influência do tamanho das

partículas de borracha nas propriedades de compósitos cimentícios. Notaram que a

densidade reduziu tanto para partículas finas como para partículas grossa; esperava-se

esta redução da densidade devido à baixa massa específica das partículas de

borracha, podendo ser uma característica desejável em um número de aplicações,

50

incluindo aplicações de arquitetura, tais como fachadas falsas, construção interior, bem

como blocos de concreto pré-moldado e lajes.

Khalilitabas (2011) relata que uma melhor resistência do concreto com resíduos

de borracha foi alcançada quando a borracha em pó foi usada para substituir o

agregado fino. Além disso, o teor de borracha não deve exceder 10% em peso de

agregado fino. Com essas melhorias, o concreto emborrachado pode ser utilizado em

aplicações de construção. Para o concreto ser aplicado como um novo material

estrutural, ou utilizado como semi ou não-estrutural, os seus outros aspectos

comportamentais, tais como a sua durabilidade, deve ser investigados.

Meshgin et al. (2012) reportaram que a condutividade térmica da argamassa

depende não só da fração de volume das partículas de borracha mas também do

tamanho médio das partículas. Quanto menor for o tamanho de partícula da borracha,

menor será a condutividade térmica da argamassa com resíduos de borracha.

A partir desta revisão da literatura pode-se concluir que a adição de diferentes

tamanhos de partículas de borracha no concreto ou argamassa é capaz de mudar as

características dos mesmos, provocando um aumento no seu comportamento elástico,

mas reduzindo a sua resistência à compressão quando o tamanho de partícula de

borracha é aumentada.

2.2.8 Efeito da quantidade de água em compósitos cimentícios

A razão água-cimento exerce a maior influência sobre a resistência e a

durabilidade do concreto. Quando a razão água-cimento é alta, um gel úmido é

produzido, resultando em um concreto de baixa resistência e muito suscetível ao tempo

(NEWELL, 2010). De acordo com a norma ABNT NBR 6118 (2004), a relação

água/cimento em massa deve ser de, no máximo, 0,65 para concretos. Haach et al.

(2011) observaram a influência da relação a/c na trabalhabilidade e nas propriedades

de argamassas endurecidas. Verificaram-se que com o aumento da relação a/c, a

consistência da argamassa aumentou, em contrapartida todas as propriedades

avaliadas no estado endurecido diminuíram.

A Figura 2.16 ilustra superfícies de corpos de prova de argamassa com relação

a/c igual 0,4 em comparação com corpos de prova de argamassa com relação a/c igual

51

0,8. Pode-se notar que com a relação menor, a quantidade de água necessária não foi

suficiente para hidratação do cimento com partículas. A relação água/cimento, neste

caso, define a estrutura da pasta.

Figura 2.16: (a) Corpo de prova com w/c = 0,8; areia fina.

(b) Corpo de prova com w/c = 0,4; areia grossa (HAACH et al 2011).

Tung-Chai Ling (2011) relata que a água suficiente em uma mistura ajuda na

redução de vazios macroscópicos retidos, mas o excesso de água aumenta vazios

microscópicos capilares. Embora com a diminuição do teor de água possa resultar no

melhor empacotamento das partículas de cimento, isto pode aumentar a dificuldade de

expelir vazios de ar devido à associada redução em lubrificação e mobilidade.

Segundo Campiteli (1987) o papel da água no interior da pasta de cimento

endurecida é de grande importânica, uma vez que influencia na porosidade e

consequentemente as propriedades são alteradas, como apresentada na Tabela 2.4.

Tabela 2.4: Relações entre a porosidade e as propriedades da pasta de cimento

endurecida.

Poros Papel da água Propriedades da

pasta afetada

Capilares grandes Mantida como água livre 1- Resistência

2- Permeabilidade

Capilares médios Gera forças de moderada

tensão superficial

1- Resistência 2- Permeabilidade

3- Retração sob altas umidades

Capilares pequenos Gera forças de forte tensão

superficial Retração a 50% de

umidade relativa

Microporos Água fortemente adsorvida,

não forma menisco. 1 – Retração

2 – Deformação lenta

Micropores “interlamelares”

Água estrutural envolvida em ligações

1 – Retração 2 – Deformação lenta

Fonte: Campiteli, 1987.

52

Segundo a Lei de Abrams a resistência é inversamente proporcional à porosidade

e ao consumo de água em concretos. A quantidade de água absorvida por um material

está associada ao índice de vazios presentes em sua microestrutura, que, por sua vez,

determina a permeabilidade do material (QUARCIONI ET AL., 2009).

Assim é evidente que uma menor quantidade de água será necessária para obter

um cimento ou argamassa com excelente trabalhabilidade e melhores propriedades

mecânicas. Lembrando que a maioria dos defeitos causados nas propriedades

mecânicas de um concreto é devido ao excesso de água. Por outro lado, cabe ressaltar

que a escassez de água no sistema pode ser insuficiente para hidratar o cimento e por

sua vez, reduzindo a resistência mecânica do material. Assim, o uso de aditivos

químicos em produtos cimentícios visa à redução da relação a/c, permitindo uma boa

trabalhabilidade e correta hidratação.

2.2.9 Aditivos Superplastificantes em compósitos cimentícios

Um concreto ou argamassa com baixa porosidade, no qual as partículas estão

densamente empacotadas, apresentam propriedades mecânicas e durabilidade

superiores, contudo uma baixa relação água/cimento e consequentemente uma menor

trabalhabilidade é alcançada. Entretanto, para correta aplicação, um produto cimentício

necessita de muito mais água do que apenas para a hidratação do cimento, o que

resulta em certa porosidade no concreto endurecido, reduzindo o potencial de suas

propriedades mecânicas e facilitando a degradação desse material. Neste caso então,

o emprego de aditivos é considerado a solução mais adequada. Pela adição de

pequenas quantidades de aditivos pode-se diminuir consideravelmente a quantidade de

água necessária para a obtenção da trabalhabilidade desejada e, consequentemente,

reduzindo a porosidade e melhorando a durabilidade do concreto. Os aditivos são um

meio suplementar para melhorar a qualidade do concreto.

De acordo com a ABNT NBR 11768 (1992) aditivos são produtos que adicionados

em pequena quantidade a produtos cimentícios modificam algumas propriedades, no

sentido de melhor adequá-las a determinadas condições.

53

Os aditivos são encontrados tanto no estado sólido como no estado líquido.

Porém no estado líquido torna-se mais comum, uma vez que um líquido pode ser

dispersado mais rapidamente de modo uniforme durante a mistura do concreto.

Dosadores adequadamente calibrados são usados, sendo os aditivos descarregados

na água de amassamento, geralmente durante a parte final da descarga da água

(NEVILLE, 1997).

Hoje os aditivos já são parte integrante de concretos e argamassas e suas

vantagens podem ser observadas em função dos inúmeros benefícios oferecidos por

eles, entre os quais se podem citar maiores viabilidade e agilidade de execução pelo

uso de concretos mais fluidos e capacidade de atender a classe de resistência e

durabilidade maiores com viabilidade técnica e econômica (HARTMANN, 2003).

No Brasil, a classificação dos aditivos para serem utilizados em concretos de

cimento Portland é dada pela ABNT NBR 11768 (1992) como:

Tipo P – (aditivo plastificante) produto que aumenta o índice de consistência

do concreto mantida a quantidade de água de amassamento ou que possibilita a

redução de, no mínimo, 6% da quantidade de água de amassamento para produzir um

concreto com determinada consistência.

Tipo R – (aditivo retardador) produto que aumenta os tempos de início e fim

de pega do concreto.

Tipo A – (aditivo acelerador) produto que diminui os tempos de início e fim

de pega do concreto, bem como acelera o desenvolvimento das suas resistências

iniciais.

Tipo PR – (aditivo plastificante retardador) produto que combina os efeitos

dos aditivos plastificantes e retardador.

Tipo PA – (aditivo plastificante acelerador) produto que combina os efeitos

dos aditivos plastificantes e acelerador.

Tipo IAR – (aditivo incorporador de ar) produto que incorpora pequenas

bolhas de ar ao concreto.

Tipo SP – (aditivo superplastificante) produto que aumenta o índice de

54

consistência do concreto mantida a quantidade de água de amassamento ou possibilita

a redução de, no mínimo, 12% da quantidade de água de amassamento, para produzir

um concreto com determinada consistência.

Tipo SPR – (aditivo superplastificante retardador) produto que combina os

efeitos dos aditivos superplastificantes e retardador.

Tipo SPA – (aditivo superplastificante acelerado) produto que combina os

efeitos dos aditivos superplastificantes e acelerador.

Os aditivos, conforme suas características proporcionam aos concretos e

argamassas as seguintes vantagens (BAUMGART, 1999):

Aumento da trabalhabilidade, sem aumento do consumo de água;

Redução do consumo de água, mantendo a mesma trabalhabilidade:

maiores resistências;

Redução da água e do cimento, na mesma proporção, mantendo a mesma

trabalhabilidade e as mesmas resistências originais;

Aumento das resistências iniciais;

Retardação ou aceleração da pega;

Redução da exsudação;

Aumento da durabilidade frente à ação físico-química;

Redução do coeficiente de permeabilidade;

Controle da expansão causada pela reação álcali/agregado;

Anulação da retração ou leve expansão;

Redução da segregação;

Penetração do concreto em ferragens densas;

Melhor bombeabilidade;

Aumento da aderência do concreto à ferragem;

Melhor aspecto e acabamento;

Ausência de trincas e fissuras;

Correção da deficiência de finos no traço;

Possibilidade de concretagens em temperaturas elevadas e

Redução no custo unitário do concreto.

55

De acordo com Garcez (2008), o uso de superplastificantes em pastas de cimento

sujeitas a diferentes métodos de cura leva a um decréscimo do volume total de poros e

ao refinamento da estrutura de poros das pastas hidratadas. O refinamento de poros,

além da redução de seu volume, diminui a permeabilidade e aumenta a resistência,

permitindo a obtenção de concretos muito mais duráveis.

De acordo com a ABNT NBR 11768 (1992), os aditivos superplastificantes (tipo

SP), também chamados de aditivos redutores de água de alta eficiência pela norma

americana ASTM C-494 (1992), são definidos como os produtos que aumentam o

índice de consistência do concreto, mantendo-se a quantidade de água de mistura

constante, ou ainda, como aqueles que possibilitam a redução mínima de 12% da água

de mistura na produção de um concreto com uma dada consistência.

Os aditivos superplastificantes são polímeros orgânicos hidrossolúveis - com

moléculas longas e de massa molecular elevada - obtidos sinteticamente por meio de

um processo de polimerização complexo. A primeira geração de superplastificantes foi

baseada em condensados sulfonados de naftaleno-formaldeído e/ou condensados

sulfonados de melanina-formaldeído, dispersantes poliméricos baseados em uma única

unidade repetitiva, não permitindo grandes variações de sua estrutura molecular. Mais

recentemente introduzido no mercado nacional, uma nova geração de aditivos

superplastificantes – à base de policarboxilatos com moléculas de poliéteres pendentes

- tem se tornado mais comum (VICKERS, JR., 2005).

O peso molecular de um superplastificante é de fundamental importância para sua

eficiência na redução de água de misturas à base de cimento: polímeros com baixo

peso molecular tendem a permanecer em solução, enquanto polímeros com pesos

moleculares maiores são adsorvidos sobre as partículas de cimento, influenciando

tanto as propriedades de dispersão quanto a morfologia dos produtos da hidratação do

C3A (BONEN ET AL., 1995).

Segundo Fracalossi (2011) a dosagem adequada empregada para os aditivos

podem ser apresentadas na Tabela 2.5 abaixo.

56

Tabela 2.5: Classificação dos aditivos em função da redução de água, dosagem

típica e incremento à compressão de concretos (Fracalossi, 2011).

Tipo de aditivo Redução de água Dosagem típica Aumento de resistência

Plastificantes 5 – 10% 0,2 a 0,5% ≈ 10%

Polifuncionais 8 – 18% 0,4 a ,10% ≈ 25%

Superplastificante 15 – 40% 0,6 a 2,0% ≈ 25%

Para a visualização da influência dos aditivos sobre a hidratação do cimento, um

esquema representando a evolução da hidratação do cimento ao longo do tempo é

apresentado na Figura 2.17, onde são identificados cinco estágios distintos da

hidratação: I - Reação inicial (pré-indução), entre 0 e 15 min; II - Período de indução,

entre 15 min e 4 h; III - Período de aceleração, entre 4 e 8 h; IV - Período de

desaceleração e endurecimento, entre 8 e 24 h; V - Período de reação lenta e contínua

(difusão), entre 1 e 28 dias.

Figura 2.17: Adaptação de uma representação gráfica da hidratação do cimento

pelo método da calorimetria (CASTRO E PANDOLFELLI, 2009).

As etapas mais importantes são I, II e III em que o superplastificante influencia o

processo de hidratação. No estágio I, a presença do superplastificante, que interfere

nos processos de nucleação e/ou crescimento dos produtos de hidratação, influência a

taxa da reação de hidratação, os produtos da reação ou ambos. No estágio II, a

quantidade de íons sulfato (SO42-

) disponível é que determina o comportamento do

sistema cimentício, particularmente suas propriedades reológicas e seu tempo de início

de pega. No estágio III, pode-se verificar uma situação de auto-inibição no

comportamento da hidratação do cimento, explicada pelos fenômenos que ocorreram

nos estágios I e II desse processo (CASTRO E PANDOLFELLI, 2009).

57

Assim, a adsorção das moléculas de superplastificante sobre as fases da

hidratação tem duas consequências positivas: os germes carregados

eletrostaticamente participam da repulsão eletrostática, evitando a aglomeração; e o

crescimento das longas agulhas de etringita, que normalmente diminuem a capacidade

de escoamento de uma mistura à base de cimento, é retardado (PRINCE, 2002). O

aditivo superplastificante proporciona melhor homogeneidade e distribui mais

uniformemente os espaços entre os grãos (HARTMANN, 2003).

Aditivos tem se tornado uma parte tão integrante do concreto que, no futuro

próximo, a definição do concreto deve ser revisada para incluir aditivo como um

componente primário do concreto. Aditivos podem certamente melhorar as

propriedades de um concreto, mas não se deve esperar que eles compensem a baixa

qualidade dos ingredientes ou um pobre proporcionamento (combinação dos

componentes) (METHA E MONTEIRO, 1994).

58

CAPÍTULO 3

Metodologia Experimental

3.1 Materiais

Os compósitos particulados em estudo são argamassas constituídas de uma fase

matriz cerâmica (cimento Portland), uma fase dispersa composta por partículas de

quartzo e/ou partículas de borracha de pneus, com e sem aditivo químico e água. As

matérias-primas serão detalhadas nas seções subsequentes.

3.1.1 Fase Matriz Cerâmica – Cimento Portland

O cimento em estudo trata-se do CPV - ARI Plus, fabricado pela Holcim de Pedro

Leopoldo, Minas Gerais. A fabricação dos compósitos utilizou o mesmo lote de cimento,

com o intuito de evitar variações da composição química e por sua vez afetar o

comportamento mecânico dos mesmos.

A escolha por este tipo de cimento Portland se deu por se tratar de um material

com alta resistência inicial, apresentar pouco teor de adição, e possuir ausência de

pozolana sendo recomendado para concretos e argamassas com agregados não

reativos.

3.1.2 Fase Dispersa – Partículas de Quartzo

As partículas de quartzo utilizadas neste estudo foram fornecidas pela empresa

Moinhos Gerais Ltda, localizada na cidade de Ribeirão Vermelho, Minas Gerais. Estas

partículas foram fornecidas em faixas granulométricas comumente industrializadas,

para tanto, foram peneiradas e classificadas em faixas granulométricas conforme

previsto na norma ABNT NBR 7211 (2005). Cabe ressaltar que as partículas de quartzo

foram substituídas pela adição de partículas de borracha respeitando a mesma faixa

59

granulométrica do compósito cimentício. A faixa granulométrica utilizada na preparação

dos compósitos será discutida na seção 3.2.

3.1.3 Fase Dispersa – Resíduos de borracha de pneu

A borracha utilizada como fase dispersa foi raspas obtidas de decapagem de

pneus automotivos durante o processo de recauchutagem (Figura 3.1). As partículas

resultantes apresentam formatos e tamanhos diversos.

Figura 3.1: (a) Processo de raspagem, uma das etapas de reparo para

recauchutagem de pneus; (b) Partículas de borracha de pneus.

Os resíduos de borracha foram fornecidos pela empresa Mantiqueira

Recauchutadora e Comércio de Pneus Ltda. situada na cidade São João Del Rei,

60

Minas Gerais. Os resíduos de pneus coletados passaram pelo processo de lavagem

com água a fim de retirar impurezas como poeira, fios de nylon e fios de aço. Em

seguida os resíduos foram secados em estufa a temperatura de 50°C por 24h. Após a

secagem as partículas foram peneiradas e classificadas em faixas granulométricas

conforme previsto na ABNT NBR 7211 (2005). As mesmas não receberam qualquer

tratamento antes da utilização. A Figura 3.2 mostra o processo de lavagem e secagem

dos resíduos de borracha.

Figura 3.2: (a) Processo de lavagem; (b) Processo de secagem.

3.1.4 Aditivo Superplastificante

O aditivo superplastificante utilizado neste trabalho foi o Sika ViscoCrete® 6500,

fornecido pela empresa Sika SA, situado em São Paulo. O Viscocrete 6500 tem como

objetivo proporcionar a argamassa um aumento da trabalhabilidade, promovendo

maiores resistências sem o aumento da quantidade de água. Este aditivo atende aos

requisitos da norma ABNT EB 1763, 1992 (Tipo SP). O Sika ViscoCrete® 6500 permite

uma alta taxa de redução de água, mantendo uma excelente fluidez e uma ótima

coesão da massa por um período de tempo maior em relação a outros

superplastificantes, permitindo a confecção de concretos e argamassas com altíssima

fluidez, auto-adensável e com baixas relações a/c.

61

3.1.5 Água

A reação química do cimento com a água é fundamental para fornecer resistência,

durabilidade, trabalhabilidade, impermeabilidade em pastas cimentícias.

A trabalhabilidade de concretos e argamassas depende principalmente da relação

água/cimento (ou fator água/cimento), relação entre o peso da água e do cimento

empregados na mistura. A norma ABNT NBR 6118 (2004) recomenda uma relação

água/cimento variando entre 0,45 a 0,65 (Kg/Kg) para concreto.

3.2 Distribuição granulométrica

O equipamento utilizado para separação segundo o tamanho geométrico das

partículas foi o peneirador mecânico (Figura 3.3). As peneiras, previamente limpas,

foram encaixadas de modo a formar um único conjunto de peneiras, com abertura de

malha em ordem crescente da base para o topo (1,18 mm – 600 µm; 600 µm – 300 µm;

300 µm – 150 µm; fundo).

As aberturas das peneiras são relacionadas ao número de malhas (mesh) que

representa o número de aberturas de uma mesma dimensão contida num comprimento

de 25,4 milímetros ou 1 polegada. O material retido na tela da peneira é denominado

oversize e o passante, undersize.

62

Figura 3.3: Peneirador mecânico com série de peneiras ABNT.

Após o peneiramento as partículas foram separadas em classes: partículas

grossas (1,18 mm – 600 µm), médias (600 µm – 300 µm), e finas (300 µm – 150 µm). A

Figura 3.4 exibe as fotos das partículas de quartzo e borracha nas faixas

granulométricas grossa (a), média (b) e fina (c).

Figura 3.4: Partículas de borracha e quartzo: (a) grossa, (b) média, (c) fina.

As dosagens de cimento, partículas de borracha e quartzo foram avaliadas em

porcentagens de massa. A proporção em massa (%) foi discretizada baseada na norma

63

ASTM C114(2011). A incorporação da borracha se dará em substituição à porcentagem

de quartzo como exibido na Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Porcentagem e faixa granulométrica das partículas dos agregados.

Discretização das

distribuição granulometrica

Proporção em massa (%) Faixas granulométricas

Grossa 30 [16-30 US -Tyler] / 1180 µm –

600 µm

Média 50 [30-50 US -Tyler] / 600 µm –

300 µm

Fina 20 [50-100 US -Tyler] / 300 µm –

150 µm

3.3 Densidade de Empacotamento das Partículas

É por meio da massa unitária que são feitas as transformações de massa para

volume e vice-versa. Para a obtenção da massa específica absoluta utilizou-se um

recipiente graduado com uma balança. As partículas de agregados secas em estufas

foram colocadas no recipiente, logo após, o recipiente foi pesado com o agregado nele

contido para a determinação da massa. O volume de 200 cm3

foi fixado para todas as

medições. Assim, a densidade de empacotamento foi determinada pelo quociente entre

massa e volume de todos os materiais utilizados na confecção dos corpos de prova.

Vale ressaltar que o teste foi realizado em triplicata, calculando o valor médio.

3.4 Densidade aparente das Partículas

A empregabilidade deste ensaio é para analisar a densidade aparente do material,

ou seja, é possível corrigir o valor de densidade excluindo o volume de poros abertos .

Um ensaio de picnometria a gás foi realizado a fim de determinar as densidades

aparentes das partículas de quartzo e borracha investigadas, permitindo assim uma

comparação entre elas. O picnômetro a gás da Micromeritics modelo AccuPyc 1330 foi

utilizado na realização das medições (Figura 3.5).

64

Figura 3.5: Picnômetro a gás.

3.5 Planejamento estatístico fatorial de experimentos: fatores e níveis

experimentais

A escolha dos fatores e níveis experimentais deste trabalho foi baseada em

resultados de artigos publicados recentemente. Dentre os fatores de maior relevância e

possíveis de serem controlados, escolheram-se três, dentre eles: substituição de

partículas de quartzo por partículas de borracha de pneu, relação água/cimento e

adição de aditivo químico superplastificante para analisar melhorias das propriedades

dos compósitos cimentícios. O teor de água foi adicionado em função da massa de

cimento presente na mistura. Os fatores mantidos constantes no experimento foram: a

fase matriz, ou seja, o cimento Portland, o tempo de mistura (5 min), o tempo de cura

(28 dias) e a temperatura ambiente (~25oc) de fabricação. A Tabela 3.2 exibe os fatores

e níveis experimentais investigados neste trabalho.

65

Tabela 3.2. Fatores e Níveis experimentais investigados.

Fatores experimentais Níveis experimentais

Substituição de quartzo por borracha 100%Quartzo Grossa Média Fina

Grossa/Média Média/Fina 0%Quartzo

Relação água/cimento 0,40 0,50

Aditivo químico superplastificante Sem Com

O planejamento fatorial completo foi adotado no experimento, ou seja, todas as

combinações possíveis dos fatores e níveis experimentais foram fabricadas e

ensaiadas. O planejamento fatorial do tipo 712

12

1 foi utilizado, fornecendo 28

combinações experimentais distintas, conforme exibido na matriz de planejamento da

Tabela 3.3.

O método de aleatorização foi adotado na etapa de preparação dos corpos de

prova, como também na etapa de realização dos ensaios, permitindo uma ordenação

arbitrária das condições experimentais, evitando que efeitos de fatores não-controlados

pudessem afetar as variáveis-respostas.

Tabela 3.3 - Condições experimentais, planejamento fatorial completo (712

12

1).

Condições

experimentais

Substituição de

partículas

quartizo (%) Relação água/cimento Aditivo (%)

C1 0 0,4 0

C2 0 0,4 0,50

C3 0 0,5 0

C4 0 0,5 0,50

C5 30 (G) 0,4 0

C6 30 (G) 0,4 0,50

C7 30 (G) 0,5 0

C8 30 (G) 0,5 0,50

C9 50 (M) 0,4 0

C10 50 (M) 0,4 0,50

C11 50 (M) 0,5 0

C12 50 (M) 0,5 0,50

66

Continuação da Tabela 3.3

Condições

experimentais

Substituição de

partículas

quartizo (%) Relação água/cimento Aditivo (%)

C13 20 (F) 0,4 0

C14 20 (F) 0,4 0,50

C15 20 (F) 0,5 0

C16 20 (F) 0,5 0,50

C17 80 (G/M) 0,4 0

C18 80 (G/M) 0,4 0,50

C19 80 (G/M) 0,5 0

C20 80 (G/M) 0,5 0,50

C21 70 (M/F) 0,4 0

C22 70 (M/F 0,4 0,50

C23 70 (M/F 0,5 0

C24 70 (M/F 0,5 0,50

C25 100 0,4 0

C26 100 0,4 0,50

C27 100 0,5 0

C28 100 0,5 0,50

G = Partículas Grossas; M = Partículas Médias e; F = Partículas Finas.

O cálculo do número de corpos de prova a serem fabricados foi baseado na

quantidade de ensaios destrutivos e não destrutivos a serem realizados, levando em

consideração a adoção de duas réplicas e 28 condições experimentais. O número

mínimo de 7 corpos de prova atenderia a realização dos ensaios não-destrutivos (3

CP’s) e destrutivos (4CP’s) para cada condição por réplica. Finalmente, 392 corpos de

prova foram preparados para serem analisados.

A réplica consiste na repetição da condição experimental, proporcionando a

estimativa do erro experimental de uma resposta individual. A extensão desse erro é

importante na decisão se existem ou não efeitos significativos que possam atribuir à

ação dos fatores (WERKEMA, 1996).

67

3.6 Fabricação dos corpos de prova

O procedimento de obtenção dos corpos de prova iniciou-se com a disposição das

matérias-primas classificadas, pesagem e acondicionamento em embalagens

adequadas, como mostra a Figura 3.6.

Figura 3.6: Materiais para estudo de dosagem

A preparação da mistura para fabricação dos corpos de prova, como também os

procedimentos de cura, seguiram as recomendações da norma ABNT NBR 5738

(1994), a fim de manter uma pequena variabilidade no processo de fabricação.

O processo de fabricação foi o adensamento manual, o qual se mostrou bastante

adequado por não demandar equipamentos complexos, diminuindo o custo de

fabricação.

Com base nos trabalhos relatados no capítulo de Revisão bibliográfica, as

proporções mais usuais de cimento e agregado miúdo na argamassa, variam entre

1:1,5 e 1:3 e a relação água/cimento entre 0,38 e 0,48, essa relação afeta diretamente

a porosidade da pasta de cimento endurecida, ou seja quanto menor a porosidade,

maior a resistência mecânica. Um ensaio preliminar foi realizado com os corpos de

prova C1 e C28 (condições extremas) a fim de verificar a trabalhabilidade dos

68

compósitos. Com base nestes resultados preliminares, estabeleceu-se a relação

cimento/agregado constante de 1:3, e a relação água/cimento nos níveis de 0,4 e 0,5.

Os componentes da argamassa, cimento Portland, partículas de quartzo e/ou

partículas de borracha, água e superplastificante foram misturados manualmente (ver

Figura 3.7).

Figura 3.7: Preparação e mistura dos componentes para obtenção dos corpos de

prova.

Após o procedimento de mistura, o material foi vazado em moldes cilíndricos

poliméricos (tubos de PVC) para obtenção dos corpos de prova. O óleo mineral

(vaselina líquida) foi utilizado como desmoldante para facilitar a retirada dos corpos de

prova após o período de cura. Estes moldes foram colados com silicone em uma placa

de vidro para evitar perda de água (Figura 3.8), além disso, após o vazamento os

mesmos foram mantidos dentro de um saco plástico fechado.

69

Figura 3.8: Moldes poliméricos

O tempo de mistura (~5 min) e de vibração (~5 min) foram mantidos constantes,

garantindo a homogeneidade dos corpos de prova. O processo de vibração visa uma

melhor compactação do compósito, eliminado possíveis bolhas internas garantindo um

material sólido sem imperfeições. Todos os corpos de prova foram vibrados com uma

frequência de 1,5 Hz (Figura 3.9).

Figura 3.9: Processo de fabricação dos corpos de prova.

70

Após o período de cura de 28 dias, os corpos de prova foram retirados do molde

polimérico. Este procedimento foi realizado através do corte longitudinal do tubo PVC

usando uma máquina Makita Bosch (GWS 8-115Z), permitindo assim a partição do

molde e retirada do material sem danificação.

Os diâmetros dos corpos de prova são equivalentes ao diâmetro interno dos tubos

PVC, aproximadamente 47,5 mm. Uma máquina de policorte foi utilizada para cortar os

corpos de prova, garantindo assim o paralelismo e uma altura padrão de 95 mm,

equivalente a duas vezes a dimensão do diâmetro. A Figura 3.10 exibe uma imagem de

todas as condições experimentais.

Figura 3.10: Compósitos cimentícios com/sem borracha (C1 a C28).

3.7 Variáveis respostas

As variáveis respostas investigadas neste trabalho foram: densidade volumétrica e

aparente, porosidade aparente, absorção de água, permeabilidade, resistência à

compressão, módulo de elasticidade estático na compressão.

71

3.7.1 Densidade volumétrica

A densidade volumétrica de um material pode ser determinada por meio da

relação existente entre a massa e o volume do corpo de prova seco. Dependendo da

geometria do corpo de prova, a densidade volumétrica pode ser expressa conforme a

Equação 3.1.

(3.1)

Em que:

ρv é densidade volumétrica (g/cm3);

m é massa do corpo de prova (g);

V é volume do corpo de prova (cm3).

A densidade volumétrica mede o grau de concentração de massa em determinado

volume. Os equipamentos utilizados na determinação da densidade volumétrica dos

corpos de prova foram: uma balança de precisão modelo BL 3200H (d= 0,001 g e e=

0,1) para medição da massa e um paquímetro digital modelo Starret 727 (0,01

mm/.0005”) para efetuar a medição indireta do volume do corpo de prova, que sendo

cilíndrico tem seu volume dado pela Equação 3.2.

(3.2)

Sendo:

R é o raio da base (cm);

h é a altura do cilindro (cm).

72

3.7.2 Densidade Aparente

A densidade aparente considera o volume do material levando em conta os poros

abertos presentes, sendo inferior ao volume determinado pela medição indireta das

dimensões do corpo de prova no cálculo da densidade volumétrica.

A densidade aparente pode ser determinada de acordo com a norma britânica BS

10545-3 (1997), por meio do princípio de Arquimedes. Este princípio diz que um corpo

imerso em um fluido sofre um empuxo igual ao peso do volume de fluido deslocado

pelo corpo. A densidade do corpo é igual à razão entre seu peso e o empuxo do fluido

sobre ele. Desta forma, a densidade aparente pode ser calculada a partir da Equação

3.3.

(3.3)

Em que:

ρa é a densidade aparente do material (g/cm3);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

V1 é o volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água (cm3).

O volume V1 (m

3) é determinado pela Equação 3.4, considerando a densidade da

água como sendo 1000 kg/m3.

(3.4)

Sendo:

m2 é a massa da amostra saturada com água (g);

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

A saturação dos corpos-de-prova, onde a água deve penetrar nos poros do

material, foi garantida por meio da aplicação de vácuo (1bar) em uma cúpula

envolvendo o recipiente contendo os corpos-de-prova submersos. A Figura 3.11 mostra

a montagem da cúpula juntamente com o manômetro e a bomba de vácuo utilizados

73

para manter os corpos-de-prova sobre pressão constante, durante o período de 24

horas. A Figura 3.12 ilustra a etapa de pesagem do material submerso.

Figura 3.11: Montagem de sistema para saturação de água nas amostras

Figura 3.12: Pesagem do material submerso.

3.7.3 Porosidade Aparente

A porosidade aparente é definida pela relação entre o volume de poros abertos e

o volume externo do corpo de prova, determinada de acordo com a norma britânica BS

10545-3 (1997), por meio do princípio de Arquimedes.

A porosidade aparente pode ser calculada a partir da Equação 3.5 que está em

função da medição das massas do corpo de prova seco, saturado e submerso em

água. O numerador do segundo termo da Equação 3.5 expressa o volume de poros

acessíveis (abertos), sendo dado pela diferença entre a massa do corpo de prova

saturado (m2) e a massa do corpo de prova seco (m1). O volume da porção

74

impermeável do corpo de prova (denominador da Equação 3.5) é dado pela diferença

entre as massas da amostra seca (m1) e submersa (m3), respectivamente.

(3.5)

Sendo:

m1 é a massa do corpo de prova seco (g),

m2 é a massa da amostra saturada de água (g) e

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

3.7.4 Absorção de Água

A absorção de água de um material é definida pelo percentual de água absorvida

por um corpo de prova após a imersão em água sobre pressão negativa constante,

conforme descrito na determinação da densidade e porosidade aparentes. A Equação

3.6 mostra o cálculo desta variável resposta.

(3.6)

Sendo:

Ab é a absorção de água (%);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g); e

m2 é a massa do corpo de prova saturado (g).

3.7.5 Permeabilidade

A permeabilidade pode ser definida como a facilidade que um fluido percola um

material poroso sob a ação de uma pressão diferencial. A permeabilidade é a

75

propriedade que permite com maior ou menor facilidade a taxa de fluxo de um fluido

para o interior de um sólido poroso.

O método descrito por Cabrera e Lynsdale (1988) consiste em fazer o oxigênio

pressurizado fluir através da amostra, a qual é completamente selada por um tubo de

silicone contido em um cilindro de aço. A vazão é mensurada por um bolhômetro após

entrar em regime permanente (em torno de 30 minutos após começo do experimento).

A permeabilidade intrínseca pode então ser calculada pela equação (3.7) (CABRERA E

LYNSDALE, 1988; CABRERA E CLAISSE, 1999). A equação abaixo leva em conta a

compressibilidade e a viscosidade do oxigênio, assim como as unidades selecionadas.

(3.7)

Sendo:

k é a permeabilidade intrínseca (m2/s),

L é o comprimento da amostra (m),

Q é a vazão (cm3/s),

A é a área transversal da amostra (m2) e

P1 é a pressão absoluta aplicada (bar).

P2 é a pressão à qual a vazão é medida (bar).

As peças que constituem o permeâmetro são: uma fonte de oxigênio, uma célula

que restringe o fluxo à amostra, uma vidraria para mensurar a vazão e um manômetro

conectado a entrada da célula de confinamento. O oxigênio percorre o seguinte

caminho: sai da fonte de oxigênio, percorre o duto que o dirige a célula de

confinamento, sendo neste conectado perpendicularmente um manômetro, atravessa a

amostra, percorre outro duto que o leva até ao bolhômetro. Dentro do bolhômetro o gás

encontra uma obstrução causada por uma película de bolha de saponáceo, a qual se

move até a saída da vidraria. O permeâmetro é representado pela junção do

manômetro de coluna e o bolhômetro (Figura 3.13 (a, b)) utilizados para a realização

dos ensaios.

76

Figura 3.13: (a) Manômetro de coluna d'água: detalhe dos níveis de água. (b)

bolhômetro e célula de confinamento.

O sistema de permeâmetro utilizado na realização deste experimento se encontra

no laboratório do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de

São João Del Rei. A amostra é encaixada em uma camisa de silicone e depois é

inserida na câmara de aço, evitando qualquer vazamento de gás que possa interferir

nas medições realizadas (Figura 3.14).

Figura 3.14: Sistema de vedação de gás e acoplamento da amostra no

permeâmetro.

Célula de confinamento

Anteparo do bolhômetro

Bolhômetro

Bulbo com sabão

(a) (b)

77

3.7.6 Resistência à Compressão

O ensaio de compressão mecânica foi conduzido baseado nas recomendações da

norma BS EN12390 (2003).

Os ensaios de compressão foram realizados numa máquina de ensaio universal

da marca Emic MEM 10000 com capacidade para 10000 kN, a uma velocidade de

1mm/s. Um painel de controle é usado para monitoramento da força e deslocamento da

máquina.

A Figura 3.15 exibe fotos do ensaio de compressão que foram realizados no

laboratório do departamento de engenharia mecânica da UFSJ – Universidade Federal

de São João Del Rei.

Figura 3.15: Máquina Universal de ensaio mecânico

O cálculo da resistência à compressão é determinado através da divisão do

máximo carregamento obtido no ensaio pela área superficial correspondente, equação

(3.8):

78

(3.8)

Em que:

Rc é resistência à compressão (MPa);

F é carga máxima total (N);

Ac é área da superfície de carregamento (mm2).

A resistência à compressão foi calculada individualmente para cada corpo de

prova sendo que a resistência à compressão média foi obtida pela média aritmética das

resistências individuais.

3.7.7 Módulo de Elasticidade Estático

O módulo de elasticidade representa o comportamento mecânico da deformação

do corpo de prova em função do carregamento aplicado sobre ele. Através do gráfico

tensão-deformação obtido no ensaio mecânico de compressão (Figura 3.16), o módulo

de elasticidade estático pode ser determinado.

Figura 3.16: Painel de controle para obtenção dos gráficos

O cálculo do módulo de elasticidade estático é determinado através da inclinação

da secante a curva obtida, que é determinada através da relação de Δσ e Δε, que são

as diferenças da tensão e da deformação respectivamente (Equação 3.9).

79

(3.9)

Em que:

E é módulo de elasticidade estático (Pa);

∆σ é variação da tensão;

∆ɛ é a variação da deformação.

A unidade usada no sistema internacional de medidas para expressá-lo é N/mm2,

embora a unidade Pascal (Pa) seja a mais utilizada (1 N/mm2=Pa). O valor do módulo

de elasticidade estático apresenta uma variação em função do tipo de ensaio mecânico

realizado, como também do método de medição da deformação do corpo de prova.

3.8 Análise estatística utilizando o Minitab

O software estatístico Minitab® (versão 14) foi utilizado para efetuar a análise

estatística dos resultados obtidos para os compósitos em estudo. As ferramentas DOE

(Design of experiments) e ANOVA (Análise de variância) foram utilizadas para a análise

das médias de cada réplica. Gráficos de efeitos principais e de interações foram

obtidos para os fatores estatisticamente significativos, assim como os gráficos de

resíduos para validar a metodologia.

3.9 Análise microestrutural dos compósitos

A geração de imagens em microscópio eletrônico é feita a partir de elétrons

secundários emitidos pela superfície analisada. Para isto deve-se ter atenção na

preparação das amostras: procedimentos metalográficos, metalização para amostras

não condutoras, seção de fratura, polimento seletivo, entre outros.

Devido à elevada sensibilidade deste equipamento, o método mais conveniente e

satisfatório envolve um simples recobrimento de fita de carbono na amostra, ou seja,

não é necessário o procedimento de metalização. O filme retido na superfície do

material permite um excelente espectro, proporcionando a obtenção de resultados mais

80

confiáveis. As imagens de elétrons retroespalhados e secundários proporcionarão a

identificação da distribuição de poros, tamanho de poros e partículas como também

fases de hidratação presentes. A investigação da microestrutura é de fundamental

importância para a compreensão das propriedades desenvolvidas pelo material. O

equipamento de microscopia eletrônica de bancada da marca Hitachi, modelo TM 3000

(Figura 3.17) foi utilizado na analise microestrutural dos compósitos.

Figura 3.17: Microscópio eletrônico de varredura Hitachi TM 3000.

81

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo estão apresentados os resultados da caracterização dos materiais

investigados com suas respectivas análises.

4.1 Caracterizações das fases do compósito

Os resultados da caracterização das matérias-primas utilizadas na fabricação das

condições experimentais serão apresentados nos itens subsequentes.

4.1.1. Fase matriz cerâmica - cimento Portland

As características físicas e químicas da fase matriz, cimento Portland CP-V ARI

PLUS, conforme Holcim estão de acordo com as exigências da ABNT NBR 11578

(1991) e podem ser observadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Características físico-químicas do cimento Portland CP-V.

Análise Química do Cimento Portland CP-V ARI PLUS

Componente químico Resultado NBR (ABNT)

Finura peneira 325US-Tyler 1,2 NBR 9202

Finura permeabilidade ar (Blaine) (cm2/g) 4729 NBR 7224

Tempo pega (min) NBR 11581

Início 160

Fim

230

Resistência à compressão (MPa) NBR 7215

1 dia 28,5

3 dias 43,8

7 dias 47,5

82

Continuação da Tabela 4.1

Análise Química do Cimento Portland CP-V ARI PLUS

Componente químico Resultado NBR (ABNT)

Resistência à compressão (MPa) NBR 7215

28 dias 56,3

Perda ao fogo – 1000ºC (%) 3,31 NBR 5743

Resíduo insolúvel (%) 0,67 NBR 5744

CO2 (%) 1,13 NBR 11583

SO3 (%) 2,85 NBR 5745

SiO2 (%) 19,45 NBR 5742

Al2O3 (%) 4,75 NBR 5742

Fe2O3 (%) 3,12 NBR 5742

CaO (%) 64,14 NBR 5742

MgO (%) 0,8 NBR 5742

K2O (%) 0,66 NBR 5742

Fonte: Holcim S.A. (Pedro Leopoldo)

4.1.2 Fase dispersa – partículas de quartzo

As partículas de quartzo foram classificadas nas faixas granulométricas de acordo

com a norma ASTM C144 (2011) que visa a preparação de argamassa. Os

equipamentos utilizados para a realização deste procedimento foram: o peneirador

mecânico e a sequencia de peneiras conforme Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Relação das peneiras para classificação das partículas de quartzo e

de borracha.

Partículas desejadas Peneira – Oversize (passante) Peneira – Undersize (retenção)

1180 µm 16 US Tyler ~ (1180 µm) 30 US Tyler ~ (600 µm)

600 µm 30 US Tyler ~ (600 µm) 50 US Tyler ~ (300 µm)

300 µm 50 US Tyler ~ (300 µm) 100 US Tyler ~ (150 µm)

83

A caracterização macroscópica da forma e tamanho das partículas de quartzo foi

feita através da observação das mesmas, utilizando um microscópico óptico e um

sistema de aquisição de imagens. A Figura 4.1 exibe as imagens das partículas de

quartzo identificando uma geometria angular.

(a) (b)

(c)

Figura 4.1: Imagens das partículas de quartzo com ampliação de 50X:

(a) 1180 µm; (b) 600 µm; (c) 300 µm.

Os resultados da densidade de empacotamento e aparente das partículas de

quartzo para cada faixa granulométrica estão apresentados na Tabela 4.3, os quais

estão dentro dos limites estabelecidos pela norma ASTM C144 (2011).

Tabela 4.3: Densidade de empacotamento e aparente das partículas de quartzo.

Ensaio Caracterização

Faixa Granulométrica Resultados

Densidade de

empacotamento

1180µm 1,27 g/cm3

600 µm 1,35 g/cm3

300 µm 1,28 g/cm3

1180 µm 600 µm

300 µm

84

Continuação da Tabela 4.3

Ensaio Caracterização

Faixa Granulométrica Resultados

Densidade aparente

(picnometria)

1,18mm

2,83 ± 0,45 g/cm3 600 µm

300 µm

4.1.3 Fase dispersa – partículas de borracha de pneus

As partículas de borracha foram classificadas em faixas granulométricas de

acordo com as recomendações da norma ASTM C144 (2011) ver Tabela 4.2

A caracterização macroscópica da forma e tamanho das partículas de borracha foi

feita através da observação das mesmas utilizando um microscópico óptico e um

sistema de aquisição de imagens. A Figura 4.2 exibe as imagens das partículas de

borracha, sendo possível identificar uma geometria angular de tamanho irregular, uma

vez que as mesmas são provenientes do processo de raspagem dos pneus.

(a) (b)

1180 µm 600 µm

85

(c) Figura 4.2: Imagens das partículas de borracha de pneu com ampliação de

50X: (a) 1180 µm; (b) 600 µm; (c) 300 µm.

A Tabela 4.4 exibe a distribuição granulométrica do resíduo de borracha bruto

obtido do processo de raspagem.

Tabela 4.4: Distribuição granulométrica do resíduo de borracha de pneu bruto.

Peneira (US-Tyler) Abertura (mm) Material Retido (%) Material Retido

Acumulado (%)

16 1,18 60 60

30 0,6 18 78

50 0,3 15 92

100 0,15 6 99

Fundo - 1 100

A Figura 4.3 apresenta o gráfico de distribuição granulométrica da borracha bruta.

Nota-se uma menor quantidade de partículas finas. As partículas de borracha retidas

na peneira de abertura 1,18 mm exibem uma geometria variando desde pequenos

grânulos até pequenos pedaços de fibras. A partir da peneira de abertura 0,6mm as

partículas exibem tamanho e geometria menos heterogêneos.

300 µm

86

Figura 4.3: Distribuição granulométrica da borracha bruta.

A densidade de empacotamento e aparente das partículas de borracha de pneus

estão apresentados na Tabela 4.5, as quais estão dentro dos limites estabelecidos pela

norma ASTM C144 (2011).

Tabela 4.5: Caracterização das partículas de borracha de pneu.

Ensaio Caracterização

Faixa Granulométrica Resultados

Densidade de

empacotamento

1180µm 0,32 g/cm3

600 µm 0,29 g/cm3

300 µm 0,27 g/cm3

Densidade aparente

(picnometria)

1,18mm

1,24 ± 0,11 g/cm3 600 µm

300 µm

4.1.4 Aditivo superplastificante

As características do aditivo ViscoCrete® 6500 foram cedidas pelo fabricante

Sika, ver Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Propriedades do Aditivo utilizado (Sika ViscoCrete® 6500).

Propriedades Especificações*

Composição Básica Solução de policarboxilato em meio aquoso

Efeito de Pega Abaixo do teor de saturação não retarda a pega

87

Continuação da Tabela 4.6

Propriedades Resultados*

Efeito da super dosagem Poderá haver exsudação

Dosagem 0,4 a 0,6% sobre o peso do cimento

Densidade 1,08 ± 0,02 kg/ litro

pH 5,0 ± 1,0

Cor Marrom Claro

Aspecto Líquido

*Dados fornecidos pelo fabricante: Sika

4.2 Ensaios físicos e mecânicos nos compósitos cimentícios

Este subitem exibe os resultados dos ensaios realizados nos compósitos

cimentícios, entre eles: densidade volumétrica, densidade aparente, porosidade

aparente, absorção de água, permeabilidade, resistência à compressão e módulo de

elasticidade estático.

As condições experimentais mais críticas, ou seja, com menor relação água-

cimento e maior quantidade de borracha, foram fabricadas a fim de verificar a

dispersão das partículas de borracha e possíveis defeitos de fabricação, principalmente

a segregação dos compósitos cimentícios. Constatou-se uma distribuição homogênea

das partículas de borracha e ausência de segregação (Figura 4.4). Este tipo de

comportamento também foi observado por Albano et al (2005) e Giacobbe (2008).

88

Figura 4.4: Distribuição da borracha no compósito – ausência de segregação.

Compósito com substituição total de quartzo (C28 – 100% borracha, a/c = 0,5; com

aditivo).

Os fatores relacionados a P-valor menor ou igual a 0,05 são considerados

estatisticamente significativos, ou seja, afetam significativamente a variável resposta

correspondente. Um nível de α= 0,05 é o nível de significância com a probabilidade de

95% do efeito ser significativo.

O efeito de um fator principal deve ser interpretado individualmente somente

quando não há evidências de interação com outros fatores. Segundo Werkema e

Aguiar (1996), quando uma interação de ordem mais elevada é significativa, o efeito

principal não é interpretado isoladamente e os fatores que interagem devem ser

considerados mutuamente.

O valor de R² ajustado indica a qualidade de ajuste do modelo, assim o modelo

torna-se mais eficaz quanto maior for o R². Os valores de R2 encontrados na Tabela 4.7

para as variáveis respostas são superiores a 82%, satisfazendo as condições de ajuste

da ANOVA.

Os resultados da análise de variância (ANOVA) para as variáveis respostas são

investigados e estão apresentados na Tabela 4.7. Os P-valores iguais ou menores que

0,05 estão em negrito na Tabela 4.7, contudo os P-valores sublinhados e em vermelho

representam aqueles que serão avaliados nos gráficos de efeitos principais ou

interações, respeitando a significancia de fatores de ordem superiores.

10mm

89

90

4.2.1 Densidade volumétrica e aparente

A) Densidade volumétrica

As médias e os desvios padrão dos resultados de densidade volumétrica estão

apresentados no Apêndice B. Os valores de densidade volumétrica variaram de 0,578

g/cm3 a 1,61 g/cm

3.

A fim de verificar a adequação do modelo de Análise de Variância foram utilizados

os gráficos de resíduos, entre eles: probabilidade normal, resíduos versus valores

ajustados, histograma e resíduos versus ordem de coleta dos dados (Figura 4.5).

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

0,080,040,00-0,04-0,08

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

1,501,251,000,750,50

0,08

0,04

0,00

-0,04

-0,08

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

0,060,030,00-0,03-0,06

12

9

6

3

0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

0,08

0,04

0,00

-0,04

-0,08

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.5: Gráficos de resíduos para média da densidade volumétrica: (a)

probabilidade normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d)

resíduos versus ordem dos dados.

Conforme abordado na Revisão Bibliográfica, de modo geral, o comportamento de

resíduos mostra-se adequado às condições de normalidade do experimento, exibindo:

(a) (b)

(d) (c)

91

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.5 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.5 (b));

Independência (Figura 4.5 (d)).

Desse modo, somente a interação “substituição de quartzo e aditivo” e o efeito

principal “relação água/cimento” serão exibidos nas Figuras 4.6 e 4.7 respectivamente.

O gráfico de interação “substituição de quartzo e aditivo” sobre a média da

densidade volumétrica mostra que os compósitos particulados exibem maior densidade

volumétrica quando fabricados com aditivo superplastificante, principalmente para

aqueles constituídos por 100% de partículas de quartzo e substituição da granulometria

grossa e fina. Observa-se uma diferença percentual de 124,38% (sem aditivo) e

147,17% (com aditivo) entre os compósitos constituídos de 100% de quartzo e com

substituição total de borracha (0% Quartzo).

Verifica-se também que os compósitos fabricados com níveis de substituição de

borracha menores (grossa – 30% e fina – 20%), apresentaram comportamento

semelhante aos compósitos fabricados com 100% de quartzo, aumentando a

densidade volumétrica em 10,67% e 8,11%, respectivamente, quando fabricados com

superplastificante. Por outro lado, o efeito do aditivo sobre a densidade é praticamente

nulo entre os compósitos que contêm maior percentual de partículas de borracha (G/M,

M/F e 0% de quartzo).

(a) (b)

92

Aditivo

dia

da

De

nsi

da

de

Vo

lum

étr

ica

(g

/cm

^3)

ComSem

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100% Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.6: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da densidade volumétrica.

O gráfico de efeito principal do fator relação água/cimento revela um aumento

percentual de 7% sobre a densidade volumétrica quando a relação água/cimento

aumenta de 0,4 para 0,5.

124,38% 147,17%

93

Relação água/cimento

dia

da

De

nsi

da

de

Vo

lum

étr

ica

(g

/cm

^3)

0,50,4

1,13

1,12

1,11

1,10

1,09

1,08

1,07

1,06

1,05

Figura 4.7: Gráfico do efeito principal relação água/cimento sobre a média da

densidade volumétrica dos compósitos.

B) Densidade aparente

A densidade aparente foi determinada por meio do princípio de Arquimedes. As

médias e desvios padrão dos resultados de densidade aparente estão apresentados no

Apêndice C. Os valores de densidade aparente variaram de 0,751 g/cm3 a 1,748 g/cm

3.

A Figura 4.8 exibe os gráficos de resíduos para a variável-resposta densidade

aparente.

7%

94

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

0,100,050,00-0,05-0,10

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

1,81,51,20,90,6

0,10

0,05

0,00

-0,05

-0,10

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

0,080,040,00-0,04-0,08

30

20

10

0

Ordem da observação

Re

sid

ua

l5550454035302520151051

0,10

0,05

0,00

-0,05

-0,10

Gráfico de probabilidade normal de resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histogram dos resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.8: Gráficos de resíduos para média da densidade aparente: (a) probabilidade

normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d) resíduos versus

ordem dos dados.

O comportamento de resíduos mostra-se adequado às condições de normalidade

do experimento, exibindo:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.8 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.8 (b));

Independência (Figura 4.8 (d)).

Os gráficos de interação “substituição de quartzo e relação água/cimento” e

“substituição de quartzo e aditivo” estão exibidos nas Figuras 4.9 e 4.10

respectivamente.

O gráfico da Figura 4.9 revela o efeito da relação água/cimento sobre a densidade

aparente, observando-se um crescimento da mesma em função do aumento da relação

água/cimento em todas as faixas de substituição. Este comportamento não é usual,

entretanto percebeu-se que o nível inferior (0,4) da relação água/cimento não foi capaz

de hidratar o cimento por completo, aumentando o volume de poros abertos. Tal

(a) (b)

(d) (c)

95

comportamento será discutido mais detalhadamente na seção posterior de análise

microestrutural.

Observa-se uma diferença percentual de 113,25% (a/c = 0,4) e de 106,07% (a/c =

0,5) entre os compósitos fabricados com 100% de quartzo e com substituição total de

borracha (0% de quartzo). É fato que os compósitos fabricados com porcentagens de

substituição menores de borracha (grossa – 30% e fina – 20%) exibam densidades

superiores devido à maior presença de partículas de quartzo e consequentemente

maiores densidade das partículas.

Relação água/cimento

dia

da

De

nsi

da

de

Ap

are

nte

(g

/cm

^3)

0,50,4

1,7

1,6

1,5

1,4

1,3

1,2

1,1

1,0

0,9

0,8

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100% Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.9: Gráfico de efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e relação

água/cimento sobre a média da densidade aparente.

O gráfico de interação “substituição de quartzo e aditivo” sobre a média da

densidade aparente (Figura 4.10) mostra que a adição de superplastificante aumenta a

densidade dos compósitos (~4,5%), sendo este efeito mais evidente naqueles

compósitos contendo maior quantidade de partículas de quartzo (100% quartzo,

substituição fina e grossa). Verifica-se uma diferença percentual significativa de 25,17%

113,25% 106,07%

96

entre os compósitos com substituição de partículas de quartzo nas granulometrias de

substituição média e grossa.

Aditivo

dia

da D

en

sid

ad

e A

pare

nte

(g

/cm

^3)

ComSem

1,7

1,6

1,5

1,4

1,3

1,2

1,1

1,0

0,9

0,8

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100% Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.10: Gráfico do efeito da interação substituição de quartzo e aditivo sobre a

média da densidade aparente dos compósitos.

4.2.2 Porosidade Aparente

As médias e desvios padrão dos resultados de porosidade aparente estão

apresentados no Apêndice D. Os valores de porosidade aparente variaram de 28,95%

a 114,0%.

A Figura 4.11 exibe os gráficos de resíduos para a variável-resposta porosidade

aparente.

25,17%

4,5%

97

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

5,02,50,0-2,5-5,0

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

10080604020

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

420-2-4

12

9

6

3

0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.11: Gráficos de resíduos para média da porosidade aparente: (a) probabilidade

normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d) resíduos versus

ordem dos dados.

Os gráficos de resíduos para média da porosidade aparente exibidos na Figura

4.11 apresentaram um comportamento que atende as condições de normalidade

exigidas para validação do modelo de análise de variância:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.11 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.11 (b));

Independência (Figura 4.11 (d)).

A Figura 4.12 apresenta o gráfico de interação dos fatores substituição de quartzo,

relação água/cimento e aditivo” sobre a média da porosidade aparente. A Figura 4.12a

exibe uma redução da porosidade aparente com o aumento da relação água/cimento

em todas as substituições, verificando também uma redução da porosidade em função

da presença de partículas de quartzo no sistema. Nota-se que o aditivo químico foi

capaz de reduzir a porosidade em todas as substituições de quartzo, exceto para a

granulometria média/fina (Figura 4.12b). A Figura 4.12c mostra que o superplastificante

(a) (b)

(d) (c)

98

foi mais eficiente para o nível superior da relação água/cimento (0,5), promovendo uma

redução percentual de 34%.

Substituição de quartzo

Relação água/cimento

Aditivo

0,50,4 C omSem

100

75

50

100

75

50

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100% Quartzo

Grossa

Média

Relação

água/cimento

0,4

0,5

Figura 4.12: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo, relação

água/cimento e aditivo sobre a média da porosidade aparente.

4.2.3 Absorção de Água

As médias e desvios padrão dos resultados de absorção de água estão

apresentados no Apêndice E. Os valores de absorção de água variaram de 14,12% a

72,37%.

A Figura 4.13 exibe os gráficos de resíduos para a variável-resposta absorção de

água.

(a) (b)

(c)

34%

99

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

5,02,50,0-2,5-5,0

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

604020

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

420-2-4

30

20

10

0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

5,0

2,5

0,0

-2,5

-5,0

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma de resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.13: Gráficos de resíduos para média da absorção de água: (a) probabilidade

normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d) resíduos versus

ordem dos dados.

Os gráficos de resíduos para média da absorção de água exibidos na Figura 4.13

apresentam um comportamento que atende as condições de normalidade exigidas para

validação do modelo de análise de variância:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.13 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.13 (b));

Independência (Figura 4.13 (d)).

O gráfico de interação “substituição de quartzo, relação água cimento e aditivo”

sobre a média da absorção de água (Figura 4.14) apresenta um comportamento

semelhante ao gráfico da Figura 4.12. O aumento da relação água/cimento promoveu

uma redução da absorção de água em todas as faixas de substituições (ver Figura

4.14a).

Os compósitos cimentícios exibem menor absorção de água quando fabricados

com aditivo superplastificante, com exceção da substituição média/fina correspondente

a 70% de borracha nos compósitos (ver Figura 4.14b). Nota-se também que

(a) (b)

(d) (c)

100

compósitos fabricados com maior relação água/cimento e com aditivo apresentaram

uma maior redução da absorção de água em relação aos demais compósitos. Uma

diferença percentual de 30,27% é observada entre as relações de água (0,4 e 0,5)

contendo superplastificante (ver Figura 4.14c).

Substituição de quartzo

Relação água/cimento

Aditivo

0,50,4 C omSem

60

40

20

60

40

20

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100% Quartzo

Grossa

Média

Relação

água/cimento

0,4

0,5

Figura 4.14: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo, relação

água/cimento e aditivo sobre a média da absorção de água.

4.2.4 Permeabilidade

Os resultados dos parâmetros utilizados no cálculo de permeabilidade estão

apresentados nos Apêndice F. A permeabilidade foi obtida pelo uso de permeâmetro a

oxigênio desenvolvido na Universidade de Federal de São João del Rei, os valores

variaram de 2,2x1010

m2 a 0,35x10

10 m

2.

A Figura 4.15 exibe os gráficos de resíduos para a variável-resposta absorção de

água.

(a) (b)

(c)

30,3%

101

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

0,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

2,01,51,00,5

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

0,40,20,0-0,2-0,4

10,0

7,5

5,0

2,5

0,0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos resíduos Resíduos versus ordem de dados

Figura 4.15: Gráficos de resíduos para a média da permeabilidade: (a) probabilidade

normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d) resíduos versus

ordem dos dados.

O comportamento dos resíduos mostra ser satisfatório às condições de

normalidade do experimento, exibindo:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.11(a) e (c));

Variância constante (Figura 4.11 (b));

Independência (Figura 4.11 (d)).

A Figura 4.16 apresenta o gráfico de efeito principal da substituição de quartzo

sobre a permeabilidade dos compósitos. A substituição total de partículas de quartzo

por borracha promoveu um aumento percentual de 168% na permeabilidade do

material. Observa-se que as substituições agrupadas grossa-média e média-fina

implica no aumento da permeabilidade dos compósitos, isto indica que a presença de

partículas de borracha altera o empacotamento e por sua vez a reologia do sistema,

promovendo também o aumento da porosidade, absorção de água e redução da

densidade como discutido anteriormente. As partículas médias (600 µm) exibiram um

(a) (b)

(d) (c)

102

aumento superior da permeabilidade (59,53%) em relação à inserção de partículas

grossas (1,18 µm) e finas (300 µm). Entre a substituição de partículas de quartzo de

granulometria média e fina, notou-se uma redução percentual da permeabilidade de

aproximadamente 6,28%.

Substituição de quartzo

dia

da P

erm

eab

ilid

ad

e (

x10^

10 m

2)

0% QuartzoMédia/FinaGrossa/MédiaFinaMédiaGrossa100%Quarzto

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

Figura 4.16: Efeito da substituição de quartzo sobre a média da permeabilidade dos

compósitos.

O gráfico de interação “substituição de quartzo e aditivo” (Figura 4.17) mostra que

os compósitos substituídos por partículas de borracha grossa/média e média/fina

exibem maior permeabilidade quando fabricadas com aditivo, com diferenças

percentuais de 39,59% e 54,05% respectivamente. Por outro lado, os demais

compósitos alcançam menores valores de permeabilidade quando fabricados com

aditivo.

168%

59,53%

6,28%

103

Aditivo

dia

da P

erm

eab

ilid

ad

e (

x10^

10m

2)

ComSem

1,75

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100%Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.17: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da permeabilidade.

4.2.5 Resistência à Compressão

As médias e desvios padrão dos resultados de resistência à compressão estão

apresentados no Apêndice G. Os valores de resistência à compressão variaram de

22,60 MPa a 0,14 MPa.

Para verificar a adequação do modelo de Análise de Variância utilizado para

identificação de significância dos efeitos foram utilizados gráficos de probabilidade

normal para os resíduos, gráfico de resíduos versus valores ajustados, histograma para

os resíduos e resíduos versus ordem de coleta dos dados (Figura 4.18).

54,05%

39,59%

104

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

420-2-4

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

20151050

4

2

0

-2

-4

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

3,21,60,0-1,6-3,2

30

20

10

0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

4

2

0

-2

-4

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos Resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.18: Gráficos de resíduos para a média da resistência à compressão: (a)

probabilidade normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d)

resíduos versus ordem dos dados.

O comportamento de normalidade é evidenciado pelos gráficos de resíduos para

a média do módulo de compressão exibindo:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.18 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.18 (b));

Independência (Figura 4.18 (d));

A Figura 4.19 exibe o gráfico de interação “substituição de quartzo e relação

água/cimento” para a variável-resposta resistência à compressão. Os compósitos

particulados exibem maior resistência mecânica quando fabricados com uma relação

água/cimento de 0,5, em todas as faixas de substituição. A redução da relação

água/cimento tende a reduzir a porosidade dos produtos cimentícios e por sua vez

aumentar sua resistência mecânica. Entretanto, neste trabalho a redução da relação

água/cimento de 0,5 para 0,4 acarretou não somente no aumento da porosidade, como

também redução da resistência mecânica. Este comportamento pode ser atribuído a

(a) (b)

(d) (c)

105

não hidratação da fase cimentícia, promovendo o aumento da

porosidade/permeabilidade e consequente redução da resistência. Observa-se uma

diferença percentual significativa de 5541,57% entre os compósitos particulados com

100% de quartzo e com substituição total de borracha para uma relação água/cimento

de 0,4, e de 4520,69% para relação água/cimento de 0,5.

Relação água/cimento

dia

da R

esis

tên

cia

à C

om

pre

ssão

(M

Pa)

0,50,4

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100%Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.19: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e relação

água/cimento sobre a média da resistência à compressão.

A Figura 4.20 exibe o gráfico de interação dos fatores “substituição de quartzo e

aditivo” para a resistência à compressão. A adição de aditivo superplastificante

promove o aumento da resistência mecânica, principalmente quando uma maior

percentual de quartzo esta presente. Verifica-se que o superplastificante não exibe

efeito significativo na reologia do sistema quando partículas de borracha estão

presentes em abundancia. Nota-se uma variação percentual de 5593% entre os

compósitos com aditivo fabricados com 100% de quartzo e de borracha.

4520,69 %

5541,57%

106

Aditivo

dia

da R

esis

tên

cia

à C

om

pre

ssão

(M

Pa)

ComSem

20

15

10

5

0

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100%Quartzo

Grossa

Média

Figura 4.20: Gráfico do efeito da interação dos fatores substituição de quartzo e aditivo

sobre a média da resistência à compressão.

4.2.6 Módulo de Elasticidade Estático

As médias e desvios padrão dos resultados do módulo de elasticidade estático

estão apresentados no Apêndice 8. Os valores de módulo de elasticidade estático dos

compósitos variaram de 2928,43 MPa a 2 MPa.

Para validação do modelo de Análise de Variância utilizado na identificação de

significância dos efeitos foram utilizados gráficos de probabilidade normal para os

resíduos, gráfico de resíduos versus valores ajustados, histograma para os resíduos e

resíduos versus ordem de coleta dos dados (Figura 4.21). Nota-se que o

comportamento dos resíduos violaram as condições de normalidade exigidas para

validação da análise de variância:

Distribuição não normal (Figura 4.21 (a) e (c));

Variância não constante (Figura 4.21 (b));

Dependência (Figura 4.21 (d)).

5593%

67,63%

107

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

5002500-250-500

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

3000200010000

500

250

0

-250

-500

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

6004002000-200-400-600

48

36

24

12

0

Ordem da observação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

500

250

0

-250

-500

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos resíduos Resíduos versus ordem de dados

Figura 4.21: Gráficos de resíduos para a média do módulo de elasticidade: (a)

probabilidade normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d)

resíduos versus ordem dos dados.

Para a avaliação da suposição de normalidade da variável resposta “Módulo de

elasticidade”, construiu-se o gráfico de probabilidade normal do módulo de elasticidade

exibido na Figura 4.22.

108

Modulo de elasticidade (MPa)

Po

rce

nta

ge

m

3000200010000-1000

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Mean

<0,005

286,8

StDev 688,4

N 56

AD 13,817

P-Value

Figura 4.22: Gráfico de probabilidade normal para o módulo de elasticidade.

A variável resposta “Módulo de elasticidade” não segue uma distribuição normal

com o P-valor < 0,05. O gráfico de probabilidade normal para os resíduos e para a

variável resposta “Módulo de elasticidade” apresentaram comportamento similar.

A Figura 4.23 apresenta os gráficos de resíduos para a variável-resposta média

de ln(módulo de elasticidade). De modo geral as suposições relacionadas aos resíduos

validam a ANOVA:

Distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.23 (a) e (c));

Variância constante (Figura 4.23 (b));

Independência (Figura 4.23 (d)).

109

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

1,00,50,0-0,5-1,0

99

90

50

10

1

Valor ajustado

Re

síd

uo

86420

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

Resíduo

Fre

qu

ên

cia

1,00,50,0-0,5-1,0

30

20

10

0

Ordem da obsevação

Re

síd

uo

5550454035302520151051

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos versus valores ajustados

Histograma dos resíduos Resíduos versus ordem dos dados

Figura 4.23: Gráficos de resíduos para a média do módulo de elasticidade: (a)

probabilidade normal, (b) resíduos versus valores ajustados, (c) histograma e (d)

resíduos versus ordem dos dados.

O gráfico de probabilidade normal para os resíduos considerando ln(módulo de

elasticidade) pode ser observado na Figura 4.24. Com o P-valor > 0,100, os resíduos

para os dados transformados seguem uma distribuição normal.

110

Resíduo

Po

rce

nta

ge

m

86420

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Mean

>0,100

3,809

StDev 1,893

N 56

RJ 0,983

P-Value

Figura 4.24: Gráfico de probabilidade normal para os resíduos considerando

ln(módulo de elasticidade).

A interação de terceira ordem, “substituição de quartzo*relação

água/cimento*aditivo”, para a variável ln (modulo de elasticidade) foi significativa, sendo

este exibido na Figura 4.25. A Figura 4.25a revela um pequeno aumento do ln(modulo

de elasticidade) com o aumento da relação água-cimento de 0,4 para 0,5, exceto para

os compósitos constituídos de 100% de partículas de quartzo.

A adição do superplastificante promoveu o aumento do ln(módulo de

elasticidade), dos compósitos, principalmente para aqueles constituídos de 100% de

partículas de quartzo (Figura 4.25b), resultado similar à variável resposta resistência a

compressão (Figura 4.20).

Verifica-se que o efeito do aditivo superplastificante é mais eficiente quando a

maior relação água/cimento (0,5) é utilizada, aumentando o ln(módulo de elasticidade)

dos compósitos.

111

Substituição de quartzo

Relação água/cimento

Aditivo

0,50,4 ComSem8

4

08

4

0

Substituição

Fina

Grossa/Média

Média/Fina

de quartzo

0% Quartzo

100%Quartzo

Grossa

Média

Relação

água/cimento

0,4

0,5

Figura 4.25: Gráfico da Interação de terceira ordem para média de ln(módulo de

elasticidade).

4.2.7 Microestrutura

As imagens de elétrons secundários obtidas pelo microscópio eletrônico foram

utilizadas na investigação dos compósitos cimentícios. As micrografias apresentadas

nas Figuras 4.26 e 4.27 foram obtidas nas mesmas condições de contraste,

intensidade de cor e aumento de 50X.

A Figura 4.26 apresenta as imagens dos compósitos C3 e C4, estes foram

fabricados com 100% de quartzo, relação a/c (0,5), sem (a) e com (b) aditivo químico,

respectivamente. Para ambos os compósitos a pasta de cimento e a interface com o

agregado, apresentam-se mais homogêneos, com menos poros ou com poros de

menor diâmetro.

(a) (b)

(c)

112

(a) (b)

Figura 4.26: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) com uma

ampliação de 50 X (a) C3: 100% quartzo; a/c 0,5; sem aditivo e (b) C4: 100% quartzo;

a/c 0,5; com aditivo.

As micrografias obtidas dos compósitos C27 e C28 estão exibidas na Figura 4.27,

com proporções de 100% de borracha, relação a/c (0,5), sem (a) e com (b) aditivo

químico, respectivamente. Estes compósitos apresentaram tamanhos de poros

superiores e em maiores quantidades, em comparação aos compósitos exibidos na

Figura 4.26. A substituição total de borracha por quartzo afetou as propriedades dos

compósitos, aumentando a porosidade e em contrapartida reduzindo a resistência à

compressão.

113

(a) (b)

Figura 4.27: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) com uma

ampliação de 50 X (a) C27: 100% borracha; a/c 0,5; sem aditivo e (b) C28: 100%

borracha; a/c 0,5; com aditivo.

114

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Esta pesquisa investigou a incorporação de resíduos de borracha de pneu como

substitutos de agregados naturais em compósitos cimentícios (argamassa), visando

contribuir para a redução do impacto ambiental e os problemas de saúde pública

causados por este resíduo. As principais conclusões obtidas foram:

i. A adição do resíduo de borracha em substituição às partículas de quartzo

nos compósitos diminuiu a trabalhabilidade da argamassa resultante, apresentando

uma melhoria quando adicionado aditivo superplastificante.

ii. Os níveis de relação a/c adotados não apresentaram grandes níveis de

trabalhabilidade e também não foram suficientes para hidratar todo o cimento,

mostrando melhoras quando adicionado aditivo superplastificante. Portanto, os

compósitos fabricados com relação a/c 0,4 apresentou maior porosidade, absorção de

água e permeabilidade, além da diminuição da resistência à compressão e módulo de

elasticidade.

iii. As densidades volumétrica e aparente aumentaram à medida que ocorre o

aumento da proporção de substituição de quartzo por borracha. A relação a/c mostrou-

se significativa nestas propriedades, ou seja, quando a relação a/c aumentou houve

também um aumento das mesmas.

iv. As propriedades porosidade aparente, absorção de água e permeabilidade

apresentaram comportamentos semelhantes. Estas foram menores nos compósitos

fabricados com relação a/c 0,5 e com aditivo superplastificante. Ficou evidente que os

compósitos contendo menor porcentagem de partículas de borracha apresentaram

melhores resultados, sendo estes faixas granulométricas grossa e fina.

v. A adição de superplastificante foi significativa em todas as propriedades,

apresentando bom desempenho principalmente no aumento da resistência à

compressão.

115

vi. Quanto à resistência à compressão, observou-se redução em relação às

argamassas sem substituição, sendo que a maior influência ocorreu nas argamassas

com maiores teores de substituição de quartzo. Esta propriedade é bastante afetada

pela relação a/c, faixa granulométrica de substituição e inserção de aditivo químico. A

condição C8 (grossa; a/c 0,5, aditivo) apresentou baixa porosidade, baixa absorção de

água e permeabilidade, elevada resistência à compressão e módulo de elasticidade,

podendo ser considerada a melhor condição para reuso de partículas de borracha de

pneu em compósitos cimentícios tipo argamassa.

vii. A analise microestrutural revelou o aumento da formação de poros com a

adição de partículas de borracha, o efeito do aditivo na hidratação do cimento e a

existência de regiões menos hidratadas principalmente quando a relação a/c era de

0,4, sendo esta não recomendada para uso prático.

Em geral conclui-se que é possível o reuso de partículas de borracha de pneu em

compósitos cimentícios para aplicações não estruturais, em se tratando das

propriedades físicas e mecânicas encontradas.

116

CAPÍTULO 6

PERSPECTIVAS

O aprofundamento na análise do comportamento de compósitos cimentícios

contendo borracha de pneu é fundamental para assegurar a viabilidade de sua

utilização em aplicações das engenharias. Existem muitos trabalhos que podem ser

desenvolvidos, no sentido de contribuir para aumentar o conhecimento sobre o assunto

tratado nesta pesquisa. Determinados aspectos podem ser investigados a fim de

contribuir para o melhor conhecimento do material, portanto, sugere-se:

Realizar uma análise micromecânica dos compósitos cimentícios buscando

avaliar as condições de interface entre fase matriz e particulada;

Realizar ensaios de aderência;

Realizar análise termogravimétrica (TGA) com o objetivo de mensurar o fator

de hidratação do cimento;

Realizar ensaios de isolamento térmico e acústico;

Avaliar a inserção de outros tamanhos de partículas e fibras de borracha

com o efeito de minimizar o efeito negativo nas propriedades físico-mecânicas dos

compósitos;

Analisar desempenho dos compósitos quanto ao impacto, resistência à

flexão e à abrasão;

Avaliar o comportamento deste tipo de compósito quando submetido ao

fogo, para definição de medidas preventivas de segurança dos usuários;

Avaliar o comportamento dos compósitos cimentícios com borracha quanto à

tenacidade;

Confeccionar corpos de prova com relação a/c superiores, a exemplo 0,6 e

ou 0,8 como meio de comparação das propriedades encontradas;

Confeccionar e caracterizar artefatos para verificar se os mesmos cumprem

ou não as exigências das normas vigentes;

117

Identificar a viabilidade operacional e econômica da utilização de resíduos de

borracha como substitutos de agregados naturais.

118

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Portland Cimento Portland Composto, Rio de Janeiro, 1991.5p.

14. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11768: aditivos para

concreto de cimento Portland. Rio de Janeiro, 1992. 4p.

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Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 1991. 5p.

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130

APÊNDICES

O apêndice A apresenta o planejamento fatorial de experimento.

O apêndice B apresenta as médias e desvios padrão dos resultados de densidade

volumétrica.

O apêndice C apresenta as médias de desvios padrão dos resultados da

densidade aparente.

O apêndice D apresenta as médias de desvios padrão dos resultados da

porosidade aparente.

O apêndice E apresenta as médias de desvios padrão dos resultados da absorção

de água.

O apêndice F apresenta as médias de desvios padrão dos resultados do tempo

para o cálculo permeabilidade.

O apêndice G apresenta as médias de desvios padrão da resistência à

compressão.

O apêndice H apresenta as médias de desvios padrão dos resultados do módulo

de elasticidade.

131

APÊNDICE A: PLANEJAMENTO FATORIAL DE EXPERIMENTO

A metodologia de Planejamento e Análise de Experimentos (DOE – Design of

Experiment) é uma das principais estratégias disponíveis para a melhoria de processos.

A partir de uma análise sistematizada acerca de um problema, busca-se avaliar a

magnitude de várias fontes de variação que influenciam um processo (PAIVA ET AL.,

2010).

Segundo Calado e Montgomery (2003), os três princípios básicos de um

planejamento de experimentos são replicação, aleatoriedade e blocagem. Fazer um

experimento com réplicas é muito importante por dois motivos. O primeiro é que isso

permite a obtenção do erro experimental. O segundo motivo se refere ao fato de que,

se a média de uma amostra for usada para estimar o efeito de um fator no

experimento, a replicação permite a obtenção de uma estimativa mais precisa desse

fator Os experimentos, com suas réplicas, devem ser realizados de forma aleatória, de

modo a garantir a distribuição equânime de todos os fatores não considerados. A

blocagem é uma técnica extremamente importante, utilizada industrialmente tendo o

objetivo de aumentar a precisão de um experimento, controlando e avaliando

sistematicamente a variabilidade resultante da presença de fatores conhecidos, que

perturbam o sistema, mas que não se tem interesse de estudá-los.

Alguns benefícios da utilização das técnicas estatísticas de planejamento

experimental são destacados por Button (2005), como:

Redução do número de ensaios sem prejuízo da qualidade da informação;

Estudo simultâneo de diversas variáveis, separando seus efeitos;

Determinação da confiabilidade dos resultados;

Realização da pesquisa em etapas, num processo iterativo de acréscimo de

novos ensaios;

Seleção das variáveis que influem num processo com número reduzido de

ensaios;

Representação do processo estudado através de expressões matemáticas;

Elaboração de conclusões a partir de resultados qualitativos.

132

A seguir uma terminologia básica utilizada é apresentada, antes de prosseguirmos

para os principais conceitos em planejamento de experimentos.

Terminologia básica

Variável resposta: o resultado de interesse registrado após a realização de

um ensaio.

Variáveis de processo: são aquelas controláveis pelo pesquisador e que

supostamente têm grande efeito na resposta. Podem ser divididas em duas categorias:

- Fatores: variáveis que serão investigadas no experimento.

- Variáveis fixas: variáveis que terão valores fixos no experimento.

Variáveis de ruído: são aquelas que podem afetar a resposta, mas não são

controláveis, quer seja por impossibilidade técnica, inviabilidade econômica ou pelo

grau de perturbação na variável resposta.

Níveis de um fator: cada um dos diferentes modos de presença de um fator

no estudo.

Tratamento: são as combinações específicas dos níveis de diferentes

fatores.

Ensaio: cada realização do experimento em uma determinada condição de

interesse.

Aleatorização: é um método de alocação do material experimental às

diversas condições experimentais e ordenação dos ensaios de maneira aleatória. Seu

propósito é obter estimativa não-tendenciosas dos efeitos dos fatores e respostas

independentes.

Replicação ou réplica: é a repetição do experimento sob as mesmas

condições. É capaz de estimar o erro experimental envolvido na diferença entre os

tratamentos.

133

Procedimento Experimental

De acordo com Werkema (1996), um experimento é um procedimento no qual

alterações propositais são feitas nas variáveis de entrada de um processo ou sistema,

de modo que se possam avaliar as possíveis alterações sofridas pela variável resposta,

como também as razões destas alterações. Sendo que as variáveis de entrada

correspondem aos fatores ou causas do processo, enquanto a variável resposta

corresponde ao efeito deste processo.

Segundo Montgomery (2001), o processo deve se iniciar com a identificação e

seleção dos fatores que possam contribuir para a variação, proceder-se, em seguida, à

seleção de um modelo que inclua os fatores escolhidos, determinar seus níveis e

planejar experimentos eficientes para estimar seus efeitos. Conduzir adequadamente

os experimentos, de acordo com o planejamento elaborado, garante o sucesso do

problema em estudo ou, no mínimo, evita os riscos de insucesso da experimentação

não planejada. Durante a sua condução, deve se estar atento para detectar as

anormalidades ocorridas, além de documentá-las para posterior análise, quando, então,

serão estimados os fatores incluídos no modelo utilizando métodos estatísticos

adequados, culminando na inferência, interpretação, discussão dos resultados, além da

recomendação de melhorias, quando necessário.

Geralmente, um roteiro pode ser seguido na elaboração de um dado experimento,

segundo Werkema (1996).

1. Identificação dos objetivos do experimento

2. Seleção da variável resposta

3. Escolha dos fatores e seus níveis

4. Planejamento do procedimento experimental

5. Realização do experimento

6. Análise de dados

7. Interpretação dos resultados

8. Elaboração do relatório.

134

Com estes planejamentos podemos obter economia no número de experimentos,

além de ser possível calcular, com a precisão desejada, estimativas dos efeitos de

interesse e da variância do erro experimental. Além disto, estes planejamentos são

elaborados para atender aos objetivos e às limitações físicas dos experimentos.

Segundo Juran (1988) apud Werkema (1996), podemos classificar os planejamentos

experimentais de acordo com os seguintes critérios:

1. Pelo número de fatores a serem estudados (por exemplo, um único fator ou

vários fatores).

2. Pela estrutura do planejamento experimental (por exemplo, planejamentos

em blocos, fatoriais, hierárquicos ou para superfícies de resposta).

3. Pelo tipo de informação que o experimento pode fornecer (por exemplo,

estimativa dos efeitos, estimativa da variância ou mapeamento empírico da resposta).

Planejamento Fatorial

Planejar experimentos é definir uma sequência de coletas de dados experimentais

para atingir certos objetivos. Dentre os métodos de planejamento experimentais

disponíveis na literatura, o planejamento fatorial é o mais indicado quando se deseja

estudar os efeitos de duas ou mais variáveis de influência, sendo que em cada tentativa

ou réplica, todas as combinações possíveis dos níveis de cada variável são

investigadas (Barros Neto et al., 1996).

Os sistemas de planejamento fatorial destacam-se, pois permitem avaliar

simultaneamente o efeito de um grande número de variáveis, a partir de um número

reduzido de ensaios experimentais. Segundo Button (2005) o planejamento fatorial é

um modelo de efeitos fixos, assim os resultados de sua análise não podem ser

transferidos para outros níveis que não os analisados no planejamento.

O planejamento fatorial normalmente é representado por bK, sendo que k

representa o número de fatores e “b” o número de níveis escolhidos. O caso mais

simples de planejamento fatorial é aquele em que cada fator k está presente em

apenas dois níveis (experimento fatorial 2k), ou seja, em um experimento com k fatores

(ou variáveis) e dois níveis, são realizadas 2 x 2 x ... x 2 (k vezes) = 2k observações da

135

variável resposta. Esta representação mostra que, se em um planejamento forem

escolhidos 2 diferentes níveis para 3 fatores (2³), o número de experimentos diferentes

a serem realizados será 8. Apesar dos planejamentos fatoriais do tipo 2k serem mais

comuns, e que com um número reduzido de níveis é praticamente impossível explorar

de maneira completa uma grande região no espaço das variáveis, estes ainda se

mostram vantajosos, pois permitem verificar tendências importantes para a realização

de investigações posteriores (NEVES ET AL., 2002).

Neste tipo de planejamento fatorial, no qual os níveis são costumeiramente

codificados com os sinais (+) e (-), a atribuição aos níveis superiores ou inferiores se dá

de forma arbitrária e não interfere na realização dos experimentos ou interpretação dos

resultados. Estes sinais também permitem esquematizar estas variáveis na forma de

matrizes de planejamento, assim como determinar, por meio de cálculos, a influência

das mesmas e das suas interações no sistema (BRASIL ET AL., 2007).

O planejamento fatorial utilizado para o desenvolvimento deste trabalho é do tipo

712

12

1, ou seja, um fator (A) em sete níveis (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6) e dois fatores (B e C) em

dois níveis (+/-), totalizando 28 condições experimentais distintas apresentadas na

matriz de planejamento abaixo (Tabela A). Em cada combinação experimental podem

ser realizadas “n” repetições ou réplicas. Assim com a réplica é possível estimar o erro

experimental de uma resposta individual, cuja extensão permite a decisão da existência

ou não de efeitos significativos que possam ser atribuídos à ação dos fatores.

Tabela A: Matriz de Planejamento Experimental.

Planejamento Fatorial - 712

12

1

Condições Fatores

A B C

01 0 _ _

02 1 _ _

03 2 _ _

04 3 _ _

05 4 _ _

06 5 _ _

07 6 _ _

08 0 _ +

136

Continuação da Tabela A

Planejamento Fatorial - 712

12

1

Condições Fatores

A B C

09 1 _ +

10 2 _ +

11 3 _ +

12 4 _ +

13 5 _ +

14 6 _ +

15 0 + _

16 1 + _

17 2 + _

18 3 + _

19 4 + _

20 5 + _

21 6 + _

22 0 + +

23 1 + +

24 2 + +

25 3 + +

26 4 + +

27 5 + +

28 6 + +

É importante esclarecer que números de experimentos e número de condições

experimentais são conceitos distintos, já que certo número de réplicas deve ser

adicionado ao número de condições experimentais para fornecer o número de

experimentos. Sendo assim, todos os ensaios e replicatas devem ser realizados de

forma aleatória, visando evitar distorções estatísticas comprometedoras da qualidade

dos resultados obtidos e dos efeitos calculados para as variáveis estudadas

(GALDÁMEZ, 2002).

Para análise dos resultados e manipulação dos dados, é utilizado um programa

computacional estatístico, Minitab[TM]

versão 14, considerando-se a complexidade dos

cálculos envolvidos neste tipo de planejamento. A técnica estatística Análise de

137

Variância (ANOVA – Analysis of Variance) é utilizada para análise dos dados, visando

fundamentalmente verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se

os fatores exercem influência em alguma variável dependente.

A principal aplicação da ANOVA é a comparação de médias oriundas de grupos

diferentes, também chamados tratamentos. Segundo Werkema (1996) o objetivo é

testar hipóteses apropriadas sobre os efeitos dos tratamentos o que possibilita avaliar a

influência exercida por dois ou mais fatores sobre a variável de interesse e permite que

seja avaliada a interação significativa entre eles. A hipótese nula é que todas as médias

são iguais, enquanto a hipótese alternativa considera que pelo menos uma média é

diferente.

Uma tabela ilustra os resultados da ANOVA contendo os principais parâmetros

envolvidos no cálculo de P valores. Segundo Montgomery (2001), o “P-valor” indica a

probabilidade de cada fator não afetar a variável resposta. Em outras palavras, o “P-

valor” indica quais efeitos no sistema são estatisticamente significantes, baseando-se

nos resultados experimentais das réplicas. Quando o “P-valor” for menor ou igual ao

valor da significância (0,05), que indica 95% de probabilidade do efeito ser significativo,

pode-se concluir que o fator analisado exerce influência significativa no processo ou

propriedade avaliada para o material.

Os efeitos significativos são mostrados em gráficos de “efeitos principais” e de

“interações”. Os primeiros são usados para comparar as variações no nível da média,

investigando quais fatores possuem efeito significativo sobre a variável-resposta.

Quando diferentes níveis do fator afetam a resposta diferentemente, diz-se que um

efeito principal está presente. A “interação” existe quando a variação da média da

resposta depende do nível de um segundo fator. A visualização do efeito de interação

de dois ou mais fatores experimentais sobre a variável resposta é feita pelos gráficos

de interações, permitindo, ainda, comparar a significância relativa entre os efeitos

(WERKEMA, 1996).

A ANOVA para verificar o efeito de cada fator e de suas interações nas variáveis

respostas. Se o fator principal não interage com outros fatores deve ser interpretado

individualmente. Quando um ou mais efeitos de interação de ordem superior são

138

significativos, os fatores que interagem devem ser mutuamente considerados (JEFF ET

AL., 2000).

Outro parâmetro informado na Análise de Variância é o R2, medindo a proporção

da variabilidade presente nas observações da variável resposta y explicada pelas

variáveis preditoras presentes na equação de regressão. Quanto mais próximo de 1

(100%) for o valor de R2, melhor é a qualidade da equação ajustada aos dados

(MONTGOMERY, 2001).

139

APÊNDICE B: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DE DENSIDADE VOLUMÉTIRCA

Resultados da densidade volumétrica

Medições (Réplica 1) Média D.Padrão

C1 1,59 1,39 1,39 1,45 0,11

C2 1,52 1,66 1,65 1,61 0,08

C3 1,39 1,55 1,51 1,49 0,08

C4 1,64 1,60 1,58 1,61 0,03

C5 1,19 1,16 1,23 1,20 0,04

C6 1,44 1,40 1,46 1,43 0,03

C7 1,44 1,39 1,36 1,40 0,04

C8 1,48 1,48 1,42 1,46 0,03

C9 1,01 1,01 0,80 0,94 0,12

C10 1,07 1,03 1,08 1,06 0,03

C11 1,06 1,14 1,14 1,11 0,05

C12 1,27 1,24 1,21 1,24 0,03

C13 1,21 1,33 1,28 1,27 0,06

C14 1,41 1,28 1,43 1,38 0,08

C15 1,34 1,34 1,38 1,35 0,02

C16 1,50 1,55 1,38 1,48 0,09

C17 0,70 0,77 0,73 0,74 0,04

C18 0,81 0,73 0,74 0,76 0,05

C19 1,02 0,83 0,86 0,90 0,10

C20 0,86 0,83 0,83 0,84 0,02

C21 0,81 0,85 0,84 0,83 0,02

C22 0,84 0,82 0,80 0,82 0,02

C23 0,83 0,88 0,87 0,86 0,03

C24 1,01 1,03 1,06 1,03 0,03

C25 0,58 0,60 0,63 0,61 0,02

C26 0,57 0,61 0,56 0,58 0,02

C27 0,63 0,71 0,60 0,64 0,06

C28 0,67 0,69 0,69 0,68 0,01

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C1 1,53 1,37 1,12 1,34 0,21

C2 1,50 1,62 1,58 1,56 0,06

C3 1,47 1,39 1,46 1,44 0,04

C4 1,50 1,56 1,77 1,61 0,14

C5 1,19 1,32 1,30 1,27 0,07

C6 1,29 1,34 1,40 1,34 0,05

C7 1,16 1,36 1,27 1,26 0,10

C8 1,47 1,44 1,39 1,43 0,04

C9 1,04 1,03 0,99 1,02 0,03

140

Resultados da densidade volumétrica

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C10 1,04 1,04 1,04 1,04 0,00

C11 1,03 0,99 1,08 1,03 0,05

C12 1,12 1,04 1,01 1,05 0,06

C13 1,22 1,43 1,30 1,32 0,10

C14 1,39 1,50 1,44 1,45 0,06

C15 1,41 1,34 1,33 1,36 0,04

C16 1,41 1,41 1,49 1,44 0,04

C17 0,72 0,72 0,77 0,74 0,03

C18 0,81 0,82 0,79 0,81 0,01

C19 0,87 0,94 0,85 0,89 0,04

C20 0,79 0,82 0,88 0,83 0,05

C21 0,81 0,84 0,83 0,83 0,01

C22 0,85 0,83 0,84 0,84 0,01

C23 0,91 0,90 1,00 0,94 0,05

C24 1,01 1,01 0,96 1,00 0,03

C25 0,62 0,65 0,61 0,63 0,02

C26 0,64 0,62 0,63 0,63 0,01

C27 0,70 0,71 0,61 0,68 0,06

C28 0,67 0,73 0,69 0,70 0,03

141

APÊNDICE C: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DE DENSIDADE APARENTE

Resultados da densidade aparente

Medições (Réplica 1) Média D.Padrão

C1 1,69 1,62 1,61 4,93 0,04

C2 1,69 1,69 1,75 5,14 0,04

C3 1,64 1,74 1,67 5,06 0,05

C4 1,77 1,75 1,73 5,25 0,02

C5 1,44 1,39 1,44 4,27 0,03

C6 1,56 1,49 1,62 4,67 0,07

C7 1,29 1,54 1,51 4,35 0,14

C8 1,59 1,59 1,58 4,76 0,01

C9 1,16 1,02 0,97 3,15 0,10

C10 1,18 1,20 1,23 3,61 0,03

C11 1,22 1,24 1,27 3,73 0,03

C12 1,35 1,33 1,36 4,04 0,02

C13 1,45 1,49 1,49 4,43 0,02

C14 1,54 1,50 1,66 4,69 0,09

C15 1,58 1,51 1,59 4,68 0,04

C16 1,64 1,69 1,60 4,94 0,05

C17 0,92 0,95 0,86 2,73 0,04

C18 0,91 0,91 0,91 2,73 0,00

C19 1,14 0,97 1,01 3,11 0,09

C20 1,18 0,98 0,96 3,12 0,12

C21 0,95 0,97 1,04 2,96 0,04

C22 0,93 0,93 1,03 2,89 0,06

C23 0,96 1,07 1,10 3,12 0,07

C24 1,12 1,03 1,05 3,20 0,05

C25 0,73 0,74 0,74 2,21 0,00

C26 0,91 0,90 0,92 2,73 0,01

C27 0,80 0,81 0,80 2,41 0,00

C28 0,83 0,82 0,87 2,53 0,02

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C1 1,69 1,60 1,62 1,64 0,05

C2 1,66 1,78 1,76 1,73 0,06

C3 1,64 1,71 1,65 1,67 0,04

C4 1,67 1,71 1,85 1,74 0,10

C5 1,37 1,48 1,48 1,44 0,06

C6 1,49 1,34 1,58 1,47 0,12

C7 1,39 1,53 1,42 1,45 0,07

C8 1,60 1,59 1,58 1,59 0,01

C9 1,17 1,13 1,17 1,16 0,02

142

Resultados da densidade aparente

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C10 1,18 1,27 1,19 1,21 0,05

C11 1,15 1,10 1,23 1,16 0,07

C12 1,32 1,32 1,29 1,31 0,02

C13 1,38 1,44 1,55 1,45 0,09

C14 1,59 1,51 1,44 1,51 0,07

C15 1,58 1,53 1,57 1,56 0,02

C16 1,58 1,59 1,71 1,63 0,08

C17 0,84 0,81 0,85 0,83 0,02

C18 0,92 0,85 0,85 0,88 0,04

C19 1,00 1,02 0,94 0,98 0,04

C20 0,98 1,01 1,11 1,03 0,06

C21 0,93 1,01 1,00 0,98 0,04

C22 1,00 0,97 0,94 0,97 0,03

C23 0,99 1,03 1,06 1,03 0,04

C24 1,17 1,09 1,02 1,09 0,07

C25 0,69 0,82 0,75 0,76 0,07

C26 0,74 0,76 0,76 0,75 0,01

C27 0,82 0,81 0,81 0,81 0,01

C28 0,84 0,86 0,88 0,86 0,02

143

APÊNDICE D: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DE POROSIDADE APARENTE

Resultados da porosidade aparente

Medições (Réplica 1) Média D.Padrão

C1 42,11 49,65 47,99 139,74 3,96

C2 38,75 37,79 33,43 109,98 2,83

C3 42,94 33,40 39,63 115,97 4,84

C4 27,79 31,03 32,60 91,41 2,45

C5 51,55 54,25 51,03 156,83 1,73

C6 33,50 40,96 29,54 104,00 5,80

C7 56,49 36,01 39,31 131,80 10,99

C8 28,58 31,08 36,04 95,70 3,80

C9 42,64 65,11 64,12 171,87 12,70

C10 64,64 63,73 58,82 187,19 3,13

C11 54,13 53,32 53,87 161,32 0,41

C12 40,90 44,65 42,55 128,10 1,88

C13 54,77 49,04 46,24 150,05 4,35

C14 45,13 50,70 35,22 131,05 7,84

C15 34,43 43,59 35,79 113,80 4,94

C16 30,37 26,93 35,56 92,86 4,34

C17 81,23 66,07 102,86 250,15 18,49

C18 81,60 81,67 81,72 244,99 0,06

C19 55,21 62,76 58,85 176,81 3,78

C20 26,25 61,88 69,83 157,96 23,21

C21 85,32 47,92 39,94 173,18 24,23

C22 92,84 93,57 77,32 263,73 9,18

C23 77,10 61,83 57,59 196,53 10,26

C24 52,50 51,50 52,70 156,70 0,65

C25 114,38 113,91 113,78 342,07 0,31

C26 94,95 95,17 92,37 282,49 1,56

C27 101,71 95,91 101,52 299,15 3,29

C28 87,19 88,78 79,48 255,45 4,97

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C1 42,88 45,37 43,67 43,97 1,27

C2 43,31 31,82 31,75 35,63 6,65

C3 41,19 35,32 40,43 38,98 3,19

C4 39,10 34,07 16,06 29,75 12,11

C5 56,69 44,99 41,87 47,85 7,81

C6 43,95 20,43 37,91 34,10 12,21

C7 49,66 44,34 50,28 48,09 3,27

C8 29,61 28,42 28,82 28,95 0,60

C9 72,91 51,47 59,04 61,14 10,87

144

Resultados da porosidade aparente

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C10 71,88 55,16 62,12 63,06 8,40

C11 64,45 58,58 56,11 59,71 4,29

C12 45,47 50,94 47,78 48,06 2,75

C13 59,45 42,14 40,06 47,22 10,64

C14 41,07 36,77 45,39 41,08 4,31

C15 37,89 34,41 37,38 36,56 1,88

C16 40,62 33,68 20,55 31,62 10,19

C17 89,09 72,03 74,44 78,52 9,24

C18 93,24 72,51 72,59 79,45 11,94

C19 63,28 48,27 55,03 55,52 7,52

C20 69,08 46,21 39,12 51,47 15,65

C21 82,58 53,13 40,41 58,71 21,63

C22 79,12 84,46 83,85 82,48 2,92

C23 75,76 51,96 51,96 59,90 13,74

C24 47,58 54,47 48,36 50,14 3,77

C25 104,01 98,63 109,90 104,18 5,64

C26 88,99 93,47 92,73 91,73 2,40

C27 96,63 93,48 93,48 94,53 1,82

C28 83,89 85,15 77,77 82,27 3,95

145

APÊNDICE E: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DE ABSORÇÃO DE ÁGUA

Resultados da absorção de água

Medições (Réplica 1) Média D.Padrão

C1 17,52 20,42 20,09 58,04 1,59

C2 16,53 16,20 14,29 47,02 1,21

C3 18,28 14,37 16,95 49,60 1,99

C4 12,29 13,56 14,20 40,05 0,97

C5 23,65 25,28 23,46 72,40 1,00

C6 16,06 19,55 14,11 49,71 2,76

C7 27,98 17,16 18,64 63,78 5,87

C8 13,99 14,88 16,78 45,66 1,42

C9 25,78 38,84 40,20 104,83 7,96

C10 33,32 32,49 29,99 95,81 1,74

C11 28,83 28,10 27,54 84,47 0,65

C12 21,45 23,29 21,92 66,67 0,96

C13 24,38 22,05 21,22 67,65 1,64

C14 20,25 22,50 15,70 58,45 3,47

C15 16,24 20,10 16,56 52,90 2,14

C16 14,21 12,52 16,37 43,10 1,93

C17 48,91 42,08 58,69 149,68 8,35

C18 49,34 49,39 49,37 148,11 0,02

C19 31,32 39,60 36,85 107,77 4,21

C20 17,62 39,12 42,62 99,37 13,54

C21 48,26 33,25 27,56 109,07 10,69

C22 51,70 52,07 42,36 146,13 5,51

C23 45,52 35,71 33,36 114,59 6,45

C24 30,64 32,96 33,02 96,62 1,36

C25 72,67 72,25 72,19 217,11 0,26

C26 53,73 53,89 52,32 159,94 0,86

C27 62,71 62,50 62,84 188,06 0,17

C28 56,05 57,06 50,90 164,02 3,30

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C1 17,73 19,51 18,78 18,67 0,90

C2 18,24 13,59 13,71 15,18 2,65

C3 17,82 15,22 17,49 16,84 1,41

C4 16,88 14,88 7,46 13,08 4,96

C5 26,40 20,91 19,94 22,41 3,48

C6 20,51 12,66 17,45 16,87 3,96

C7 23,79 20,09 23,61 22,50 2,08

C8 14,28 13,94 14,16 14,12 0,17

C9 36,19 29,95 31,76 32,63 3,21

146

Resultados da absorção de água

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C10 35,49 28,06 32,28 31,95 3,72

C11 34,21 33,66 29,24 32,37 2,73

C12 23,60 25,53 25,11 24,75 1,01

C13 27,10 20,61 18,46 22,06 4,50

C14 18,32 17,84 21,66 19,28 2,08

C15 17,44 16,69 17,39 17,17 0,42

C16 18,26 15,89 9,94 14,70 4,28

C17 56,22 51,70 50,07 52,66 3,19

C18 52,27 49,25 49,28 50,27 1,73

C19 38,90 32,00 37,81 36,24 3,71

C20 41,54 31,24 25,39 32,72 8,17

C21 48,50 34,37 28,82 37,23 10,15

C22 44,10 47,16 48,34 46,53 2,19

C23 43,51 33,09 32,23 36,28 6,28

C24 27,63 32,49 31,90 30,67 2,66

C25 73,98 60,37 69,35 67,90 6,92

C26 63,73 63,75 63,61 63,70 0,08

C27 59,69 59,50 59,98 59,72 0,24

C28 54,07 53,27 49,80 52,38 2,27

147

APÊNDICE F: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DO TEMPO PARA O CÁLCULO PERMEABILIDADE

Resultados da medição do tempo para cálculo do coeficiente

de permeabilidade

Medições (Réplica 1): Tempos (s) Média D.Padrão

C1 2,13 2,01 2,13 2,04 2,08 0,06

C2 1,15 1,23 1,19 1,15 1,18 0,04

C3 1,45 1,54 1,53 1,55 1,52 0,05

C4 1,19 1,13 1,32 1,25 1,22 0,08

C5 1,44 1,78 1,61 1,56 1,60 0,14

C6 1,77 1,80 2,00 1,71 1,82 0,13

C7 1,58 1,45 1,71 1,45 1,55 0,12

C8 1,56 1,64 1,64 1,87 1,68 0,13

C9 1,88 1,85 1,87 2,06 1,92 0,10

C10 1,88 1,88 1,78 1,91 1,86 0,06

C11 1,21 1,19 1,22 1,32 1,24 0,06

C12 1,63 1,88 1,68 1,58 1,69 0,13

C13 2,01 1,95 2,17 1,97 2,03 0,10

C14 1,16 1,09 1,09 1,13 1,12 0,03

C15 1,21 1,16 1,32 1,25 1,24 0,07

C16 3,47 3,07 3,17 3,33 3,26 0,18

C17 1,35 1,32 1,40 1,41 1,37 0,04

C18 1,39 1,32 1,32 1,45 1,37 0,06

C19 2,69 2,72 2,96 2,72 2,77 0,13

C20 1,19 1,14 1,15 1,24 1,18 0,05

C21 0,90 0,81 0,94 0,87 0,88 0,05

C22 1,19 0,99 1,10 0,93 1,05 0,12

C23 0,58 0,60 0,64 0,58 0,60 0,03

C24 1,00 0,93 0,94 0,93 0,95 0,03

C25 1,73 1,99 1,58 1,91 1,80 0,18

C26 1,07 1,13 1,07 1,03 1,08 0,04

C27 0,96 0,96 0,88 0,86 0,92 0,05

C28 1,64 1,55 1,55 1,58 1,58 0,04

Medições (Réplica 2): Tempos (s) Média D.Padrão

C1 1,14 1,06 1,07 1,13 1,10 0,04

C2 1,19 1,15 1,12 1,19 1,16 0,03

C3 2,24 2,19 2,28 2,03 2,19 0,11

C4 1,93 1,74 1,93 1,61 1,80 0,16

C5 1,78 1,78 1,65 1,77 1,75 0,06

C6 2,23 1,80 2,07 2,06 2,04 0,18

C7 1,10 1,13 1,09 1,02 1,09 0,05

C8 1,78 1,57 1,97 2,27 1,90 0,30

148

Resultados da medição do tempo para cálculo do coeficiente

de permeabilidade

Medições (Réplica 2): Tempos (s) Média D.Padrão

C9 1,91 1,93 2,04 2,07 1,99 0,08

C10 2,11 2,15 2,03 2,13 2,11 0,05

C11 2,14 1,97 2,29 2,34 2,19 0,17

C12 2,16 2,22 2,14 2,77 2,32 0,30

C13 1,10 1,19 1,19 1,32 1,20 0,09

C14 1,39 1,36 1,42 1,61 1,45 0,11

C15 2,52 2,78 2,49 2,57 2,59 0,13

C16 1,75 1,87 1,73 1,78 1,78 0,06

C17 2,62 2,64 2,69 2,60 2,64 0,04

C18 2,65 2,39 2,93 2,75 2,68 0,23

C19 1,45 1,46 1,49 1,71 1,53 0,12

C20 1,28 1,42 1,36 1,35 1,35 0,06

C21 1,35 1,43 1,39 1,36 1,38 0,04

C22 1,55 1,57 1,54 1,64 1,58 0,05

C23 1,81 1,88 1,87 2,00 1,89 0,08

C24 1,49 1,39 1,55 1,38 1,45 0,08

C25 1,29 1,29 1,29 1,48 1,34 0,10

C26 1,15 1,15 1,13 1,10 1,13 0,02

C27 1,87 1,68 1,73 1,68 1,74 0,09

C28 1,98 2,20 2,42 2,28 2,22 0,18

149

APÊNDICE G: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Resultados da resistência à compressão

Medições (Réplica 1) Média D.Padrão

C1 8,53 8,97 8,44 8,65 0,29

C2 13,35 13,95 13,49 13,60 0,32

C3 12,77 12,66 12,79 12,74 0,07

C4 22,32 22,88 22,62 22,61 0,28

C5 3,44 3,99 3,61 3,68 0,28

C6 9,95 9,95 9,21 9,70 0,43

C7 6,84 6,65 6,93 6,81 0,14

C8 6,70 6,98 5,95 6,54 0,53

C9 1,02 1,02 1,67 1,24 0,38

C10 1,21 2,42 1,12 1,58 0,73

C11 1,58 2,98 1,77 2,11 0,76

C12 4,40 4,33 4,58 4,44 0,13

C13 5,95 4,98 5,51 5,48 0,49

C14 5,19 6,18 5,89 5,75 0,51

C15 6,71 6,01 6,93 6,55 0,48

C16 8,54 8,32 8,69 8,52 0,18

C17 0,63 0,60 0,61 0,61 0,02

C18 0,81 0,87 0,84 0,84 0,03

C19 0,56 0,86 0,48 0,63 0,20

C20 1,30 1,21 1,30 1,27 0,05

C21 0,45 0,43 0,45 0,44 0,01

C22 0,47 0,52 0,40 0,47 0,06

C23 0,93 0,85 0,83 0,87 0,05

C24 1,10 1,00 1,11 1,07 0,06

C25 0,24 0,25 0,28 0,26 0,02

C26 0,31 0,29 0,25 0,28 0,03

C27 0,39 0,33 0,34 0,35 0,03

C28 0,35 0,42 0,41 0,39 0,04

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C1 8,30 8,25 8,46 8,34 0,09

C2 22,23 22,10 21,94 22,09 0,12

C3 14,23 14,62 13,28 14,04 0,57

C4 17,72 17,53 16,98 17,41 0,31

C5 5,12 4,37 4,65 4,71 0,31

C6 7,74 6,58 5,86 6,73 0,78

C7 5,67 5,39 7,25 6,11 0,82

C8 6,60 6,32 7,53 6,82 0,52

C9 0,74 0,84 0,74 0,78 0,04

150

Resultados da resistência a compressão

Medições (Réplica 2) Média D.Padrão

C10 2,51 2,88 2,60 2,67 0,16

C11 3,63 3,44 3,35 3,47 0,12

C12 4,93 4,28 4,28 4,50 0,31

C13 7,35 7,25 6,98 7,19 0,16

C14 5,38 4,90 4,07 4,78 0,54

C15 8,12 8,32 9,04 8,49 0,40

C16 11,72 11,16 13,21 12,03 0,86

C17 0,47 0,37 0,51 0,45 0,06

C18 0,59 0,71 0,66 0,65 0,05

C19 0,52 0,78 0,59 0,63 0,11

C20 1,19 0,70 1,13 1,00 0,22

C21 0,47 0,45 0,46 0,46 0,01

C22 0,64 0,77 0,78 0,73 0,06

C23 0,99 0,96 1,05 1,00 0,04

C24 1,19 1,29 1,20 1,23 0,05

C25 0,17 0,13 0,11 0,14 0,02

C26 0,21 0,21 0,20 0,21 0,00

C27 0,29 0,30 0,33 0,30 0,02

C28 0,44 0,41 0,39 0,41 0,02

151

APÊNDICE H: MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DOS RESULTADOS

DO MÓDULO DE ELASTICIDADE

Resultados de módulo de elasticidade estático

Medições (Réplica 1) Média X

103

LN

Média

D.Padrão

C1 1,8479 2,3410 1,6793 1956,08 7,58 0,3438

C2 0,9084 1,7383 1,3187 1321,80 7,19 0,4149

C3 0,2797 0,3294 0,2210 276,70 5,62 0,0543

C4 2,7169 3,1399 2,9287 2928,50 7,98 0,2115

C5 0,0798 0,0769 0,0819 79,55 4,38 0,0025

C6 0,1952 0,2117 0,1959 200,92 5,30 0,0093

C7 0,2750 0,0639 0,0478 128,89 4,86 0,1268

C8 0,0860 0,0731 0,0465 68,56 4,23 0,0201

C9 0,0118 0,0244 0,0299 22,04 3,09 0,0093

C10 0,0122 0,0701 0,0246 35,64 3,57 0,0305

C11 0,0283 0,0887 0,0191 45,37 3,81 0,0378

C12 0,0192 0,0943 0,0970 70,16 4,25 0,0442

C13 0,0598 0,0290 0,0838 57,55 4,05 0,0275

C14 0,0297 0,1951 0,0370 87,28 4,47 0,0935

C15 0,1336 0,1288 0,1164 126,27 4,84 0,0089

C16 0,2011 0,1545 0,2111 188,92 5,24 0,0302

C17 0,0079 0,0061 0,0159 9,97 2,30 0,0053

C18 0,0081 0,0122 0,0104 10,25 2,33 0,0021

C19 0,0142 0,0176 0,0113 14,37 2,66 0,0031

C20 0,0290 0,0039 0,0245 19,11 2,95 0,0134

C21 0,0086 0,0086 0,0100 9,04 2,20 0,0008

C22 0,0132 0,0099 0,0103 11,13 2,41 0,0018

C23 0,0187 0,0209 0,0270 22,19 3,10 0,0043

C24 0,0228 0,0312 0,0200 24,68 3,21 0,0058

C25 0,0021 0,0059 0,0023 3,42 1,23 0,0022

C26 0,0017 0,0028 0,0017 2,03 0,71 0,0006

C27 0,0027 0,0050 0,0044 4,04 1,40 0,0012

C28 0,0067 0,0049 0,0066 6,03 1,80 0,0010

Medições (Réplica 2) Média X

103

LN

Média

D.Padrão

C1 1,7906 1,4859 1,6399 1638,78 7,40 0,1524

C2 2,3054 2,4611 2,5421 2436,19 7,80 0,1203

C3 0,2290 0,1931 0,2101 210,73 5,35 0,0180

C4 2,4049 3,0692 2,7294 2734,50 7,91 0,3322

C5 0,0703 0,0732 0,0477 63,74 4,15 0,0139

C6 0,1167 0,1099 0,1065 111,02 4,71 0,0052

C7 0,0900 0,1315 0,1163 112,60 4,72 0,0210

152

Resultados de módulo de elasticidade estático

Medições (Réplica 2) Média X

103

LN

Média

D.Padrão

C8 0,1617 0,1729 0,1788 171,11 5,14 0,0087

C9 0,0183 0,0128 0,0121 14,44 2,67 0,0034

C10 0,0191 0,0240 0,0407 27,93 3,33 0,0113

C11 0,0603 0,0746 0,0891 74,69 4,31 0,0144

C12 0,0833 0,0592 0,0450 62,53 4,14 0,0193

C13 0,1011 0,0980 0,0981 99,06 4,60 0,0017

C14 0,0900 0,0815 0,0311 67,53 4,21 0,0318

C15 0,0536 0,1778 0,1154 115,60 4,75 0,0621

C16 0,2061 0,1495 0,2211 192,23 5,26 0,0378

C17 0,0079 0,0071 0,0159 10,31 2,33 0,0049

C18 0,0071 0,0132 0,0104 10,25 2,33 0,0031

C19 0,0082 0,0196 0,0119 13,23 2,58 0,0058

C20 0,0292 0,0049 0,0265 20,20 3,01 0,0133

C21 0,0054 0,0063 0,0034 5,01 1,61 0,0015

C22 0,0145 0,0108 0,0109 12,07 2,49 0,0021

C23 0,0170 0,0137 0,0253 18,64 2,93 0,0060

C24 0,0299 0,0306 0,0211 27,21 3,30 0,0053

C25 0,0020 0,0013 0,0011 1,48 0,39 0,0004

C26 0,0008 0,0029 0,0016 1,76 0,57 0,0010

C27 0,0024 0,0021 0,0045 3,00 1,10 0,0013

C28 0,0055 0,0049 0,0059 5,45 1,70 0,0005