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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – DEPARTAMENTO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO
Gladys Saraiva Duarte
ENSINO DE LINGUA INGLESA EM AMBIENTE CORPORATIVO
São Paulo
2014
GLADYS SARAIVA DUARTE
ENSINO DE LINGUA INGLESA EM AMBIENTE
CORPORATIVO:
ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA ABORDAGEM
CBI-CONTENT BASED INSTRUCTION
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação da Universidade Estácio de Sá,
sob a orientação da Professora Renata de
Souza Gomes.
GLADYS SARAIVA DUARTE
ENSINO DE LINGUA INGLESA EM AMBIENTE CORPORATIVO:
ESTUDO DE CASO SOB A ÓTICA DA ABORDAGEM CBI-CONTENT
BASED INSTRUCTION
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá, sob a orientação da Professora Renata de Souza Gomes
Aprovado em, _____ de ______________ de 20___.
Examinador
NOTA FINAL
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
São Paulo, Outubro de 2014.
Dedicatória
Dedico este trabalho
aos meus pais, Godofredo e Fran que em
seus corações me geraram e que até o
dia de hoje continuam me gerando;
aos meus filhos Marcelo, Mariana,
Gabriela e Francesca que, antes de
serem no ventre em meu coração foram
gerados;
ao meu companheiro Márcio que no meu
coração forjou um lugar muito especial;
aos meus alunos e amigos que trouxeram
ao meu coração a arte de ser feliz
diariamente.
Agradecimentos:
Agradeço...
...a Deus por ter me constituído ser e ter
me dado o dom de estar;
aos meus alunos, com os quais espero
contribuir com este trabalho no meu
desempenho em sala de aula;
Epígrafe:
“Ainda se eu falasse a língua dos anjos,
se eu falasse a língua dos homens,
sem amor eu nada seria”
( I Coríntios, cap. 13)
Lista de Siglas e Abreviações
CBI-Content Based Instruction (Instrução Baseada em Conteúdo)
Baseada em Conteúdo-CBI
CLT- Comunicative Language Teaching
PRODAM – Empresa de Tecnologia da Informação do Município de São Paulo
L1 – Primeira língua; Língua mãe
L2- Segunda língua
LE- Língua Estrangeira
ESP - English for Special Purposes (Inglês para fins específicos)
Resumo
Este estudo trata sobre uma investigação no desenvolvimento de habilidades
em língua inglesa em ambiente corporativo através da abordagem Instrução
Baseada em Conteúdo-CBI, sob a ótica da motivação. O objetivo é achar
alternativas que envolvam os profissionais do curso de inglês corporativo da
PRODAM de tal forma que as demandas de uso do idioma da empresa sejam
otimizadas. A abordagem CBI trouxe melhor adaptação das tarefas linguísticas às
demandas e necessidades específicas, agregando mais significado às atividades do
curso, integrando-o à rotina e realidade corporativa.
Os dados foram coletados no estágio de nível intermediário do curso de
inglês “In-Company” da PRODAM. Para este propósito os alunos desenvolveram um
workshop chamado “Stress Busting Workshop”, baseado no curso “The Phsysiology
of Stress” ministrado “on-line” pela Universidade de Stanford, EUA. Este workshop
foi apresentado para os funcionários da empresa durante o mês de agosto de 2014
e, em razão da boa aceitação do tema “Stress” por parte dos funcionários, ele foi
integrado ao projeto de qualidade de vida mantido pela empresa.
Durante a aplicação da abordagem, refletimos sobre o envolvimento e
comprometimento dos alunos no desenvolvimento das tarefas e analisamos a
aceitação deles a este modelo. No princípio do trabalho foi identificada certa
intranquilidade em relação à parte final do estudo – a apresentação do workshop. No
entanto, a facilitação do professor presente em todo o processo e os desafios do
projeto impulsionaram um resultado final que trouxe grande satisfação aos alunos e
alavancou a motivação do grupo em participar na continuação do projeto.
Palavras-chave: ensino, motivação,CBI, corporativo
ABSTRACT
This study presents an investigation on the development of English language skills in corporate environment by addressing Content-Based Instruction-CBI, from the perspective of motivation. The goal is to find alternatives to involve professionals from the In-Company Business English Course of PRODAM so that the demands of the company's use of language are met. CBI has a better approach towards tailoring language task demands and needs, as it adds more meaning to course activities, integrating the language into the routine and corporate life. Data were collected within the Intermediate level of the English course "In-Company" of PRODAM. For this purpose the students developed a workshop called "Stress Busting Workshop", based on the on-line course "The Physiology of Stress" by Stanford University, USA. This workshop was presented to company employees throughout the month of August 2014 and, due to success of the project, it was integrated into the quality of life project maintained by the company.
During the application of the approach, we reflected on the involvement and commitment of students in the development of tasks and analyzed their acceptance to this model. At first there was some unease with regards to the final part of the project - the presentation of the workshop. However, the facilitation of the teacher throughout the process and challenges of the project itself boosted a final result that brought great satisfaction to students which motivated them to participate in the continuation of the project.
Keywords: CBI – Content Based Instruction, Motivation, Corporative
Sumário
Dedicatória...................................................................................................................3
Agradecimentos............................................................................................................4
Epígrafe........................................................................................................................5
Lista de Siglas e Abreviações......................................................................................6
Resumo........................................................................................................................7
Abstract........................................................................................................................8
INTRODUÇÃO...........................................................................................................11
CAPÍTULO 1 – DELINEANDO A PESQUISA............................................................13
1.1 Contextualização..................................................................................................13
1.2 Os sujeitos-participantes......................................................................................13
1.2.1 A Empresa..............................................................................................13
1.2.2 Os aprendizes.........................................................................................14
1.2.3.O curso de línguas “In Company”...........................................................15
1.2.3.1Estrutura....................................................................................16
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL DA COLETA DE DADOS........................................17
2.1 Contexto......................................................................................................……..19
2.2 ESP e Aprendizagem de Segunda Língua em Ambiente Corporativo.................19
2.3 Considerações sobre as diferenças entre Abordagem e Metodologia................19
2.4 O Modelo de Krashen: aquisição versus aprendizagem. ....................................21
2.5 Instrução com Base em Conteúdo (Content-Based InstructionCBI)....................21
2.5.1 Origens e conceitos...........................................................................................22
2.5.2 Princípios...........................................................................................................23
CAPÍTULO 3 – O PROJETO “STRESS BUSTING WORKSHOP”.............................24
3.1 Motivação.............................................................................................................24
3.2 Objetivo................................................................................................................25
3.3 Descrição e Procedimentos..................................................................................27
3.4 Formato................................................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................32
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................35
ANEXOS ...........................................................................................................37
11
INTRODUÇAO
Vivemos um dos momentos de avanços tecnológicos e sociais mais
importantes e revolucionárias que a civilização humana já viveu. É um momento que
nos coloca diante de mudanças de paradigmas, de transformações em todas as
áreas do conhecimento humano como também na maneira como esse
conhecimento é produzido e difundido na sociedade. Estes novos paradigmas nos
obrigam a uma constante adaptação e busca de possibilidades que nos motivem e
que acompanhem as demandas que o momento exige. Neste contexto de
mudanças as pessoas assumem na sociedade de informação um papel vital e
crucial tornando básica para a empresa a preocupação com a formação do seu
colaborador, seja física ou intelectual, como via de direção a excelência. Segundo
Peter Drucker em “The New Realities”, (1989 p.89)1 “Estamos entrando num
período dinâmico em que o imperativo econômico de uma força de trabalho mais
competitiva e mais produtiva nos faz voltar aos valores humanistas, tais como a
confiança, a liberdade e o respeito pelo indivíduo; período amplo de informação
inovadora, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais:
emotivas, cognitivas, éticas”.
Este papel vital do colaborador dentro da informação corporativa tem,
definitivamente, uma de suas vias fincadas na comunicação em língua inglesa: o
Inglês se tornou uma segunda língua na maior parte dos países do mundo; Inglês é
a língua mais usada no mundo para a comunicação entre povos de línguas
diferentes; é também a língua mais usada nas relações de negócios, em ciência,
tecnologia e relações internacionais (Larsen-Freeman and Long, 1991).
Esta crescente necessidade de atender a demanda de uso da língua para
fins profissionais faz com que as corporações invistam na formação dos seus
funcionários, em muitos casos, contratando aulas de inglês “In-Company”. Nos
meus 10 anos de experiência atuando dentro das empresas com instrução de inglês
para negócios tenho convivido com certa “saturação” dos métodos convencionais, o
que tem contribuído muito para a falta de motivação dos alunos em relação ao
aprendizado da língua. Invariavelmente isto deságua na debilidade da produção da
1 Peter F. Drucker é um pesquisador na área de Gestão Empresarial.
12
competência linguística tão ansiosamente desejada não somente pelo aprendiz
como também pela empresa.
No contexto corporativo de Tecnologia da Informação e Comunicação é que
este trabalho se desenvolve com o propósito de investigar o desenvolvimento do uso
de competências linguísticas sob a luz da abordagem CBI – Content Based
Instruction, e refletir sobre como motivar o aprendiz deste ambiente específico ao
estudo e produção linguística compatível ao que o ambiente de Tecnologia
demanda, bem como o desenvolvimento das competências aplicadas, teórica e
profissional (ensino de língua via conteúdo).
13
CAPÍTULO 1 - DELINEANDO DA PESQUISA
A proposta da pesquisa é fazer um estudo de caso de natureza qualitativa
onde o processo do trabalho – “Stress Busting Workshop” o qual foi apresentado
pelos alunos, é o foco principal. Através da aplicação da abordagem CBI, foi gerado
conhecimentos para aplicação pratica no sentido de solucionar o problema de falta
de motivação dos alunos com relação a metodologias previamente aplicadas, as
quais se mostravam longe da realidade destes alunos. Para isto serão descritos o
contexto em que a coleta aconteceu e a caracterização dos participantes,
1.1 Contextualização
Esta pesquisa foi realizada nos cursos “In Company” ministrados dentro de
uma empresa de economia mista na área de Tecnologia da Informação situada no
Município de São Paulo. Por ser da área de Tecnologia, a empresa demanda o uso
do inglês no exercício das diversas funções desempenhadas pelos seus
funcionários, em diversos departamentos, nas suas diversas formas de
comunicação, seja, escrita, ou falada.
1.2 Caracterização dos Participantes
1.2.1 A Empresa
A PRODAM – Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do
Município de São Paulo é uma empresa de economia mista, que apoia a prefeitura
de São Paulo na elaboração das políticas de informação e de informática da cidade,
atua na modernização dos órgãos e entidades municipais, oferecendo serviços nas
áreas de Tecnologia da Informação e de Comunicação (TIC), desenvolvendo
soluções tecnológicas e de suporte técnico aos sistemas da administração direta e
indireta do município, bem como de outros municípios do país. Os participantes
deste estudo foram 8 alunos do estágio Intermediário do curso “In Company” de
14
2Inglês para Negócios, ministrado pelo professor-pesquisador na referida empresa,
com as seguintes características:
- Faixa Etária: 31 a 40 anos
- Cargos: Todos os alunos ocupam cargos gerenciais
- Necessidade linguística: Vide quadro 1
Os participantes foram divididos em 2 grupos de 4 e ambos os grupos
desenvolveram os mesmos processos que serão descritos nos capítulos......
Quadro 1
DEMANDAS DE USO DA LINGUA INGLESA EM AMBIENTE DE TIC
Da Empresa de Tecnologia do Município de São Paulo – PRODAM
Participantes Tarefas Habilidades
Comunicativas
Diretores Conferências
Reuniões
Apresentações
Congressos
E-mails
Falar
Ouvir
Escrever
Gerentes e
Coordenadores
Conferências
Reuniões
Apresentações
Leituras de Manuais
Técnicos
Falar
Ouvir
Ler
Escrever
Analistas de Business
E Sistema
Leitura de Manuais
Técnicos
Eventuais
apresentações Técnicas
Leitura
2 Informações Cedidas pelo Departamento de RH da PRODAM.
15
1.2.3 O curso de línguas “In Company”3
O curso de inglês In Company da Prodam foi iniciado em 2011 por iniciativa
do então presidente da PRODAM Dr João Octaviano Machado Neto, com o objetivo
de melhorar a competência comunicativa do então quadro de diretores da PRODAM.
1.2.3.1 Estrutura
Objetivo Geral:
Capacitar os alunos para executar trabalhos internacionais que exigem proficiência
na língua.
Objetivos Específicos:
Habilitar o aluno a:
(i)compreender e produzir linguagem oral em contextos sociais e profissionais;
(ii)compreender textos técnicos e correspondências de natureza variada,
incluindo-se faxes, e-mails e outros recursos;
(iii) redigir pequenos documentos (cartas, telexes e relatórios);
(iv) ser capaz de fazer apresentações em inglês, sobre temas relacionados
à empresa
3 Dados fornecidos pelo Departamento de RH da PRODAM.
16
Estágios:
1 - Elementary
2 - Lower Intermediate
3 - Upper Intermediate
4 - Advanced
Procedimentos de captação dos alunos
1o. passo - "Assestment Test", de abordagem geral, escrito, múltipla escolha.
2o. passo - Entrevista para mapeamento de “speaking”.
3o. passo – programa, plano de trabalho e schedule
O material
Business English books
Market Leader – todos os níveis
Prentice Hall
General English
World Link – Todos os níveis
Cengage Learning
- livros e cd
18
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL DA COLETA DE DADOS
2.1 Contexto
O estudo foi realizado num contexto de trabalho na área de Tecnologia da
Informação, ambiente de alta demanda de uso da língua inglesa. Através da
metodologia de pesquisa qualitativa, dois instrumentos foram utilizados para o
levantamento dos dados relativos a este relato de experiência: o registro de todo o
conteúdo apresentado, feito pelos alunos e o parecer dos mesmos no final da etapa,
quando solicitados.
De acordo com Hutchinson & Waters, (1987,p.5), é essencial identificar as
necessidades de uso e de aprendizagem da língua inglesa na situação alvo. Optei
por desenvolver uma pesquisa com características de Estudo de Caso. Segundo
Stake (1998, p.238), o que aprendemos de um caso particular deriva das
similaridades e diferenças de um caso específico relacionado a outros. O autor
salienta que o caso estudado deve ser claro e bem descrito a fim de permitir ao leitor
comparações com outros estudos. Dentro dessa orientação, a presente pesquisa,
portanto, apresenta-se com características de um Estudo de Caso Intrínseco, uma
vez que há o interesse do professor-pesquisador em investigar quais são as funções
e tarefas comunicativas desempenhadas por profissionais da área e quais são suas
necessidades de aprendizagem, em termos de língua inglesa.
Os estágios de um Estudo de Caso, Chizzoti (2006a, p.102) apresenta três
fases que delimitam o trabalho do pesquisador:
A primeira: seleção e delimitação do caso que será estudado;
A segunda: a coleta e organização dos dados que nortearão as inferências e
o relatório do caso;,
A terceira: organização e redação formal dos resultados do estudo.
Na primeira fase desta pesquisa, selecionei e delimitei o caso a ser estudado
e investiguei as funções e tarefas comunicativas desempenhadas por profissionais
da área bem como suas necessidades de aprendizagem. Fiz observação in loco
19
dos participantes em todas as fases. Foram analisados documentos internos da
empresa referentes à descrição dos cargos que os participantes ocupam.
Finalmente os dados foram organizados e analisados segundo os pressupostos, que
serão relatados em capítulo próprio.
2.2 ESP e Aprendizagem de Segunda Língua em Ambiente Corporativo
Em seu livro English for Specific Purposes: a Learning-Centred Approach,
Hutchinson & Waters (1987 p.5) discutem a respeito da emergência e
desenvolvimento de ESP no final dos anos 60. Segundo eles, as origens de ESP
são explicadas por algumas tendências, que se manifestaram de maneiras diversas
em diferentes partes do mundo. Essas tendências geraram novas demandas entre
as quais podemos citar:
a) A geração de demanda trazida pela expansão das atividades cientificas,
técnicas e econômicas após a II Guerra Mundial;
b) A geração de demanda trazida por uma revolução na Linguística trouxe
novos estudos, os quais passaram a legitimar um novo foco de atenção: o
uso da língua em situações de comunicação real;
c) Os estudos na área de psicologia educacional que mudaram o foco do
ensino levando este foco ao aprendiz. Suas atitudes com relação ao
ensino e suas necessidades passaram a ser fator de central importância
para o aprendizado de línguas.
Hutchinson & Waters (op. cit). Consideram estes fatores a base do
reconhecimento da necessidade de uma especialização no ensino de língua
estrangeira. Então foi gerada a necessidade de uma língua internacional que
suprisse esta demanda e o inglês então cumpre este papel muito em razão de uma
hegemonia politica americana.
20
2.3 Considerações sobre as diferenças entre Abordagem e Metodologia
Para Brown (1997, p.3) Abordagem é entendida como "posições teóricas e
crenças sobre a natureza da linguagem, a natureza da aprendizagem de línguas e a
aplicabilidade de ambas no contexto pedagógico", enquanto que Método é
entendido como "um conjunto geral e prescrito de especificações da sala de aula
para se atingir objetivos linguísticos. Os métodos tendem a estar relacionados, em
primeiro plano, com o papéis e comportamentos de professores(as) e alunos(as) e,
em segundo plano, com aspectos tais como objetivos linguísticos e de conteúdo,
ordem dos assuntos e materiais utilizados. Baseado neste principio trataremos
Content Based Instruction – CBI como abordagem, e doravante usarei a sigla CBI
para a referida abordagem.
2.4 O Modelo de Krashen: aquisição versus aprendizagem
O coração da teoria de Krashen versa que aquisição de língua ocorre de
maneira natural (Natural Approach) da mesma forma que o processo de assimilação
da nossa primeira língua (L1) acontece, sob condições apropriadas. O pesquisador
acredita que línguas estrangeiras são habilidades assimiladas e desenvolvidas
gradativamente, de forma natural e não aprendidas. Para isto é necessário um
ambiente real de comunicação ou ambientes autênticos da cultura estrangeira. Para
Krashen, aquisição e aprendizagem são dois fenômenos diferentes. Enquanto
aquisição é um processo de assimilação natural da língua, o qual ocorre a nível do
subconsciente por um impulso vital da necessidade de comunicação, a
aprendizagem é estudo formal que exige um esforço consciente. Significa saber
regras, falar sobre elas. Esses processos podem ocorrer simultaneamente ou não,
mas o ultimo não sendo causa do primeiro, portanto, aprendizagem não gera, não se
transforma em aquisição.
“O aluno só adquirirá o que estiver no ponto certo de seu desenvolvimento
maturacional, não importando a frequência com que ele é exposto, e nem o grau de
dificuldade envolvido. Assim, as estruturas que estejam além de seu
21
desenvolvimento serão apenas memorizadas, sem contudo, serem integradas, o que
significa uma não capacidade desse aluno de usá-las efetivamente.” (Krashen, 1987,
p.37).
Algumas das teorias de Krashen sobre Aquisição de Segunda Língua, as
quais consistem de 5 hipóteses principais:
- Aquisição é processo inconsciente enquanto que aprendizagem é um
processo consciente. Aquisição linguística é a única via que a competência em
segunda língua ocorre. (The Acquisition/Learning Hypothesis)
- Aprendizagem consciente opera apenas com um monitor ou editor que
checa ou concerta a produção do que foi adquirido.(The Monitor Hypothesis)
- O estado emocional do aprendiz pode agir como um filtro que impede ou
bloqueia o “input” necessário para aquisição de língua (The affective Filter
Hypothesis)
- Estruturas gramaticais são adquiridas em uma ordem previsível e é muito
raro aprende-las numa ordem diferente. (The Natural order Hypothesis)
- Apreende-se mais de mensagens que estão um pouco além da atual
competência. (The Input Hypothesis)
Acredito que Karshen foi um dos teóricos que mais colaboraram para o
desenvolvimento dos estudos linguísticos de LE. Aprender uma língua estrangeira é
uma experiência de vida. Aprender línguas de uma forma geral está intimamente
ligado à identidade social das pessoas: veja que o conteúdo e o estilo de alguém
reflete seus sentimentos, personalidade, sexo, status socioeconômico, etc. No caso
de LE poderíamos dizer que o aspecto humanístico da Abordagem Natural ( Natural
Approach) leva o aluno a se sentir mais confortável para se expressar em sala de
aula porque atividades afetivas, humanísticas exploram os valores e a partilha de
22
experiência agrega sentido de grupo. Isto é essencial para o desenvolvimento do
nosso trabalho, o qual está descrito no capítulo 3.
Roger Brown (1977:26) diz que o melhor conselho que se pode dar para um
professor de uma L2 é o seguinte:
"If you concentrate on communication, everything else will follow". –Se você
se concentrar em comunicação todo o resto fluirá.
Este caminho segue o seu curso e no caso específico deste estudo o curso
nos leva a um ambiente corporativo dinâmico onde a demanda do uso da língua é
grande e especifica. Para suprir esta demanda foi necessário encontrar caminhos
mais direcionados, uma metodologia mais adequada ao público alvo do estudo.
Este elo foi encontrado na abordagem CBI, a qual faz um empréstimo de várias
teorias, como a de Vygotsky e Krashen – daí a relevância de Krashen para este
estudo - e vai bem além de CLT; promove competência intercultural, facilita o
pensamento crítico, integra língua e conteúdo e muda o foco da aprendizagem dos
meios, ou seja, a língua alvo para a informação transmitida, ou seja, o conteúdo.
2.5 Instrução com Base em Conteúdo (Content Based Instruction-CBI)
2.5.1. Origens e conceito.
Alguns autores mencionam que algumas das bases de CBI são na verdade
bem antigas e para dar suporte a essa afirmação referenciam a obra de Santo
Agostinho. Segundo eles a metodologia agostiniana valoriza o homem e a sua
experiência de vida, experiência a qual o amadurece no caminho que o leva ao
conhecimento de Deus. Esta abordagem foca o conteúdo significativo do processo
de ensino e aprendizagem. Para poder entender as mensagens bíblicas Santo
Agostinho lançou mão do aprendizado de línguas anteriores, no caso o grego, e o
latim como ferramenta de aprendizado e não como produto final do aprendizado.de
língua. Esse parece ser um elemento de intercessão com a CBI, um compromisso
duplo com a linguagem e o conteúdo e este compromisso nos remete também aos
programas canadenses de imersão das décadas de 1960 (Ramos, 2009 , p. 172),
23
1970 e 1980. Ao longo desde período foi implementado neste país um projeto de
imersão em francês dentro dos cursos de educação formal para que os alunos de
língua Inglesa aprendessem francês , estudando disciplinas curriculares. Neve, e
Wesche (2003 , p. Ix ) ressaltam o fato de que o material de conteúdo vai ditar como
a linguagem será apresentada.
Essa integração da língua ao conteúdo tem chamado a atenção dos
profissionais do ensino de línguas e especialistas de conteúdo (Stoller, 2004,p.93),
por isto CBI está em constante desenvolvimento e em franca expansão não
somente nos Estados Unidos e Canadá, mas também na Europa e na Ásia,
especialmente em países onde se fala várias línguas diferentes e em lugares com
um alto índice de imigração. Uma das razões para esta expansão é que este
modelo oferece enorme possibilidade de adequação aos interesses e necessidades
dos aprendizes, é efetivo na diminuição da separação artificial que existe entre
ensino de línguas e de uma matéria, ou tema especifico em sala de aula, (Brinton,
Snow e Wesche) tornado o conteúdo um material cognitivamente atraente e
provocativo para o aluno e provavelmente se estenda além da língua ou cultura-alvo
(Met, 1999, p.150).
2.5.2 Princípios
Em uma abordagem baseada em conteúdo, os alunos adquirem
conhecimentos, especialização e fluência linguística simultaneamente. Além disso,
eles aprendem a dominar as habilidades necessárias para o sucesso acadêmico,
para o sucesso profissional. De acordo com Brinton et al (1989), "o programa
linguagem deve levar em conta os usos que o aluno vai fazer da língua-alvo", O uso
de "conteúdo informativo que é percebida como relevante pelo aluno" aumenta a
motivação na aprendizagem de línguas e, assim, promove a eficácia de
aprendizagem.
As abordagens são construídos na experiência prévia do aluno, uma vez que
usar métodos pedagógicos que visam o desenvolvimento global das habilidades
cognitivas e acadêmicas, bem como habilidades linguísticas fornecem um quadro
24
mais amplo e "contexto de linguagem" de desenvolvimento, em que o foco não está
apenas em exemplos fragmentados de formas de linguagem "correta", mas também
sobre "interação e padrões de discurso".
Em SLA (aquisição de segunda língua), a pesquisa sugere que uma condição
necessária para o sucesso da aprendizagem de línguas é "input compreensível" que
se tem focando o sentido e não a forma. O desenvolvimento de boas habilidades
comunicativas receptivas é o alicerce sobre o qual se baseiam as competências
linguísticas .
Para Littlewood (1984, pp.4/237), aquisição da competência comunicativa é
um exemplo do desenvolvimento das habilidades e envolve tanto o aspecto cognitivo
quanto o comportamental. A competência comunicativa enquanto capacidade de
usar a língua de acordo com a situação e local onde o falante se encontra, é
fundamental para os profissionais da área de TIC, afinal usar o idioma para
comunicação corporativa efetiva é uma exigência tanto para os profissionais que
desejam se incluir quanto para os que querem se manter no mercado. No caso
deste trabalho, se faz necessário tratar aspectos do idioma em uma abordagem
cotidiana, relacionada ao universo dos negócios da área de TIC e às demandas do
dia a dia de cada profissional seja ele da área técnica ou gerencial da empresa já
citada.
A abordagem CBI traz em seu bojo o arcabouço e a flexibilidade necessária
para se trabalhar este conteúdo mais específico, dinâmico e natural ao campo de
atuação da empresa objeto deste estudo; aproxima o aluno da realidade da
organização, através dos conteúdos específicos e das habilidades desenvolvidas
as quais estão diretamente ligadas às suas atribuições cotidianas; angaria ganho
de qualificação profissional de conteúdos; habilidade comunicativas e relacionais
facilitando a obtenção dos resultados esperados pela empresa.
CAPÍTULO 3 – O PROJETO “STRESS BUSTING WORKSHOP”
3.1 Motivação
A motivação é uma das mais importantes dentre as variáveis afetivas, pois ela
é a chave para a aprendizagem. Brown (2000, p.164).
25
Para Krashen (1990, p.4) aprendizes motivados, confiantes e com baixa
ansiedade tendem a ser bem sucedidos no processo de aquisição de uma segunda
língua. Gardner (1990, pp.179-221) versa que a atitude está enraizada no contexto
social e influencia a motivação que, por sua vez, influencia o desempenho em todos
os contextos de aquisição linguística. A atitude é, portanto, um componente
essencial da motivação. Uma atitude é um estado mental organizado através de
experiências vividas pela pessoa que traz uma influência direta e dinâmica em sua
resposta individual para todos os objetos e situações com as quais está relacionada.
A motivação pode ter várias fontes. Uma delas pode estar no próprio ato de
aprender e, nesse caso, o estímulo e a motivação seriam o interesse inato de
aprender porque as situações de aprendizagem são atrativas por si só; O professor,
por sua vez, pode trabalhar para mudar as atitudes, redirecionar expectativas e
substanciar ou alterar os preconceitos dos alunos em relação ao estudo da língua.
Ainda segundo Krashen, é quase impossível a aquisição de língua quando um
aluno está desmotivado de alguma forma. Assim, um aluno "sem perspectiva de
aprender outro idioma depende muito do seu próprio estado de espírito e atitude
para com ele”. Pesquisas demonstram que atitude dos alunos e aprendizagem de
uma língua estão co-relacionados (Lightbown e Spada, 1999, pp.152-153). Temos
portanto um triângulo perfeito: atitudes positivas - motivação do aluno -
aprendizagem bem sucedida (Lightbown e Spada, 1999).
Esta abordagem é, portanto, o alicerce da escolha para o estudo de caso,
objeto deste trabalho. Como base de trabalho, temos um ambiente corporativo de
variadas demandas na área de tecnologia da informação (quadro 4)
Essas demandas de vários níveis linguísticos, tanto de inglês instrumental
(e.g para uso em leituras de manuais e guias de programação, instalação de
equipamentos os quais estão na grande maioria dos casos- escritos em inglês -
exigem dos trabalhadores/aprendizes de ESL uma demanda alta no nível de uso
linguístico/cultural e de maneira prática.as quais muitas vezes minam a capacidade
de prazer que o aprendiz tem sobre o aprendizado de língua.
Acredito que a abordagem CBI oferece a possibilidade de melhorarmos esta
motivação dos aprendizes já que podemos usar uma variedade de materiais,
tarefas, atividades e métodos de ensino adequados aos contextos e específicos às
necessidades do grupo trabalhado no sentido de “fomentar” a motivação dos
26
aprendizes em direção ao sucesso do aprendizado, elevando, assim, o nível de
aquisição linguística e cultural.
3.2 Objetivo
O Projeto “Stress Busting Workshop” foi elaborado com o objetivo final de
integrar o curso de inglês In Company da Prodam à demanda linguística da
empresa. Ele foi inserido dentro do projeto de qualidade de vida da empresa como
também no projeto de educação corporativa. Como objetivo especifico o projeto
focou no envolvimento dos alunos em todo o processo desde a elaboração até a
apresentação do workshop, que é o produto final.
Quadro 1 - “Stress Busting Workshop”
3.3 Descrição e Procedimentos
Etapa I: Curso online The Physiology of Stress
1. Objetivos de aprendizagem:
Compreensão do curso “The Physiology of Stress” disponível no site da
Universidade de Stanford .
. Procedimento das Tarefas:
Gerenciamento
(1) As leituras foram feitas individualmente em casa.
(2)Alguns vídeos foram assistidos em sala de aula.
(3)As discussões foram feitas em um grupo em sala de aula
Construção do formato do workshop
(1) Cada aluno pesquisou literatura de como organizar um workshop
27
(2) Em sala os alunos decidiram a respeito do formato (quadro 1)
(3) As tarefas foram atribuídas
(4) Foram discutidas adequações ao formato escolhido
(5) Os equipamentos e materiais a serem usados na apresentação foram
testados.
(6) O workshop foi ensaiado
Estágio IV: Feedback e Avaliação
Objetivo: Melhorar a capacidade de apresentação oral
2. Conteúdo:
Avaliação do aprendizado, performance e feedback.
3. Procedimentos:
Feedback and Comments
(1) Apresentação do workshop
(2) Após a apresentação, cada aluno escreveu seus comentários sobre a
sua própria participação
(3) O professor faz um comentário geral sobre a apresentação
Tarefa 4-2 Avaliação e Discussão
(1) Os participantes que assistiram ao workshop respondem ao formulário
“Como você avalia este workshop” para acessar a avaliação do
workshop por parte dos participantes.
(2) O professor coleta todas as opiniões e dados das avaliações
respondidas pelos participantes do workshop.
(3) O professor faz uma discussão adicional a respeito da apresentação do
workshop com os aprendizes, comenta/discute as opiniões dos
participantes do workshop.
(4) Os aprendizes fazem um relatório escrito final enviado por e-mail.
(5) Todas as informações são arquivadas para uso em trabalhos
posteriores.
28
RESUMO DO PROJETO
E
stágio
Projeto Tarefa
i
I
Curso on-line
Stanford
University
1-1 Verificar a estrutura do curso-alvo, os temas dos tópicos
para delimitação geral
1-2 Discussão sobre o entendimento geral do conteúdo
1-3 Definido o modulo 9 como tema para o workshop
1-2 Alunos assistiram às aulas do módulo 9, tomaram
notas, baixaram slides
I
II
Formatação
do Workshop:
Reuniões
para
Discussão
em grupo
2-1 Cronograma de trabalho
2-2 Definição público-alvo do workshop
2-3 Delimitação da temática a ser coberta
2-4 Formatação do workshop
2-5 Divisão do trabalho
2-6 Pesquisas individuais de enriquecimento de
conteúdo
2-7 Preparação do material e equipamentos a serem
usados
2-8 Ensaio da apresentação
I
III
Apresentação
do workshop
3.1 Administração de tempo
I
IV
Feedback 4-1 Feedback & Comentário
4-2 Avaliação & Discussão
Quadro 3. Procedimentos:
Tarefa 4-1 Feedback and Comments
Todo o grupo preenche A avaliação final1
Após a apresentação, cada aluno escreveu seus comentários sobre a
sua própria participação; o professor faz um comentário geral
sobre a apresentação
Tarefa 4-2 Avaliação e Discussão
(1) Os participantes que assistiram ao workshop respondem ao
formulário “Como você avalia este workshop”2 .
(2) O professor coleta todas as opiniões e dados das avaliações
29
respondidas pelos participantes do workshop e faz uma discussão
adicional a respeito da apresentação do workshop com os
aprendizes, comenta/discute as opiniões dos participantes do
workshop.
(4) Os aprendizes fazem um relatório final escrito enviado por e-mail.
(5) Todas as informações são arquivadas enviadas para o
departamento de RH para uso em trabalhos posteriores.
30
3.4 Formato do workshop apresentado pelos alunos
Quadro 2 - Formato do Workshop produzido pelos alunos da forma como foi
apresentado
STRESS BUSTING WORKSHOP – FINAL DRAFT
Part 1 – (ALFREDO) 8 minutes
2’ - Greeting/welcoming the audience/ presenting the team / talking about the
objectives of the workshop, introducing Warm up.
I – Warm up 5’ Video Goofy – Mr Wheely
Nota Explicativa:
O aluno Alfredo apresentou o grupo, introduziu o tema do workshop e o
Warm up, O qual consistiu de um vídeo de 5 minutos. Este vídeo apresenta
o personagem Pateta vivendo situações bem divertidas de stress no
trânsito.
O objetivo foi fazer a plateia rir e se sentir à vontade usando uma técnica de
stress para a introdução do tema.
Part 2 – (LUIZ) – 10 minutes
II - INTRODUCTION
Link the warm up with the introduction(how?)
Questions (slide) about stress
(DEMYSTIFICATION)
When stress is essential:
Ayrton Senna Video
Brief explanation of stress (link with the questions?) and the harmful physica
l and mental effect it has in the body
Signs of chronic stress and overload
31
Nota Explicativa:
O aluno Luís faz uma ligação do vídeo apresentado com as situações de
stress ao tema do workshop. Para isto ele usou algumas perguntas sobre
tema, apresentado nos slides.4 Enquanto isto o aluno Alfredo distribui
filipetas amarelas para a plateia. O aluno Luis pede que a plateia escreva na
filipeta amarela uma palavra que para eles lembrasse ou estivesse ligado de
alguma forma a “Stress”. Num momento de interação com a plateia, ele
trabalha conceitos de stress nocivo; stress necessário; efeitos do stress
sobre o estado físico e mental dos seres humanos e como identificar
alguns sinais de stress negativo em si mesmo. Em seguida ele introduz
aluna Kátia para a plateia.
Part3 – (KATIA) – 15 minutes?
III – BODY – Practices
2’ - Talk about the various stress management techniques (short and long
terms techniques)
Present the technique FREEZE FRAME – perform, bla bla bla –( 15 ‘)
Nota Explicativa
A aluna Kátia usou slides para falar de algumas técnicas que
podem ser usadas para diminuir o stress de longo e curto prazos. Em
seguida as luzes da sala foram apagadas e uma música suave foi colocada
para criar um ambiente de relaxamento. A aluna então aplicou uma das
técnicas de gerenciamento de stress de curto prazo chamada “Freeze
Frame”5. No final ela fala dos benefícios desta técnica e chama o aluno
Marco para continuar a condução
4 Vide Anexo IV
5 Vide Anexo I
32
Part 4 – Marco and Everyone 10 minutes
IV – WRAP UP
A - Questions – how did you feel about the workshop/ what are your feelings
about…etc
B – Brief tips for managing stress in various situations
C – Brief tips on lifestyle changes to alleviate stress
FEEDBACK – Give out sheets (stress mapping) 5 minutes
Nota Explicativa
Enquanto o aluno Luis distribui filipetas verdes o aluno Marco pede à plateia
para que eles a exemplo da outra filipeta escrevam uma outra palavra
relativas a “stress”. Em seguida ele repassa os pontos principais do tema,
desde a abertura, usando slides. Enquanto ele faz esta retomada, os
alunos Katia, Alfredo e Luis recolhem as filipetas verdes e colam no quadro
branco com a seguinte disposição:
Filipetas amarelas distribuídas no início na parte de cima do quadro
Filipetas verdes distribuídas no final na parte de baixo do quadro.
A partir de então é aberto um grupo de discussão que começa a partir das
idéias colocadas nas filipetas (iniciais e finais) com uma pergunta chave: O
seu conceito de stress mudou ou continua o mesmo depois desta
apresentação? O que alterou? O que agregou?
O grupo de discussão foi moderado pela aluna Kátia e abordou os conceitos
de stress em alguns relatos pessoais. Finalmente eles discutiram a respeito
das causas do stress sobre os funcionários da empresa, como isto
acontece no dia a dia deles e o como eles poderiam aplicar algumas
técnicas para diminuição dos níveis de stress no sentido de melhorar a
qualidade de vida dentro do ambiente profissional.
No final do workshop foi passado uma folha com perguntas pala tabulação
de feedback e os participantes levaram uma pasta preparada pelos alunos com
Os pontos importantes do workshop e material de auto-ajuda com
técnicas de gerenciamento de stress.
(*) Edição de texto minha.
33
Considerações finais:
Este trabalho versou sobre a aplicação dos princípios da abordagem CBI a um
caso específico e real dentro de um ambiente corporativo. Para tanto, apresentou
fundamentos da abordagem adotada, a qual foi relacionada aos seus fundamentos
primeiros. Foram descritos os aspectos do desenvolvimento do projeto desde o
planejamento até sua execução, o qual foi delineado especialmente para atender as
demandas do contexto no qual foi ministrado.
Um quadro com descrição e registro da trajetória do projeto propriamente dito,
procura estabelecer o vínculo entre a realidade do curso específico e o arcabouço
teórico, ressaltando a relevância do curso para a instituição em particular. A empresa
foi descrita na sua posição enquanto instituição, bem como nos aspectos das
necessidades linguísticas. Essas necessidades passam certamente por ampliação das
perspectivas dos alunos de ambiente corporativo no sentido de superar a distância
linguística e cultura corporativa.
De acordo com Ellis & Johnson (1994, p.7), “O que caracteriza a língua dos
negócios é o propósito com que as pessoas a usam. A língua é usada para um fim, um
propósito, e o sucesso desse uso é medido pelos resultados de transações de
negócios e eventos alcançados”. No mundo competitivo dos negócios, os objetivos
relacionados ao desempenho do profissional dentro da instituição têm prioridade em
relação aos objetivos educacionais ou aos próprios objetivos de aprendizagem de uma
língua, pois tem relação direta com sua carreira (idem, ibidem).
Longe de divergir deste conceito, mas, adicionando a ele, ouso dizer que o
ambiente corporativo é bem mais complexo do que aparenta ao primeiro olhar e é,
definitivamente, muito rico em diversidade cultural. Isso é uma benesse que deve ser
aproveitada por todos que dele participam. Diversidade deve significar enriquecimento
em todas as suas esferas. Deve promover um maior amadurecimento cultural,
profissional e uma melhor capacidade de reflexão crítica.
34
Acredito que as práticas de experimentação linguística em sala de aula
são essenciais. Mas é necessário que sejam fundamentadas, tenham objetivos e
sejam desenvolvidas com cuidado e dedicação. Um processo assim certamente nos
leva a resultados que muitos pesquisadores – e aqui expresso meu respeito a todos –
já previram, experimentaram, escreveram a respeito ou comunicaram de alguma forma.
No desenvolvimento do trabalho de formatação do projeto, objeto deste estudo,
uma das maiores benesses foi perceber um estreitamento das relações interpessoais
do grupo ao longo do tempo. Parte deste resultado se deve certamente às longas horas
de discussão em torno do tema desenvolvido, encontros/aulas de grande envolvimento
linguístico, com inúmeros aspectos culturais de relacionamento grupal/profissional e
relações humanas. A segunda parte do projeto – a apresentação do workshop –nos
traz elementos de desafios aceitos, dedicação e superação, características muito
comuns no processo de apreensão da habilidade de apresentação em público e,
adicione-se aqui: em segunda língua.
Isto certamente transcende materiais, métodos ou produção linguística “per se”.
Inclui alterações nas atitudes e crenças não só nos conceitos dos aprendizes, mas
também nos conceitos do facilitador. E, quando adicionamos a estes fundamentos de
técnicas, teorias etc., sentimentos de boa vontade e amor, então estes resultados são
elevados a dimensões que os teóricos não conseguem destrinchar, nem as teorias
conseguem construir... assim, espero dar uma gota de colaboração na preparação dos
meus alunos, não somente para produções de competências linguísticas perfeitas
mas, principalmente, para relacionamentos profissionais - ou não – presentes e futuros
que sejam mais felizes, éticos e harmoniosos.
“Se você me disser, eu esquecerei;
Se você me mostrar, eu lembrarei;
Mas se você me envolver, eu compreenderei.”
Confucio
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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línguas. Campinas: Pontes, 1993
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36
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