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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA
MESTRADO EM SADE E GESTO DO TRABALHO
DANIELA DAL FORNO PEREIRA
INTERDISCIPLINARIDADE:
concepo e prtica de profissionais de uma equipe de UTI neonatal
Itaja, outubro de 2005.
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DANIELA DAL FORNO PEREIRA
INTERDISCIPLINARIDADE:
concepo e prtica de profissionais de uma equipe de UTI neonatal
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Sade e
Gesto do Trabalho da Universidade do Vale do Itaja para
obteno do ttulo de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Agea Cutolo
Itaja, outubro de 2005.
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PEREIRA, Daniela Dal Forno. Interdisciplinaridade: concepo e prtica de profissionais de uma equipe de UTI Neonatal; orientador: Luiz Roberto Agea Cutolo. Itaja: UNIVALI, 2005. 114 p.
Dissertao (Mestrado) - Universidade do Vale do Itaja. Centro de Cincias da Sade. Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho.
Biblioteca da UNIVALI
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DANIELA DAL FORNO PEREIRA
INTERDISCIPLINARIDADE:
concepo e prtica de profissionais de uma equipe de UTI neonatal
Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre e aprovada pelo
Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho, da Universidade do Vale do Itaja, Centro de
Cincias da Sade.
Linha de Pesquisa: Promoo e Educao em Sade
Itaja, 11 de outubro de 2005.
Prof. Dr. Luiz Roberto Agea Cutolo UNIVALI - CE de Itaja
Orientador
Prof. Dra. Ingrid Elsen UNIVALI - CE de Itaja
Membro da Banca
Prof. Dra. Suely Grosseman UFSC Florianpolis
Membro da Banca
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i
Este trabalho dedicado
Ao meu amado companheiro e amigo Junior, pela compreenso e incentivo.
Aos meus queridos pais, por me amarem.
Aos recm-nascidos de alto risco.
Aos profissionais da sade neonatal, motivo e fim de nosso trabalho.
E a Deus pela vida. Obrigado.
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AGRADECIMENTOS
Desejo expressar meus agradecimentos a todos os que, de uma forma ou de outra,
contriburam para a realizao deste trabalho e, especialmente:
Ao professor Doutor Luiz Roberto Agea Cutolo, pelo apoio e compreenso para a realizao deste trabalho.
A Tia Clia Pegoraro (in memorian), pelo auxlio nos momentos difceis e pelo computador que nos deu.
A colega e amiga Slvia Dias pelo apoio que sempre prestou.
Aos profissionais da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal por contriburem para a realizao deste trabalho e pelo tempo que trabalhamos juntos.
A minha irm Juliana, minha Dinda e minha cunhada Crol por me emprestarem seus computadores em minhas idas e vindas.
A professora Ingrid Elsen pelas sugestes enquanto membro da banca.
A todos que de uma forma ou de outra me apoiaram
MEU MUITO OBRIGADA
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iii
Nos dias atuais e no futuro tambm, a neonatologia continuar sendo uma atividade de equipe. Assim sendo, importante que cuidemos
de nossas equipes com sapincia, de forma a torn-las em instrumentos eficazes.
AVERY
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iv
RESUMO
INTERDISCIPLINARIDADE: CONCEPO E PRTICA DE PROFISSIONAIS DE
UMA EQUIPE DE UTI NEONATAL
Pereira, Daniela Dal Forno; Cutolo, Luiz Roberto Agea
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Equipe multiprofissional. Neonatologia.
Comunicao.
Partindo do pressuposto que a interdisciplinaridade uma necessidade para a prtica de sade, em decorrncia da crescente complexidade dos problemas na rea foi desenvolvido o presente um estudo. Com vistas a: conhecer a concepo e prticas interdisciplinares de profissionais da equipe; identificar se a equipe realiza prticas interdisciplinares, conhecer as possveis formas de comunicao interdisciplinar da equipe; identificar as vantagens e desvantagens das prticas interdisciplinares em uma Unidade Neonatal; e atravs da observao, entender a efetivao da interdisciplinaridade na assistncia do recm-nascido. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratria do tipo diagnstico com abordagem qualitativa a partir de uma coleta de campo baseada no mtodo grupo focal e observao sistemtica correlacionadas pela tcnica de triangulao em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. O sistema conceitual consta da conceituao de Interdisciplinaridade; Aspectos sobre Neonatologia e Equipe Neonatal. A Anlise de Contedo foi utilizada como mtodo de anlise. As categorias foram classificadas de acordo com o que os participantes referiam-se a concepo do termo, sistematizao da prtica interdisciplinar, suas vantagens e suas desvantagens. Pode-se perceber que em alguns momentos existiu a troca entre o termo interdisciplinaridade e o trabalho em equipe ou em conjunto. A comunicao, tanto oral como escrita destacou-se por ser uma possvel alavanca no processo interdisciplinar. Por outro lado desconfiana, o desrespeito aos limites de cada profissional foram apontadas como dificuldades na implementao da interdisciplinaridade. Possveis alternativas foram apontadas alm do incentivo a novas pesquisas relacionadas temtica.
- Enfermeira, Aluna do Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho da UNIVALI SC. [email protected] - Mdico, Pediatra, Doutor em Educao, Professor do Programa de Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho da UNIVALI SC. [email protected]
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v
ABSTRACT
INTERDISCIPLINARITY: PROFESSIONAL CONCEPTION AND PRACTICE OF A
NEW BORN CHILD UNITY STAFF.
Pereira, Daniela Dal Forno; Cutolo, Luiz Roberto Agea
Keys-words: Interdisciplinarity. Multiprofessional staff. Neonatology. Communication.
Having in mind that interdisciplinarity is a necessity for healthy practice due to the increasing complexity of the problems in the area, this work was developed based on: knowing the interdisciplinarity practice and conception of the professionals in the staff; identifying whether the staff accomplishes these interdisciplinarity knowing the possible forms of communication of the staff; identifying the advantages and disadvantages of the interdisciplinarity practice in a new born child unity; and, through observation, understanding the real assets of the interdisciplinarity in the attendance of the new born. It is a described and an exploratory research of the diagnostic type with quality approach based on a field collect of the group focus method and systematics observation correlationed by triangular technique in a new born child Intensive unity. The conception system is based on the conception of interdisciplinarity; neonatology aspects and neonatal staff. The analysis of the contest was used as analysis method. The categories were classified according to what the participants referred to the conception of the term, the systematics of interdisciplinarity practice, their advantages and disadvantages. We can perceive that there were moments in which we can feel the exchange between the term interdisciplinarity and the staff work or in assemblage. The oral and writing communication became a lever in the interdisciplinarity process. On the other hand suspicion, disrespect to the limits of each professional were pointed out as difficulties in the usage of interdisciplinarity. Possible alternatives were pointed out beyond the incentive to have new researches related to the subject.
- Enfermeira, Aluna do Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho da UNIVALI SC. [email protected] - Mdico, Pediatra, Doutor em Educao, Professor do Programa de Mestrado em Sade e Gesto do Trabalho da UNIVALI SC. [email protected]
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vi
LISTA DE FIGURAS
1.1. Figura 1............................................................................................................................20 1.2. Figura 2............................................................................................................................21 1.3. Figura 3............................................................................................................................21 1.4. Figura 4............................................................................................................................23
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vii
LISTA DE APNDICES
1.1. Termos ...........................................................................................................................105 1.1.1.Termo De Consentimento Livre E Esclarecido- I .......................................................1051.1.2. Termo De Consentimento Livre E Esclarecido- II......................................................106 1.2. Protocolo de Questionamento......................................................................................107 1.3. Variveis dos Participantes .........................................................................................108 1.4. Roteiro para o Encontro ..............................................................................................109 1.5. Convite para a Participao na Pesquisa ...................................................................110
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viii
LISTA DE ANEXOS
1.1. Termos Clssicos ....................................................................................... ...................111
1.2. Critrios para a implantao de UTI Neonatal .................................................112
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ix
SUMRIO
RESUMO............................................................................................................................... IV
ABSTRACT ............................................................................................................................V
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... VI
LISTA DE APNDICES ....................................................................................................VII
LISTA DE ANEXO ........................................................................................................... VIII
APRESENTAO ................................................................................................................11
CAPTULO I .........................................................................................................................12
I.1. INTERDISCIPLINARIDADE e a NEONATOLOGIA .............................................12
CAPTULO II ........................................................................................................................17
II.1. PROBLEMTICA DO ESTUDO ...............................................................................17
II.2. OBJETIVOS. .................................................................................................................17
II. 2.1. Geral.............................................................................................................................17
II. 2.2.Especficos ....................................................................................................................17
CAPTULO III ......................................................................................................................18
III.1. SISTEMA CONCEITUAL .........................................................................................18
III.1.1. Contextualizao da Interdisciplinaridade...................................................................18
III.1.2. Aspectos Histricos e Conceituais sobre Neonatologia ..............................................26
III.1.2.1. Aspectos Histricos ..................................................................................................26III.1.2.2. Neonatologia E Unidade De Terapia Intensiva Neonatal.........................................36III.1.2.3. Classificao Do Recm-Nascido ............................................................................41 III.1.3. EQUIPE NEONATAL E INTERDISCIPLINARIDADE .....................................42
CAPTULO IV.......................................................................................................................49
IV.1. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ..............................................................49
IV.1.1. Procedimento tico .....................................................................................................49
IV.1.1.1. Parecer tico ............................................................................................................49
IV.1.1.2. Sigilo ........................................................................................................................49
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x
IV.1.2. Base Terica ................................................................................................................49
IV.1.3. Amostragem ................................................................................................................50
IV. 1.3.1. Critrio de Incluso .................................................................................................50IV. 1.3.2. Participantes ............................................................................................................50
IV.1.4. Localizao da Pesquisa ..............................................................................................51
IV.1.5. Contatos.......................................................................................................................51
IV.1.6. Coleta de Dados ..........................................................................................................52
IV.1.7. Encontro ......................................................................................................................55
IV.1.8. Anlise dos Dados .......................................................................................................55
CAPTULO V ........................................................................................................................57
V.1. INTERDISCIPLINARIDADE EM PESQUISA.........................................................57
CAPTULO VI.......................................................................................................................60
VI.1. RESULTADOS E DISCUSSES ...............................................................................60
VI.1.1. Caracterizao dos Sujeitos.........................................................................................60
VI.1.2. Grupo Focal .................................................................................................................60
VI.1.3. Prticas Profissionais...................................................................................................85
CAPTULO VII .....................................................................................................................95
VII.1. CONSIDERAES FINAIS.....................................................................................95
VII.1.1. Sntese da Discusso .................................................................................................95
VI.1.2. Sntese Propositiva e Novas possibilidades de Investigao .....................................96
VI.1.3. Limitaes ...................................................................................................................97
VI.1.4. Recomendaes ...........................................................................................................97
REFERNCIAS ....................................................................................................................98
APNDICES .......................................................................................................................105
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APRESENTAO
A dissertao de Mestrado INTERDISCIPLINARIDADE: concepo e prtica de
profissionais de uma equipe de UTI neonatal o resultado de uma pesquisa cientfica
composta de informaes, cujo objetivo, permitir aos profissionais da sade e estudantes,
conhecerem a concepo de prticas profissionais interdisciplinares em uma equipe de UTIN.
Neste trabalho possvel identificar, a partir dos dados coletados, o modo como uma
determinada equipe neonatal realiza sua assistncia interdisciplinarmente.
Desejamos com esta pesquisa, estimular os leitores a detectar a importncia da
interdisciplinaridade, e que as informaes aqui contidas possam suscitar reflexes, tornando
mais consciente e eficiente o desempenho profissional.
A seguir destacamos uma breve sntese de cada captulo integrante desta pesquisa:
CAPTULO I Realiza-se inicialmente uma breve descrio sobre os interesses que
conduziram este estudo, assim como uma familiarizao sobre neonatologia e
interdisciplinaridade.
CAPTULO II Apresentao da problemtica que instigou a pesquisa que se desdobrou nos
objetivos propostos.
CAPTULO III Este captulo trata dos conceitos referentes temtica atravs de um
referencial bibliogrfico sobre Interdisciplinaridade, Aspectos Histricos e Conceituais da
cincia Neonatologia e a correlao entre Neonatologia e Interdisciplinaridade.
CAPTULO IV Os Procedimentos Metodolgicos compem esse captulo dividindo-se em
oito itens que vo desde a Base Terica da pesquisa at o meio utilizado para a Anlise de
Dados.
CAPTULO V Este breve captulo engendra a problemtica sobre interdisciplinaridade em
pesquisa.
CAPTULO VI Breve caracterizao dos sujeitos pesquisados. Descrio dos resultados
obtidos atravs dos mtodos Grupo Focal e Observao Sistemtica correlacionados pela
Tcnica Triangulao.
CAPTULO VII O ltimo captulo divide-se em: Sntese da Discusso, Sntese Propositiva
e Novas possibilidades de Investigao, Limitaes e Recomendaes.
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CAPTULO I.
I. 1. INTERDISCIPLINARIDADE e a NEONATOLOGIA
O interesse pela temtica surgiu durante o segundo ano do curso de mestrado quando o
conhecimento pela prtica interdisciplinar instigou-me a investigar a realidade de
profissionais de sade, relacionado-a a interdisciplinaridade. J a escolha do local, ou seja, a
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal deu-se por dois motivos bsicos, o primeiro, por j ter
trabalhado em uma Unidade Neonatal e possuir afinidade com a rea e segundo, por ter sido
professora do Curso Tcnico de Enfermagem nas disciplinas de Assistncia a Criana e
Assistncia ao Recm-nascido em Estado Grave.
O recorte de investigao passa por uma categoria que recentemente iniciou sua
investigao no mbito da sade, a interdisciplinaridade. Confesso que como enfermeira
recm formada, apenas no mestrado tive a oportunidade de adquirir conhecimentos mais
aprofundados sobre prticas interdisciplinares.
Algumas caractersticas vislumbradas na graduao e tambm em meu cotidiano
profissional mostraram realmente a necessidade de agir em equipe e esta ao ocorre
naturalmente quando o bem-estar de um paciente o objetivo final. Entretanto, percebe-se
que este trabalho em equipe restringe-se a partir do momento em que os prprios profissionais
consideram-se conhecedores absolutos de sua prtica, no interagindo com profissionais de
outra formao e nem permitindo a interao para a escolha de uma conduta adequada.
Alm do interesse pela temtica, as estatsticas sobre UTIN confirmam o aumento de
recm-nascidos graves, pois conforme afirma Beal apud Costenaro (2001), nas ltimas duas
dcadas, os neonatos tm atingido um tero ou mais dos pacientes peditricos hospitalizados
em todo o pas. Anualmente, nascem nos EUA aproximadamente 50.000 RN com peso abaixo
de 1500 gramas, que representam 1,2% dos nascidos vivos. Destes, 85% sobrevivem ao
perodo neonatal, sendo que de 25 a 50% apresentam algum grau de alterao em seu
desenvolvimento e, aproximadamente de 5 a 15%, so portadores de encefalopatia hipxica-
isqumica no progressiva (HERNANDEZ, 2003).
No Brasil o ndice de mortalidade infantil, embora decrescente nos ltimos dez anos,
passou de 49,40% em 1990 a 33,1% em 2000, porm ainda atinge nveis muito elevados
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(DATASUS apud HERNANDEZ, 2003). A mesma fonte cita ainda que dentre as principais
causas detectadas encontram-se as condies perinatais, e destas, o baixo peso, a
prematuridade e as infeces respiratrias tm papel preponderante. Mais especificamente
ainda, no estado de So Paulo, entre 1994 e 2000, o percentual de nascidos vivos com peso
abaixo de 2500 gramas da ordem de 8,68%. Se utilizarmos os parmetros apontados na
bibliografia estrangeira, podemos concluir que a populao que sobrevive com seqelas em
seu desenvolvimento grande e requer atendimento diferenciado e o mais precocemente
possvel.
A desigualdade social no Brasil um agravante que possui conseqncias para a
mortalidade infantil como um todo, mas tambm sobre a mortalidade neonatal, portanto cabe
aqui citar as principais determinaes sociais desta mortalidade neonatal: a questo da renda
familiar; a informao; a alimentao materna; o acesso ao pr-natal; e o acesso a UTI
Neonatal e as infeces congnitas.
A presena ou no destas questes ir determinar as condies do parto e a assistncia
ao recm-nascido em seu primeiro ms de vida, portanto, o conhecimento de seu histrico
familiar sumamente importante para a efetivao de seus cuidados. Salienta-se tambm que
a prtica interdisciplinar neste perodo torna-se fundamental na luta contra a mortalidade,
assim como na luta para evitar que recm-nascidos de alto-risco adquiram seqelas
provenientes de falhas na assistncia.
Mas afinal, o que significa interdisciplinaridade? De que maneira ela pode ser
caracterizada? Existe atualmente um enfoque interdisciplinar em disciplinas voltadas para a
rea da sade? Ser possvel afirmar que as prticas interdisciplinares so indispensveis para
a atuao em uma equipe de sade? Estes questionamentos assim como outras dvidas
surgem quando esta temtica alvo de discusso. Talvez estas discusses justifiquem-se por
ser a interdisciplinaridade tambm um processo de atuao considerado recente na rea da
sade, que, no decorrer desta investigao tentar-se- responder estes questionamentos.
Ao analisar a interdisciplinaridade, Loureiro (1992) afirma que esta uma necessidade
para a prtica de sade, em decorrncia da crescente complexidade dos problemas na rea.
Entretanto, conforme Santom (1998), analisando numericamente, no so freqentes as
instituies (organizaes) que se dedicam exclusivamente a promoverem de modo explcito
as abordagens interdisciplinares, a refletirem e pesquisarem o que a interdisciplinaridade
implica.
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A interdisciplinaridade como objeto de pesquisa em sade foi utilizada por Rees
(2000), na emergncia de um hospital mostrando a importncia do trabalho cooperativo, no
sentido de reduo de erros cometidos pela equipe prestadora de servios assistenciais. Assim
como o trabalho apontado por Rees, esta pesquisa mostrou a importncia do trabalho
cooperativo de uma equipe multiprofissional, sendo o grupo a ser investigado neste trabalho
constitudo por profissionais atuantes em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e
suas compreenses sobre a categoria interdisciplinaridade.
Inicialmente, o grupo de profissionais da UTI compunha-se de um ncleo bastante
restrito mdicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Ao longo dos ltimos anos este
vem agregando, vrios outros membros. Este fato reflete, sem dvida, o aumento de
complexidade no atendimento dispensado aos pacientes crticos, em grande parte devido a
vertiginosa evoluo tecnolgica, com a conseqente necessidade cada vez maior de
especializao (ORLANDO, 2002).
A disciplinizao ocorreu tambm como resposta a complexidade dos objetos.
Atravs da disciplinizao conseguiu-se maior aprofundamento da disciplina especfica e
isso foi muito importante para o desenvolvimento da tecnologia, metodologias e do
conhecimento. O problema que a disciplinizao, pelo fato de ser fragmentadora, afastou-
se cada vez mais da viso de totalidade. A interdisciplinaridade visa construo de uma
aproximao da viso de totalidade, ou melhor dizendo, da integralidade; cada qual, dentro de
uma viso disciplinar, dentro da sua especificidade, contribuindo para um projeto coletivo.
Costenaro (2001), em sua tese de doutorado sobre ambiente teraputico em UTI
Neonatal, cita os seguintes membros da equipe multidisciplinar de sade: enfermeiros,
mdicos, tcnicos e auxiliares de enfermagem, psiclogos, fisioterapeutas e graduandos de
medicina e enfermagem. Sem dvida, estes profissionais so considerados a estrutura
principal de uma equipe de servio em UTIN, contudo, neste trabalho tentou-se incluir outros
profissionais considerados fundamentais para a recuperao de recm-nascidos de alto-risco
como, por exemplo, fonoaudiloga, nutricionista, cirurgio peditrico, bioqumico e
psicloga.
Parte-se do pressuposto bsico que a dificuldade de execuo de prticas
interdisciplinares no cotidiano da equipe est relacionada com a formao que os profissionais
receberam em seus ambientes de graduao universitria. So as prticas curriculares, em seu
sentido mais amplo, que determinam o perfil do profissional de sade e sua conseqente
interveno (CUTOLO, 2001).
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Para que esta prtica interdisciplinar seja realmente efetiva julga-se necessrio que
alm dos profissionais quererem atuar desta forma necessrio disponibilizar material
bibliogrfico para que a equipe possa entender a complexidade e os benefcios da
interdisciplinaridade em uma UTI Neonatal.
A Terapia Intensiva , por definio, uma rea de convergncia multiprofissional,
dentro do sistema de atendimento hospitalar. Os resultados de suas atividades dependem
sensivelmente do estreito relacionamento entre os membros da equipe e da colaborao
interdisciplinar (ORLANDO, 2002). Complementando a citao anterior, Bassetto et al
(1998) afirmam que a essncia do conceito de equipe que todos os membros trabalhem em
cooperao, sendo que um dos aspectos mais importantes a comunicao interpessoal. Tal
comunicao deve ser simples e objetiva, visando troca de informaes entre os
profissionais a respeito do recm-nascido, para que o plano de ao seja constantemente
avaliado na sua eficcia.
Costenaro (2001), afirma que algumas rotinas em UTI Neonatal devem ser repensadas,
assim como a equipe deveria se entrosar mais, principalmente, profissionais da enfermagem e
medicina. A organizao da dinmica de trabalho implica em melhor comunicao entre
enfermeiros e mdicos, promovendo reunies interdisciplinares. Os profissionais precisam
aceitar seus limites de atuao e respeitar a funo de cada um.
Em continuidade a mesma autora recomenda que os profissionais de sade que se
comprometam com o cuidado humanizado ao recm-nascido, conquistando condies para a
criao e implementao de um ambiente teraputico na unidade de terapia intensiva neonatal.
Soares et al (2001) descrevem a UTI como um local em que os profissionais da equipe
multidisciplinar de sade possuem objetivos comuns, ou seja, a equipe trabalha pelo mesmo
fim. Esta idia permite maior interao bem como relacionamento maior interesse entre as
pessoas, nos aspectos ligados ao paciente, famlia, equipe e ao ambiente.
A Neonatologia um campo vasto em desenvolvimento em suas dimenses de
pesquisa, ensino e assistncia. um campo jovem, uma subespecialidade da pediatria que se
ocupa do recm-nascido, ou seja, do ser humano nas primeiras quatro semanas de vida
(VIEGAS et al, 1986). Tem por finalidade a assistncia ao recm-nascido, bem como a
pesquisa clnica, sendo sua principal meta a reduo da mortalidade e morbidade perinatais e
a procura da sobrevivncia do recm-nascido nas melhores condies funcionais possveis
(MARCONDES et al, 1991).
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Acredita-se que a presente pesquisa possa contribuir para o debate sobre formao de
novas prticas interdisciplinares em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, alm de
fornecer subsdios para projetos potenciais que eduquem os profissionais da rea da sade
dentro de uma perspectiva dialgica de construo de conhecimento e prticas plurais que
atendam nova demanda da complexidade do processo sade-doena.
Segundo Avery (1999) nos dias atuais e no futuro tambm, a neonatologia continuar
uma atividade de equipe e assim sendo, importante que cuidemos de nossas equipes com
sapincia, de forma a torn-las instrumentos eficazes ( p. 5).
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CAPTULO II.
II. 1. PROBLEMTICA DO ESTUDO
O interesse prtico dessa pesquisa envolveu o seguinte problema: Quais os
conhecimentos e prticas que a equipe neonatal possui sobre interdisciplinaridade?
Esta questo desdobra-se nos seguintes objetivos de estudo:
II. 2. OBJETIVOS
II. 2.1. GERAL
Conhecer a concepo e prticas interdisciplinares de profissionais de uma equipe de
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
II. 2.2. ESPECFICOS
- Identificar as prticas interdisciplinares realizadas pela equipe pesquisada.
- Conhecer as possveis formas de comunicao interdisciplinar na equipe;
- Identificar as vantagens e dificuldades das prticas interdisciplinares como meio de
execuo em uma Unidade Neonatal;
- Atravs da observao, entender a efetivao da interdisciplinaridade na
assistncia.
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CAPTULO III.
III. 1. SISTEMA CONCEITUAL
Para melhor compreenso dos leitores este captulo compreende a reviso dos
seguintes temas: Contextualizao da interdisciplinaridade; Aspectos histricos e conceituais
sobre neonatologia; Equipe Neonatal e Interdisciplinaridade na Equipe.
O problema que motiva este trabalho, indaga sobre as prticas interdisciplinares,
Conforme Gil (2002), para responder adequadamente a pergunta, julga-se necessrio que o
questionamento seja claro e preciso, ento, o primeiro momento ocorrer a partir da
contextualizao (base conceitual) sobre interdisciplinaridade, o que , sua definio, como
ocorre, principais problemas e obstculos, como os profissionais de sade podem agir para
atender a sade interdisciplinarmente e esclarecer as concepes de interdisciplinaridade,
multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade.
Entender e diferenciar as categorias disciplinares alm da sistemtica sobre
interdisciplinaridade uma das empreitadas deste momento da pesquisa. Japiass (1976)
lembra que:
interdisciplinaridade no possui um sentido epistemolgico nico e estvel. Trata-se de um neologismo cuja significao nem sempre a mesma e cujo papel nem sempre compreendido da mesma forma (p. 72).
III. 1.1. Contextualizao da Interdisciplinaridade
Cutolo (2004) afirma que:
a interdisciplinaridade tem sido objeto constante de pauta quando se pretende discutir as cincias da sade. Embora a palavra tenha recebido tratamento sistemtico, pouco se tem categorizado o que se pretende dizer sobre ela (p.1).
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A partir de discusses sistemticas durante o mestrado pode-se perceber que muitas
pessoas utilizam o termo interdisciplinaridade com vrios sentidos e diversas vezes utilizam-
na de maneira errnea. Confuses estas proporcionadas principalmente devido semelhana
na escrita com outras palavras (multi, pluri e transdisciplinaridade).
Para Bordoni (2004) a interdisciplinaridade trata-se de um termo que no tem
significado nico, possuindo distintas interpretaes, mas em todas elas est implcita uma
nova postura diante do conhecimento, uma mudana de atitude em busca da unidade do
pensamento. Desta forma, a interdisciplinaridade difere da concepo de pluri, trans ou
multidisciplinaridade.
A idia da interdisciplinaridade j citada desde a Grcia antiga onde os filsofos
preocupavam-se em ver o homem de maneira integral. Mesmo assim, conceituar a
interdisciplinaridade no misso fcil ou tema esgotado, pois se trata de um conceito terico
que depende da percepo do sujeito que se prope a esta tarefa (DIAS et al, 2003).
Freqentemente pode-se confundir a interdisciplinaridade com trabalho em equipe na
resoluo de um problema prtico. Este tipo de atuao apresenta-se mais como uma atuao
pluridisciplinar, onde vrias disciplinas atuam simultaneamente, sem levar em conta as
relaes que possam existir ou uma possvel cooperao entre as diversas reas do saber
(JAPIASS, 1976).
Nesta reflexo, tentar-se- responder questionamentos e clarear um pouco a
compreenso sobre o conceito de interdisciplinaridade, sua relao com multidisciplinaridade,
pluridisciplinaridade ou transdisciplinaridade e as aes que fomentam a sua prtica. Cutolo
(2004) acha importante uma aproximao destes conceitos no sentido de minimamente,
limpar a rea j que eles so usados muitas vezes como sinnimos ou com sentidos plurais.
Primeiramente, iniciarei referenciando Cutolo que recentemente publicou um artigo no
Frum Catarinense de Escolas de Enfermagem sobre a Interdisciplinaridade e Cincias da
Sade. Neste artigo, Cutolo (2004) realiza um esclarecimento, que usarei a seguir como
estrutura de definio sobre pluridisciplinaridade, multidisciplinaridade e
transdisciplinaridade usando as categorias epistemolgicas de Fleck (1986) no qual qualificou
as profisses como sendo diferentes Coletivos de Pensamento fundamentadas, cada qual,
dentro do seu Estilo de Pensamento, ou seja, dentro de um olhar estilizado que permeia um
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conjunto de regras para a abordagem e resoluo de um problema, baseados numa formao
especfica e diferenciada com marco conceitual identificado.
Evitando encerrar o significado como uma definio fechada, Cutolo (2004), optou
pelas aproximaes de Japiass (1976) modificadas. Na tentativa de tornar estes termos mais
compreensveis, representou espacialmente o que ser dito.
A multidisciplinaridade indica uma execuo de aes por disciplinas desprovidas de
objetivos comuns e que ocorre sem qualquer aproximao ou cooperao. Segundo
Vasconcelos (2002), a prtica multidisciplinar uma gama de campos de saber que atua
simultaneamente, mas, sem fazer aparecer as relaes existente entre eles. Possui um sistema
de um s nvel e de objetivos isolados. Na ilustrao a seguir possvel perceber a ausncia
de proximidade entre distintas disciplinas:
MULTIDISCIPLINARIDADE
A B
Figura 1(Fonte: Cutolo, 2004) C D
Na pluridisciplinaridade h um ncleo comum, aparecendo uma relao, com certo
grau de colaborao, mas sem uma ordenao; haveria um toque, um tangenciamento entre as
disciplinas. Estas duas terminologias so freqentemente colocadas como sinnimo o que
necessariamente no se constituiria um erro. Entretanto, algumas vezes chama-se de
multidisciplinar o que Japiass (1976) chama de pluridisciplinar, ou seja, quando um
problema comum tratado de forma seqencial ou paralela por disciplinas especficas.
Novamente, utilizo a ilustrao para demonstrar o princpio que segue esta prtica:
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PLURIDISCIPLINARIDADE
Figura 2 ( Fonte: Cutolo, 2004)
A
D C
B
A transdisciplinaridade como processo referida como trabalho coletivo que
compartilha estruturas conceituais, construindo juntos teorias, conceitos e abordagens para
tratar problemas comuns (ROSENFIELD apud PERINI et al 2001, p. 103). Neste caso, a
disciplina em si perde o seu sentido e no h limites precisos nas identidades disciplinares. A
afirmao de Zemelman, apud Bordoni (2004), complementa a idia de Rosenfeld, pois ele
cita que:
a transdisciplinaridade a reunio das contribuies de todas as reas do conhecimento num processo de elaborao do saber voltado para a compreenso da realidade, a descoberta de potencialidades e alternativas de se atuar sobre ela, tendo em vista transform-la (p. 1).
J a ilustrao da transdisciplinaridade diferencia-se das duas anteriores, pois esta
prtica caracteriza-se pela ausncia de limites, o que no pode ser percebido na multi e
pluridisciplinaridade.
TRANSDISCIPLINARIDADE
Figura 3 ( Fonte: Cutolo, 2004)
A B C D
As escolas se esforam em criar projetos interdisciplinares, universidades se
alvoroam para criar grupos de estudo com especialistas nas diversas reas do conhecimento e
o mercado exige profissionais interdisciplinares, multitarefa. Para Fazenda (2001), a
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interdisciplinaridade tentar formar algum a partir de tudo que voc j estudou em sua
vida (p.1). O objetivo dessa metodologia, na sua opinio, tambm bem mais profundo do
que procurar interconexes entre as diversas disciplinas. Ela serve para dar visibilidade e
movimento ao talento escondido que existe em cada um de ns (p. 1). No existe
interdisciplinaridade sem disciplinas. preciso haver um respeito disciplina, cita.
Em concordncia com essa autora, Olguin (2002) refere afirmao de Avelino
Pereira que:
a interdisciplinaridade comea no entendimento de que a complexidade dos mundos fsico e social requer que as disciplinas se articulem, superando a fragmentao e o distanciamento, para que possamos conhecer mais e melhor (p.1).
Ainda Fazenda (1991) caracteriza a interdisciplinaridade...
pela intensidade das trocas entre os especialistas e pela integrao das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa (...). Em termos de interdisciplinaridade ter-se-ia uma relao de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de co-propriedade, de interao, que ir possibilitar o dilogo entre os interessados. A interdisciplinaridade depende ento, basicamente, de uma mudana de atitude perante o problema do conhecimento, da substituio de uma concepo fragmentria pela unitria do ser humano ( p. 31).
Esta uma justificativa para se buscar a interdisciplinaridade. O nosso objeto (sade-
doena) tm determinantes e condicionantes to complexos que uma viso nica,
fragmentada, disciplinar no se sustenta. Existe uma exigncia interna de viso plural. A
interdisciplinaridade segundo Gomes (1997, p.34):
emerge da forma como cada profissional percebe e se apropria do seu saber, da sua profisso, das suas funes, dos seus papis e tambm das expectativas que possa ter em relao ao outro, em relao sua tarefa e em relao sua vida.
Relacionada Cincia da Sade, Cutolo (2004) afirma objetivamente que a interdisciplinaridade a relao articulada entre as diferentes profisses da sade. O encontro
destas diferentes profisses pode ser observado em diversos meios, como sade pblica,
sade ambulatorial, sade hospitalar, assim como tambm em cuidados intensivos e,
particularmente, cada uma destas reas contm profissionais com qualificaes semelhantes,
ou melhor, todos os profissionais mdicos necessariamente graduaram-se em medicina,
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entretanto, em distintas faculdades, distintas regies, possuindo uma cultura diferente em um
momento diferente. E nessa diversidade de cada profissional que a interdisciplinaridade
surge como uma prtica enriquecedora para a equipe, pois como anteriormente afirmou
Cutolo, a articulao dos profissionais, suas experincias e vivncias caractersticas a partir da
troca de informaes iro determinar em uma equipe o aperfeioamento necessrio para
atender o paciente da melhor forma possvel.
A prtica interdisciplinar nos envolve no processo de aprender a aprender, no qual a
partir da articulao de outros conhecimentos torna-se vivel absorvermos novos
ensinamentos ao mesmo tempo em que transmitimos nossos saberes visando a um objetivo
comum na rea da sade: o bem-estar do paciente.
Os resultados efetivos de uma abordagem interdisciplinar so constatados na medida
em que o profissional aumenta sua capacidade de solucionar problemas de sade que sem a
incorporao do saber interdisciplinar em sua prtica poderiam ficar sem uma soluo.
INTERDISCIPLINARIDADE
Figura 4( Fonte: criao da autora) E
B
C
A
D
De acordo com Gomes (1997), a interdisciplinaridade um processo que visa
basicamente ao desenvolvimento da comunicao entre os diversos saberes, entre diferentes
trabalhadores em sade, entre si e o mundo. Esta comunicao possvel perceber na
ilustrao acima onde o crculo E representa o ponto de convergncia ou ncleo articulador
entre os demais crculos, entretanto, mantm a particularidade de cada setor.
Como ncleo articulador dos diferentes Coletivos de Pensamento Cutolo (2004)
utilizou a categoria Objeto Fronteirio ou Objeto Limtrofe (boundary object). Esta categoria
no foi desenvolvida por Fleck, mas pelos socilogos de tradio scio-interacionista da
Escola de Chicago, dentre eles Star & Griesemer. Objeto Fronteirio poderia ser entendido
como conceitos, tcnicas, materiais de domnio de uma rea (ou de um coletivo de
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pensamento) que possui compatibilidade com outros coletivos (CUTOLO, 2001). Ou, como
prefere Lwy (1994), uma rea de domnio comum, que sofre cooperao de mais coletivos
de pensamento para sua compreenso.
Lwy (1994) afirma que o objeto fronteirio teria o papel central na cooperao entre
distintos mundos sociais. Esta categoria foi criada com o intuito de facilitar as interaes,
cooperaes e tradues entre mundos sociais diferentes.
O objeto fronteirio representa saberes e prticas que podem habitar vrios mundos
sociais (posso consider-los coletivos de pensamento), intersectados entre si, satisfazendo ao
mesmo tempo as necessidades de cada um. So objetos que se moldam e se adaptam muito
bem s necessidades de cada mundo social.
Segundo Cutolo (2004), como exemplares um objeto fronteirio poderia ser:
1. Uma rea do conhecimento: Sade infantil
2. Uma prtica gerenciada: Programa Sade da Famlia
3. Um problema: Respirao bucal
Numa relao pluridisciplinar um paciente com respirador bucal poder primariamente
ser atendido pelo mdico de famlia. Uma vez diagnosticado poder ser encaminhado ao
otorrinolaringologista que uma vez verificado as condies do palato do paciente o encaminha
ao ortodontista e ao fonoaudilogo. Como vemos, cada qual realiza o seu trabalho
separadamente sem cooperao direta. Numa perspectiva interdisciplinar a abordagem do
problema seria vista conjuntamente, bem como a busca de solues criativas para resolv-lo.
Fazenda (1991) define a interdisciplinaridade, como uma relao de reciprocidade, a
substituio de uma concepo fragmentria para uma viso integradora, na qual todo o
conhecimento igualmente importante. O dilogo torna-se a nica condio de possibilidade
de interdisciplinaridade. A primeira condio de efetivao da interdisciplinaridade o tornar-
se necessria uma formao adequada que proponha uma educao na arte de entender e
articular.
Muitos autores, principalmente Ivani Fazenda, relacionam a interdisciplinaridade com
a expresso aprender a aprender e tambm com o desenvolvimento da comunicao. Pode-
se entender, partindo deste pressuposto, que, apesar da polissemia do termo, a
interdisciplinaridade possui dentre seus objetivos o interesse de realizar uma prtica sem
monoplio do saber, exigindo disposio, busca de conhecimento de diversos assuntos para
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que no contedo final obtenha-se um objetivo comum. Assim como um recorte das disciplinas
relacionadas s cincias da sade, como por exemplo, uma equipe neonatal.
Cutolo (2004) acredita que a polissemia que a interdisciplinaridade desperta pode ser
entendida, pelo menos parcialmente, na medida em que se recorta o seu significado dentro do
objeto especfico que se pretende investigar ou enfrentar. Sendo assim, nesta pesquisa
tentaremos romper a polissemia do termo interdisciplinaridade atravs de:
1 Categorizao
2 Com o recorte da pesquisa
Uma pessoa pode afirmar que a Bioqumica fruto da relao interdisciplinar entre a
biologia e a qumica e essa afirmao no seria incorreta. Mas nosso recorte de pesquisa
outro. Portanto a interdisciplinaridade deve ser categorizada e recortada.
Conforme Nunes apud Meirelles (2003), a sade, ao se encaminhar como proposta
centrada na vida dos homens poder encontrar nas prticas interdisciplinares um espao
privilegiado para repensar teorias, inovar as formas de pensar a sade, a doena e a prestao
de servios e se concretizar num movimento que aglutine o saber e os sujeitos desse saber.
As prticas interdisciplinares, por sua vez, so entendidas como promovendo
mudanas estruturais, gerando reciprocidade, enriquecimento mtuo, com uma tendncia a
horizontalizao das relaes de poder entre os campos implicados, colocando em comum os
princpios e conceitos fundamentais de cada campo original, em um esforo conjunto de
decodificao em linguagem mais acessvel dos prprios campos originais e de traduo de
sua significao para o senso comum, identificando as diferenas e as eventuais
convergncias entre esses conceitos e permitindo uma comparao contextualizada.
Desta forma, abre-se caminho para uma aprendizagem mtua, que no se efetuam por
simples adio ou mistura linear, mas por uma recombinao dos elementos internos
(VASCONCELOS, 2002). A interdisciplinaridade evolui, no exerccio da prpria prtica dos
indivduos. Constata-se que o pensamento contemporneo evidencia-se na necessidade de
articulao simultnea, simplificando-as numa linguagem compreensvel a todos (GOMES,
1997).
Sendo assim, a prtica interdisciplinar pressupe a possibilidade de minimizar a
hegemonia dos saberes, de projet-los numa mesma dimenso epistemolgica, sem negar os
limites e a especificidade nas disciplinas.
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Conforme Vasconcelos (2002), a proposta de prticas interdisciplinares relaciona-se
com uma sombra espessa de um conjunto de estratgias de saber/poder, de competio intra
e intercorporativa e de processos institucionais e scio-culturais muito fortes, que impem
barreiras profundas troca de saberes e s prticas interprofissionais colaborativas e flexveis.
Para Japiass (1976), o interdisciplinar seria a interao entre duas ou mais
disciplinas, podendo ir da simples comunicao de idias at a integrao mtua dos
conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e
da organizao da pesquisa [...] o objetivo utpico do interdisciplinar a unidade do saber.
A interdisciplinaridade como prtica visa basicamente ao desenvolvimento da
comunicao entre diferentes saberes entre diferentes profissionais e entre eles e o mundo do
senso comum. Atravs da criao de uma linguagem comum a todos, estabelece-se uma ponte
que viabiliza tanto uma maior compreenso do saber do outro, quando do seu prprio saber,
facilitando o processo de comunicao interpessoal (GOMES, 1997).
III. 1.2. Aspectos Histricos e conceituais sobre a Neonatologia
III. 1.2.1. Aspectos Histricos
No passado, a morte de bebs frgeis ou doentes era considerada um destino natural.
Na verdade, qualquer tentativa de prolongar vidas to frgeis era vista como um desafio
natureza. Essa mentalidade comeou a mudar no fim do sculo XIX, quando alguns mdicos
na Europa deram incio a um tratamento pioneiro.
A histria do surgimento da Neonatologia relatada por Avery (1984) em seu livro
"Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Recm-Nascido". Segundo esse autor, a
Neonatologia, como especialidade, surgiu na Frana. Um obstetra, Dr Pierre Budin, resolveu
estender suas preocupaes alm da sala de parto e criar o Ambulatrio de Puericultura no
Hospital Charit de Paris, em 1892. Posteriormente, chefiou um Departamento Especial para
Debilitados, estabelecido na Maternidade por Madame Hery, antiga parteira chefe. Neste
local, Budin desenvolveu uma srie de estudos, chamando a ateno para a necessidade do
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controle da temperatura, do tempo da gestao, relacionando o peso do beb, higiene,
alimentao e presena da me como fator fundamental para a sobrevivncia das crianas.
Em concordncia com a afirmao acima a Sociedad Medical Lanquihue relata que
ainda neste mesmo ano, Dr. Budin escreveu o livro Consultations de Nourrissons para
lactentes com problemas, nascidos de parto prematuro e distingue os lactentes em pequenos e
grandes para idade gestacional e, em 1900, publica o livro Le Nourrissons (A enfermaria)
na Frana, considerando mundialmente estes os primeiros passos no ramo da Neonatologia, o
que levou o obstetra a ficar conhecido como um dos pais da Neonatologia (LISBOA, 1990).
Entretanto, uma organizao Norte-americana chamada Neonatology (2004), disponvel na
web, apresenta um relato histrico da evoluo mundial sobre a especialidade Neonatologia,
descritos a seguir, que antecedem os passos de Pierre Budin.
Soranus de Ephesus, mdico grego, praticante em Roma, entre 98-138 DC escreveu
sobre o cuidado do recm-nascido, sendo considerado este documento o mais antigo sobre
neonatologia exercendo grande influncia at o sculo XV. Neste mesmo sculo surge a
concepo que o recm-nascido possui alma, ou seja, tem sentimentos, sente dor, frio, calor,
entre outros.
Cinco sculos mais tarde, mais precisamente em 1753, Roederer realiza a primeira
publicao sobre a mdia correta entre o peso de nascimento e comprimento, e em 1780,
Chaussier utiliza pela primeira vez o oxignio em recm-nascido. Entretanto, o uso deste gs
para prematuros foi estabelecido pela primeira vez por Tarnier somente em 1889, e relatado
na literatura apenas em 1891 por Bonnaire.
Em Paris, o primeiro hospital peditrico Hospital de Enfants Malades, foi
inaugurado em 1802, e neste mesmo ano, Heberden publica uma descrio sobre a
hidrocefalia em bebs, caracterizada por ser uma anomalia congnita do encfalo (KENNER,
2001) comumente encontrada em UTIs Neonatais atualmente. Outra anomalia comum em
recm-nascidos, a onfalocele, teve seu primeiro relato em 1803, quando o mdico Hey
realizou o primeiro fechamento cirrgico bem sucedido.
Relacionando com prticas assistenciais em RN, a evoluo comeou a partir de 1821,
quando La Jumeau demonstra pela primeira vez publicamente a ausculta da freqncia
cardaca fetal. Em 1834, Blundell descreve a intubao endotraqueal para a reanimao do
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recm-nascido. Marchant descreve pela primeira vez, em 1851, a alimentao por gavagem
em bebs.
Uma engenhoca, baseada na mquina de chocar ovos, era usada para aquecer os
bebs que nasciam com hipotermia. Esse aparelho ganhou o nome de couveuise ou,
traduzindo, incubadora (UNGERER e MIRANDA, apud TASCA et al. 2002). Tronchini e
Toma (1996), relatam que as primeiras incubadoras foram projetadas por Tarnier e adaptadas
a partir de cmara de aquecimento de frangos. A evoluo da incubadora iniciou em 1857,
quando Denuc realiza a primeira descrio publicada de uma incubadora na literatura
ocidental e s em 1880 em Paris, Tarnier e Martin apresentam publicamente uma incubadora
fechada. Em 1891, Lion desenvolve a incubadora termorregulada, posteriormente, foi
industrializada por Paul Altmann, em Berlim. Neste mesmo ano, Rotch cria a primeira
incubadora porttil em Boston.
Martin Cooney, discpulo de Budin, em 1896, exps em Berlim uma sofisticada
incubadora para crianas, e comeou a produzi-la em escala industrial. Em 1904, Cooney
levou as incubadoras para os Estados Unidos e percorreu todo o pas, obtendo enorme xito
comercial. Depois de rico, Cooney instala uma fbrica de incubadoras e passa a viver nos
Estados Unidos em uma cidade que at hoje leva seu nome: Cooney Island (LISBOA, 1990).
Em 1861, Litte, descreve a Paralisia Cerebral (PC), relacionando-a com a asfixia e o
nascimento traumtico. No ano de 1879, uma descoberta em neonatologia foi realizada por
Cred que estabeleceu o uso de nitrato de prata nos olhos dos recm-nascidos, como
preveno de Conjuntivite Gonoccica, mtodo utilizado at hoje nas maternidades.
No sc. XIX, Sundin, em Paris, aplicava princpios cientficos no cuidado ao recm-
nascido, por meio de estudos relacionados com a conservao de energia, mtodos de
termorregulao, nutrio, crescimento e desenvolvimento, especialmente em crianas de
baixo peso ao nascer, nas quais a mortalidade era prevalente. Alm de definir os princpios
bsicos no tratamento de prematuros, nos EUA e Europa, criou o primeiro centro hospitalar
para pr-termos, o Hospital Sarah Norris, de Chicago. (TRONCHINI e TOMA, 1996). Em
1893, surge o primeiro berrio criado pelo obstetra Stphane Etienne Tarnier e a enfermeira,
Madame Hery, chefe da Casa de Paris, para atender crianas prematuras, conhecidas na poca
como frias e frgeis (UNGERER e MIRANDA, apud TASCA et al. 2002).
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A Doena Hemorrgica do Recm-Nascido foi descrita pela primeira vez em 1894, por
Townsend. Entretanto, somente em 1908, Carrel realiza a primeira transfuso em recm-
nascido acometido por essa doena. Em 1919, Sidbury transfunde em um recm-nascido
atravs da veia umbilical.
Embora a maioria dos autores considere o princpio desta cincia a partir de Budin,
estes acontecimentos relatados at agora fazem parte da histria da neonatologia. A
organizao Neonatology (2004), alm de possuir uma base histrica da neonatologia que
antecede o mdico Pierre Budin, descreve ainda acontecimentos ocorridos aps as
publicaes deste obstetra caracterizando a evoluo desta cincia.
Iniciamos o sculo XX com alta taxa de morbidade e mortalidade em recm-nascidos
(RNs) que ficavam nos alojamentos comuns dos hospitais, ou seja, em grandes sales que
abrigavam os bebs tidos como no-prematuros, principalmente em razo de doenas
infecciosas respiratrias e diarricas. Contrariamente, as crianas que ficavam nos berrios,
em incubadoras cada vez mais aprimoradas, apresentavam altas taxas de sobrevida (TASCA
et al. 2002). Essas novidades no cuidado com os bebs internados impulsionaram os hospitais,
no sentido de uma mudana de perfil e de estratgia quanto ao atendimento e ao
funcionamento. Houve uma euforia na criao de berrios com a bandeira de evitar
infeces, generalizando-se o uso do berrio para os bebs a termo e saudveis (UNGERER
e MIRANDA apud TASCA et al, 2002).
A Fundao da Kaiserin Auguste Victoria Haus, em Berlin, foi criada para o ensino e
investigao na preveno da mortalidade neonatal em 1909. O interesse de Dunhan sobre
problemas clnicos dos recm-nascidos a levou a enfatizar a importncia do controle contnuo
dos dados federais sobre a mortalidade de recm-nascidos. Fato este que serviu de base para a
poltica federal, aumentando o interesse nos servios de cuidados materno-infantis assim
como nas pesquisas perinatais e neonatais (AVERY, 1999).
Em 1914, foi criado por um pediatra, Dr. Julius Hess, o primeiro centro de recm-
nascidos prematuros no Hospital Michel Reese, em Chicago. Depois disso, foram criados
vrios outros centros, que seguiram os princpios de um obstetra, Dr. Budin e de um pediatra,
Dr. Hess, para a segregao dos recm-nascidos prematuros com a finalidade de lhes
assegurar o cuidado de enfermeiras treinadas, e dispositivos prprios, incluindo incubadoras e
procedimentos rigorosos para a preveno de infeces (AVERY,1984).
http://www.neonatology.org/classics/sidbury.htmlhttp://www.neonatology.org/classics/sidbury.html
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A publicao de "Premature and Congenitally Diseased Infants", primeiro livro de
textos sobre prematuridade norte-americano, assim como a primeira incubadora de transporte
para recm-nascidos, tambm foram realizados pelo mdico Julius Hess.
Arvo Ylppo, pediatra finlands, publicou uma monografia sobre patologia, fisiologia,
clnica, crescimento e prognstico de recm-nascidos, relatos que serviram como ponto inicial
para pediatras clnicos, professores e investigadores. Em 1924, o pediatra Albert Peiper,
interessou-se pela maturao neurolgica de prematuros. Silverman foi pioneiro em
estabelecer o uso de processos cuidadosamente controlados em berrio de prematuros
(AVERY, 1984).
Segundo a Organizao Neonatology (2004), na dcada de 20 os nascimentos nos
hospitais aumentam de 5% para 60% nas grandes cidades dos Estados Unidos e a primeira
exsanguneotransfuso realizada em um recm-nascido com Eritroblastose Fetal.
J na dcada de 30 os principais acontecimentos ocorridos no campo da Neonatologia,
podem ser descritos a partir da Fundao da Academia Americana de Pediatria (AAP) que
definiu a prematuridade como peso de nascimento menor 2500g. Em Chicago surge o
primeiro veculo dedicado ao transporte de recm-nascido, assim como o tratamento com
Vitamina K nos transtornos da coagulao no RN.
Na dcada seguinte, a evoluo desta cincia caracterizou-se pela descoberta da
izoimunizao Rh como causa de Eritroblastose Fetal; a reparao bem sucedida de atresia de
esfago (m-formao do recm-nascido); a publicao de "The Physiology of the Newborn
Infant, o primeiro livro de texto de Neonatologia Norte-americano escrito pelo mdico
Smith; alm da definio de prematuridade da Organizao Mundial de Sade como peso de
nascimento menor que 2500 g. Um centro criado em 1947 na Universidade do Colorado, alm
dos cuidados prestados aos prematuros, possua leitos para mes com gravidez de risco para
parto prematuro e programas de treinamento para serem ministrados em todo o Colorado
(AVERY, 1999).
Na dcada de 1950, os cuidados despendidos a criana prematura j eram da maior
preocupao, com a evoluo dos procedimentos e das intervenes, abre-se um espao para a
enfermagem, referente assistncia em geral, a fisioterapia como suporte a insuficincia
respiratria e a nutrio especificamente.
http://www.neonatology.org/classics/hess1922/hess.htmlhttp://www.neonatology.org/classics/hess.transp.htmlhttp://www.neonatology.org/classics/hess.transp.html
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31
A partir deste momento a UTIN passa por uma redistribuio interna mais adequada
dos recursos humanos, regula a energia assistencial em relao s necessidades da ateno ao
paciente, restitui enfermagem profissional a sua verdadeira funo, demonstra as vantagens
do aproveitamento intensivo do trabalho profissional especfico e educa a respeito do cuidado
do doente grave. Portanto, ela parte de um processo assistencial, serve ao Hospital moderno
com todos os avanos que a cincia e a tcnica colocam disposio do doente em uma
emergncia grave, constituindo-se, desse modo, numa atividade funcional diferenciada (CAT
e GIRALDI, 1993).
Nesta dcada segundo a Organizao Neonatology (2004) ocorreram diversos
progressos como, por exemplo:
- A descoberta da associao entre a retinopatia da Prematuridade com o uso de O
por Cambell; e o mdico Patz descreveu primeiras provas iniciais com, alguns
defeitos de procedimento, que ligaram o oxignio excessivo a esta mesma doena;
- Virgnia Apgar contribuiu com a escala de Apgar para avaliao do grau de asfixia
perinatal e da adaptao da vida extrauterina, utilizada atualmente para pronstico
do recm-nascido;
- A primeira descrio clara na literatura inglesa da Enterocolite Necrosante como
uma entidade clnica distintiva realizada por Schmid & Quaiser;
- Rickham cria a primeira unidade de cirurgia neonatal, Alder Hey Children's
Hospital, Liverpool em 1953;
- Inveno da ventilao de alta-frequncia por Emerson;
- Clifford descreve clinicamente o recm-nascido "ps-maduro";
- Estudo controlado realizado por Silverman: a hipotermia conduz a uma diminuio
na sobrevida;
- Realizao do primeiro transporte areo de um recm-nascido, Denver, Colorado
EUA;
- O efeito da luz sobre os nveis de bilirrubina, descrito por Cremer;
- A deficincia de Surfactante a causa da sndrome de stress respiratrio afirma
Avery (1999);
- Lquidos intravenosos (IV) so utilizados em recm-nascidos com sndrome de
stress respiratrio;
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- Primeiro relato de cateterizao da artria umbilical para obter mostras de gases
sanguneos;
Na dcada seguinte, os monitores eletrnicos e a gasometria arterial passaram a serem
medidos, surgindo assim, a introduo do bioqumico responsvel pela anlise laboratorial.
Assim como na dcada passada, a dcada de 60 foi marcada por numerosos acontecimentos:
- A Organizao Mundial de Sade (OMS) diferencia Prematuridade de baixo peso; - A primeira unidade de cuidados intensivos cirrgicas criada nos Estados Unidos,
no Children's Hospital de Philadelphia;
- Patrick Bouvier Kennedy, filho do presidente dos EUA, falece em 1963 de Sndrome de stress respiratrio, com 34 semanas de gestao, peso 2100 g. Este
fato foi marcande para a evoluo da neonatologia, pois a partir deste
acontecimento, o governo americano realizou investimentos financeiros para
aprimorar a tecnologia destinada a esta especialidade;
- Foram criadas tabelas de pesos, comprimento e permetro ceflico por idades gestacionais, baseados em dados de Denver. Introduo dos conceitos de
adequados, pequenos e grandes para a idade gestacional (AIG, PIG, GIG);
- Primeiro relato de sepsis neonatal por streptococcus do Grupo B descrito por Eickhoff;
- Realizado em 1965 o primeiro curso e programa de treinamento de Enfermagem Prtica Peditrica na Universidade do Colorado;
- Primeiro transporte de um recm-nascido em helicptero, Peoria- EUA; - Guthkelch desenvolve o tratamento de Hidrocefalia com a vlvula de Holter; - Primeiro transplante cardaco em um recm-nascido, Brooklyn, New York; - Disponibilidade de monitores de frequncia cardaca fetais em 1968; - Desenvolvido clculo neurolgico da idade gestacional por Amiel-Tison; - Wilmore & Dudtrick realizam primeiro relato publicado de nutrio intravenosa
total de um recm-nascido;
- Estudo controlado de Lucey sobre tratamento com fototerapia para a hiperbilirrubinemia;
Todos estes acontecimentos foram muito importantes para a cincia do recm-nascido,
entretanto, um fator importante a ser destacado neste perodo foi devido primeira vez que os
termos neonatologista e neonatologia foram utilizados por Shaeffer em livros.
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Em 1970, foi estabelecido o uso da ventilao mecnica, o que determinou o avano
no desenvolvimento dos Centros de Cuidados Intensivos Neonatais (TRONCHINI e TOMA,
1996). Assim, como nesta mesma dcada, comea a certificao como subespecialidade da
Neonatologia (pediatria) e os procedimentos invasivos tornam-se rotinas, introduzindo-se a
cirurgia neonatal como possibilidade de correes anmalas da mesma forma que outros
avanos tecnolgicos foram significativos nessa rea como veremos a seguir:
- Publicao de tcnicas para a cateterizao da artria umbilical; - Mtodo de escore de idade gestacional de Dubowitz baseado em caractersticas fsicas
e neurolgicas;
- Uso de presso contnua da va area (CPAP) para a Sndrome de stress respiratrio desenvolvido por Gregory;
- Poltica de regionalizao dos cuidados perinatais; - Estudo controlado: glucocorticoides prenatais para a preveno da Sndrome de stress
respiratrio;
- Cateterizao de artrias umbilicais como uso rotina; - Publicao de "Cuidados do Recm-Nascido de alto risco" ("Care of the High-Risk
Neonate") 1 Edio de Klauss & Fanaroff, a edio mais atualizada deste livro
atualmente, serve de referncia mundial em neonatologia;
- Nutrio parenteral total (NPT) em recm-nascidos torna-se rotina; - Sistema de escore de idade gestacional simplificado (modificao do Dubowitz) por
Ballard, utilizado atualmente.
Na dcada de 1980, o advento dos exames radiolgicos como tomografia
computadorizada (TC) e a ultra-sonografia incluem o radiologista na equipe multiprofissional.
Neste perodo a evoluo acerca do Sistema Respiratrio do recm-nascido foi importante,
pois Fujiwara descreveu o uso de surfactante para o tratamento da Sndrome de Stress
Respiratrio, sendo tambm descrita a ventilao de alta frequncia, Greenberg realizou a
administrao endotraqueal de epinefrina (adrenalina), a monitorao da oximetria de pulso
em recm-nascidos e a criao do programa de reanimao neonatal lanado pela Academia
Americana de Pediatria. Em 1983 comea a certificao de enfermeiras especializadas em
neonatologia;
Nos anos 90, a ressonncia magntica (RM) complementa a assistncia neonatal
devido melhoria na visualizao das leses e revelao fisiolgica do crebro intacto. Mas o
aspecto mais importante desta dcada relaciona-se com a sobrevivncia que se tornou comum
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a crianas nascidas com 600g, pois a maior ateno foi enfocada no sentido de garantir uma
sobrevida intacta, justificando o porqu da dcada ter sido chamada de a dcada do crebro.
Segundo Pastore e Bergamo (2004), h vinte anos atrs, cerca de 20% dos bebs prematuros
nascidos com quase 600 gramas sobreviviam. Atualmente, a neonatologia capaz de salvar
bebs que nascem a partir da 22 semana, com 500 gramas em mdia, cerca de 40% do total.
Segundo Avery (1999, p.3), a neonatologia pode ser comparada estruturalmente a uma
rvore. Em suas razes encontram-se a obstetrcia, a pediatria e a fisiologia. Um tronco slido
se desenvolveu a partir dos berrios de cuidados intensivos e espalhados por todo os EUA e
pelo mundo. Seus ramos se disseminaram to amplamente, que se tornou difcil para um
nico profissional ser especialista em todas as reas de atividade necessrias para o
funcionamento de um servio tercirio de neonatologia.
Razes da cincia Neonatologia
Como j foi dito uma das principais razes a partir da qual a neonatologia se
desenvolveu foi fornecida por obstetras tais como Pierre Budin e Sir Dugald Baird, que se
interessaram no apenas pelas condies maternas no ps-parto imediato, mas tambm pelas
crianas nascidas.
Uma outra raiz significativa da neonatologia pode ser encontrada no berrio de
crianas prematuras, tal como aquele administrado por Julius Hess e Evelyn Lundeen em
Chicago, no incio do sculo XX. Apenas crianas prematuras eram admitidas nesses
berrios, sendo que delicadeza, com mnima interveno, era a poltica dos mesmos.
A fisiologia representa uma das principais razes da neonatologia. Os avanos
envolvendo os cuidados neonatais baseiam-se diretamente nas descries das alteraes
sofridas pelo corpo da criana recm-nascida.
As razes finais que escoram a neonatologia seriam os estudos teraputicos. Vrios
conceitos iniciais sobre as crianas prematuras se mostraram falsos com os anos de estudos
executados. Sem os testes cientficos como guia, os neonatologistas constantemente estariam
fora de curso.
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Tronco da cincia Neonatologia
O berrio de cuidados intensivos representa a instituio que forma o tronco slido da
neonatologia. Unidade esta que se constitui de um ambiente teraputico, uma coleo de
equipamentos e uma equipe multiprofissional.
Visto anteriormente, a equipe neonatal iniciou basicamente com obstetras e pediatras,
sendo estes, considerados as razes da neonatologia, Na descrio do tronco neonatolgico,
surge presena de outros profissionais com o passar do tempo. Observa-se depois de certo
tempo, o aumento constante no grau de intensidade e acuidade das doenas observadas no
berrio de cuidados intensivos. Com este aumento, observou-se uma ampliao no nmero e
na diversidade do pessoal e na quantidade do equipamento tecnicamente sofisticado.
Ramos da cincia Neonatologia
Dentre os fatores que contriburam para o desenvolvimento da neonatologia se
encontram um conjunto de conhecimentos especializados, um grupo de profissionais
superespecializados e o advento de equipamento tecnicamente avanado.
Em muitos dos principais hospitais-escolas, os servios de perinatologia obsttrica e
de neonatologia se agrupam para formar os chamados centros perinatais. Freqentemente, tais
centros so dirigidos por profissionais das duas disciplinas, possibilitando assim, uma
cooperao no melhor interesse da paciente de alto risco. A abordagem e o planejamento
integrado em condies ideais consistiriam do estabelecimento de clnicas pr-natais de alto
risco, planejamento e abordagem do trabalho de parto e do parto em si, reanimao e cuidados
intensivos no berrio.
Afiliaes para a educao contnua foram formadas e protocolos oferecendo padres
para a referncia foram estabelecidos. Em alguns casos, a troca de pessoal e a reviso
conjunta das estatsticas auxiliaram a concretizar a conexo.
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III. 1.2.2. Neonatologia e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
Como citado anteriormente o termo Neonatologia, cujo significado o
conhecimento do recm-nascido (RN) humano, foi estabelecido por Alexander Schaffer cujo
livro sobre o assunto, "Diaseases of the Newborn, foi publicado primeira vez em 1960, esse
livro junto com o "Physiology of the Newborn Infant, de Clement Smint, constituem a base
do novo campo (AVERY, 1999).
O Perodo Neonatal definido por Rugolo (2000), como o intervalo de tempo que vai
do nascimento at o momento em que a criana atinge a idade de 27 dias, 23 horas e 59
minutos. A equipe neonatal exerce um importante papel de suporte me e ao RN, visando
adaptao deste vida extra-uterina e prevenindo complicaes fisiolgicas no perodo entre
o nascimento e os 28 dias de vida. No entanto, muitos RNs prematuros ou patolgicos, logo
aps o nascimento, so separados de suas mes por necessitarem de cuidados intensivos de
uma equipe multiprofissional de sade.
A necessidade de internao em UTIN (Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal)
geralmente ocorre porque para sobreviver fora do tero, o neonato precisa atravessar com
sucesso o perodo de transio (perodo de adaptao do neonato da vida intra-uterina para a
vida extra-uterina). As estatsticas refletem a dificuldade dessa tarefa: a mortalidade maior
durante esse perodo do que em qualquer outra poca; 67% de todas as mortes infantis
(aquelas que ocorrem no primeiro ano de vida) acontecem durante o perodo neonatal
(KENNER, 2001).
Segundo o mesmo autor citado anteriormente o RN de alto risco aquele que tem
maior chance de morrer durante ou logo aps o parto quando ocorre um problema congnito
ou perinatal que necessita interveno imediata. medida que a medicina continua a
desenvolver mais tratamentos para problemas perinatais, muitos recm-nascidos de alto-risco,
que no passado teriam morrido algumas horas ou dias aps o nascimento hoje sobrevivem;
restando pouco ou nenhum efeito residual da crise que marcou as primeiras horas aps o
nascimento.
Por isso pode-se afirmar que uma caracterstica do perodo neonatal so as altas taxas
de morbi-mortalidade devido ser uma fase de grande fragilidade do ser humano observa-se a
alta propenso ocorrncia de seqelas muitas vezes incapacitantes e de longa durao. Para
que estas taxas diminuam e haja a recuperao de alguma patologia que venha ocorrer neste
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perodo sem que haja seqelas, indicado o encaminhamento para Unidade de Tratamento
Intensivo Neonatal (UTIN).
Machado e Medeiros (2001), afirmam que o nascimento de bebs de alto-risco, tanto
de parto natural como no cesrio, considerado um acontecimento de extrema complexidade
e, como tal, desperta a preocupao em relao sade do RN, merecendo assim, uma
ateno especial e capacitada dos profissionais que atuam nas Unidade Neonatais. Contudo,
nas ltimas dcadas, em decorrncia da acelerada evoluo dos mtodos teraputicos,
tecnolgicos e cientficos, a sobrevida dessas crianas aumentou consideravelmente. Assim,
as Unidades Neonatais foram aperfeioadas com recursos humanos, fsicos e materiais, a fim
de atender a essa populao de risco.
Esse aperfeioamento de recursos relaciona-se com a estatstica j citada na
introduo, pois conforme afirma Beal apud Costenaro (2001), nas ltimas duas dcadas, os
neonatos tm atingido um tero ou mais dos pacientes peditricos hospitalizados em todo o
pas.
Por isso, o surgimento de UTIN pode ser considerado um fator relevante e altamente
sofisticado, que tem trilhado a evoluo dos servios de sade, uma vez que, ao necessitar de
cuidados especiais, o RN passa a conviver em um ambiente hostil, iluminado artificialmente
durante as 24 horas do dia (COSTENARO, 2001). Por isso, o perodo neonatal possui uma
relevncia prova da sobrevivncia, devido aos obstculos que devem ser vencidos.
Costenaro (2001), Bassetto et al (1996), definem a Unidade Neonatal como o setor da
maternidade destinado assistncia multiprofissional dos recm-nascidos sendo subdividida
em alojamento conjunto, unidade de recm-nascidos normais, unidade de risco intermedirio
e unidade de alto risco.
Kenner (2001) esclarece que os cuidados intensivos neonatais, visam evitar o mnimo
de complicaes, submetendo o recm-nascido ao menor nvel de estresse possvel, e
intensificando a ligao entre pais e bebs. Para atingir esse objetivo, necessrio executar os
procedimentos de modo a minimizar os distrbios ao neonato, usar uma boa abordagem
familiar e intervir precocemente nos problemas identificados.
A unidade intensiva neonatal para o RN um local de conservao e recuperao do
seu bem estar e garantia de sobrevida, mas tambm um stio gerador de desconforto, desgaste
fsico e emocional intensos. Recm-nascidos extremamente doentes ou prematuros esto
submetidos, para a preservao da qualidade de vida, s determinaes da equipe de sade e
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equipamentos de suporte, nem sempre coerentes com aquilo que chamaramos de bem estar
(MIURA e PROCIANOY, 1991).
Segundo Costenaro (2001), o ambiente teraputico de cuidado aquele local que
apresenta condies estruturais e funcionais que permitam a realizao do trabalho
profissional com segurana, responsabilidade, eficcia e resolutividade no atendimento das
necessidades dos recm-nascidos e dos profissionais que a trabalham.
Segundo Rugolo (2000), os critrios mnimos para a implantao de UTI Neonatal
propostos pelo Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria So Paulo (SPSP)
incluem:
Recursos Humanos:
- Pediatras com formao em UTI Neonatal (neonatologistas)
- Diaristas (4 h/dia): 1/10 leitos
- Plantonistas: (24h/dia): 1/5 leitos
- Enfermagem com formao em UTI Neonatal: enfermeira (24h/dia) 1/5 leitos
- Auxiliar de enfermagem: (24h/dia): 1/1 ou 2 leitos
As equipes de apoio devem pertencer ao prprio hospital: administrao, cirurgia
peditrica, anestesia, radiologia, ECG, farmcia, nutrio, servio social. Devem estar
disponveis para o servio: clnica e cirurgia cardaca e neurolgica, ortopedia, oftalmologia,
ecografia, endoscopia, fisioterapia, psicologia e EEG.
Macdonald e Johnson (1999) relatam que o fator crtico no atendimento perinatal de
alta qualidade no consiste em equipamentos modernos ou eletrnicos, mas de pessoal
treinado que seja capaz de fornecer as melhores tcnicas profissionais de conduta obsttrica e
neonatal, em um sistema de tratamento perinatal regional coordenado.
Cabe equipe multiprofissional da Unidade de Recm-Nascidos, especialmente
mdica e de enfermagem, trabalhar de forma integrada, observando e intervindo quando
necessrio, para proporcionar ao recm-nascido uma assistncia adequada (LEONE, 1996).
Ambientes com muito barulho, monitores, motores de incubadoras, conversas e muita
luz podem ser desconfortveis para o beb. Alm disto, alguns tratamentos podem estressar
ou causar dor a ele (aspirao de secrees, colher sangue para exames, puncionar veias, fazer
radiografias e ultra-som etc). Estes tratamentos podem significar que os bebs esto sendo
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incomodados muitas vezes ao dia, interrompendo seu sono. Para os bebs muito pequenos,
apenas o manuseio nos cuidados do dia-a-dia (trocar a fralda, alimentar...) pode incomodar.
O ambiente fsico pode ser modificado para que se torne mais adequado ao conforto
do beb:
- Reduzindo a quantidade de som
- Reduzindo a quantidade de luz
- Dando maior ateno no posicionamento do beb
- Fazendo tratamentos menos estressantes
- Reduzindo o nmero de vezes em que o beb for incomodado
Por isso, os servios para atendimento a recm-nascidos precisam ser estruturados e
organizados no sentido de atender a uma populao altamente suscetvel a riscos e que est
relacionada a elevados ndices de morbi-mortalidade na infncia (LEONE, 1996).
Leone (1996), ainda define Setor Intensivo Neonatal como o local onde se concentram
recursos materiais e humanos especializados, capazes de prestar uma assistncia que garanta
observao rigorosa e tratamento adequado aos RNs, com a possibilidade ou presena de
patologia que possa ocasionar sua morte ou seqelas, interferindo no seu desenvolvimento.
Alm das responsabilidades j citadas, compete a equipe na UTIN promover
adaptao do recm-nascido ao meio externo (manuteno do equilbrio trmico adequado,
quantidade ideal de umidade, luz, som e estimulo cutneo), observar o quadro clnico
(monitorizao de sinais vitais e emprego de procedimentos de assistncia especiais), fornecer
alimentao adequada para suprir as necessidades metablicas dos sistemas orgnicos em
desenvolvimento (se possvel, atravs de aleitamento materno), realizar controle de infeces,
estimular o recm-nascido, educar os pais, estimular visitas dos familiares, dentre outras
atividades (FONTES, 1984).
Para Rodrigues e Costenaro (2001), a UTIN um local do hospital que possibilita a
manuteno das funes vitais, visa recuperao dos clientes graves recuperveis, com
profissionais, equipamentos e materiais especializados. Fornecem vigilncia constante para
detectar precocemente alteraes graves. O paciente que est internado em unidade de
cuidados de excelncia no qual os cuidados so dirigidos no apenas para os problemas
fisiopatolgicos, mas tambm para as questes psicossociais, ambientais e familiares que se
tornam intimamente interligadas doena fsica. Da a importncia de profissionais
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qualificados para o atendimento ao neonato, capazes de saberem conduzir as situaes de
forma humanizada, limitando as intercorrncias e as influncias dos fatores ambientais
negativos (MACHADO e MEDEIROS, 2001).
Outra definio para a unidade, segundo Cargnin et al (2001), a UTI o local ideal
para o atendimento de pacientes em estados agudo graves recuperveis, mas tambm um dos
locais mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital.
Segundo Costenaro (2001), sabe-se que a UTI um local que cria tenses e estresse,
causados pelas reaes interpessoais, pelas intensidades de emoes conseqentes da
incessante exposio ao risco de vida, pelas repetidas oscilaes entre o sucesso e o fracasso e
pela ordem imposta equipe, da afloram sentimentos como insatisfao, insegurana e
impotncia frente a dificuldades, que influenciam de uma forma negativa na relao
interpessoal e na capacidade profissional, e criam assim um ciclo vicioso.
Os cuidados de alta tecnologia tentam operar milagres em crianas cujos braos so
menores do que o dedo anelar da me, bebs nascidos no limiar da capacidade da medicina de
salv-los (HUMES, 2001).
Na neonatologia se pratica uma cincia extraordinria em pacientes extraordinrios.
No entanto, o local envolto em mistrio, cerrado ao pblico, exceto aos mdicos e
enfermeiras que o adoram, a aos pais que desejariam que os filhos estivessem em qualquer
lugar, menos l.
A descrio de Humes (2001) permite situar o ambiente:
a sala vive em constante movimentao. A todo o momento, neonatologistas e internos fazem as rondas, registram anotaes em seus pronturios acrescentando mais informaes de uma criana doente. As enfermeiras altamente treinadas no saem do lado de seus pacientes a condio de alguns recm-nascidos extremamente crtica para que sejam deixados sozinhos por um s momento. Fisioterapeutas respiratrios vo de um beb a outro, ajustando a presso do respirador, o fluxo do oxignio e respondendo a alarmes (p.124).
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III. 1.2.3. Classificao do Recm-Nascido
A classificao do RN, em um servio de Neonatologia, de grande importncia, pois
possibilita sua condio e posterior avaliao quanto risco de mortalidade e morbidade,
levando a uma assistncia adequada. interessante tambm para identificar e facilitar o
reconhecimento do recm nascido quando a relao peso nascimento/gestacional (IG), a fim
de avaliar o crescimento e o desenvolvimento intra-uterino.
At recentemente, os recm nascidos eram classificados apenas de acordo com o
peso de nascimento, em razo da estreita relao entre o mesmo e o risco de mortalidade, nos
primeiros dias de vida. O conceito clssico de prematuridade de Ylppo, em 1919, e aceito pela
Organizao Mundial da Sade (OMS) em 1950, baseava-se apenas no peso. Considerava-se
prematuro todo o RN vivo cujo peso de nascimento fosse igual ou inferior a 2,500g.
Em 1961, o Comit de especialistas em Sade Materno-Infantil da OMS re-avalia o
problema com maiores detalhes e estabelece que recm nascidos de baixo peso todo o recm
nascido vivo cujo peso de nascimento igual ou inferior 2.500g. Em 1970, a Academia
Americana de Pediatria (AAP) estabelece o conceito de prematuridade: prematuro todo o
RN vivo que nasce antes da 38 semana de IG (incluindo a 37 semana completa). Segundo a
Organizao Mundial de Sade (OMS) todo aquele que nasce at a 37 semana.
Classificao do RN segundo Hernandez (2003):
RN pr-termo, ou seja aquele com idade gestacional abaixo de 37 semanas, segundo a
Organizao Mundial de Sade (OMS), ou de 38 semanas, segundo a Associao
Americana de Pediatria (AAP);
RN ps-termo com idade gestacional acima de 42 semanas;
RN anoxiado grave com nota de Apgar de 0 a 3;
RN anoxiado moderado com nota de Apgar de 4 a 7;
RN de muito baixo peso (MBP), com peso de nascimento < de 1500 gramas;
RN de baixo peso (BP), com peso de nascimento < de 2500 gramas;
RN pequeno para a idade gestacional (PIG), cujo peso de nascimento est abaixo do
percentil 10 do esperado para a idade gestacional;
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RN grande para a idade gestacional (GIG), cujo peso de nascimento est acima do
percentil 90 do esperado para a idade gestacional;
Neste momento parece-me ser oportuno tambm para abrir parnteses sobre a relao
que existe sobre os perodos neonatal e perinatal. Segundo Rugolo (2000), o perodo Perinatal
o perodo que se estende da 28 semana de gestao incluindo fetos pesando 1001g ou
mais at o stimo dia de vida, j o perodo Neonatal caracteriza-se pelo o intervalo de tempo
que vai do nascimento at o momento em que a criana atinge a idade de 27 dias, 23 horas e
59 minutos.
Portanto, h uma sensvel proximidade j que os perodos coincidem desde o
nascimento at o stimo dia de vida, por isso alguns autores citam igualmente ambos os
perodos, embora sua significncia no seja a mesma.
III. 1.3. Equipe Neonatal e a Interdisciplinaridade na Equipe
A equipe de sade exerce um importante papel de suporte famlia e ao RN, visando
adaptao deste vida extra-uterina e prevenindo complicaes no perodo entre o
nascimento e os 28 dias de vida. No entanto, muitos RNs prematuros com patologia, logo
aps o nascimento, so separados de suas mes por necessitarem de cuidados intensivos de
uma equipe multiprofissional neonatal (COSTENARO, 2001).
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) possui caractersticas fsicas que proporcionam
uma maior vigilncia dos pacientes, centraliza recursos materiais e humanos, que permitem
um atendimento mais eficaz, onde a atuao da equipe multiprofissional deve estar voltada
para um objetivo comum a recuperao do doente grave (CARGNIN et al, 2001).
Rodrigues e Costenaro (2001) descrevem a UTI como um local em que os
profissionais da equipe multidisciplinar de sade possuem objetivos comuns, ou seja, a equipe
trabalha pelo mesmo fim. Esta idia favorece uma maior interao bem como um
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relacionamento mais recproco entre as pessoas, nos aspectos ligados ao paciente, famlia,
equipe e ao ambiente.
Em uma UTI recomenda-se o trabalho realizado em equipe, e seu sucesso depende da
coordenao entre as pessoas. Em geral compem a Unidade de Terapia Intensiva:
- Neonatologista: mdico pediatra com conhecimentos especficos para cuidados
intensivos neonatais.
- Enfermeiro.
- Tcnico ou auxiliar de enfermagem: profissional de nvel mdio.
- Fisioterapeuta: profissional com conhecimento especfico no cuidado e manejo de
vias areas, uso de oxignio, equipamentos respiratrios, posicionamento e tnus
muscular do recm-nascido.
- Fonoaudilogo: trata-se de profissional responsvel pelos cuidados em recm-
nascidos com disfunes alimentares, auditivas e motores orais.
- Nutricionista: profissional superior responsvel pelo lactrio da unidade neonatal,
assim como controle de leites artificiais, materno e nutrio parenteral total (NPT).
- Bioqumico: profissional responsvel pela anlise de exames laboratoriais de
recm-nascidos.
- Psiclogo: profissional geralmente encarregado p