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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
CARINA PEREIRA DE BONA PORTO
COMPARAO DA FORA MUSCULAR INSPIRATRIA E EXPIRATRIA E
SUAS REPERCUSSES ENTRE GESTANTES DO LTIMO TRIMESTRE
GESTACIONAL E PURPERAS EM AT 10 DIAS DE PS-PARTO
Tubaro
2008
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CARINA PEREIRA DE BONA PORTO
COMPARAO DA FORA MUSCULAR INSPIRATRIA E EXPIRATRIA E
SUAS REPERCUSSES ENTRE GESTANTES DO LTIMO TRIMESTRE
GESTACIONAL E PURPERAS EM AT 10 DIAS DO PS-PARTO
Monografia apresentada ao curso de Graduao em Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, para a obteno do ttulo de Bacharel em Fisioterapia.
Orientadora: Professora Ins Almansa Vinad, M.Sc.
Tubaro
2008
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Dedico este trabalho a todos os meus familiares,
em especial aos meus pais por todo amor,
dedicao, esforo e pelos valores morais que
muito contriburam na base da minha educao;
ao meu namorado pela pacincia e incentivo
elaborao deste projeto; ao meu av (in
memorian) e minha av que sempre foram um
exemplo para mim. Sei que esta vitria no se
deu somente pela minha capacidade, mas sim
porque ao meu lado caminhavam pessoas que
acreditavam em meu sonho e sucesso apesar de
tantos obstculos no decorrer desta jornada.
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AGRADECIMENTOS
Como chegada a hora, agradeo s pessoas que estiveram comigo durante toda
esta jornada e que ajudaram na realizao e construo desta pesquisa.
Primeiramente a Deus, que nunca me abandonou, caminhando sempre ao meu
lado, encorajando-me.
Aos meus pais Srgio e Vilma que desde o principio acreditaram em mim,
suportando os meus ataques de estresse, dando-me coragem e fora; pelo exemplo,
preocupao e amor depositados em mim, sem eles no chegaria aqui.
Ao meu noivo Alisson pela pacincia, compreenso e carinho, nos momentos mais
delicados de nossas vidas, pela minha ausncia, e, por nunca permitir que algo atrapalhasse o
fim deste projeto.
Aos meus irmos Paulo Srgio e Carlos Eduardo, que sempre me apoiaram e
dividiram a ansiedade para que mais esta etapa fosse concluda.
No poderia deixar de agradecer meu av Alcides (in memorian) e minha av
Adelina que contriburam com toda a sua admirao e carinho para a realizao deste alvo.
Aos meus familiares de uma forma em geral; que sempre apoiaram a escolha de
minha profisso, to inusitada em nossa famlia.
A minha orientadora Professora Ins Vinad, por suas idias, competncia,
dedicao, incentivo e apoio. Sem sua contribuio e fora este trabalho no seria bem
sucedido.
Aos professores da banca avaliadora Michelle Cardoso Machado, George da
Rosa e Mariele Graciliano, que concordaram em avaliar e melhorar este projeto.
E claro aos meus amigos de faculdade, especialmente Nicoly, Priscila,
Guilherme e Paula que fizeram destes anos de minha vida momentos marcantes, nos quais
dividimos as angstias, mas principalmente alegrias. Obrigada por toda ajuda e carinho.
Tenho certeza que nossa amizade ser eterna.
s pacientes e seus lindos filhos. Sei que o momento que as via era, ao mesmo
tempo, grandioso e doloroso. Obrigada pela fora de vontade. Muita sade a vocs e seus
filhos.
Amplio meus agradecimentos finais a todos que passaram por minha vida,
amparando-me nos momentos mais difceis e crticos, ou compartilhando as alegrias.
O meu muito obrigada a todos!
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Sbio aquele que conhece os limites da prpria ignorncia. (SCRATES).
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RESUMO
A gestao uma etapa importantssima na vida de uma mulher e um momento de
mudanas fsicas, psicolgicas e sociais pelas quais a gestante, e com exceo das mudanas
fsicas, as pessoas que a rodeiam enfrentam. Para propiciar o adequado desenvolvimento fetal
o diafragma eleva-se e a parede abdominal distende-se, o que pode ocasionar reduo da
capacidade pulmonar e fora muscular respiratria da me durante e aps este perodo. Este
estudo objetivou comparar a fora muscular inspiratria e expiratria entre mulheres gestantes
do ltimo trimestre e purperas, de ps-parto imediato, as ltimas atendidas pelo Hospital
Nossa Senhora da Conceio (HNSC), e as primeiras pela Clnica de Sade Arnaldo
Bittencourt e pelo Servio de Atendimento Integral Sade (SAIS), todos em Tubaro/ SC.
Foram analisadas 30 mulheres e os dados foram tratados utilizando a estatstica descritiva, o
teste de Wilcoxon para amostras dependentes, o teste de correlao de Pearson, a mdia, o
desvio padro e anlise percentual. Como anlise deste estudo obteve-se que, na avaliao das
gestantes, houve um ndice significativo de reduo da fora muscular inspiratria e da fora
muscular expiratria quando comparadas s mulheres no puerprio, sendo esta reduo maior
prximo ao termo, tanto no puerprio quanto na gestao. Houve correlao entre a fora
muscular, principalmente expiratria e o ndice de Massa Corporal e alto nmero de partos
cesreos. Portanto, conclui-se que h reduo progressiva da fora muscular respiratria nas
gestantes do ltimo trimestre gestacional e ocorre o aumento gradativo aps o parto.
Palavras-chave: Gestao. Fora muscular inspiratria. Fora muscular expiratria.
Puerprio.
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ABSTRACT
The gestation is a stage very importants in the life of a woman and is a moment of physical,
psychological changes and social for which the pregnancy woman and, with exception of the
physical changes, the people who encircle it face. To propitiate the adequate fetal
development the diaphragm raises and the abdominal wall distend, what it can after cause
reduction of the pulmonary capacity of the mother during and this period. This study it
objectified to compare the inspiratory and expiratory muscular force in when pregnancy
woman of the last gestational trimester and when parturient women of immediate after-
childbirth, which would have to be being taken care of for the Hospital Nossa Senhora da
Conceio (HNSC), for the Rank of Health of the Family Arnaldo Bittencourt and for the
Service of Integral Attendance to the Health (SAIS), all of Tubaro SC. 30 women had been
analyzed and the data had been dealt with using the descriptive statistics and the test
Wilcoxon for dependent samples, the test of correlation of Pearson, the average, the shunting
line standard and percentile analysis. As analysis of this study this next bigger reduction to the
term was gotten that, in the evaluation of the pregnancy, it had a significant index of reduction
of the inspiratory muscular force and the expiratory muscular force when compared with the
women in the postpartum period, being, as much in the postpartum period how much in the
gestation. It had correlation between the muscular, mainly expiratory force and the index of
Corporal Mass and high number of Caesarean childbirths. Therefore, one concludes that it has
gradual reduction of the respiratory muscular force in the pregnancy woman of the last
gestational trimester and occurs the gradual increase after the childbirth.
Word-key: Pregnancy. Postpartum period. Inspiratory muscular force. Expiratory muscular
force.
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LISTA DE ILUSTRAES
Desenho 1 Caixa torcica, na vista anterior, com seus respectivos ossos .......................15
Desenho 2 Diafragma e seu posicionamento ..................................................................18
Desenho 3 Troca gasosa dentro do alvolo ....................................................................20
Desenho 4 Interior dos pulmes e das vias areas .........................................................21
Desenho 5 Msculos abdominais ...................................................................................23
Desenho 6 Atividade do diafragma durante a inspirao (a) e durante a expirao (b)...26
Grfico 01 Comparao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando
gestantes e quando purperas ............................................................................................. 42
Grfico 02 Comparao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando
gestantes e seu valor mdio, mnimo e mximo, esperado ................................................. 42
Grfico 03 Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando gestantes
e o ms gestacional .............................................................................................................. 43
Grfico 04 Correlao da Presso Inspiratria Mxima e o ms gestacional com a
representao da linha de tendncia decrescente................................................................. 44
Grfico 05 Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e os dias de ps-parto no qual foram reavaliadas ................................................................ 45
Grfico 06 Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e os dias de ps-parto no qual foram reavaliadas, com sua linha de tendncia
progressivamente crescente ................................................................................................. 45
Grfico 07 Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e a distase de retos abdominais ......................................................................................... 46
Grfico 08 Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e a distase de retos abdominais, com sua linha de tendncia progressivamente
decrescente .......................................................................................................................... 47
Grfico 09 - Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e o ndice de Massa Corporal .............................................................................................. 48
Grfico 10 - Correlao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando purperas
e o ndice de Massa Corporal, com sua linha de tendncia quase que paralela................... 48
Grfico 11 - Comparao da Presso Expiratria Mxima (reduzida) nas amostras
quando gestantes e (seu acrscimo) quando purperas ...................................................... 50
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Grfico 12 - Comparao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando
gestantes e os seus valores mnimos e mximos previstos.................................................. 50
Grfico 13 - Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando gestantes
e sua idade gestacional no momento da avaliao .............................................................. 51
Grfico 14 - Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando gestantes
e sua idade gestacional no momento da avaliao, com sua linha de tendncia
progressivamente decrescente ............................................................................................. 52
Grfico 15 Correlao da Presso Expiratria Mxima em cada amostra quando
purperas e os dias de ps-parto no qual se encontravam ................................................... 53
Grfico 16 Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando purperas
e os dias de ps-parto e a linha de tendncia crescente ...................................................... 53
Grfico 17 Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando purperas
e a distase de retos abdominais .......................................................................................... 54
Grfico 18 Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando purperas
e a distase de retos abdominais e a linha de tendncia decrescente .................................. 55
Grfico 19 Correlao da Presso Expiratria Mxima nas mulheres quando purperas
e o ndice de Massa Corprea (IMC) encontrado na amostra ............................................. 55
Grfico 20 Correlao da Presso Expiratria Mxima nas amostras quando purperas
e o IMC no dia da avaliao ............................................................................................... 56
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................................. 11
2 PERODO PERI-PARTO E SUA INTERFERNCIA NA MECNICA
RESPIRATRIA .............................................................................................................. 14
2.1 ANATOMO-FISIOLOGIA TORCICA .................................................................... 14
2.1.1 Anatomia torcica ................................................................................................... 14
2.1.1.1 Osteologia ............................................................................................................... 15
2.1.1.2 Artrologia ............................................................................................................... 16
2.1.2 Fisiologia pulmonar .................................................................................................. 17
2.1.2.1 Msculos inspiratrios ............................................................................................ 17
2.1.2.2 Aparelho respiratrio............................................................................................... 20
2.2 ANATOMO-FISIOLOGIA ABDOMINAL ................................................................ 22
2.2.1 Anatomia abdominal ................................................................................................ 22
2.2.2 Fisiologia abdominal ............................................................................................... 23
2.3 MECNICA PULMONAR .......................................................................................... 25
2.4 PROCESSO GESTACIONAL ..................................................................................... 28
2.4.1 Alteraes fisiolgicas na gravidez ......................................................................... 28
2.5 PS-PARTO ................................................................................................................ 31
2.6 AVALIAO FISIOTERAPUTICA VOLTADA PARA GESTANTES ................ 32
2.7 TCNICA DE MANOVACUOMETRIA .................................................................... 33
3 MATERIAIS E MTODOS .......................................................................................... 36
3.1 AMOSTRA.................................................................................................................... 37
3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS .................................. 37
3.3 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS ................................ 38
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS.................................................................................... 39
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 40
4.1 FORA MUSCULAR INSPIRATRIA ..................................................................... 40
4.1.1 Comparao da fora muscular inspiratria entre perodo gestacional e
puerperal ............................................................................................................................ 41
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4.1.2 Comparao da fora muscular inspiratria entre os meses gestacionais ......... 42
4.1.3 Correlao da fora muscular inspiratria entre os dias de puerprio imediato 44
4.1.4 Correlao entre fora inspiratria puerperal e distase dos retos abdominais 46
4.1.5 Correlao da fora muscular inspiratria com o IMC ...................................... 47
4.2 FORA MUSCULAR EXPIRATRIA ...................................................................... 49
4.2.1 Comparao entre perodo gestacional e puerperal ............................................. 49
4.2.2 Correlao da fora muscular expiratria entre os meses gestacionais ............. 51
4.2.3 Correlao da fora muscular expiratria entre os dias de puerprio ............... 52
4.2.4 Correlao da fora muscular expiratria com a distase de retos abdominais 54
4.2.5 Correlao da fora muscular expiratria com o IMC ........................................ 55
4.3 OUTRAS CORRELAES COM AS FORAS MUSCULARES
RESPIRATRIAS .............................................................................................................. 56
5 DISCUSSO ................................................................................................................... 58
6 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................ 69
REFERNCIAS ............................................................................................................... 71
APDICES ......................................................................................................................... 81
APNDICE A Ficha de avaliao utilizada para a coleta de dados ......................... 82
APNDICE B Carta de apresentao encaminhada s instituies ......................... 86
ANEXOS ........................................................................................................................... 88
ANEXO A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......................................... 89
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1 INTRODUO
O tema envolvendo gestao muito abrangente e complexo. Gestao implica no
binmio me e filho e, por isso, requer ateno constante e investimentos sistemticos.
Com a escassez de textos e estudos sobre o tema gestantes e a fora muscular
diafragmtica e abdominal, surge a necessidade de maiores informaes no gnero, pelo
motivo de esta etapa ser importantssima na vida de uma mulher e serem inmeras as dvidas
clnicas tanto tericas quanto prticas, alm de a gravidez ser um momento de mudanas
fsicas, psicolgicas e sociais pelas quais a gestante e, com exceo das mudanas fsicas, as
pessoas que a rodeiam enfrentam.
Neme (2005) afirma que so profundas as adaptaes anatmicas, fisiolgicas e
bioqumicas que acontecem na mulher no curto espao de tempo da gravidez, sendo que estas
alteraes comeam aps a fecundao e desaparecem aps a lactao. Tais mudanas,
segundo o consenso da literatura, ocorrem em todos os sistemas corporais maternos a fim de
propiciar o adequado desenvolvimento fetal.
No ps-parto, para Ruoti, Morris e Cole (2000), as purperas continuam a
perceber as manifestaes ocorridas na gestao, pelo longo tempo de permanncia gravdica
e, principalmente, pelo despreparo fsico.
notrio, portanto, que com a chegada do momento do parto, especialmente a
partir do sexto ms gestacional, o organismo materno sofre alteraes para dar condies
favorveis de desenvolvimento ao beb. E, dentre estas condies est a diminuio do espao
visceral, com conseqente elevao do diafragma, o que reduz sua capacidade de
ao/contrao, inclusive durante a inspirao e o estiramento da musculatura abdominal, a
qual gera flacidez tecidual e menor capacidade de contrao, tambm durante a expirao
forada alm de, menor apoio ao diafragma. Aps o parto, fisiologicamente, o espao visceral
retorna ao que era antes da gestao, mas pelo longo perodo de falta de uso daquelas
musculaturas permanece a flacidez e a menor capacidade de contrao muscular.
fato, tambm, que na rea obsttrica, no so tomados os devidos cuidados,
tanto pelos mdicos, quanto pelos fisioterapeutas, sobre as capacidades de contratilidade
muscular diafragmtica e abdominal, dando-se nfase aos sinais mais crticos e agudos
apresentados pela paciente, tais como dor e desconforto, segundo Neme (2005), em
detrimento de uma melhor qualidade de vida durante a gestao e puerprio, e suas
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12
repercusses por toda a vida da mulher, pois a fora muscular perdida s ser recuperada com
o treino adequado.
Para o funcionamento adequado do aparelho respiratrio, necessrio que os
pulmes e a parede torcica tenham complacncia normal e que os msculos tenham o tono e
a fora necessrios. O diafragma deve manter-se arciforme, de modo que sua contratilidade
possibilite aumento do volume da caixa torcica (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000). Os
mesmos ainda complementam afirmando: O desempenho ventilatrio depende no apenas das propriedades mecnicas dos pulmes (vias areas e parnquima) e da parede torcica, mas tambm da ao dos msculos respiratrios. Enquanto a avaliao dos msculos dos membros pode ser feita diretamente atravs da fora exercida que eles podem desenvolver no levantamento de pesos, em contraste, a avaliao dos msculos respiratrios s pode ser determinada indiretamente pela medida das presses exercidas contra uma via area ocluda. (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000, p. 78).
Segundo Silva, Rubin e Silva (2000) a Presso Inspiratria mxima (PImx) o
ndice de fora diafragmtica e a Presso Expiratria Mxima (PEmx) mede a fora da
musculatura abdominal (principalmente) e intercostal. E ainda, pesquisas das propriedades
musculares fsicas comprovam que a presso mxima gerada durante uma contrao
isomtrica varia diretamente com o comprimento do msculo em repouso, que, relembrando,
nestes casos est encurtado e alongado, respectivamente. Analisando-se estas questes
props-se este estudo visando analisar as condies de tais foras respiratrias mximas e se
elas conseguiriam ser completamente desenvolvidas.
Portanto, esta pesquisa tem por objetivo avaliar comparativamente a fora
muscular inspiratria e expiratria, atravs da tcnica de manovacuometria, entre gestantes do
ltimo trimestre gestacional e parturientes do ps-parto imediato, no perodo de outubro de
2007 maio de 2008. Utilizou-se como estratgia identificar as alteraes ocorridas nos
organismos maternos da amostra pesquisada, especialmente as alteraes pulmonares, a partir
da descoberta de modificaes na fora muscular respiratria e os principais fatores que as
geram para que, a partir desta, pudessem ser traados novos objetivos de avaliao e
tratamento da populao acometida. A fora muscular foi comparada entre mulheres no
grvidas, entre os perodos gestacionais e puerperais e correlacionada s idades das gestantes,
ao ndice de Massa Corporal e distase de reto abdominal, encontrados na avaliao.
A pesquisa foi classificada quanto ao nvel como descritiva, em relao
abordagem como quantitativa, e quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados, como
de levantamento com mtodo comparativo. A amostra foi constituda de 30 mulheres
atendidas pelo Hospital Nossa Senhora da Conceio, pelo Servio de Atendimento Integral
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Sade e pelo Posto de Sade da Famlia Arnaldo Bittencourt da cidade de Tubaro, Santa
Catarina. As mesmas responderam ao formulrio e realizaram a tcnica de manovacuometria
primeiramente a partir do sexto ms gestacional, e posteriormente, no ps-parto imediato.
Este trabalho consta de cinco captulos, estando assim distribudos: o captulo 1
consta da introduo; o captulo 2 abrange a reviso bibliogrfica sobre anatomia e mecnica
pulmonar, alteraes gestacionais e do puerprio, a avaliao fisioteraputica e a tcnica de
manovacumetria; no captulo 3, desenvolve-se o delineamento da pesquisa; o captulo 4,
consta dos resultados; o captulo 5 com a discusso perante a literatura e o captulo 6 descreve
as consideraes finais.
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2 PERODO PERI-PARTO E SUA INTERFERNCIA NA MECNICA
RESPIRATRIA
Neste captulo sero discorridos assuntos sobre a respirao e sua antomo-
fisiologia, sobre alteraes fisiolgicas que ocorrem durante a gravidez, sobre a tcnica de
manovacuometria e a avaliao fisioteraputica.
2.1 ANATOMO-FISIOLOGIA TORCICA
Tendo-se em vista a afirmao de Silva et al (2001, p. 3) de que [...] tanto para o
exerccio da clnica pneumolgica como para o entendimento dos estudos imagticos, fazem-
se necessrias noes de anatomia [...], fica evidente que esta deve ser descrita a fim de um
bom entendimento do estudo da fora muscular respiratria.
2.1.1 Anatomia torcica
Em um breve resumo, o trax a regio do corpo situada entre o pescoo e o
abdome, considerado a poro superior do tronco. Possui forma levemente ovalada, com
tendncia a ser achatado na frente e posteriormente e, arredondado lateralmente. As paredes
do trax formam a caixa torcica, composta pela coluna vertebral posteriormente, arcos
costais e espaos intercostais, lateralmente e, osso esterno e cartilagens das costelas,
anteriormente. Superiormente o trax se comunica com o pescoo atravs da abertura torcica
superior; inferiormente, separa-se do abdome pelo msculo diafragma. A cavidade torcica
acopta a maior parte do sistema respiratrio e o corao, protegidos por uma armao ssea
que liga o esterno coluna vertebral, atravs dos arcos costais. Esta estrutura modificada
durante os movimentos respiratrios graas ao dos msculos intercostais e do diafragma.
O trax se compe de vrtebras dorsais ou torcicas, costelas, esterno,
cartilagens, msculos e ligamentos. (ZIM; BERTOLAZZO, 1998, apud BETHLEM, 1998, p.
23).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_respirat%C3%B3riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ossohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Esternohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Coluna_vertebralhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Movimentohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Respira%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsculos_intercostais&action=edit
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A caixa torcica, ou o trax sseo, como denominado por Moore e Dalley (2001),
formado pelo esterno, pelos doze pares de arcos costais e pelas 12 vrtebras torcicas e, esta
caixa, juntamente com os msculos, fscias e pele formam a parede torcica. E esta por sua
vez, que protege a cavidade torcica e propicia a mecnica da respirao. A caixa torcica
pode ser vista no desenho adaptado do site campus desportivo [s.d.]:
Desenho 1 Caixa torcica, na vista anterior, com seus respectivos ossos. Fonte: adaptado de Campus desportivo [s.d.].
2.1.1.1 Osteologia
Os arcos costais propiciam a expanso torcica por serem diferenciados em sua
estrutura e mecnica. Segundo Dufour (2004) os sete primeiros pares so denominados
verdadeiros, isto , possuem cartilagem e se articulam com o esterno, enquanto que os
prximos trs pares so denominados falsos, por suas cartilagens serem unidas as do stimo
par e, h, ainda, os dois ltimos pares, que so denominados flutuantes, por no possurem
cartilagem anterior. As cartilagens prolongam os arcos costais anteriormente e contribuem
para a elasticidade da caixa torcica. (MOORE; DALLEY, 2001, p. 55). O movimento
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realizado pelos arcos costais tambm difere, pois nos seis primeiros pares o de brao de
bomba e, nos seis ltimos o de ala de balde, propiciando assim, a total expanso torcica.
Formam a caixa torcica, tambm, as doze vrtebras torcicas. Estas, para Moore e
Dalley (2001) so tpicas porque possuem arcos vertebrais e sete processos para conexes
musculares e articulares. E, Bethlem (2001) complementa ao afirmar que a forma e a
integridade das vrtebras e articulaes torcicas so da maior importncia para manter os
arcos costais em seu eixo. Este mesmo autor afirma ainda, que os prprios movimentos da
coluna modificam a mobilidade dos arcos, tais como a extenso favorece o ato inspiratrio e
em flexo a coluna favorece o ato expiratrio, bem como a escoliose restringe a respirao no
lado convexo. Dufour (2004) acrescenta que, por estarem relacionas aos arcos costais so
menos mveis que as vrtebras dos outros segmentos corporais.
O esterno um osso nico, mpar, plano e simtrico localizado na parte anterior do
trax. Dufour (2004) afirma que ele forma a parte anterior da caixa torcica e articulado
com a clavcula e os arcos costais. Moore e Dalley (2001) complementam ao relatar que este
se situa entre a terceira e a dcima vrtebra torcica e dividido em trs partes: manbrio,
corpo e processo xifide.
Os ossos da caixa torcica articulam-se entre si permitindo os movimentos de
expanso do trax e retorno ao repouso, possibilitando a respirao.
2.1.1.2 Artrologia
A fim de unir os ossos da caixa torcica existem segundo Moore e Dalley (2001),
as articulaes: intervertebrais (entre as vrtebras); condrotransversais ou costovertebrais
(entre as costelas e as vrtebras); costocondrais (entre as costelas e as cartilagens costais);
intercondrais (entre as cartilagens); esternocostais (entre o esterno e as cartilagens); e
esternoclaviculares (entre o esterno e a clavcula).
As articulaes mais importantes para a respirao, segundo Dufour (2004) so as
costovertebrais e as condroesternais. Isto porque so responsveis pelos diferentes planos de
movimentos dos arcos costais:
Nas articulaes costovertebrais, na parte posterior da extremidade, os arcos costais fazem contato com as superfcies articulares existentes nas apfises transversas e nos corpos das vrtebras. A partir do dcimo arco costal, a cabea costal fica
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17
localizada entre os dois corpos vertebrais, assim fazendo articulao dupla. J, no dcimo primeiro e dcimo segundo arcos costais, cada cabea articula-se com somente um corpo vertebral. Por serem oblquos, como os prprios arcos costais ao plano sagital, assim so os eixos costovertebrais, enquanto que o eixo das costelas inferiores se aproxima do plano sagital. E, dessa maneira os arcos costais fazem aumento do dimetro ntero-posterior (segundo ao sexto) e outras aumentam o dimetro transversal (stimo ao dcimo). (BETHLEM, 2001, p. 24).
A outra articulao considerada imprescindvel para a correta mecnica pulmonar
definida por Zin e Bertolazzo (1998 apud BETHLEM, 1998), como sendo do tipo
sincondrose, na qual o manbrio e o primeiro arco costal constituem a articulao
condroesternal. Essas estruturas formam, juntamente com a primeira vrtebra dorsal, uma
pea firme, slida, e um pouco mvel, assim gerando apoio cintura escapular. A verdadeira
articulao condroesternal vai do segundo ao stimo arco costal, pois entre o esterno e os
oitavo ao dcimo arco costal h a juno da cartilagem com o esterno. Enquanto que os dois
ltimos arcos costais no possuem qualquer unio com aquele. Desta forma explica-se o
mecanismo de expanso total da caixa torcica, em seus diversos dimetros.
2.1.2 Fisiologia pulmonar
A troca gasosa a principal meta pulmonar. A respirao a funo primordial do
homem, sem a qual no haveria vida. O movimento da caixa torcica, ou mecnica da
respirao, realizado pelos msculos respiratrios, permite a ventilao pulmonar e,
consecutivamente, a hematose, que a troca de gs carbnico (CO2) por oxignio (O2) nos
alvolos.
2.1.2.1 Msculos inspiratrios
Os msculos respiratrios so os responsveis por todo o movimento da caixa
torcica, a qual permite a troca gasosa atravs da alterao de presso. Eles so divididos em
msculos inspiratrios e expiratrios.
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De acordo com Dngelo e Fattini (1998, p. 166), os msculos so as estruturas
motoras da coluna vertebral, comandados pelos estmulos nervosos que saem do crebro
passando pela medula nervosa e terminando neles prprios.
Azeredo e Machado (1999), Egan et al (2000) e Kapandji (2000) concordam ao
afirmar que o diafragma o msculo primordial da respirao, e, com a superfcie
aproximada de 270 cm, responsvel por aproximadamente 7075% da alterao do volume
torcico que ocorre durante a respirao calma e atua 24 horas por dia ininterruptamente.
Conforme Azeredo e Machado (1999), alguns autores corroboram que, o
diafragma o ponto de separao entre o trax e o abdmen e, para outros justamente o
ponto de unio entre estas duas estruturas compartimentais. tambm definido como uma
fina folha de msculo que se relaciona com as vsceras abdominais, com os pulmes e o
pericrdio e possui um centro fibroso, enquanto suas partes perifricas so musculares, sendo
considerado um msculo digstrico (CAMPIGNION, 1998; WEST, 2002).
O diafragma classicamente descrito como um msculo assimtrico, delgado e
achatado que tem a forma de uma cpula cncava na parte de baixo. este formato altamente
curvilneo que lhe confere grande fora de contrao, capaz de alargar o dimetro vertical,
transversal e ntero-posterior do trax e permitir a alterao do gradiente de presso, gerando
a entrada de fluxo de ar para a caixa torcica (BENATTI, 2001; CAMPIGNION, 1998;
KAPANDJI, 2000). Ainda, segundo Bethlem (2001), durante a sua contrao o contedo
abdominal forado para baixo e para frente e a dimenso vertical da caixa torcica
aumentada. No desenho 2, abaixo, possvel observar o diafragma e seu posicionamento.
Desenho 2 Diafragma e seu posicionamento Fonte: Vilela (2006)
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19
Dufour (2004) resume ao afirmar que este um msculo profundo, que separa a
cavidade torcica da cavidade abdominal, tem a forma de abbada com 2 cpulas, sendo o
msculo principal da inspirao e possui ao sobre o abdome e a caixa torcica.
Segundo Kapandji (2000), suas fibras musculares se inserem na face medial das
cartilagens costais (poro esternal), nas extremidades da dcima primeira e da dcima
segunda costelas, nos arcos que unem as extremidades das trs ltimas costelas (poro
costal) e na coluna vertebral (poro vertebral). Nesta parte, o pilar direito do diafragma
insere-se sobre os discos intervertebrais L1-L2 e L2-L3 descendo s vezes sobre o disco L3-
L4. J o pilar esquerdo insere-se sobre o disco L1-L2 e freqentemente prolonga-se at o
disco L2-L3. Konin (2006) complementa ao referir que suprido pelos nervos frnicos a
partir dos segmentos cervicais C3, C4 e C5.
Para Souchard (1996) os msculos responsveis pela inspirao so considerados
msculos da esttica, pois desempenham funo na manuteno do trax, e os centro
abdominais, os quais tracionam o trax para baixo, exercem um papel dinmico.
Guyton (1988) diz que o diafragma o principal msculo da respirao, mas
tambm existem outros msculos chamados acessrios que comprimem o abdome ou que
elevam ou abaixam a parede anterior do trax, e assim contribuem para o processo de
ventilao pulmonar, principalmente durante a ventilao profunda.
Segundo Souchard (1989), os msculos inspiratrios acessrios so numerosos e
de implantao anatmica variada para permitir sua ativao seja qual for a atividade em
curso e entram em ao apenas durante inspiraes de grande amplitude. Ainda para este
mesmo autor, eles podem ser classificados em quatro grandes grupos inspiratrios:
O primeiro grupo composto pelos torcicos, os quais compreendem os
intercostais internos, mdios e externos, subcostais, supracostais e serrtil posterior superior.
O segundo grupo o dos escapulares, compostos por: peitoral menor, trapzio mdio, peitoral
maior, elevadores da escpula, rombides, serrtil anterior e grande dorsal. O prximo grupo
dos nucais, composto pelos esternocleidomastideos, escalenos, trapzio superior e
subclvio. O ltimo o dos espinhais, que corresponde aos: multifdio, semi-espinhal do
trax, do pescoo e da cabea, rotadores lombares, torcicos e cervicais, dorsal longo, ilicostal
e espinhal do trax.
Para Benatti (2001), Egan et al (2000), Haebish (1980) e West (2002), os
msculos inspiratrios acessrios incluem, somente: o peitoral maior, os escalenos, o
esternocleidomastideo, o serrtil maior e o grande dorsal.
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Os msculos inspiratrios ainda possuem suas funes especficas, quais sejam: o
esternocleidomastideo atua na elevao do esterno e expanso da caixa torcica superior; os
escalenos elevam as duas primeiras costelas; o peitoral menor eleva a terceira, quarta e quinta
costelas; o serrtil maior eleva as primeiras seis costelas; o grande dorsal, as ltimas quatro,
possibilitando, assim, o aumento da caixa torcica (BENATTI, 2001; SOUCHARD, 1989;
WEST, 2002).
2.1.2.2 Aparelho respiratrio
Didaticamente, segundo Dngelo e Fattini (2005), o sistema respiratrio dividido
em duas partes: a poro de conduo e a de respirao. A primeira poro tem como funo
levar o ar inspirado, atravs de rgos tubulares, at a poro respiratria, representada pelos
pulmes e destes conduzir o ar expirado, eliminando CO2. Isto pode ser mais bem visualizado
no Desenho 3, a seguir, referindo a troca gasosa entre os capilares do alvolo.
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Desenho 3 Troca gasosa dentro do alvolo. Fonte: Merck (2004).
Fazem parte dos rgos de conduo o nariz, a faringe, a laringe, a traquia e os
brnquio-fontes, enquanto fazem parte da poro respiratria os bronquolos terminais e os
alvolos, como demonstrado no desenho 4:
Desenho 4 Interior dos pulmes e das vias areas. Fonte: Merck (2004).
No organismo humano existem dois pulmes: o direito e o esquerdo, conforme
Moore e Dalley (2001), sendo o esquerdo menor, pela presena do corao, mais
predominante esquerda. O pulmo, para Silva et al (2001) subdividido em lobos, que
correspondem reas anatmicas. No pulmo direito existem trs lobos, enquanto no
esquerdo apenas dois. Os brnquios-fonte, segundo Moore e Dalley (2001) tambm possuem
distines, sendo o direito mais calibroso e verticalizado, proporcionando, por diversas vezes,
maior ventilao.
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Os pulmes so revestidos por uma fica camada, denominada pleura visceral,
enquanto que a caixa torcica envolta pela pleura parietal. Com base em Moore e Dalley
(2001), a cavidade pleural um espao potencial entre as duas lminas pleurais e contm o
lquido pleural, que lubrifica e permite o deslizamento entre as duas durante os movimentos
respiratrios.
2.2 ANATOMO-FISIOLOGIA ABDOMINAL
Souchard (1998, p. 18) ao afirmar que [...] as relaes antagnicas, entre
musculatura inspiratria e expiratria no so diretas, estabelecem-se atravs do trax e
abdmen [...], esclarece que o conhecimento das estruturas abdominais imprescindvel para
um melhor entendimento.
2.2.1 Anatomia abdominal
Em um breve resumo, o abdmen, ou seja, a parte ntero-inferior do tronco,
abaixo do diafragma, acopta os rgos do sistema digestivo, do sistema urinrio e,
especialmente no caso das mulheres, os rgos sexuais internos. Ao contrrio da caixa
torcica, o abdmen no tem uma estrutura ssea, mas os rgos dos sistemas referidos so
protegidos por um complexo de tecidos, entre os quais o mais importante o peritoneo e
vrias camadas de msculos.
As vrtebras lombares, afirma Konin (2006) so diferenciadas das demais por
seus corpos vertebrais maiores e por processos resistentes e curtos, o que aumenta a
capacidade de sustentao de peso. As vrtebras lombares auxiliam na funo respiratria,
pois so pontos de insero de alguns msculos utilizados para esta finalidade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93rg%C3%A3o_%28anatomia%29http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_digestivohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_urin%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%B3nadahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_%28histologia%29http://pt.wikipedia.org/wiki/Peritoneu
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2.2.2 Fisiologia abdominal
Durante a expirao forada, agem os msculos expiratrios, como os intercostais
internos, a musculatura abdominal (reto do abdome, msculos oblquos internos e externos e o
transverso do abdome), os msculos subcostais e o msculo transverso do trax (DNGELO;
FATTINI, 1998; HAEBISH, 1980; WEST, 2002). No desenho 5, na seqncia, podem ser
visualizados os msculos abdominais.
Desenho 5 Msculos abdominais. Fonte: Nakano (2005).
Esta a musculatura que forma a parede abdominal anterior. Dufour (2004) afirma
que os msculos abdominais so o reto do abdome, o transverso do abdome, o oblquo
externo do abdome e o oblquo interno do abdome, e que eles so responsveis por conter a
cavidade abdominal visceral, atuar na fase expiratria do ciclo respiratrio, bem como
estabilizar a coluna vertebral lombar.
Segundo Dangelo e Fattini (2005), anatomicamente, o reto do abdmen tem forma
de tira longa situado em cada lado da linha alba; inferiormente se origina na crista do pbis e
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nos ligamentos da snfise pbica; e insere-se atravs de 3 tiras largas na face anterior da
cartilagem costal da 5, 6 e 7 costelas e por uma pequena tira no processo xifide do esterno.
De acordo com Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), o msculo reto do abdmen,
entre a origem e a insero, interrompido transversalmente por tendes intermedirios, em
trs interseces tendneas. Essas interseces so evidentes na superfcie anterior, onde se
unem lmina anterior da bainha do reto, no chegando at a superfcie posterior.
De acordo com Dngelo e Fattini (2005), os msculos oblquos abdominais
(externo e interno) tambm parecem cumprir a funo de interligao entre o trax e a pelve.
Para Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), o msculo oblquo externo, tem sua
origem na margem inferior e face externa das sete ou oito ltimas costelas, por digitaes
musculares que se imbricam com as dos msculos serrtil anterior e grande dorsal. Seu feixe
muscular tem direo caudal e para frente, com obliqidade varivel. Os feixes posteriores
inserem-se nos 3/4 anteriores do lbio externo da crista ilaca, e os feixes superiores e mdios
tm continuidade por um tendo lamelar que participa na formao da linha alba medialmente
e sua poro inferior contribui para formar o ligamento inguinal, que est inserido spero-
lateralmente na espinha ilaca ntero-superior.
Segundo Dngelo e Fattini (2005), o msculo oblquo interno, origina-se na
metade lateral do ligamento inguinal, 2/3 anteriores da linha intermediria da crista ilaca e da
fscia toraco-lombar. O feixe muscular tem uma disposio irradiada em leque a partir das
suas origens, sendo a sua direo geral para cima e para frente. Suas fibras atingem o pbis
em apenas 5% dos portadores de hrnia direta, e 30% na hrnia oblqua externa.
Conforme Smith, Weis e Lehmkul (1997), o msculo transverso tem origem no
tero lateral da arcada inguinal, nos 2/3 anteriores do lbio interno da crista ilaca, da face
interna da cartilagem costal das seis ltimas costelas e da fscia traco-lombar. Conforme os
autores citados a cima, esses feixes musculares se orientam transversalmente; para frente
terminando em uma forte aponeurose que se insere na linha alba, crista do pbis e na crista
pectnea. As fibras mais inferiores tm disposio curva para baixo e para frente; em 5% se
une com uma formao semelhante do oblquo interno formando o "tendo conjunto". Na
regio inguinal o msculo representado pelos seus componentes aponeurticos e pelas suas
fscias. E, Calais-Germain (1992) acrescenta que este o msculo mais profundo e que o
responsvel pelos movimentos de encolher a barriga e de tosse.
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2.3 MECNICA PULMONAR
As variaes da presso intrapulmonar originam a movimentao do ar,
promovendo a ventilao pulmonar. Para Costa (2002) a ventilao pulmonar medida pela
quantidade de ar que entra e que sai dos pulmes num minuto.
O ritmo e a profundidade da ventilao pulmonar so alterados em funo do
esforo respiratrio, resultante de exerccios ou de alteraes nas presses parciais de
oxignio e gs carbnico, bem como o pH sanguneo. (COSTA, 2002, p. 7).
Ainda, segundo Azeredo e Machado (1999, p. 21), a ventilao ocorre da seguinte
forma [...] o controle voluntrio da respirao ativa os msculos respiratrios, os quais
causam o movimento da caixa torcica e do abdome, resultando em um deslocamento do ar
para dentro e para fora dos pulmes, possibilitando assim a ventilao alveolar.. Este
movimento do ar, ento decorrente da ativao sinptica dos msculos inspiratrios.
Os ossos torcicos e os msculos podem interagir para aumentar ou diminuir o
volume torcico. Essa opo gera diferena de presso que permite que o gs flua para dentro
e/ou para fora dos pulmes. (EGAN et al, 2000, p. 153).
Guyton (1988) acredita que os pulmes so alongados quando ocorre contrao
do diafragma, o que provoca a inspirao. A expirao ocorre pela compresso do abdome e
assim eleva o diafragma. A inspirao pode ocorrer pela elevao da parede torcica anterior.
Este mecanismo acontece pela elevao das costelas, desde a posio oblqua, para baixo, at
a posio horizontal, o que aumenta o dimetro antero-posterior do trax. Quando h
depresso da parede anterior torcica ocorre a expirao.
Guyton e Hall (2006) citam que os pulmes podem ser cheios e esvaziados por
dois mecanismos: pelos movimentos do diafragma e pela elevao e abaixamento das
costelas. Quando em repouso, a ventilao ocorre quase que completamente pelos
movimentos do diafragma. O gradil costal tracionado para cima, as costelas projetam-se
quase que diretamente para diante fazendo com que o esterno se movimente para frente, para
longe da coluna, fazendo aumentar o dimetro ntero-posterior do trax. Tais fatos podem ser
observados no desenho 6, a seguir, que demonstra a alterao de todo o mecanismo
respiratrio durante a inspirao e a expirao:
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Desenho 6 Atividade do diafragma durante a inspirao (a) e durante a expirao (b). Fonte: Merck (2004).
Complementando, Calais-Germain (1992) explicam que, na inspirao, a
contrao do diafragma produz uma descida do centro frnico, o que ocasiona um aumento
vertical do volume torcico. Esse se transmite, por meio das pleuras, aos pulmes. Cria-se,
assim, uma presso relativamente negativa intratorcica permitindo que a presso atmosfrica
intraexpiratria expanda os pulmes, isto , ocorra a inspirao. A respirao corrente se
realiza seguindo esse mecanismo e quase totalmente efetuada pelo diafragma.
Durante a inspirao, o volume da caixa torcica aumenta e o ar puxado para
dentro do pulmo. A contrao das fibras faz baixar o diafragma, distendendo,
principalmente, as partes inferiores dos pulmes. Esse movimento responsvel por,
aproximadamente, 60% do volume de ar corrente no homem adulto (HAEBISH, 1980;
WEST, 2002).
A descida do centro frnico, segundo Calais-Germain (1992) pode ser freada pela
resistncia do abdome. O que supe uma conteno por parte dos msculos abdominais.
Nesse caso, o centro frnico se converte em ponto fixo, e o diafragma, em elevador das
costelas: pela direo de suas fibras oblquas medialmente e para cima; e, indiretamente, pela
presso do abdome, que, comprimido em altura, se deforma em largura.
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A expirao em repouso um simples retorno elstico do tecido pulmonar, que
havia sido colocado sob tenso pela inspirao. Isso cria uma presso intratorcica e, portanto,
ocasiona uma expulso do ar para fora dos pulmes. A expirao chamada forada obra
dos msculos abdominais, que empurram o abdome em direo ao trax, aumentando a
presso intratorcica (CALAIS-GERMAIN, 1992, p. 100).
Em resumo, [...] na inspirao, o diafragma ao se contrair efetua um movimento
de descida (sentido caudal), apoiando-se homogeneamente sobre as vsceras abdominais
(fgado e estmago) como se fosse em direo ao assoalho plvico. (AZEREDO;
MACHADO, 1999, p. 3).
Kapandji (2000) relata que nas costelas inferiores, o movimento de elevao
provoca um aumento do dimetro transversal do trax. J nas costelas superiores, do dimetro
ntero-posterior do trax.
Na expirao ocorre exatamente o contrrio; o diafragma efetua um movimento de
subida (sentido cranial) como se expulsasse os pulmes da caixa torcica. A diferena entre
estes dois movimentos o de descida e de subida o que chamado de dinmica frnica
(AZEREDO; MACHADO, 1999).
A inspirao marca sua supremacia sobre a expirao no tempo de durao de cada
fase do ciclo respiratrio. O tempo motor de tomar o ar do meio externo superior ao
relaxamento que o restitui. (SOUCHARD, 1998, p. 18). O movimento inspiratrio sempre causado pela contrao muscular. A expirao, porm, , em condies normais e durante o repouso, um processo passivo. A diminuio do volume torcico causada pela tenso elstica dos pulmes e da parede torcica adquirida durante a inspirao. A perda da elasticidade dificulta e diminui o movimento respiratrio (HAEBISH, 1980, p. 4).
Para Souchard (1998, p.18), [...] a expirao assegurada pelo simples
relaxamento dos msculos inspiratrios, quando se trata de uma inspirao de pequena
amplitude, ou pelos msculos da dinmica, os abdominais, quando se trata de uma expirao
de grande amplitude.
Azeredo e Machado (1999) afirmam, ainda, que a funo respiratria
possibilitada pela mobilidade do diafragma e que esta depende, sobretudo, da integridade
funcional do trax e do abdome. E, partindo deste ponto de vista, o perodo gestacional, por
provocar alteraes nestas estruturas, pode prejudicar uma das funes primordiais no
organismo materno: a respirao.
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2.4 PROCESSO GESTACIONAL
Nesta parte sero descritas as principais alteraes fisiolgicas que ocorrem
durante o perodo gestacional, priorizando as alteraes pulmonares que so o enfoque
principal deste trabalho e que podem acarretar distrbios que prejudiquem as trocas gasosas.
A gestao, em uma breve introduo, dura em mdia quarenta semanas, ou dez
meses lunares - os meses lunares possuem vinte e oito dias e no trinta como os meses solares
-. Esse o tempo necessrio que o beb levar para percorrer o caminho que inicia com
apenas um vulo e um espermatozide, depois se transformando em zigoto, embrio, feto,
para finalmente nascer trazendo em si todas as caractersticas de um ser humano. Porm, para
que tudo isto ocorra so necessrias diversas modificaes no organismo materno para
propiciar a vida.
2.4.1 Alteraes fisiolgicas na gravidez
A fisiologia da gravidez [...] mais compreensvel estudando-se os fatores
psicolgicos e funcionais interagindo com hormnios, enzimas, circulao materno-fetal e
adaptaes que a mulher sofre nesse estgio da vida. (BARACHO, 2002, p. 50).
So notveis as alteraes ocorridas no organismo da mulher durante este perodo.
Arthal, Wisswell e Drinkwater (1999) apontam o aumento do consumo de oxignio em
repouso, que se deve ao aumento de massa magra, relacionado ao crescimento fetal e outras
modificaes no organismo materno. J Ymca e Hanlon (1999) afirmam ocorrer o aumento
do tero, a alterao na respirao e aumento do fluxo sanguneo.
[...] H o aumento da freqncia cardaca de repouso, da hemoglobina e do dbito cardaco, os quais levam a um aumento do transporte de oxignio permitindo assim uma maior diferena arteriovenosa de oxignio e o suprimento da maior quantidade de oxignio necessrio durante o repouso. (FLEURY, 2003, p. 5).
Com relao ao sistema cardiovascular, ento, ocorre um estado hiperdinmico no
organismo materno, com aumento do volume de sangue, na gua corprea total e no sdio,
devido elevao de concentrao de estrognio e decorrente reteno daqueles. Isso gera um
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dbito cardaco em torno de 30% maior, com maior volume de ejeo e posterior aumento de
freqncia cardaca.
H, tambm, reduo da resistncia vascular perifrica devido ao dos
hormnios e concomitante reduo da presso arterial diastlica, observada a partir do
segundo trimestre gestacional (BARACHO, 2000).
Franjdlich (1999) acrescenta que o tero aumentado faz presso sobre as veias
abdominais e prejudica toda a circulao abaixo da cintura podendo resultar em varizes, as
quais, geralmente aparecem nas pernas, mas podendo estender-se at as veias da vulva e do
nus. As cimbras, mais comuns nos ltimos meses, e os inchaos nas pernas podem tambm
ser associados ao aumento do volume sanguneo e m circulao de sangue.
Resumindo, Neme (2005) declara que so quatro as adaptaes circulatrias
sistmicas maternas: aumento da volemia, aumento do dbito cardaco, queda da resistncia
vascular perifrica e diminuio da reatividade vascular aos agentes vasopressores.
O Hormnio Gonadotropina Corinica (HCG) responsvel por assegurar a vida
fetal at o seu nascimento, e, juntamente com a progesterona e testosterona, tem seus valores
aumentados em relao s quantidades secretadas durante o ciclo menstrual normal
(GUYTON, 1988). Ampliando-se a produo de estrgeno e progesterona h a frouxido
ligamentar.
Frajndlich (1999) e Miranda e Abrantes (1987) destacam o aumento das mamas e,
devido ao aumento do tero, a mudana do centro de gravidade da gestante. O aumento do
tero sobrecarrega a coluna, a qual se curva para frente. (FRAJNDLICH, 1999, p. 79). J
Miranda e Abrantes (1987) abordam o aumento do trabalho da musculatura dorsal e da
incidncia da lordose postural como conseqncia do aumento do tero, acompanhada de
marcha gingada, a rotao da plvis sobre o fmur e a protuso abdominal.
Assim sendo, durante os ltimos meses gestacionais, ocorrem alteraes
biomecnicas e hormonais causada pelo estrgeno, progesterona e relaxina aumentando a
frouxido geral das articulaes, sendo a snfise pbica uma dessas articulaes acometidas.
Em particular, atravs da relaxina, os ligamentos passam por um amolecimento e reparao
parcial ao redor do 28-32 semanas, muitas vezes resultando numa dor surda nessa regio.
Esta frouxido, citada por Rezende (1998) tambm torna a mulher mais suscetvel a leses
ligamentares, como entorses.
O centro de gravidade, conforme Baracho (2000) modificado, pelo aumento de
peso, pela protruso abdominal e pelo aumento das mamas, os quais tendem a desloc-lo para
frente. Como forma de compensar a desproporo de equilbrio, automaticamente, o corpo
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projeta-se para trs, provocando hiperlordose, aumentando a base de sustentao e deslocando
a cervical anteriormente. Essas alteraes, obviamente, provocam lombalgias e cervicalgias, o
que pode diminuir a qualidade de vida das gestantes.
Com relao ao sistema nervoso, conforme Neme (2005), o que mais ocorre na
gestao a sndrome do tnel do carpo e a dor citica. Isto porque, a reteno de lquidos
gera a constrio do nervo mediano, no primeiro caso, ocasionando dor, fraqueza e
diminuio da sensibilidade. J, no segundo caso, h a compresso do nervo citico pela
mudana dos ossos plvicos, relaxamento dos ligamentos e reteno de lquidos gerando dor
numa das ndegas, irradiando para a perna, at a lateral do p.
Os cuidados odontolgicos preventivos devem ser mantidos durante a gestao,
pois, Baracho (2002) afirma que as gengivas ficam hiperemiadas e a salivao se torna
excessiva. Com relao ao sistema gastrintestinal, o estmago encontra-se deslocado para
prximo do fgado, devido ao crescimento uterino, o que gera a sensao de azia. A
constipao intestinal muito freqente, pela obstruo mecnica do tero com diminuio da
motilidade daquele. tambm, reconhecida, a maior incidncia de varizes e hemorridas pelo
aumento da presso venosa portal.
H para Rezende (1998) um aumento no tamanho e peso dos rins e, durante este
perodo, a musculatura dos canais urinrios discretamente hipotnica, alm de a rea do
trgono poder estar estirada e levar incompetncia no armazenamento, predispondo a
infeces urinrias, comuns neste perodo.
Com o decorrer da gravidez, segundo Neme (2005), ocorre o aumento da volemia
e o dbito cardaco determina o aumento do volume corrente de 500 a 700 ml/min, para
permitir a oxigenao adequada do sangue materno. Alm do volume corrente, h tambm
aumento progressivo do volume de reserva inspiratrio em torno de 300 ml. H,
concomitantemente, reduo do volume de reserva expiratrio e do volume residual,
provavelmente em decorrncia da compresso torcica pelo tero gravdico.
Como a freqncia respiratria, segundo a literatura, no se altera na gestao, o
volume minuto respiratrio aumenta em virtude da elevao do volume corrente. Este
aumento de 40%, e vai de 7,5 litros/min para 10,5 litros/min com incremento de 16% no
consumo de oxignio.
Baracho (2000) afirma que as alteraes respiratrias so decorrentes da
aproximao entre o tero gravdico e o diafragma, que pode elevar-se at 4 cm prximo ao
termo.
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A respirao torna-se mais costal que diafragmtica, e a causa estaria ligada
maior hipotonia dos msculos abdominais. E, o aumento do volume minuto geralmente
acarreta uma leve e compensada alcalose respiratria. Baracho (2002) acrescenta que as
adaptaes pulmonares anatmicas e fisiolgicas conduzem a um aumento da capacidade
inspiratria, custa de um decrscimo do volume residual funcional.
Portanto, as implicaes dessas alteraes no sistema respiratrio, conforme Neme
(2005) so: o aumento da ventilao por respirao profunda e mais freqente. Apesar de o
espao morto fisiolgico estar aumentado pela dilatao dos pequenos bronquolos, h
acrscimo em mais de 50% na ventilao alveolar.
Como se pode constatar, todos os sistemas corporais, especialmente o respiratrio,
sofrem alteraes pelas variaes hormonais que preditam o desenvolvimento do feto dentro
do organismo materno. Tornam-se, portanto, necessrios maiores estudos sobre como
minimizar as possveis complicaes e proporcionar uma melhor qualidade de vida durante
este perodo inesquecvel e, tambm, aps ele.
As alteraes, principalmente nos sistemas respiratrio, cardiovascular e msculo-
esqueltico maternos, so mais enfticas a partir do sexto ms de gestao, perodo em que o
feto aumenta de tamanho, requerendo maior volume uterino e aporte suficiente para mant-lo.
E, com isto, esta fase foi a escolhida para a pesquisa, por haverem maiores transtornos fsicos
e exigncia respiratria.
2.5 PS-PARTO
Para Polden e Mantle (2000) puerprio, ou ps-parto o perodo de at seis a oito
semanas seguintes ao parto, nas quais o trato vaginal da mulher retorna a um estado no
gravdico, sendo a fase final da gravidez e do parto.
Santo e Berni (1997) corroboram ao declarar que puerprio o perodo que segue
o trmino da gestao, inicia-se no parto e pode durar cerca de seis semanas, quando ocorre a
recuperao do organismo aos traumas do parto, quando se processam fenmenos involutivos
da gravidez.
Vokaer (apud REZENDE, 1998) acrescenta que o puerprio dividido de acordo
com seu tempo de durao, com os estgios: ps-parto imediato desde o 1 ao 10 dia aps a
parturio; ps-parto tardio do 10 ao 45 dia; ps-parto remoto que vai alm do 45 dia.
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32
Para Machado (2000) o puerprio tem duas funes: a involuo e a recuperao
da musculatura uterina e da mucosa vaginal. O processo de involuo inicia assim que a
placenta expelida.
Uma vez que a placenta separada do tero, a produo de hormnio placentrio
cessa, causando um declnio nos nveis de estrognio e progesterona do sangue, e
conseqentemente nos efeitos fisiolgicos, na respirao, sistema cardiovascular,
metabolismo e digesto materna (POLDEN; MANTLE, 2000).
Dentre as alteraes presentes esto: O tono da musculatura ntero-lateral do abdome e da pele retornam, progressivamente, em funo da maior ou da menor distensibilidade imprimida pelo crescimento uterino intragestao. [...] Entretanto, em algumas vezes, quando os limites da distensibilidade muscular e da pele forem ultrapassados, a parede abdominal anterior pode apresentar-se flcida e pregueada e, por vezes, com distase dos retos (NEME, 2005, p. 198).
Segundo Machado (2000), aps o parto a parede abdominal torna-se flcida, e as
vsceras aos poucos voltam posio de origem. No ps-parto imediato ainda possvel
evidenciar a distase dos msculos reto-abdominais com a parede abdominal composta de
pele, tecido subcutneo, fscia e peritnio. A recuperao da tonicidade da musculatura da
parede abdominal, distendida pelo tero gravdico, ocorre em mdia de 6 semanas do ps-
parto, lenta e s vezes imperfeitamente.
O exerccio supervisionado ajuda na recuperao da parede abdominal. Polden e
Mantle (2000), sugerem que as mulheres cujas gestaes exigiram prolongada inatividade, ou
aquelas que habitualmente fazem pouco exerccio, iro verificar com certeza que seus
msculos abdominais esto extremamente fracos.
Esta fraqueza abdominal j prolongada durante o perodo gestacional,
especialmente no ltimo trimestre, pode perdurar por um longo perodo do puerprio e, por
no estarem em sua posio que permite a contratilidade mxima, a fora expiratria pode
estar alterada, reduzindo a fora expiratria materna.
2.6 AVALIAO FISIOTERAPUTICA VOLTADA PARA GESTANTES
Lopes e Maia (2006) afirmam que por ser um perodo de tantas mudanas
necessrio um acompanhamento multidisciplinar a fim de retardar os possveis danos. E, para
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33
que o tratamento saia como desejado a avaliao de extrema importncia, pois a partir dela
que se percebem as principais alteraes e seus possveis motivos causais.
A avaliao fisioteraputica deve ser abrangente, visto as alteraes comuns neste
perodo. E, segundo Campion (2000), a avaliao fisioteraputica deve ser baseada no modelo
SOAP que analisa o quadro clnico, sinais e sintomas e funcionalidade do paciente, de modo
subjetivo e objetivo e a base para se traar qualquer objetivo e/ou plano de tratamento. Silva
(2000) afirma que esta deve ser pormenorizada nas gestantes pelo grande nmero de sistemas
acometidos.
Conforme Baracho (2000), os dados devem ser detalhados e o profissional deve
estar atento fala da paciente, que pode revelar seu estado emocional, uma vez que o mesmo
altera a sistemtica respiratria e que de suma importncia. Este mesmo autor acredita que a
avaliao deve conter anamnese detalhada e exame fsico direcionado a todos os sistemas
corporais, j que todos esses interagem e influenciam neste perodo de mudanas na vida de
uma mulher.
A avaliao, portanto, ir conter: anamnese, avaliao respiratria, avaliao da
histria pregressa, avaliao da histria gestacional, avaliao superficial dos sistemas
circulatrio, endcrino, digestivo, cardiovascular e nervoso, avaliao fsica (com teste de
distase dos retos, mudanas no peso corporal, ausculta pulmonar, aferio dos sinais vitais,
tipo de trax e respirao) e a tcnica de manovacuometria.
2.7 TCNICA DE MANOVACUOMETRIA
O produto da funo dos msculos respiratrios a presso gerada dentro da caixa
torcica. fcil medir a fora muscular inspiratria e expiratria que estes msculos podem
gerar como valores, atravs da presso inspiratria mxima (PImx) e a presso expiratria
mxima (PEmx), respectivamente (GARCIA; ROCHA, 2008).
Irwin e Ruppe (2003) explicam ao afirmar que a capacidade de gerar presso
intratorcica negativa mxima (PImx) e a presso intratorcica positiva (PEmx) reflete a
fora da musculatura inspiratria e da musculatura expiratria, assim respectivamente. E,
estas por sua vez, tambm refletem a capacidade de alterao do gradiente de presso
intratorcico que propicia a respirao.
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34
Para Jardim, Ratto e Corso (2002), a forma mais simples de se avaliar a fora dos
msculos inspiratrios e expiratrios consiste na medida das presses estticas da presso
inspiratria e expiratria atravs de um aparelho simples chamado manovacumetro.
Silva, Rubin e Silva (2001) citam como contra-indicaes absolutas para a
realizao da tcnica a hipertenso arterial sistmica severa sem controle, bipsia pulmonar,
angina instvel, infarto do miocrdio recente (at quatro semanas) e pneumotrax recente. E,
como relativas cirurgia ocular, dor torcica ou sintoma que interfira na realizao do teste ou
cirurgia na coluna vertebral.
Esta tcnica de mensurao da PImx a mais utilizada, segundo Galvan e
Cataneo (2007), pois de fcil acesso e possui resultados fidedignos.
Costa et al (2003) afirmam que a PImx e a PEmx tem sido consideradas, desde
as dcadas de 60 e 70, como um mtodo simples, prtico e preciso na avaliao da fora dos
msculos respiratrios, tanto em indivduos sadios como em pacientes com disfuno
respiratrias.
Para a realizao desta tcnica, segundo Souza (2002), necessrio o aparelho
porttil, que pode ser digital ou analgico, o tubo (ou traquia), o bucal e o oclusor nasal.
Estas peas podem, ainda, assumir formas e preos variados.
Segundo Black e Hyat (1969), pais da tcnica, ela deve ser realizada com preciso
pelo profissional, tomando-se os devidos cuidados quanto s vestimentas apertadas, ao
posicionamento e ao grau de compreenso do paciente.
Apesar de o estudo de Millet e Serro (2005) no encontrar diferenas
significativas entre a aferio da fora muscular respiratria nas posies sentada e supino, a
literatura em geral, sugere a aferio na postura sentada e apoiada.
A capacidade dos msculos de gerar presso depende do volume pulmonar em que
a manobra teve incio. Os msculos inspiratrios tm maior capacidade de gerar fora quando
esto prximos do volume residual, pois se encontram em um timo comprimento
(alongados).
Conforme o volume pulmonar vai aumentando na inspirao a capacidade de
contrao dos msculos vai diminuindo. J os msculos expiratrios esto em seu maior
comprimento ao nvel da capacidade pulmonar total e assim so capazes de gerar uma alta
fora expiratria. Contudo quanto mais prximo do volume residual a manobra realizada
menor a fora expiratria desenvolvida (JARDIM; RATTO; CORSO, 2002).
Souza (2002) complementa ao referir que, ao se mensurar a PEmx, desde a
Capacidade Pulmonar Total, obtm-se, na verdade, a soma da presso dos msculos
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35
expiratrios com a retrao elstica do sistema respiratrio (correspondente soma das
presses de retrao elstica dos pulmes e da caixa torcica); Enquanto que para a PImx
desde o Volume Residual, o valor obtido a soma da presso dos msculos inspiratrios com
a retrao elstica do sistema respiratrio.
O mesmo autor explica que so realizadas trs mensuraes para cada fase do ciclo
respiratrio sendo que se utiliza o valor mximo obtido como referncia para comparar com o
padro, preexistente de acordo com a faixa etria e sexo, que neste caso, obrigatoriamente
feminino. As presses aferidas nas pacientes foram comparadas ao padro de Black e Hyatt
(1969) e Souza (2002). Este utilizado ainda hoje, por possuir uma vasta perspectiva, at
80% da capacidade funcional do paciente. Os mesmos utilizam as seguintes frmulas como
base:
PImx = 104 (0,51x idade)
PEmx = 170(1,03 x idade)
O resultado dado em cmH20, sendo a PImx expressa com sinal negativo e a
PEmx , com valor positivo.
Silva, Rubin e Silva (2001) informam que durante e logo aps a realizao da
tcnica pode haver complicaes, tais como: sncope, angina, tontura ou mal-estar, confuso
mental, cefalia, aumento da Presso IntraCraniana (PIC), nuseas ou vmitos.
Em um estudo realizado por Baracho (2002) conclui-se, aps avaliar a PImx em
32 grvidas antes do parto e aps o primeiro ciclo menstrual ps-parto, que no haviam
diferenas significativas entre os valores nos perodos estudados. A PEmx, por sua vez,
mostrou-se significativamente menor entre o quinto e o nono ms de gestao. Lemos e outros
(2005), por sua vez, em seu estudo, no encontraram diferenas nos valores de PI e PEmx no
ltimo trimestre gestacional.
Em outro estudo, entretanto, Almeida et al (2005) citam que a PEmx e a PImx
sofrem alteraes em gestantes, quando comparadas a mulheres no-grvidas, e, dentre cada
perodo desta etapa os valores so diferenciados.
Diante das alteraes visualizadas nesta populao, esta tcnica demonstra sua
importncia para que seja estabelecido um plano de tratamento precoce de fortalecimento
muscular respiratrio a esta populao, atualmente no explorada e que pode sofrer suas
complicaes.
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3 MATERIAIS E MTODOS
Esta pesquisa foi conceituada como sendo do tipo descritiva, quantitativa, e,
quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados foi do tipo levantamento.
A pesquisa quanto ao nvel foi do tipo descritiva ou observacional, pois teve como
objetivo descrever as principais alteraes no organismo materno decorrentes da gestao e
aproximao do parto, principalmente a alterao no grau de fora muscular diafragmtica e
abdominal, na amostra pesquisada. Segundo Gil (2002, p. 43) [...] as pesquisas descritivas
tm como objetivo primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou
fenmeno, ou estabelecimento de relaes entre variveis.
Considerou-se esta pesquisa, quanto abordagem, como quantitativa, sendo que a
anlise dos dados se deu atravs de grficos e tabelas. Segundo Rauen (2002, p. 68) [...] a
pesquisa quantitativa preocupa-se com o nmero de elementos estudados que so passivos de
interveno.
Quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados a pesquisa foi classificada
como levantamento com mtodo comparativo, pois far uso, para a coleta dos dados, de um
questionrio e uma avaliao fisioteraputica, dos quais seus dados serviram de base para a
posterior comparao. Gil complementa ao referir: As pesquisas de levantamento caracterizam-se pela interrogao direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se solicitao de informaes a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante anlise quantitativa, obterem-se as concluses correspondentes aos dados pesquisados. (GIL, 2005, p. 50).
Com relao ao mtodo comparativo, Cruz e Ribeiro (2003) afirmam que este
utilizado tanto para comparaes de grupos no presente, no passado, ou entre os atuais e os do
passado, quanto entre sociedades de igual ou de diferentes estgios de desenvolvimento. Alm
de acrescentarem que possvel comparar grupos, a partir da identificao de suas diferenas
e semelhanas com o objetivo que construir uma melhor compreenso do comportamento
humano.
3.1 AMOSTRA
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37
A amostra, que foi dividida em dois momentos e em dois tipos de pacientes, foi do
tipo no-probabilstica e de convenincia, composta por 30 gestantes do ltimo trimestre
gestacional e purperas do ps-parto imediato, com idade mdia de 23,73 5,19 anos de
idade, em sua maioria primigestas. As quais deveriam estar sendo acompanhadas no pr-natal,
no Servio de Atendimento Integrado Sade (SAIS), no Posto de Sade da Famlia Arnaldo
Bittencourt e no Hospital Nossa Senhora da Conceio (HNSC) e que aceitassem fazer parte
da amostra.
Para Hulley et al (2003) a amostra de estudo geralmente composta por
indivduos que atendam aos critrios de entrada e de fcil acesso ao investigador,
caracterizando o termo amostra de convenincia. Esse tipo de amostra tem vantagens bvias
em termos de custos e logstica, e uma boa escolha para muitas questes de pesquisa. Vieira
e Hossne (2002) concordam ao relatar que se devem utilizar os pacientes que se tm disposto
a mo, tornando menos complicada a incluso da amostra. O que se torna mais evidente a
partir do pensamento de que [...] para investigar diagnstico, tratamento e prognstico em
contextos mdicos, as amostras baseadas em ambulatrio podem ser uma excelente escolha.
(HULLEY et al, 2003, p. 47).
3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS
Foram utilizados os seguintes instrumentos para a coleta de dados:
a) formulrio adaptado da Ficha de Avaliao para gestantes e parturientes da Clnica-Escola
de Fisioterapia - UNISUL (Campus Tubaro/ SC); O formulrio est em apndice A;
b) manovacumetro analgico da marca GerAr, de propriedade da UNISUL, com nmero
de patrimnio 033291, com seu oclusor nasal;
c) traquia e bocal esterilizveis, de propriedade da UNISUL;
c) estetoscpio da marca Premium para ausculta pulmonar e aferio da presso arterial;
d) esfigmomanmetro da marca AB, para aferio da presso arterial;
f) fita mtrica de 1,5 m comum, para aferio da distase abdominal, do fundo de saco e da
altura corporal;
g) balana digital porttil, at 150 Kg, da marca Yara, para aferio do peso corporal.
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3.3 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS
Aps a aprovao pela banca examinadora, este projeto seguiu para o seu estudo
piloto, que teve o seguinte andamento:
Primeiramente, foram entregues cartas de apresentaes s direes dos locais que
serviram como fonte de dados para a busca de amostras (conforme apndice B).
Aps o aceite das instituies, lhes era solicitado que repassassem as possveis
pacientes, ou seus dados pessoais para contato.
Em seguida, as gestantes foram contatadas, em seus respectivos locais de
atendimento, e informadas sobre o objetivo da pesquisa e seu anonimato, e, assim, deveriam
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, presente no anexo A.
Se constatado o perodo gestacional de, no mnimo, 29 semanas era solicitado
gestante que fosse avaliada em seu local de atendimento rotineiro (SAIS, HNSC ou Clnica
Arnaldo Bittencourt), ou em sua prpria residncia, de acordo com suas condies gerais de
sade. Durante o estudo piloto, foi utilizada uma amostra de cada local para verificao dos
procedimentos.
As pacientes, ento, respondiam ao formulrio (apndice A), que foi aplicado pela
prpria terapeuta e, em seguida, realizaram a tcnica de manovacuometria, com o aparelho
cedido pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
O formulrio utilizado como instrumento de pesquisa foi adaptado da Ficha de
Avaliao para gestantes e parturientes da Clnica Escola de Fisioterapia - UNISUL (Campus
Tubaro/SC), tendo sido elaborado pela pesquisadora e validado pelo estudo piloto com as
trs pacientes, sendo que foram feitas as devidas alteraes. Neste constavam a anamnese, a
histria da doena atual, a histria da doena pregressa e o exame fsico da paciente,
permitindo a observao dos dados para levantamento e possvel correlao da incidncia das
principais alteraes ocorridas no organismo materno, especialmente as de fora muscular
diafragmtica e/ou abdominal e a avaliao no puerprio com data e tipo do parto, sexo, altura
e peso da criana e a queixa principal da me.
As purperas e parturientes, para realizao da tcnica de manovacuometria, com
base no protocolo de Souza (2002), foram posicionadas adequadamente sentadas - com os ps
e as costas apoiados no cho e no encosto da cadeira, respectivamente, os MMSS apoiados
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39
sobre os MMII ou segurando o tubo do aparelho (ou traquia) e o tronco deveria estar num
ngulo de 90 com as coxas - as peas do vesturio que impediriam esforos mximos, tais
como cintos apertados ou cintas abdominais deveriam ser retirados e foi realizada
primeiramente a Presso Expiratria Mxima (PEmx) e, posteriormente, a Presso
Inspiratria Mxima (PImx).
Para verificao da PEmx a paciente respirava normalmente com o bucal em sua
boca, ainda sem o orifcio ao final do sistema ocludo, com o nariz j vedado para se adaptar,
e, aps o comando da terapeuta inspirava at alcanar sua capacidade pulmonar total e, em
seguida, efetua um esforo expiratrio mximo contra a via area ocluda (Manobra de
Valsalva), sendo que a maior presso expiratria mantida por dois segundos a considerada e
foram necessrias, no mnimo, trs mensuraes reprodutveis (que no difiram mais de 10%
do valor mais elevado), dando-se um minuto de intervalo entre cada procedimento e foi tida
como base a mdia das trs presses mais positivas (cmH20).
J, para mensurao da PImx tambm foram aplicadas as mesmas observaes
quanto ao posicionamento relatadas para a PEmx, entretanto, a paciente respirava
normalmente no tubo at que, aps o comando da terapeuta a paciente realizava uma
expirao at alcanar o volume residual e, com o gesto com o polegar elevado, previamente
combinado entre terapeuta e paciente, h ocluso do tubo e a paciente realiza um esforo
inspiratrio mximo contra a via area ocluda (Manobra de Muller), sendo que foram
adotados os mesmos critrios especificados para a PEmx, e o valor mais negativo (cmH20)
tido como mdia das trs mensuraes o considerado.
A reavaliao ocorria entre os dez primeiros dias de ps-parto, repetindo-se a
tcnica de manovacuometria e verificados os dados do parto e do beb, alm da queixa
principal da me. Posteriormente, os valores foram submetidos ao tratamento dos dados.
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados foram tratados por estatstica descritiva com anlise comparativa. Os
valores da tcnica de manovacuometria foram analisados pela autora, e, para comparar os dois
grupos foi utilizado o teste no-paramtrico de Wilcoxon para amostras dependentes, com
nvel de significncia de 1%. Para as correlaes foi utilizado o teste de Pearson, a mdia, o
desvio padro e a anlise percentual.
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4 RESULTADOS
Os resultados obtidos atravs da coleta e tratamento de dados, segundo os
objetivos propostos deste estudo, so apresentados e discutidos neste captulo, no prximo
captulo os mesmos sero confrontados aos dados encontrados na literatura referente a esta
temtica.
Foram feitas duas avaliaes globais nas mulheres, enfatizando-se a fora
muscular inspiratria e expiratria em dois momentos distintos: no ltimo trimestre
gestacional e posteriormente no ps-parto imediato. Quando no sexto ms gestacional leia-se
da 29 32 semana gestacional; no stimo ms da 33 36 semana; e no oitavo ms, da 37
40 semana gestacional; J, no ps-parto imediato, at os primeiros 10 dias de puerprio.
Foram consideradas 30 (trinta) pacientes formadoras da amostra, com idade mdia
de 23,73 5,19 anos de idade, em sua maioria primigestas. O mote da pesquisa saber se
ocorreu variao tanto na fora inspiratria quanto na fora expiratria nos dois momentos,
sua progresso e as correlaes destas com a idade gestacional e de puerprio, com a distase
de retos abdominais, com o ndice de Massa Corporal (IMC), com a idade da mulher e com o
tipo de parto.
Dar-se- a anlise dos dados, projetando-se os resultados nos grficos abaixo com
as respectivas discusses a fim de que se possam visualizar parcialmente tais correlaes, que
seguem nos prximos itens.
4.1 FORA MUSCULAR INSPIRATRIA
Quando ler-se presso muscular inspiratria, entenda-se como valor negativo. Com
base nos dados obtidos neste estudo constatou-se que houve diferena entre a fora
inspiratria (PImx) nos dois momentos. Para a comparao, foi utilizado o teste no-
paramtrico de Wilcoxon com nvel de significncia de 1%, a mdia e a anlise percentual.
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4.1.1 Comparao da fora muscular inspiratria entre perodo gestacional e puerperal
O fato anteriormente afirmado comprovado, pelo motivo de a fora inspiratria
ser maior no ps-parto que no perodo gestacional na amostra estudada, dado este que
reprodutvel na populao em geral. Sendo que a mdia da PImx de toda a amostra na
avaliao quando gestante foi de 75,8318 cmH20, e no puerprio de 113,5021 cmH20,
representando um aumento estatstico de 54,07%.
Estes dados podem ser melhor visualizados no grfico 01, que demonstra,
claramente a fora inspiratria maior no perodo ps-parto imediato em todas as pacientes da
amostra do que no perodo gestacional, independentemente do ms em que estas se
encontravam. Apenas um indivduo (16) da amostra apresentou a mesma fora inspiratria
nas duas avaliaes, e cinco (3, 5, 12, 13 e 23) apresentaram menos de 30% de incremento, os
demais apresentaram acrscimo considervel estatisticamente, pelo teste de Wilcoxon, com
nvel de significncia de 0,01%.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28
Amostra
Pres
so
insp
irat
ria m
xim
a (c
mH 2
O)
PImx noperodogestacional
PImx noperodopuerperal
Grfico 01- Comparao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando gestantes e quando purperas.
Ao aprofundar-se a anlise, torna-se evidente a reduo de fora muscular
inspiratria, haja visto o valor mdio obtido e a mdia mnima e mxima esperada para cada
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42
mulher. A mdia geral da amostra foi de 75,8318 cmH20 na avaliao quando gestante,
enquanto o previsto seria entre 91,4 e 117 cmH20 para estas mulheres, de acordo com suas
idades, conforme frmula j apresentada anteriormente, descrita por Black e Hyatt (1969).
Estes dados delineiam que a mdia obtida entre a amostra, de apenas 82,96% do
mnimo considerado fisiolgico. O grfico 02 ilustra esta realidade ao demonstrar que apenas
cinco gestantes (5, 7, 10, 16, 23) estavam dentro dos parmetros recomendados,
individualmente, de acordo com a mdia estatstica obtida e esperada.
Grfico 02- Comparao da Presso Inspiratria Mxima nas amostras quando gestantes e seu valor mdio, mnimo e mximo, esperado.
0
20
40
60
80
100
120
140
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28
Amostra
Pres
so
Insp
irat
ria M
xim
a (c
mH
20)
PImx obtida
PImx mnimaesperada
PImx mximaesperada
Pode-se ainda, estratificar os dados ao referir-se que houve diferena no aumento
percentual da fora inspiratria entre o sexto, o stimo e o oitavo ms gestacional, com
relao ao puerprio imediato.
4.1.2 Comparao da fora muscular inspiratria entre os meses gestacionais
Como j exp