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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SANDRO LEMOS DE JESUS MONITORAMENTO DE FELINOS DO PARQUE MUNICIPAL SÃO LUIZ DE TOLOSA- RIO NEGRO PR MAFRA 2014

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SANDRO LEMOS DE JESUS

MONITORAMENTO DE FELINOS DO PARQUE MUNICIPAL SÃO LUIZ DE

TOLOSA- RIO NEGRO PR

MAFRA 2014

SANDRO LEMOS DE JESUS

MONITORAMENTO DE FELINOS DO PARQUE MUNICIPAL SÃO LUIZ DE

TOLOSA- RIO NEGRO PR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Bacharel e Licenciado do curso de Ciências Biológicas - Bacharelado e Licenciatura, ministrado pela Universidade do Contestado – UnC/Mafra sob orientação da professora Dra. Maristela Povaluk.

MAFRA 2014

Dedico este trabalho a minha família, em

especial a meus pais Por todo o seu

sacrifício e empenho na educação de

meus irmãos e eu.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, por me permitir estudar a sua criação e viver para

fazer desses fatores a minha profissão, pois a cada dia e a cada novo aprendizado

sinto que fiz a escolha certa, sinto que nunca chegarei ao fim dessa jornada, tendo

sempre algo novo a aprender e me maravilhar.

A minha família que sempre me apoiou e incentivou, meus irmãos, obrigado

por entender as minhas ausências e aulas chatas que dei a vocês, embora tenha

hoje 26 anos vocês sempre serão meus amados Nãna, Odo e São. Sobretudo a

meus pais, sei que se hoje cheguei a algum lugar, só o fiz porque tive a ajuda de

vocês, nos momentos mais difíceis estavam lá, e da forma como sabem me deram

colo e carinho incondicional, me mostraram que a vida deve ser encarada de frente

e que as dificuldades surgem e precisamos manter a cabeça erguida e a família

unida, e podem ter certeza que as minhas conquistas são na verdade as nossas

conquistas. Carregarei os seus exemplos para o resto de minha vida. Mãe e Pai, sei

que não o digo com a freqüência que deveria, mas saibam que eu os Amo muito.

Aos mestres que me guiaram até aqui, alguns me fazendo até mesmo me

apaixonar por áreas que nunca antes havia pensado, porem a uma em especial, a

Lenita Kozak por me mostrar esse maravilhoso modo de viver que é ser um biólogo,

obrigado por reconhecer o diamante bruto que havia em mim e se esforçar par

lapidá-lo. Não posso me esquecer da professora Maristela Povaluk por sua

paciência e prontidão em ajudar sempre. Agradeço também a Mauro de Moura Brito

e Fabiana Silveira pelo apoio técnico e conselhos de por onde seguir, Fabi, sua

sabedoria, humildade e paciência foram essenciais para o sucesso do meu trabalho,

do fundo do meu coração obrigado.

Não poderia esquecer aquelas pessoas que tornaram toda essa jornada mais

fácil, Primeiramente a Marisa e Roger que conheci já nos primeiros dias de aula e

que entraram para a família, sem duvidas terei muitas lembranças boas por causa

de vocês dois! Agradeço também aos amigos: Anderson, Guilherme e Daiane,

todos vocês são os melhores amigos que alguém poderia querer, obrigado por me

aguentarem todo este tempo.

Agradeço também a Fabiane Vanderlinde por ter me dado uma oportunidade

quando eu mais precisei , e ter sido flexível quanto a meus horários de trabalho.

“Eu Procuro familiaridade com a Natureza – conhecer seus

estados de espírito e maneiras de ser. A Natureza primitiva é a

mais interessante para mim. Eu faço imensos sacrifícios para

conhecer todos os fenômenos da primavera, por exemplo,

pensando que eu tenho aqui o poema inteiro, e então, para o

meu desapontamento, eu ouço que é apenas uma cópia

imperfeita a que eu possuo e li, que meus ancestrais rasgaram

muitas das primeiras folhas e passagens mais grandiosas, e

mutilaram-na em muitos lugares. Eu não gostaria de pensar

que algum semideus tivesse vindo antes de mim e escolhido

para si algumas das melhores estrelas. Eu quero conhecer um

paraíso inteiro e uma Terra inteira. Todas as grandes árvores e

animais selvagens, peixes e aves se foram”.

(Henry Thoreau, 1846)

RESUMO

Durante 8 meses foram realizados monitoramentos semanais com objetivo de inventariar as espécies de felinos presentes no Parque Municipal São Luiz de Tolosa, município de Rio Negro/PR, um fragmento de floresta ombrófila mista localizado na zona urbana do município e limitado pelo rio Passa Três. Para isso foram utilizadas 11 armadilhas fotográficas e armadilhas de pegadas montadas em trilhas que possam servir de caminho para os felinos, além da coleta de fezes e triagem destas para a identificação através dos pelos nelas encontradas. Através de imagens obteve-se registro de 8 espécies de animais sendo uma de felino, Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758). Através de pegadas houve 4 registros, porém não foi possível identificar a espécie devido à grande semelhança entre as pegadas de diferentes espécies de felinos. Pela triagem das fezes foram registradas 2 espécies, Leopardus pardalis e Leopardus wiedii (Schinz, 1821). Dentre as imagens capturadas destaca-se a de uma jaguatirica (Leopardus pardalis) carregando um roedor na boca, sugerindo que os felinos utilizam a área para caçar. Houve também registro fotográfico de diversas espécies como a Cotia (Dazyprocta azarae), Graxaim (Cerdocyon thous), Gambá (Didelphis albiventris), Veado (Mazama gouazoubira), Quati (Nasua nasua), Ouriço (Sphiggurus sp.) e Tatu (Dasypus novemcinctus), que podem ser consideradas fauna associada por servirem de possíveis presas aos felinos.

Palavras-chave: Inventário. Felinos. Floresta ombrófila mista.

ABSTRACT

Over 8 months were performed weekly monitoring with the objective of inventory the species of felines preset on the Municipal Park São Luiz de Tolosa, city of Rio Negro/PR, a fragment of mixed tropical forest located in the urban area of the city and limited by the river Passa Três. It was used for this 11 camera traps and footprint traps in trails that may serve as way to the felines, as well as feces collection and screening of that to the identification through the fur found in it. Through of the images it was obtained records of 8 species, being one of feline, Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758). Through the footprints there were 4 records, however it wasn’t possible to identify the specie due to the great similarity between the footprints of different species from felines. By the feces screening It were recorded 02 species, Leopardus pardalis and Leopardus wiedii (Schinz, 1821). Among the captured images stands one of an ocelot (Leopardus pardalis) carrying a rodent in the mouth, suggesting that the felines use the area to hunt. There were also photographic record of several species like Dazyprocta azarae, Cerdocyon thous, Didelphis albiventris, Mazama gouazoubira, Nasua nasua, Sphiggurus sp and Dasypus novemcinctus, that may be considered associated fauna due to serve as possible prey to the felines.

Keywords: Inventory. Felines. Mixed tropical forest.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Mapa 1 – Localização regional .................................................................................. 29

Mapa 2 – Rodovias de acesso ao Parque Municipal São Luís de Tolosa, Rio

Negro, PR. ................................................................................................ 47

Mapa 3 – Acesso ao município de Rio Negro, PR. ................................................... 47

Quadro 1 – Distâncias ............................................................................................... 48

Mapa 4 – Parque Municipal São Luis de Tolosa. ...................................................... 69

LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Armadilha Fotográfica Instalada em uma árvore. ........................................ 26

Foto 2 – Vista aérea do Parque Municipal São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR, Brasil.

.................................................................................................................................. 28

Foto 3 – Pesquisador montando uma armadilha de pegadas. .................................. 32

Foto 4 – Armadilha de pegadas pronta. .................................................................... 33

Foto 5 – Pesquisador preparando molde de gesso ................................................... 34

Foto 6 – Molde de gesso sendo feito ........................................................................ 35

Foto 7 – Molde de gesso. .......................................................................................... 35

Foto 8 – Pesquisador instalando a armadilha fotográfica .......................................... 36

Foto 9 – Montagem da armadilha fotográfica ............................................................ 37

Foto 10 – Pesquisador procurando por pegadas as margens do rio Passa Três ...... 38

Foto 11 – Armadilha sendo montada próximo a Casa Branca .................................. 38

Foto 12 – Pesquisador procurando vestígios ............................................................ 39

Foto 13 – Amostra ..................................................................................................... 40

Foto 14 – Preparação das lâminas com esmalte incolor ........................................... 41

Foto 15 – Lâminas sendo prensadas ........................................................................ 41

Foto 16 – Água oxigenada cremosa utilizada para determinar o padrão da medula

dos pelos ................................................................................................................... 42

Foto 17 – Pesquisador preparando as amostras ....................................................... 42

Foto 18 – Amostras sendo lavadas ........................................................................... 43

Foto 19 – Triagem das amostras ............................................................................... 43

Foto 20 – Ossos das presas sendo separados. ........................................................ 44

Foto 21 – Amostras sendo analisadas na lupa. ......................................................... 44

Foto 22 – Lâminas preparadas com os pelos dos felinos.......................................... 45

Foto 23 – Impressão dos pêlos sendo analisadas no microscópio. .......................... 45

Foto 24 – Vista aérea do Parque Municipal São Luis de Tolosa. .............................. 46

Foto 25 – Trilhas de pedrisco .................................................................................... 49

Foto 26 – Trilha natural ............................................................................................. 50

Foto 27 – Pegadas encontradas ............................................................................... 51

Foto 28 – Pegadas de canídeos ................................................................................ 51

Foto 29 – Pegadas de Procyon cancrivorus–Mão-pelada. ........................................ 52

Foto 30 – Molde de gesso pronto. ............................................................................. 53

Foto 31 – Dazyprocta azarae próxima ao Horto Florestal ......................................... 54

Foto 32 – Cerdocyon thous ....................................................................................... 55

Foto 33 – Didelphis albiventri .................................................................................... 56

Foto 34 – Veado (Mazama gouazoubira) .................................................................. 57

Foto 35 – Quati (Nasua nasua) ................................................................................. 58

Foto 36 – Ouriço (Sphiggurus sp ) ............................................................................ 60

Foto 37 – Tatu (Dasypus novemsictus) ..................................................................... 61

Foto 38 – Frei com filhote de gato-do-mato............................................................... 62

Foto 39 – Jaguatirica (leopardus pardalis) ................................................................ 63

Foto 40 – Pesquisador com 12 anos de idade .......................................................... 64

Foto 41 – Jaguatirica (Leopardus pardalis) ............................................................... 65

Foto 42 – Jaguatirica. ................................................................................................ 65

Foto 43 – Jaguatirica ................................................................................................. 66

Foto 44 – Padrão da pelagem da Jaguatirica. ........................................................... 67

Foto 45 – Pata anterior .............................................................................................. 67

Foto 46 – Pata posterior ............................................................................................ 68

Foto 47 – Pêlo de L. wiedii (200X) ............................................................................ 70

Foto 48 – Pêlo de L. pardalis. .................................................................................... 70

Foto 49 – Vista ao microscópio do pêlo de Leopardus pardalis. ............................... 71

Foto 50 – Impressão do pêlo de um Leopardus pardalis, amostra 2. ........................ 71

Foto 51 – Aproximação da impressão do pêlo (Leopardus pardalis). ....................... 72

Foto 52 – Impressão do pêlo de um Leopardus wiedii. ............................................. 73

Foto 53 – Leopardus Wiedii ....................................................................................... 74

Foto 54 - Pegadas de um L. wiedii ............................................................................ 74

Foto 55 - Puma yagouaroundi ................................................................................... 76

Foto 56 – Ossos ........................................................................................................ 77

Foto 57 – Ossos encontrados nas amostras. ............................................................ 78

Foto 58 – Ossos de presas presentes nas amostras triadas. .................................... 78

Foto 59 – Mandíbulas de roedores. ........................................................................... 79

Foto 60 – Mandíbulas. ............................................................................................... 79

Foto 61 – Diferença entre tamanho de mandíbulas encontradas. ............................. 80

Foto 62 – Dentes. ...................................................................................................... 80

Foto 63 – Possíveis ossos de costelas...................................................................... 81

Foto 64 – Unhas de pássaros. .................................................................................. 81

Foto 65 – Unhas ........................................................................................................ 82

Foto 66 – Penas encontradas nas amostras ............................................................. 82

Foto 66 – Larvas de insetos encontradas nas fezes ................................................. 83

Foto 67 – Cachorro doméstico .................................................................................. 83

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 13

1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 13

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14

1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15

1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15

1.4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16

2.1 BIODIVERSIDADE .............................................................................................. 16

2.2 ZOOLOGIA .......................................................................................................... 16

2.2.1 Mamíferos ........................................................................................................ 17

2.2.2 Áreas protegidas .............................................................................................. 18

2.2.3 Felinos .............................................................................................................. 20

2.2.3.1 Felinos de provável ocorrência no Parque Municipal São Luis de Tolosa ..... 21

2.2.4 Fauna Associada .............................................................................................. 25

2.2.5 Armadilhas Fotográficas ................................................................................... 25

2.2.6 Armadilhas de Pegadas ................................................................................... 26

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 28

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA......................................................................... 28

3.2 LOCAL DA PESQUISA ....................................................................................... 28

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 29

3.3.1 Universo ........................................................................................................... 29

3.3.2 Amostra ............................................................................................................ 29

3.3.3 Critérios de Exclusão ........................................................................................ 29

3.3.4 Critérios para Encerrar ou Suspender a Pesquisa. .......................................... 29

3.3.5 Análise de Riscos e Benefícios. ....................................................................... 30

3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 30

3.4.1 Instrumentos da Pesquisa ................................................................................ 30

3.4.2 Procedimentos da Pesquisa Bibliográfica ........................................................ 30

3.4.3 Procedimentos da Pesquisa de Campo. .......................................................... 30

3.4.4 Procedimentos da Pesquisa de Laboratório ..................................................... 31

3.5 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO .......................................................... 31

3.6 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE LABORATÓRIO. ............................................ 40

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................... 46

4.1 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................. 46

4.2 EVIDENCIAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................... 46

4.2.1 Dados Relacionados à Descrição da Área ....................................................... 46

4.2.1.1 Vias de acesso do Parque Municipal São Luís de Tolosa ............................. 47

4.2.1.2 Distâncias ...................................................................................................... 48

4.2.1.3 Geologia ........................................................................................................ 49

4.2.2 Dados Relacionados a Ocorrência de Pegadas ............................................... 50

4.2.3 Dados Relacionados as Armadilhas Fotográficas Instaladas no Parque ......... 53

4.2.3.1 Fauna associada ........................................................................................... 53

4.2.4 Dados Relacionados a Pesquisa Histórica sobre os Felinos na Área do

Parque ................................................................................................................ 62

4.2.5 Resultados Obtidos com a Armadilha Fotográfica Durante o Período da

Pesquisa ............................................................................................................. 64

4.2.6 Identificação dos Felinos Através das Fezes Encontradas no Parque ............. 69

4.2.7 Dados Relacionados aos Ossos Encontrados nas Fezes dos Felinos ............. 77

4.2.8 Dados Relacionados a Presença de Animais Domésticos no Parque.............. 83

4.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 84

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 86

REFERENCIAS ......................................................................................................... 88

APÊNDICES ............................................................................................................. 90

APÊNDICE A – Modelo de Ficha de Registro ........................................................... 91

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Os felinos são animais magníficos, que há muito tempo despertam a

curiosidade das pessoas, povoam a imaginação e o folclore devido a seus

movimentos suaves e seu temperamento independente. Esguios, possuem pelagem

fina frequentemente manchada ou rajada de negro sobre fundo claro, possuem

cabeça arredondada, orelha pontuda e olhos grandes, características de predadores

eficazes e animais topo de cadeia alimentar. Característica essa que os torna

imprescindíveis ao equilíbrio natural de uma floresta, pois contribuem muito para o

controle populacional de suas presas.

Com a pressão de caça sofrida nas florestas os felinos têm ficado sem suas

presas naturais, recorrendo assim muitas vezes aos animais de criação. Por este

motivo, os donos dos animais muitas vezes caçam para evitar “prejuízos”, reduzindo

assim, as populações de felinos que povoam nossas florestas.

Outro aspecto que influencia nessas populações é a devastação das

florestas, que por sua vez, reduz a quantidade de presas naturais e também o

espaço de caça e sobrevivência, isso aliado às grandes áreas de hábitat que os

felinos necessitam para sobreviver contribui para a diminuição da qualidade de vida

e até mesmo sobre o numero de indivíduos.

É uma perda enorme o fato de muitos desses animais estarem

desaparecendo sem ao menos serem devidamente estudados, além de terem a sua

importância ao desaparecerem eles levam junto todo o equilíbrio de uma floresta,

podendo assim ser a “primeira peça de dominó” que levará todo um ecossistema a

desaparecer.

Por inúmeros motivos que mostram a sua importância e mesmo simplesmente

pelo seu direito a existência, esses animais peculiares merecem ser estudados e

acima de tudo preservados.

1.2 PROBLEMA

Quais as espécies de felinos no Parque Municipal São Luís de Tolosa no

município de Rio Negro-PR?

14

1.3 JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa teve por finalidade identificar as espécies de felinos e seus

hábitos no Parque Municipal São Luiz de Tolosa. A intenção pela pesquisa se da

pelo fato do interesse cientifico do pesquisador pelos felinos visto que apresentam

características próprias e capacidades de se inteirarem à natureza para a sua

sobrevivência, ao ponto que causa o fascínio pela espécie.

Na região pesquisada há uma unidade de conservação denominada parque

municipal São Luiz de Tolosa o qual pela sua grande área já foi constatada presença

de felinos visto que já ocorreu em outras pesquisas tanto de acadêmicos desta

universidade quanto de institutos e instituições que agregam o ambiente a

constatação da presença deste, o que me faz crer ser um ambiente propício ao

estudo que induzira dados atuais que subsidiará tanto ao curso como somar dados

já catalogados por outros órgãos.

A pesquisa somara dados significativos visto que aprofundará conhecimentos

específicos deste grupo, que poderá contribuir para a ciência e para entendimento

de todo um eco sistema em que a espécie está inserida.

Existe também a pressão de caça, existente pelo fato dos felinos, sem seu

alimento natural, invadirem fazendas para capturar animais domésticos, como, por

exemplo, galinhas. Além desses fatores suas belas pelagens são exibidas como

troféus por seus caçadores.

Devido a estes aspectos, praticamente todas as espécie de felinos brasileiras

encontram-se vulneráveis, ou seja, correndo risco de extinção. Isso faz com que seja

necessário um estudo sobre a presença deles na reserva, estudo primário que

poderá servir como base para estudos posteriores e mais aprofundados. O presente

estudo pode ajudar a diagnosticar se essas populações estão em um nível saudável,

podendo futuramente propor algumas ações para que possa haver, caso necessário,

o equilíbrio dessas populações.

15

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Identificar as espécies de felinos encontradas no Parque Municipal São Luis

de Tolosa- Rio Negro/PR.

1.4.2 Objetivos Específicos

Verificar se o ecossistema do parque viabiliza a presença de felinos;

Analisar a presença da fauna associada;

Classificar quais os felinos de provável ocorrência no Parque Municipal São

Luiz de Tolosa;

Identificar as espécies de felinos presentes no Parque Municipal “São Luiz

de Tolosa”;

Constatar aspectos históricos do parque com relação os felinos.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 BIODIVERSIDADE

A definição dada pelo Fundo Mundial para a Natureza (1989) para diversidade

biológica é: “a riqueza da vida na terra, os milhões de plantas, animais e

microorganismos, os genes que eles contem e os intrincados ecossistemas que eles

ajudam a construir no meio ambiente”. Portanto, segundo Primack e Rodrigues

(2001, p. 10):

[...] a diversidade biológica deve ser considerada em três níveis: A diversidade biológica no nível das espécies inclui toda gama de organismos na terra, desde as bactérias e protistas até reinos multicelulares de plantas, animais e fungos. Em uma escala mais precisa, a diversidade biológica inclui a variação genética dentre as espécies, tanto entre as populações geograficamente separadas como entre os indivíduos de uma mesma população; A diversidade biológica também inclui a variação entre as comunidades biológicas nas quais as espécies vivem os ecossistemas nos quais as comunidades se encontram e as interações entre esses níveis.

Portanto, o estudo da biodiversidade é imprescindível para posteriormente se

estudar qualquer que seja o grupo de animais ou plantas pretendido.

Segundo Primack e Rodrigues (2007, p. 10-11):

A diversidade das espécies representa o alcance das adaptações evolucionárias e ecológicas das espécies em determinados ambientes [...] fornece recursos e alternativas de recursos às pessoas [...] A diversidade genética é necessária para qualquer espécie manter a vitalidade reprodutiva, a resistência a doenças e a habilidade para se adaptar a mudanças [...] A diversidade em nível de comunidade representa a resposta coletiva das espécies às diferentes condições ambientais.

2.2 ZOOLOGIA

A origem da palavra zoologia é grega, zoon que significa animal e logus com

o significado de estudo. Tal estudo vem despertando interesse da humanidade

desde os seus primórdios, pois mesmo no dia a dia em questão de sobrevivência o

homem primitivo obrigava-se a conhecer os animais e seus hábitos para poder caçá-

los. O estudo que antes era primitivo e por motivos de caça e alimentação foi

evoluindo cada vez mais e dotando-se de meios cada vês mais científicos. Ao passo

que os novos conhecimentos científicos impulsionavam cada vez mais as novas

17

descobertas, as inovações tecnológicas foram permitindo ir mais a fundo no mundo

natural. Atualmente é possível ter conhecimento, por exemplo, sobe a etologia de

determinados animais e até mesmo populações inteiras através da utilização de

rastreamento via radio. Nunca antes se teve um conhecimento tão vasto como hoje

em dia em relação a zoologia, contudo ainda há muito a descobrir, por mais que o

homem já tenha pisado na lua ainda desconhece a maior parte dos abismos

oceânicos. Muitos animais foram extinto sem ao menos serem descritos pelos

pesquisadores.

Os animais diferem entre si em tamanho, estrutura, modo de vida e em outras características. A humanidade já adquiriu, a cerca dos animais, conhecimentos suficientes para encher uma grande biblioteca, mas muito ainda resta a aprender e há muitas questões a serem respondidas. O que é a vida? Que semelhanças ou diferenças de estrutura, processos internos e modos de vida os animais apresentam entre si? Como realizam suas atividades? Qual o parentesco dos vários tipos entre si? Como evoluíram? Em que o homem se assemelha aos outros seres vivos, ou deles difere? Como é ele influenciado pelos animais e como estes sofreram o efeito das atividades do homem? (STORER; USINGER, 2003, p.3).

2.2.1 Mamíferos

Mamíferos são animais que dizem muito a respeito do status de uma floresta

e são de grande importância para a manutenção da mesma, pois auxiliam na

dispersão de varias espécies. Sendo assim, é impossível conhecer e preservar uma

área sem o estudo dos mamíferos existentes nela.

Os mamíferos habitam quase todos os biomas disponíveis na superfície da

terra, ultrapassando todos os demais vertebrados em numero de indivíduos. São

conhecidas atualmente em torno de quatro mil espécies (AFUBRA, 2001).

Segundo a AFUBRA (2001), as características principais dos mamíferos são

“a presença de glândulas mamárias, pêlos cobrindo parcial ou totalmente o corpo e

dentes diferenciados em incisivos, caninos, pré-molares e molares e ainda a

presença de uma membrana muscular que separa o tórax do abdômen, chamado

diafragma”.

“Os mamíferos constituem um dos grupos mais complexos do reino animal,

reunindo características que possibilitam a ocupação de uma grande quantidade de

nichos nos ambientes terrestres e aquáticos” (EISENBERG, 1989). Entre essas

características destacam-se, além da endotermia, a grande eficiência na reprodução

18

e na alimentação. A eficiência reprodutiva é decorrente do desenvolvimento do

embrião dentro do organismo materno, da presença de glândulas mamárias e do

elevado cuidado com os filhotes. Já a eficiência alimentar é conferida pela habilidade

na apreensão e no processamento de alimentos, resultante do alto grau de

especialização dos dentes, que atingem a sua maior complexidade estrutural nesse

grupo (PIRLOT, 1976; POUGH et al., 1993)

A fauna da América do Sul e, especialmente a brasileira são muito ricas em

espécies de mamíferos. Pode-se encontrar desde pequenos morcegos com 5 cm de

envergadura até a baleia-azul, que chega a atingir 30 metros de comprimento,

estando distribuída em toda a extensão do território nacional, porém com maior

concentração nas regiões onde a preservação das matas é mais eficiente (AFUBRA,

2001) Assim sendo, nunca devemos estudar somente os animais (Mamíferos neste

caso), pois a qualidade da floresta sempre esteve muito interligada com a

quantidade e qualidade de vida dos animais, sendo porem, parte importantíssima no

estudo dos mamíferos.

Floresta com araucária ou pinheiral, a araucária pode atingir até 50 m, tem

ramos distribuídos em torno do tronco central.

A floresta com Araucária possui um tipo de vegetação do planalto meridional,

onde ocorre com maior frequência.

Esta formação florestal possui uma grande riqueza de epífitas, este

ecossistema é um dos mais ricos em relação à biodiversidade. Numerosas espécies

da flora e da fauna são únicas e característica deste ecossistema.

De primatas, mais de 20 espécies sobrevivem nesta floresta, e entre as

espécies ameaçadas de extinção pode-se encontrar a jaguatirica, a onça-pintada, o

tamanduá, entre outros. Entre as aves, destaca-se o jacu, o macuco, a araponga,

numerosos beija-flores e a gralha - azul (CENTRO AMBIENTAL CASA BRANCA,

2003).

2.2.2 Áreas protegidas

Segundo Prochnow (2005, p. 28)

Áreas protegidas são áreas criadas para garantir a sobrevivência de todas as espécies de animais e plantas, a chamada biodiversidade, e também

19

para proteger locais de grande beleza cênica, como montanhas, serras, cachoeiras, canyons, rios ou lagos.

Ainda de acordo com Prochnow (2005), elas permitem a sobrevivência dos

animais e plantas, além de contribuir para regular o clima, abastecer os mananciais

de água e proporcionar qualidade de vida às populações humanas.

No Brasil existem dois tipos de áreas protegidas: as públicas e as privadas ou

particulares.

Para Vasconcelos (2001), a multiplicidade dos objetivos de conservação faz

com que se considere diferentes tipos de unidade de conservação denominados

categorias de manejo, cada uma das quais atentando prioritariamente a

determinados objetivos. Vasconcelos (2001) considera que as diferentes categorias

de manejo poderão ter maior ou menor significado para a preservação dos

ecossistemas naturais. Para a autora, “O enquadramento das áreas protegidas com

base nos objetivos de sua própria existência define, portanto, as categorias das

unidades de conservação. Estes objetivos podem ser definidos como primários,

aqueles que prioritariamente definem as categorias, e secundários, aqueles

subprodutos da própria existência dos primários”.

As categorias de manejo de áreas silvestres, em função dos objetivos que

contemplam, têm adquirido as mais variadas conceituações, conforme segue:

Reserva Científica, Reserva Biológica e Estação Ecológica, Parque Nacional,

Monumento Natural e Monumento Cultural, Santuário ou Refugio da vida Silvestre,

Floresta Nacional, Reserva de fauna, Rio Cênico, Estrada parque, Áreas de uso

limitado, Áreas de Proteção, Reserva de Recursos, Reserva da Biosfera, Sítio do

Patrimônio Natural ou Cultural Mundial,

O Parque Municipal São Luís de Tolosa (PMSLT) está localizado no município

de Rio Negro, região suleste do Estado do Paraná, sul do Brasil (26º25'50” S; 49º

47'30”). Inserido no segundo planalto paranaense, o PMSLT possui uma área de

53,87 ha de floresta ombrófila mista, sendo uma Unidade de Conservação Urbana

situada a 4 km do centro do Município no chamado “Morro dos Padres” e

corresponde a 1,91% da área urbana do município.

20

2.2.3 Felinos

A família Felidae é composta atualmente por 36 espécies agrupadas em 18

gêneros com três subfamílias que são divididas a partir de a capacidade de rugir,

ronronar e outras características. São predadores especializados em caçar,

ocupando o topo da cadeia alimentar em seus diversos habitas espalhados pelo

planeta inteiro, Poucos lugares no planeta permanecem sem a presença de pelo

menos um representante da família Felidae. Seus representantes vão desde animais

como os tigres (Panthera tigris) que podem medir até 2,2 metros sem contar a cauda

e pesar cerca de 230 quilogramas até o Gato Ferrugem (Prionailurus rubiginosus)

com cerca de 48 centímetros de comprimento e um peso médio de 1,5 quilogramas.

Existe uma grande variedade de cores que os camuflam perfeitamente nos habitats

onde vivem os tornando ótimos caçadores furtivos, que conseguem se aproximar da

presa sorrateiramente até a emboscada final. Alguns são muito resistentes e velozes

como os Guepardos, outros são especializados em explosões de velocidade e

caçam em comunidade onde cada individuo tem seu papel bem definido como os

leões.

Os felinos possuem membros posteriores longos, sola dos pés adaptada para

amortecer o choque contra o solo e unhas retrateis, protegidas por uma dobra de

pele que serve para proteger do desgaste, quando a unha perde a eficiência e o

corte, automaticamente é renovada .Possuem uma ótima visão noturna devido a

presença em grande quantidade de bastonetes em seus olhos. Geralmente os

felinos têm hábitos solitários, encontrados acompanhados aos pares por ocasião do

período reprodutivo. Exclusivamente carnívoros tais animais representam os maiores

predadores das florestas tropicais, fazendo o controle populacional de outros

vertebrados. Sua dieta inclui pequenos invertebrados e insetos, anfíbios, répteis,

peixes, aves e mamíferos. O fato de serem especialistas carnívoros ajuda na

identificação de suas espécies através da triagem das fezes, uma vez que outras

espécies de mamíferos como os canídeos, por exemplo, apresentam hábitos

alimentares oportunistas, portanto se for evidenciada a presença de sementes nas

fezes pode-se automaticamente descartá-las, pois não serão de felinos. Geralmente

possuem uma Área de vida muito grande podendo chegar a alguns quilômetros

quadrados, o que faz com que não se tenha uma grande densidade populacional,

somando este fato a caçada indiscriminada de tais animais em virtude da beleza de

21

suas peles e acidentes envolvendo criações domésticas é esperado um numero

pequeno de registros por área comparando com outras espécies de mamíferos. No Brasil ocorrem os gêneros Panthera, Puma, Leopardus, Oncifelis e

Herpailurus, com oito espécies distintas: Pantera onça, (Onça Pintada), Puma

concolor (Puma), Leopardus pardalis (Jaguatirica) Leopardus wiedii (Gato-Maracajá),

Leopardus tigrinus (Gato do Mato Pequeno), Oncifelis geoffroyi (Gato do Mato

Grande), Oncifelis colocolo(Gato Palheiro) e Herpailurus yaguaroundi (Gato Murisco)

(OLIVEIRA; CASSARO, 1999).

2.2.3.1 Felinos de provável ocorrência no Parque Municipal São Luis de Tolosa

Leopardus pardalis (LINNAEUS, 1758)

Características

Leopardus pardalis é uma espécie de porte médio com comprimento da

cabeça e corpo de 77,3cm (67-101,5), cauda proporcionalmente curta (cerca de 46%

do comprimento da cabeça e corpo), com média de 35,4cm (30-44,5) e peso em

torno de 11kg (8-15,1). O corpo é esbelto, a cabeça e as patas são grandes. A

coloração básica do dorso é extremamente variável, de cinza amarelado bem pálido

ou amarelo-claro a um castanho-ocráceo, comas mais diversas tonalidades

intermediárias. Na região ventral a coloração é esbranquiçada. As manchas negras

tendem a formar rosetas abertas que coalescem formando bandas longitudinais nos

lados. Estas bandas podem ter tamanho variado, usualmente são bem distintas, mas

em alguns indivíduos podem ser pouco perceptíveis. Este padrão de bandas

longitudinais, além do maior porte e cauda proporcionalmente curta distingue L.

pardalis das outras espécies de felinos brasileiros. Os indivíduos subadultos podem

assemelhar-se muito a exemplares de Leopardus wiedii, inclusive apresentando as

mesmas proporções corporais, diferindo basicamente pelo padrão de manchas

longitudinais.

Características Diagnósticas:

- corpo grande;

- cauda curta;

- manchas formando bandas longitudinais;

- pêlos da cabeça e pescoço revertidos para frente;

22

- patas largas (proporcionais ao corpo).

Distribuição e Habitat Leopardus pardalis é encontrado do sudoeste do Texas e do oeste do México

até o norte da Argentina. No Brasil ocorre em todas as regiões, à exceção do sul do

Rio Grande do Sul. Os habitats são bastante variados: cerrado, caatinga, pantanal,

mas principalmente florestas tropicais e subtropicais (inclusive matas de galeria).

Leopardus wiedii (SCHINZ, 1821)

Características

Leopardus wiedii é uma miniatura de L. pardalis, com comprimento da cabeça

e corpo de 53,6cm (46-62), que se caracteriza por apresentar olhos bem grandes e

protuberantes, focinho saliente, patas grandes e cauda bastante comprida. Esta tem,

em média 37,6cm (30-48,3), chegando a representar mais de 70% do comprimento

da cabeça e corpo. O peso médio é de 3,3kg (2,3-4,9). A coloração varia entre

amarelo-acinzentado e castanho ocráceo, com diversas tonalidades intermediárias.

O padrão das manchas também é variável, de grandes pintas sólidas a bandas

longitudinais. Entretanto, as rosetas tipicamente são largas, completas e bem

espaçadas nas laterais (Prancha B). Difere de L. pardalis pelo tamanho mais

reduzido, pelos olhos bem grandes e protuberantes, cauda bem longa e,

usualmente, pelo padrão de rosetas isoladas. Entretanto, exemplares jovens de L.

pardalis podem apresentar as mesmas características corporais de L. wiedii, à

exceção das tradicionais bandas longitudinais. De Leopardus tigrinus difere por ter

pêlos da região nucal voltados para frente, pelo padrão das manchas e aspectos

morfológicos (principalmente patas largas e olhos protuberantes). Estas mesmas

características separam-na das outras espécies.

Características Diagnósticas

- corpo pequeno;

- cauda muito longa;

- olhos protuberantes ("esbugalhados");

- pêlos da cabeça e pescoço voltados para frente;

- patas muito largas para o tamanho do corpo;

- rosetas grandes, completas e espaçadas.

23

Distribuição e Habitat

Leopardus wiedii ocorre das planícies costeiras do México, até o norte do

Uruguai e Argentina e em todo o Brasil, à possível exceção da região da caatinga,

até a parte norte do Rio Grande do Sul, predominantemente em florestas, inclusive

nas matas de galeria do cerrado.

Leopardus tigrinus (SCHREBER, 1775)

Características

Leopardus tigrinus é a menor espécie de felino do Brasil. Tem porte e

proporções corporais semelhantes ao do gato doméstico, com comprimento médio

da cabeça e corpo de 49,1 cm (40-59,1), patas pequenas (mas proporcionais ao

corpo) e cauda longa, em média com 26,4cm (20,4-32), o equivalente a 60% do

comprimento da cabeça e corpo. O peso varia entre 1,75 e 3,5kg, com média de

2,4kg. Os pêlos são todos voltados para trás, inclusive os da cabeça e pescoço. A

coloração básica é bem variável, com tonalidades entre amarelo-claro e castanho-

amarelado. Existem indivíduos melânicos, os quais não são incomuns. As rosetas

são grandes ou pequenas, abertas ou fechadas mas, usualmente, são pequenas,

abertas e em maior quantidade que em L. wiedii. Os indivíduos do norte/nordeste do

Brasil tendem a tonalidades mais claras e a apresentar rosetas pequenas e

incompletas, os do sul/sudeste tendem a tons mais escuros e com rosetas maiores.

Entretanto, diversas variações podem ser encontradas em ambas as regiões.

Difere de L. wiedii, com a qual é bem parecida, por apresentar pêlos da nuca

voltados para trás, por ter patas pequenas (proporcionais ao corpo) e proporções de

gato doméstico. Difere ainda por não ter olhos protuberantes nem focinho saliente.

As manchas sólidas e rosetas de menor tamanho e incompletas em L. tigrinus

também diferenciam estas espécies. De Oncifelis geoffroyi difere por apresentar

rosetas, e não pintas sólidas e pequenas, e tamanho usualmente menor. Para as

formas melânicas das duas espécies as proporções corporais e o local de

procedência são praticamente as únicas formas para diferenciação.

Características Diagnósticas

- corpo pequeno;

- pêlos da cabeça e pescoço voltados para trás;

- rosetas incompletas;

24

- patas pequenas;

- cauda longa.

Distribuição e Habitat Leopardus tigrinus ocorre da Costa Rica até o norte da Argentina e em todo o

Brasil, até o norte do Rio Grande do Sul, em áreas de florestas, cerrado, caatinga e

até mesmo nas proximidades de áreas agrícolas adjacentes a matas.

Puma yagouaroundi (E. GEOFFROY, 1803)

Características

Puma yagouaroundi é um gato de porte pequeno-médio, com cabeça

pequena, alongada e achatada, orelhas pequenas e bem arredondadas. O corpo é

alongado, com comprimento médio (cabeça e corpo) de 63,7cm (48,8-77,5), as

pernas são relativamente curtas em relação ao corpo. A cauda é longa, com

comprimento médio de 41,9cm (27,5-59), o peso é de 5,2kg (3,0-7,6).

A coloração é uniforme, podendo apresentar uma aparência tordilha.

Apresenta três tipos básicos: amarron-zada-negra, acinzentada e vermelho-

amarelada. Difere das outras espécies por apresentar coloração uniforme e pelas

formas do corpo.

Características Diagnósticas

- corpo alongado;

- pernas curtas;

- cauda longa;

- pelagem uniforme;

- cabeça e orelhas pequenas.

Distribuição e Habitat

Puma yagouaroundi ocorre do sul do Texas até as Províncias de Buenos

Aires e Rio Negro na Argentina e por todo o Brasil, à exceção do sul do Rio Grande

do Sul. Seu habitat é extremamente variado incluindo, florestas tropicais e

subtropicais, cerrado, caatinga, pantanal, vegetação secundária, etc.

25

2.2.4 Fauna Associada

Nenhum ser vivo é uma ilha, todos são inter dependentes entre si e

contribuem mutuamente para a manutenção do ecossistema local, por isso é

impossível estudar determinado grupo de animais sem notar a presença e até

mesmo a importância das demais espécies existentes na área pesquisada. Já foram

realizadas várias pesquisas no Parque Municipal São Luis de Tolosa sobre diversos

grupos tanto da fauna como da flora, e ainda estão sendo feitos estudos que

comprovam a existência de vários animais que podem inclusive ser predados pelos

felinos, como por exemplo, Ratos do mato, Cotias, Tatus, pássaros entre outros. Ao

se utilizar armadilhas fotográficas dentro do parque esses animais acabam

aparecendo nas fotos, o que pode contribuir para termos dados a fim de avaliar a

qualidade e quantidade desta fauna associada, pois em uma floresta onde não

existe uma oferta de animais que possam servir de alimento para os felinos,

consequentemente ficará inviável ali a presença de felinos residentes.

2.2.5 Armadilhas Fotográficas

Armadilhas fotográficas são sem duvida ferramentas essenciais na pesquisa

de animais tão esquivos como os felinos, pois permitem que eles sejam visualizados

sem a presença do pesquisador, o que afugentaria os animais objetos de estudo. As

Primeiras que surgiram eram muito rudimentares, verdadeira traquitanas fitas com

partes de câmeras e sensores de presença, muitas vezes ligadas a baterias de

carros, o que tornava a locomoção com tais armadilhas difícil e ate mesmo limitava o

numero de câmeras por área de estudo. Elas constituem uma técnica de observação

direta, pois podem ficar instaladas na floresta onde são verificados possíveis

carreiros, ou onde foram encontrados vestígios como fezes, uma vez instaladas,

podem ficar ali por vários dias até que um animal passe por ali disparando o sensor

infravermelho eu ao captar os movimentos automaticamente aciona a câmera

capturando as imagens dos animais em seu habitat. Existem hoje no mercado varias

marcas de armadilhas fotográficas disponíveis para os pesquisadores e devido a

essa relativamente grande quantia de marcas disponíveis pode se observar que ao

longo do tempo elas ficaram mais acessíveis, menores e com mais capacidade de

armazenamento de fotos e filmagens dando mais autonomia aos pesquisadores.

26

Foto 1 – Armadilha Fotográfica Instalada em uma árvore.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

2.2.6 Armadilhas de Pegadas

Na falta de visualização e muitas vezes de fotos dos animais investigados nos

valemos desta técnica para identificar espécies ocorrentes na área de estudo.

Basicamente deve-se observar o local com antecedência a fim de identificar

possíveis locais de passagens, tendo efetuados esses critérios, deve-se umedecer

uma área de mais ou menos um metro quadrado, tomando cuidado para que caso

algum animal passar por ela deixe a impressão de sua pata, uma vez obtida tal

impressão pode se usar métodos diferentes para a posterior identificação dos

animais, como por exemplo, o molde da pegada em gesso, ou simplesmente tirar

fotos com algo ao lado para que se possa ter uma ideia do seu tamanho. Também é

usada muitas vezes uma transparência para retroprojetor e nela é desenhada a

pegada. Cada animal deixa uma marca de pegada diferente das demais, tornando

possível identificar as espécies existentes no local de pesquisa.

Segundo Moro-Rios et al. (2008) os rastros são marcas deixadas pelas patas

de um animal. Fatores como espécie, idade, sexo, condições atmosféricas e tipo de

solo podem influenciar na variação dos rastros. É possível identificar a idade de um

animal, dependendo da qualidade da pegada encontrada, é possível também

identificar o peso aproximado do animal que deixou rastros, rastros mais profundos

estariam dessa forma indicando a passagem de um animal mais pesado. Além

disso, diferenças entre a profundidade das pegadas num mesmo substrato podem

definir se tratava de um indivíduo adulto, jovem ou filhote. Excluindo as situações

27

citadas anteriormente, existem ainda fatores externos que podem influenciar no

registro dos rastros, como as condições atmosféricas (vento, chuva e o sol forte),

que podem impedir a permanência dos rastros no substrato.

28

3 METODOLOGIA

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

A presente pesquisa foi efetuada através de pesquisa bibliográfica e pesquisa

de campo por meio de verificação “in loco” com fichas de observação, armadilhas de

pegadas e registros fotográficos, tendo como base o método qualitativo e

quantitativo.

3.2 LOCAL DA PESQUISA

Parque Municipal São Luiz de Tolosa em Rio Negro - Paraná.

O Parque Ecoturístico Municipal São Luís de Tolosa situa-se a 4 km do centro

do Município de Rio Negro, próximo à BR 116 (Lat. 26º25'50” ao Sul; Long. 49º

47'30” a Oeste), no chamado “Morro dos Padres”.

Foto 2 – Vista aérea do Parque Municipal São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR, Brasil.

Fonte: Google Earth (2010)

29

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

3.3.1 Universo

Felinos Silvestres do Município de Rio Negro – Paraná

Mapa 1 – Localização regional

Fonte: Projeto de Desenvolvimento Rural do município de Rio Negro, PR (1997).

3.3.2 Amostra

100% dos felinos que foram identificados durante o período da pesquisa.

3.3.3 Critérios de Exclusão

Foram descartados quaisquer dados irrelevantes para a pesquisa da Família

Felidae.

3.3.4 Critérios para Encerrar ou Suspender a Pesquisa.

A pesquisa foi encerrada durante o mês de outubro de 2014.

30

3.3.5 Análise de Riscos e Benefícios.

A pesquisa oferece riscos de picadas de animais peçonhentos devido à

atividade em campo, em área de mata nativa.

Visto não envolver captura de animais, não há possibilidade de machucar os

mesmos.

3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.4.1 Instrumentos da Pesquisa

Para a pesquisa foram utilizadas armadilhas fotográficas, digitais e com

filmes, armadilhas de pegadas, gesso em pó e sacos de papel para coleta dos

vestígios.

3.4.2 Procedimentos da Pesquisa Bibliográfica

A presente pesquisa foi efetuada por meio de livros, revistas e artigos

científicos sobre o referido assunto.

3.4.3 Procedimentos da Pesquisa de Campo.

A pesquisa de campo foi realizada através das seguintes etapas:

a) Determinação da área onde foi efetuado o estudo;

b) Contato com os responsáveis pelo Parque Municipal São Luis de Tolosa;

c) Obtenção da autorização da prefeitura municipal para a realização da

pesquisa;

d) Solicitação das armadilhas fotográficas ao IAP, e ao laboratório de

anatomia da UnC;

e) Aquisição de gesso para os possíveis moldes de pegadas;

f) Visitas semanais ao Parque Municipal São Luis de Tolosa Para instalação

das armadilhas fotográfica e de pegadas.

31

3.4.4 Procedimentos da Pesquisa de Laboratório

a) Acondicionamento das fezes coletadas em sacos plásticos;

b) Lavagem das amostras em água corrente para a retirada do material

orgânico;

c) Secagem das amostras na estufa por aproximadamente 50 minutos;

d) Triagem dos pelos;

e) preparação das laminas com esmalte tipo base, com uma fina camada e

reservada para secagem do mesmo;

f) Prensagem dos pelos na lamina em uma morça por aproximadamente 30

minutos;

g) Retirada dos pelos da lamina e acondicionamento em lugar apropriado

para posterior identificação das amostras;

h) Analise das impressões ao microscópio;

i) Comparação com as imagens da chave de classificação;

j) Analise dos dados obtidos;

k) Elaboração do relatório;

l) Apresentação do relatório em banca;

3.5 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

Inicialmente o pesquisador fez várias visitas ao parque a fim de reconhecer

possíveis carreiros e procurando por vestígios, o parque possui 54 hectares com

cerca de quatro quilômetros de trilhas, sendo algumas delas com pedriscos e outras

naturais, há também um rio que passa na extremidade do parque denominado

Passa Três, bem como um córrego que passa através do parque até chegar ao rio, o

que proporciona bons lugares para a investigação da presença de felinos, pois onde

tem água pode haver animais que fazem parte da cadeia alimentar dos mesmos.

Com base nesses dados observados iniciaram-se buscas por vestígios como

fezes e pegadas, para isso foi elaborada uma ficha de coleta de vestígios que ao

serem coletados eram registrados e colocados em sacos de papel, com as pegadas

encontradas nas margens do rio Passa três foram feitos moldes de gesso para uma

conservação de tais marcas. Houve também a confecção de armadilhas de pegadas

próximas ao rio e ao Centro Ambiental Casa Branca.

32

Foram instaladas armadilhas fotográficas digitais da marca Bushnell, modelo

ZT820 e modelo T-Win, juntamente com armadilhas da marca Tigrinus que utilizam

filmes para a revelação das fotos.

Com os resultados obtidos através da observação direta (fotográfica) e

indireta (pegadas), o pesquisador reuniu as informações para identificação das

espécies e análise comparativa do parque.

No dia 03 de março de 2014 as 08h00min horas foi feita uma visita inicial para

identificação de possíveis carreiros e vestígios de felinos, e também em busca de

locais adequados para instalar armadilhas fotográficas e de pegadas. Foram

encontradas pegadas de felinos próximas ao rio passa três, onde o pesquisador

montou uma armadilha de pegadas preparando o local com terra fofa e

umedecendo-a, em seguida com a ajuda de uma ferramenta o pesquisador deixou a

terra já umedecida o mais lisa possível. Em 17 de março foi feita uma visita ao

parque para instalação das armadilhas de pegadas, foram instaladas próximo ao Rio

Passa Três por já terem sido encontradas pegadas de felinos na região. Ainda no

dia 17 de março foi feito um molde de gesso com as pegadas encontradas próximas

ao rio passa três.

Foto 3 – Pesquisador montando uma armadilha de pegadas.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

33

No dia 24 de março as 08h30min o pesquisador percorreu as trilhas de

pedrisco e naturais do parque procurando por vestígios, em seguida fez duas

armadilhas de pegadas próximas ao curso d’água que desce pelo centro do parque.

Foto 4 – Armadilha de pegadas pronta.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em 13 de Abril as 06h00min o pesquisador foi ao parque Municipal são Luis

de Tolosa para fazer uma observação do local, visto que nesse horário a maioria dos

animais encontra-se ativa. Foi realizado o procedimento de coleta de vestígios

como fezes. O pesquisador percorreu as margens do rio passa três procurando por

pegadas de felinos. Uma armadilha fotográfica foi instalada na trilha próxima ao

Campo Santo (antigo cemitério usado na época em que o Seminário ainda estava

ativo), foram deixados no local da armadilha fotográfica alguns pedaços de carne de

frango para chamar a atenção de possíveis felinos passando próximo ao local, o

pesquisador também esfregou pedaços de bacon nas arvores ao redor do local.

O pesquisador esteve no Parque no dia 27 de abril as 07h30min, para

instalação de armadilhas de pegadas e uma armadilha fotográfica, Neste dia

também foi utilizado um reprodutor de sons de felinos na tentativa de chamar a

atenção dos mesmos. Foi realizada também neste dia uma averiguação pelo trajeto

das trilhas e adentrando em algumas trilhas de animais feitas na mata a fim de

procurar vestígios.

34

Foto 5 – Pesquisador preparando molde de gesso

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em 11 de Maio o pesquisador esteve no parque as 10h00min a fim de

confeccionar armadilhas de pegadas, deixando alguns pedaços de carne de frango

para atrair os felinos. Também foram esfregados nas arvores próximas ao local

alguns pedaços de bacon. No dia 12 de maio o pesquisador voltou a área para a

conferencia do resultado.

35

Foto 6 – Molde de gesso sendo feito

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 7 – Molde de gesso.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

No dia 25 de maio o pesquisador visitou o parque às 13h30min para proceder

a averiguação das trilhas, bem como a instalação de uma armadilha fotográfica

próxima ao Campo Santo.

36

Em 15 do mês de junho foram instaladas quatro armadilhas fotográficas no

parque, na área de regeneração próxima ao horto florestal, na trilha de descida para

a Casa Branca, na trilha atrás dos tanques da Casa Branca e a ultima perto do rio

Passa Três. Em todas elas foram colocados pedaços de carne de frango e também

bacon. Foram percorridas as trilhas a fim de encontrar vestígios.

Foto 8 – Pesquisador instalando a armadilha fotográfica

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

No dia 29 de julho o pesquisador esteve no parque para instalação de 6

armadilhas fotográficas, tais armadilhas foram instaladas margeando o córrego de

água que corta o parque sentido Rio Passa Três e na frente de cada uma foram

deixados pedaços de carne de frango.

37

Foto 9 – Montagem da armadilha fotográfica

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em 12 de junho foi feita outra visita ao parque com a intenção de recolher as

armadilhas fotográficas e instalar novas armadilhas de pegadas. Bem como

inspecionar as margens do rio Passa Três a procura de pegadas de felinos.

No dia 19 de Junho o pesquisador esteve no parque para instalar novamente

as armadilhas fotográficas, e desta vez foi colocado um reprodutor de sons próximo

a uma das armadilhas fotográficas com sons de felinos da região.

Em 28 de junho foi realizada mais uma visita para verificar as armadilhas

fotográficas e retirada do reprodutor sonoro. Neste dia o Pesquisador percorreu

todas as trilhas do parque entrando em pequenas trilhas desde o campo localizado

ao lado do palácio seráfico até as margens do rio passa três.

38

Foto 10 – Pesquisador procurando por pegadas as margens do rio Passa Três

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em 05 de Julho foi realizada uma visita ao parque a fim de instalar as

armadilhas em locais diferentes, as mesmas foram instaladas na trilha natural que

desce para o rio passando pelo Campo Santo. O pesquisador voltou ao parque no

dia 12 de julho para conferencia das armadilhas e observação in loco das áreas do

parque.

Foto 11 – Armadilha sendo montada próximo a Casa Branca

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

No dia 19 de Julho novamente foram instaladas as armadilhas no parque,

desde o inicio das trilhas até o rio passa três. Também foram feitas coletas de fezes

de felinos neste dia. Após duas semanas no dia 2 de agosto de 2014 o pesquisador

voltou ao parque para recolher e analisar as fotos das câmeras.

39

Em 16 de Agosto em visita ao Parque Municipal São Luis de Tolosa fez-se

uma averiguação nas áreas de mata entre as trilhas a fim de encontrar rastros e

trilhas usadas tanto pelas presas dos felinos quanto deles próprios.

Foto 12 – Pesquisador procurando vestígios

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

No dia 30 de Agosto as 08h00min foram instaladas as armadilhas fotográficas

próximas aos tanques localizados ao lado do Centro Ambiental Casa Branca, onde

também foi feita uma armadilha de pegadas. Na semana seguinte, em 06 de

Setembro as armadilhas, tanto de pegadas como fotográficas foram checadas e os

dados encontrados devidamente anotados.

Em 13 de setembro as 14h00min, foi realizada uma visita ao parque, neste

dia, armadilhas fotográficas foram instaladas próximas ao campo santo, e também

ao próximo ao curso d’água que corta o parque na região da gruta de Lourdes. O

pesquisador esfregou pedaços de bacon nas arvores próximas as armadilhas

fotográficas a fim de chamar a atenção dos felinos da região. No di 20 de setembro

as armadilhas fotográficas foram coletadas e os dados nelas foram analisados e

catalogados.

No dia 27 de Setembro novamente a pesquisa teve continuidade por serem

instaladas as armadilhas fotográficas, próximas ao horto, gruta de Lourdes e

descendo próxima a Casa branca e finalmente nas imediações do rio Passa Três.

Em 04 de outubro as armadilhas fotográficas foram vistoriadas, e os dados obtidos

analisados.

40

3.6 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE LABORATÓRIO.

Em laboratório as amostras fecais foram colocadas em uma peneira de malha

fina, lavadas em água corrente e secas em estufa. Após esse procedimento iniciou-

se a triagem do material não digerido em ossos, dentes, pelos, penas, unhas.

Foto 13 – Amostra

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Para identificar as fezes do predador realizou-se a busca dos pelos do próprio

felino na amostra já que os felinos de uma maneira geral, arrancam seus pelos com

a língua ou dentes para auto-limpeza e acidentalmente ingerem alguns pelos que

são eliminados nas fezes (QUADROS, 2002). A identificação do predador ocorreu

através da microestrutura do pelo e comparou-se com os padrões de cutícula já

previamente definidos por Quadros e Monteiro-Filho (2010).

Os procedimentos para as impressões da cutícula e medula seguiram

Quadros e Monteiro-Filho (2006). Para as impressões das escamas cuticulares foi

espalhada uma fina camada de esmalte incolor em uma lâmina. Sendo deixado

secar por cerca de 20 minutos. Depois os pelos foram colocados sobre a fina

camada de esmalte e prensados em uma morsa de mesa.

41

Foto 14 – Preparação das lâminas com esmalte incolor

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 15 – Lâminas sendo prensadas

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Após a secagem, os pelos foram retirados com os dedos e visualizados em

microscópio óptico nos aumentos de 100x e 400x.

Para a identificação das presas consumidas pelo felino realizou-se a busca de

pelos-guarda na amostra. Para as impressões cuticulares foi adotado o mesmo

método citado acima. Para determinar o padrão da medula os pelos foram imersos

em água oxigenada cremosa comercial 30 volumes com o propósito de diafanizá-

los.

42

Foto 16 – Água oxigenada cremosa utilizada para determinar o padrão da medula dos pelos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Nesse meio os pelos permaneceram por cerca de 20 minutos, foram retirados

e colocados em uma placa de petri com água para encerrar o efeito da água

oxigenada. Os pelos foram lavados e depois montados entre lâmina e lamínula e

visualizados em microscópio óptico nos aumentos de 100x e 400x. Os padrões

encontrados foram comparados com o proposto por Quadros & Monteiro-Filho

(2010).

Foto 17 – Pesquisador preparando as amostras

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

43

Foto 18 – Amostras sendo lavadas

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 19 – Triagem das amostras

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Durante a triagem das fezes foram encontrados diversos ossículos que foram

então separados e reservados para posterior registro fotográfico.

44

Foto 20 – Ossos das presas sendo separados.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 21 – Amostras sendo analisadas na lupa.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

45

Foto 22 – Lâminas preparadas com os pelos dos felinos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 23 – Impressão dos pêlos sendo analisadas

no microscópio.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

46

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 TRATAMENTO DOS DADOS

Após implementar a pesquisa, os dados obtidos foram organizados

descritivamente e através de fotos, gráficos e tabelas, para evidenciar os resultados

de maneira clara e objetiva, caracterizando-se como pesquisa qualitativa e

quantitativa. As coletas foram realizadas de junho a outubro de 2014.

4.2 EVIDENCIAÇÃO DOS RESULTADOS

4.2.1 Dados Relacionados à Descrição da Área

O Parque Municipal São Luís de Tolosa situa-se no Município de Rio Negro,

(Lat. 26º25'50” ao Sul; Long. 49º 47'30” a Oeste), no chamado “Morro dos Padres”,

onde antigamente funcionava um Seminário Franciscano.

Foto 24 – Vista aérea do Parque Municipal São Luis de Tolosa.

Fonte: Google Earth (2010).

47

Mapa 2 – Rodovias de acesso ao Parque Municipal São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR.

Fonte: Google Maps (2012).

4.2.1.1 Vias de acesso do Parque Municipal São Luís de Tolosa

O acesso ao município de Rio Negro pode ser feito através da rodovia BR

116. Mapa 3 – Acesso ao município de Rio Negro, PR.

Fonte: Plano de Saneamento Ambiental, Rio Negro – PR (2008).

48

4.2.1.2 Distâncias

Quadro 1 – Distâncias

CIDADE Km Curitiba 104 Florianópolis 300 Blumenau 187 Mafra 00 Joinville 120 Itaiópolis 34 Itajaí 200 Ponta Grossa 152 Maringá 465 Londrina 424 São Paulo 500 Porto Alegre 608 Paranaguá 182 São Francisco do Sul 120 Apucarana 406 Bandeirantes 479 Campo Mourão 493 Cascavel 525 Foz do Iguaçu 664 Lapa 54 Matinhos 228 Morretes 166 Toledo 571 União da Vitória 229 Fonte: Rio Negro. Prefeitura Municipal (2011).

O parque compreende uma área de 538.792,28 m² (53.87 hectares) e no alto

do morro, a 800m acima do nível do mar encontra-se uma magnífica esplanada

onde fica o prédio do antigo seminário, inaugurado em 03/02/1923 e desativado em

1970 (RIO NEGRO. PREFEITURA MUNICIPAL, 2004).

De acordo com o plano de manejo do Parque Municipal São Luis de Tolosa, o

clima segue o seguinte padrão:

Precipitação total média anual 1600 mm;

Temperatura média anual 18º C;

Média anual das mínimas 12º C;

Média anual das máximas 23º C;

Umidade relativa média anual 80 %;

Evapotranspiraçăo potencial média anual (Penman) 1000 mm;

Insolaçăo anual total 1800 horas;

Graus-dia (base 10º C) total médio anual 3400 GD;

49

Horas de frio abaixo de 7º C (total médio de maio a agosto) 200 horas;

Número de dias com geadas por ano: 10 dias.

4.2.1.3 Geologia

A área do parque apresenta-se assentada exclusivamente sobre sedimentos

pertencentes ao Grupo Itararé, compreendendo a passagem do intervalo médio para

o intervalo superior da Formação Mafra, propostos informalmente por Weinschütz

(apud RIO NEGRO, 2004).

O atual Parque possui uma rede de trilhas com aproximadamente 4.830

metros. Uma parte delas, que era usada pelos antigos franciscanos foi recuperada e

é utilizada para passeios, caminhadas e visitação turística. O restante das trilhas

está em estado natural e são utilizadas para o turismo ecológico e a educação

ambiental, sempre com atividades monitoradas pelo centro ambiental.

Foto 25 – Trilhas de pedrisco

Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Negro (2012)

50

Foto 26 – Trilha natural

Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Negro (2014).

4.2.2 Dados Relacionados a Ocorrência de Pegadas

Um excelente método para verificar a existência de um grupo de animais em

uma determinada área é utilizar-se das pegadas deixadas pelos mesmos, tanto em

áreas naturais como em armadilhas de pegadas confeccionadas pelo pesquisador.

Durante a pesquisa foram encontradas diversas pegadas pertencentes não somente

ao grupo pesquisado, seguem alguns dos registros de tais pegadas que comprovam

a existência tanto da fauna associada como dos felinos na região.

51

Foto 27 – Pegadas encontradas

Fonte: Dados da pesquisa (2014). As pegadas acima foram encontradas as margens do rio Passa Três, nota-se

pela existência das marcas das unhas, pertencerem a um canídeo, o comprimento

da lamina é de 8 cm porem, podem ser de animais domésticos pelo fato de terem

sido avistados alguns cães domésticos na reserva, tanto nas armadilhas fotográfica

como visualizados.

Foto 28 – Pegadas de canídeos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

52

As armadilhas de pegadas permitem muitas vezes o único registro que temos

de certos animais em uma região, como foi o caso na presente pesquisa do Mão

Pelada e de um roedor. A próxima imagem é de uma armadilha de pegadas

montada próxima ao Centro Ambiental Casa Branca, ao lado dos tanques, o que

reforça a ideia de ter sido registrado um Mão Pelada (Procyon cancrivorus), pois

estes animais têm o habito de alimentar-se em tanques e rios, dos animais neles

encontrados. Também foram encontradas pegadas de um pequeno roedor, nota-se

pelo formato e tamanho das mesmas, mais tarde na triagem das amostras de fezes

foram encontrados pelos de roedores, o que reforça essa possibilidade.

Foto 29 – Pegadas de Procyon cancrivorus–Mão-pelada.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Uma das formas de conservar por muito tempo essas marcas deixadas pelas

pegadas dos animais é confeccionar um molde em gesso, isso permite uma

posterior identificação com mais precisão, e também pode ser uma importante

ferramenta para um futuro trabalho de conscientização ambiental, pois ao se falar

em pegadas ter-se á um material que as pessoas podem manipular para entender

sobre a fauna local, o que torna mais fácil fixar a importância de tais estudos para os

educandos. Na foto abaixo, pode se observar o molde pronto de pegadas de felinos

que foram obtidas em uma armadilha montada próxima as margens do rio Passa

Três.

53

Foto 30 – Molde de gesso pronto.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

4.2.3 Dados Relacionados as Armadilhas Fotográficas Instaladas no Parque

4.2.3.1 Fauna associada

Durante o período em que as armadilhas fotográficas foram instaladas

obteve-se vários registros de animais não pertencentes a Família Felidae, que são

abaixo descritos como fauna associada, pois “dividem “ o mesmo habitat que os

felinos, podendo inclusive ser por eles predados. Seguem alguns registros bem

como dados sobre tais animais que coabitam o parque juntamente com os felinos

que são o alvo deste estudo:

54

Foto 31 – Dazyprocta azarae próxima ao Horto Florestal

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Rodentia

Família: Dasyproctidae

Gênero: Dasyprocta

Espécie: D. azarae

A cutia é um roedor de porte médio, pouco menor que a paca, são também

conhecidas também como aguti. Os pelos que revestem as cutias são ásperos e

duros, predominando as cores marrom claro ou escuro, amarelada ou dourada,

variando nas diferentes espécies e respectivos habitats.

Seu tamanho médio é de 50 centímetros de comprimento, do focinho a base

da cauda, e esta varia de 1,5 a 3,5 cm, geralmente sem pelos. A altura média de

uma cutia é de 23 centímetros e seu peso gira em torno de 2 a 4 quilos.

Ela tem cabeça alongada, com orelhas arredondadas e pequenas. O corpo é

delgado e as patas anteriores mais curtas que as posteriores, bem adaptadas as

longas caminhadas. Nas patas anteriores possuem cinco dedos e nas patas

posteriores apenas três, todos eles dotados de fortes unhas semelhantes a cascos.

55

Estas espécies são fitófagas, alimentam-se de raízes, frutos, sementes,

vegetais suculentos, coquinhos, castanha do Pará, milho, legumes, cana de açúcar,

mandioca, etc. Nas refeições, sentam sobre as patas posteriores e seguram o

alimento com as anteriores, de forma graciosa.

O período de gestação é de 104 a 120 dias, podendo ocorrer duas gestações

por ano, nascendo de um a dois filhotes por parto, excepcionalmente quatro.

Foto 32 – Cerdocyon thous

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnivora

Família: Canidae

Gênero:Cerdocyon

Espécie: C. thous

Coloração: Cinza com tonalidades amareladas, e uma linha preta na região

dorsal que se estende da nuca até a cauda. Os membros e as pontas das orelhas

são negras de pelagem curta, sendo que estas características os diferenciam do

cachorro-do-campo.

56

Alimentação: Vegetais, frutos, invertebrados (insetos, crustáceos e

moluscos), peixes, anfíbios, lagartos, cobras, pássaros, roedores, carniça e rejeitos

humanos.

Habitat: Em ambientes florestados, áreas campestres, bordas de florestas,

áreas alterada e habitadas pelo homem.

Curiosidades: Seu habito é principalmente noturno e crepuscular,

ocasionalmente é encontrão durante o dia. Ao longo das suas trilhas, marcam seu

território por meio da vocalização e urinando sobre arbustos e ervas, detectadas por

forte odor. Pode-se observar até cinco indivíduos juntos, sendo um casal e seus

filhotes. Tem-se registro de que os filhotes mais novos são deixados em bambuzais

densos enquanto os pais buscam alimento. É monógamo, tendo a fêmea uma

ninhada a cada 7 ou 8 meses. O período de gestação é de cerca de 2 meses,

nascendo de 3 a 6 filhotes.

Foto 33 – Didelphis albiventri

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Subfilo: Vertebrata

Superclasse: Tetrapoda

Classe: Mammalia

57

Subclasse: Theria

Infraclasse: Metatheria

Ordem: Marsupialia

Família: Didelphidae

Gênero: Didelphis

Espécie: Didelphis albiventri (LINNAEUS, 1758)

O Gambá de Orelha Branca pode chegar a 70 cm, tem uma cabeça

volumosa, focinho comprido e pontiagudo, e bigodes longos; as orelhas são

grandes, nuas e membranosas. A cauda é comprida e preênsil, coberta de pele

grossa e nua, a exceção da base que é peluda. Sob a cauda possuem glândulas

que produzem uma substância de cheiro característico. É um animal terrestre, mas

capaz de subir em árvores, nas quais procura os ocos para fazer seus ninhos. Têm

hábitos noturnos e solitários. É classificado como uma espécie frugívora-onivora

quanto a dieta se alimentando desde pequenos vertebrados, frutos, ovos e aves

chegando a atacar aves de criação. Apresentam uma bolsa (marsúpio) circundando

as tetas no abdome. São agressivos quando incomodados e, para enfrentar os

inimigos mostram os dentes e exalam um cheiro desagradável. Algumas vezes

fingem-se de mortos para se defender.

Foto 34 – Veado (Mazama gouazoubira)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

58

Reino: Animalia

Filo: Chordata.

Classe: Mammalia.

Ordem: Artiodacyla.

Família: Cervidae.

Gênero: Mazama.

Espécie: Mazama gouazoubira.

É um cervídeo de pequeno porte, pesando cerca de 18 kg. Mede entre 88,2 e

106 cm de comprimento e possui entre 50 e 65 cm na altura da cernelha. A

coloração varia desde o avermelhado até o cinza, com cor mais clara no ventre, e

áreas brancas na parte inferior da cauda e interior das orelhas. Possui uma mancha

branca acima dos olhos, que é característica dessa espécie. Os chifres não são

ramificados, possuem entre 6 e 12 cm de comprimento e são observados

principalmente entre maio e julho, no Brasil. São animais geralmente diurnos e

solitários, mas podem formar pequenos grupos em período de escassez de

alimentos. Os machos são territoriais e a área de vida da espécie varia de 30 a 300

hectares.

Foto 35 – Quati (Nasua nasua)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

59

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnívora

Família: Procyonidae

Gênero: Nasua

Espécie: Nasua nasua

É um mamífero relacionado com o guaxinim, mas esta espécie caracteriza-se

por possuir um focinho comprido, algo semelhante a um porco e garras de urso. A

sua pelagem é castanha clara ou negra, com o ventre mais claro, e frequentemente

anéis brancos na cauda. A sua cabeça é delgada, com um longo nariz, orelhas

pequenas, patas negras e cauda longa não preênsil usada para se equilibrar e fazer

sinais.

Os adultos medem entre quarenta e 67 centímetros da cabeça à base da

cauda, tendo esta de quarenta a sessenta centímetros adicionais. Medem cerca de

trinta centímetros de altura nas espáduas e pesam entre três e oito quilogramas. O

macho chega a atingir o dobro do tamanho da fêmea, apresentando caninos

grandes e afiados. Tem membros fortes para subir às árvores e para escavar e é

considerado inteligente. O seu habitat é muito variado, desde as florestas tropicais

às pradarias de erva, do nível do mar até a alta montanha.

Alimentam-se à base de insetos que procuram no solo, entre ramos, folhas

mortas e erva; comem também frutos e pequenos vertebrados. Caminham sobre os

pés, tal como o urso-cinzento, mas, ao contrário do seu enorme parente, consegue

descer das árvores de cabeça para baixo, graças às suas flexíveis articulações.

Preferem dormir ou descansar em lugares elevados e em nichos. Dão à luz

ninhadas de uma a seis crias num ninho construído num tronco de árvore, entre

Outubro e Fevereiro.

60

Foto 36 – Ouriço (Sphiggurus sp )

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Rodentia

Família: Erethizontidae

Gênero: Sphiggurus sp

O Sphiggurus sp é um mamífero de 30 a 60 cm de comprimento e de 2 a 4 kg

de peso máximo, seu corpo é coberto por espinhos curtos e pontiagudos em cor

esbranquiçada ou amarelada, misturada com o pelo mais escuro. Esse animal tem

hábitos arborícolas, segurando-se com sua cauda preênsil, e transita com frequência

pelas bordas das matas de galeria, onde pode entrar em contato com animais

domésticos e pessoas. São animais noturnos e crepusculares. À noite saem para

procurar alimento, principalmente frutos (EISENBERG, 1999), com diversas

adaptações fisiológicas e metabólicas para a herbivoria. Vivem solitários ou em

pares, produzindo um único filhote por ninhada. São animais que têm vida

reprodutiva de até 12 anos.

61

Foto 37 – Tatu (Dasypus novemsictus)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Cingulata

Família: Dasypodidae

Gênero: Dasypus

Espécie: Dasypus novemsictus

Uma característica curiosa distingue o tatu-galinha das outras espécies: a

fêmea sempre dá a luz quatro filhotes do mesmo sexo. Este fenômeno recebe a

denominação científica de poliembrionia. Pode chegar a 80 cm quando adulto.

Possui um casco blindado que o protege contra os predadores.

Atravessa cursos de água não muito largos sem respirar, com facilidade,

caminhando tranquilamente sobre o fundo. Se o rio é muito largo, enche os pulmões

e os intestinos de ar e nada semi-imerso, apenas com a extremidade do focinho fora

da água. Este é um animal muito caçado pelo homem, o que vem reduzindo as

populações em alguns locais em ritmo bastante sério.

62

4.2.4 Dados Relacionados a Pesquisa Histórica sobre os Felinos na Área do Parque

Os Franciscanos são conhecidos pelo seu gosto e fascínio pela natureza,

quando o parque ainda era um Seminário alguns Freis eram verdadeiros

pesquisadores da fauna e flora local, deixando um verdadeiro legado para os

pesquisadores atuais, uma grande parte de seus estudos como fotos, artigos e

animais taxidermizados ainda hoje estão no museu do Capão da Imbuia em Curitiba-

Paraná. Restam ainda alguns exemplares de felinos taxidermizados naquela época,

um exemplar de puma, inclusive encontra-se atualmente no acervo do Centro

Ambiental Casa Branca. A conduta naturalista dos antigos freis nos permite hoje em

dia ter registros como este de um frei com um filhote de gato do mato encontrado

nas proximidades do antigo Seminário.

Foto 38 – Frei com filhote de gato-do-mato

Fonte: Rio Negro. Prefeitura Municipal (2004)

63

Felizmente quando o antigo seminário abandonado passou a ser um Parque

os estudos continuaram e com o uso de armadilhas fotográficas obteve-se o registro

desta jaguatirica nas proximidades do rio Passa-três no ano de 2004, a mesma foi

conseguida utilizando-se uma armadilha fotográfica adaptada de forma praticamente

artesanal, pois era uma câmera normal ligada a um sensor de presença comum e

alimentada por uma bateria e carro.

Foto 39 – Jaguatirica (leopardus pardalis)

Fonte: Centro Ambiental Casa Branca (2014)

Abaixo uma foto do pesquisador com 12 anos de idade e a armadilha

fotográfica usada para conseguir o registro anterior. Nota-se que a armadilha era

ligada a uma bateria de carro, o que tornava a sua instalação e tempo de campo

demorada e dispendiosa comparando-se com as armadilhas utilizadas atualmente.

64

Foto 40 – Pesquisador com 12 anos de idade

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

4.2.5 Resultados Obtidos com a Armadilha Fotográfica Durante o Período da

Pesquisa

Durante o Período da pesquisa, foi fotografada uma Jaguatirica (Leopardus

pardalis), Próxima a trilha da gruta, onde há uma Imbuia (Ocotea porosa) muito

antiga, estimasse que ela tenha 500 anos, e como característica de arvores desta

espécie e idade, ela é cheia de buracos e reentrâncias, que podem servir de abrigo

a pequenos animais, nota-se que a Jaguatirica esta com um roedor na boca ao

passar na frente da armadilha fotográfica. Este registro foi obtido muito próximo aos

locais onde foi encontrada a maioria das fezes de felinos coletadas, dado este que

mostra que a Jaguatirica encontra no parque um ambiente em relativo equilíbrio para

que possa caçar e obter o alimento necessário para sua existência com qualidade

de vida na região do parque.

65

Foto 41 – Jaguatirica (Leopardus pardalis)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 42 – Jaguatirica.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

66

Foto 43 – Jaguatirica

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Leopardus pardalis (Jaguatirica)

A Jaguatirica, Leopardus pardalis, ocorre desde o sudoeste do estado do

Texas (Estados Unidos) e oeste do México até o norte da Argentina, Podendo

ocorrer em todo o Brasil, porem ainda não foram descritos indivíduos para a região

sul do estado do Rio Grande do sul. Entre os felinos neotropicais é a espécie mais

amplamente estudada, podendo chegar até a 101,5 centímetros de comprimento da

cabeça e corpo, com cauda geralmente curta, em média 35 centímetros. A cabeça e

as patas são relativamente grandes, sua cor pode ir do cinza-amarelado pálido ao

castanho com as mais diversas variações de tonalidades entre estas cores. No

ventre a coloração é esbranquiçada e as manchas negras tendem a formar rosetas

abertas que se unem formando bandas longitudinais na lateral do corpo.

De acordo com o Oliveira e Cassaro (1999) as manchas de cada espécie

diferenciam umas das outras conforme modelo a seguir:

67

Foto 44 – Padrão da pelagem da Jaguatirica.

Fonte: Britto (2014).

As pegadas se assemelham as dos outros felinos, seu caminhar é digitígrado,

os dedos arredondados, a palma é ampla e marca bem o substrato, parecendo com

a pata anterior da Onça-Pintada, porém, bem menor.

Foto 45 – Pata anterior

4 a 5 cm de comprimento total e 4,5 a

5,5 cm de largura total. Fonte: Britto (2014).

68

Foto 46 – Pata posterior

4,3 a 4,7 cm de comprimento total e 4,3

a 5 cm de largura. Fonte: Britto (2014).

Leopardus pardalis é um animal carnívoro especialista com ótimas técnicas

de caça assim como todos os outros felinos, pode também subir em arvores para

caçar, o que faz com que o seu leque de presas aumente consideravelmente. Tais

animais alimentam-se de lagartos, serpentes, pequenos roedores, ouriços, tatus,

marsupiais, cotias, macacos, pequenos veados, aves e ovos.

De acordo com o livro Mamíferos do Brasil (REIS et al., 2006), a Jaguatirica,

assim como a maioria dos felinos neotropicais são tipicamente solitários, com um

sistema de domínio territorial em que a área de vida de um macho se sobrepõe a

área de duas ou mais fêmeas evitando uma sobreposição de territórios de indivíduos

do mesmo sexo, e ao longo de sua distribuição, o tamanho da área de vida de

indivíduos adultos pode ter uma considerável variação entre regiões e épocas do

ano (chuvoso x seco), sendo essas diferenças geralmente atribuídas a

disponibilidade das presas.

69

4.2.6 Identificação dos Felinos Através das Fezes Encontradas no Parque

Foram encontradas seis amostras de fezes de felinos durante o período da

pesquisa, todas na parte central do parque, conforme mostra o circulo na figura.

Mapa 4 – Parque Municipal São Luis de Tolosa.

Fonte: Rio Negro. Prefeitura Municipal (2014).

Após serem realizados os procedimentos metodológicos de laboratório foi

possível identificar duas espécies distintas que coabitam a região do parque, a

Jaguatirica (Leopardus pardalis), e o Gato Maracajá (Leopardus wiedii).

Para identificar as espécies dos predadores foi utilizada uma chave de

classificação proposta por Juliana quadros, onde a mesma utilizou as mesmas

técnicas empregadas no presente trabalho, a seguir algumas imagens dos pelos de

carnívoros, para efeito de comparação:

De acordo com a chave de identificação para famílias de carnívoros

elaborada por Juliana Quadros (2010) os pelos guarda do Leopardus wiedii

possuem as cutículas folidáceas estreitas, assemelhando-se as cutículas do pelo do

Leopardus pardalis, porém com o corpo das cutículas maiores em relação a largura

das mesmas.

70

Foto 47 – Pêlo de L. wiedii (200X)

Fonte: Quadros (2010).

De acordo com a chave de classificação pode-se notar que as cutículas são

folidáceas intermediarias, com praticamente o mesmo tamanho entre largura e

comprimento. Algo que ajuda na triagem de tais pelos é um padrão rajado em preto

e branco.

Foto 48 – Pêlo de L. pardalis.

Fonte: Quadros (2010).

71

A impressão da foto 49 foi efetuada com um pelo encontrado em uma coleta

do dia 28 de Junho, coletada na região central do parque próxima as trilhas que

descem para a Casa Branca e separada como amostra 2. Pode-se notar pelo seu

padrão tratar-se do pelo guarda de uma Jaguatirica (Leopardus pardalis).

Foto 49 – Vista ao microscópio do pêlo de Leopardus pardalis.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 50 – Impressão do pêlo de um Leopardus pardalis, amostra 2.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

72

A foto 51 é da impressão de um pelo da amostra 5 encontrada no dia 27 de

Setembro próxima a gruta, com a aproximação nota-se bem nitidamente o padrão

das cutículas folidáceas intermediarias.

Foto 51 – Aproximação da impressão do pêlo (Leopardus pardalis).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A foto 52 trata-se de uma impressão de um pêlo de Gato Maracajá

(Leopardus wiedii), encontrada no dia 19 de Julho próxima a Casa Branca, com um

padrão de cutícula ligeiramente diferente do padrão anterior, caracteriza-se como

cutículas folidáceas estreitas.

73

Foto 52 – Impressão do pêlo de um Leopardus wiedii.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Segundo Oliveira e Cassaro (1999):

Leopardus wiedii (SCHINZ, 1821)

Características

Leopardus wiedii é uma miniatura de L. pardalis, com comprimento da cabeça

e corpo de 53,6 cm (46-62), que se caracteriza por apresentar olhos bem grandes e

protuberantes, focinho saliente, patas grandes e cauda bastante comprida. Esta tem,

em média 37,6 cm (30-48,3), chegando a representar mais de 70% do comprimento

da cabeça e corpo. O peso médio é de 3,3kg (2,3-4,9). A coloração varia entre

amarelo-acinzentado e castanho ocráceo, com diversas tonalidades intermediárias.

O padrão das manchas também é variável, de grandes pintas sólidas a bandas

longitudinais. Entretanto, as rosetas tipicamente são largas, completas e bem

espaçadas nas laterais. Difere de L. pardalis pelo tamanho mais reduzido, pelos

olhos bem grandes e protuberantes, cauda bem longa e, usualmente, pelo padrão

de rosetas isoladas. Entretanto, exemplares jovens de L. pardalis podem apresentar

as mesmas características corporais de L. wiedii, à exceção das tradicionais bandas

longitudinais. De Leopardus tigrinus difere por ter pelos da região nucal voltados

para frente, pelo padrão das manchas e aspectos morfológicos (principalmente

74

patas largas e olhos protuberantes). Estas mesmas características separam-na das

outras espécies.

Características Diagnósticas

- corpo pequeno;

- cauda muito longa;

- olhos protuberantes ("esbugalhados");

- pelos da cabeça e pescoço voltados para frente;

- patas muito largas para o tamanho do corpo;

- rosetas grandes, completas e espaçadas.

Foto 53 – Leopardus Wiedii

Fonte: Oliveira e Cassaro (1999).

Foto 54 - Pegadas de um L. wiedii

Fonte: Oliveira e Cassaro (1999).

75

Distribuição e Habitat

Leopardus wiedii ocorre das planícies costeiras do México, até o norte do

Uruguai e Argentina e em todo o Brasil, à possível exceção da região da caatinga,

até a parte norte do Rio Grande do Sul, predominantemente em florestas, inclusive

nas matas de galeria do cerrado.

Avistamento

No dia 02 de Junho as 09h30min foi avistado pelo pesquisador um Gato

Mourisco Herpailurus yagouarondi, Na área próxima ao horto florestal, o mesmo foi

em direção as trilhas sentido rio Passa Três, foi possível avista-lo por alguns

segundos a uma distancia de aproximadamente 50 metros em uma área de clareira.

A seguir seguem algumas informações sobre o Puma yagouaroundi.

De acordo com Oliveira e Cassaro (1999):

Puma yagouaroundi

Características

Puma yagouaroundi é um gato de porte pequeno-médio, com cabeça

pequena, alongada e achatada, orelhas pequenas e bem arredondadas. O corpo é

alongado, com comprimento médio (cabeça e corpo) de 63,7cm (48,8-77,5), as

pernas são relativamente curtas em relação ao corpo. A cauda é longa, com

comprimento médio de 41,9cm (27,5-59), o peso é de 5,2kg (3,0-7,6). A coloração é

uniforme, podendo apresentar uma aparência tordilha. Apresenta três tipos básicos:

amarron-zada-negra, acinzentada e vermelho-amarelada. Difere das outras espécies

por apresentar coloração uniforme e pelas formas do corpo.

Características Diagnósticas

- corpo alongado;

- pernas curtas;

- cauda longa;

- pelagem uniforme;

- cabeça e orelhas pequenas.

76

Distribuição e Habitat

Puma yagouaroundi ocorre do sul do Texas até as Províncias de Buenos

Aires e Rio Negro na Argentina e por todo o Brasil, à exceção do sul do Rio Grande

do Sul. Seu habitat é extremamente variado incluindo, florestas tropicais e

subtropicais, cerrado, caatinga, pantanal, vegetação secundária, etc.

Foto 55 - Puma yagouaroundi

Fonte: Oliveira e Cassaro (1999).

77

4.2.7 Dados Relacionados aos Ossos Encontrados nas Fezes dos Felinos

Ao serem analisadas as fezes, a procura de pelos dos felinos foram também

encontrados diversos ossos de presas, Tais ossos pertencem a pequenos roedores,

pássaros e até mesmo a alguns pequenos répteis. A seguir estão as imagens de tais

ossos, vistos as lentes de uma lupa.

Foto 56 – Ossos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foram encontrados ossos em grande quantidade possivelmente de pequenos

roedores, pesquisas já realizada no parque comprovam a existência desses animais

que servem como alimento para os felinos da região e outros carnívoros também.

Foram constatados para a região do parque por Mauro de Moura Britto e Lenita

Kozak animais como a preá (Cavia aperea), e vários roedores do gênero Akodon,

Olygoryzomys e Nectomys que podem ser predados pelos felinos.

78

Foto 57 – Ossos encontrados nas amostras.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 58 – Ossos de presas presentes nas amostras triadas.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foram encontradas na triagem, mandíbulas pertencentes a roedores onde é

possível observar os dentes incisivos projetando-se para frente, com os dentes

molares, e um fato interessante a respeito dessa amostra é que os dentes incisivos

79

crescem por dentro da mandíbula e ao passo que os dentes vão se desgastando,

crescem continuamente, o que faz com que seja sempre necessário a esses animais

roerem algo para que haja sempre este desgaste natural dos dentes.

Foto 59 – Mandíbulas de roedores.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 60 – Mandíbulas.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

80

Foto 61 – Diferença entre tamanho de mandíbulas encontradas.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 62 – Dentes.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Como os Felinos são animais especialistas, podem se alimentar de vários

grupos, entre eles pequenos mamíferos aves e répteis, a foto a seguir é de costelas

provavelmente pertencentes a um pequeno réptil devido ao seu tamanho.

81

Foto 63 – Possíveis ossos de costelas.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Ao passo que a triagem era efetuada o pesquisador encontrou inúmeras

amostras de unhas pertencentes a pássaros, o que representa uma importante parte

da alimentação dos felinos, pelo fato de serem excelentes escaladores de arvores e

terem grande agilidade para caçar, podendo assim predar varias espécies de

pássaros ao longo de sua vida.

Foto 64 – Unhas de pássaros.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

82

Foto 65 – Unhas

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foto 66 – Penas encontradas nas amostras

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Foram encontradas também nas fezes dos felinos, larvas de insetos que

provavelmente depositaram seus ovos para que as larvas tivessem após a eclosão

alimento.

83

Foto 66 – Larvas de insetos encontradas nas fezes

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

4.2.8 Dados Relacionados a Presença de Animais Domésticos no Parque

Durante a pesquisa, alguns cachorros domésticos foram avistados e

fotografados pelas armadilhas fotográficas, tanto nas áreas próximas ao prédio da

prefeitura quanto em áreas no interior da floresta nas áreas de possível ocorrência

tanto de felinos como de outros animais de natural ocorrência no parque.

Foto 67 – Cachorro doméstico

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

84

4.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

As armadilhas de pegadas, bem como a analise de áreas naturalmente

úmidas foram de grande valia, pois puderam reunir dados sobre a presença tanto de

felinos como da fauna associada no parque, Foi possível identificar as pegadas de

diversos grupos de animais, como canídeos, Tatus, Mão Peladas, Roedores, e

Também de felinos, como evidenciado nas fotos 27, 28. e 29, foi possível

confeccionar também moldes de gesso com tais pegadas conforme a foto 30. Tais

registros de pegadas foram obtidos nas margens do rio passa três, e nas trilhas

interditadas próximas ao Centro Ambiental Casa Branca.

Com o uso das armadilhas fotográficas obteve-se um registro da fauna

associada e também uma foto de Leopardus pardalis com um roedor em sua boca, o

que indica que ela não estava apenas de passagem pelo parque, mas que sim,

utiliza-o como área de caça, a maioria dos vestígios de felinos encontrados na área

de estudo foram da Jaguatirica, o que pode indicar uma redução na competitividade

local, ou que ela esteja aumentando a sua área de vida por efeito da redução de

suas presas naturais. Durante o período da pesquisa foram registradas fotos de 8

espécies de animais diferentes sendo elas Cutia (Dazyprocta azarae), Graxaim

(Cerdocyon thous), Gambá (Didelphis albiventri), Veado (Mazama gouazoubira),

Quati (Nasua nasua), Ouriço (Sphiggurus sp) e Tatu (Dasypus novemsictus).

Os dados relacionados a fauna associada foram obtidos em maior quantidade

que os dados sobre os felinos da região, assim como o esperado, pois naturalmente

os seres de topo de cadeia como os felinos existem em menor quantidade, devido a

sua existência de alimento e área de vida, podendo utilizar vários quilômetros como

seu território, e por serem animais territoriais defendem seu habitat da invasão de

outros da mesma raça ou até mesmo de outros felinos. Porém comparando com o

tamanho do parque o numero de registro de felinos é considerado satisfatório.

Na pesquisa de laboratório ao efetuar a triagem das fezes encontradas no

parque, foi possível identificar através da utilização dos pelos guardas nelas

encontrados duas espécies de felinos sendo elas, Leopardus pardalis e Leopardus

wiedii, com 6 amostras coletadas 5 apresentaram pelos de felinos sendo que dos 5

registros 4 foram de Leopardus pardalis e 1 de Leopardus wiedii, as fezes de

Leopardus pardalis foram encontradas na região próxima as trilhas que descem do

prédio para o Centro Ambiental Casa Branca nas proximidades do veio d’agua que

85

corta o parque na altura da trilha onde se localiza uma Imbuia(Ocotea porosa) de

aproximadamente 500 anos. Já a amostra onde foi encontrado o pelo de Leopardus

Wiedii foi coletada na trilha ao lado da Ponte pênsil, Nota-se uma relativa distancia

entre as amostras o que pode indicar que as áreas de vida dos indivíduos em alguns

momentos se sobrepõem, provavelmente pelo tamanho da floresta disponível.

Um dado relevante para a pesquisa foi os ossos encontrados durante a

triagem das fezes dos felinos, aparentemente de pequenos roedores, pássaros e

répteis, havendo presas suficientes na área de vida dos felinos reduz o risco de eles

irem para áreas urbanas em busca de alimento sendo assim mortos por predarem

animais domésticos, os dados levantados na pesquisa juntamente com pesquisas

anteriores mostram que o parque possui uma população saudável de pequenos

mamíferos que podem servir de alimento para os felinos da região.

Ocorreu um Avistamento por parte do pesquisador nas proximidades do horto

florestal, onde visualmente pode se identificar um exemplar de Gato Murisco

(Herpailurus yagouaroudi) um animal raro, e de grande importância para a região,

podendo futuramente ser usado como espécie guarda chuva, ou seja, uma espécie

que aumenta a importância da proteção da área local estendendo assim essa

importância as demais espécies.

Em uma pesquisa sobre os aspectos históricos relacionados aos felinos no

parque foi possível identificar fotos da época do antigo seminário em que um frei

tinha um filhote de Gato do Mato na mão, juntamente com uma foto já conseguida

com uma armadilha fotográfica após a implantação do Centro Ambiental Casa

Branca.

Foram registrados animais domésticos na região, o que pode trazer um sério

prejuízo ao ecossistema local, pois tais animais podem acabar predando as presas

naturais dos animais nativos da região, causando assim um desequilíbrio e redução

na qualidade do habitat. Recomendam-se esforços para que tais animais sejam

erradicados do parque.

86

5 CONCLUSÃO

Na presente pesquisa foi possível constatar que o parque Municipal São Luis

de Tolosa oferece uma área bem estruturada e com uma quantidade saudável de

presas naturais, bem como áreas florestadas regeneradas e em regeneração, possui

também a disponibilidade de água para os felinos tornando assim, viável a presença

de tal grupo na região. O registro fotográfico conseguido com a armadilha inclusive,

foi de uma Jaguatirica ao passar na frente da câmera com m roedor na boca o que

indica atividade de caça no parque.

A fauna associada foi registrada através de fotos e coleta de vestígios, sendo

registrados para a região os seguintes animais: Cutia (Dazyprocta azarae), Graxaim

(Cerdocyon thous), Gambá (Didelphis albiventri), Veado (Mazama gouazoubira),

Quati (Nasua nasua), Ouriço (Sphiggurus sp) e Tatu (Dasypus novemsictus). Sabe-

se porem devido a estudos anteriores haver um numero maior de animais

registrados no parque, o que comprova a presença da fauna associada aos felinos,

e mantendo assim, inter-relações com os mesmos e o ecossistema local.

De acordo com a pesquisa bibliográfica os Felinos de Provável ocorrência

para o Parque Municipal São Luis de Tolosa foram classificados como: Leopardus

pardalis, Leopardus wiedii, Leopardus tigrinus, Herpailurus yagouaroundi, é

importante ressaltar que as espécies de grandes felinos existentes no Brasil como o

Puma concolor e a Panthera onca, já pertenceram ao território onde atualmente

existe o Parque Municipal São Luis de Tolosa, porem devido a diminuição de suas

presas naturais e mesmo o crescimento urbano, juntamente com a diminuição das

florestas, atualmente tais grandes felinos não são esperados na região.

Com a analise dos dados obtidos na pesquisa foi possível identificar 3

espécies de felinos existentes no Parque Municipal São Luiz de Tolosa, sendo elas:

A Jaguatirica, (Leopardus pardalis) registrada através de fotos da armadilha

fotográfica e pela analise das fezes, o Gato Maracajá(Leopardus wiedii) através da

analise das fezes e o Gato Murisco (Herpailurus yagouaroundi) por avistamento.

Ao pesquisar sobre os aspectos históricos dos felinos na área do parque foi

possível encontrar uma foto da época em que o Seminário ainda funcionava onde o

diretor do seminário esta com um filhote de Gato do Mato na mão, sabe-se que os

freis eram naturalistas e se espelhavam no exemplo de “São Francisco” considerado

pelo catolicismo o padroeiro dos animais, com base nisso eles, os freis da época

87

eram verdadeiros pesquisadores da fauna e flora local. Também foi possível obter

um registro de Jaguatirica anterior ao presente estudo, conseguido através de

armadilha fotográfica no ano de 2007.

88

REFERENCIAS

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90

APÊNDICES

91

APÊNDICE A – Modelo de Ficha de Registro

DATA LOCAL VESTÍGIO NÚMERO