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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA TAMIRES PEREIRA FREITAS AVALIAÇÃO DO RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE UM MEDICAMENTO PARA O TRATAMENTO DA EPILEPSIA E LIBERADO PARA ETE Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

TAMIRES PEREIRA FREITAS

AVALIAÇÃO DO RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE UM MEDIC AMENTO

PARA O TRATAMENTO DA EPILEPSIA E LIBERADO PARA ETE

Lorena 2013

TAMIRES PEREIRA FREITAS

AVALIAÇÃO DO RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE UM MEDIC AMENTO

PARA O TRATAMENTO DA EPILEPSIA E LIBERADO PARA ETE

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena – EEL-USP como requisito parcial para a conclusão de Graduação do curso de Engenharia Química. Área de Projeto: Qualidade e Produtividade Orientador: Prof. MSc Antonio Carlos da Silva

Lorena 2013

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela benção da vida.

Aos meus pais, Vanderlei e Adriene, pelos valores transmitidos, pela educação

que me proporcionaram, por acreditar e me ajudarem a lutar pelos sonhos, e

principalmente pelo amor dedicado a mim. Peças fundamentais na minha vida,

sem as quais não teria chegado até aqui.

As minhas irmãs Suellen, Lívia e Mileny que viveram comigo os meus sonhos e

principalmente por tudo que me ensinaram durante a vida, com vocês aprendi a

ser uma pessoa melhor.

Aos amigos que tornaram o período de graduação tão prazeroso, a vocês

agradeço cada momento inesquecível vivido durante a faculdade, de luta e

alegria. Em especial aos amigos que se tronaram a família que eu escolhi: Benhe,

Cabeça, Bonita, Naty, Angels e os pardais, Vini, João e Le.

Ao Gustavo que de alguma forma sempre esteve presente durante minha

graduação, obrigada pelo companheirismo, força, paciência, e claro, pela

felicidade que me proporciona.

Ao meu orientador Antonio Carlos, pela orientação deste trabalho e por estar

presente e disponível sempre que necessário. Agradeço também pela dedicação

a todos nós, alunos.

Ao Léo, pela oportunidade da realização do estágio como integrante de sua

equipe. Também sou grata pela orientação no desenvolvimento deste projeto.

RESUMO

FREITAS, T. P. Avaliação de Substâncias Ativas Liberadas para ETE na Produção de Remédio para o Tratamento da Epilepsia. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

Cada vez mais, esforços vêm sendo direcionados a pesquisas e projetos visando a otimização dos resíduos industriais da produção de remédios. Este trabalho apresenta uma análise do processo de produção e quantificação do tipo de resíduo eliminado na ETE em uma indústria farmacêutica. Foram identificadas fontes emissoras de substâncias ativas durante o processo de produção do princípio ativo utilizado na composição de um medicamento para tratamento de epilepsia. Foi então monitorada a quantidade liberada em cada etapa. Compararam-se os valores com o permitido pela legislação. Mesmo com resultado satisfatório em relação à legislação vigente no Brasil, foram propostas melhorias no processo para diminuir a quantidade de resíduos liberados, visando à melhoria do processo e a sustentabilidade.

Palavras chave: Princípio ativo, resíduo, Estação de Tratamento de Esgoto.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Potencial de risco dos resíduos químicos farmacêuticos. (FONTE: Gil e

Mathias, 2005).

Tabela 2: Características do Princípio Ativo (FONTE: Plano Mestre de Fabricação

– Dados de Segurança, 2012).

Tabela 3: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Síntese.

Tabela 4: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Purificação.

Tabela 5: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Recuperação.

Tabela 6: Atividade com fonte de perda quantificada por pesagem do utensílio.

Tabela 7: Atividade com fonte de perda quantificada por amostras analisadas

no laboratório de controle de qualidade.

Tabela 8: Atividade com fonte de perda quantificada por estimativa da área ao

redor do equipamento.

Tabela 9: Porcentagem de massa eliminada em cada etapa da produção do

princípio ativo utilizado na fabricação do remédio para epilepsia.

Tabela 10: Porcentagem de massa eliminada de acordo com a forma de medição.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma do processo de fabricação do princípio ativo.

Figura 2: Fluxograma da etapa de síntese do princípio ativo.

Figura 3: Fluxograma da etapa de purificação do princípio ativo.

Figura 4: Fluxograma da etapa de recuperação do princípio ativo.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 13

2.1 A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ............................................................. 13

2.1.1 A Indústria Farmacêutica no Mundo .................................................. 13

2.1.2 A Indústria Farmacêutica no Brasil .................................................... 14

2.2 RESIDUOS E QUESTÃO AMBIENTAL ................................................... 16

2.2.1 Resíduos da Indústria Farmacêutica ................................................. 17

2.2.2 Resíduo Sólido .................................................................................. 20

2.2.3 Resíduos Líquidos ............................................................................. 21

2.2.4 Controle de Resíduos ........................................................................ 22

2.2.5 Proteção dos Corpos D’água ............................................................ 25

2.2.6 Legislação Ambiental ........................................................................ 26

2.3 Princípio Ativo .......................................................................................... 27

2.3.1 Princípio Ativo Relacionado ao Trabalho ........................................... 27

2.4 PROCESSO INDUSTRIAL ...................................................................... 29

2.4.1 Processo de Fabricação do Princípio Ativo ....................................... 30

3 METODOLOGIA ............................................................................................. 31

3.1 Tipo de Pesquisa ..................................................................................... 31

3.2 Identificação ............................................................................................. 31

3.2.1 Etapa de Síntese ............................................................................... 32

3.2.2 Etapa de Purificação ......................................................................... 35

3.2.3 Etapa de Recuperação ...................................................................... 38

3.3 Quantificação ........................................................................................... 39

3.3.1 Pesagem do Utensílio ....................................................................... 40

3.3.2 Amostra Analisada pelo Laboratório de Controle de Qualidade ........ 41

3.3.3 Estimativa por Marcação da Área ...................................................... 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 45

5 CONCLUSÕES .............................................................................................. 48

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 49

10

1 INTRODUÇÃO

Os danos ambientais causados pelas catástrofes que ocuparam a mídia,

nestes últimos anos, são insignificantes, quando comparados aos danos

cumulativos, na maioria das vezes, imperceptíveis, provocados pela grande

quantidade de poluentes menores disponibilizados ao meio ambiente de maneira

constante e gradativa.

Vivemos num ecossistema no qual os recursos são limitados, mas cujo

crescimento é ilimitado, e onde os recursos existentes são fortemente inter-

relacionados e interdependentes. Uma postura exaustivamente consumista e

descartável poderá inevitavelmente comprometer a qualidade de vida da espécie

dominante.

Os riscos ambientais recorrentes de práticas inadequadas das disposições

de efluentes das indústrias têm aumentado com o crescimento dos processos

industriais e também com o aumento e envelhecimento da população, sendo os

resíduos das indústrias químico-farmacêuticas um dos efluentes que mais geram

preocupação à gestão ambiental. A rota de entrada desse tipo de resíduo no

ambiente ocorre por meio do lançamento de esgotos domésticos em cursos de

água, efluentes de indústrias farmacêuticas, efluentes rurais, e disposição

inadequada de fármacos após expiração do prazo de validade. Assim, os

resíduos seguem com o esgoto bruto para as estações de tratamento de esgoto

(ETEs), contudo os processos convencionais de tratamento a que são submetidos

não realizam a remoção de fármacos residuais.

Com o aumento do impacto ambiental proveniente dos resíduos industriais

se fez necessária a criação de novas leis que limitem a emissão de quaisquer

tipos de efluentes, fazendo com que as indústrias voltem os olhos para seus

processos e busquem se adequar às legislações ambientais tanto por meio de

alterações no processo de produção como no desenvolvimento de novas técnicas

para as estações de tratamento de efluentes.

Com a legislação ambiental cada vez mais rígida, os prejuízos advindos de

seu não-cumprimento podem apresentar um custo muito elevado aos infratores.

11

Paralelamente, a conscientização do consumidor impulsiona-os a adquirir

produtos que sejam considerados “verdes/limpos”, “ambientalmente corretos”, ou

seja, produtos que, além de apresentarem boa qualidade, possuam uma linha de

produção que não gera comprometimento ambiental. Esses aspectos vêm

incentivando, a cada dia, a indústria a procurar sistemas eficazes que provoquem

a redução de seus impactos ambientais, com custo de mercado compatível

(Macêdo, 2000).

Empresas estão procurando adotar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Esse sistema de gestão ambiental permite à empresa controlar permanentemente

os efeitos ambientais de todo o seu processo de produção, desde a escolha da

matéria-prima até o destino final do produto e dos resíduos líquidos, sólidos e

gasosos, levando-a a operar da forma mais sustentável possível.

Em um mercado globalizado, competitivo, com consumidores cada vez

mais exigentes e alicerçado por uma legislação comprometida com os anseios

sociais futuristas, a gestão ambiental passou a ter caráter marcante e decisivo na

escolha de produtos. Empresas tecnológica e culturalmente habilitadas no efetivo

controle dos seus processos apresentam seus custos reduzidos, uma vez que

consomem menos matéria-prima e insumos, geram menos subprodutos,

reutilizam, reciclam, lucram com seus resíduos e gastam menos com o manejo e

controle da poluição e recuperação ambiental. As empresas ganham

competitividade, por meio da gestão ambiental, tanto para a sua sobrevivência no

mercado internacional, quanto para controle dos aspectos ambientais, garantindo

a sustentabilidade do processo de desenvolvimento e, consequentemente, a

melhoria da qualidade ambiental e de vida da população.

A indústria químico-farmacêutica, devido à complexidade dos mecanismos

de reação envolvidos nas rotas de síntese e análise de fármacos e ao usual

consumo de solventes nas etapas de purificação, entre outros aspectos, é

considerada como um importante setor gerador de resíduos, sendo necessário ter

cada vez mais controle das substâncias envolvidas nos processos de fabricação

de medicamentos.

12

O presente trabalho, desenvolvido em uma indústria farmacêutica, tem

como objetivo principal mostrar se a empresa está cumprindo com a legislação

ambiental em relação ao descarte residual do princípio ativo produzido por esta e

utilizado em um medicamento para epilepsia. Neste contexto, será mapeado e

analisado o processo de produção deste princípio ativo a fim de adequar, se

necessário, a emissão de substancia ativa de acordo com a lei vigente no Brasil e

possível melhoria no processo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

A indústria farmacêutica tem como atividade final a produção de

medicamentos, utilizados pela sociedade no tratamento de doenças ou outras

indicações médicas. A produção de medicamentos envolve quatro estágios

principais: pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos fármacos; produção

industrial de fármacos; formulação e processamento final de medicamentos; e

comercialização e distribuição por intermédio de farmácias e outros varejistas, e

das unidades prestadoras de serviços de saúde (FRENKEL et al., 1978). Além

disso, é importante ressaltar que a indústria farmacêutica está subdividida em

produtos farmoquímicos e medicamentos. Os primeiros consistem na matéria-

prima para o desenvolvimento dos produtos farmacêuticos, enquanto que os

segundos são aqueles que os consumidores encontram na prateleira das

farmácias.

Em geral, as empresas farmacêuticas se especializam em classes

terapêuticas devido à variedade e complexidade dos processos e conhecimentos

envolvidos, e às peculiaridades de cada segmento de mercado. Essa

especialização conduz à formação de submercados farmacêuticos.

2.1.1 A Indústria Farmacêutica no Mundo

As principais empresas farmacêuticas são mundiais: atuam na maioria dos

países, desenvolvidos e em desenvolvimento, para a produção e/ou

comercialização de medicamentos. Embora alguns países em desenvolvimento

figurem entre os principais mercados farmacêuticos mundiais, há uma expressiva

14

concentração do mercado no âmbito dos países desenvolvidos. Essa

concentração também se desdobra para os fluxos de importação e exportação,

envolvendo tanto produtos acabados (medicamentos) como fármacos, assim

como entre empresas (FIALHO, 2001).

Estudos mostram que a indústria farmacêutica mundial apresenta elevadas

taxas de crescimento e inovação tecnológica, muito acima da média da indústria

como um todo, sendo estruturada como altamente concentrada em grandes

laboratórios multinacionais de países desenvolvidos. (BERTOLAI, 2006; TICKELL,

2004).

2.1.2 A Indústria Farmacêutica no Brasil

A década de 1930 é considerada o marco inicial da consolidação da

indústria farmacêutica no Brasil, configurando a formação das primeiras empresas

desse tipo com características industriais conhecidas por boticas. Nessa primeira

parte, a liderança do capital nacional respondia por apenas 14% da produção

brasileira de medicamentos. Em contrapartida, com o aumento da atratividade das

empresas multinacionais a partir de 1940, e mais intensamente na década de

1950, houve um salto na participação das empresas com capital de origem

estrangeira na produção doméstica, chegando a 35% em 1940 e 73% em 1960.

Por outro lado, uma vez que as empresas multinacionais internalizaram a

produção, houve uma certa redução das importações de medicamentos a um

nível residual, enquanto que os fármacos necessários para a produção interna

continuaram a ser importados em quantidades crescentes. (PALMEIRA FILHO;

PAN, 2003)

Desde a década de 70 a indústria farmacêutica brasileira é dominada por

empresas multinacionais, que respondem por cerca de 80% do mercado nacional

(QUEIROZ, 1993). O início da década de 1990 trouxe grandes mudanças

institucionais que modificaram vários aspectos da indústria farmacêutica

brasileira, como, por exemplo, o comportamento das empresas nacionais e

multinacionais e a estrutura de mercado.

15

Em 1999, instituiu-se a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), voltada para a criação de bases para uma elevação dos padrões

sanitários da produção nacional e as pré-condições para eventuais incrementos

das exportações (OLIVEIRA et al., 2006; PALMEIRA FILHO; PAN, 2003).

O parque industrial brasileiro de medicamentos é bastante desenvolvido,

existindo capacidade produtiva elevada em produtos finais e capacidade restrita

na produção dos insumos farmacêuticos da química fina (fármacos). A maior

parte da produção local é direcionada para o mercado interno, sendo exportada

apenas uma pequena parcela.

Embora com uma infraestrutura científica razoavelmente consolidada, o

desenvolvimento tecnológico realizado no Brasil é mínimo, restrito a algumas

poucas empresas privadas nacionais e a algumas organizações públicas,

chamando a atenção para a desproporção do esforço de desenvolvimento

tecnológico realizado em relação ao tamanho do mercado. Apesar dos bons

resultados apresentados pela indústria farmacêutica em termos de margem de

lucro (CALLEGARI, 2000), as empresas instaladas no País, estrangeiras ou

nacionais, não realizam atividades de P&D tecnológico.

Um fato importante a ser destacado foi a promulgação da Lei dos

Genéricos, incentivando a competição dentro da indústria e, consequentemente,

reduzindo os preços dos medicamentos internamente, bem como a promulgação

da atual Lei de Propriedade Intelectual nº 9.279 de 1996.

Portanto com esses fatores pode-se compreender a atual organização e

inserção internacional da indústria farmacêutica brasileira, mesmo que os efeitos

das transformações mais recentes ainda não tenham sido clara, detalhada e

suficientemente estudadas. No decorrer da evolução histórica, consolidou-se no

Brasil uma indústria farmacêutica altamente internacionalizada e integrada a

indústria farmacêutica mundial, cuja estrutura de mercado concentra grandes

laboratórios, especialmente os multinacionais, e a baixa integração vertical da

cadeia produtiva, evidenciada pela grande dependência com relação a insumos

importados. Por outro lado, o recente e significativo crescimento do mercado de

genéricos e o baixo investimento em P&D, comparativamente aos indicadores

dessa indústria em outros países, se fizeram presentes na evolução da estrutura

produtiva desta indústria. Vale ressaltar, também, a grande relevância do

16

comércio exterior intra-firma, decorrente da grande presença de multinacionais e

da dependência de farmoquímicos importados, o que ocasionou os sucessivos

déficits na balança comercial da indústria farmacêutica. Ademais, algumas

características são usuais de tal indústria como o percentual de valor adicionado

acima da média da indústria, a baixa intensidade do fator trabalho, grandes

barreiras à entrada, derivadas especialmente dos altos dispêndios com P&D e

com marketing etc.

O presente trabalho foi realizado em uma indústria farmacêutica que é

resultado de uma fusão ocorrida entre duas companhias de história corporativa

rica e diversificada. Atualmente, esta farmacêutica encontra-se consolidada como

uma empresa líder em cuidados com a saúde, que tem o paciente no centro de

suas ações, oferecendo o melhor portfólio de produtos para atender suas

necessidades:

• Medicamentos inovadores protegidos por patentes;

• Medicamentos genéricos e biosimilares de alta qualidade e preços

acessíveis;

• Vacinas para o combate a mais de 20 doenças virais e bacterianas

imunopreveníveis;

• Medicamentos isentos de prescrição.

2.2 RESIDUOS E QUESTÃO AMBIENTAL

Os rejeitos gerados a partir de atividades antrópicas muitas vezes trazem

prejuízos graves e até mesmo irreversíveis ao homem e à natureza em função do

seu impacto sobre o meio ambiente. Nos últimos anos a questão ambiental, que

abrange os problemas gerados por todos os setores produtivos vem sendo

intensamente debatida no mundo e igualmente no Brasil. A conscientização da

sociedade quanto às agressões à natureza e a conseqüente evolução das leis

ambientais têm contribuído para com o incentivo de ações tais como a reciclagem

de papel, vidro, alumínio, entre outros, “produção mais limpa” e “Atuação

Responsável”. Somadas todas estas ações, buscam-se nos dias atuais uma

17

redução na produção de rejeitos, assim como uma atuação mais responsável com

relação à questão ambiental (SANSEVERINO, 2002).

A grande diversidade das atividades industriais ocasiona durante o

processo produtivo, a geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, os quais

podem poluir/contaminar o solo, a água e o ar. A poluição ocorre quando esses

resíduos modificam o aspecto estético, a composição ou a forma do meio físico,

enquanto o meio é considerado contaminado quando existir a mínima ameaça à

saúde de homens, plantas e animais. É preciso observar que nem todas as

indústrias geram resíduos com poder impactante nesses três ambientes. Em um

primeiro momento, é possível imaginar serem simples os procedimentos e

atividades de controle de cada tipo de resíduo na indústria. Todavia, as diferentes

composições físicas, químicas e biológicas, as variações de volumes gerados em

relação ao tempo de duração do processo produtivo, a potencialidade de

toxicidade e os diversos pontos de geração na mesma unidade de processamento

recomendam que os resíduos sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou

acondicionados, adequadamente, antes da disposição final no meio ambiente

(PEREIRA, 2001).

O licenciamento das atividades industriais precisa ser fundamentado em

estudos que avaliem o impacto do empreendimento no meio ambiente, de modo a

definir com segurança técnica a fonte de suprimento (manancial) de água, os

locais para disposição final dos resíduos sólidos, a forma de lançamento dos

efluentes gasosos na atmosfera e o destino final dos efluentes líquidos gerados

nas unidades de processamento. Onde sempre devem ser atendidas as

recomendações do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

2.2.1 Resíduos da Indústria Farmacêutica

Algumas toneladas de medicamentos são produzidas por ano e aplicadas

na medicina humana e veterinária. Segundo Pedroso (2007), o Brasil junto com

os Estudos Unidos, França e Alemanha constituem os maiores consumidores de

medicamentos do mundo. A principal forma de entrada de resíduos de

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medicamentos no meio ambiente é por meio do lançamento direto na rede de

esgotos domésticos que, tratados ou não, são despejados em cursos de água. No

entanto, também devem ser considerados os efluentes de indústrias

farmacêuticas, efluentes rurais, a presença de fármacos no esterco animal

utilizado para adubação de solo e a disposição inadequada de fármacos após a

expiração do prazo de validade (MELO et al.,2009).

No que diz respeito ao setor industrial farmacêutico, a complexidade dos

mecanismos de reação envolvidos nas rotas de síntese e análise de fármacos, o

usual consumo de solventes nas etapas de purificação, entre outros aspectos,

coloca este setor como um importante gerador de resíduos (GR) (LINNINGER , et

al., 2000).

O risco industrial associado à emissão de resíduos pode variar muito, seja

em função da capacidade produtiva ou dos mecanismos de segurança

disponíveis (monitoração automática, segurança de armazenagem, etc.), seja em

função da linha de produtos, ou seja, das características das substâncias

químicas geradas (JARDIM, 1998).

Sob a ótica da perspectiva econômica, apenas as substâncias químicas

residuais dos processos de síntese ou purificação de fármacos pode ser por

definição, entendido como resíduo. Contudo do ponto de vista ambiental, tanto os

fármacos como seus metabólitos ativos, embora até recentemente tenham

recebido pouca atenção, são micro poluentes que vêm sendo alvos de estudos do

ponto de vista da exposição ao meio ambiente.

Quanto ao potencial de risco, os resíduos químico-farmacêuticos poderiam

ser divididos e sub-dividos da seguinte forma conforme Tabela 1:

Tabela 1: Potencial de risco dos resíduos químicos farmacêuticos.

19

O advento da globalização traz também necessidade de se estabelecer

padrões aceitáveis no que diz respeito a questões ambientais (Afonso et al.,

2003).

As normas de meio ambiente atendem às novas exigências do mercado,

em que o fator de preservação ambiental estará cada vez mais relacionado com a

aceitação dos produtos, logo, com ampliação de vendas e competitividade,

destacando-se nesse contexto a adoção das normas ISO 14000 – Gestão

Ambiental (Ahmad, Barton, 1999).

Assim sendo, o inerente potencial dos riscos envolvidos ao manejo de

substâncias químicas, aumenta a importância da implantação de programas de

gerenciamento de resíduos eficazes, a fim de evitar o comprometimento da

segurança e saúde de trabalhadores, população e meio ambiente (Montesano,

Hall, 2001; Sorensen et al., 1998). Tal importância tem influenciado agências

regulatórias de diversos países a endurecer as leis pertinentes à gestão

ambiental.

Em 2004 foi aprovado o regulamento técnico para o gerenciamento de

resíduos de serviços da saúde, a RDC 306, que traz diretrizes, incluindo:

segregação, acondicionamento, identificação, transporte, armazenamento,

tratamento, coleta e disposição final. Abrange todos os serviços relacionados, tais

como: laboratórios analíticos; necrotérios, funerárias e serviços de embalsamento;

drogarias e farmácias; distribuidores de produtos farmacêuticos; estabelecimentos

de ensino; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para

diagnóstico in vitro; centros de controle de zoonoses; unidades móveis de

atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre

outros similares (Blenkharn, 2006).

Entre as estratégias comuns adotadas por diversos tipos de unidades GR,

está a minimização dos resíduos gerados (Linninger, Chakraborty, Colberg,

2000), já que o reaproveitamento ou práticas de reciclagem são particularmente

limitados a indústrias farmacêuticas e de química fina, em função do elevado nível

de pureza desejado (Linninger, Chakraborty, 2001).

Reconhece-se, porém, que há uma forte interação entre adaptação do

processo e prevenção da poluição, fato que originou o conceito da química limpa

20

e tem fomentado a elaboração de vários propostas para o gerenciamento de

resíduos químicos (Imbroisi et al., 2006; Jabbour, Santos 2006; Gerbase et al.,

2005; Biniecka, Campana, Iannilli, 2005).

2.2.2 Resíduo Sólido

Os resíduos sólidos estão entre as principais preocupações da sociedade.

O crescimento da população, o desenvolvimento industrial e a urbanização

acelerada, atrelados à postura individualista da sociedade, vêm contribuindo para

o aumento do uso dos recursos naturais e para a geração dos resíduos. Na

maioria das vezes, esses resíduos são devolvidos ao meio ambiente, de forma

inadequada, levando à contaminação do solo e das águas, trazendo vários

prejuízos ambientais, sociais e econômicos.

NAUMOFF & PERES (2000) citam que os resíduos sólidos são originados

das atividades dos diversos ramos da indústria, tais como metalúrgica, química,

petroquímica, papeleira, alimentícia etc, sendo bastante variados, podendo ser

representados por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos,

papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmicas, dentre

outros.

A empresa geradora dos resíduos deve ser responsável pela separação

entre resíduos perigosos e resíduos comuns. Após a identificação e a sua

separação, os resíduos devem ser colocados em recipientes adequados, para

que se possa ter a sua coleta, tratamento e destinação final, de acordo com suas

características (SIQUEIRA, 2001).

Tais resíduos são classificados com base na sua periculosidade e

solubilidade. De acordo com a Norma Brasileira — NBR 10.004, os Resíduos

Classe I são perigosos, tendo periculosidade por inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade ou patogenicidade; os Resíduos Classe II são não-inertes,

podendo ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou

solubilidade em água; e os Resíduos Classe III são inertes, não representando

maiores problemas para a saúde pública ou riscos para o meio ambiente.

21

Atualmente, algumas indústrias brasileiras estão realizando programas

internos para reciclagem dos seus resíduos sólidos, pois a segregação do

material, ainda na fonte geradora, diminui o volume total de resíduos, reduz os

gastos operacionais e, em alguns casos, pode gerar uma nova receita para

indústria. A incineração de resíduos sólidos industriais é uma alternativa para

redução do seu volume, sendo bastante discutida. Os que a defendem

consideram que é uma forma de eliminar possíveis riscos para a saúde pública,

enquanto os que a combatem argumentam que a má operação dos incineradores

pode ser uma nova fonte de poluição / contaminação atmosférica (gases e

material particulado). Já disposição dos resíduos em aterros industriais é muito

utilizada, pois essas grandes escavações no terreno armazenam grande volume

desse material. Contudo, os aterros sanitários precisam ser construídos e

operados com grande segurança, para que não ocorra contato do material com o

solo ou percolação de líquidos para o aquífero livre.

2.2.3 Resíduos Líquidos

De acordo com a Norma Brasileira — NBR 9800/1987, efluente líquido

industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial,

compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração

poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico.

Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de

efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No

entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que

algumas indústrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar

a composição dos resíduos líquidos industriais. A vazão dos efluentes líquidos

industriais é relacionada com o tempo de funcionamento de cada linha de

produção e com as características do processo, da matéria-prima e dos

equipamentos, podendo ser constante ou bastante variada.

As características físicas, químicas e biológicas do efluente líquido

industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a

22

matéria-prima utilizada, com a reutilização de água etc. Com isso, o efluente

líquido pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração,

orgânico ou inorgânico, com temperatura baixa ou elevada (PEREIRA, 2001).

Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida

estão as determinações físicas (temperatura, cor, turbidez, sólidos etc.), as

químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais etc.) e as biológicas

(bactérias, protozoários, vírus etc.) (PEREIRA, 2001).

O conhecimento da vazão e da composição do efluente líquido industrial

possibilita a determinação das cargas de poluição / contaminação, o que é

fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na

legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor.

(VON SPERLING, 1995)

Segundo Pereira (2001), as tecnologias para tratamento dos efluentes

líquidos, ou águas residuais (esgoto), que são as águas com alterações

indesejáveis nas características, são classificadas em três grupos distintos de

processo:

• Processos biológicos;

• Processos físicos;

• Processos químicos.

Geralmente, esses grupos não atuam isoladamente e o processo mais

adequado ao seu efluente será definido a partir de alguns itens, como:

• As características dos efluentes a ser tratado;

• O atendimento as exigências legais;

• A área disponível;

• O custo envolvido.

2.2.4 Controle de Resíduos

A prevenção à poluição refere-se a qualquer prática que vise a redução

e/ou eliminação, seja em volume, concentração ou toxicidade, das cargas

poluentes na própria fonte geradora. Inclui modificações nos equipamentos,

23

processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos e

substituição de matérias primas e substâncias tóxicas que resultem na melhoria

da qualidade ambiental (FIGUEIREDO et al., 2000).

Qualquer que seja a solução adotada para o lançamento dos resíduos

originados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é fundamental

que a indústria disponha de sistema para tratamento ou condicionamento desses

materiais residuais.

Conforme Paulella & Scapim (1996), a gestão de resíduos deve estar

alicerçada sobre condições ambientais adequadas, em que sejam considerados

todos os aspectos envolvidos, desde a fonte geradora até a disposição segura,

assim como os aspectos de reciclagem máxima dos resíduos, buscando,

inclusive, incorporar as mudanças dos padrões de produção e consumo.

No caso das águas residuais, os efluentes industriais, águas pluviais e

esgotos sanitários não devem ser coletados na mesma tubulação, pois isso

dificulta e torna mais oneroso o tratamento dos efluentes líquidos industriais, que

passam a apresentar maior variação de vazão e composição ao longo do dia. O

ideal é encaminhar as águas pluviais e os esgotos sanitários diretamente para o

sistema público de drenagem e de esgotamento sanitário, respectivamente.

Por sua vez, os resíduos líquidos devem ser tratados na própria indústria,

antes do encaminhamento para a tubulação coletora de esgoto sanitário ou para o

corpo d’água, sendo preciso quantificar a vazão e determinar a composição dessa

massa líquida, a fim de definir o tipo do sistema de tratamento.

BRAILE & CAVALCANTI (1993) sublinham a importância de determinar as

concentrações de DQO e de DBO para definir o tipo de tratamento de uma água

residual, utilizando-se numa estimativa inicial.

HAMMER & HAMMER (1996) observam que, normalmente, indústrias

situadas na área urbana descarregam seus efluentes líquidos, após tratamento

prévio, no sistema de coleta de esgoto sanitário. Uma outra maneira de

disposição final dos efluentes líquidos tratados na indústria é o lançamento em

corpo d’água. Para isso é preciso uma avaliação criteriosa, pois o corpo d’água

não pode receber a carga poluente / contaminante superior à sua capacidade de

autodepuração.

24

No caso dos resíduos sólidos industriais, é preciso que o gerenciamento e

o manuseio sejam bem planejados para que esses materiais sejam rapidamente

removidos e destinados de forma adequada. Além disso, existe a possibilidade de

reutilização e reciclagem de parte dos resíduos sólidos antes da definição do

procedimento que será utilizado, ou seja, se os resíduos serão encapsulados,

incinerados ou dispostos em aterros industriais.

Alguns resíduos perigosos precisam ser encapsulados ou incinerados,

sendo essas duas alternativas dispendiosas e trabalhosas, especialmente em

razão dos perigos durante o manuseio, da necessidade de controle dos

subprodutos da incineração e da disponibilidade de espaço para armazenamento

do material encapsulado.

BONJAN (1999) observa que o problema dos passivos ambientais é uma

das características das sociedades industriais modernas, sendo o resultado de

muitas décadas de produção industrial despreocupada da eliminação dos seus

produtos. Os materiais tóxicos ou radioativos armazenados em aterros e em

deposições abandonadas apresentam grande poder contaminante no solo e

riscos à saúde pública, sendo que os passivos ambientais podem ser encarados

de forma mais ampla, já que a água (superficial e subterrânea) é um excelente

meio para conduzir as substâncias contaminantes até os seres vivos.

Por outro lado, a consolidação das leis ambientais e a participação da

sociedade aumentam a atuação e o rigor dos órgãos ambientais federal, estadual

e municipal, obrigando que as indústrias modifiquem as interações com o meio

ambiente ou, então, ampliem seu quadro jurídico para enfrentar possíveis

demandas no campo do direito ambiental. Para evitar esse tipo de situação, um

expressivo número de indústrias já implantou, ou está implantando, treinamentos

e auditorias internas para adequar suas atividades às exigências das normas

internacionais das séries ISO 9.000 (Sistema de Gestão da Qualidade) e ISO

14.000 (Sistema de Gestão Ambiental) de forma integrada.

25

2.2.5 Proteção dos Corpos D’água

O encaminhamento de águas residuais industriais para corpos d’água

precisa ser acompanhado de minucioso estudo e avaliação dos impactos

ambientais, do comprometimento da biota aquática e da capacidade de

autodepuração do corpo receptor. Isso resulta dos efluentes líquidos tratados,

líquidos percolados em aterros industriais e até mesmo da chamada chuva ácida,

que modificam a qualidade das águas, prejudicando as atividades nela

desenvolvidas pelo homem ou a ocasionando danos na fauna e na flora aquática.

Segundo VALENZUELA (1999), hoje, nossos rios e lagos são o destino

final dos efluentes industriais e do esgoto doméstico, estando seriamente

contaminados com metais pesados e esgotos, que dizimam muitos tipos de vida

aquática benéfica ao homem e também geram um ambiente propício a outras

espécies aquáticas não desejáveis. Esse autor complementa citando que os

aqüíferos freáticos também vêm sendo poluídos através de infiltração, de fossas

sépticas, sumidouros ou reservatórios de águas residuais industriais, disso

resultando contaminação de pessoas e animais que usam água subterrânea.

Em razão dos prejuízos econômicos, técnicos e ambientais, atualmente

existe grande mobilização da sociedade para cobrar das autoridades medidas

eficazes para proteção da qualidade e do uso dos corpos d’água. A participação

das organizações não governamentais (ONGs) é cada vez mais intensa, o mesmo

ocorrendo com a imprensa que constantemente publica matérias referentes a

impactos ambientais e às medidas legais que podem ser tomadas contra os

responsáveis.

AZEVEDO NETO et al. (1998) comentam que o uso industrial da água

pode ser dividido em 4 (quatro) grandes categorias, que são: água utilizada como

matéria-prima, água usada no processo industrial, água empregada para

resfriamento e água necessária para as instalações sanitárias, refeitórios etc.

Independentemente do tipo de fornecimento, é preciso incentivar a

utilização racional da água na unidade de processamento, pois a redução no

consumo de água resulta em menor geração de efluentes líquidos industriais,

26

sendo essa uma das formas de reduzir os custos operacionais e minimizar ou

eliminar a poluição / contaminação ambiental.

2.2.6 Legislação Ambiental

A Legislação ambiental é um poderoso instrumento colocado à disposição

da sociedade, a fim de que se faça valer o direito constitucionalmente assegurado

a todo o cidadão brasileiro de viver em condições dignas de sobrevivência, num

ambiente saudável e ecologicamente equilibrado (Barros, 2002).

A Constituição Federal, promulgada em 1988, garante a necessidade da

proteção ambiental, ao definir, em seu artigo 225: “Todos tem o direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à

sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservar para as presentes e futuras gerações” (Brasil, 1995).

Em resumo, a indústria farmacêutica irá pagar pela água que utiliza e pela

quantidade de efluente lançado no recurso hídrico.

De acordo com Macêdo (2000), apesar de a legislação ser considerada

moderna, é necessária uma fiscalização mais rígida e com maior freqüência.

Cabe ao consumidor escolher produtos de boa qualidade, de empresas cujas

linhas de produção não degradem o meio ambiente.

A empresa que gera impactos ambientais, através de suas linhas de

produção, além de infringir a legislação vigente e ter que pagar os custos desta

infração, vai se desgastar perante o público consumidor. Enquanto isso, outras

marcas estarão disponíveis no mercado, identificando se junto ao público, através

de um chamado “rótulo ecológico”, como proposto pela revista da ABNT, em

janeiro/ fevereiro de 1996. Esse rótulo atesta que determinados produtos são

adequados ao uso e apresentam menor impacto ambiental em relação aos seus

concorrentes (Macêdo, 2000).

Diante de todas essas exigências, empresas irão utilizar o SGA (Sistema

de Gestão Ambiental) como uma vantagem competitiva em vendas. Para a

indústria farmacêutica, o SGA é garantia junto ao mercado consumidor de que

27

este encontrará um fármaco de qualidade, fabricado de forma a não degradar o

meio ambiente ao redor de suas instalações, contribuindo para uma melhor

qualidade de vida das futuras gerações.

A implantação de Sistema de Gestão Ambiental em uma empresa garante

a redução da carga poluidora gerada, porque envolve a revisão do processo

produtivo com vistas à melhoria contínua do desempenho ambiental da

organização, resultando em redução do consumo de matéria-prima e insumos e

das emissões de poluentes e resíduos. A certificação desses sistemas é um

mecanismo que permite que se formalize a internalização do sistema (MAZZER,

2004).

2.3 Princípio Ativo

O princípio ativo de um medicamento é o elemento da formulação que

causa os efeitos terapêuticos esperado, ação biológica e inclusive as ações

tóxicas, e é também denominado de fármaco.

2.3.1 Princípio Ativo Relacionado ao Trabalho

As principais características físicas do princípio ativo utilizado no

medicamento para epilepsia, são: Sólido branco amarelado, inodoro, densidade

de 1,34 kg/dm³, ponto de fusão entre 189-193®C, muito pouco solúvel em água.

Em relação aos perigos que esta proporciona podemos destacar: é nocivo

quando ingerido, pode provocar reação alérgica cutânea, nocivo para vida

aquática e muito tóxico para os organismos aquáticos com exposição a longo

tempo (Hazard Statements, H303, H317, H402 e H410). De acordo com a EC

Label este princípio ativo é nocivo (Xn). Segundo as Risk Phrases podemos citar:

R40- possibilidade de efeitos cancerígenos, R43- Pode causar sensibilização em

28

contato com a pele, R52/53- Nocivo ao organismo aquático, podendo causar em

longo prazo efeitos negativos ao ambiente aquático.

O Fato mais preocupante em relação ao principio ativo que nos leva a este

presente trabalho é em relação aos danos a vida aquática, pois no processo de

fabricação, certa quantidade deste princípio ativo é enviada ao ETE e o problema

está em não saber exatamente a quantidade de resíduo eliminado e se este valor

está de acordo com a legislação.

Na tabela 2, encontram-se as principais características deste princípio

ativo.

Tabela 2: Características do Princípio Ativo.

Características Princípio Ativo

Aspecto Pó cristalino branco até levemente amarelado

inodoro.

Peso molecular 236,3

Ponto de fusão 189-193 ºC

Densidade 590 kg/m³ bulk

Categoria de estocagem 20.2

LD50 (toxicidade) >3850mg/kg oral rat

LC50 (toxicidade aquática) 43 mg/l

Solubilidade Água: 0,12 g/l 25 ºC

Inflamabilidade e explosão

O produto é combustível. O produto acumula carga eletrostática.

Quando envolvido em incêndio, combater com pó químico seco, gás carbônico ou água na forma de

neblina. Quando exposto ao calor ou chama, decompõe-se

emitindo fumos tóxicos.

Estocagem Armazenar em local seco e arejado, em recipientes bem fechados.

Toxicidade O produto é muito tóxico.

Evitar contato com a pele e olhos, assim como a inalação.

(FONTE: Plano Mestre de Fabricação - Dados de Segurança, 2012)

29

2.4 PROCESSO INDUSTRIAL

Processo é um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos

(Campos, 1992) ou qualquer atividade que recebe uma entrada, agrega-lhe valor

e gera uma saída para um cliente interno ou externo, fazendo uso dos recursos

da organização para gerar resultados concretos (Harrington, 1993). Na indústria

farmacêutica de hoje, o controle de processo está cada vez mais sincronizado

com outras operações, controles de fabricação, e aplicações de gerenciamento de

projeto (Abel, 2002).

A atenção rigorosa aos requisitos de Boas Práticas de Fabricação (BPF) de

medicamentos tem colocado as empresas sob vigilância constante no que

concerne aos seus sistemas de qualidade. As BPF são aplicáveis a todas as

operações envolvidas na fabricação de medicamentos, e o cumprimento das BPF

está dirigido primeiramente para a diminuição dos riscos inerentes a qualquer

etapa da produção de uma forma farmacêutica, os quais não podem ser

detectados através da realização dos ensaios nos produtos acabados (Brasil,

2003; FDA, 2006).

A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adota a garantia de

qualidade para o medicamento, que consiste no acompanhamento de todo o

processo desde a aquisição de uma matéria-prima farmacêutica pelo fabricante

até sua transformação em um produto acabado à disposição do consumidor

(Nunes et al., 2005).

A ANVISA, para essa finalidade, conta com a existência de legislação

regulamentando todas as etapas da cadeia do medicamento e executa ações de

fiscalização para avaliar a qualidade dos processos produtivos de fabricação, das

condições de armazenagem, transporte e consumo desses produtos (Martins &

Penna, 2004).

30

2.4.1 Processo de Fabricação do Princípio Ativo

Em relação ao processo de fabricação deste princípio ativo, em linhas

gerais é a reação entre duas diferentes matérias-primas, que reagem em meio a

um solvente na presença de um catalisador ácido. Esta reação é exotérmica e se

dá dentro de um reator. Depois desta etapa, água comum é adicionada para fazer

a extração da fase orgânica e cristalização do produto. Este produto é então

centrifugado e seco, obtendo assim o princípio ativo na fase crua. Após esta

etapa de síntese, inicia-se a purificação do produto através da solubilização deste

em solvente específico, seguido de uma filtração em carvão ativo até o ponto

desejado. O produto obtido após a filtração é então centrifugado, seco e moído.

Obtendo-se assim o princípio ativo, na fase pura (final), utilizado no medicamento

para tratamento de epilepsia. (Plano Mestre de Fabricação da Indústria

Farmacêutica, 2012).

Figura 1: Fluxograma do processo de fabricação do princípio ativo.

31

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Pesquisa

O método de pesquisa adotado para esse trabalho foi a Pesquisa

Experimental.

A pesquisa experimental constitui o delineamento mais prestigiado nos

meios científicos. Consiste essencialmente em determinar um objeto de estudo,

selecionar as variáveis capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e

de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Trata-se, portanto, de

uma pesquisa em que o pesquisador é um agente ativo, e não um observador

passivo (GIL, 2007). Este tipo de pesquisa é caracterizada pela clareza, precisão

e parcimônia que o objetivo é determinado e também nos resultados alcançados.

Neste trabalho a pesquisa experimental foi dividida em duas partes:

• Identificação (Qualitativa)

• Quantificação

3.2 Identificação

Esta primeira etapa da pesquisa experimental foi realizada com o objetivo

de levantar os dados qualitativos do processo de produção do princípio ativo

utilizado no remédio para tratamento de epilepsia. Para isto, foi feito um

acompanhamento do processo desse princípio ativo na área de fabricação da

indústria farmacêutica do presente trabalho, onde foram feitos o mapeamento e a

identificação das fontes emissoras do resíduo para ETE.

O mapeamento foi divido em três etapas, de acordo com o processo de

fabricação: Etapa de síntese (crua), Etapa de purificação (pura) e etapa de

recuperação (2ª Fração).

32

3.2.1 Etapa de Síntese

Figura 2: Fluxograma da etapa de síntese do princípio ativo.

A etapa de síntese do produto se inicia com a suspensão de duas

matérias-primas diferentes em um solvente onde é feita a adição de um

catalisador ácido dando início a uma reação exotérmica. Essa reação se dá em

um reator. Nesta etapa foram mapeadas duas atividades com emissão de resíduo

para ETE – amostragem e verificação do pH. Em ambas as atividades, amostras

são retiradas para avaliação e depois são despejadas em um reservatório

plástico. Esse resíduo é incinerado, porém durante a lavagem do reservatório

33

plástico há descarte de resíduo para ETE, e o mesmo ocorre com os utensílios

utilizados para retirada da amostra.

Depois dessa etapa é feita a extração da fase orgânica e cristalização do

produto através da adição de água. O produto é então transferido, por tubulações

em sistema fechado, para uma centrífuga. Por se tratar de uma transferência em

sistema fechado não ocorre perda de resíduo para ETE. Porém após a

centrifugação o produto é descarregado manualmente para carrinho inox. Durante

o descarregamento foram detectadas quatro fontes de perda de resíduo para

ETE. Todas essas fontes estão relacionadas com a lavagem de utensílio ou com

a lavagem do chão ao redor do equipamento de centrifugação. Ainda na etapa de

centrifugação outra fonte de perda de resíduo para ETE foi mapeada: trata-se da

água da 3ª e 4ª lavagens da torta que é eliminada para ETE. Água de lavagem da

torta é a água retirada após a centrifugação. A água retirada na 1ª e 2ª lavagens

da torta são reutilizadas para fazer recuperação do solvente, já a água da 3ª e 4ª

lavagem são diretamente eliminadas para ETE. Depois de encerrada a etapa de

centrifugação é feita a limpeza do equipamento e durante esse processo há

eliminação de resíduo para a ETE juntamente com a água utilizada na limpeza,

adicionando mais uma fonte de descarte de resíduo nesta atividade.

O produto centrifugado é levado, através do carrinho inox, para o secador.

Para se iniciar a etapa de secagem, carrega-se o secador manualmente. No

descarregamento do carrinho inox três fontes de perda de resíduo para ETE

foram mapeadas. Estas fontes estão relacionadas com a lavagem do utensílio

utilizado e o chão ao redor do secador. Encerrada a etapa de secagem uma

amostra é retirada para análise e o utensílio utilizado quando lavado gera resíduo

para a ETE. Após a secagem, conclui-se a etapa de síntese obtendo o princípio

ativo na etapa crua do processo. A partir deste produto cru, inicia-se a purificação

do produto.

As fontes de perda de resíduo para ETE da etapa de síntese podem ser

melhores visualizadas na tabela 3:

34

Tabela 3: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Síntese

IDENTIFICAÇÃO - ETAPA DE SÍNTESE

Equipamento Etapa do processo Atividade Fonte de Perda

Reator Crua Amostragem Lavagem do frasco com resíduo de amostra

Reator Crua Amostragem Lavagem do reservatório plástico com resíduo de amostra

Reator Crua Verificação de pH Lavagem do frasco com resíduo de amostra

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem de concha com resíduo

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor da centrífuga com resíduo

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem do chão abaixo da centrífuga com resíduo

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem do funil de transferência para carrinho

Container Crua 3º Lavagem da Torta

Princípio ativo solubilizada na água de lavagem

Container Crua 4º Lavagem da Torta

Princípio ativo solubilizada na água de lavagem

Centrífuga Crua Limpeza Água de lavagem com resíduo

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem da concha com resíduo de produto

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor do funil de carregamento

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor do secador

Amostragem Crua Amostragem Lavagem da espátula

35

3.2.2 Etapa de Purificação

Figura 3: Fluxograma da etapa de purificação do princípio ativo.

A etapa de purificação do princípio ativo utilizado para a fabricação de

remédio para epilepsia se inicia com a solubilização do produto da etapa de

síntese em solvente específico. Esse processo ocorre em um reator, que ao ser

carregado com o produto cru se torna uma fonte de perda de resíduo para ETE.

36

As três fontes detectadas nesta etapa de carregamento do reator estão

relacionadas com a lavagem dos utensílios utilizados e do chão ao redor do

equipamento. Este reator utilizado, quando lavado também elimina resíduos para

ETE.

O produto do reator é transferido por tubulações em sistema fechado para

dois diferentes filtros. Durante a filtração (filtro robocop) o solvente eliminado

possui resíduos do princípio ativo, tornando-se uma fonte de perda de resíduo.

Outras duas fontes de perda nesta etapa são as lavagens, tanto do filtro robocop

quanto do segundo filtro utilizado nesta atividade.

O produto da filtração é levado para a etapa de centrifugação, por sistema

fechado de tubulações. Nessa etapa a única fonte de perda de resíduo está na

limpeza da centrífuga, onde a água de limpeza com resíduo é diretamente

eliminada na ETE. Nessa centrifugação do produto puro o descarregamento é

realizado automaticamente em sistema fechado para carrinho inox, não havendo

perda de resíduo. As águas de lavagem da torta são coletadas em tanques para a

recuperação do princípio ativo – 2ª fração e solvente.

Depois de ser centrifugado o princípio ativo puro, armazenado no carrinho

inox, é levado para o equipamento de secagem, o duplocone. Na etapa de

descarregamento do carrinho inox para o duplocone há perda de resíduo para

ETE na lavagem do carrinho inox e também do chão ao redor do secador. Depois

de encerrar a etapa do duplocone, uma amostra é retirada e os utensílios

utilizados para esta análise também é uma fonte de perda de resíduo para ETE,

além da água de limpeza do equipamento de secagem após a utilização. O

descarregamento do produto seco para o tambor inox é feito em sistema fechado,

não se tronando uma fonte de perda.

Após terminar a secagem do produto, inicia-se a última etapa para obter o

princípio ativo final. Esta consiste na moagem do produto. Durante o

carregamento do silo, há fonte de perda de resíduo na lavagem do chão ao redor

dessa parte do equipamento. Nessa fase, antes de começar a moagem, é retirada

uma amostra para análise, a lavagem dos utensílios utilizados é uma fonte de

perda de resíduo. A etapa de moagem é uma das principais fontes de perda de

resíduo para ETE, que ocorre na limpeza do moinho. Ainda relacionado com a

moagem há duas outras fontes de perda, a lavagem dos utensílios utilizados para

37

retirada de uma amostra para análise do lote final, após a moagem, e a lavagem

do tambor inox onde o princípio ativo estava armazenado antes da moagem.

As fontes de perda de resíduo para ETE da etapa de purificação podem ser

melhores visualizadas na tabela 4:

Tabela 4: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Purificação

IDENTIFICAÇÃO - ETAPA DE PURIFICAÇÃO

Equipamento Etapa do processo Atividade Fonte de Perda

Reator Pura Carregamento Lavagem do chão ao redor do reator

Reator Pura Carregamento Lavagem da concha com resíduo

Reator Pura Carregamento Lavagem do funil de transferência

Reator Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Filtro (Robocop) Pura Lavagem Solvente de Limpeza

Filtro Pura Lavagem Lavagem do filtro com resíduo

Reator Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Centrífuga Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Carrinho Inox Pura Descarregamento Lavagem do Carrinho

Duplocone Pura Carregamento Lavagem do chão com resíduo

Duplocone Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Amostragem Pura Amostragem Lavagem da Sonda e vidro com resíduo

Tambor Inox Pura Descarregamento Lavagem do chão ao redor do Silo

Amostragem Pura Amostragem Lavagem da Sonda e vidro

Moinho Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Tambor Inox Pura Lavagem do Tambor Lavagem do tambor com resíduo

Amostragem Lote Final Amostragem Lavagem da espátula

38

3.2.3 Etapa de Recuperação

Figura 4: Fluxograma da etapa de recuperação do princípio ativo.

A etapa de recuperação é baseada na extração do princípio ativo presente

na água de lavagem da torta, armazenada em tanques coletores, após a

centrifugação da etapa pura. Esta etapa se inicia em um reator onde o solvente

recuperado é retirado e o produto é transferido para uma centrífuga por

tubulações, em sistema fechado. A única fonte de perda nessa etapa é a água de

limpeza do reator.

Na etapa de centrifugação, existem duas fontes de perdas de resíduo para

ETE, a primeira é a água da centrifugação que é eliminada diretamente do

container para ETE. Já a segunda está relacionada com a limpeza do

equipamento de centrifugação. O produto desta etapa é transferido em sistema

fechado para carrinho inox, não havendo perda de resíduo.

O princípio ativo armazenado no carrinho inox é descarregado em um

secador, nesse processo há perda de resíduo para ETE na lavagem do carrinho

inox e do utensílio utilizado para fazer o carregamento do equipamento de

39

secagem. Ainda nesta etapa foram mapeadas outras duas fontes de perda do

resíduo, ambas estão relacionadas com a lavagem do chão ao redor do secador,

uma devido ao carregamento e outra com o descarregamento do equipamento de

secagem.

O produto recuperado é chamado de 2ª fração. Este é adicionando na

etapa crua do próximo lote a ser produzido.

As fontes de perda de resíduo para ETE da etapa de recuperação podem

ser melhores visualizadas na tabela 5:

Tabela 5: Fontes de perda de resíduo para ETE durante Etapa de Recuperação

IDENTIFICAÇÃO - ETAPA DE RECUPERAÇÃO

Equipamento Etapa do processo Atividade Fonte de Perda

Reator 2a Fração Limpeza Água da limpeza com resíduos

Container 2a Fração Centrifugação Água da centrifugação

Centrífuga 2a Fração Limpeza Água da limpeza com resíduos

Carrinho Inox 2a Fração Descarregamento Lavagem do carrinho

Secador 2a Fração Carregamento Lavagem da concha

Secador 2a Fração Carregamento Lavagem do chão com produto

Secador 2a Fração Descarregamento Lavagem do chão com produto

3.3 Quantificação

Esta segunda etapa da pesquisa experimental foi realizada com o objetivo

de quantificar o resíduo eliminado para ETE em cada atividade. Para isto se fez

necessário definir a melhor forma de medição para cada atividade onde há perda

40

de resíduo. Para quantificar o produto foram previamente definidas três maneiras

distintas: Pesagem do utensílio, Amostra analisada pelo controle de qualidade,

estimativa através da marcação da área.

3.3.1 Pesagem do Utensílio

Em algumas atividades, do total detectada na etapa de identificação, a

perda de resíduo se deu devido à lavagem dos utensílios utilizados para retirada

de amostra ou transferência de material. Para quantificar essa massa de resíduo

liberado para a ETE foi realizada a pesagem do utensílio. Este processo foi

realizado de duas maneiras distintas.

A primeira foi baseada na diferença de peso do utensílio momentos antes

da utilização e após a atividade concluída. Com isto pode-se concluir que a

diferença na pesagem antes e após a utilização do utensílio, resulta na massa de

princípio ativo liberado para ETE.

A segunda maneira foi aplicada em utensílios de grande porte onde a

pesagem seria inviável para a precisão desejada. Utensílios como: carrinho inox,

tambor inox e reservatório plástico. Para a medição foi utilizada a operação de

filtração. Normalmente, a água de lavagem destes utensílios é eliminada

diretamente para a ETE assim que a atividade vai sendo realizada. Durante o

projeto em cada atividade onde havia eliminação de resíduo, a água de lavagem

do utensílio foi armazenada em um recipiente e após acumular toda a água que

foi utilizada em determinada atividade, fez-se a filtração a vácuo desta água em

papel de filtro faixa branca previamente pesado. Depois de ter o papel de filtro

com o resíduo seco, fez-se novamente a pesagem obtendo-se a diferença de

massa, que é a quantidade de resíduo eliminada para a ETE nessa atividade.

A tabela 6 mostra as atividades em que a pesagem do utensílio foi à forma

de medição utilizada e a etapa do processo.

41

Tabela 6: Atividade com fonte de perda quantificada por pesagem do utensílio

QUANTIFICAÇÃO - PESAGEM DO UTENSÍLIO

Equipamento Etapa do Processo Atividade Fonte de Perda

Reator Crua Amostragem Lavagem do frasco com resíduo de amostra

Reator Crua Amostragem Lavagem do reservatório plástico com resíduo de amostra

Reator Crua Verificação de pH Lavagem do frasco com resíduo de amostra

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem de concha com resíduo

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem da concha com resíduo de produto

Amostragem Crua Amostragem Lavagem da espátula

Reator Pura Carregamento Lavagem da concha com resíduo

Reator Pura Carregamento Lavagem do funil de transferência

Filtro Pura Lavagem Lavagem do filtro com resíduo

Carrinho Inox Pura Descarregamento Lavagem do Carrinho

Amostragem Pura Amostragem Lavagem da Sonda e vidro com resíduo

Amostragem Pura Amostragem Lavagem da Sonda e vidro

Tambor Inox Pura Lavagem do Tambor Lavagem do tambor com resíduo

Amostragem Lote final Amostragem Lavagem da espátula

Carrinho Inox 2a Fração Descarregamento Lavagem do carrinho

Secador 2a Fração Carregamento Lavagem da concha

3.3.2 Amostra Analisada pelo Laboratório de Control e de Qualidade

Em algumas atividades do processo mapeado notou-se que o resíduo é

eliminado juntamente com a água ou algum tipo de solvente. Este é um caso

comum, como visto na etapa de identificação, nas águas de limpeza, lavagem,

centrifugação ou solvente de limpeza. Para determinar a quantidade de resíduo

que é eliminado para a ETE nestas atividades, amostras do líquido total eliminado

foi coletado e levado para o laboratório de controle de qualidade, da empresa

42

farmacêutica, para análise. No laboratório foi determinada a concentração de

resíduo em cada amostra e com este dado foi possível fazer uma estimativa do

valor total que é lançado na ETE. Este cálculo e baseado na quantidade média de

água utilizada e eliminada em cada atividade que foi mapeada como fonte de

perda de princípio ativo para ETE.

A tabela 7 mostra as atividades em que a amostra com resíduo foi

analisada pelo laboratório de controle de qualidade da empresa como forma de

medição e as etapas do processo.

Tabela 7: Atividade com fonte de perda quantificada por amostras analisadas no

laboratório de controle de qualidade.

QUANTIFICAÇÃO - AMOSTRA ANLISADA NO LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE

Equipamento Etapa do Processo Atividade Fonte de Perda

Centrífuga Crua Descarregamento Solvente de limpeza do funil de transferência para carrinho

Container Crua 3º Lavagem da Torta

Princípio ativo solubilizada na água de lavagem

Container Crua 4º Lavagem da Torta

Princípio ativo solubilizada na água de lavagem

Centrífuga Crua Limpeza Água de lavagem com resíduo

Reator Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Filtro (Robocop) Pura Lavagem Solvente de Limpeza

Reator Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Centrífuga Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Duplocone Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Moinho Pura Limpeza Água da limpeza com resíduos

Reator 2a Fração Limpeza Água da limpeza com resíduos

Container 2a Fração Centrifugação Água da centrifugação

Centrífuga 2a Fração Limpeza Água da limpeza com resíduos

43

3.3.3 Estimativa por Marcação da Área

Como mostrado na etapa de identificação durante o mapeamento das

atividades com fonte de perda de resíduo para ETE, muitos casos estão

relacionados com a lavagem do chão ao redor do equipamento a ser utilizado

durante determinada atividade. Isto se deve ao fato de que muitos carregamentos

ou descarregamentos são feitos manualmente, havendo assim perdas do

princípio ativo durante a transferência de um recipiente para o equipamento ou na

atividade inversa.

No dia-a-dia do processo de fabricação do princípio ativo uma quantidade

significante de resíduo se acumula no chão ao redor destes equipamentos.

Portanto antes de fazer a lavagem do chão é feita uma varrição para retirada do

excesso de produto acumulado. Este excesso retirado com o auxilio de uma

vassoura adequada é levado para a incineração e o restante que ficou depositado

no chão é eliminado para ETE durante a lavagem do chão.

Para quantificar a massa de princípio ativo enviada para a ETE nessas

atividades foi realizado o seguinte procedimento: Fez-se com base nos desenhos

de projeto da área de fabricação e auxilio do software AutoCAD uma estimativa

da área ao redor ou embaixo de cada equipamento onde há perda de resíduo.

Com essa área determinada foi realizada uma simulação de como ocorre no dia-

a-dia de produção. Pesou-se cerca de dez gramas do princípio ativo, relacionada

com a etapa do processo da atividade, e espalhou em um quadrado de 0,01 m2

(10cm x 10cm). Após ter o produto na área, foi realizada uma retirada do excesso

de produto com o auxílio de uma vassoura adequada, como é feito normalmente

no processo de fabricação. A massa então retirada, como excesso, foi pesada e a

diferença quando comparada com a massa inicial de dez gramas é então a massa

de resíduo que vai ficar no chão e ser enviada para a ETE quando o mesmo for

lavado. Esta massa é relativa ao quadrado de 0,01 m2, para estimar a quantidade

de princípio ativo liberado para ETE em cada atividade, faz-se o cálculo baseado

na área total determinada previamente relacionado com a massa encontrada na

medição.

44

A tabela 8 mostra as atividades em que a estimativa por marcação da área

ao redor do equipamento foi a forma de medição utilizada e a etapa do processo.

Tabela 8: Atividade com fonte de perda quantificada por estimativa da área ao

redor do equipamento

QUANTIFICAÇÃO - ESTIMATIVA POR ÁREA

Equipamento Etapa do Processo Atividade Fonte de Perda

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor da centrífuga com resíduo

Centrífuga Crua Descarregamento Lavagem do chão abaixo da centrífuga com resíduo

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor do funil de carregamento

Carrinho Inox Crua Descarregamento Lavagem do chão ao redor do secador

Reator Pura Carregamento Lavagem do chão ao redor do reator

Duplocone Pura Carregamento Lavagem do chão com resíduo

Tambor Inox Pura Descarregamento Lavagem do chão ao redor do Silo

Secador 2a Fração Carregamento lavagem do chão com produto

Secador 2a Fração Descarregamento lavagem do chão com produto

45

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a definição do projeto, o processo de fabricação foi mapeado para

levantar os dados qualitativos. As fontes emissoras de resíduo do princípio ativo

para ETE foram identificadas. A próxima etapa do processo consistiu na definição

da melhor forma de medição da quantidade de resíduo que era eliminado em

cada atividade previamente demarcada como fonte de perda de resíduo para

ETE.

Todas as medições foram realizadas três vezes em cada etapa e a média

dos valores encontrados foi considerada como resultado final. Com os resultados

obtidos foi possível visualizar que a etapa de purificação é onde se elimina a

maior quantidade de princípio ativo para a ETE, sendo responsável por

aproximadamente 45% de toda a massa eliminada. E quando relacionada à forma

de medição, as amostras analisadas pelo laboratório de controle de qualidade

eliminam cerca de 44% do total.

Este cálculo foi realizado comparando a massa total gerada no processo

com a massa de cada etapa, segundo a equação abaixo:

% da etapa = (massa da etapa x 100) / massa total gerada no processo

As tabelas 9 e 10 mostram a porcentagem referente a cada etapa de

produção e cada forma de medição, respectivamente.

Tabela 9: Porcentagem de massa eliminada em cada etapa da produção

do princípio ativo utilizado na fabricação do remédio para epilepsia.

Resultado em % por etapa

Etapa de Síntese - Crua 35,6%

Etapa de Purificação - Pura 45,8%

Etapa de Recuperação - 2a Fração 18,6%

46

Tabela 10: Porcentagem de massa eliminada de acordo com a forma de

medição.

Resultado em % por forma de medição

Pesagem do Utensílio 41%

Amostra analisada pelo CQ 44%

Estimativa da área 15%

O resultado obtido após as medições foi então comparado com o valor

permitido pela legislação ambiental vigente no Brasil. Trata-se de um dado

confidencial da empresa onde o trabalho foi realizado, por isso os valores em

massa não estão disponíveis neste trabalho. Este cálculo foi realizado com base

na massa total eliminada durante a produção do princípio ativo e a quantidade de

água que se utiliza durante a fabricação. Comparando-se os dados, o resultado

foi satisfatório. A quantidade de resíduo que é liberada para ETE durante a

produção do princípio ativo utilizado na fabricação do remédio para epilepsia está

14,25% abaixo da quantidade em massa que é permitido pela legislação. Os

limites determinados pela lei vigente no Brasil são baseados nas seguintes leis:

Lei N°7804, de 18 de Julho de 1989 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, lei N°9.974, de 6 Junho de 2000, que dispõe sobre Resíduos

Industriais, em conjunto com a Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de

2005 que diz: Art. 24. “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão

ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, apos o devido

tratamento e desde que obedeçam as condições, padrões e exigências dispostos

nesta Resolução e em outras normas aplicáveis”. Vale ressaltar que a planta de

fabricação da indústria mencionada neste trabalho está localizada em um site

pertencente a outra empresa, a qual é responsável da ETE. A água de todo o site

é tratada conjuntamente, visando a adequação desta, para ser despejada,

obedecendo as condições e padrões exigidos.

Por se tratar de um processo de fabricação onde os equipamentos não são

os mais modernos disponíveis no mercado e muitas das atividades são realizadas

de forma manual, não se pode propor melhorias de forma a otimizar o processo,

porém foram propostas formas de diminuir a quantidade de resíduo eliminado de

forma a considerar a sustentabilidade do processo e da empresa.

47

As melhorias foram identificadas durante o mapeamento de cada atividade

que compõe o processo de fabricação. Porém as propostas de melhorias ainda

não foram implementadas e não se tem dados estatísticos de quanto se pode

diminuir em ralação a massa eliminada para ETE.

As propostas de melhorias no processo de fabricação deste princípio ativo

foram:

• Utilização de um aspirador de pó na etapa de moagem. Durante esta

etapa grande quantidade de massa do princípio ativo é liberada para

ETE no processo de limpeza do equipamento. Foi então proposto a

utilização do aspirador de pó antes da lavagem do equipamento.

Assim irá diminuir a quantidade de pó que é eliminada na limpeza do

equipamento. E o princípio ativo que é capturado pelo aspirador de

pó será incinerado.

• Armazenagem da água que é liberada na limpeza dos utensílios.

Neste trabalho foi visto que os utensílios utilizados no processo de

fabricação, quando lavados liberam grande quantidade de resíduo

do princípio ativo para ETE. Por isto foi proposto que ao invés de

fazer a lavagem em recipiente onde a água vai direto para a ETE,

armazenar a água utilizada em um tambor de plástico e depois de

cheio, fazer a filtração desta água. Como o princípio ativo não e

solúvel em água a temperatura ambiente, este irá ficar retido no filtro

e pode ser levado depois para a incineração.

Estes foram dois pontos de melhoria a ser considerado e de fácil acesso

para a implementação, sendo que não haverá nenhum impacto negativo no

andamento do processo de fabricação do princípio ativo.

48

5 CONCLUSÕES

A metodologia utilizada neste trabalho não traz resultados tão precisos

quanto se espera em uma pesquisa experimental. Porém, por se tratar de um

processo de fabricação onde cada lote pode ter valores diferentes de quantidade

de massa de resíduo liberado para ETE, o resultado torna-se uma média

aproximada que foi comparada com o limite requerido pela legislação vigente no

Brasil.

Quanto à comparação dos valores, pode-se concluir que o processo de

fabricação do princípio ativo utilizado no remédio para epilepsia da indústria

farmacêutica obedece a legislação vigente no Brasil e está dentro do limite

estabelecido pelos “guidelines” de saúde, segurança e meio ambiente da

empresa.

Por fim, conclui-se que um resultado satisfatório foi encontrado, no

desenvolvimento deste projeto, em relação a quantidade de resíduo liberado no

processo de fabricação do princípio ativo utilizado no remédio para epilepsia. Mas

com melhorias no processo este resultado pode ainda ser melhor e isto deve ser

feito pensando principalmente no meio ambiente.

49

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