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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA Estudo do impacto da construção de duas barragem na dinâmica populacional de mosquitos (Diptera: Culicidae) na Região Metropolitana de São Paulo Frederico Alves d'Avila Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a obtenção do título de Mestre em Saúde Pública Área de Concentração: Epidemiologia Orientador: Prof.Dr. Almério de Castro Gomes São Paulo 2011 1

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Estudo do impacto da construção de duas barragem na

dinâmica populacional de mosquitos (Diptera: Culicidae) na Região

Metropolitana de São Paulo

Frederico Alves d'Avila

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a obtenção do título de Mestre em Saúde Pública

Área de Concentração: EpidemiologiaOrientador: Prof.Dr. Almério de Castro Gomes

São Paulo

2011

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Estudo do impacto da construção de duas barragem na

dinâmica populacional de mosquitos (Diptera: Culicidae) na Região

Metropolitana de São Paulo

Frederico Alves d'Avila

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a obtenção do título de Mestre em Saúde Pública

Área de Concentração: EpidemiologiaOrientador: Prof.Dr. Almério de Castro Gomes

São Paulo

2011

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Agradecimentos

Aos meus pais, Jesuíno e Suely, razão pela qual existo. À minha família,

pelo apoio e incentivo e confiança

À Mari, pelo companheirismo e pelo amor. Ao nosso futuro!

Ao Professor Dr. Almério de Castro Gomes, pela orientação.

Ao Professor Dr. Delsio Natal, por ter me mostrado a saúde pública e me

trazido à entomologia médica.

Ao Professor Dr. José Maria Soares Barata e aos biólogos Walter Ceretti

Junior, Paulo Roberto Urbinatti e Fredy Galvis pela amizade, pelas ajudas e

pela paciência.

A todos os companheiros de Entomologia Médica, em especial aos biólogos

Márcia Bicudo de Paula e Aristides Fernandes.

A todos que me ajudaram, direta ou indiretamente, na realização dessa

pesquisa.

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Mestrado que permitiu que essa

dissertação acontecesse.

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Resumo

Assim como qualquer empreendimento que altera localmente o regime de

águas, a construção de barragens de abastecimento modifica a ecologia dos

culicídeos, podendo levar ao aparecimento de surtos. Foi comparado como foi a

resposta dessa comunidade na construção das barragens de Biritiba-Mirim e

Paraitinga, entre 2002 e 2005. Ambas fazem parte do Sistema Produtor do Alto

Tietê, responsável pelo abastecimento da maior parte da região metropolitana de

São Paulo. A amostragem aconteceu pelo método de Armadilha de Shannon, a

partir dos dados coletados foram calculados índices dos componentes ecológicos,

como riqueza, constância, abundância, similaridade e outros. A análise destes

componentes revelou que a fauna de mosquitos das duas barragens possuíam

estágios iniciais diferentes, logo tiveram reações diferentes ao impacto. Em

Biritiba-Mirim estava presente uma fauna silvícola, que diminuiu grandemente com

a inundação, enquanto a fauna associada a macrófitas e a criadouros temporários

cresceram, isso levou a diminuição da diversidade no período estudado. Em

Paraitinga a fauna silvícola era reduzida, então as modificações, qualitativa e

quantitativas foram pequenas. Foram encontradas as seguinte espécie de

importância médica: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi, Anopheles albitarsis

s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles cruzii, Anopheles

lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia squamipennis,

Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis, Limatus

durhami, Aedes scapularis e Aedes serratus.

Palavras-chave: ecologia, vetores, culicidae, lago artificial, Tietê

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Abstract

Like any enterprise that locally modify the water regime, the construction of

dams supply modifies the ecology of Culicidae, which may lead to the emergence

of epidemic outbreaks. In the present study was studied and compared as was the

response of this community in the construction of dams and Paratirinda Bitiriba-

Mirim, between 2002 and 2005. Both are part of the Alto Tiete System Producer,

responsible for supplying most of metropolitan Sao Paulo. Sampling took place at

Shannon trapping method, based on data collected were calculated index of

ecological components, such as wealth, constancy, abundance, similarity, and

others.The analysis of these components revealed that the faunas of the two dams

had different stages, soon had the impact difererentes reactions. In Biritiba Mirim

was present a wildlife forestry, which greatly diminished with the flood, while the

fauna associated with macrophytes and temporary breeding sites grew, this led to

decreased diversity in the period studied. In forestry Paraitinga fauna was absent,

so the modifications were minor qualitative and quantitative. We have found the

following species of medical importance: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi,

Anopheles albitarsis s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles

cruzii, Anopheles lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia

squamipennis, Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis,

Limatus durhami, Aedes scapularis, Aedes serratus.

Keywords: ecology, vector, Culex, artificial lake, Tiete

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Sumário

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................................7

1.1 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E ECOLOGIA HUMANA DA ÁGUA.................7

1.2 LAGOS ARTIFICIAIS E SAÚDE PÚBLICA............................................................8

1.3 ECOLOGIA DOS CULICIDAE...............................................................................9

1.4 CONCEITOS ECOLÓGICOS...............................................................................10

3. OBJETIVOS..........................................................................................................................13

3.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................13

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................13

4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................14

4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS.......................................16

4.2 PERÍODO E TÉCNICA DE COLETA...................................................................17

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOSQUITOS E ANÁLISE DE DADOS..........................18

5. RESULTADOS.....................................................................................................................21

5.1 RIQUEZA.............................................................................................................25

5.2 CURVA DE ACUMULAÇÃO DE ESPÉCIES.......................................................27

5.3 MODELOS DE ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES....................................................29

5.4 DOMINÂNCIA......................................................................................................30

5.5 DIVERSIDADE.....................................................................................................32

5.6 ABUNDÂNCIA......................................................................................................34

5.7 CONSTÂNCIA......................................................................................................48

5.8 SIMILARIDADE....................................................................................................51

Figura 23 – Fenograma de similaridade a partir de Sorensen, entre as localidades e anos, utilizando o algorítmo UPGMA....................................53

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................54

6.1 RIQUEZA DAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA.............54

6.2 COMPONENTES ECOLÓGICOS........................................................................56

7. CONCLUSÃO.......................................................................................................................69

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS.....................................................................................70

ANEXOS...................................................................................................................................73

Anexo I – Fotografias da Área de Estudo..................................................................74

Anexo II - Banco de Dados........................................................................................79

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1.INTRODUÇÃO

1.1 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E ECOLOGIA HUMANA DA ÁGUA

A cidade é um ecossistema heterótrofo, um ambiente que depende

completamente de ambientes adjacentes para se manter . A cidade é o centro que

recebe matéria, energia e para a reprodução do capitalismo, onde se concentram

os meios de produção, a população e o consumo. É a face última da atual fase de

nossa história. O campo é a outra ponta dessa relação, é dele que vem os

insumos para a manutenção da cidade, é o polo que fornece a matéria e energia

que serão utilizados na produção de mercadorias (Odum, 1988).

Essa relação com a natureza, implica, na grande maioria das vezes, em

uma via de mão única, com a captura de recursos da natureza, mas a volta à

natureza se dá só através de refugos. Essa via de interação criou a possibilidade

do esgotamento de recursos naturais fundamentais ao homem.

Entre os recursos que cada vez mais rareiam está a água potável. Para

além do uso para a sobrevivência, o homem precisa da água em suas múltiplas

atividades, como abastecimento público e industrial, irrigação agrícola,

paisagismo, produção de energia, diluição de esgotos, entre outras (Mota, 1999).

O Brasil é um país dotado de extensa rede hidrográfica, com rios de notável

extensão, largura e profundidade, figurando entre os países de maior

disponibilidade hídrica.

Contrastantemente com este panorama o Brasil enfrenta dificuldades de

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abastecimento hídrico de suas metrópoles. O caso da metrópole paulista pode ser

considerado especial (Tundisi, 2003). Com sua Região Metropolitana (RMSP)

contando com praticamente 20 milhões de habitantes, cada um consumindo

aproximadamente 350 litros diários de água, o abastecimento necessariamente se

tornou um problema. A metrópole está assentada, em sua maior parte, na Bacia

Hidrográfica do Alto Tietê, mas desde o fim do século XX esta bacia não tem mais

condição de suprir a necessidade hídrica da metrópole, transpondo água de

outras bacias como Cotia, Cantareira, Rio Claro, Rio Grande e Guarapiranga

(Comitê de Bacia, 2001). A cidade vem, constantemente, buscando o aumento de

sua capacidade de captação de água, seja pela melhoria das represas, como a

interligação Guarapiranga/Billings, seja por utilização de novas, como é o caso da

bacia investigada por este projeto.

1.2 LAGOS ARTIFICIAIS E SAÚDE PÚBLICA

É amplamente conhecido que atividades de desenvolvimento econômico

trazem mudanças radicais na relação homem-natureza, estas podem levar ao

romper de novos padrões de doenças, criando novas áreas de prevalência, novos

focos e novas epidemias. Com empreendimentos como represas a realidade não

é diferente, para além do desenvolvimento econômico, muitas vezes, afora o

benefício, fica para as populações locais também os problemas ambientais, em

especial o possível aumento de vetores ou hospedeiros intermediários (Hunter et

al. 1983).

No Brasil existem diversos casos em que a construção de lagos artificiais

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levaram ao rompimento de surtos epidêmicos ou ao aumento da densidade de

mosquitos que a habitação humana se tornou impossível no local. O exemplo da

primeira é a construção do lago Itaipú, que devido a migração de operários para a

construção da barragem e a mudança ambiental radical provocou surtos de

malária; e o exemplo da segunda é a barragem de Tucuruí, onde os moradores

ribeirinhos foram expulsos pela grande abundância das populações da tribo

Mansoninii que se criou. Outros estudos trouxeram grande contribuição para o

estudo dos mosquitos, mostrando a relação entre a formação de barragens e suas

populações (Tadei et al 1998; Quintero et al. 1996; Paula & Gomes 1998). Outro

exemplo entre antropização e vetores é o comportamento do Anopheles darlingi e

os projetos de colonização da Amazônia (Vittor, 2006).

1.3 ECOLOGIA DOS CULICIDAE

Culicídeos são insetos pertencentes a ordem Diptera, subordem

Nematocera que incluem fêmeas com hábito hematófago, para completo

desenvolvimento de seus ciclos gonotróficos e oviposição. Os machos não

possuem esse hábito alimentar, pois utilizam exsudados vegetais, como fonte de

energia. Essa característica fez com que, durante sua história evolutiva,

acabassem sendo hospedeiros de endoparasitas, normalmente de vertebrados,

em especial mamíferos e aves. Podem ser considerados insetos de pequeno porte

e de corpo delgado, vulgarmente chamados de mosquitos ou pernilongos.

Atualmente se conhecem mais de 3600 espécies da família Culicidae, com

aproximadamente um quarto de seus representantes restritos a região neotropical

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(Forattini 1996).

Assim como todos os insetos holometábolos realizam metamorfose

completa, sendo que as fases imaturas são aquáticas e a fase adulta aéreo-

terrestre. As larvas desenvolvem-se em coleções hídricas de variados tamanhos,

ocupando nichos ecológicos próprios. Dentre os culicídeos para além da

diversidade de hábitos entre os adultos, as larvas também adquiriram uma

variabilidade de uso de habitats Alguns gêneros possuem o hábito de colonização

criadouros temporários, outros criadouros permanentes, tanto pequenos corpos

de água quanto grandes corpos de água, locais sombreados ou ensolarados.

Essa característica ecológica faz com que a interferência humana no ambiente

natural e a criação de lagos artificiais criem opções depois das alterações

profundas na composição faunística à seleção das espécies mais aptas

localmente (Forattini 1996).

1.4 CONCEITOS ECOLÓGICOS

Para este projeto propõe-se estudar alguns aspectos, ou características, da

totalidade que é a ecologia de uma espécie ou grupo. Abordou-se as espécies

que tem condição de responder melhor as mudanças populacionais que resultem

em importância no campo da Saúde Pública.

Diversidade, apesar de ser um termo muito utilizado tanto dentro como fora

do meio científico, é complexo e difícil de ser conceituado, especialmente em

poucas linhas. Walker (1988) define diversidade de uma comunidade como o

número de espécies que esta possui, ponderado pela distribuição das mesmas. A

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despeito da existência de diversos vieses, o estudo focalizará dois tipos de

Diversidade: a Diversidade alfa (α) também chamada de diversidade inventorial,

sendo a medida da diversidade pontual, local. Diversidade beta (β) sendo a

medida que considera os diferentes componentes da paisagem.

A diversidade possui dois componentes: riqueza e equitabilidade. Na sua

mensuração conta-se com diversos índices, que podem fornecer variados

resultados, a partir dos mesmos dados. É fundamental compreender como

escolher certo índice e qual pré-requisito deste. No presente trabalho usaremos o

índice de Brillouin, índice pouco usado, mas adequado para amostras cuja

aleatoriedade não pode ser garantida, como em armadilhas luminosas, já que

diferentes espécies são diferentemente atraídas pela luz (Southwood, 1978)

Riqueza é a medida quantitativa para revelar o número absoluto de

espécies.

Dominância é o peso relativo que determinada espécie tem na comunidade

de culicídeo estudado.

Similaridade é mensurar o quanto duas localidades (ou a mesma localidade

em diferentes períodos de tempo) tem em comum na sua composição faunística.

Abundância (ou Densidade) é o tamanho da população em relação a

alguma unidade de espaço (Odum, 1988).

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2. JUSTIFICATIVA

Os estudos ecológicos sobre a fauna de culicídeos durante o processo de

construção de uma represa são fundamentais para se compreender quais são as

alterações populacionais sofridas por estas espécies. Como dito anteriormente,

esse tipo de alteração ecológica pode levar a modificações na composição

faunística, eventualmente favorecendo espécies vetoras que podem desencadear

surtos de doenças. O estudo de como a fauna desses animais se comporta, de

acordo com a meio biótico prévio à construção, permite que se possa,

posteriormente, prever o resultado dessa mudança.

A importância dos processos ecológicos vão além, posto que é fundamental

conhecer o produto gerado na academia, de forma a instrumentalizar prevenção

de eventos à sociedade, quando parâmetros de outros eventos semelhantes

antecedidos, permitam que ações de controle sejam criadas e realizadas como

maior foco e eficácia.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Estudar como os dois lagos influenciaram a variação da diversidade das

populações de Culicidae e como refletiriam ecologicamente numa alerta para

potenciais riscos emergentes da transmissão de patógenos à população humana

local ou visitantes.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever componentes ecológicos das populações estudadas por meio da

riqueza, diversidade, estabilidade, similaridade, dominância e abundância.

Relacionar os tipos de composições anteriores e posteriores ao processo

de mudança faunística durante o período estudado.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, com cerca de 5650 Km2 , possui uma

população de cerca de 19 milhões de habitantes, abrange 39 municípios, tomando

parte da Grande São Paulo, nos quais a cada ano a demanda de água potável

cresce de forma célere.

O Sistema Produtor do Alto Tietê (SPAT) constitui um conjunto de obras

para aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos das bacias do Alto Tietê e

Cubatão, o qual vem sendo implantado desde o final da década de 60, pelo

Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão subordinado à

Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, Saneamento e Obras (CEMASI,

2001).

A pesquisa “Biodiversidade nas Bacias dos rios Paraitinga e Biritiba-Mirim

desenvolvido de janeiro à julho de 2001 pelo CEMASI (Centro de Monitoramento

Ambiental da Serra do Itapety), realizou inventários preliminares da flora, peixes,

aves e mamíferos terrestres. Neste documento está recomendado a realização de

outros estudos complementares que incluíssem o inventário de outros animais,

inclusive culicídeos.

O Rio Paraitinga nasce em Paraibuna, Estado de São Paulo, e deságua a

34 km à oeste, na margem direita do Rio Tietê, a jusante do município de Biritiba-

Mirim. O reservatório proposto pelo SPAT para este Rio localiza-se a 10 km a

montante da foz (23o 31’74’’S e 45o 57’14’’W) e inundou 660 ha. O Rio Biritiba-

Mirim nasce na Serra do Garrafãozinho. Sua foz localiza-se a 22 km ao norte da

nascente e 11 km à montante do município Mogi das Cruzes (23o 36’ 17’’ S e 46o

05’33’’W) e cerca de 6km da foz. Inundou uma área de 1140 ha. Os dois

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reservatórios distam entre si aproximadamente 12 km e estão inseridos em área

de domínio original da Mata Atlântica.

Estudo anterior sobre a vegetação nas bacias dos dois rios acima referido

registrou a existência de extensas áreas antropizadas, caracterizada pela

atividade agrícola rudimentar, exploração de areia e argila, área de

reflorestamento por Eucalyptus e importantes remanescentes da Mata Atlântica

sobre as planícies de inundação e vertente. Esses remanescentes, de formação

florestal predominantemente secundário, apresentam diferentes fisionomias e

composições florísticas, em função das características geológicas, climáticas,

hidrológicas e influência antrópica locais ( CEMASI, 2001).

A formação vegetal da bacia do Rio Biritiba-Mirim apresenta quatro áreas

distintas, com solo hidromórfico, trechos com lençol freático aflorante e vegetação

com diferentes estágios sucessionais. Entretanto, foram identificados estágios de

regeneração mais avançado que aqueles encontrados na bacia do Rio Paraitinga,

considerado, em muitos trechos, como clímax (CEMASI, 2001).

A caracterização dos diferentes componentes deste mosaico de formações

vegetais, envolvendo coleções hídricas nos solos é necessário para compreender

a diversidade faunística de artrópodes na região estudada.

Processos de desmatamentos, queimadas, estabelecimento de

monocultura e fragmentações do ambiente são fatores de sucessão secundária

que exercem um papel preponderante na composição das populações de insetos

nos diferentes estratos remanescentes. Forattini (2002) chamou atenção para o

fenômeno de domiciliação, cujo melhor exemplo seria a predominância das

populações r estrategistas, comumente considerado como praga ou vetores nas

áreas transformadas.

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4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS

As duas represas objetos de estudo são parte integrante do Sistema

Produtor do Alto Tietê (SPAT). Este sistema tem localização geográfica

entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Essa localização cria uma

dinâmica transicional, apresentado fauna tanto semelhante com a litorânea

como com a planaltina (Nascimento, 2008).

A Represa Paraitinga é obra em rio homônimo, localizada no

município de Salesópolis A área de estudo (um fragmento de mata) sofreu

menor impacto pré-empreendimento, mantendo razoavelmente as

características floríticas (e provavelmente faunística em relação aos

Culicidae) primitivas.

A Represa Biritiba-Mirim é uma obra no rio homônimo, localizada

entre os municípios de Mogi das Cruzes e Biritiba-Mirim. Esta área de

estudo pode ser considerada altamente impactada pré-empreendimento,

inclusive com colonização humana nas suas margens, com características

florísticas totalmente diversas daquelas que, provavelmente, eram

encontradas no ambiente primitivo.

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Figura 1 – Foto de satélite mostrando a localização das Represas cujas faunas foram estudadas.

4.2 PERÍODO E TÉCNICA DE COLETA

Ambas foram construídas a partir de 2002, sendo inundadas a partir do

início de 2005, entrando em operação a partir de 2006. Cada uma delas tem suas

particularidades em relação ao impacto que sofreram com a construção da

barragem, e isto levou a seu estudo conjunto.

A coleta dos culicídeos ocorreu entre o mês de maio de 2002 a dezembro

de 2005. Esse período compreende todo o período de preparação e construção

do canteiro de obras até o fim das obras e completa inundação do lago artificial.

Foram determinados pontos para a realização das coletas, havendo pontos

inundáveis e não inundáveis com vegetação que pudesse servir de abrigo as

espécies. Nos pontos inundados encerraram suas atividades de coleta com o

fechamento da comporta da represa.

Foi utilizada a técnica de coleta por armadilha de Shannon (Shannon 1939),

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uma armadilha consagrada na literatura e a muita usada para o estudo de

culicídeos (Service, 1993)

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOSQUITOS E ANÁLISE DE DADOS

Os espécimens coletados foram identificados no Laboratório de

Entomologia em Saúde Pública – FSP-USP, com auxílio das chaves taxonômicas

de livros como Forattini (1996 e 2002), Lane (1953), Consoli & Oliveira (1994).

Criou-se um banco de dados a partir de todas as coletas realizadas. Desse

banco de dados buscou-se as localidades e técnicas de coleta que apresentavam

a maior série histórica, permitindo a melhor caracterização e comparação entre os

períodos de estudo.

As análises dos componentes ecológicos foram baseadas em Magurran

(1988). Utilizou-se os seguintes índices:

Riqueza (S) - Indicador qualitativo, número de diferentes espécies em uma

área

Diversidade (HB) - Índice de Brillouin, indicado quando a amostragem é

feita exclusivamente por atrativo, em especial luminoso.

Onde N é o número total de indivíduos amostrados e n i é o número de

indivíduos da espécie i.

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Dominância (d) - Índice de Berger-Parker definido como:

Onde Nmax é o número de indivíduos da espécie mais abundante e N o

número total de indivíduos amostrados.

Constância (C): Determinada a partir da fórmula de Bodenheimer (1938)

como:

Onde P é o número de amostragens que determinada espécie estava

presente e N é o número total de amostragens.

Abundância (IAEP): Índice de Abundância de Espécies Padronizado,

criado por Roberts & Hsi (1979).

Onde c é o maior ordenamento da tabela mais uma unidade, R j é a

somatória dos rankings de abundância por amostragem de determinada espécies

e k é o número de amostragens realizadas.

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Similaridade: esse componente foi calculado em duas formas, uma

qualitativa, o Índice de Jaccard (J) – onde A e B são a riqueza dos locais ou

períodos a serem comparados – e outra quantitativa, Índice de Sorensen (QS) –

onde A e B são os números de indivíduos de cada local (ou momento) e C é a

soma da menor das duas abundâncias de espécies que ocorrem nos dois locais.

Para a realização das análises foi utilizado o pacote estatístico PAST

(Hammer, 2006) com auxílio de seu manual (Hammer, 2009).

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5. RESULTADOS

As amostragens realizadas durante o período de estudo resultaram na

coleta de 19.455 indivíduos da família Culicidae, divididos em 95 espécies (Tabela

1). As técnicas utilizadas nessas amostragens foram o aspirador elétrico e concha

entomológica, além da armadilha de Shannon

Entretanto, esse não foi o número total utilizado nas análises ecológicas,

pois a maioria dos módulos de coleta (método e localidade) não tinham a série

histórica de todo o período de estudo, não permitindo que tais análises fossem

feitas de forma robusta, impossibilitando a eventual comparação entre as

diferentes localidade e os diferentes momentos da modificação ambiental imposta

a região.

Assim sendo, foram escolhidas as localidades e técnicas que

apresentavam a série histórica mais completa, de 2002 a 2005. Essas se

resumiram a um ponto de amostragem para Armadilha de Shannon em Biritiba-

Mirim e um em Paraitinga, e um ponto de coleta de imaturos em Biritiba-Mirim,

neste ocorreram coletas apenas em 2002 e 2005. As amostragens selecionadas

para esse estudo totalizaram 6212 espécimens, separadas em 60 espécies

(Tabela 2). A partir dessas foram feitas todas as análises a seguir.

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Categoria Taxonômica Total % Categoria Taxonômica Total %1 Ma. titillans 4107 21,11 49 Wy. sp. 11 0,062 Ad. squamipennis 2175 11,18 50 Cx. (Mel.) akritos 10 0,053 Cq. crysonotum/albifera 1599 8,22 51 Cq. albicosta 10 0,054 An. intermedius 1285 6,60 52 An. parvus 10 0,055 Cq. venezuelensis 1090 5,60 53 Wy. davisi 9 0,056 An. albitarsis s.l. 880 4,52 54 Cx. (Mel.) pereyrai 8 0,047 Ma. indubitans 789 4,06 55 Cx. (Cux.) eduardoi 8 0,048 An. galvaoi 751 3,86 56 Cx. (Cux.) coronator 8 0,049 Ae. scapularis 728 3,74 57 An. cruzii 7 0,0411 Cx. (Mel.) ribeirensis 727 3,74 58 Ur. apicalis 6 0,0310 Ps. ferox 474 2,44 59 Tr. pallidiventer/castroi/simile 6 0,0312 458 2,35 60 Ph. pilicauda 6 0,0313 Cx. (Cux.) sp. 454 2,33 61 Cx. (Mel.) bastagarius 6 0,0321 Ae. crinifer 323 1,66 62 Ur. sp. 5 0,0314 Cx. (Mel.) delpontei 289 1,49 63 Cx. (Cux.) dolosus/eduardoi 5 0,0315 Cq. hermanoi 271 1,39 64 Ae. hastatus/oligopistus 5 0,0323 Cx. (Ads.) amazonensis 257 1,32 65 Ae. hastatus 5 0,0317 251 1,29 66 Ae. albopictus 5 0,0316 Ma. wilsoni 236 1,21 67 Ur. nataliae 4 0,0218 Ae. serratus/nubilus 217 1,12 68 Ph. sp. 4 0,0219 Ae. serratus 204 1,05 69 Cx. (Mel.) zeteki 4 0,0220 Cx. (Cux.) lygrus. 166 0,85 70 Ur. davisi 3 0,0222 Cx. (Cux.) chidesteri 166 0,85 71 Sa. intermedius 3 0,0224 Wy. edwardsi 159 0,82 72 Ma. flaveola 3 0,0226 Ps. albigenu 112 0,58 73 Cx. (Mel.) rabelloi 3 0,0225 Ps. discrucians 105 0,54 74 Cx. (Mel.) ocossa 3 0,0227 An. triannulatus 105 0,54 75 Wy. splendida 2 0,0128 Cq. crysonotum 103 0,53 76 Wy. finlayi/mystes 2 0,0129 Cx. (Cux.) nigripalpus 101 0,52 77 Ph. tripartita 2 0,0130 An. evansae 99 0,51 78 Cx. t(Mel,.) theobaldi 2 0,0131 Cx. (Mel.) dureti 73 0,38 79 2 0,0132 Wy. confusa 68 0,35 80 Cx. (Lutzia) sp. 2 0,0133 Cx. (Mel.) vaxus 55 0,28 81 An. maculipes 2 0,0134 Li. durhami 39 0,20 82 An. argyritarsis 2 0,0135 Ae. nubilus 38 0,20 83 Wy. theobaldi 1 0,0136 36 0,19 84 Wy. antunesi 1 0,0137 Wy. pallidoventer 35 0,18 85 Ur lowii 1 0,0138 Ru. reversa 35 0,18 86 Sa. forattini 1 0,0139 An. lutzi 35 0,18 87 Ph. theobaldi 1 0,0140 Ur. pulcherrima 31 0,16 88 Ph. quasilongirostris 1 0,0141 Cx. (Cux.) dolosus 25 0,13 89 Ph. palmata 1 0,0142 Wy. flabellata 23 0,12 90 Cx. (Mel.) sp. 1 0,0143 An. strodei 20 0,10 91 Cx. (Mel.) pilosus 1 0,0144 Cx. (Mel.) misionensis 19 0,10 92 Cx. (Mel.) adamesi 1 0,0145 Cq. juxtamansonia 16 0,08 93 Cx. (Cux.) declarator 1 0,0146 Ur. geometrica 14 0,07 94 An. strodei/rondoni 1 0,0147 Ph. edwardsi 14 0,07 95 An. oswaldoi 1 0,01

Tabela 1. Números totais de culicídeos amostrados em Biritiba-Mirim e Paraitinga, no período entre 2002 e 2005

Cx. (Mel.) seção Melanoconion

Cx. (Cux.) grupo Coronator

Cx. (Mel.) seção Spissipes

Cx. (Mel.) grupo Atratus

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5.1 RIQUEZA

A riqueza e número amostral não foram homogêneos durante o período

estudado, variando para ambas áreas.

A ilustração (Figura 2) abaixo mostra a variação combinada do número

amostral e da riqueza em Biritiba-Mirim no período de estudo. Nessa

representação fica evidenciada uma tendência de diminuição de riqueza em

Biritiba-Mirim.

23

rank Categoria Taxonômica Total % rank Categoria Taxonômica Total %1 Ma. titillans 1656 23,88 31 Cq. juxtamansonia 10 0,14

2 Ad. squamipennis 1024 14,76 32 Cx. (Cux.) dolosus/ eduardoi 8 0,12

3 Cq. venezuelensis 503 7,25 33 Ur. pulcherrima 8 0,12

4 Oc. scapularis 500 7,21 34 Wy. confusa 8 0,09

5 An. galvaoi 391 5,64 35 Ru. reversa 6 0,07

6 An. albitarsis s.l. 299 4,31 36 An. strodei 5 0,07

7 Ma. indubitans 259 3,73 37 Cx. (Mel.) bastagarius 5 0,07

8 Ps. ferox 241 3,47 38 Cx. (Mel.) delpontei 5 0,06

9 Oc. serratus/nubilus 198 2,85 39 Ae. albopictus 4 0,06

10 Cq. crysonotum/albifera 195 2,81 40 An. lutzi 4 0,06

11 Cq. crysonotum 186 2,68 41 Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 4 0,06

12 Oc. serratus 174 2,51 42 Oc. hastatus 4 0,06

13 Cx. (Cux.) Gr. Coronator 137 1,98 43 Ur. davisi 4 0,06

14 Cx. (Mel.) akritos 110 1,59 44 Wy. splendida 4 0,04

15 Cx. (Mel.) ribeirensis 101 1,46 45 Ur. apicalis 3 0,03

16 Cx. (Cux.) sp. 94 1,36 46 An. cruzii 2 0,03

17 Oc. crinifer 93 1,34 47 Cx. (Mel.) misionensis 2 0,03

18 Cx. (Cux.) chidesteri 92 1,33 48 Cx. (Mel.) pereyrai 2 0,03

19 An. triannulatus 91 1,31 49 Li. durhami 2 0,03

20 Cq. hermanoi 73 1,05 50 Wy. davisi 2 0,01

21 An. intermedius 67 0,97 51 An. maculipes 1 0,01

22 Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 62 0,89 52 Cx. (Mel.) vaxus 1 0,01

23 Cx. (Mel.) Gr. Atratus 55 0,79 53 Cx. theobaldi 1 0,01

24 Ma. wilsoni 55 0,79 54 Oc. hastatus/oligopistus 1 0,01

25 An. evansae 54 0,78 55 Oc. nubilus 1 0,01

26 Wy. edwardsi 39 0,56 56 Ph. bonnei 1 0,01

27 Cx. (Ads.) amazonensis 34 0,49 57 Ur. geometrica 1 0,01

28 Ps. albigenu 24 0,35 58 Wy. finlay/mystes 1 0,01

29 Cx. nigripalpus 14 0,20 59 Wy. sp. 1 0,01

30 Ps. discrucians 14 0,20 60 Cx. (Lutzia) sp. 1 0,01

Total 6212 Total 6212

Tabela 2. Indivíduos por espécie de culicídeos, das amostragens que serão usadas nas análises ecológicas em Biritiba-Mirim e Paraitinga,no período entre 2002 e 2005

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A figura 2 mostra as modificações que, em Paraitinga, ocorreram variações

de menor magnitude nesses componentes ecológicos da fauna de culicídeos.

24

2002 2003 2004 20050

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Figura 2 - Variação da riqueza e do número amostral em Biritiba-Mirim, entre 2002 e 2005

NS

ano

N S

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5.2 CURVA DE ACUMULAÇÃO DE ESPÉCIES

A curva de acumulação de espécie de Biritiba-Mirim apresentou um

patamar a partir de junho de 2004, patamar que se interrompe em agosto de

2005, com a adição de 4 espécies nos últimos 4 meses.

A curva da série histórica de Paraitinga não apresentou um patamar mas

um crescimento quase constante a partir de janeiro de 2003.

25

2002 2003 2004 20050

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Figura 3 - Variação da riqueza e do número amostral em Paraitinga, entre 2002 e 2005

NS

ano

N

S

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26

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

10

20

30

40

50

60

Figura 4 - Curva de Acumulação de Espécies, Represa Biritiba-Mirim, de 2002 a 2005

mês/ano

espé

cies

acu

mul

adas

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

10

20

30

40

50

60

Figura 5 - Curva de Acumulação de Espécies, Paraitinga, de 2002 a 2005mês/ano

espé

cies

acu

mul

adas

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5.3 MODELOS DE ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES

Os modelos de abundância de espécies foram criados buscando

generalizar a distribuição das abundâncias da população, são quatro tipos

básicos, cada um com características de diversidade próprias.

Foi testada a aderência das amostras aos modelos. A fauna de Paraitinga

se encaixou melhor no modelo 'série geométrica' (Figura 6), com probabilidade de

aderência de 80%. Já a distribuição de fauna de Biritiba-Mirim se encaixou melhor

no modelo 'Log-Normal' (Figura 7) com probabilidade de 15%.

Portanto a diversidade não poderia ser comparada por meio do modelo de

abundância, visto que as duas composições de espécie não aderiram ao mesmo

modelo. Então partiu-se para análise da diversidade dos diferentes sítios de

amostragens utilizando os índices de calculo de Diversidade.

27

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5.4 DOMINÂNCIA

Assim como os diversos componentes ecológicos também varia com uma

mudança ambiental. A dominância, calculada mensalmente, variou de 0,21 a 0,89

em Biritiba-Mirim (Figura 8), com média de 0,41. Também é possível notar um

crescimento da dominância no período em questão.

28

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Também calculada mês a mês, a dominância em Paraitinga oscilou de

0,22 a 0,85 (Figura 9), com média de 0,47. A dominância em Paraitinga não

apresentou uma tendência de variação, pelo contrário, sua tendência foi de

estabilidade ao longo do experimento.

29

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

f(x) = 0,01x + 0,29

Figura 8 - Variação da dominância em Biritiba-Mirim, de 2002 a 2005

mês/ano

berg

er-p

arke

r (d)

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5.5 DIVERSIDADE

A diversidade foi calculada utilizando-se o Índice de Brillouin, mês a mês,

com a intenção de mostrar como esse componente variou, buscando-se uma

variação para além da já esperada variação sazonal.

Em Biritiba-Mirim (Figura 10) a diversidade oscilou de 3,5 a 0,5, mas

essencialmente oscilou inferiormente até 1,5. A média da diversidade na fauna de

culicídeos nessa barragem foi 2,43. É perceptível que a diversidade em Biritiba-

Mirim foi maior nos anos iniciais, em especial 2002.

30

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

f(x) = 0,00121x + 0,43838

Figura 9 - Variação da dominância em Paraitinga, de 2002 a 2005

mês/ano

berg

er-p

arke

r (d)

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Em Paraitinga a diversidade oscilou de 3 a 1, com média da diversidade na

fauna de culicídeos nessa barragem foi 2,2 , e não foi perceptível uma tendência

clara de variação durante o período estudado.

31

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

f(x) = -0,0276x + 2,9610

Figura 10 - Variação do Índice de Brillouin em Biritiba-Mirim, mês a mês, de 2002 a 2005

mês/ano

HB

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5.6 ABUNDÂNCIA

O índice de abundância de espécies de Roberts & Hsi (1979) foi criado

tendo os culicídeos como foco, e tem sido muito usado, já que, ao combinar

dominância e constância, das espécies acaba revelando mais claramente quais

mudanças aconteceram, podendo indicar as razões da variação da fauna dessa

família.

As figuras de 12 a 16 e 17 a 21 referem-se a distribuição do índice de

abundância de espécies para os mosquitos coletados nas áreas dos reservatórios

de Biritiba-Mirim e Paraitinga, respectivamente. O quadro 1 apresenta a

32

Jul/0

2A

go/0

2Se

t/02

Out

/02

Nov/

02De

z/02

Jan/

03Fe

v/03

Mar

/03

Abr

/03

Mai

/03

Jun/

03Ju

l/03

Ago

/03

Set/0

3O

ut/0

3No

v/03

Dez/

03Ja

n/04

Fev/

04M

ar/0

4A

br/0

4M

ai/0

4Ju

n/04

Jul/0

4A

go/0

4Se

t/04

Out

/04

Nov/

04De

z/04

Jan/

05Fe

v/05

Mar

/05

Abr

/05

Mai

/05

Jun/

05Ju

l/05

Ago

/05

Set/0

5O

ut/0

5No

v/05

Dez/

05

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

f(x) = 0,00099x + 1,97348

Figura 11 - Variação da Diversidade da população de culicídeosem Paraitinga, de 2002 a 2005

mês/ano

HB

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codificação para as espécies apresentadas nas respectivas figuras

Em Biritiba-Mirim as espécies de maior abundância na somatória de todos

os anos foram Mansonia titillans (0,96), Aedes scapularis (0,6), Aedeomyia

squamipennis (0,55), Coquillettidia venezuelensis (0,47), Anopheles albitarsis s.l.

(0,39) e Anopheles galvaoi (0,37), Aedes serratus (0,31) e Mansonia indubitans

(0,31).

33

Ad. squamipennis E01 Cx. (Mel.) vaxus E30Ae. albopictus E02 Cx. nigripalpus E31An. albitarsis s.l. E03 Cx. theobaldi E32An. cruzii E04 Li. durhami E33An. evansae E05 Ma. indubitans E34An. galvaoi E06 Ma. titi llans E35An. intermedius E07 Ma. wilsoni E36An. lutzi E08 Ae. crinifer E37An. maculipes E09 Ae. hastatus E38An. strodei E10 Ae. hastatus/oligopistus E39An. triannulatus E11 Ae. nubilus E40Cq. crysonotum E12 Ae. scapularis E41Cq. crysonotum/albifera E13 Ae. serratus E42Cq. hermanoi E14 Ae. serratus/nubilus E43Cq. juxtamansonia E15 Ph. bonnei E44Cq. venezuelensis E16 Ps. albigenu E45Cx. (Ads.) amazonensis E17 Ps. discrucians E46Cx. (Cux.) chidesteri E18 Ps. ferox E47Cx. (Cux.) Gr. Coronator E19 Ru. reversa E48Cx. (Cux.) sp. E20 Ur. apicalis E49Cx. (Mel.) akritos E21 Ur. davisi E50Cx. (Mel.) bastagarius E22 Ur. geometrica E51Cx. (Mel.) delpontei E23 Ur. pulcherrima E52Cx. (Mel.) Gr. Atratus E24 Wy. confusa E53Cx. (Mel.) misionensis E25 Wy. davisi E54Cx. (Mel.) pereyrai E26 Wy. edwardsi E55Cx. (Mel.) ribeirensis E27 Wy. flabellata E56Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion E28 Wy. sp. E57Cx. (Mel.) Seç. Spissipes E29 Wy. splendida E58

Quadro 1 – Código das espécies relativo as figuras 12 a 21

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Essa composição faunística não foi a mesma durante todo o período

estudado. No ano de início do estudo as espécies mais abundantes foram

Mansonia titillans (0,96), Coquillettidia venezuelensis (0,8), Mansonia indubitans

(0,69), Anopheles galvaoi (0,65), Aedeomyia squamipennis (0,6), Anopheles

albitarsis s.l. (0,58) e Anopheles evansae (0,53). Nota-se a importância de Ma.

titillans e dos An. (Nyssorhynchus), nessa composição faunística (Figura 13).

Em 2003 notam-se algumas modificações, mas as espécies mais

abundantes mantém-se, basicamente, as mesmas, essas são: Mansonia titillans

(0,94), Aedeomyia squamipennis (0,79), Anopheles galvaoi (0,61), Aedes

scapularis (0,58), Anopheles triannulatus (0,52), Culex (Cux.) sp. (0,52) e

Anopheles albitarsis s.l. (0,5) (Figura 14).

A partir do ano de 2004 as mudanças são maiores e mais perceptíveis, em

especial a diminuição do valor de IAEP a partir do 3º mais abundante. A espécie

mais abundante foi Mansonia titillans (0,92) seguido por Aedes scapularis (0,75),

Coquillettidia venezuelensis (0,44), Aedes crinifer, Aedes serratus (0,28),

Aedeomyia squamipennis (0,22), Anopheles albitarsis s.l. (0,22) (Figura 15).

A fauna observada no ano de 2005 também sofreu modificação se

comparada com o ano anterior. As espécies mais abundantes foram, Mansonia

titillans (0,92), Aedeomyia squamipennis (0,55), Aedes serratus (0,48),

Coquillettidia venezuelensis (0,44), Aedes scapularis (0,41), Mansonia indubitans

(0,32) e Culex delpontei (0,31) (Figura 16).

34

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35

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36

E35

E01

E06

E41

E11

E20

E03

E43

E13

E14

E47

E16

E34

E26

E07

E28

E23

E42

E55

E37

E45

E53

E05

E19

E48

E17

E31

E02

E22

E33

E57

E24

E39

E36

E32

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 14 - IAEP das espécies de culicídeos, em Biritiba-Mirim, 2003Espécies

IAE

P

E35

E16

E34

E06

E01

E03

E05

E28

E19

E13

E07

E55

E41

E20

E26

E43

E47

E37

E36

E57

E38

E30

E45

E53

E50

E21

E56

E23

E58

E08

E31

E17

E22

E24

E04

E29

E51

E14

E54

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 13 - IAEP de culicídeos, Biritiba-Mirim, 2002Espécies

IAE

P

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A fauna de Paraitinga teve como seus representantes mais abundantes na

37

E35

E01

E42

E16

E41

E34

E23

E03

E20

E11

E47

E06

E31

E13

E28

E07

E19

E57

E37

E26

E36

E52

E46

E09

E44

E49

E43

E25

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 16 - IAEP de culicídeos, Biritiba-Mirim, 2005

Espécies

IAEP

E35

E41

E16

E37

E42

E01

E03

E20

E47

E13

E06

E36

E34

E19

E15

E31

E07

E11

E26

E57

E23

E05

E46

E50

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 15 - IAEP das espécies de culicídeos, amostrados em Biritba-Mirim, 2004

Espécies

IAE

P

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somatória de todos os anos, Aedes scapularis (0,77), Psorophora ferox (0,43),

Mansonia titillans (0,42), Anopheles galvaoi (0,33), Aedes serratus (0,32),

Coquillettidia venezuelensis (0,31) (Figura 17).

No primeiro ano deste estudo as espécies mais abundantes foram,

Coquillettidia venezuelensis (0,62), Culex ribeirensis (0,59), Mansonia titillans

(0,57), Anopheles galvaoi (0,49), Coquillettidia crysonotum/albifera (0,46) e Aedes

scapularis (0,4) (Figura 18).

O ano seguinte, 2003, as espécies mais abundantes foram Aedes

scapularis (0,6), Anopheles galvaoi (0,43), Culex (Cux.) sp. (0,4), Psorophora

ferox (0,32), Anopheles albitarsis s.l. (0,27) e Aedes serratus (0,26) (Figura 19).

38

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A composição faunística de 2004 mostra algumas modificações em relação

aquela presente nos anos anteriores. Aedes scapularis permaneceu como a

espécie mais abundante (0,77), seguida por Psorophora ferox (0,41), Culex gr.

Coronator (0,31), Aedes serratus (0,31), Aedes crinifer (0,26) e Mansonia titillans

(0,25) (Figura 20).

O ano de 2005 teve, em Paraitinga, as seguintes espécies como mais

abundantes, Aedes scapularis (0,84), Mansonia titillans (0,64), Psorophora ferox

(0,51), Aedes serratus (0,4), Aedes crinifer (0,36) e Anopheles galvaoi (0,35)

(Figura 21).

40

E16

E27

E35

E06

E13

E41

E19

E20

E28

E46

E47

E24

E05

E17

E37

E49

E08

E21

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 18 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga, em 2002

Espécies

IAE

P

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41

E41

E47

E19

E42

E20

E37

E35

E27

E31

E16

E06

E24

E17

E28

E07

E12

E46

E10

E26

E01

E13

E48

E54

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 20 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga, ano 2004

Espécies

IAEP

E41

E06

E20

E47

E03

E42

E16

E05

E14

E37

E35

E40

E13

E34

E45

E36

E27

E17

E15

E46

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Figura 19 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga em 2003

Espécies

IAE

P

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5.7 CONSTÂNCIA

A constância foi calculada separadamente para cada ano e no total de

todas as amostragens (Tabela 3). Em Biritiba-Mirim as espécies de maior

constância durante todo o período estudado foram, Mansonia titillans (100), Aedes

scapularis (73,2), Aedeomyia squamipennis (65,9), Coquillettidia venezuelensis

(61), Anopheles albitarsis s.l. (53,7), Culex (Cux.) sp. (51,2).

A fauna amostrada em 2002 , mostrou os valores mais altos. As espécies

que apresentaram maior constância nesse período foram Mansonia titillans,

Coquillettidia venezuelensis, Anopheles evansae (100) e Aedeomyia

squamipennis, Anopheles galvaoi, Mansonia indubitans e Wyeomyia edwardsi

(83,3). As amostragens ocorridas durante o ano de 2003 tiveram as seguintes

espécies como as mais constantes: Mansonia titillans (100), Aedeomyia

42

E41

E35

E47

E42

E37

E06

E16

E20

E01

E12

E11

E03

E13

E52

E27

E36

E46

E08

E18

E17

E05

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Figura 21 - IAEP de culicídeos de Paraitinga, ano 2005

Espécies

IAE

P

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squamipennis (90,9), Anopheles albitarsis (81,8), Anopheles galvaoi (81,8),

Anopheles triannulatus (72,7), Aedes scapularis (72,7). Em 2004, as espécies

mais constantes em Biritiba-Mirim foram, Mansonia titillans (100), Aedes

scapularis (91,7), Coquillettidia venezuelensis (58,5), Aedes crinifer (50), Aedes

serratus (41,7), Aedeomyia squamipennis (33,3). No ano final do estudo as

espécies mais constantes foram, Mansonia titillans (100), Aedeomyia

squamipennis (66,7), Aedes serratus (66,7), Aedes scapularis (58,3), Coquillettidia

venezuelensis (58,3), Culex delpontei (50).

Dentre a totalidade de coletas e espécies amostradas, as mais constantes

em Paraitinga foram, Aedes scapularis (88,6), Mansonia titillans (51,4),

Psorophora ferox (48,6), Anopheles galvaoi (40) e Aedes serratus (40).

Ao calcular a constância anualmente podemos perceber melhor as

nuâncias da variação deste componente. Em 2002 as espécies mais abundantes

foram, Anopheles galvaoi (66,7), Coquillettidia crysonotum/albifera (66,7),

Coquillettidia venezuelensis (66,7), Culex ribeirensis (66,7), Mansonia titillans

(66,7), Aedes scapularis (66,7).

No ano 2003 estas foram, Aedes scapularis (75), Anopheles galvaoi (50),

Culex (Cux.) sp. (50), Anopheles albitarsis s.l. (37,5), Aedes serratus (37,5).

Em 2004 as espécies de maior abundância foram: Aedes scapularis (91,7),

Psorophora ferox (50), Culex ribeirensis (41,7), Coquillettidia venezuelensis (33,3)

e Culex gr Coronator (33,3).

43

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44

Biritiba-Mirim Paraitingaespécie GERAL 2002 2003 2004 2005 GERAL 2002 2003 2004 2005Ad. squamipennis 65,9 83,33 90,91 33,33 66,67 17,1 0 0 8,33 41,67Ae. albopictus 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. crinifer 29,3 50 18,18 50 8,33 37,1 33,33 25 33,33 50Ae. hastatus 7,3 50 0 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. hastatus/oligopistus 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. nubilus 0,0 0 0 0 0 2,9 0 12,5 0 0Ae. scapularis 73,2 66,67 72,73 91,67 58,33 88,6 66,67 75 91,67 100Ae. serratus 36,6 0 18,18 41,67 66,67 40,0 0 37,5 33,33 58,33Ae. serratus/nubilus 22,0 33,33 54,55 0 8,33 0,0 0 0 0 0An. albitarsis s.l. 53,7 66,67 81,82 33,33 41,67 17,1 0 37,5 0 25An. cruzii 4,9 16,67 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0An. evansae 22,0 100 18,18 8,33 0 11,4 33,33 25 0 8,33An. galvaoi 48,8 83,33 81,82 25 25 40,0 66,67 50 25 41,67An. intermedius 26,8 66,67 27,27 16,67 16,67 2,9 0 0 8,33 0An. lutzi 2,4 16,67 0 0 0 5,7 33,33 0 0 8,33An. maculipes 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0An. strodei 0,0 0 0 0 0 2,9 0 0 8,33 0An. triannulatus 34,1 0 72,73 16,67 33,33 5,7 0 0 0 16,67Cq. crysonotum 0,0 0 0 0 0 8,6 0 0 8,33 16,67Cq. crysonotum/albifera 39,0 50 63,64 25 25 17,1 66,67 12,5 8,33 16,67Cq. hermanoi 17,1 16,67 54,55 0 0 5,7 0 25 0 0Cq. juxtamansonia 2,4 0 0 8,33 0 2,9 0 12,5 0 0Cq. venezuelensis 61,0 100 45,45 58,33 58,33 37,1 66,67 25 33,33 41,67Cx. (Ads.) amazonensis 7,3 16,67 18,18 0 0 14,3 33,33 12,5 16,67 8,33Cx. (Cux.) chidesteri 0,0 0 0 0 0 2,9 0 0 0 8,33Cx. (Cux.) Gr. Coronator 22,0 66,67 27,27 8,33 8,33 14,3 33,33 0 33,33 0Cx. (Cux.) sp. 51,2 83,33 72,73 33,33 33,33 37,1 33,33 50 33,33 33,33Cx. (Mel.) akritos 4,9 33,33 0 0 0 2,9 33,33 0 0 0Cx. (Mel.) bastagarius 7,3 16,67 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) delpontei 34,1 50 27,27 16,67 50 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) Gr. Atratus 4,9 16,67 9,09 0 0 8,6 33,33 0 16,67 0Cx. (Mel.) misionensis 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) pereyrai 29,3 66,67 45,45 8,33 16,67 2,9 0 0 8,33 0Cx. (Mel.) ribeirensis 0,0 0 0 0 0 25,7 66,67 12,5 41,67 8,33Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 24,4 83,33 27,27 0 16,67 8,6 33,33 0 16,67 0Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) vaxus 7,3 33,33 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. nigripalpus 17,1 16,67 18,18 8,33 25 8,6 0 0 25 0Cx. theobaldi 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Li. durhami 4,9 0 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Ma. indubitans 36,6 83,33 27,27 16,67 41,67 2,9 0 12,5 0 0Ma. titillans 100,0 100 100 100 100 51,4 66,67 25 33,33 83,33Ma. wilsoni 19,5 50 9,09 25 8,33 8,6 0 12,5 0 16,67Ph. bonnei 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0Ps. albigenu 9,8 16,67 27,27 0 0 2,9 0 12,5 0 0Ps. discrucians 4,9 0 0 8,33 8,33 11,4 33,33 12,5 8,33 8,33Ps. ferox 34,1 50 45,45 33,33 16,67 48,6 33,33 37,5 50 58,33Ru. reversa 4,9 0 18,18 0 0 2,9 0 0 8,33 0Ur. apicalis 2,4 0 0 0 8,33 2,9 33,33 0 0 0Ur. davisi 7,3 33,33 0 8,33 0 0,0 0 0 0 0Ur. geometrica 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Ur. pulcherrima 4,9 0 0 0 16,67 8,6 0 0 0 25Wy. confusa 14,6 50 27,27 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. davisi 2,4 16,67 0 0 0 2,9 0 0 8,33 0Wy. edwardsi 17,1 83,33 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. flabellata 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. sp. 7,3 0 9,09 8,33 8,33 0,0 0 0 0 0Wy. splendida 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0

Tabela 3 – Constância das espécies de culicídeos em Biritiba-Mirim e Paraitinga, anualmente, entre 2002 e 2005

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5.8 SIMILARIDADE

As matrizes de similaridade estão expostas nas tabelas 4 (Jaccard) e 5

(Sörensen).

Os dendrogramas criados a partir dessas matrizes estão expostos nas

Figuras 23 e 24. A similaridade de Jaccard, como esperado, agrupou as faunas

das barragens entre si, formando os grupos [BM02, BM03, BM04, BM 05] e

[PAR02, PAR03, PAR04, PAR05]. Já a similaridade de Sörensen-quantitativa

45

Tabela 4 – Matriz de similaridade de Jaccard, entre barragens e anos.PAR02 PAR03 PAR04 PAR05 BM02 BM03 BM04 BM05

PAR02 - 0,462 0,519 0,500 0,415 0,400 0,387 0,371PAR03 0,462 - 0,387 0,577 0,395 0,450 0,552 0,389PAR04 0,519 0,387 - 0,467 0,400 0,452 0,455 0,472PAR05 0,500 0,577 0,467 - 0,356 0,405 0,533 0,457BM02 0,415 0,395 0,400 0,356 - 0,625 0,444 0,458BM03 0,400 0,450 0,452 0,405 0,625 - 0,537 0,545BM04 0,387 0,552 0,455 0,533 0,444 0,537 - 0,618BM05 0,371 0,389 0,472 0,457 0,458 0,545 0,618 -

Tabela 5 – Matriz de similaridade de Sörensen (quantitativo), entre barragens e anos.PAR02 PAR03 PAR04 PAR05 BM02 BM03 BM04 BM05

PAR02 - 0,394 0,343 0,427 0,306 0,223 0,312 0,270PAR03 0,394 - 0,252 0,388 0,399 0,311 0,270 0,303PAR04 0,343 0,252 - 0,582 0,205 0,246 0,592 0,241PAR05 0,427 0,388 0,582 - 0,339 0,353 0,561 0,357BM02 0,306 0,399 0,205 0,339 - 0,632 0,441 0,661BM03 0,223 0,311 0,246 0,353 0,632 - 0,406 0,612BM04 0,312 0,270 0,592 0,561 0,441 0,406 - 0,511BM05 0,270 0,303 0,241 0,357 0,661 0,612 0,511 -

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agrupou a fauna de Biritiba-Mirim ano 2004 junto com a fauna de Paraitinga, fato

inesperado devido a diferença entre as faunas.

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Figura 23 – Fenograma de similaridade a partir de Sorensen, entre as localidades e anos, utilizando o algorítmo UPGMA

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6. DISCUSSÃO

6.1 RIQUEZA DAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA

Dentre a riqueza de espécies registradas nas áreas no entorno das

Barragens de Biritiba-Mirim e Paraitinga, destacam-se as de alguma (ou potencial)

importância médico-sanitária, como: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi,

Anopheles albitarsis s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles

cruzii, Anopheles lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia

squamipennis, Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis,

Limatus durhami, Aedes scapularis, Aedes serratus (Quadro 2).

Apesar de mais de uma dezena de espécies aqui registradas possuírem

alguma importância em saúde pública, a maioria possui alguma competência

vetorial, mas não foram incriminadas em inquéritos epidemiológicos como vetores

no ambiente natural. Estão nesse grupo Aedeomyia squamipennis, vetor da

malária aviária e outros parasitos (Gabaldon et al. 1977), Mansonia titillans

encontrado portando naturalmente arbovírus e alguns vírus de encefalites

(Forattini, 2002; Consoli & Oliveira, 1994), Anopheles evansae, Anopheles lutzi,

Anopheles galvaoi, Anopheles intermedius e Anopheles triannulatus , encontrados

naturalmente infectados por plasmódios, mas pouco importantes na manutenção

da endemia de malária em suas regiões (Klein et al, 1991; Oliveira-Ferreira et al.,

1990).; Psorophora ferox, Aedes serratus e Aedes scapularis foram associadas a

epidemia do vírus rocio acontecida no fim da década de 70 no litoral sul paulista.

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Apesar de muita pesquisa nenhum culicídeos foi provado como vetor, mas os

registrados acima foram indicados

como mais prováveis (Lopes, 1986). Alguns sabetíneos foram incriminados como

vetores de patógenos, mas o mais comum nesse trabalho, Limatus durhami,

apesar de encontrado naturalmente infectado com vírus, não foi incriminado ainda

como vetor (Hervé, 1986). A presença da espécie Culex amazonensis também é

considerada de baixo risco epidemiológico, pois nunca foi encontrada portando

vírus naturalmente no Brasil (Consoli & Oliveira, 1994). O subgênero

Melanoconion, comumente encontrado em ambas barragens, é um dos táxons

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Espécie ÁreaAd. squamipennis BM, PARAe. albopictus BMAn. albitarsis s.l. BM, PARAn. cruzii BMAn. evansae BM, PARAn. galvaoi BM, PARAn. intermedius BM, PARAn. lutzi BM, PARAn. triannulatus BM, PARCx. (Ads.) amazonensis BM, PARCx. (Mel.) akritos BM, PARCx. (Mel.) bastagarius BMCx. (Mel.) delpontei BMCx. (Mel.) Gr. Atratus BM, PARCx. (Mel.) misionensis BMCx. (Mel.) pereyrai BM, PARCx. (Mel.) ribeirensis PARCx. (Mel.) Seç. Melanoconion BM, PARCx. (Mel.) Seç. Spissipes BMCx. (Mel.) vaxus BMLi. durhami BMMa. titi llans BM, PARAe. scapularis BM, PAROc. serratus BM, PARPs. ferox BM, PAR

Quadro 2 – Espécies de importância sanitária encontradas na região estudada

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mais diversos da família, foi encontrado naturalmente infectado, e supõe-se que

possam desempenhar papel vetorial de agravos como encefalite equina

venezuelana (Walton & Grayson, 1989; Sabattini et al., 1998). Também entra

nesse grupo Aedes albopictus, mosquito responsável pela transmissão do dengue

no sudeste asiático, mas que desde o início de sua colonização das Américas não

se mostrou vetor desta.

Entretanto algumas espécies possuem capacidade vetora real, sendo

categorizados como vetores primários ou secundários de alguns agravos. Neste

grupo estão os vetores da malária encontrados. A primeira destas espécies é

Anopheles cruzii, uma vez muito importante por ser o vetor primário das epidemias

de malária no litoral paulista até a metade do século passado. Com as campanhas

antimalarígenas acontecidas no estado acabaram com os surtos epidêmicos,

restando apenas uma residual endemia. Foi pouco encontrado neste estudo, e,

pelo seu hábito reprodutivo, praticamente desapareceu no segundo biênio.

6.2 COMPONENTES ECOLÓGICOS

A riqueza e número de indivíduos de culicídeos amostrados indicam

alguma diferença entre as áreas das duas barragens e entre os anos. Biritiba-

Mirim apresentou uma riqueza maior que Paraitinga, enquanto a primeira oscilou

entre 24 e 38 espécies, a última foi de 18 a 23 espécies. A mesma relação

aconteceu entre o número de indivíduos amostrados nos pontos utilizados para

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análise ecológica. Enquanto Biritiba-Mirim teve número de espécimens variando

de 514 a 1504, Paraitinga teve o número de espécimens restrito ao intervalo entre

247 e 758. Esses dados revelam um ambiente mais rico e abundante e Biritiba-

Mirim que em Paraitinga.

Comparando a variação temporal desse empreendimento alguns padrões

são percebidos. Biritiba-Mirim teve riqueza média de 37,5 nos dois primeiros anos

de estudos, e riqueza média de 26 nos dois últimos estudados. O número de

indivíduos amostrados nessa mesma barragem foi, na média dos dois primeiros

anos, 1353 indivíduos, e na média dos dois últimos anos 761 indivíduos. Já em

Paraitinga a média do número amostral nos dois primeiros anos foi 502,5

indivíduos e nos dois anos finais do estudo 489,5.

Os dados sobre riqueza e indivíduos amostrados já revelam que a variação

temporal foi muito mais intensa em Biritiba-Mirim em relação a Paraitinga.

A curva de acumulação de espécies construída a partir das coletas de

Biritiba-Mirim apresentou formato padrão, desenvolvendo uma clara assíntota a

partir de junho de 2004, a 24ª amostragem. Mas esse patamar é desfeito em

setembro de 2005, a partir de quando mais 5 espécies foram amostradas. Essas

cinco espécies são espécies raras, dos subgêneros Wyeomyia (Phoniomyia),

Uranotaenia e Culex (Melanoconion). Já a curva de acumulação de espécies não

apresentou um patamar claro, com acréscimo de espécies até a penúltima coleta.

As curvas revelam que as coletas realizadas não foram capazes de amostrar toda

a riqueza presente nas localidades, em especial em Paraitinga.

Modelos de abundância de espécies foram criados para explicar, de forma

geral, a distribuição de abundâncias, servindo como parâmetro de comparação de

amostragens com diferentes riquezas e números amostrais. A comunidade de

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Biritiba-Mirim se encaixou no modelo log-normal, apesar se sua aderência ser

baixa, sendo possível que essa comunidade não se encaixe em nenhum dos

modelos existentes.

A comunidade de Paraitinga teve aderência maior ao modelo log-normal,

com probabilidade de aderência muito maior que Biritiba-Mirim. O modelo 'log-

normal' é o mais comum na natureza, representando uma comunidade grande,

madura e diversa (Magurran, 1989) , que não é o que encontrou-se nesse local. É

possível que a imprecisão inerente desses modelos seja a causa desse desvio em

relação ao que apontam os outros componentes ecológicos. O uso desses

modelos fornece apontamentos gerais e é comum que comunidades não se

encaixem em nenhum dos modelos.

O segundo componente ecológico a ser analisado é a dominância. Esse

componente mede a heterogeneidade de uma comunidade, indicando

indiretamente a riqueza, e é, no índice de Berger-Parker, numericamente igual a

frequência da espécie mais abundante.

A dominância geral em Biritiba-Mirim foi 0,41 e em Paraitinga foi 0,47.

Entretanto apenas o número geral não nos permite compreender como foi a

dinâmica de variação durante o período estudado. A curva da abundância da

Dominância em Biritiba-Mirim, sofreu alterações durante os anos. Iniciou em 0,37

em 2002, indo a 0,31 em 2003, 0,44 em 2004 e 0,51 em 2005. Essa variação

evidencia uma tendência de aumento da dominância nesse ambiente, a média

nos dois primeiros anos foi 0,34 e nos dois últimos 0,48, indicando diminuição na

equidade durante o correr dos anos. Em Paraitinga a dominação iniciou em 0,3

em 2003, indo a 0,59 em 2003, 0,46 em 2004 e 0,47 em 2005. Apesar da

oscilação a comparação entre os biênios inicial e final mostram uma pequena

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variação, com média de 0,48 no início e 0,465 no fim.

O Índice de Berger-Parker revelou uma tendência de aumento da

dominância e inequidade em Biritiba-Mirim e uma dinâmica estável, de oscilação

em torno da média. Essas tendências são corroboradas pela feitura de uma

análise de regressão linear, e o estudo de seu coeficiente angular. Este

coeficiente, no caso de Biritiba-Mirim, foi -0,01 , valor significante, levado em conta

que 0,02 é o máximo valor que o módulo desse coeficiente pode atingir. Em

Paraitinga o coeficiente angular foi 0,001, valor 10 vezes inferior ao módulo do

mesmo coeficiente encontrado em Biritiba-Mirim.

A diversidade seguiu o mesmo padrão encontrado nos componentes

ecológicos discutidos até agora. Biritiba-Mirim apresentou diversidade média de

2,43 e, em seu biênio inicial, diversidade média de 2,8, valor que representa uma

comunidade de razoável diversidade (o valor máximo desse índice gira em torno

de 4,5). O segundo biênio apresentou diversidade média de 2,06. A fauna de

Paraitinga apresentou diversidade média de 2,02, sendo esta 2,03 em seu biênio

inicial e 2,015 nos últimos dois anos de estudo.

Em busca da compreensão da dinâmica da variação da diversidade, mais

um vez realizou-se, uma regressão linear. O coeficiente linear da regressão de

Biritiba-Mirim mostrou-se diferente de zero e negativo (-0,027) Esse valor, apesar

de aparentemente pequeno, é praticamente 25% do maior módulo possível desse

coeficiente para esses dados (0,12), evidenciando inequivocamente uma

tendência de queda na diversidade, conforme avançava a construção da

barragem.

A mesma análise em Paraitinga resultou em um coeficiente angular de

0,00099 , número quase 30 vezes menor que o encontrado em Biritiba-Mirim,

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mostrando que a média da diversidade se manteve praticamente inalterada

durante todo o período de construção deste lago artificial.

A fauna de Biritiba-Mirim começou com sete espécies com IAEP maior que

0,5, nos a nos de 2002 e 2003 , evoluindo para apenas duas espécies acima

deste patamar em 2004 e 2005. Sempre com IAEP acima de 0,9, Mansonia

titillans foi a espécie mais abundante nos quatro anos e no cômpito geral,

enquanto as outras seis espécies mais abundantes modificaram bastante, sempre

contando com Ad. squamipennis e com presença constante de An. albitarsis s.l.

(02-04) , Ae. scapularis (03-05) e Cq. venezuelensis (02, 04-05). Oc. serratus (04-

05) e An. galvaoi (02-03) também figuraram entre os mais abundantes. An.

evansae, Ma. indubitans, An. triannulatus, Cx. (Cux.) sp., Ae. crinifer, Cx.

delpontei também estiveram presentes entre os mais abundantes.

Os culicídeos de Paraitinga eram mais abundantes no geral. Apenas 3

espécies – Coquillettidia venezuelensis, Mansonia titillans e Culex ribeirensis –

tinham valor do IAEP maior que 0,5 em 2002. Em 2003 e 2004 apenas Aedes

scapularis superou esse valor. No último ano de estudo, Aedes scapularis,

Mansonia titillans e Psorophora ferox obtiveram IAEP maior que 0,5.

Em ambos empreendimentos poucas espécies se mantiveram entre as 10

mais abundantes durante todo o período estudado. Para realizar a necessária

comparação utilizaremos os tipos de criadouros para a comparação entre os

ambientes.

A fauna de Biritiba-Mirim teve, durante todo o período de estudo, espécies

que se criam em grandes corpos d'água, com presença de macrófitas, como a

tribo Mansoninii. Além disso foi comum a presença de espécies que utilizam poças

sombreadas provisórias ou semipermanentes, assim como aqueles que utilizam

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recipientes (como ocos de arvores, água acumulada em folhas, etc.) e bromélias.

Com o avanço da construção da barragem espécies que se utilizam de poças

provisórias ensolaradas cresceram muito, afinal esse ambiente aumentou muito

com o desmatamento pré inundação, e o relatado acúmulo de água próximo ao

eixo da barragem (Sciarreta, 2005) , essas espécies sofreram diminuição no

último ano, já que com a inundação completa do lago, o ambiente de lagos

provisórios desapareceu. Esse tipo de resposta é semelhante daquele ocorrido

com a fauna de Porto Primavera (Gomes et al. 2007), onde esse tipo de ecologia

foi favorecida pela construção e início da inundação, sendo praticamente extinto

com a completa inundação. É provável que se mais um ano de amostragem

tivesse sido realizado, espécies desse hábito diminuíssem intensamente. As

espécies que se utilizam de pequenos recipientes diminuíram sua abundância

com o avanço da construção, também explicado pelo desmatamento, já que esse

tipo de criadouro é associado a existência de matas, mesmo que intermediárias.

Também foi notada, no biênio final, o surgimento de espécies que utilizam-se de

criadouros com muita matéria orgânica. Isso deu-se pela existência da imensa

poça ao lado do eixo da barragem, onde se dava grande acúmulo de água

poluída.

Paraitinga sofreu modificações de forma diferente. As espécies que se

utilizam de recipientes e bromélia eram ausentes, assim como o eram aquelas que

se desenvolvem em lagoas semipermanentes sombreadas. Os hábitos mais

comuns eram lagoas e poças permanentes sombreadas, lagoas provisórias

ensolaradas e associadas à macrófitas. Com o avançar do empreendimento o

hábito de uso de criadouros permanentes sombreadas decaiu bastante, enquanto

os criadouros provisórios cresceram muito, sendo as espécies mais abundantes

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durante todo o período de estudo. Além disso a fauna associada às plantas

macrófitas também se tornou mais abundante. A supressão da vegetação anterior,

criação de poças devido a construção e o início da inundação foram responsáveis

por essas modificações.

A constância é um componente que está presente no cálculo do IAEP,

apesar disso, ao ignorar a frequência, acaba privilegiando espécies raras, afinal é

um índice qualitativo. Assim como em todos os outros componentes as duas

barragens tiveram comportamentos diferentes durante o período estudado.

Em Biritiba-Mirim as espécies mais constantes foram Mansonia titillans,

Aedes scapularis, Aedeomyia squamipennis, Coquillettidia venezuelensis,

Anopheles albitarsis, Culex (Cux.) sp..

O desenho esperado da variação da constância de culicídeos em um

empreendimento como esse é um “X”, no qual as espécies originárias tendem a

diminuir com a destruição de seu nicho ecológico, enquanto espécies previamente

adaptadas as novas condições tendem a aumentar tanto em frequência como em

constância. A figura 22 mostra a variação na constância de algumas espécies em

Biritiba-Mirim, evidencia o movimento esperado. As espécies que crescem têm

como criadouros provisórios, muito comuns em obras de represamento, como já

discutido anteriormente. As espécies cuja constância decai são aquelas cujos

criadouros são mais associados a vegetação nativa, como ocos de árvores,

bromélias, poças sombreadas, entre outras, evidenciando o decaimento dessa

fauna mais ligada a mata. Nesse empreendimento foi mais comum a tendência a

diminuição da constância, das 54 espécies amostradas em 4 anos nessa região,

37 tiveram constância maior em 2002 se comparado a 2005. O número de

espécies cuja constância teve comportamento inverso foi apenas 7, já que as

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espécies de esperada constância crescente, em especial as da tribo Mansoninii, já

possuía alta constância desde o início.

Em Paraitinga as espécies mais constantes foram Aedes scapularis,

Mansonia titillans, Psorophora ferox, Anopheles galvaoi e Aedes serratus. O

desenho na forma de “X” também pode ser observado, com notável crescimento

dos subgênero Aedes (Ochlerotatus) presentes, possivelmente pela criação de

possíveis criadouros durante o avançar da obra. As espécies que se tornaram

menos constantes sofreram o mesmo impacto daquelas em Biritiba-Mirim,

destruição de seu nicho, tanto imaturos como adultos. Os grupos mais

impactados, nesse componente, foi o subgênero Culex (Melanoconion),

Anopheles (Nyssorhynchus) e, inesperadamente, Coquillettidia (Rhynnhotaenia).

Nesse empreendimento o número de espécies que tiveram sua constância

aumentada ou diminuída foi semelhante, 12 e 10, respectivamente.

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2002 2003 2004 20050

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Figura 24 - Variação na Constância de algumas espécies em Britiba-Mirim, por ano

An. galvaoiAn. intermediusWy. confusaWy. edw ardsiAe. serratusAe. scapularis

Ano

Con

stân

cia

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O último componente ecológico analisado é a similaridade. Esta foi

calculada em duas formas, Sorensen (quantitativa) e Jaccard (qualitativa).

A similaridade de Jaccard mostrou que, qualitativamente, as faunas das

duas regiões eram diferentes, e o fator 'localidade' foi mais importante no

agrupamento que o 'ano'. O nó de união entre as duas barragens apresentou valor

em torno de 0,4 , valor razoável que mostra que as faunas são medianamente

semelhantes. No agrupamento BM, os biênios foram agrupados ([BM02, BM03] e

[BM04, BM05], corroborando a hipótese que aconteceu uma mudança qualitativa

entre esses biênios e durante o período estudado. Já em Paraitinga os biênios

não foram agrupados, formando os grupos [PAR02, PAR04] e [PAR03, PAR05].

Esse pode ser mais um indício que as diferenças entre os diferentes momentos da

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2002 2003 2004 20050

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Figura 25 - Variação na Constância de algumas espécies em Paraitinga, por ano

Ad. squamipennisAe. criniferAe. scapularisAe. serratusPs. ferox

Ano

Con

stân

cia

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construção da represa não foram tão grandes em Paraitinga.

A árvore construída pelo algorítmo de agrupamento não ponderado

(UPGMA) dos valores do Índice de Similaridade de Sorensen se mostrou diferente

daquela resultante do Índice de Jaccard. Assim como nesta, a árvore quantitativa

se dividiu em dois grupos, mas ao contrário da qualitativa, esses grupos não foram

[BM] e [PAR], o terminar BM04 não compôs o grupo BM, sendo colocado no grupo

que continha a fauna de Paraitinga. Esse resultado foi bastante inesperado, afinal

as faunas se mostraram bem diferentes, e a similaridade qualitativa mostrou

claramente a diferença entre os dois ambientes. Mas ao observar os dados de

frequência e hábitos reprodutivos das espécies presentes durante esse ano essa

semelhança não se apresenta tão surpreendente. Em 2004, os ambientes tiveram

riqueza semelhante (23 em Paraitinga e 24 em Biritiba-Mirim), compartilhando 13

espécies, com semelhante composição de hábitos (18 espécies possuíam hábitos

correspondentes nos dois ambientes), e com curva de distribuição de riquezas

semelhante. É importante que durante o ano de 2004 os dois empreendimentos

passavam pelo mesmo momento de seu cronograma, ambas estavam sendo

desmatadas, finalizando a construção do eixo da barragem para o início da

inundação. Esse é o momento em que a modificação ambiental se dá de forma

mais intensa e perceptível. Talvez essa semelhança forçada entre os dois

ambientes tenha levado a essa alta similaridade entre as barragens durante 2004.

Dois mil e quatro foi o único ano em que apareceram espécies que utilizam

recipientes naturais como criadouro em Paraitinga, talvez de forma aleatório, e

também foi a primeira vez que Culex nigripalpus, espécie cujos criadouros

possuem muita matéria orgânica, muitas vezes poluídas, foi registrado em

Paraitinga Diversos fatores foram responsáveis por esse inesperado resultado,

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mas a possibilidade que esse tenha sido criado pela mudança ambiental, e não

seja um artefato de amostragem é real.

A análise dos componentes ecológicos mostra que a fauna de Biritiba-

Mirim, apresentou riqueza e diversidade muito superior, e sofrendo uma clara

redução de sua diversidade. O estudo do índice de abundância mostra uma

diminuição na abundância e constância de espécies "silvestres" de hábitos

diversos, e o vertiginoso aumento da dominância e abundância de espécies de

hábito de grandes corpos d'água e, durante o enchimento do lago, de espécies

adaptadas a poças temporárias no solo, em especial o subgênero Aedes

(Ochlerotatus).

As mesmas análises, quando feitas para a fauna encontrada em Paraitinga

mostrou que essa comunidade respondeu de forma diferente. A diversidade

oscilou, mas teve sua média mantida durante os anos de estudo, assim como

pouco se alterou a dominância. O que vimos foi que a diversa fauna originária não

estava presente, o que é mostrado pela ausência de espécies que diminuíram seu

índice de abundância.

A hipótese que a fauna originária silvestre foi substituída em Biritiba-Mirim e

era ausente em Paraitinga é corroborada ao compararmos o número de espécies

presentes exclusivamente nos biênios inicial ou final. Em Biritiba-Mirim foram

amostradas 53 espécies, destas 22 foram encontradas apenas no biênio

2002/2003 e nos anos 2004/2005 foram sete as espécies exclusivas deste biênio.

Já em Paraitinga os números foram bem diferentes. A riqueza total foi 37, destas 7

espécies foram exclusivas do biênio inicial e 11 espécies o foram no biênio final.

Outra hipótese que pode explicar a diferença nas respostas ao impacto é

que, apesar de próximas, as áreas possuírem biogeografias diferentes. A

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barragem de Paraitinga está inserida na Mata Atlântica de planalto, mais próxima,

logo associada, ao bioma de cerrado, exibindo uma fauna de transição,

apresentando elementos de ambos biomas. Enquanto a barragem de Biritiba-

Mirim é mais próxima a Serra do Mar, apresentando um bioma de Mata Atlântica

stricto sensu. Essa diferença de localização, pode ser a responsável pela baixa

similaridade qualitativa entre as localidades. Apesar dessas evidências, é mais

plausível que a principal razão para a dessimilaridade e resposta desigual ao

impacto seja os diferentes graus de antropização.

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7. CONCLUSÃO

A bioecologia desta família a faz sensível a modificações no regime de

águas, como a construção de lagos artificiais. A forma e dinâmica da resposta ao

impacto pode variar, determinada por fatores como o grau de modificação

ambiental, espécies preexistentes, velocidade da modificação, entre outras.

A resposta a modificação ambiental semelhante foi diferente em Biritiba-

Mirim e Paraitinga. Apesar do diagnóstico ambiental ter classificado Paraitinga

como ambiente menos modificado, chegando a comunidade clímax, e Biritiba-

Mirim como ambiente mais antropizado, o que vimos foi exatamente o oposto, A

fauna em Biritiba-Mirim teve queda de abundância de suas espécies mais

silvícolas (Sabethini e Uranotaeniini), a manutenção da alta abundância daquelas

associadas a macrófitas (Mansoniini) e o crescimento daqueles adaptados a

criadouros ensolarados temporários (Aedes (Ochlerotatus)). A fauna de Paraitinga

sofreu apenas o aumento da abundância de Mansoniini e Aedes (Och.) spp.

Apesar da pequena presença de vetores comprovados na área estudada, a

degradação e transformação ambientais, parte integrante das engrenagens do

sistema econômico (Foster 2005), são fatores fundamentais no processo saúde-

doença, possibilitando a emergência ou reemergência de agravos transmitidos por

vetores.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

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ANEXOS

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Anexo I – Fotografias da Área de Estudo

Figura 26 – Equipe em atividade de captura de culicídeos adultos através

de Armadilha de Shannon, Biritiba-Mirim.

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Figura 27 – Vista aérea da área de influência da Represa de Biritiba-

Mirim.

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Figura 28 – Vista aérea da área do canteiro de obras, o eixo da barragem

de Biritiba-Mirim pode ser visto ao fundo.

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Fonte: SSE/SP, 2006

Figura 29 – Vista aérea da represa de Paraitinga após a inundação.

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Figura 30 – Croqui anterior ao início das obras, com as futuras localizações das represas

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Anexo II - Banco de Dados

Banco de dados de todas as amostragens realizadas em Paraitinga, de julho de 2002 a dezembro de 2005, Armadilha de Shannon.Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Nov/02 Dez/02 Jan/03 Fev/03 Mar/03 Abr/03 Mai/03 Jun/03 Jul/03 Ago/03 Set/03 Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 Mar/05 Abr/05 Mai/05 Jun/05 Jul/05 Ago/05 Set/05 Out/05 Nov/05 Dez/05

Ad. squamipennis 4 5 2 1 1 4Ae. albopictusAn. albitarsis s.l . 15 1 2 2 2 1An. cruziiAn. evansae 6 15 4 1An. galvaoi 13 6 13 18 25 21 1 2 1 8 13 7 18 2An. intermedius 4An. lutzi 1 1An. maculipesAn. strodei 1An. triannulatus 2 2Cq. crysonotum/albifera 6 33 135 4 3 14Cq. crysonotum 6 23 23Cq. hermanoi 1 2Cq. juxtamansonia 3Cq. venezuelensis 35 15 202 2 1 1 1 5 1 7 2 1 51Cx. (Ads.) amazonensis 5 14 3 1 2Cx. (Cux.) chidesteri 1Cx. (Cux.) Gr. Coronator 1 2 2 46 11Cx. nigripalpus 3 1 3Cx. (Cux.) sp. 24 7 4 6 9 5 2 2 6 3 2 1 5Cx. (Mel.) akritos 1Cx. (Mel.) bastagariusCx. (Mel.) delponteiCx. (Mel.) Gr. Atratus 7 4 1Cx. (Mel.) misionensisCx. (Mel.) pereyrai 1Cx. (Mel.) ribeirensis 19 1 23 5 4 1 1 1 10Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 1 1 2Cx. (Mel.) Seç. SpissipesCx. (Mel.) vaxusCx. theobaldiLi. durhamiMa. indubitans 92Ma. titi l lans 10 34 11 3 2 13 11 12 7 10 2 2 1 1 37 14 6 3Ma. wilsoni 41 1 1Oc. crinifer 5 14 1 6 1 1 13 1 4 5 2 1 6Oc. hastatusOc. hastatus/oligopistusOc. nubilusOc. scapularis 8 2 4 2 1 2 12 3 11 9 16 1 2 18 1 2 5 17 4 3 9 7 4 22 1 3 39 1 6 52 2Oc. serratus 6 12 1 21 7 25 3 3 4 12 4 5 1 1Oc. serratus/nubilusPh. bonneiPs. albigenu 1Ps. discrucians 8 2 1 1Ps. ferox 4 16 6 5 35 5 5 1 11 5 13 6 5 7 1 27 4Ru. reversa 3Ur. apicalis 2Ur. davisiUr. geometricaUr. pulcherrima 2 1 1Wy. confusaWy. davisi 1Wy. edwardsiWy. flabellataWy. splendidaWy. sp.

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Banco de dados de todas as amostragens realizadas em Biritiba-Mirim, de julho de 2002 a dezembro de 2005, Armadilha de Shannon.Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Nov/02 Dez/02 Jan/03 Fev/03 Mar/03 Abr/03 Mai/03 Jun/03 Jul/03 Ago/03 Set/03 Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 Mar/05 Abr/05 Mai/05 Jun/05 Jul/05 Ago/05 Set/05 Out/05 Nov/05 Dez/05

Ad. squamipennis 2 6 8 80 5 43 5 83 22 16 15 10 13 1 8 1 1 49 2 8 54 31 3 3 4 9 3Ae. albopictus 4An. albitarsis s.l. 28 70 21 6 1 2 6 2 2 7 16 1 4 1 4 3 2 2 2 2 12 1An. cruzi i 1 1An. evansae 2 12 2 2 1 1 2 5 1An. galvaoi 27 77 22 4 2 1 11 7 24 2 8 11 3 20 2 4 2 9 6 1An. intermedius 2 35 8 1 2 1 3 3 1 6 1An. lutzi 2An. maculipes 1An. strodeiAn. triannulatus 1 8 13 13 7 13 14 2 2 1 3 5 3 1Cq. crysonotum/albifera 9 9 26 14 6 14 22 1 1 6 4 2 8 10 1 1Cq. crysonotumCq. hermanoi 1 9 31 9 1 1 18Cq. juxtamansonia 7Cq. venezuelensis 3 14 10 33 6 4 10 9 1 1 5 1 4 1 3 2 3 1 8 3 33 18 2 1 3Cx. (Ads.) amazonensis 1 6 2Cx. (Cux.) chidesteriCx. (Cux.) Gr. Coronator 5 10 7 4 1 1 1 36 10Cx. nigripalpus 1 1 1 8 1 4 1Cx. (Cux.) sp. 1 2 8 1 1 4 4 9 5 6 5 1 15 2 7 3 3 1 15 15 2Cx. (Mel.) akritos 3 1Cx. (Mel.) bastagarius 1 2 1Cx. (Mel.) delpontei 1 1 1 1 11 1 1 1 1 1 2 7 12 2Cx. (Mel.) Gr. Atratus 1 1Cx. (Mel.) misionensis 1Cx. (Mel.) pereyrai 1 12 7 2 1 3 3 2 1 1 2 1Cx. (Mel.) ribeirensisCx. (Mel.) Seç. Melanoconion 1 4 10 6 2 2 16 3 16 2Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 1Cx. (Mel.) vaxus 1 5 1Cx. theobaldi 1Li. durhami 1 1Ma. indubitans 7 8 13 15 15 11 27 5 6 3 1 25 1 11 19Ma. titi l lans 9 19 116 131 42 50 54 86 113 47 9 5 11 38 30 7 12 2 27 19 19 2 18 1 15 20 22 6 19 8 24 22 16 10 1 176 67 88 106 4 6Ma. wilsoni 3 1 1 1 1 1 3 1Oc. crinifer 3 2 3 2 1 1 4 2 2 4 6 3Oc. hastatus 1 1 2Oc. hastatus/oligopistus 1Oc. nubilusOc. scapularis 3 3 6 2 9 20 34 22 2 9 1 6 3 3 13 15 1 4 5 10 1 16 10 1 22 3 2 2 2 1Oc. serratus 7 1 2 3 26 1 1 1 3 8 7 1 3 3 2Oc. serratus/nubilus 16 13 28 19 10 81 27 3 1Ph. bonnei 1Ps. albigenu 2 2 4 3Ps. discrucians 1 1Ps. ferox 1 9 10 18 14 1 3 6 4 5 1 7 2 3Ru. reversa 2 1Ur. apical is 1Ur. davisi 2 1 1Ur. geometrica 1Ur. pulcherrima 1 1Wy. confusa 1 1 1 1 2 2Wy. davisi 1Wy. edwardsi 2 1 8 3 1 14 10Wy. flabellata 1Wy. splendida 1Wy. sp. 1