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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS LIZIANE BIZI FRACASSI Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em eventos sustentáveis: estudo de caso do II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP – São Carlos São Carlos 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

LIZIANE BIZI FRACASSI

Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em eventos sustentáveis: estudo de caso do II Simpósio sobre Resíduos

Sólidos da USP – São Carlos

São Carlos 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

ENGENHARIA AMBIENTAL

GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM

EVENTOS SUSTENTÁVEIS: ESTUDO DE CASO DO II

SIMPÓSIO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS DA USP – SÃO

CARLOS

Aluna: Liziane Bizi Fracassi Orientador: Prof. Dr. Valdir Schalch

Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.

São Carlos, SP

2012

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP

Fracassi, Liziane Bizi F797g Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em eventos sustentáveis : estudo de caso do II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP - São Carlos. / Liziane Bizi Fracassi ; orientador Valdir Schalch –- São Carlos, 2012. Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) -- Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2012. 1. Gestão e gerenciamento. 2. Resíduos sólidos. 3. Eventos sustentáveis. I. Titulo.

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“Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje.”

Sabedoria Popular

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Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre souberam o valor do estudo e sempre me apoiaram nos meus sonhos.

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Agradecimentos

Agradeço inicialmente a Deus por essa oportunidade de vida e aos meus pais pelo incentivo ao estudo e pela oportunidade de estudar em bons lugares, o que me permitiu o ingresso nesse curso, nessa faculdade. Agradeço em especial à minha mãe por todo apoio emocional em todo o período da faculdade, apoio essencial para que eu chegasse até aqui.

Agradeço aos meus irmãos (especialmente ao Lucas) por serem para mim exemplos de esforço e dedicação.

Agradeço muito ao Prof. Valdir Schalch que me deu esta oportunidade de pesquisa. Não tenho como não agradecer igualmente ao Rodrigo, que sempre me ajudava a encontrar o professor para resolver pendências nesse processo de busca por uma pesquisa no tema que me interessava.

Agradeço ao Prof. Luiz Antonio Daniel, em cuja aula tive o contato inicial com a área de Resíduos Sólidos, descobrindo enfim aquilo de que gostava.

Agradeço à Pri, veterana querida, que me apresentou ao professor Valdir Schalch.

Agradeço ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa concedida para a realização desta pesquisa.

Agradeço aos colegas que participaram da minha formação pessoal não período em que fazia este trabalho, mas ao longo de todos os anos de faculdade, como a Teresa, o Bacon, a Neuza e o Bruno.

Agradeço ao Alan e ao Benjamin, meus mentores nessa pesquisa, que muito me ajudaram com seu material, suas orientações baseadas na experiência e seu entusiasmo em melhorar o mundo.

Agradeço demais à Tati e ao Rodrigo (novamente) por toda orientação, toda disponibilidade, toda paciência e todo empenho em fazer o II SIRS e meu trabalho darem certo.

Agradeço demais à Pazu e à equipe do USP Recicla, sempre muito atenciosos e prestativos, e cuja ajuda foi essencial para a realização da maior parte da parte prática deste trabalho. Destaco o Raphael, que ajudou na caracterização dos resíduos.

Agradeço a todo o pessoal que cuidava dos coffee breaks durante o evento por toda colaboração e acolhimento.

Agradeço, por fim, aos professores e colegas de curso que serviram de apoio e orientação nas minhas incertezas ao longo do curso, em especial ao Prof. Marcelo Zaiat, que foi praticamente um psicólogo em alguns momentos, e ao querido veterano Davi, que dá um norte aos bixos que a ele recorrem, sempre muito acolhedor.

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RESUMO FRACASSI, L. B. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em eventos sustentáveis:

estudo de caso do II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP de São Carlos. 2012. 86

p. Trabalho de Graduação (Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, 2012.

A organização de eventos, na atualidade, está fortemente relacionada a uma significativa geração de resíduos sólidos, devida principalmente à falta de cultura dos organizadores associada, muitas vezes, ao excesso de patrocínio. Desse modo, gera-se muito desperdício e, por conseguinte, muitos resíduos. Essa situação contraria a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que determina como passos iniciais da gestão a não geração e a redução. Mais incoerente ainda é o fato de um evento que trata de Gestão de Resíduos Sólidos ter uma produção tão grande de resíduos, em geral advindos da distribuição de brindes e do desperdício de alimentos do coffee break. No sentido de minimizar a geração de resíduos no II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP de São Carlos, bem como analisar produção de resíduos e comparar os dados com trabalhos anteriores, criou-se um planejamento de gerenciamento de resíduos, feito em conjunto com a comissão organizadora do evento, de acordo com suas possibilidades reais. Esse planejamento baseou-se nas recomendações de um guia para organização de eventos sustentáveis e incluiui, além de medidas preventivas de geração de resíduos, a coleta e separação dos resíduos para posterior quantificação e caracterização. Encontrou-se que divulgação, coffee break, kit do participante e organização foram respectivamente responsáveis por 6%, 50%, 41% e 3% em massa da geração de resíduos no evento citado. A geração per capita de resíduos foi de 0,190 kg. Simulando-se a aplicação das mesmas estratégias de minimização utilizadas por outros autores em trabalhos anteriores, notou-se que de fato elas eram eficientes. Uma estratégia simples poderia gerar uma redução de 51,2% em massa dos resíduos gerados no coffee break, o que representa 26,4% da geração total. Com uma estratégia mais elaborada, alcançar-se-ia uma redução de 73,5%, 95,3% e 75% da massa de resíduos advindos respectivamente do coffee break, do kit do participante e da organização, promovendo uma redução de 78,1% dos resíduos totais gerados no evento e reduzindo para 0,042 kg a geração per capita de resíduos.

Palavras-chave: gestão e gerenciamento; resíduos sólidos; eventos sustentáveis.

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ABSTRACT

FRACASSI, L. B. Solid waste management in sustainable events: study case of the II

Symposium about Solid Waste of USP - São Carlos. 2012. 86 p. Undergraduate

Conclusion Essay (Environmental Engineering) – School of Engineering of São Carlos,

University of São Paulo, 2012.

Nowadays, the organization of events is closely related to a huge solid waste generation, mainly due to the lack of culture from the organizers associated to excess of sponsorship. Thereby, much waste occurs and much solid waste is generated. This situation goes against the National Policy of Solid Waste (Law 12305/2010 - Brazil), which determines the prevention of generation of solid waste and its reduction as first steps of management. It’s even more incoherent the fact of an event which theme is the management of solid waste has such a big waste production, in general resulting from food from the coffee-break. In sense to minimize the waste generation in the II Symposium about Solid Waste of USP – São Carlos just as well analyzing the production of residues and comparing the data to previous essays, a Solid Waste Management Planning was created together with the Organizing Committee, according to its real possibilities. This planning was based on the recommendations of a guide for the organization of more sustainable events and includes, as well as solid waste generation preventive measures, the waste collection and separation for its subsequent quantification and characterization. It was found that diffusion, coffee-break, participant’s kit and organization are respectively responsible for 6%, 50%, 41% and 3% of the waste generation in the above event. The waste generation per capita was 0,190 kg. Simulating the application of the same minimization strategies utilized by other authors in previous essays, it was noted that there were indeed efficient. A simple strategy could result in a reduction of 51.2% of the total mass of residues of coffee-break, what represents 26.4% of the total generation. Concurrently using a more elaborated strategy, it would reach a reduction of 73.5%, 95.3% e 75% of the mass of waste come respectively from coffee-break, participant’s kit and organization, promoting a reduction of 78.1% of the total waste produced in the event and reducing to 0,042 kg the waste generation per capita. Keywords: management; solid waste; sustainable events.

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Produção de resíduos sólidos por categoria em massa e suas respectivas porcentagens..............................................................................................................38 Tabela 2: Usos do papel na organização....................................................................40

Tabela 3: Usos do plástico na organização................................................................40

Tabela 4: Distribuição dos resíduos de organização..................................................40

Tabela 5: Composição detalhada dos resíduos da organização.................................41

Tabela 6: Composição dos resíduos de divulgação...................................................42

Tabela 7: Composição dos resíduos do coffee break.................................................43

Tabela 8: Composição simplificada dos resíduos recicláveis de coffee break..........45

Tabela 9: Composição detalhada dos resíduos recicláveis de coffee break...............45

Tabela 10: Composição parcialmente detalhada dos resíduos de coffee break.........46

Tabela 11: Composição detalhada dos resíduos de coffee break...............................46

Tabela 12: Composição dos resíduos dos kits dos participantes...............................48

Tabela 13: Contribuição de cada material na massa total dos resíduos dos kits dos participantes...................................................................................................................49

Tabela 14: Usos do papel nos kits dos participantes.................................................49

Tabela 15: Itens abrangidos pela Estratégia 1 e suas respectivas massas.................54

Tabela 16: Resíduos do coffee break abrangidos pelas Estratégias 1 e 2, e suas respectivas massas.....................................................................................................55

Tabela 17: Resíduos do kit do participante abrangidos pela Estratégia 2, e suas respectivas massas.....................................................................................................56

Tabela 18: Resíduos de organização abrangidos pela Estratégia 2, e suas respectivas massas........................................................................................................................56

Tabela 19: Composição dos resíduos sólidos do II SIRS – simulação......................59

Tabela 20: Composição dos resíduos de coffee break na situação ideal...................60

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Lista de Figuras

Figura 1: Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à sua origem............................8

Figura 2: Coletores de resíduos.................................................................................22

Figura 3: Bloco de anotações com programação impressa........................................24

Figura 4: Copos oferecidos no coffee break..............................................................25

Figura 5: Alimentos veganos servidos no coffee break.............................................27

Figura 6: Coletores que ficavam ao fundo do salão...................................................32

Figura 7: Sacos para diferentes tipos de resíduos......................................................32

Figura 8: Componentes do kit do participante...........................................................37

Figura 9: Guardanapos usados presentes em mais de um tipo de coletor..................44

Figura 10: Bandeja de doces da padaria....................................................................44

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Lista de Gráficos

Gráfico 1: Distribuição da geração de resíduos por categoria...................................38

Gráfico 2: Distribuição dos resíduos de organização................................................41

Gráfico 3: Distribuição dos resíduos de divulgação..................................................42

Gráfico 4: Distribuição dos resíduos de coffee break................................................43

Gráfico 5: Composição detalhada dos resíduos recicláveis de coffee break.............45

Gráfico 6: Composição detalhada dos resíduos de coffee break...............................47

Gráfico 7: Composição detalhada dos resíduos de kit do participante......................48

Gráfico 8: Composição dos resíduos sólidos do II SIRS – simulação.......................59

Gráfico 9: Composição dos resíduos de coffee break na situação ideal....................60

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Lista de Quadros

Quadro 1: Quadro comparativo entre o II SIRS e os eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) (1, 2 e 3)...........................................................................................50

Quadro 2: : Resultados da aplicação das Estratégias 1 e 2 no II SIRS......................57

Quadro 3: Quadro comparativo entre a situação real do II SIRS, a situação ideal do II SIRS e a média dos três eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) (1, 2 e 3)................................................................................................................................58

Quadro 4: Massas de rejeitos relativas ao nº de participantes e de coffee breaks, nos 4 eventos citados........................................................................................................60 Quadro 5: : Massas de resíduos compostáveis relativas ao nº de participantes e de coffee breaks, nos 4 eventos citados..........................................................................61

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Sumário

1. Introdução................................................................................................................1

2. Objetivos..................................................................................................................3

3. Revisão Bibliográfica..............................................................................................4

3.1. Resíduos Sólidos na atualidade............................................................................4

3.2. O novo olhar perante os Resíduos Sólidos...........................................................5

3.2.1. Destinação final ambientalmente adequada..........................................8

3.2.2. Sustentabilidade...................................................................................10

3.2.3. Resíduos Sólidos nos processos produtivos........................................11

3.2.4. Caracterização física dos Resíduos Sólidos.........................................13

3.3. Resíduos Sólidos em eventos.............................................................................14

4. Materiais e Métodos...............................................................................................16

4.1. Pesquisa bibliográfica.........................................................................................16

4.2. Conversa inicial com a Comissão e aplicação do questionário..........................17

4.3. Elaboração do Planejamento de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos

com base no “Guia Prático para Organização de Eventos mais

Sustentáveis”.............................................................................................................17

4.3.1. Comissão Organizadora.......................................................................18

4.3.2. Patrocínio.............................................................................................18

4.3.3. Divulgação e Inscrições.......................................................................19

4.3.4. Acessibilidade......................................................................................21

4.3.5. Resíduos Sólidos..................................................................................21

4.3.6. Materiais Utilizados.............................................................................23

4.3.7. Alimentação.........................................................................................26

4.3.8. Tópicos não abordados........................................................................28

4.4. Reuniões com a Comissão..................................................................................31

4.5. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos durante o evento.....................................31

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4.6. Caracterização Física dos Resíduos Sólidos......................................................33

4.6.1. Etapas da caracterização......................................................................33

4.7. Divisão em categorias........................................................................................34

4.7.1. Organização.........................................................................................34

4.7.2. Divulgação...........................................................................................35

4.7.3. Coffee break........................................................................................36

4.7.4. Kit do participante...............................................................................36

5. Resultados e Discussão..........................................................................................37

5.1. Análise do evento como um todo.......................................................................37

5.2. Análise por categoria..........................................................................................39

5.2.1. Organização.........................................................................................39

5.2.2. Divulgação...........................................................................................41

5.2.3. Coffee break........................................................................................42

5.2.4. Kit do participante...............................................................................47

5.3. Valores per capita..............................................................................................49

5.4. Aplicação de estratégias para minimização de resíduos....................................54

5.4.1. Estratégia 1..........................................................................................54

5.4.2. Estratégia 1 combinada com Estratégia 2............................................54

5.4.3. Situação ideal, após a aplicação de ambas as estratégias....................56

6. Conclusão...............................................................................................................61

7. Recomendações.....................................................................................................63

7.1. Às comissões organizadores..............................................................................63

7.2. Aos pesquisadores, para trabalhos futuros.........................................................65

8. Referências bibliográficas......................................................................................66

Apêndice 1.......................................................................................................

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1. Introdução

Atualmente, em eventos, são encontrados diversos impactos ambientais, como

excesso de embalagens, gasto energético desnecessário e uso de copos plásticos no coffee

break. Tais impactos representam uma incoerência quase se trata de eventos relacionados à

temática ambiental. Medidas muito simples podem ser tomadas para adequar tais eventos à

sua temática e impactos socioambientais podem ser evitados, por exemplo, sobrecarga de

aterros e contaminação da água, do solo e do ar.

Há uma forte tendência mundial ao consumo desenfreado e à conseqüente geração

de resíduos, que muitas vezes se mostra maior quanto mais investimentos ocorrem em

eventos. Certamente o patrocínio é essencial, no entanto ele pode ser direcionado a ações

previamente especificadas e quantificadas de modo a evitar o desperdício dos recursos. Por

meio de diálogo entre a Comissão Organizadora do evento e a empresa ou fundação

patrocinadora, medidas que levem em consideração o equilíbrio do meio ambiente podem

ser pensadas, planejadas e adotadas.

Em vez de os investimentos serem pautados nas ações do evento, ocorre a busca

desenfreada por patrocinadores, levando-se em consideração apenas o capital que será

obtido. Infelizmente, quanto mais dinheiro é arrecadado, maior o investimento em coffee

break, que acaba contendo alimentos cada vez mais embalados e processados. Ocorre

ainda, em decorrência do excesso de patrocínio, a distribuição desnecessária de brindes.

Outro fator que promove a geração desnecessária de resíduos sólidos em eventos

como simpósios, congressos e outros é a falta de cultura dos organizadores, que não

pensam aonde vão os restos do seu consumo e como evitar sua geração, e dos participantes,

que não cobram uma postura mais ética por parte da organização do evento. Informação e

iniciativa podem diminuir fortemente os danos que a excessiva geração de resíduos causa

ao meio ambiente.

Hoje, a mais adequada destinação final dos resíduos sólidos segundo a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12305/2010) são os aterros sanitários. O excesso de

resíduos sólidos causa a diminuição da vida útil de aterros e desrespeita a PNRS, que

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recomenda como passos iniciais da gestão a não geração, a redução e a reciclagem de

resíduos sólidos ou sua recuperação energética.

Além disso, o simples hábito da separação do resíduo é essencial para evitar que

grandes quantidades de resíduo sejam desnecessariamente enviadas para a destinação final

enquanto poderiam ser reutilizadas, recicladas ou utilizadas para outros fins. A adoção

dessa ação permite, por exemplo, que a matéria orgânica (cascas de frutas, restos de

alimentos, madeira) seja utilizada para compostagem, os materiais recicláveis (papel,

plástico, vidro, metal limpos) sejam reaproveitados, remanufaturados ou reciclados e que

apenas os rejeitos sejam enviados para aterros sanitários.

Entretanto, a mais significativa das mudanças está no padrão de consumo. A análise

da necessidade de embalagens e afins, a leitura dos rótulos dos produtos, o cálculo mais

cuidadoso da real necessidade per capita de alimento, a pesquisa dos materiais utilizados na

produção de um objeto, entre outros, devem fazer parte da rotina de planejamento de um

evento ou de uma simples compra para a família. Somente por meio de informação podem-

se realizar mudanças no padrão de consumo, diminuindo-se, desse modo, o impacto das

ações antrópicas ao meio ambiente.

Corroborando essa idéia, Mortean (2010) analisou três eventos, como semanas de

cursos de graduação, ocorridos ao longo de 2010 no campus da USP em São Carlos. O

trabalho supracitado encontrou que 49% em massa dos resíduos gerados no tipo de evento

estudado são provenientes de divulgação, 36%, de coffee breaks e 15%, dos kits recebidos

pelos participantes, e que ações simples podem reduzir em até 62% a massa de resíduos

sólidos gerados.

Portanto, é incoerente que um evento que trate de gerenciamento de resíduos sólidos

não possua planejamento da sua geração de resíduos. Soma-se a isso o caráter que eventos

na universidade têm de unir um grande número de pessoas de diversos níveis sociais e

culturais, podendo aproveitar essa oportunidade para agregar a todas as diversas pessoas,

por meio do exemplo e de informação, as noções de respeito ao meio ambiente e

responsabilidade individual pelo bem-estar comum. O presente estudo vem, portanto,

buscar meios de não gerar e reduzir essa geração para adequar o evento a recomendações

da política nacional e a sua ideologia.

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Algumas das medidas sugeridas no “Guia Prático para Organização de Eventos

mais Sustentáveis - Campus USP de São Carlos” (LEME & MORTEAN, 2010), em

especial aquelas relacionadas aos resíduos sólidos, foram aplicadas no II Simpósio sobre

Resíduos Sólidos (SIRS) do campus USP de São Carlos, que ocorreu entre 30 de novembro

e 02 de dezembro de 2011 no anfiteatro Jorge Caron, no campus de São Carlos da USP.

Este estudo vai apresentar a caracterização dos resíduos gerados neste evento e avaliar a

eficiência do conjunto de medidas sugerido pelo supracitado guia e aplicadas, comparando

a geração per capita de resíduos do II SIRS com a dos eventos estudados por Pivotto

Oliveira (2011), além de analisar a provável diminuição de resíduos caso todas as medidas

selecionadas tivessem sido aplicadas com sucesso.

2. Objetivos

Principal:

elaborar e aplicar um planejamento de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos

gerados no II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP - São Carlos (II SIRS), com

base no “Guia Prático para Organização de Eventos mais Sustentáveis - Campus

USP de São Carlos” (LEME & MORTEAN, 2010) , e avaliar sua eficácia.

Específicos:

avaliar a caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos produzidos no

II SIRS;

comparar a geração per capita de resíduos do II SIRS com demais eventos

estudados por Pivotto Oliveira (2011);

estimar a redução na geração de resíduos, caso todas as medidas selecionadas do

“Guia[...]”(LEME & MORTEAN, 2010) tivessem sido aplicadas com eficiência;

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apontar as principais dificuldades da aplicação das medidas sugeridas no “Guia[...]”

(LEME & MORTEAN, 2010) e sugerir novas medidas de gestão de resíduos

sólidos que orientem a organização de eventos mais sustentáveis.

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Resíduos Sólidos na atualidade

A necessidade de uma gestão mais organizada dos resíduos sólidos no mundo se

torna a cada dia mais evidente. No Brasil, alguns dos mais significativos impactos

negativos da disposição inadequada dos resíduos são, segundo Sudan et al (2007), a

proliferação de vetores causadores de doenças, como ratos, baratas e o mosquito

aedes aegypti (transmissor do vírus da dengue), a contaminação das águas e do solo por

chorume, que pode gerar contaminação humana, a poluição do ar devido à queima ou

decomposição dos resíduos, poluição visual e impactos na paisagem, além do agravamento

de enchentes devido ao entupimento de bueiros.

Soma-se a isso a falta de espaço para a disposição de resíduos sólidos nas cidades,

uma vez que a noção da importância da separação dos resíduos recicláveis ainda é pequena,

fazendo com que muito material que poderia ser reutilizado ou reciclado ocupe espaço nos

aterros e lixões, demorando até centenas de anos para se decompor. Os lixões, por sua vez,

constituem forma inadequada de destinação final de resíduos, por não terem controle de

vetores, drenagem de líquidos percolados (chorume) e impermeabilização de base.

Outro agravante da dificuldade de gerenciamento dos resíduos sólidos hoje é o

padrão de consumo que está se difundindo em todo o mundo. A imposição de necessidades,

com alicerce no marketing agressivo que atinge todas as classes sociais, por meio de

televisão, internet e anúncios na rua em outdoors, em pontos de ônibus e em todo lugar que

a criatividade já consegue alcançar, fazem crescer no homem a vontade de adquirir ítens

supérfluos e o esforço para realizar esta vontade.

Frésca (2007) discorre sobre isso utilizando a expressão ‘cultura do supérfluo’, e

atenta para a tendência, contrária à de antigamente, à produção de artigos rapidamente

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descartáveis, feitos mesmo para não durar (obsolecência programada), para atender ao

avanço crescente da tecnologia e à nova necessidade de constante atualização do homem,

que não pode, por exemplo, ter o mesmo celular obsoleto de 4 anos atrás, ou ficar sem o

último lançamento em termos de praticidade e conforto em casa de que até então não

precisava. Cavalcanti (2001) corrobora essa ideia, afirmando que “Nossa vida é um

contínuo processo de aquisição de bens de consumo, comprados muitas vezes por hábitos

consumistas e esbanjadores automáticos, que adotamos em virtude de esquemas

persuasivos de marketing lançados maciçamente sobre nós.”. Leite (2003) afirma ainda que

“o acelerado ímpeto de lançamento de inovações no mercado cria um alto nível de

obsolescência desses produtos e reduz seus ciclos de vida, com clara tendência à

descartabilidade [...].”.

Para Fontes et al (2008), “a mudança nesse padrão contempla não só a economia de

recursos naturais e financeiros, mas também a reorientação de valores, desejos e

comportamentos coletivo e individuais”. De acordo com os mesmos autores, “[...] a

sociedade deveria [...] priorizar a prevenção dos impactos negativos de suas ações. Caso [..]

não possam ser evitados, o trabalho deve enfatizar ações corretivas para diminuí-los.”.

Leme et al (2012) concluem que se deve buscar um equilíbrio entre a satisfação pessoal, a

sustentabilidade do planeta e os efeitos sociais de nossa decisão.

Apesar do lamentável quadro que reflete nossa cultura, a Lei nº 12.305, de 2 de

agosto de 2010, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS),

regulamentada pelo Decreto nº7.404, de 23 de dezembro de 2010, vem guiar, no sentido

abordado por Fontes et al (2008), as ações de cidadãos comuns, empresas e governos

federal, estaduais e municipais por meio de definições de termos, e determinação de

objetivos, instrumentos e proibições.

Para tanto, apresenta medidas de gestão, que segundo NEPER (2011) é “um

conjunto de normas e diretrizes que regulamentam os arranjos institucionais [...], os

instrumentos legais e os mecanismos de financiamento.”, e de gerenciamento, que segundo

os mesmos autores é “a realização do que a gestão delibera, através da ação administrativa,

de controle e planejamento de todas as etapas do processo.”. A criação dessa lei representa

o passo inicial na gestão organizada dos resíduos sólidos e pode vir a ser melhorada de

acordo com as observações que se fizerem de sua aplicação.

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3.2. O novo olhar perante os Resíduos Sólidos

A PNRS tem como alguns de seus objetivos, apresentados no artigo 7º, a não

geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (item II), estratégia de gestão e

gerenciamento que deve ser aplicada seguindo-se esta ordem, de acordo com o artigo 9º; o

estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços (item

III); e o incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial

voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos

sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético (item XIV). Além disso,

baseia-se no princípio da prevenção e da precaução e atenta para a necessidade do

reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de

valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania, bem como para a

importância da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, de acordo

com o artigo 6º. Como um de seus principais instrumentos, apresentados no artigo 8º, tem

o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária.

Zaneti e Sá (2002), em concordância com a PNRS, afirmam que prevenção

(mudança de hábitos de produção e consumo); responsabilização das empresas quanto ao

destino das embalagens e dos resíduos sólidos gerados na extração dos recursos; redução,

reutilização e reciclagem; e valorização orgânica (compostagem) e energética dos resíduos

são essenciais para uma boa gestão de resíduos sólidos.

Para que as bases da PNRS sejam compreendidas, a própria lei e outros autores

definem alguns dos termos utilizados. Inicialmente, é interessante definir resíduo sólido. De

acordo com a ABNT(2004), são

resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e

de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de

sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e

instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

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esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

O artigo 3º da PNRS, por sua vez, define resíduo sólido como

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades

humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede [...] nos estado

sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

esgotos ou em corpos d’água[...].

Esta lei também traz uma nova classificação dos resíduos quanto à sua origem,

descrita a seguir e ilustrada na Figura 1:

resíduos sólidos urbanos (RSU), que englobam os resíduos domiciliares,

originários de atividades domésticas em residências urbanas, e os resíduos de

limpeza urbana, oriundos de varrição e serviços de limpeza em vias públicas;

resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, excetuando-se os

produzidos em limpeza urbana, serviço de saneamento básico, serviços de saúde,

construção civil e serviço de transportes;

resíduos industriais, que são gerados em instalações industriais e processos

produtivos;

resíduos de serviços de saúde, como farmácia, hospitais, clínicas veterinárias, entre

outros

resíduos da construção civil, que são gerados nas construções, reformas, reparos e

demolições de obras da construção civil;

resíduos agrossilvopastoris, os de atividades agropecuárias e silviculturais;

resíduos de serviços de transportes (inclusos portos, aeroportos, rodoviários e

ferroviários); e

resíduos de mineração, seja de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.

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Figura 1: Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à sua origem. Fonte: NEPER (2011).

Quanto à periculosidade, os perigosos são aqueles que apresentam inflamabilidade,

corrsividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade

ou mutagenicidade, oferecendo riscos à sua humana ou qualidade ambiental, e os não-

perigoso são os demais. (Brasil, 2010)

3.2.1. Destinação final ambientalmente adequada

A destinação final ambientalmente adequada inclui a reutilização, a reciclagem, a

compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético, inclusive a disposição final,

desde feitos de acordo com normas operacionais específicas de modo a evitar danos à saúde

humana, ao meio ambiente e à segurança. (BRASIL, 2010)

Sudan et al (2007) reconhecem a importância do princípio dos três “R” (reduzir,

reutilizar e reciclar) – parte do item I do artigo 7º da PNRS) – na gestão dos resíduos

sólidos, e define seus componentes desta maneira:

RESÍDUOS INDUSTRIAIS

RESÍDUOS DE ESTABELECIMENTOS

COMERCIAIS E PRESTADORES DE

SERVIÇOS

RESÍDUOS DOMICILIARES

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE

TRANSPORTES

RESÍDUOS DE LIMPEZA URBANA

RESÍDUOS DE SERVIÇOS

PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

RESÍDUOS AGROSSILVOPASTORIS

RESÍDUOS DE MINERAÇÃO

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

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Reduzir o consumo implica em repensar o uso de materiais e evitar a

geração de lixo. Passa por uma profunda reflexão sobre o que é realmente

necessário para se viver [...] Reutilizar é prolongar a vida útil de materiais

em sua função original ou adaptada. Há inúmeras coisas úteis que vão para

o lixo e que poderiam ser consertadas, [...] A reciclagem é a recuperação de

resíduos, modificando-se suas características físico-químicas, visando

produzir novos materiais. [...] As principais vantagens da reciclagem

relacionam-se com a reinserção da matéria prima no sistema produtivo

contribuindo para diminuição de impactos socioambientais com a extração

de novos materiais. Além disto, esse processo possibilita o aumento da vida

útil de aterros.

De maneira mais técnica, a PNRS define reutilização como “processo de

aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-

química [...].”, e reciclagem como “processo de transformação dos resíduos sólidos que

envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à

transformação em insumos ou novos produtos [...].”.

Para completar o entendimento deste item (II), a PNRS define disposição final

ambientalmente adequada como “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, [...] de modo

a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais

adversos.”, sendo os rejeitos “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as

possibilidades de tratamento e recuperação [...], não apresentem outra possibilidade que não

a disposição final ambientalmente adequada”.

O aterro sanitário se constitui na única forma aceita como disposição final para os

resíduos sólidos ambientalmente adequada pela PNRS, uma vez que, segundo a A NBR

8419, da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT (1992), é:

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar

danos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos

ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar

os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume

permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada

jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.

Dentre as características que podem diferenciar o aterro sanitário de forma positiva

em relação a um lixão ou a um aterro controlado estão: impermeabilização do solo da base

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do aterro, e drenos e poços de coleta de chorume instalados de forma a evitar a

contaminação do lençol freático. (PIVOTTO OLIVEIRA, 2011) Entretanto, a mais

importante é a escolha da área, uma vez que o projeto de um aterro sanitário considera a

relação do tipo de empreendimentos e seus prováveis impactos com capacidade do meio.

3.2.2. Sustentabilidade

O conceito de padrões sustentáveis de produção e consumo (item III) dado pela

PNRS (“ [...] de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores

condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das

necessidade das gerações futuras”), baseia-se no complexo conceito de desenvolvimento

sustentável.

Fontes et al (2008) acreditam que sustentabilidade é “um sistema de mútuas e

complexas relações”, “uma qualidade de um processo que envolve muitas dimensões

(ecológica, econômica, social etc.) e busca alternativas aos modelos tradicionais

(exploratórios e excludentes) de desenvolvimento”. Para Fontes et al (2008), ainda, “algo

pode ser mais sustentável em um determinado aspecto e, ao mesmo tempo, menos em

outro. [...] Nada é sustentável em definitivo, porque a realidade é complexa e as mudanças

são contínuas”.

Estes autores apresentam cinco dimensões da sustentabilidade: ecológica, que visa a

manter a integridade ecológica; econômica, que pretende desenvolver o potencial

econômico buscando resultados sociais positivos; social, que busca garantir maior

igualdade de oportunidades; cultural, que visa a promover a diversidade e a identidade

cultural em todas as sus formas; e a política, que deseja criar mecanismos para ampliar a

participação da sociedade na tomada de decisão.

De acordo com Leme & Mortean (2010), a sustentabilidade ecológica (foco deste

trabalho) “está relacionada à limitação do uso de recursos naturais não-renováveis e ao uso

dos recursos renováveis de forma que se respeite seu potencial de produção pela natureza e

também a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.”.

Os mesmos autores citam a valorização dos produtos gerados em processos que

contribuam para o equilíbrio ambiental (tecnologias mais limpas) como atitude essencial

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para o alcance da sustentabilidade ecológica. Essa ideia está relacionada ao conceito de

ecodesign, cujas ferramentas, segundo Azevedo (2009), “auxiliam as práticas ambientais

pró-ativas no processo de desenvolvimento de produtos que, incorporados pela empresa,

viabilizam a otimização da produção e consequentemente a redução de custos e a satisfação

dos funcionários e dos consumidores.”.

Pivotto Oliveira (2011) acrescenta que a difusão global da ideia de desenvolvimento

sustentável promoveu um progresso significativo na gestão de resíduos sólidos e permitiu

que diversos setores da sociedade fossem atores das mudanças, como é o ideal. Essa ideia

vem contrapor o excessivo consumo, mas esse termo também vem sendo alvo do chamado

marketing ambiental, em que um produto é promovido na mídia por ser “verde” – feito de

alguma maneira menos agressiva ao meio ambiente. Deve-se cuidar, então, para que a

sustentabilidade ecológica seja entendida e aplicada de fato.

Para tanto, um instrumento recomendado pelo PNRS é a gestão integrada dos

resíduos sólidos, por ela definida como o “conjunto de ações voltadas para a busca de

soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica,

ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento

sustentável.”.

3.2.3. Resíduos Sólidos nos processos produtivos

Uma das medidas mais eficazes para se diminuir a geração resíduos sólidos é o

conhecimento do ciclo de vida dos produtos, ou seja, da “série de etapas que envolvem o

desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas, o processo produtivo, o

consumo e a disposição final” (Lei 12.305, 2010), de modo que se possa agir em cada uma

delas. Para isso, utiliza-se a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), importante ferramenta para

subsidiar as etapas do desenvolvimento do produto, a gestão da produção e o pós-uso

(OMETTO, 2005), que facilita a análise de impactos ambientais entre suas as atividades,

produtos e processos. (PIVOTTO OLIVERIA, 2011) Ela estuda os aspectos ambientais e

os impactos potenciais ao longo da vida de um produto. (ABNT, NBR 8419, 1992)

Há também a metodologia de Produção Mais Limpa, também conhecida como P+L,

vista por Pivotto Oliveira (2011) como não tão eficiente quanto a ACV, porém ainda uma

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ferramenta a ser utilizada. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por

meio do manual “Questões Ambientais e Produção Mais Limpa” (2003), afirma que:

Produção mais Limpa significa a aplicação de uma estratégia econômica,

ambiental e técnica, integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar

a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não

geração, minimização ou reciclagem dos resíduos gerados, com benefícios

ambientais e econômicos para os processos produtivos.

Para completar a lista de ferramentas, a PNRS sugere o uso da Logística Reversa,

definida por ela como:

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e

a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para

reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra

destinação final ambientalmente adequada.

Sobre o processo, Leite (2003) explica que:

Planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas

correspondentes, de retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao

ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, [...] agregando-lhes valor de

diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem

corporativa, entre outros.

A dificuldade deste processo está no retorno do produto pós-consumo à indústria,

pois mesmo que haja incentivo, muitas vezes não atinge a população de modo convincente.

Um conceito intimamente ligado à logística reversa é a responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, ferramenta citada na PNRS e por ela

definida como:

Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos

titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos

sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados,

bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade

ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos[...].

Esta é possivelmente a base da gestão de resíduos sólidos, pois se cada um dos

envolvidos na produção e no consumo de um artigo minimizar a geração de resíduos e se

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responsabilizar pela destinação adequada do que for gerado, os aterros serão aliviados,

reduzindo-se o impacto ambiental da excessiva produção de bens e resíduos.

3.2.4. Caracterização física dos Resíduos Sólidos

A caracterização de resíduos sólidos é de grande importância para a proposição de

um gerenciamento adequado de resíduos e age como ferramenta imprescindível para as

autoridades competentes no processo de tomada de decisão. (PIVOTTO OLIVEIRA, 2011)

Seu objetivo é conhecer a composição do lixo de modo a optar por uma ou outra alternativa

de gerenciamento de resíduos, por exemplo, o modelo de coleta seletiva, que constitui a

“coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou

composição” (Lei 12.305, 2010), de modo a favorecer, quando possível, comunidades

locais de catadores de resíduos recicláveis, como prevê a PNRS.

Frésca (2007) explana que os resultados da caracterização permitem às autoridades

tomar decisões à respeito do tipo de coleta, de transporte, de tratamento e de disposição

final de seus Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD), sendo ainda necessário que esta seja

feita em cada município. Sartori (1995) afirma que ela “permite, quando bem realizada, a

adoção das melhores opções de gerenciamento ou provoca, quando insatisfatória, opção por

equipamentos ou processos impróprios, com gastos desnecessários de recursos e com

soluções insuficientes.”.

A caracterização de resíduos sólidos em eventos também é uma peça fundamental,

que permite obter dados qualitativos e quantitativos acerca da geração de resíduos sólidos e

suas principais fontes geradoras. Por meio dela obtém-se, como pode ser observado em

(ABNT, 2004), a composição gravimétrica dos resíduos, que representa o percentual de

cada componente em relação ao peso total da amostra de resíduo sólido analisada.

Segundo Pivotto Oliveira (2011), desse modo pode-se propor o gerenciamento dos

mesmos durante os eventos. Conhecendo a caracterização será possível traçar medidas

para atender a PNRS, como a adoção de medidas que privilegiem a hierarquia da

destinação correta minimização de resíduos, a qual começa com a não geração.

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3.3. Resíduos Sólidos em eventos

Fontes et al (2008) acreditam que um evento é mais do que um acontecimento

qualquer, é um encontro de pessoas para diversos fins, sejam eles científicos, culturais,

corporativos, religiosos ou festivos.

O evento estudado, II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP de São Carlos,

ocorrido entre 30 de novembro e 02 de dezembro de 2011 e organizado pelo NEPER

(Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos), é um evento de curta duração (três

dias), de caráter acadêmico e que une pessoas de diversos níveis culturais, mas

principalmente pessoas estudadas e instruídas. Segundo (NEPER, 2011), o SIRS tem

objetivo de:

Reunir pesquisadores nacionais e internacionais, estudantes, representantes

do Poder Público, da sociedade civil e da iniciativa privada que

desenvolvam experiências na temática dos Resíduos Sólidos; promover

debates acerca dos problemas relacionados ao tema; divulgar pesquisas e

experiências na área para a comunidade científica e a sociedade em geral;

articular profissionais e instituições para futuras parcerias.

Em geral, eventos desse tipo geram apenas Resíduos Sólidos Urbanos, como restos

de alimentos, papéis, resíduos de limpeza etc. São resíduos considerados não perigosos, que

podem ser recolhidos pela coleta municipal bem como pela coleta seletiva de recicláveis,

ambas existentes na cidade de São Carlos-SP. Entretanto, sua gestão ainda é muito

importante para reduzir os impactos de sua geração.

Conforme Fontes et al (2008), os principais elementos de consumo de um evento,

no estudo realizado pelos autores, foram: material de divulgação; uniformes para as

comissões organizadoras; kits de apoio aos participantes; e alimentação.

Fontes et al (2008) e Leme & Mortean (2010) acreditam que um evento é uma ótima

oportunidade para esclarecer pessoas quanto à sustentabilidade, mostrando como algumas

decisões da organização reduzem os resíduos e consequentemente os impactos ambientais e

sociais por eles causados, e como cada um pode contribuir para essa redução. Pivotto

Oliveira (2011) comenta que:

A inclusão de práticas adequadas na gestão e gerenciamento dos resíduos

nos eventos, como a separação e destinação correta de resíduos, assim como

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tornar visíveis essas atitudes proativas, podem influenciar o público

participante, e fazer com que práticas antigas de gerenciamento dos

resíduos sejam vistas com outros olhos.

Essa visão vai ao encontro do que é estabelecido no artigo 77 do Decreto nº 7,404,

de 23 de dezembro de 2010, que regulamenta a Lei nº 12.305 (PNRS):

A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos é parte integrante da

Política Nacional de Resíduos Sólidos e tem como objetivo o

aprimoramento do conhecimento, dos valores, dos comportamentos e do

estilo de vida relacionados com a gestão e o gerenciamento ambientalmente

adequado dos resíduos sólidos.

Mortean (2010) foi pioneiro no estudo de eventos acadêmicos e encontrou que 49%

em massa dos resíduos produzidos nos eventos são oriundos da divulgação, 36%, dos

coffee breaks e 15%, dos kits dados aos participantes. Constatou, ainda, que a utilização de

estratégias simples de gerenciamento de resíduos pode reduzir em 62% a produção de

resíduos sólidos nos coffee breaks, totalizando 22% de redução dos resíduos totais dos

eventos por ele analisados.

A distribuição de resíduos nas categorias encontrada por Pivotto Oliveira (2011) é

bem semelhante à de Mortean (2010): 51% para divulgação, 36% para coffee break, 12%

para kit do participante e 1% para hospedagem, nova categoria criada por ele devido à

gestão da hospedagem em um dos eventos estudados. Utilizando as mesmas estratégias de

Mortean (2010), o autor encontrou que com medidas simples, como a troca de materiais

descartáveis por duráveis, é possível reduzir 73% dos resíduos gerados no coffe break de

um evento e 25% dos resíduos totais.

Avaliação similar foi feita no II SIRS, com base nas sugestões do “Guia Prático para

Organização de Eventos Mais Sustentáveis - Campus USP de São Carlos" (LEME &

MORTEAN, 2010). Os tópicos abordados neste guia abordados são os seguintes: comissão

organizadora; patrocínio; divulgação e inscrições; acessibilidade; hospedagem; consumo de

água e energia; resíduos sólidos; materiais utilizados; transporte; alimentação; serviços de

limpeza; e neutralização das emissões de carbono.

Pivotto Oliveira (2011) relaciona algumas das medidas de conscientização dos

participantes que pode ser realizadas durante o evento, apoiadas no Guia: sinalizadores

adequados nos coletores de resíduos; emissão de um documento (escrito ou em vídeo, por

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exemplo) sobre o gerenciamento dos resíduos, e outros tópicos abordados pelo evento, de

forma a evidenciar as possíveis evoluções para diferentes tópicos do evento quando

comparadas às versões anteriores; e distribuição de material explicativo sobre

gerenciamento de resíduos.

Evidentemente, o II SIRS tem um caráter diferente dos eventos estudados por

Mortean (2010) e Pivotto Oliveira (2011), devido ao fato de ser um evento com temática

em Resíduos Sólidos, feita para um público de pesquisadores mais do que para graduandos,

e organizado por alunos da pós-graduação. Tudo isso gera uma responsabilidade diante de

sua sustentabilidade, entretanto é interessante notar exatamente que independentemente da

instrução ou da área de estudo de cada indivíduo, todos se sentem perdidos quanto ao

correto gerenciamento dos resíduos e não percebem o quanto seus hábitos de consumo são

prejudiciais ao meio ambiente.

Uma análise quantitativa, comparativa e crítica foi realizada acerca da geração e

distribuição dos resíduos no evento e dos fatores comportamentais que levaram ao quadro

que será apresentado.

4. Materiais e Métodos

A Comissão Organizadora do II Simpósio sobre Resíduos Sólidos foi quem

buscou a orientação sobre como tornar seu evento mais sustentável e condizente com o

tema. Infelizmente, nem todas as medidas propostas puderam ser concretizadas, por

motivos que serão discutidos no decorrer deste trabalho, entretanto, o fato de o interesse

partir da organização colaborou bastante na tomada de algumas medidas. Além disso, a

comissão já tinha diversas ideias de como reduzir resíduos sólidos e estava lutando por isso.

4.1. Pesquisa bibliográfica

O passo inicial, que se estendeu por todo o período de organização, foi a pesquisa

bibliográfica sobre diversos aspectos relacionados aos resíduos sólidos, como a nova

divisão, gerenciamento e caracterização, e sobre eventos, com foco nas publicações sobre

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redução de impactos ambientais em eventos. O diagnóstico da geração de resíduos em

eventos foi feita, principalmente, com base no livro “Eventos Mais Sustentáveis” (FONTES

et al, 2008), no “Guia Prático para Organização de Eventos Mais Sustentáveis – Campus

USP de São Carlos” (LEME & MORTEAN, 2010) e na monografia desenvolvida na

Escola de Engenharia de São Carlos, em 2010, intitulada “Quantificação da produção de

resíduos sólidos e organização de eventos mais sustentáveis: estudo de caso na USP de São

Carlos” (MORTEAN, 2010). Posteriormente, foi publicada outra monografia da Escola de

Engenharia de São Carlos, intitulada “Avaliação da geração de resíduos sólidos em eventos

acadêmicos vinculados à EESC – USP a partir da utilização do ‘Guia Prático para

Organização de Eventos mais Sustentáveis Campus USP de São Carlos’” (PIVOTTO

OLIVEIRA, 2011), muito útil na complementação da pesquisa, uma vez que o autor possui

um olhar bastante crítico. Esta monografia também foi a base comparativa dos cálculos de

geração de resíduos realizados no presente trabalho.

4.2. Conversa inicial com a Comissão e aplicação de questionário

Uma primeira reunião com os membros da comissão, bem como o preenchimento

por parte deles de um questionário de apoio sugerido e utilizado por MORTEAN (2010) e

presente no Apêndice 1, foi importante para analisar sua percepção quanto à dimensão do

evento e à geração de resíduos, e para conhecer sua intenção quanto a meios de divulgação

e componentes do kit, de modo a analisar a postura da comissão e sugerir decisões menos

impactantes para o meio ambiente.

4.3. Elaboraçõ do Planejamento de Gestão e Gerenciamento de

Resíduos Sólidos com base no “Guia Prático para Organização de

Eventos mais Sustetáveis”

Dentre os 12 tópicos presentes no guia supracitado, 7 foram abordados, total ou

parcialmente: Comissão Organizadora, Patrocínio, Divulgação e Inscrições, Acessibilidade,

Resíduos Sólidos, Materiais Utilizados e Alimentação.

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4.3.1. Comissão Organizadora

A comissão teve como forte característica a multidisciplinaridade de seus membros.

Ela já estava formada quando do início deste trabalho, entretanto podem-se destacar alguns

itens em que ela se adequou ao Guia:

De forma parcial:

Definição com antecedência de metas para a sustentabilidade;

Inserção de membros de diferentes perfis (departamento, áreas de conhecimentos);

Divulgação dentro da comissão de material referente a ações de sustentabilidade;

Definição das responsabilidades de cada membro, elegendo-se ainda um

coordenador de sustentabilidade.

Não foi contemplada:

Divulgação das reuniões da comissão para participação do público.

4.3.2. Patrocínio

Por ser um evento que está apenas em sua segunda edição, há ainda certa

dificuldade em se conseguir patrocínio suficiente. Esse fato diminui a seletividade das

empresas a que se pede patrocínio, uma vez que, não se conseguindo patrocínio de

empresas mais ambientalmente corretas, aceita-se patrocínio de qualquer uma,

independentemente de sua postura. Parte do patrocínio foi obtida de órgãos de apoio à

pesquisa ou departamentos da própria USP. Foram abordados:

Possibilidade de patrocínio em forma de produto ou serviço (apoio);

Patrocínio por parte de órgãos públicos e instituições de pesquisa.

E de forma parcial:

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Busca de patrocinadores que tenham afinidades no que se refere a práticas

sustentáveis.

Não foram contemplados:

Definição dos objetivos do evento e estudo dos valores do financiador em potencial

de modo a conciliá-los e usar isso como argumento para obtenção do financiamento;

Envio do feedback aos patrocinadores, com número de participantes e sua avaliação

sobre as atividades do evento, medidas sustentáveis adotadas, entre outros. Este

retorno poderia motivar os financiadores a voltar a fornecer patrocínio nas próximas

edições.

4.3.3. Divulgação e Inscrições

Este é possivelmente o item em que a comissão teve atuação mais satisfatória em

termos de sustentabilidade. Já no primeiro contato com a comissão para início do presente

trabalho, o membro responsável por essa área apresentou a idéia de utilizar o verso de

cartazes da edição anterior para imprimir alguns dos cartazes desta edição e utilizar o verso

da capa dos blocos de anotação dos kits dos participantes para imprimir a programação do

Simpósio, de modo que não fossem impressos folders. Os folhetos ou panfletos não foram

feitos em nenhuma das edições. Nenhum banner foi feito também, apenas uma faixa para

ser colocada no local do evento.

Houve forte divulgação pela internet, nos endereços eletrônicos (e-mails) de

profissionais da área, nos sites de jornais da cidade, por informes eletrônicos para alunos e

professores da USP, em redes sociais, além de anúncios em dois períodos (com

antecedência e perto do evento) no mural eletrônico da USP, que fica dentro do Restaurante

Universitário, e portanto abrange grande número de pessoas.

As inscrições, desde o 1º evento, foram feitas totalmente pela internet, bem como a

entrega dos certificados, em formato digital. Infelizmente por uma falha na comunicação,

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todos os recibos de pagamento foram impressos nesta edição, enquanto apenas alguns, a

pedidos, deveriam ter sido.

Foram abordados:

Não realização de entrega de panfletos;

Comunicação entre a comissão e os participantes por meios eletrônicos;

Inscrições on line;

Uso de papel reciclado no material de divulgação e inscrição e impressão frente-e-

verso.

De forma parcial:

Anúncio em e-mails, páginas eletrônicas (inclusive sites de patrocinadores),

divulgação em sala de aula, anúncio durante outros eventos;

Não distribuição da programação a todos os participantes.

O guia coloca algumas sugestões para evitar a impressão da programação, entretanto

não parecem muita efetivas. Sugere que a programação seja enviada por e-mail aos

participantes ou que se a projete num telão ou ainda que se a imprima num banner.

Entretanto, isso não é cômodo ao participante, que acabará por imprimir a programação que

vem por e-mail. Se for projetada num telão ou impressa num banner, o participante não

poderá consultá-la quando estiver fora do evento, para poder se programar, mas ainda seria

melhor do que enviar por e-mail, uma vez que a programação deve estar na página

eletrônica do evento. A solução encontrada pela organização do II SIRS, imprimir a

programação no verso da capa dos blocos de anotação, é boa, considerando-se que os

blocos seriam entregues de qualquer maneira.

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4.3.4. Acessibilidade

Apesar de o objetivo principal da comissão ser a redução dos resíduos sólidos, todas

as medidas sustentáveis plausíveis ou já existentes foram aceitas, daí a consideração dos

ítens “Acessibilidade” e “Alimentação”.

A taxa de inscrição para o SIRS é diferenciada para profissionais da área, alunos de

pós-graduação e alunos de graduação, de mais alta para mais baixa nessa ordem,

respeitando a condição financeira de cada categoria. Isso incentiva a participação de alunos

de graduação, que é bem baixa. Além disso, para todas as categorias a taxa é inferior à que

se costuma cobrar em eventos desse porte, permitindo maior acesso de diversas pessoas.

Quanto à acessibilidade de portadores de necessidades especiais, nada foi feito

nessa edição, uma vez que o local onde foi realizado o evento é o mais prático possível e

que o foco era a sustentabilidade ecológica e não a social. Infelizmente, o local onde as

palestras eram feitas tem acesso apenas por escadas, o que dificulta o acesso de cadeirantes

e deficientes visuais.

Foi abordada:

Existência de taxas diferenciadas para distintos tipos de participantes, e taxas

acessíveis a um amplo grupo de pessoas.

Não foi abordada:

Acessibilidade física do local.

4.3.5. Resíduos Sólidos

Uma vez que não é possível deixar de gerar resíduos, é essencial que seja feita sua

correta destinação. Buscou-se o auxílio do Programa USP Recicla, que realiza atividades de

educação ambiental e se responsabiliza pela destinação dos resíduos recicláveis e

compostáveis da USP. Decidiu-se que os resíduos compostáveis seriam acondicionados em

sacos azuis e iriam para a composteira do USP Recicla, os recicláveis, em sacos de ráfia e

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seriam destinadas à coleta seletiva, que em São Carlos é feita por uma cooperativa, e os

rejeitos, em sacos pretos e seriam destinados à coleta convencional.

Assim, puderam-se separar nessas três categorias os resíduos sólidos gerados,

evitando-se que materiais compostáveis ou recicláveis fossem para o aterro sanitário

municipal, perdendo seu valor e ocupando espaço. Esse também foi um modo de respeitar a

Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

Optou-se, porém, por testar a percepção dos participantes sobre a categoria a que cada

resíduo se adequava, devido à temática do evento. Desse modo, foram colocadas apenas

folhas A4 com as inscrições “Recicláveis”, “Compostáveis” e “Rejeitos” (Figura 2), sem

especificar nas folhas quais materiais se encaixam em cada categoria. Exemplos de

materiais recicláveis e não-recicláveis poderiam, no entanto, ser encontrados em

informativos do Programa USP Recicla afixados próximos a cada conjunto de coletores de

resíduos e também disponibilizados à uma mesa do Programa na salão do coffee break.

Figura 2: Coletores de lixo.

Houve, ainda, durante o evento a apresentação de pôsteres. A maioria foi levada de

volta com seu apresentador, entretanto alguns foram deixados para a comissão, para que

usasse como bem entendesse. Como a duração de um pôster varia de acordo com o

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interesse de quem o possui em guardá-lo ou expô-lo novamente, o material deixado não foi

contabilizado. Seu material é durável e a informação contida pode se desatualizar em muito

ou pouco tempo, dificultando o julgamento.

Foram abordados:

Definição do destino dos resíduos;

Definição dos tipos de coletores.

Foi parcialmente abordado:

Colocação de cartazes informativos sobre quais resíduos são compostáveis, quais

são recicláveis e quais são rejeitos.

4.3.6. Materias Utilizados

Esse item abrange diversos setores do evento: organização, divulgação, coffee break

e kit do participante.

Todo papel utilizado durante a organização do evento, como para impressão de lista

de presença, anúncio de “Inscrições” ou tipo de resíduo, cartazes (A4) com informações

úteis aos participantes, impressão de recibos, entre outros, era reciclado. Além disso, a água

foi fornecida aos palestrantes em jarras de vidros que ficavam à mesa, e servida em copos

de vidro, em vez das costumeiras garrafinhas plásticas individuais.

Entretanto, apesar do fornecimento de canecas duráveis no kit do participante,

foram fornecidos (e usados) copos de plástico ao lado do galão de água que ficava dentro

do anfiteatro onde foram realizadas as palestras. Apesar de não haver canecas para todos os

participantes, o uso de copos plásticos mostra a falta de aplicação no dia-a-dia, por parte

dos cidadãos, da prevenção à geração de resíduos. Deve-se ressaltar que os copos são ali

colocados por funcionários da USP responsáveis pelos eventos que ali acontecem, que

neste caso não foram totalmente informados sobre a proposta do evento.

Na divulgação, houve redução do uso de materiais por meio do uso do verso dos

cartazes restantes da edição anterior para impressão dos cartazes da edição atual. Além

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disso, todos os cartazes, da edição anterior e os novos confeccionados, foram feitos em

papel reciclado. A programação do evento foi impressa no verso das capas dos blocos de

anotação presentes nos kits dos participantes, como pode ser observado na Figura 3.

Figura 3: Bloco de anotações com programação impressa.

No coffee break, foram fornecidos copos de vidro para as bebidas (Figura 4), e as

toalhas eram de tecido, reutilizáveis, e não TNT, como de costume, mas infelizmente houve

outros problemas. O coffee foi fornecido por um dos patrocinadores do evento, que acabou

por escolher uma padaria a seu critério, em vez da padaria que a comissão tinha

selecionado, indicada por outra comissão por ter práticas sustentáveis como a reutilização

de materiais. Então, o suco veio em caixinhas de um litro e os salgadinhos e doces

respectivamente em caixas de pizza (de papelão) e bandejas laminadas (papelão com

camada de metal), que não seriam reutilizadas. Além de todo esse material, havia um

plástico para cobrir cada bandeja de doce (Figura 5). A situação só não foi pior porque estes

materiais puderam ser reciclados.

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Figura 4: Copos oferecidos no coffee break.

O kit do participante apresentou certa evolução em relação à edição anterior: não

continha a pasta de papelão, que é pouco durável, nem anúncios de empresas

patrocinadoras ou palestrantes. Foram comprados crachás de plástico (dentro do qual se

coloca papel com nome), que são duráveis e deveriam ser devolvidos no fim do evento.

Como houve mais participantes que o número de crachás comprados, foram utilizados

alguns restantes da edição anterior, feitos de papel cartão reciclado. Além disso, o feedback

presente foi impresso em folhas A5, ou seja, de tamanho reduzido, que restaram dos blocos

confeccionados na edição anterior, de modo a evitar o uso de papel e conseqüente maior

geração de resíduos.

Entretanto, foram fornecidos blocos, canetas e caneca durável. No que se refere à

esta última, a ficha de inscrição continha uma pergunta sobre o interesse do participante na

caneca, daí seu fornecimento. Quanto ao bloco e à caneta, não houve pergunta apesar da

intenção da comissão em haver, mas alegou-se que os participantes reclamam canetas e

blocos. O guia sugere que estes itens sejam trazidos de casa, mas para tanto deve haver

forte divulgação durante a inscrição e mais tarde por e-mail , e ainda assim haverá quem vai

pedir à comissão esses itens, por ter esquecido. Para um evento com esta temática,

possivelmente essa medida funcione, e pode vir a ser adotada em próximas edições.

Durante o evento, ainda foram disponibilizados (mas não distribuídos para cada

um), pra quem tivesse interesse, informativos feitos pelo Programa USP Recicla sobre

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divisão de materiais em recicláveis ou não-recicláveis, processo de reciclagem e

compostagem, ensinando inclusive como fazer uma composteria caseira. O informativo

sobre a divisão foi também afixado às paredes do salão onde os coffee breaks foram

servidos. Foram abordados:

Uso de capas plásticas como crachá e solicitação de sua devolução para uso em

próximas edições do evento;

Uso de utensílios de vidro, em detrimento do plástico, para bebidas quentes, para

evitar a liberação de compostos cancerígenos.

De forma parcial:

Reutilização de materiais para confecção de blocos ou crachás;

Utilização de materiais reciclados na composição dos itens do kit do participante;

Opção por utensílios duráveis em vez dos descartáveis, e em caso de necessidade,

opção por biodegradáveis e recicláveis.

Não foram abordados:

Não fornecimento de caneta e bloco de anotações;

Aquisição de crachás, itens do kit ou presente dos palestrantes feita de comunidades

regionais ou empreendimentos de economia solidária;

Estímulo à troca de alimentos pelos kits dos participantes, para posterior doação a

órgãos beneficentes;

Em caso de necessidade de decoração, uso de itens naturais como plantas vivas ou

flores produzidas localmente.

4.3.7. Alimentação

O tipo de comida servido influencia bastante na distribuição da geração de resíduos

de um evento. A comissão organizadora do II SIRS foi bastante receptiva à ideia de um

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coffee break abrangente, optando por servir frutas e alimentos veganos (sem ingredientes

de origem animal, como carne, ovos ou leite) junto ao tradicional coffee break com

salgadinhos, docinhos e café (Figura 5). Foram então escolhidas frutas da época em um

varejão da cidade, que vinham frescas a cada período em bandejas duráveis a serem

devolvidas ao fim do evento, a fim de se evitarem as embalagens desnecessárias. Além do

oferecimento de um alimento saudável, regional e inclusivo, seus restos são compostáveis,

ao contrário dos restos de salgadinhos, que por serem engordurados e conterem em geral

leite ou carne não são recomendados para compostagem.

Figura 5: Alimentos veganos servidos no coffee break.

A maior parte dos alimentos veganos servidos (almôndegas de soja com cenoura,

tortas doces, bolos) foi encomendada de cozinheiras autônomas ou cozinheiras de

restaurante familiar. Outros, como bolachas salgadas e cookies, foram comprados na

revendedora de doces. Os alimentos ficaram em uma mesa separada com a inscrição

“ALIMENTOS VEGANOS” e tinham ao seu lado papéis indicando seu sabor ou a

embalagem para que os ingredientes fossem consultados.

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Apesar da incerteza da aceitação do público, os alimentos veganos fizeram grande

sucesso. A iniciativa mostrou respeito aos vegetarianos e veganos e ao longo do evento

gerou uma discussão interessante entre alguns participantes sobre os benefícios do

vegetarianismo para o meio ambiente. É interessante lembrar que os alimentos veganos

podem ser consumidos por quem tem intolerância ou alergia à lactose, ao ovo ou à proteína

animal em geral, de forma que no último coffee break o evento foi visitado por um

estudante com alergia à lactose e a outros alimentos, que pôde comer tranquilamente como

nunca consegue em eventos desse tipo.

Outra sugestão do guia que foi seguida é a disponibilização de açucar para café em

potes em vez de sachês, que geram mais resíduo. Isso foi possível porque a padaria que

forneceu o coffee break tinha essa opção.

Foram abordados:

Fornecimento de opções vegetarianas e veganas para que o cardápio do evento se

torne acessível a pessoas que não podem ou não querem comer carne ou produtos de

origem animal.

De forma parcial:

Opção por contratação de empreendimentos solidários, como cooperativas,

associações ou microempresas autogestionárias para fornecimento de alimentos;

Escolha de alimentos da época, como frutas, ou alimentos produzidos localmente;

Realização de compras a granel para que se evitem embalagens desnecessárias.

4.3.8. Tópicos não abordados

Alguns tópicos não foram abordados nesse primeiro uso do guia pelo evento por não

estarem plenamente dentro da meta do evento, que é a diminuição da geração de resíduos

sólidos, ou por sua dificuldade ou inviabilidade ou, ainda, falta de tempo hábil. São eles:

Hospedagem; Consumo de água e energia; Transporte; Serviço de Limpeza e Neutralização

das emissões de carbono. Os gargalos de cada tópico são discutidos a seguir.

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No tocante às sugestões do guia para a hospedagem, vários fatores foram

limitantes. Inicialmente, havia pouco tempo para que um membro da comissão, já com

número reduzido, fosse pesquisar práticas sustentáveis de hotéis e visitá-los. Nossa cultura

e a violência dos dias de hoje geram desconfiança, fazendo com que ninguém fique

tranqüilo em receber estranhos em casa. Além disso, o padrão econômico de muitos dos

palestrantes e participantes faz com que optem por conforto e privacidade, preferindo um

hotel à hospedagem numa casa, uma vez que os palestrantes podem exigir conforto e que os

participantes com renda própria podem optar pelo lugar onde querem se hospedar. Soma-se

a isso a preferência da comissão em escolher hotéis com proximidade ao local do evento, o

que pode, em contrapartida, ser positivo para redução da geração do CO2 a partir da queima

de combustíveis.

Quanto ao consumo de água e energia elétrica, houve pontos positivos e negativos e

algumas tentativas de melhora sem compromisso com metas. O anfiteatro onde o evento foi

realizado já estava reservado quando este trabalho começou, além de ser de fácil acesso,

principalmente pra quem não conhece o campus, é o mais perto possível do local onde são

realizados todos os coffee breaks de qualquer evento. O anfiteatro não possui entrada de luz

natural nem de ar, tornando necessário o uso de luzes artificiais e ar condicionado, além de

equipamento para amplificação de som. Além disso, muitos dos palestrantes utilizaram-se

de apresentações no computador para que suas palestras ficassem mais didáticas.

Já o local onde foram realizados os coffee breaks e as apresentações de trabalhos

recebe bastante luz natural, mas por vezes ainda é necessário o uso de luzes artificiais. Há

possibilidade de entrada de ar, mas em dias quentes como os da época em que foi realizado

o II SIRS, o ar condicionado se faz necessário em temperatura moderada para o bem-estar

da comissão organizadora, que fca neste salão, e dos participantes. Além disso, o ar

condicionado mantém os alimentos, que se deterioram com o excesso de calor. O entorno

deste salão e do anfiteatro é bem arborizado, permitindo a infiltração da água da chuva.

No caso do transporte, novamente fatores culturais e econômicos dificultam a

realização das ações propostas no guia. Por segurança e comodidade, cada participante de

outra cidade um prefere ir para o evento por sua conta, sem depender dos horários de outra

pessoa nem se arriscar a dar carona pra um estranho ou pegar carona com ele. Muitos dos

participantes vão de ônibus, mas em geral os palestrantes vão com seus próprios carros,

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pois é mais cômodo. Claro que o uso de transporte coletivo e as caronas podem e devem ser

incentivados, contudo ainda há muito que se enfrentar para que isso seja aceito e realizado

de fato com naturalidade. Um ponto positivo do local do evento é sua acessibilidade por

pedestres e ciclistas.

A limpeza do local, por sua vez foge ao controle da comissão, uma vez que o

serviço é fornecido pela própria USP, com materiais comprados com verba da universidade

para esses fins. Então a conscientização teria de atingir escalões mais altos, pra que fossem

comprados produtos menos agressivos ao meio ambiente.

Por fim, a neutralização de carbono é de cálculo não prático, uma vez que são

necessários dados complicados de se precisar, como consumo de energia elérica e de água,

além da colaboração de todos os participantes e palestrantes, que devem dizer quantos

quilômetros foram por eles percorridos de sua casa até o local do evento. Sobre este tópico,

Pivotto Oliveira (2011) apresenta sua opinião:

É necessário evidenciar a falta de praticidade e coerência do tópico sobre

neutralização de carbono apresentado no guia, no qual são citadas poucas

opções para se contemplar esse item, sendo apenas apontada como

possibilidade principal de neutralização por plantio de árvores. O guia

aponta apenas a opção de plantio de árvores para neutralização de carbono,

como a principal solução, o que isentaria a população da adoção de práticas

reais e aplicáveis no seu dia-a-dia.

Um fator não citado no guia, nem em Alimentação nem em um tópico exclusivo,

mas que gerou muitos resíduos foi a escolha de um restaurante a la carte para convênio para

alimentação dos palestrantes. Não se sabia o tamanho de cada prato e não e podia optar por

um serviço de comida por peso neste restaurante, logo muita comida restava nos pratos,

vindo a se tornar resíduo.

Certamente nenhum dos fatores apresentados impede que a comissão da próxima

edição do evento tente inserir em seu plano de ação essas medidas, bem como as que não

foram contemplados nos itens abordados, com mais tempo e talvez com melhor condição

financeira.

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4.4. Reuniões com a Comissão

Elaborado o Planejamento de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos, foram

realizadas reuniões via internet e presenciais para que as ideias fossem apresentadas à

comissão e para que o andamento das ações fosse avaliado. Em uma das reuniões

presenciais iniciais, houve a visita de um membro do Programa USP Recicla para

explicação da importância e dos passos de um evento sustentável, colaborando para o

entendimento da comissão e para a realização do trabalho como um todo.

4.5. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos no evento

Antes do início do evento, foram dispostos quatro conjuntos de coletores de

resíduos, em pontos estratégicos do salão e junto à parede, cada um composto por um

coletor laranja cedido pelo Programa USP Recicla, para resíduos recicláveis, e dois

coletores pretos disponibilizados pela USP: um utilizado para resíduos compostáveis e o

outro para rejeitos. Todos foram utilizados sem sacos e tinham em sua proximidade,

afixados às paredes, informativos com exemplos de materiais recicláveis e não recicláveis.

Eles permaneceram na mesma disposição durante os três dias de evento.

No fundo, fora da vista dos participantes, onde ficavam guardados os alimentos do

coffee break, havia ainda dois coletores de grande porte onde eram colocados os resíduos

recicláveis do coffee (Figura 6) administrados pela equipe de coffee break, como

embalagens dos salgados e caixas de suco.

Disponibilizaram-se, no salão onde eram realizados os coffee breaks e

apresentações de trabalhos, folders do Programa USP Recicla sobre reciclagem e

compostagem. Eles não eram distribuídos a cada participante mas poderiam ser pegos por

quem se interessasse. Essa medida evitou a geração desnecessária de resíduos.

Ao final de cada dia, os resíduos gerados eram passados para sacos próprios, com

auxílio de luva plástica protetora. Utilizaram-se sacos de ráfia para os recicláveis, um saco

azul para os compostáveis e um saco preto para os rejeitos, todos de 100 litros (Figura 7).

Devido a seu grande volume, os resíduos recicláveis eram levados a cada dia para o galpão

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do USP Recicla, onde ficavam trancados, protegidos de fatores climáticos como sol, chuva

ou ventania. Entretanto, os demais sacos ficaram no salão bem fechados até o fim do evento

(também protegidos), uma vez que seu volume era bem menor e os sacos não eram

preenchidos a cada dia. Ao final do evento, todos os resíduos foram levados ao galpão do

USP Recicla, onde foi feita sua caracterização. Todos os sacos foram identificados.

Figura 6: Coletores que ficavam ao fundo do salão.

Figura 7: Sacos para diferentes tipos de resíduos.

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4.6. Caracterização física dos Resíduos Sólidos

Como os resíduos foram caracterizados em sua totalidade, de acordo a ABNT,

Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 10007, 2004), não foi necessária a

obtenção de uma amostra representativa. Foi realizada apenas a caracterização dos resíduos

de coffee break, de acordo com a norma supracitada. Apenas os recicláveis foram

separados em subcategorias, enquanto os compostáveis e rejeitos foram apenas observados

e pesados.

Algumas considerações foram feitas para nortear a caracterização:

1) Todos os guardanapos usados foram considerados rejeitos, uma vez que o

julgamento entre sujo ou limpo é pessoal, e que todo guardanapo sujo não é passível

de reciclagem;

2) A maioria dos materiais plásticos são passíveis de reciclagem. Mesmo sujos,

dificultando o trabalho de quem faz a triagem, eles podem ser limpos e reciclados.

Além disso, essa mesma consideração foi feita por Mortean (2010) e Pivotto

Oliveira (2011), então será adotada para efeito de comparação na mesma base;

3) Bandejas laminadas (feitas de papelão com uma lâmina de metal) são recicláveis,

uma vez que são similares às embalagens TetraPak, consideradas recicláveis.

As subcategorias dos resíduos recicláveis foram: caixas de suco, caixas de pizza,

bandejas laminadas, plástico para cobrir doces, copos plásticos e latinha de refrigerante.

Entre os compostáveis, havia caroços, cascas, cabos e restos de frutas. Já os rejeitos eram

compostos por guardanapos usados, chiclete mascado, restos de alimentos do coffee (não

compostáveis, como os salgadinhos), embalagens plásticas metalizadas e bitucas de cigarro.

4.6.1. Etapas da caracterização

Com os resíduos já separados em categorias, realiza-se a triagem dos materiais

recicláveis sobre uma área seca e limpa, separando-os em subcategorias. As embalagens

que tenham líquidos devem ficar invertidas para que ocorra a secagem. Secas as

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embalagens, os resíduos são organizadamente separados e pesados. A pesagem de todos os

resíduos de coffee break foi realizada com o uso de uma balança da marca Marte, modelo

MW 15, com capacidade de até 15 kg, e erro associado à pesagem de 5g.

Após a pesagem e a anotação de todos os dados necessários, os resíduos

compostáveis foram colocadas na composteira do USP Recicla, os recicláveis ficaram

armazenados no galpão do USP Recicla, de onde seriam recolhidos num dia específico da

semana pela cooperativa de catadores de recicláveis, e os rejeitos foram encaminhados para

o coleta comum para serem levados ao aterro sanitário municipal.

4.7. Divisão em categorias

A divisão em categorias de origem dos resíduos foi feita para efeito de análise dos

dados obtidos por meio de pesagens. Possibilitou também a comparação com os trabalhos

de Mortean (2010) e Pivotto Oliveira (2011), autores que também dividiram os resíduos em

suas diferentes fontes de geração. Essa divisão permite não apenas o conhecimento da

massa total de resíduos gerados no evento, mas também a distribuição de sua geração.

Além das categorias já utilizadas por esses autores, criou-se uma nova categoria,

Organização, para que melhor se representasse a origem dos resíduos. Apesar de os

resíduos de organização, como comentado por Mortean (2010), se misturarem aos de coffee

break, devido ao fato de o uso de resíduos na organização ser maior durante o evento e

acontecer no mesmo salão onde os coffee breaks são servidos, fez-se esforço para que esses

resíduos fossem contabilizados separadamente, para que sua representatividade fosse

notada e para que próximos trabalhos pudessem fazer uma análise comparativa do gasto de

materiais na organização de eventos.

4.7.1. Organização

Os resíduos de organização são aqueles gerados nas reuniões, na inscrição, nos dias

do evento, por meio da impressão de lista de presença, avisos sobre minicursos ou

atividades culturais, placa de “Inscrição” e “Credenciamento”, “Compostáveis”,

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“Recicláveis” e “Rejeitos”, recibos de pagamento, entre outros, e após o evento, na

impressão de certificados de participação.

É interessante contabilizá-los em separado das demais categorias, pois estão

diretamente ligados à estruturação do evento, não se encaixando plenamente em qualquer

das demais categorias. Os feedbacks, por sua vez, apesar de estarem ligados à organização,

foram incluídos nos kits dos participantes, daí sua inclusão nessa categoria em vez da

categoria Organização.

Para a contabilização destes resíduos, combinou-se que se compraria uma resma de

folhas sulfite de papel reciclado (500 folhas), da qual seria tirado todo papel utilizado em

atividades da organização. Desse modo, contar-se-iam as folhas restantes no pacote ao fim

das atividades do evento para encontrar o número de folhas utilizadas. A partir de suas

medidas, de sua quantidade e de sua gramatura, encontrou-se a massa total de papel

utilizado no evento. O dado de gramatura pôde ser encontrado na embalagem do papel, e é

de 75g/m².

A massa das embalagens das camisas produzidas para uso da comissão organizadora

e para sorteio aos participantes foi calculada com base na massa encontrada por Pivotto

Oliveira (2011), 0,005 kg por embalagem.

4.7.2. Divulgação

Para a divulgação do evento, confeccionaram-se apenas uma faixa, 50 cartazes

impressos no verso dos cartazes do I SIRS e 30 novos cartazes, todos os 80 em tamanho

A3. Apesar de 30 cartazes terem o verso livre, todos os cartazes foram considerados

resíduos, uma vez que havia poucas chances de se recuperá-los. Os 50 cartazes que

restaram da edição anterior não tinham sido afixados.

Para cálculo dessa massa, foram utilizados os dados de quantidade preenchidos no

questionário e dados de tamanho e gramatura fornecidos pela gráfica produtora dos

materiais de divulgação. Com as medidas calcula-se a área, que é multiplicada pela

gramatura do material. Após encontrar-se a massa de uma unidade, multiplica-se-a pela

quantidade produzida, encontrando-se a massa total.

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4.7.3. Coffee break

Os resíduos de coffee break foram gerenciados, pesados e caracterizados conforme

consta nos itens 4.5 e 4.6 deste trabalho.

4.7.4. Kit do participante

O kit do participante dessa edição não continha revistas, folders, panfletos ou

qualquer material promocional de anunciantes, sejam patrocinadores ou palestrantes. Isso

facilitou muito o cálculo da massa de resíduos gerada, uma vez que não se teve que

descobrir o material e a gramatura dos folders vindos de outras fontes que não a gráfica

contratada pela comissão.

Cada kit continha uma caneca durável (fornecida por apoiador), um caneta (também

fornecida por apoiador), um crachá plástico reutilizável com papel para escrever o nome,

um bloco de anotações em tamanho A5 com 30 folhas (contando capa e contracapa) em

papel reciclado, com programação do evento no verso da capa, e um feedback também em

tamanho A5 em papel reciclado, feito dos blocos restantes da edição anterior. Estes itens

são apresentados na Figura 8.

A caneca e o crachá, que deveria ser devolvido ao fim do evento, não foram

considerados resíduos pois podem ser reutilizados por longo período. A caneta, apesar de

reutilizável, tem curta duração, então foi considerada resíduo, bem como o papel de dentro

do crachá plástico, o bloco e o feedback.

Foram utilizados, ainda, crachás de papel, com tira para pescoço, que restaram da

edição anterior. Apesar de não estarem dentro dos kits montados, foram considerados

resíduos, bem como as canetas que não estavam nos kits mas foram dadas pela empresa

apoiadora. As tiras não foram contabilizadas como resíduos, pois podem ser reutilizadas

para diversos fins, como para anotações e bilhetes.

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Figura 8: Componentes do kit do participante.

Para determinação da massa de blocos, feedbacks, papéis de crachá e crachás

antigos, utilizaram-se dados de quantidade presentes no questionário, além da contagem de

crachás de papel antigos, e dados de medida e gramatura fornecidos pela gráfica. Já a massa

das canetas foi medida por meio da pesagem de 50 canetas (das que restaram) na mesma

balança onde foram pesados os resíduos de coffee break.

5. Resultados e Discussão

5.1. Análise do evento como um todo

O II SIRS teve duração de três dias e participação de 186 pessoas, além de 14

palestrantes. Contou com seis coffee breaks dimensionados para 150 pessoas cada, além da

confecção de 150 kits de participante.

A comissão foi formada por alunos de Mestrado e Doutorado, principalmente da

área de Saneamento com foco em Resíduos Sólidos, mas com participação de pós-

graduandos também das áreas Transporte, Economia (foco para ACV) e Saneamento com

foco em tratamento de águas resíduárias, totalizando 10 membros.

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A geração total de resíduos foi de 35,30 kg, sendo 1,23 kg provenientes da

organização, 2,13 kg da divulgação, 17,48 kg do coffee break e 14,47 kg do kit dos

participantes, representando respectivamente 3,47%, 6,02%, 49,52% e 40,98% dos resíduos

gerados. Estes dados estão apresentados na tabela 1 e ilustrados no gráfico 1:

Tabela 1: Produção de resíduos sólidos por categoria em massa e suas respectivas porcentagens.

Massa de

resíduos (kg) Contribuição

(%) Mortean

(2010) (%) Pivotto Oliveira

(2011) (%) Organização 1,226 3,47 - - Divulgação 2,127 6,02 49 51 Coffee break 17,484 49,52 36 36 Kit do participante 14,468 40,98 15 12 Hospedagem - - - 1 PRODUÇÃO TOTAL DE RESÍDUOS 35,305 100,00 100 100

Contribuição de cada categoria na geração de resíduos

3,47 6,02

49,52

40,98OrganizaçãoDivulgaçãoCoffee breakKit do participante

Gráfico 1: Distribuição da geração de resíduos por categoria, em porcentagem.

Nota-se que a distribuição percentual de resíduos gerados em cada categoria foi bem

discrepante da encontrada por Mortean (2010) e ratificada por Pivotto Oliveira (2011), que

encontraram cerca de 50% de contribuição da divulgação, 35% dos coffee breaks e 15%

dos kits dos participantes. O predomínio de resíduos advindos do coffee break, 50%, deve-

se ao fato de os salgados terem sido servidos em caixas de pizza e os sucos, em caixinhas

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TetraPak de 1 litro, que são materiais descartáveis. A forte contribuição do kit, 41%, deve-

se principalmente à distribuição de blocos de anotações para os participantes, seguida das

canetas.

Outro fator que altera a porcentagem esperada é a forte determinação da comissão

em evitar gerar resíduos na divulgação, que foi feita em grande parte por meio de mídias

digitais e com impressos que abrangiam grande quantidade de pessoas, como cartazes. Isso

fez com que sua contribuição na massa gerada de resíduos fosse de apenas 6%.

A nova categoria criada, Organização, também teve pequena contribuição, apenas

3%, que não pode ser comparada com outros trabalhos por estar sendo considerada pela

primeira vez por algum autor. Quanto às camisas que foram utilizadas pelos organizadores

e as sorteadas no evento, por serem duráveis não foram consideradas resíduo.

O impacto dos objetos duráveis como camisetas, canecas e crachás plásticos não foi

calculado devido à falta de um método orientasse esse cálculo, entretanto é interessante que

se façam testes e crie-se uma maneira de contabilizá-los.

5.2. Análise por categoria

5.2.1. Organização

O principal material utilizado na organização foi o papel sulfite reciclado tamanho

A4 (0,297 x 0,210m). A divisão de uso foi feita entre papéis utilizados para impressão de

recibo, que podem se contabilizados, e os que foram usados para outros fins, não

contabilizados em sub-categorias.

Ao longo das reuniões, pouco papel foi usado. As atas eram digitadas por um dos

membros em um computador pessoal (laptop) e enviadas para os e-mails dos integrantes da

comissão. Além dos papéis, foi também utilizada fita crepe para que os avisos e placas

fossem afixados. Sua massa foi considerada insignificante.

Sabendo-se que a gramatura do papel utilizado vale 75g/m² ou 0,075 kg/m²,

encontrou-se que 230 folhas têm 1,076 kg. A divisão pode ser vista na tabela 2, abaixo:

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Tabela 2: Usos do papel na organização.

Massa (kg) Contribuição (%) Impressão de recibos 0,870 80,87

Outros fins 0,206 19,13 TOTAL 1,076 100

Nota-se que a maior parte do papel, cerca de 81%, foi usada para impressão de

recibos de pagamento dos participantes. Esse uso poderia ter sido reduzido se tivessem sido

impressos somente os recibos solicitados, ou evitados, se eles tivessem sido enviados por e-

mail, como os certificados. Neste último caso, poderiam ter sido gerados apenas 0,206 kg

de resíduos, em vez dos 1,076 kg.

As embalagens das camisas dos organizadores também entraram nesta categoria.

Por falta de melhor categoria para se colocar as embalagens das camisas sorteadas aos

participantes, elas foram contadas neste mesmo item. Eram todas plásticas. Foram

confeccionadas duas camisas para cada organizador, totalizando 20, e 10 para serem

sorteadas. Como a produção de camisas para sorteio poderia ter sido evitada, minimizando

a geração de resíduos, apresenta-se na tabela 3 a distribuição dos fins das camisas:

Tabela 3: Usos do plástico na organização.

Massa (kg) Contribuição (%) Embalagens de camisas para organizadores 0,100 66,67 Embalagens de camisas para sorteio 0,050 33,33 TOTAL 0,150 100

Poderia, portanto, ter-se gerado 0,100 kg em vez de 0,150 kg de resíduos.

A contribuição do papel e do plástico para a massa de resíduos gerada na

organização é apresentada na tabela 4. Em seguida, na tabela 5 e no gráfico 2, é apresentada

a composição detalhada destes resíduos, com base nas tabelas de número 2 e 3.

Tabela 4: Distribuição dos resíduos de organização.

Massa (kg) Contribuição (%) Papel A4 reciclado 1,076 87,76 Embalagem para camisas 0,150 12,24 TOTAL 1,226 100

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Tabela 5: Composição detalhada dos resíduos da organização.

Massa (kg) Contribuição (%) Papel - impressão de recibos 0,870 70,97 Papel - outros fins 0,206 16,79 Plástico - embalagens de camisas para organizadores 0,100 8,16 Plástico - embalagens de camisas para sorteio 0,050 4,08 TOTAL 1,226 100

Composição detalhada dos resíduos de organização

70,97

16,79

8,164,08

Papel - impressão derecibos

Papel - outros fins

Plástico - embalagensde camisas paraorganizadoresPlástico - embalagensde camisas para sorteio

Gráfico 2: Composição detalhada dos resíduos de organização, em porcentagem.

Observa-se, então, que 75% dos resíduos gerados, correspondentes a 0,920 kg,

poderiam ter sido evitados por meio da não-geração dos recibos e das embalagens das

camisetas para sorteio, gerando-se apenas 0,306 kg.

5.2.2. Divulgação

Foram gerados 2,127 kg de resíduos da divulgação, número bastante reduzido se

comparado com outros eventos. A faixa media 3,0 x 0,7m e cada cartaz, A3, 0,420 x 0,297

m. Estes valores foram multiplicados por suas respectivas gramaturas, 300 g/m² e 150 g/m²

e quantidades, 1 e 80. Os dados são apresentados na tabela 6, bem como a distribuição

percentual de massa, ilustrada no gráfico 3.

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Tabela 6: Composição dos resíduos de divulgação.

Massa (kg) Contribuição (%) Faixas 0,630 29,62 Cartazes (A3) 1,497 70,38 TOTAL 2,127 100

Composição dos resíduos de divulgação

29,62

70,38

FaixasCartazes (A3)

Gráfico 3: Distribuição dos resíduos de divulgação, em porcentagem.

Observa-se quanto a produção de cartazes é significativa em termos percentuais de

massa, representando 70% dos resíduos de divulgação. Todavia, como a quantidade de

material impresso já é pequena, essa é uma categoria cuja quantidade de resíduos é difícil

de reduzir.

5.2.3. Coffee break

Esta categoria foi a que mais gerou resíduos, 17,484 kg, representando 49,52% do

total gerado. Esse valor bastante grande se deve aos materiais, muitos deles descartáveis,

utilizados pela padaria que forneceu o coffee break, escolhida por um dos patrocinadores,

como explicado anteriormente.

A comissão optou por manter preços justos de inscrição, principalmente para

estudantes de graduação, que geralmente não têm renda própria, e abdicou de contratar a

padaria que já estava escolhida, a qual fazia uso de materiais reutilizáveis para servir o

coffee break. A distribuição dos resíduos gerados nesta categoria é apresentada na tabela 7

e no gráfico 4:

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Tabela 7: Composição dos resíduos do coffee break.

Massa (kg) Contribuição (%) Recicláveis 12,917 73,88 Orgânicos Compostáveis 2,836 16,22 Rejeitos 1,732 9,90 TOTAL 17,484 100

Composição dos resíduos de coffee break

73,88

16,22

9,90

Recicláveis

OrgânicosCompostáveisRejeitos

Gráfico 4: Composição dos resíduos do coffee break, em porcentagem.

É importante ressaltar que os participantes tiveram muitas dúvidas em relação à

separação dos resíduos ou, no mínimo, falta de atenção às placas. Eram encontrados

exemplares de um mesmo elemento em mais de um coletor . O elemento que mais gerou

duvida foi o guardanapo usado, que foi encontrado nos três coletores. Notou-se também

que muitos dos caroços de frutas eram encontrados embrulhados em guardanapos e jogados

tanto no coletor de Rejeitos quanto no de Compostáveis. A Figura 9 ilustra essa situação.

Fez-se, então, necessária a re-separação manual dos resíduos, com o auxílio de luvas

plásticas. Essa triagem aconteceu no fim de cada dia de evento, quando os resíduos eram

passados da lixeira para seus respectivos sacos. Quanto aos restos de alimentos, não foi

considerado o desperdício, uma vez que os coffee breaks foram bem dimensionados, isso

devido ao fato de nunca ter o número total de participantes em cada coffee break. Os

poucos restos eram doados a funcionários da universidade que trabalhavam no entorno do

salão, como guardas e faxineiras, além de servir de alimento para os organizadores também.

Nada foi perdido.

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Figura 9: Guardanapos usados presentes em mais de um tipo de coletor.

Havia basicamente três materiais nos resíduos recicláveis do coffee break: papel ou

papelão, plástico e metal. Este último se deveu a uma latinha de refrigerante trazida de fora

por um participante. Outra situação semelhante aconteceu nos rejeitos, em que foram

encontrados diversos chicletes e bitucas. Esses elementos foram contabilizados pois um

evento está sujeito a interações com o que ocorre fora dele por meio de seus participantes.

A subcategoria papel ou papelão continha caixas de pizza para salgadinhos, caixas

de 1 litro para suco e bandejas para doces; o plástico era representado pelos copinhos para

água de dentro do anfiteatro e pelo plástico para cobrir os doces (Figura 10).

Figura 10: Bandeja de doces da padaria.

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A composição simplificada dos resíduos recicláveis de coffee break é apresentada

na tabela 8, e a composição detalhada, na tabela 9 e no gráfico 5. Em seguida são

apresentadas as composições parcialmente detalhada e detalhada dos resíduos de coffee

break, na tabelas e nos gráficos 10 e 11, respectivamente.

Tabela 8: Composição simplificada dos resíduos recicláveis de coffee break.

Massa (kg) Contribuição (%) Papel e papelão 12,756 98,75 Plástico 0,136 1,05 Metal 0,025 0,19 TOTAL 12,917 100

Tabela 9: Composição detalhada dos resíduos recicláveis de coffee break.

Massa (kg) Contribuição (%) Caixas de suco 3,900 30,19 Caixas de pizza 7,320 56,67 Bandejas de papelão metalizado 1,536 11,89 Copos plásticos 0,100 0,77 Latinha de refrigerante 0,025 0,19 Plástico para cobrir doces 0,036 0,28 TOTAL 12,917 100

Composição detalhada dos resíduos recicláveis de coffee break

30,19

56,67

11,89

0,77

0,19

0,28Caixas de suco

Caixas de pizza

Bandejas de papelãometalizadoCopos plásticos

Latinha derefrigerantePlástico para cobrirdoces

Gráfico 5: Composição detalhada dos resíduos recicláveis de coffee break, em porcentagem.

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O papel representa quase toda a massa de resíduos recicláveis do coffee break. Em

relação a tanto papelão, o metal da latinha teve pouco influência na porcentagem total.

Nota-se que os materiais descartáveis facilmente substituíveis por duráveis, como caixa de

pizza e bandeja laminada, são os que predominam e se fossem de fato substituídos, haveria

uma significativa diminuição dos resíduos recicláveis, o que geraria ainda uma importante

redução na massa de resíduos do coffee break como um todo, uma vez que o papelão

corresponde a 74% dessa categoria. Isso pode ser observado na tabela 10, a seguir:

Tabela 10: Composição parcialmente detalhada dos resíduos de coffee break.

Massa (kg) Contribuição (%) Papel e papelão 12,756 72,96 Plástico 0,136 0,78 Metal 0,025 0,14 Compostáveis 2,836 16,22 Rejeitos 1,732 9,90 TOTAL 17,484 100

Percebe-se, novamente, que o metal não teve influência significativa, bem como o

plástico teve pouca, entretanto se a quantidade de papelão fosse minimizada, sua influência

apareceria, e apesar de a latinha não poder ser evitada pela comissão, os copos podem. A

composição detalhada dos resíduos de coffee break é apresentada na tabela 11 e no gráfico

6.

Tabela 11: Composição detalhada dos resíduos de coffee break.

Massa (kg) Contribuição (%) Recicláveis 12,917 73,88 Caixas de suco 3,900 22,31 Caixas de pizza 7,320 41,87 Bandejas de papelão metalizado 1,536 8,79 Copos plásticos 0,100 0,57 Latinha de refrigerante 0,025 0,14 Plástico para cobrir doces 0,036 0,21 Orgânicos Compostáveis 2,836 16,22 Rejeitos 1,732 9,90 TOTAL 17,484 100,00

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Composição detalhada dos resíduos de coffee break

22,31

41,878,79

0,57

0,14

0,21

16,22

9,90

Caixas de suco

Caixas de pizza

Bandejas de papelãometalizadoCopos plásticos

Latinha derefrigerantePlástico para cobrirdocesOrgânicosCompostáveisRejeitos

Gráfico 6: Composição detalhada dos resíduos de coffee break, em porcentagem.

Percebe-se, então que as caixas de suco e de pizza foram os resíduos que mais

contribuíram para a grande massa na categoria coffee break, com respectivamente 7,320

(42%) e 3,900 kg (22%). A geração de compostáveis representou 16%, com 2,836, devido à

presença de frutas no coffee break. A geração de rejeitos, por sua vez, representou apenas

10% do total, com a massa de 1,732 kg, que poderiam ter sido reduzidos com a consciência

de não desperdiçar guardanapos, ou com a sinalização dos sabores dos alimentos, de modo

que enganos fossem evitados e consequentemente, os desperdícios.

5.2.4. Kit do participante

Esta é a segunda categoria em geração de resíduos no evento, com 41% e 14,468 kg.

Os blocos e o feedback foram feitos em papel reciclado um pouco mais denso que o sulfite,

com 90g/m², segundo a gráfica. Suas medidas são 0,210 x 0,148 m. Para encontrar sua

massa, multiplicou-se a área pela gramatura e pela quantidade de feedbacks (150) ou pela

quantidade de blocos (150) e pelo número de folhas em cada bloco (30).

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Já os crachás antigos mediam 0,090m x 0,090m, ou seja, 9 cm x 9 cm, e eram feitos

com papel reciclável mais denso ainda, estilo papel cartão, com gramatura 240g/m². Foram

usados 60 desses, e a cálculo da massa é similar ao dos feedbacks. O papel dos crachás

novos (150) tinha a mesma gramatura, e suas medidas eram 0,080 x 0,050m, ou seja, 8 cm

x 5 cm. Todos os valores calculados são apresentados na tabela 12 e no gráfico 7.

Tabela 12: Composição dos resíduos dos kits dos participantes.

Massa (kg) Contribuição (%) Canetas 1,200 8,29 Bloco (A5) 12,587 87,00 Feedbacks (A5) 0,420 2,90 Papéis de crachá 0,144 1,00 Crachás antigos 0,117 0,81 TOTAL 14,468 100

Composição detalhada dos resíduos dos kits dos participantes

8,29

87,00

2,90

1,00

0,81

CanetasBloco (A5)Feedbacks (A5)Papéis de cracháCrachás antigos

Gráfico 7: Composição dos resíduos dos kits dos participantes, em porcentagem.

É expressiva a participação dos blocos de anotações nessa categoria, umas vez que

eles representam exatos 87% do total, com 12,587 kg. A massa de resíduos de kits cairia

para 1,881 kg na ausência de blocos nos kits. Quanto às canetas, estão sendo consideradas

mesmo as 150 que não foram entregues, uma vez que foram enviadas por apoiadores e que

são relativas a esta edição do evento. A pesagem de 50 delas foi extrapolada para 300, e

obteve-se 1,200kg. É a segunda maior contribuição na massa destes resíduos, com 8,29%.

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Foram também subcategorizados os resíduos em papel e plástico (tabela 13) para se

observar a contribuição de cada um, e foi também observada a contribuição de cada item na

massa total de papel gerada na categoria kit do participante (tabela 14).

Tabela 13: Contribuição de cada material na massa total dos resíduos dos kits dos participantes.

Massa (kg) Contribuição (%) Plástico 1,200 8,29 Papel 13,268 91,71 TOTAL 14,468 100

Como já se percebia na tabela 12, a contribuição do papel é enorme, 13,268 kg,

totalizando 91,71%, entretanto o valor absoluto de massa do plástico também é expressivo.

Tabela 14: Usos do papel nos kits dos participantes.

Massa (kg) Contribuição (%) Bloco (A5) 12,587 94,87 Feedbacks (A5) 0,420 3,16 Papéis de crachá 0,144 1,09 Crachás antigos 0,117 0,88 TOTAL 13,268 100

A tabela 14 vem corroborar o que a tabela 12 mostra: o bloco de anotações é o item

mais expressivo, seguido dos feedbacks. Pela tabela 14, que mostra que 2,5 vezes o número

de papéis de crachá plástico pesam somente um pouco mais que os crachás antigos de

papel, nota-se a importância de se utilizar o crachá com capa de plástico, uma vez que é

durável, que não exige cordão e que seu papel é de menor tamanho. Além disso, em

próximas edição pode-se utilizar papel de menor densidade, para que sua massa seja menor

ainda.

5.3. Valores per capita

No quadro 1 são apresentados os valores absolutos, per capita, entre outros, da

geração de resíduos sólidos no II SIRS, bem como os mesmos valores para outros três

eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) no ano de 2011. A explicação dos cálculos

bem como dos dados faltantes segue-se ao quadro.

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50 Quadro 1: Quadro comparativo entre o II SIRS e os eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) (1, 2 e 3).

EVENTO II SIRS 1 2 3 Media

eventos 1, 2 e 3

Nº de participantes 186 400 400 350 - Dimensionamento dos coffee 150 300 283,3 150 - breaks (pessoas)

Número de coffee breaks 6 4 12 8 - Produção de resíduos sólidos 17,484 28,180 59,965 35,315 - nos coffee breaks (kg) Produção de resíduos sólidos 2,914 7,045 4,997 4,414 5,485 por coffee break (kg/núm coffee)

Produção de resíduos no coffee

0,117 0,094 0,212 0,235 - break por participante, em relação a

seu dimensionamento (kg/pessoa) Produção efetiva de resíduos no

0,094 - - - - coffee break por participante (kg/(pessoa)

Produção de resíduos por

0,019 0,018 0,018 0,029 0,022 participante por coffee break em relação a seu dimensionamento

(kg/(pessoa.coffee)) Produção efetiva de resíduos por

0,016 - - - - participante por coffee break (kg/(pessoa.coffee))

Dimensionamento dos kits dos 150 600 550 300 - participantes (pessoas) Produção de resíduos sólidos 14,468 - - - - a partir do material para kits (kg) Produção de resíduos sólidos 13,751 9,270 25,664 6,714 - a partir dos kits completos (kg)

Produção de resíduos a partir dos 0,078 0,023 0,064 0,019 0,035 kits, por participante (kg/pessoa) Produção de resíduos a partir dos

0,092 0,015 0,047 0,022 0,028 kits, por número de kits confeccionados (kg/ unidade de

kit) Produção de resíduos sólidos a 2,127 50,874 53,708 72,566 - a partir da divulgação (kg) Produção de resíduos sólidos

0,011 0,127 0,134 0,207 0,156 a partir da divulgação, por participante (kg/pessoa) Produção de resíduos sólidos 1,226 - - - - a partir da organização (kg) Produção de resíduos sólidos

0,007 - - - - a partir da organização, por participante (kg/pessoa)

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51

Produção total de resíduos sólidos 35,305 88,324 139,337 114,595 114,085 no evento (kg) Produção total de resíduos sólidos

0,190 0,221 0,348 0,327 0,299 no evento, por participante (kg/pessoa)

Quadro 1: Quadro comparativo entre o II SIRS e os eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) (1, 2 e 3).(continuação)

Os dados faltantes nas colunas dos eventos 1, 2 e 3 representam os cálculos que

foram feitos neste trabalho para o SIRS, não realizados pelo autorem sua pesquisa. Já na

coluna de média, interessam apenas os valores relativos, para que a comparação seja justa.

O quadro apresenta os números de participantes e coffee breaks, dimensionamento

dos coffee breaks e kits, bem como valores absolutos de geração de resíduos em cada

categoria e total e valores relativos (ao número real ou dimensionado de participantes (per

capita), ao número de coffee, ao número de kits).

O cálculo da produção de resíduos do coffee break por participante foi feita de duas

maneiras: como Pivotto Oliveira, em relação a seu dimensionamento, 150, e em relação ao

número real de participantes, 186. Encontraram-se, respectivamente, os valores 0,117 kg/

pessoa e 0,094 kg/pessoa. O primeiro valor não pode ser comparado aos demais devido ao

diferente número de coffee breaks em cada evento, e o segundo pelo mesmo fato, além de o

autor não ter feito esse cálculo.

Para que a comparação seja justa, é calculada a produção de resíduos por

participante por coffee break, novamente para o valor real e para o valor dimensionado de

pessoas. No caso do cálculo com valor real, não se pode comparar com os demais eventos

porque o autor não realizou esses cálculos.

No que refere ao cálculo com o valor dimensionado, nota-se que o valor do SIRS,

0,019 kg/(pessoa.coffee) é próximo ao encontrado em dois dos eventos estudados por

Pivotto Oliveira (2011), 0,018 kg/(pessoa.coffee) e menor que a média entre os três, 0,022

kg/(pessoa.coffee), porém próximo. Considerando-se a quantidade de descartáveis no

coffee break do II SIRS, fica claro que esse valor, 0,019 kg/(pessoa.coffee) , poderia ser

menor, bem como o valor per capita, 0,117 kg/pessoa.

Foi calculada, ainda, a geração de resíduos por número de coffe break. Encontrou-se

que, mesmo com todos os descartáveis presentes no coffe break do II SIRS, este evento

teve uma geração de 2,914 kg/(núm de coffee), bem menor que os valores encontrados por

Pivotto Oliveira(2010), cuja média é de 5,485 kg/(núm de coffee). Entretanto, o número de

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participantes era bem diferente, daí o valor por número de coffee breaks e por participante,

mostrado anteriormente, ser o mais apropriado para comparação.

No tocante aos kits dos participantes, mais uma nova categoria foi incluída neste

trabalho: a produção de resíduos a partir de todo material para kits, e não apenas dos kits

inteiros montados, de modo que as canetas restantes e os crachás extras puderam ser

inclusos, totalizando 14,468 kg. Os kits montados pesam 13,751 kg. Novamente, estes

valores não serão comparados pois variam com o número de kits confeccionados, bem

como nenhum valor absoluto será, por variar ainda com o número de participantes.

O cálculo da produção per capita de resíduos a partir dos kits foi feita com a massa

total de itens dos kits, mesmo os itens não distribuídos. Mortean (2010) e Pivotto Oliveira

(2011) não deixaram claro com qual número de participantes, o real ou o dimensionado,

realizaram este cálculo, entretanto um simples cálculo deixou claro que era o número real.

É possível notar que a produção per capita de resíduos a partir dos kits do II SIRS, 0,078

kg/pessoa, é bem maior que a dos demais eventos, bem como é maior que sua média, 0,035

kg/pessoa. Isso provavelmente se deve à inclusão de blocos de anotações nos kits, que,

como pôde-se perceber pelos cálculos, foram os principais responsáveis pela grande massa

de resíduos nessa categoria.

O valor da produção de resíduos a partir dos kits por kit montado, 0,092 kg/kit,

quando comparado com os valores dos demais eventos, 0,015, 0,047 e 0,022 kg/kit, e com

sua média, 0,028 kg/kit, vem comprovar que há muitos resíduos nos kits dos participantes

do II SIRS.

O valor encontrado para a produção de resíduos a partir da divulgação é de 2,127

kg, e este valor per capita é de 0,011 kg/pessoa. Novamente o autor não deixa claro qual

número de participantes foi utilizado nas contas per capita, entretanto a realização dos

cálculos nos mostra que é o número de participantes que de fato estavam inscritos, o mais

lógico de ser usado a fim de se calcular o geração de resíduos por pessoa realmente atingida

pela divulgação, e não o número estimado.

O valor encontrado para o II SIRS é bem menor que os valores dos demais eventos,

0,127, 0,134 e 0,207 kg/pessoa, e consequentemente, bem menor que sua média, 0,156

kg/pessoa. Isso se deve à pouca divulgação impressa do II SIRS e à utilização de meios de

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comunicação que abrangem diversas pessoas, como os cartazes, em detrimento dos meios

de divulgação individuais, como os panfletos.

Por fim, não se pode comparar os valores relativos à produção de resíduos sólidos a

partir da organização por esta ser uma categoria presente somente neste trabalho. Seu valor

absoluto é de 1,226 kg e seu valor per capita, 0,007 kg/pessoa.

No que se refere à produção total de resíduos, o II SIRS teve o menor valor absoluto

e relativo (per capita), com 35, 305 kg e 0,190 kg/pessoa contra a média de 114,085 kg e

0,299 kg/ pessoa nos eventos 1, 2 e 3.

Nota-se então que dentre os valores comparados, o II SIRS assemelha-se aos demais

na categoria coffee break, excede-se muito na categoria kit do participante e fica bem

abaixo dos demais na categoria divulgação. Isto reitera as porcentagens de contribuição de

cada categoria na geração total de resíduos no evento, uma vez que neste caso houve um

forte participação do kit nos resíduos, 41%, em vez dos 15% encontrados por Mortean

(2010) ou dos 12% encontrados por Pivotto Oliveira (2011), e uma reduzida participação da

divulgação, 6% ao contrário dos 49% ou dos 51%, respectivamente, encontrados pelos

mesmos autores.

Vale ressaltar que os eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011), ao que tudo

indica, são organizados por alunos de graduação ou de forma mista entre alunos de

graduação e pós-graduação, enquanto o II SIRS é organizado apenas por alunos de pós-

graduação. Esse fato pode influenciar nas decisões e consequentemente, nos resultados.

De mesma maneira, o público alvo pode influenciar na geração de resíduos, uma

vez que eventos organizados por alunos de graduação em geral têm como alvo os próprios

alunos da graduação, enquanto o II SIRS tem um público-alvo muito grande, que inclui

profissionais, estudantes de pós-graduação e graduação, e pessoas da comunidade em geral.

Tais públicos-alvo têm diferentes condições financeiras, diferentes hábitos de consumo,

diferentes interesses e necessidades e se deslocam mais ou menos para ir a um evento.

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5.4. Aplicação de estratégias de redução da geração de resíduos

5.4.1. Estratégia 1

A estratégia 1 sugerida por Mortean (2010) e adotada por Pivotto Oliveira (2011)

consiste na minimização da geração de resíduos por meio de medidas simples, facilmente

executáveis pela comissão organizadora, como a substituição de materiais descartáveis por

materiais duráveis sem alteração dos alimentos fornecidos. Essa estratégia limita-se aos

resíduos de coffee break.

Os resíduos que se encaixam nessa descrição e suas respectivas massas são

apresentados pela tabela 15. São eles as caixas de pizza, as bandejas laminadas e os copos

plásticos. As caixas de suco não se encaixam nessa categoria pois sua substituição

significaria a mudança do alimento servido. Os plásticos para cobrir doces são de difícil

substituição, pois protegem os doces e sua substituição por um material durável, como um

pano, comprometeria a aparência dos doces e sujaria o pano. Já a latinha de refrigerante não

está sob o controle da comissão organizadora.

Tabela 15: Itens abrangidos pela Estratégia 1 e suas respectivas massas.

COFFEE BREAK Massa (kg) Caixas de pizza 7,320 Bandejas de papelão metalizado 1,536 Copos plásticos 0,100 TOTAL 8,956 Restam 8,528

Com a simples aplicação da estratégia 1, 8,956 kg dos 17,484 kg não teriam sido gerados.

5.4.2. Estratégia 1 combinada com Estratégia 2

Após a aplicação da Estratégia 1, pode-se aplicar a Estratégia 2, que abrange todas

as categorias e será utilizada pela primeira vez para os resíduos da organização.

Para a categoria coffee break, consideram-se agora os resíduos como garrafas PET

ou caixas TetraPak, que podem ser substituídos por jarras de vidro ou qualquer outro

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recipiente de durável, ou por “refresqueiras”, como as de refeitórios. A comissão do II

SIRS alegou não usá-las devido ao desagrado dos participantes na edição anterior, devido

ao sabor do tipo de suco servido nessas refresqueiras. A padaria fornecedora do coffee

break não possuía a opção de suco natural servido em jarras.

A aplicação conjunta das estratégias 1 e 2 para os resíduos de coffee break engloba

os seguintes resíduos:

Tabela 15: Resíduos do coffee break abrangidos pelas Estratégias 1 e 2, e suas respectivas massas.

COFFEE BREAK Massa (kg) Caixas de pizza 7,320 Bandejas de papelão metalizado 1,536 Copos plásticos 0,100 Caixas de suco 3,900 TOTAL 12,856 Restam 4,628

Nota-se que 12,856 kg dos 17,484kg poderiam não ter sido gerados.

A estratégia 2 para os resíduos de divulgação consiste na redução da produção de

panfletos e folders, dando preferência para meios de divulgação que abranjam maior

número de pessoas, como os cartazes. Nestes casos a falta pode ser suprida por meio de

ampla divulgação na internet, em salas de aula, em grupos de e-mails e em outros eventos e

do incentivo ao repasse de panfletos e folders, além do uso de verso de materiais para

impressão dos materiais de divulgação, de modo a reutilizar aquele papel. Além disso, a

programação do evento pode ser impressa na capa do bloco de anotações, caso haja, ou do

crachá, caso tenha tamanho suficiente, para que não se gerem folders. Como o II SIRS

somente fez cartazes, alguns no verso de cartazes antigos, e um faixa, não há meio de

reduzir-se a geração de resíduos na divulgação.

No tocante ao kit do participante, a minimização de resíduos é possível por meio da

não geração de materiais de divulgação dos patrocinadores do evento, que podem ter stands

ou espaço semelhante para anunciar, bem como não-fornecimento de blocos de anotações e

canetas, que podem ser trazidos de casa. A tabela 17 mostra os resíduos que podem ser

eliminados do kit do participante do II SIRS:

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Tabela 17: Resíduos do kit do participante abrangidos pela Estratégia 2, e suas respectivas massas.

KIT Massa (kg) Canetas 1,200 Bloco (A5) 12,587 TOTAL 13,787 Restam 0,680

Percebe-se que a mera retirada dos blocos de anotações e das canetas reduz 13,787

kg dos 14,467 kg de resíduos de kits dos participantes, um valor bastante expressivo.

Por fim, a redução da geração de resíduos na organização pode ser feita evitando-se

a impressão desnecessária de documentos como certificados e recibos de pagamento, bem

como a distribuição de brindes, mesmo que duráveis, devido a suas embalagens. Os usos de

materiais que poderiam ser evitados na organização são apresentados na tabela 18.

Tabela 18: Resíduos de organização abrangidos pela Estratégia 2, e suas respectivas massas.

ORGANIZAÇÃO Massa (kg) Papel - impressão de recibos 0,870 Plástico - embalagens de camisas para sorteio 0,050 TOTAL 0,920 Restam 0,306

A simples medida de enviar os recibos por e-mail evitaria a geração de 0,870 kg de

resíduos. Somando-se a isso a não distribuição de camisas ou o pedido de que elas viessem

em caixas ou sacos reutilizáveis, 0,920 kg dos 1,226 kg não teriam sido gerados.

No item que segue é simulada uma situação ideal, em que as Estratégias 1 e 2 foram

aplicadas com sucesso.

5.4.3. Situação ideal, após aplicação de ambas as estratégias

O quadro 2 apresenta o resumo da aplicação de ambas as estratégias no II SIRS e as

porcentagens de redução alcançadas.

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Quadro 2: Resultados da aplicação das Estratégias 1 e 2 no II SIRS.

Metodologia Resíduos Resíduos Resíduos Resíduos TOTAL (kg) Coffee Break (kg) Divulgação (kg) Kit (kg) Organização (kg)

Caracterização Regular 17,484 2,127 14,468 1,226 35,305 Estratégia 1 8,528 2,127 14,468 1,226 26,349

Diferença sobre -51,2% 0% 0% 0% -25,4% geração inicial Estratégia 2 4,628 2,127 0,680 0,306 7,741

Diferença sobre -73,5% 0,0% -95,3% -75,0% -78,1% geração inicial

Nota-se que a simples adoção da Estratégia 1 reduziria em 51,2% os resíduos de

coffee break e em 25,4% os resíduos totais gerados no evento. A aplicação, em seguida, da

Estratégia 2 permitiria a redução total de 73,5% dos resíduos de coffee break, 95,3% dos

resíduos de kit do participante, apenas com a não doação de blocos e canetas, e 75% de

resíduos de organização, evitando-se impressões desnecessárias e embalagens, valores

bastante significativos, gerando uma redução de 78,1% dos resíduos totais gerados no

evento, valor muito bom. Apenas a categoria divulgação, bastante cuidada pela Comissão

Organizadora do evento, não conseguiria nenhuma redução com a aplicação da estratégia 2.

Para ilustrar melhor a importância da redução obtida com a aplicação das

estratégias, fez-se um quadro similar ao de número 1, comparando-se a situação real do II

SIRS com a situação ideal, e comparando ambas com as médias obtidas pelos três eventos

estudados por Pivotto Oliveira (2011). O resultado pode ser visto no quadro 3.

Os valores relacionados ao coffee break caem a pouco mais de um quarto, enquanto

os valores relacionados ao kit caem a pouco mais de um quinto e aqueles relacionados à

organização caem a um pouco menos de um terço. Apenas os valores relativos a divulgação

permanecem iguais. Os valores relativos à produção total de resíduos no eventos diminuem

em quase 80%. Após a aplicação de ambas as estratégias, todos os valores relativos do II

SIRS, mesmos os que antes eram bem maiores que a média, como os referentes aos kits,

ficam bem menores que os valores relativos referentes à média dos três eventos.

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Quadro 3: Quadro comparativo entre a situação real do II SIRS, a situação ideal do II SIRS e a média dos três eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011) (1, 2 e 3).

EVENTO Situação Situação Media eventos

Real Ideal 1, 2 e 3 Produção de resíduos sólidos 17,484 4,628 - nos coffee breaks (kg) Produção de resíduos sólidos 2,914 0,771 5,485 por coffee break (kg/núm coffee)

Produção de resíduos no coffee 0,117 0,031 - break por participante, em relação a

seu dimensionamento (kg/pessoa) Produção efetiva de resíduos no

0,094 0,025 - coffee break por participante (kg/(pessoa)

Produção de resíduos por

0,019 0,005 0,022 participante por coffee break em relação a seu dimensionamento

(kg/(pessoa.coffee)) Produção efetiva de resíduos por

0,016 0,004 - participante por coffee break (kg/(pessoa.coffee))

Produção de resíduos sólidos 14,468 0,680 - a partir do material para kits (kg) Produção de resíduos a partir dos 0,078 0,004 0,035 kits, por participante (kg/pessoa) Produção de resíduos a partir dos

0,092 0,005 0,028 kits, por número de kits confeccionados (kg/ unidade de kit)

Produção de resíduos sólidos a 2,127 2,127 - a partir da divulgação (kg) Produção de resíduos sólidos

0,011 0,011 0,156 a partir da divulgação, por participante (kg/pessoa) Produção de resíduos sólidos 1,226 0,306 - a partir da organização (kg) Produção de resíduos sólidos

0,007 0,002 - a partir da organização, por participante (kg/pessoa)

Produção total de resíduos sólidos 35,305 7,741 114,085 no evento (kg) Produção total de resíduos sólidos

0,190 0,042 0,299 no evento, por participante (kg/pessoa)

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A nova distribuição de massa e a porcentagem dos resíduos do II SIRS ficam como

mostrado na tabela 19 e no gráfico 8.

Tabela 16: Composição dos resíduos sólidos do II SIRS - simulação.

Massa (kg) Contribuição (%) Organização 0,306 3,95 Divulgação 2,127 27,47 Coffee break 4,628 59,79 Kit do participante 0,680 8,79 TOTAL 7,741 100

Composição dos resíduos sólidos totais - Situação ideal

3,95

27,47

59,79

8,79

OrganizaçãoDivulgaçãoCoffee breakKit do participante

Gráfico 8: Composição dos resíduos sólidos do II SIRS, em porcentagem - simulação.

O panorama após a aplicação das estratégias é bem diferente: o kit, categoria que

sofreu maior redução percentual, 93,5%, agora representa apenas 9% dos resíduos totais.

Os resíduos de organização que já representavam pequena contribuição percentual, foram

reduzidos em 75%, e sua contribuição no todo somente aumentou nesta situação devido à

grande redução de 78,1% dos resíduos totais. Os resíduos de divulgação, que não sofreram

diminuição, passaram de 6% para 27% dos resíduos totais.

Os resíduos de coffee break, por sua vez, mesmo sofrendo a expressiva redução de

73,5%, mantêm-se na liderança, uma vez que só foi possível reduzir efetivamente os

resíduos recicláveis, quase em sua totalidade. A nova distribuição de massa dos resíduos de

coffee break pode ser vista na tabela 20 e no gráfico 9.

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Tabela 20: Composição dos resíduos de coffee break na situação ideal.

Massa (kg) Contribuição (%) Lata de refrigerante 0,025 0,54 Plástico para cobrir doces 0,036 0,78 Compostáveis 2,836 61,27 Rejeitos 1,732 37,41 TOTAL 4,628 100

Composição dos resíduos de coffee break - situação ideal

0,54

0,78

61,27

37,41

Lata de refrigerante

Plástico para cobrirdocesCompostáveis

Rejeitos

Gráfico 9: Composição dos resíduos de coffee break na situação ideal.

Após a aplicação das estratégias, os recicláveis que antes correspondiam a 74%

passam a apenas 2%. Do restante, há predomínio de compostáveis com 61% e forte

participação dos rejeitos, com 37%. Entretanto o quadro 4 deixa claro que, mesmo com

essa porcentagem tão alta, o valor de massa de rejeitos relativo ao número de coffee breaks

e de pessoas, 0,0016 kg/(pessoa.coffee) é próximo à média dos eventos 1, 2 e 3, de 0,013

kg/ (pessoa.coffee).

Quadro 4: Massas de rejeitos relativas ao nº de participantes e de coffee breaks, nos 4 eventos citados.

EVENTO Nº coffee breaks Nº de participantes Massa de rejeitos (kg) Massa de rejeitos por participante por coffee break ( kg/(pessoa.coffee))

1 4 400 1,720 0,0011 2 12 400 1,555 0,0003 3 8 350 7,350 0,0026

MÉDIA 0,0013 II SIRS 6 186 1,732 0,0016

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É interessante notar também que a mesma relação quando feita para os resíduos

compostáveis (quadro 5) indica a diferença no tipo de coffee break servido, uma vez que a

relação para o II SIRS, 0,0025 kg/(pessoa.coffee), é bem maior que a média para os eventos

1, 2 e 3, de 0,0006 kg/(pessoa.coffee), bem como é maior que a relação encontrada para

cada um separadamente, 0,0006 , 0,0009 e 0,0002 kg/(pessoa.coffee), respectivamente. Isso

se deveu à presença de frutas, principalmente aquelas com caroço, como o pêssego e

ameixa, ou semente, como uva e maça, ou aquelas cuja casca se joga fora, como banana e

lichia.

Quadro 5: Massas de resíduos compostáveis relativas ao nº de participantes e de coffee breaks, nos 4 eventos citados.

EVENTO Nº coffee breaks Nº de participantes Massa de compostáveis (kg) Massa compostáveis por participante por coffee break ( kg/(pessoa.coffee))

1 4 400 1,035 0,0006 2 12 400 4,175 0,0009 3 8 350 0,480 0,0002

MÉDIA 0,0006 II SIRS 6 186 2,836 0,0025

6. Conclusão

Este trabalho analisou qualitativa e quantitativamente a geração de resíduos sólidos

do II SIRS – Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP de São Carlos, que ocorreu durante

três dias e contou com 186 participantes. A comissão tinha como objetivo a minimização da

geração de resíduos sólidos, mas tinha algumas limitações como tempo, dinheiro e número

de organizadores, o que dificultou a aplicação do Planejamento de Gestão e Gerenciamento

de Resíduos Sólidos feito para o evento.

Seguiu-se a linha de trabalho de Mortean (2010) e Pivotto Oliveira (2011), com

divisão da geração de resíduos nas categorias Divulgação, Coffee-break e Kit do

participante, e acrescentou-se a categoria Organização. Entretanto, devido ao fato de o II

SIRS ser um evento com comissão organizado, público-alvo e temática diferentes, os

valores encontrados, respectivamente ao supracitados, 6%, 50%, 41% e 3% foram

diferentes dos apresentados pelos autores, 49%, 36% e 15%. Isso se deveu à utilização de

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descartáveis no coffee break, à disponibilização de blocos de anotação e canetas nos kits e à

massiva divulgação pelas mídias digitais, evitando-se a divulgação impressa. Os valores

relativos calculados confirmaram essa tendência.

Pôde-se corroborar o que foi encontrado por ambos os autores: a aplicação das

Estratégias 1 e 2 sugeridas por eles é eficiente na minimização de resíduos, por isso deve

ser utilizada antes de sua geração, no momento do planejamento. Acrescentou-se ainda uma

extensão da estratégia 2 para a categoria criada, Organização.

Com a aplicação da Estratégia 1, ou seja, a simples substituição de materiais

descartáveis por duráveis no coffee break, obteve-se redução de 51,2% dos resíduos do

coffee break, o que representou redução de 25,4% dos resíduos totais. Com a subsequente

aplicação da estratégia 2, obteve-se que os resíduos de divulgação não podem ser reduzidos

no II SIRS devido a sua pequena geração, entretanto pode-se reduzir em 73,5%, 95,3% e

75%, respectivamente, os resíduos de coffee break, kit do participante e organização,

promovendo a redução de 78,1% dos resíduos totais gerados no evento.

A geração per capita total de resíduos no evento, de 0,190 kg, que já é menor que os

valores dos demais eventos a que o II SIRS foi comparado, teria sido reduzida a 0,042 kg

caso ambas as estratégias tivessem sido aplicadas com sucesso.

É interessante ressaltar que a simulação de um panorama após a aplicação dessas

medidas deixou claro que se o Planejamento de Gestão e Gerenciamento de Resíduos

Sólidos do II SIRS tivesse saído como esperado e se outras situações tivessem sido

prevenidas, o resultados seriam ótimos, com baixa geração de resíduos (apenas 7,741 kg) e

equilíbrio entre as categorias, uma vez que todas tiveram sua geração relativa menor que a

médias dos três eventos estudados por Pivotto Oliveira (2011). Isso mostra que o Plano é

eficiente e que as diretrizes dadas pelo “Guia Prático para Organmização de Eventos Mais

Sustentáveis – campus USP São Carlos” (Leme & Mortean) são boas, apesar de poderem

ser mais exploradas.

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7. Recomendações

7.1. Às comissões organizadoras

Recomenda-se às comissões organizadoras atentarem para os seguintes aspectos

observados no Guia e nos trabalhos realizados com o tema “Eventos Mais Sustentáveis”:

A própria Comissão Organizadora pode ser criativa e dar idéias para reduzir

resíduos. A medida encontrada pela C.O. do II SIRS para reduzir resíduos de

divulgação, imprimindo somente cartazes e faixa e divulgando amplamente em

mídias digitais foi muito eficiente;

As reuniões da comissão podem ser divulgadas, de maneira que diferentes pessoas,

com diversas experiências possam dar idéias e até mesmo permitir a realização de

medidas que necessitem de tempo e muitas pessoas;

É importante definir metas de sustentabilidade desde o início para não perder o

foco, além de definir o local para onde serão doados os alimentos em caso de sobra;

No caso de um evento já estabelecido, é realmente plausível e significativa a busca

por patrocinadores com proposta sustentável;

Apesar de não ser uma prática comum, é interessante enviar uma carta ou e-mail

para os patrocinadores e apoiadores explicando a proposta sustentável do evento,

para que menos resíduos sejam gerados e as metas da comissão sejam atingidas;

Utilizar-se de divulgação por meios digitais é hoje muito eficiente e pode ajudar na

minimização de resíduos de divulgação. A impressão no verso de faixas, banners e

cartazes (recuperados ou não afixados) também minimiza bastante os impactos;

Apesar de pouco comum, a proposta de sistema de caronas e hospedagem solidária

podem ser divulgadas e bastante incentivadas logo no início da divulgação do

evento e lembradas na Ficha de Inscrição e por- email, quando o evento estiver mais

próximo. Além disso, pode criar um banco de dados ou grupo de e-mails em que os

participantes ofereçam ou procurem carona e hospedagem;

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Pessoas com baixa renda comprovada e as que se propuserem a hospedar algum

participante vindo de outra cidade podem ter desconto;

Pode-se perguntar, no ato da inscrição, se a pessoa deseja o kit do participante. O

preço pode ser diferenciado de acordo com a escolha da pessoa;

A comissão pode se propor firmemente a não dar blocos, canetas nem canecas,

avisando aos participantes durante a divulgação, na inscrição e por e-mail que cada

um deve trazer seu material. Todos têm papel e caneta em casa e, como observado

no presente trabalho, a retirada dos blocos de anotações e das canetas representa

uma grande redução a geração de resíduos. Entretanto, é interessante garantir copos

de vidro suficientes no coffee break;

Quanto aos materiais utilizados no coffee break, a comissão pode e deve conversar

com as padarias de modo a escolher a que tiver mais opções de materiais duráveis e

reutilizáveis, como bandejas de metal e toalhas de pano, e exigir que os utilizem em

todos os setores possíveis do coffee break;

A presença de frutas proporciona uma alimentação saudável aos participantes,

impulso na economia regional e alguma redução de salgadinhos, cujos restos ou

desperdício se transformariam em rejeitos em vez de resíduos compostáveis;

A inclusão de alimentos vegetarianos ou veganos gera menos impactos ao meio

ambiente, por necessitar de menos água em sua produção, e promove a inclusão de

todos o participantes, além de estimular o pensamento sobre nossas opções

alimentares sobre o meio-ambiente. Notou-se que essa experiência foi bastante

positiva no II SIRS. Além disso, quando possível, alimentos para alérgicos são bem-

vindos para que a inclusão seja maior;

É aconselhável optar-se por sucos que possam ser servidos em refresqueiras ou em

jarras de vidro;

A sinalização dos alimentos é de extrema importância para que não haja

desperdício. Aconselha-se colocar placas com a composição dos alimentos, de

modo que, por exemplo, um vegetariano não jogue um salgado fora por ter carne,

quando ele achou que não tinha;

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Durante o evento, é interessante deixar claro aos participantes as medidas

sustentáveis tomadas pela comissão. Isso gera discussão interessante e divulga a

iniciativa, além de melhorar a imagem do evento;

A programação do evento pode ser enviada por e-mail com um pedido para que os

participantes não imprimam, ou que imprimam em versão bem pequena e com

impressão simples, e com aviso de que a programação estará disponível no local do

evento, em um banner, ou no verso dos crachás, se forem grnades o suficiente, ouna

capa dos blocos de notações, caso sejam fornecidos, ou ainda na sacola retornável,

caso seja dada;

No caso de distribuição de folders e crachás de papel, deve-se incentivar sua

devolução para correta destinação, talvez com algum sorteio, desde não gere mais

resíduos ainda. É essencial ainda a devolução dos crachás de plástico (com papel

dentro), para que sejam reutilizados;

Aconselha-se enviar um feedback aos patrocinadores e apoiadores, de modo que

eles confirmem a aplicação da proposta sustentável e o tamanho e importância do

evento por eles ajudado;

Quanto ao feedback distribuído pela comissão aos participantes, ele pode ser

enviado por e-mail para evitar sua impressão, entretanto esta não parece ser uma

medida muito eficiente considerando-se que poucos responderão a ele. Uma postura

que tornaria essa medida eficiente é exigir o envio do feedback para a comissão para

que o certificado seja enviado ao participante;

Os recibos podem ser enviados, quando solicitados, diretamente ao e-mail do

participante, ou disponibilizados no site do evento. O mesmo deve ser feito com os

certificados.

7.2. Aos pesquisadores, na realização de trabalhos futuros

É interessante que se divulguem materiais sobre eventos sustentáveis e meio

ambiente para a comissão organizadora, de modo que todos seus integrantes

entendam a importância de se diminuir o impacto ambiental causado elo evento;

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A orientação dos participantes do evento por meio de cartazes que expliquem a

separação dos resíduos em recicláveis, compostáveis e rejeitos mostrou-se urgente;

A quantificação de materiais distribuídos em palestras, minicursos, visitas técnicas e

atividades afins dentro do evento devem ser contabilizados em nova(s) categoria(s);

Faz-se necessária a realização de um trabalho mais amplo, que contemple tópicos do

Guia não abordados até o momento. Ele pode ser feito com os mesmos eventos

estudados até o momento;

Para efeito de cálculo, aconselha-se pedir à Comissão após o evento, como sugerido

por Pivotto Oliveira (2011), o número exato de participantes, para que se obtenham

valores mais próximos da realidade;

A continuação destes trabalhos se faz extremamente importante, em novos eventos,

e de tipos diversos, para surgirem novas ideias, e nos mesmos, dos quais já se têm

um bom banco de dados.

Por fim, é interessante publicar-se em breve uma nova versão do "Guia Prático para

Organização de Eventos mais Sustentáveis Campus USP de São Carlos" (Leme &

Mortean, 2010), atualizada, reestruturada e adequada aos trabalhos realizados desde a

primeira publicação e às novas ideias que possam ter surgido na mídia para os seus

autores.

8. Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8419: apresentação de

projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004: classificação de

resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

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AZEVEDO, P. S. Estratégias e Requisitos Ambientais no Processo de Desenvolvimento de

Produtos na Indústria de Móvel sob Encomenda. 139p. Tese (Doutorado) – Escola Superior

Agrícola Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, 2009.

BRASIL. Decreto nº 7404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei nº 12305, de 2

de agosto de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial

da União. Brasília, DF, 2010.

BRASIL. Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Dispõe sobre a Política Nacional de

Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2010.

CAVALCANTI, C. (Org.). Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma Sociedade

Sustentável. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 160.

FONTES, N. et al. Eventos Mais Sustentáveis: uma abordagem ecológica, econômica,

social, cultural e política. 1 ed. São Carlos. EdUFSCar, 2008. 71p.

FRÉSCA, F. R. C. Estudo da Geração de Resíduos Sólidos Domiciliares no Município de

São Carlos, SP, a partir da Caracterização Física. Dissertação (Mestrado) – Escola de

Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.

LEITE, P. R. Logística Reversa - Meio ambiente e Competitividade. São Paulo:

Prentice Hall, 2003.

LEME, P. C. S.; MORTEAN, A. F. Guia prático para organização de eventos mais

sustentáveis. 2010. 53p. EESC-USP, 2010. Disponível em:

<http://www.saocarlos.usp.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5632&Itemid=1

21>. Último acesso em: 30/01/2012.

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LEME, P. C. S.; MARTINS, J. L. G.; BRANDÃO, Dennis. Guia prático para minimização

e gerenciamento de resíduos – USP São Carlos. São Carlos: USP Recicla; EESC-USP;

CCSC-USP; SGA-USP, 2012.

MORTEAN, A. F. Quantificação da produção de resíduos sólidos e organização de eventos

mais sustentáveis: estudo de caso na USP de São Carlos. 2010. 88p. Trabalho de Graduação

(Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

2010.

NEPER. II SIRS – Simpósio sobre Resíduos Sólidos – Objetivos do Evento. Disponível em

<http://www.shs.eesc.usp.br/2sirs/objetivos_evento2.html> Acesso em: 05/10/2011.

NEPER. Gestão de Resíduos Sólidos. Disciplina do Curso de Graduação em Enganharia

Ambiental. São Carlos, ago.-dez. (Notas de aula) - Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, 2011.

OMETTO, A. R. Avaliação do ciclo de vida do álcool etílico hidratado combustível pelos

métodos EDIP, Exergia e Emergia. 2005, 200p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia

de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.

PIVOTTO OLIVEIRA, B. Avaliação da geração de resíduos sólidos em eventos

acadêmicos vinculados à EESC – USP a partir da utilização do “Guia Prático para

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Trabalho de Graduação (Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, 2011.

SARTORI, H. J. F. Discussão sobre a caracterização física de resíduos sólidos

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Questões ambientais e

produção mais limpa. Porto Alegre: Centro Nacional de Tecnologias Limpas; SENAI-RS,

2003. (Série Manuais de Produção mais Limpa).

SUDAN et al. Da pá virada: revirando o tema lixo. Vivências em educação ambiental e

resíduos sólidos. São Paulo: Programa USP Recicla; Agência USP de Inovação, 2007.

ZANETI, I. C. B. B.; SÁ, L. M. A educação ambiental como instrumento de mudança na

concepção de gestão dos resíduos sólidos domiciliares e na preservação do meio ambiente.

Disponível em:

<http://www.lapa.ufscar.br/bdgaam/residuos_solidos/Gest%E3o/Zaneti.pdf>. Acesso em:

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Apêndice A: Questionário de apoio ao projeto, destinado à comissão organizadora do

II Simpósio sobre Resídduos Sólidos da USP - São Carlos

Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos

Questionário de apoio ao projeto de iniciação científica “Gestão e gerenciamento de

resíduos sólidos em eventos sustentáveis: estudo de caso do II Simpósio sobre Resíduos Sólidos da USP – São Carlos ”

Orientador: Prof. Dr. Valdir Schalch

Aluna: Liziane Bizi Fracassi

1) Qual a expectativa do número de participantes para o evento? ____________

2) Quais os meios de divulgação que estão sendo utilizados para o evento, quais as quantidades e quais as dimensões aproximadas?

a) Faixa ___________________________________________________ b) Banner ___________________________________________________ c) Cartaz ___________________________________________________ d) Panfleto ___________________________________________________ e) Folder ___________________________________________________ f) Site e outros meios eletrônicos. g) Outros. Quais?___________________________________________________

3) São distribuídos kits aos participantes do evento? a) Sim. O que há nos kits?

( )Camiseta ( )Caneca durável ( )Sacola retornável ( )Pasta, bloco para rascunho e canetas ( )Materiais de divulgação de patrocinadores

b) Não. 4) Qual o número de kits confeccionados?

_____________ 5) Cada coffee break foi dimensionado para quantas pessoas aproximadamente?

_____________ 6) A comissão organizadora tem uma estimativa da geração de resíduos sólidos durante o evento?

a) Sim. Qual o valor?________________ b) Não

7) Há separação dos resíduos sólidos para a coleta seletiva e/ou para compostagem? a) Sim. ( )Coleta Seletiva ( )Compostagem b) Não

8) Você considera que a comissão está tomando medidas para que o evento seja mais sustentável?

a) Sim b) Não