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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA BRUNO DAL ROVERE CONTESINI INVESTIGAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMA/PROJETO E DA INSTRUÇÃO EM PARES NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES Lorena 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

BRUNO DAL ROVERE CONTESINI

INVESTIGAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA APRENDIZAGEM BASEADA

EM PROBLEMA/PROJETO E DA INSTRUÇÃO EM PARES NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES

Lorena 2015

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BRUNO DAL ROVERE CONTESINI

INVESTIGAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA APRENDIZAGEM BASEADA

EM PROBLEMA/PROJETO E DA INSTRUÇÃO EM PARES NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como requisito parcial para a conclusão de curso de Graduação em Engenharia Química. Área de Concentração: Didática Aplicada Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Moreira dos Santos

Lorena 2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Contesini, Bruno dal Rovere Investigação da influência da aprendizagem baseadaem problema/projeto e da instrução em pares naformação dos estudantes / Bruno dal Rovere Contesini;orientador Carlos Alberto Moreira dos Santos. -Lorena, 2015. 41 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientador: Carlos Alberto Moreira dos Santos

1. Metodologias ativas. 2. Inovação. 3. Didática.4. Pedagogia. I. Título. II. dos Santos, CarlosAlberto Moreira, orient.

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À minha família por todos os esforços

empenhados, ao longo da a minha vida, para

que todos os meus sonhos e objetivos

pudessem se concretizar. Aos meus

falecidos entes tão queridos, que tanto

almejaram acompanhar mais essa minha

conquista e que, de algum modo, estarão

sempre comigo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a toda a minha família, por todo o empenho em

caminhar ao meu lado, independente das intempéries que surgissem diante de

nós. Agradecimento especial aos meus pais Kátia e Vagner, e à minha irmã Júlia,

pela compreensão adicional das horas de dedicação que a vida acadêmica me

exigiu.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Alberto Moreira dos Santos, pela

disposição e a sintonia com que, ao longo dos últimos meses, pudemos trabalhar

em favor da produção científica.

Agradeço a todos os demais professores que passaram pela minha história

acadêmica desde a minha infância, em especial, ao professor Cláudio Pereira,

que tanto contribuiu ao longo da importante fase de Ensino Médio, e aos

professores universitários Prof. Dr. Messias Borges Silva, Prof. Dr. Ângelo Capri

Neto e Profa. Dra. Maria da Rosa Capri, com os quais tive a oportunidade e a

imensa honra de trabalhar.

Agradeço ainda a todos os colegas com os quais estudei, em especial aqueles

que dividiram espaço comigo dentro da universidade, mas não me esquecendo de

todos os que me honraram com sua companhia em estágio anterior.

Por fim, agradeço a todos os meus amigos, sem os quais eu, provavelmente,

também não teria chegado até este momento. Lembrança especial a Brayan

Puosso que, por mais de duas décadas, acompanha-me com todos os requisitos

da legítima amizade.

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“O impossível não é um fato: é uma opinião”.

Mário Sérgio Cortella

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RESUMO

CONTESINI, Bruno Dal Rovere. Investigação da influência da aprendizagem

baseada em problema/projeto e da instrução em pares na formação dos

estudantes. Lorena: Escola de Engenharia,2015. 41 p.

A estrutura pedagógica, atualmente, segue padrões extremamente tradicionais e

até certo ponto, resistentes a mudança. A preocupação contínua com a

transmissão do conhecimento, visando à solução de problemas por fórmulas e

caminhos inflexíveis, deixa em segundo plano as metodologias diversas que

podem ser adotadas para se alcançar o resultado final com maior eficiência. A

modificação deste cenário faz-se necessária para o aperfeiçoamento da formação

profissional no Brasil e no mundo. Para tanto, serão avaliados resultados da

aplicação de metodologias inovadoras, no Brasil e no exterior, em diferentes

tempos, considerando, em alguns casos, análise estatística que tenderá a

demonstrar em termos quantitativos o impacto de metodologias inovadoras na

aprendizagem, quando comparadas aos métodos tradicionais. Aspectos de

grande relevância para o mercado de trabalho, que ultrapassam a esfera

puramente conceitual, as chamadas competências transversais, também devem

ser consideradas, não apenas por contribuir para a formação de profissionais

mais interligados com o mundo de uma forma geral, mas também porque estes

profissionais tendem a mapear soluções de problemas com maior eficiência.

Como resultado, observa-se que, em todos os estudos avaliados, as

metodologias ativas demonstram ter grande valor tanto na retenção de

conhecimento, como na formação de profissionais que sabem trabalhar em

equipe, têm boa iniciativa, liderança, capacidade de tomar decisões,

comunicação, entre outros aspectos.

Palavras-chave: Metodologias ativas. Inovação. Didática. Pedagogia.

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ABSTRACT

CONTESINI, Bruno Dal Rovere. Investigação da influência da aprendizagem

baseada em problema/projeto e da instrução em pares na formação dos

estudantes. Lorena: Escola de Engenharia,2015. 41 p.

The pedagogical structure, nowadays, follows extremely traditional patterns, and

even, to a certain point, resistant to change. The continuous preoccupation with

the knowledge transmission, aiming problem solving through formulas and

inflexible ways, leaves to second plan various methodologies that can achieve the

final result more efficiently. A change in this scenario makes itself necessary to

improve the professional formation in Brazil and in the World. To do so, the results

of innovative methodologies will be evaluated, in Brazil and abroad, in different

periods, considering, in some cases, statistical analysis that tends to demonstrate

in quantitative terms the impact of these methodologies in learning, when

compared to traditional methods. Aspects of great relevancy to the work market,

that exceeds the purely conceptual sphere, the so called transversal skills, must

be considered, not only for contributing to the formation of professionals more

interconnected with the world as a whole, but also because these professionals

tend to map problem solutions more efficiently. As a result, it is observed that, in

all the evaluated studies, the active methodologies demonstrate having great

value both on knowledge retention and the formation of professionals that are able

to develop team work, have good initiative, leadership, decision-making skills,

communication, amongst other aspects.

Keywords: Active methodologies; Innovation; Didactic; Pedagogy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Instituição de ensino superior em 2013 por região.............................. 13

Figura 2 – Matrículas em cursos de graduação presenciais em 2013 por área de

conhecimento........................................................................................................ 14

Figura 3 – Ingressos nos cursos de graduação presenciais por vestibular e outros

processos seletivos em 2013 por área de conhecimento..................................... 15

Figura 4 – Concluintes nos cursos de graduação presenciais em 2013 por área de

conhecimento........................................................................................................ 16

Figura 5 – Número de matrículas, ingressos e concluintes de cursos de graduação

para cada 10.000 habitantes, segundo a área geral do curso.............................. 17

Figura 6 – Pirâmide da aprendizagem.................................................................. 24

Figura 7 – Competências desenvolvidas por meio de metodologias ativas......... 25

Figura 8 – Avaliação dos alunos quanto ao grau de aceitação da Aprendizagem

Baseada em Projetos (escala de 1 a 5)................................................................ 25

Figura 9 – Grau de integração entre o projeto e disciplinas de apoio................... 26

Figura 10 – Análise estatística de resultados (teste de rendimento pré-estudo).. 27

Figura 11 – Análise estatística de resultados (teste de rendimento pós-estudo). 27

Figura 12 – Análise estatística de resultados (teste de iniciativa pré-estudo)...... 27

Figura 13 – Análise estatística de resultados (teste de iniciativa pós-estudo)...... 28

Figura 14 – Avaliação de relacionamento interpessoal........................................ 29

Figura 15 – Avaliação de comunicação (apenas ano de 2014)............................ 29

Figura 16 – Avaliação de desenvolvimento pessoal (apenas ano de 2014)......... 30

Figura 17 – Ganho conceitual normalizado através dos anos.............................. 33

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Figura 18 – Avaliação dos parâmetros relativos a aplicação do FCI e do MBT

através dos anos (em %)...................................................................................... 34

Figura 19 – Progresso da pontuação obtida em MBT através dos anos (em %). 34

Figura 20 – Distribuição de respostas antes e após discussão em sala (em %).. 35

Figura 21 – Distribuição das turmas com aplicação de Instrução em Pares nas

diferentes modalidades de instituição (em %)...................................................... 36

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LISTA DE SIGLAS

ABMES Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior

ABP Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto

FCI Force Concept Inventory

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira

MBT Mechanics Baseline Test

MEC Ministério da Educação e Cultura

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PBL Problem Based Learning

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................... 11

1.1. Contextualização........................................................................................ 11

1.2. Justificativa................................................................................................. 12

1.3. Objetivos..................................................................................................... 18

1.3.1. Objetivos Gerais....................................................................................... 18

1.3.2. Objetivos Específicos.............................................................................. 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................. 19

3. METODOLOGIA.................................................................................... 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................... 23

5. CONCLUSÃO......................................................................................... 38

Referências........................................................................................................... 39

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A educação brasileira, em todos os níveis, é norteada por métodos tradicionais de

transmissão de conhecimento, baseados em aulas expositivas. A tradicional

estrutura é vista em quase todas as instituições com variações praticamente

imperceptíveis.

É fato conhecido e estudado, que métodos de simulação ou as chamadas

metodologias ativas, tendem a provar-se mais eficientes no que tange à

assimilação por parte do aluno.

Um dos principais desafios do docente é a busca do estímulo que conduz os

estudantes ao interesse e à consequente conquista do conhecimento. A prática

exige envolvimento direto e maior atenção.

Há uma diversidade de estudos visando a compreensão dos motivos pelos quais

alguns conceitos são de difícil assimilação, além de um número proporcional de

sugestões versando sobre como é possível modificar este quadro.

Universidades americanas expõem ao mundo algumas das chamadas

metodologias ativas, aquelas cujo pressuposto fundamental é colocar o aluno

diante de situações-problema, com as quais terão que interagir e buscar, sob a

orientação do docente, a solução para tais problemas.

Não se pode ignorar o fato de que esse novo caminho de construção do

conhecimento tem grande potencial, não apenas para que o estudante se sinta

integrado com a sua própria formação, mas também, para que sejam

desenvolvidas competências transversais, tais como liderança, trabalho em

equipe, habilidade em oratória e autocontrole, habilidades tão apreciadas pelo

mercado de atuação profissional.

No que concerne à engenharia, um número considerável de formandos,

atualmente, direciona a carreira para as mais diversas áreas. Não é raro vermos

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um engenheiro atuando em áreas de vendas, administrativas, contábeis, entre

muitas outras.

Certamente, buscar a multi e interdisciplinaridade constitui um passo além na

formação dos novos profissionais, mas é fundamental que as instituições de

formação valorizem da forma devida o relacionamento interpessoal, incentivado

na adoção das metodologias ativas como o Problem Based Learning (PBL), ou,

traduzido em português, Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto (ABP), e o

Peer Instruction, também em traduzido, Instrução em Pares.

Mas qual o verdadeiro impacto da adoção destes métodos inovadores no

progresso dos estudantes, agentes da própria formação? Em termos práticos é

possível mensurar o quanto as metodologias ativas estimulam o aprendizado? As

respostas para essas perguntas tendem a inaugurar uma nova era didático-

pedagógica.

1.2. JUSTIFICATIVA

Em 2013, segundo a Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior

(ABMES), a razão entre concluintes e ingressantes, em universidades privadas,

era de apenas 41,73%, este número cresce ligeiramente nas universidades

públicas, chegando a 45,11%. (Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino

Superior, 2015)

O estado de São Paulo é, reconhecidamente, o estado mais rico da União, polo

financeiro e industrial que funciona como força motriz da economia. Situado na

região Sudeste do país que, diante de tamanha relevância estratégica, não

poderia deixar de ser a região com o maior número de instituições de ensino

superior do país, conforme constatado em levantamento do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação e

Cultura (INEP/MEC) e apresentado na figura 1.

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Figura 1 – Instituição de ensino superior em 2013 por região

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DE ENSINO SUPERIOR, 2015).

Apesar do número relativamente grande de instituições de ensino superior

residentes no Brasil, o país ainda apresenta uma deficiência na oferta de mão-de-

obra qualificada. Este fato só pode vislumbrar uma explicação se analisados

dados referentes a matrículas, ingressos e conclusões de cursos de ensino

superior, análise conduzida a partir dos dados das figuras 2, 3 e 4.

Com o foco direcionado a cursos da modalidade presencial, somos direcionados

ao fato de que a área do conhecimento onde estão enquadrados cursos de

engenharia é, certamente, uma das mais buscadas atualmente, figurando na

segunda posição tanto entre as áreas com maior número de matriculados, como

também com maior número de ingressos.

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Figura 2 – Matrículas em cursos de graduação presenciais em 2013 por área de

conhecimento

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DE ENSINO SUPERIOR, 2015).

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Figura 3 – Ingressos nos cursos de graduação presenciais por vestibular e outros

processos seletivos em 2013 por área de conhecimento

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DE ENSINO SUPERIOR, 2015).

Apesar do exposto, a área do conhecimento que abrange as engenharias cai para

a quarta colocação quando é mensurado o número de concluintes em cursos de

graduação presenciais.

Somente o fato mencionado no parágrafo anterior, apresentado na figura 4, já

seria bastante impactante, entretanto, ainda é possível verificar que a área é

também aquela que detém a menor razão entre o número de concluintes e o

número de ingressos. Enquanto a área de educação apresenta uma razão de

0,5181, sendo a maior entre as citadas, a área de engenharia, produção e

construção apresenta razão de 0,2316.

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Figura 4 – Concluintes nos cursos de graduação presenciais em 2013 por área de

conhecimento

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DE ENSINO SUPERIOR, 2015).

Se estabelecida comparação entre o cenário nacional e o internacional, proposta

da figura 5, o Brasil de 2013 ainda caminha alguns passos atrás dos países que

compõe a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),

atualmente, representada por trinta e três países-membro, o que demonstra a

necessidade da busca de alternativas para reverter este quadro.

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Figura 5 – Número de matrículas, ingressos e concluintes de cursos de graduação

para cada 10.000 habitantes, segundo a área geral do curso

Fonte: (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2013).

O que foi demonstrado pode ter por explicações: a desigualdade social que

assola o país; as dificuldades de permanência universitária, entre muitos outros

aspectos socioeconômicos e culturais. Apesar disso, a piora expressiva quando é

analisada a área da engenharia, mesmo comparada às outras áreas no âmbito

nacional, demonstra que não pode ser desprezado o método de condução do

aprendizado nesta área.

Por se tratar de uma área quase que essencialmente integrada às ciências

exatas, tradicionalmente há pouco espaço para a interação do estudante com

seus pares e, por consequência, com sua própria formação. É razoável presumir

que, deste modo, ocorra uma degradação da taxa de assimilação conceitual,

assim como da motivação e autoestima do estudante.

Apresenta-se, então, a necessidade de integrar o aluno com a sua própria

formação por meio da implantação de metodologias ativas de aprendizagem. Esta

revolução dos tradicionais métodos de ensino já vem sendo aplicada com grande

sucesso em países tidos como referências educacionais, como por exemplo, os

Estados Unidos da América.

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1.3. OBJETIVOS

1.3.1. Objetivos Gerais

Investigar a influência de metodologias ativas de ensino na formação do

estudante de nível superior.

1.3.2. Objetivos Específicos

a) Estudar os níveis de assimilação e retenção de conceitos em aulas

ministradas com o uso de metodologias ativas.

b) Comparar resultados das metodologias ativas com os métodos

estabelecidos, baseados em aulas expositivas.

c) Pesquisar o ganho, ou perda, trazidos pela adoção dos métodos ativos de

aprendizagem.

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.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁGICA

Uma das principais preocupações das instituições de ensino superior é a dúvida

de se estão sendo formados profissionais prontos para o mercado. Cita-se, com

grande relevância, que trata-se de um mercado extremamente volátil, que exige

rápidas adaptações às constantes mudanças que o mundo globalizado muitas

vezes impõe.

“Considerando-se, ainda, que a graduação dura somente alguns anos,

enquanto a atividade profissional pode permanecer por décadas e que

os conhecimentos e competências vão se transformando velozmente,

torna-se essencial pensar em uma metodologia para uma prática de

educação libertadora, na formação de um profissional ativo e apto a

aprender a aprender”. (MITRE, 2008, p. 21351 apud PINTO et al., 2012)

O que Mitre (2008) nos revela é que a adaptação a um mundo de mudanças

exige de alunos e professores dos dias atuais, que estes façam da educação uma

ferramenta libertadora, que os permita pensar além do tradicional, procurar novas

mudanças, principalmente no modo de buscar conhecimento. É preciso conseguir

adaptar-se a todo tipo de mudança, inclusive a que parte de dentro de salas de

aula.

O estudante, atualmente, é exigido em múltiplas vertentes do conhecimento. Por

conta disso, precisa ter autonomia, ser agente da própria formação, buscar

interações com o conteúdo e com os demais alunos, auxiliando assim, também,

no desenvolvimento de competências transversais em seu perfil.

“O estudante precisa assumir um papel cada vez mais ativo,

descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos,

buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos

objetivos da aprendizagem. Iniciativa criadora, curiosidade científica,

espírito crítico reflexivo, capacidade para auto-avaliação, cooperação

para o trabalho em equipe, senso de responsabilidade, ética e

sensibilidade na assistência são características fundamentais a serem

desenvolvidas em seu perfil”. (MITRE, 2008, p. 2137 apud PINTO et al.,

2012)

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“A ABP e a Problematização, portanto, apontam novas possibilidades no

processo de aprendizagem, uma vez que constituem formas de

enfrentamento das rápidas mudanças, da complexidade, da

globalização, em que a criatividade e a capacidade de soluções originais

frente à diversidade se apresentam como condições necessárias aos

profissionais”. (MARIN et al., 2010)

“A metodologia do “peer instruction” envolve/compromete/mantém

atentos os alunos durante a aula por meio de atividades que exigem de

cada um a aplicação os conceitos fundamentais que estão sendo

apresentados, e, em seguida, a explicação desses conceitos aos seus

colegas. Ao contrário da prática comum de fazer perguntas informais,

durante uma aula tradicional, que normalmente envolve uns poucos

alunos altamente motivados, a metodologia do “peer instruction”

pressupõe questionamentos mais estruturados e que envolvem todos os

alunos na aula”. (CROUCH, 2007, p.5)

O mentor da Instrução em Pares no mundo, Eric Mazur, vem adotando esta, que

é apenas uma entre as metodologias ditas ativas, a pouco mais de dez anos, e

incentiva, por suas experiências, outras universidades, como a Escola de

Engenharia de Lorena, a seguirem o exemplo da renomada Universidade de

Harvard.

“Do ponto de vista teórico e político, a proposta da pedagogia não

diretiva, também denominada escola ativa ou escola nova, que surge em

reação ao autoritarismo do professor da escola tradicional, ainda hoje

orienta reformas no sistema escolar. Essa corrente, tem como princípio

norteador a valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social.

Valoriza-se mais o processo de aquisição do saber, do que o saber

propriamente dito”. (LUCKESI, 1994 apud MARIN et al., 2010)

Fica evidente que, ainda atualmente, um processo de descoberta de novas e

aprimoramento das já existentes metodologias ativas está em curso nas mais

respeitadas instituições de ensino superior do mundo. Elas visam, primariamente,

recriar o panorama da educação e formar indivíduos que, no sentido amplo da

formação, estejam mais preparados para atender as expectativas do mercado.

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3. METODOLOGIA

Foi desenvolvida uma pesquisa de natureza aplicada, qualitativa descritiva,

inserida na vertente metodológica do estudo de caso, buscando a pesquisa da

eficiência da metodologia ativa de aprendizagem, quando confrontada aos

métodos baseados em aulas expositivas.

Os sujeitos da pesquisa foram estudantes universitários, cuja idade normalmente

circula entre os dezessete e os vinte e cinco anos, deste modo, estes tinham

experiência acadêmica que circundam os anos do ensino médio brasileiro, ou

equivalente no exterior, para os casos de análise de dados de estudos

promovidos fora do território nacional, além de tempo variado de vivência em

ambiente universitário.

Além do exposto, o espaço amostral da pesquisa não teve qualquer distinção

adicional, quanto a gênero, perfil físico, estilo de vida, ou qualquer outra

derivação. Esteve sendo considerado um perfil absolutamente variado, estando

mais próximo da representatividade da sociedade.

No que tange a pesquisa em si, ela teve foco em trabalhos realizados no decorrer

dos últimos quinze anos, em sua maioria em território nacional e nos Estados

Unidos da América, país que constitui a vanguarda das inovações propostas no

trabalho.

Grande parte do trabalho se baseou em levantamento e análise de dados de

estudos anteriores, estes, versavam sobre a aplicação da metodologia de

Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto em território nacional e estrangeiro.

O objetivo da análise desses resultados foi a aferição do progresso efetivo,

provocado pela adoção das metodologias ativas.

A avaliação dos resultados dos trabalhos analisados se estendeu para além da

retenção conceitual, visto que o desenvolvimento de competências transversais é

colocado, de maneira geral, como um importante diferencial das metodologias

ativas, em comparação com os modelos de ensino baseados em aulas

expositivas.

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Os trabalhos considerados atuais que foram avaliados (datados dos anos de 2014

e 2015), mantêm o foco na Escola de Engenharia de Lorena, e nas disciplinas em

que a Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto é essencial ao seu

desenvolvimento, como exemplo cita-se Projeto Integrador da Engenharia de

Produção, Gestão da Produção e Logística e Projeto Integrador da Engenharia

Química.

Nestas disciplinas, a metodologia aplicada pode ser resumidamente descrita, de

acordo com Bortoti et al (2014), como a divisão dos estudantes em grupos, de

tamanhos variados, para o posterior confronto destes com situações-problema

que, por sua vez, exigem a aplicação de conceitos das disciplinas de apoio ao

projeto, de forma integrada. O tutor de cada grupo restringe sua atuação ao papel

de acompanhamento, como um facilitador da aprendizagem

Em momento posterior foi feita análise semelhante com relação a estudos

conduzidos nos Estados Unidos da América, estes lançando mão da metodologia

da Instrução em Pares que, assim como a metodologia anterior, prima pela

inserção do aluno no papel de agente ativo na construção do conhecimento.

No caso da Instrução em Pares, segundo Mazur et al (2001), os alunos são

divididos em duplas, outra diferença fundamental é a aplicação de pequenos

testes antes de cada aula, exigindo que o aluno tenha buscado contato anterior

com o conteúdo, contribuindo para o posterior debate com todos os demais

estudantes da turma.

As análises mencionadas lançaram mão, em alguns casos, de algumas

ferramentas estatísticas para que pudesse ser verificada a significância dos

parâmetros em estudo.

Quando houve dados anteriores relativos às mesmas disciplinas, porém

ministradas conforme diferentes metodologias de aprendizagem, os dois quadros

estatísticos foram submetidos a comparação direta.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação de metodologias ativas, em uma primeira análise, deve constituir-se

de uma modificação no papel dos membros de uma sala de aula. Enquanto os

docentes assumem um papel de facilitadores do aprendizado, os alunos, recebem

a necessidade de construir, de modo ativo, o conhecimento prático, visando a

solução de problemas hipotéticos, que simulam problemas reais.

A engenharia aparece com força, entre as áreas que necessitam de inovações

didáticas que caminham no sentido proposto, pelo fato de que os profissionais

desta área, além de atuarem nos mais diversos setores profissionais, são

também, constantemente confrontados com situações onde a busca pela solução

de problemas é requisitada.

Considerando-se que os problemas aos quais a sociedade, de uma maneira

geral, é apresentada vivem em constante transformação, as metodologias

existentes, apresentadas, não podem ser encaradas como algo rígido, sem

espaço para modificações e aperfeiçoamentos. Ao contrário, novas propostas de

pesquisa tendem a surgir, estando mais adequadas, cada uma a uma situação

específica.

“A metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos propõe uma

nova concepção de ensinar e aprender, desenvolvendo a capacidade de

criar, gerar e aperfeiçoar o conhecimento adquirido”. (BALTHAZAR et al,

2010)

Balthazar et al (2010), através do exposto na figura 6, esclarecem que o

percentual de retenção do conhecimento é dependente do método de transmissão

do conhecimento.

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24

Figura 6 – Pirâmide da aprendizagem

Fonte: (BALTHAZAR et al, 2010)

Uma breve análise mostra uma tendência ao avanço esperada com a adoção de

metodologias como a Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto, visto que ela

busca integrar práticas que compõem os grupos chamados “Praticar fazendo” e

“Ensinando outros”, ambos, que parecem proporcionar uma taxa de retenção

muito superiores as das aulas expositivas, que constituem o extremo oposto da

pirâmide.

Balthazar et al (2010) lembram que, apesar do avanço pedagógico que as novas

metodologias podem representar, a adoção bem-sucedida delas depende da

capacidade de condução dos professores, e da própria instituição de ensino, que

deve garantir os recursos e mecanismos necessários à implementação da

metodologia.

Bortoti et al (2014) segregam, dentro de quatro competências básicas (gestão de

projetos, trabalho em equipe, desenvolvimento pessoal e comunicação) as

habilidades a serem desenvolvidas através da aplicação de metodologias ativas,

como expõe a figura 7.

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25

Figura 7 – Competências desenvolvidas por meio de metodologias ativas

Gestão de Projetos

Trabalho em Equipe

Desenvolvimento Pessoal Comunicação

Capacidade de pesquisa

Capacidade de decisão

Capacidade de organização

Gestão do tempo

Autonomia Iniciativa

Responsabilidade Liderança

Resolução de problemas

Relacionamento interpessoal

Gestão de conflitos

Criatividade / Originalidade Espírito crítico Autoavaliação Autorregulação

Comunicação escrita

Comunicação oral

Fonte: (BORTOTI et al, 2014)

Ainda segundo Bortoti et al (2014), o trabalho desenvolvido dentro da Escola de

Engenharia de Lorena, inserido na disciplina de Projeto Integrador da Engenharia

de Produção, permitiu aos alunos, o desenvolvimento de um senso crítico mais

apurado, além da capacidade de delimitar, com maior discernimento e foco, os

limites do projeto e as áreas nas quais iriam atuar para a solução deste.

Bortoti et al (2014) destacam também a aceitação e desejo de continuidade dos

alunos, no que se refere a aplicação da Aprendizagem Baseada em

Problema/Projeto, a crescente percepção da integração entre as disciplinas de

apoio e o projeto, assim como o desenvolvimento esperado de competências

transversais diversas, seja quanto a comunicação, trabalho em equipe, gestão de

projetos ou desenvolvimento pessoal. Em termos quantitativos, algumas dessas

constatações, são apresentadas nas figuras 8 e 9.

Figura 8 – Avaliação dos alunos quanto ao grau de aceitação da Aprendizagem

Baseada em Projetos (escala de 1 a 5)

Quesito Sétima Semana Décima Quarta

Semana

Uso da metodologia como diferencial do curso

4,51 4,71

Uso crescente da metodologia em outras disciplinas

4,15 4,18

Fonte: (BORTOTI et al, 2014)

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26

Figura 9 – Grau de integração entre o projeto e disciplinas de apoio

Disciplina Sétima Semana Décima Quarta

Semana Cálculo I 2,13 3,00

Química Geral 2,58 3,36 Produção de Textos Acadêmicos 4,74 4,86

Fonte: (BORTOTI et al, 2014)

Bas (2011), vai além ao expandir a aplicação da Aprendizagem Baseada em

Problema/Projeto ao ensino de idiomas, reitera a importância de a instituição de

ensino fornecer todas as ferramentas necessárias à aplicação da metodologia, e

avalia, quantitativamente, os ganhos em rendimento e iniciativa dos alunos,

quando submetidos às metodologias ativas e baseadas em aulas expositivas.

Os resultados quantitativos de Bas (2011), avaliados em dois períodos (anterior e

posterior ao estudo), foram submetidos ao teste de hipótese t de Student para

análise de significância dos parâmetros, com escala de 0 a 90 para os testes de

rendimento e de 0 a 3 para os testes de iniciativa. Estes resultados, são expostos

nas figuras 10, 11, 12 e 13.

O teste de hipótese t de Student utiliza dados como o número de graus de

liberdade, o tamanho do espaço amostral e o nível de confiança esperado para

cálculo de um determinado valor para a variável t, valor a ser confrontado com um

chamado t crítico, obtido por meio de tabela.

Para o caso do valor calculado de t ser maior ou igual a t crítico, o parâmetro

estudado é dito significante, caso contrário, a hipótese é dita nula, e o parâmetro

é não significante.

(1)

= média da amostra; μ0 = valor fixo usado para comparação com a média da

amostra; s = desvio padrão amostral; n = tamanho do espaço amostral.

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Figura 10 – Análise estatística de resultados (teste de rendimento pré-estudo)

Metodologia Número de

Estudantes

Valor

Médio

Desvio

Padrão

Graus de

Liberdade

t

calculado

Aprendizagem

Baseada em

Projetos

30 48,5 17,5 64 0,695

Tradicional 30 48,2 17,9

Fonte: (BAS, 2011)

Figura 11 – Análise estatística de resultados (teste de rendimento pós-estudo)

Metodologia Número de

Estudantes

Valor

Médio

Desvio

Padrão

Graus de

Liberdade

t

calculado

Aprendizagem

Baseada em

Projetos

30 73,3 12,4 64 3,26

Tradicional 30 62,3 15,1

Fonte: (BAS, 2011)

Figura 12 – Análise estatística de resultados (teste de iniciativa pré-estudo)

Metodologia Número de

Estudantes

Valor

Médio

Desvio

Padrão

Graus de

Liberdade

t

calculado

Aprendizagem

Baseada em

Projetos

30 1,58 0,502 64 -0,247

Tradicional 30 1,61 0,496

Fonte: (BAS, 2011)

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Figura 13 – Análise estatística de resultados (teste de iniciativa pós-estudo)

Metodologia Número de

Estudantes

Valor

Médio

Desvio

Padrão

Graus de

Liberdade

t

calculado

Aprendizagem

Baseada em

Projetos

30 2,73 0,452 64 6,16

Tradicional 30 2,03 0,467

Fonte: (BAS, 2011)

O estudo estatístico de Bas (2011) aponta para uma tendência de avanço, tanto

no aspecto conceitual quanto no de iniciativa pessoal dos estudantes, derivado da

aplicação da metodologia de Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto. As

conclusões, devem-se ao avanço no valor absoluto médio, e aos valores

calculados de t que, para os testes pós estudo, foram sempre maiores que t

crítico, entretanto, é preciso mencionar que a tendência de progresso não é

estatisticamente comprovada, devido ao elevado desvio padrão amostral

verificado.

“Geralmente, no Brasil, a formação de engenheiros ainda está

fortemente baseada nos modelos tradicionais de ensino, já que, em sua

maioria, os cursos de engenharia são geridos sob o modelo de sala de

aula tradicional, em que o professor é o agente ativo do conhecimento e

o estudante, o agente passivo”. (PEREIRA et al, 2015)

Pereira et al (2015) desenvolveram um estudo em turmas de dois anos

consecutivos, inseridas em duas disciplinas semestrais diferentes. A diferença

fundamental, devia-se ao fato de que nos segundos semestres de cada ano, os

estudantes não podiam contar com um colega de grupo do semestre anterior,

novamente em sua equipe de trabalho.

Apesar do reconhecimento de que o ensino de engenharia no país, ainda segue

modelos tradicionais, Pereira et al (2015), defendem a necessidade de uma

reforma no sistema educacional, e avaliam quantitativamente, em escala de 1 a 5,

o desenvolvimento de competências transversais por parte dos alunos.

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No estudo quantitativo, Pereira et al (2015) formulam questões cuja concordância,

por parte dos estudantes, é avaliada segundo a escala de 1 a 5 mencionada,

onde 1 significa “Discordo totalmente” e 5 significa “Concordo totalmente”. Os

resultados aparecem nas figuras 14, 15 e 16.

Figura 14 – Avaliação de relacionamento interpessoal

Ano 2013 Ano 2014

Questão

Semestre

1

Aula 07

Semestre

1

Aula 15

Semestre

1

Aula 07

Semestre

1

Aula 15

Semestre

2

Aula 15

A metodologia

aumenta o

desenvolvimento

de relações

interpessoais?

4,68 4,73 4,78 4,72 4,90

Fonte: (PEREIRA et al,2015) Figura 15 – Avaliação de comunicação (apenas ano de 2014)

Questão Semestre 1

Aula 07

Semestre 1

Aula 15

Semestre 2

Aula 15

Minhas habilidades de comunicação

escrita e oral, foram desafiadas neste

projeto?

4,53 4,41 4,62

Fonte: (PEREIRA et al,2015)

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Figura 16 – Avaliação de desenvolvimento pessoal (apenas ano de 2014)

Questão Semestre 1

Aula 07

Semestre 1

Aula 15

Semestre 2

Aula 15

Eu sinto que o projeto ajuda a

desenvolver a minha criatividade

para a solução de problemas?

4,61 4,21 4,38

Encontro-me com um senso mais

crítico que me ajuda a avaliar as

diferentes propostas de trabalho?

4,38 4,15 4,67

Fonte: (PEREIRA et al,2015) Helle et al (2006) destacam que faltam informações para a análise de custo-

benefício da metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos, uma vez que

há poucos estudos que medem o impacto da metodologia na aprendizagem. A

grande maioria dos estudos são voltados para a análise qualitativa.

“Em Aprendizagem Baseada em Projetos, o processo de construção de

um produto final, que pode ter diversos formatos, obriga o grupo de

alunos a pensar nos passos envolvidos no processo de construção, e

muitas vezes a executá-los de forma ordenada”. (HELLE et al, 2006)

Para Helle et al (2006), não é possível concluir se há algum tipo de problema

decorrente de tamanhos de grupos diferentes, entretanto, grupos de até cinco

pessoas são, em princípio, viáveis para a maior parte dos objetivos traçados.

“Pares de alunos tendem a trabalhar de forma colaborativa, ao passo

que em grupos de três estudantes, existe a tendência de que um assuma

um perfil de liderança”. (BARAB, et al, 2000 apud HELLE et al, 2006)

Helle et al (2006) colocam que em cursos em que se aplica a Aprendizagem

Baseada em Projetos, as metas são muito amplas, elas incluem domínio do

conteúdo, aplicação do conhecimento, pensamento crítico e habilidade de

comunicação e, em geral, ter o foco em tantas metas, não torna viável ao

estudante se concentrar em todas.

Helle et al (2006) terminam questionando o modo como são avaliados os

estudantes submetidos à Aprendizagem Baseada em Projetos, tanto pela

dificuldade em mensurar a atuação de cada membro de um grupo no trabalho,

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como também, pela característica ampla das competências ditas transversais, a

serem desenvolvidas.

“Os pesquisadores estão convencidos de que não há um sentido

genérico para a habilidade de comunicação, uma vez que ela é

composta de um conjunto de diferentes tipos de habilidade. Sair-se bem

em uma entrevista é independente da capacidade de dar a alguém uma

má notícia”. (HELLE et al, 2006)

Giordani et al (2014) destacam que, muito além de qualquer progresso didático

que as metodologias ativas possam trazer, os alunos anseiam por uma

metodologia de ensino mais dinâmica e prática, demonstrando interesse

progressivo, visando maior motivação.

Giordani et al (2014), exprimem e estudam a importância do tutor na condução

das metodologias ativas, colocando-o como intermediário do conhecimento na

busca pela solução dos problemas, cujas principais funções são orientar como

trabalhar em equipe, acompanhar todo o processo, planejar estratégias e propor

um método avaliativo.

Segundo Giordani et al (2014), a escolha do projeto já é considerada um fator de

extrema relevância, uma vez que ele deve ser capaz de motivar os estudantes e

os desafiar a obter novos conhecimentos.

“Para o desenvolvimento de um projeto, é necessário que o professor

orientador motive e desafie o aluno a fazer parte de uma equipe, pois a

Aprendizagem Baseada em Projetos é uma metodologia poderosa,

porém desafiadora, exigindo visão, estrutura e sólida compreensão do

projeto”. (MASSON et al, 2012 apud GIORDANI et al, 2014)

Giordani et al (2014) demonstram convicção ao afirmar que os tutores, na

condução de suas funções já destacadas, mostram-se favoráveis à aplicação da

Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto, tanto pela integração de diversas

disciplinas, como pela real contribuição na construção do conhecimento.

Apesar de concordarem de que a experiência com metodologias ativas é

extremamente vantajosa, Giordani et al (2014) relatam uma divergência entre

tutores na definição das maiores dificuldades enfrentadas. Entre alguns aspectos,

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como problemas com equipamentos e horários, o ponto principal, segundo os

autores foi a delimitação de limites entre as funções de tutor e orientador.

Paralelamente ao desenvolvimento da metodologia de Aprendizagem Baseada

em Problema/Projeto que foi, até este ponto, objeto de análise deste trabalho, há

a aplicação da metodologia de Instrução em Pares, para a qual começaremos a

dar ênfase.

Mazur et al (2001) trazem resultados de dez anos de aplicação da Instrução em

Pares (entre os anos de 1990 e 2000) em cursos de Cálculo e Introdução à Física

Matemática, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América. Nesta

metodologia, os alunos são incentivados, segundo os autores a realizar uma

leitura anterior às aulas, sobre o tema que será discutido.

Ainda segundo Mazur et al (2001), os alunos respondem, no início de cada aula,

um teste simples e breve, relacionado com o conteúdo proposto na disciplina. Em

momento posterior, todos tecem argumentos em favor da sua resposta para o

teste, podendo ser convencidos de um eventual erro por seus próprios colegas.

Mazur et al (2001) destacam dois instrumentos de avaliação: o Force Concept

Inventory (FCI), e o Mechanics Baseline Test (MBT), aplicados antes e após o

desenvolvimento da metodologia, visando avaliar também a retenção de

conceitos. Os resultados são expostos nas figuras 17 e 18.

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Figura 17 – Ganho conceitual normalizado através dos anos

Fonte: (MAZUR et al, 2001)

Mazur et al (2001) enfatizam que parece haver um ganho progressivo ao longo

dos anos com a continuidade da aplicação da Instrução em Pares. O progresso,

que pode ser visto na figura, é atribuído pelos autores a melhorias na própria

condução da metodologia, tais como a redefinição de estratégias de

questionamento e discussão, a inserção da aprendizagem cooperativa, entre

outros aspectos.

Para a obtenção do ganho normalizado, é calculada a diferença entre os pontos

obtidos pelo aluno após e antes da aplicação da metodologia ativa, dividindo-se o

resultado pelo total de 100%, subtraído dos pontos obtidos antes da aplicação,

pelo estudante. Segundo a expressão matemática:

(2)

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34

Figura 18 – Avaliação dos parâmetros relativos a aplicação do FCI e do MBT

através dos anos (em %)

Fonte: (MAZUR et al, 2001)

A figura 18 demonstra que a avaliação do teste MBT para questões ditas

quantitativas, aquelas que demandam um trabalho algébrico matemático para

serem solucionadas, também tende a representar avanços ao longo dos anos,

nas duas disciplinas estudadas. Este efeito é novamente visualizado na figura 19.

Figura 19 – Progresso da pontuação obtida em MBT através dos anos (em %)

Fonte: (MAZUR et al, 2001)

No que se refere aos testes respondidos no início de cada aula, chamados pelos

autores de ConcepTests, os estudos de Mazur et al (2001) mostraram que 40%

dos estudantes respondem as questões corretamente antes e após a

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discussão em sala, outros 32%, apesar de errados no momento inicial, terminam

convencidos pelos próprios colegas sobre a solução correta. Estes números são

muito superiores aos 6% convencidos da resposta incorreta após acerto inicial, ou

ainda aos 22% que permanecem no erro após a discussão em sala. Estes

resultados são expostos na figura 20.

Figura 20 – Distribuição de respostas antes e após discussão em sala (em %)

A

Fonte: (MAZUR et al, 2001)

“Em cursos de ciências introdutórios tradicionais, os alunos geralmente

leem o livro de apoio somente após o docente ministrar o tópico da

matéria. Em um curso ministrado com Instrução em Pares, espera-se

que os alunos façam uso da leitura para se preparar para a aula”.

(MAZUR et al, 2001)

Mazur et al (2001) destacam a importância da leitura prévia na condução da aula,

que permite ao docente, no papel de facilitador da aprendizagem, focar os pontos

mais importantes e complexos do tópico a ser discutido, com uma perspectiva

diferente, de posse de informações acerca das maiores deficiências da turma.

“A Aprendizagem aos Pares requer estudantes significativamente mais

envolvidos e independentes na aprendizagem do que as metodologias

tradicionais de aula. É comum que alguns, ou muitos alunos, sejam

inicialmente céticos sobre essa metodologia”. (WOODS et al, 1994 apud

MAZUR et al, 2001)

Mazur et al (2001) sugerem duas iniciativas motivacionais perante os alunos, que

incluem a explicação das motivações envolvidas na escolha da metodologia ativa,

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e a inserção de questões teóricas nas avaliações, a fim de demonstrar a

necessidade da compreensão conceitual.

Mazur et al (2001) concluem que a aplicação da Instrução em Pares foi bem-

sucedida no que se refere ao melhor aproveitamento do conteúdo, a metodologia

ativa, aumenta, na visão dos autores, os níveis de compreensão dos estudantes,

independentemente do docente ou da disciplina, dentre as duas abordadas pelos

mesmos (Cálculo e Introdução à Física Matemática).

Ainda segundo Mazur et al (2001), os estudantes têm boa aceitação diante da

inovação na metodologia, embora haja alguma resistência. Os autores ressaltam

que parte da resistência à metodologia, pode dever-se ao fato de que a opinião

dos estudantes seja influenciada pelo perfil do docente.

Fagen et al (2002) propuseram uma análise ampla sobre a aplicação da Instrução

em Pares nos Estados Unidos da América, avaliando experiências com a

metodologia em turmas de ensino médio e em diversas modalidades distintas de

ensino superior, os chamados Community Colleges, 2 years Colleges e 4 years

Colleges. Além das universidades tradicionalmente conhecidas no Brasil. A

distribuição das turmas analisadas é contemplada pela figura 21.

Figura 21 – Distribuição das turmas com aplicação da Instrução em Pares nas

diferentes modalidades de instituição (em %)

Fonte: (FAGEN et al, 2002)

Fagen et al (2002) destacam que aproximadamente 79% dos instrutores que

adotaram a Instrução em Pares nos Estados Unidos pretendem seguir adotando a

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metodologia, outros 8% talvez sigam este mesmo caminho. Apenas 2% não

pretendem usar novamente a Instrução em Pares.

Fagen et al (2002) lembram de desafios inerentes a prática da Instrução em

Pares, dentre os quais cita a falta de tempo, a extensão do conteúdo a ser

ministrado em um único semestre, a resistência de parte dos estudantes, além da

dúvida de alguns docentes quanto ao real benefício da metodologia no que se

refere à retenção de conceitos.

“Um modo particularmente eficaz é comparar o desempenho dos alunos

ensinados com e sem Instrução em Pares em provas idênticas”. (JONES

et al apud FAGEN et al, 2002)

Fagen et al (2002) finalizam relembrando a importância da leitura prévia, como

forma de contornar o excesso de conteúdo a ser ministrado, bem como o

detalhamento das razões que motivam o uso da Instrução em Pares para o grupo

de estudantes.

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5. CONCLUSÃO

Considerando todos os parâmetros analisados em todos os múltiplos estudos

citados, é possível observar que os alunos submetidos à metodologias ativas,

seja ela Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto ou Instrução em Pares,

tendem a apresentar melhor preparação para as exigências do mercado de

trabalho atual, uma vez que desenvolvem, de forma, aparentemente mais

eficiente, uma série de competências transversais, além de estarem mais aptos a

encontrar soluções para problemas em um intervalo de tempo menor.

A aplicação das metodologias ativas é encontrada de diversas formas no mundo,

demonstrando que sua eficiência não é refém de um modelo único de aplicação,

devendo ter variações sutis, dependendo do objetivo que se deseja alcançar.

Observa-se que a predominância das metodologias ditas ativas está no ensino

superior, entretanto, este fato não deve ser visto como um indício de ineficiência

em outros estágios da educação, representando talvez, apenas uma dificuldade

de modificação da metodologia de ensino em estágios pré-universitários.

Tanto a Aprendizagem Baseada em Problema/Projeto como a Instrução em Pares

ainda se encontram em constante aprimoramento, uma vez que ambas as

metodologias têm desafios a transpor, passando pela maior aceitação dos

estudantes, e a maior compreensão dos docentes de seu papel passivo, como

facilitadores do aprendizado.

De um modo geral, há vantagens aparentes, no aspecto conceitual e pessoal,

das metodologias ativas quando comparadas às anteriores. Apesar disso,

destaca-se a importância da metodologia baseada em aulas expositivas, bem

como o fato de não ter sido possível obter comprovação estatística dos

progressos obtidos por meio das metodologias ativas. Diante disso, espera-se

que, em um futuro próximo, as dificuldades sejam superadas e estratégias

pedagógicas, semelhantes às estudadas neste trabalho, possam ser adotadas em

todos os níveis de ensino.

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