Delirium , Síndrome de abstinência, Distúrbios psiquiátricos em UTI, Distúrbios do sono
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ... · programa de formação profissional...
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
AMANDA LUIZA ACEITUNO DA COSTA
Formao docente: Programa de atualizao voltado para aes com alunos com Distrbios Especficos de Aprendizagem
BAURU 2016
16
AMANDA LUIZA ACEITUNO DA COSTA
Formao docente: Programa de atualizao voltado para aes com alunos com Distrbios Especficos de Aprendizagem
Tese apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Cincias no Programa de Fonoaudiologia. Orientador: Prof. Dra. Patrcia Abreu Pinheiro Crenitte
BAURU 2016
17
Costa, Amanda Luiza Aceituno Formao docente: Programa de atualizao voltado para aes com alunos com Distrbios Especficos de Aprendizagem/ Amanda Luiza Aceituno da Costa. Bauru, 2016. 116 p. : il. ; 31cm. Tese (Doutorado) Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de So Paulo Orientador: Prof. Dr. Patrcia Abreu Pinheiro Crenitte
C823f
Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta dissertao/tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrnicos. Assinatura: Data:
Comit de tica da FOB-USP Protocolo n: Data:
18
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20
DEDICATRIA
minha famlia.
Todo meu amor!
21
AGRADECIMENTOS
Primeiramente Deus, por nunca ter desistido de mim e conseguir me
mostrar que ao Seu lado a vida mais feliz.
Aos meus pais, Luiza e Armando, pelo amor incondicional em todos os
momentos da minha vida. Por serem meu porto seguro todos os dias quando
retorno para casa. Obrigada pela base slida de amor e carinho.
minha irm Aline, que alm de ser uma amiga, companheira e
incentivadora dos meus sonhos, me faz sempre acreditar no ser humano, nas
coisas belas e na felicidade da forma mais pura e simples.
Meus sobrinhos, Giulia e Murilo, que preenchem minha vida de alegria,
em meio as tarefas do dia a dia, eles surgem de surpresa me levando para um
mundo particular, seja a Giu com suas receitas e trabalhos manuais ou o Mu
com suas bolinhas perdidas pela casa. sempre uma aventura!
Ao meu cunhado, Erik, por estar sempre presente e disposto com ajudar,
obrigada por tudo.
Aos meus amigos, que me escutam e esto sempre ao meu lado. A vida
com vocs faz muito mais sentido.
todos os professores participantes da pesquisa e do curso de
atualizao que me receberam e em mim confiaram.
s professoras da banca examinadora pela disponibilidade e pelo
aceite em participarem desse momento trazendo suas contribuies.
todos os membros do GREPEL, grupo de estudos e pesquisa em
escrita e leitura, que com nossos encontros e discusses semanais me fizeram
ver que no estava sozinha durante todo o caminho. Por estarem sempre
presentes auxiliando, tirando dvidas e principalmente por serem esses
22
exemplos de profissionais e pesquisadoras to competentes que tanto admiro.
Em especial meus agradecimentos a Thais Gonalves, Thais Freire e Talita
Gonalves por aceitarem prontamente fazer parte do curso para os
professores dividindo seus conhecimentos e vivncias de forma to rica e
contribuindo imensamente para o meu trabalho.
De maneira muito especial, minha orientadora professora Patrcia
Abreu Pinheiro Crenitte. Obrigada por me oportunizar tantos momentos que
me permitiram ver e aprender o belo exemplo de conduta profissional e pessoal
que tive o prazer de acompanhar nesses anos. Seja observando a forma
comprometida de ensinar as alunas da graduao e a preocupao com cada
paciente da clnica de forma nica, que se transformavam em novos desafios e
aprendizados. Seja pela vivncia em cada viagem, me apresentando para
novas pessoas e conhecimentos. Obrigada pela parceria durante o curso de
capacitao, a cada noite finalizada me olhando com um olhar de misso
cumprida. Obrigada pela confiana, amizade, pacincia e cumplicidade e por
sempre acreditar em mim.
23
Toda pessoa que serve alm do dever, encontrou o
caminho para a verdadeira felicidade.
Andr Luis
24
RESUMO
O sucesso de uma educao com qualidade compreende vrios fatores que se
relacionam e se somam para um processo educativo significativo, entre eles: estrutura
fsica e financeira, polticas pblicas de educao e formao profissional de
qualidade. O professor trabalha com alunos que apresentam diferentes perfis e que
por isso aprendem de formas diversas. Em meio a diversidade esto aqueles alunos
que apresentam Distrbios Especficos de Aprendizagem. Por isso, uma questo
importante diz respeito a: como o professor constri seus conhecimentos para atender
as necessidades educacionais desse aluno? Ainda: diante de um cenrio de sala de
aula com diversas necessidades, o que norteia suas prticas e o que modificado
nas mesmas quando encontram um aluno com algum Distrbio Especfico de
Aprendizagem? Assim, o presente estudo teve como objetivo elaborar e aplicar um
programa de formao profissional sobre os distrbios especficos de aprendizagem
para aprofundar os conhecimentos tericos e prticos, de professores de 1 ao 5 ano
do ensino fundamental, aferidos a partir de um questionrio prvio. Para tanto, foi
oportunizado um curso de Atualizao para professores de 58 horas com a temtica
sobre os Distrbios Especficos de Aprendizagem. Aps a interveno, por meio do
curso de atualizao no processo de formao continuada, houve significativa
mudana na fala dos professores quanto aos conhecimentos e prticas em sala de
aula, evidenciando a importncia de uma formao profissional que contribua para a
discusso e conhecimentos sobre o tema Distrbios Especficos de Aprendizagem,
tanto no modo inicial como continuado.
Palavras chave: Distrbios Especficos de Aprendizagem. Formao Profissional.
Formao continuada.
25
ABSTRACT
Teacher training: update program geares toward actions with students with
specific learning disorders
The success of a quality education comprises several factors that are related and
added to a significant educational process, among them: physical and financial
structure, public education policies and professional quality training. The teacher works
with students who have different profiles, and learn of various forms. In the midst of
the diversity are those students that present Specific Learning Disorders. Therefore,
an important issue concerns: how the teacher build their knowledge to meet the
educational needs of this student? Besides: in a classroom setting with diverse needs,
what guides teachers practice and what is modified when they find a student with a
Specific Learning Disorder? Thus, the present study aimed to develop and apply a
program of professional training on the specific learning disorders to deepen
theoretical and practical knowledge of teachers from 1st to 5th grade of elementary
school, measured from a prior questionnaire. So, it was provided an update course for
teachers of 58 hours with the theme of the Specific Learning Disorders. After the
intervention, the course of continuous formation process update, there was significant
improving in the teachers speech about the practices in the classroom, highlighting
the importance of professional training to contribute to the discussion and knowledge
on the subject of Specific Learning Disorders, both in initial mode as in continued
mode.
Key Words: Specific Learning Disorders. Inicial Professional Training. Continued Professional Training.
26
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Presena de aluno com distrbio especfico de aprendizagem ........................58
Grfico 2 Momento que lembro de ter estudado sobre o tema .........................................58
Grfico 3 Considero conhecimento adquirido suficiente ................................................. 59
Grfico 4 Maior dificuldade para atuar com os alunos ....................................................60
Grfico 5 Conhecimentos que gostaria de adquirir ..........................................................60
Grfico 6 Distrbios especficos de aprendizagem que podemos encontrar .................... 61
Grfico 7 Causas que justificam distrbio de aprendizagem ........................................... 62
Grfico 8 O que conscincia fonolgica ........................................................................62
Grfico 9 Primeira atitude com uma criana com distrbios especficos de aprendizagem
............................................................................................................................62
Grfico 10 Qual o profissional encaminhar a criana ........................................................ 63
Grfico 11 Avaliao dos professores sobre o curso ..........................................................64
Grfico 12 Avaliao dos professores sobre as tcnicas utilizadas .................................. 64
Grfico 13 Percepes dos professores sobre o curso ........................................................65
Grfico 14 Nvel de satisfao com o curso ..................................................................... 65
Grfico 15 Causas dos distrbios especficos de aprendizagem ........................................66
Grfico 16 Distrbios de aprendizagem que podemos encontrar ..................................... 66
Grfico 17 O que conscincia fonolgica ....................................................................... 67
Grfico 18 Primeira atitude com uma criana com distrbios especficos de aprendizagem
.......................................................................................................................... 68
Grfico 19 Qual o profissional encaminhar a criana ...................................................... 69
Grfico 20 Conhecimento sobre os distrbios especficos de aprendizagem .................... 70
27
LISTA DE TABELAS
Tabela1 Estudos encontrados e selecionados nas bases de dados ............................... 33
Tabela 2 Anlise de juzes............................................................................................. 47
Tabela 3 Caracterizao da amostra em relao ao tempo que leciona....................... 55
Tabela 4 Caracterizao da amostra da srie que leciona ...............................................55
Tabela 5 Caracterizao da amostra em relao formao recebida ............................55
Tabela 6 Casos dos distrbios especficos de aprendizagem ........................................ 66
Tabela 7 Quais os distrbios especficos de aprendizagem .......................................... 67
Tabela 8 O que conscincia fonolgica ........................................................................68
Tabela 9 Primeira atitude frente a uma criana com distrbios especficos de
aprendizagem.................................................................................................... 69
Tabela 10 Profissional que encaminha a criana .............................................................. 70
Tabela 11 Conhecimentos especficos sobre os distrbios de aprendizagem ................. 71
28
29
SUMRIO
1 INTRODUO 15
2 REVISO DE LITERATURA 18
2.1 PROCESSO FORMATIVO DO PROFESSOR 19
2.2 FORMAO INICIAL EM PEDAGOGIA 28
2.3
FORMAO PROFISSIONAL E OS DISTRBIOS
ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM 32
3 PROPOSIO 41
4 MATERIAL E MTODOS 43
5 RESULTADOS 53
6 DISCUSSO 73
7 CONCLUSES 85
REFERNCIAS 89
ANEXOS 97
30
1 Introduo
Introduo 15
INTRODUO
O sucesso de uma educao com qualidade compreende vrios fatores
que se relacionam e se somam para um processo educativo significativo, entre eles,
estrutura fsica e financeira, polticas pblicas de educao, formao profissional de
qualidade e uma proposta educativa em que esteja bem estabelecida a concepo de
cidado que se deseja formar desde a educao bsica at o ensino superior.
A qualidade do ensino um fator de medida para avaliarmos o nvel de
desenvolvimento de um pas. O IDEB, ndice de Desenvolvimento da Educao
Bsica, que avalia o ensino no pas constatou esse ano de 2016 houve uma melhora
no Ciclo I, o Ciclo II estabilizou e o ensino Mdio piorou. De acordo com o Programa
Internacional de avaliao de estudantes - PISA, o Brasil est ocupando a 53 posio,
ou seja, o pas encontra-se entre os dez piores pases avaliados no rendimento
escolar, ainda que tenhamos melhorado no ensino da Matemtica. (IDEB, 2016; PISA,
2016)
Diante deste cenrio da educao brasileira, inegvel a necessidade de
medidas que colaborem para a melhoria do ensino e impossvel falar de um ensino
de melhor qualidade sem analisar alguns fatores, dentre eles a formao do professor
para o ensino.
So inmeros os desafios da educao brasileira, entretanto, com
professores bem preparados esses desafios podem ser mais fceis de serem
superados e muitos problemas amenizados.
Em nossas escolas temos muitos alunos, cada qual com sua diversidade e
pluralidade. Logo, a forma de aprender e ter sucesso escolar tambm diversa. O
professor nesse contexto necessita ter recursos para que a aprendizagem ocorra para
todos respeitando toda essa diversidade.
Dessa maneira, promover o processo ensino aprendizagem uma tarefa
que exige do professor conhecimentos que s so adquiridos se forem ofertados aos
mesmos uma formao profissional de qualidade que proporcione condies ao
professor obter esses conhecimentos. Este retrato da educao brasileira e o papel
do professor foram os fatores motivadores para o desenvolvimento desta tese.
Importante ressaltar que o professor lida com diversas realidades propostas
no fazer pedaggico e na forma de como promover o processo ensino aprendizagem
Introduo 16
para seus alunos, o professor por se defrontar com uma nova realidade, precisa saber
criar meios para reformular sua prtica e adapt-la s novas situaes de ensino.
Os problemas elencados para o desenvolvimento deste estudo foram:
Como o professor constri seus conhecimentos pode atender as necessidades
educacionais desse aluno? Mais ainda, diante de um cenrio de sala de aula com
diversas necessidades, o que acontece quando encontramos um aluno com algum
Distrbio Especfico de Aprendizagem?
Assim sendo, diante da situao apresentada acima este estudo justifica-
se pelo fato de que o professor no pode proporcionar conhecimento a esses alunos
com Distrbios Especficos de Aprendizagem e nem para nenhum outro se ele prprio
no possui conhecimentos dos quais necessita para tal ao. Esses conhecimentos
devem ser atribudos pelo professor por meio de uma formao profissional, tanto
inicial como continuada que lhe apresente condies para promover o ensino para
este aluno.
Portanto, esse estudo tem como proposta elaborar e aplicar um programa
de formao profissional sobre os Distrbios Especficos de Aprendizagem para
professores do 1 ao 5 ano do ensino fundamental.
17
18
2 Reviso de literatura
Reviso de literatura 19
2.1 PROCESSO FORMATIVO DO PROFESSOR
2.1.1 Componentes dos saberes do professor
O processo formativo do professor envolve as prticas pedaggicas que o
consolidam enquanto profissional da educao e est presente em sua atuao na
sala de aula. Esse processo formativo complexo, dinmico e envolve vrias etapas
formativas e saberes docentes para a consolidao da profisso.
Ao analisarmos a literatura, possvel identificar diversos estudos como
Tardif (2002), Pacheco e Flores (1999), Perrenoud (2001), entre outros, que tratam
dos saberes profissionais necessrios docncia. O assunto cada vez mais
discutido e aprofundado no mbito dos estudos em educao. A procura e tentativa
de identificar quais so os saberes necessrios para a docncia no termina e nem
poderia, justamente pelo fato de serem os seus maiores interessados, os professores,
seres humanos em constante mudana e seu trabalho, o ensino, dinmico. Nesse
sentido, por mais que identifiquemos e tentemos nos aproximar de quais so os
saberes do professor, o mais perto que conseguiremos chegar sero apontamentos e
direes para que as instituies de formao e o prprio professor possam se
embasar para a formao profissional.
A primeira vista, o termo saberes docentes pode ser entendido como
contedos ou assuntos que o professor deve construir para realizar seu ensino,
normalmente adquiridos durante os anos da formao inicial. Entretanto, no basta
entendermos saberes docentes apenas como assuntos que o docente deve adquirir
de uma maneira sistematizada e formalizada, tampouco acreditar que esses saberes
so nicos e imutveis, como prezam alguns modelos de ensino.
Para Serro (2005), os saberes, muitas vezes, so entendidos como fatos
e teorias aceitas, so tidos como certos, significando uma profunda e quase mstica
crena em respostas exatas. Esse fato acaba criando obstculos para a prtica
reflexiva do professor que de fundamental importncia no processo de construo
do conhecimento do professor e, consequentemente, do aluno.
Perrenoud (2001), define o professor como sendo um profissional dotado
de razo, cujos saberes so regidos por certas exigncias de racionalidade que lhe
permitem fazer julgamentos em face das condies contingentes de seu trabalho. O
autor apresenta ainda que, os saberes nos quais se apoia, o professor, so diversos
e plurais.
Reviso de literatura 20
Esses saberes dependem estreitamente das condies sociais e histricas
nas quais ele exerce sua profisso e das condies que estruturam seu prprio
trabalho em um lugar social dado. E justamente por esse carter plural dos saberes
que difcil defini-los e ter um padro para que todas as instituies de formao de
professores possam seguir com programas prontos e definidos.
Assim, o que se espera da formao profissional que esta seja capaz de
ensinar o futuro professor a saber sobre o seu saber, ou seja, que forme professores
que sejam os agentes de seus prprios saberes. Lima (2007) afirma que comum dar
mais valor para as propostas de formao do que compreenso da maneira pela
qual a formao recebida afeta a aprendizagem.
Dessa maneira, entender como o professor aprende importante para que
o professor aprenda sobre o seu saber, tornandoo capaz de tomar decises e
iniciativas para sua prpria formao profissional.
Embora a aprendizagem profissional da docncia possa ser identificada
como o domnio do saber e do saber fazer, do saber sistematizado e do saber escolar,
dos conhecimentos tericos e metodolgicos dos modos do fazer docente... aprender
a ser professor no algo que se conclua aps o estudo de determinados contedos
e procedimentos necessrios sua transposio didtica (LIMA, 2007). A nfase em
uma formao profissional que proporcione ao professor ser dono de seu
conhecimento se deve ao fato do ensino no ser um trabalho estvel, se modificar de
cidade para cidade, de escola para escola, de aluno para aluno, de dia para dia. O
ensino se modifica em instantes. Dessa maneira, manter uma formao profissional
embasada apenas em domnios tcnicos est fadado ao fracasso do ensino.
No sentido de entender como se deseja que o professor conhea sobre o
seu saber e esteja preparado para a docncia, Gamboa (1997) afirma que o
conhecimento de fato s ocorre quando captamos o significado dos fenmenos e
desvendamos seu verdadeiro sentido quando recuperamos sua essncia nos
contextos que eles ocorrem.
Portanto, conhecer compreender os fenmenos em suas diversas
manifestaes e contextos. No caso do professor, esse conhecimento entendido
como a capacidade de perceber seu trabalho com todas as suas dinamicidades e
saber lidar com isso graas a um saber prvio. Trata-se do saber sobre o seu prprio
saber, ou seja, saber como ele mesmo aprende a ser professor.
Reviso de literatura 21
O saber de seu prprio saber um ponto fundamental e que deve ser
destacado nos programas de formao profissional de professores, na realidade o
eixo central para pensarmos em professores agentes de seu prprio conhecimento. O
saber do seu prprio saber deve ser a essncia da formao profissional de
professores que percorrer todos os outros saberes, tanto em formao quanto em
servio.
Nesse sentido fica claro que os saberes so fundamentais para o exerccio
da docncia que devem ser constantemente ressignificados no decorrer da ao
profissional. Em algumas profisses ou ofcios os saberes necessariamente exigem
uma preparao prtica e tcnica que podem ser adquiridos em palestra, em curso de
curta durao ou ainda apenas resultado da cpia e do treino.
No caso da docncia apenas esses saberes baseados na tcnica no so
suficientes. A docncia exige conhecimentos e atitudes que muitas vezes no se
encontram descritos em um manual e sim que so construdos durante todo o
processo de sua ao docente. De acordo com Campos (2007), o saber ensinar,
integra diferentes saberes situados em ao. Desse modo, a formao docente deve
privilegiar a formao do professor como sujeito reflexivo, que atue sobre o seu saber.
Os saberes profissionais segundo Tardif (2002), so pragmticos,
modelados e voltados para a soluo de situaes prticas concretas exigindo sempre
uma parcela de improvisao e de adaptao a situaes novas e nicas, que exigem
do profissional reflexo e discernimento para que possa no s compreender o
problema como tambm organizar e esclarecer os objetivos almejados e os meios a
serem usados para atingi-los.
A utilizao do saber docente depende de como o professor compreende
como se d o conhecimento e de suas perspectivas pedaggicas. Ou seja, se o
esperado que os alunos sejam capazes de solucionar problemas, crticos sobre a
sua realidade, atuantes e capazes de mudana, os professores tambm tero que ter
essa caracterstica.
Cesrio (2008), afirma que no cabe ao professor somente
fazer/reproduzir. Seu papel o de tomar decises, emitir juzos fundamentais, alm
de refletir nos contextos educacionais nos quais exerce sua atividade docente. Ou
seja, nesse sentido os saberes devem ser sempre analisados e reformulados de
acordo com as situaes adversas que podem ocorrer em uma aula e durante todo o
processo formativo. claro que para realizar essa quantidade de aes, que cabe ao
Reviso de literatura 22
professor, se faz necessrio estudo, formao profissional e observao sobre a sua
prpria atuao. Nesse momento de fundamental importncia ressaltar mais uma
vez sobre o papel das instituies de formao profissional no apenas como
responsveis pelo saber fazer, mas tambm do saber sobre o prprio saber do
professor.
Portanto, a formao profissional possui papel fundamental na aquisio
dos saberes do professor. Saberes esses que so denominados por Tardif (2002) de
saberes docentes, esses saberes so originados por meio de uma construo social
que consiste em elementos como a identidade, a experincia de vida, histria
profissional e significados atribudos pelo sujeito compondo assim o saber docente.
De acordo com Moya (2003), a grande maioria das instituies de
formao de professor tem-se apoiado no modelo de racionalidade tcnica.
Argumenta ainda que na concepo de formao do professor como profissional
reflexivo no existe um conhecimento prvio com respostas para cada caso ou
problema, ou que exista uma nica soluo correta.
Neste caso, o profissional competente atua refletindo na ao, criando uma
nova realidade, experimentando, corrigindo e inventando por meio do dilogo que
estabelece com essa mesma realidade, tendo sempre como base o constructo terico
sustentando essas reflexes. Serro (2005), afirma que necessrio romper desde a
formao inicial com esse paradigma da racionalidade tcnica e burocrtica que rege
as instituies educacionais para a formao do practicum reflexivo.
Os professores desenvolvem como prticos, uma racionalidade da prtica
que denominamos racionalidade pedaggica. Esta racionalidade a base para a
sistematizao dos saberes pela reflexo da prtica em ao situada, em que a
reflexo do sujeito longe de uma prescrio, efetiva o contedo de uma epistemologia
da prtica elegendo os saberes especficos organizados a partir das experincias
docentes. (CAMPOS, 2007)
O modelo de racionalidade tcnica nos programas de formao inicial de
professores incoerente, pois, a ao de ensinar complexa, ela objetiva a
aprendizagem e inclui lidar com a diversidade cultural presente em uma sala de aula
e lida com o inesperado a cada aula, alm de serem os professores e os alunos seres
humanos que possuem aes, pensamentos, intenes e vontades. Logo um modelo
de formao profissional embasado na racionalidade tcnica deixa o professor de
Reviso de literatura 23
mos atadas em qualquer situao inesperada que possa surgir, pois ele no
aprendeu a pensar por si s.
Por mais que tentemos enumerar as diversas possibilidades de
acontecimentos que poderiam ocorrer em uma aula, seria impossvel prever, com
segurana, tudo o que pode acontecer no cotidiano da escola. No podemos antecipar
o que o outro indivduo, que convivemos na relao professor e aluno, imagina e
pensa, por serem seres humanos que possuem suas prprias individualidades,
deixando mais uma vez claro a inconsistncia de um modelo de formao embasado
apenas na tcnica e no fazer, sem proporcionar ao futuro professor que se pense
sobre a sua prpria formao.
Por isso, ser professor como define bem Perrenoud (2000), decidir na
incerteza e agir na urgncia. Ser professor exige uma srie de conhecimentos que
vo alm dos conhecimentos especficos, da tcnica e do saber fazer que podem ser
iniciados na formao inicial, mas nunca terminam, esses saberes iro permear toda
a ao profissional do futuro professor. Em meio a desafios e incertezas o professor
deve desenvolver sua especificidade que a de ensinar, e ao fazer isso, assume
diversas responsabilidades e tarefas, que so inerentes ao processo de ensino em
que se busca a aprendizagem efetiva do educando. Tarefas essas que no
conseguiriam ser explicadas e baseadas apenas em uma formao tcnica ou em um
manual de como se ensina, pela simples razo da ao de ensinar ser uma
especificidade humana. E para que de fato o ensino ocorra, preciso que o professor
compreenda o que faz, porque faz, quando faz, para que faz, como faz, quando, o
que, como, porque e para que avalia, promova em seus alunos, por meio do ensino,
muito mais que uma simples transmisso de informaes e contedos ditos como
necessrios para a formao de um indivduo.
Entretanto, para que ocorra essas tarefas que o professor desenvolve e
que est inerente ao processo de ensinar, so necessrios, por parte dos professores,
muito mais que o conhecimento construdo durante o curso de graduao, preciso
que o professor continue estudando sempre. Esses estudos devem estar baseados
em saberes, alguns autores preferem chamar de competncias como Perrenoud
(2000) e Campos (2007).
Esses saberes ou competncias docentes no se tratam de uma lista ou
grade de contedos especficos que o professor deve adquirir durante sua formao
inicial, mas sim, (...) constroem-se, na formao, mais tambm ao sabor da
Reviso de literatura 24
navegao diria de um professor, de uma situao de trabalho outra (LE BOTERF
apud PERRENOUD, 2000, p.15). Mizukami (2002) acredita que apenas formao
inicial no abarca toda a tarefa de formar os professores, porm, ocupa um lugar muito
importante no conjunto do processo total dessa formao. Moya (2003), acrescenta
ainda que a formao contnua permite gerar mudanas, sua finalidade tambm
propiciar a reviso de um conjunto de atitudes e de procedimentos quanto utilizao
do conhecimento.
no processo formativo contnuo que o professor adquire e aperfeioa
seus saberes necessrios para a ao de ensinar. No h um momento de trmino
ou uma concluso desses saberes que em uma determinada fase da
profissionalizao e sim um ciclo de aprofundamentos e de novas aprendizagens.
Este processo de formao deve promover a oportunidade do professor
refletir e reavaliar seu conhecimento a partir da realidade vivida. A formao
continuada est na possibilidade de que os professores promovam discusses e
reflexes enfatizando e valorizando a pesquisa, a auto avaliao sobre o prprio fazer
pedaggico, participando da produo do seu conhecimento, tendo certeza de que
essa produo de conhecimento mvel, portanto, provisria, estabelecendo assim,
rupturas com o modelo educacional da racionalidade tcnica (PALMA, 2001).
Esse conjunto variado de aprendizagens e de experincias que fazem parte
de todo o processo formativo, deve ser entendido que essa construo se d desde a
formao inicial at o trmino da carreira docente e pode ser denominado como os
conhecimentos cientficos, pedaggicos, psicolgicos, filosficos, antropolgicos e os
conhecimentos que o professor constri atravs da experincia do seu cotidiano de
sala de aula. Isso s possvel se houver um dilogo, realizado pelo prprio professor
entre a sua ao e a base terica que lhe d sustentao para o seu agir. No perodo
da formao inicial, esta se encarrega por apresentar alguns tipos de saberes que
podem e devem ser revistos durante o processo de formao contnua. So os
chamados saberes cientficos e pedaggicos.
O professor necessariamente deve obter um conhecimento cientfico sobre
o contedo que ir ensinar em sala de aula em um nvel mais avanado do que seus
alunos e conhecimentos pedaggicos para que seja possvel a construo desse
conhecimento com seus educandos. Eis aqui, outro saber necessrio no processo
formativo do professor, os conhecimentos pedaggicos e cientficos referentes sua
rea de conhecimento. Estes conhecimentos cientficos normalmente so pautados
Reviso de literatura 25
em teorias, pesquisas e estudos cientficos sobre os diversos fenmenos do mundo
das diversas reas de estudo. So conhecimentos e informaes que o professor
necessariamente necessita conhecer em maior quantidade que os alunos. Os saberes
cientficos so aqueles que dizem respeito aos contedos especficos da rea de
atuao de cada profissional. Nesse caso especfico de saber, o professor tem a
responsabilidade de conhecer mais do que o aluno. So conhecimentos especficos
da disciplina em que o professor sai do senso comum e passa a ter conhecimentos
cientficos que sustentam seu conhecimento e sua ao docente.
Tardif (2002), acrescenta ainda que os profissionais devem se apoiar em
conhecimentos especializados e formalizados, na maioria das vezes, por intermdio
das disciplinas cientficas em seu sentido amplo, incluindo, evidentemente, as cincias
naturais e aplicadas, mas tambm as cincias sociais e humanas, assim como as
cincias da educao. Freire (1996), afirma que alguns professores podem conhecer
muito bem a matria que vo ensinar, ou seja, os saberes cientficos. Entretanto para
que ocorra o ensino efetivamente, no suficiente apenas os conhecimentos
cientficos, pois, um profissional pode conhecer muito sobre os conhecimentos de sua
rea especfica, porm se no souber construir e proporcionar a aprendizagem desses
contedos com os alunos, de nada adianta seus conhecimentos cientficos no que se
refere a ao docente.
nesse momento que aparecem os saberes pedaggicos que so
responsveis pelo sucesso ou no do ensino do professor. Atravs dos
conhecimentos pedaggicos, o professor viabiliza possibilidades de estudos para
seus educandos e avalia seu ensino.
Os conhecimentos pedaggicos so aqueles em que o professor aprende
como o aluno aprende. So conhecimentos que capacitam o professor a criar
situaes mais propcias a aprendizagem de acordo com determinada perspectiva ou
modelo de educao que o profissional escolha seguir. Os saberes pedaggicos
englobam conhecimentos como organizar e dirigir situaes de ensino-aprendizagem,
avaliaes, administrar situaes problemas de acordo com o nvel dos alunos;
ensinar contedos que sejam pertinentes a srie e ao grau de conhecimentos dos
alunos, entre outros.
Outro ponto importante que o professor conhea quais so seus deveres
enquanto educador, quais so os objetivos da escola, os diversos paradigmas
educacionais, as teorias de ensino e aprendizagem, as teorias de currculo, de
Reviso de literatura 26
avaliao e as abordagens de ensino para ento, criar e estudar estratgias para que
se chegue a esses objetivos satisfatoriamente. Perrenoud (2000), afirma que a noo
de competncia ou saberes profissionais designar aqui uma capacidade de mobilizar
diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situao, ou seja, nesse
contexto os saberes profissionais so subjetivos e no determinados, dependendo do
bom senso e da reflexo do professor para decidir a melhor forma de agir em
determinada situao.
aqui que se faz necessria a real formao do professor apresentando
atitudes com caractersticas de autonomia que poder refletir sobre a sua ao.
Possibilitando dessa forma, um profissional crtico que constri seu conhecimento e
no apenas o que reproduz, ou que segue manuais como se fossem regras
padronizadas como verdade absoluta.
Portanto, para esses saberes que necessitam da reflexo e da
subjetividade do professor, no apenas de sua memorizao, seria impossvel criar
uma lista de saberes, mas sim, situaes diversas em que o professor tem autonomia
para agir conforme achar necessrio. Outro conhecimento importante ao professor
o saber disciplinar. Esses saberes esto presentes nos contedos das disciplinas que
compem a formao inicial que responsvel pelas alteraes de estigmas e
conceitos inadequados que o estudante (futuro professor), aprendeu no perodo
anterior a formao inicial na fase de observao. Os saberes disciplinares so
oriundos da tradio cultural e da prpria sociedade que produz estes saberes.
Tardif (2002), faz uma crtica a formao para o magistrio que sempre
esteve dominada por esses saberes disciplinares produzidos em numa redoma de
vidro e sem nenhuma conexo com a ao profissional. Esses saberes disciplinares
so importantes e necessrios, porm, deve ser oportunizado a reflexo a partir deles,
por meio de uma leitura da realidade. De acordo com Costa (1996), uma formao
profissional para professores com qualidade uma formao que proporcione
profundos conhecimentos cientficos e pedaggicos. Nesta formao, o futuro
professor, deve aprender a responder as perguntas: o que ensinar, porque ensinar,
para que ensinar e como ensinar. Deve aprender ainda um vasto repertrio de
habilidades de ensino e apresentem competncia tcnica. O curso de formao inicial
deve promover nos professores a compreenso da importncia da qualidade do
ensino e que o seu papel fundamental promover a aprendizagem.
Reviso de literatura 27
Para Tardif (2002), esses conhecimentos especializados, nos quais alguns
derivam dos saberes cientficos, devem ser adquiridos atravs de uma longa formao
de alto nvel, na maioria das vezes, de natureza universitria que no caso seria a
formao inicial. Essa formao sancionada por um diploma que possibilita o acesso
a um ttulo profissional, ttulo esse que protege um determinado territrio profissional
contra a invaso dos no diplomados e dos outros profissionais. Nota-se ento que a
formao inicial tem um papel de fundamental importncia na aquisio dos saberes
profissionais. Logo se esta no consegue atingir o seu objetivo que mudar as
concepes inadequadas que o aluno traz com ele no incio da graduao e
proporcionar o conhecimento especfico de sua rea, provavelmente esse fator
acarretar em problemas durante a ao deste futuro professor em sala de aula.
Nesse sentido podemos estabelecer algumas caractersticas dos saberes necessrios
docncia que so exclusivos do professor baseando-se em Tardif (2002):
primeiramente os saberes dos professores so temporais, na medida em que se
constituem durante toda a vida do professor desde o momento que ele nasce, provm
de sua prpria histria de vida.
Os saberes profissionais dos professores so plurais e heterogneos, pois,
derivam de vrias fontes. De acordo com esse mesmo autor, um professor se serve
de sua cultura pessoal, que provm de sua histria de vida e de sua cultura escolar
anterior, tambm se apoia em conhecimentos adquiridos na universidade, na
experincia, e em tradies peculiares de professores.
Alm disso, os professores necessitam atingir diversos objetivos que nem
sempre necessitam dos mesmos tipos de conhecimento, deixando a ao docente
ainda mais complexa e plural. Finalmente, a relao travada na interveno pelo
docente so os seres humanos, logo, os saberes docentes necessitam ter o ser
humano como ateno central.
O professor deve se atentar para o fato de apesar de ministrar aula para
uma classe com vrios alunos, cada aluno um indivduo nico e possui sua prpria
individualidade. A aquisio da sensibilidade relativa s diferenas entre os alunos
constitui uma das principais caractersticas do trabalho docente. Essa sensibilidade
exige do professor um investimento contnuo e a longussimo prazo, assim como a
disposio de estar constantemente revisando o repertrio de saberes adquiridos por
meio da experincia (TARDIF, 2002).
Reviso de literatura 28
Dessa maneira, se trabalhamos com seres humanos, esses saberes
devem estar focados tambm nessa especificidade humana. Freire (2006), afirma que
o professor deve estar convencido como uma de suas consequncias o de ser o seu
trabalho uma especificidade humana. A prtica docente exige do professor um alto
nvel de responsabilidade tica que se encontra inserida na prpria capacitao
cientfica do professor.
Moya (2003), sinaliza que a essncia da formao continuada a
construo coletiva do saber e a discusso crtica reflexiva do saber fazer. No se
apresenta por si s como a soluo para os problemas de qualidade no ensino, mas
abre perspectivas de construir aes coletivas, na busca da qualificao do trabalho
docente. Tardif (2002), denomina esse conhecimento como saberes experienciais,
que fruto da experincia e da prtica cotidiana do docente e da sua ao como
professor na interao com os alunos, na gesto da classe. Para o mesmo autor, o
saber do professor no um conjunto de saberes definidos, mas um processo de
construo ao longo da profisso.
Assim, um programa de formao continuada que defendemos aqui, deve
estar embasada no oferecimento de conhecimentos especficos e cientficos que se
interrelacionam com os saberes experienciais. Ou seja, a formao continuada
abrange diversos saberes em ao.
2.2 Formao inicial em Pedagogia
Entender como a formao dos professores configurou-se at os dias
atuais essencial para que sejam discutidas aes que visem melhoria da formao
desse profissional, pensando, especialmente, na atuao com crianas que
apresentem dificuldades ou distrbios de aprendizagem.
A formao inicial em Pedagogia teve origem no Brasil a partir do Decreto
Lei 1190/39, de 4 de abril de 1939 (BRASIL, 1939). Posteriormente, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educao Nacional, Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961 (BRASIL,
1961), imps algumas mudanas formao do pedagogo que passou de um para
quatro anos com carter generalista, e formao nica em Bacharelado e
Licenciatura. No havia, nesse modelo de formao, nenhuma disciplina relacionada
educao especializada para pessoas que apresentassem problemas na
aprendizagem.
Reviso de literatura 29
A Lei da Reforma Universitria, Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968
(BRASIL, 1968), propunha um ncleo comum no currculo, fixando um nico ttulo de
licenciado, com modalidades diversas de habilitao (como orientao educacional,
administrao escolar, superviso escolar, inspeo escolar, ensino das disciplinas e
atividades prticas dos cursos normais, administrao escolar) para a formao do
pedagogo, para o exerccio da escola de primeiro grau.
Somente no ano de 1972, possvel constatar uma preocupao com o
ensino de pessoas que no apresentavam aprendizagem satisfatria com as
metodologias convencionais a partir da incorporao do intitulado curso de formao
de professores para excepcionais como uma habilitao em um curso de Pedagogia
do estado de So Paulo. Posteriormente, alguns outros cursos foram incorporando ao
seu currculo habilitaes voltadas para a educao do deficiente mental. Os termos:
excepcional e deficiente mental eram os utilizados nos documentos da poca. A partir
de 1977 a habilitao em Educao Especial passou a ser incorporada nos cursos de
formao inicial para professores.
Apesar da importncia da Constituio de 1988 para a educao, com a
garantia de educao para todos (em consonncia com importantes documentos do
mesmo perodo histrico: Declarao Mundial sobre Educao para Todos
UNESCO, em 1990; Declarao de Salamanca, de Princpios, Poltica e Prtica em
Educao Especial - Unesco, em 1994), em 1996, que se registra um grande marco
para a educao e para a formao do professor com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (LDB), Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 que prev
diversas alteraes nos cursos superiores e encaminhamentos a serem realizados
que esto presentes at os dias atuais nos modelos de formao do professor, no
apenas para a graduao do pedagogo, mas tambm para as diversas reas que
abrangem a habilitao em Licenciatura. Desse modo, no texto da LDB, h uma
preocupao com a educao para todos como prev a Constituio federal de 1988
por meio do princpio da igualdade. Extinguindo se os termos excepcionais e
deficientes e entendendo a educao de fato como uma preocupao e necessidade
de atendimento para todos os cidados, sem distino. (BRASIL, 1988, UNESCO,
1990, UNESCO, 1994, BRASIL, 1996).
O discurso da nova LDB (BRASIL, 1996) veio ao encontro dos discursos
de educao inclusiva que comearam a ser difundidos desde a dcada de 1980 e
1990. Diversos tratados e declaraes sinalizavam para a proposta da incluso
Reviso de literatura 30
escolar a qual foi instituda pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil de
1998 (BRASIL, 1998), a qual passou a garantir a oferta do atendimento educacional
especializado a pessoas com deficincia, preferencialmente na rede regular de
ensino.
Entretanto as mudanas mais significativas na formao do professor e
principalmente na relao da formao do professor com a educao Especial e que
esto vigentes at o momento atual, foram consolidadas a partir das resolues:
- Resoluo CNE/CP n 1/02 Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formao dos Professores. (BRASIL, 2002).
- Resoluo CNE/CEB n 2/01 Institui Diretrizes Nacionais para a
Educao Especial na Educao Bsica. (BRASIL, 2001).
Essas duas resolues estabelecem alteraes na matriz curricular dos
cursos superiores, definindo que as instituies de cursos superiores tm o dever de
inserir na organizao curricular, formao docente voltada para a ateno
diversidade que abranja contedos relacionados s especificidades dos alunos com
Necessidades Educacionais Especiais (NEE).
De acordo com o CNE/CP, n 9/2001 estabelece que:
A educao bsica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma poltica
de integrao dos alunos com necessidades educacionais especiais nas
classes comuns do sistema educacional. Isso exige que a formao dos
professores das diferentes etapas da educao bsica inclua conhecimentos
relativos educao desses alunos (BRASIL 2001b, p. 26).
A Poltica Nacional de Educao Especial na perspectiva da Educao
Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participao e a aprendizagem dos alunos
com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotao nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino
para promover respostas s necessidades dos alunos. Dessa forma, estabelece
algumas garantias que o sistema pblico deve atender, uma delas prev a formao
de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais
da educao para a incluso escolar.
Reviso de literatura 31
possvel, aps conhecer toda a evoluo histrica das Leis que tratam da
formao do professor e garantem o atendimento educacional especializado, inclusive
dos demais profissionais da educao para a incluso escolar, perceber um relevante
avano nas polticas pblicas e principalmente na maneira de entender a educao
inclusiva como um modelo que contempla e assegura direitos iguais de educao para
todos.
Apesar do avano no sentido de buscar garantir educao para todas as
pessoas, o que se constata que nem todas aquelas pessoas que apresentam
problemas de aprendizagem esto contempladas na definio da educao especial.
Esta afirmao pode ser constatada na LDBEN n 9394/1996, Captulo V, denominado
Educao Especial, artigos 58 a 60, que regulamentam e definem a Educao
Especial como modalidade de ensino presente em todos os nveis. Para efeitos dessa
Lei, o Artigo 58 (modificado pela Lei n 12.796/2013) prescreve que a Educao
Especial compreendida como modalidade de educao escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficincia,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao.
O que se pretende apontar neste momento o fato de que pessoas com
diagnsticos de Distrbios Especficos de Aprendizagem no so contempladas na
Educao Especial e tambm so pouco priorizadas na formao do futuro professor.
Apesar disso, cada vez mais difundida e aceita a proposta de que todo
aluno deve estar inserido no sistema de educao regular, no importando sua
condio fsica ou intelectual. Sendo dever do professor assegurar melhores
estratgias de aprendizagem que faam com que todos os alunos evoluam e alcancem
os objetivos educacionais. (PNE, 2000)
Por outro lado, a garantia de atendimento especializado, caso necessrio,
pressupe estar inserido na poltica de Educao especial, a qual (como explicitado
acima) no contempla a todos os alunos.
Dessa forma, h crianas que no se enquadram no contexto da educao
especial, mas apresentam alguma Dificuldade ou Distrbio Especfico de
Aprendizagem, necessitando tambm de ateno especial do professor e um olhar
atento para o seu desenvolvimento, e a realizao de mudanas metodolgicas
quando necessrio. Por isso, importante destacar a importante funo da formao
profissional do professor que deve contemplar conhecimentos que preparem-no para
Reviso de literatura 32
o ensino, tambm, de crianas que apresentem alguma Dificuldade ou Distrbio
Especfico de Aprendizagem.
2.3 Formao profissional e os Distrbios Especficos de Aprendizagem
Na tentativa de entender como possvel promover uma melhor formao
profissional que priorize o ensino de alunos com Distrbios Especficos de
Aprendizagem foi realizada uma reviso na literatura. A pergunta de investigao que
subsidiou a reviso foi: Os programas de formao para professores preparam o
futuro profissional para o ensino de alunos que apresentem alguma dificuldade ou
distrbio de aprendizagem?
A pesquisa foi conduzida nas seguintes bases de dados: Edubase,
Education Resources Information Center, SciELO, LILACS. A partir da formulao da
pergunta de investigao, buscou-se realizar a pesquisa sobre os temas centrais
deste trabalho usando os seguintes termos livres: Educao Especial, Distrbios de
Aprendizagem e Transtorno de Aprendizagem. Tais termos foram pesquisados de
forma combinada com o termo Formao de professores utilizando-se o descritor .
Os critrios de excluso adotados foram: artigos que tratam a formao
informal do professor e estudos de caso. Foram includos trabalhos que abordem
apenas a formao formal do professor nos nveis, inicial e continuada.
Foram avaliados e selecionados apenas os estudos que apresentassem a
combinao do termo Formao de professores com os termos Educao Especial
e/ou Distrbios de Aprendizagem e/ou Transtornos de aprendizagem.
Reviso de literatura 33
Tabela 1 - Estudos encontrados e selecionados nas bases de dados Lilacs, SciELO, ERIC e Edubase
BASES DE
DADOS
DESCRITORES REGISTROS SELECIONADOS
LILACS Educao Especial
Distrbios de Aprendizagem
Transtornos de Aprendizagem
82
1
1
11
1
1
SCIELO Educao Especial
Distrbios de Aprendizagem
Transtornos de Aprendizagem
64
1
0
10
1
0
EDUBASE Educao Especial
Distrbios de Aprendizagem
Transtornos de Aprendizagem
16
0
0
2
0
0
ERIC
Educao Especial
Distrbios de Aprendizagem
Transtornos de Aprendizagem
80
1
1
11
1
1
Foram avaliados e selecionados apenas os estudos cujo resumo ou corpo
do texto tivesse relao com o objetivo do presente estudo, para posteriormente ser
feita a anlise do texto completo.
Dos 242 artigos selecionados, 93 foram excludos por estarem inseridos
em mais de uma base de dados, resultando 149 artigos para a leitura dos respectivos
resumos.
Aps o processo de reviso bibliogrfica e anlise dos artigos
potencialmente relevantes para a reviso possvel constatar a grande quantidade
de artigos que abordam a formao do professor e a Educao Especial.
Especialmente nos ltimos anos o tema Educao Especial e as leis de incluso
tornaram o tema cada vez mais presente no contexto educacional, refletindo
diretamente nas discusses sobre formao profissional. Entretanto ao pesquisar
sobre como a formao de professores contempla as questes sobre crianas que
apresentem distrbios ou dificuldades de aprendizagem, possvel perceber uma
insuficincia na literatura, mostrando a necessidade de mais estudos que relacionem
a formao do professor e o ensino para crianas com algum Distrbio Especifico de
Aprendizagem.
A aprendizagem um processo individual e constante e que abrange
interferncias tanto orgnicas como ambientais. Trata-se de uma mudana no
comportamento e depende da experincia e/ou prtica. Para haver um processo de
Reviso de literatura 34
aprendizagem so necessrios elementos comunicadores: a mensagem, o receptor e
o meio ambiente, interagindo um com o outro, onde, na falha de um deles gera-se um
problema. (LIMA; MELO; MASSONI; CIASCA; 2006, CARVALHO; CRENITTE e
CIASCA 2007)
O Distrbio de Aprendizagem seria ento uma perturbao nesse ato de
aprender, ou seja, uma modificao dos padres de aquisio, assimilao e
transformao, sejam por vias internas ou externas do indivduo" (CIASCA, 1991).
O Distrbio de Aprendizagem uma alterao no sistema nervoso central
relacionado a uma falha no processo de aquisio ou desenvolvimento da informao.
(CIASCA 2003; GONALVES e CRENITTE, 2014). As definies referem-se aos
Distrbios de Aprendizagem como um atraso de habilidades para a linguagem oral,
leitura, escrita, matemtica e/ou na relao entre elas. (CIASCA, 2003).
O professor preparado e atento s dificuldades do aluno tem a possibilidade
de mudar estratgias que sejam mais adequadas para cada criana. Entretanto
quando h a falta de conhecimento por parte do professor sobre o tema, o aluno passa
a ter problemas e atraso na aprendizagem. Uma dificuldade que poderia ser resolvida
precocemente e no feita, acaba gerando a falta de compreenso do aluno
ocasionando o atraso na aprendizagem, com isso a criana pode comear a ficar
desmotivada, gerar problemas de indisciplina e falta de ateno. Tais problemas
muitas vezes podem ser sanados com mudanas metodolgicas, entretanto se o
professor no conhece as causas e o que so os distrbios de aprendizagens, apenas
mudanas de estratgias aleatrias no sero suficientes. ressaltada a importncia
do conhecimento do professor com o tema no apenas para alteraes
metodolgicas, mas tambm aponta o professor como intermedirio da procura dos
pais pelos servios de sade necessrios. (LOPES e CRENITTE, 2013, GONALVES
e CRENITTE, 2014)
A falta de conhecimento do professor com o tema preocupante na medida
em que o Distrbio de Aprendizagem normalmente descoberto durante a vida
escolar da criana. Nesse sentido o professor o profissional que passa a maior parte
do tempo do dia com a criana e o primeiro que pode e deve estar atento para
perceber indcios de que a criana apresenta alteraes no desenvolvimento da
aprendizagem, alertando os pais para que faam os encaminhamentos necessrios
para a interveno e tratamento do aluno. Quanto mais cedo a criana for
diagnosticada, menos danos acarretar para a sua vida escolar.
Reviso de literatura 35
Entende-se que o processo formativo de fundamental importncia na
aquisio desses conhecimentos pelo professor. de responsabilidade da formao,
tanto inicial como contnua ofertar os saberes necessrios ao professor.
Mais ainda, a falta de informao e formao qualificada para os
professores a respeito dos Distrbios de Aprendizagem faz com que possam ocorrer
equvocos. Muitas vezes uma criana na qual lhe atribuda um distrbio de
aprendizagem pelo professor poderia ter suas dificuldades sanadas apenas por
mudanas de metodologias pedaggicas. De acordo com Ciasca (2003), aps a
criana ser encaminhada a diversos exames, a mesma retorna para a escola com um
diagnstico de que no h problema com a criana. Sendo assim necessrio saber
distinguir quando o problema do meio mdico ou do meio pedaggico.
Alertando sobre a importncia do professor no tratamento e diagnstico da
criana com distrbio de aprendizagem, Lopes e Crenitte (2013), salientam que o
professor convive com a criana diariamente e o primeiro a realizar um pr
diagnstico a respeito dos distrbios da aprendizagem, o desconhecimento a esse
respeito pode levar a um determinado prejuzo nessa avaliao.
Essas consideraes nos remetem formao dos professores, nesta perspectiva Macedo (1994) aponta quatro fatores fundamentais intimamente relacionados na formao docente. Primeiro a conscientizao do professor em relao ao que ele faz ou pensa a respeito de sua prtica pedaggica; em segundo lugar o senso crtico considerado s atividades e procedimentos na sala de aula e aos valores culturais de sua funo docente; em terceiro a adoo de uma postura de pesquisador e no apenas de transmissor, e por ltimo, o constante aprimoramento do conhecimento dos contedos escolares e das caractersticas do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. (p.5)
De acordo com Lopes e Crenitte (2010), quando professor assume este tipo
de postura e interesse, torna-se mais fcil compreender as dificuldades de
aprendizagem de seus alunos, uma vez que, ao invs de ficar procurando culpados
ou atribuindo ao aluno a causa do problema, ele se torna mais consciente do papel
que exerce, podendo assim, contribuir para a superao da dificuldade.
Sabendo-se que a formao inicial a primeira etapa formativa
responsvel por apresentar os conhecimentos cientficos, especficos e pedaggicos
do ensino, de responsabilidade da formao inicial promover no futuro professor,
condies para que possa lidar com essas situaes na sua prtica pedaggica. A
Reviso de literatura 36
formao inicial deve proporcionar condies para que o professor reflita e pense a
partir da sua prtica juntamente com os conhecimentos cientficos e tcnicos
necessrios para o ensino.
Entretanto, de acordo com Bruno (2007), as Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de graduao em Pedagogia (2006) focalizam mais a educao para a
diversidade e multiculturalidade e apresentam um discurso vago e genrico sobre a formao
de professores para o atendimento s necessidades educacionais especiais. H omisso
quanto s competncias para o trabalho conjunto de professores do ensino regular e especial
no contexto escolar, quanto s prticas de ensino cooperativo e articulao entre essas reas
do conhecimento.
Peterson (2006) opina que os programas de incluso no podem ser bem-
sucedidos em escolas pblicas se ambos, professores da educao geral e da Educao
Especial, no forem capacitados para implementar programas de ensino colaborativo.
Pensar em uma prtica escolar que de fato colabore para o ensino de crianas
que apresentem algum Distrbio Especifico de Aprendizagem, s se torna efetivo se o
currculo estiver relacionado com outras reas de conhecimento e a escola possuir o apoio de
outras reas.
Porm, necessrio que o professor seja capacitado para lidar com esse
currculo multidimensional. Gonalves e Crenitte (2011), alertam para o fato do trabalho do
fonoaudilogo no fazer parte do cotidiano escolar de muitos professores. Fato esse que pode
ser explicado pelas deficincias dos cursos de formao do professor que no tem abordado
os temas relacionados aos processos e distrbios da comunicao.
Tais deficincias podem ser comprovadas em estudos como o de Ingles et al
(2014), que realizou uma reviso sistemtica acerca das polticas de educao inclusiva para
a formao de professores teve como foco central a formao inicial do professor e confirmou
que embora as polticas pblicas para educao inclusiva estejam postas, elas ainda no
conseguiram atingir as prticas pedaggicas e a formao de professores. Os resultados
desse estudo se tornam preocupantes a medida que a formao inicial considerada de
grande importncia na literatura por ser a responsvel em eliminar estigmas e conceitos
equivocados que o futuro professor traz com ele das suas experincias enquanto aluno da
educao bsica e a responsvel por apresentar os saberes cientficos, especficos e
pedaggicos de ensino. (ROSIN PINOLA e DEL PRATTE 2014)
Ingles et al (2014), trata justamente de uma mudana nas grades curriculares dos
cursos de formao de professores e uma reestruturao dos contedos programticos, ou
seja, uma readequao dos saberes cientficos e especficos, sugerindo a insero de
conhecimentos relacionados a Neurocincias nos currculos dos futuros professores. Giannesi
Reviso de literatura 37
e Moretti (2015) vo ao encontro desse pensamento ao afirmarem que o conhecimento das
Neurocincias tem contribudo na formao do profissional para o atendimento de crianas
com dificuldade de aprendizagem. Considerando que os artigos que investigaram os
conhecimentos dos professores afirmam que h uma insuficincia nos saberes dos docentes
tanto com o tema educao especial como distrbios de aprendizagem, indispensvel
repensar os programas de formao inicial, inclusive inserindo conhecimentos da
Neurocincias em seus currculos.
Outra etapa do processo formativo do professor que garante acesso a
conhecimentos a formao continuada. Estudos que apresentam a experincia de
programas de formao continuada obtiveram progresso e avano nos conhecimentos dos
professores sobre o tema Educao Especial e Distrbios de Aprendizagens. Bardy et al
(2013), Toledo e Vitaliano (2012), Rodrigues e Capellini (2012), apontam para o sucesso de
um programa de formao continuada na modalidade a distncia desde que se tenha
profissionais e tutores presentes e bem capacitados para realizarem a formao. Todos
apontaram evolues positivas em relao ao conhecimento dos professores aps
participao em seus programas de formao continuada.
Para os autores inevitvel que se rompa com o modelo de ensino de professores
mdico psicolgico e as universidades preparem os professores a pensar diante de uma
situao adversa.
A concepo de formao reflexiva primordial, pois, o ensino dinmico e exige
um professor apto a buscar conhecimento, porm sem negligenciar os conhecimentos
especficos, cientficos e metodolgicos de ensino, os quais so pouco explorados como
evidenciado nos resultados obtidos pelo presente estudo.
A oferta de uma formao docente que fornea autonomia e ao mesmo tempo
conhecimentos especializados para o professor uma questo desafiadora e necessria no
atual cenrio escolar. Por isso justifica-se a preocupao e a necessidade da presente
pesquisa.
No h um consenso na literatura sobre a nomenclatura utilizada por isso a
necessidade de esclarecer o que se entende e a opo por Distrbios Especficos de
Aprendizagem de acordo com o DSM V. Neste estudo, as Dificuldades de Aprendizagem
sero tratadas como Distrbios Especficos de Aprendizagem que por definio um
transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biolgica que a base das
anormalidades no nvel cognitivo as quais so associadas com as manifestaes
comportamentais (DSM V).
As dificuldades na aprendizagem comeam na idade escolar, mas podem no se
manifestar plenamente at que a demanda daquela habilidade ultrapasse a capacidade
Reviso de literatura 38
limitada do indivduo como por exemplo em situaes de avaliaes com limites de tempo,
leitura ou produo de textos longos e complexos com prazo curto, sobrecarga acadmica.
As dificuldades na aprendizagem no podem ser explicadas por deficincias
intelectuais, dficits visuais ou auditivos no corrigidos, outros transtornos neurolgicos ou
mentais, adversidade psicossocial, baixa proficincia na lngua utilizada para a aprendizagem
acadmica ou instruo educacional inadequada.
39
3 Proposio
Proposio 40
PROPOSIO
- Objetivo Geral
Elaborar e aplicar um programa de formao profissional sobre os distrbios
especficos de aprendizagem para professores do 1 ao 5 ano do ensino fundamental.
- Objetivos Especficos
Verificar como ocorre a formao profissional do professor do 1 ao 5 ano
para o ensino de escolares com Distrbio Especficos de Aprendizagem.
Investigar a concepo do professor a respeito do tema Distrbios Especficos
de Aprendizagem.
Elaborar e aplicar um programa de formao profissional que colabore para o
ensino de crianas com Distrbios Especficos de Aprendizagem
Verificar a contribuio e a influncia do programa de formao profissional
na atuao docente com pessoas com Distrbios Especficos de Aprendizagem.
41
4 Material e Mtodos
Material e mtodos 42
4 MATERIAL E MTODOS
O presente trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um programa de
formao profissional sobre os distrbios especficos de aprendizagem para
professores do 1 ao 5 ano do ensino fundamental para o ensino de escolares com
Distrbio Especifico de Aprendizagem.
4.1 Local
Este trabalho foi previamente submetido e aprovado pelo Comit de tica
em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Faculdade de Odontologia de Bauru da
Universidade de So Paulo. O projeto foi aprovado sob parecer nmero 1.352.148.
(Anexo A)
A pesquisa foi realizada com professores de escolas estaduais e municipais
do ensino fundamental da cidade de Bauru/SP mediante as devidas autorizaes e
consentimentos dos diretores educacionais e conselho de escola dos
estabelecimentos de ensino.
4.2 Participantes
Participaram do estudo 119 professores de 14 escolas visitadas da rede
pblica de ensino do municpio de Bauru.
A escolha dos indivduos (amostra) partiu do interesse demonstrado pelo
assunto, e por terem aceitado espontaneamente participar desta pesquisa. Os
professores receberam explicao sobre o objetivo do projeto, e posteriormente,
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A), ficando
informado que sua participao seria voluntria e que dela poderia desistir a qualquer
momento que desejar.
No entanto para a seleo da amostra os critrios de incluso e excluso
foram seguidos.
Critrio de incluso
Como critrios de incluso os professores:
a-) assinatura do o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Material e mtodos 43
b-) ter o curso de graduao em Pedagogia e estar atuando no 1 ao 5 ano
do ensino fundamental.
Critrios de excluso:
Como critrios de excluso os professores:
a-) assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
b-) no ter ps graduao na rea de Educao Especial ou alguma
especializao que abordasse o tema Distrbios Especficos de Aprendizagem.
4.3 Procedimentos para Coleta de Dados
4.3.1 Etapa 1: Aplicao dos questionrios
Aps autorizao do Comit de tica, foi feito um levantamento junto
Coordenao Pedaggica das escolas, a fim de se identificar os professores que
lecionem nas sries do Ensino Fundamental I. Nesse momento os mesmos foram
informados sobre o teor da pesquisa e foram convidados a participar. Os professores
que aceitaram participar da pesquisa, receberam o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (ANEXO A) para assinatura e receberam um questionrio para preencher.
A pesquisadora agendou um horrio com a escola e os professores para o
preenchimento do questionrio
Foi aplicado um questionrio adaptado de Fernandes e Crenitte, (2008)
(ANEXO B).
O questionrio constitudo por questes fechadas e abertas, divididas em
trs partes, so elas:
A primeira parte do questionrio tem o objetivo de descrever o perfil do
professor, tempo de carreira, nvel de ensino que atua e perfil da formao profissional
que possui.
A segunda parte do questionrio constituda por questes relativas s
impresses do professor sobre sua formao inicial e atuao docente.
J na terceira e ltima etapa do questionrio h questes que envolvem a
temtica: conhecimentos dos professores sobre as Dificuldades e Distrbios
Especficos de Aprendizagem que nos permitem observar o conhecimento especfico
sobre o tema que o professor possui.
Material e mtodos 44
Os questionrios foram previamente analisados por trs juzes, sendo
composto por dois professores e uma fonoaudiloga. Para a anlise do julgamento
dos juzes foi utilizado o Teste de Concordncia Kappa.
A porcentagem de concordncia entre os juzes foi alta, o valor do Kappa
foi substancial para a comparao entre o juiz B e os juzes A e C, enquanto que o
valor foi quase perfeito na comparao entre o juiz A e o juiz C.
Tabela 2 -Anlise das respostas do grupo de juzes
Juzes A x C A x B B x C
% de concordncia 91,67 100 91,67
Valor de Kappa 0,51 1 0,53
Anlise de concordncia - Kappa
Essa etapa do trabalho teve como objetivo verificar o perfil dos professores
atuantes quanto ao desenvolvimento das atividades com crianas que apresentam
Distrbios de Aprendizagem.
Aps a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi
entregue um questionrio para os professores participantes. A pesquisadora agendou
uma data e horrio para aplicao do questionrio.
Os questionrios foram preenchidos na prpria escola, individualmente e
entregues logo em seguida de volta para o pesquisador.
Aps a entrega dos questionrios, as respostas foram organizadas por
categorias de anlise e sero analisadas qualitativamente e quantitativamente.
Para verificar como o tema Distrbios Especficos de Aprendizagem tem
sido abordado nos programas de formao inicial, foi elaborado um roteiro de anlise.
De acordo com Bardin (1977, p.42): Mesmo os depoimentos ou o tratamento de
contedos aportados por questes abertas de formulrios ou questionrios so
organizadas sob a forma de um corpus de anlise .
Prates e Prates (2009), acrescentam ainda que por meio desse roteiro de
anlise que
(...) nos debruamos para identificar categorias, relaes, frequncias, juzos valorativos, entre outras possibilidades de mediao para a efetivao do processo de anlise propriamente dito. Todos, no demasiado reiterar, orientados pelas categorias analticas que emanam do mtodo (tericas do mtodo) e do tema em estudo (explicativas da realidade)
Material e mtodos 45
que podero ser complementadas por categorias empricas (aquelas que surgem da expresso dos sujeitos ou dos documentos.(p.109)
As respostas das questes da segunda parte do questionrio aplicado nos
professores formaram as categorias do roteiro de anlise. Ou seja, a partir das
impresses e/ou dificuldades dos professores, foi feita a anlise de como essas
dificuldades esto sendo contempladas nos cursos de formao inicial de professores.
Embora o presente estudo destina-se a investigaes e melhoras no ensino
para os problemas de Distrbios especficos de Aprendizagem, no sero
diferenciadas na fala dos professores os termos Dificuldades e Distrbios especficos
de Aprendizagem nesse primeiro momento do estudo. Pois, entende-se que a falta de
entendimento no termo se constitui como mais um conhecimento necessrio que
poder ser abordado no programa de formao contnua do professor que ser
ofertado posteriormente.
As maiores dificuldades relatadas pelos professores e carncias na
formao dos professores quanto ao tema Distrbios de Aprendizagem serviram de
base para estruturar o programa de formao profissional contnua por meio de
palestras e grupos de estudos com os professores que responderam o questionrio e
tiverem interesse em participar.
4.3.2 Etapa 2: Estudos das Ementas dos cursos de Pedagogia
A etapa 2 desse estudo teve como objetivo estabelecer como o tema
Distrbios de Aprendizagem ou Distrbios especficos de Aprendizagem tem sido
abordado nos programas de formao inicial, em ementas de cursos de Pedagogia
de instituies pblicas e privadas.
As ementas das disciplinas dos cursos de formao inicial em Pedagogia
foram analisadas com base nas respostas dos professores na segunda parte do
questionrio. As categorias foram organizadas a partir das respostas das questes
2, 4 e 5 que perguntam respectivamente ao professor: Qual o momento da
formao universitria que se recorda de ter estudado sobre os Distrbios de
Aprendizagem; qual a maior dificuldade para lidar com alunos que apresentem algum
distrbio especifico de aprendizagem e quais os conhecimentos que gostaria de
adquirir em relao a criana que apresenta dificuldades para ler e escrever.
Material e mtodos 46
4.3.3 Formao continuada
Com o propsito de colaborar com os conhecimentos dos professores
sobre os Distrbios Especficos de Aprendizagem, a etapa trs do estudo teve como
objetivos: elaborar e aplicar um programa de formao profissional que colabore para
o ensino de crianas com Distrbios de Aprendizagem e verificar a eficcia dos
programas de formao profissional na atuao docente com pessoas com Distrbios
Especficos de Aprendizagem.
Com base nas dificuldades relatadas pelos professores e nas carncias da
formao inicial foi elaborado e aplicado um programa de formao continuada.
O programa de formao continuada foi aplicado e desenvolvido para os
professores participantes do estudo e que inicialmente responderam o questionrio
na primeira etapa do estudo.
A proposta do curso denominado Transtornos de Aprendizagem: o que
e como atuar em sala de aula foi aprovada pela Pr Reitoria de Cultura e extenso
Universitria da Universidade de So Paulo, caracterizando-se como curso de
atualizao voltado para a formao continuada de professores, e tendo como objetivo
promover a identificao precoce dos transtornos, a estimulao e o
acompanhamento adequado das crianas identificadas. O contedo e a metodologia
foram desenvolvidos para permitir ao professor identificar os alunos que apresentam
sinais sugestivos de dificuldades e transtornos especficos de aprendizagem, alm de
trabalhar com estratgias mais dirigidas as dificuldades destes alunos.
O curso foi organizado pela pesquisadora e as aulas ministradas por
docentes da FOB-USP e profissionais da rea dos Transtornos de Aprendizagem.
O curso de atualizao teve um total de 58 horas distribudas em dez
semanas sendo um encontro presencial de trs horas e um no presencial com
atividades em grupos de estudos online. Os contedos abordados em cada semana
foram os seguintes:
1 Semana - Os distrbios da comunicao e a atuao do
fonoaudilogo. Aquisio e desenvolvimento da linguagem oral.
2 Semana - Processamento fonolgico: conscincia fonolgica.
Material e mtodos 47
3 Semana - Processamento fonolgico: Acesso ao lxico e memria de
trabalho fonolgica.
4 Semana - Aquisio e desenvolvimento da linguagem escrita e os pr
requisitos nos Distrbios, Dislexia e Dificuldades de Aprendizagem.
5 Semana - Interveno nos Transtornos de Aprendizagem.
6 Semana - Teoria e implicaes prticas no TDAH.
7 Semana - Disortografia, Discalculia e Disgrafia.
8 Semana - Trabalho com o grupo reduzido. Grupo 1.
9 Semana - Trabalho com o grupo reduzido. Grupo 2.
10 Semana - Apresentao dos casos pelos grupos e aplicao dos
questionrios.
DINMICA DAS ATIVIDADES
Encontros Presenciais
Durante os encontros presenciais, o contedo foi abordado pelas
palestrantes por meio de dilogo e discusso das prticas dos professores. Os
encontros tiveram aulas expositivas, com vdeos, casos de pacientes, exemplos de
atividades, apresentao e materiais pedaggicos que contribuam para o ensino de
acordo com o tema proposto.
As dinmicas com os professores envolveram atividades que propiciavam
uma reviso do contedo abordado relacionando com a prtica desses professores.
Grupos de discusso online
Um grupo de discusso online foi criado permitindo a realizao de
atividades relacionadas ao tema da semana. No grupo eram inseridos textos, vdeos
e os professores podiam interagir uns com os outros, permitindo que dialogassem
sobre suas vivncias, estratgias e experincias.
Aplicao prtica - Dinmica dos grupos
Na 8 e 9 semana do curso, o grupo de professores, foi dividida em dois
grandes grupos. Foi marcado um encontro presencial com cada grupo.
Nesses encontros com os grupos separados os professores foram divididos
novamente em quatro grupos e solicitado que aplicassem uma atividade prtica em
Material e mtodos 48
seu dia a dia como docente. Com os grupos menores foi possvel uma discusso mais
aprofundada sobre a atividade aplicada e possveis alteraes que poderiam ser
feitas.
Aps a discusso em grupos menores, os grupos se reuniam para uma
discusso com a sala inteira e posteriormente a apresentao dos casos.
No final do processo de formao continuada, o questionrio foi reaplicado
como ps teste para que se possa analisar se houve alterao e evoluo no
conhecimento do professor quanto ao tema Distrbios Especficos de aprendizagem.
4.3.4- Anlise dos resultados
Os resultados foram analisados qualitativamente e quantitativamente pelo
programa Statistica, em sua verso 10. Foi adotado o nvel de significncia de 5%
(0,05) para a anlise das respostas dos questionrios.
Para comparar os grupos entre si foi utilizado o teste de comparao
mltipla, Teste de Tukey. Foram, ainda, utilizadas medidas de estatstica descritiva
para determinar a mdia e o desvio padro dos dados coletados.
49
5 Resultados
Resultados 50
5 RESULTADOS
5.1 Caracterizao da amostra
Desta forma, 119 professores responderam os questionrios. Os professores
so todos da escola pblica e todos possuem graduao em Pedagogia. Nas
tabelas a seguir, segue a caracterizao da amostra em relao idade, tempo que
leciona e ps-graduao.
Tabela 3 - Caracterizao da amostra em relao ao tempo em que lecionam
N %
At cinco anos 45 38%
Mais de dez anos 74 62%
Tabela 4 - Caracterizao da amostra em relao a srie que leciona
Srie que lecionam N %
1 Ano 32 27%
2 Ano 20 17%
3 Ano 17 14%
4 Ano 27 23%
5 Ano 23 19%
Tabela 5 - Caracterizao da amostra em relao a formao recebida
Formao N %
Magistrio 24 20%
Stricto Sensu 06 5%
Lato sensu 115 96%
No possui 1 1%
5.2 Perfil da formao profissional do 1 ao 5 ano
5.2.3 - Estudos das Ementas dos cursos de Pedagogia
As Dificuldades de Aprendizagem no esto inseridas na Educao
Especial no Brasil, entretanto optou-se em buscar nas ementas dos cursos de
graduao em Pedagogia disciplinas que retratassem no apenas as Dificuldades e
Resultados 51
Distrbios de Aprendizagem mas tambm a Educao Especial partindo-se do
princpio da incluso. possvel, aps conhecer toda a evoluo histrica das Leis
que tratam da formao do professor e garantem o atendimento educacional
especializado, inclusive dos demais profissionais da educao para a incluso
escolar, perceber um relevante avano nas polticas pblicas e principalmente na
maneira de entender a educao inclusiva como um modelo que contempla e
assegura direitos iguais de educao para todos. Ou seja, as disciplinas sobre
Educao Especial seriam as responsveis por retratar o princpio da incluso e
consequentemente os Distrbios e as Dificuldades de Aprendizagem, por isso optou-
se por inseri-las na busca da presena do tema nas matrizes curriculares dos cursos
de graduao.
Ao analisar a matriz curricular de cinco cursos presencias de Pedagogia do
muncipio de Bauru, possvel perceber que h disciplinas especficas sobre o tema
Educao Especial na educao bsica em todos os cinco cursos pesquisados.
Entretanto ao procurarmos uma disciplina que abranja os conhecimentos especficos
sobre os Distrbios e problemas de Aprendizagem, apenas uma instituio
apresentou uma disciplina especfica para o tema.
Resultados 52
Quadro 1 - Disciplinas dos cursos de graduao
Cursos de formao inicial Disciplinas relacionadas ao tema Distrbios de Aprendizagem/Educao Especial
Universidade A -Educao Inclusiva
Universidade B -Educao Especial
Universidade C -Fundamentos Metodolgicos da
Educao Especial
Universidade D -Didtica, estratgias e Recursos
da Educao de pessoas com
necessidades educacionais
especiais
- A incluso de pessoas com
necessidades especiais na
educao bsica
Universidade E -Educao Especial na perspectiva
da Educao Inclusiva
-Dificuldades de Aprendizagem
A ementa e o contedo programtico da disciplina especfica sobre
Dificuldades de Aprendizagem apresentada pela Universidade E estava disponvel
para acesso pblico. Ao analisarmos o contedo da ementa possvel perceber a
presena de conhecimentos relacionados a Neurocincias e prticas pedaggicas
especficas para os problemas de aprendizagem. A disciplina tambm procura
diferenciar os termos Transtorno, Distrbio e Dificuldade de aprendizagem alm de
tentar identifica-las e nome-las.
Resultados 53
5.2.4 Opinio dos professores sobre a formao profissional
A anlise dos questionrios est dividida em duas partes: na parte I
possvel ver o que pensam os professores a respeito de sua formao profissional e
na parte II foram analisadas as prticas pedaggicas para o ensino de crianas que
apresentem algum Distrbio Especfico de Aprendizagem.
Na primeira questo da parte I do questionrio 76% dos professores
afirmam que tem ou j tiveram um aluno com Distrbios Especficos de Aprendizagem.
Grfico 1 Presena de aluno com Distrbio Especfico de Aprendizagem
Quando questionados em quais momentos da graduao o professor se
lembrava de ter estudado sobre os Distrbios Especficos de Aprendizagem, 51%
relataram que no lembram de estudar esse assunto na graduao, 33% apontam
terem visto o assunto em disciplinas sobre o tema Educao Especial, 10% afirmam
terem visto em outras disciplinas e 2% indicou ter estudado sobre o tema no trabalho
de concluso do curso.
Grfico 2 Momento que lembra ter estudado sobre o tema
76%
24%
Tem ou j teve algum aluno com Distrbio Especfico de Aprendizagem
SIM NO
51%
33%
10%2%
No lembram de terestudado nagraduao
Disciplinas sobre otema Educao
Especial
Outras disciplinas Trabalho deconcluso de curso
Momento que lembra ter estudado sobre o tema
Resultados 54
Ao serem questionados se consideravam os conhecimentos adquiridos na
formao inicial como suficientes para a atuao com alunos com Distrbios
Especficos de Aprendizagem, 97% responderam que no consideram suficiente
enquanto 3% consideraram suficiente.
Grfico 3 Considera o conhecimento adquirido suficiente
5.2.2 Parte II - Distrbios de Aprendizagem: conhecimentos e prticas
em sala de aula
Na questo que abordava quais as maiores dificuldades para atuar com
alunos que apresentem algum tipo de Distrbio Especfico de Aprendizagem, eles
optaram por uma das alternativas como sendo prioridade, 51% responderam que a
maior dificuldade encontrar estratgias variadas adequadas para cada aluno
enquanto 44% relataram como dificuldade conhecer qual a forma de agir diante de um
determinado Distrbio Especfico de Aprendizagem, 3% relatou a dificuldade de
avaliar o aluno e 2% disseram que no possuem dificuldade.
3%
97%
Conhecimento adquirido na formao inicial suficiente?
SIM NO
Resultados 55
Grfico 4 Maior dificuldade para atuar com alunos com Distrbios Especficos de Aprendizagem
Na seguinte questo, os professores poderiam escrever qual o
conhecimento que gostaria de adquirir em relao a criana que possui problemas
para ler e escrever. Dessa forma as respostas foram divididas nas seguintes
categorias:
a- Estratgias adequadas para cada Distrbio Especfico de
Aprendizagem
b- Conhecimentos tericos sobre os Distrbios Especficos de
Aprendizagem
c- Conhecimentos especficos (troca de letras, omisses)
Grfico 5 Conhecimentos que gostaria de adquirir
51%44%
3% 2%
Categoria 1
Maior dificuldade para atuar com alunos com Distrbios Especficos de Aprendizagem
Estabelecer estratgias variadas adequadas para cada aluno
Conhecer de forma mais profunda qual a forma de agir diante de um dist. Esp. De Aprend.
Avaliar o aluno
Lidar com conflitos interpessoais
No possuo dificuldade
94%
61%
34%
Conhecimentos que gostaria de adquirir
Estratgias adequadas para cada Distrbio Especfico de Aprendizagem
Conhecimentos tericos
Conhecimentos Especficos
Resultados 56
5.2.3 Conhecimentos especficos dos Distrbios Especficos de Aprendizagem
Ao serem questionados sobre quais so os Distrbios especficos da
aprendizagem que podemos encontrar, a resposta mais frequente foi a Dislexia com
85 % de presena na fala dos professores. Essa questo foi aberta e citaram como
distrbios especficos de linguagem os seguintes itens: Dislexia, TDAH, Disgrafia,
Discalculia, Problemas de memria, Hiperatividade. Os termos relatados pelos
professores foram mantidos da forma como escreveram nas respostas.
Grfico 6 Distrbios Especficos de Aprendizagem que podemos encontrar
Quando questionados sobre quais as causas dos Distrbios de
Aprendizagem 68% responderam considerar as causas intrnsecas ao indivduo, 29%
extrnsecas e 3% afirmaram no saber.
46%
25%
13%
1%
15%
Distrbios Especficos de Aprendizagem que podemos encontrar
Dislexia TDAH Disgrafia Problemas de memria Hiperatividade
Resultados 57
Grfico 7 causas que justificam o Distrbio Especfico de Aprendizagem
Os professores foram questionados sobre o que era conscincia fonolgica
por meio de uma questo aberta. As respostas dos professores foram separadas nas
seguintes categorias: conscincia de rimas, ligao entre som e fala, saber diferenciar
letras slabas e palavras.
a- Conscincia de rimas
b- Relao entre som e fala
c- Saber diferenciar letras, slabas e palavras
d- Reproduo dos fonemas corretos
e- No sei
Grfico 8 O que Conscincia fonolgica?
68%
29%
3%
Causas que justificam o Distrbio Especfico de Aprendizagem
Intrnsecas Extrnsecas No sei
8%
17%
11%
37%
27%
O que Conscincia fonolgica
Conscincia de rimas Relao entre som e fala
Saber diferenciar letras, slabas e palavras Reproduo dos fonemas corretos
No sei
Resultados 58
A primeira atitude perante uma criana com distrbio da leitura e da escrita
de acordo com 80% dos professores foi procurar utilizar todos recursos disponveis
da escola para ajud-la a aprender.
G