UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA GABRIEL PIVA VIOTTO APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: UMA ANÁLISE DA APLICAÇÃO EM ENGENHARIA DA EEL-USP Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora. DATA:___/___/2015 _____________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR Lorena SP 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

GABRIEL PIVA VIOTTO

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: UMA ANÁLISE DA APLICAÇÃO EM ENGENHARIA DA EEL-USP

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora.

DATA:___/___/2015

_____________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR

Lorena – SP

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Viotto, Gabriel Aprendizagem baseada em problemas: uma análise daaplicação em engenharia da eel -usp / Gabriel Viotto;orientadora Elisângela Jesus Cândido Moraes. - Lorena,2015. 71 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientadora: Elisângela Jesus Cândido Moraes

1. Ensino de engenharia. 2. Metodologia ativa deensino. 3. Aprendizagem baseada em problemas. I.Título. II. Jesus Cândido Moraes, Elisângela, orient.

GABRIEL PIVA VIOTTO

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS:

UMA ANÁLISE DA APLICAÇÃO EM ENGENHARIA DA EEL-USP

Projeto de monografia apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena –

Universidade de São Paulo como requisito

parcial para obtenção de título de

Engenheiro Químico.

Orientadora: Profª. Drª. Elisângela de Jesus Cândido Moraes

Lorena - SP

2015

AGRADECIMENTOS

Agradeço a oportunidade concebida para a realização deste trabalho, pois pude aprender

um pouco melhor o funcionamento de aprendizagem baseada em problemas e também

vislumbrar o funcionamento da educação em engenharia.

Deixo meus singelos agradecimentos:

- A Profª. Drª. Elisângela de Jesus Cândido Moraes e ao Prof. Dr. Domingos Sávio Giordani

pela paciência, compreensão, atenção e oportunidade em realizar este trabalho.

- Aos amigos e colegas que me acompanharam durante esta jornada na graduação.

- À minha família pelo total apoio e incentivo.

Nãoàseàpodeàe si a àtudoàaàalgu .àPode-se apenas, ajudá-loàaàe o t a àpo àsià es o

Galileu Galilei

Oà alo àdeàu aàideiaàest à aàutilizaçãoàdaà es a

Thomas Edison

RESUMO

Gabriel, P. V. Aprendizagem baseada em problemas: uma análise da aplicação em

engenharia da EEL-USP. 2015. 64f. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

O presente trabalho buscou investigar o uso da metodologia ABP (Aprendizagem Baseada

em Problemas) no ensino de engenharia. Esse método foi implementado na disciplina

8800008 – Projetos Especiais em Engenharia, oferecida no curso de Engenharia Química

da Escola de Engenharia de Lorena – EEL - USP. Essa investigação é fundamental para o

processo de ensino na engenharia, pois o desenvolvimento acelerado da indústria exige

dos profissionais habilidades que vão além do conteúdo curricular: imaginação, trabalho

em equipe, criatividade, habilidades de comunicação. Esse trabalho visou analisar os

efeitos do ABP na aprendizagem dos alunos e realizar uma análise comparativa em

relação aos métodos tradicionais de ensino. Os dados da pesquisa foram coletados

através do acompanhamento das aulas da disciplina, entrevistas com os professores e

também por meio de um questionário, no qual, os alunos opinaram sobre a ABP, as

vantagens, desvantagens e seu potencial para cumprir os objetivos da disciplina Os

resultados foram: A ABP despertou maior motivação nos alunos em relação ao estudo do

conteúdo da disciplina, desenvolvimento do trabalho em equipe e aprimoramento das

habilidades de comunicação, liderança e gestão do tempo.

Palavras Chave: Ensino de engenharia, metodologia ativa de ensino, aprendizagem

baseada em problemas.

ABSTRACT

Gabriel, P. V. Problem based learning: an application of analysis in engineering

of EEL-USP. 2015. 64f. Monography (Graduate Work in Chemical Engineering) Escola de

Engenharia de Lorena .

This research aimed to analyze the PBL (Problem Based Learning) methodology for

engineering learning. This method was implemented trough the subject Integrator

Project in Che i alà E gi ee i g ,à thatà as offered in a course of Chemical Engineering

from Escola de Engenharia de Lorena. This research is fundamental in the process of

engineering learning because the industry's rapid development requires professional skills

that are beyond the common curricular content: imagination, teamwork, creativity,

communication skills. Because of these factors, this work aimed to analyze the results of

PBL on the students learning and carried out a comparative analysis in relation to the

traditional methods of teaching. The results were: PBL increased the student´s motivation

regarding the content of the discipline, developed team working and improved

communication skills, leadership and time management. The data for research was

collected trough the monitoring of lessons, interviews with teachers and also through a

questionnaire by which students opined about the advantages, disadvantages and also

the PBL´s capacity for meeting the goals of the discipline.

Key-words: Active methodologies, problem based learning, engineering learning

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo tutorial ABP..................................................................................17

Figura 2 - Sequencia de ciclos de trabalho para a implementação do ABP.........21

Figura 3 – Objetivos específicos de cada grupo ..................................................37

Figura 4 – Cronograma do Projeto.........................................................................38

Figura 5- Definição dos papéis dos professores e alunos no projeto....................39

Figura 6 –Perfil dos tutores....................................................................................40

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Formação comum dos egressos das Quatro École Centrale

francesas.................................................................................................................9

Quadro 2 - Principais diferenças entre os papéis dos alunos e docentes na sala de aula

convencional e na ABP........................................................................................................24

Quadro 3 – Objetivos específicos para cada grupo ............................................................41

Quadro 4 – Cronograma do Projeto ...................................................................................42

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percepção dos alunos em relação à ABP, na Terceira semana de aula

................................................................................................ .............................. 52

Tabela 2 – Percepção dos alunos em relação à ABP na Décima Terceira Semana de Aula

..........................................................................................................................................54

Tabela 3 – Resultados para cada uma das avaliações da questão 1 .....................55

Tabela 4 – Resultados para cada uma das avaliações da questão 2.......................55

Tabela 5- Resultados para cada uma das avaliações da questão 3.....................56

Tabela 6 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 4....................57

Tabela 7 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 5..................57

Tabela 8 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 6...................58

Tabela 9 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 7...................58

Tabela 10 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 8.................59

Tabela 11 Resultados para cada uma das avaliações da questão 9....................59

Tabela 12 – Tabela com o resultado das opiniões dos tutores ..........................60

Tabela 13 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões resolução de problemas,

organização e trabalho em equipe....................................................................................61

Tabela 14 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões responsabilidade,

criatividade e comunicação..............................................................................................62

Tabela 15 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões autonomia e

desenvolvimento pessoal ................................................................................................63

SUMÁRIO _Toc436604324

1. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 14

3.1. Como é o ensino na engenharia ........................................................................................ 18

3.2. A aprendizagem baseada em problemas (ABP) .................................................................. 22

3.3. Os fundamentos da ABP ................................................................................................... 23

3.4. O desenvolvimento de competências transversais ............................................................ 28

3.5. A função do problema em ABP ......................................................................................... 30

3.6. A função dos alunos.......................................................................................................... 33

3.7. A função do professor ....................................................................................................... 34

3.8. Desvantagens .................................................................................................................... 35

3.10 Vantagens ........................................................................................................................ 35

4. METODOLOGIA .................................................................................................................... 36

4.1. Método de pesquisa ......................................................................................................... 36

4.2. O Curso de Engenharia Química......................................................................................... 37

4.3. O universo da pesquisa ...................................................................................................... 38

4.3.1. Coleta de dados ............................................................................................................. 38

4.3.2. Análise de dados ............................................................................................................ 38

4.3.3. Instrumentos de coletas de dados .................................................................................. 39

4.4. Entrevista com Tutores ..................................................................................................... 39

5. O PROJETO ........................................................................................................................... 40

5.1. Definição do projeto ......................................................................................................... 40

5.2. Objetivos do projeto .......................................................................................................... 40

5.3. A equipe do projeto .......................................................................................................... 40

5.4. A execução do projeto ...................................................................................................... 42

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................... 44

6.1. Perfil dos Tutores ............................................................................................................. 45

Quadro 6 – Perfil dos tutores ....................................................................................................... 45

6.2. Entrevista com os tutores ................................................................................................. 45

6.3. Questionário de avaliação da ABP – Primeira Aplicação – Terceira Semana de Aula ........... 51

6.3.1. Questionário de avaliação da ABP – Segunda Aplicação –Décima Terceira semana de aula

................................................................................................................................................ 53

6.4. Questionário de Avalição da ABP – Opinião dos docentes ................................................. 59

6.5. Competências Transversais................................................................................................ 62

6.5.1. Trabalho em equipe........................................................................................................ 63

6.5.2. Comunicação .................................................................................................................. 63

6.5.3. Desenvolvimento pessoal ............................................................................................... 64

7. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 64

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 65

1. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi realizar uma pesquisa, utilizando o Levantamento

(Survey) como método de pesquisa para coletar dados sobre as vantagens, desvantagens

e opiniões de professores e alunos em relação ao método ABP desenvolvido na disciplina

8800008 – Projetos Especiais em Engenharia. A coleta, verificação e análise dos dados

oriundos do levantamento apresentaram os resultados da efetividade desse processo no

ensino de engenharia.

2. INTRODUÇÃO

As décadas anteriores causaram profundas mudanças na maneira de nos

comunicarmos, fazermos negócios e usarmos tecnologia. O ensino deve acompanhar

essas mudanças: os estudantes precisam estar aptos a formular questões, procurar e

obter recursos para respondê-las e, efetivamente, comunicar essas soluções à outras

pessoas (DUCH et AL. , 2001).

A área da educação deve acompanhar essas mudanças, principalmente as

instituições de ensino superior, pois essas formam os futuros profissionais, que irão

contribuir para o desenvolvimento do país através do desempenho do seu trabalho.

Particularmente a área de ensino da engenharia é afetada pelas mudanças que

ocorrem na sociedade e nos meios de produção, pois esse campo de estudo é a base do

conhecimento que será aplicado em tecnologias.

De acordo com Silva e Cecílio (2007) o desenvolvimento acelerado das indústrias

exige qualificação e eficiência dos profissionais e também requer uma retomada nas

relações entre o atual cenário do mercado de trabalho e o modelo de ensino na

engenharia.

A maioria das Instituições de Ensino Superior (IES) utilizam a metodologia de

ensino em massa, na qual o mesmo conteúdo é transmitido anos após ano sem atualizá-

lo ou encontrar suas aplicações. Ainda neste sistema a memória é mais importante do

que o raciocínio, imaginação, trabalho em equipe, habilidades de comunicação, dentre

outros. O grau de conhecimento é medido através de provas individuais, que são uma

mera reprodução do que o professor explicou em sala de aula. Este tipo de modelo está

obsoleto e não responde às demandas da atuação do engenheiro em sua profissão.

Apesar das aparentes dificuldades, vários autores propõem a necessidade em se

reformular o ensino na engenharia e a adoção de métodos que promovam o

desenvolvimento de habilidades que serão utilizadas durante o exercício da profissão de

engenheiro.

Entre estes métodos, há o ABP, que de acordo com Fernando, R. (2008) possui as

vantagens de tornar a aprendizagem mais dinâmica e prazerosa, compartilhada tanto

por alunos como por docentes.[...] o ABP aparenta conferir ao alunos uma maior

oti açãoàpa aàoàt a alhoàpa aàoà ualàestãoàse doàp epa ados

Para que esse método seja aplicado é necessário estudar quais são as suas vantagens,

desvantagens e avaliá-lo na prática, ou seja, vivenciando o progresso de uma disciplina

que faz sua utilização.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Os atuais requisitos para o profissional da engenharia

Antigamente, o engenheiro recém-formado ingressava no mercado de trabalho

sem maiores problemas, pois a tecnologia emergente necessitava de engenheiros para

sua implantação, não havia necessidade em se pensar na qualidade de ensino. Porém, a

escassez de emprego, modelos educacionais ineficientes, excesso de conhecimento

acumulados, dentre outros levaram a um maior distanciamento entre o conhecimento

disponível os métodos disponíveis para lidar com ele (COLENCI, 2000).

Para Roberto (2005) a soma de vários aspectos: expansão do campo de atuação,

mercado de trabalho competitivo, diversificação da atuação entre outros contribuem

para que o engenheiro venha a mudar de emprego ou posição dentro das empresas e a

trabalhar em diferentes setores produtivos. Isso requer deste profissional grande

adaptabilidade e capacidade de adquirir novos conhecimentos.

Demo (1999, pg. 42) resume a situação enfrentada pelos engenheiros:

Primeiro, não basta formar-se para procurar emprego. Haverá

cada vez menos, sobretudo para as áreas intensivas de

conhecimento. Segundo, será fundamental oferecer trabalho, ou

seja, saber formular propostas pertinentes e interessantes, que

chamem a atenção do empregador. Terceiro, será também

fundamental saber montar seu próprio trabalho, como autônomo,

o que depende fundamentalmente da habilidade de pesquisa e

elaboração própria.

Torna-se claro que no mercado de trabalho atual os engenheiros devem ter

criatividade para produzir respostas adequadas a vários tipos de problemas. Isso exige

desse profissional vários tipos de habilidades. Para Colenci (2000) a universidade ainda

possui um modelo tradicional de educação e o aluno ao receber o conhecimento pronto,

não se preocupa em procurar novas soluções para os problemas existentes ou mesmo

identificar novos problemas quando ingressa no mercado de trabalho. O resultado disso

pode ser ilustrado pelo fato de que as grandes organizações desenvolvem programas de

treinamentos, que se estendem até dois anos, como tentativa de fazer esses alunos

adquirirem habilidades que deveriam ser desenvolvidas pelas universidades.

A profissão de engenheiro atual possui uma série de características. Sobre isso

“a adu aà 999 à itaà u à estudoà oà ualà ãoà h à u aà elaçãoà di etaà e t eà oà su esso à

profissional e o desempenho escolar. As correlações mais fortes ocorrem entre o êxito

profissional e fatores pessoais: confiabilidade, iniciativa, entusiasmo, motivação, aptidão

para o trabalho em equipe, aparência física entre outros:

Sacadura (1999, pg. 23) constata que:

A formação dos engenheiros procurados pelas empresas aparece

como um conjunto de três exigências: posse de sólidos

conhecimentos científicos e tecnológicos em geral; profunda

capacidade de observação e de entendimento da realidade, que

não é virtual e exige flexibilidade e poder de adaptação;

capacidade de abstração, modelagem que levem a resultados

fáceis de serem explorados e comunicados.

Nota-se que a profissão do engenheiro envolve várias habilidades, que vão muito

além do que se é ensinado, atualmente, nas escolas de engenharia. Moraes (2002) cita

em sua pesquisa, encomendada pela Escola Politécnica de Engenharia da USP (POLI/USP),

em 1998, visando conhecer o perfil do profissional ideal do novo engenheiro requerido

para o mercado de trabalho de 2002. Nas conclusões observou um conjunto de 72

características e alguns atributos mais valorizados pelo mercado de trabalho obtiveram o

seguinte destaque: 1º - Habilidade para trabalho em equipe; 3º - Iniciativa para tomadas

de decisões; 5º - Fidelização à organização em que trabalha; 6º - Valorização da ética

profissional; 8- Valorização da dignidade/ honra pessoal. Nesse sentido a referida autora

o e taà Oà ueàseào se ouàfoiàaà alo izaçãoàdeàu àse àaut o o,à o à oaà apa idadeà

decisória e crítica para poder avaliar e confiar em suas fontes de informações e ser capaz

deàp oduzi à o he i e tos .à

Silveira (2005) acompanhou discussões entre as quatro École Centrale Francesas

Lille,à L o ,à Na tesà eà Pa is ,à es olasà ueà seà o ga iza a à e à to oà daà fo açãoà deà

engenheiros voltados para trabalhar em empresas, junto à sociedade, em equipes e no

a ie teài te a io al .àO resultado dessas discussões segue no Quadro 1.

Quadro 1 – Formação comum dos egressos das Quatro École Centrale Francesas

Valores

determinação,responsabilidade,disponibilidade, humanismo,

tolerância, a, respeito, cidadania, amor-próprio,humildade, rigor

metodológico;

Competências

saber empreender, exercer espírito crítico, inovar, desenvolver-se

pessoalmente.

Conhecimentos

ciências fundamentais, ciências sociais e humanas, a empresas e

seus setores de atividade, ciências do engenheiro;

Aptidões capacidade de abstração intelectual, rigor.

Fonte: (SILVEIRA, 2005)

Percebe-se que os valores exigidos pelas escolas francesas demonstram o que

disse Moraes (1999, p. 53-66)

O mercado de trabalho está exigindo um profissional capaz de

continuar aprendendo, participando e interagindo com os outros

e, principalmente, um individuo capaz de sentir-se feliz como

pessoa e como profissional [...] é um cidadão com um potencial

cognitivo ampliado, versátil autônomo, capaz de transitar

emocional e intelectualmente pelos diversos caminhos da

sociedade do conhecimento [...].

O atual modelo de ensino na engenharia não supre os requisitos necessários para

a atuação do engenheiro no mercado de trabalho. Na sala de aula convencional, os

alunos são vistos como recipientes vazios a serem preenchidos pelos conhecimentos

fornecidos pelo professor. Os métodos de ensino-aprendizagem empregados na

engenharia não estimulam, nos alunos, o desenvolvimento da criatividade, do

empreendedorismo e da capacidade de aprender autonomamente (RIBEIRO, 2007).

3.2. Como é o ensino na engenharia

Para Roberto (2005) Os currículos de engenharia no Brasil entendem a

aprendizagem como um processo cumulativo linear, supondo que a atividade profissional

consiste da solução de problemas pela simples aplicação da teoria científica.

Esse modelo não sustenta mais as atuais demandas do profissional de engenharia

Moraes (1999, p.5) constata que

[...] O conhecimento especializado está tendo uma duração média

cada vez menor e será, possivelmente, substituído ou

complementado por outro, o que exigirá novos e constantes

aperfeiçoamentos, impondo, assim, novas qualificações e novas

necessidades.

A despeito dessa constatação, percebe-se que através das mudanças tecnológicas

e o rápido avanço da quantidade de conhecimento sendo produzido no mundo, o

engenheiro deve, a todo tempo, reciclar-se com novos conhecimentos, quebra de

paradigmas, equacionamento de novos problemas e fornecimento soluções eficazes.

De acordo com Balzan (1996) nos currículos de engenharia não há espaço para a

resolução de situações-problema em grupos, proposição de novos problemas com apelo à

criatividade [...] àeàosà o teúdosàdasàdis ipli asàsãoài fo aç esà ueàaà iência já legitimou

nunca os dilemas do presente ou o conhecimento empírico que leve ao futuro (CUNHA,

2002).

O grande número de disciplinas deixa aos alunos pouco tempo para estudo

independente e atividades extracurriculares, e quando comparada às instituições

estrangeiras, a carga horária de contato direto professor-aluno, em cursos de engenharia

no Brasil, pode ser considerada alta (ROBERTO, 2005). Também nesse sentido Salum

(1999) advoga que isso ocorre devido ao entendimento de que o professor deve suprir,

na sala de aula, a carência de laboratórios e bibliotecas. Esse modelo curricular é

negativo, pois uma carga horária excessiva de contato direto (aulas, laboratórios, etc.)

sinalizaria um ensino centrado no professor, enquanto a separação das matérias básicas

dificultaria o entendimento da importância da ciência na pratica profissional.

Após a graduação o engenheiro aprenderá outros tipos de atividades, por isso a

escola de engenharia não deveria buscar a capacitação dos alunos em um único tipo de

trabalho. Essa instituição deveria possibilitar que os alunos desenvolvessem suas carreiras

em varias direções e aprendessem como adquirir novos conhecimentos durante a sua

carreira profissional (GÓMEZ RIBELLES, 2000).

Para Escrivão e Ribeiro (2008) o modelo de formação profissional baseado na

transmissão e recepção de conhecimentos demonstra a falta de suporte adequado no

preparo do individuo para a atuação profissional. Os autores acrescentam que esses

modelos convencionais desfavorecem o desenvolvimento de habilidades propostas pelo

mundo profissional: criatividade, flexibilidade, empreendedorismo e a capacidade de

aprender de forma independente.

As instituições de ensino precisam repensar seus objetivos e práticas de ensino, de

modo a prover aos seus estudantes os instrumentos necessários para lidar com os

desafios da realidade. Libâneo (2011, pg. 183) aponta que:

O principal para se chegar a esses objetivos é o ensino que

promove o desenvolvimento das capacidades e habilidades de

pensamentos dos estudantes. Na sala de aula, isso significa juntar

o conhecimento teórico-científico e as ações mentais próprias

desse conhecimento. Aprender a pensar teoricamente é dominar

os processos mentais pelos quais chegamos aos conceitos e às

competências cognitivas, significa dominar os procedimentos

metodológicos das ciências, para aprender a pensar

cientificamente. A ideia é de que ensinar hoje consiste em

considerar a aquisição de conteúdos e as capacidades de pensar

como dois processos articulados entre si.

Na engenharia ainda predominam os métodos convencionais de ensino, ou seja,

aqueles baseados na transmissão/recepção de conhecimentos por meio de aulas

expositivas (SALUM, 1999). Neste ambiente os alunos participam passivamente e seu

desempenho é avaliado por testes que, em geral, medem somente sua capacidade de

memorizar fatos, fórmulas e procedimentos.

Ainda no tema de ensino na engenharia Roberto (2005) discorre que:

áà ultu aà ige teà aà aio ia das instituições de ensino de

engenharia [...] também pode oferecer obstáculos à utilização de

métodos de instrução que favoreçam o desenvolvimento de

atributos profissionais tais como empreendedorismo, habilidades

de estudo autônomo, e de trabalho em grupo. Aspectos tais como

individualismo, a competição excessiva e o isolamento do trabalho

docente parecem ser contrários ao ambiente de cooperação entre

os atores do processo de ensino-aprendizagem [...]

Na formação do engenheiro o professor detém o conhecimento e o transmite,

dentro de sala, em sessões programadas. Nessa ótica, a prática docente é regida pela

solução instrumental de problemas mediante a aplicação de um conhecimento teórico e

técnico (CENTRERAS, 2002). A teoria apresentada não é contextualizada, e os problemas

resolvidos em sala de aula, normalmente, ainda estão longe da realidade encontrada no

ambiente de trabalho (DIB, 1974 apud BELHOT, 2005).

De acordo com Kenski (1996) apud Bianchini e Gomes ( :à [...]à aàsalaàdeàaulaà

tradicional muitas vezes o que ocorre é o diálogo de surdos. Corajosamente, o professor

te taà passa àoà o teúdoàdeàu aà at iaàdeàfo aà asi a e teàte tualàeàli ea

Os alunos não entendem a utilidade do que estão aprendendo, não distinguem os

interesses entre aquilo que tem de aprender com o que, de fato, precisarão aprender

para conquistar um emprego. Em um ambiente tão desanimador dificilmente será

desenvolvido algum tipo de aprendizado. Isso virá a acontecer quando professor e aluno

trabalharem juntos para alcançar o objetivo comum: a construção do conhecimento por

parte do aluno e o desenvolvimento profissional do professor (SILVA; CECÍLIO, 2007).

O método convencional foi criado quando os livros eram raros e caros e a aula

expositiva, centrada na figura do professor, era uma maneira eficiente de transmitir

conhecimentos (DUCH et al.; 2001).

Em relação as avaliações, para Mizukami (1986) o desempenho dos alunos na

engenharia é medido por provas, nas quais a boa memorização é fator para o sucesso.

Caso haja um desempenho insatisfatório, esse é atribuído aos alunos. Desta forma,

analogamente ao modelo de produção em massa, os atores são culpados pelo fracasso

escolar, ao invés de buscar-se a deficiência no processo de ensino-aprendizagem.

(RIBEIRO, 2005).

No caso das aulas praticas de laboratório, os problemas abordados também estão

distantes de uma situação prática na vida profissional de um engenheiro, pois os

problemas já estão prontos (não há necessidade de formulá-los) e há a reposta correta,

que também já foi concluída. Na realidade da prática de engenharia não se dá ao

profissional a possibilidade de escolher o problema com que se quer trabalhar, ele deve

resolver os problemas que lhe são postos e que, muitas vezes, envolvem aspectos não

corriqueiros e cuja solução, em geral, deve satisfazer interesses conflitantes (PRATA,

1999).

Para os alunos, o desenvolvimento da criatividade é fundamental, pois de acordo

com Silva (1999) o novo ambiente de trabalho dos engenheiros seleciona indivíduos

tecnicamente competentes com as habilidades e atitudes compatíveis com uma

organização inovadora.

Para Belhot (2005, pg. 4):

À semelhança de uma linha de montagem, o aluno vai passando

pelo processo de produção – os semestres letivos e as respectivas

dis ipli as . A cada fase do processo de transformação, pontos de

controle (avaliação) são estabelecidos para garantir padrões

mínimos de qualidade, como na manufatura.

O mesmo autor também comenta que nas escolas de engenharia é adotada a

p ti aà deà Massifi açãoà daà Edu ação ,à aà ualà oà p o essoà deà e si oà asse elha-se ao

processo de produção fabril. Os estudantes de graduação tem a capacidade de

aprendizagem e de desenvolvimento intelectual controlada por uma educação

uniformizadora.

Com a adoção desse modelo de ensino, o estudante de engenharia, após a

graduação possui um acumulo de conhecimento, que não possui utilidade no seu

ambiente de trabalho e nem promove o desenvolvimento de habilidades fundamentais

para o exercício de sua profissão.

3.3. A aprendizagem baseada em problemas (ABP)

A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) originou-se na escola de medicina

da Universidade McMaster (Canadá) no final dos anos 1960, inspirado no método de

estudo de casos da Universidade de Harvard, na década de 1920 (SCHMIDT, 1993).

Para Boud e Feletti (1999) a implementação do ABP pode ser encontrada em

vários países, inclusive no Brasil. Apesar de ter sido criada para o ensino de medicina,

seus princípios têm se mostrado sólidos o suficiente para fundamentar aplicações em

outras áreas de conhecimento.

De acordo com Casale (2013) o ABP enfatiza a aprendizagem, ao invés da

instrução. Permite que estudante aprenda a partir de um problema [...] interagindo com

seus pares, us a doà i fo aç es,à to a doà de is esà eà e iti doà julga e to .à Pa aà a

autora quando o aluno busca soluções para o problema, ele se torna mais responsável.

A ABP utiliza problemas da vida real para motivar e facilitar a aprendizagem de

conceitos, procedimentos e habilidades, que são relevantes à futura atuação do aluno no

mercado de trabalho. Esse método não é uma panaceia para todos os males do ensino

superior, mas pode responder a questões educacionais complicadas:

interdisciplinaridade, a integração entre teoria e pratica e a aproximação dos mundos da

escola e do trabalho. A ABP não é uma mera resolução de problemas teóricos, também

não é uma atividade de pesquisa bibliográfica e muito menos o método de estudo de

casos, apesar de compartilhar algumas características em comum. Essa metodologia

utiliza problemas, que terão aplicação na futura formação dos alunos, como profissionais

e cidadãos. Apesar de não resolver todos os problemas da educação no ensino superior, a

Aprendizagem Baseada em Problemas pode fornecer respostas a determinados

p o le as,àtaisà o oàaàalie açãoàdosàalu osà oà i loà si o ,àaàaus iaàdeà i teg açãoà

entre teoria e prática (RIBEIRO C., 2008).

3.4. Os fundamentos da ABP

Várias universidades utilizam diversos formatos de ABP em seus currículos, na

condução da aprendizagem, porém Walsh (2007) cita que elas aderem a determinadas

características-chave:

O ponto inicial, que indicará quais serão os conhecimentos necessários,

apoiam-se no problema;

Os problemas pouco estruturados têm mais de uma possibilidade de

resposta e mudam de natureza quanto mais se descobre sobre eles;

Os estudantes assume responsabilidade por sua aprendizagem;

Os professores tem a função de facilitar a aprendizagem, guiando e

orientando os alunos;

A maior parte do aprendizado ocorre em grupo, de forma contextualizada;

A avaliação é baseada no desempenho, na maneira como o problema é

abordado e na forma como a informação identificada e aplicada na solução do

problema.

O método ABP pode ser utilizado de maneira curricular, parcial ou híbrida. O

formato curricular refere-se a implantação deste método em todo o currículo, já no

formato parcial a ABP é implementado em uma ou mais disciplinas isoladamente. No

formato híbrido a ABP ocupa, paralelamente, uma das posições de um mesmo currículo

(RIBEIRO, 2010).

Para Duch (1996) na ABP os estudantes são desafiados por um problema, o qual se

constituiu no ponto de partida do processo de aprendizagem, ao passo que no ensino

tradicional os conceitos são transmitidos, inicialmente, e somente após sua explanação,

são apresentados os obstáculos para a sua aplicação.

Ainda neste contexto, Engel (1997) afirma que os estudantes identificam os

conhecimentos que possuem, apontam aqueles que precisam saber, apreendem, aplicam

os novos conhecimentos na solução do problema e, provavelmente, geram outros

problemas e mais necessidades de aprendizagem neste processo cíclico e a aquisição do

conhecimento é subjacente ao problema e a sua resolução.

Neste sentido, a ABP enfatiza a capacidade de aquisição do conhecimento

conceitual, à medida que ele é necessário, valendo-se deste conhecimento durante o

processo de aprendizagem em torno do problema. Assim, o ABP não nega a importância

da aprendizagem dos conteúdos e não nega a importância da aprendizagem dos

conteúdos, mas desconhece a utilidade futura do conteúdo memorizado, adquirido em

contextos abstratos (MARGETSON, 1997)

Em relação ao processo de aprendizagem, para Hmelo Silver (2004) há um ciclo,

entendido como processo tutorial ABP. Neste ciclo é destacada a importância da

identificação de conhecimentos falhos relevantes para resolver o problema como uma

parte desse processo, conforme demonstrado na figura 1:

Figura 1 – Ciclo Tutorial ABP

Fonte: Hmelo Silver, 2004.

De acordo com Casale (2013), nesse ciclo, o professor, atuando como facilitador,

apresenta aos estudantes o cenário do problema. Eles o formulam e o analisam na

identificação de fatos importantes em torno do cenário. A identificação dos fatos auxilia

na representação do problema, fazendo com que o compreendam melhor, gerando

hipóteses sobre possíveis soluções. Os conhecimentos deficientes, conhecidos como

questões de aprendizagem, são pesquisados pelos estudantes, e à medida que

pes uisa ,àdese ol e àaàautoap e dizage à[...]

Como esse ciclo se inicia com a apresentação de um problema e se encerra com a

reflexão, os estudantes desenvolvem habilidades necessárias para solucioná-lo, bem

como a aprendizagem autônoma, a colaboração e a aprendizagem ao longo da vida

(HMELO-SILVER, 2004).

De acordo com Schmidt (1983) o conhecimento é construído conforme há

aprendizagem colaborativa enquanto trabalham com o problema com seus pares e

também quando buscam e pesquisam sozinhos, por meio da aprendizagem individual ou

da autoaprendizagem.

Em ABP, os estudantes trabalham em pequenos grupos, ativando os

conhecimentos que possuem e buscando o conhecimento que não tem. Para que ocorra

o entendimento do problema e a tomada de decisão é fundamental que os estudantes

trabalhem em grupos. Para que isso ocorra, o problema não deve ser bem estruturado,

de modo a impedir que respostas simples sejam apresentadas, incentivando que os

estudantes vão além do livro texto, buscando informações em outros recursos e também

entre os membros do grupo. Assim, no ABP, o papel do professor é o de facilitar o

processo de aprendizagem e não o e de fornecer respostas (WHITE, 1996).

De acordo com Burch (2001) a ABP tem o foco do ensino na aprendizagem, pois,

além de estar centrado na resolução de problemas, promove o conhecimento por via de

aprendizagem e descoberta, de modo que os estudantes tenham uma iniciativa

compartilhada de experiência pela descoberta, que promove responsabilidades e

oportunidades para os estudantes tomarem decisões significativas sobre o que estão

investigando, como precederem e como resolverem os problemas.

Em relação ao trabalho em equipe Duch, Groh e Allen (2001) comentam que, no

ABP, os problemas do mundo real são utilizados para que os estudantes identifiquem e

investiguem os princípios e conceitos necessários para trabalhar a extensão desses

problemas. Ao estudarem em pequenos grupos, os estudantes compartilham habilidades

coletivamente, na aquisição, comunicação e integração das informações.

Ribeiro (2008) descreve alguns passos para a implementação do método ABP:

No passo I há a apresentação do problema e a definição dos grupos. Após a identificação

do problema há o passo II, no qual os alunos, orientados pelo professor, discutem o

problema e levantam hipóteses. No passo III, os alunos avaliam as hipóteses, confrontam-

nas com os dados do problema e tentam solucioná-lo a partir de conhecimentos prévios.

Já que não obtiveram sucesso na solução do problema, os alunos levantam pontos ou

questões de aprendizagem (conceitos, teorias, etc.) necessárias passa solucioná-lo e esse

processo constitui o passo IV. Já no passo V ocorre o levantamento de algumas questões:

quais fontes serão utilizadas? Quando e como as novas informações serão

compartilhadas? Ao buscarem conceitos e informações de forma autônoma (Passo VI) e

ao compartilharem-nas em encontros não tutorados (Passo VII), aplicando os conceitos

na resolução dos problemas, até chegarem a uma resolução satisfatória. (Passo VIII). Ao

final, os alunos produzem algo concreto (relatório, projeto, planta, etc.), que é

apresentado para o tutor (Passo IX) e também avaliam o processo, seu produto, o

trabalho em grupo e o desempenho dos demais integrantes do grupo (Passo X).

Para a implementação de do método ABP (RIBEIRO C. 2008) descreve alguns

passos:

Figura 2 – Sequencia de ciclos de trabalho para a implementação da ABP

Fonte: Ribeiro C., 2008

3.5. O desenvolvimento de competências transversais

Para Le Boterf (2003), competência pode ser entendida, em sentido amplo, como

um saber em ação. Competência envolve, portanto, uma junção de conhecimentos (saber

o quê fazer), habilidades (saber como fazer, ter a capacidade de) e atitudes (estar

motivado para fazer, interagindo com o meio de modo apropriado a fim de atingir o

objetivo). A importância desse conceito para as áreas da educação e do trabalho está no

fato de que o que se espera de um bom profissional não é apenas conhecimento teórico

ou técnico sobre um assunto, mas sim que este demonstre competência, ou seja, que

saiba aplicar os conhecimentos em situações da vida real, sabendo ajustar-se a diferentes

contextos (LE BOTERF, 2003; MORENO, 2006).

As competências transversais de trabalho podem ser entendidas como atitudes,

capacidades e habilidades do indivíduo que contribuem para uma atuação eficaz em

diferentes situações de trabalho, sendo transferíveis de um contexto para outro ao longo

da vida (MORENO, 2006). Alguns exemplos são a capacidade de trabalho em equipe, a

responsabilidade e a comunicação. Elas se distinguem, portanto, das competências

técnicas que dizem respeito ao desempenho em tarefas específicas de cada profissão. As

competências transversais, assim, são elementos que favorecem o bom desempenho no

mundo do trabalho, uma vez que ajudam os sujeitos a lidarem melhor com diferentes

tipos de situações laborais e facilitam a aplicação das suas competências técnicas

(MORENO, 2005).

Os empregadores valorizam em seus empregados muitas habilidades que não

estão presentes nos currículos de formação superior (CAMPOS ET AL, 2008; FRAME &

CANTER, 2001).

Devido a grande quantidade de definições de competências transversais, para este

trabalho tomou-se como referência inicial um modelo descrito por Moreno (2006)

aplicável ao contexto do ensino superior. Este modelo especifica sete competências

transversais (autonomia, iniciativa, resolução de problemas, trabalho em equipe,

organização no trabalho, responsabilidade no trabalho e relações interpessoais).

As definições de cada dimensão utilizadas neste estudo, baseadas em Moreno e

no modelo LJMU PLUS (LIVERPOOL JOHN MOORES UNIVERSITY, 2006), foram as

seguintes: 1) Resolução de Problemas (habilidade para enfrentar e dar resposta a uma

situação determinada mediante a organização e/ou aplicação de uma estratégia de

sequência operativa (identificar, diagnosticar, formular, solucionar e avaliar), definida ou

não, para encontrar uma solução; 2) Organização (habilidade para criar as condições

adequadas de utilização dos recursos humanos e/ou materiais existentes, para concluir

tarefas com o máximo de eficácia e eficiência); 3) Responsabilidade (capacidade de se

demonstrar implicado no trabalho; caracteriza-se pelo zelo por um bom funcionamento

dos recursos humanos ou materiais relacionados com a tarefa de trabalho); 4) Trabalho

em Equipe (habilidade para colaborar de maneira coordenada para a tarefa realizada

conjuntamente por uma equipe de pessoas, com o propósito de atingir objetivos

comuns); 5) Autonomia (capacidade para realizar uma tarefa de forma independente,

sendo capaz de decidir sobre sua execução e de executá-la do início ao fim sem

necessidade de receber nenhuma ajuda externa ou apoio); 6) Relação interpessoal

(habilidade para comunicar-se com outras pessoas com um trato adequado, com atenção

e empatia); 7) Criatividade e flexibilidade (capacidade de ajustar-se a novas circunstâncias

e situações, sendo capaz de mudar o modo de agir e pensar com o propósito de melhorar

o resultado do trabalho);

3.6. A função do problema em ABP

Para Hmelo Silver (2004) o problema deve incentivar o pensamento flexível, ser

complexo, pouco estruturado e de fim aberto. Também deve estar relacionado com a

realidade e possibilitar o feedback dos alunos, para que estes possam avaliar a

efetividade de seu aprendizado, raciocinando e desenvolvendo novas estratégias. Os bons

problemas também desenvolvem habilidades de comunicação conforme os estudantes

apresentam seus planos para a sala. Problemas multidisciplinares devem ajudar a

construir um conhecimento extensivo e flexível visto que a informação não é obtida de

maneira isolada.

Quando os estudantes criam hipóteses e as apresentam para os outros membros

do grupo, eles articulam, publicamente, a atual condição de seu aprendizado, reforçando

a construção do conhecimento e fixando um patamar para novos aprendizados

(KOSCHMANN et al.; 1994).

De acordo com Barrows (1996) os problemas são como o amálgama do currículo

ABP,à a uiloà ueàoà to aàeàoà a t à oà t ilho .à “egu doà Bá‘‘OW“;à ,àe te de à

um fenômeno intrigante, encontrar uma melhor maneira de fazer algo, uma melhor

forma de projetar alguma coisa, de construir algo ou de criar uma obra de arte também

podem ser considerados problema neste método Malbanese & Mitchell (1993)

comentam que o problema em ABP deve ser real, ou potencialmente real, de forma que o

gerenciamento afete os resultados.

De acordo com Ribeiro (2008):

O problema deve ser facilmente encontrado na prática

profissional, abranger conceitos de várias disciplinas, oferecer (se

for incomum, um bom modelo para estudo, afetar uma grande

quantidade de pessoas e apresentar um emaranhado de questões

e sub-questões. Ademais é fundamental que o problema escolhido

favoreça a transferência não específica de conhecimentos [...]

Quanto menos estruturado o problema, maior a probabilidade de

desenvolvimento de habilidades de solução de problemas e/ou estudo autônomo

(BARROWS, 1996). Um problema é fracamente estruturado quando atende duas

condições: não existe um único caminho para investigá-lo e o mesmo muda na medida

em que novos conhecimentos são aprendidos (STEPIEN & GALLAGHER, 1998). Neste

sentido, Gordon (1998) estudou os tipos de problemas que são mais usuais em ABP e

dividiu-os em três categorias:

Desafios acadêmicos – problemas oriundos da estruturação de conteúdos de uma

área de estudo. Servem também para desenvolver a capacidade de construir

conhecimento e trabalhar colaborativamente;

Cenários – problemas em que os alunos assumem funções de acordo com suas

futuras atuações profissionais, em contexto da vida real ou em simulações. Com

isso, começam a se ver em papéis reais na medida em que desenvolvem

conhecimentos e habilidades necessárias para o sucesso na escola e além desta;

Problemas da vida real – exigem soluções reais e envolvem diretamente os alunos

na exploração de uma área de estudo, cujas soluções são potencialmente

aplicáveis em seus contextos de origem.

O problema também pode ser apresentado na forma de texto, vídeo ou algum

caso da realidade de uma empresa, indústria etc. Um exemplo típico de engenharia é

fornecido por Nielsen (2000)

Um produtor dinamarquês de facas tem um problema com

relação à moldagem de cabos de plástico. Eles colocam as lâminas

manualmente no molde, e moldam, por injeção, os cabos em volta

delas. Isto constitui um problema porque: (a) um empregado tem

que ficar junto à máquina durante a produção; (b) de forma a

moldar o mesmo cabo em diferentes tipos de lâmina, um número

grande de peças intercambiáveis tem de ser utilizadas para

facilitar o processo ( estas peças são caras e estragam

frequentemente). A empresa gostaria de ter um método mais

barato de produzir cabos.

3.7. A função dos alunos

O ensino no modelo de Aprendizagem Baseada em Problemas envolve

transformações e alunos e docentes, conforme o quadro abaixo:

Quadro 2 – Principais diferenças entre os papéis dos alunos e docentes na sala de aula convencional e na ABP.

ABORDAGEM CONVENCIONAL ABORDAGEM ABP

Docentes trabalham isoladamente. Docentes trabalham em equipes,

com membros de outras

escolas/universidades.

Docentes organizam o conteúdo na

forma de palestras, baseados no

contexto da disciplina.

Docentes concebem cursos

baseados em problemas, delegam

autoridade com responsabilidade.

Alunos trabalham isoladamente Alunos interagem com os docentes.

Alunos absorvem, transcrevem,

memorizam e repetem informações

para realizar tarefas de conteúdos

específicos, tais como testes e

exames

Docentes preparam cursos

baseados em problemas de fraca

estruturação que colocam o aluno

como construtor do aprendizado.

Aprendizagem é individualista e

competitiva

Aprendizagem ocorre em um

ambiente de apoio e colaboração.

álu osà us a à espostaà o eta à

para obter sucesso em uma prova.

Docentes ajudam os alunos a

equacionarem problemas,

explorarem alternativas e tomarem

decisões.

Desempenho avaliado com relação

a tarefas de conteúdo especifico

Alunos resolvem problemas

utilizando conhecimentos prévios

Fonte: (SAMFORD UNIVERSITY, 2000)

A delegação da autoridade com responsabilidade sobre a aprendizagem aos

alunos prepara-os para se tornarem aprendizes por uma vida toda. Essa habilidade é

extremamente útil nas áreas de engenharia já que se estima que metade do

conhecimento aprendido durante a graduação estará desatualizada quando os alunos

iniciarem sua vida profissional (BARROWS, 2001).

3.8. A função do professor

Em ABP, o professor possui um papel fundamental no processo de aprendizagem

dos alunos, pois ele tem a função de facilitar, orientar e apoiar o trabalho em grupo,

zelando para que o grupo conduza de forma apropriada seu processo de aprendizagem. O

professor também deve despertar e estimular os estudantes a tornarem-se ativos e

participativos, já que os estudantes estão acostumados com os modelos convencionais de

ensino (CASALE, 2013).

Nesse sentido, (HMELO-SILVER; BARROWS, 2003) comenta que o

professor/facilitador é um especialista em aprendizado, capaz de fornecer boas

estratégias para aprender e pensar, ao invés de ser um especialista apenas no conteúdo.

O facilitador alicerça o aprendizado do aluno através de orientações e também os

ajudando a formularem as questões corretas.

De acordo com Hmelo Silver (2004) o facilitador também possui algumas funções

fundamentais, : (a) guiar o desenvolvimento de habilidades de raciocínio encorajando os

estudantes a justificarem suas conclusões e (b) externalizar a reflexão, propondo

questões apropriadas aos alunos; (c) modelar a resolução do problema (d) ajudar os

estudantes no aprendizado coletivo.

3.9. Desvantagens

Para Powell (2000) a ABP obriga os alunos a trabalharem no ritmo ao ritmo do

grupo e pode ser frustrante para os alunos que apresentam dificuldade em trabalhar

desta forma. Em relação ao trabalho docente, o mesmo autor sugere a impossibilidade de

trabalhar todos os conteúdos por meio de projetos, a dificuldade de motivar os alunos a

aprenderem as matérias básicas, que não fazem parte do projeto mas lhe dão suporte e

também o fato do trabalho ser em grupo dificulta a avaliação do desempenho individual.

Alunos individualistas, competitivos e introvertidos podem não se adaptar à

natureza participativa e colaborativa deste método e também o aluno terá aumentado o

tempo de dedicação ao estudo, principalmente no que se refere nas implementações

parciais de ABP. Esse aumento de demanda do tempo também é um fator complicador

para os docentes, pois esses acabam tendo menos tempo para se dedicarem a atividades

acadêmicas mais valorizadas (RIBEIRO C, 2008).

3.10 Vantagens

Para Powell (2000) a ABP possui a vantagem de motivar o aluno a trabalhar e a

aprender a aprender, pois já que há trabalho em grupo, há mais comunicação entre os

alunos e estes estabelecem mais parcerias entre si. Os alunos também demonstram mais

iniciativa, descobrindo o que não sabem, procurando que precisam para trabalhar no

projeto e também aprendem a respeitar mais prazos estabelecer mais os prazos

estabelecidos por colegas e tutores.

No mesmo sentido Ribeiro (2008) comenta que a ABP torna a aprendizagem mais

dinâmica e prazerosa, compartilhada tanto por alunos como por docentes. Os alunos

desenvolvem um apreço pelo estudo e consequentemente, a disposição para a

aprendizagem autônoma por toda a vida. Ainda para esse autor, o ambiente de

aprendizagem em ABP fomenta a camaradagem e o desenvolvimento de habilidades

comunicativas e sociais. Isso ocorre devido ao trabalho em grupo, durante o qual os

alu osàap e de àaà espeita àopi i esàdi e sasàeàaà o st ui à o se sos .

4. METODOLOGIA

4.1. Método de pesquisa

O método de pesquisa utilizado nesse trabalho será a pesquisa Survey, também

conhecida por pesquisa de avaliação com uma abordagem exploratória.

Para Miguel (2010), a primeira etapa da pesquisa é estabelecer os objetivos para

que o planejamento possa ser realizado. Na fase de planejamento deve-se definir quando

será feita a pesquisa, quantas pessoas participarão e como os elementos participantes

serão selecionados. Caso seja utilizado um questionário, deve-se considerar: como

perguntar, o que perguntar, quantas perguntas devem ter no questionário. A próxima

fase é a de coleta de dados, sendo seguida de uma análise dos dados obtidos.

A pesquisa Survey explanatória objetiva identificar a existência de uma

determinada situação, suas causas e se existe relação entre a situação e a teoria

proposta. A exploratória pretende buscar novos conceitos a serem medidos ou identificar

quais conceitos são adequados para serem medidos e também como devem ser medidos

(FREITAS et al. 2000).

Neste trabalho será utilizado o Survey explanatório, pois a partir das teorias e conceitos

do ABP serão analisados os comportamentos, ideias e conclusões da população a ser

analisada.

Podem ser aplicados dois tipos de amostragem: probabilística e não probabilística.

Na primeira, toda a unidade da amostra, pode ser escolhida com a mesma chance. Para

que esta escolha seja ótima a seleção aleatória é feita, geralmente, por sorteio em tabelas

de números aleatórios ou por programas de computador (DUARTE, 2010).

Para esta pesquisa a amostragem foi probabilística foi todos os alunos terão a

mesma chance de serem escolhidos, mesmo que aleatoriamente.

4.2. O Curso de Engenharia Química

O curso de Engenharia Química é oferecido nos períodos noturno e diurno, sendo

que o diurno tem a duração de 10 semestres e o noturno, 12 semestres.

A Engenharia Química trata, em sua essência, de processos industriais nos quais a

etapa mais importante envolve transformações químicas. Assim, o engenheiro químico é

o profissional capacitado a executar, além dessa atividade fundamental, também o

projeto, montagem e operação de indústrias químicas, bem como a atuar em áreas

correlatas tais como: manutenção, controle e qualidade, marketing, assistência técnica e

outras. (EEL, 2015)

Segundo as Diretrizes Gerais para Cursos de Engenharia no Brasil:

O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando

egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista,

humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver

novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na

identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos

políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética

eàhu a ísti a,àe àate di e toà sàde a dasàdaàso iedade. (BRASIL,

2002)

O principal campo de atuação do engenheiro químico é constituído pelas

indústrias químicas. Em seu sentido mais amplo, a indústria química abrange, além da

fabricação de produtos químicos propriamente ditos, também os setores de

petroquímica, tintas e pigmentos, detergentes, plásticos e borrachas, celulose e papel,

cimento, fertilizantes, alimentos, fármacos, novos materiais, processos biotecnológicos

etc. Outro campo importante de atuação do engenheiro químico é a preservação do meio

ambiente, inclusive em campos não ligados diretamente à indústria química, como o

tratamento e reciclagem de resíduos urbanos e industriais. (EEL,2015)

4.3. O universo da pesquisa

O universo da análise é composto por todos os alunos e professores envolvidos na

disciplina P ojetosà Espe iaisà e à E ge ha ia do 2º semestre de 2015 na Escola de

Engenharia de Lorena (EEL)

4.3.1. Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada através de um questionário com perguntas abertas

e também de múltipla escolha. As entrevistas foram feitas via e-mail ou através de

conversas com os docentes.

O autor acompanhou, pessoalmente, as atividades realizadas pelos alunos e

anotou, também desenvolveu os questionários e aplicou-os.

As entrevistas colhidas por meio de gravação foram transcritas.

4.3.2. Análise de dados

A análise e interpretação é um processo que nos estudos de caso se dá

simultaneamente à sua coleta (GIL,2010).

As pesquisas documentais estão exibidas no formato de texto, tabelas e figuras,

de acordo com o que se fez necessário.

Na etapa de análise de dados será feito um levantamento das informações obtidas

através do questionário. Com isso, foram analisadas as porcentagens de respostas em

cada item do questionário (Discordo Totalmente, Discordo Parcialmente Concordo

Parcialmente, Concordo Totalmente, Não foi possível avaliar) geraram discussões em

relação a efetividade da aplicação do método ABP.

4.3.3. Instrumentos de coletas de dados

Um estudo de caso requer a utilização de múltiplas técnicas de coleta de dados.

Isto é importante para garantir a profundidade necessária ao estudo e a inserção do caso

em seu contexto, bem como para conferir maior credibilidade aos resultados. (GIL, 2010)

A coleta de dados, realizada no segundo semestre de 2015, no caso dos

professores, foi feita por entrevistas, que foram gravadas e transcritas posteriormente.

No caso dos alunos, foi respondido um questionário (ÂPENDICE A) em dois momentos: na

terceira semana de aula e décima terceira semana de aula.

Os principais instrumentos usados para esta pesquisa foram: a) Entrevista com os

Tutores; b) Questionário com os alunos.

4.4. Entrevista com Tutores

Uma entrevista foi realizada com cada um dos professores tutores no início do

mês de setembro. As seguintes questões foram formuladas para todos:

1- Você já trabalhou com ABP? Se sim, há quanto tempo?

2- Qual a sua opinião sobre a ABP no ensino de engenharia?

3 - Quais são as atividades que você desempenha com os alunos?

4-Quais são as dificuldades que surgiram até agora?

5-Quais foram os resultados obtidos até agora?

6-A ABP desenvolve habilidades que serão utilizadas pelos alunos quando trabalharem

com engenharia?

7-Quais são as principais diferenças entre os alunos de ABP e os alunos de uma turma

comum?

5. O PROJETO

5.1. Definição do projeto

A disciplina Projetos Especiais em Engenharia foi oferecida no segundo semestre

de 2015 aos alunos da EEL em colaboração com a UNIFEI e a Empresa Johnson & Johnson.

Cada grupo receberá um projeto a ser definido pela Empresa e deverá propor, ao longo

do semestre, uma solução para o problema apresentado. Haverá dois tutores para cada

grupo, um da Escola e um da Empresa (EDITAL PROCESSOS ESPECIAIS EM ENGENHARIA,

2015).

5.2. Objetivos do projeto

O objetivo do projeto foi proporcionar aos alunos o aprendizado baseado em

problemas reais da indústria para que desenvolvam habilidades fundamentais para a vida

profissional: trabalho em equipe, gerenciamento de projetos, criatividade, comunicação

etc. e também a consolidação do conhecimento de engenharia adquirido no curso.

Durante a resolução dos problemas os alunos deverão: (a) trabalhar em equipes; (b)

desenvolver soluções inovadoras; (c) gerenciar projetos e cronogramas; (d) identificar

problemas; (e) formular e desenvolver projetos; (f) especificar e resolver os problemas.

5.3. A equipe do projeto

Foram formadas 5 equipes no total cada uma delas com 7 alunos. Cada grupo tem

um professor responsável, que é chamado de Tutor.

O tutor foi nomeado pelo professor da disciplina para cada grupo.

O professor orientador da disciplina criou um grupo no Facebook, através do qual

há o compartilhamento de informações, materiais (cronograma, slides, etc) relacionados

à disciplina e também acerto de datas e horários relacionados às visitas.

O “po so àJoh so à&àJoh so à àu àp ofissio alà ueàt a alhaànesta empresa e é

responsável por fornecer os dados relacionados aos problemas. Os alunos fazem reuniões

com o Sponsor, em que há troca de informações relacionadas ao projeto.

Para cada grupo havia objetivos específicos, conforme o Quadro 3.

Quadro 3 – Objetivos Específicos de cada grupo

Grupo Objetivo Projeto

1 Elaborar um controle estatístico de processo para a área de embalagem secundária dos produtos nas máquinas Bodolay e Selovac I e II

Controle Estatístico de Processo

2 Elaborar um projeto para utilização da água de descarte dos sistemas de purificação dos Laboratórios do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

Reutilização da Água de Descarte dos Sistemas de Purificação (Elix)

3 Desenvolver um sistema que possa ser utilizado para registro de informações de produtos de materiais recebidos pelo laboratório de Pesquisa Microbiológica

Gerenciamento de Análises Microbiológicas

4 Criar um sistema que possa ser validado, para gerenciamento de gerações de microorganismos utilizados no laboratório de Pesquisa microbiológica. Atualmente este controle é feito em fichas confeccionadas em gráfica e o registro

Gerenciamento das Gerações de Microorganismos em R&D Micro

é manual

5 Buscar certificação de 50% do volume total de testes executados em materiais de acondicionamento.

Controle Estatístico de Processo

Fonte: Programa EPS, 2015

5.4. A execução do projeto

Para o desenvolvimento do projeto foi apresentado, primeiramente, um cronograma

de aulas teóricas a serem desenvolvidas durante o semestre, conforme a Quadro 4.

Quadro 4 : Cronograma do projeto

Data Atividade

03/ago Início aulas - seleção dos alunos participantes - entrevista

12/ago Primeira aula - Framework "Método de Solução de Problemas" - teoria e exercício

19/ago Primeira visita

26/ago Segunda aula - Gerenciamento de projetos com foco no Stakeholder

02/set Terceira aula - Metodologia de Avaliação

16/set Quarta aula - Comunicação

23/set Segunda visita

14/out Terceira visita

4/nov Quinta aula – apresentação dos projetos para os tutores

04/dez Apresentação dos projetos na empresa Johnson & Johnson Fonte: Cronograma da Disciplina

Também foi apresentada a definição dos papéis dos professores e alunos no

projeto, de acordo com os dados apresentados no Quadro 5.

Quadro 5: Definição dos papéis dos professores e alunos no projeto

Papel do Tutor EEL e J&J

Entender o objetivo do projeto Orientar e motivar os alunos Ajudar o time a superar eventuais

dificuldades

Papel do aluno Entender o objetivo do projeto Executá-lo para sentir as dificuldades

Utilizar-se do apoio dos tutores

Fonte: Edital da Disciplina Projetos Especiais em Engenharia, 2015

Antes da primeira aula foi feita a seleção dos alunos, através de entrevistas e

análise de currículo, seguindo alguns critérios determinados no Edital da Disciplina.

Na primeira aula um professor convidado explicou para os alunos o M todoàdeà

“oluçãoà deà P o le as . Os alunos estavam muito interessados no assunto e fizeram

várias perguntas relacionadas a teoria que foi apresentada e também, sobre maneiras de

aplicá-la durante a execução do projeto.

Na segunda aula, o professor fez perguntas sobre o andamento das reuniões dos

grupos e também sobre a situação do relacionamento interpessoal dos alunos com os

tutores. Todos os grupos responderam as perguntas e a maior dificuldade encontrada por

eles foi a coleta das amostras, comunicação com os funcionários da empresa e

cumprimento do cronograma. Em seguida, foi explicada a teoria sobre Gerenciamento

de Projetos à eà pa aà apli -laà foià feitaà u aà a liseà daà úsi aà Edua doà eàM i a ,à ueà

perte eàaà a daà LegiãoàU a a .àNoà o e toàdessaàati idade,àosàalu osàassisti a àu à

vídeo dessa música e posteriormente desenvolveram um projeto no qual deveriam

construir uma casa para os personagens da referente música, e o fizeram utilizando os

conceitos de gerenciamento de projetos.

A terceira aulaà foià so eà T i asà deà Co u i ação à eà oà p ofesso à falouà so eà

técnicas para fazer uma boa apresentação utilizando corretamente o DataShow. No final

foi marcado um ensaio para a apresentação, pois a aula seguinte foi a visita na empresa.

Alguns grupos participaram de i ià u sos à o àout osàp ofesso esàpa aàap e de e àa

dominar sobre as ferramentas utilizadas para resolver os problemas.

Na segunda visita os alunos apresentaram o plano de ação em que eles explicaram

o que seria feito na etapa de execução do projeto. Todas as apresentações foram ótimas,

os alunos conseguiram demonstrar claramente o projeto, cumpriram o limite de tempo e

também lançaram mão de as ferramentas que foram ensinadas em sala de aula. Após as

apresentações realizaram-se reuniões entre os alunos, tutores e sponsors. Nessa ocasião,

o tutor forneceu as ideias, que eram discutidas entre o grupo e o sponsor explicou o que

deveria ser analisado e melhorado durante e execução do projeto. Quando o grupo

lançava alguma ideia o sponsor analisava-a baseado na própria experiência de trabalho e

então eram surgiam mais discussões.

Na quarta aula uma professora convidada falou sobre T a alhoàe àE uipe àNoà

início a professora fez perguntas relacionadas às dificuldades das equipes e a partir das

respostas dos alunos ela fornecia ferramentas de apoio que os ajudavam. Na segunda

parte da aula os alunos reuniram-se em grupos e fizeram um teste para buscar

similaridade de opiniões entre os integrantes de cada grupo. A maioria dos grupos não

tinha opiniões parecidas e tal fato poderia gerar dificuldades ao resolver problemas. Mas

também foram apresentados métodos para lidar com essas dificuldades de

relacionamento interpessoal.

Na quinta aula os grupos realizaram o último treino antes da apresentação final.

Alguns grupos já haviam terminado o trabalho e outros estavam nas etapas finais. Um dos

grupos desenvolveu um software em planilha eletrônica para resolver um problema no

laboratório da Johnson. Esse software possuía varias linhas de programação e era de alta

complexidade. Para construí-lo os alunos fizeram pesquisas com aulas na internet e foram

desenvolvendo, em grupo, as linhas de programação. Isso mostra a busca pelo

conhecimento e um grande senso de autonomia por parte dos alunos. No final de cada

apresentação, os tutores e também o professor responsável pela disciplina fizeram

perguntas e deram orientações para melhorar o trabalho. Foi nítida a evolução na

confiança dos alunos ao explicar o tema e os trabalhos eram de alta qualidade.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Perfil dos Tutores

Os professores eram de diferentes Departamentos da EEL. Eles possuíam perfis

distintos, com áreas de formação diferenciadas, quase todas em engenharia. Alguns

professores são jovens de carreira, outros possuem mais experiência, mas todos estão

buscando uma metodologia eficiente, que possibilite aos alunos de Engenharia novas

formas de aprendizagem, conforme é representado pelo Quadro 6:

Quadro 6 – Perfil dos tutores

Grupo Área de Formação Tempo como Professor

1 Engenharia Química 10 anos

2 Química 15 anos

3 Farmácia e Bioquímica 30 anos

4 Engenharia Química 1 ano

5 Engenharia Química 11 anos

Fonte: Autor

6.2. Entrevista com os tutores

Os tutores de cada grupo foram entrevistados1 e a análise das entrevistas permitiu

inferir que os tutores percebiam que os alunos estavam motivados e engajados na

disciplina. De forma geral, todos os tutores perceberam um forte vínculo entre as

habilidades aprendidas pelos alunos e a aplicação dessas na realidade profissional do

engenheiro.

1 As entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente, da mesma maneira em que foi falado pelos entrevistados.

Em relação às experiências anteriores relacionadas à ABP, houve variação nos

resultados pois para alguns professores esse foi o primeiro contato com a metodologia

enquanto que outros eram mais experientes.

Já tive experiências anteriores com essa metodologia com outras turmas de

engenharia. Essa é a terceira turma que acompanho. (Tutor 5)

Nesse modelo com empresas é a primeira vez. Às vezes eu aplico simulação de

problemas na sala de aula, principalmente na pós-graduação. (Tutor 4)

Sim, trabalho com ABP desde 2013 (Tutor 1)

Quanto a utilização da ABP no ensino de engenharia as opiniões foram positivas e

houveram diferentes pontos de vistas, todos ressaltando os benefícios dessa metodologia

tanto para o professor quanto para o aluno

Muito interessante porque o aluno tem a oportunidade de trabalhar com uma

empresa. Quando o empresário procura um novo profissional ele quer alguém que

esol aà p o le asà deà p o essoà eà h à u à t ei a e to à desseà o oà e ge hei o.

Toda vez que há um problema muito sério na empresa busca-se por um novo

profissional. (Tutor 3)

Traz muito ganho para o aluno, coloca o aluno em uma situação em que ele tem

mais contato com situações práticas, solução de problemas é algo muito proveitoso

para o aluno. (Tutor 5)

Acho excelente: é um problema real e muitas vezes na sala de aula falta um

problema mais palpável. A ABP contribui para o raciocínio crítico no qual o aluno

deve aplicar o conhecimento e não apenas absorvê-lo. Coloca o aluno mais

próximo do que é uma empresa e isso gera mais interesse. (Tutor 4)

Os alunos estão aprendendo na prática e resolvendo os problemas em equipe.

Observo que estão motivados e há um desenvolvimento crítico em questão. (Tutor

2)

A ABP é um enorme diferencial na engenharia, com essa metodologia é possível

que o aluno aprenda na prática, aprenda com os erros e trabalhe em equipe. (Tutor

1)

Na pergunta relacionada ao tempo gasto como tutor, as respostas variaram em

função das características dos grupos: alguns tinham reuniões semanalmente e

conversam mais com os tutores, outros eram mais independentes e após realizarem as

tarefas, solicitavam comentários do tutor.

Nessa fase, não muito. Deixei com eles o entendimento e a resolução do problema.

Olhei a apresentação, fiz alguns comentários para que eles se sentissem mais

seguros em relação ao trabalho. A partir de agora, na parte de execução, farei um

monitoramento mais frequente do processo. Também ouvi as opiniões deles e

forneci minha opinião. Não fiz o papel de líder, me sinto mais no aspecto de ser

um consultor: eles tomam a iniciativa e eu apenas forneço opiniões. Essa é apenas

a avaliação de uma pessoa que está de fora e analisa a capacidade deles de se

organizarem. (Tutor 4)

Fui à primeira visita da empresa e uma das alunas me procurou para atendimento,

fiquei uma hora e meia conversando com ela. Sinto que são necessárias duas

reuniões por mês: uma reunião com os responsáveis da empresa e outra com o

grupo. (Tutor 3)

No início, o tempo de acompanhamento foi maior, pois envolveu algumas visitas na

empresa com o grupo e também nas aulas. Mensalmente, tenho gasto 4 horas com

o grupo fora as visitas. (Tutor 2)

Difícil estimar, há grupos que costumam tomar bastante tempo, me procuravam

mais de uma vez por semana, outros grupos me procuravam menos. Gastamos

mais tempo no contato indireto ( edesàso iais,à hatsapp àdoà ueà oàpessoal.àH à

outras disciplinas que leciono e eles são meus alunos então eles conversam

comigo. Encontro-me com eles pelo menos uma vez por semana, a maior parte do

tempo via internet. (Tutor 5)

Responderei honestamente essa questão, tenho gasto muito menos tempo do que

deveria. O grupo quase não me procura e devido a muitas outras atividades que

acabo não indo atrás. Confesso que deveria estar mais presente. (Tutor 1)

Quanto às atividades que foram desempenhadas com os alunos, a maioria dos

tutores tentou não interferir muito no trabalho e forneceu orientações para que os

alunos adquirissem confiança na execução e também na apresentação dos trabalhos.

Tenho realizado algumas reuniões mas não tenho contribuído muito do ponto de

vista técnico pois eles estão fazendo mini cursos com outros professores. Tenho

acompanhado o trabalho deles. De agora em diante procuro me informar sobre o

andamento do projeto, eles já não tem mais a necessidade de ficar me

perguntando. Até o plano de ação me consultavam bastante, mas agora isso

mudou. (Tutor 5)

Acompanhamento via facebook e conversas com feedbacks, orientações,

acompanhamento. Temos um grupo separado da disciplina em que há todas as

trocas de informações e tenho feito o monitoramento disso. Deixo que se

organizem e tento não interferir muito. (Tutor 4)

Tento suscitar discussões produtivas e corrijo os rumo quando ele se afasta do

tema proposto . (Tutor 2)

Na pergunta relacionada às dificuldades que surgiram ao longo do projeto alguns grupos

tiveram problemas em coletar os dados e cumprir os prazos. Mas a visão dos tutores foi a de que

os alunos conseguiram lidar com os problemas, resolver as situações e principalmente aprender

com essas experiências.

Na semana passada tiveram de fazer uma visita a mais, pois a definição do

problema não foi muito bem explicada. Isso geraàu aàte sãoàde idoà à deadli e

mas muitas vezes nem toda a coleta de dados depende de você e isso pode gerar

um gargalo na execução e de certa forma isso foi algo benéfico pois eles ficaram

preocupados e correram atrás de várias pessoas. (Tutor 4)

Eles trabalham muito bem, conseguiram distribuir tarefas, não surgiram atritos.

Houve um problema no início, pois os alunos ti ha àu à e toà edo àeàti e a à

problemas para conseguir os dados e tiveram de fazer um plano de ação mesmo

sem ter os dados que iriam utilizar. Eles caminharam no escuro durante um tempo,

mas foram na direção certa. Mesmo com o atraso eles conseguiram realizar o plano

de ação. (Tutor 5)

Sou professora de Engenharia Bioquímica e grande parte do grupo é de Engenharia

Química. Se o grupo fosse formado com alunos da minha especialidade o trabalho

seria mais eficiente. (Tutor 2)

Temos dificuldades de acesso à empresa para coletar os dados e também para

definir qual seria realmente o escopo do projeto. (Tutor 1)

Em relação aos resultados, os tutores observaram evolução nos participantes do

grupo, pois eles aprenderam a lidar melhor com as diferenças de opiniões e também com

a administração do tempo.

As tarefas estão bem dividas e qualquer um tem capacidade de entender muito

bem o que a outra pessoa está fazendo. Percebo o aprendizado relacionado a lidar

com pessoas, trabalhar com prazos e resolver imprevistos (Tutor 4)

O trabalho do grupo foi melhorando no decorrer do processo. Os alunos

aprenderam a respeitar o tempo de cada um, conseguem dividir bem as tarefas e

apesar de ter pouco tempo estão muito empenhados e dedicados à disciplina.

(Tutor 5)

Percebo que os alunos estão muito motivados e engajados no que estão fazendo

(Tutor 2)

Nós conseguimos definir as variáveis fundamentais para o desenvolvimento do

projeto e isso mostra um bom resultado (Tutor 1)

Na questão relacionada sobre a ABP desenvolver habilidades que os alunos

utilizarão quando trabalharem com engenharia os tutores concordaram que a ABP é uma

metodologia que possibilita ao aluno desenvolver ferramentas que lhe serão úteis no

exercício da profissão.

Sim, acho que desenvolve. Por exemplo, outra habilidade que eu percebo que é

difí ilà e à e à out asà dis ipli asà à aà possi ilidadeà doà alu oà o e à at s à daà

metodologia de solução. Numa disciplina normal nós já ensinamos como resolver o

problema. Em ABP, aluno tem que elaborar a busca pelas ferramentas para

resolver o problema, diferentemente de disciplinas convencionais. Acho que isso

será exigido no exercício da atividade profissional, o empregador quer que o

engenheiro busque soluções para as dificuldades surgidas. Apresentamos o

problema e quem teve buscar informações e a metodologia é o aluno então a

disciplina se aproxima muito mais da vida profissional. (Tutor 5)

Absolutamente. Principalmente raciocínio critico e analise lógica pois eles tem que

entender o problema. São conhecimentos conjuntos, pois devem elaborar e

identificar o problema. Quanto mais real o problema, melhor. Essa oportunidade

deles trabalharem em grupo com integrantes escolhidos por outras pessoas é

muito interessante. Numa empresa deve-se trabalhar em grupos com habilidades

diferentes, características diferentes. Eles devem trabalhar em equipe,

intensamente, independentemente se tem afinidade ou não, pois há um prazo

envolvido. Eles têm um grande interesse na disciplina por haver uma empresa

envolvida. (Tutor 4)

Com certeza desenvolve muitas habilidades como gestão de pessoas, trabalho em

equipe, gerenciamento de tempo, dentre muitas outras. (Tutor 1)

Na questão que compara os alunos de ABP com os

alunos de uma disciplina comum percebe-se a motivação e engajamento dos

alunos em buscar conhecimento para resolver os problemas

Eles são muito proativos. Durante a visita já se percebe que eles sabem se

organizar. Também pelas conversas no facebook tal fato é perceptível. Estão todos

engajados tanto na sala de aula, como num grupo. (Tutor 4)

Uma diferença é motivação e a dedicação do aluno na disciplina. Ele está muito

mais envolvido no que está acontecendo do que numa disciplina convencional, pois

nesse caso ele se preocupa apenas durante uma ou duas horas semanais dentro da

sala, parece que se não há atividade fora de sala e ele fica desligado. No caso de

um projeto, a impressão é que isso não acontece. Ele se envolve de forma muito

mais intensa. Esse envolvimento com a disciplina muda o modo como ele a encara.

Há mais seriedade, compromisso e comprometimento. (Tutor 5)

Em uma disciplina comum percebe-se um certo desinteresse do aluno em relação à

disciplina, já na ABP os alunos mostraram-se muito interessados.

Os alunos da ABP tem o senso crítico muito mais apurado do que os alunos de uma

turma comum. (Tutor 1)

6.3. Questionário de avaliação da ABP – Primeira Aplicação – Terceira Semana de Aula

A tabela abaixo mostra o resultado de avaliação dos alunos em relação à ABP. O

questionário, que foi respondido pelos alunos na terceira semana de aula, consta no

APÊNDICE A.

Tabela 1 – Percepção dos alunos em relação à ABP, na Terceira semana de aula

ID Ao longo do semestre, eu percebi que

Discordo Totalmente

Discordo Parcialme

nte

Concordo Parcialment

e

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

1 Desenvolvi habilidades que serão utilizadas na profissão de engenheiro

0 0 7,41 92,59 0

2 Desenvolvi habilidades de liderança 3,7 3,7 29,63 59,26 3,70

3 Consegui cumprir os prazos estabelecidos

0 0 37,04 62,96 0

4 Aprendi a gerenciar imprevistos 0 0 48,15 48,15 3,7

5 Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos

0 3,7

44,44 51,85 0

6 Consegui administrar conflitos 0 7,41 37,04 44,44 11,11

7 Melhorei a comunicação oral 0 0 29,63 62,69 7,41

8 Melhorei a comunicação escrita 0 11,11 51,85 25,93 11,11

9 Consigo, sozinho, buscar informações

0 11,11 44,44 44,44 0

Fonte: Autor

Como um critério básico para avaliação deste questionário, nas duas vezes em que

foi aplicado, considerou-se como questões críticas aquelas que tiveram pontuação maior

doà ueà %à osà a posà Co o doàTotal e te àeà Co o doàPa ial e te àeàta ,à

aquelas que tiveram pontuação maior do que 15%à osà a posà Dis o doàTotal e te àeà

Dis o doàPa ial e te .

A questão 1 (Desenvolvi habilidades que serão utilizadas na profissão de

engenheiro) obteve a pontuação de 92,59% no campo Co o doà Total e te e nos

a posà Dis o doàTotal e te àeà Dis o doàPa ial e te à ãoàhou eà e hu aà esposta,à

ou seja, 0%. Estes dados evidenciam que na terceira semana de aula a maioria alunos

concordavam que a ABP possui grande aplicação no campo profissional da engenharia.

A questão 3 (Consegui cumprir os prazos estabelecidos) apresentou um resultado

deà ,9 %à oà a poà Co o doà Total e te à isso mostra que, no início, os alunos

conseguiam cumprir os prazos, pois ainda estavam desenvolvendo o cronograma do

projeto.

A questão 4 (Aprendi a gerenciar imprevistos) ficou com o resultado de 48,15%

osà a posà àCo o doàPa ial e te àeà Co o doàTotal e te àEssesàdadosàe ide ia à

que no início do projeto a grande maioria dos alunos conseguia gerenciar os imprevistos

inerentes ao desenvolvimento do cronograma.

A questão 5 (Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos), obteve o

resultado de 51,85% no ca poà Co o doà Ple a e te .à Issoà evidencia que os alunos

sentiam-se engajados na aprendizagem e também estavam desenvolvendo autonomia,

que é uma das competências transversais analisadas neste trabalho.

A questão 7 (Melhorei a comunicação oral) teve um resultado de 62,69% no

a poà Co o doàTotal e te àsuge i doàà ue,àpeloàfatoàdosàg uposàte e àdeàap ese ta à

os trabalhos para os professores e também para os respectivos sponsors , houve

melhoria na capacidade de comunicação.

Para a questão 8 (Melhorei a comu i açãoà es ita ,à oà esultadoà oà a poà à

Co o doàPa ial e te àfoiàdeà51,85.

6.3.1. Questionário de avaliação da ABP – Segunda Aplicação –Décima Terceira semana

de aula

Os resultados, representados em porcentagem, da segunda aplicação do questionário

(Décima terceira semana de aula) estão na Tabela 2:

Tabela 2 – Percepção dos alunos em relação à ABP na Décima Terceira Semana de Aula

ID Ao longo do semestre, eu percebi que

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialme

nte

Concordo Totalmen

te

Não foi possível avaliar

1 Desenvolvi habilidades que serão utilizadas na profissão de engenheiro

0 0 57,14 42,86 0

2 Desenvolvi habilidades de liderança

0 9,52 57,14 28,57 4,76

3 Consegui cumprir os prazos estabelecidos

0 19,05 47,62 28,57 4,76

4 Aprendi a gerenciar imprevistos

0 14,29 38,10 42,86 4,76

5 Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos

0 19,05

23,81 57,14 0

6 Consegui administrar conflitos 0 4,76 61,90 28,57 4,76

7 Melhorei a comunicação oral 4,76 9,52 52,38 23,81 9,52

8 Melhorei a comunicação escrita

19,05 28,57 33,33 9,52 9,52

9 Consigo, sozinho, buscar informações

0 9,52 33,33 52,38 4,76

Fonte: Autor

Os dados da Tabela 2 serão comparados, individualmente, com os dados da

Tabela 1. A partir dessa comparação pode-se obter um resultado da evolução dos alunos

durante a disciplina e também analisar o desenvolvimento das competências transversais.

Tabela 3 – Resultados para cada uma das avaliações da questão 1

Desenvolvi habilidades que serão utilizadas na profissão de

engenheiro

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 0 7,41 92,59 0

Décima terceira semana de aula 0 0 57,14 42,86 0

Fonte: Autor

Verifica-se na Tabela 3 que na questão 1 (Desenvolvi habilidades que serão

utilizadas na profissão de engenheiro) houve uma redução de 49,73% no campo

Co o doàTotal e te . Isso pode ter ocorrido pois no início do curso os alunos tinham

expectativas elevadas sobre a disciplina mas conforme o projeto foi sido desenvolvido,

perceberam que nem todo o aprendizado é voltado diretamente para a profissão. Isso

demonstra maturidade por parte dos alunos, pois conseguiram aplicar os conceitos na

prática e perceberam que nem todas as ferramentas aprendidas serão utilizadas

diretamente no campo profissional.

Tabela 4 – Resultados para cada uma das avaliações da questão 2

Desenvolvi habilidades de liderança Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 3,7 3,7 29,63 59,26 3,70

Décima terceira semana de aula 0 9,52 57,14 28,57 0

Fonte: Autor

A questão 2 (Desenvolvi habilidades de liderança) apresentou redução de 30,69%

oà a poà Co o doà Total e te , conforme a análise da Tabela 4. Dois fatos podem

explicar essa redução: (i) não foi definido um líder para cada grupo, então os alunos

trabalhavam todos de acordo com as tarefas que lhes eram atribuídas e (ii) como todos os

alunos eram muito atarefados (muitos faziam estágio e também, outras disciplinas) não

foi definido um líder, que teria grandes responsabilidades. Os alunos decidiam as tarefas

tentando dividi-las entre si.

Tabela 5- Resultados para cada uma das avaliações da questão 3

Consegui cumprir os prazos estabelecidos

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 0 37,04 62,96 0

Décima terceira semana de aula 0 19,05 47,62 28,57 4,76

Fonte: Autor

Verifica-se na Tabela 5, que a pergunta 3 (Consegui cumprir os prazos

estabelecidos) obteve, no campoà à Dis o doà Pa ial e te à acréscimo de 19,05% e no

a poà Co o doàTotal e te , redução de 34,39%. Pela análise da Tabela 5, tem-se que

conforme o projeto foi desenvolvido, surgiram vários imprevistos e por isso muitos prazos

não foram cumpridos, mas esse é um resultado positivo em ABP, pois a partir desse

problema foi possível desenvolver as competências transversais criatividade e

flexibilidade, que permitem ao aluno ajustar-se a novas circunstâncias sendo capaz de

mudar o modo de agir e pensar. De acordo com a análise da tabela 5.

Tabela 6 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 4

Aprendi a gerenciar imprevistos Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 0 48,15 48,15 3,7

Décima terceira semana de aula 0 14,29 38,10 42,86 4,76

Fonte: Autor

Para a questão 4 (Aprendi a gerenciar imprevistos) , conforme a análise da Tabela

6, houve u à au e toà deà , 9%à oà a poà Dis o doà Pa ial e te à e decréscimo de

, 9%à oà a poà Co o doà Total e te .à áà a liseà daà ta elaà à pe iteà a alia à ueà osà

alunos não aprenderam a gerenciar imprevistos, mas isso pode ter ocorrido devido ao

momento em que a coleta dos dados foi feita: os alunos ainda não haviam apresentado o

trabalho final e estavam preocupados se iriam consegui-lo ou não. Mas semanas antes da

apresentação final todos os grupos já estavam com os projetos prontos e fizeram uma

pré-apresentação para o professor responsável da disciplina. Apesar dos alunos se

sentirem inseguros em relação ao gerenciamento de imprevistos, os resultados finais do

projeto mostram que os prazos foram cumpridos e, por isso, os imprevistos foram

administrados.

Tabela 7 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 5

Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 3,7

44,44 51,85 0

Décima terceira semana de aula 0 19,05 23,81 57,14 0

Fonte: Autor

Para a questão 5 (Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos) houve um

a s i oà deà , %à oà a poà Dis o doà Pa ial e te à asà , %à dosà alu osà

p ee he a à oà a poà Co o doà Total e te à eà ta à hou eà a s i oà deà , 9%à

nesse campo, em relação ao resultado anterior. Esses resultados, expostos na Tabela 7,

mostram que mais da metade dos alunos conseguiram aprender sem a necessidade de

ajuda externa. Essa característica é fundamental para o profissional de engenharia e

mostra um resultado positivo da ABP na aprendizagem.

Tabela 8 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 6

Consegui administrar conflitos Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 7,41 37,04 44,44 11,11

Décima terceira semana de aula 0 4,76 61,90 28,57 4,76

Fonte: Autor

Na questão 6 (Consegui administrar conflitos) houve redução de 15,87% no campo

Co o doà Total e te .à Talà eduçãoà suge eà ueà podeà te à ha idoà u à desgasteà as

relações entre os membros, mas isso pode ser considerado normal devido ao tempo

despendido para o desenvolvimento do projeto e também porque os alunos possuem

opiniões diferentes, que podem ter convergido e gerado atritos. Mas não foi algo

negativo, poisà oà a poà Dis o doà Total e te à pe a e euà o à %à deà espostasà eà

também houve um aumento de 24,86%à oà a poà Concordo Parcial e te ,à o fo eàaà

análise da Tabela 8

Tabela 9 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 7

Melhorei a comunicação oral Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 0 29,63 62,69 7,41

Décima terceira semana de aula 4,76 9,52 52,38 23,81 9,52

Fonte: Autor

Pela análise da Tabela 9, na questão 7 (Melhorei a comunicação oral) houve

redução de 38,88% oà a poà Co o doà Total e te , aumento de 4,76% no campo

Dis o doàTotal e te àeàta àau e toàdeà9, %à oà a poà Dis o doàPa ial e te .

O motivo desses resultados pode ter sido o fato de que as apresentações do grupo eram

feitas apenas por alguns alunos. Na primeira etapa do projeto, a construção do

cronograma, os alunos conversavam bastante entre si e também com os tutores, mas na

etapa de coleta de dados e resolução do problema o trabalho tornou-se mais técnico,

exigindo menos comunicação oral.

Tabela 10 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 8

Melhorei a comunicação escrita Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 11,11 51,85 25,93 11,11

Décima terceira semana de aula 19,05 28,57 33,33 9,52 9,52

Fonte: Autor

Para a questão 8 (melhorei a comunicação escrita) houve redução de 16,41% no

a poà àCo o doàTotal e te ,àau e toàdeà , %à oà a poà Dis o doàPa ial e te à

eà ta à au e toà oà deà 9, %à oà a poà Dis o doà Total e te ,à suge i doà ueà

durante o desenvolvimento do projeto pode ter havido pouco uso de habilidades de

comunicação escrita, possivelmente por não haver a necessidade da entrega de relatórios

escritos nem trabalhos impressos. As apresentações eram feitas oralmente e a escrita era

realizada apenas para desenvolver o conteúdo das apresentações. Conforme a análise da

Tabela 10..

Tabela 11 - Resultados para cada uma das avaliações da questão 9

Consigo, sozinho, buscar informações

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo Parcialmente

Concordo Totalmente

Não foi possível avaliar

Terceira semana de aula 0 11,11 44,44 44,44 0

Décima terceira semana de aula 0 9,52 33,33 52,38 4,76

Fonte: Autor

De acordo com a Tabela 11, para a questão 9 (Consigo, sozinho, buscar informações)

hou eàau e toàdeà ,9 %à oà a poà Co o doàTotal e te àeà eduçãoàdeà , 9%à oàa poà Dis o doàPa ial e te .àEsseà esultadoàsuge eàdoisàfatos: (i) os alunos tiveram de

buscar conhecimento em várias fontes diferentes e (ii) os alunos estavam engajados no

trabalho e buscaram informações mesmo que ninguém as fornecesse

6.4. Questionário de Avalição da ABP – Opinião dos docentes

A Tabela 12 apresenta os resultados médios e de cada grupo para relacionados à

opinião dos tutores em relação ao grupo. Como um primeiro critério básico para

avaliação deste questionário considerou-se como questões criticas aquelas que obtiveram

nota inferior a 3,00 (menor que 50% da pontuação máxima) e questões relevantes

aquelas com notas entre 4,00 e 4,75 (que representam 80% a 95% da pontuação máxima.

Os resultados apresentaram variação dependendo do grupo analisado. Isso mostra que

cada grupo possuía características distintas de trabalho.

Tabela 12 - Tabela com o resultado das opiniões dos tutores

ID Afirmação Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Geral

1 O grupo desenvolveu a capacidade de pesquisa

5,00 4,00 5,00 5,00 4,00 4,60

2 O grupo possui um bom grau de organização

5,00 4,00 4,00 5,00 5,00 4,60

3 O grupo soube administrar bem o tempo e cumprir os prazos

3,00 4,00 5,00 5,00 5,00

4,50

4 Os alunos estavam motivados com a disciplina

5,00 4,00 5,00 5,00 4,00 4,40

5 Os alunos souberam buscar as informações necessárias para o projeto em diferentes fontes

4,00 4,00 5,00 5,00 4,00

4,60

6 O grupo conseguiu administrar bem os imprevistos

3,00 4,00 4,00 4,00 4,00

4,50

7 A equipe se mostrou bastante responsável em tudo o que fazia

4,00 3,00 5,00 5,00 5,00

4,10

8 O grupo se mostrou bastante criativo nas propostas

4,00 4,00 5,00 4,00 4,00

4,10

9 A comunicação do grupo evoluiu

4,00 4,00 5,00 5,00 5,00 4,30

10 A comunicação oral deles, durante a apresentação, evoluiu.

5,00 4,00 5,00 4,50 4,00 4,40

Fonte: Autor

As perguntas respondidas pelos tutores englobam a principais dimensões

analisadas na ABP: resolução de problemas, organização, responsabilidade, trabalho em

equipe, autonomia e criatividade.

As dimensões resolução de problemas, organização e trabalho em equipe, que englobam

as questões 1 ,2 , 3 e 6 foram avaliadas positivamente pelos tutores, de acordo com a

Tabela 13. O grupo 1 ficou com média 3,00 na questão 6 ( O grupo conseguiu administrar

bem os imprevistos) e também na questão 3 ( o grupo soube administrar bem o tempo e

cumprir prazos) pois houveram vários problemas na coleta de dados resultando no atraso

do cronograma. No grupo 5, as questões 2 e 3 obtiveram nota máxima 5,00 e o tutor, em

entrevista no início do projeto, disse que o grupo sabia se organizar muito bem. A média

geral para a questão 2 foi de 4,75 (95%), isso mostra que os alunos conseguiram criar as

condições adequadas para somar os esforços individuais para atingir um objetivo.

Tabela 13 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões resolução de problemas, organização e

trabalho em equipe.

ID Afirmação Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Geral

1 O grupo desenvolveu a capacidade de pesquisa

5,00 4,00 5,00 5,00 4,00 4,60

2 O grupo possui um bom grau de organização

5,00 4,00 4,00 5,00 5,00 4,60

3 O grupo soube administrar bem o tempo e cumprir os prazos

3,00 4,00 5,00 5,00 5,00

4,50

6 O grupo conseguiu administrar bem os imprevistos

3,00 4,00 4,00 4,00 4,00

4,50

Fonte: Autor

As dimensões responsabilidade, criatividade e comunicação englobam as questões

7, 8 e 9, conforme os resultados da Tabela 14. O grupo 2 obteve nota 3,00 na questão 7

pois apesar de conseguir coletar as amostras houve dificuldade para analisá-las. A

questão 9 obteve a maior média geral: 4,30 (86%) e isso sugere que ao longo do projeto

os grupos tiveram de desenvolver habilidades de comunicação para dividir as tarefas e

resolver os problemas.

Tabela 14 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões responsabilidade,

criatividade e comunicação.

ID Afirmação Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Geral

7 A equipe se mostrou bastante responsável em tudo o que fazia

4,00 3,00 5,00 5,00 5,00

4,10

8 O grupo se mostrou bastante criativo nas propostas

4,00 4,00 5,00 4,00 4,00 4,10

9 A comunicação do grupo evoluiu

4,00 4,00 5,00 5,00 5,00 4,30

Fonte: Autor

As dimensões autonomia e desenvolvimento pessoal englobam as questões 4, 5 e

10, de acordo com a Tabela 15. Os grupos 1 e 4 obtiveram nota máxima na questão 4 esse

resultado está de acordo com a entrevista feita com os tutores no início do semestre: eles

disseram que os alunos estavam muito engajados e empenhando-se no desenvolvimento

do projeto mas mesmo no fim, os alunos mantiveram-se dessa maneira e isso sugere que

a ABP motiva os alunos ao aprendizado. A questão 10 teve nota 4,40 (88%) isso sugere o

efeito positivo das apresentações que foram feitas para os tutores e sponsors da Johnson,

pois os alunos que fizeram as apresentações tiveram de buscar maneiras para aprimorar

as habilidades de comunicação.

Tabela 15 – Resultados da análise dos tutores para as dimensões autonomia e

desenvolvimento pessoal

ID Afirmação Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Geral

4 Os alunos estavam motivados com a disciplina

5,00 4,00 5,00 5,00 4,00 4,40

5 Os alunos souberam buscar as informações necessárias para o projeto em diferentes fontes

4,00 4,00 5,00 5,00 4,00 4,60

10 A comunicação oral deles, durante a apresentação, evoluiu.

5,00 4,00 5,00 4,50 4,00 4,40

Fonte: Autor

6.5. Competências Transversais

Durante todo o projeto buscou-se proporcionar aos alunos experiências na qual

houvesse o desenvolvimento de competências transversais, possibilitando que os

estudantes aprimorassem habilidades que vão além da sala de aula. O diferencial da

metodologia ABP é a criação de oportunidades para que o aluno torne-se responsável e

ativo na busca do conhecimento e também desenvolva competências transversais que lhe

ajudem no exercício profissional da engenharia.

Pode-se verificar que as principais competências transversais desenvolvidas

foram: trabalho em equipe, desenvolvimento pessoal e comunicação.

6.5.1. Trabalho em equipe

Quando os alunos foram lançados em um projeto que, além da disciplina envolvia

uma empresa de grande porte, buscou-se nos alunos a capacidade de aprimorar a

capacidade de enfrentar desafios. Durante o período do projeto os alunos tiveram a

oportunidade de tomar iniciativas, correr atrás de resultados, cumprir metas e gerenciar

conflitos. Para que esse desafio fosse superado, o trabalho em equipe foi fundamental e

os alunos tiveram êxito nesse sentido. A metodologia ABP, além de desenvolver o

aprendizado centrado no próprio aluno, também implementou o aprendizado em grupo.

6.5.2. Comunicação

Saber se expressar, de maneira clara e sucinta, é fundamental para transmitir

ideias para outras pessoas. A comunicação oral, principalmente, é um grande desafio

visto que esta habilidade não é muito desenvolvida nos alunos que ingressam no ensino

superior. No início os alunos apresentaram dificuldades em se expressar, mas ao decorrer

do projeto, com o treino e prática das apresentações, os alunos foram se aprimorando e

tornando-se cada vez mais confiantes.

6.5.3. Desenvolvimento pessoal

Durante todo o projeto foram utilizadas ferramentas que auxiliaram os alunos:

aulas sobre solução de problemas, aulas sobre técnicas de boas apresentações, aulas

sobre gestão de relacionamentos interpessoais e também mini cursos sobre a parte

técnica relacionada à resolução do problema de cada grupo. À medida que o projeto se

desenvolveu os alunos evoluíram, buscando soluções mais rápidas para os problemas que

surgiam, organizavam-se melhor na divisão de tarefas tentando, rapidamente, resolver

qualquer problema que aparecesse.

7. CONCLUSÃO

áà dis ipli aà P ojetosà Espe iaisà e à E ge ha ia à ost ou-se efetiva para o

desenvolvimento de competências transversais nos alunos que cursaram a

disciplina.

Todos os grupos, apesar de realizarem mudanças e adaptações no cronograma,

concluíram seus projetos no tempo determinado pelo calendário da disciplina e

mostraram evolução relacionada a administração do tempo e gestão de

imprevistos.

Os tutores observaram um grande desenvolvimento dos alunos, do início até o fim

do projeto, sendo fundamental a dimensão comunicação e responsabilidade.

Os alunos se mostraram comprometidos e motivados com o trabalho.

Conseguiram trabalhar de maneira independente, responsável e buscaram

conhecimento em várias fontes.

Como sugestão de melhorias destaca-se a possibilidade dos alunos terem mais

conhecimentos teóricos à disposição, pois quando os alunos buscam pelo

conhecimento eles podem buscá-lo em local errado e isso pode gerar uma grande

perda de tempo.

8. BIBLIOGRAFIA

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APÊNDICE

APÊNDICE A

Grup

o Nome

Tutor Responsável

1

Fernanda Cardoso de Almeida

Prof.ª Dr.ª Elisângela de Jesus Cândido Moraes

Gisella Harue Enokihara

João Vitor Zanaga Sawaya

Lana Letícia de Oliveira Silva

Matheus Gomes Reis

Mirian Cobra Branco

Thiago Teixeira Vinhal

Grupo

Nome Tutor Responsável

2

Amrita Kaur Khalsa Colognesi Lopes

Prof.ª Dr.ª Célia Regina Tomachuk dos Santos

Catuogno

Angélica Maria Caldera Diaz

Liliane Naomi Suzuki

Lucas Alves Dias Cardoso

Luíza Almeida Rodrigues

Rodolfo Cursino dos Santos

Victor Ferreira Lopes da Silva

Grupo

Nome Tutor Responsável

3

Eduardo Muniz Alcova

Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete de Medeiros

Eugenia Abiricha Montesi

Janine Virginia Chagas

Laura Adami Marangoni

Liz Blascovich

Luíza de Almeida Ramos Sonnenhohl

Yuri Nunes Silva

Grup Nome Tutor Responsável

o

4

Bruna Lampugnani de Oliveira

Prof. Dr. Valdeir Arante

Carolina Silva Cuadrado Martin

Clarice Sombra de Medeiros

Fernanda Antunes

Gabriela Jesus Martins

Laís Prestes Azzolini

Luís Felipe Boldrin

Grupo

Nome Tutor Responsável

5

Angelo Favaro Neto

Prof. Dr. João Paulo Alves Silva

Diogo Boechat de Moraes

Fernando Sakis Cezar

Glaucia de Souza Barbosa Landim

Larissa de Almeida Nascimento

Matheus Duarte Ribeiro e Silva

Mayara Lima Bortoti

APÊNDICE B

Ao longo do semestre, eu percebi que

Discordo Totalmente

Discordo Parcialmente

Concordo parcialmente

Não foi possível avaliar

Desenvolvi habilidades que serão utilizadas na profissão de engenheiro

Tenho mais confiança para trabalhar em uma empresa

Desenvolvi habilidades que utilizarei fora da sala de aula

Aprendi habilidades que terão aplicação na vida profissional

Sou responsável pela aprendizagem dos conceitos

Trabalhei em grupo e consegui administrar conflitos

Consigo buscar informações sozinho