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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL ESTUDO DA MOBILIDADE INDEPENDENTE EM ALGUMAS CIDADES BRASILEIRAS ALINE DE MELO NASCIMENTO ORIENTADOR: Profa. YAEKO YAMASHITA, PhD CO-ORIEBTADOR: GEORGE LAVOR TEIXEIRA, MSc MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL EM TRANSPORTES BRASÍLIA / DF: SETEMBRO/2010

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

E AMBIENTAL

ESTUDO DA MOBILIDADE INDEPENDENTE EM ALGUMAS CIDADES BRASILEIRAS

ALINE DE MELO NASCIMENTO

ORIENTADOR: Profa. YAEKO YAMASHITA, PhD CO-ORIEBTADOR: GEORGE LAVOR TEIXEIRA, MSc

MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL EM TRANSPORTES

BRASÍLIA / DF: SETEMBRO/2010

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ESTUDO DA MOBILIDADE INDEPENDENTE EM ALGUMAS

CIDADES BRASILEIRAS

ALINE DE MELO NASCIMENTO

Monografia de Projeto Final submetida ao Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovada por: ________________________________________________ YAEKO YAMASHITA, PROF. PhD. (UNB) (ORIENTADORA) ________________________________________________ George Lavor Teixeira, MSc (CO-ORIENTADOR) ________________________________________________ JOSÉ MATSUO SHIMOISHI, Dr (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) ________________________________________________ JOÃO ALENCAR JÚNIOR Dr. (Min. das Cidades) (EXAMINADOR EXTERNO)

DATA: BRASÍLIA-DF, 01 de SETEMBRO de 2010.

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FICHA CATALOGRÁFICA

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

NASCIMENTO, Aline de Melo (2009). Estudo da Mobilidade Independente em Algumas Cidades Brasileiras. Monografia de Projeto Final, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 86 p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Aline de Melo Nascimento TÍTULO DA MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL: Estudo da Mobilidade Independente em Algumas Cidades Brasileiras GRAU / ANO: Bacharel em Engenharia Civil / 2010

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta monografia de Projeto Final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de Projeto Final pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

_____________________________ Aline de Melo Nascimento

SQN 409 Bloco K apto 303 – Asa Norte 70857-110 (CEP)

Brasília/ DF – Brasil

NASCIMENTO, ALINE DE MELO Estudo da viabilização da bicicleta no transporte escolar rural v, 86 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Bacharel, Engenharia Civil, 2009) Monografia de Projeto Final I - Universidade de Brasília. Faculdade de

Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1. Mobilidade independente 2. Nível de segurança infantil 3. Jornada escolar I -ENC/FT/UnB II - Título

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RESUMO

Os padrões de viagem e o nível de autonomia pessoal de cada criança estão intimamente ligados

com a percepção dos pais sobre o perigo q que seus filhos estão expostos ao viajar por conta

própria. A mobilidade independente das crianças - que é o grau em que as crianças de diferentes

idades, estão autorizadas a fazerem viagens para a escola, visitar amigos, ir para compras e outros

destinos não acompanhados por adultos foi avaliada nesse trabalho, em que o objetivo foi

caracterizar a mobilidade independente em algumas cidades brasileiras. Este trabalho é baseado

em uma pesquisa feita na Inglaterra e na Alemanha em 1990 focada em alunos com idade de 7-

15, em que explora os seus padrões de viagem e de níveis de autonomia pessoal, e as ligações que

estes têm com a percepção dos pais sobre o perigo a que seus filhos estão expostos ao se

locomoverem por conta própria. Para avaliar a mobilidade independente aqui no Brasil, realizou-

se uma pesquisa de campo nas suas cinco regiões, sendo que um município foi escolhido em cada

região. Em cada municio visitado, é aplicado um questionário para ser respondido pelos alunos

em sala e outro que é entregue aos alunos para ser devolvido no dia seguinte. Esse outro

questionário deve ser respondido pelos pais. O questionário dos alunos aborda está focado em

determinar os níveis de mobilidade independente e os padrões de viagem dos alunos faixa etária

de 7 a 15 anos. Como não se têm dados históricos para avaliar como está essa mobilidade no

Brasil, serão comparados com os dos alunos da Inglaterra e da Alemanha, em que essa mesma

pesquisa foi realizada em 1990. Já o questionário aos pais foi realizado com o objetivo de

confrontar as decisões dos mesmos, uma vez que são responsáveis pelos menores, com as suas

percepções e assim identificar o porquê das ações das crianças. Os questionários serão

computados e analisados para caracterizar a mobilidade independente no Brasil. No questionário

do aluno é avaliada a questão da mobilidade independente, o padrão de viagens, a influência do

gênero e a percepção de segurança dos alunos. Já no questionário dos pais é avaliada a questão da

mobilidade independente também, a preocupação com acidentes de transito, a permissão para os

filhos saírem depois de escurecer, a tecnologia e mobilidade e a influência da idade.

Palavras - chave: Mobilidade Independente, permissões, segurança.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Quantificação da Amostra..........................................................................................30 Tabela 4.1: Municípios e escolas que participaram da pesquisa...................................................36 Tabela 4.3: Roteiro da pesquisa .....................................................................................................44 Tabela 5.4: Número de questionários.............................................................................................45 Tabela 7.1: Descrição da Amostra .................................................................................................47 Tabela 5.2: Mobilidade Independente ............................................................................................48 Tabela 5.3: Quantidade de alunos que possuem bicicleta ..............................................................54 Tabela 5.4: Mobilidade Independente ............................................................................................57 Tabela 5.5: Autorização para atravessar vias, ruas e avenidas movimentadas ..............................58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Estrutura metodológica para análise da mobilidade independentes de crianças e adolescentes....................................................................................................................................26 Figura 4.1: Mapa ilustrativo do município de Mangaratiba...........................................................38 Figura 4.2: Mapa ilustrativo do município de Castro.....................................................................39 Figura 4.3: Mapa ilustrativo do município de Santa Rita ..............................................................40 Figura 4.4: Mapa ilustrativo do município de Marabá...................................................................41 Figura 4.5:Mapa ilustrativo do município de Taguatinga ..............................................................42 Figura 5.1: Meios de locomoção utilizados pelos alunos para ir à escola .....................................50 Figura 5.2a: Bicicletário dentro da escola – RJ..............................................................................51 Figura 5.2b: Ônibus Escolar - MA .................................................................................................51 Figura 5.3: Como os alunos vão para a escola ..............................................................................52 Figura 5.4: Diferença entre gênero................................................................................................53 Figura 5.5: Diferença de modo entre gêneros ................................................................................54 Figura 5.6: Percepção de segurança dos alunos ............................................................................55 Figura 5.7: Percepção de segurança dos alunos ............................................................................56 Figura 5.8: Preocupação dos pais..................................................................................................58 Figura5.9: Principais razões para restrição dos pais ....................................................................60 Figura 5.10: Segurança com o uso do celular ..............................................................................61 Figura 5.11: Mobilidade independente e a idade .........................................................................62

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .....................................................................................................................v LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................................vi CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................................1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................1

1.1 APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................1 1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................3 1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................3 1.4 HIPÓTESE.......................................................................................................................4 1.5 OBJETIVOS.....................................................................................................................5 1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................5 1.7 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ...............................................................................6

CAPÍTULO 2 ...................................................................................................................................7 MOBILIDADE URBANA...............................................................................................................7

2.1 APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................7 2.2 MOBILIDADE URBANA: O CONCEITO ....................................................................7 2.3 MOBILIDADE E TRANSPORTE ..................................................................................8 2.4 MOBILIDADE SUSTENTÁVEL ...................................................................................9

2.4.1 Meio Ambiente.......................................................................................................10 2.4.2 Saúde ......................................................................................................................13

2.5 MODOS DE TRANSPORTE ........................................................................................14 2.5.1 Transporte Particular ..............................................................................................15 2.5.2 Transporte Coletivo Urbano...................................................................................15 2.5.3 Pedestres e Ciclistas ...............................................................................................16 2.5.4 Pessoas com Mobilidade Reduzida ........................................................................17

CAPÍTULO 3 .................................................................................................................................25 METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA MOBILIDADE INDEPENDENTE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES......................................................................................................................25

3.1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................25 3.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO PARA AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE INDEPENDENTE......................................................................................................................25

CAPÍTULO 4 .................................................................................................................................34 ESTUDO DE CASO ......................................................................................................................34 4.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................34

4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA ......................................................34 CAPÍTULO 5 .................................................................................................................................47 ANÁLISE DA MOBILIDADE INDEPENDENTE ......................................................................47

5.1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................47 5.2 QUESTIONÁRIO ALUNO ...........................................................................................47

5.2.1 A Questão da Mobilidade Independente ................................................................48 5.2.2 Padrão de Viagens..................................................................................................49 5.2.3 Influência do gênero..............................................................................................53 5.2.4 Percepção de segurança dos alunos........................................................................55

5.3 QUESTIONÁRIO PAIS ................................................................................................57

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5.3.1 A Questão da Mobilidade Independente ................................................................57 5.3.2 Preocupação com acidente de transito ...................................................................58 5.3.3 Permissão para os filhos saírem depois de escurecer .............................................59 5.3.4 Tecnologia e mobilidade ........................................................................................61 5.3.5 A influência da idade..............................................................................................61

CAPÍTULO 6 .................................................................................................................................63 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................63

6.1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................63 6.2 RESULTADOS ALCANÇADOS..................................................................................63 6.3 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS ...................................................................65 6.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................68 APÊNDICE ....................................................................................................................................71

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Ao longo de quatro décadas na Inglaterra e por mais de duas décadas na Alemanha, foi

desenvolvido uma pesquisa onde o objetivo era explorar a mobilidade independente das crianças

como um aspecto crítico do desenvolvimento infantil e qualidade de vida. A mobilidade

independente das crianças - que é o grau em que as crianças de diferentes idades, estão

autorizadas a fazerem viagens para a escola, visitarem amigos, ir para compras e outros destinos

não acompanhados por adultos (PSI, 2009).

Logo no início da década de 1970, foi dirigido um estudo em grande escala no PSI – Policy

Studies Institute. Seu objetivo era analisar os padrões de mobilidade pessoal dos diferentes

grupos sociais na Grã-Bretanha. Essa pesquisa foi centrada em crianças das escolas primárias e

secundárias e em seus pais, em que eles foram questionados sobre a idade em que impuseram

restrições à mobilidade pessoal de seus filhos, e as suas razões para fazê-lo. O país foi dividido

em cinco, de forma que a pesquisa foi feita em locais desde o subúrbio de Londres ao interior de

uma vila rural (PSI, 2009).

Os resultados do estudo mostraram que cerca de metade das viagens das crianças foram feitas a

pé, e que são crescentes as restrições impostas às viagens independentes das mesmas. A análise

das respostas dadas pelos pais revelou que os fatores que influenciam a pretensão deles para a

concessão de "permissões" ou “licenças” aos seus filhos para se locomover por conta própria,

estavam ligados principalmente às preocupações com o risco de lesões nas estradas e, em menor

medida, sobre o perigo de estranhos. Dois relatórios do PSI incorporando os resultados foram

publicados: Personal mobility and transport policy (1973) e Transport realities and planning

policy (1976) (PSI, 2009).

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Adams e Hillman (1989) foram motivados a voltar a este tema pela reivindicação da Divisão de

Segurança do Departamento de Transportes Rodoviários de que a queda substancial das

fatalidades rodoviária entre as crianças durante os últimos 20 anos foi uma indicativa do sucesso

da sua política. Este estudo registrou uma perda grande da independência das crianças em

comparação com as duas décadas anteriores. Um exemplo disso é que em 1971, 80 por cento das

crianças entre 7 e 8 anos de idade viajaram para a escola sem serem acompanhados por um

adulto, mas, em 1990, essa proporção caiu para 9 por cento (PSI, 2009).

Pesquisas similares foram feitas na Alemanha para proporcionar uma comparação cultural. A

Alemanha é um país com condições semelhantes à Inglaterra, com diretrizes de planejamento,

níveis de propriedade dos veículos. Os resultados confirmaram que a principal razão para a queda

substancial das fatalidades rodoviária entre as crianças não foi a implementação da política de

segurança rodoviária no Reino Unido, mais sim ao aumento de restrições a autonomia das

crianças fora de casa. Um relatório sobre as conclusões do estudo foi publicado pelo PSI em

1990, chamado One False Move: A Study of Children's Independent Mobility (PSI, 2009).

O Brasil também apresenta altos índices de acidentes, falta de políticas de segurança para as

crianças e adolescentes e cada vez mais, aumentando o número de veículos e de transporte

escolar tanto público como privado para atender essa demanda. Dessa forma este estudo tenta

confirmar como anda a autonomia ou como se dá a mobilidade das crianças e adolescentes,

principalmente em relação ao deslocamento para as escolas. A freqüência á escola é uma

atividade compulsória e rotineira, sendo uma forma fácil de conseguir avaliar as condições de

mobilidade. Uma pesquisa de campo é realizada para buscar esse entendimento em algumas

cidades brasileiras, uma vez que o Brasil sendo um país continental é difícil ter a sua

representatividade para extrapolar para toda a nação. Assim é importante destacar que algumas

cidades foram escolhidas, pela oportunidade de realização da coleta de dados para identificar as

condições de mobilidade das crianças e adolescentes.

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1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Os padrões de viagem e o nível de autonomia pessoal de cada criança estão intimamente ligados

com a percepção dos pais sobre o perigo que seus filhos estão expostos ao viajar por conta

própria. Em geral, as crianças somente se deslocam com a autorização dos seus responsáveis e

assim a decisão do nível de mobilidade a elas atribuídas é um fruto da percepção dos seus

responsáveis quanto a segurança de seus filhos. Os estudos na Inglaterra e na Alemanha vêm

mostrando que as crianças e os adolescentes estão tendo os níveis de mobilidade reduzidos ao

longo dos últimos 20 anos. Tendo isso em vista, esse projeto procura responder a seguinte

questão: Como se caracteriza a mobilidade independente das crianças e adolescentes em algumas

cidades do Brasil?

1.3 JUSTIFICATIVA

Diversos estudos e pesquisas vêm sendo produzidos em todo o mundo, e também no Brasil,

acerca da mobilidade urbana, dos modos de deslocamento adotados em cada lugar e dos efeitos

desta escolha sobre a economia, o meio-ambiente, a segurança, o bem-estar social e a própria

qualidade de vida nas cidades (Brasil, 2004).

O crescimento desordenado, a perda da qualidade ambiental e as dificuldades impostas à

circulação de pessoas e bens são alguns dos problemas que afligem os centros urbanos brasileiros

e têm contribuído para a perda da qualidade de vida nas cidades. Estes fatores têm impulsionado

a revisão dos conceitos e formas de planejamento e gestão urbana, em especial, no que diz

respeito às questões relacionadas aos transportes e à mobilidade (Costa et al, 2006).

Entre os problemas que afligem o cotidiano das cidades, certamente as questões relacionadas à

mobilidade têm grande influência sobre o declínio da qualidade de vida dos cidadãos. No centro

destes problemas está a dificuldade cada vez maior de se acessar os serviços e as oportunidades

presentes nas cidades. Neste sentido, a realização das atividades diárias mais simples como o

acesso ao trabalho, educação, recreação e compras tem consumido uma proporção significativa

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de recursos naturais, financeiros e humanos, resultado das dificuldades impostas pelos atuais

padrões de mobilidade urbana (Costa et al, 2006).

Numa sociedade em que se exerce democracia plena, a segurança pública garante a proteção dos

direitos individuais e assegura o pleno exercício da cidadania. As forças de segurança buscam

aprimorar-se a cada dia e atingir níveis que alcancem a expectativa da sociedade como um todo,

imbuídos pelo respeito e à defesa dos direitos fundamentais do cidadão. Sob esta óptica, compete

ao Estado garantir a segurança de pessoas e bens na totalidade do território brasileiro, a defesa

dos interesses nacionais, o respeito pelas leis e a manutenção da paz e ordem pública. Entretanto,

com a falta dessa segurança, os pais responsáveis pelas crianças e adolescentes tentam preservá-

los sempre protegendo de todos os males. Nesse sentido, os responsáveis não mais permitem as

crianças e aos adolescentes de se deslocarem de forma livre, autônoma, por conta própria para

realizarem as suas atividades cotidianas como freqüentar às escolas. Dentro desse contexto, como

as crianças atualmente começam a se deslocar mais precocemente em função dos modelos de

vida das famílias atuais, onde o casal trabalha e a criança começa a freqüentar escolas mais cedo,

é necessário caracterizar como esses deslocamentos ocorrem e quais são as razões para essas

decisões. Decisões essas que estão intimamente ligadas com a percepção dos pais ou

responsáveis sobre o perigo em que as crianças ou adolescentes estão expostos ao se deslocarem

por conta própria. Isso é chamado de mobilidade independente segundo PSI (2009) que é o grau

em que as crianças de diferentes idades, estão autorizadas a fazerem viagens para a escola,

amigos, lojas e outros destinos não acompanhados por adultos.

1.4 HIPÓTESE A permissão dos pais ou responsáveis para as crianças e adolescentes realizarem deslocamentos

por conta própria está intimamente ligado com as questões da segurança pública urbana. Assim, a

mobilidade independente das crianças e adolescentes está intimamente ligado com a percepção

das questões da segurança pública urbana dos pais ou responsáveis.

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1.5 OBJETIVOS O objetivo desta pesquisa é caracterizar as condições da mobilidade independente focado em

crianças de 7 – 11 anos e em adolescentes de 12 – 15 anos - que é o grau em que alunos de

diferentes idades, estão autorizados a fazerem viagens para a escola, visitar os amigos, ir para

compras e outros destinos não acompanhados por adultos em algumas cidades brasileiras.

Objetivos específicos:

- Comparação da mobilidade das crianças hoje com a mobilidade que seus pais tinham quando

eram crianças.

- Comparação das condições das crianças de algumas cidades brasileiras com as da Europa, como

Inglaterra e Alemanha.

- Identificação de padrões de deslocamentos casa – escola das crianças e adolescentes em

algumas cidades brasileiras.

1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa realizada tem como abordagem a hipotética dedutiva, onde a partir de um problema,

uma hipótese é adotada para ser comprovada ou refutada. As técnicas de pesquisa adotadas no

estudo vão desde a observação indireta utilizada para a revisão bibliográfica como a observação

direta adotada na pesquisa de campo para obter os dados para comprovar a hipótese. Dessa

forma, algumas etapas de trabalho foram definidas para atingir o objetivo do estudo.

Etapa 1 – Revisão Bibliográfica: Nessa etapa são consolidados alguns conceitos, definições que

permitem um melhor entendimento do objeto estudado.

Etapa 2 – Definição dos objetivos da coleta de dados: Em função da hipótese adotada foi possível

identificar claramente o objetivo doe estudo e assim definir os objetivos da coleta de dados da

pesquisa de campo;

Etapa 2 – Elaboração do instrumento de pesquisa: O instrumento utilizado para a coleta de dados

foi baseado nos estudos do PSI e adequados para a realidade brasileira;

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Etapa 3 – Definição da amostra: Nessa etapa são definidos os atores que participarão da pesquisa

e a quantidade de participantes que será o mesmo da pesquisa feita pelo PSI;

Etapa 4 – Aplicação do estudo piloto: Realização de uma pesquisa piloto para verificar a

viabilidade dos instrumentos aplicando em uma escola no entorno de Brasília.

Etapa 5 – Readequação do questionário de pesquisa: Identificando problemas nos instrumentos

de coleta de dados testados na etapa anterior, são aqui realizadas as correções para que a pesquisa

de campo possa ter sucesso.

Etapa 6 – Pesquisa de Campo: São identificadas algumas cidades para a realização da pesquisa de

campo.

Etapa 7 – Análise dos dados: Os dados uma vez tratados e sistematizados em forma de banco de

dados serão realizadas as análises para verificar se a hipótese assumida será comprovada.

Etapa 8 – Elaboração da monografia: Com a análise dos dados é possível a finalização da

monografia que foi iniciada juntamente com a revisão bibliográfica.

1.7 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

A monografia aqui apresentada será composta por 6 capítulos, onde seguindo esse capítulo de

introdução tem-se a Revisão Bibliográfica com entendimentos de mobilidade, seus elementos, a

mobilidade sustentável com ênfase no meio ambiente e na saúde e os modos de transportes. No

capitulo 3 é apresentado a metodologia para a avaliação da mobilidade independente 7 a 11 anos

e em adolescentes com idade entre 11 a 15. No capítulo 4 é apresentado o estudo de caso em que

tanto os resultados da pesquisa como a análise de cada resultado é mostrado. No capitulo 5 é feita

a análise de vários parâmetros. No questionário do aluno está focado em determinar os níveis de

mobilidade independente e os padrões de viagem dos alunos faixa etária de 7 a 15 anos, portanto

é avaliado a questão da mobilidade independente, o padrão de viagens, a influência do gênero e a

percepção de segurança dos alunos. Já no questionário dos pais, em que foi realizado com o

objetivo de confrontar as decisões dos mesmos, é avaliada a questão da mobilidade independente

também, a preocupação com acidentes de transito, a permissão para os filhos saírem depois de

escurecer, a tecnologia e mobilidade e a influência da idade. O último capítulo constitui na

conclusão desse trabalho e as considerações a serem feitas, com pontos positivos e negativos e

recomendações para futuros trabalhos.

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CAPÍTULO 2

MOBILIDADE URBANA

2.1 APRESENTAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos, as definições e o objeto do estudo. Visa

ainda contribuir para o desenvolvimento do estudo, onde esse entendimento é fundamental para

uma melhor compreensão da problemática. Assim, neste capítulo é apresentado o conceito de

mobilidade urbana e seus elementos, a definição de mobilidade sustentável com ênfase no

impacto no meio ambiente e na saúde e os modos de transportes existentes na sociedade como o

transporte particular, o transporte coletivo urbano, pedestres e ciclistas e pessoas com mobilidade

reduzida.

2.2 MOBILIDADE URBANA: O CONCEITO

Existem várias definições e acepções acerca do termo mobilidade. Para os fins do campo de ação

da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, a mobilidade é um atributo

associado à cidade; corresponde à facilidade de deslocamento de pessoas e bens na área urbana.

Face à mobilidade, os indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de transporte coletivo

ou motoristas; podem utilizar-se do seu esforço direto (deslocamento a pé) ou recorrer a meios de

transporte não motorizados (bicicletas, carroças, cavalos) e motorizados (coletivos e individuais)

(Brasil, 2006).

Vista desta maneira, a mobilidade, muito além de ser uma questão apenas das condições de

deslocamento e de uso de meios de transporte, traduz relações dos indivíduos com o espaço – seu

local de vida – com os objetos e meios empregados para que o deslocamento aconteça, e com

outros indivíduos. É, por tanto, produto de processos históricos que refletem características

culturais de uma sociedade (Brasil, 2006).

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A mobilidade também pode ser afetada por outros fatores como a renda do indivíduo, a idade, o

sexo, a capacidade para compreender as mensagens, a capacidade para utilizar veículos e

equipamentos do transporte, todas essas variáveis podendo implicar em redução de

movimentação permanente ou temporária. É necessário considerar tanto a mobilidade quanto o

trânsito em si como processos históricos que participam das características culturais de uma

sociedade e que traduzem relações dos indivíduos com o espaço, seu local de vida, dos

indivíduos com os objetos e meios empregados para que o deslocamento aconteça e, dos

indivíduos entre si (Brasil, 2004).

Enfim, uma política de mobilidade, que respeite princípios universais e de benefício à maioria da

população, tem seus resultados traduzidos em um maior dinamismo urbano, numa maior e

melhor circulação de pessoas, bens e mercadorias, valorizando a característica principal do

urbano que é ser um espaço de congregação e cruzamento de diferenças, da criação do novo num

ambiente dinâmico e público (Brasil, 2004).

2.3 MOBILIDADE E TRANSPORTE

Tratar da mobilidade urbana como uma política pública é associar, de forma eficiente e eficaz,

ações integradas e integradoras que estabelecem regras e normas para o uso do solo, os

transportes públicos motorizados e os meios de transportes não motorizados de deslocamento,

principalmente o caminhar (Brasil, 2006a).

A política de mobilidade urbana, ao congregar em sua efetivação todas as principais

características da configuração da cidade – seus equipamentos, infra-estruturas de transporte,

comunicação, circulação e distribuição, tanto de objetos quanto de pessoas – participa

efetivamente das possibilidades de desenvolvimento de uma cidade. O nexo entre o

desenvolvimento da cidade e a mobilidade que nela se pratica é evidente. Afinal, uma política de

mobilidade, que respeite princípios universais e de benefício à maioria da população, tem seus

resultados traduzidos em um maior dinamismo urbano, numa maior e melhor circulação de

pessoas, bens e mercadorias, valorizando a característica principal do urbano que é ser um espaço

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de congregação e cruzamento de diferenças, da criação do novo ambiente dinâmico e público

(Brasil, 2006).

As questões relacionadas à mobilidade urbana são de especial interesse, uma vez que as

limitações e dificuldades impostas aos deslocamentos refletem em inúmeras deseconomias para

as cidades, afeta de forma direta a qualidade de vida de seus cidadãos e são determinantes para a

exclusão social e ineqüidade. No entanto, os fatores sociais, econômicos e ambientais associados

à mobilidade de pessoas e bens foram desconsiderados até o presente momento no planejamento

e gestão dos transportes urbanos, cujo foco concentrou-se fundamentalmente no acesso físico aos

meios de transporte (Costa et al, 2006).

As cidades constituem-se no palco das contradições econômicas, sociais e políticas e o sistema

viário é um espaço em permanente disputa entre diferentes atores, que se apresentam como

pedestres, condutores e usuários de automóveis, caminhões, ônibus e motos. A existência de

barreiras econômicas, sociais e, sobretudo, as físicas (arquitetônicas) atingem de forma mais

contundente as populações mais pobres e menos protegidas, cuja circulação e acessibilidade ao

espaço urbano são drasticamente reduzidas, impedindo o deslocamento de pessoas com

deficiência e outras que possuem dificuldades de locomoção (Brasil, 2006a).

2.4 MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

A pluralidade e o conseqüente agravamento dos problemas de mobilidade urbana resultantes

deste modo fragmentado de ver a cidade e seu sistema de transportes têm estimulado assim, a

revisão dos conceitos vigentes e o desenvolvimento de um novo paradigma para a mobilidade

urbana. Esforços no sentido de consolidar este novo paradigma e rever o modelo de planejamento

vigente no país encontram-se em desenvolvimento e já apresentam os primeiros resultados (Costa

et al, 2006).

A mobilidade urbana sustentável pode ser definida como resultado de um conjunto de políticas de

transporte e circulação que visam a priorização dos modos não-motorizados e coletivos de

transporte, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e

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ecologicamente sustentável. A Mobilidade Urbana Sustentável deve estar integrada às demais

políticas urbanas, com o objetivo maior de priorizar o cidadão na efetivação de seus anseios e

necessidades, melhorando as condições gerais de deslocamento nas cidades (Brasil, 2006).

O uso do transporte não motorizado pode gerar inúmeros benefícios, se manifestando em uma

melhoria na qualidade de vida dos seus usuários. Litman (1999) comenta sobre esses vários

aspectos como o aumento da interação social e do lazer, exercícios e aumento da saúde e do bem

estar, economia financeira e mobilidade. Isso se traduz para a comunidade como o aumento da

saúde pública e comunidades mais saudáveis, aumento da interação da sociedade como resultado

de ruas mais seguras, aumento da atração e acesso dos turistas, redução do congestionamento do

tráfego e redução da poluição do ar e do ruído gerados pelo uso do veículo motorizado. As

soluções de transporte devem refletir as condições, necessidades e preferências dos usuários

(Starkey et al, 2002).

2.4.1 Meio Ambiente

A mobilidade é um atributo das pessoas e dos agentes econômicos no momento em que buscam

assegurar os deslocamentos de que necessitam, levando em conta as dimensões do espaço urbano

e a complexidade das atividades nele desenvolvidas (MCidades, 2004). Na mobilidade, os

indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de transportes coletivos, motoristas. O

conceito de mobilidade sustentável deriva da idéia mais ampla da sustentabilidade global, que

visa garantir o acesso das gerações futuras aos recursos existentes pelo menos no mesmo nível

das gerações atuais. A mobilidade sustentável, por sua vez, tem por objetivo proporcionar uma

melhoria nas condições de deslocamento de pessoas e bens de forma a não esgotar os recursos

naturais existentes ao mesmo tempo em que assegure a minimização dos impactos causados ao

meio ambiente, levando em conta também as questões sócio-econômicas dos transportes.

A mudança do clima é o resultado de um processo de acúmulo de gases de efeito estufa na

atmosfera, que está em curso desde a Revolução Industrial. Os países apresentam diferentes

responsabilidades históricas pelo fenômeno, segundo os volumes de suas emissões antrópicas

(MMA, 2008). De acordo com MMA (2007), o Painel Intergovernamental de Mudanças

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Climáticas (International Panel on Climate Change - IPCC) divulgou, no início de fevereiro de

2007, o Quarto Relatório de Avaliação das Mudanças no Clima do Planeta, chamado IPCC-AR4.

O relatório detectou um aumento de temperatura global entre 2ºC a 4,5ºC a mais do que os níveis

registrados antes da Era Pré-Industrial. A estimativa mais certeira fala em aumento médio de 3ºC,

considerando que os níveis de dióxido de carbono (CO2) se estabilizem em 45% acima da taxa

atual.

Em relação às causas da mudança de clima, o relatório afirma que é "muito provável" (até 90%

de probabilidade) que as atividades humanas, lideradas pela queima de combustível fóssil,

estejam provocando o aumento da temperatura da atmosfera desde meados do século XX (MMA,

2007).

Outra fonte de poluição atmosférica típica dos séculos XX e XXI são os gases expelidos pelos

veículos automotores, que em sua grande maioria são movidos a combustíveis fósseis, o que em

conjunto com espaços urbanos cada vez mais impermeabilizados e confinados entre grandes

superfícies de concreto contribuem para a degradação da qualidade do ambiente nas grandes

cidades.

O modelo de circulação automobilística e o urbanismo a ele associado mostram-se ineficientes e

ineficazes em todos os lugares onde foram implantados. Várias grandes cidades brasileiras já

investiram centenas de milhões de reais em infra-estrutura de vias, túneis e viadutos, e tem visto

os seus esforços e recursos serem transformados em outros vários milhões gastos em horas de

congestionamento e poluição ambiental. Apesar de os investimentos serem sempre com o

objetivo de melhorar o fluxo de veículos, somente em curtíssimo prazo essa intenção se

concretiza, pois a melhoria se traduz imediatamente em estímulo à maior utilização do transporte

individual (Brasil, 2006).

O aumento significativo da frota de veículos motorizados acarreta diversos impactos na qualidade

de vida e na qualidade ambiental das cidades. À medida que o número de veículos em circulação

aumenta, a velocidade média dos fluxos tende a diminuir, cresce o tempo de viagem e, como

conseqüência, aumenta a poluição ambiental (Pezzuto, 2002).

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O incentivo ao uso de modos de transporte menos poluidores, portanto, assume-se como uma

questão primordial no controle do efeito estufa no ambiente urbano, muito embora Castañon

(2008) observe que a cultura do uso do automóvel, no Brasil, não cede facilmente diante das

questões ambientais, constituindo mesmo um desafio para o desenvolvimento de políticas

públicas sustentáveis.

É difícil comprar, usar e manter meios de transporte intermediários quando a infra-estrutura para

sua fabricação, fornecimento e reparo é escasso. Eles precisam de um numero limite mínimo de

usuários para tornar a propriedade socialmente aceitável e que justificam o estabelecimento dos

prestadores de serviço. Um círculo vicioso impede uma adoção rápida, com serviços de apoio

suficiente para aprovação fácil e um número de usuários insuficiente para sustentar as vendas e a

manutenção (Sarkey, 2001).

No contexto sócio-econômico, Campos (2006) identificou como estratégias para alcançar a

mobilidade sustentável, aquelas que visam a:

� O desenvolvimento urbano orientado ao transporte;

� O incentivo a deslocamentos de curta distância;

� Restrições ao uso do automóvel;

� A oferta adequada de transporte público;

� Uma tarifa adequada a demanda e a oferta do transporte público;

� A segurança para circulação de pedestres, ciclistas e pessoas de mobilidade reduzida;

� A segurança no transporte público.

Parte das estratégias acima citadas está relacionada com a forma de ocupação urbana, tais como o

adensamento na proximidade de corredores e estações de transporte público, a implantação de

estacionamentos para integração com o sistema de transporte público, adequação de calçadas e

implantação de vias para ciclistas e faixas de travessias para pedestres. Uma outra parte está

relacionada com a gestão do transporte público, envolvendo operadora e o poder público, em que

se destacam a oferta de um transporte com qualidade de serviço e com tarifa de acordo com este

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serviço, a integração física e tarifária e, principalmente, em grandes centros, garantir a segurança

do usuário do transporte público (Campos, 2006).

É notório que os transportes públicos, essencialmente coletivos, têm cumprido um importante

papel no meio urbano, uma vez que transportam diversas pessoas, reduzindo consideravelmente a

taxa de emissão de poluentes per capita e o consumo de espaço nas vias. Entretanto, os modos

não motorizados – pedestre e bicicleta – nas suas devidas proporções apresentam-se como a

alternativa mais apropriada para a redução das emissões nocivas e para tornar a mobilidade, tão

essencial ao ser humano, mais sustentável.

2.4.2 Saúde

De acordo com WHO (2009), a atividade física é definida como qualquer movimento corporal

produzido pelos músculos esqueléticos que requerem gasto de energia. É recomendado que as

pessoas se empenhem em níveis adequados de atividade física durante toda a sua vida em

benefício de sua saúde. A atividade física é um fator determinante do gasto de energia e, portanto,

é fundamental para o equilíbrio energético. Diferentes tipos e quantidades de atividade física são

requeridos para diferentes resultados de saúde:

� Pelo menos 30 minutos diários de atividade física intensa, 5 dias por semana, reduz o

risco de alguns tipos comuns de doenças não transmissíveis (DNT) em adultos:

a. Doenças cardiovasculares b. Derrame cerebral c. Diabetes tipo II d. Câncer do cólon e. Câncer de mama.

� Jovens em idade escolar devem acumular, diariamente, pelo menos 60 minutos de

atividade física moderado-intensa.

Além disso, a WHO (2009) lista uma série de fatos que comprovam a importância da prática de

exercício regular na vida de um indivíduo:

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� A cada ano, pelo menos, 1,9 milhões de pessoas morrem como resultado da inatividade física.

� Pelo menos 30 minutos de atividade física de intensidade moderada, 5 dias por semana,

reduz o risco de alguns tipos comuns de doenças não transmissíveis (como comentado anteriormente).

� Mais de 35 milhões de pessoas morreram de doenças não transmissíveis em 2005 - isso

representava 60% do total de mortes no mundo. � 80% das mortes por doenças não transmissíveis ocorrem em países de baixa e média

renda.

� Sem uma ação para resolver as causas, as mortes por doenças não transmissíveis vai aumentar em 17% entre 2005 e 2015.

Alguns estudos da especialidade sugerem que as administrações centrais de cada país, poderiam

economizar verbas significativas no setor da saúde, se as pessoas, no que concerne as viagens de

curta distância, substituíssem o veículo automóvel pelos modos de transportes considerados

sustentáveis, nomeadamente os não motorizados tais como a bicicleta ou o modo pedonal. É

incontestável que a atividade física regular é fundamental para a saúde e equilíbrio emocional dos

indivíduos, assumindo um papel essencial na prevenção de diversos tipos de doenças do foro

físico e psiquiátrico, contribuindo ainda para um aumento da esperança de vida das pessoas (Silva

et al, 2005)

2.5 MODOS DE TRANSPORTE

Modos diferentes de transporte servem diferentes funções. Nenhum modo irá satisfazer todos os

fins. Opções de transporte tendem a criar um sistema de transporte mais eficiente e justo, pois

permite que cada modo funcione da sua melhor maneira. Isto é particularmente importante para

proporcionar mobilidade básica para as pessoas que são economicamente, fisicamente ou

socialmente desfavorecidos (VTPI, 2008). Porém, tecnologias de transporte diferentes podem

coexistir lado a lado, cumprindo diferentes nichos especializados (Sarkey, 2001).

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2.5.1 Transporte Particular

O número de veículos no País tem crescido rapidamente nas últimas décadas: de 430 000 em

1950, para 3,1 milhões em 1970, chegando a 36,5 milhões em 2003. Os automóveis, cuja

produção anual gira em torno de 1,5 milhões de veículos, corresponde a mais de 80% da

produção de veículos automotores (Brasil, 2006).

Na maior parte das grandes cidades, o processo de crescimento não foi devidamente

acompanhado pela rede de transporte que, aos poucos, foi deixando de atender aos desejos e

necessidades de deslocamento de grande parcela da população. Além disso, o modelo de

mobilidade adotado nos grandes centros urbanos brasileiros- e que vem, de forma quase natural,

sendo reproduzido pelas cidades de porte médio – favorece o uso do veículo particular,

reforçando o espraiamento das cidades e a fragmentação do espaço devido à flexibilidade dos

deslocamentos automobilísticos. Dessa forma, cidades se estruturam e desenvolvem para acolher,

receber, abrigar o veículo particular e assegurar-lhe a melhor condição possível de deslocamento

nas áreas urbanas (Brasil, 2006).

2.5.2 Transporte Coletivo Urbano

O transporte coletivo urbano brasileiro é representado pelos seguintes números: 1 600 empresas

operadoras, sendo 12 metro-ferroviárias, que somam a um faturamento anual de 20 milhões de

reais. Nas 233 cidades com mais de 100 mil habitantes, onde existem sistemas de transporte

coletivo expressivos, estima-se que existam em circulação cerca de 155 mil ônibus, transportando

59 milhões de passageiros por dia. Os sistemas metroviários e ferroviários em operação nas

regiões metropolitanas e grandes cidades contam com 2 700 veículos que transportam um volume

diário de cinco milhões de passageiros. Estima-se que 80% de todas essas viagens concentrem-se

nas Regiões Metropolitanas e Aglomerações Urbanas. Cerca de 95% da operação é produzida por

operadores privados (Brasil, 2006).

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A qualidade do transporte coletivo urbano tem se deteriorado, também, por falta de uma rede de

transporte bem estruturada e integrada de tal forma que atenda aos desejos de deslocamento da

população segundo modos adaptados aos motivos de viagem (Brasil, 2006).

2.5.3 Pedestres e Ciclistas

Caminhar, além de ser a forma mais antiga e básica de transporte humano, constitui-se no modo

de transporte mais acessível e barato. Porém, apesar da infra-estrutura de passeios públicos serem

relativamente barata, a maioria das cidades brasileiras não se preocupa em acomodar os pedestres

com o mesmo empenho dedicado aos veículos (Brasil, 2006).

A complexidade crescente da circulação urbana cria constantemente demanda por deslocamentos

não-motorizados que precisam de apoio infra-estrutural e regras de conduta, e que são também

fundamentais para as pessoas com restrição de mobilidade, notadamente crianças, idosos e

deficientes (Brasil, 2004). O pedestre apesar de ser um dos elementos do sistema de transporte

raramente é considerado no planejamento de transportes, mesmo tendo seus deslocamentos

grandemente prejudicados pelo tráfego de veículos e pelas características da via (Mourtte, 2000)

A incompatibilidade entre o ambiente construído das cidades, o comportamento dos motoristas, o

grande movimento de pedestres sob condições inseguras faz o Brasil deter um dos mais altos

índices de acidente de transito em todo o mundo. A gravidade do problema se revela tanto no

número absoluto de acidentes, quanto nas taxas proporcionais à frota veiculas e às populações

consideradas (Brasil, 2006).

Os dados oficiais mostram que a cada ano são produzidos mais de um milhão de acidentes no

Brasil, mais de 33 mil pessoas são mortas e cerca de 400 mil são feridas, sendo que 120 mil

tornam-se inválidas em ocorrência de transito. Dos mortos, 50% são pedestres, ciclistas ou

motociclistas, a parcela mais vulnerável nas vias urbanas (Brasil, 2006).

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2.5.4 Pessoas com Mobilidade Reduzida Existe uma parcela da população que sofre com a exclusão social causada, principalmente pela

dificuldade de locomoção e movimentação pela cidade e demais ambientes de uso comum. São

pessoas usuárias de cadeiras de rodas, com muletas, com deficiências visuais e auditivas de

diversos níveis ou com deficiências mentais. Além destas pessoas que possuem alguma

necessidade especial, há uma quantidade grande de pessoas que também passam por dificuldades

na mobilidade urbana pelo simples fato de o espaço de uso comum não ter sido executado

corretamente, possibilitando sua utilização. São pessoas que possuem algumas limitações na

mobilidade decorrentes de alguma alteração em sua estrutura física, sensorial, orgânica ou mental

(compreensão), tanto de caráter definitivo quanto temporário. Esses espaços são classificados

como Inacessíveis e esses indivíduos, Pessoas com Mobilidade Reduzida (ou pessoas com

restrição na mobilidade). Dentre eles, encontram-se os idosos, as gestantes, os obesos, as

crianças, os convalescentes cirúrgicos, entre outros (Brasil, 2006a).

Então, em função da idade, estado de saúde, estatura e outras condicionantes, várias pessoas tem

necessidade especiais em relação a receber informações, chegar até os terminais e pontos de

parada, entrar nos veículos e realizar seu deslocamento através dos meios coletivos de transporte

ou, simplesmente, se deslocar no espaço público. Essas pessoas são consideradas Pessoas com

Restrição de Mobilidade e, neste grupo, estão incluídas as Pessoas com Deficiência (Brasil,

2006).

As cidades representam-se com inúmeras barreiras: econômicas, políticas, sociais e

arquitetônicas. A existência de barreiras físicas de acessibilidade ao espaço urbano acaba por

dificultar ou impedir o deslocamento de pessoas com deficiência e outras que possuem

dificuldades de locomoção. Historicamente, a acessibilidade aos sistemas de transporte foi

atendida como a adaptação da frota e teve como imagem principal o acesso do usuário de

cadeiras de roda, através de elevadores, aos diversos tipos de veículos utilizados no Brasil. Esta

visão impediu uma abordagem mais adequada do problema, desconsiderando-se, nesta solução,

todos os tipos de deficiência existentes. Trata-se de discutir a mobilidade das pessoas com

deficiência pela cidade, através dos vários modos possíveis de transporte e as adequações nos

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espaços públicos para garantir a circulação também dos idosos, gestantes e crianças (Brasil, 2004

e Brasil, 2006).

O último senso do IBGE revela que 14,5% da população brasileira possuem algum tipo de

deficiência, totalizando 26,5 milhões de pessoas, não considerando as pessoas com restrição de

mobilidade. Além disso, em 2000, o Brasil possuía 8,5% de idosos (14 milhões de pessoas)

(Brasil, 2006).

2.5.5 Mobilidade Reduzida: crianças

Pela projeção do IBGE da população do Brasil por sexo e idade, pela revisão de 2008, em 2010

teríamos no Brasil cerca de 27 milhões de crianças de 7 a 14 anos de idade.

As crianças abaixo de oito anos não têm maturidade para enfrentar qualquer tipo de trânsito sem

a supervisão direta de um adulto. Vias movimentadas, com cruzamentos sinalizados, exigem

supervisão até cerca de 12 anos. Em grandes avenidas, mesmo adolescentes precisam da

supervisão de um adulto. São características da criança (CONDECA, 2007):

� Dificuldade de localização precisa dos sons que ela ouve no tráfego;

� Visão periférica diminuída;

� Até os sete anos, a criança tem capacidade de lidar apenas com um fato ou uma ação de

cada vez;

� Dificuldade de julgamento da distância de um objeto nas vias de tráfego;

� Tendência à distração e ao comportamento imprevisível;

� Necessidade de maior tempo para processamento de informações;

� Pequena estatura, que prejudica a visão do trânsito pela criança e a visão dela pelo

motorista.

� A segurança no transporte público.

Para as pessoas com restrição de mobilidade ter acessibilidade não se resume à possibilidade de

entrar em um determinado local ou veículo, mas na capacidade de se deslocar pela cidade, através

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da utilização dos vários modos possíveis de transporte, organizados em uma rede de serviços e

por todos os espaços públicos, de maneira independente (Brasil, 2006).

2.6 MOBILIDADE INDEPENDENTE Logo que aprendem a andar, as crianças procuram afirmar suas independências. Aos poucos eles

são concedidos de mais independência, até que recebem uma ‘licença’ ou ‘permissão’ para visitar

amigos ou visinhos ou fazerem tarefas que não implicam em uma travessia de vias, ruas ou

avenidas. A aquisição de cada vez mais autonomia pessoal através de uma maior mobilidade

independente é um aspecto do crescimento. Esta promove a auto-estima em crianças, permitindo-

lhes fazer as coisas por conta própria. Com o passar dos anos, as crianças recebem permissão

para cruzar estradas sozinhas, ir para as escolas desacompanhadas, para ir a lugares mais

distantes e, em seguida usar ônibus e andar de bicicleta nas vias principais. No início da

adolescência, eles são muitas vezes julgados por seus pais para ter-se equipado com habilidades

suficientes para 'ler' o tráfego e responder de maneira sensata. Em sua adolescência, quase todos

aqueles que estão fisicamente aptos tem ‘licenças’ para se locomover por conta própria, dentro

dos limites impostos pelos pais em relação a sua segurança (Hilman et al, 1990).

Grande parte da literatura sobre a independência da criança centra-se sobre a questão da

dependência física e dinâmica. A responsabilidade é essencial para o desenvolvimento da auto-

estima. As formas concretas em que o mundo fora do lar pode interferir no desenvolvimento das

crianças estão menos bem documentadas (Hilman et al, 1990).

Os psicólogos de crianças salientam a importância de facilitar o desenvolvimento da autonomia

das crianças, permitindo-lhes novas liberdades quando as mesmas estão prontas para lidar com

elas. Há um distanciamento gradual da criança aos pais, desde uma dependência total ao

nascimento até um ponto no qual a criança/adolescente é capaz de tomar suas próprias decisões e

executar sua própria vida. Se a criança tem oportunidades insuficientes para a independência em

seus primeiros anos, ela continua dependente por mais tempo do que seria normal. Se ela não é

capaz de aproveitar das oportunidades de ação independente e quando elas surgem, ela é

"superprotegida", seus horizontes podem ser estreitados e ela pode encontrar dificuldades quando

não está mais protegida (Hilman et al, 1990).

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Uma das causas da redução da mobilidade independente das crianças é o risco de acidente de

trânsito. Quantitativamente, eles representam um grave problema de saúde pública no Brasil,

respondendo pela segunda maior causa de mortes por trauma no país, atrás apenas de homicídios,

só sendo que a Organização mundial de Saúde (OMS) prevê que, daqui a 20 anos, os acidentes

representarão a terceira maior causa mundial de mortes (Brasil, 2006).

Comparações e estudos indicam que, atualmente, a participação do Brasil no número de veículos

da frota mundial é de 33%, sendo, porém, responsável por 5,5% do total de acidentes fatais

registrados no mundo. O índice de três mortos por dez mil veículos/ano, tido como aceitável pela

ONU, está bem abaixo dos nove mortos por dez mil veículos/ano registrado no Brasil (Brasil,

2006). Os pedestres constituem uma parcela bastante significativa do número total de mortes em

acidentes de trânsito, representando entre 40 e 50% destes, na sua maioria, crianças e idosos

(Brasil, 2004).

As crianças de 7 a 10 anos já podem ter aprendido noções de segurança, mas ainda não tem o

pensamento concreto organizado, está desenvolvendo a capacidade intelectual e imitativa,

identifica-se com super-heróis, seu comportamento é de desafio constante a regras estabelecidas

que visem sua proteção. Suas habilidades motoras estão bem além do seu julgamento crítico.

Assim, sem a supervisão de adultos, os acidentes que podem ocorrer já refletem imprudência ou

desorientação: em situações complexas como no trânsito (não sabe calcular velocidade), torna-se

vítima de atropelamento, a principal causa de morbi-mortalidade desta faixa etária. Podem sofrer

também quedas, de bicicletas, de lugares altos, ferimentos com arma de fogo e lacerações, que

crescem como causas de lesões. Podem sofrer agressões, de outras crianças na escola, com

quedas e impactos contra objetos ou pessoas e, como conseqüência: lacerações, traumatismos

dentários, fraturas e outras lesões (CONDECA, 2007).

Os adolescentes, por outro lado, estão numa fase em que o corpo está mudando, vão a festas,

namoram, desejam mais liberdade e independência. Possuem controle motor completo,

autonomia, raciocínio lógico e opção de livre-arbítrio. Pelas suas características de insegurança

(com todas estas modificações tão rápidas que estão ocorrendo) desafiar regras pré-estabelecidas,

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exibicionismo e sintonia com grupos, mesmo que anti-sociais, estão sujeitos a: traumas,

relacionados à quedas, esportes, atropelamentos, lesões decorrentes de agressões e vícios (álcool,

fumo, drogas) (CONDECA, 2007).

Os acidentes de trânsito em nosso meio envolvendo crianças e adolescentes, quer como pedestres,

quer como passageiros, continuam alimentando as estatísticas com um grande número de mortos,

respondendo, junto com os homicídios e suicídios, por dois terços dos óbitos por causas externas

(CONDECA, 2007).

Independentemente da idade, de um modo geral ocorrem mais atropelamentos em zonas pobres,

com muitas crianças, tráfego intenso, mais carros estacionados, vias de mão dupla, menor

policiamento e pouco controle da velocidade dos veículos. Em relação à atitude dos motoristas, o

que mais causa atropelamentos é abusar da velocidade, principalmente dirigindo embriagado, não

seguir as regras de trânsito e não e respeitar os pedestres (CONDECA, 2007).

A prevenção do atropelamento de crianças tem sido baseada em programas de treinamento, que,

em geral, tentam aumentar o conhecimento e modificar o comportamento, com ênfase em como

atravessar uma rua. Infelizmente, os resultados revelam efetividade razoável em aumentar o

conhecimento e muito inconsistente em mudar o comportamento das crianças (CONDECA,

2007).

2.7 ESTUDOS JÁ REALIZADOS SOBRE A MOBILIDADE INDEPENDENTE

Este trabalho é baseado em uma pesquisa feita na Inglaterra e na Alemanha em 1990 focada em

alunos com idade de 7-15, em que explora os seus padrões de viagem e de níveis de autonomia

pessoal, e as ligações que estes têm com a percepção dos pais sobre o perigo a que seus filhos

estão expostos ao se locomoverem por conta própria.

O primeiro estudo feito sobre a mobilidade independente das crianças aconteceu em 1970 na Grã-

Bretanha. Seu objetivo era examinar os padrões de mobilidade pessoal dos diferentes grupos

sociais. Os resultados do estudo mostraram que cerca de metade das viagens das crianças foram

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feitas a pé e que as crescentes restrições foram impostas as suas viagens independentes (PSI,

2009).

Os pais das crianças também foram envolvidos nessa pesquisa. Eles foram questionados sobre a

idade a qual impuseram restrições de mobilidade pessoal de seus filhos, e suas razões para fazê-

lo. Análise das suas respostas revelou que os fatores que influenciam a vontade dos pais para

conceder a ‘licença’ para os seus filhos para se locomover por conta própria estavam ligadas

principalmente às preocupações com o risco de lesões nas estradas e, em menor medida, sobre o

perigo de "estranhos". Como comentado no capitulo 1, dois relatórios do PSI incorporando os

resultados foram publicados: Personal mobility and transport policy (1973) e Transport realities

and planning policy (1976) (PSI, 2009).

As estradas estão cada vez mais seguras ou mais perigosas para as crianças? Duas respostas

diametralmente opostas são frequentemente dadas a esta pergunta. Com o objetivo de responder a

essa pergunta, Adams e Hillman (1989) foram motivados a estudar a mobilidade independente

das crianças. A Divisão de Segurança do Departamento de Transportes Rodoviários do Reino

Unido afirmou que a queda substancial das fatalidades rodoviária entre as crianças durante os

últimos 20 anos foi uma indicativa do sucesso da sua política. Essa hipótese poderia ser testada

replicando os estudos feitos 1970 nas mesmas escolas com o objetivo de identificar se houve

mudanças significativas na liberdade em que as crianças tem de se locomoverem por conta

própria. O estudo mostrou uma queda drástica na mobilidade independente das crianças nas

ultimas duas décadas (PSI, 2009).

Também em 1990, pesquisas similares foram feitas na Alemanha, com o objetivo de proporcionar

uma comparação cultural. Os resultados confirmam que a principal razão para a queda

substancial das fatalidades rodoviária entre as crianças não foi a implementação da política de

segurança rodoviária no Reino Unido, mais sim ao aumento de restrições a autonomia das

crianças fora de casa. As estatísticas dos acidentes rodoviários são uma medida insuficiente e

enganosa da segurança rodoviária. O fato de que as taxas de mortalidade infantil em acidentes de

estrada estão agora muito menor do que em 1920 não é suficiente para afirmar que as estradas se

tornaram mais seguras. Claramente, eles são muito mais perigosas. A principal explicação para a

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reduzida taxa de mortalidade foi a retirada das crianças da ameaça e não a retirada da ameaça das

crianças (Hilman et al, 1990). Um relatório sobre as conclusões do estudo foi publicado pelo PSI

em 1990, chamado One False Move: A Study of Children's Independent Mobility (PSI, 2009).

Nesse relatório foi sugerido que o aumento da liberdade individual e de escolha decorrentes do

aumento da posse de carros para os pais foi adquirida à custa de uma perda de liberdade e de

escolha para as crianças. Na pesquisa feita em 1971, verificou-se que 80 por cento, de 7 e 8 anos

de idade as crianças podiam ir à escola por conta própria. Em 1990, esse percentual foi

caiu para 9 por cento. A liberdade pessoal para as crianças um pouco mais velhas também

diminuiu. Com 9 anos as crianças estão se tornando independente e capazes em muitos aspectos.

Entretanto foi descoberto que somente metade dessas crianças estão autorizadas a atravessar

estradas por conta própria, apenas cerca de um terço estão autorizados a fazerem em viagens não-

escolares sem o acompanhamento de um adulto, e menos de um em cada dez está autorizada a

utilizar ônibus. Vinte anos atrás, a maioria jovens de nove anos estavam livres para fazerem todas

essas coisas (Hilman et al, 1990).

Ao comparar os resultados das pesquisas de 1971 e 1990 na Inglaterra, foi descoberto que a idade

média em que as ‘permissões’ são concedidas aumentaram em cerca de 2,5 anos. A "liberdade

pessoal e de escolha" permitido a um típico aluno de sete anos de idade em 1971 já não foram

permitidas em 1990 até que a criança atinja a idade de nove anos e meio aproximadamente

(Hilman et al, 1990).

Essa pesquisa sugeriu o principal responsável pela diminuição da autonomia das crianças é o

aumento das viagens motorizadas. Paradoxalmente, para os pais das crianças, os benefícios de

uma maior posse de automóveis foram substancialmente compensados pela restrição imposta à

sua liberdade em virtude da crescente necessidade de acompanhar os seus filhos por causa do

aumento do risco de tráfego. Em 1990, havia três vezes e meia mais filhos levados para a escola

de carro do que em 1971 (Hilman et al, 1990).

O aumento do volume de tráfego, ruído, poluição, perigo e desconforto têm contribuído para um

sentimento de insegurança devido à degradação contínua da vida nas ruas e, ao mesmo tempo, a

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um aumento da proporção de pessoas de fora da casa que são estranhos. Como resultado, o medo

de abuso sexual aumentou, especialmente depois do anoitecer. Esse levantamento revelou que na

Inglaterra, 98 por cento dos alunos de 7 – 11 anos 76 por cento dos alunos de 11 – 15 anos não

tem permissão para sair sozinhos depois de escurecer. Portanto, as crianças não só perderam um

pedaço da mobilidade independente, eles também perderam o uso de uma parte significativa do

dia (Hilman et al, 1990).

A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança define criança como "sujeito de

direitos inalienáveis de não menos valor do que as dos adultos", e consagra o princípio de que "a

vida e o desenvolvimento normal das crianças deve ser uma preocupação primordial da

sociedade”. A crise ambiental global obriga um reavaliamento das nossas capacidades e um

reordenamento das nossas preocupações. Como consequencia, em todo o mundo, os governos

estão começando a explorar maneiras de reduzir a dependência do automóvel (Hilman et al,

1990).

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA MOBILIDADE INDEPENDENTE

DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

3.1 APRESENTAÇÃO

Essa pesquisa é uma adequação dos estudos realizados na Inglaterra e na Alemanha sobre a

mobilidade independente focada em crianças 7 a 11 anos e em adolescentes com idade entre 11 a

15. Dessa forma, baseado nos instrumentos de pesquisa utilizados na Inglaterra e na Alemanha,

são apresentados, neste capítulo procedimentos metodológicos que permitirão realizar a análise

da mobilidade independentes entre as crianças e adolescentes no Brasil.

3.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO PARA AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE INDEPENDENTE A metodologia proposta neste trabalho é composta por 7 etapas de procedimentos apresentados

conforme a Figura 3.1:

• Etapa 1 : Definição do problema e objetivo da pesquisa

• Etapa 2 : Identificação da área de estudo

• Etapa 3: Definição da amostra

• Etapa 4: Planejamento da pesquisa de campo

• Etapa 4.1: Elaboração do instrumento de pesquisa

• Etapa 4.2: Realização de um piloto de pesquisa

• Etapa 4.3: Correção do instrumento de pesquisa

• Etapa 5: Coleta de dados no Campo

• Etapa 5.1: Definição dos roteiros e cronograma de pesquisa

• Etapa 5.2: Preparação da logística de viagem para a área de estudo

• Etapa 5.3: Coleta de dados

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• Etapa 6: Tratamento dos dados

• Etapa 7: Análise dos dados

Figura 3.1: Estrutura metodológica para análise da mobilidade independentes de crianças e adolescentes

• Etapa 1: Definição do problema:

O problema que a pesquisa de campo deve responder se concentra em caracterizar a mobilidade

independente das crianças e adolescentes no Brasil

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• Etapa 2: Definição da área de estudo

A identificação da área de estudo é a definição do espaço de análise que se quer realizar

especificamente. Assim a área de estudo pode ser um país, estado, região, município, bairro ou

ainda uma escola

• Etapa 3: Definição da amostra

Nessa etapa são definidos os atores que participarão da pesquisa e a quantidade de participantes.

Para tanto esta etapa se divide em: (i) definição da população alvo; (ii) técnicas de amostragem; e

(iii) quantificação da amostra.

a) Definição da população alvo

A definição da população é a identificação do conjunto de indivíduos (famílias ou outras

organizações), acontecimentos ou outros objetos de estudo que a pesquisa pretende descrever ou

para quais pretende generalizar as suas conclusões/resultados. É também designada por universo.

Os elementos comuns que compõem nossa população são as unidades de análise. As unidades de

análise podem ser constituídas por agregados de tamanhos diferentes. Elas podem ser indivíduos,

grupos, instituições, ou até mesmo regiões e países. Assim, designa-se por população alvo a

totalidade dos elementos sobre os quais se deseja obter determinado tipo de informações (FCT –

UNL, 2005). Assim a população alvo considerada neste estudo são as crianças e os seus pais. As

unidades de análise são os alunos de 7 a 11 anos e pré-adolescentes com idade entre 11 a 15

como em seus pais.

b) Definição da técnica de amostragem

A amostra é um subconjunto de indivíduos da população-alvo. É importante que a amostra seja

representativa da população-alvo, ou seja, tenha características iguais às da população-alvo.

Desta maneira, poderá generalizar os resultados obtidos com nossa amostra para toda a

população-alvo. Deve se porém, estar conscientes de que uma amostra nunca é exatamente igual

a uma população-alvo. Há sempre um erro e este erro será maior quando o tamanho da amostra

for pequeno ou quando a população-alvo não for homogênea. Assim, quanto maior for o tamanho

da amostra, maior será sua representatividade e, portanto, menor será o erro. Do mesmo modo,

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quanto mais homogênea for a população-alvo, menor será a necessidade de que uma amostra seja

grande para que ela seja representativa e menor será o erro. Uma amostra pode ser probabilística

ou não-probabilística. No projeto de pesquisa é necessário indicar claramente se a amostra a ser

utilizada é de um ou outro tipo, além disso, é preciso indicar qual a subcategoria a ser empregada

dentro destes dois tipos. É preciso deixar claro quais são as características do tipo de amostragem

a ser adotado na pesquisa.

O tamanho da amostra se refere ao número de respondentes necessário para que os resultados

obtidos sejam precisos e confiáveis, e que o aumento do tamanho da amostra diminui o erro.

Naturalmente, essa tendência tem limites; a partir de certa quantidade não se tem mais uma forte

contribuição agregada por coletar-se maior número de questionários. Para calcular o tamanho da

amostra teórica deve estabelecer previamente, o nível de confiança e o grau de precisão (intervalo

de confiança) para as estimativas e/ou generalizações a efetuar. Inversamente, uma vez realizado

o inquérito, o grau de precisão das estimativas depende do tamanho da amostra obtida, do nível

de confiança pretendido para as generalizações e do erro-padrão das estatísticas amostrais.

Na amostragem probabilística conhece-se a probabilidade de inclusão dos elementos na amostra e

utiliza-se algum mecanismo de aleatorização para selecioná-los. Neste estudo é adotado a

amostragem não-probabilística, onde a probabilidade de inclusão dos elementos na amostra não é

conhecida e os métodos de seleção não necessariamente envolvem aleatorização (CEFTRU,

2009). Assim a amostragem não-probabilística é baseada em pressupostos gerais sobre a

distribuição das variáveis do estudo na população. Um claro inconveniente deste método e o fato

de que a inclusão de um elemento da população na amostra é determinada por um critério

subjetivo, normalmente uma opinião pessoal, outro inconveniente é que existem elementos da

população que não tem possibilidade de ser escolhidos (CEFTRU, 2009 e FCT – UNL, 2005). De

acordo com CEFTRU (2009), as principais técnicas de amostragem não-probabilística estão

mencionadas abaixo:

- Amostragem intencional. É a mais utilizada por pesquisadores de diversas áreas. Nesse caso,

tiram-se conclusões de qualquer informação obtida na amostragem, independente se a amostra é

ou não representativa. Assim como nas demais técnicas não-probabilísticas de amostragem, é

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impossível fazer inferência para toda a população, apenas se podem entender um pouco mais a

fundo os elementos componentes da amostra selecionada.

- Amostragem por julgamento. É a opinião do pesquisador que seleciona a amostra. Um

especialista na área da pesquisa escolhe elementos da população que ele mesmo julga serem

representativos. Normalmente, os pesquisadores possuem diferentes pontos de vista para decidir

quais são as melhores unidades representativas para o estudo, causando contradição e

comprometendo a eficácia da amostragem. Essa técnica pode ser utilizada principalmente quando

se deseja obter informações detalhadas durante certo espaço de tempo, sobre questões

particulares.

- Amostragem por quotas. É a mais usada em pesquisas de mercado, opinião e similares. Os

pesquisadores responsáveis pela coleta de dados são instruídos a obter quotas específicas para

construir uma amostra aproximadamente proporcional à população, baseadas em algumas

variáveis demográficas. Dentro de cada quota, os pesquisadores devem obter indivíduos que

sejam representativos. No entanto, cabe ao julgamento individual do pesquisador a escolha dos

elementos a serem amostrados, fato que pode comprometer as características predefinidas de cada

quota.

Essas diferentes técnicas de amostragem não-probabilística variam quanto à área de aplicação e

eficácia. No entanto, elas têm em comum a forte dependência da validade dos pressupostos gerais

sobre a distribuição das variáveis do estudo na população. Por outro lado, com os resultados

obtidos por técnicas de amostragem probabilísticas bem executadas, pode-se utilizar métodos

estatísticos para realizar inferências sobre a população. Cabe ao pesquisador decidir qual dessas

técnicas é mais adequada para o estudo em questão, levando em conta os objetivos e o custo do

estudo (CEFTRU, 2009).

c) Quantificação da amostra

Foi apresentada nos itens anteriores o procedimento adequado para se definir a amostra com seus

respectivos níveis de confiança. Entretanto como esse estudo se baseia no dos estudos realizados

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na Alemanha e na Inglaterra, a amostra definida nesse projeto também será a mesma, apesar de

entender das grandes diferenças existentes na aplicação no Brasil. Assim como os estudos nesses

dois países, o Brasil foi dividido em cinco regiões e em cada uma delas será selecionado um

município para realizar a pesquisa. Em cada município, será selecionada uma escola de ensino

fundamental para realizar a pesquisa. Em cada escola, é necessário aplicar os questionários nas

turmas de segundo ao nono ano, sendo imprescindível aplicá-lo em uma turma de cada ano. Cada

aluno receberá um questionário para ser respondido por ele mesmo e um questionário que deverá

ser entregue aos pais ou responsáveis e deverá ser respondido por eles. A Tabela 3.1 a seguir

apresenta as principais informações:

Tabela 3.1: Quantificação da Amostra

Regiões do Brasil Municípios Escola

Alunos / Pais

Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste

Um município em cada região do

Brasil

Uma escola em cada município

Uma turma de primeiro a nono ano para ser aplicado o questionário dos

alunos e entregue o questionário dos pais para ser recolhido no

dia seguinte.

• Etapa 4: Planejamento da Pesquisa de Campo

A pesquisa de campo tem por objetivo a coleta de dados de elementos não disponíveis que

ordenados sistematicamente possibilitem o conhecimento de uma determinada situação. Dessa

forma algumas definições são fundamentais nessa etapa como:

• Etapa 4.1: Elaboração do instrumento de pesquisa

• Etapa 4.2: Realização de um piloto de pesquisa

• Etapa 4.3: Correção do instrumento de pesquisa

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• Etapa 4.1: Elaboração do instrumento de pesquisa

Os instrumentos de pesquisa aqui adotados são baseados nos mesmos questionários

desenvolvidos pelos estudos realizados na Inglaterra e na Alemanha. Os instrumentos de pesquisa

são aplicados nas escolas selecionadas em cada município. Serão utilizados dois questionários

diferentes: um para ser respondido pelos alunos (Questionário A) e outro para ser respondido

pelos pais (Questionário B).

• Etapa 4.2: Realização de um piloto de pesquisa

Realizar o pré-teste do instrumento a que se propõe é fundamental. O pré-teste tem como

objetivo refinar o instrumento, visando à garantia de que ele realmente irá medir aquilo que está

previsto como objetivo da pesquisa. Devem ser considerados no pré-teste os seguintes aspectos:

clareza e precisão dos termos, quantidade de perguntas, forma das perguntas, ordem das

perguntas e introdução e verificando se todas as questões foram respondidas corretamente, se as

respostas não indicam dificuldade.

• Etapa 4.3: correção do instrumento de pesquisa

Uma vez detectados os problemas, seja nas perguntas, na seqüência de perguntas ou na

abordagem ao entrevistar, deverá ser revista para que uma vez lançado em campo, não haja

problemas tanto de aplicação quanto de tratamento e análise dos dados.

• Etapa 5: Coleta de dados no Campo

A coleta de dados refere-se aplicação dos instrumentos de pesquisa e a obtenção das informações

pretendidas. Contudo, antes de tal aplicação é necessária a realização de algumas etapas

preliminares: (i) definição dos roteiros e cronogramas de pesquisa; e (ii) preparação da logística

de viagem para a área de estudo e a coleta de dados propriamente dita.

• Etapa 5.1: Definição dos roteiros e cronograma de pesquisa

Consiste em definir a programação de pesquisa em função do universo amostral, da

disponibilidade de recursos financeiros, da disponibilidade das escolas em cada município e dos

prazos para a realização da coleta de dados.

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• Etapa 5.2: Preparação da logística de viagem para a área de estudo

A visita aos municípios selecionados para esse projeto exige a elaboração de uma logística de

viagem que deve ser estipulada antes do início da pesquisa. Dentro dos itens que devem ser

coordenados, destacam-se: localização das escolas, hospedagem, traslados, alimentação e

segurança. Os diretores de cada escola deverão ser contatados anteriormente para o

consentimento e a autorização da pesquisa em sua escola.

Chegando ao município, devem-se localizar as escolas a serem feita a pesquisa e estipular as

melhores rotas para isso. Após esse procedimento são iniciados, efetivamente, os trabalhos de

coleta de dados.

• Etapa 5.3: Coleta de Dados

Os instrumentos de pesquisa aqui adotados são baseados nos mesmos questionários

desenvolvidos pelos estudos realizados na Inglaterra e na Alemanha. Serão utilizados dois

questionários diferentes: um para ser respondido pelos alunos (questionário A) e outro para ser

respondido pelos pais (questionário B).

Questionário A para os alunos: COMO VOCÊ CHEGA A SUA ESCOLA?

Esse questionário é aplicado em todas as escolas. Em cada escola, esse questionário é

aplicado em turmas de segundo ao nono ano, sendo imprescindível aplicá-lo em uma turma

de cada ano.

Questionário B para os pais: COMO SEU FILHO VAI À ESCOLA?

Esse questionário é entregue aos mesmos alunos que responderam o A para serem entregues

aos seus pais. Assim, cada aluno recebe um questionário que deverá ser entregue aos pais

ou responsáveis para ser respondidos por eles. No dia seguinte, os alunos deverão devolver

esses questionários na escola.

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A aplicação dos questionários (do aluno e dos pais respectivamente) deve ser realizada em

momento conveniente de forma a não atrapalhar a dinâmica das aulas e deve ser sugerida pelo

diretor da escola.

• Etapa 6: Tratamento dos dados

Após a aplicação e coleta dos dados, estes precisam ser armazenados em um banco de dados para

sua posterior análise. Deve-se ter o cuidado de organizá-los, ainda em campo, para

posteriormente serem compilados e tratados de acordo com os instrumentos e as técnicas de

análise escolhidas. Os dados obtidos em campo devem digitalizados em uma planília Excel e

conferidos.

• Etapa 7: Análise dos dados

Com os dados uma vez organizados em um banco de dados, é possível fazer uma análise das

respostas obtidas para ver se atingimos o objetivo da pesquisa. Uma análise multidimensional de

dados (Hair et alii, 1994) é realizada. Essa análise consiste em analisar simultaneamente mais de

duas variáveis, visando à síntese ou à análise aprofundada. Em outras palavras, deseja-se resumir

a massa de dados e informações implicando grande número de indivíduos descritos por diversas

variáveis. Essa análise permite explicar, sintetizar e classificar os dados para responder como se

caracteriza a mobilidade independente de crianças e adolescentes pesquisados.

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CAPÍTULO 4

ESTUDO DE CASO

4.1 APRESENTAÇÃO

Essa pesquisa é um desdobramento dos estudos realizados na Alemanha e Inglaterra. Assim

como os estudos nesses dois países, este trabalho é baseado em uma análise focada em crianças 7

a 11 anos e em adolescentes com idade entre 11 a 15. Ela explora os padrões de viagem e de

níveis de autonomia pessoal dessas crianças e adolescentes e as ligações que os seus

comportamentos têm com a percepção dos pais sobre permitir ou não a mobilidade independente

dos seus filhos para realizar viagens por conta própria. (Hilman et al, 1990). Dessa forma, a

metodologia proposta no capítulo anterior será aplicada, pois dos estudos realizados na Inglaterra

e na Alemanha só os questionários são divulgados.

4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA

Nesta pesquisa, estuda-se a mobilidade independente de crianças 7 a 11 anos e de adolescentes

com idade entre 11 a 15. Seguindo as etapas constantes na Figura 3.1 , a seguir faz-se a descrição

do estudo de caso realizado nas cinco regiões do Brasil entre abril e julho de 2010.

• Etapa 1: Identificação do Problema e Objetivo

A pesquisa de campo de campo é sempre realizada para buscar dados para explicar, entender e às

vezes prever fenômenos. Dessa forma a pesquisa deste estudo de caso tenta responder a seguinte

questão: Como caracterizar a mobilidade independente das crianças 7 a 11 anos e de adolescentes

com idade entre 11 a 15 em algumas cidades brasileiras? Para tanto é necessário coletar dados

que permitam responder a essa questão e para isso o objetivo da pesquisa é: coletar dados sobre

alguns elementos que caracterizam a mobilidade independente fornecidos pelas crianças 7 a 11

anos e de pré-adolescentes com idade entre 11 a 15 e pelos seus pais para entender a razão pelos

quais a permissão é dada ou não.

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• Etapa 2: Definição da área de estudo

A Inglaterra foi dividida em cinco regiões de forma que a pesquisa foi feita em locais desde o

subúrbio de Londres ao interior de uma vila rural. A Alemanha, com condições semelhantes à

Inglaterra, foi também dividida em cinco regiões para a pesquisa.

De acordo com o IBGE (2009), o Brasil possui uma extensão territorial de 8 514 876 km² e uma

população de 193 733 395 habitantes, enquanto a Alemanha possui uma extensão territorial de

356 733 km² e uma população de 82 166 671 habitantes e o Reino Unido possui uma extensão

territorial de 244 100 km² e uma população de 61 565 422 habitantes.

Comparativamente, o Brasil é aproximadamente 24 vezes maior que a Alemanha e 35 vezes

maior que o Reino Unido enquanto a população do Brasil é 2,5 vezes a população da Alemanha e

3 vezes a população do Reino Unido. Isso significa que temos no Brasil uma população mais

dispersa num território muito maior.

O Brasil é um país marcado por profundas desigualdades e por uma enorme diversidade sócio-

espacial. Essas marcas podem ser evidenciadas em todas as escalas, entre as diversas regiões do

país, entre os 27 Estados da federação, entre cada um dos 5.561 municípios e, inclusive de forma

intensa, internamente a cada um desses entes federados que representam o poder local (Brasil,

2004).

Por isso, dividir o Brasil em cinco regiões e em cada região e fazer a pesquisa em um único

município de cada região e em uma única escola primária e uma secundária neste município

acaba por não representar a totalidade desta região. Porém, devido aos recursos disponíveis, ao

tempo e as pessoas para realizar este trabalho, não é possível utilizar uma amostra de maior

tamanho.

A Tabela 4.1 a seguir lista os municípios e os colégios em que esta pesquisa foi realizada:

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Tabela 4.1: Municípios e escolas que participaram da pesquisa

Região Município Escolas

Sudeste

Mangaratiba – Distrito de

Muriqui - RJ

Colégio Municipal Nossa

Senhora Das Graças

Antonio e Marcos Cavanis

Colégio Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Sul Castro - PR

Vicente Machado Escola

Colégio Municipal de Ensino

Fundamental

Nordeste Santa Rita - MA

Orlando Gasileu de Carvalho

Colégio Municipal de Ensino

Fundamental

Prof. Acy J N B Pereira

Colégio Estadual de Ensino

Fundamental

Norte Marabá - PA Basilio Miguel dos Santos

Colégio Municipal de Ensino

Fundamental

CEF 03

Centro de Ensino

Fundamental

CEF 09

Centro de Ensino

Fundamental Centro - Oeste Taguatinga - DF

CE 11

Centro de Ensino

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A escolha por estes municípios se deu em função de conveniência e não técnica. A Universidade

de Brasília realizava uma pesquisa de campo nacional, e para a sua representatividade alguns

municípios das diversas regiões brasileiras foram contempladas para atingir os seus objetivos. E

assim foi permitido que em alguns municípios poderiam aplicar a pesquisa da mobilidade

independente. Dessa forma, as pesquisas foram realizadas em um município de cada região

brasileira conforme a Tabela 4.1 e serão descritas a seguir:

a) Mangaratiba - RJ

O município de Mangaratiba está localizado na mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro e na

microrregião Itaguai. Possui uma área territorial de 352km² e a população estimada em 32.533

habitantes (IBGE, 2009), 79,76% urbana (CNM, 2010). A distância à capital é de 85.483 km

(CNM, 2010). O município possui 7.125 matrículas, 528 docentes e 31 escolas no ensino

fundamental (IBGE, 2008).

As principais atividades econômicas do município são o turismo, indústria, comércio, agricultura

construção civil, pesca, agropecuária e exportação de minério. O município se divide

administrativamente em: Itacuruçá, Muriquí, Praia Grande, Mangaratiba - sede, Conceição de

Jacareí e Serra do Piloto (Prefeitura de Mangaratiba, 2007). A sua localização é visualizada na

Figura 4.1.

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Figura 4.1: Mapa ilustrativo do município de Mangaratiba

(Montagem de Raphael Lorenzeto de Abreu).

b) Castro - PR

O município de Castro está localizado na mesorregião do Centro Oriental Paranaense e na

microrregião de Ponta Grossa. Possui uma área territorial de 2.532km² e a população estimada

em 68.071 habitantes (IBGE, 2009), 68,02% urbana (CNM, 2010). A distância à capital é de

102,66km (CNM, 2010). O município possui 13.452 matrículas, 690 docentes e 49 escolas no

ensino fundamental (IBGE, 2008).

Castro é uma colônia alemã/holandesa. No século XVIII, Castro era uma região de pouso para os

tropeiros que levavam animais pra a região sudeste do Brasil. A base de sua atividade econômica

é a agropecuária, sendo considerado um dos maiores produtores do Estado do Paraná. Castro

recebeu o título de maior produtor de calcário agrícola da América Latina, devido a exploração e

extração mineral. Seu comércio é amplo, reunindo prestadoras de serviços, indústrias de móveis,

pincéis e alimentos (Prefeitura de Castro). A sua localização é visualizada na Figura 4.2.

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Figura 4.2: Mapa ilustrativo do município de Castro

(Montagem de Raphael Lorenzeto de Abreu).

c) Santa Rita – MA

O município de Santa Rita está localizado na mesorregião do Norte Maranhense e na

microrregião de Rosário. Possui área territorial de 786km² e população estimada em 32 872

habitantes (IBGE, 2009), 38,79% urbana (CNM, 2010). A distância à capital é de 68,275 Km

(CNM, 2010). O município possui 5.651 matrículas, 317 docentes e 54 escolas no ensino

fundamental (IBGE, 2008).

Durante meio século o povoado de Santa Rita cresceu lentamente por falta de comunicação e pela

sua posição desfavorável ao fluxo imigratório. Com o aumento da população, as pessoas foram

adentrando cada vez mais nas matas da região, o que resultava no surgimento de pequenos

povoados, formados por famílias de pescadores, lavradores, artesãos, entre outros (Prefeitura de

Santa Rita). As principais atividades econômicas do município são a mandioca, a extração de

lenha e a criação de galináceos (CNM, 2010). A sua localização é visualizada na Figura 4.3.

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Figura 4.3: Mapa ilustrativo do município de Santa Rita (Montagem de Raphael Lorenzeto de Abreu)

d) Marabá – PA

O município de Marabá está localizado na mesorregião Sudeste Paraense e na microrregião

de Marabá. Possui área territorial de 15.092km² e população estimada em 203.049 habitantes

(IBGE, 2009), 79,97% urbana (CNM, 2010). A distância à capital é de 440,11 Km (CNM, 2010).

O município possui 46.318 matrículas, 1.583 docentes e 228 escolas no ensino fundamental

(IBGE, 2008).

Marabá encontra-se entre dois grandes rios, Itacaiúnas e Tocantins. Vista de cima, o núcleo da

Velha Marabá tem o formato de “Y”. A cidade divide-se em cinco núcleos urbanos distintos:

Marabá Pioneira ou Velha Marabá localizada as margens dos rios, Cidade Nova, onde se situa o

aeroporto, Nova Marabá onde os bairros recebem o nome de folhas numeradas, São Felix I e II,

situados depois da ponte sobre o rio Tocantins e Morada Nova, a 20 km de Marabá. Hoje,

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Marabá é o centro econômico e administrativo de uma vasta região da “fronteira agrícola

amazônica”. A Agroindústria trabalha com processamento de polpas, farinha de mandioca,

beneficiamento de arroz, leite e palmito (Prefeitura de Marabá). A sua localização é visualizada

na Figura 4.4

Figura 4.4: Mapa ilustrativo do município de Marabá (Montagem de Raphael Lorenzeto de Abreu)

e) Taguatinga - DF

Taguatinga é uma cidade-satélite do Distrito Federal. Ela faz divisa ao norte com as Regiões

Administrativas de Brasília e Brazlândia, ao sul com a de Riacho Fundo, a leste com as do Guará

e Núcleo Bandeirante e a oeste com as de Ceilândia e Samambaia. Possui área territorial de

121,34km² e população estimada em 243.575 habitantes (IBGE – CENSO, 2000), 99,93% urbana

(IBGE – CENSO, 2000). A distância à capital é de 20,9 Km (Administração Regional de

Taguatinga).

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A consolidação da cidade de Taguatinga se deu quando o grande contingente populacional gerado

pela construção de Brasília se instalou na região do Planalto Central. A mão-de-obra mudou-se

para a região com o intuito de trabalhar e fixar residências (Administração Regional de

Taguatinga). A sua localização é visualizada na Figura 4.5.

Figura 4.5: Mapa ilustrativo do município de Taguatinga

(Montagem de Raphael Lorenzeto de Abreu)

• Etapa 3: Definição da amostra

Esta etapa subdivide-se em: (i) definição dos participantes; (ii) técnicas de amostragem; e (iii)

quantificação da amostra.

a) Definição dos participantes

Os participantes da pesquisa são: (i) os alunos de 7 a 15 anos; (ii) os pais desses respectivos

alunos. Com o questionário dos pais são entregues pelas crianças para ser respondido por eles e é

recolhido na escola no dia seguinte, é esperado que o retorno desses questionários seja menor

comparativamente com o retorno dos questionários respondidos pelos alunos.

b) Técnicas de amostragem

Neste trabalho foi utilizada amostragem por julgamento e intencional não probabilística.

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43

c) Quantificação da amostra

Como mencionado anteriormente, essa pesquisa é um desdobramento dos estudos feitos na

Alemanha e Inglaterra. Assim como nesses dois países, o Brasil foi dividido em cinco regiões e

em cada região foi selecionado um município conforme conveniência do pesquisador. Em cada

município foi selecionado uma única escola primária e uma secundária conforme conveniência

do pesquisador. Em cada escola, foram aplicados os questionários nas turmas de segundo ao nono

ano. Cada turma tinha em média 30 alunos.

• Etapa 4 : Planejamento da pesquisa

Essa etapa tem por objetivo a coleta de dados e foi dividida em três, conforme a seguir.

• Etapa 4.1: Elaboração do instrumento de pesquisa

Serão utilizados dois questionários diferentes: um para ser respondido pelos alunos (Questionário

A) e outro para ser respondido pelos pais (Questionário B). Esses questionários se encontram no

apêndice.

• Etapa 4.2: Realização de um piloto de pesquisa

Foi realizada em março uma pesquisa piloto no Centro de Ensino Fundamental Carlos Ramos

Mota, situada no lago Oeste.

• Etapa 4.3: Correção do instrumento de pesquisa

Na pesquisa piloto, foram testados os instrumentos e feito as devidas alterações para que eles

estejam aptos para irem a campo.

• Etapa 5 : Coleta de Dados no Campo

• Etapa 5.1 - Definição dos roteiros e cronograma de pesquisa

A pesquisa ocorreu nos dias descritos pela Tabela 4.3 seguinte:

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44

Tabela 4.3: Roteiro da pesquisa

Dia da Pesquisa Região Município Escolas

05 e 06 de abril Sudeste

Mangaratiba – Distrito

de Muriqui - RJ

Colégio Municipal

Nossa Senhora Das

Graças

Antonio e Marcos

Cavanis Colégio

Estadual de Ensino

Fundamental e Médio 19 e 20 de abril Sul Castro - PR

Vicente Machado

Escola Colégio

Municipal de Ensino

Fundamental

17 e 18 de maio Nordeste Santa Rita - MA

Orlando Gasileu de

Carvalho

Colégio Municipal de

Ensino Fundamental

Prof. Acy J N B Pereira

Colégio Estadual de

Ensino Fundamental 31 de maio e 01 de

junho Norte Marabá - PA Basilio Miguel dos

Santos

Colégio Municipal de

Ensino Fundamental

CEF 03

Centro de Ensino

Fundamental

CEF 09

Centro de Ensino

Fundamental 06 e 07 de julho Centro - Oeste Taguatinga - DF

CE 11

Centro de Ensino

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Em todos os municípios a pesquisa se estendeu por dois dias. Era iniciada sempre pela manhã, no

horário de início das aulas do turno matutino e terminava no final da tarde, no horário de termino

as aulas do turno vespertino. Os respectivos diretores do colégio indicavam as turmas para ser

aplicado o questionário.

• Etapa 5.2: Preparação da logística de viagem para a área de estudo

Com exceção de Taguatinga, em todos os municípios visitados o translado foi feito por via aérea.

O contato com os diretores das escolas foi realizado dias antes da chegada da pesquisadora A

apresentação formal se deu um dia após a chegada da equipe na cidade.

• Etapa 5.3: Coleta de dados

Em todas as escolas foram aplicados questionários para os alunos e entregue os questionário dos

pais para os alunos para que possa ser recolhido no dia seguinte. A quantidade de questionário em

cada escola não foi a mesma devido a variação de alunos em cada escola.

Ao total foram 1629 questionários recolhidos, dos quais 993 foram respondidos pelos alunos e

636 pelos seus pais. Com a cooperação dos dirigentes escolares e professores das turmas

pesquisadas, foi possível obter 100% de retorno dos alunos. Já o retorno de questionário dos pais

das turmas de 2º ao 5º ano foi de 68,4% e 60,1% das turmas de 6º ao 9º ano. A Tabela 4.4 contém

uma breve descrição da amostra.

Tabela 2.4: Número de questionários

Alunos Pais Município 2º ao 5º ano 6º ao 9º ano Total 2º ao 5º ano 6º ao 9º ano Total

Mangaratiba 82 88 170 47 47 94 Castro 88 135 223 78 103 181

Santa Rita 102 106 208 78 92 170 Marabá 75 107 182 50 66 116

Taguatinga 77 133 210 37 38 75 Total 993 636

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46

• Etapa 6: Tratamento dos dados

Os questionários recolhidos em campo foram organizados e para serem digitalizados em uma

planilha Excel e conferidos

• Etapa 7: Análise dos dados coletados

a) Organização dos dados

Após a aplicação e coleta dos dados, as informações dos questionários e dos questionários foram

transcritos para uma planilha de Excel.

b) Análise dos dados

Com o banco de dados em mãos, foram escolhidos alguns itens para serem estudados, tanto no

questionário do aluno quanto do questionário dos pais. Em alguns desses itens foi feita a

comparação entre a realidade Brasileira com a realidade da Inglaterra e Alemanha. Esses itens

foram:

a) Questionário Aluno

- A Questão da Mobilidade Independente

- Padrão de Viagens

- Influência do Gênero

- Percepção de segurança dos alunos

b) Questionário Pais

- A Questão da Mobilidade Independente

- Preocupação com Acidentes de Transito

- Permissão para os filhos saírem depois de escurecer

- Tecnologia e mobilidade

- Influência da Idade

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47

CAPÍTULO 5

ANÁLISE DA MOBILIDADE INDEPENDENTE

5.1 APRESENTAÇÃO A análise aqui realizada se refere somente em compreender como se dão os deslocamento dos

alunos e o grau de autonomia ou independência na mobilidade. Aproveitando a oportunidade

também será realizada uma comparação da mobilidade independente com os níveis da Inglaterra

e Alemanha. Analisa também as relações entre as concessões de "permissão" que os pais dão aos

seus filhos e suas preocupações com a segurança deles.

5.2 QUESTIONÁRIO ALUNO Os resultados aqui analisados são baseados nos dados coletados representados na Tabela 5.1 que

contém uma breve descrição dessa amostra.

Tabela 3.1: Descrição da Amostra

Turmas Total de

questionário dos alunos

Idade média dos alunos

(anos) Sexo dos alunos

Total de questionário

dos pais Feminino 48% Masculino 44% 2º ao 5º ano 424 8,83

Não responderam 8%

290

Feminino 49% Masculino 42% 6º ao 9º ano 569 12,83

Não responderam 9%

346

A pesquisa realizada utilizando o questionário para alunos está focado em determinar os níveis

de mobilidade independente e os padrões de viagem dos alunos faixa etária de 7 a 15 anos. Como

não se têm dados históricos para avaliar como está essa mobilidade no Brasil, serão comparados

com os dos alunos da Inglaterra e da Alemanha, em que essa mesma pesquisa foi realizada em

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1990. Entende-se que essa comparação não é justa em função das diferenças, já comentadas

anteriormente, mas serve de parâmetros para a sua avaliação.

5.2.1 A Questão da Mobilidade Independente Foram selecionados somente dois aspectos da pesquisa para medir a mobilidade independente

infantil. O primeiro diz respeito à ‘licenças’ ou ‘permissões’ que, as crianças obtêm de seus pais

para se locomoverem a pé por conta própria para atravessarem ruas e irem de casa à escola

sozinhas. O segundo aspecto diz respeito à ‘licenças’ ou ‘permissões’ de mobilidade mecanizada

para as crianças com idade inferior a 16 anos para andar de bicicleta nas vias públicas e utilização

de ônibus. É esperado que o número de ‘permissões’ que os alunos recebem aumente com a

idade. Segundo Hilman et al (1990), adolescentes com idade entre 11-15 gozam de uma

independência muito maior do que as crianças de 2º ao 5º ano. Esses resultados são verificados

na Tabela 5.2 e comparados aos obtidos na Inglaterra e Alemanha por Hilman et al (1990).

Tabela 5.2: Mobilidade Independente Locomoção a pé

predominantemente por conta própria

Mobilidade mecanizada para crianças com idade inferior a 16 anos

País Turmas Atravessar ruas

sozinho (%)

Ir de casa para a escola

sozinho (%)

Possuem bicicleta

(%)

Podem andar com suas bicicletas

nas vias públicas * (%)

Utilização de ônibus

(%)

Brasil 31 31 62 36 18

Inglaterra 51 35 91 25 15

Alemanha

2º ao 5º ano

75 91 86 34 31

Brasil 71 41 51 80 13

Inglaterra 97 87 76 77 84

Alemanha

6º ao 9º ano

96 99 88 81 87 *Porcentagem de alunos que já possuem bicicletas e que podem andar com elas nas vias públicas

Como esperado, a ‘licença’ ou ‘permissão’ obtida pelos alunos aumenta com a idade, os alunos

das turmas de 6º ao 9º ano gozam de mais independência do que os alunos das turmas de 2º ao 5º

ano. Os resultados relacionados ao Brasil tiveram a maior restrição relacionada à travessia de ruas

em ambas as turmas, com somente 31% dos alunos entrevistados das turmas de 2º ao 5º ano

tendo permissão para isso. Observa-se também que a porcentagem de ‘permissão’ em

praticamente todas as modalidades é menor no Brasil do que nos outros dois países, exceto em

andar de bicicleta nas vias públicas.

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Verifica-se que na Inglaterra esses percentuais são quase sempre menores comparados com os da

Alemanha, sendo os do Brasil menores ainda. Isso mostra que a locomoção a pé por conta

própria, que representa a autonomia ou independência na mobilidade infantil, é muito maior na

Alemanha para as crianças de 2º ao 5º ano. Os números apresentados são conseqüências das

decisões tomadas pelos pais nos seus discernimentos quanto à questão da maturidade da criança e

o seu meio ambiente.

Outro item do questionário dos alunos perguntava se ele gostaria de ter permissão para atravessa

vias, ruas ou avenidas movimentadas por conta própria, caso não tivesse. Observou-se que 36%

das turmas de 2º ao 5º ano e 8% das turmas de 6º ao 9º ano que não possuíam permissão, não

gostariam ou não desejam ter a permissão para fazer isso. Isso pode ser interpretado como

insegurança dos alunos ou ainda de não se sentir aptos para realizarem essa atividade.

5.2.2 Padrão de Viagens Foram examinados os padrões de viagem dos alunos para a escola. De acordo com as respostas

do questionário dos alunos, os meios mais utilizados por eles em sua jornada escolar pode ser

verificada na Figura 5.1.

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50

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Andando amaior

parte outodo o

caminho

Carro Moto ÔnibusEscolar

Outro TransportePúblico

Van Bicicleta Nãorespondeu

2º ao 5º ano 6º ao 9º ano

Figura 5.1: Meios de locomoção utilizados pelos alunos para ir à escola

Predominantemente, as crianças no Brasil vão à escola a pé, com 47% e 51% das turmas de 2º ao

5º ano e do 6º ao 9º ano respectivamente. Dos alunos que vão a pé para a escola, metade dos

alunos de 2º ao 5º ano e 82% dos alunos de 6º ao 9º ano vão sozinhos. Considerando os outros

meios de transporte, cerca de 20% dos alunos de 2º ao 5º ano vão para a escola de ônibus escolar

e 13% destes vão de carro. É interessante notar também que 7% vão de bicicleta, 4% vão de Van

e 3% vão de moto. Em sua maior parte, as vans são transporte escolar pagos pelos pais,

provavelmente por acharem que assim seus filhos estão mais seguros. Para os alunos de 6º ao 9º

ano, 14% vão de carro, 12% vão de transporte público e 10% vão de ônibus escolar. Cerca de 5%

vão de Van e de bicicleta.

Podes se verificar nas Figuras 5.2a e 5.2b bicicletas estacionadas no pátios da escola e o ônibus

também estacionado ao longo do meio fio da escola respectivamente.

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51

Figura 5.2a: Bicicletário dentro da escola – RJ Figura 5.2b: Ônibus Escolar - MA

Na Inglaterra, quase 65% das crianças do 2º ao 5º ano vão para a escola andando e cerca de 30%

vão para escola de carro. Poucos vão de ônibus ou bicicleta, apesar do alto nível de propriedade

de bicicleta. Verificou se no estudo que as viagens dos alunos de 6º ao 9º ano normalmente são

mais longas para escola e, dificultando assim o uso do modo a pé. As escolas onde alunos de 6º

ao 9º ano freqüentam têm um número muito maior de alunos em relação às escolas de 2º ao 5º

ano e apresentam uma área de influencia muito maior. Cerca de 50% desses alunos vão para a

escola a pé e menos de 10% vão de carro. Além disso, bem mais de 65% vão de ônibus, que é

mais de seis vezes do que a porcentagem que vai de carro. Assim, verifica se que os maiores já

possuem maior mobilidade como era de se esperar e pelas distancias fazem o uso do ônibus.

Na Alemanha, a grande maioria das viagens feitas para a escola por alunos de 2º ao 5º ano são

feitas a pé. Apenas 10% destes fazem a viagem de carro, e muito poucos vão de ônibus ou de

bicicleta - apesar do elevado nível de propriedade de bicicleta. Como na Inglaterra, a maioria dos

alunos de 6º ao 9º ano normalmente tem viagens mais longas para escola e as fazem raramente a

pé. Isso reflete na queda de cerca de 80% dos alunos de 2º ao 5º ano para apenas um pouco mais

de 30% dos alunos de 6º ao 9º ano irem para escola a pé. No entanto, metade dos alunos de 6º ao

9º ano vão de ônibus, o que é cinco vezes maior do que a quantidade de alunos que vão de carro.

O aumento da ‘permissão’ para usar suas bicicletas não resultar em um aumento significativo no

uso da mesma para ir para escola.

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52

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Com irmão(ã)mais velho(a) ou

colega maisvelho(a)

Com irmão(ã) oucolega da mesma

idade ou maisnovo(a)

Outro adulto Pais Sozinho Não respondeu

2º ao 5º ano 6º ao 9º ano

Figura 5.3: Como os alunos vão para a escola

A Figura 5.4 apresenta com quem os alunos normalmente vão para a escola. A grande maioria

dos alunos vai para a escola sozinho, com aproximadamente 30% e 40% dos alunos de 2º ao 5º

ano e do 6º ao 9º ano respectivamente. Como na Inglaterra e na Alemanha, o nível de alunos

acompanhados na sua jornada para escola está fortemente associado com o uso do carro e

especificamente no Brasil, de moto também. Todos que vieram desses tipos de transporte vieram

acompanhados de pais ou outro adulto.

Os alunos de 6º ao 9º ano são bem mais independentes, sendo estes 19% acompanhados pelos

pais e 9% por outro adulto. Na Inglaterra, quase 75% vai para escola por conta própria ou com

alguém da sua idade, e poucos foram escoltados por um adulto. Mais da metade voltou para casa

da escola a pé, a grande maioria deles por conta própria ou com alguém de sua idade.

Na Alemanha apenas 10% dos alunos de 2º ao 5º ano foram acompanhados por um adulto na

jornada escolar, e a grande maioria desses alunos vão para escola de carro. Já os alunos mais

velhos são mais independentes. Pouco menos de 40% dos alunos de 6º ao 9º ano foram a pé, a

metade vai de ônibus e muito poucos são acompanhados por um adulto em sua trajetória.

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53

5.2.3 Influência do gênero Existem algumas diferenças marcantes na mobilidade independente e padrões de viagem dos

meninos e meninas, e nas atitudes de seus pais. As Figuras 5.5 e 5.6 apresentam a porcentagem

de atividades que cada um pode fazer sozinho.

2º ao 5º ano

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Ir para escola Atravessar ruasmovimentadas

Andar de bicicletaem ruas

movimentadas

Ir de bicicleta paraoutros lugares

Andar de ônibus

Meninas Meninos

Figura 5.4: Diferença entre gênero

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54

6º ao 9º ano

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Ir para escola Atravessar ruasmovimentadas

Andar de bicicletaem ruas

movimentadas

Ir de bicicleta paraoutros lugares

Andar de ônibus

Meninas Meninos

Figura 5.5: Diferença de modo entre gêneros

Verifica se na Figura 5.6, os itens em relação à ‘andar de bicicleta em ruas movimentadas’ e ‘ir

de bicicleta para outros lugares’ está relacionado ao total de alunos que possuem uma bicicleta,

conforme a tabela 5.3

Tabela 5.3: Quantidade de alunos que possuem bicicleta

Turmas Total de

questionário dos alunos

Sexo dos alunos Possuem Bicicleta

Feminino 48% 60% Masculino 44% 77% 2º ao 5º ano 424

Não responderam 8%

Feminino 49% 56% Masculino 42% 63% 6º ao 9º ano 569

Não responderam 9%

Além de mostrar que os alunos de 6º ao 9º ano gozam de mais mobilidade independente, fica

claro que os meninos gozam de independência muito mais do que as meninas, em ambas as

turmas. Na Inglaterra, 40% das meninas e 60% dos meninos disseram que estão autorizados a

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atravessar estradas por conta própria. Dos um terço dos meninos que possuem bicicleta e que

podem usá-los nas ruas, somente cerca de 10% das meninas são permitidas a fazerem o mesmo.

Na Alemanha houve pouca diferença entre os níveis de mobilidade independente para meninos e

meninas, exceto em dois aspectos. Em primeiro lugar, mais meninos possuem bicicleta e podem

usá-la para atravessar ruas, tanto os mais novos quanto os mais velhos. Em segundo, os pais do

grupo de meninos são mais permissivos em relação a deixá-los sair depois de escurecer.

5.2.4 Percepção de segurança dos alunos

Na tentativa de compreender a reação dos pais, foi elaborado perguntas para verificar a percepção

dos alunos quanto a seguranças dos mesmos. Foi perguntado aos alunos como eles se sentem em

relação a sua segurança estando sozinho na sua vizinhança. De acordo com as respostas do

questionário dos alunos de 2º ao 9º ano, o resultado pode ser visto Figura 5.7.

17%

24%

21%

7%

23%

1%7%

Muito seguroSeguroNão muito seguroNem um pouco seguroNão tenho permissão para sair de casa sozinhoIncompatívelEm branco

Figura 5.6: Percepção de segurança dos alunos

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Pode-se observar que 23% dos alunos não têm permissão para sair de casa sozinhos enquanto

24% deles se sentem seguros e 21% não muito seguro. Outra pergunta realizada a eles se

relacionava as preocupações deles quando os mesmos estavam sozinhos na rua ou com os

amigos. O resultado pode ser verificado na Figura 5.8 abaixo:

289

236

550

211

314

473

Transito decarros

Se perder Medo deintimidações

por outrascrianças

Estranhos Não sinto queeu tenho idadesuficiente paraficar sozinho

Não sei o quefazer quando

algum estranhofala comigo

2º ao 9º ano

Figura 5.7: Percepção de segurança dos alunos A Figura 5.8 apresenta a quantidade de resposta para cada pergunta, pois o mesmo aluno poderia

assinalar quantas alternativas achar necessário. Observa-se que em primeiro lugar está a

preocupação com estranhos e em seguida o medo de transito de carros.

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5.3 QUESTIONÁRIO PAIS O questionário aos pais foi realizado com o objetivo de confrontar as decisões dos mesmos, uma

vez que são responsáveis pelos menores, com as suas percepções e assim identificar o porquê das

ações das crianças. Assim este questionário esteve focado em encontrar mais informações sobre

as restrições dos pais sobre a mobilidade independentes dos seus filhos, porque estes foram

impostos, e em que grau os pais estão envolvidos no transporte de seus filhos.

5.3.1 A Questão da Mobilidade Independente A mobilidade independente foi verificada analisando se os pais permitem que seus filhos possam

ir para à escola desacompanhados, como também verificando a média da idade que eles

permitiram ou que irão permitir com que seu filho faça isso de forma independente.

Comparativamente, é apresentada a média da idade com que os pais tiveram permissão para ir à

escola desacompanhados quando eram crianças. O resultado é apresentado na Tabela 5.4

Tabela 5.4: Mobilidade Independente

Turma

Pais que permitem seus filhos de irem à

escola desacompanhado

s (%)

Média de anos que

eles permitira

m isso

Pais que não permitem seus filhos de irem à

escola desacompanhado

s (%)

Média de anos que eles

irão permitir

isso

Pais que não responderam a

pergunta do questionário

(%)

Idade em que os pais tiveram permissão para

ir à escola desacompanha

dos quando crianças

2º ao 9º ano

60 10,13 35 13,68 5 9,79

Os pais que participaram dessa pesquisa tiveram permissão para ir à escola desacompanhados

quando eram crianças, em média um pouco mais cedo. Os resultados dessa pesquisa apontam

indicativos de cidades relativamente pequenas e do interior, que são mais pacatas e seguras.

Provavelmente esses números seriam mais discrepantes em grandes cidades, uma vez que as

estatísticas mostram como os centros urbanos estão cada vez mais violentos, levando a uma super

proteção das crianças por parte da família.

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58

5.3.2 Preocupação com acidente de transito Outra pergunta do questionário perguntava aos pais se seus filhos eram normalmente autorizado a

atravessar vias, ruas ou avenidas sozinho e a idade que eles permitiram ou que irão permitir isso.

O resultado pode ser visto na Tabela 5.5.

Tabela 5.5: Autorização para atravessar vias, ruas e avenidas movimentadas

Turma

Pais que permitem que

seus filhos atravessarem vias, ruas ou avenidas

sozinho (%)

Média de anos que

eles permitiram

isso

Pais que não permitem que

seus filhos atravessarem vias, ruas ou avenidas

sozinho (%)

Média de anos que eles irão permitir

isso

Pais que não responderam

a pergunta do

questionário (%)

2º ao 9º ano

50 10,43 41 13,67 9

A preocupação dos pais sobre a segurança nas vias é também evidentes nas respostas dada a

pergunta do quanto eles ficam preocupado com o risco de seu filho ser ferido num acidente de

trânsito ao atravessar uma via, rua ou avenida. O resultado pode ser visto na Figura 5.9.

73%

11%

2%

10%3% 1%

Muito preocupado Um pouco preocupado Não muito preocupado

Em branco Não sei/ Não tenho certeza Nem um pouco preocupado

Figura 5.8: Preocupação dos pais

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Observa-se que a maioria dos pais, 73% deles, ficam muito preocupados com o risco de seu filho

ser ferido num acidente de trânsito. Isso pode significa que 77% e 71% os pais dos alunos de 2º

ao 5º ano e 6º ao 9º ano respectivamente ficam muito preocupados com o risco de seu filho ser

ferido num acidente de trânsito. Nota-se também que 1% dos pais dos alunos de 2º ao 5º ano e

4% dos pais dos alunos de 6º ao 9º ano disseram que não estão muito ou nem um pouco

preocupados, observando ser desprezível esse número em função de ser cidades pequenas do

interior.

Os resultados na Inglaterra não são muito diferentes. Metade dos pais dos alunos de 2º ao 5º ano

e um terço dos pais de 6º ao 9º ano estão muito preocupados e apenas 10% e 25% dos pais dos

alunos de 2º ao 5º ano e 6º ao 9º ano respectivamente disseram que não estão muito ou não estão

nem um pouco preocupados, sendo maior que os números do Brasil.

Na Alemanha, metade dos pais de 2º ao 5º ano e 40% dos pais de 6º ao 9º ano afirmam que estão

muito preocupados com o perigo nas estradas e apenas 20% e cerca de 30% dos pais de 2º ao 5º

ano e 6º ao 9º ano respectivamente não estão nem um pouco ou nada preocupados. Entretanto,

essas preocupações não são refletidas em como os alunos vão para escola, pois cerca de 10% dos

alunos de 2º ao 5º ano e quase nenhum aluno de 6º ao 9º ano são acompanhados para ir a escola.

5.3.3 Permissão para os filhos saírem depois de escurecer

Outra análise realizada foi verificar se os pais permitem que seus filhos saiam depois de

anoitecer, na tentativa de identificar a segurança do ambiente em que vivem. Nota-se que 83%

dos pais não permitem seus filhos saírem depois de escurecer enquanto 14% deles permitem. 3%

das respostas foram consideradas inválidas ou em branco. As principais razões para que eles não

permitam isso pode ser identificado na Figura 5.10.

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60

100

68

8 9

38

22

817

1017 18

4 6 6 2

29

83

14

131

É muit

o pe

rigos

o

Aluno

é muit

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Não é

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celhá

vel

Aluno t

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rmir c

edo

Figura5.9: Principais razões para restrição dos pais

A Figura 5.10 apresenta a quantidade de respostas, pois os pais podiam dar quantas justificativas

acharem adequadas. A grande maioria respondeu que achava muito perigoso e que o aluno era

muito pequeno e não tinha maturidade ou discernimento para estar na rua depois de escurecer.

Surgiram ainda como resposta medo de estranhos, assaltos, drogas, transito, falta de segurança,

preocupação, medo, abuso sexual. Os pais das crianças mais velhas citam com mais freqüência o

medo de seus filhos serem agredidas ou molestadas por um adulto como motivo para restringir as

crianças de sair depois de escurecer.

Para os pais na Inglaterra, o principal motivo para eles não deixarem seus filhos saírem depois de

escurecer é o medo de abuso sexual, principalmente para os alunos de 6º ao 9º ano. Na Alemanha

o medo de abuso sexual ou agressão é a principal razão para restringir os filhos. Por esses

motivos, cerca de 65% dos alunos de 6º ao 9º ano não tem permissão para sair depois de

escurecer.

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61

5.3.4 Tecnologia e mobilidade

Uma pergunta do questionário perguntava aos pais se seus filhos possuíam um celular e se isso os

deixava mais confiantes em deixar seus filhos saírem sozinhos. 36% deles afirmaram que seu

filho possuía um celular, enquanto 58% deles afirmaram que não. 6% das respostas foram

incompatíveis ou em branco. Para os pais que afirmaram que sim, a Figura 5.11 seguinte mostra

o resultado da pergunta se ter um celular os deixavam mais confortáveis em deixar seus filhos

saírem sozinhos.

0%5%

10%15%20%25%

30%35%40%

45%50%

Sim Não Meu filho não saisozinho

Não respondeu /incompatível

Figura 5.10: Segurança com o uso do celular

Observa-se que o uso do celular para 45% dos pais os deixou mais seguros em permitir que seus

filhos saiam sozinhos à noite. A tecnologia pode assim ser cada vez mais usada com o propósito

de melhorar a segurança e a qualidade de vida das pessoas.

5.3.5 A influência da idade

A principal variável que explica o nível de restrição da mobilidade independente das crianças é a

sua idade, tanto que esse foi um dos principais motivos para que os pais não permitam que seus

filhos saiam depois de anoitecer. De fato, há um aumento de ‘permissões’ progressivo com a

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62

idade. Isso pode ser visto na Figura 5.12 em que mostra a porcentagem de pais que permitem que

seus filhos façam as seguintes atividades sozinhos.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

atravessarvias, ruas

ouavenidas

ir paraoutros

lugaresfora aescola

ir e voltarda escolapara casa

sairdepois deescurecer

andar debicicletasnas vias,ruas ou

avenidas

andar deônibus

2º ao 5º ano 6º ao 9º ano

Figura 5.11: Mobilidade independente e a idade

Observa-se que o maior aumento das ‘permissões’ está em relação a atravessar as ruas sozinhos,

com somente 20% dos alunos de 2º ao 5º ano que podem fazê-lo. A maior restrição dos pais é em

relação a sair depois de escurecer.

Na Alemanha e na Inglaterra os resultados não são diferentes. Na Inglaterra, o maior aumento das

‘permissões’ também é em relação a atravessar as ruas sozinhos. São poucos alunos do 6º ao 9º

ano que não tem permissão para isso. Por outro lado, nessa idade, a maioria ainda não está

autorizada a utilizar ônibus sozinhos.

Na Alemanha, um pouco mais da metade dos alunos mais novos estão autorizados a atravessar

estradas por conta própria. Com 11 anos de idade, todos eles já estão autorizados a fazê-lo. O

maior aumento das permissões é em relação ao uso de ônibus, enquanto somente 10% dos jovens

de sete anos estão autorizados a fazê-lo por conta própria, com 11 anos de idade, a porcentagem

aumentou para cerca de 80%.

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63

CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 APRESENTAÇÃO

No capítulo 1 foi apresentada a introdução do trabalho, seguido pela revisão bibliográfica no

capítulo 2. No capitulo 3 foi apresentado a metodologia para a avaliação da mobilidade

independente 7 a 11 anos e em adolescentes com idade entre 11 a 15. No capítulo 4 foi

apresentado o estudo de caso em que tanto os resultados da pesquisa como a análise de cada

resultado é mostrado. No capitulo 5 é feita a análise de vários parâmetros dentro do questionário

do aluno e dos pais. Este capítulo foi elaborado com o propósito de apresentar as conclusões do

estudo, assim como apontar as limitações encontradas.

6.2 RESULTADOS ALCANÇADOS Identificou-se na revisão bibliográfica que o estudo de mobilidade independente é praticamente

inexistente no Brasil e que existem linhas de pesquisa sobre esse assunto em outros países. Esse

trabalho teve como sua principal referência esses estudos realizados no exterior, sem muita

exploração teórica.

O objetivo desta pesquisa foi caracterizar as condições da mobilidade independente focado em

crianças de 7 – 11 anos e em adolescentes de 12 – 15 anos em algumas cidades brasileiras e

comparar esse comportamento com as das crianças na Inglaterra e Alemanha. Para tanto foram

traçados objetivos específicos como:

- Comparação da mobilidade das crianças hoje com a mobilidade que seus pais tinham

quando eram crianças.

- Comparação das condições das crianças de algumas cidades brasileiras com as da

Europa, como Inglaterra e Alemanha.

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64

- Identificação de padrões de deslocamentos casa – escola das crianças e adolescentes em

algumas cidades brasileiras.

Foi observado primeiramente que os adolescentes com idade entre 11-15 gozam de uma

independência muito maior do que as crianças de 2º ao 5º ano e que a ‘permissão’ dada pelos pais

aumenta com a idade, o que é natural. Em comparação com a Inglaterra e Alemanha em

praticamente todas as modalidades avaliadas, os alunos brasileiros possuem em média menos

‘permissões’ na questão da mobilidade independente. Isso são conseqüências das decisões

tomadas pelos pais nos seus discernimentos quanto à questão da maturidade da criança e o seu

ambiente.

Nos três países, a maior parte das crianças vai para a escola a pé e os alunos mais velhos são

menos acompanhados para a escola. O gênero também influenciou o grau de ‘permissões’ dada

aos alunos. Os meninos gozam de independência muito mais do que as meninas, tanto no Brasil

quanto na Inglaterra. Na Alemanha houve pouca diferença.

No Brasil os pais permissão para ir à escola desacompanhados quando eram crianças, em média

um pouco mais cedo do que seus filhos. Isso é um indicativo de que a mobilidade independente

dos alunos está diminuindo. A preocupação dos pais sobre a segurança nas vias é também

evidentes, tanto no Brasil como nos outros dois países. Uma grande parte dos pais afirmam que

estão muito preocupados com o risco de seu filho ser ferido num acidente de trânsito ao

atravessar uma via, rua ou avenida. Essa preocupação acaba refletindo nas decisões de quando

permitir a mobilidade independente aos seus filhos.

O maior índice de ‘permissão’ negada aos filhos no Brasil foi em relação a sair depois de

escurecer. Para os pais que não permitiam isso, as justificativas mais utilizadas foram que eles

achavam muito perigoso e que o aluno era muito pequeno e não tinha maturidade ou

discernimento para estar na rua depois de escurecer. Isso embute uma preocupação com a

segurança, que cada dia vem se tornando mais violenta.

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65

Os resultados mostram que o ambiente social não está favorável ao desenvolvimento físico e

social desses alunos. É necessário tomar ações que viabilizem o crescimento dos alunos e que

tornem sua vivência fora de casa mais segura.

6.3 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

A maior dificuldade encontrada nesse trabalho foi na aplicação do questionário, tanto para os

alunos quanto para os pais. Devido a má qualidade da maioria das escolas públicas, foi observado

que alunos que se encontravam no quinto ou sexto ano tinham dificuldade para ler e entender o

questionário. Isso comprometeu os resultados obtidos no trabalho, pois houveram incoerências e

inconsistências nas respostas, inviabilizando a resposta. Isso também ocorreu com o questionário

dos pais, em que haviam muitas respostas em branco ou incoerentes. Algum desses pais nem ao

menos sabia ler.

A validade e a confiabilidade ou fidedignidade (reliability) são requisitos essenciais para uma

medição. Para que uma medida tenha validade, ela necessita ter confiabilidade; contudo, uma

medida confiável poderá ou não ser válida.

Outro ponto que deve ser comentado é que o Brasil é um país marcado por profundas

desigualdades e por uma enorme diversidade sócio-espacial (Brasil, 2004). Por isso, dividir o

Brasil em cinco regiões e fazer essa pesquisa em uma única região e em um único município

acaba por não representar a totalidade desta região. Entretanto, foi possível observar que as

‘licenças’ ou ‘permissões’ que, em devido tempo, as crianças obtêm de seus pais para se

locomover está relacionado com a preocupação dos pais sobre a segurança dos seus filhos. Os

pais são os principais responsáveis na determinação no nível de mobilidade independente infantil.

É também provável colocar algumas perguntas desafiadoras para os tomadores de decisões

políticas, e para sociedade como um todo, de como podemos criar ambientes favoráveis ao

desenvolvimento físico e social da criança, melhorar suas perspectivas de saúde e qualidade de

suas vidas e, conseqüentemente, poderia ajudar na elaboração de políticas públicas.

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De acordo com Menezes (2006), para inverter a situação, é necessário que a cidade seja bem

planejada e inspiradora de confiança, permitindo uma mobilidade fácil, econômica, segura e

confortável. É necessário para isso: desenvolver redes para pedestres e ciclistas que sejam

contínuas, seguras e confortáveis, sem barreiras arquitetônicas, integradas numa rede de

transportes públicos de fácil acesso e com corredores exclusivos, quando necessário; uma boa

distribuição de jardins e espaços de jogo e recreio de acesso facilitado e boas condições de

visibilidade e vigilância, inseridos nessas redes para pedestres ou de transportes públicos.

Poderiam ainda interligar as redes de pedestres / transportes públicos / bicicletas, os setores

habituais entre os quais se deslocam as famílias: residência, escola e equipamentos sociais,

trabalho, comercio local, lazer; separando ou protegendo adequadamente essas redes do trânsito

de automóvel geral. Uma boa distribuição de jardins e espaços de jogo e recreio de acesso

facilitado e boas condições de visibilidade e vigilância, inseridos nessas redes para pedestres ou

de transportes públicos seria recomendável.

O grande desafio atual é a construção de cidades cada vez mais inclusivas, em que levem em

consideração não somente os interesses de uma parte da população, mais sim as necessidades das

famílias e dos cidadãos por um todo. Isso poderia refletir em um espaço urbano menos hostil e

assim melhorar a autonomia e qualidade de vida.

6.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

A partir do trabalho realizado e dos produtos alcançados, identificou-se a necessidade de novos

estudos. Desse modo, serão apresentadas sugestões para futuros trabalhos que possibilitem a

continuidade desse estudo. São elas:

• Uma pesquisa mais ampla, com amostras maiores, é susceptível de gerar resultados que

poderiam informar sobre as mudanças na autonomia das crianças e as suas consequências

mais amplas.

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• Identificar mais variáveis, de forma a aprofundar os instrumentos de avaliação. Elas

podem estar relacionadas as ‘permissões’ dos pais em relação a outras atividades dos seus

filhos.

• Aprofundar a pesquisa na analogia do uso da tecnologia com os alunos. O uso do celular é

um instrumento que já tranqüilizam os pais em relação a segurança dos seus filhos.

De forma geral, o entendimento da mobilidade independente dos alunos de 7 – 15 anos e a

relação que existe entre as ‘permissões’ dos pais e a leitura que eles tem da segurança de seus

filhos fora de casa contribuiu para a construção do conhecimento, sendo identificada a

necessidade do aprofundamento de estudos voltados para esse tema.

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APÊNDICE

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COMO VOCÊ CHEGA A SUA ESCOLA? Questionário para crianças e jovens dos 7 aos 15 anos de idade Por favor, responda todas as perguntas da melhor maneira possível - não há respostas certas ou erradas. Nós não sabemos quem preencheu o questionário, apenas a classe em que o questionário foi respondido. Por favor, pergunte se você tiver qualquer pergunta. INDO E VOLTANDO DA ESCOLA. 1) Como você veio para a escola esta manhã? (Marque somente uma caixa)

□ Andei a maior parte ou todo o caminho

□ Bicicleta

□ Ônibus Escolar

□ Transporte público

□ Carro 2a) Você veio acompanhado de alguém?

□ SIM

□ NÂO (Por favor vá para � Questão 3) 2b) Se SIM, com quem você veio?

□ Pais

□ Outro adulto

□ Com irmão(ã) mais velho(a) ou colega mais velho(a)

□ Com irmão(ã) ou colega da mesma idade ou mais novo(a) 3) Como você irá para casa hoje? (Marque somente uma caixa)

□ Irei andar a maior parte ou todo o caminho

□ Bicicleta

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73

□ Ônibus Escolar

□ Transporte público

□ Carro 4a) Você irá para casa acompanhado de alguém?

□ SIM

□ NÃO (Por favor vá para � Questão 5) 4b) Se SIM, com quem você irá?

□ Pais

□ Outro adulto

□ Com irmão(ã) mais velho(a) ou colega mais velho(a)

□ Com irmão(ã) ou colega da mesma idade ou mais novo(a) 5) Como você gostaria de ir para escola?

□ Andando a maior parte ou todo o caminho

□ Bicicleta

□ Ônibus Escolar

□ Transporte público

□ Carro 6) Qual a distância da escola até a sua casa?

□ Menos de meio quilômetro

□ De meio a um quilômetro

□ Um a dois quilômetro

□ Mais de dois quilômetros

BICICLETA

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74

7a) Você tem bicicleta?

□ SIM

□ NÃO (Por favor vá para � Questão 8a) 7b) Você tem permissão para andar de bicicleta para a escola por conta

própria?

□ SIM

□ NÃO (Por favor vá para � Questão 8a)

7c) Quantos anos você tinha quando você pode ir de bicicleta para a escola pela primeira vez?

________ anos 7d) Quantas vezes você anda de bicicleta numa semana, incluindo os fins

de semana?

□ Pelo menos uma vez por semana

□ Uma ou duas vezes por semana

□ Três ou mais vezes por semana ANDANDO 8a) Você tem permissão para atravessar vias, ruas ou avenidas

movimentadas por conta própria?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 8c)

□ NÃO 8b) Se NÃO, você gostaria de ter essa permissão?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 9)

□ NÃO 8c) Se SIM, quantos anos você tinha quando teve permissão para fazer

isso? ________ anos

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75

ÔNIBUS 9a) Você tem permissão para andar de ônibus por conta própria?

□ SIM

□ NÃO 9b) Se NÃO, você gostaria de ter essa permissão?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 9)

□ NÃO 9c) Se SIM, quantos anos você tinha quando teve permissão para fazer

isso? ________anos FORA DE CASA 10) Fora os amigos da sua rua/quadra, quantos amigos você pode visitar na

semana por conta própria?

□ Não tenho permissão

□ Um ou dois

□ Três ou mais

11) Quais das atividades abaixo você fez no Sábado ou no Domingo? (marque a primeira coluna se essas atividades foram feitas somente por você ou você com outro amigo com mais ou menos a mesma idade)

(marque a segunda coluna se essas atividades foram feitas com algum parente ou outro adulto)

Sozinho/com Com os pais outro amigo ou outro

adulto

Fiquei em casa em um ou nos dois dias □ □

Parquinho □ □

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Parques (Parque da Cidade, Olhos D’Água etc) □ □

Fui ao clube □ □

Nadei □ □

Esporte (joguei bola, vôlei, basquete, patins etc) □ □

Brinquei fora de casa (rua/quadra) □ □

Sair para passear □ □

Andei de bicicleta □ □

Visitei a casa de um amigo □ □

Visitei a casa de parentes □ □ Fui ao Grupo Jovem da Igreja, Grupo de □ □ Escoteiro ou outro grupo jovem Fiz compras □ □

Fui à Biblioteca □ □

Fui ao Cinema □ □

Fiquei com os meus amigos depois de □ □ escurecer Escreva outras coisas que você fez durante a semana

□ □

□ □

□ □ 12a) Aproximadamente quantas horas por semana você passa assistindo TV,

jogando no computador, lendo um livro, fazendo dever de casa ?

□ 0 a 2 horas

□ 3 a 5 horas

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□ Mais de 5 horas 12b) Aproximadamente quantas horas por semana você passa brincando fora

de casa (rua/quadra/clube/casa de parentes etc.)?

□ 0 a 2 horas

□ 3 a 5 horas

□ Mais de 5 horas 13a) Como você se sente em relação a sua segurança estando sozinho(a) na

rua?

□ Muito seguro

□ Seguro

□ Não muito seguro

□ Nem um pouco seguro

□ Não tenho permissão para sair de casa sozinho

13b) Você tem alguma preocupação de estar sozinho(a) na rua?

…………………………………………………………………………. …………………………………………………………………………. …………………………………………………………………………. 14) Quantos anos você tem? _______ anos

15) Você é: Feminino □

Masculino □ Obrigado pela sua ajuda!

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COMO SEU FILHO VAI À ESCOLA? Questões para os pais de crianças dos 7 a 15 anos de idade AS PERGUNTAS SEGUINTES SÃO SOBRE O SEU FILHO Por favor, responda apenas em relação à criança que lhe entregou esse questionário – Não responda sobre outras crianças que existem em sua casa. Por favor, responda da melhor forma possível – sua resposta será anônima. Indo para a escola 1a) O seu filho tem permissão de ir e voltar da escola para casa sem o

acompanhamento de um adulto?

□ SIM □ NÃO (Por favor vá para � Questão 1d) 1b) Se SIM, com quantos anos você permitiu o seu filho ir de casa até a

escola sem a supervisão de um adulto? _______ anos 1c) Por que você ou outro adulto buscavam o seu filho anteriormente? (Por favor, não marque mais do que três alternativas)

□ Oportunidade de passar tempo com meu filho

□ Oportunidade de fazer exercício ou de sair de casa

□ Preocupação com o perigo do transito

□ A criança é muito pequena

□ Medo de assalto ou de abuso sexual

□ Medo de intimidações por outras crianças

□ Oportunidade de conhecer as pessoas (professores, outros pais, etc.)

□ Oportunidade de buscá-lo na escola na volta de outra atividade (trabalho/shopping/academia etc.)

□ A escola é muito longe

□ Outras razões:

o ……………………………………………………..

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79

o …………………………………………………….. o ……………………………………………………..

Obrigado! Por favor, vá a Questão 1f 1d) Porque você (ou outro adulto) buscam seu filho no colégio? (Por favor, não marque mais do que três alternativas)

□ Oportunidade de passar tempo com meu filho

□ Oportunidade de fazer exercício ou de sair de casa

□ Preocupação com o perigo do transito

□ Criança é muito pequena

□ Medo de assalto ou de abuso sexual

□ Medo de intimidações por outras crianças

□ Oportunidade de conhecer as pessoas (professores, outros pais, etc.)

□ Oportunidade de buscá-lo na escola na volta de outra atividade (trabalho/shopping/academia etc.)

□ A escola é muito longe

□ Outras razões:

• ……………………………………………………..

• ……………………………………………………..

• …………………………………………………….. 1e) Com que idade você irá deixar seu filho ir a escola por conta própria? ______ anos 1f) Quanto tempo levaria para o seu filho ir a escola? A pé _____minutos de carro _____ minutos de ônibus _____minutos 1g) A escola que seu filho frequenta é a mais perto de sua casa?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 2a) □ NÃO

1h) Se NÃO, qual é a razão principal?

□ Não há vagas disponíveis na escola mais próxima

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□ Preferência e uma escola em outro lugar

□ Preferência por uma escola religiosa

□ Se mudou de casa depois do começo das aulas da criança

□ Facilidade/comodidade de transporte (ida/volta) para a escola

□ Outras razões:…………………………………………………

Outras Viagens 2a) Para ir para outros lugares fora a escola que estão a uma curta

distância, o seu filho é deixado lá ou ele tem a permissão de ir sozinho?

□ Geralmente é deixado no local

□ Geralmente vai sozinho (Por favor vá para � Questão 3a)

□ Varia (depende da situação e/ou do lugar) 2b) Excluindo-se o percurso para a escola, qual é o número aproximado de

idas e voltas feitas a cada semana para acompanhar seu filho? (Por exemplo, ir ao shopping e voltar para a casa conta como uma ida e uma

volta) –_______ idas e voltas 2c) Qual é o método mais usado nessas viagens? (Somente uma alternativa)

□ Andar a maior parte do tempo

□ Ir de bicicleta

□ Ônibus e/ou metro

□ Carro Cruzamento de Estradas 3a) O seu filho é normalmente autorizado a atravessar vias, ruas ou

avenidas sozinho?

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□ SIM (Por favor vá para � Questão 3c)

□ NÃO 3b) Se NÃO, com que idade você acha que irá permitir que o seu filho

atravesse vias, ruas ou avenidas sozinho?

_______ anos (Por favor vá para � Questão 4a)

3c) Se SIM, com que idade você permitiu que seu filho atravesse vias, ruas

ou avenidas sozinho? _______ anos Saindo Depois de Escurecer 4a) O seu filho tem permissão para sair depois de escurecer?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 5a)

□ NÃO 4b) Se NÃO, qual é a razão principal para isso? (Marque somente uma alternativa)

□ Preocupação sobre o perigo do transito

□ Criança não confiável ou muito jovem

□ Medo de assalto ou abuso sexual por adultos

□ Medo de intimidação por parte de outras crianças

□ Outra razão:………………………………………………

Andando de Bicicleta 5a) O seu filho tem a permissão de andar de bicicletas nas vias, ruas ou

avenidas sozinho?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 5c)

□ NÃO

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□ Ele não tem bicicleta (Por favor vá para � Questão 6a) 5b) Se NÃO, em qual idade você acha que irá permitir isso? _______ anos 5c) Se SIM, com que idade você permitiu que seu filho fizesse isso? _______ anos Ônibus 6a) O seu filho tem permissão para andar de ônibus sozinho?

□ SIM (Por favor vá para � Questão 6c)

□ NÃO 6b) Se NÃO, em qual idade você acha que irá permitir isso? ________ anos 6c) Se SIM, com que idade você permitiu que seu filho fizesse isso? ________ anos As seguintes perguntas são sobre você 7) Quando você tinha 8 ou 9 anos, como você ia para a escola? (Marque somente uma alternativa)

□ Andando a maior parte ou todo o caminho

□ Bicicleta

□ Ônibus Escolar

□ Transporte público

□ Carro

□ Outra razão:…………………………………………………

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8a) A distância da sua casa até a escola do seu filho é maior, menor ou igual comparando com a distância de sua escola até a sua casa que você morava quando criança?

□ muito maior □ maior □mais ou menos o mesmo

□ menor □ muito menor 8b) Em que idade você teve permissão de ir à escola sozinho? ______ anos 9) Você acha que tinha mais ou menos oportunidade de sair por conta

própria em comparação ao seu filho?

□ Bem mais □ Mais □ O mesmo

□ Menos □ Bem menos 10) Quando você está na rua, o quão responsável você se sente sobre a

segurança de crianças que você não conhece?

□ Definitivamente responsável □ Provavelmente responsável

□ Não sei

□ Provavelmente não responsável □ Definitivamente não responsável

Sua Casa 11) Quantas pessoas na sua casa, incluindo você, tem carteira de

motorista? ________ pessoas 12) Na sua casa tem carro? Quantos?

□ Não

□ Sim, 1 carro

□ Sim, 2 ou mais carros

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13) Quantas crianças e adultos, incluindo você, tem na sua casa?

□ Crianças com 10 anos ou menos

□ Crianças com 11 a 15 anos

□ Cônjuge/Companheiro e outros adultos / adultos jovens 14) Você possui uma casa própria ou é alugada?

□ Casa própria

□ Apartamento/casa funcional

□ Aluguel Privado

□ Vivo com outros parentes

□ Outro: …………………….. 15) Você tem jardim/quintal na sua casa?

□ Sim □ Não

16) Por favor, escreva seu código postal: ………………………………………………………………………………….

17) Quantos anos você tem?

□ Menos de 30

□ 30 a 44 anos

□ Mais de 45 anos 18) Sexo:

□ Feminino

□ Masculino 19a) Você tem um trabalho remunerado?

□ Sim, em tempo integral

□ Sim, em tempo parcial

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□ Não 19b) Se o trabalho é pago, você trabalha em casa ou em outro lugar?

□ Em casa

□ Em outro lugar 20a) Qual é o nível de escolaridade/formação da pessoa com a maior renda

da casa? …………………………………………………………………………………. 20b) Qual é a ocupação/profissão do indivíduo? …………………………………………………………………………………. Por favor, entregar esse questionário preenchido ao seu filho para entregar de volta para a escola amanhã. Muito obrigada pela ajuda!