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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA EM CENTROS DE CONTROLE DE OPERAÇÃO E GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Por: Karolline de Jesus Saraiva Orientador Profª Ana Paula Ribeiro Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA EM CENTROS DE CONTROLE DE

OPERAÇÃO E GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Por: Karolline de Jesus Saraiva

Orientador

Profª Ana Paula Ribeiro

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA EM CENTROS DE CONTROLE DE

OPERAÇÃO E GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau de especialista

em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Karolline de Jesus Saraiva

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AGRADECIMENTOS

Conquistei mais um objetivo em minha vida e não poderia deixar de agradecer

àqueles que muito colaboraram e incentivaram nesta importante conquista.

Agradeço primeiramente a Deus, o que seria de mim sem a fé que tenho Nele?

Aos meus Pais, Dindos e a toda minha Família, que com muito amor, carinho e

apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida,

apesar de todos os pesares.

À professora Ana Paula Ribeiro pela paciência e compreensão na orientação e

incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia.

À professora Márcia Batista por seu apoio e inspiração no amadurecimento dos

meus conhecimentos e conceitos que me levaram a execução e conclusão desta

monografia.

E, finalmente, aos amigos e colegas, em especial, Gil, Kellen e Patrícia, pelo

incentivo e pelo apoio constantes.

Para não correr o risco de ser injusta, agradeço a todos que de alguma forma

passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

Mais uma fase cumprida, mais um motivo de orgulho... Tornando-me um exemplo

de vida e fazendo com que meus valores sejam cada vez mais nobres em minhas

responsabilidades e na grande harmonia de ser e viver.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia às minhas Avós, Noemia S. Jesus e

Wilma S. Saraiva, que são minhas inspirações, referências,

orgulho, exemplo de luta, o amor dedicado que me fazem

fortalecida até hoje.

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RESUMO

Por passar um grande número de horas da vida no trabalho, torna-se evidente a importância da saúde e segurança do trabalhador, visando uma melhor qualidade de vida.

Neste contexto, esta monografia verificou as características de 20 funcionários no escritório de uma empresa de médio porte, que administra Pequenas Centrais Hidrelétricas, através de um estudo de caso.

Para tanto, foi elaborada uma pesquisa, visando identificar o perfil, ambiente de trabalho, mobiliário, computador, sistema de trabalho e saúde. A partir dos dados apresentados, foi possível caracterizar as ações metodológicas necessárias para melhorar a adaptação do trabalho ao homem em prol da qualidade de vida.

O trabalho é enfocado de forma ampla, abrangendo não apenas as máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas toda a situação em que ocorre o relacionamento do homem com o trabalho que executa.

Palavras Chaves: Ergonomia, Qualidade de Vida e Gestão de Pessoas.

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METODOLOGIA

A análise foi realizada na empresa XYZ O&M, que administra Pequenas

Centrais Hidrelétricas (PCH’s) no Rio de Janeiro.

O estudo de caso foi constituído por uma pesquisa com 20 funcionários

(Operadores) do Centro de Controle de Operação e Geração (COG) e a análise sobre o

perfil, computadores, ambiente de trabalho, sistema de trabalho, saúde.

Os resultados foram enviados para a empresa para apreciação.

.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - ERGONOMIA 10

1. Definição 10

2. O que é Ergonomia? 10

3. Histórico da Ergonomia 12

4. Benefícios da Ergonomia nas Empresas e o Envolvimento do RH 15

CAPÍTULO II - ERGONOMIA CENTRO DE CONTROLE DE OPERAÇÃO E

GERAÇÃO (COG) 17

1. O que é uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) 17

2. O que é um Centro de Controle de Operação e Geração (COG) 17

3. Norma Regulamentadora (NR 17) 17

4. Norma Técnica para Salas de Controle - ISO 11064 18

5. Projeto ergonômico das Salas de Controle 19

6. Conclusão 24

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO: EMPRESA XYZ O&M 25

1. Empresa 25

2. Problema 25

3. Resultado da Pesquisa e Observação na Empresa 25

4. Conclusão 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

ANEXO – QUESTIONÁRIO: EMPRESA XYZ O&M 33

ÍNDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

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INTRODUÇÃO

Ao longo das ultimas décadas, as empresas de Energia Elétrica têm enfrentado

diversas modificações associadas ao processo de inovação tecnológica e de

reestruturação produtiva e organizacional.

Como ciência que busca compreender o trabalho para transformá-lo, a

ergonomia vem sendo cada vez mais solicitada para garantir a melhoria das condições

de saúde, segurança, das relações interpessoais e para contribuir com o sucesso

técnico, econômico e financeiro das novas tecnologias (GUERIN et al, 2001; WISNER,

2004).

No entanto, os pilares conceituais da ergonomia ainda carecem de difusão a

outras áreas de conhecimento, principalmente àquelas constituídas por processos

extremamente técnicos, como por exemplo na quantificação do fator econômico e

competitivo nas empresas.

Para que os resultados obtidos com aplicação dos programas de ergonomia

emirjam com maior aplicabilidade ao setor empresarial, se faz necessário a aplicação de

conceitos advindos da engenharia econômica, que objetiva a análise econômica de

decisões sobre os investimentos, como forma de apoio à decisão por parte dos

empresários.

Inserida neste contexto de alta competitividade, a gestão de recursos merece

especial atenção.

Em um estudo de caso verificaram que a gestão do processo aliada a

ergonomia promove um ambiente favorável dentro das organizações, capaz de manter a

eficiência do processo e a qualidade da produção.

Alberton et. al. (2004) defendem que em um ambiente altamente competitivo e

de recursos limitados, a aplicação adequada dos recursos de uma empresa proporciona

não apenas o aumento de seu valor, mas também é fator decisivo para sua

sobrevivência.

A área de saúde e segurança do trabalho, no entanto, ainda parece distante das

médias empresas quando se trata de análise de investimentos.

As ações em saúde e segurança do trabalho, incluindo-se as ações

ergonômicas, restringem-se em sua grande maioria, por situações de coerção, em que a

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fiscalização do Ministério do Trabalho obriga, mediante notificação oficial, o ajuste das

condições de trabalho.

No entanto, Barkokébas Júnior et. al. (2006) ressaltam que se deve ter em

mente que promover a segurança do trabalho é economicamente vantajosa; além da

obrigação legal, é dever moral, devido aos aspectos sociais envolvidos, causando danos

a todos os segmentos: empresas, trabalhadores e sociedade; resultando para todos,

custo econômico e humano.

Para tanto, o presente estudo se pretende a responder o seguinte

questionamento: Como um programa de ergonomia pode ser importante para o Centro

de Controle Operação e Geração de Energia Elétrica de uma empresa?

Supõe-se que um programa de ergonomia estruturado segundo uma abordagem

participativa que visa quantificar o valor da prestação de serviço no tempo, pode auxiliar

as empresas a estruturarem sua condição organizacional e inserir estes programas em

sua análise de investimentos, inclusive.

Para tanto, foi realizado um estudo de caso na empresa: XYZ O&M de médio

porte que administra Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) no Rio de Janeiro,

visando quantificar a relação custo/benefício na implementação de um programa

ergonômico, bem como caracterizar as ações metodológicas necessárias para o alcance

proposto.

Neste contexto, este trabalho verificou as características de 20 funcionários

(total de 30 funcionários), os quais foram entrevistados a respeito de seu perfil,

ambiente de trabalho, mobiliário, computador, sistema de trabalho e saúde e a

observação do mobiliário e descrição dos movimentos e hábitos posturais foram

possíveis caracterizar as ações metodológicas necessárias para melhorar a adaptação

do trabalho ao homem em prol da qualidade de vida.

Com os resultados obtidos pode-se destacar que 60% destes sentem ou já

sentiram dores durante a realização do trabalho, 40% não tem nenhum conhecimento

sobre Ergonomia e 65% não realizam nenhum tipo de atividade física.

Neste âmbito, é necessária a implantação de Programa Ergonômico com o

objetivo de melhoria de qualidade de vida dos funcionários e conseqüente produtividade

desta empresa, evitando assim perdas humanas e financeiras como gastos

desnecessários em tratamentos e recuperação.

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CAPÍTULO I

ERGONOMIA

1 - Definição:

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem (VIEIRA, 2000;

IIDA, 2000). Foi definida como “o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao

homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que

possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência” (LAVILLE,

1977).

O que se observa, normalmente, é a adaptação do homem ao trabalho. O

inverso é mais difícil, pois o ser humano nem sempre é adaptável ao trabalho. Daí

temos que o homem é o ponto de partida para projetos de trabalho, adaptando-os às

capacidades e limitações humanas (SANTOS, 1999).

Portanto, para o estudo da ergonomia é importante conhecermos

características: do homem (aspectos físicos, psicológicos, sociais, assim como idade,

sexo, treinamento e motivação); da máquina (equipamentos, ferramentas, mobiliários e

instalações); do ambiente físico do trabalhador (temperatura, ruídos, vibrações, luz,

cores, gases, etc.), além de conseqüências do trabalho, entre outros.

A ergonomia se preocupa com todos esses fatores objetivando a segurança,

satisfação e bem estar dos trabalhadores em seus relacionamentos com os sistemas

produtivos (PINHEIRO, MARZIALE, 2000).

2 - O que é Ergonomia?

Ergonomia tem sido recentemente considerada como a solução para os

problemas relativos à saúde e segurança no trabalho, porém é necessário conhecer

realmente a Ergonomia, sobretudo quais são os responsáveis pela concepção do

sistema (de trabalho ou utilitários) ou pela organização do trabalho.

Em termos gerais, pode-se dizer que a Ergonomia visa à adaptação das tarefas

ao homem, quer se trate de um produto para consumo público ou de um posto de

trabalho, a Ergonomia oferece vantagens econômicas através da melhoria do bem-

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estar, da redução de custos e da melhoria da qualidade e produtividade. Assim, a

concepção de qualquer produto ou sistema deve integrar critérios ergonômicos desde a

fase de projeto, de forma a assegurar a sua eficiência.

A Ergonomia é definida por numerosos autores, como uma ciência aplicada, na

medida em que o seu objetivo - a atividade humana, quer seja profissional ou utilitária -

nunca está desligado do contexto em que se insere nem dos objetivos em vista. Estes,

prendem-se geralmente com a eficácia das ações, não perdem de vista a segurança e o

conforto dos trabalhadores, podendo afirmar-se que este triângulo formaliza os objetivos

da ação ergonômica, ou seja, a otimização das interações homem-sistema. Para

alcançar este objetivo geral, a Ergonomia preconiza dois tipos de abordagem:

a) Uma ação sobre os sistemas, processos ou produtos, no sentido de tornar

adequados às características do homem e ao seu modo de funcionamento, eliminando

todos os fatores de constrangimento, risco ou nocividade;

b) Uma ação sobre o homem através da formação, no sentido de torná-lo apto

para a realização das tarefas que lhe são atribuídas, e de prepará-lo para as

transformações do trabalho decorrentes da evolução tecnológica.

Parte-se, assim, do conhecimento da atividade do homem e dos processos a ela

subjacentes, de forma a definir normas de concepção de acordo com as normas de

performance pretendidas. Para tal, a atividade do homem deve, por sua vez, ser

entendida como um processo desencadeado por um estímulo, que é percebido e

desencadeia o tratamento correspondente ao nível do Sistema Nervoso Central (SNC)

até a tomada de decisão, que se manifesta por meio de uma ação que deverá ter um

resultado esperado num tempo útil. É o conhecimento deste processo e das condições

da sua variabilidade que permitirá definir:

a) Por seu lado, o comportamento esperado dos trabalhadores em determinado

sistema, ou seja, as normas de performance;

b) Por outro lado, as características do sistema, que favorecem a otimização da

interação homem-sistema, ou seja, as normas de concepção.

Acontece também que este processo que conduz à definição das normas de

concepção e de performance, conduz também à definição de exigências e,

conseqüentemente, das necessidades de formação. Por vezes, tudo isto decorre

pacificamente, por processos de ensaio e erro, que conduzem ao aperfeiçoamento dos

sistemas. Mas há inúmeras situações em que a segurança dos trabalhadores e até do

meio impõe uma definição rigorosa das normas de concepção e de performance, por

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exemplo, os sistemas complexos, de que as salas de controle são um bom exemplo,

cuja concepção impõe estudos aprofundados da performance e dos erros humanos.

Estes estudos, visando à compreensão do comportamento e a origem dos erros

cometidos, permitem definir modelos de comportamento e de erro humano em sistemas

complexos (industriais ou outros).

Tendo a Ergonomia a responsabilidade de definir os dois tipos de normas, a ela

cabe investigar o comportamento dos trabalhadores em sistemas de referência, ou seja,

em cenários simulados que comportem: estímulos relevantes para a realização das

tarefas pré-definidas e sistemas apropriados para o registro das performances,

particularmente no que toca a erros, omissões ou transgressões.

3 - Histórico da Ergonomia

O início da Ergonomia remonta a criação das primeiras ferramentas, quando o

homem pré-histórico provavelmente escolheu uma ferramenta que melhor se adaptasse

à forma e movimentos de sua mão.

A partir do século XVII Ramazzini descreve as primeiras doenças profissionais.

No século seguinte Tissot interessa-se por problemas de climatização dos locais

de também pela organização de serviços para tratamento de artesãos. Villermé faz

estudos estatísticos sobre condições de trabalho em fábricas da França, levando a um

relatório publicado em 1840 sobre os operários, que é considerado um marco para as

primeiras medidas legais de limitação da duração do trabalho e da idade para

engajamento de crianças.

A partir do século XVIII com a Revolução Industrial surgiram as primeiras

fábricas, que eram sujas, barulhentas, perigosas e onde a jornada de trabalho chegava

há 16 horas por dia, sem férias, em regime quase escravo.

Neste século e no anterior os engenheiros Vauban e Belidor, respectivamente,

tentam medir a carga do trabalho físico nos locais de trabalho. Sugerem que cargas

elevadas levam a esgotamento e doenças, recomendando uma melhor organização das

tarefas para aumentar o rendimento.

Mais tarde os engenheiros Vaucanson e Jacquard montaram dispositivos para

suprimir postos particularmente penosos como os dos tecelões nas tecelagens.

Na França, no início do século XX é criado o primeiro laboratório de pesquisa

sobre trabalho profissional, por Jules Amar, o que dá condições a fisiologia do trabalho

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de desenvolver-se. Amar fornece as bases da Ergonomia do trabalho físico estudando

os diferentes tipos de contratação muscular em seu livro O motor humano publicado em

1914 é considerado por alguns a primeira obra de Ergonomia.

Durante a I Guerra Mundial (1914-1917) foi criada a Comissão de Saúde dos

Trabalhadores na Indústria de Munições em 1915. Quando a guerra terminou a mesma

foi transformada no Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial, que realizou várias

pesquisas sobre o tema. Mais tarde esse instituto foi transformado no Instituto de

Pesquisa sobre Saúde no Trabalho.

Na II Guerra Mundial (1939-1945) a construção de instrumentos bélicos exigia

muitas habilidades do operador e em condições ambientais desfavoráveis e tensas no

campo de batalha. Foram criados equipamentos e dispositivos cada vez mais

complexos, porém sob alto nível de estresse. Isso levou a um desenvolvimento de

sistemas abaixo do esperado levando a necessidade de se conhecer mais sobre o

homem, suas habilidades e limitações, para que se conseguisse o máximo do sistema

de trabalho.

Essa sucessão de fatos culminou com a reunião pela primeira vez, na Inglaterra

de um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a

exigência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Essa reunião

ocorreu no dia 12 de julho de 1949 e é considerada por alguns a data “oficial” de

nascimento da Ergonomia. Esse grupo se reuniu pela segunda vez em 16 de fevereiro

de 1950 e na ocasião foi proposto o neologismo Ergonomia, formado pelos termos: ergo

(trabalho) e nomos (regras, leis naturais). O polonês Woitej Yastzembowsky já havia

usado o termo anteriormente em um artigo chamado Ensaios de Ergonomia ou Ciência

do Trabalho, baseada nas Leis Objetivas da Ciência sobre a Natureza publicado em

1857, porém só a partir da fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra na

década de 50 que a Ergonomia se expandiu no mundo industrializado.

O primeiro congresso da Associação Internacional de Ergonomia (IEA) foi

realizado em Estocolmo em 1961.

No Brasil a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) foi fundada em 1983

e também é filiada à IEA.

Alguns conhecimentos foram convertidos em normas oficiais, com o objetivo de

estimular a aplicação dos mesmos. No Brasil a Norma Regulamentadora NR 17 –

Ergonomia, (Portaria nº 3214, de 08 de junho de 1978 do Ministério do Trabalho,

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modificada pela Portaria n.º 3.751 de 23 de novembro de 1990 do Ministério do

Trabalho), dispõe do assunto.

A introdução das novas tecnologias e formas de organização da produção,

modifica as responsabilidades dos trabalhadores, os requisitos de qualificação, o

conteúdo do trabalho, as cargas físicas e mentais e as relações sociais no trabalho. O

processo de negociação coletiva representa mudança significativa na solução dos

conflitos nas relações de trabalho, integrando os diversos segmentos econômicos,

governo e movimento sindical, viabilizando a discussão da melhoria das condições de

trabalho.

Diante das rápidas transformações dos processos de trabalho, devem ser

buscados instrumentos que possibilitem aos próprios interessados (trabalhadores e

empregadores) uma participação mais efetiva sobre as decisões de trabalho.

Consoante à política do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de mudança

do perfil de atuação da fiscalização, o Departamento de Segurança e Saúde no

Trabalho (DSST) vem realizando desde 2000, cursos de qualificação dos Auditores

Fiscais do Trabalho (AFT). Reconhecendo a importância da Ergonomia no trabalho, a

instituição está promovendo treinamento destes profissionais para possibilitar uma

melhor compreensão das exigências da NR-17; enfatizando o papel da Análise

Ergonômica do Trabalho, na identificação das causas e solução dos problemas.

No ano de 2001, além do treinamento foi elaborado um manual que detalha

cada item da Norma para subsidiar a atuação dos Auditores Fiscais do Trabalho e dos

Profissionais de Segurança e Saúde do Trabalhador, e uma Nota Técnica sobre o

trabalho sentado e em pé.

Ao mesmo tempo, no âmbito do Ministério, foi estruturado uma Comissão de

Ergonomia que tem como um dos seus objetivos orientar as ações de fiscalização da

NR-17 (DUL, 1998; VIEIRA, 2000; CHEREN 2001; ROSSI, 2001).

A evolução da Ergonomia ratifica a importância de sua utilização como

ferramenta na busca da Qualidade de Vida nas empresas.

4 – Benefícios da Ergonomia nas Empresas e o Envolvimento do RH

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O gerenciamento da diretriz ergonômica é chave para melhorar a saúde

financeira das organizações, e hoje, a ergonomia e o seu estudo constitui-se em uma

ferramenta de gestão para as empresas.O desafio é buscar sinergia entre os sistemas

técnico e social.

A relevância deste tema está relacionada à motivação das pessoas e à

qualidade de vida no trabalho que pode ser entendida como um bem-estar relacionado

ao trabalho do indivíduo e à extensão em que sua experiência de trabalho é

compensadora, satisfatória e despojada de estresse e outras conseqüências negativas.

O entendimento dos diversos fatores de melhoria das condições de trabalho

poderá constituir uma base sólida para garantir a sobrevivência das organizações de

forma que o trabalho possa acontecer sem impactar na saúde dos trabalhadores e,

dessa maneira, assegurem uma maior satisfação no trabalho e conseqüentemente

redução nos índices de absenteísmo e rotatividade.

A Ergonomia influencia a competitividade da organização, por isso não podem

ser tratados separadamente, pelo menos nas empresas que buscam uma gestão

moderna e competitiva.

As empresas precisam ter em mente que, garantindo boas condições de

trabalho, certamente aumentarão sua lucratividade, assim melhorando o clima, pode-se

reduzir o desperdício, aumentar a eficiência e, conseqüentemente, a produtividade. Isso

tudo reflete no aumento de competitividade, ou seja, trabalhar, produzir muita eficiência

e eficácia sem causar danos aos funcionários, tendo em vista que o custo dos

afastamentos por problemas de saúde é alto.

O pesquisador Henri Savall, após diversos estudos com aplicação de um efetivo

gerenciamento ergonômico em uma empresa, ratifica que a ergonomia favorece a

competitividade, por exemplo:

a) Redução do absenteísmo de 3%, ou seja, economia de 2 mil 500 Reais

(aproximadamente);

b) Redução de acidentes e incidentes (quase acidentes);

c) Redução de 50 % da taxa de re-trabalho, ou seja economia de 12 mil e 500 reais

(aproximadamente);

d) Produtividade - redução dos prazos (2,5 semanas) de produção dos volumes

acordados;

e) Cumprimento dos prazos de realização, entrega dos serviços de 95%

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f) Melhoria do clima social e aumento da satisfação dos funcionários em relação às

condições do ambiente de trabalho.

A decisão e a implementação de um modelo ergonômico adequada para cada

empresa são notadamente de responsabilidade da área de Recursos Humanos, por ser

responsável pela integridade física e mental dos funcionários, através de uma ativa

participação para que esta ação estratégica e de forte ruptura ocorra adequadamente

nas empresas.

É importante ressaltar que a responsabilidade da condução e coordenação das

ações de implementação e manutenção da boa ergonomia nos postos de trabalho é da

direção de RH, porém é importante evocar que este desafio é sempre conduzido

transversalmente com as competências dos parceiros internos, especialmente a área de

Segurança e Saúde.

CAPÍTULO II

ERGONOMIA CENTRO DE CONTROLE DE OPERAÇÃO

E GERAÇÃO (COG)

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1 – O que é uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH)

De acordo com a resolução nº 394 - 04-12-1998 da ANEEL-Agência Nacional de

Energia Elétrica, PCH (Pequena Central Hidrelétrica) é toda usina hidrelétrica de

pequeno porte cuja capacidade instalada seja superior a 1 MW e inferior a 30 MW. Além

disso, a área do reservatório deve ser inferior a 3 km².

Uma PCH típica normalmente opera a fio d'água, isto é, o reservatório não

permite a regularização do fluxo d’água. Com isso, em ocasiões de estiagem a vazão

disponível pode ser menor que a capacidade das turbinas, causando ociosidade.

Este tipo de hidrelétrica é utilizada principalmente em rios de pequeno e médio

portes que possuam desníveis significativos durante seu percurso, gerando potência

hidráulica suficiente para movimentar as turbinas.

2 – O que é um Centro de Controle de Operação e Geração (COG)

Controla totalmente as diagramas, checando, por exemplo, a abertura e

fechamento de comportas, orientando as equipes locais de manutenção das centrais e

detectando problemas gerais nos processos por meio de monitoramento remoto.

Nas Salas de Controle utiliza-se transmissão de informações via satélite,

computadores e telefones de alta qualidade.

3 - Norma Regulamentadora (NR 17)

De forma a regulamentar os aspectos de ergonomia a serem disponibilizados ao

trabalhador brasileiro, foi publicada através da Portaria nº 3.751 em 23/1/1990 a Norma

Regulamentadora nº 17 (NR 17).

A NR 17 versa sobre os principais aspectos a serem considerados nos

ambientes de trabalho (temperatura, ruídos e iluminação), dos recursos a serem

disponibilizados (mobiliário e cadeiras) e do comportamento dos usuários (postura,

descansos e movimentações).

Conforme estabelecido pela NR 17, e segundo a análise e visão do Manual de

Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17, “Todos os equipamentos que compõem

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um posto de trabalho devem ser adequados às características psico-fisiológicas dos

trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado” (NR 17 – Item 17.4).

Ainda, conforme proposto na Nota Técnica 060/2001, o conforto do trabalho

sentado ou do trabalho em pé é função:

a) do tempo de manutenção da postura;

b) da adaptação às exigências visuais: a localização das fontes de informações

visuais vai determinar o posicionamento da cabeça;

c) dos espaços para pernas e pés: a falta de espaço suficiente para pernas e

pés induz o trabalhador a adotar posturas tais como: inclinação e torção do tronco,

pernas muito flexionadas, aumento do braço de alavanca;

d) da altura do plano de trabalho: no planejamento/adaptação do posto de

trabalho sentado, deve-se sempre levar em consideração duas medidas principais: a

altura da cadeira e a altura do plano de trabalho.

e) das características da cadeira: a altura do assento de uma cadeira deve ser

definida de forma que os pés estejam bem apoiados, visando o conforto visual e dos

membros superiores e inferiores;

4 - Norma Técnica para Salas de Controle - ISO 11064

O ambiente das salas de controle pode afetar seriamente o desempenho do

operador.

Neste ambiente os fatores a serem considerados incluem: a claridade, a

umidade, a temperatura, a vibração e o ruído. Ao observar esses fatores deve-se

observar também o efeito que eles provocam sobre os operadores e sobre a realização

de suas tarefas, tais como as tensões exercidas pelo tempo e pela complexidade do

equipamento operado. A conformidade do ambiente de trabalho com normas técnicas

resulta em melhores condições de trabalho e no aumento da segurança e da eficiência

na operação dos sistemas. As normas propõem recomendações relativas a outras áreas

funcionais adjacentes como salas de reuniões.

A norma ISO 11064 está organizada em sete partes: princípios para projetar,

organizar e avaliar, layout e dimensões da estação de trabalho; displays e controles e

ambiente das salas de controle.

Além disto a norma ISO 11064-1 propõe nove princípios do projeto ergonômico:

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a) Aplicação da abordagem de projeto centrada no usuário. Projeto iterativo de

um sistema focalizando especificamente em sua usabilidade e enfatizando o papel do

operador humano como agente controlador do sistema.

b) Integrar a ergonomia na prática da engenharia. Diretrizes para a gestão do

projeto devem integrar a ergonomia e suas ferramentas.

c) Melhorar o projeto através de iterações. Avaliações devem ser realizadas até

que a interação entre operadores e sistema atinja seus requisitos funcionais e os

objetivos.

d) Conduzir uma análise situacional. Realizar uma análise do contexto de

trabalho e de contextos similares.

e) Conduzir uma análise da tarefa. Compreender e descrever as tarefas

realizadas por todos aqueles implicados com o ambiente da sala de controle.

f) Projetar sistemas tolerantes ao erro. Utilizar uma avaliação de risco para obter

informações sobre o erro humano.

g) Assegurar a participação do usuário. Usuários devem ser envolvidos no

projeto das salas de controle.

h) Formar uma equipe de projeto multidisciplinar. A equipe de projeto, incluindo

usuários, deve ser multidisciplinar ao longo de todo o ciclo de projeto.

i) Documentar as bases ergonômicas do projeto. Registrar as reflexões e

discussões relacionadas à ergonomia do projeto.

5 - Projeto ergonômico das Salas de Controle

Importantes aspectos apresentados por Venétia Santos e Maria Cristina

Zamberlan no livro “Projeto Ergonômico de Salas de Controle”. Este estudo reforça que

os objetivos da ergonomia recobrem parcialmente os da confiabilidade dos sistemas.

Trata-se de implantar sistemas automatizados seguros e de estudar os componentes

em função desse objetivo, mas trata-se, também, de implantar sistemas compatíveis

com a lógica de operação humana.

Lejon distingue quatro tarefas básicas que são hoje exigidas aos operadores em

Centros de Operação: “Dar assistência às regulações e automatismos; Otimizar o

funcionamento do processo; Amenizar os defeitos do automatismo; e, Remediar os

inevitáveis defeitos do processo, já que o automatismo é incapaz de considerá-lo”.

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Em ergonomia é habitual distinguir:

a) Ergonomia de Correção: estuda transformações limitadas à situação de

trabalho;

b) Ergonomia de Transformação: utiliza investimentos previstos para introduzir

as modificações necessárias aos postos de trabalho;

c) Ergonomia de Concepção: que trata da concepção de uma nova situação de

trabalho.

5.1 - Análise das situações existentes

O diagnóstico realizado em uma situação de trabalho é um ponto essencial da

análise ergonômica. Este diagnóstico é orientado pelas dificuldades, pelos problemas

identificados na análise da demanda e pelo funcionamento da empresa. Ele sintetiza os

resultados das observações, de dados levantados e das explicações fornecidas pelos

operadores. Ele determina os fatores a considerar, para permitir a transformação da

situação de trabalho.

5.2 - Métodos e técnicas

A ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho

humano. A estratégia utilizada pela ergonomia para apreender a complexidade do

trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura, exploração

visual, deslocamento).

a) Métodos diretos - observação; observação assistida; direção do olhar; trocas

de informação entre indivíduos; posturas; estudo de traços (análise centralizada no

resultado da atividade e não mais na própria atividade).

b) Métodos subjetivos - questionários; tabelas de avaliação; entrevistas e

verbalizações provocadas; entrevistas e verbalizações simultâneas.

Entender como o ser humano resolve problemas significa entender de que

forma um operador em salas de controle procede em uma situação emergencial, como

diagnostica as falhas e elabora suas estratégias de intervenção no sistema.

5.3 - Organização do trabalho nas Salas de Controle

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O dimensionamento do número de pessoas necessárias ao trabalho da sala de

controle deve ser estabelecido em função de situações de emergência e não de

situações normais. Assim como o número de pessoas, os canais, os meios de

comunicação e a informação entre as áreas e a sala de controle devem ser

dimensionados para atender às situações mais críticas.

Todo o trabalho de controle exige concentração, atenção, atividades de

tratamento da informação. O ser humano, por suas características físicas, não consegue

manter níveis de atenção prolongados. É necessário prever pausas na situação de

trabalho.

Em ergonomia, através do estudo das situações reais de trabalho, procura-se

prescrever corretamente o trabalho realizado na sala de controle. Isso inclui a

formalização de determinadas ações dos operadores, como por exemplo, o descanso

do operador durante o seu turno de trabalho.

A elaboração de um layout implica na análise de situações de referência.

Conhecendo os problemas e exigências do trabalho em salas de controle existentes,

chega-se a definição das grandes áreas e espaços a serem alocados no layout.

Normalmente devem compor o ambiente da sala de controle espaços para pelo menos

os seguintes elementos: Consoles de operação; Equipamentos computacionais; Área

para a consulta a diagramas; Área para acondicionamento de materiais; Ambiente de

apoio para os operadores e supervisores e operação.

5.4 - Projeto ergonômico de mobiliário

O projeto ergonômico do mobiliário de uma sala de controle deve abordar pelo

menos os seguintes aspectos:

a) A postura nas salas de controle

Em salas de controle, a postura está diretamente relacionada à exploração

visual e às ações necessárias à busca das informações. A alternância da postura é

fundamental para manter a integridade corporal do ser humano.

b) Recomendações para projeto ergonômico de mesas e cadeiras

Um posto de trabalho adaptado às dimensões de uma população é aquele que

consegue acomodar 90% do perfil físico médio das pessoas. Não se deve esquecer as

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constantes transformações internas da empresa, a evolução profissional das pessoas e

o trabalho em turnos, que estabelece - que em um mesmo dia até quatro pessoas

ocuparão o mesmo posto em horários diferentes. Desta forma o mobiliário deve

possibilitar regulagens na altura do assento, inclinação do encosto, altura do apoio de

braços, de forma a acomodar confortavelmente estas pessoas.

c) Conscientização dos usuários

As pessoas que trabalham em postos informatizados devem estar cientes das

solicitações físicas e mentais, as quais estão envolvidas, e contribuir para a melhoria

das suas condições de trabalho, realizando as regulagens necessárias para a

adequação do mobiliário ao seu corpo.

d) Recomendações ergonômicas para cadeiras

• Altura: é recomendável que as pessoas possam trabalhar com os pés no chão.

As cadeiras devem ser reguladas a partir de 36 cm do solo, para atender ao perfil do

brasileiro;

• Profundidade do assento: não deve ser superior a 40 cm;

• Largura do assento: a largura mínima deve ser de 45 cm;

• Encosto: As regulagens devem, pelo menos, possibilitar que o encosto atinja

de 90 a 110 graus com o assento. Uma maior superfície do encosto favorece a melhor

distribuição do peso e um relaxamento muscular. A largura do encosto permiti a

movimentação dos braços;

• Revestimento das cadeiras: adotar tecidos rugosos e revestimentos macios;

• Regulagens: as regulagens devem ser facilmente acionadas e deve ser

regulado com a pessoa sentada;

• Apoio de braços: deve ser regulável para atender o maior número de pessoas

e o comprimento do apoio dos braços não seja tal que bloqueie a aproximação da

cadeira em relação à mesa.

5.5 - O ambiente físico nas Salas de Controle

O projeto ergonômico de uma sala de controle deve abordar pelo menos os

seguintes aspectos referentes ao ambiente físico:

a) Iluminação

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• Balanceamento adequado das luminárias de modo a obter contrastes

adequados;

• As demandas visuais das atividades são diferenciadas: em um posto de

trabalho informatizado na sala de controle são necessários entre 200 e 400lux.

• Evitar ofuscamentos e reflexos em superfícies polidas.

No caso onde restrições técnicas incontornáveis impõem ambientes totalmente

confinados, sem janelas, a composição da luz artificial deverá ser objeto de estudos

cuidadosos.

b) Conforto acústico

Atividades complexas como as executadas nas salas de controle não devem

estar expostas a níveis de ruído que ocasionem desconforto ou causem qualquer tipo de

perturbação.

Conforme a NR17, no item 17.5 – recomenda-se nos postos de trabalho onde

sejam realizadas atividades que envolvam solicitação intelectual e atenções constantes,

não existam níveis de ruído superiores a 65 dB(A) e que o espectro de ruído não exceda

a curva NC-60.

c) Temperatura ambiente e conforto térmico

No caso das salas de controle, as atividades podem ser caracterizadas como

atividades médias, cuja carga metabólica se dá em torno de 180 Kcal/hora. A

temperatura ambiente pode ser afetada pelo calor gerado pelos equipamentos

eletrônicos, elétricos, luzes, teto, dutos e calor emitido pelas pessoas presentes na sala

de controle.

Para auxiliar na distribuição dessas fontes geradoras de calor para o ambiente é

indicado:

• Utilizar equipamentos elétricos e eletrônicos que emitam pouco calor;

• Direcionar a emissão dos fusos de ar condicionado afastados dos operadores

e dos postos de trabalho.

Conforme definido na NR-17, subitem 17.5.2, para se garantir o adequado

conforto dos que trabalham em salas de controle, devemos ter: índice de temperatura

efetiva entre 20º e 22º C; velocidade do ar não-superior a 0,75 m/s; e, umidade relativa

do ar não-inferior a 40%.

6 – Conclusão

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Ao modernizarmos os centros de controle das empresas de energia elétrica,

devemos estar atentos às novas demandas provocadas pelo atual modelo institucional,

tratando não apenas as necessidades operacionais, mas principalmente as

necessidades daqueles que irão utilizar este ambiente e, em especial, os operadores.

Os novos projetos devem ser precedidos de estudos de ergonomia, através de

profissionais especializados, tornando estes projetos mais eficazes e com otimização

dos custos envolvidos.

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO

1 – Empresa

Fundado em 2007 por 2 grandes empresas multinacionais, a XYZ O&M é

pioneira na operação e manutenção remota (O&M) de 16 pequenas centrais

hidrelétricas distribuídas em 4 Estados (Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de

Janeiro, que inclui uma subestação), através do COG (Centro de Controle de Operação

e Geração).

O Centro controla totalmente as plantas, checando, por exemplo, a abertura e

fechamento de comportas, orientando as equipes locais de manutenção das centrais e

detectando problemas gerais nos processos por meio de monitoramento remoto. Isso

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significa que o Centro controla as pequenas centrais ao mesmo tempo e a partir de um

único ponto, com a possibilidade de ajustar esse atendimento às demandas específicas

de cada cliente para a geração de energia.

Com cerca de 150 funcionários, a XYZ O&M presta serviços com alto grau de

excelência e eficácia aos seus clientes.

2 – Problema

Quais as ações necessárias para melhorar a adaptação do trabalho em um

Centro de Controle de Operação e Geração da empresa XYZ O&M em prol da qualidade

de vida de seus funcionários?

3 – Resultado da Pesquisa e Observação na Empresa

3.1 - Perfil

A pesquisa foi composta por 20 homens (total de 30 funcionários).

Todos os funcionários exercem funções administrativas nos escritórios e

dependem majoritariamente do computador e telefone para a realização de suas

tarefas, porém são encarregados de outras atividades intercaladas como organização

de atividades operacionais nas Usinas (Ex. Manobras Rotineiras nas PCH’s), arquivos e

participam de reuniões.

De acordo com a análise, a maioria dos funcionários possui de 46 a 54 anos,

sendo que a minoria deles se encontra na faixa etária de 18 a 27 anos.

De acordo com a pesquisa, 50% dos trabalhadores possuem 2º grau completo,

35% possuem Graduação, 15% possuem pós-graduação.

Quanto aos tempo de experiência 30% de 3 a 6 anos, 50% de 7 a 9 anos, 5%

de 10 a 13 anos e 15% acima de 14 anos de trabalho em COG (Centro de Operação e

Geração).

Já aos anos de trabalho na XYZ O&M, 100% trabalham há 2 anos.

3.2 - Mobiliário

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A respeito do mobiliário, analisou-se a mesa e cadeira de cada funcionário.

75% dos funcionários consideram a mesa satisfatória e adequada, porém 25%

consideram inadequada. 80% consideram a cadeira confortável e adequada, entretanto

20% que consideram a mesma desconfortável e inadequada para sua saúde.

O fato de nenhuma das cadeiras não possuírem apoios para os braços, justifica

as afirmações acima.

Em contrapartida, 70% das cadeiras possuem regulagem de altura do encosto e

do assento. Neste sentido, 100% dos funcionários não receberam nenhuma orientação

de como fazer este ajuste.

O suporte para a região dorsal (meio das costas) também foi analisado, e 75%

dos trabalhadores consideram o apoio que a cadeira dá a esta parte da coluna é firme e

adequado, mas às vezes desconfortável; e 25% não consideram o apoio firme,

relatando que às vezes a coluna fica inclinada para frente.

Quanto ao conforto das pernas e dos pés, 70% dos entrevistados têm os pés

bem apoiados no chão sem nenhum suporte, 15% utilizam suporte para elevar a altura

dos pés, 10% apóiam os pés na parte de trás da cadeira (pés da cadeira), inclinando os

pés para trás; e 5% não conseguem apoiar os pés no chão, mas não utilizam nenhum

suporte.

Os suportes são de madeira feitos pelos próprios funcionários, porém não foi

realizado nenhum tipo de medição adequada sobre a altura dos mesmos.

3.3 - Computador

Sobre o computador, 100% dos trabalhadores posicionam o teclado em frente

ao monitor.

70% dos funcionários apóiam o punho na mesa enquanto digitam, enquanto

30% não apóiam, deixando a mão solta no ar, o que pode ser um fator favorável à

ocorrência das DORT.

60% das pessoas utilizam os dez dedos da mão ao digitar, enquanto 40%

utilizam apenas alguns. 70% dos trabalhadores já fizeram algum treinamento sobre

digitação, contra 30% que nunca o fizeram.

75% das pessoas têm seus olhos no mesmo nível da tela do computador e 25%

não tem seus olhos no mesmo nível da tela do computador, tendo que elevar ou inclinar

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para baixo o pescoço, ou ainda utilizar um apoio para elevar o monitor como caixas de

papelão.

Estes dados podem convergir facilmente para dores de coluna, pescoço,

membros superiores e visão, considerando o tempo de exposição a esses fatores.

Neste caso, a utilização de suportes para elevar a altura do monitor, foi proposta

pelos próprios funcionários que se sentiam incomodados em esticar ou curvar o

pescoço.

Mesmo que sendo muito simples, foi de excelente contribuição para os próprios

trabalhadores.

35% das pessoas relataram existir reflexos luminosos na tela de seu

computador, sendo que não há cortina para evitar este transtorno.

75% das pessoas reclamam do mouse, que não desliza facilmente, enquanto

apenas 25% estão satisfeitas.

Quando ocorrem danos ao equipamento, o conserto é providenciado por uma

empresa terceirizada. 60% dos funcionários consideram que o conserto é providenciado

rapidamente, 20% consideram mediano e 20% consideram que este é demorado,

atrapalhando o andamento do trabalho.

3.4 - Ambiente de Trabalho

Sobre o ambiente de trabalho, foram analisados a iluminação, temperatura,

espaço disponível e relacionamento interpessoal.

85% estão satisfeitos quanto à iluminação de seu escritório e 15% a consideram

insatisfatória e deficiente; faltando iluminação natural.

80% dos entrevistados consideram a temperatura adequada e 20% a

consideram inadequada (muito frio).

O espaço disponível é considerado bom para 50% dos trabalhadores e 20% o

considera insuficiente e pequeno para o número de pessoas do local; 10% dizem

sempre esbarrar em algum móvel durante sua locomoção no ambiente e 20%

consideram o layout de seu escritório insatisfatório.

Não houve reclamações quanto às relações sociais entre chefia e colegas.

Apenas 5% se dizem incomodados com a presença de colegas que fumam no ambiente

de trabalho.

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3.5 - Sistema de Trabalho

Quanto ao número de horas trabalhadas, 100% trabalham 8 horas/dia (de 6 às

14h, 14 às 22 e 22 às 6h) com 4 folgas semanais.

100% dos funcionários ficam diretamente em frente ao computador durante todo

o expediente de trabalho.

A respeito da realização de pausas durante a execução de atividades como

digitação, 60% dos funcionários afirmaram realizar pausas somente para ir ao banheiro,

tomar água ou café; 25% realizam pausas somente para a realização de outras tarefas

do escritório, como reuniões com a Diretoria disseram não realizar nenhum tipo de

pausa.

Quanto ao ritmo do trabalho, 85% dos funcionários o consideram intenso, contra

15% que o consideram tranqüilo e rotineiro.

85% dos funcionários relataram trabalhar além do horário normal de trabalho,

porém 15% disseram não trabalhar além do limite diário.

Para executar todas as tarefas do escritório, 65% dos funcionários consideram o

número de total de pessoas suficiente e 35% consideram insuficientes, sentindo-se

sobrecarregados.

Também foi questionado aos funcionários se eles realizaram nos últimos dois

anos algum tipo de treinamento, ou participaram de algum tipo de palestra ou curso e

45% deles afirmaram que sim em pelo menos alguma destas atividades; e 60%

disseram que há muito tempo não participam de nenhum treinamento ou nunca o

realizaram.

Neste contexto, questionou também se já foi realizado algum treinamento ou

orientação sobre os cuidados necessários para não se acidentar no local de trabalho ou

adquirir uma doença ocupacional. 55% afirmaram já ter recebido alguma orientação ou

já fizeram alguma leitura em apostila ou cartilha e 45% afirmaram que nunca receberam

nenhuma orientação neste sentido.

Somente 5% respondeu que não gosta de seu trabalho, entretanto 25% não se

sentem motivados para trabalhar.

Em relação à Ergonomia, 60% dos funcionários já ouviram falar sobre

ergonomia, e 40% que a desconhecem. Apesar de a maioria conhecê-la, não realizam

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medidas preventivas ou corretivas, e se realizam, é de maneira precária, pois 60%

destes sentem ou já sentiram dores durante a realização do trabalho.

Dentre estas pessoas que relataram sentir dores provocadas pelo trabalho, 30%

(metade) não fazem absolutamente nada para aliviar a dor; apenas a esperam passar. A

outra metade diz que quando isto acontece, pára o trabalho por uns minutos para tomar

um café, água ou até tomar remédio quando sentem algum tipo de dor.

Neste âmbito, apenas 10% nunca ouviu falar sobre LER/DORT.

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT) são as afecções que podem lesar tendões,

músculos, nervos, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem

degeneração dos tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região

escapular e pescoço. Decorrente de uma origem ocupacional ela pode ser ocasionada

de forma combinada ou não do uso repetido e forçado de grupos musculares e da

manutenção de postura inadequada. Além do uso repetitivo, a sobrecarga estática, o

excesso de força para execução de tarefas, o trabalho sob temperaturas inadequadas

ou o uso prolongado de instrumentos com movimentos excessivos podem contribuir

para o aparecimento das enfermidades músculo-esqueléticas (CODO E ALMEIDA, 1998).

3.6 - Saúde

Com relação à saúde, os trabalhadores foram indagados a respeito de seus

hábitos alimentares, consumo de bebidas alcoólicas e fumo, prática de atividades físicas

e domésticas.

Apenas 15% consideram sua alimentação balanceada e 95% acham sua

alimentação um pouco deficiente (com poucas vitaminas e proteínas).

25% dos funcionários entrevistados fumam e 40% disseram consumir bebida

alcoólica regularmente.

35% dos funcionários disseram praticar algum tipo de atividade física pelo

menos três vezes por semana (como caminhada, academia ou futebol), enquanto que

65% não praticam nenhuma atividade física.

95% não realizam nenhum tipo de aquecimento quando chegam ao trabalho, e

somente 5% afirmaram realizar algum aquecimento ou alongamento.

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Outro dado importante é que 10% dos entrevistados relataram que já tiveram

LER/DORT, fizeram algum tipo de tratamento médico como acupuntura e fisioterapia, e

continuam a trabalhar normalmente, sem sofrer nenhuma dor.

4 – Conclusão

A partir dos dados apresentados, permite-se inferir algumas tendências.

Dentre estas estão mobiliário inadequado e desgastado, com trabalho intenso e

sem a realização de pausas, a incorreta postura na cadeira e a pouca utilização de

apoio para os pés, etc. Estes fatores que prejudicam tanto a saúde física quanto mental

dos trabalhadores.

Vale destacar que há propensão ao sedentarismo, pois 35% dos funcionários

não praticam nenhuma atividade física, 25% são fumantes e 40% consomem bebida

alcoólica regularmente.

Em termos gerais, 60% dos funcionários já ouviram falar sobre ergonomia,

contra 40% que a desconhecem. Apesar de a maioria conhecê-la, não realiza medidas

preventivas ou corretivas, e se realiza, é de maneira insuficiente.

60% destes sentem ou já sentiram dores durante a realização do trabalho, o que

pode ser uma propensão ao aparecimento das LER/DORT.

Dentre estas pessoas que relataram sentir dores provocadas pelo trabalho,

grande parte não faz nada para aliviar a dor, sendo que algumas chegam até a tomar

remédios para as dores. A utilização de medicação pode aliviar momentaneamente o

incômodo da dor, porém ela poderá se repetir e se agravar dependendo do modo e

intensidade de realização das atividades feitas pelo usuário.

Finalmente, com a análise dos dados apresentados, conclui-se a necessidade

de mudanças e intervenções ergonômicas, com o objetivo de melhoria de qualidade de

vida dos funcionários e conseqüente produtividade desta empresa.

Medidas simples e que não necessitam de grandes investimentos podem ser

concretizadas através de métodos ergonômicos, evitando perdas humanas e financeiras

como gastos desnecessários em tratamentos e recuperação.

Seria interessante a realização de mais treinamentos e reciclagens com os

trabalhadores, já que 60% destes relataram que não realizam este tipo de atividade há

muito tempo, ou nunca realizaram.

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Neste âmbito, também se vêem necessários cursos e orientações sobre

Medicina, Saúde e Segurança no Trabalho, incentivos à prática de atividade física e

principalmente orientações sobre Ergonomia que funciona como uma eficiente

ferramenta de prevenção de doenças ocupacionais e conseqüente melhoria da

qualidade de vida dos trabalhadores.

Enfim, deve-se ter em mente que qualquer programa ou projeto visando à

qualidade de vida, significa um investimento a médio e longo prazos.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

COUTO, H. de A. Fisiologia do trabalho Aplicado. Belo Horizonte: Ed.Ibérica, 1978.

COUTO, H. de A. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana.

Vol. I e II.Belo Horizonte: Ergo Editora, 1995/96.

DUL, J., WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. Tradução Itiro Iida. São Paulo,

Editora Edgard Blücher, 1995.

SANTOS, N. & FIALHO, F. A. P., Manual de Análise Ergonômica no Trabalho. Curitiba:

Gênesis Editora, 2 ª Ed., 1997.

GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia. Porto Alegre: Bookman, 1998.

IIDA, Itiro. Ergonomia: Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Editora Edgard

Blücher, 4ª ed., 1997.

LAVILLE, Antoine. Ergonomia. Tradução: Márcia Maria das Neves Teixeira. São Paulo:

Ed. da Universidade de São Paulo, 1977.

MONTMOLLIN, Maurice de. A ergonomia. Tradução: Joaquim Nogueira Gil. Sociedade

e Organizações, 1997.

MURREL, K. F. H., Ergonomics: Man in his Working Environment. London: Chaoman et

Hall, 1965.

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VERDUSSEN, R. Ergonomia: a racionalização humanizada no trabalho. Rio de Janeiro:

Livros Técnicos e Científicos, 1978.

WISNER, Alain. A Inteligência no Trabalho, Textos selecionados de ergonomia. São

Paulo: Editora da UNESP, 1994.

WISNER, Alain. Por dentro do trabalho: ergonomia, método e técnica. Tradução Flora

Maria Gomide Vezzá. São Paulo: FTD / Oboré, 1987.

ANEXO

QUESTIONÁRIO: EMPRESA XYZ O&M

PERFIL

1) Qual é a sua idade?

( ) 18 à 27 anos ( ) 28 à 36 anos ( ) 37 à 45 anos

( ) 46 à 54 anos ( ) Acima de 55 anos

2) Qual é o seu grau de escolaridade?

( ) Ensino Médio (Antigo 2º grau) Completo ( ) Graduação Completa

( ) Pós-Graduação Completa

3) Você tem quanto tempo de experiência em COG (Centro de Operação e

Geração)?

( ) Até 2 anos ( ) 3 à 6 anos ( ) 7 à 9 anos

( ) 10 à 13 anos ( ) Acima de 14 anos

MOBILIÁRIO

1) Como você considera sua mesa de trabalho?

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a) ( ) Satisfatória ( ) Insatisfatória

b) ( ) Adequada ( ) Inadequada

2) Como você considera sua cadeira de trabalho?

a) ( ) Confortável ( ) Não Confortável

b) ( ) Adequada ( ) Inadequada

3) Sua cadeira possui regulagem para a altura do encosto e assento. Você

recebeu alguma orientação para ajustá-la? ( ) Sim ( ) Não

4) Como você considera o apoio da sua para a região dorsal (meio das costas)?

a) ( ) Firme ( ) Não Firme

b) ( ) Adequada ( ) Inadequada

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5) Quanto ao conforto das pernas e pés, você utiliza algum tipo de suporte?

( ) Sim. Qual? _____________________________________________

( ) Não (Apóia os pés no chão)

COMPUTADOR

1) Seu mouse desliza facilmente? ( ) Sim ( ) Não

2) Você utiliza os 10 dedos para digitar? ( ) Sim ( ) Não

3) Você realizou algum treinamento para digitação? ( ) Sim ( ) Não

4) Existe algum reflexo luminoso na tela, que atrapalhe ou incomode?

( ) Sim ( ) Não

5) Como você considera o tempo para conserto dos equipamentos da empresa

terceirizada. ( ) Rápido ( ) Mediano ( ) Demorado

AMBIENTE DE TRABALHO

1) Como você considera a iluminação de seu escritório?

a) ( ) Satisfatória ( ) Insatisfatória

b) ( ) Suficiente ( ) Insuficiente

2) Como você considera a iluminação de seu escritório?

( ) Adequada ( ) Inadequada

3) Como você considera o espaço de seu escritório?

( ) Adequada ( ) Inadequada

4) Como você considera as relações sociais entre a chefia e colegas de

trabalho? Resposta: _____________________________________________

SISTEMA DE TRABALHO

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1) Você realiza pausas durante a execução de suas atividades?

( ) Sim. O quê? __________________________________________________

( ) Não

2) Como você considera o seu ritmo de trabalho?

( ) Tranqüilo e Rotineiro ( ) Intenso

3) Você considera o número de funcionários suficiente para a realização de

todas as tarefas: ( ) Sim ( ) Não

4) Você realizou nos últimos 2 anos algum tipo de treinamento ou participou de

alguma palestra/curso?

( ) Sim. O quê? _____________________________________________

Há quanto tempo? ________________________________________

( ) Não

5) Você realizou algum treinamento, orientação ou leitura de apostila/cartilha

sobre Medicina e Segurança no Trabalho? ( ) Sim ( ) Não

6) Você gosta do seu trabalho, sente-se motivado? ( ) Sim ( ) Não

7) Você já ouviu falar em Ergonomia (“O conjunto de conhecimentos científicos

relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e

dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e

eficiência” - LAVILLE, 1977)? ( ) Sim ( ) Não

8) Você já ouviu falar em Ler/Dor (Lesões por Esforço Repetitivo - LER) /

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT são as

afecções que podem lesar tendões, decorrentes do uso excessivo de força para

execução de tarefas, por exemplo)? ( ) Sim ( ) Não

9) Você já sentiu alguma dor durante a realização de seu trabalho?

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( ) Sim. O quê você fez? __________________________________________

( ) Não

SAÚDE

1) Como você considera a sua alimentação?

( ) Balanceada ( ) Deficiente em vitaminas

2) Você fuma? ( ) Sim ( ) Não

3) Você consome bebida alcoólica?

( ) Sim. Com que freqüência? ______________________________________

( ) Não

4) Você pratica alguma atividade física?

( ) Sim. O quê? _______________________________________________

Com que freqüência? ___________________________________________

( ) Não

5) Você faz algum tipo de aquecimento ao chegar ao trabalho?

( ) Sim. O quê? _________________________________________________

( ) Não

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - ERGONOMIA 10

1. Definição 10

2. O que é Ergonomia? 10

3. Histórico da Ergonomia 12

4. Benefícios da Ergonomia nas Empresas e o Envolvimento do RH 15

CAPÍTULO II - ERGONOMIA CENTRO DE CONTROLE DE OPERAÇÃO E

GERAÇÃO (COG) 17

1. O que é uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) 17

2. O que é um Centro de Controle de Operação e Geração (COG) 17

3. Norma Regulamentadora (NR 17) 17

4. Norma Técnica para Salas de Controle - ISO 11064 18

5. Projeto ergonômico das Salas de Controle 19

5.1 Análise das situações existentes 20

5.2 Métodos e técnicas 20

5.3 Organização do trabalho nas Salas de Controle 21

5.4 Projeto ergonômico de mobiliário 22

5.5 O ambiente físico nas Salas de Controle 23

6. Conclusão 24

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO: Empresa XYZ O&M 25

1. Empresa 25

2. Problema 25

3. Resultado da Pesquisa e Observação na Empresa 25

3.1. Perfil 25

3.2. Mobiliário 26

3.3. Computador 27

3.4. Ambiente de Trabalho 28

3.5. Sistema de Trabalho 28

3.6. Saúde 30

4. Conclusão 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

ANEXO – QUESTIONÁRIO: EMPRESA XYZ O&M 33

ÍNDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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