UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · negros lutam pelo reconhecimento e...

40
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADES INTEGRADAS A VEZ DO MESTRE É NA EDUCAÇÃO INFANTIL QUE SE COMEÇA A COMBATER O PRECONCEITO Por: Marinalva Lopes Vianna Orientador Prof. Geni Lima Rio de Janeiro 2011

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · negros lutam pelo reconhecimento e...

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADES INTEGRADAS

A VEZ DO MESTRE

É NA EDUCAÇÃO INFANTIL QUE SE COMEÇA A COMBATER

O PRECONCEITO

Por: Marinalva Lopes Vianna

Orientador Prof. Geni Lima

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADES INTEGRADAS A VEZ DO MESTRE

É NA EDUCAÇÃO INFANTIL QUE SE COMEÇA A COMBATER

O PRECONCEITO.

Apresentação de Monografia à

Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção de grau de

especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica.

Por Marinalva Lopes Vianna.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me conceder

esta oportunidade tão singular e de

grande valor em minha vida, minha

mãe por me incentivar na realização

desse estudo e aos meus professores

que somaram conhecimentos para a

construção desse trabalho .

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a mim,

pois diante de todas as

dificuldades, eu as superei e as

venci. Também ao meu filho Hugo

Felipe, provando-lhe a importância

do curso de Pós-Graduação na

vida de uma pessoa.

RESUMO

Podemos afirmar que desde a escravidão, os movimentos sociais

negros lutam pelo reconhecimento e respeito à diversidade cultural no Brasil,

contudo, ainda podemos perceber que diante dos avanços e conquistas do

movimento negro, atualmente ainda perpetuam vestígios, sintomas indiretos

de discriminação racial incutidos nos pensamentos das pessoas em nossa

sociedade.

A Educação Infantil é considerada uma conquista importante diante de

todos os movimentos sociais já existentes na luta pelo direito da criança de

dois a seis anos à escola. Portanto devemos ressaltar que as práticas

pedagógicas nesse ensino, devem ser pautadas na democracia, no respeito

ao outro e na qualidade, visando o acolhimento de crianças que possuem

identidades culturais plurais.

Especialistas afirmam que grande parte do que somos, nossa base

moral, é construída até aos seis anos de idade e o preconceito é muito forte

em nós, adultos, visto que provém desse período.

Com base nessa certeza, acreditamos que é hora de trabalharmos a

desconstrução dos pensamentos preconceituosos desde a infância. Por fim é

na Educação Infantil que temos a oportunidade de utilizar estratégias que

combatam os preconceitos contra aqueles percebidos como “diferentes”.

É considerado como grande desafio dos profissionais de educação e

Orientadores Educacionais principalmente, desvendar aportes de práticas

eficazes para desfazer sentimentos de exclusão e superioridade incutidos nos

pensamentos da criança, família e escola.

O comprometimento de todos os profissionais envolvidos na

construção de uma pedagogia que promova a democratização das

oportunidades educacionais e transformadora frente a situações de

discriminação racial, é sem dúvida um desafio para todos.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada apoia-se em livros descritos na bibliografia, em

sua maior parte voltados para a Educação Infantil, assim como em artigos dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), na nova Lei de Diretrizes e Bases

(LDB ) , na revista Nova Escola ,em apostilas e na internet.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Uma visão geral sobre a história do negro na sociedade 10

CAPÍTULO II

Família e escola – A socialização entre as crianças 17

CAPÍTULO III

As contribuições do Orientador Educacional frente a

desconstrução de preconceito racial na Educação Infantil 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 39

INTRODUÇÃO

Preconceito é coisa pensada, raciocínio elaborado e incutido no ser

humano de forma que quando o exterioriza, produz injustiças, discriminações

e baixa autoestima da criança, comprometendo sua formação como cidadã no

futuro.

Nesse presente trabalho abordaremos o tema sobre o papel do

Orientador Educacional frente ao combate de manifestações de preconceito,

as práticas eficazes do mesmo nas escolas de rede pública de ensino.

Quanto à justificativa desse trabalho, ressalta-se que as manifestações

das atitudes de preconceito são percebidas desde o início da vida escolar da

criança e acreditamos que mediante práticas pedagógicas que favoreçam a

igualdade e respeito mútuo, poderemos desconstruir pensamentos negativos

em relação ao outro. O objetivo dessa pesquisa provém da análise de tais

práticas que incentivem o respeito à diversidade, a reconquista da autoestima

e que ensinem a lição da tolerância entre família, aluno e escola visando a

formação de cidadãos livres.

A avaliação dar-se-á por meio de ações do Orientador Educacional

nos momentos de conflitos entre alunos. A hipótese surge mediante a

convicção de que é no processo educativo e contínuo que se permeia a

construção positiva da identidade do educando.

De acordo com o PCN (Pluralidade Cultural) a necessidade do recurso

Pluralidade Cultural como estratégia nas práticas pedagógicas tem como

objetivo, oferecer oportunidades de conhecimento, valorizando as diversas

culturas que presentes no Brasil, propiciando ao aluno a compreensão de seu

próprio valor, promovendo sua autoestima como ser humano pleno de

dignidade, cooperando na formação da sua autodefesa em situações de

conflito que porventura possam acontecer. (p.39)

A questão racial deve ser trabalhada como conteúdo obrigatório no

currículo escolar, visto que a lei 10.639, de 2003, decretou a inclusão da

cultura afro-brasileira em todos os níveis da Educação básica. Mesmo com o

08

objetivo de “democratizar” o ensino na busca do tratamento igualitário,

podemos afirmar que o preconceito ainda marca nossas gerações. Vivemos

numa sociedade que é influenciada por pensamentos preconceituosos e

estereótipos.

Portanto, é no ambiente escolar, que a criança começa a construir

sua identidade. Assim cabe à escola construir relações harmoniosas de

confiança, desvendando potencialidades pessoais e promovendo tratamento

igualitário entre os alunos. Pois é por meio do convívio escolar que as

possibilidades de construção do conhecimento são mais evidentes

,favorecendo também ao desvendamento de injustiças e manifestações

preconceituosas entre as crianças.

Esta pesquisa proporciona reflexões acerca das nossas atitudes,

práticas e articulações que são capazes de transformar vidas no sentido

positivo ou negativo. Desconstruindo preconceitos raciais às próximas

gerações e encarando a problemática que o ser humano traz em si: o

preconceito. Enfim, está em nossas mãos o destino das crianças que serão o

futuro da nossa nação.

Baseando na busca de práticas pedagógicas que favoreçam a

igualdade e o respeito mútuo, investigaremos esse tema com base em

pesquisas na internet, livros, revistas educativas e PCN que busquem

soluções plausíveis com a finalidade de erradicar o preconceito na Educação

Infantil não perpetuando- o nas próximas gerações.

09

CAPÍTULO I

Uma visão geral sobre a história do negro na

sociedade

O Brasil é um país que tem na sua estrutura marcas do sistema

escravista. Sabemos que após a abolição, o negro só tinha uma certeza, a

sua libertação, ou seja, a Lei de 13 de maio concedeu apenas o status de

trabalhador livre, porém a maioria deles não possuía qualificação profissional

exigida na época após a abolição, houve um verdadeiro descaso do Estado

em relação a situação do negro. “O Estado na época omitiu sua

responsabilidade e como resposta aos ex-escravos deixou apenas uma

mensagem vão e se viram nessa sociedade”. Infelizmente a lei abolicionista

não possibilitou a reconquista da cidadania para a massa de ex-escravos e

seus descendentes. Estes foram segregados economicamente e socialmente,

sem condições materiais para sua sobrevivência e muito menos sem

reconhecimento como cidadãos na sociedade. Acredita-se que poucos ex-escravos sabiam ler, portanto, boa parte não

estava preparada para o trabalho. O Estado, como era chamado, nem mesmo

investiu na implementação de políticas públicas voltadas para a inserção dos

ex-escravos à sociedade após a Lei Aurea. Os negros foram dessa forma,

relegados a sua própria sorte, resultando em mão de obra desqualificada. Os

negros retornavam às fazendas e se submetiam ao trabalho inferiorizado e

eram menos remunerados que os trabalhadores europeus, aceitando dessa

forma, a dominação como solução para sua sobrevivência

(gppusp.blogspot.com, artigo, p.2)

De acordo com o mesmo artigo, os fazendeiros, senhores, deixaram de

lado a idéia de recuperação do negro como homem livre, e começaram a

investir nos trabalhadores europeus, pois estes possuíam mão de obra

qualificada. Dessa forma, o negro deixou de ser importante no processo

produtivo do Estado, resultando na eliminação parcial do negro no trabalho,

visto como ser improdutivo, muitos viveram à margem da sociedade tornando-

se até mendigos.

10

Em 1887, período que antecede da abolição, alguns fazendeiros

abolicionistas defendiam a educação dos negros como meio para a

capacitação de mão de obra qualificada. Estes fazendeiros tinham a

consciência de que o negro deformado pela escravidão, não poderia competir

com os trabalhadores imigrantes. Infelizmente estes abolicionistas não

tiveram a oportunidade de serem ouvidos pelo Império. Na verdade os ex-

escravos não tiveram qualquer proteção do Estado. Aqui fica uma pergunta:

não deveria o Império indenizar os negros pelos maus tratos sofridos após a

abolição? Assegurando-lhes a inserção de fato na sociedade de modo que o

negro pudesse estudar se preparar profissionalmente para competir no

mercado de trabalho como qualquer outro cidadão? Na verdade, a educação

é, e deveria ser após a abolição, a única forma de se estabelecer a igualdade

de oportunidades para o desvendamento da cidadania no Brasil.

Ao longo de nossa história, na qual a colonização se fez

presente, a escravidão e o autoritarismo contribuíram para o

sentimento de inferioridade do negro brasileiro. A ideologia da

degenerescência do mestiço, o ideal de branqueamento e o mito da

democracia racial foram os mecanismos de dominação

ideológica mais poderosos já produzidos no mundo, que

permanecem ainda no imaginário social, o que dificulta a ascensão

social do negro, pois este é visto como indolente e incapaz

intelectualmente. De acordo com o artigo( ESPAÇO ACADÊMICO )

vimos que:

A política de branqueamento que caracterizou o racismo no Brasil foi

gerada por ideologias e pelos estereótipos de inferioridade e/ou superioridade

raciais. A ideologia do branqueamento teve como objetivo propagar que não

existem diferenças raciais no país e que todos aqui vivem de forma

harmoniosa, sem conflitos (mito da democracia racial). Além desses

aspectos, projeta uma nação branca que, através do processo de

miscegenação, irá erradicar o negro da nação brasileira, supondo-se, assim,

11

que a opressão racial acabaria com a raça negra pelo processo de

branqueamento. Essa tese é apresentada pelo Brasil ao mundo.

É fato afirmar com bases nas afirmações acima que a visão

eurocêntrica das pessoas desde a época da escravidão, contraria toda

ideologia democrática marcada por uma visão inferiorizada e discriminatória

do negro na sociedade.

1.1 – Da lei do Ventre Livre até a abolição

A escravidão no Brasil perdurou por mais de três séculos e muitas foram

as formas de resistência do negro na época, temos como exemplo, a

conjuração baiana que foi uma das principais revoltas anticolonial brasileiras.

Tendo como aliada a pressão inglesa pela abolição da escravidão e o

constrangimento que isso causava ao Brasil, a abolição ganha força nas

camadas da classe média. Portanto em 1871, é votada a Lei do Ventre livre

em que toda criança nascida a partir dessa data, seria considerada cidadã

livre. Na verdade, o objetivo do Estado em relação a essa determinação, foi

de apenas conciliar interesses abolicionistas e escravistas mais não de

promover o fim da escravidão no país.

Esta lei aumentou de fato o sentimento abolicionista da classe média e

dos negros. Enfim O movimento abolicionista se fortalece e ganha força nas

ruas. Em 1885 é votada a lei do sexagenário que dizia que todos os negros

com mais de sessenta anos deveriam ser libertos, porém permaneceriam por

mais cinco anos prestando serviços aos seus senhores, não obstante, essa lei

buscava livrar apenas os proprietários de escravos por mais gastos com os

negros, pois um escravo de 60 anos já era considerado improdutivo. Essa lei

não trouxe nenhum benefício aos escravos, pelo contrário, reforçava mais

uma vez a continuidade da escravidão no país( blogspot).

De acordo com o site BLOGSPOT, destaca-se uma celebridade

importante engajada no movimento abolicionista da época, Joaquim Nabuco,

que ao defender a causa abolicionista, argumentava que o maior interesse de

todo movimento negro, seria a conquista de reconstruir o Brasil sobre o

12

trabalho livre e a união das raças na liberdade, visto que em 1880, a

população que descendia dos escravos era já bem numerosa quanto a que

descendia dos senhores. Para esse grande defensor, a raça negra fazia parte

do povo brasileiro, e por esse motivo, jamais poderia ficar a margem da

construção de uma nova Nação.( BLOGSPOT).

Em 1888, enfim é votada a Lei áurea e abolida definitivamente a

escravidão no Brasil. É bom ressaltar que o Brasil foi o último país a libertar

seus escravos, pois alguns países, dentre eles a Inglaterra já lutava pelo fim

do tráfico negreiro e o fim da prática escravista. O país visava o crescimento

econômico, pois o comércio estava em expansão. O artigo do site

BLOGSPOT, deixa claro que toda pressão da Inglaterra para o fim da

escravidão não foi focada pelo reconhecimento das práticas violentas contra o

negro na época, mas sim pelos interesses do capitalismo comercial. O Brasil

por sinal, já não conseguia vender nem comprar escravos, pois os mesmos

deixaram de ter valor como produto. Por fim, o país não tinha outra saída, a

não ser promulgar a libertação dos escravos em seu território nacional.

1.2 – A educação do negro no período colonial

O Brasil ao longo da história estabeleceu um modelo excludente,

dificultando o acesso dos negros à escola ou que mesmo permanecesse a

esta. Esse procedimento pode ser constatado no Decreto de nº 1.331 de 17

de fevereiro de 1854. Este Decreto estabelecia que não seriam admitidos

escravos nas escolas públicas do país e a previsão de vagas para a instrução

dos adultos negros dependia da disponibilidade de professores para os

atender. Já o decreto nº 7.031 em 1878, estabeleceu que os negros somente

poderiam estudar no período noturno( BLOGSPOT ).

Portanto mais uma vez observamos que o Brasil, infelizmente, não

promoveu oportunidades de forma igualitária aos negros. É notório que o

negro foi excluído da escolarização em detrimento a uma ideologia superior

baseada no comportamento eurocêntrico da classe dominante da época

13

colonial.

1.2.1- O atendimento à criança no período colonial

De acordo com o escritor Abramowicz, durante o período colonial,

instituiu-se no Brasil a Roda dos Expostos. A Roda de Expostos era uma

caixa acoplada a um eixo giratório e que continha uma abertura em um dos

seus lados. Esse objeto foi instalado no muro de uma Santa Casa de

Misericórdia com o objetivo de receber as crianças pobres de mães que

precisavam trabalhar, já que com o fim da escravidão, os patrões não tinham

mais interesses em receber filhos de empregados, portanto não havia outra

solução se não deixar seus bebês aos cuidados dessa instituição. Esse

procedimento estava associado às determinações dadas pela lei do Ventre

Livre e o fim da escravidão (Abramowicz, 2007, p.19 )

Muitas crianças morreram decorrentes das precárias condições de

atendimento na Santa Casa de Misericórdia.

É a partir desse problema que o Brasil coloca em pauta a discussão

sobre a necessidade de construção de creches.

1.3 - A situação atual dos afro-descendentes em

relação ao preconceito

Portanto a atual situação de inferioridade sócio-econômica do negro

não se dá apenas pelo legado que a abolição da escravidão os deixou, mas

pela contínua prática de princípios racistas de seleção social que acontece a

cada dia em nossa sociedade. Podemos afirmar que os afro-brasileiros têm

lutado para ser reconhecidos e valorizados. O movimento negro vem lutando

desde a escravidão, como podemos citar a lei do ventre livre que foi votada

em 1871 e em 1885 a lei do sexagenário( BLOGSPOT ). Enfim não podemos

negar as conquistas dos negros até hoje na busca de seus direitos. Porém

atualmente ainda persistem comportamentos discriminatórios em relação a

cor. Podemos observar que perduram opiniões no insight das pessoas em

14

relação ao fator cor associadas a higiene, preguiça e inteligência. Isso se

mostra de maneira pouco pronunciada, embora identificada na oposição

estabelecida entre brancos e não-brancos. Podemos observar também,

principalmente entre os próprios negros, sinais de discriminação associadas a

cor em suas relações interpessoais em que eles mesmos não se reconhecem

como afro brasileiros portadores de cultura e saberes singulares. O maior

desafio do movimento negro atualmente é incutir no próprio negro a sua

consciência racial, despertar a percepção de que ser negro é ser forte,

desconstruindo a imagem de que ser negro é ser fraco, pois essa imagem

pode ser reproduzida aos seus próprios filhos, e por conseguinte, estas

crianças serão prejudicadas, se sentirão inferiorizadas, refletindo essa

imagem negativa na escola diante das demais crianças, comprometendo

dessa forma seus rendimentos, sua participação, sua autoestima como ser

pensante e defensor de seus direitos no dia a dia na escola. Portanto é

desafio para o movimento negro, trabalhar a consciência negra de modo que

o afro-brasileiro reconheça seu valor, que se sinta orgulhoso por ser negro,

conquistando por completo sua negritude.

Como afirma no trecho do trabalho sobre o negro no Brasil publicado no

gppusp. .blogspot .em que diz que a democracia racial tão almejada, na

verdade é disfarçada por um sentimento de que não existe preconceito no

Brasil, mas infelizmente, as pessoas ainda têm pensamentos arraigados de

uma cultura escravocrata, que impedem a existência de uma democracia

racial justa. Podemos recorrer ao multiculturalismo como aporte para

combater os preconceitos e discriminações relacionados à raça, ao gênero,

às deficiências, à cultura, constituindo dessa forma, uma nova ideologia para

uma sociedade como a nossa que é formada por diversas etnias, pois a cor

da pele das pessoas, os modos de falar, as variadas religiões, fazem a

diferença na nossa sociedade atual. Infelizmente ainda são definidas como

marcas que caracterizam a posição social de um grupo, como afirma o artigo

(ESPAÇO ACADÊMICO ).

Podemos observar por meio do movimento negro, denúncias

frequentes de tratamento discriminatório contra os negros, essas lutas não

são somente para eliminar as políticas de superioridade do branco e de

15

inferioridade do negro, mas vai além, luta-se pela igualdade de oportunidades

dos cidadãos brasileiros.

16

CAPÍTULO II

Família – escola: A socialização entre as crianças

O intuito desse capítulo é apresentar a importância da relação escola e

família na construção da identidade da criança e seu desenvolvimento

completo como cidadã participativa na construção de uma sociedade

democrática e justa.

Segundo fragmento de material didático ’Educação Infantil/

características e Singularidades- Portal Educação-2009’, diz: “A Educação

Infantil, traz uma nova roupagem, privilegiando a construção do caráter a

formação pessoal, a capacidade de enfrentamento das mais diversas

situações, o respeito às diferenças, enfim a formação global da criança para

que ela se prepare para ser um adulto consciente de seus direitos e deveres”.

.

De acordo com esse trecho citado, podemos concluir que realmente a

escola é responsável pela formação integral da criança. Cabe ressaltar que a

família possui também papel importante nessa formação. Portanto, escola e

família devem trabalhar em parceria para que os objetivos acima

mencionados sejam de fato conquistados.

2.1. – O perfil da criança na Educação Infantil

A infância é uma etapa muito importante para o ser humano, pois é a

fase em que ele passa por adaptações contínuas ao meio físico e o objetivo

nesse período de desenvolvimento é o equilíbrio entre o eu e o outro.

A criança a partir dos três anos, precisamente, demonstra curiosidades

sobre o mundo que a circunda, possui prazer nas brincadeiras de jogos

coletivos. É bom ressaltar, que as brincadeiras possuem grande importância,

pois é por meio delas que a criança se percebe como ser pertencente a um

grupo, construindo dessa forma, sua identidade cultural.

A criança a partir dos três anos de idade começa a desenvolver sua

17

responsabilidade e independência. Ela é muito ativa, sempre explorando o

mundo à sua volta, é nessa fase que ela passa a aprender que na sociedade

existem coisas que ela pode ou não fazer.

Precisamente aos quatro anos, a criança já compreende melhor o mundo

a ações podem afetar as pessoas à sua volta, vai se tornando menos

egocêntrica e vai compreendendo que suas sua volta e que elas possuem

seus próprios sentimentos. Portanto, gradativamente a criança aprende sobre

os padrões de comportamentos, ou seja, o que processo de identificação, ela

passa a se identificar com as pessoas mais próximas dela. É nesse período

que ela começa a observar diferenças entre pessoas do sexo feminino e

masculino, físicos, como os estereótipos que definem o que menina e menino

brincam.

A partir dos cinco anos a criança passa a se desenvolver socialmente e

emocionalmente. Nessa fase de vida é evidente a capacidade de resolução

de problemas.

2.2 – Os objetivos da Educação Infantil

Os objetivos dessa modalidade de ensino estão interligados no processo

de uma aprendizagem qualificativa, que valorize e desperte no aluno suas

potencialidades individuais. De acordo com a apostila SMA, os objetivos da

Educação Infantil são distribuídos em dois grupos: creche e pré-escola. Os

objetivos que compreendem a creche são: propiciar uma vida saudável e de

bem estar para as crianças, as famílias e profissionais; estimular a construção

da autoestima, da confiança em si, da autonomia e do desejo de aprender,

criar. Criar um ambiente propício às interações, à apropriação e produção de

saberes, que seja acolhedor e estável e encarar a brincadeira, a fala, o

silêncio, a expressão e as práticas das crianças como formas de

aprendizagem.

Podemos afirmar que a creche é, após a família da criança, o local

onde ela estará aprendendo com o outro, e esse aprendizado deverá ser

mediado por profissionais comprometidos com uma educação democrática

que respeite os valores que cada ser pequenino traz em si.

18

Como afirma Abramowicz: O compromisso com uma Educação Infantil

de qualidade para todos que respeite as diferenças inerentes a cada criança é

fundamental para que nossas crianças gozem de seu direito à educação e

também de seu direito ao respeito e à cidadania ( Abramowicz, 2007, pg.32 ).

Vejamos agora os objetivos para a Pré-escola de acordo com a

apostila SMA: promover o desenvolvimento global, harmônico e sistemático

nos aspectos físico, intelectual, sócio emocional, psicomotor e espiritual do

educando, de acordo com suas aptidões e capacidade; promover a

socialização do educando pelo enriquecimento de suas experiências;

estimular a formação de atitudes e hábitos saudáveis; contribuir para o

desenvolvimento do gosto pela pesquisa e da capacidade de busca pelo

conhecimento; descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo,

suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de

cuidados com a própria saúde e bem-estar; possibilitar a adaptação da

criança à comunidade escolar e ao mundo que a cerca, atendendo aos

cuidados essenciais, associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de

sua identidade; oportunizar o desenvolvimento das potencialidades da criança

por meio da exploração de sua sensibilidade artística e por fim, brincar

expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades,

entre outros ( SMA, 2010, pg.13 ).

Portanto, podemos verificar que na Pré-escola os objetivos do ensino

são mais aprofundados e significativos, pois a criança nessa fase começa a

despertar curiosidades e questionamentos que estão próximas a ela, como

exemplo, nesse momento de experiências, a criança começa a observar mais

detalhadamente, as diferenças nos coleguinhas, a aparência, a cor da pele, a

textura do cabelo e etc.

Por fim, sabemos a grande responsabilidade e desafio dos

profissionais envolvidos no processo-aprendizagem da Educação Infantil que

almejam um ensino de excelência.

2.3 – A Importância da convivência entre as crianças

19

De acordo com Coleção PROINFANTIL, 2006, pg.78, “Conviver é

processo constitutivo do ser humano. A pessoa só se faz na interação com o

outro. Mas essa relação que produz solidariedade e apoio mútuo, também

apresenta risco do conflito ou da frustração, porque aproxima pessoas que

são diferentes. A convivência não quer eliminar as diferenças nem as

divergências uniformizando os pensamentos, os sentidos e modos de ser que

os empobreceriam, mas aproximar subjetividades que, na base do respeito à

alteridade amadurece as identidades pessoais. É nesse convívio humano que

produz o diálogo, a ajuda mútua e a partilha. A disponibilidade para ver,

escutar e sentir o outro alarga o horizonte da personalidade e abre o caminho

para a paz”.

O trecho acima apresentado enaltece a prática da convivência entre as

crianças como fator importante para a desconstrução de preconceitos que

possam estar arraigados no pensamento das crianças, bem como seu

egocentrismo. É por meio da convivência que os laços de afeição e respeito

se constroem e se fortalecem.

No seguinte fragmento (Cavalleiro, 2007) afirma: A socialização torna

possível à criança a compreensão do mundo por meio das experiências

vividas, ocorrendo paulatinamente a necessária interiorização das regras

afirmadas pela sociedade. Nesse início de vida a família e a escola serão os

mediadores primordiais, apresentando/significando o mundo social (pg.16).

A aprendizagem se dá por meio de um processo de transformação em

que a criança constrói em vida coletiva seu processo psicológico e afetivo. A

creche e a pré-escola são verdadeiros espaços de socialização, vivências e

interação.

Nesses ambientes, a criança realiza atividades diárias com outras

crianças sendo orientadas do professor. Portanto devemos compreender que

essas situações enriquecem o processo de aprendizagem e o

desenvolvimento infantil. É por meio desse momento especial, que as

crianças recebem influências das condições sócio-culturais da presença de

coleguinhas que são diferentes dos demais, que possuem a pele de cor

negra.

Muitos educadores ressaltam a importância da mediação nesse

20

processo de aprendizagem da criança, pois é possível trazer reflexões sobre

a prática dos professores que atuam na Educação Infantil. Pois o professor

deixa de ser o centro do processo de aprendizagem, como antigamente, e

passa a aguardar que as crianças manifestem suas opiniões e desejos,

propondo desafios ás crianças, claro que o mestre deve intervir sempre que

necessário, pois ele é o agente mediador na aprendizagem da criança. Essas

intervenções contribuem para o fortalecimento dos objetivos e são nítidas

quando são proporcionadas atividades em grupos em que as crianças mais

adiantadas ajudam as demais.

Por fim, é função do professor de Educação Infantil, propor situações de

interação, ajustando características, potencialidades, expectativas, desejos e

necessidades infantis.

De acordo com a apostila SMA: Em função disso, o referencial avaliativo

adotado deve ser a criança em relação a si mesma, de modo que o professor

observe, registre e reflita continuamente, em caráter diagnóstico e processual,

sobre tudo o que ocorre com cada uma para favorecer a uma aprendizagem

mais significativa para o desenvolvimento infantil, em seus aspectos individual

e social ( SMA, 2010, pg.18 ).

Com base na citação acima, podemos afirmar que o diagnóstico da

apreciação do desenvolvimento da criança se dá pela observação de cada

aluno, da aproximação, de ouvir um a um de forma igualitária.

2.3.1 - Quando a socialização e as diferenças étnicas

não são trabalhadas de forma positiva

Segundo uma pesquisa de campo da escritora (Cavalleiro,2007 ), numa

escola pública, ela destaca que no cotidiano escolar se verifica pouca atenção

ao desenvolvimento social das crianças. Temas como amizade, fraternidade e

respeito parecem ausentes na escola. Ela afirma que no decorrer do seu

trabalho de campo, constatou-se a ausência de cartazes ou livros infantis que

expressassem a existência de crianças não brancas na sociedade brasileira

(pg.42).

21

A autora reafirma sua decepção ao relatar que principalmente na

escola ainda pode-se constatar expressões preconceituosas veladas em seu

cotidiano. Ela diz: “ A prevenção de práticas discriminatórias, penso, requer

um trabalho sistemático de reconhecimento precoce da diversidade étnica e

dos possíveis problemas que o preconceito e a discriminação acarretam em

solo brasileiro, desde a educação infantil – familiar e escolar.” (pg.38).

O fragmento nos desperta também o pressuposto de que devemos

encarar as desigualdades, discriminações e preconceitos e buscar a

superação quando observar alguma expressão preconceituosa entre as

crianças. É dar o primeiro passo para discutir de forma coerente e clara com

as crianças sobre o respeito às diversidades étnicas.

Baseada nas afirmações do artigo ESPAÇO ACADEMICO, em relação

ao profissional que atua com a criança, observa-se que os professores nem

se dão conta de que o país é pluriétnico e que a escola é o lugar ideal para se

discutir as diferentes culturas, e suas contribuições na formação do nosso

povo. Eles também ignoram que muitas vezes a dificuldade do aluno advêm

do processo que está relacionado à sua cultura, tão desrespeitada ou até

ignorada pelos professores.

2.4 – A família e as relações étnicas

A família é o primeiro contato social da criança, é no cotidiano familiar

que a criança pode inconscientemente copiar a conduta dos adultos à sua

volta. No caso das famílias não brancas, muitos desconsideram o fator

multiétnico da população e seu pertencimento a um grupo específico

(negritude), isso faz com que o racismo se fortaleça e impere. Observa-se que

a família, por sua vez, escolhe o silêncio como meio de superar os conflitos

étnicos que por ventura venha a sofrer. Esse silêncio reinante na família

deseja acalentar, proteger dos constrangimentos, que sabemos, virão ao seu

encontro.

A dificuldade que se tem de falar sobre o preconceito na família é

visível, muitas famílias protelam esse assunto, num sentimento de impotência,

22

visto que a família não está preparada para o enfrentamento desse problema.

Esse silêncio vai refletir no convívio escolar da criança negra, ela se sentirá

inferior aos demais coleguinhas, represando suas emoções para não ser

percebida, visto que, o silêncio familiar a faz silenciar.

Percebe-se que a questão do preconceito é camuflada até mesmo

no cotidiano familiar. Dessa maneira, a criança não é educada para respeitar

e conviver com as diferenças, sobretudo com as diversidades étnicas

(avalleiro, 2007, p.85).

2.5 – A relação professor / aluno negro no cotidiano escolar

Com base nos relatos da escritora Eliane Cavalleiro, o preconceito é

evidente nas relações professor/aluno pautando-se na análise da expressão

não verbalizada do professor. Este acaba por reafirmar a existência de

tratamentos diferenciados com base na origem étnica. Ela afirma que é

perceptível e não se pode negar, que alguns professores demonstram um

maior grau de afeto aos alunos brancos, dando-lhes maiores oportunidades

de se sentirem queridos por eles por meio de abraços, beijos e elogios na

correção de suas atividades do dia-a-dia. Nessa sutil e notória diferença, a

criança negra não é vista do mesmo modo que a branca pelo professor, visto

que esse processo acaba por originar um afastamento entre eles, reduzindo

dessa forma, o contato físico.

A criança negra percebe essa diferença de tratamento entre seus

coleguinhas, não se sente querida e isso só faz com que ela se sinta

submissa e incapaz de se defender em situações de conflito, já que os

alunos brancos constroem a partir da imagem do professor, atitudes

dominadoras de superioridade tratando mal e chegando ao ponto de colocar

até apelidos nos coleguinhas negros.

É inegável que exista um discreto disfarce do problema, ou seja, um

processo contínuo de sentimento preconceituoso que visa o fortalecimento de

um comportamento discriminatório que se transcorre dia após dia.

23

2.6 – Trabalhando a Desconstrução da ideologia racista no

professor

Julgando a ação do professor e sua postura discriminatória, podemos

concluir que esses fatores comprometem a construção positiva da identidade

da criança negra, pois ela se vê incapaz de se identificar através do professor,

originando em si uma baixa autoestima e os resultados, todos nós sabemos,

que são a repetência , evasão escolar e conflitos interpessoais.

Na busca da descontinuidade desse processo tão pernicioso e

negativo, cabe ao Educador trabalhar em primeiro lugar a palavra preconceito

em si próprio, refletir sobre seu comportamento e seus pensamentos de

ordem preconceituosa.

Há uma grande dificuldade ou até mesmo falta de esclarecimento do

professor ao lidar com esse problema, visto que esse assunto não é discutido

de forma clara pela equipe pedagógica, mantendo-se assim, certo

encobrimento do problema.

Abramowicz afirma que: “Quando uma criança negra queixa-se do

sofrimento ocasionado por ter tal cor de pele, a razão de ser considerada

diferente, quase sempre ouve do professor um “deixe para lá” ou um “não se

importe”. Ou seja, quase sempre o professor silencia, omite-se tentando

ocultar um problema tão patente em seu cotidiano. Esse silêncio pode ser

motivado por várias razões: falta de formação para tratar da questão racial,

desconhecimento da história e da cultura africanas ou crença de que não

existe racismo” ( Abramowicz,2006,p.68).

O Educador deve sim demonstrar atitudes de neutralidade diante dos

alunos, independente da origem étnica. Enfim, o Educador não deve

manifestar preferências ou antipatias por certos alunos. É imprescindível a

conscientização e o reconhecimento da singularidade de cada aluno que ali

está sob sua responsabilidade, reconhecendo o negro como ser capaz de

desenvolver suas potencialidades tão bem quanto a criança branca.

24

Conforme Abramowicz : “ Precisamos, no nosso trabalho cotidiano,

incorporar o discurso das diferenças não como um desvio, mas como algo

que enriquece nossas práticas e as relações entre as crianças, possibilitando,

desde cedo, o enfrentamento de práticas de racismo, a construção de

posturas mais abertas às diferenças e, consequentemente, a construção de

uma sociedade mais plural” ( Abramowicz, 2006,p.74).

No artigo ESPAÇO ACADEMICO menciona-se que trabalhar

igualmente as diferenças não é considerada tarefa fácil para o professor, pois

para lidar com elas é necessário compreender como a diversidade se

manifesta e em que contexto. Vimos que:

Portanto, pensar uma educação escolar que integre as questões

étnico-raciais significa progredir na discussão a respeito das desigualdades

sociais, das diferenças raciais e outros níveis e no direito de ser diferente,

ampliando, assim, as propostas curriculares do país, buscando uma educação

mais democrática ( ESPAÇO ACADEMICO).

2.7 – As atividades que enriquecem a socialização e

descontinuidade do preconceito na Educação Infantil

As atividades escolares voltadas para trabalhar o respeito à pluralidade

étnico-racial são ferramentas indispensáveis na busca do direito a igualdade,

a democracia e ao reconhecimento às diferenças. A questão racial é conteúdo

obrigatório no currículo escolar. A lei 10.639, de 2003 decretou a inclusão do

ensino da história da cultura afro-brasileira nas escolas. Portanto, o aluno tem

a oportunidade de conhecer a influência africana na formação cultural

brasileira e também eles recebem informações sobre o respeito à identidade

racial.

Há muitas sugestões de atividades como exemplo: as rodas de conversa

onde são apresentadas revistas, jornais em que as crianças têm a

possibilidade de se reconhecer. Nesse momento, a conversa é uma estratégia

para discutir problemas e encontrar soluções de forma clara. Os vídeos e

contos ( é o momento da criança entrar em contato com as lendas e mitos,

25

valorizando o respeito às diferenças.) A confecção de bonecos negros( com a

ajuda da família, não só a criança compreende o sentido às diferenças e

singularidades, e a família é convidada a participar). O toque ( mexer nos

cabelos uns dos outros, permitir aprender que não há cabelo ruim, e sim

estilos diferentes.) a comida ( elaborar aula de culinária focando os alimentos

de origem africana com a participação da comunidade local), a música e artes

plásticas.

Abramowicz (2006) destaca que a música é um elemento importante na

rotina diária de uma sala de aula. O contato com ela pode enriquecer a

experiência da criança de inúmeras formas. Se o professor tocar ou cantar

diversas músicas em diferentes situações durante todo o dia escolar, a

criança poderá assimilar outras situações de aprendizagem, tais como

habilidades sociais e estruturas de linguagem”( Abramowicz, 2006, p.85 ).

Abramowicz afirma que o professor também pode desenvolver uma

pesquisa de sons e diferentes tipos de música que fazem parte da história de

vida de cada uma das crianças, podendo trazer para a sala de aula a cultura

específica de um grupo para compartilhar e refletir sobre ela.

De acordo com Abramowicz, pode-se trabalhar músicas infantis que têm

influência da cultura africana e são bem conhecidas pelas crianças, como por

exemplo a canção Escravos de Jó. Ao cantar, elas interagem brincando umas

com as outras, jogando com pedrinhas e passando umas para as outras.

Algumas sugestões que fazem parte do modo de agir do professor são

de grande importância para vencer o preconceito e a discriminação em sala

de aula, tais como: ao designar um grupo para uma tarefa especial, o

professor deve envolver todas as crianças, sem distinção de cor, sexo ou

classe social.

Para Abramowicz (2006), as canções, histórias, jogos e danças que

valorizam a pluralidade étnico-racial auxiliam o amadurecimento social,

emocional, físico e cognitivo da criança.

Podemos afirmar também que a manifestação de alegria e

espontaneidade por parte do professor em abraçar todas as crianças de

forma igualitária, é fator imprescindível, visto que, desperta potencialidades

afetivas contribuindo dessa forma para a formação de crianças felizes.

26

De acordo com a revista Nova Escola ( 2007 ), relata uma situação real

em que a professora Rita de Cássia, uma professora comprometida com a

desconstrução do preconceito, presencia em sua sala comportamentos

discriminatórios de cor entre as crianças.

“ Certo dia, ela trouxe para a sala de aula bonecos com vários tons de pele e

fotos com pessoas de características físicas distintas. Uma das crianças,

Brenda, na época com 3 aos e meio, apontou a fotografia de uma criança

negra e disse que ‘era feia’.

- Por que feia? Perguntou a professora.

- Porque ela é igual a mim, respondeu a garota.

É por esse motivo que o combate a todas as formas de preconceito deve

ser prioridade desde os primeiros anos da Educação Infantil, afirma o trecho

do artigo sobre diversidade da revista Nova Escola. Se afirma também que

toda conquista em relação às práticas que favorecem a desconstrução do

preconceito, depende da relação que a criança tem com a escola.

No mesmo artigo, há relatos de projetos escolares que enaltecem a

cultura africana, que faz com que o aluno perceba e valorize a diversidade

cultural que o Brasil possui. Como vimos a seguir.

Ela (a professora Rita) criou o projeto Griô, palavra de origem africana que

significa ‘contador de histórias’, para valorizar a identidade racial das crianças.

Em sua escola, 89 dos 150 matriculados são afrodescendentes, mas poucos

conheciam a cultura de seus antepassados. De início ela promoveu rodas de

conversa, localizou a África num globo terrestre e apresentou Vovô Zezinho e

Maria Chiquinha, um casal de bonecos pretos que virou mascote da turma.

Rita escolheu sete contos que exploram a africanidade... (NOVA ESCOLA,

2007,p.66)

O artigo da revista Nova Escola menciona projetos de leitura envolvendo

as crianças e posteriormente a família. Esse projeto ultrapassa os muros da

escola e tem por objetivo trabalhar o tema preconceito de forma com que

27

alcance reflexões na própria família da criança.

Duas histórias do livro Ilê Ifé- O sonho do Aiô Afonjá deram origem às

seguintes atividades: após a leitura de A Terra Mexida e Plantada Dá frutos,

todos plantaram sementes no jardim para aprender que também as pessoas

precisam de respeito e cuidados, e a história Ossain, O Protetor das Folhas

inspirou uma tarde de chás, produzidos com ervas da flora brasileira, com a

participação dos pais. Os familiares também foram mobilizados para ajudar na

produção de panos ( um tipo de artesanato de origem africana em que vários

retalhos, de diferentes tamanhos e cores, são reunidos para representar a

diversidade) ( NOVA ESCOLA, 2007,p.66).

Observa-se a interdisciplinaridade do projeto da professora em

questão. A professora trabalha vários aspectos em seu projeto: meio

ambiente, leitura, a aproximação dos pais à escola (chá da tarde ), artesanato

e por fim, o tema norteador preconceito.

O artigo menciona a dedicação da professora no projeto e o que

resultou essa dedicação: primeiro lugar no prêmio Educar Para a Igualdade

Social, promovido pelo Centro de Estudos das Relações do Trabalho e da

Desigualdade no ano de 2006.

28

CAPÍTULO III

As contribuições do Orientador Educacional frente a

desconstrução de preconceito racial na Educação

Infantil

O objetivo desse capítulo é apresentar as contribuições do Orientador

Educacional frente a erradicação de atitudes preconceituosas no ambiente

escolar. Sabemos que não há leis no mundo capazes de desconstruir

pensamentos de discriminação racial, porém acreditamos que a Educação

nos dá a possibilidade de questionar e desfazer os comportamentos de

pretensa superioridade e alegada inferioridade que alguns seres humanos

creem existir quando em realidade todos os seres humanos são iguais em

direitos e obrigações.

3.1 - A Lei de Diretrizes e Bases e a Orientação Educacional

A legislação garante as crianças o direito ao desenvolvimento social de

modo integral, exigindo dessa forma, posicionamentos da escola frente ao

combate de qualquer tipo de discriminação, sendo a mais odiosa delas a

racial, pois pode causar sérios transtornos desde a socialização até o

desenvolvimento da criança como ser humano integrado á sociedade.

A famosa Lei de Diretrizes e Bases criada por Darci Ribeiro, atentou

para esses problemas. Em seu artigo 29, vimos que:

art.29 A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem

como finalidade o desenvolvimento integral da criança até aos seis anos

de diferente, de ser respeitado. Contudo, ainda temos indagações sobre

a tão idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade

(Abramowicz,2006,pg.43).

O grande avanço que ocorreu no ponto de vista legislativo refere-se à

29

explicitação pelo Estado do direito da criança pequena à Educação Infantil,

que até então este direito estava vinculado à família.

Há na verdade muitos avanços na conquista de uma Educação Infantil

de qualidade visto que o artigo 29 da LDB deixa claro que o objetivo é o

desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos, no direito de ser

sonhada democracia racial.

Como questiona Cavalleiro: Se a educação é um processo social, em

que medida a socialização, promovida atualmente nas escolas, contribui para

a construção de uma sociedade que seja, de fato, uma “democracia racial”,

livre de desigualdades tão gritantes entre negros e brancos? Qual é a sua

contribuição para a construção de uma sociedade de cidadãos menos

racistas?( Cavalleiro,2007,pg.21)

Podemos observar que o silêncio que impera e dificulta o

desvendamento de questões raciais na educação, acaba por fortalecer as

desigualdades em nossa sociedade .Portanto, o preconceito ainda é evidente

em vários aspectos na pré-escola.

O aspecto psicológico pode ser aferido quando vemos crianças se

referindo aos coleguinhas de sala em termos racistas, chamando a amiguinha

de “ macaca” ou dizer que a mesma tem cabelo de “Bombril”. Esse tipo de

comentário em se tratando de educação infantil normalmente é reflexo de

pensamentos cheios de preconceitos e estereótipos que a criança traz de

casa. É nesse momento conflituoso, que a Orientação Educacional deve

intervir e aproximar das crianças, convidá-las ao diálogo, compreender seus

sentimentos e ouvir a família. É momento de articular estratégias com

intencionalidade pedagógica de forma que a criança aceite o outro e o

respeite em sua subjetividade.

3.2 A Função da Orientação Educacional no Combate ao Preconceito

O Orientador Educacional é o profissional que atua em parceria com

os professores, é uma parceria aos propósitos da escola. Ele atua em contato

com a comunidade local, orientando, dialogando com os pais, ouvindo-os. A

ação do Orientador é diretamente focada nos alunos, ajudando-os em seu

30

desenvolvimento pessoal, contribuindo na formação de cidadãos capazes de

se posicionar diante de situações de conflito que podem porventura surgir.

Quanto a problemática do preconceito no ambiente escolar, é certo

afirmar que a escola apresenta risco de conflito ou de frustração, porque é

nesse ambiente que se aproximam pessoas que são diferentes. Portanto a

partir da organização escolar interna voltada para articular projetos

pedagógicos frente a erradicação do preconceito étnico, cabe ao Orientador

Educacional se sentir compromissado e envolvido numa proposta pedagógica

que trabalhe diretamente com os alunos em suas escolhas, seus

relacionamentos com os colegas e suas vivências familiares.

O Orientador Educacional possui um perfil mediador junto aos

educadores, ele atua em parceria com a equipe escolar, na construção de

estratégias e perspectivas que privilegiem a pluralidade étnico-racial do

alunado na conquista da cidadania, considerando sua subjetividade, de saber

se posicionar e refletir sobre o problema.

De acordo com o artigo: O papel da escola na desconstrução do

racismo: “ sabemos que é difícil mas nunca impossível, construir subsídio de

peso para ajudar os professores a desencadear um processo de superação

do racismo na escola. É preciso formar grupos de trabalho para propor ações

destinadas à valorização da comunidade negra, indicando pistas de como os

professores e alunos podem em conjunto, desenvolver mecanismos

pedagógicos eficazes para a superação das desigualdades, para a elevação

da autoestima dos alunos e para o reconhecimento da diversidade”(pg.5)

Como afirma a coleção PROINFANTIL: para que o convívio na

Educação Infantil construa os valores da solidariedade, cooperação,

compaixão, apoio, defesa, proteção, afeto, amizade, partilha e diálogo. É

preciso a intencionalidade pedagógica, isto é, que o(a) professor(a) faça com

que as oportunidades de interação sejam situações de aprendizagem (pg.77).

Com base nessa citação, podemos afirmar que no trabalho coletivo

com o professor, o orientador tem a possibilidade de desenvolver

potencialidades ocultas nos educandos.

De acordo com Grispun (2011) o orientador é aquele que discute as

questões da cultura escolar promovendo estratégias e que articule com

31

prováveis verdades vividas no dia-a-dia da organização escolar. (p.116)

É possível afirmar que o orientador tem em suas mãos a possibilidade

de otimizar estratégias educacionais que de fato venham ao encontro das

necessidades dos educandos e educadores. Na verdade é um trabalho em

equipe, todos os envolvidos no processo-aprendizagem devem se sentir

compromissados na construção de uma escola Nova voltada para a

diversidade cultural e étnica, na destituição de qualquer manifestação de

preconceito no ambiente escolar.

Como afirma Cavalleiro: Diante do esmaranhado de problemas

subjacentes às relações étnicas, cabem a nós, formuladores de opinião –

professores, educadores e pesquisadores críticos -, pensar e lutar por

práticas que objetivem a inclusão positiva de crianças e de jovens negros na

estrutura educacional.

É, portanto, indispensável a elaboração de um trabalho que promova o

respeito mútuo, o reconhecimento das diferenças, a possibilidade de se falar

sobre elas sem receio e sem preconceito (Cavalleiro, 2007,pg.101 ).

O orientador educacional possui uma postura mediadora no processo

ensino-aprendizagem, na observação da avaliação dos alunos por meio de

relatórios, porém ela se dá além do sentido teórico, pois a avaliação

ultrapassa os muros da escola . Os relatórios não incluem tão somente

alunos e professores, pela descrição e argumentação sobre o processo de

aprendizagem, mas também os familiares das crianças, no atendimento e

respeito às suas singularidades.

O direito a educação infantil inclui não apenas o acesso às creches e

pré-escolas, mas também o direito a uma educação de qualidade, que vá de

encontro às necessidades da criança na faixa etária de zero aos seis anos. O

envolvimento do cuidado e da educação, assim como uma boa comunicação

com as famílias, respeitando suas condições de vida são fatores

fundamentais para um atendimento de qualidade à criança pequena, visto que

uma boa comunicação entre a família e o orientador educacional é de suma

importância para a articulação de projetos que visem a superação e a

descontinuidade do preconceito na escola e que esta superação venha a

refletir na sociedade, num futuro sem desigualdades e injustiça social.

32

A proposta é trabalhar a diferença desde o início da fase escolar da

criança como medida preventiva ao combate de toda manifestação de

preconceito e também conscientizar os profissionais da escola e a

comunidade em si sobre a necessidade de se articular estratégias diárias

contra a perpetuação desse problema.

3.3 Um breve panorama sobre a história da Orientação

Educacional no Brasil

No Brasil, segundo Grispun (2002), a Orientação Educacional e

também com a função de orientação vocacional teve início em 1924, no

antigo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e tinha o objetivo de direcionar

as pessoas na escolha de seu lugar social pela profissão.

A autora afirma que a partir da Revolução Industrial, e com a

formação da sociedade capitalista, ocorreu a expansão da escolarização. A

sociedade visava indivíduos dotados de razão e capazes de estabelecer um

contrato social, a escola tinha a função social reprodutora, pois o objetivo era

o preparo de cidadãos que deveriam participar da sociedade e ser iguais aos

demais indivíduos ( GRINSPUN, 2002, p.101-102).

Relata-se que os primeiros estudos sobre a função da Orientação

originaram precisamente nos Estados Unidos e, portanto muitas escolas no

Brasil se espelharam nos modelos americanos, em suas diversas

experiências no campo da educação e temos como destaque, educadoras,

como exemplo, Aracy Muniz Freire e Maria Junqueira Schimit que

desenvolviam o trabalho no colégio Amaro Cavalcanti, no Rio de Janeiro, no

ano de 1934 ( GRISPUN,2002 p.19).

A autora relata ainda que por meio das Leis orgânicas de 1942, no

governo de Getúlio Vargas, o político da época Gustavo Capanema explicitou

de forma clara a função da Orientação Educacional. Que tinha por finalidade

corretiva, de direcionar alunos com desvio de comportamento ao atendimento,

esclarecer possíveis dúvidas quanto suas escolhas profissionais para o futuro.

Nesse período da história começa a se manifestar a necessidade de

33

regulamentação da profissão Orientação Educacional em que era preciso

fazer o curso próprio de Orientação para desempenhar essa função.

Já na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4024 do ano de 1961,

a referida lei vela mais sobre a formação do Orientador Educacional como

curso técnico do que sobre o principal conceito da função desse profissional.

Nesta lei a Orientação Educacional possui o objetivo de contribuir para a

formação integral da personalidade do adolescente, visando seu ajustamento

pessoal e social, abrangeria as áreas de orientação escolar, psicológica,

profissional, da família e saúde ( GRISPUN, 2002 ).

Porém por meio da lei 5.692 de 1971, a Orientação Educacional

conquista maior credibilidade através da chamada Orientação vocacional em

que essa área seria direcionada aos objetivos do ensino determinados por lei.

A partir de 1980 o Orientador Educacional aos poucos deixa de lado a

função de atender aluno-problema, de ser psicólogo e facilitador da

aprendizagem e passa a se posicionar com maior autoridade técnica seu

compromisso político e social na escola. Através dessa inovação na área, os

cursos na área da orientação vão se expandindo de forma mais

questionadora e crítica (GRISPUN, 2002 ).

Atualmente, como relata GRISPUN, a organização do trabalho na

escola deve atender aos interesses e necessidades de uma proposta

educacional voltada para a emancipação dos alunos oriundos das classes

trabalhadoras. As relações que ocorrem na unidade escolar devem estar a

serviço da qualidade de um processo de ensino e aprendizagem

comprometido com a formação Da cidadania do educando. Para ela a

orientação possui papel mediador junto aos demais educadores da escola

(GRINSPUN, 2002).

Para a professora Mirian Grispun, o Orientador Educacional não tem

mais a função de trabalhar com aluno problema, o novo perfil da orientação

propõe dar ao aluno uma formação mais completa para que ele se torne um

cidadão crítico e consciente e não alguém que apenas segue o outro. Ela

ressalta que o papel do Orientador é de conscientizar, de fazer os alunos

pensarem sobre as questões de seu cotidiano.

Do modelo individualizado de antes, passa agora esse novo

34

profissional a estar comprometido no modelo coletivo, levando em conta que

a escola é formada por pessoas com pensamentos e contextos sociais

diferentes que pensam de maneira própria sobre questões que lhe cercam,

cabendo-as a chegar a realizações bem sucedidas.

Atualmente o Orientador Educacional, no discurso de GRINSPUN

(2002), não atua mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação”,

pois a Lei 9.394/96 não há a obrigatoriedade da Orientação.

“ Mas por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço

próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho

pedagógico integrado, compreendendo criticamente as relações que se

estabelecem no processo educacional.” (GRINSPUN,2002,P.28)

Hoje, o Orientador está engajado com a formação da cidadania dos

alunos, considerando especialmente o caráter da formação da subjetividade

no educando, de saber se posicionar diante de situações conflituosas e de

refletir sobre suas atitudes.

A autora relata a importância da interdisciplinaridade no dia a dia na

escola, que na verdade o trabalho de todos é realizado em conjunto, em

parceria. Todos buscam os melhores processos e resultados positivos.

“ O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de

uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto

pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno por inteiro. Já a orientação

trabalha na escola em favor da cidadania, não criando um serviço de

orientação para atender aos excluídos, mas para entende-lo, através das

relações que ocorrem na instituição Escola”( GRINSPUN,2002,P.29 ).

O orientador não trabalha sozinho, pois o enfoque coletivo sobrepôs

ao individual, todos estão inseridos na busca de uma educação

verdadeiramente democrática e crítica no ambiente escolar.

Segundo a autora, a orientação está vinculada como parte da

educação e por esse motivo deve pensar, hoje nas dimensões sociais,

35

culturais, políticas e econômicas na qual ela acontece. O orientador está

comprometido com as transformações sociais e com o momento histórico em

que está inserido.

36

Conclusão

Mediante a conclusão dessa monografia, desejo destacar a preocupação

em realizar uma pesquisa de qualidade, no desvendamento da raiz do

problema. É oportuno mencionar que é por meio da Educação Infantil que a

sociedade tem a chance de combater qualquer tipo de discriminação em seu

meio social. Acreditamos que se a escola desenvolvesse um trabalho

orientado em práticas que promovam a democratização das oportunidades

educacionais para todos, os temidos indícios desse problema desapareceriam

por completo e não fariam parte do nosso dia a dia, estaríamos livres.

É com prazer que finalizo esta pesquisa e também é gratificante afirmar

que para minha experiência profissional, esse trabalho somou conhecimentos

que até antes estavam ocultos.

Descobri que não devemos nos calar, fingir que o problema não existe,

mas devemos sim, reagir de forma prudente diante de qualquer situação de

discriminação e exclusão.

Enfim, o tema Preconceito, despertou-me a curiosidade da pesquisa por

se tratar de um assunto delicado, que muitas pessoas não sabem como se

posicionar pelo fato de achar que ocultando o problema, fingindo que não são

preconceituosas, seria a melhor saída e que se o expusesse, despertariam

esse sentimento a sua volta.

É momento de reflexão acerca desse problema

37

BIBLIOGRAFIA

ABRAMOWICZ, Anete e outros. Trabalhando a diferença na Educação

Infantil. São Paulo: Moderna, 2006.

CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio do lar ao silêncio escolar:

racismo, preconceito e discriminação na Educação Infantil. 5.ed. São Paulo:

Editora Contexto, 2007.

www.ceert.com.br, acesso em15/02/2011.

www. espacoacademico.com.br/007/07oliveira.htm, acesso em 08/07/2011.

GRISPUN, Mírian P.S.Z. A Orientação Educacional face à organização da

escola. Cortez Editora. 2002.

_________.PCN ( Pluralidade Cultural ) MEC. Pg. 39-42,1997.

_________.Revista Nova Escola.Nº199.Editora Abril,2007.

http:// gppusp.blogspot.com> acesso em 20/04/2011.

http:// meuartigo.brasilescola.com/educação/ O Papel da escola na

desconstrução do racismo, preconceito e discriminação> acesso em

02/07/2011.

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/gestão/diversidade-

dia-a-dia> acesso em 15/02/2011.

ARAUJO, Vitor Barbosa e outros. SMA (Secretaria Municipal de

Administração) Distrito Federal, Editora Meridional,2010.

38

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

UMA VISÃO GERAL SOBRE A HISTÓRIA DO

NEGRO NA SOCIEDADE 10

1.1- Da lei do Ventre Livre até a abolição 12

1.2- A educação do negro no período colonial 13

1.2.1- O atendimento à criança no período colonial 14

1.3- A situação atual dos afro-descendentes em relação ao

Preconceito 14

CAPÍTULO II 17

FAMÍLIA-ESCOLA: A SOCIALIZAÇÃO ENTRE AS

CRIANÇAS 17

2.1 – O perfil da criança na Educação Infantil 17

2.2 – Os objetivos da Educação Infantil 18

2.2 – A importância da convivência entre as crianças 19

2.2.1 – Quando a socialização e as diferenças étnicas não são

trabalhadas de forma positiva 21

2.3 – A família e as relações étnicas 22

2.4 – A relação professor/aluno negro no cotidiano escolar 23

2.5 – Trabalhando a desconstrução da ideologia racista no

Professor 24

2.6 – As atividades que enriquecem a socialização e descontinuidade

do Preconceito na Educação Infantil 25

39

CAPÍTULO III 29

AS CONTRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

FRENTE A DESCONSTRUÇÃO DE PRECONCEITO RACIAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL 29

3.1 – A lei de Diretrizes e Bases e a Orientação Educacional 29

3.2 – A função da Orientação Educacional no combate ao preconceito 30

3.3 – Um breve panorama sobre a origem da Orientação

Educacional no Brasil 33

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 39

40