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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
OS ATRAVESSAMENTOS PSICOPEDAGÓGICOS
E TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS
Shelem Regina G. Towesend
Profª. Ms. Ana Cristina Guimarães
Rio de Janeiro,
2005.
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
OS ATRAVESSAMENTOS PSICOPEDAGÓGICOS
E TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS
Trabalho apresentado como requisito
para a aprovação no curso de Pós-
Graduação em Psicopedagogia “Lato Sensu”
da Universidade Cândido Mendes.
Por: Shelem Regina Gomes Towesend
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RESUMO
O objeto teórico e prático deste estudo é o conhecimento teórico e
prático da atuação em Terapia Ocupacional e somente teórico da atuação
Psicopedagógica, tendo como objetivo pesquisar e analisar o que essas
duas áreas possam ter em comum, bem como cada uma pode acrescentar
na outra.
Para discutir o assunto foram consultadas diversas bibliografias, tanto
ligadas a Terapia Ocupacional quanto a Psicologia, Psicopedagogia,
Biologia, Anatomia, que mostram que há ligação entre essas duas áreas que
envolvem a saúde e a educação, desde o que esses profissionais precisam
saber para ter uma boa atuação até o material e a abordagem utilizada para
se alcançar o objetivo de tratamento.
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METODOLOGIA
A presente monografia trata-se de pesquisa do tipo explorativa,
baseada na coleta de dados bibliográficos relacionados a prática da
Psicopedagogia e da Terapia Ocupacional.
A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica, tendo
sido utilizado artigos e livros que reforçam o objetivo desta monografia que é
o de comprovar os atravessamentos entre a Psicopedagogia e a Terapia
Ocupacional, desde os conhecimentos que essas duas áreas devem
apresentar para que haja uma atuação eficaz e precisa até os critérios de
avaliação e os recursos utilizados, bem como onde uma pode contribuir para
a melhora na prática da outra.
Portanto este trabalho monográfico espera poder ser de grande
utilidade para os futuros profissionais não só da área de Psicopedagogia e
de Terapia Ocupacional, como também de todas as áreas ligadas a
educação e a saúde.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6
CAPÍTULO I 8
DESENVOLVIMENTO HUMANO 8
CAPÍTULO II 21
HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA
E DA TERAPIA OCUPACIONAL 21
CAPÍTULO III 29
PSICOPEDAGOGIA + TERAPIA OCUPACIONAL 29
CAPÍTULO IV 38
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 38
CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
ÍNDICE 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
6
INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia atual busca o entendimento dos fenômenos que
envolvem o ser humano e procura compreender as inter e intra-relações
dinâmicas e alternantes que ocorrem no processo ensino-desenvolvimento-
aprendizagem humana. Ela se direciona para uma visão holística do homem.
È importante considerar que na busca pela interpretação do homem
integral, a Psicopedagogia tem procurado ampliar seus conhecimentos,
tomando cada vez mais uma forma abrangente e dialética.
Assim também é a Terapia Ocupacional, que a cada dia, na ânsia de
conhecer melhor o seu objeto de estudo, o homem, vem aprimorando seus
conhecimentos e ampliando seu campo de atuação. A Terapia Ocupacional
intervém, no sentido de ajudar quem o procura a encontrar ou reencontrar
seu lugar social, como ser ativo e dono de sua vida, tendo como metas a
qualidade de vida e a inclusão social seja qual for o modelo que seguirá.
A partir daí já pode ser observado a semelhança e completude destas
duas áreas da saúde e da educação que em um primeiro olhar podem
parecer diferentes e sem qualquer ligação porém quando se estuda a fundo
percebe-se o contrario. Como áreas de atuação integrativa que são, a
reinserção social e/ou a inserção social assim como a melhora da qualidade
de vida do sujeito são seus objetivos finais.
Acreditar na forte influência que o meio pode exercer sobre o ser
humano e na crença no potencial da interação social é fundamental para a
construção da aprendizagem dentro ou fora dos centros educacionais. Para
tanto, a concepção de homem, desenvolvimento e aprendizagem,
influenciam diretamente a construção do ser pensante, inclusive em sua
formação pessoal e integridade física.
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É função do Psicopedagogo clínico e institucional e do Terapeuta
Ocupacional levar às famílias, às escolas e às empresas, este olhar
abrangente, tentando contagiá-las e animá-las para uma visão atual e
completa do ser humano, seu desenvolvimento e aprendizagem, assim
como, do mundo atual, suas novas características e necessidades mundiais.
Este é o caminho procurado pela Psicopedagogia e pela Terapia
Ocupacional, na tentativa de entender a pessoa sem separar, nem
desconectar os vários aspectos que ela possui, garantindo a coerência, a
unidade e as aparentes contradições
Portanto, a presente monografia contem estudos que acredita-se ser
útil e indispensável para se Ter uma visão mais completa e clara e
consequentemente uma atuação mais abrangente e precisa para o
psicopedagogo e o terapeuta ocupacional.
No primeiro capítulo é abordado o desenvolvimento humano
relacionados ao desenvolvimento cerebral, e o crescimento físico além das
etapas de desenvolvimento que ser humano passa.
O segundo capítulo conta a história da Psicopedagogia e da Terapia
Ocupacional, definindo os dois tipos de atuação do psicopedagogo e como a
Terapia Ocupacional pode atuar na educação.
O terceiro capítulo apresenta os recursos em comum utilizados na
prática psicopedagógica e terapêutica ocupacional.
Assim, este trabalho tem como grande objetivo mostrar, como já foi
falado, que essas áreas podem se completar, e devem trabalhar juntas
formando assim uma equipe transdisciplinar.
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CAPÍTULO I
Desenvolvimento Humano
9
1.1 – Desenvolvimento Cerebral:
Poucos órgãos humanos são tão complexos e ao mesmo tempo tão
delicados quanto o cérebro. Fascinante, é o centro processador das
emoções, do pensamento, da maneira como cada um encara e responde ao
mundo à sua volta. É por isso mesmo que, cada vez mais, a ciência se
dedica a desvendá-lo. Essa empreitada envolve o desejo de esmiuçar o
desenvolvimento cerebral desde os primeiros dias de vida intra-uterina. A
partir da terceira semana de gestação, o cérebro já começa a ser formado,
num processo de aprimoramento que permitirá o aprendizado até o final da
vida.
As descobertas feitas até agora sobre o ritmo dessa viagem de
crescimento e amadurecimento são fantásticas.
De acordo com o neurologista infantil Mauro Muszkat, professor da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 50% do desenvolvimento
cerebral se dá até o primeiro ano de vida.
O stress materno parece ter impacto no desenvolvimento mental do
bebê, conforme conclusão de pesquisadores do Centro Médico Universitário
Utrecht, na Holanda. Os cientistas afirmam ser provável que os hormônios
liberados pela mãe em situações de stress entrem na circulação do feto e
prejudiquem o desenvolvimento cerebral ( www.istoéonline.com.br, 2001).
Além deste fator, outros como o uso de drogas ilícitas e lícitas também
podem prejudicar a formação cerebral do bebê.
E os mesmos processos pelos quais se dá a formação do órgão antes
do nascimento produzem uma explosão de aprendizado logo depois do
parto. Ao nascer, o cérebro de um bebê tem cerca de 100 bilhões de
neurônios (células nervosas). O tronco cerebral, região que controla as
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funções vitais, como os batimentos cardíacos, já funciona perfeitamente
( www.istoéonline.com.br, 2001).
À medida que a criança se desenvolve, são criadas mais conexões
(sinapses) entre os neurônios, as pontes pelas quais o aprendizado vai se
fazendo e ficando armazenado na memória. No primeiro ano, o aumento das
sinapses cerebrais também leva ao desenvolvimento da linguagem. Tanto
que, aos 12 meses, os centros responsáveis pela fala costumam estar
prontos. Esse aumento de atividade cerebral provoca ainda uma elevação
do próprio metabolismo. Por volta dos dois anos, o cérebro de uma criança
tem o dobro de sinapses – e consome duas vezes mais energia – que o de
um adulto. Não é para menos. Por volta do terceiro aniversário, a criança
deu um salto fantástico na compreensão do mundo (SPENCE, 1991).
1.2 – O Crescimento Físico:
O crescimento físico ocorre de acordo com uma determinada
seqüência e um determinado calendário maturativo. Ele ocorre de maneira
contínua e paulatina e não em saltos e descontinuamente.
O crescimento físico também tem uma determinada trajetória e certos
controles internos que levam o corpo da imaturidade inicial a níveis
crescentes de maturação. Ele tem um controle genético e certos
mecanismos corretores que fazem com que haja uma tendência a recuperar
o caminho perdido quando um problema ou distúrbio desvia o crescimento
de sua trajetória prevista. Este processo é chamado de processo de
recuperação.
O processo de crescimento é sensível às influências do meio e isto
chama-se tendência secular no crescimento. Esta tendência faz referência a
uma certa aceleração que se observa em alguns aspectos do crescimento
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quando se comparam dados coletados em momentos com muitos anos de
diferença entre si.
Sabe-se que, antes mesmo do nascimento o ambiente está agindo
sobre nós. A Psicopedagogia assim como a Terapia Ocupacional, numa
visão holística do sujeito, atuará considerando fatores biológicos e
mesológicos em interação, objetivando o tratamento dos distúrbios de
aprendizagem.
Tal aspecto pode ser percebido desde a fase pré-natal onde o
ambiente está exercendo sua ação. As condições do útero materno durante
a gestação, a presença de substancias químicas no meio fetal, o efeito de
estímulos físicos, certas doenças que atravessam a placenta são exemplos
de estímulos do ambiente pré-natal.
O sentido do ambiente torna-se mais claro na vida pós-natal
envolvendo o clima de nutrição, enfim, todo o conjunto de estímulos físicos e
químicos como também os contatos com outras pessoas.
O efeito de um fator ambiental sobre o indivíduo varia,
significativamente conforme sua pré-disposição hereditária, a fase de
desenvolvimento que ele enfrenta e ainda as diferentes variáveis que
interatuam com o fator em questão
( http://catianaleila.vilabol.uol.com.br/1infancia/cerebro.htm).
São eles:
· Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do
indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que
comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência
pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das
condições do meio que encontra.
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· Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico. O aumento da
altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos
e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades
de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a
andar, em relação a quando esta criança estava no berço com alguns dias
de vida.
· Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado
padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo,
depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é
necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2/3 anos não
tem.
· Meio – o conjunto de influencias e estimulações ambientais altera os
padrões de comportamento do indivíduo. Podemos citar como exemplo
quando a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode
Ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua
idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma
escada, porque esta situação pode não Ter feito parte de sua experiência de
vida (BOCK, 1999).
1.3 – Etapas do Desenvolvimento:
Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer características
comuns de uma determinada faixa etária. Isso nos permite observar e
interpretar com maior precisão o comportamento do sujeito.
Em várias áreas da saúde e da educação como a Psicopedagogia e a
Terapia Ocupacional, assim como também a Psicologia, é importante
observar e analisar o desenvolvimento do ser humano em todos os
aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social; desde o
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nascimento até a idade adulta quando então o sujeito atinge o seu mais
completo grau de maturidade e estabilidade.
Existem várias teorias do desenvolvimento humano em Psicologia.
Dentre estas destaca-se a do Psicólogo e Biólogo Jean Piaget.
Segundo Piaget, o desenvolvimento humano refere-se:
ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que vão-se aperfeiçoando e se solidificando até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais (BOCK, 1999).
Segundo Elisabete da Assunção e Maria Teresa Coelho,
desenvolvimento seria:
o processo ordenado e contínuo que principia com a própria vida, no ato da concepção. E abrange todas as modificações que ocorrem no organismo e na personalidade. Inclusive os comportamentos mais sofisticados, resultantes do crescimento e amadurecimento físicos e da estimulação variada do ambiente (ASSUNÇÃO et all, 2004).
Algumas dessas estruturas mentais descritas por Piaget em sua
definição de desenvolvimento, permanecem ao longo de toda a vida. Por
exemplo, a motivação está sempre presente como desencadeadora da ação,
quer seja por necessidades fisiológicas, quer seja por necessidades afetivas
ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem garantem a
continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas a cada
nova fase da vida do indivíduo (BOCK, 1999).
Ao trabalhar com uma criança, seja ela portadora de necessidades
especiais, tenha ela dificuldades de aprendizagem, é importante saber em
qual fase do desenvolvimento esta se encontra. Isso inclui tanto a
cronológica quanto a mental, para daí o profissional saber a melhor forma de
se falar com esta criança bem como de que forma será conduzida a
abordagem terapêutica ocupacional ou psicopedagógica.
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Assim, a linguagem usada com uma criança de 4 anos não poderá ser
a mesma com uma adolescente de 14 anos. Assim também se a criança de
14 anos possui uma idade mental de 8 anos, assumindo características
comportamentais dessa faixa etária a abordagem deve ser outra. Pode-se
deparar também com uma criança de 6 anos que está no período operatório
e outra da mesma faixa etária estando no período das operações concretas.
O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma
globalidade, mas, para efeito de estudo, tem sido abordado a partir de quatro
aspectos básicos já citados anteriormente:
· Aspectos físico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, à
maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de
exercícios do próprio corpo.
· Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio.
· Aspecto afetivo-emocional – modo particular do sujeito integrar as
suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto.
· Aspecto social – maneira como o indivíduo reage diante das
situações que envolvem outras pessoas (BOCK, 1999).
Piaget, (apud. BOCK, 1999) divide o desenvolvimento humano de
acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que, por
sua vez, interfere no desenvolvimento global.
Para Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o
indivíduo consegue realizar, executar, em cada faixa etária. Todos os
indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa seqüência,
porém o início e o término de cada uma delas dependem das caraterísticas
biológicas de cada sujeito e de fatores educacionais, sociais. Portanto a
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divisão nessas faixas etárias é uma referencia, e não uma norma rígida
(BOCK, 1999).
· Período sensório-motor – Do ponto de vista neurológico, o
desenvolvimento sensório-motor adquire importância vital na avaliação da
evolução maturativa da função motora. Como destacou Ajuriaguerra, a
função motora delineia-se por meio de três sistemas que interagem entre si:
a) O sistema piramidal (responsável pelo movimento voluntário).
b) O sistema extrapiramidal (que se ocupa da motricidade automática,
fornecendo a adaptação motora básica a diversas situações).
c) O sistema do cerebelo (sistema regulador do equilíbrio e da
harmonia, concerne tanto aos movimentos voluntários quanto aos
involuntários).
A integração dos três sistemas motores determina a atividade muscular
que, por sua vez, tem basicamente duas funções: a) a função cinética ou
clônica, e b) a função postural ou tônica.
A primeira corresponde ao movimento propriamente dito e a segunda
está ligada aos estados de tensão e distensão fásica do músculo, que estão
na origem do movimento.
Esse conjunto de sistemas e funções conforma o aparelho motor, sua
preparação e execução, o que, indubitavelmente, outorga à motricidade um
valor instrumental e mecânico em si.
Uma das contribuições mais significativas para a compreensão dessa
integração foi fornecida por Henri Wallon, ao indicar o papel relacional e
social da motricidade da criança. Para esse autor, as funções tônico-
posturais transformam-se em funções de relação gestual e corporal, que
orientam as bases do futuro relacional e emocional da criança numa inter-
relação dialética, biológica e social.
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Piaget retoma a concepção walloniana do sensório-motor, situando-o
num primeiro estágio (0 a 2 anos), essencial para o desenvolvimento da
assimilação e acomodação como modo de adaptação e de aquisição da
inteligência prática na criança (LEVIN, 1997).
Neste período, a criança conquista através da percepção e dos
movimentos, todo o universo que a cerca. No RN (recém-nascido), a vida
mental reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos, de fundo hereditário,
como sucção. No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento
como meio para atingir um objeto. Neste caso, está sendo utilizado a
inteligência prática ou sensório-motora, que envolve as percepções e os
movimentos.
No período sensório–motor fica evidente que o desenvolvimento ósseo,
muscular e neurológico permite a emergência de novos comportamentos
como sentar, andar, o que proporcionará um domínio maior do ambiente.
Ao longo deste período, irá ocorrer na criança uma diferenciação
progressiva entre o seu eu e o mundo exterior. Se no início o mundo era
uma continuação do próprio corpo, os progressos da inteligência levam-na a
situar-se como um elemento entre outros no mundo. Isso permite que a
criança por volta de 1 ano, admita que o objeto continue a existir mesmo
quando ela não o perceba.
Esta diferenciação também ocorre no aspecto afetivo, pois o bebê
passa das emoções primárias (os primeiros medos, quando, por exemplo,
ele se enrijece e abre os braços e as mãos ao ouvir um barulho muito forte –
reflexo de moro), para, no final do período, uma escolha afetiva de objetos,
quando a criança já manifesta preferencias por brinquedos, objetos,
pessoas, etc.
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Sua integração no ambiente dá-se, também, pela imitação das regras.
E, embora compreenda algumas palavras, mesmo no final do período só é
capaz da fala imitativa (BOCK, 1999).
· Período Pré-operatório – também chamado de pré-conceitual,
engloba crianças na faixa etária de 2 a 7 anos, a qual Piaget chama de 1ª
infância.
Dentro deste período inclui-se o período simbólico que abrange
crianças de 2 a 4 anos de idade sendo característico deste a chamada
função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da
imitação, da dramatização, etc. podendo criar imagens mentais na ausência
do objeto ou da ação; é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo
simbólico.
É importante ressaltar que a linguagem se desenvolve a partir do
momento que a criança consegue realizar melhor seus movimentos. Uma
criança que não anda aos 2 anos não desenvolverá a linguagem. Aos dois
anos, a criança já apresenta uma grande variedade de movimentos mais
precisos e elaborados, como subir escadas, pedalar. Sua coordenação
motora encontra-se mais fina. Seu andar é mais dissociado. E por isso sua
linguagem é desenvolvida (INHELDER, et all, 2003).
· Período das operações concretas – este período engloba crianças
de 7 a 11/12 anos de idade. É a infância propriamente dita.
Neste período, o desenvolvimento mental, caracterizado no período
anterior pelo egocentrismo intelectual e social, é superado pelo início da
construção lógica, ou seja, a capacidade de estabelecer relações que
permitam a coordenação de postos de vista diferentes. A criança neste
período consegue coordenar estes pontos de vista e integrá-los de modo
lógico e coerente. No plano afetivo, isto significa que ela será capaz de
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cooperar com os outros, de trabalhar em grupo e, ao mesmo tempo, de Ter
autonomia pessoal (BOCK, 1999).
O que possibilitará isto, no plano intelectual, é o surgimento de uma
nova capacidade mental da criança: as operações, isto é, ela consegue
realizar uma ação física ou mental dirigida para um objetivo e reverte-la para
o seu início. Num jogo de quebra-cabeça, próprio para a idade da criança,
ela consegue, na metade do jogo, descobrir um erro, desmanchar uma parte
e recomeçar de onde corrigiu, terminando-o as operações sempre se
referem a objetos concretos presentes ou já experienciados.
Outra característica deste período é que a criança consegue exercer
suas habilidades e capacidades a partir de objetos reais, concretos.
No aspecto afetivo, ocorre o aparecimento da volição como qualidade
superior e que atua quando há conflitos de tendências ou intenções (entre o
dever e o prazer).
O grupo de colegas satisfaz, progressivamente, as necessidades de
segurança e afeto. Portanto novas regras podem surgir, a partir da
necessidade e de um contrato entre as crianças (Piaget, et all, 2003).
· Período das operações formais – na adolescência, que vai de 11/12
anos em diante, ocorre a passagem do pensamento concreto para o
pensamento formal, abstrato, ou seja, o adolescente realiza as operações no
plano das idéias, sem necessitar de manipulação ou referencias concretas,
como no período das operações concretas. No que diz respeito as relações
socais, também ocorre o processo de caracterizar-se, inicialmente, por uma
fase de interiorização, em que, aparentemente, é anti-social. Ele se afasta
da família, não aceita conselhos dos adultos; mas, na realidade, o alvo de
sua reflexão é a sociedade.
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No campo afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do
adulto, mas ainda depende dele. Deseja ser aceito pelos amigos e pelos
adultos.
Os interesses são diversos e mutáveis, sendo que a estabilidade chega
com a proximidade da idade adulta (BOCK, 1999).
Outro processo que está ligado ao desenvolvimento humano é a
maturação do sistema nervoso. A maturação conduz ao desenvolvimento do
potencial do organismo e independe de treino ou estimulação ambiental.
Assim, Elisabete da Assunção e Maria Teresa Coelho, definem a
maturação como:
O desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas, abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno (ASSUNÇÃO et all, 2004) .
Portanto, torna-se ineficaz, por exemplo, querer ensinar uma criança de
5 meses a ler, pois seu sistema nervoso não está maduro o suficiente para
tal atividade.
Gessel diz que “a aprendizagem nunca pode transcender a
maturação”, ou seja, o indivíduo só conseguirá realizar uma determinada
atividade, da mais simples como segurar um objeto, até a mais complexa,
como o raciocínio, somente quando o seu sistema nervoso estiver maduro o
suficiente para tais atividades.
Quando fala-se em aprendizagem pensa-se apenas no âmbito escolar
e esquecemos que esta é muito mais abrangente: refere-se a aspectos
funcionais e resulta de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo
no decorrer da vida.
Elisabete e Maria Teresa também definem a aprendizagem. Segundo
essas autoras, seria:
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O resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência (ASSUNÇÃO et all, 2004) .
O processo de aprendizagem sofre interferência de vários fatores –
intelectual, físico, social, psicomotor – mas é do fator emocional que
depende grande parte da aprendizagem. Para que esta provoque uma
efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do
sujeito, é necessário que este perceba a relação entre o que está
aprendendo e sua vida ( ASSUNÇÃO et al, 2004).
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CAPÍTULO II
Histórico da Psicopedagogia
e da Terapia Ocupacional
22
2.1 – A Psicopedagogia:
Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa,
em 1946, por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e
pedagógica. Estes Centros uniam conhecimentos da área de Psicologia,
Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com
comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender
crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes.
Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as idéias sobre
Psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis
brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a
psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o
termo Psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os
trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico
psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas de
articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução
dos problemas de comportamento e de aprendizagem.
Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanálise-Pedagogia,
conhecer a criança e o seu meio, para que fosse possível compreender o
caso para determinar uma ação reeducadora.
Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes,
daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial
era uma das preocupações da época.
Observa-se que a Psicopedagogia teve uma trajetória significativa
tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da
equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e
pedagogos (BOSSA, 2000).
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Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina.
Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud. BOSSA, 2000), a
Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos
Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia.
Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de
Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo
diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberem um ano após o
tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem,
mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de
sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica,
perfil atual do psicopedagogo argentino.
Na Argentina, a Psicopedagogia tem um caráter diferenciado da
Psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos
quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser
considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “... os
instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo
argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de
pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora;
testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” .
A Psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas
dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma
disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que
virou moda neste período, servindo para camuflar problemas
sociopedagógicos.
Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e
tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil percebemos,
ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos familiares é
levar seus filhos a uma consulta médica ( BOSSA, 2000).
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Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no
consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação
da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está
apresentando na escola.
A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos
médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de
aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de
especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto
Alegre, com a duração de dois anos.
De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação
subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como
um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de
estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos
diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000).
2.1.1 – A Psicopedagogia Clínica:
Segundo Edith Rubinstein, a intervenção está voltada para a busca e o
desenvolvimento de metodologias que melhor atendem aqueles que
possuem dificuldades de aprendizagem, tendo como principal objetivo a
reeducação ou remediação promovendo assim o desaparecimento do
sintoma (SCOZ et. al.1992).
O Psicopedagogo Clínico deve promover a reelaboração do processo
de aprendizagem do sujeito que apresenta dificuldades, bem como,
desenvolver nele o prazer de aprender, propriciando condições para que
este desenvolva plenamente sua autonomia.
Para o momento do diagnóstico, o Psicopedagogo deve levar em
consideração que o fracasso escolar é causado por um conjunto de fatores
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interligados e que impedem o bom desempenho do sujeito. Portanto, na
prática diagnóstica leva-se em consideração os seguintes aspectos:
· Orgânicos
· Cognitivos
· Emocionais
· Sociais
· Pedagógicos (SCOZ, 1994).
2.1.2 – Psicopedagogia Institucional:
A Psicopedagogia vem atuando com muito sucesso nas diversas
Instituições, sejam escolas, hospitais e empresas. Seu papel é analisar e
assinalar os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa
aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos
projetos favoráveis a mudanças, também psicoprofiláticamente.
O objetivo do psicopedagogo é o de conduzir a criança ou adolescente,
o adulto ou a Instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal
e saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela. Algumas das
várias funções deste profissional são:
· Criar clima harmonioso nos grupos de trabalho;
· Colaborar com a construção do conhecimento;
· Clarear papéis e tarefas no grupo;
· Possibilitar mudanças de papéis – rodízio, liderança – aprende a
delegar;
· Dirige ao aluno como aprendente e ao professor como ensinante;
· Entre outros (SCOZ, 1994).
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2.2 –A Terapia Ocupacional:
A história da Terapia Ocupacional é bastante recente, porém podemos
falar que a atividade humana enquanto recurso terapêutico, foi utilizada, de
forma talvez pouco consciente e/ou científica, desde os tempos mais
remotos. O homem percebe que as atividades possuem características
capazes de influenciá-lo, afetá-lo e transformá-lo e as utiliza, a princípio de
forma intuitiva, para trabalhar aspectos físicos e principalmente aspectos
emocionais.
Na Pré-história, o homem utiliza as pinturas nas paredes de cavernas,
representando seus temores e alegrias diárias e consequentemente
elaborando-os internamente.
Entre os Egípcios, em 2000 a.C., havia a intenção terapêutica no
tratamento do humor doentio, quando usavam cantos e danças ou quando
recomendavam ao paciente ocupar suas horas livres com atividades
recreativas. Os Romanos (293 a.C.) dedicavam-se a cura de doenças
mentais e físicas com a ajuda de diversões, entretenimento e leitura. Em 172
a.C., Galeno, médico grego, afirmava ser a ocupação o melhor médico da
natureza, sendo essencial a felicidade humana.
Durante a Idade Média esse tipo de tratamento passou por um período
de inatividade. E em 1407, retorna com Frei Joffé, que instituiu o trabalho
como uma das formas de tratamento dos doentes do Asilo de Saragoça na
Espanha.
Com a Revolução Francesa, em 1789, novas idéias surgiram e Philip
Pinel, então diretor do Hospital Bicêtre, institui a terapia pelo trabalho como
forma integrante da reforma psiquiátrica.
No Brasil, em 1854, no Hospício Pedro II, haviam oficinas de trabalho
para o tratamento de doentes mentais. Em 1903, Juliano Moreira, diretor de
27
Assistência a Psicopatas, impulsionou a Terapia Ocupacional no Brasil,
principalmente no RJ, sendo que em 1911 criou uma colônia para mulheres
onde a terapêutica pelo trabalho passou a ser executada com maior
intensidade. Entretanto foi com a criação da Colônia Juliano Moreira em
Jacarepaguá/RJ, que o tratamento tomou grande impulso no país.
Com a depressão econômica decorrente da Primeira Guerra Mundial,
novamente vemos um declínio da ocupação terapêutica, que retorna
novamente com o aparecimento de pessoas especializadas para
desenvolver esse trabalho. A primeira escola de Terapia Ocupacional foi
aberta em 1915 em Chicago/EUA.
No Brasil em 1946, foi criado no RJ o Serviço de Terapia Ocupacional
no Centro Psiquiátrico Nacional, cuja direção ficou ao encargo da Dra. Nise
M. da Silveira. Em 1948 a profissão de Terapia Ocupacional foi reconhecida
na Europa e em 1951 foi criada a Federação Mundial de Terapia
Ocupacional.
O primeiro curso de Terapia Ocupacional no Brasil, instalado pela
ONU, com duração de 12 meses, foi ministrado no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo
regulamentado em 1964.
Somente em 13 de outubro de 1969, através do decreto-lei n.º 938, são
definidas as atribuições do Terapeuta Ocupacional e a formação de nível
superior é reconhecida, ficando o Ministério da Saúde incumbido da
fiscalização do exercício profissional.
Em 1975, com a Lei n.º 6316, cria-se o COFFITO (Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e os CREFITO's (Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional), passando para estes a incumbência de
fiscalizar e normatizar as profissões, além de definir a formação e
competência dos profissionais.
28
O Código de Ética Profissional que em seus capítulos define as
responsabilidades dos profissionais de Terapia Ocupacional e Fisioterapia
foi aprovado pelo COFFITO em 1978.
Em 1987, com a Resolução COFFITO-81, o exercício do profissional
de Terapia Ocupacional é revogado e redefine-se a competência do
Terapeuta Ocupacional e o uso da expressão Terapia Ocupacional.
(www.terapiaocupacional.fsn.net. Artevidade,1-1p.).
29
CAPÍTULO III
Psicopedagogia + Terapia Ocupacional
30
3.1 – A Terapia Ocupacional na Educação:
O campo de atuação da Terapia Ocupacional vem se ampliando cada
vez mais quando se tem claro a idéia de que esse profissional busca,
através da análise da atividade, melhorar o desempenho do indivíduo como
um todo.
Entende-se por atividade qualquer “coisa” que exija o processamento
mental de dados, manipulação física de objetos ou movimento dirigido,
podendo assim desenvolver habilidades cognitivas, perceptivas,
psicossociais e de movimento (TROMBLY, 1989).
Acompanhando clientes com dificuldades motoras ou percepto
cognitivas, fica claro a necessidade da TO orientar a escola quanto as
adaptações necessárias para a criança ou adolescente realizar suas
atividades escolares. O tipo de papel e seu posicionamento na mesa, o tipo
de linha, tipo de grafite, tipo de letra e tamanho adequado (observando
aspectos visuais) uso de adaptações que favoreçam a preensão do lápis, o
melhor posicionamento do indivíduo na mesa, como usar tesoura, a
necessidade de treino gráfico, orientação quanto ao uso de computador,
trabalho para melhorar nível de atenção / concentração / organização
espaço temporal, enfim, buscar e adaptar todos os recursos de acordo com
a necessidade do momento, levando-se em conta que a evolução está
sempre presente e que a avaliação faz parte do processo.
Esse tipo de trabalho iniciou-se na "escola especial" onde a orientação
de um terapeuta ocupacional é rotina dentro da equipe multidisciplinar. Hoje,
além do processo de inclusão que requer uma atuação conjunta entre escola
– família - terapeutas, observa-se que a "escola comum" tem requisitado a
atuação da TO no sentido de organizar (aspecto motor/percepção/cognitivo)
o indivíduo para melhorar seu aproveitamento escolar.
31
Pode-se dar como exemplo a escrita. Existem crianças que podem
apresentar certa dificuldade no manuseio do material para escrita, portanto,
antes de chegar a uma preensão adequada para o lápis, a criança deve
passar por uma série de experiências sensoriais e motoras que vão
possibilitar o desenvolvimento de movimentos funcionais com os membros
superiores (SANTOS,www.agiruepa.com.br).
Contudo, atualmente não só para estimular os aspectos motor/
perceptivo/ cognitivo o terapeuta ocupacional vem atuando nas escolas.
Atualmente o terapeuta ocupacional vem fazendo o papel de mediador,
circulando pelo pátio das escolas na hora dos intervalos, conhecendo cada
aluno, observando suas atitudes e comportamentos, analisando suas
dificuldades e dúvidas e discutindo com esses alunos todos esses aspectos
(NEVES, O Globo, 2004).
3.2 – O Jogo e o Brincar:
Um dos recursos utilizados em comum pela Psicopedagogia e pela
Terapia Ocupacional é o brincar, o jogo. Estes trazem, a princípio, não só
um vínculo entre o profissional e o cliente como também é através deles que
se consegue alcançar o objetivo de tratamento traçado para aquele
determinado indivíduo.
A palavra jogar vem do latim “jocare” : entregar-se ao; ou tomar parte
no jogo de; executar as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou
arriscar-se ao jogo; perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-
se.
O brincar : “de brinco+ar”; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos
de criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da
Língua Portuguesa – Aurélio, 1986, pp. 286-98).
32
Percebemos que há uma dificuldade em definir os termos “jogar” e
“brincar”, pois ambos tem uma fronteira comum, indicando um grau de
subjetividade, em que estas atividades estão implícitas.
Segundo, BOMTEMPO (1987): a atividade do brincar, geralmente é vista como uma situação livre de conflitos e tensões, havendo sempre um elemento de prazer. Também é uma atividade com um fim em si mesma, pois não há resultado biológico imediato que altere a existência do indivíduo.
O brincar da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não
é uma simples recreação, o adulto que brinca/joga afasta-se da realidade,
enquanto a criança ao brincar/jogar avança para novas etapas de domínio
do mundo que a cerca.
Precisamos saber que o brincar da criança é uma forma infantil da
capacidade humana de experimentar, criar situações, modelos e como
dominar a realidade, experimentando e prevendo os acontecimentos
(ALMEIDA, 2004).
Huizinga (1980), filósofo da história em 1938, escreveu seu livro
“HOMO LUDENS” no qual argumenta que o jogo é uma categoria
absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (HOMO
SAPIENS) e a fabricação de objetos (HOMO FABER), então a denominação
HOMO LUDENS, é cujo elemento lúdico está na base do surgimento e
desenvolvimento da civilização.
O autor define jogo como:
uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.
33
É através da brincadeira, do lúdico, do jogo que se inicia as primeiras
etapas de aprendizagem da criança. Na verdade tudo isso é um estímulo
para o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, perceptivo e psicomotor.
Com três meses de vida, a criança brinca com suas mãos,
contemplando-as, atenta a cada movimento que esse pedacinho do seu
corpo faz. A partir daí começa a descoberta do movimento e do corpo
através do brincar, daí pra frente a criança rola, senta, cai, tudo como uma
grande brincadeira estando aí desenvolvendo todos os aspectos já citados
anteriormente.
Estudos científicos realizados na Universidade da Califórnia, nos
Estados Unidos, mostraram que crianças que passaram o primeiro ano de
vida num berço não conseguiram sentar sozinhas com um ano e nove
meses. Outra pesquisa, feita por cientistas do Baylor College of Medicine,
também nos Estados Unidos, mostra que crianças que raramente brincam
ou não são tocadas têm cérebros de 20% a 30% menores que o normal para
sua idade. Prova de que o estímulo é essencial para o desenvolvimento em
todos os sentidos ( www.istoeonline.com.br, 2001).
Além disso, é através do brincar que a criança inicia o processo de
auto conhecimento, da sua relação com o outro e com o meio, criando assim
relações necessárias para interagir com o mundo. O brinquedo torna-se um
instrumento de exploração e desenvolvimento de suas capacidades.
É então a partir disso que o brinquedo, o jogo, enfim, o brincar torna-se
uma grande recurso para as áreas de saúde e educação.
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:
34
O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.
A Psicopedagogia tem se constituído no espaço privilegiado para
pensar as questões relativas à aprendizagem. Sendo assim intimamente
ligada ao ato de brincar, como fonte de conhecimento.
Com o brincar a criança elabora seus problemas, tensões e conflitos,
possibilitando um crescimento mental, fazendo com que a criança possa
vivenciar e aprender a lidar com novas situações.
Ao possibilitar o espaço de brincar, o profissional impulsiona a criança
a fazer sua brincadeira acontecer, ou seja, torna-la realidade, pois estará
concretizando situações próprias, conflitantes ou não. E permite-se com que
venham à tona determinadas situações e fatores que de outra forma seriam
muito difícil de captar e detectar.
A confecção dos brinquedos também traz uma sensação de muito
prazer à criança, aumentando a sua auto-estima, bem como vários outros
enfoques que podem ser trabalhados e avaliados nessa construção.
O importante no brincar não é tanto como a criança, o jovem ou o
adulto brinca, mas sim como ela se envolve, lidando de forma cada vez mais
criativa e interativa com seu mundo interno e externo.
35
3.3 – Material:
A seleção do material a ser utilizado, nas atividades lúdicas a serem
realizadas pelo paciente dependerá do quadro do paciente, da sua idade
(mental e cronológica) e do tempo disponível pelo profissional.
O material escolhido e a atividade deve atrair o paciente e para isso
deverá ser diferente do que ele usualmente faz ou usa para brincar.
Assim também, a apresentação do material à criança pode ser feita de
diferentes formas. Dependendo sempre, é claro, do objetivo traçado para a
atividade:
Inclusão em uma caixa de tamanho regular e de fácil manejo pelo
sujeito, a caixa pode servir para guardar os materiais ou para estes e os
produtos pelo sujeito.
Colocação do material arrumado sobre a mesa, mas sem obedecer a
nenhuma classificação ou ordenação, de modo que essas operações posam
ser feitas segundo critérios internos do sujeito.
Material arrumado de forma mista onde parte do material é colocado na
caixa, e alguns objetos são colocados sobre a mesa, a seu lado (exemplo:
livros, alguns jogos, etc.)
A atividade lúdica por não ser dirigida, exige uma explicação]ao prévia
colocando o sujeito a vontade (SCOZ, 1992).
36
3.4 – A Psicomotricidade:
O movimento é uma constante na vida do ser humano, principalmente
quando criança. Ao pular, correr, subir, girar, enfim, ao movimentar-se a
criança descobre seu corpo, desenvolve as percepções, sensibilidade,
autonomia, sem falar na cognição, na coordenação motora, no esquema
corporal/ imagem corporal/ posição espacial, noção temporo-espacial,
lateralidade. Isso tudo é o que o movimento pode fazer com o ser humano.
Muitas crianças quando encaminhadas ao profissional de Terapia
Ocupacional a principal queixa é a falta de concentração nas aulas
acarretando uma grande dificuldade em aprender. Paralelamente a Terapia
Ocupacional são também acompanhadas por um psicopedagogo.
Geralmente ao avaliar as crianças que chegam com esse tipo de queixa
nota-se que possuem um equilíbrio precário e uma falta de coordenação
motora. Geralmente também com dificuldades com relação as percepções.
Isso também é notado pelo psicopedagogo.
Daí a psicomotricidade torna-se uma aliada para esses profissionais.
Segundo a SBP, (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade)
Psicomotricidade seria:
é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. (S.B.P.1999).
Atualmente, não só na área clínica mas também nas escolas a
Psicomotricidade vem ganhando espaço.
A Psicomotricidade desenvolve na criança a compreensão do
movimento e de como seu corpo funciona. Estes conhecimentos devem
estar articulados com a percepção do espaço, de tempo e de peso. É uma
forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o
37
sujeito exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. É
também uma fonte de comunicação que contribui para o desenvolvimento da
criança no que se refere à consciência individual e social.
É com base nessa perspectiva que o psicopedagogo e o terapeuta
ocupacional que trabalha em uma instituição escolar planeja, junto ao
educador, atividades que darão oportunidade à criança de experimentar a
plasticidade de seu corpo, de exercitar suas potencialidades motoras ao se
relacionar com o grupo. Considerando, evidentemente, o desenvolvimento
motor da criança, suas ações físicas e habilidades naturais (MOLDA,
SOUZA, www.psicopedagogiaonline.com.br,2000).
38
CAPÍTULO IV
Critérios de Avaliação
39
4.1 – A Avaliação:
A avaliação e os aspectos a serem trabalhados, na maioria das vezes,
junto ao indivíduo que procura os cuidados do psicopedagogo e do
terapeuta ocupacional são bem semelhantes.
A partir da avaliação traça-se o programa de tratamento, define-se os
objetivos dando assim início ao tratamento.
4.1.1 – Psicopedagogo:
O psicopedagogo clínico e também o institucional avaliam os seguintes
aspectos:
· Coordenação motora ampla
· Aspecto sensório motor
· Dominância lateral
· Desenvolvimento rítmico
· Desenvolvimento motor fino
· Criatividade
· Evolução do traçado e do desenho
· Percepção e discriminação visual e auditiva
· Percepção espacial
· Percepção viso-motora
· Orientação e relação espaço-temporal
· Aquisição e articulação de sons
· Aquisição de palavras novas
· Elaboração e organização mental
· Atenção e concentração
· Expressão plástica
· Aquisição de conceitos
· Discriminação e correspondência de símbolos
40
· Raciocínio lógico matemático
· Entre outras
Não é só o profissional da clínica que usa esses critérios avaliativos. O
psicopedagogo que trabalha nas instituições (escola/ empresa/ hospital)
também utilizar esses critérios nas suas avaliações e observações.
No caso do psicopedagogo que atua na instituição escolar, ao perceber
que há um aluno com dificuldades de aprendizagem em uma ou em várias
disciplinas, ele pode estar observando este aluno na sala de aula, nos
intervalos, conversando com este aluno e assim analisando todos esses
critérios descritos acima.
A partir daí sabe como poderá auxiliar esse aluno e orientar o professor
como este deve proceder com relação a dificuldade do aluno.
4.1.2 – Terapeuta Ocupacional:
A Terapia Ocupacional, em todos os seus campos de atuação, avalia
todos ou quase todos os critérios que seguem a lista abaixo:
· Coordenação motora geral (grossa e fina)
· Destreza
· Lateralidade
· Criatividade
· Esquema corporal
· Percepção e discriminação visual e auditiva
· Percepção espacial
· Percepção temporal
· Percepção viso-motora
· Elaboração e organização mental
· Atenção e concentração
· Raciocínio lógico matemático
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· Rapidez de pensamento
· Equilíbrio
· Aspectos emocionais
· AVD (ao treinar as atividades de vida diária o terapeuta ocupacional
já está trabalhando todos os aspectos citados acima).
· Entre outras
Durante a avaliação, a conduta do sujeito avaliado deve ser vista como
uma expressão global, levando-se em conta todos os aspectos: motor,
cognitivo, social, afetivo.
Ao final do processo de avaliação, o profissional já deve Ter formado
uma visão global do sujeito e sua contextualização na família, na escola e no
meio social em que vive, o que já aprendeu, o que pode aprender, o que
interfere no aprender do ponto de vista cognitivo, afetivo-social e psicomotor.
42
CONCLUSÃO
O sujeito que escolhe ser atuante na área de saúde e/ou educação
deve ter em mente que o seu principal objetivo será sempre o bem estar, a
melhor qualidade de vida daquele que o procura.
Assim como também deve saber trabalhar em equipe, pois quando
uma área se alia a outra tudo caminha com mais facilidade e os ganhos para
o paciente são maiores e mais rápidos. Isso acontece principalmente quando
depara-se com áreas muito próximas, com tratamento, recursos e campos
de atuação muito semelhantes quando não iguais. Dessa forma o trabalho
fica mais completo. Isso é a transdiciplinariedade.
Atualmente, principalmente para aqueles que trabalham com
reabilitação – em todos os sentidos – o limite entre onde termina a atuação
de um profissional e começa a do outro é muito próxima quase
imperceptível. Isso é ruim? Não, claro que não. Isso é bom pois acaba que
cada profissional sabe um pouco da área do outro trocando assim
informações experiências e conhecimento.
A presente monografia tratou dessas duas áreas que hoje constituem
educação e saúde, onde suas semelhanças começam a partir do momento
que possuem uma visão holística do homem, se preocupando assim com
todos os aspectos que constituem o ser: social, físico e emocional.
Apesar de seus objetos não serem os mesmos, seus objetivos finais
acabam esbarrando-se assim como os recursos utilizados para alcançar
esses objetivos, a visão do ser humano no momento da avaliação e todo o
conhecimento da evolução humana que tem que ter para que suas atuações
sejam precisa e eficaz .
Esse estudo não para por aqui. Existem ainda muito o que se
descobrir, analisar, estudar sobre o que essas duas profissões ligadas a
43
saúde e a educação tem em comum. Até por que, a cada dia os campos de
atuação do terapeuta ocupacional e do psicopedagogo aumentam. Criam-se
novas abordagens, métodos, recursos e campos para esses profissionais.
44
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marina S. R. O brincar e o jogar da criança ao adulto. www.psicopedagogiaonline.com.br. 1-4 p. 2000.
BOCK, Ana Maria B. Psicologia - Introdução ao Estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.
BOMTEMPO, E. Aprendizagem e Brinquedo em Witter, G.P. e Romeraco, T.F. “Psicologia da Aprendizagem” Ed. EPU.
BOSSA, Nádia . A Psicopedagogia no Brasil, contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
HUIZINGA, J. Homo Ludens – O Jogo como elemento da Cultura, 1989.
JOSÉ, Elisabete Assunção, COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2004.
MANSO, Teresa Cristina. A Importância do Brincar como Facilitador do Desenvolvimento. www.psicopedagogiaonline.com.br. 1-2p. 2000.
NEVES, Tânia. A Terceira Opinião. O Globo, Rio de Janeiro, 21 nov.2004. p. 17. Revista O Globo.
PIAGET, Jean. Development and learning. in LAVATELLY, C. S. e STENDLER, F. Reading in child behavior and development. New York: Hartcourt Brace Janovich, 1972.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
SPENCE, ALEXANDER P. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Manole, 1991.
TROMBLY, Catherine A. Terapia Ocupacional para Disfunção física, São Paulo: santos, 1989.
www.istoeonline.com.br. Revista Isto é Online, 2001.
45
INDICE
CAPA
FOLHA DE ROSTO 2
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO HUMANO
1.1 – Desenvolvimento Cerebral
1.2 – Crescimento Físico
1.3 – Etapas do Desenvolvimento
CAPÍTULO II
HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA
E DA TERAPIA OCUPACIONAL
2.1 – A Psicopedagogia
2.1.1 – A Psicopedagogia Clínica
2.1.2 – A Psicopedagogia Institucional
2.2 – A Terapia Ocupacional
CAPÍTULO III
PSICOPEDAGOGIA + TERAPIA OCUPACIONAL
3.1 – A Terapia Ocupacional na Educação
3.2 – O Jogo e o Brincar
3.3 – Material
3.4 – A Psicomotricidade
CAPÍTULO IV
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
4.1 – A Avaliação
4.1.1 – Psicopedagogo
4.1.2 – Terapeuta Ocupacional
CONCLUSÃO
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
2
3
4
5
6
8
8
9
10
12
21
21
22
24
25
26
29
29
30
31
35
36
38
38
39
39
40
42
44
46
ÍNDICE 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: Os Atravessamentos Psicopedagógicos e
Terapêuticos Ocupacionais
Autor: Shelem Regina Gomes Towesend
Data de Entrega: 22/01/2005
Avaliado por: Ana Cristina Guimarães Grau:
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