UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os 14 pontos de Deming para a melhoria da...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PROGRAMA 5S: BASE INICIAL PARA
IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE
EM UM SALÃO DE BELEZA.
Por: Marli de Souza Alves
Orientador
Profª. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro 2008
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PROGRAMA 5S: BASE INICIAL PARA
IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE
EM UM SALÃO DE BELEZA.
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como condição prévia para a conclusão de curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Administração da
Qualidade.
10
AGRADECIMENTOS
A todos os meus colegas de turma e ao corpo docente
do IAV, pelo incentivo e apoio na busca do
aperfeiçoamento acadêmico, e a todos que, direta e
indiretamente, contribuíram para a confecção desse
trabalho acadêmico.
11
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia ao meu amigo Marcio Mello, profissional de
Qualidade que inspirou-me na elaboração desse trabalho; aos meus pais,
parceiros de todos os momentos e a todos os funcionários da empresa ÉCLAT.
RESUMO
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A Gestão da Qualidade é um conceito cada vez mais abraçado pelas mais
variadas organizações, sejam de produções de bens ou de serviços. Ainda assim, no
negócio “Salão de Beleza” não é comum encontrarmos um método de Gestão como
este. A implantação desta maneira de gerir resulta na necessidade de investir na
mudança de comportamento das pessoas e na quebra das resistências que ocorrem em
qualquer processo de mudança.
Este trabalho aborda o Programa 5S como alavancador da implantação
de um Sistema de gestão da Qualidade para um Salão de Beleza.
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METODOLOGIA
Este trabalho monográfico foi elaborado por meio de pesquisa bibliográfica,
conhecimento técnico e científico assimilados durante o decorrer do curso de Pós-
graduação corrente e em experiências práticas na vivência da Gestão de um Salão de
Beleza situado na cidade do Rio de Janeiro.
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
Capítulo 1 - GESTÃO DA QUALIDADE 9
Capítulo 2 - PROGRAMA 5S 23
Capítulo 3 - SALÃO DE BELEZA: ORGANIZANDO COM
QUALIDADE
40
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 60
ÍNDICE 62
15
INTRODUÇÃO
Uma das principais maneiras de uma empresa de serviços diferenciar-se
de concorrentes é prestar serviços de ótima Qualidade.
O programa 5S deve ser implementado com o objetivo específico de
melhorar as condições de trabalho e criar “o ambiente da Qualidade”, ou seja,
iniciar uma mudança de cultura no Salão de Beleza, que favoreça a
implantação da gestão pela Qualidade.
Um negócio como um Salão de Beleza precisa de um modelo de Gestão
para fazer a diferença no mercado.
O programa 5S é ideal para implantação de um sistema de Gestão da
Qualidade, promovendo a quebra de resistência das pessoas ao processo de
mudança, produzindo novo padrão de comportamento e propiciando o
surgimento de um clima organizacional favorável à implantação da Qualidade.
Neste trabalho de pesquisa serão abordados a ideologia da Gestão da
Qualidade, os conceitos e princípios do programa 5S, e a visão organizacional
do negócio Salão de Beleza.
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1 - GESTÃO DA QUALIDADE
1.1 - Definições Básicas
Quando o assunto é Qualidade, encontramos freqüentemente a sigla
TQM (Total Quality Management) que entendemos em português, como
Gestão da Qualidade Total. Chama-se total não só porque relaciona-se a
empresa inteira como também a relação estendida: fornecedores,
distribuidores e demais parceiros de negócios.
A associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define Qualidade
como o grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a
requisitos.
Falconi (1999) afirma que a Qualidade Total é o verdadeiro objetivo de
qualquer organização humana: “satisfação das necessidades de todas as
pessoas”. Um produto ou serviço de Qualidade é aquele que atende
perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às
necessidades do cliente.
No mundo científico da administração a Qualidade possui, pelo menos,
duas dezenas de definições, todas se referindo as características de um
produto ou serviço, que contribuem para sua excelência, resultando em
satisfação de todos os envolvidos no processo.
O termo “processo” também é muito utilizado no meio da Gestão de
Qualidade. É a ABNT que define como “conjunto de atividades inter-
relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos
(saídas)”.
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Por fim, Gestão da Qualidade pode ser definida como um conjunto
integrado e sistêmico de procedimentos que visam coordenar as ações de
pessoas de um a organização, com o objetivo de se melhorar continuamente a
Qualidade de produtos e de serviços, a Qualidade dos processos e a
Qualidade de vida na organização, dentro de um enfoque preventivo.
Pode ser desenvolvida de inúmeras formas, embora as várias
implementações incluam, usualmente, diversos elementos comuns:
• procedimentos de planejamento e de desdobramento de diretrizes para
várias áreas da empresa:
• Um sistema de informações e de documentação sobre processos;
• Procedimento de análise dos dados;
• Procedimento de treinamento de pessoas;
• Métodos e técnicas de prevenção e de controle de Qualidade;
• Auditorias preventivas e avaliativas;
• Foco no cliente.
1.2 - Os Mestres da Qualidade
1.2.1 - Edwards Deming
Deming é hoje considerado como o pai do milagre japonês. A Qualidade
por ele defendida é definida de acordo com as exigências e necessidades do
consumidor. E se estas, mudam permanentemente, as especificações de
Qualidade também devem ser alteradas freqüentemente.
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Os 14 pontos de Deming para a melhoria da Qualidade e as sete
doenças mortais da Qualidade tornaram-se referência no ensino e na pratica
da Qualidade.
Segundo Lourenço (2008), são eles:
• 14 pontos:
1. Crie uma constância de propósitos para melhoria dos produtos e
serviços;
2. Adote a nova filosofia;
3. Cesse a dependência da inspeção para alcançar a Qualidade;
4. Acabe com a prática de realizar negócios baseados somente nos
preços;
5. Melhore constantemente e continuamente cada processo;
6. Institua o treinamento na tarefa;
7. Adote e institua a liderança;
8. Jogue fora os receios;
9. Quebre as barreiras entre as áreas;
10. Elimine slogans, exortações e cartazes para a força de trabalho;
11. Elimine cotas numéricas para a força de trabalho e objetivos numéricos
para o gerenciamento;
12. Remova as barreiras que tiram a satisfação do trabalho;
13. Institua um vigoroso programa de educação;
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14. Coloque todos na organização para trabalhar acompanhando a
transformação.
• Sete doenças fatais:
1. Falta de constância de propósitos e objetivos;
2. Ênfase nos lucros em curto prazo;
3. Avaliações individuais de mérito e desempenho, em lugar da avaliação
dos times;
4. Mobilidade da alta administração, mudança de cargos e rotatividade no
emprego;
5. Administração baseada apenas em números ou indicadores visíveis, o
que caracteriza o conhecimento apenas superficial dos processos
produtivos;
6. Custos indiretos excessivos por conta de planos de assistência social
que são obrigação do governo;
7. Custos excessivos com disputas judiciais por conta de garantias legais e
honorários advocatícios.
1.2.2 – Joseph Juran
Talvez seja o mais conceituado consultor em gestão de Qualidade.
Sugeriu a implementação de sistemas de Qualidade através de três etapas
distintas, denominadas trilogia Juran, que Lourenço (2008) descreve:
I – Planejamento da Qualidade:
• Identificar os clientes e suas necessidades;
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• Transformar as necessidades dos clientes em requisitos para os
produtos;
• Projetar e implantar processos operacionais capazes de garantir a
Qualidade em função dos requisitos;
• Transferir a responsabilidade da operação e controle da Qualidade para
a força de trabalho.
II - Controle da Qualidade:
• Identificar as áreas que requerem controle;
• Criar e implementar os sistemas de controle (procedimentos e
equipamentos);
• Estabelecer e implementar um sistema de medição;
• Fixar padrões de desempenho;
• Avaliar o rendimento real, medir o desempenho corrente e compara-lo
com o objetivo;
• Agir para a correção dos desvios.
III - Melhoria contínua:
• Identificar as oportunidades nas áreas para as melhorias;
• Elaborar os planos específicos para as melhorias;
• Formar os grupos, equipes ou times para as melhorias;
• Treinar as equipes a utilizar as ferramentas da Qualidade escolhidas;
• Implementar os projetos e designar as equipes para cada um;
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• Avaliar e divulgar os resultados do processo alcançado e revisar
periodicamente os planos.
1.2.3 - Philip Crosby
Philip Crosby é reconhecido por ter transformado a maneira de como a
Qualidade é praticada na atualidade. Seu nome é associado aos conceitos de
“zero defeito” e de “fazer bem à primeira vez” (Marshall, J – 2006).
Crosby considera a prevenção como a principal causadora da Qualidade
e a associa a três ações: determinação, formação e liderança.
O principal evangelista da Qualidade, como foi chamado pela revista
Time, define 14 pontos para a melhoria da Qualidade, e salienta que estes
fazem parte de um processo, não um programa, e devem ser perseguidos de
modo permanente.
Lourenço (2008) descreve os 14 passos de Crosby:
1. Certifique-se que o gerenciamento está comprometido com a Qualidade;
2. Forme times para melhoria da Qualidade com representantes de todas
as áreas da organização;
3. Identifique onde estão e adote medidas para medir e avaliar os
problemas correntes e potenciais que comprometem a Qualidade;
4. Planeje e implemente as ações necessárias para corrigir os problemas
identificados (item anterior);
5. Aproprie os custos relativos à Qualidade e inclua-os nos orçamentos
anuais;
6. Estabeleça adote medidas para despertar o interesse de todos os
empregados para a política de Qualidade da organização;
22
7. Formalmente o “Comitê do zero-defeito”;
8. Treine todos os empregados em suas funções destinadas a melhoria da
Qualidade;
9. Crie formalmente o “Dia do zero-defeito” para que todos os empregados
mostrem e participem das melhorias e mudanças;
10. Convoque os empregados, forme equipes e negocie com eles as metas
de melhoria;
11. Dê apoio e encoraje os empregados a reportar os obstáculos às
melhorias;
12. Crie formas de estimular e recompensar os empregados;
13. Crie formalmente o Conselho da Qualidade e mantenha-o em atividade
para comunicar-se com toda a organização sobre as realizações para as
melhorias;
14. Realize campanhas e crie mecanismos para mostrar que a gestão pela
Qualidade para as melhorias deve ser permanente.
1.2.4 - Armand Feigenbaum
É considerado o pai do conceito de controle da Qualidade total (Total
Quality Control – TQC) e reconhecido como pioneiro no estudo dos custos da
Qualidade (Marshall Junior 2006)
De acordo com sua abordagem, a Qualidade é um instrumento
estratégico que deve preocupar todos os trabalhadores. Mais do que uma
técnica de eliminação de defeito nas operações, a Qualidade é uma filosofia de
gestão e um compromisso com a excelência.
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Dentre suas obras destacam-se os 19 passos para a melhoria da
Qualidade e os seus quatro pecados mortais.
1.2.5 - Kaoru Ishikawa
Pioneiro no gerenciamento da Qualidade no Japão (Lourenço, J –
2008). Para ele, cada elemento da empresa tem que estudar, praticar e
participar do controle da Qualidade.
Uma das suas maiores contribuições foi à criação das sete ferramentas
do controle da Qualidade:
• Gráfico de Pareto;
• Diagrama de causa-efeito;
• Histograma;
• Gráfico de controle;
• Diagrama de dispersão;
• Folha de verificação;
• Fluxograma.
1.3 - Prêmio Nacional de Qualidade
O Prêmio Nacional de Qualidade é o modelo de Gestão da Qualidade
proposto pela FNQ (fundação Nacional da Qualidade), entidade privada e sem
fins lucrativos, instituída no Brasil em outubro de 1991.
Segundo a FNQ o Prêmio Nacional de Qualidade é um reconhecimento,
sob a forma de um troféu, a excelência na gestão das organizações sediadas
no Brasil.
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O prêmio busca promover:
• Amplo entendimento dos requisitos para alcançar a excelência do
desempenho e, portanto, a melhoria da competitividade; e,
• Ampla troca de informações sobre métodos e sistemas de gestão que
alcançaram sucesso e sobre os benefícios decorrentes das utilização
dessas estratégias.
Muitos empresários se perguntam quais vantagens a organização
recebe ao se candidatar ao prêmio Nacional de Qualidade e são rebatidos:
“Todas as organizações participantes recebem um
relatório de avaliação detalhado, que relaciona os pontos
fortes e diagnostica as oportunidades para melhoria, ou
seja, detalha o que a organização deve manter e
aprimorar, assim com os aspectos que necessitam ser
melhorados e buscados para que venha a se tornar uma
organização de excelência em gestão, levando, com isso,
ao aumento de sua competitividade”. (FNQ, 2007, p.7).
Para a FNQ, gerir com Qualidade é promover ações que busquem o
atendimento pleno do modelo de gestão referenciados nos critérios de
excelência (CE), que são editados pela FNQ e anualmente atualizados.
Os fundamentos em que se baseiam os critérios de excelência são:
1. Pensamento Sistêmico;
2. Aprendizado Organizacional;
3. Cultura de Inovação;
4. Liderança e constância de propósitos;
5. Orientação por processos de informações;
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6. Visão de futuro;
7. Geração de valor;
8. Valorização das Pessoas;
9. Conhecimento sobre o cliente e o mercado;
10. Desenvolvimento de parcerias;
11. Responsabilidade Social.
Em função de sua flexibilidade, da simplicidade da linguagem utilizada
e, principalmente, por não prescrever ferramentas e práticas de gestão
específicas, o modelo é útil para a avaliação, o diagnóstico e a orientação de
qualquer tipo de organização, pública ou privada, com ou sem finalidade de
lucro e de porte pequeno, médio ou grande.
O modelo de excelência da gestão é concebido tendo como base os
fundamentos da Excelência, sendo constituído por oito critérios, que se
subdividem em 24 itens de avaliação. Os critérios são:
1. Liderança;
2. Estratégias e Planos;
3. Clientes;
4. Sociedade;
5. Informação e Conhecimento;
6. Pessoas;
7. Processos;
8. Resultados.
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Fonte:FNQ, 2002 in Marshall Júnior, 2006, p. 50
1.4 - Normas ISO-9000
Segundo a ABNT (2000), as normas da família 9000 foram
desenvolvidas para apoiar organizações, de todos os tipos e tamanhos, na
implementação e operação de sistemas de Qualidade eficazes.
A ISO (International Organization for Standardization) é uma federação
mundial de organismos de normalização nacionais de, aproximadamente, 120
países. No Brasil, a ISO é representada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
A ISO série 9000 é composta essencialmente por três normas:
• NBR ISO 9000/2000 – Sistema de Gestão da Qualidade – Fundamentos
e Vocabulários.
• NBR ISO 9001/2000 – Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos.
• NBR ISO 9004/2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes
para melhorias de desempenho.
A conscientização para Qualidade e o reconhecimento de sua
importância, tornou a certificação de sistemas de gestão da Qualidade
27
indispensável para as micros e pequenas empresas de todo o mundo. Apesar
de não há obrigatoriedade em certificações ISO 9000, verifica-se na prática,
que ficará cada vez mais difícil vender dentro e fora do país sem que a
empresa possua o certificado, seja por exigência de clientes, seja para
demonstrar a prática de um sistema de Gestão de Qualidade organizado e
operante.
Marques (2008) cita como benefícios potenciais da certificação pela ISO
9001:2000:
• Maior controle sobre os processos, resultados da padronização das
atividades;
• Maior domínio da área tecnológica em função do controle dos
processos;
• Redução das perdas resultado da organização interna, da política
profilática, da redução do retrabalho e da cultura de aprendizagem e
melhoria contínua;
• Aumento da confiabilidade da direção e da gerência sobre a capacidade
de atender os requisitos dos clientes;
• Aumento da satisfação e confiança do ciente perante a organização;
• Maior motivação dos empregados, dentre outras, pelo envolvimento nas
decisões;
• Aumento na produtividade.
1.5 - Ciclo PDCA
O ciclo PDCA é uma ferramenta gerencial, freqüentemente utilizada,
excelente para o processo e crescimento de uma empresa.
O nome PDCA é derivado de:
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P = Plan (Plano)
D = Do (Fazer)
C = Check (Verificar)
A = Action (Ação)
A fase do P é onde se estabelece o objetivo e processo necessário para
fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e política da
organização. Nogueira divide a fase P em etapas:
A. Problemas – descreva os possíveis problemas que são enfrentados pela
empresa em alguma área.
B. Causas – por que está acontecendo o problema?
C. Conseqüências – o que irá acontecer se o problema não for resolvido?
D. Soluções possíveis.
E. Tempo estimado para a resolução do problema.
A fase do D é onde há a implementação dos processos, em que se
determinam o que fazer e quando deverá agir.
A fase C é ideal para monitorar e medir processos e produtos em
relação às políticas e objetivos.
A fase A é o momento de executar ações para promover continuamente
a melhoria do desempenho do processo.
Falconi (1999) acredita que a melhoria da Qualidade é conseguida pelo
gerenciamento correto e obstinado (via PDCA) de todas as atividades da
Qualidade em cada projeto, buscando eliminar as falhas, pela constante
preocupação com a satisfação total das necessidades do cliente e pela
participação e responsabilidade de todos na empresa.
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Marshall (2006) considera que praticando o ciclo PDCA de forma cíclica
e ininterrupta, acaba-se por promover a melhoria contínua e sistemática na
organização, consolidando a padronização de práticas. A figura a seguir
mostra suas quatro fases.
Fonte: Donato, 2008.
O Ciclo PDCA é seqüencial, ou seja, cada vez que se chega a letra A
(Action), começa-se tudo de novo na letra P (Plan). Sempre que se completa
um ciclo, considera-se que alguma melhoria no processo aconteceu.
30
2 – PROGRAMA 5S
O movimento dos 5S nasceu no Japão derrotado pós-Guerra, no final da
década de 1960, como parte do esforço empreendido para reconstruir o país, e
junto com outros métodos e técnicas, contribui e muito para o reconhecimento
da poderosa inscrição made in Japan. No Brasil o movimento chegou
formalmente em 1991, através do professor Vicente Falconi e seus trabalhos
pioneiros na Fundação Christian Ottoni.
2.1 - Conceito
Os 5S ou Programa 5S como é mais conhecido é um conjunto de
conceitos simples voltados para a mobilização dos colaboradores, através da
implementação de mudanças favoráveis no ambiente de trabalho.
O método é chamado de 5S por que em Japonês, as palavras que
designam cada fase de implantação iniciam-se com a letra S, e são, traduzidas
para o português como, “senso de ...”
• SEIRI – senso de organização, utilização.
• SEITON – senso de arrumação, ordenação.
• SEISOU – senso de limpeza, higiene.
• SEIKETSU – senso de padronização, asseio.
• SHITSUKE – senso de disciplina, educação.
A simplicidade em entender os 5S parece convergir com a dificuldade
de pô-los em práticas.
31
“são tão difíceis por que parecem tão fáceis – porque
todos partem do princípio de que serão “sopa” – e, assim,
ninguém realmente se dedica a eles. São tão difíceis
porque as pessoas não entendem do que realmente se
trata.” Osada, pág. 02.
2.2 - Objetivos
O programa 5S deve ser implementado com o objetivo de melhorar as
condições de trabalho e criar o “ambiente de Qualidade”, ou seja, iniciar uma
mudança de cultura na empresa, que favoreça a implantação da Gestão pela
Qualidade Total em todos os ambientes da mesma.
Os objetivos são:
• Melhorar a Qualidade dos produtos/serviços;
• Melhorar o ambiente de trabalho;
• Melhorar a Qualidade de vida dos funcionários;
• Maximizar o aproveitamentos dos recursos disponíveis;
• Otimizar o espaço físico;
• Reduzir e prevenir acidentes;
• Melhorar as relações humanas;
• Aumentar a auto-estima dos funcionários;
• Minimizar excessos;
• Conscientizar e reduzir gastos e desperdícios;
• Reduzir tempo improdutivo;
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• Conscientizar a importância do controle;
• Aumentar a vida útil de ferramentas e equipamentos;
• Melhorar nas relações interpessoais;
• Melhorar na comunicação;
• Desenvolver o espírito de equipe;
• Estimular a criatividade;
• Reduzir os efeitos dos agentes poluentes;
• Reduzir custos.
2.3 – Metodologia de Implantação
Segundo Lapa(1998) a simplicidade dos conceitos e sua aplicação na
prática podem nos transmitir a idéia de que é fácil introduzir esses conceitos no
trabalho ou em casa. Então inicialmente aprendemos que mesmo as coisas
aparentemente simples precisam ser planejadas e sistematizadas.
É necessário que a decisão da implantação parta do mais alto nível de
autoridade da empresa, pois se trata de um programa que procura educar para
incorporação de hábitos novos e abrange todos os componentes da
organização.
A decisão por si só não basta, é necessário comprometimento com o
programa, por parte de quem decidiu pela sua implantação, e isto precisa ser
traduzido em ações práticas, visíveis e compreensíveis para o público liderado,
com ações como:
• Formalizar por escrito a intenção;
• Definir prioridades e metas;
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• Disponibilizar recursos para a implantação;
• Dispor de instrumentos de verificação e acompanhamento da evolução
da implantação;
• Servir como referência, demonstrando mudanças de hábitos e de
atitudes.
É necessário designar um coordenador de implantação, cujas funções são:
• Adquirir conhecimento sobre os conceitos;
• Elaborar um Plano de Implantação;
• Sistematizar a implantação;
• Servir como consultor interno;
• Promover treinamento;
• Orientar a implantação;
• Promover engajamento;
• Controlar a implantação;
• Relatar sucessos e insucessos.
A pessoa indicada para esta tarefa deve ser: interessada, persistente,
curiosa, estudiosa, ter facilidade em comunicar, habilidosa e respeitada na
organização(Marshall, 2006).
O plano de implantação dos 5S deve definir:
• O que deve ser feito.
• Quem deve fazer.
34
• Quando será feito.
• Onde será feito.
• Como deverá ser feito.
Lapa (1996) mostra o detalhamento do Plano de Implantação:
Fonte: Lapa, 1996, p. 24.
Também é Lapa (1996) que sistematiza a implantação, e divide as fases
de implantação associando ao ciclo PDCA.
35
Fonte: Lapa, 1996, p. 28.
2.3.1 – 1º S: SEIRI (organização)
Osada (2004) afirma que a organização (Seiri) é realmente a arte de
eliminar as coisas desnecessárias.
A idéia de eliminar tudo que é desnecessário precisa estar associada a
julgamentos de valor e a gerenciamento pela estratificação, que envolve definir
a importância de alguma coisa, reduzir o estoque não-essencial e ao mesmo
tempo garantir o acesso imediato ao essencial para obter a máxima eficiência.
Lapa (2006) utiliza a tabela (dividindo em fases) que estabelece passo a
passo às ações e os procedimentos necessários para a prática e aplicação do
1º S (Senso).
36
Fonte: Lapa, 1996, p. 35.
Fonte: Lapa, 1996, p. 36.
37
Fonte: Lapa, 1996, p. 37.
Fonte: Lapa, 1996, p. 38.
38
Fonte: Lapa, 1996, p. 39.
2.3.2 – 2º S: SEITON (arrumação)
Arrumar significa determinar o melhor local, a melhor maneira, a melhor
disposição para guardar todo material utilizado na empresa, de tal forma que
possam ser encontrados, localizados, repostos com facilidade, sem perda de
tempo e com segurança.
Osada (2004) afirma que o procedimento básico para a arrumação é:
• Analisar o status quo;
• Definir lugares para as coisas;
• Definir como guardar as coisas;
• Fazer com que todos sigam as regras da arrumação.
A arrumação trará mais resultados quando todos participarem e
praticarem a engenhosidade em criar melhores meios de estocagem.
39
Na pratica deste 2º S é possível aflorar a criatividade das pessoas na
busca de alternativas de sinalização e ordenação dos diversos quesitos. Lapa
(2006) mostra o passo a passo para a prática do Seiton:
Fonte: Lapa, 1996, p. 48.
Fonte: Lapa, 1996, p. 49.
40
Fonte: Lapa, 1996, p. 50.
2.3.3 – 3º S: SEISO (limpeza)
Na pratica do Seiso, observamos que o mais importante não é limpar, o
mais importante é não ter que limpar, ou seja, não sujar.
Osada (2004) considera que a limpeza é uma filosofia, um compromisso
de se responsabilizar por todos os aspectos das coisas que está em uso e
garantir que sejam mantidas em perfeitas condições.
Lapa (2006) mostra passo a passo a pratica do Seiso:
41
Fonte: Lapa, 1996, p. 56.
Fonte: Lapa, 1996, p. 57.
42
Fonte: Lapa, 1996, p. 58.
2.3.4 – 4º S: SEIKETSU (padronização)
Osada (2004) considera padronização como o estabelecimento dos
procedimentos de organização, arrumação e limpeza, e como uma
preocupação e atividade constantes para garantir a manutenção de controles
visuais.
A pratica do seiketsu, tem a mesma característica do seiso, isto é, a
avaliação deve ser feita no ambiente, pois os fatores de riscos podem estar
associados ao espaço físico, ao mobiliário, aos dispositivos e à matéria-prima.
Lapa (2004) mostra os procedimentos na tabela:
43
Fonte: Lapa, 1996, p. 63.
Fonte: Lapa, 1996, p. 64.
44
Fonte: Lapa, 1996, p. 65.
2.3.5 – 5º S: SHITSUKE (disciplina)
“Bons times seguem a regra do jogo” (Osada, 2004).
Em muitos aspectos, a criação de um ambiente de trabalho disciplinado
é a medida mais importante para garantir a Qualidade. Praticar o Shitsuke é
desenvolver o hábito de observar e seguir normas, regras e procedimentos,
atender especificações, sejam elas escritas ou informais.
A implantação do Shitsuke consiste na avaliação sistemática
abrangendo os quatro demais sensos já implantados. Conseqüentemente a
sua implantação não é feita verificando nenhum quesito específico, conforme
Lapa (2006) mostra:
45
Fonte: Lapa, 1996, p. 63.
Fonte: Lapa, 1996, p. 70.
46
Fonte: Lapa, 1996, p. 71 Fonte: Lapa, 1996, p. 24.
47
3 - SALÃO DE BELEZA: ORGANIZANDO COM
QUALIDADE
Neste capítulo abordaremos de maneira simplificada, a atividade de
“Salão de Beleza”, avaliando o empreendimento do ponto de vista
mercadológico, técnico, financeiro, jurídico e organizacional.
3.1 - Ficha Técnica da Atividade
• Setor da economia: Terciário
• Ramo de Atividade: Prestação de serviços
• Tipo de negócio: Salão de beleza
• Produtos Ofertados/produzidos: Serviço de tratamento de beleza e
cuidados pessoais, que incluem manicuro e pedicuro, cabeleleiros,
depiladores, maquiadores entre outros.
• Objetivo do Empreendimento: Prestar serviços com Qualidade e
técnica, em um ambiente sofisticado, com conforto e higiene, aliados a
profissionais especialistas e técnicos treinados (SEBRAE – 2006).
3.2 - Aspectos Operacionais
3.2.1 - Estrutura Física
O SEBRAE-RJ (2006) defende que a estrutura física de um salão de
beleza poderá ser dividida em:
• Recepção;
• Área de espera;
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• Área de serviços como corte e maquiagem;
• Lavatório para cabelos;
• Área para aplicação de produtos químicos;
• Área para depilação;
• Estoque;
• Sanitários;
• Administração;
• Copa;
• Caixa.
Especial atenção é dada a infra-estrutura das instalações elétricas e
hidráulicas, assim como ao fornecimento desses serviços pelos órgãos
públicos, visto que o funcionamento desta atividade depende
fundamentalmente de água e energia elétrica.
3.2.2 - Plano de negócio
Um plano de negócio pode ser entendido como um conjunto de
respostas que definem os produtos e os serviços que são oferecidos, o formato
de “Salão” mais adequado, o modelo de operação da “loja” que viabilize a
disponibilidade desses produtos e serviços, e o conhecimento, as habilidades e
atitudes que os responsáveis pelo “Salão” deverão possuir e desenvolver.
Perguntas que devem ser respondidas pelo Plano de Negócio:
• Quais serviços o Salão de Beleza oferece?
• Como serão obtidos os produtos que são comercializados?
49
• O que de melhor é oferecido?
• Quem é e onde está o cliente?
• Onde é instalada a empresa?
• Qual deve ser a competência dos dirigentes da empresa?
• Como é a empresa?
• Como e quais preços são cobrados?
• Que resultado é obtido?
• Quais investimento são necessários?
• Quando virão os resultados?
• Por quanto tempo suporta movimento fraco?
3.2.3 - Planejamento estratégico
O raciocínio estratégico do serviço de um Salão de Beleza inclui a
análise:
• Da promessa do serviço;
• Da expectativa do cliente;
• Da oferta do mercado;
• Das experiências anteriores;
• Das mudanças para aperfeiçoamento.
Nogueira (2003) subdivide a hierarquia de valor dos serviços para o
cliente como:
50
Fonte: Nogueira, 2003, p. 15.
Inesperado - é o que o cliente não espera encontrar, por isso mesmo
fica surpreso e encantado. Em um salão de beleza isso pode incluir:
velocidade de atendimento, educação, presteza, simpatia, honestidade,
envolvimento e interesse.
Desejado - é fruto do bom treinamento, aonde os procedimentos são
seguidos, imperam a educação a eficiência e a eficácia.
Esperado - esse tipo de atendimento em Salão de Beleza não fideliza o
cliente, apenas resolve o seu problema. Esse tipo de atendimento preocupa-se
em atender a expectativa do cliente, não mais do que isso.
Básico – é encontrado na maioria dos lugares, é o tipo de atendimento
que não é bom nem ruim.
Desencantador – é quando o cliente deixa a empresa, e na maioria das
vezes, não efetua a compra, ou não realiza o serviço. Um exemplo desse tipo
de atendimento é quando um cliente chega e ninguém lhe dá atenção.
51
3.2.4 - Análise e planejamento financeiro
Uma correta administração financeira permite que se visualize a
situação do salão de beleza. Registros adequados permitem análises e
colaboram com o planejamento para otimizar resultados.
Dados que merecem atenção:
• Gastos:
• Preço de venda.
• Margem de contribuição.
• Fluxo de caixa.
• Capital de giro.
Na administração um Salão de Beleza alguns conceitos relativos ao
planejamento financeiro merecem atenção. São eles:
• Caixa: são os controles financeiros básicos, tais como os registros de
caixas das entradas e saídas, contas a pagar e contas a receber, controle
bancário, controle de estoques e fluxo de caixa.
• Lucro: é a apuração do resultado: a relação entre receitas e custos mais
despesas, a margem de contribuição, a relação entre despesas e custos
fixos e variáveis.
• Investimento: são todas as necessidades para se iniciar o salão de
beleza. È composto de:
Ø Investimento Fixo: são todos os bens duráveis
(linhas de telefone, luvas para aquisição do ponto,
ferramentas, secadores, máquinas e
equipamentos, como climazon, por exemplo).
Ø Investimento inicial. Ø Custos. Ø Despesas.
52
Ø Investimentos Pré-operacionais: são todos os
gastos com projetos arquitetônicos de decoração,
iluminação, despesas com organização da
empresa.
• Capital de Giro: recurso necessário para fazer frente a todas as
despesas geradas pelas atividades do Salão (compras, vendas a prazo,
giro de estoques, pagamento de salários, impostos), até que o Salão
comece a receber dos clientes.
• Custos: São todos os gastos realizados efetivamente na produção de
um bem ou serviço e que serão incorporados posteriormente no preço da
venda.
• Fluxo de caixa: é aonde são organizadas as informações do salão. É
uma ferramenta gerencial que facilita e, torna mais sólidas as decisões de
cada empresário.
• Despesas: são os gastos destinados a comercialização dos produtos e
serviços e à administração geral do salão. Ex. comissão sobre venda de
produtos, honorários contábeis etc. As despesas reduzem o lucro, enquanto
os custos são incorporados aos produtos.
Ø Despesas de comercialização: são os gastos
relacionados com as vendas do salão
A. ICMS – imposto sobre a circulação de
mercadorias e serviços.
B. ISSQN – imposto sobre serviços de qualquer
natureza.
C. CONFINS – contribuição para financiamento da
53
seguridade social.
D. PIS – programa de integração nacional.
E. IR – imposto de renda.
F. CS – contribuição social.
G. Comissões – comissão de vendedores e
encargos financeiros.
Ø Despesas fixas: são os gastos que o salão tem
com a manutenção de operações, não
relacionadas a qualquer produto ou serviço. Por
exemplo:
A. Água, luz, telefone.
B. Correios.
C. Material de limpeza e de escritório.
D. Manutenção de aparelhos.
E. IPTU, aluguéis e taxas.
F. Seguros.
G. Vale transporte.
H. Despesas administrativas (salários, encargos
sociais).
I. Despesas de publicidade.
J. Salários dos funcionários.
3.2.5 - Marketing
54
Segundo Kotler (1996), marketing é um processo social e gerencial pelo
qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da
criação, oferta e troca de produtos de valor com outros.
O maior departamento de marketing do mundo não pode compensar a
deficiência de produtos ou serviços. O cliente que não pode se dirigir ao
gerente de um Salão de Beleza, ou que é esquecido por um cabelereiro no
lavatório, reconhecidamente vai subestimar a imagem desta empresa em sua
mente. A empresa perderá a confiança deste consumidor.
A meta do Salão de Beleza não é apenas conquistar clientes, mas o que
é mais importante, retê-los. O marketing de relacionamento com consumidores
fornece a chave para retê-los e envolve benefícios financeiros e sociais, além
de laços estruturais para mantê-los fieis.
3.3 - Aspectos Mercadológicos
3.3.1 - Cliente/consumidor
O público alvo de um salão de beleza é formado por todos os tipos de
consumidores, predominantemente mulheres, não havendo diferenciação de
idade ou classe social (SEBRAE, 2006).
Atualmente já existe uma grande procura dos serviços relacionados à
estética por parte do público masculino, e até mesmo, infanto-juvenil.
Para garantir que o cliente escolha um determinado Salão, é necessário
que o empresário conheça o perfil do cliente e saiba exatamente o que ele
quer oferecer ao cliente. Oferecer produto e serviço que o cliente deseja, será
55
o melhor meio de garantir que as vendas aumentem e que o salão continue
crescendo.
Mesmo que o salão tenha vários tipos de consumidores, haverá sempre
um grupo em destaque.
3.3.2 - Fornecedores
Por se tratar de uma empresa prestadora de serviços, os fornecedores
de Salão de Beleza classificam-se em dois tipos basicamente:
• Fornecedores de equipamentos, máquinas e móveis.
• Fornecedores de produtos.
Normalmente esses fornecedores são representantes e distribuidores
locais. É importante avaliar:
• Quais os principais fornecedores.
• Como trabalham:
A. Preços;
B. Prazo;
C. Condições de pagamento;
D. Pontualidade;
E. Qualidade;
F. Garantia oferecida;
G. Relacionamento;
H. Facilidade de acesso.
56
3.3.3 - Concorrentes
Esse tipo de negócio possui um grande número de concorrentes,
formais e informais, e de todos os níveis não levando em conta a tipologia, pois
estão inseridos desde barbearias até salões mais sofisticados (SEBRAE,
2006).
A concorrência pode ser estimulante ao invés de ameaçador, se
devidamente pesquisada e analisada. Em relação aos concorrentes é
interessante conhecer:
• Quantos são;
• Onde estão localizados;
• Como trabalham preços e prazos;
• Os procedimentos do atendimento;
• A Qualidade dos produtos oferecidos;
• Garantias oferecidas;
• Tempo de mercado.
3.3.4 - Localização
O SEBRAE (2006) recomenda que o empreendimento seja instalado em
locais de grande fluxo e em grandes avenidas de bairros tradicionais da
cidade, com disponibilidade de estacionamento, segurança e infra-estrutura.
3.3.5 - Layout
Devido ao tempo considerável, em média 2 horas, que um cliente passa
nos salões de beleza, é importante ter um layout adequado e agradável.
57
Um salão de beleza deve contar com um ambiente bem iluminado, pisos
limpos e laváveis, banheiros distintos, climatização, fachadas limpas, e
diferenciações como sala de espera com som ambiente, serviço de bar,
recepção organizada, salas distintas para cada tipo de serviço, além de bom
espaço para execução dos serviços pelos profissionais.
3.4 - Aspectos Legais
Para que uma empresa realize suas atividades, é necessário que esteja
devidamente legalizada, ou seja, deverá estar registrada em determinados
órgãos nos âmbitos federal, estadual e municipal.
3.4.1 - Legislação específica
É de suma importância que o empresário tenha o conhecimento de
algumas legislações que regem o setor, tais como:
• Lei Federal nº 6.360/76 que dispõe sobre a vigilância a que fica sujeita
os cosméticos.
• Decreto nº 22979/33 que regula a duração e condições do trabalho dos
profissionais empregados em barbearias e estabelecimentos congêneres.
• Lei Estadual nº 1.321/88 que obriga os salões de beleza do estado do
Rio de Janeiro, a instalar equipamentos destinados a manter, em caráter
permanente, a esterilização de tesouras, navalhas alicates e demais
instrumentos congêneres.
• Decreto nº 897/76 estabelece o Código de Segurança contra Incêndio e
Pânico.
• Decreto nº 35.671/04 que dispõe sobre a segurança de incêndio e
pânico.
58
• Lei Federal nº 8.078/90 que define as normas do Código de defesa do
consumidor.
3.4.2 - Vigilância sanitária
A vigilância sanitária estabelece regras específicas para a prestação de
serviços de manicuro, pedicuro e podólogo (CVS – 11/93).
Os estabelecimentos que prestam serviços de manicuro, pedicuro,
tratamento de pele, depilação, tratamento de cabelos, maquiagem, somente
poderão funcionar mediante licença de funcionamento e alvará expedido pela
autoridade sanitária competente deverá, portanto, estar cadastrados no CEVS
– Cadastro Estadual de Vigilância Sanitária e na autoridade municipal.
3.4.3 - Registro especial
São os registros junto as seguintes entidades:
• Junta comercial.
• Secretaria da receita federal.
• Secretaria da fazenda.
• Prefeitura municipal.
• Sindicato patronal.
3.4.4 - Lei da pequena e micro empresa
Freqüentemente um salão de beleza é considerado uma ME
(microempresa) ou uma EPP (empresa de pequeno porte) e, estas assim
consideradas pela Lei nº9.841/99 (Estatuto da Micro e Pequena Empresa),
recebem tratamento diferenciados em vários órgão governamentais, inclusive
quanto à redução ou isenção de taxas de registros, licenças, etc.
59
O estatuto define:
• Microempresas são as sociedades empresárias, as sociedades simples
e o empresário individual, cuja receita bruta anual, não ultrapassa R$
240.000,00.
• Empresa de Pequeno Porte são as mesmas entidades (sociedades
empresárias, sociedades simples e empresário individual), cuja receita
bruta anual é maior que R$ 240.000,00 e não ultrapassa R$ 2.400.000,00.
Entre outras conquistas importantes, o Estatuto instituiu o Simples
Nacional (regime de tributação também denominado “super simples”), o
Comitê Gestor de Tributação e o Fórum Permanente das ME e EPP e,
aumentou o acesso dos pequenos empreendedores ao crédito e ao mercado.
3.4.5 - Marcas e patentes
Registrar a marca do salão significa ter a garantia sobre o uso de um
nome, um sinal visual ou mesmo uma figura.
É a marca que identifica e distingue uma empresa, um produto, uma
mercadoria ou um serviço dos demais no mercado em que atua.
É relevante que seja feito o registro da marca junto ao INPI (Instituto
Nacional de Propriedade Industrial), para que seja garantido o uso exclusivo da
marca em benefício do Salão de Beleza, coibindo seu uso indevido por
terceiros.
3.5 – Visão Geral do Programa 5S em um Salão de Beleza
Aplicando o 5S em um Salão de Beleza é possível:
• Melhorar o ambiente de trabalho;
• Prevenir acidentes com clientes e/ou funcionários;
60
• Incentivar a criatividade dos funcionários;
• Reduzir os custos;
• Eliminar desperdícios;
• Desenvolver o trabalho em equipe;
• Melhorar as relações humanas;
• Melhorar a Qualidade dos serviços prestados;
• Iniciar com sucesso um Sistema de Qualidade Total.
3.5.1 – Seiri X Salão de Beleza
Essa técnica seria utilizada para identificar e eliminar objetos e
informações desnecessárias existentes no Salão. É necessário que se
estabeleça os critérios para eliminar o desnecessário e que todos os
funcionários obedeçam a esse critério.
Um bom critério para separar e selecionar:
• Se é usado toda hora – colocar no próprio local de trabalho.
• Se é usado todo dia – colocar próximo ao local.
• Se é usado toda semana – colocar no “almoxarifado” de trabalho.
• Se não é necessário – descartar.
As principais vantagens do Seiri seriam:
• Liberar mais espaço.
• Eliminar excessos.
• Eliminar materiais que estão fora de uso.
61
• Diminuir risco de acidente.
É importante que seja pré-estabelecido a área de descarte, para evitar
que se torne área de bagunça. A responsabilidade da pessoa que está
descartando só termina no momento final do material descartado.
3.5.2 – Seiton X Salão de Beleza
É uma atividade para arrumarmos os materiais que sobraram depois do
Seiri. O ideal é definir um arranjo simples que permita obter apenas o que o
funcionário precisa, quando precisa. Os materiais devem ser colocados em
locais de fácil acesso e de maneira que seja simples verificar quando estão
fora do lugar.
As principais vantagens do Seiton seriam:
• Rapidez e facilidade para encontrar produtos, aparelhos, acessórios e
outros objetos.
• Economia de tempo.
• Diminuição de acidentes.
3.5.3 – Seiso X Salão de Beleza
Nesta etapa o foco é eliminar o lixo, a sujeira e os materiais estranhos, e
também investigar as rotinas que geram sujeira, tentando modificá-las. Tudo
que agride o meio-ambiente pode ser englobado como sujeira (mau-cheiro,
ruído, pouca ventilação etc).
Todo funcionário do salão é responsável pela manutenção da limpeza,
por não desperdiçar materiais e deixar banheiros e lavatórios em ordem após o
uso.
As principais vantagens do Seiso são:
62
• Melhoria no local de trabalho.
• Satisfação dos funcionários por trabalharem em um ambiente limpo.
• Maior segurança e controle de equipamentos (climazon, secadores etc.).
• Eliminação de desperdício.
3.5.4 – Seiketsu X Salão de Beleza
Além de manter as coisas organizadas, arrumadas e limpas, nesta
etapa partimos para padronização e melhoria contínua das atividades. E além
do salão, o asseio pessoal acaba melhorando, pois os funcionários absorvem
hábitos mais sadios quanto a aparência e higiene pessoal.
Nesta etapa são detalhadas normas para os 5S que serão executadas
no dia a dia e as responsabilidades de cada um.
As principais vantagens do Seiketsu são:
• Equilíbrio físico e mental.
• Melhoria no ambiente de trabalho.
• Melhoria nas áreas comuns(banheiro, refeitório).
• Melhoria nas condições de segurança.
3.5.5 - Shitsuke X Salão de Beleza
O compromisso pessoal com o cumprimento dos padrões éticos, morais
e técnicos, definidos pelo programa 5S, define a última etapa desse programa.
Se as coisas certas são realizadas naturalmente da maneira como deve
ser feito, mesmo que ninguém veja, significa que existe disciplina.
63
Para que esse estágio seja atingido todas as pessoas envolvidas devem
discutir e participar da elaboração de normas e procedimentos que forem
adotados no programa 5S.
As principais vantagens são:
• Trabalho diário agradável.
• Melhora na comunicação e feedback.
• Valorização do ser humano.
• Cumprimento dos procedimentos operacionais e administrativos.
• Melhor Qualidade, produtividade e segurança no trabalho.
3.5.6 – Implantação do programa 5 S no Salão de Beleza
Embora composto por técnicas simples a implantação do programa
deve seguir alguns passos.
• Sensibilização - é preciso sensibilizar a alta administração para que esta
se comprometa com a condução do programa 5S.
• Definição do gestor ou comitê central - quando a direção do Salão
adota o programa 5S, deve decidir quem irá promovê-lo. O gestor deve ter
capacidade de liderança e conhecimento dos conceitos que fazem parte
desse programa. É função do gestor:
A. Criar a estrutura para implantar o 5S;
B. Elaborar o plano diretor;
C. Treinar líderes;
D. Promocão integrada do 5S.
64
• Anúncio oficial - a direção deve anunciar, para todos os integrantes do
Salão, a decisão de implantar o 5S. Esse anúncio pode ser feito através de
carta aberta ou de uma cerimônia, sempre enfatizando a importância da
adoção dos conceitos do 5S na empresa.
• Treinamento do gestor ou do comitê central - o treinamento pode ser
feito através de literatura específica, visitas a outras instituições que já
estejam implantando o programa 5S, cursos, etc.
• Elaboração do plano-diretor - esse plano deve definir objetivos a serem
atingidos, estratégias para atingi-los e meios de verificação.
• Treinamento da média gerência e facilitadores - esse treinamento visa
um maior compromisso da média gerência com a execução do 5S, assim
como treinar pessoas que possam difundir os conceitos do 5S para os
demais funcionários.
Antes do lançamento do programa 5S devem ser elaborados formulários
para avaliação de cada etapa do programa. Através desses formulários
poderemos visualizar se todas as etapas estão sendo cumpridas e onde há
falhas.
Cada área onde será implantado o 5S deve ter um diagnóstico inicial,
inclusive com registro fotográfico ou filmagem das áreas para comparação do
antes e depois do 5S.
Feito o diagnóstico, deve ser escolhida uma data para o "Dia da Grande
Limpeza", marco inicial para a implantação do 5S. Definida a data devem ser
providenciados os seguintes itens:
• Áreas para descarte de materiais provenientes do Seiri;
• Equipamentos de limpeza, proteção individual, transporte e descarte.
65
O dia do lançamento do 5S deve ser um dia festivo, com eventos tais
como: café da manhã ou almoço de confraternização, gincana, palestra,
apresentação de grupos culturais, etc.
O dia seguinte ao dia do lançamento do 5S é um dia propício para a
primeira de uma série de avaliações que deverão ser realizadas visando
sempre a melhora contínua do ambiente de trabalho (filosofia Kaizen).
66
CONCLUSÃO
Atualmente Qualidade é um termo que passou a fazer parte do objetivo
estratégico das organizações. A busca da excelência é imprescindível para a
empresa que almeja permanecer no mercado.
O Programa 5S é capaz de provocar alterações em um ambiente
organizacional, contribuindo bastante para aumentar o nível de satisfação
daqueles que de fato promovem a Qualidade dos processos e dos produtos: as
pessoas.
Sendo, portanto, o Salão de Beleza uma organização de prestação de
serviços, em que o método de Gestão não é reconhecido em suas prioridades,
a adoção do Programa 5S pode ser o primeiro passo para uma verdadeira
inovação na Gestão dessa atividade, podendo inclusive adicioná-la no ranking
das mais importantes organizações, em nível administrativo.
Certamente, ainda há um longo caminho a percorrer e muito a aprender.
Essa pesquisa intenciona comprovar a viabilidade, possível e necessária, da
Gestão da Qualidade em um Salão de Beleza.
67
BIBLIOGRAFIA
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Rio de Janeiro: 2000. .
• ARAÚJO, Clauber W. M. ARAÚJO NETO, Felizardo V.: Salão de Beleza –
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Japonês). 8ª ed., Belo Horizonte: EDG, 1999. 223 p.
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Compreendendo o Processo de Implementação da ISO 9001. Porto Alegre:
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Implementação e Controle. 4ª ed., São Paulo: Atlas, 1994. 676 p.
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68
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Janeiro: FGV, 2006. 195 p. Série Gestão Empresarial.
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• NOGUEIRA, Écio Madeira: Como obter Qualidade e excelência em seu
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São Paulo: IMAM, 2004. 211p.
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MEDSI, 2001. 205 p.
• www.dridedon.com. Técnicas de Estruturação e Gerenciamento, 1-5 p.,
acessado em 18/03/08.
69
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
Capítulo 1
GESTÃO DA QUALIDADE
9
1.1 - Definições Básicas 10
1.2 - Os Mestres da Qualidade 10
1.2.1 - Edward Deming 10
1.2.2 - Joseph Juran 12
1.2.3 - Philip Crosby 14
1.2.4 - Armand Feigenbaum 15
1.2.5 - Kaoru Ishikawa 16
1.3 - Premio Nacional de Qualidade 16
1.4 - Normas ISO-9000 19
1.5 - Ciclo PDCA 20
Capítulo 2
PROGRAMA 5S
23
2.1 - Conceito 23
2.2 - Objetivos 24
70
2.3 - Metodologia de Implantação 25
2.3.1 - 1º S: Seiri (Organização) 28
2.3.2 - 2º S: Seiton (Arrumação) 31
2.3.3 - 3º S: Seiso (Limpeza) 33
2.3.4 - 4º S: Seiketsu (Padronização) 35
2.3.5 - 5º S: Shitsuke (Disciplina) 37
Capítulo 3
SALÃO DE BELEZA: ORGANIZANDO COM QUALIDADE
40
3.1 - Ficha Técnica da Atividade 40
3.2 - Aspectos Operacionais 40
3.2.1 - Estrutura Física 40
3.2.2 - Plano de Negócios 41
3.2.3 - Planejamento Estratégico 42
3.2.4 - Análise e Planejamento Financeiro 44
3.2.5 - Marketing 47
3.3 - Aspectos Mercadológicos 47
3.3.1 - Cliente/Consumidor 47
3.3.2 - Fornecedores 48
3.3.3 - Concorrentes 49
3.3.4 - Localização 49
71
3.3.5 - Layout 49
3.4 - Aspectos Legais 50
3.4.1 - Legislação Específica 50
3.4.2 - Vigilância Sanitária 51
3.4.3 - Registro Especial 51
3.4.4 - Lei da Pequena e Micro Empresa 51
3.4.5 - Marcas e Patentes 52
3.5 - Visão Geral de um Programa 5S em um Salão de
Beleza
52
3.5.1 - Seiri X Salão de Beleza 53
3.5.2 - Seiton X Salão de Beleza 54
3.5.3 - Seiso X Salão de Beleza 54
3.5.4 - Seiketsu X Salão de Beleza 55
3.5.5 - Shitsuke X Salão de Beleza 55
3.5.6 - Implantação do Programa 5S no Salão de
Beleza
56
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 60
ÍNDICE 62