UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · permanente suporte em todas as etapas da...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Natália Pisciotti de Oliveira Orientadora Prof. Flavia Cavalcanti Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Natália Pisciotti de Oliveira

Orientadora

Prof. Flavia Cavalcanti

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia Institucional.

Por: Natália Pisciotti de Oliveira

Rio de Janeiro

2009

3

AGRADECIMENTOS

...Aos amigos, pela compreensão e força

na finalização deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

A Deus, primeiramente, por me dar forças

de nunca desistir dos meus sonhos e ter

condições de finalizar essa jornada. Aos

meus familiares e amigos que estiveram

presentes por toda essa caminhada e me

apoiaram em mais essa conquista.

5

RESUMO

A contribuição da Psicopedagogia na Educação Infantil no sentido de criar novos

espaços e relações de ensino-aprendizagem nas escolas, deve-se ao fato de que

é nessa faixa de escolarização que se estabelecem as bases do processo de

auto-imagem e de autoconhecimento que fundamentam a apropriação do

conhecimento pelo sujeito aprendente, pois só pode conhecer o mundo aquele

que conhece a si mesmo. Esta pesquisa teve por objetivo conhecer a ação do

Psicopedagogo na Educação Infantil e seu espaço profissional, no ambiente

educativo.

PALAVRA CHAVE: Psicopedagogia / Educação infantil

.

6

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido com um estudo qualitativo de cunho bibliográfico

em que, por meio desta metodologia, ressaltando a importância da

Psicopedagogia na Educação infantil na construção do ser humano e seus

valores.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Psicopedagogia no Brasil 11

C CAPÍTULO II - A importância da Educação Infantil 15

CAPÍTULO III – A importância e a atuação da psicopedagogia no 18

desenvolvimento na Ed. infantil

CAPITULO IX- Uma proposta para avaliação Psicopedagógica qualitativa 24

no contexto da Educação Infantil

CONCLUSÂO 28

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30

FOLHA DE AVALIAÇÃO 31

8

INTRODUÇÃO

A Psicopedagogia tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com

o conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções. Realiza este

trabalho através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade

do aprendente. É uma praxe, portanto comprometida com a melhoria doas

condições de aprendizagem. O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de

forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de

desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias

objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir.

Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática

docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro

da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar

possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das

relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e

troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos

indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e

ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.

Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando

pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas

psicológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades

são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse

profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples

junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

9

O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o

estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com

as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a

equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das

circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os

obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à

leitura do mundo.

A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e

o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentro

dos aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de características que lhe

permitem, ou não, o desenvolvimento de conhecimentos. As características

psicológicas são conseqüentes da história individual, de interações com o

ambiente e com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por

exemplo, o conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc.

Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos

profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da

criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar

esse mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de

interferir com segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só

contribuirá com o desenvolvimento da criança, desde sua infância, como também

contribuirá com a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da

maioria da humanidade.

Então como a psicopedagogia pode ajudar no desenvolvimento de

crianças durante a educação infantil? A educação infantil precisa se mais do que

um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo,

seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a

criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento.

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Nessas condições, acreditamos que o Psicopedagogo é um grande contribuinte,

porque trabalha com o objetivo de realizar um diagnóstico, identificar as causas

do problema e intervir para desenvolver no sujeito o desejo de aprender.

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CAPÍTULO I

A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

O caminho da Psicopedagogia no Brasil, é árduo. O Psicopedagogo,

profissional pós-graduado, precisa ser um multi-especialista em aprendizagem

humana, congregando conhecimentos de diversas áreas técnicas e científicas,

com o objetivo de intervir nesse processo, tanto com o intuito de potencializá-lo,

quanto de tratar dificuldades, utilizando instrumentos próprios para este fim.

A ciência Psicopedagogia, apresenta um campo de atuação

extremamente vasto, restando ao profissional a tarefa imensa e complexa de

assumir a sua colocação com discernimento e compromisso, construídos sob

uma base sólida de formações teórico-práticas.

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de atendimento às crianças

com dificuldades de aprendizagem. Sendo que este problema apresentado por

algumas crianças tornavam-nas inaptas dentro do sistema convencional de

educação e eram vistos como uma situação desencadeadora de outros

problemas, inclusive o fracasso e a evasão escolar. O que se comprova,

perante os comportamentos negativos com relação ao desenvolvimento das

atividades pedagógicas.

Uma vez estabelecido que a Psicopedagogia surgiu devido a

necessidade de atender crianças com dificuldades de aprendizagem,

consegue-se firmar o seu principal enfoque, ou seja, algo que se traduz em ser

o seu objeto de estudo.

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No início do processo histórico, já podemos observar a Psicopedagogia

como uma ciência norteadora dos procedimentos necessários ao trabalho com

crianças que apresentavam algum tipo de barreira intransponível à sua

aprendizagem, objetivando o reconhecimento das capacidades individuais e

procurando eliminar os obstáculos que a impediam de aprender.

Esta difícil tarefa, fez com que a Psicopedagogia, se unisse às demais

áreas que lidam com o ser humano, procurando maiores fundamentações

teórico-práticas, hoje tidas veementemente como subsídios indispensáveis à

todo e qualquer tratamento Psicopedagógico.

A Psicopedagogia é uma área de estudos preocupada em conhecer o

ser que conhece e produz conhecimento e, para tal, necessita superar a visão

clássica que separa o objetivo do seu meio, separa o físico do biológico, o

biológico do humano, as categorias, a disciplina etc. Caracterizando com isso,

a necessidade de enquadrar-se em uma totalidade que abrange todos os elos

de ligação que ancoram o ser humano ao mundo.

O Objetivo da Psicopedagogia vai além de processos de aprendizagem.

Refere-se a um sujeito que aprende, sendo este muito mais do que um

aprendiz, um ser capaz de se conhecer e conhecer sobre o meio ambiente do

qual faz parte.

Visca, 1987, foi um dos primeiros psicopedagogos que se preocupou

com a epistemologia da psicopedagogia e propôs estudos baseados no que se

chamou de epistemologia convergente, resultado da assimilação recíproca de

conhecimentos fundamentados no construtivismo, estruturalismo construtivista

e no interacionalismo. Essas contribuições influenciaram a psicopedagogia

brasileira, mas diferenciam-se dependendo da região.

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O autor acima citado, merece muita consideração neste trabalho,

entendendo-se que a Psicopedagogia nasceu na Argentina, e que Jorge Visca

é considerado pela literatura dos profissionais da área, como sendo “o Pai da

Psicopedagogia”.

Atualmente, a Psicopedagogia integra com propriedade as prerrogativas de

educação para o terceiro milênio, sendo que as dificuldades a serem superadas

resumem-se na disposição de continuar se posicionando frente à realidade,

promovendo a integração e a articulação das unidades e dos diferentes

conhecimentos sobre o ensinar e o aprender. O que significa a abertura para uma

nova forma de produzir conhecimento.

De acordo com o trabalho de pesquisa realizado, pode-se concluir que o

caminho percorrido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia no

encaminhamento do Projeto de Lei para a regulamentação da profissão de

Psicopedagogo, não foi realmente uma tarefa tão simples, e sim, um verdadeiro

processo! Processo este, que nasceu da busca de apropriar-se de seu objeto de

estudo, que é a aprendizagem, cercando-se o quanto mais possível de

fundamentações junto às demais áreas de conhecimento e alavancando com

esta situação, uma forma de cumplicidade para o trato com o ser humano. Desta

forma, uma vez a Psicopedagogia inserida no contexto da transdisciplinariedade,

certamente será melhor reconhecida e valorizada, despontando como possuidora

de identidade ímpar em nosso contexto social.

Com relação a todo o caminho percorrido e descrito pela historicidade nos

textos didáticos, evidencia-se quanto esforço foi dispensado pela ABPp e pelos

profissionais Psicopedagogos, na luta para atingir o reconhecimento de uma

ciência que surge para trabalhar em prol da saúde e do bem-estar, evidenciando

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o indivíduo não só como aquele que é portador de alguma dificuldade, mas

olhando-o como um ser humano à sua semelhança, que naquele exato momento,

está em busca de um auxílio. Porém, convém esclarecer que este auxílio, não é

um auxílio qualquer, mas sim, um auxílio que nasce pela profissionalidade, pelo

respeito ao outro, pela responsabilidade, pela dedicação e seriedade de uma

postura ética.

15

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O período de 0 à 6 anos é o mais importante na formação do educando. É

quando ela constrói os principais instrumentos interiores de que se servirá,

primeiro de modo inconsciente e de progressiva consciência, para se relacionar

com a chamada realidade exterior. Embora não pareça a muitos adultos, esta é

seguramente a fase mais decisiva da vida. O tempo todo a criança age,

descobrindo, inventando, resistindo, perguntando e socializando.

A Educação Infantil corresponde à educação dispensada desde o

nascimento até os seis anos de idade, aproximadamente.

Considerada como etapa essencial, é ela que dá fundamentos primordiais ao

desenvolvimento da criança. Como etapa inicial dentro de dimensão de

permanente suporte em todas as etapas da vida do homem, a educação infantil

torna-se muito importante para o desenvolvimento coordenado no plano físico,

psíquico, cognitivo e social da criança.

O potencial que a criança traz ao nascer, num processo interativo com as

condições oferecidas pelo meio ambiente, irá encaminhar o seu grau de

desenvolvimento, sua maneira de sentir, pensar e agir. Sem saúde, alimentação,

atenção e estímulo, a criança morre ou fica atrasada em seu desenvolvimento.

Brincar fornece à criança a possibilidade de construir uma identidade autônoma,

cooperativa e criativa. A criança que brinca adentra ao mundo do trabalho, da

cultura e dos afetos pela via de representação e da experimentação.

A brincadeira é um espaço educativo fundamental da infância.

16

Ao contrário do que se acredita, nenhuma criança nasce sabendo brincar. Os

bebês tem que aprender a brincar com seus semelhantes, adultos ou crianças

mais velhas.O movimento e as sensações do movimento são os primeiros

divertimentos que os adultos oferecem as crianças.

No início, os bebês podem ser objetos de prazer dos adultos, seus

bonecos ou brinquedos. No entanto, as crianças não recebem passivamente essa

atenção dos adultos. Eles interagem com eles, através do olhar, com sorrisos

imitando os gestos aprendidos. (ABROMOWICZ E WAJSKOP, 1999, p. 56).

A Educação Infantil oportuniza situações em que a criança “amplia os seus

conhecimentos, desenvolve a experiência e a consciência da própria capacidade

de aprender, o gosto pela investigação e pela descoberta, a própria capacidade

de escolha, o espírito crítico, o pensamento, a expressão pessoal e grupal

através das mais variadas formas, registrando-se inclusive sua introdução no

processo de descoberta e utilização da linguagem escrita.”

A criança é o centro do processo educativo, mas o professor “exerce um

papel essencial como definidor da intencionalidade educativa e da caracterização

da atividade pedagógica”. Portanto, o professor de educação infantil deve ter o

conhecimento da realidade social em que vivem as crianças; dos fatores de

desenvolvimento infantil: da teoria educacional mais adequada: bem como o

conhecimento de propostos pedagógicos que consideram as necessidades

educacionais especiais tendo hábitos e atitudes positivas de

segurança,confiança, cooperação e qualidades pessoais para o seu trabalho.

É importante que tenhamos em mente que educação e infância são fatores

essenciais no desenvolvimento da cidadania e nos estudos acadêmicos.

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De açor com Jean-Jacques Rousseau, é preciso compreender que se faz

necessário pensar seriamente no significado da infância que começa com o

nascimento da criança que, por sua vez, deve ser também educada a partir daí,

ou seja, a educação deverá começar a partir do memento em que a criança vem

ao mundo.

Assim deve ser por se tratar da necessidade de formamos o homem, antes

que este possa se inserir na sociedade como cidadão.

Para se realizar um trabalho eficiente e capacitado à criança, uma boa

estrutura é essencial. Isso inclui ter material suficiente para que todos consigam

compartilhar e um bom espaço de criação.

Uma área ao ar livre, mesmo que com poucas árvores, vira uma grande

floresta. Uma sala bem cuidada, rica em cores e com variedade de brinquedos e

estímulos igualmente possibilita momentos criativos, prazerosos e produtivos.

Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca.

Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores

realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e

cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de

uma base sólida que influenciará todo o desenvolvimento futuro dessa criança.

A relação educação / infância deve ser um processo cultural, na qual a

educação, por métodos, didáticas e técnicas eficazes faça com que a criança

desenvolva relações intermitentes entre respeito mútuo, justiça, solidariedade,

igualdade, assim como liderança e outros fatores predominantes na sociedade.

18

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA E A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

NO DESENVOLVIMENTO NA ED. INFANTIL

Como a psicopedagogia pode ajudar no desenvolvimento de crianças

durante a educação infantil? A educação infantil precisa se mais do que um lugar

agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro,

afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse

processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Nessas

condições, acreditamos que o Psicopedagogo é um grande contribuinte, porque

trabalha com o objetivo de realizar um diagnóstico, identificar as causas do

problema e intervir para desenvolver no sujeito o desejo de aprender.

O psicopedagogo poderá oferecer o espaço, através de conversas, jogos,

brincadeiras, atividades propostas para desenvolver determinadas habilidades.

O psicopedagogo na escola, exerce um papel fundamental na criação e no

aperfeiçoamento do clima relacional entre professores, alunos e funcionários e

famílias, muitas vezes, sendo necessário desmitificar a manifestação de

sentimentos primitivos como a inveja, a competição, que impedem a prática

educativa; examinar com a equipe diretiva e/ou professores aspectos que são

destrutivos para as relações interpessoais, diagnosticando e intervindo nos

sintomas e/ou discursos que são mantidos vivos e se repetem, não colaborando

para o crescimento do grupo, sendo ele muito importante na educação infantil,

período básico para a contribuição do sujeito.

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A Psicopedagogia pode cooperar com o trabalho realizado na Educação

Infantil, principalmente na prevenção de futuros problemas de aprendizagem,

oferecendo meios para que seja melhor trabalhado o desenvolvimento infantil,

podendo assim apontar direções para o planejamento de atividades a serem

realizadas com as crianças, assim como sinalizar eventuais dificuldades que as

crianças dessa faixa etária podem apresentar, e com isso estará contribuindo

para a constituição do processo da organização psíquica.

É importante salientar que a brincadeira é a atividade privilegiada da

infância. Ela contribuirá tanto na constituição psíquica como no seu processo de

desenvolvimento, de aprendizagem e de socialização. Os educadores que se

dedicam ao ensino infantil devem ter isso em mente e privilegiar também essa

atividade na proposta de tarefas. O brincar é o primeiro experimentar do mundo

que a criança tem, pois através do brincar desenvolvem-se capacidades

importantes como a memória, a atenção, a imitação a imaginação, ou seja, o

brincar não é uma perda de tempo, nem mesmo um desperdício, pois muito pelo

contrário, o BRINCAR vai muito mais além, pois envolve um conjunto de fatores

que ajudam no desenvolvimento da linguagem, moral, emocional, afetivo e físico.

Ao brincar, a criança passa a ter condições de explorar e refletir sobre a realidade

e a cultura na qual está inserida, podendo assim interiorizar, e assim começar a

se questionar sobre as regras e papéis sociais.

O brincar proporciona o desenvolvimento, a criança aprende a conhecer,

fazer, conviver, e sobretudo aprende a ser. No brincar com alguém, reforça-se

laços afetivos.

A Psicopedagogia vem abrindo e proporcionando novos espaços na

Educação. Muitos educadores estão em busca de conhecimentos que possam

lhe subsidiar em sua prática escolar, auxiliando-os nas formas diferenciadas de

tratamento a serem dadas a cada caso, com vistas ao sucesso pedagógico.

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O psicopedagogo na escola pode contribuir no que se refere a gestão

pedagógica, a comunicação e o apoio individualizado. resgatando do

desempenho escolar do aluno, quando houver comprometimento afetivo,

intelectual ou social.

Na gestão pedagógica, compreende em um trabalho em conjunto com o

professor, de modo a oferecer e a orientar estratégias a esse profissional, com a

finalidade de manter uma melhor qualidade pedagógica. E para manter a

qualidade se faz necessário desenvolver juntamente com o professor

instrumentos que possibilitem tanto uma adequada avaliação dos alunos, assim

como instrumentos que permitam ao professor ter a resposta pedagogicamente

mais adequada na sala de aulas.

É importante, na prática, desenvolver fichas de observação para o

professor, para que o mesmo possa fazer seu registro sobre a evolução

pedagógica de seus alunos, de modo que possa começar a perceber as

necessidades de cada um, e a partir daí, discutir sobre as estratégias mais

adequadas para responder a tais necessidades que o professor pode observar

através das fichas.

Vale ressaltar aqui, que cada aluno tem a sua individualidade, dificuldade e

relação ao aprendizado, e essas fichas serão de grande valia para que possa

observar não somente os alunos em um grupo, mas também o que determinado

aluno tem de dificuldades e o que o impossibilita para que consiga desenvolver-

se dentro do esperado. E lembrando também, da importância do papel do

professor em sala de aula, pois o mesmo não deverá estar lá para cobrar “

decorebas” , ou reprodução, mas sim para contribuir com o aluno de modo que o

ajude a pensar, criar, aprender, refletir, e assim aos poucos, ir se percebendo

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enquanto um aluno (sujeito) capaz de ter sua própria autoria em suas idéias,

caminhando assim e se transformando em um sujeito autor.

A comunicação é outro objetivo importante de trabalhar na Escola. É um

complexo trabalho que deve ser focado em equipe, onde participam professores,

alunos, encarregados de educação, os diversos gabinetes da instituição e os

diversos técnicos. O trabalho só fará sentido se houver uma boa coordenação

entre os membros e quando todos trabalham em conjunto para o mesmo objetivo.

Quando a coordenação se faz presente para a Escola, passa-se a ter um papel

cada vez mais edificado, torna-se importante quando existe um elemento que

serve de ponte de comunicação entre todos os membros da equipe e colabore na

coordenação desta.

O psicopedagogo, também se torna importante nessa área de trabalho da

comunicação no contexto escolar.

O apoio psicopedagógico individualizado, voltado mais para um contexto

clínico que se desenvolve com os alunos que apresentam tal necessidade. Deve-

se praticar, desenvolver um trabalho que possibilite ao aluno desenvolver as

funções cognitinas necessárias para que assim melhore em seu desempenho na

escola.

O psicopedagogo tem um papel importante dentro da escola, não apenas

ao que se refere ao acompanhamento de casos, mas também para apoio e

orientação aos professores, podendo servir de “ponte” de comunicação entre os

intervenientes do contexto escolar.

A aprendizagem vai ocorrendo na estimulação do ambiente sobre o

indivíduo maturo, onde, diante de uma situação/problema, se expressa uma

mudança de comportamento, recebendo interferência de vários fatores –

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intelectual, psicomotor, físico, social e emocional. Enquanto transforma a

realidade a sua volta, ele constrói a si mesmo, tecendo sua rede de saberes, a

partir da qual irá interagir com o meio social, determinando suas ações, suas

reações, enfim suas práticas sociais.

Desde o nascimento, o indivíduo faz parte de uma instituição social

organizada – a família - e depois, ao longo da vida, integra outras instituições.

Nessa interação vai se construindo uma rede de saberes, onde todos os

membros da sociedade são parceiros possíveis, contribuindo cada um com seus

conhecimentos, suas práticas, valores e crenças. Estas contribuições não são

estáticas, se encontram em permanente mudança. Portanto, o conceito de rede

de saberes constrói-se a partir do princípio de movimento, de articulação e de co-

responsabilidade.

Nossa rede de conhecimentos vai se formando dentro de instituições e

assim cada vez mais é necessário inserir a psicopedagogia para estudar como

ocorrem as relações interpessoais nestes ambientes. Além da Escola, a

Psicopedagogia está cada vez mais presente nos hospitais e empresas. Seu

papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam

uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e auxilia no desenvolvimento

de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar processos que

conduzam as dificuldades da construção do conhecimento.

O Psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer a

escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem e

tem uma atuação preventiva. Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no

esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa

apenas deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas

escolares, tais como:

23

-Organização da instituição

-Métodos de ensino

-Relação professor/aluno

-Linguagem do professor, dentre outros.

Ele poderá atuar preventivamente junto aos professores:

• Explicitando sobre habilidades, conceitos e princípios para

que ocorra a aprendizagem

• Trabalhando com a formação continuada dos professores

• Na reflexão sobre currículos e projetos junto com a

coordenação pedagógica

• Atuando junto com a família/alunos que apresentam

dificuldades de aprendizagem, apoiado em uma visão holística, levando-o

a aprender a lidar com seu próprio modelo de aprendizagem, considerando

que esses problemas podem ser derivados:

-das suas estruturas cognitivas

-de suas questões emocionais

-da sua resistência em lidar com o novo

-ou outra derivação que possa se apresentar.

CAPÍTULO IX

UMA PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA QUALITATIVA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

24

É preciso compreender o momento observado dentro do processo de

desenvolvimento da criança, atentando para suas habilidades, interesses e sua

capacidade de cooperar.

Ressaltando, ainda, a importância de uma avaliação preventiva que

considere o contexto escolar e leve em conta a subjetividade de cada situação e

a complexidade de fatores de ordem social, cultural e política nela envolvidos.

No Brasil, a educação infantil é uma alternativa muitas vezes indispensável

para as mães pobres e/ou trabalhadoras que precisam ausentar-se de casa

durante o dia todo. Nesse sentido, o fato de a integridade física da criança estar

resguardada já se coloca como um fator básico que justifica uma posição

favorável a esse benefício conquistado por uma parte da população. O fato de

que a educação infantil não atenda à maioria da população brasileira, não nos

isenta da responsabilidade de procurar alcançar uma realidade educacional que

efetivamente favoreça o desenvolvimento infantil.

A busca pelo direito à educação infantil iniciou-se com o fortalecimento dos

movimentos populares que ocorreram a partir de 1970, e se ampliou na década

de 1980 com os debates sobre a função das creches para a sociedade. Nesse

contexto, educar deixava de ser apenas cuidar, assistir e higienizar, passando a

creche a ser lugar de educação e cuidados coletivos das crianças de zero a seis

anos.

Pensando sobre a educação nesse contexto, visamos oferecer uma

proposta que poderá auxiliar na avaliação das queixas escolares relacionadas ao

aprendizado, destacando os aspectos do desenvolvimento emocional e físico,

aconstrução do número e a leitura e escrita. Enfatizamos que todos estes

aspectos do desenvolvimento – emocional, físico, cognitivo e social – devem ser

percebidos como inter-relacionados.

25

Na educação infantil a criança precisa ter liberdade de se movimentar e de

se beneficiar dos recursos que estimulam a sua imaginação, como brincadeiras,

músicas, jogos, contos de fadas, desenho, modelagem. Estas atividades são

ricas oportunidades educacionais que favorecem a capacidade simbólica da

criança, a sua aprendizagem e criatividade. Além disso, é importante que a

criança possa explorar de maneira mais livre possível tanto o espaço físico como

os móveis e brinquedos disponíveis no ambiente escolar (WINNICOTT, 1971).

Para que o desenvolvimento de uma criança que freqüenta a educação

infantil seja facilitado, é importante que a escola considere as suas características

psicológicas e a relação de sua família com a escola. Lembramos que quando a

criança chega à escola já teve importantes experiências em sua vida e que o

ambiente educacional pode contribuir para minimizar algumas falhas no ambiente

inicial da criança, se elas não tiverem sido muito graves. Quanto menor for a

criança, mais a escola precisa estar preparada para se relacionar com sua

família, já que está em curso o processo de separação da criança do seu

ambiente inicial. Nesse sentido, a instituição escolar precisa se adaptar às

necessidades da criança, oferecendo-lhe confiança e continuidade nos cuidados.

Para que as educadoras da educação infantil possam tolerar as questões

típicas das crianças desta faixa etária (a ambivalência de sentimentos, a

curiosidade sexual, o exibicionismo, as disputas e os comportamentos

regressivos), é preciso que elas gostem de estar com as crianças e que se

identifiquem com elas. Por mais criativa que seja uma professora, por mais

teorias que ela conheça o que prevalece é o interesse verdadeiro e genuíno pela

criança (RIBEIRO, 2004).

É importante, ainda, que a educadora se torne um professor-ambiente,

sendo responsável pelo fornecimento de um contexto educacional favorável ao

26

desenvolvimento de cada criança em especial, tendo condições de perceber o

que seus alunos precisam, mantendo a rotina do cotidiano escolar. Em nossa

proposta de avaliação psicopedagógica do desenvolvimento emocional sugerimos

a observação da sala de aula e do recreio, e a realização de entrevista com a

professora. Tais ocasiões podem fornecer elementos para conhecermos o

desenvolvimento emocional da criança, como ela se relaciona com as pessoas,

como sente e expressa as suas experiências. A seguir, apresentaremos algumas

considerações sobre o desenvolvimento físico, o segundo aspecto considerado

em nossa proposta de avaliação de avaliação psicopedagógica.

É importante lembrar que o pedagogo deve sempre atuar no sentido de

promover a saúde tanto dos alunos como dos profissionais da instituição na qual

está inserido, considerando não só os aspectos psíquicos dos indivíduos, mas

também as questões relacionadas ao desenvolvimento físico, entre outros

aspectos. Lembramos que a prevenção e a detecção precoce de alterações no

desenvolvimento infantil são muito importantes, principalmente no caso das

deficiências sensoriais, pois possibilita a antecipação da intervenção e garante a

estimulação necessária em todos os aspectos fundamentais para o

desenvolvimento global da criança (LIMA et al., 2004). Apesar de ser muito

importante, a prevenção precoce é uma prática ainda pouco aplicada no Brasil.

Em nossa proposta de avaliação psicopedagógica, elegemos trabalhar com

quatro tópicos relacionados ao desenvolvimento físico: visão, audição,

fala/linguagem e desenvolvimento neuropsicomotor.

Este capítulo teve o objetivo de apresentar uma proposta de avaliação

psicopedagógica qualitativa para o contexto da educação infantil. Uma avaliação

psicopedagógica é construída a partir da obtenção e integração de informações

significativas que se pode ter da criança, de sua dinâmica familiar e de sua

escola.

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CONCLUSÃO

Diante das reflexões realizadas é possível dizer que a Psicopedagogia

pode trazer importantes contribuições para a Educação Infantil.

Percebe-se, a partir da fala da psicopedagoga, a importância do diálogo e

da interação entre psicopedagogo e professor e de outros envolvidos no processo

de ensino aprendizagem.

Bossa (2000) ao falar da importância do psicopedagogo na instituição

escolar, afirma que “através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais

organizada, no mundo cultural e simbólico que o incorpora à sociedade” (IDEM,

2000, p.90). Sendo a instituição escolar parte da sociedade e a aprendizagem

partindo da interação da criança na interação com o meio social, torna-se

importante ressaltar a importância que o mundo sociocultural tem na

aprendizagem da mesma.

A Psicopedagogia, no seu âmbito institucional, tendo uma preocupação

especial com a prevenção das dificuldades de aprendizagem, preocupa-se em

conhecer o sujeito como um ser único, embora complexo, pois segundo Bossa

(2000, p.90) “cada sujeito tem umas histórias pessoais, da qual fazem parte

várias histórias: a familiar, a escolar e outras as quais, articuladas, condicionam-

se mutuamente.” A partir deste conhecimento da cultura e história do aluno, o

professor e o psicopedagogo, juntamente com outros profissionais envolvidos no

processo de ensino e aprendizagem, como o diretor, o supervisor e o orientador,

construirão uma prática pedagógica que contribua para as construções de

aprendizagem daquela criança, ou daquele grupo.

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Segundo Bossa (1994, p.23), ... cabe ao psicopedagogo perceber

eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da

comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações

metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos

do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o

psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e

projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que

os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola

frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança

ou, da própria ensinagem.

O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a

compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender

às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-

Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado

como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma

podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem.

O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o

estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com

as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a

equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das

circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os

obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à

leitura do mundo. Assim, concluímos enfatizando que o Psicopedagogo, é de

extrema importância para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RIBEIRO, M. J. O ensinar e o aprender em Winnicott: a teoria do amadurecimento emocional e suas contribuições à psicologia escolar. 2004. 220 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) - PUC-SP, São Paulo, 2004. RIBEIRO, M. J.; SILVA, S. M. C.; RIBEIRO, E. E. T. Avaliação qualitativa de crianças com queixas escolares: contribuições da psicologia educacional. WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

ABROMOWICZ, Anete; e WAJSKOP, Gisela; Creches. Atividades, para crianças

de Zero a Seis anos de idade. São Paulo: Editora Moderna.1995.

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed. 2000 BOSSA, Nádia e OLIVEIRA, Vera Barros (Orgs.) Avaliação Psicopedagógica da Criança de Zero à Seis Anos. Petrópolis: Voze. 2004

Documento publicado nas Revistas nº 18 e nº 19 da Associação Brasileira de

Psicopedagogia.( www.abpp.com.br )

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – PROJETO A VEZ

DO MESTRE

Título da Monografia: AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Autor: NATÁLIA PISCIOTTI DE OLIVEIRA

Data da entrega: 01/08/2009

Avaliado por: Conceito: