UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Monografia apresentada ao Instituto A ......
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
LIDERANÇA
A Influência da Motivação na Obtenção de Lucros
Por: HUGO FREDERICO VILLARDI DA LUZ
Orientador: Profº. Mario Luiz Trindade Rocha
Co-orientadora: Profª Gloria Jesus de Oliveira
Nova Iguaçu
2015
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
LIDERANÇA
A Influência da Motivação na Obtenção de Lucros
Por: HUGO FREDERICO VILLARDI DA LUZ
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica e Qualidae.
Orientador: Profº. Mario Luiz Trindade Rocha Co-orientadora: Profª Gloria Jesus de Oliveira
Nova Iguaçu
2015
3
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos que de alguma
forma contribuíram para minha motivação de iniciar esta etapa de minha carreira,
em especial a minha Família e aos colegas de classe
que me ajudaram com discussões
relevantes sobre o tema.
4
RESUMO
A globalização promove um intenso processo de mudanças que exige que as companhias adaptem-se às novas exigências do mercado de trabalho. Para manter ou melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços têm-se que investir na captação e na formação de capital humano para enfrentar a concorrência em termos de preços, de produtividade e de disputa de mercado. A empresa pode distinguir-se da concorrência possuindo capital humano altamente competente, que poderá ser captado por meio de estágio, do processo de trainee para ter tempo hábil de conhecer as reais potencialidades do candidato e da adoção de sistemas de benefícios eficazes para atrair, reter e motivar os talentos e demais colaboradores. O objetivo geral dessa pesquisa é investigar a influência da liderança na motivação das equipes de venda e obtenção de lucros pela organização. Algumas estratégias devem ser usadas para motivar os colaboradores a continuarem na organização. Assim surgiram o treinamento, programas de benefícios, planos de carreira, formação corporativa, possibilidade de ascender posições. O departamento de recursos humanos revestido de novas atribuições de gerir pessoas tem um papel primordial nesse processo de captar, formar e reter os talentos no âmbito da empresa. Palavras-chave: Formação de Liderança. Equipe de Vendas. Talentos. Treinamento.
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ABSTRACT
Globalization promotes an intense process of change that requires companies to adapt to the new demands of the labor market. To maintain or improve the quality of products and services have been to invest in attracting and training of human resources to compete in terms of prices, productivity and market dispute. The company can be distinguished from the competition having highly competent human capital, which may be picked up by stage, the trainee process to have enough time to meet the real candidate's potential and the adoption of effective systems benefits to attract, retain and motivate talent and other employees. The general objective of this research is to investigate the influence of leadership in motivating sales teams and profiteering by the organization. Some strategies should be used to motivate employees to continue in the organization. Thus came the training, benefits programs, career plans, corporate training, possibility of ascending positions. The human resources department coated new assignments to manage people has a key role in this process to capture, train and retain the talent within the company. Keywords: Leadership Training. Sales Team. Talents. Training.
6
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que se alicerça no pensamento
de especialistas que expuseram suas teorias em livros, artigos e dissertações
impressas e online.
Fomos buscar elementos para classificar metodologicamente essa
pesquisa em Gonsalves (2012) que dá as seguintes indicações: essa pesquisa,
segundo seus objetivos é uma pesquisa descritiva, pois, segundo a autora:
A pesquisa descritiva objetiva descrever as características de um objeto de estudo. Dentre desse tipo de pesquisa estão as que atualizam as características de um grupo social, nível de atendimento do sistema educacional, como também aquelas que pretendem descobrir a existência de relações entre variáveis. Nesse caso, a pesquisa não está interessada no porquê, nas fontes dos fenômenos; preocupa-se em apresentar suas características. (GONSALVES, 2012, p. 65).
Segundo a natureza dos dados, essa pesquisa é quanti-qualitativa,
pois “preocupou-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno,
considerando o significado que os outros dão às suas práticas, o que impõe ao
pesquisador uma abordagem hermenêutica” (GONSALVES, 2012, p. 67).
Neste trabalho, houve a opção pelo método hipotético-dedutivo
proposto por Karl Popper, que, partindo das teorias, na maioria das vezes
prediz a ocorrência dos fenômenos particulares. A opção por este método foi
realizada considerando que o método hipotético-dedutivo é apresentado à
ciência como tentativa de superação das limitações dos dois métodos
clássicos: o dedutivo e o indutivo, com base em fontes bibliográficas
acadêmicas, científicas e periódicos. (RODRIGUES, 2009)
Destacamos os seguintes autores com suas respectivas obras que
foram utilizados nesta pesquisa: Júnia Mara Ferreira Gomes, autora da
Dissertação de Mestrado “Implementação das práticas de gestão estratégica
de pessoas: mito ou realidade: um estudo de caso na Itaipu máquinas e
7
veículos” defendida em 2008 pela Faculdade Novos Horizontes (FNH); Philip
Kotler, autor de “Administração de Marketing” publicada no ano de 2008 pela
Editora Prentice Hall e Paulo Mauricio Plastina Ribeiro, autor da dissertação de
Pós-graduação em Marketing Mercado Globalizado denominada “Marketing na
Indústria Farmacêutica a Indústria X Propagandista” pela Universidade Candido
Mendes no ano de 2001.
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SUMÁRIO
METODOLOGIA .................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ...................................................................................... 9
CAPÍTULO I – GERENCIAMENTO DE PESSOAS E LIDERANÇA .... 12
CAPÍTULO II – MOTIVAÇÃO NA OBTENÇÃO DE LUCROS ............. 19
2.1 O MARKETING FARMACÊUTICO ............................................ 21
2.2 MARKETING E VENDAS .......................................................... 22
2.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MERITOCRACIA ........................ 24
CAPÍTULO III – TREINAMENTO EM VENDAS PARA MELHORAR A
PERFORMANCE ............................................................................................. 27
3.1 MERITOCRACIA COMO INTRUMENTO NA RETENÇÃO DE
TALENTOS ................................................................................................... 28
3.2 MERITOCRACIA NA AMBEV .................................................... 34
CONCLUSÃO ...................................................................................... 39
BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA BÁSICA .................................................................. 41
9
INTRODUÇÃO
A globalização iniciada com a Revolução Industrial inglesa no século
XVIII expandiu-se pelo mundo, contagiando os Estados Unidos e depois outros
países até chegar ao Brasil, que iniciou sua escalada de romper as fronteiras
rumo ao comércio internacional com a quebra do protecionismo no início dos
anos 90.
Durante a década de 1990 preponderou também a tendência em
realizar alinhamentos das políticas de gestão de Recursos Humanos com as
estratégias empresariais centradas nos resultados sobre a competência,
gerando os princípios teóricos para a modernização do modelo de gestão de
desempenho de pessoas.
Os gestores são peças fundamentais para implementar as mudanças
exigidas pelas organizações e cabe a eles a responsabilidade pela efetivação
de tais mudanças, constituindo as equipes de acordo com as competências
mais complexas no que diz respeito à gestão de pessoas.
O Departamento de Recursos Humanos tende a implementar a gestão
estratégica das pessoas por competências, porque entendem que os indivíduos
são os ativos determinantes para se alcançar a eficácia organizacional.
Precisam, portanto de treinamento por meio de formação específica
embasada em estratégias de motivação para melhorar o desempenho; a
gestão do desempenho de pessoal pode conduzir os colaboradores ao
atingimento das metas; conhecimento da missão, da visão, dos objetivos da
organização de modo a reconhecerem que o desenvolvimento da organização
depende do seu empenho pessoal, e por consequência, o crescimento da
organização retorna como crescimento em suas próprias carreiras
profissionais.
Considerando a pressão exercida nas equipes de vendas da indústria
farmacêutica, este estudo serve para tentar afirmar que equipes motivadas
10
produzem mais e melhor comparando com o proposto como metas pelos
laboratórios. A pressão excessiva praticada pelos líderes das corporações,
muitas vezes, faz com que os resultados sejam apenas alcançados dentro do
proposto, além de gerar um grande desconforto e mal estar dentro da equipe e
aumentar o turnover, não retendo os talentos. Contudo, equipes que encontram
em seu líder um parceiro de apoio nas tarefas diárias acabam superando essas
metas, trazendo um resultado acima do esperado e trazendo mais lucro tanto
para a corporação quanto para o colaborador. Equipes motivadas multiplicam a
inspiração e contagiam outras equipes em busca de resultados melhores ou
semelhantes por meio de uma competição saudável e lucrativa para a
corporação.
Mediante tal contexto, elaboramos os seguintes problemas de pesquisa
para nortear essa pesquisa: Qual a influência do clima organizacional no
sucesso de equipes de vendas? Qual o papel das lideranças neste processo?
O objetivo geral dessa pesquisa é investigar a influência da liderança
na motivação das equipes de venda e obtenção de lucros pela organização.
O trabalho está organizado em capítulos para facilitar sua
compreensão.
O primeiro capítulo denominado Gerenciamento de Pessoas e
Liderança apresenta mudanças históricas do Departamento de Recursos
Humanos que foi evoluindo para a Gestão de Pessoas e a importância da
liderança neste contexto de mudanças a Gerência de Recursos Humanos. A
fase estratégica culmina em 1990 com novos desenhos organizacionais, o
avanço tecnológico e as novas relações de trabalho com a gestão de pessoas
vinculada às estratégias das empresas. A partir da década de 90, surge a fase
de vantagem competitiva, levando os gestores de pessoas a adotarem uma
nova postura organizacional de agentes de competitividade. Os líderes
apresentam distintas características que vão se moldando ao clima
organizacional. Dentre as características dos líderes, destacamos as seguintes:
força de vontade, a capacidade de provocar grandes transformações, a
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capacidade em resgatar pessoas, a persistência ao buscar a realização de seu
sonho.
O segundo capítulo denominado Motivação na Obtenção de lucros
mostra que os representantes dos laboratórios têm uma função muito
importante para divulgar as informações sobre os novos produtos e os já
existentes no mercado. Tal atividade é muito importante em um mercado em
constante evolução. Grande parte dos investimentos das indústrias
farmacêuticas centram-se no marketing junto à classe médica, que se
encarrega de “receituar” os medicamentos.
A indústria farmacêutica do Brasil é um mercado onde há alta
competitividade e vem mudando devido ao fim do controle de preços, devido às
Leis de Patentes e ao advento dos genéricos. Isso foi propiciado pelo fato da
globalização ter quebrado as barreiras fronteiriças entre os mercados dos
diferentes países, forçando as organizações a recorrerem a estratégias para
sua modernização e readaptação à nova ordem econômica mundial para gerar
condições de sobrevivência em um mercado extremamente competitivo.
O capítulo terceiro, chamado Treinamento em Vendas para melhorar a
performance, afirma que o treinamento dos vendedores é recomendado para
aprimorar as técnicas de venda e gerar conhecimento sobre a linha de
produtos oferecidos no ramo de cosméticos, por exemplo. Isto facilita o
processo de negociação com o público consumidor. As estratégias de vendas
do setor de medicamentos recebem críticas por estimular o consumo
desnecessário e mesmo danoso de devido às técnicas de venda de atos e
produtos. O conhecimento é essencial, pois a alienação retira o indivíduo do
processo decisório e provoca a impressão de que seus potenciais e resultados
não integram a organização do trabalho. Os indivíduos, então, desmotivam-se
em empreender contribuições concretas, comprometendo assim sua realização
pessoal e profissional. Outras variáveis contribuem para agravar a situação,
pois tradicionalmente a participação das pessoas é baixa e os gerentes pouco
se envolvem no gerenciamento de conflitos; tudo isso contribui para
enfraquecer o comprometimento individual com a instituição.
12
CAPÍTULO I – GERENCIAMENTO DE PESSOAS E LIDERANÇA
Este capítulo apresentará mudanças históricas do Departamento de
Recursos Humanos que foi evoluindo para a Gestão de Pessoas e a
importância da liderança neste contexto de mudanças a Gerência de Recursos
Humanos. A fase estratégica culmina em 1990 com novos desenhos
organizacionais, o avanço tecnológico e as novas relações de trabalho com a
gestão de pessoas vinculada às estratégias das empresas. A partir da década
de 90, surge a fase de vantagem competitiva, levando os gestores de pessoas
a adotarem uma nova postura organizacional de agentes de competitividade.
A Globalização e o processo contínuo de desenvolvimento das
Tecnologias da comunicação e da informação provocaram profundas
mudanças em todos os setores da sociedade, afetando de forma particular a
economia, a área social e das organizações. Dentre as características da nova
realidade do século XXI, Cunha; Silva (2010) destacam as “alterações
estratégicas outrora nunca vistas com dimensão tão grande e com tanta
intensidade: avanço da ciência, abertura de mercados, ligação entre países e
empresas, blocos econômicos, novas profissões, oportunidades de negócios e
desenvolvimento autossustentável”.
Segundo Barreto (2002 apud TARCITANO; GUIMARÃES, 2004), toda a
reestruturação causada pelas transformações deflagradas pela globalização
tem imposto a adoção de “novas metodologias de seleção, inserção e
avaliação do indivíduo no trabalho, levando a profundas rupturas no tecido
social e a uma crônica insatisfação, especialmente quanto ao ‘modus operandi’
das relações no trabalho”. As novas exigências laborais no ambiente da
organização geram um desequilíbrio das emoções e sentimentos diversificados
tais como a insatisfação, os medos, as angústias, as incertezas, as tristezas.
Todos esses fatos marcaram novos parâmetros no mundo corporativo, tais como a instabilidade, a estrutura horizontal e
13
flexível das organizações, a responsabilidade social, o empreendedorismo, o capital intelectual, a valorização das pessoas e a importância da Gestão dos Recursos Humanos, expressão hoje substituída, com mais adequação, por Gestão de Pessoas.
Um aspeto-chave nesse processo de mudança implica na crença de que o desenvolvimento da pessoa é imprescindível para as empresas assegurarem a qualidade e a produtividade, garantindo a sua sobrevivência nesse mercado altamente competitivo. (CUNHA; SILVA, 2010, p. 68):
Cunha; Silva (2010) defende a tese de que deve haver na estrutura da
moderna organização, ocupando todas as posições-chave, em todos os níveis
da hierarquia, profissionais multifuncionais possuidores de uma visão sistêmica
e com conhecimento estratégico de todo o processo organizacional.
Os profissionais com esse perfil são formadores de opinião e fonte de
informações atualizadas que qualificam outros colaboradores, habilitando-os a
produzirem com eficácia, atendendo as exigências do mercado globalizado, no
qual a empresa está inserida. Assim, nestas relações interpessoais, o líder
aparece como uma figura ímpar para o aumento da produtividade e harmonia
empresarial (STONER; FREEMAN, 1992 apud CUNHA; SILVA. 2010, p. 68).
Historicamente, no Brasil, a administração de pessoas sofreu
significativa evolução na transição do século XX para o século XXI, sugerindo
um novo papel de gerenciamento de pessoas.
A mudança do foco operacional para o estratégico passa a dominar os
múltiplos e os complexos papéis operacionais e estratégicos que os recursos
humanos necessitam desempenhar na sua integração com as pessoas e com
os resultados organizacionais propostos. Essas mudanças na área empresarial
e, especificamente, na área de gestão de pessoas têm tido grande
repercussão, instigando o aprofundamento de estudos sobre a atuação de
recursos humanos.
O modelo de múltiplos papéis exibe, segundo Ulrich (1998), os quatro
papéis necessários para que, equilibradamente, os profissionais de recursos
14
humanos sejam considerados um parceiro empresarial: Parceiro Estratégico,
Especialista Administrativo, Defensor dos Funcionários e Agente de Mudança.
a) Administração de estratégias de Recursos Humanos. Parceiro
Estratégico: ocorre quando o profissional de recursos humanos a partir da
estratégia empresarial define as estratégias de recursos humanos, desdobra,
identifica as prioridades e alinha-se ao negócio da empresa.
b) Administração da Infraestrutura de Empresas / Especialista
Administrativo: ocorre quando os recursos humanos provêm e administram,
com eficiência, processos de fluxo e gestão de pessoas, buscando sempre a
melhoria contínua.
c) Administração da contribuição dos funcionários - Defensor dos
Funcionários: ocorre quando o Recursos Humanos consegue gerir, de forma
integrada e participativa, a contribuição dos funcionários, fornecendo condições
para que possam realizar suas atividades de acordo com os resultados
planejados.
d) Administrador da transformação e da mudança: Agente de Mudança:
ocorre quando os recursos humanos atuam na gestão da transformação e
mudança cultural da organização e das pessoas, resultando em transformação
da identidade e dos valores da organização. Ulrich (1998) complementa que, a
partir de 1989, a mudança cultural deixa de ser uma forma abstrata de
vantagem competitiva inimitável, presente na academia, para se transformar no
centro de discussões dos gestores de pessoas.
Já em relação ao modelo de gestão por competências conclui-se que
muitas das funções, dos conhecimentos, habilidades e atitudes presentes no
Gestor de Pessoas não são as esperadas pelos seus superiores nem
tampouco pelos seus subordinados.
Segundo o dicionário Aurélio, competência significa “qualidade de
quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa;
capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade” (FERREIRA, 2004, p. 440).
15
Como conceito, as competências já existem há muito tempo. Na idade
média, os aprendizes adquiriam as habilidades de uma arte ou profissão
trabalhando com um mestre. Atualmente, o termo competência tem sido
empregado pelas organizações com diferentes significados.
Os significados mais comuns atribuídos a ele são: competência como
autoridade, competência como capacitação, competência como competição,
competência como qualificação, competência como incumbência e
competência como suficiência.
A gestão de pessoas focaliza sempre a seleção e a utilização dos
funcionários. A implementação de novas estratégias muitas vezes requer novas
prioridades na gerência de recursos humanos, o que implica uma utilização de
pessoal altamente competente, pois as mudanças oriundas do planejamento
estratégico fazem com que isso seja primordial.
Um estudo realizado por Bianchi; Albuquerque (2010) analisou “o
alinhamento da estratégia de negócio e a estratégia de gestão de pessoas para
obtenção de vantagem competitiva” no ambiente da Oxiteno, uma Indústria
Química do Brasil e observou que o alinhamento está em processo naquela
empresa, onde as “estratégias de gestão de pessoas existentes (gestão de
competências, transformação cultural e gestão de talentos)” associam-se às
novas estratégias “gestão do conhecimento e da comunicação e ambiente” que
estão sendo implantadas “para suportar o processo de crescimento da
empresa”.
Braga (2010) reconhece que quando há implantação de novas
metodologias em um ambiente organizacional isso provoca um certo
desconforto entre as pessoas que sabem que serão necessárias mudanças
que poderão fugir do seu controle e isto gera ansiedade devido à insegurança,
apreensão, o que pode, inclusive converter-se em resistência. “No campo
individual as resistências manifestam-se pelo comprometimento do equilíbrio
psicológico, em virtude de alterações comportamentais e relacionais e pelo
surgimento do estresse, fatores estes capazes de interferir negativamente no
desempenho profissional das pessoas” (BRAGA, 2010, p. 14).
16
Brodbeck (2001) afirma que os conceitos mais relevantes sobre
alinhamento estratégico que a literatura apresenta são o PEN, cuja sigla
significa Plano Estratégico de Negócio e o PETI, que significa Plano
Estratégico de Tecnologia de Informação. Muitas organizações têm procurado
alinhar PEN e PETI, devido às exigências do mercado competitivo na era da
globalização. Segundo o autor:
[...] o alinhamento entre o plano estratégico de negócio (PEN) e o plano estratégico de tecnologia de informação (PETI) é alcançado quando o conjunto de estratégias de sistemas - objetivos, obrigações e estratégias - é derivado do conjunto estratégico organizacional - missão, objetivos e estratégias (King, 1988); (2) o elo entre PEN-PETI corresponde ao grau no qual a missão, os objetivos e os planos de TI refletem, suportam e são suportados pela missão, pelos objetivos e pelos planos de negócio (Reich e Benbasat, 1996); (3) o alinhamento estratégico corresponde à adequação e integração funcional entre ambiente externo (mercados) e interno (estrutura administrativa e recursos financeiros, tecnológicos e humanos) para desenvolver as competências e maximizar o desempenho organizacional (Henderson e Venkatraman, 1993); e (4) o alinhamento entre PEN-PETI é a adequação da orientação estratégica do negócio com a de TI (CHAN et al. apud BRODBECK, 2001, p. 13).
Segundo Brodbeck (2001, p. 12), “o uso de planejamento estratégico
como uma técnica para desenvolver a performance efetiva de uma corporação
foi sugerido por Henry Fayol em 1916 – ‘gerenciamento significa olhar adiante,
no horizonte... contextualizando o futuro e provendo a empresa para ele’”. E
completa:
Desde então, o conceito de estratégia de negócios vem evoluindo, tendo sido criadas várias técnicas, teorias e modelos de gestão estratégica. Elas permitem que as organizações formulem o rumo para seus negócios observando a sua cadeia de valor (nichos de mercado, fornecedores, barreiras e entradas), a sua flexibilidade, suas competências distintas (preço, qualidade e canais de distribuição), as regulamentações impostas pelo ambiente (governos, sindicatos) e algumas das estratégias genéricas de
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posicionamento e reorientação do negócio e de competitividade e inovação. (BRODBECK, 2001, p. 13)
Para Braga (2010), a Cultura Organizacional é determinada por forças
internas que se sobrepõem formalmente ou não de forma hierarquizada,
estabelecendo os paradigmas culturais existentes na organização. Toda
estrutura interna ou externa sofrerá influência dessas forças que regerão o
ambiente de forma a gerar confiança mútua entre as pessoas. Dessa forma,
(BRAGA, 2010, p. 14) afirma que tais forças:
[...] funcionarão como arquétipos na construção de padrões relacionais, responsáveis pela tipificação de toda a rede de relações da organização, tanto a nível interno quanto externo, entre pares, fornecedores, clientes e sociedade. Como resultante formar-se-á o ambiente de trabalho, ou contexto, que transparecerá o “estilo” das relações internas na organização. Esse estilo poderá favorecer ou não a qualidade e a confiabilidade dos processos de gestão e de avaliação em geral, dentro da organização como um todo, incluindo processos avaliativos de potencial, performance e desempenho (BRAGA, 2010, p. 14).
Os conflitos sempre marcaram a convivência das pessoas nas
organizações, porque o desempenho deve ser medido, mas nem sempre isso é
bem visto pelos funcionários que demonstram certa descrença na objetividade
dos métodos utilizados para medir o desempenho. “As distorções e a
subjetividade inerentes a muitos instrumentos de avaliação do desempenho
contrapõem-se às necessidades de mensuração de resultados, levando a
conflitos”. (BRANDÃO et al., 2008, p. 876)
Reifschneider, 2008 (apud BRAGA, 2010, p. 22) propõe as seguintes
soluções para o processo de avaliação:
[...] o processo de avaliação de desempenho de pessoas deve ser discutido a partir de seu significado, considerando-se além dos conflitos por ele causados, ainda os obstáculos que se
18
interpõem de forma natural à sua eficiência. Citando o que fora escrito por Peter Drucker em 1989, o autor coloca que toda organização sofre uma grande tentação em se manter constantemente em uma mediocridade segura. Para eles, é isso que demanda a necessidade de se garantir um alto nível de desempenho por parte das pessoas na organização, em contraponto com as ideias de conexão entre estratégias organizacionais e entregas individuais, postuladas por autores mais contemporâneos franceses, brasileiros e norte-americanos.
Os métodos de mensuração do desempenho sempre receberam
grande atenção por parte das organizações, mas as metodologias são bastante
recentes, haja vista que em “1989 os conceitos de desempenho ainda estavam
presos à análise das possíveis discrepâncias de performance entre o esperado
– com base nas descrições dos cargos – e o obtido pelos profissionais em seus
processos avaliativos”. (BRAGA, 2010, p. 22)
Gonçalves; Leite (2005, apud BRAGA, 2010) consideram que avaliar o
desempenho dos colaboradores não é luxo dentro de uma organização,
cabendo ao Departamento de Recursos Humanos essa atividade administrativa
essencial, que servirá de base para outras ações do RH para estruturar suas
demais políticas organizacionais.
No capítulo seguinte, mostraremos que a função dos representantes
dos laboratórios é muito importante, porque são eles que possuem informações
sobre os produtos. Sua atividade é relevante neste mercado competitivo e em
constante evolução. Mostraremos também que as indústrias farmacêuticas
investem no marketing direto à classe médica, que são os encarregados de
prescrever os medicamentos.
19
CAPÍTULO II – MOTIVAÇÃO NA OBTENÇÃO DE LUCROS
Segundo Braum (2009) os representantes dos laboratórios têm uma
função muito importante para divulgar as informações sobre os novos produtos
e os já existentes no mercado. Essa é uma atividade muito relevante em meio
a toda a dinâmica da complexidade de um mercado em constante evolução.
Campo et al. (apud BRAUM, 2009) reforça que os investimentos das indústrias
farmacêuticas são direcionados ao Marketing representado, prioritariamente,
na propaganda médica, que se destaca por consumir grande parte desses
investimentos, inclusive em treinamentos é o que atestam Bueno; Taitebaum
(apud BRAUM, 2009, p. 20).
“A propaganda médica começou a ser regulamentada, no Brasil, em 1931, entretanto, apesar de ter perdurado durante 45 anos era virtualmente sem ação. Foi com o sanitarista mineiro, Paulo de Almeida Machado, que surgiu a primeira lei que viria realmente a regulamentar a propaganda de medicamentos no Brasil. a Lei também é conhecida como Lei da Vigilância Sanitária, teve a função de aumentar as exigências quanto à regulação da publicidade dos medicamentos.
Esta lei trazia como principais pontos a obrigatoriedade da aprovação prévia, pelo Ministério da Saúde, da propaganda de medicamentos nos meios de comunicação, normas específicas para medicamentos de venda sob prescrição de venda sob prescrição médica e para medicamentos de venda livre, bem como para a rotulagem dos produtos. Tudo isto para tentar garantir uma publicidade mais responsável e que levasse a uma maior segurança na prescrição dos medicamentos”. (BRASIL apud BRAUM, 2009, p. 20)
Em 1977, o Decreto de regulamentação da Lei da Vigilância Sanitária
estipulou a obrigatoriedade das tarjas categorizadas e a proibição da
veiculação na mídia, restringindo-os às publicações especializadas da classe
médica que passaram a ter contato com esses medicamentos por meio dos
20
propagandistas dos laboratórios farmacêuticos. (BUENO; TAITEBAUM apud
BRAUM, 2009)
No ano de 2000, a Resolução RDC nº 102 de 30 de novembro
restringe ainda mais a veiculação de publicidades com medicamentos, como
explicam Bueno; Taitebaum (apud BRAUM, 2009, p. 20):
“Esta resolução impôs restrições à propaganda nacional veiculada por qualquer tipo de mídia, bem como sobre a visita dos propagandistas das indústrias farmacêuticas aos profissionais da área da saúdem, o patrocínio de eventos e simpósios voltados aos profissionais da saúde por parte das empresas, a distribuição das amostras grátis aos profissionais prescritores, dentre outras disposições. Esta regulamentação interventiva permitiu maior proteção da população”.
Seguindo os princípios do Marketing que identifica os anseios dos
clientes, o propagandista deve saber o que os médicos valorizam atributos
funcionais, emocionais e benefícios do produto para agir no sentido de
satisfazer os médicos naquilo que mais valorizam e tentar demonstrar-lhes as
vantagens dos produtos da sua empresa em comparação com os produtos das
empresas concorrentes. “Dessa forma , pode-se criar uma vantagem
competitiva à medida que se informa ao médico o quanto os produtos da
empresa que representa, são superiores aos da concorrência”. (RIBEIRO,
2001, p. 23)
O marketing detecta os anseios e as necessidades do consumidor; isso
é passado para as organizações com o intuito delas se capacitarem para
satisfazer a clientela. Dessa forma, esses fatores guiam a missão e os
objetivos da empresa. Marketing é um processo social e gerencial através do
qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que necessita e desejam por meio da
criação e troca de produtos e valores. Sua principal necessidade dentro de uma
empresa é divulgar a loja e seus produtos, fazendo com que o desejo de
compra dos clientes seja despertado aumentando assim a demanda. O
marketing é uma das principais ferramentas usadas para alavancar as vendas,
21
pois bem elaborado faz com que os produtos se tornem destaque em relação
aos concorrentes.
2.1 O MARKETING FARMACÊUTICO
Segundo Ribeiro (2001), a indústria farmacêutica brasileira representa
um mercado com alta competitividade, que nos últimos anos vem sofrendo
alterações que contribuíram para o acirramento competitivo. Dentre as
mudanças, podemos destacar o fim do controle de preços, as Leis de Patentes
e o advento dos genéricos como fatores que vieram alterar significativamente
essa indústria. A globalização quebrou as barreiras fronteiriças entre os
mercados dos diferentes países, forçando as organizações a recorrerem a
estratégias para sua modernização e readaptação à nova ordem econômica
mundial para gerar condições de sobrevivência em um mercado extremamente
competitivo.
“Um dos aspetos da importância da propaganda refere-se à quantia gasta pelas empresas norte-americanas, segundo dados da ABIFARMA. Em todos os segmentos, as empresas norte-americanas gastaram aproximadamente 7% das vendas brutas em propaganda, o que ultrapassa, em todos os segmentos, a quantia gasta por estas empresas em pesquisas e desenvolvimento. Todavia, a propaganda significa muito mais do que meramente grandes despesas. Trata-se de um processo complexo que requer cuidadosos planejamento e execução de modo a atingir os objetivos de comunicação a ela atribuídos pela empresa”. (RIBEIRO, 2001, p. 17)
Portanto, a propaganda é desenvolvida de forma relativamente
estruturada pelas empresas. As principais tarefas envolvidas no
desenvolvimento e execução da propaganda efetiva são: Determinar o público
alvo, desenvolver uma mensagem baseada em avaliação do meio ambiente e
dos critérios de julgamento usados pelo referido público, desenvolver estímulos
sensoriais, colocar a propaganda em mídias que atinjam diretamente público
22
alvo, medir a efetividade dos esforços da propaganda veiculada. (RIBEIRO,
2001)
2.2 MARKETING E VENDAS
Segundo Kotler (2000), o “plano de marketing serve para adaptar a
empresa a fim de que ela explore as oportunidades do ambiente, em constante
mudança. Planejamento estratégico é o processo de desenvolvimento e
manutenção de uma referência estratégica entre os objetivos e capacidades da
empresa e as mudanças de suas oportunidades no mercado.”
O marketing observa as necessidades do consumidor, dando diretrizes
para a empresa se capacitar para satisfazê-las. Os fatores guiam a missão e os
objetivos da empresa.
Marketing é um processo social e gerencial através do qual indivíduos
e grupos obtêm aquilo que necessita e desejam por meio da criação e troca de
produtos e valores. Sua principal necessidade dentro de uma empresa é
divulgar a loja e seus produtos, fazendo com que o desejo de compra dos
clientes seja despertado aumentando assim a demanda. O marketing é uma
das principais ferramentas usadas para alavancar as vendas, pois bem
elaborado faz com que os produtos se tornem destaque em relação aos
concorrentes. (COLDIBELLI, 2002).
Além de uma elaboração adequada dos 4 p´s os concorrentes também
têm em seu planejamento uma estrutura de distribuição bem administrada.
Além dos 4 p’s, outros pontos devem ser levados em consideração, tais
como:
Produto: que características seus consumidores desejam ver nos
produtos ofertados, que diferenciais ele possui, como está o ciclo de vida, que
23
matéria-prima é utilizada etc., mesmo assim é possível que o concorrente copie
algumas estratégias, utilize materiais similares para produzi-lo e que o
concorrente perceba o valor da mesma forma que a empresa;
Comunicação: que meios utilizar, qual será a linguagem utilizada, como
será a aproximação com os consumidores, onde está o consumidor etc., e
desta maneira a organização pode elaborar uma comunicação mais eficiente,
que chegue ao consumidor na hora correta e até fazer uso do Marketing
permissivo;
Distribuição: atender a demanda requer planejamento, as estruturas
utilizadas são importantes e interferem diretamente na possibilidade de o
consumidor encontrar o seu produto em um ponto de venda e então você pode
lembrar que em certo momento da vida já procurou um produto, não o
encontrou e acabou levando o concorrente;
Preço: conhecer todos os custos é vital, como saber qual é o valor
percebido pelo consumidor e em muitos casos o preço pode ser o p que está
fora do alinhamento e equilíbrio dos demais p’s (COLDIBELLI, 2002).
Oportunidade de mercado - Através de pesquisas de mercado,
percebeu-se esse filão ainda não explorado e concluiu-se que a cidade
comporta uma loja assim pois esse público alvo precisa
Adquirir esses produtos em cidades maiores. Estudou-se o perfil dos
clientes e descobriu-se essas necessidades não satisfeitas pelos concorrentes
distantes.
Estratégia de ação - Passar credibilidade, atender da melhor forma e
se possível superar as expectativas de nossos clientes. Os 4 p’s – Produto,
Praça, Preço e Propaganda estão incluídos no projeto, pois são a base do
MKT. Projeção de vendas durante um ano.
24
2.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MERITOCRACIA
A meritocracia como teoria política administrativa remonta a milhares
de anos antes de Cristo. Apesar de não se constituir em forma explícita de
governança, baseada em planejamento, à época, a tomada de decisões
relacionadas a meritocracia tornou-se prática de governantes visionários, que
viam no modelo de oportunidades de alavancar desempenhos e ainda, maiores
graus de bajuladores, através de recompensas como, terras, privilégios,
medalhas e outros ganhos eram comuns já no Egito antigo.
Na antiga civilização chinesa, também se vivia em torno da
meritocracia, pois os primeiros concursos públicos, datam de centenas de anos
antes de Cristo. Com a Revolução Francesa (1789) e com a consequente
diminuição dos determinismos de posição social, os quais eram fruto da
limitada percepção de cidadania e de igualitarismo, as questões meritocráticas
atingiram patamar de destaque, sobretudo no meio militar.
Para Costa (2007), a chamada era Napoleônica representou um marco
da dinâmica meritocrática, não só no Exército de Napoleão Bonaparte, como
também em todo seu longo período de governo. O binômio desempenho
demonstrado reconhecimento/recompensa provocou avanços organizacionais
em direção à Meritocracia, em princípio na França e em países aliados e,
posteriormente, em grande parte da Europa.
O modelo meritocrático tornou-se ideal democrático das modernas
sociedades burguesas, opondo-se aos modelos aristocráticos e oligárquicos.
Nestes, o poder de mando concentra-se nas mãos de uma pequena elite bem-
nascida e tecnocrática, composta geralmente por herdeiros e favorecida por
sua condição de origem Kreimer (2000). Ao contrário, a meritocracia surge
como um sistema social, político e econômico em que os privilégios são obtidos
pelo mérito e o poder é exercido pelos mais qualificados, mais competentes,
mais talentosos. Para Walzer (2003), o ideal meritocrático identifica-se com
uma distribuição justa dos postos de trabalho, idealizada pelo movimento
revolucionário e supõe que os cargos sejam ocupados pelos mais qualificados,
25
cujas prerrogativas devem ser limitadas. Esses limites seriam definidos no
âmbito do que ele denomina de “esferas de justiça”.
Nos séculos XVIII e XIX os valores meritocráticos nas palavras de
Barbosa, “legitimava outros tipos de trabalhadores e de ofícios e a noção de
criatividade, hoje identificada a operações abstratas, manual e mecânica”.
(BARBOSA, 2003, p. 24).
A primeira era mais associada a enriquecimento pessoal e participação
cívica do que apenas a ganho material e status social. O conceito de
enriquecimento pessoal implicava autodisciplina, aprimoramento dos talentos
concedidos por Deus e, sobretudo cultivo da razão, Barbosa (2003). Desde o
século XIX, a ideia de enriquecimento pessoal foi perdendo o significado
anterior e adquirindo a tonalidade que hoje possui. Tais componentes nas
palavras de Barbosa (2003, p. 25), “mobilidade vertical ascendente passou a
estar predominantemente relacionada a resultados objetivos, capital intelectual,
rotatividade de emprego e sucesso”.
Segundo Barbosa (2003) esses diferentes sentidos atribuídos à
meritocracia não desapareceram inteiramente. Embora não façam parte das
discussões sobre como as sociedades atuais devem se organizar e
hierarquizar internamente, eles marcam presença nas críticas de cunho moral,
principalmente nas que condenam a competição como mecanismo social por
excelência das sociedades modernas e a dimensão materialista do sucesso.
O século XX viu o crescimento da meritocracia, em termos conceituais
e práticos, o progresso atrelado ao esforço individual ou coletivo e a busca pela
geração de oportunidades estruturam-se em torno dos preceitos meritocráticos
e evoluíram, conquista níveis reconhecidos de desenvolvimento nas mais
diversas áreas Costa (2007). A partir de então a meritocracia tornou-se
prevalente nas sociedades ditas modernas, apesar das críticas tradicionais,
ideológicas, atreladas as percepções utópicas de igualitarismo coletivista.
No mundo contemporâneo, a Meritocracia guarda correlação com a
ideia de que as hierarquias decorrem dos resultados obtidos por cada
indivíduo. Costa (2007) observa que tal perspectiva, contudo, apesar de
26
defendida genericamente por todos os segmentos consultados, não é praticada
por quase nenhum deles, pois perduram sempre divergências, principalmente
sobre avaliações de desempenho, mensuração de habilidades, dedicação e
atitudes e de como saber se todos os envolvidos recebem oportunidades
iguais.
Nas palavras de Barbosa, “a própria questão do desenvolvimento
econômico dos países tem sido verbalizada através da linguagem da
meritocracia”. (BARBOSA, 2003, p. 28). Temos como exemplo, o tradicional
sistema japonês de senioridade, no qual a posição e o salário de uma pessoa
são determinados pelo seu tempo numa organização, o mérito dos anos, tem
sio alvo de ataques, dentro e fora do próprio Japão, para alguns especialistas o
Japão para continuar crescendo, a mobilidade vertical das pessoas dentro das
empresas deve passar a ser determinada pelo seu desempenho individual,
medido objetivamente, e não mais pelo tempo de serviço de cada um.
Por outro lado, nos Estados Unidos, sociedade que em regra funcionou
tomando o desempenho e o mérito individuais como principal ordenador das
hierarquias e mensurando-os da maneira mais objetiva possível, discute-se
hoje, na era do trabalho em equipe, como estimular essa nova forma de
relações de trabalho e ao mesmo tempo continuar a reconhecer a contribuição
individual, Barbosa (2003).
No Brasil, a discussão da reforma do Estado tem posto em foco mais
do que nunca, a questão da meritocracia. Barbosa (2003) observa que a
proposta do governo de acabar com a estabilidade do funcionalismo público, de
despedir por insuficiência de desempenho, tem repercutido de forma intensa no
seio de uma comunidade que raras vezes foi avaliada em termos de resultados
individuais e que, historicamente, teve sua mobilidade vertical assegurada por
antiguidade e/ou relações pessoais.
Tais questões provocam importante reflexão sobre quão presente e
central se tornou o debate sobre a meritocracia no âmbito das sociedades
modernas, pois de acordo com Young (2008), Barbosa (2003), Tenret (2008) e
Costa (2007), é a partir dele que o mérito poderá ser atribuído com justiça.
27
CAPÍTULO III – TREINAMENTO EM VENDAS PARA MELHORAR A PERFORMANCE
Baccaro; Galão; Azevêdo (2009) destacam a importância do
treinamento dos vendedores para a melhoria das técnicas de venda e
conhecimento sobre a linha de produtos oferecidos no ramo de cosméticos,
porque facilita o processo de negociação com o público consumidor. Neste
sentido, Mckenna (apud BACCARO; GALÃO; AZEVÊDO, 2009) “ressalta que o
conhecimento de um vendedor sobre seus produtos e sua adaptação aos
ambientes voláteis pode ser a linha divisória entre o sucesso e o fracasso das
organizações”.
Não raras vezes, as estratégias de vendas do setor de medicamentos
recebem críticas por estimular o consumo desnecessário e mesmo danoso de
devido às técnicas de venda de atos e produtos, como explica Barros (1983, p.
378):
“Como qualquer setor empresarial, interessa à indústria farmacêutica estimular o máximo consumo. Em termos puramente mercadológicos, nos setores de produção e comercialização de medicamentos, interessa a ocorrência de um máximo de doenças acompanhadas de um máximo de tratamentos, ou seja, de ‘medicalização’ (esta inclui a ‘prescrição medicamentosa’, indo, no entanto, mais longe para abranger a colocação sob a alçada da medicina de ‘situações’ ou ‘problemas’ que têm origem na estrutura de classes da sociedade)”.
No âmbito do mercado varejista, utiliza-se o termo merchandising para
referir-se ao processo de abordagem dos consumidores por meio de
estratégias de motivação à aquisição de mercadorias, que segundo Zenone;
Buairide (apud BRITO, 2007, p. 31) tem o seguinte significado:
“(g) conjunto de técnicas, ação ou material promocional usado no ponto-de-venda, a fim de proporcionar informações e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços para motivar e influenciar as decisões de compra dos consumidores. (g)
28
planejamento e a operacionalização de atividades que se realizam em estabelecimentos comerciais, especialmente em lojas de varejo e de auto-serviço”.
Blessa (apud BRITO, 2007, p. 32) define merchandising como todas as
técnicas, ações ou materiais promocionais que são utilizados no ponto-de-
venda com o intuito de proporcionar maior visibilidade aos produtos, marcas ou
serviços e também fornecimento de informações ao consumidor com o intuito
de “extrair, motivar e influenciar as decisões de compra”, ou ainda, “conjunto de
atividades de marketing e comunicação destinadas a identificar, controlar,
ambientar e promover marcas, produtos e serviços nos pontos-de-venda.
3.1 MERITOCRACIA COMO INTRUMENTO NA
RETENÇÃO DE TALENTOS
Meritocracia de acordo com o dicionário Aurélio é um sistema
educacional, administrativo em que os mais dotados ou aptos são escolhidos e
promovidos conforme seus progressos e consecuções; sistema onde o mérito
pessoal determina a hierarquia. A palavra meritocracia é de origem latina,
derivada do sufixo cracía (poder), que significa um sistema de governo
baseado na habilidade ao invés da riqueza ou posição social; já o mérito
(meritum) está relacionado com a junção de talento, habilidade e esforço. No
entanto, essa expressão é utilizada para descrever um tipo de sociedade, onde
a riqueza, renda e a classe social são marcadas pela competição, na qual os
vencedores são escolhidos conforme o desempenho ou mérito, onde os
resultados alcançados por esses têm como base o seguinte aspecto: o
merecimento, que ocorre através de dois pontos fundamentais: a educação e a
competência (FIGUEIREDO, 2008).
A educação é um instrumento que determina as possibilidades no
desenvolvimento de comprometimentos. O gerenciamento da atenção é
29
apresentado como a capacidade de atrair pessoas para participar do projeto da
liderança. Nesse ponto, o líder é capaz de fazer com que as pessoas
encontrem um significado de esperança para seu próprio futuro, dentro do
cenário projetado pela visão da liderança, criando a crença de que seguir o
ideal do líder é uma forma de atingir seus próprios objetivos. Enfim, é
imprescindível que o líder tenha um profundo senso de direção e habilidade
para usar seu potencial com flexibilidade, adequando suas ações às
necessidades de cada momento.
Segundo Ruschel e Valle (2010, p. 78), o termo meritocracia surgiu em
1958 e apareceu pela primeira vez no livro “The rise of the meritocracy” (A
ascensão da Meritocracia), de Michael Young (1915-2002). A obra de Young
tinha como finalidade denunciar as sociedades em que o governo do mérito
justificava novas formas de exclusão e de desigualdade social. Segundo Young
(1958), a sociedade britânica deixou de ser regida por uma elite nobiliária
(possuidor de nobreza) baseada na herança, passando a ser governada por
outra elite, portadora de “capital celebral” e legitimada pelo mérito, cada vez
mais mensurável. A sociedade meritocrática funda-se na simplicidade da
natureza e reconhece que “para cada homem excelente, existem dez
medíocres”. (RUSCHEL; VALLE, 2010, p. 78)
A função do governo limita-se a impedir que os medíocres usurpem o
lugar devido aos talentosos, pois, como reconhece Ruy Barbosa (1849-1923),
“há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico
pensando que a burrice é uma ciência”.
O termo meritocracia refere-se a uma das mais importantes ideologias e ao principal critério de hierarquização social das sociedades modernas, o qual permeia todas as dimensões de nossa vida social no âmbito do espaço público. (BARBOSA, 2003, p. 21)
Em sua obra Young tinha o objetivo de criticar a sociedade da época
por permitir a ascensão de pessoas pelas suas origens, riquezas e por
30
influências. Segundo Young (1958) o castigo seria que, a despeito de obterem
posições privilegiadas e status, essas pessoas não poderiam se orgulhar nem
se sentir os melhores, pois sabiam que não haviam conquistado essas
posições por mérito e que existiam subordinados que se destacariam como
iguais ou melhores, se tivessem em condições semelhantes. (CHAVES, 2012)
O princípio é de igualdade irrestrita de oportunidade. Ninguém é
diferenciado por nenhum requisito de sangue, origem, influência, senão por
aqueles consequentes do mérito (merecimento) próprio. Sendo que o talento e
a capacidade de cada um é que determina a localização do indivíduo na
sociedade.
A partir de Young nasce o termo meritocracia e esta passa a ser
adotado pela disciplina de administração.
A crítica feita por Young em seu livro é compartilhada por Tenret (2008),
para quem as recompensas e as posições sociais no ambiente meritocrático
somente deveriam ser concedidas pelas qualificações, habilidades e empenho
do indivíduo e não de forma tendenciosa. Mas reconheceu que, apesar de dar
a todos iguais oportunidades, a meritocracia é ameaçada pelas diferenças
sociais, uma vez que alguns indivíduos saem na frente por serem privilegiados
por sua origem, enquanto outros começam como perdedores por terem vindo
de uma origem humilde onde frequentaram as piores escolas, pouco acesso à
cultura entre outros estímulos.
Mas, afinal o que é meritocracia? Na própria expressão Meritocracia
encontra, logicamente, a percepção do que é mérito. Em tese, o mérito é uma
categoria ou condição criada socialmente, ao longo da história, variando
conforme a época.
Conjunto de valores que postula que as posições dos indivíduos na sociedade devem ser consequência do mérito de cada um. Ou seja, do reconhecimento público da qualidade das realizações individuais. Um conjunto de valores que rejeita toda e qualquer forma de privilégio hereditário e corporativo e que valoriza e avalia as pessoas independentemente de suas trajetórias e biografias sociais. (BARBOSA, 2003, p. 22).
31
Segundo Costa (2007), o elemento base da meritocracia é o mérito,
pelos resultados e pelas competências demonstradas. A definição de
meritocracia inclui a possibilidade de divisão dos ganhos, equilibrar as
oportunidades e os reconhecimentos conforme o desempenho individual.
Meritocracia também indica posições, colocações obtidas pelo mérito pessoal.
Vale lembrar que meritocracia não é um sistema igualitário, sempre conduz a
resultados desiguais, embora baseados em pretensas oportunidades iguais.
Em sociedades desiguais e limitadas em termo de justiça social, o
mérito pessoal propicia acesso a bens materiais e reconhecimento prático-
simbólico. Por exemplo, no Brasil, o citado Vestibular caracteriza-se como
meritocrático, visto que permite acesso a melhores condições de vida, aspecto
decorrente do ensino qualificado, o qual permitirá desenvolvimento individual
pleno, sem preconceitos e sem restrições de cunho herdado ou oportunizado.
(MORAES, 2012, p. 42)
A meritocracia está atrelada à busca por resultados mensuráveis ou
perceptíveis, tradicional no mundo contemporâneo, motivando maior
engajamento dos funcionários, que se sentem fundamentais em tal processo.
A meritocracia representa uma tendência contemporânea, pautada no
reconhecimento do valor das pessoas fazendo com que essas entendam o
diferencial que conferem a cada trabalho, cada processo. Pela meritocracia
cada profissional é recompensado por seus próprios méritos e esforços.
As organizações, ao longo dos anos, têm tido dificuldades em buscar
pessoas com competências e talentosas. E quando se encontra aquele
profissional desejado, passa a ter outro desafio que é reter esses talentos.
Portanto, é necessário que as organizações juntamente com a área de
Recursos Humanos devem ter em mente estratégias para atrair e reter estes
profissionais de alto desempenho, ignorando os profissionais de baixo
desempenho Sullivan (2005).
Reconhecer a entrega dos colaboradores tem sido uma das estratégias
das organizações para reter os talentos e isso não é por acaso, pois cada vez
32
mais a concorrência está de “olhos atentos” para captar os profissionais que
fazem o diferencial e fazê-los migrar para suas empresas. Um dos recursos
utilizados para a retenção de talentos, dentre tantos outros que se apresentam
no mercado, encontra-se a meritocracia sistema de gestão que premia os
colaboradores de acordo com o desempenho e resultados apresentados,
alinhando os objetivos corporativos e profissionais.
A meritocracia é mais uma ferramenta de recursos humanos, na qual os funcionários são alinhados aos objetivos da companhia, de forma que todos trabalham com um só foco e objetivo, o que traz resultados para as duas partes. Essa ferramenta tem a capacidade de motivar os colaboradores, pois é um grande atrativo para o profissional ter um planejamento traçado e conhecer os caminhos que devem ser seguidos para alcançar as metas (BARBOSA, 2003, p. 10).
A meritocracia como instrumento na retenção de talentos surge para
combater a hereditariedade nas empresas começa a romper os vínculos de
sangue e os vínculos de privilégios que os funcionários herdavam de outros
pela sua posição social, de sangue, de casta e herança, assim os verdadeiros
talentos se destacam e consegue progredir dentro das organizações devido o
mérito.
Para Damatta (2012), o mérito varia de sistema para sistema, conceito
de mérito significa ter proveito e ser digno, merecer algo. Esse merecimento se
trata de receber algo de forma legitima através do mérito, a ideia do mérito
ligada a uma realização, é um desempenho que implica em dedicação mais
talento.
A questão mais importante da meritocracia para reter talentos se trata
em observar quais serão os critérios adotados e de que maneira será feito
avaliações de desempenho a forma que será julgado o mérito e escalonar os
talentos de acordo com o mérito.
O mérito e a meritocracia segundo Damatta (2012), bem como a
dignidade que vem com ele, são critérios fundamentais de classificação social
33
ou cultural, como o caso da idade, um dos únicos critérios que não se
discutem. A senioridade, tempo de serviço onde muitas das promoções
ocorrem devido aos funcionários possuírem um bom tempo na mesma
organização e aumento de salário utilizando-se do mesmo critério, outro critério
que quase não se utiliza se trata da questão do gênero para em determinados
cargos somente pessoas do sexo masculino podiam assumi-los, ou seja, como
uma organização esperar reter seus talentos utilizando tais critérios.
As avaliações de desempenho são critérios meritocráticos que auxiliam
as organizações na retenção de talentos, uma vez que as empresas possuem
um sistema de avalição transparente e justa as empresas estão conseguindo
reter os melhores profissionais, uma vez que este critério tangibiliza essa
noção de meritocracia Barbosa (2003) ao analisar, comparar e avaliar os
resultados de cada indivíduo no desempenho de suas tarefas, assim os
profissionais que se destacam, são inovadores, alcançam objetivos e metas se
sentem atraídos em permanecer por muito mais tempo nas organizações.
O mérito está ligado a criatividade e as organizações que investem na
criatividade de seus colaboradores além de atrair talentos estão conseguindo
retê-los por muito mais tempo e temos como exemplo a Apple, 3M e Google
onde o mérito está intrinsecamente associado a criatividade.
De acordo com Barbosa (2003), um dos objetivos da meritocracia para
reter talentos nas empresas é reconhecer os colaboradores por seus
merecimentos e favorece-los garantindo maior integração com a organização.
Fazendo com que eles se sintam peças-chave no jogo do crescimento
corporativo, levando-os a resultados diretos na ascensão da organização e
dele próprio.
A meritocracia para que possa reter talentos nas organizações deve ser
sistema permanentemente gerido, porque toda meritocracia desemboca em
uma aristocracia, Segundo Damatta (2012), os sistemas meritocráticos devem
ser abertos o suficiente para captar novas necessidades, novas habilidades e
se ajustarem de como as pessoas concebem de como o trabalho deve ser
feito.
34
Para Barbosa (2003), por princípio qualquer sistema meritocrático tem
que ser um processo de construção das pessoas que vão ser alvo deste
sistema. Além disso, a meritocracia tem um papel fundamental na retenção de
bons profissionais dentro das organizações, o senso comum é que a maioria
dos profissionais busca o reconhecimento pelo seu desempenho e um sistema
de reconhecimento por mérito mostra-se bem democrático e beneficia todas as
pessoas envolvidas na organização, quando os bons profissionais percebem
que tem chances de crescimento através do mérito eles passam a
permanecerem por muito mais tempo nas organizações.
Para que a meritocracia funcione na retenção de talentos, ela precisa
ser praticada de maneira simples e clara para que todos entendam e acreditem
que os resultados serão obtidos de forma rápida e com ganho para todas as
partes envolvidas.
A meritocracia é de extrema importância não só para a retenção do
colaborador, mas para o resultado das organizações como um todo. Ainda é
um recurso muito pouco utilizado, mas que pode ser de grande colaboração
para a implementação efetiva de uma política de meritocracia, de premiação e
reconhecimento dos melhores profissionais da empresa e com isso, colaborar
para retenção de talentos.
3.2 MERITOCRACIA NA AMBEV
A meritocracia está ganhando espaço como metodologia para
avaliação, motivação e promoção de talentos dentro das organizações. A
Ambev adotou um sistema meritocrático no intuito de manter a motivação dos
empregados e valorizá-los por suas capacidades e habilidades.
Direzenchi (2008) afirma que para Peter Drucker a inovação
caracteriza o empreendedorismo, pois por meio da inovação é que alcançam o
sucesso em seus empreendimentos, constituindo-se no meio para o
35
atingimento do desenvolvimento de um próspero negócio diferenciado. Em
meio a um mercado tão competitivo, ser empreendedor pode ser considerado
um imperativo para a sobrevivência; o empreendedorismo tornou-se uma
ferramenta para a administração para romper as barreiras comerciais, culturais;
para encurtar distâncias e se globalizar com a renovação de conceitos
econômicos.
No âmbito do mercado cervejeiro, a disputa é acirrada, pendendo
grandemente para a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) que
congregou, dentre outras, as principais marcas de cervejas tradicionais: a
Antárctica, a Brahma, a Skol, Caracu, Bohemia, Budweiser. Dessa forma, em
2011 mantinha a dianteira no mercado com 70% das vendas, conforme a
Figura 3.
Figura 3 – Fatias de mercado das empresas cervejeiras no Brasil
Fonte: Matos, 2011
Algumas organizações baseiam sua Gestão de Pessoas nos princípios
da meritocracia, tal como a tendência que há na sociedade em remunerar o
talento, o intelecto com a legitimação dos diplomas escolares, como
decorrência da configuração histórica da modernidade onde o status, a renda e
os direitos devem estar mais afinados “com as identidades profissionais, as
quais são garantidas pelas credenciais educativas. Assim, a formação escolar
representaria um dos principais alicerces para a distribuição das posições
sociais” (RÉGNIER, 2006, p. 31).
36
Com a evolução da sociedade moderna, houve a valorização do
conhecimento para a ocupação das vagas no mercado de trabalho e dessa
forma: “a sociedade pós-industrial, em sua lógica, é uma meritocracia. Status e
salários diferenciados são baseados em habilidades técnicas e educação
superior, e poucos cargos altos estão abertos a quem não possui tais
qualificações” (GOLDTHORPE, 2003 apud RÉGNIER, 2006, p. 40).
O Relatório da Wealth Management & Services do Itaú/UNIBANCO traz
as seguintes considerações a respeito da valorização dos colaboradores na
Instituição:
A análise do desempenho de cada profissional é feita por meio de avaliações periódicas de performance, realizadas ao menos uma vez por ano. São levados em consideração as metas propostas, os resultados obtidos e também a forma de entregar tais resultados, pois, embora seja importante alcançar os objetivos, todas as ações devem estar calcadas no Nosso Jeito de Fazer. Decisões sobre promoções e novas metas são, então, tomadas pelo comitê de avaliações. (RELATÓRIO, 2012, p. 120)
O modelo de gestão de gente e gestão da Ambev tem sido observado
por especialistas do setor de Recursos Humanos que buscam compreender o
mecanismo do sistema meritocrático adotado pela empresa. Tal sistema, a
princípio, recebeu muitas críticas e gerou uma série de processos trabalhistas
com a acusação de que a cultura da empresa era de trabalho intenso, alta
competição e muita cobrança. No entanto, atualmente, o sistema tem sido visto
como modelo, a exemplo do que assevera Dweck (2012, p. 2):
Da mesma fábrica, nos últimos anos uma gama de profissionais de RH tem se espalhado pelo mundo corporativo. São executivos cobiçados pelo mercado para replicar ou ao menos levar um pouco do modelo de gestão de pessoas da cervejaria. Foi da Ambev e, antes, da Brahma que saíram os líderes de RH da Dasa, da HP, da Gafisa, da Andrade Gutierrez, da Mexichem, da Arezzo, do Iguatemi, entre outras empresas.
37
As pessoas focadas em resultados e conhecimento de negócios
oriundas da Ambev têm sido cobiçadas por outras empresas que orientam
headhunters a buscarem profissionais da área de Recursos Humanos que
tenham experiência de atuação na Ambev ou que possuam o perfil da filosofia
praticada naquela empresa. A Ambev é conhecida por formar bem seu pessoal
e por valorizar o currículo como explica Dweck (2012, p. 3):
O peso da Ambev no currículo de profissionais de recursos humanos é equivalente ao de uma escola conceituada, aos olhos do mercado e de quem passou por lá. Fala-se com respeito sobre o sistema de remuneração variável, sobre as ferramentas de gestão, de avaliação de desempenho e sobre os programas de treinamento e seleção da área de gente e gestão (e não RH). “A Ambev prepara os profissionais em todos os níveis, do chão de fábrica aos diretores...”. “Na área de recursos humanos, há metodologias complexas, meritocráticas e transparentes”.
No cerne da estrutura do processo meritocrático estão os programas
de estagiários e de trainees que buscam formar talentos desde o início da
carreira com a possiblidade de ascender dentro da própria empresa. Tal
filosofia tem dado frutos na prática, porque a Ambev no ano de 2011, dentro de
um universo de 28.853 funcionários, possibilitou a promoção vertical de 5 mil
pessoas e de 7 mil promoções horizontais. (DWECK, 2012)
No sistema meritocrático da Ambev, a criação de metas deve ser bem
estipulada conforme os ensinamentos de Vicente Falconi durante a década de
1990, que foi um dos consultores responsáveis pela implementação do sistema
na Ambev; o gerenciamento de rotina requer o mapeamento dos processos da
área de gente e gestão. Neste contexto, os funcionários são valorizados
constantemente com os caminhos abertos para as promoções e, também, com
a motivação que auxilia na obtenção de melhores desempenhos. A formação
continuada é importante para isso e a formação tem sempre objetivos claros
para atingir metas. Dessa forma, o RH está organizado da seguinte maneira:
38
Em empresas como a Ambev, a palavra resultado não faz parte somente do vocabulário da área comercial. Faz sentido também para o RH, pois reflete o contato que a área tem com o negócio — o tão falado e desejado RH estratégico. Essa visão é estabelecida na estrutura da área de gente e gestão. Funções mais operacionais são executadas num centro de serviços compartilhados, enquanto o RH se concentra na estratégia. “Entre as atribuições da equipe estão a definição das políticas de gestão de gente, o desdobramento de metas e o apoio técnico aos gestores de cada setor para serem eles os gestores de pessoas”. (DWECK, 2012, p. 5)
A visão sistêmica da empresa é uma característica de todos os que
compõem a Ambev; por outro lado, são despertados para possuírem uma
cultura de dono do próprio negócio, onde fica realçada a capacidade de cada
um em negociar as melhores propostas para a empresa, baixando custos sem
comprometer a qualidade.
39
CONCLUSÃO
O resultado dessa pesquisa bibliográfica em fontes diversas, buscando
informações sobre a formação de talentos e sua manutenção nas
organizações, levou-nos a realizar várias reflexões, inclusive sobre a
androginia que refere-se, de certo modo, à mulher no mercado de trabalho e a
problemática de questões de gênero quando assumem cargos executivos.
As realidades do Brasil e dos países europeus surgem em cenários
semelhantes pelo fenômeno da globalização e da entrada da mulher no
trabalho, que na Europa ocorreu logo a partir da Segunda Guerra, enquanto
que, no Brasil o fenômeno é mais recente, principalmente nas classes média e
alta.
O Brasil é um celeiro de talentos para ocupar cargos de alta
responsabilidade nas empresas. Neste sentido, essa pesquisa procurou
mostrar os processos e aspetos relevantes para encontrar talentos por meio do
estágio, de processos de trainee, do estabelecimento de sistema de benefícios
que atraem novos talentos e os mantêm motivados nas empresas, com alta
produtividade e comprometimento.
O objetivo geral desse trabalho também foi atingido por termos
conseguido identificar formas de identificar, capacitar, preparar e reter
colaboradores com potencial para desempenhar funções de Gestão de
Equipes.
Nesse sentido, propomos as seguintes providências para que as
organizações atinjam suas metas no que concerne à captação e à retenção de
talentos:
- Dar oportunidade aos estagiários que demonstrem mais aptidões para
ocupar cargos de eleição na empresa;
40
- Realizar Seleção e recrutamento, tendo como critério o perfil de
pessoas pró-ativas;
- Gerir a evolução dos talentos para evoluírem pelas motivações
financeira, individual e institucional para que, por meio dos conhecimentos
construam relacionamentos de parceria com a organização para obterem mais
produtividade, mais lucro e mais prazer.
- Encontrar um ponto de equilíbrio que compatibilize o desenvolvimento
individual com o compromisso profissional, sem esperanças infundadas em
receber recompensas ou aja por medo da punição;
- Abrir espaço para que os líderes participem da edificação das
estruturas, processos e sistemas institucionais, pois como propõe Davis (apud
KOTLER, 2000) os “indivíduos motivados com a instituição são favoráveis às
políticas organizacionais e apresentam baixo índice de rotatividade”.
- Nutrir entre os líderes as capacidades de inovação, trabalho em
equipe, agir e pensar estratégico, flexibilidade, velocidade, comprometimento
entre as pessoas e a empresa.
- Elaborar um sistema de benefícios de excelência – atrai, retém e
motiva os talentos a continuarem nas empresas e auxilia as empresas a
manterem-se competitivas no mercado de trabalho; melhora a qualidade de
vida dos colaboradores; melhora o clima organizacional; reduz a rotatividade e
o absenteísmo; aumenta a produtividade em geral.
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BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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