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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ÉTICA EMPRESARIAL PATRÍCIA ALVIM CORRÊA Orientador Prof. Mestre Robson Materko RIO DE JANEIRO FEVEREIRO / 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM REENGENHARIA E GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS

ÉTICA EMPRESARIAL

PATRÍCIA ALVIM CORRÊA

Orientador Prof. Mestre Robson Materko

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO / 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM REENGENHARIA E GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS

ÉTICA EMPRESARIAL

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO / 2002

Trabalho monográfico apresentado como requisitoparcial para a obtenção do grau de Especialista em

Reengenharia e Gestão de Recursos HumanosPor Patrícia Alvim Corrêa

Orientador Prof. Mestre Robson Materko

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Agradeço à minha mãe que sempre esteveao meu lado, apoiando e ensinando que apersistência é a nossa única aliada nabusca de nossos objetivos.

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Dedico este trabalho ao meu sobrinho

Henrique, meus irmãos Luiz Henrique,

Pedro Paulo e Cristiana e ao meu pai, que

mesmo estando em outra dimensão,

contribuiu como todos aqui citados, para

que eu não perdesse o estímulo e

concluísse o curso com sucesso.

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“Tudo que eleva, amplia e expande a almatorna-a mais capaz de ter sucesso naquelesempreendimentos que não lhe dizemrespeito... Se os homens viessem acontentar-se um dia com objetos materiais, éprovável que, aos poucos, perdessem a artede produzi-los; e no final se divertiriam comeles, como os brutos, sem discernimento esem aperfeiçoamento.

Alexis de Tocqueville

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8

1 A ÉTICA E SEUS PRINCÍPIOS ................................................................................ 9

1.1 A ÉTICA COMO CIÊNCIA ...................................................................................... 9

1.2 CONSCIÊNCIA ÉTICA .......................................................................................... 10

1.3 DEVER ÉTICO ........................................................................................................ 12

2 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ÉTICA.............................................................15

3 A ÉTICA EMPRESARIAL: CONCEITO E EVOLUÇÃO....................................18

3.1. ALGUMAS RAZÕES PARA A EMPRESA SER ÉTICA......................................20

3.2 PRINCÍPIOS ÉTICOS APLICÁVEIS ÀS RELAÇÕES COM EMPREGADOS....22

3.3 CRIAÇÃO E ADOÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA................................................26

CONCLUSÃO..................................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 29

ANEXOS ............................................................................................................................. 30

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RESUMO

Este trabalho foi inspirado e executado pela observação nas empresas, do comportamento dos gestores e empregados, nas suas atitudes éticas perante situações, muitas vezes simples, mas que exigiam uma determinada atitude que no entanto, não foi tomada. Além da observação, procurei através de livros a melhor maneira em que pudesse expressar, mostrar que todos temos que ter atitudes éticas. Esse comportamento vem de dentro, pois ele deve ser aprendido desde cedo, na vida familiar, escolar e comunitária, estendo-se ao ambiente de trabalho. A Ética é tão importante nos relacionamentos profissionais quanto a capacidade de profissionalismo de cada um.

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INTRODUÇÃO

“A maioria dos atos contrários à ética que vi serem cometidos nos negócios foi de

autoria de pessoas essencialmente honestas”.

Gerald E. Ottoson

Os grandes executivos de empresas com freqüência se perguntam por que deveriam implantar um programa de ética em suas empresas, principalmente quando não existem queixas de comportamento anti-ético. Geralmente dão a desculpa que a busca da ética nas empresas pode custar dinheiro e causar prejuízos em transações com concorrentes menos escrupulosos. Em contra partida, escândalos éticos podem causar sérios danos a uma empresa com punições legais, má publicidade e nas relações com os clientes. Mais do que isso, práticas anti-éticas podem influir negativamente na performance da empresa, diminuindo a produção e a criatividade de seus empregados. Padrões éticos estabelecidos pela alta administração , juntamente com seus empregados, podem agir para superalimentar o motor do desempenho na empresa já bem administrada. Com a globalização a responsabilidade ética, esta cada vez mais sendo discutida porque a sociedade esta exigindo mais transparência e mais respeito. Vivemos num mundo de muitas diversidades e desigualdades sociais, culturais e econômicas, criando-se uma indignação do comportamento humano, pois o “Capitalismo Selvagem” faz com que as pessoas tornem individualistas, não pensando no bem estar alheio, somente nela. Por fim, com a implantação de um programa de Ética nas empresas tem-se condição de proporcionar aos empregados a oportunidade de funcionar em um ambiente de confiança e respeito e fornecer aos líderes empresariais condições à promoção da inovação, item tão essencial à excelência empresarial.

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A Ética e seus Princípios

A Ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes.

“É o conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”.

(MOTTA, NAIR SOUZA, 1997, p.9)

A Ética como ciência Nos dias atuais o pensamento ético moderno esta sendo abordado com muita freqüência, e para que um ser humano se socialize melhor ele precisa ter uma conduta baseada no respeito com a sociedade. A exigência Ética fundamental hoje consiste em recuperar a possibilidade de reconstruir relacionamentos entre pessoas e comunidades. Ética hoje significa bem estar social, e com o desenvolvimento de geração após geração, os hábitos e costumes mudam, mudam também os conceitos e o novo paradigma que se faz da Ética moderna hoje, é uma civilização cada vez mais desenvolvida intelectualmente, nisso o indivíduo e principalmente os líderes têm que assumir um compromisso para a vida social. A Ética é hoje considerada uma ciência social, deixando de ser uma parte da filosofia, como sempre foi considerada, desde a antiguidade grega, tendo como seu maior representante Sócrates. Seus princípios eram formulados com base na Filosofia, conseqüentemente a Ética incorporava-se ao pensamento filosófico. Hoje, porém, a necessidade de um conhecimento científico a respeito do comportamento moral do homem se impôs, pois a Ética tem um objeto próprio, uma forma específica do comportamento humano. Passa a levar em conta o contexto histórico-cultural da pessoa humana na qual se acha inserida , tendo como base a própria existência histórico-social do homem. Sendo a pessoa humana um “ser global”, isto é, que deve ser encarado em vários ângulos do seu comportamento, a Ética está relacionada com várias outras ciências, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia e várias outras ciências sociais que contribuem para o estudo do fato moral. Mesmo assim, a Filosofia continua tendo um importante papel em relação a Ética, mas esta passou a ter um enfoque diferente, admitindo a pessoa humana como não separada da sua realidade social, das transformações históricas por que tem passado a Humanidade. Finalizando, a Ética é a ciência que, no plano natural, da “sentido” à vida humana, pois estabelece uma relação da natureza do homem com o seu fim. A vida humana tem um “sentido” que se caracteriza principalmente pelo posicionamento Ético.

Consciência Ética Os conceitos são evolutivos e aplicáveis de várias formas, os vulgares, os tecnológicos, os científicos, os filosóficos etc.

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“Reside no interior de nós mesmos, um elo cujos limites não estão demarcados no campo da ciência e que liga o que de mais íntimo possuímos com o que de mais exterior de nós se relaciona com o mundo ambiental”.

(DE SÁ, ANTONIO LOPES, 2000, p.57)

A consciência age como um tribunal, através do qual aprovam-se ou condenam-se os nossos atos, ou seja, a autocrítica. A consciência Ética é o estado decorrente de mente e espírito, através do qual, nos condicionamos para a realização dos fatos inspirados na conduta sadia para com o próximo em geral e os de nosso grupo e também efetivamos julgamentos a tais condicionamentos. Conhecer-se e auto julgar-se, são estados da consciência que dependem de vários fatores. No campo Ético, a questão se prende a uma conduta objetiva de comportamento de grupo. É aí que nossa conduta passa por julgamentos próprios, mas, também, de terceiros e, torna-se genuinamente ética. Se desejássemos figurar um exemplo, usando de expressões contábeis, diríamos que estamos constantemente sujeitos a uma Auditoria Interna que revisa, fiscaliza, critica e orienta nossas ações. Existe uma correlação entre o que cada um absorve como um modelo para a conduta e o que sente por suas próprias concepções. Podem ocorrer discordâncias entre o que construímos como formação global de nosso conhecimento e os atos que praticamos em nossa conduta social. Sendo a consciência formada, a conduta que dimana da vontade gerada na consciência pode não ser aquela julgada como boa, para terceiros. Isto pode levar a conflitos de diferentes naturezas, tanto para o ser, como entre o seu grupo, sua sociedade, seu Estado. A consciência Ética forma-se para o exercício de vontades que geram condutas que se submetem ao julgamento de terceiros. Mentir pode ser natural para quem não recebeu, em sua consciência, o modelo do verdadeiro, mas não o será para terceiros. Uma consciência virtuosa, fica isenta de conflitos, pois, é esse o estado de valor que se tem objetivado conseguir ao longo dos tempos, na sociedade humana. Tendo como exemplo um código de Ética profissional que proíba a propaganda de serviços, pode criar uma norma a ser seguida, mas divergente com o que o Ser entende pela questão. A norma pode ser aceita por um código, mas poderá ferir a direitos individuais, contrariando ao que um profissional entende como certo. Quando os dominantes não possuem uma formação humana baseada na prática do bem, é viável que os códigos de ética possam gerar conflitos de consciência. A consciência ética forma como toda consciência, uma opinião, derivada da reflexão, desse confronto entre a realidade percebida e aquela que se insere no íntimo do ser. O fato é que dentro de cada um existe um fluxo de julgamento e de intuições para o que admitimos como verdade.

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É essa capacidade que pode criar conflitos com as leis, sob certas condições. Dever Ético

A consciência Ética impõe um sentimento do cumprimento do dever. A isto podemos denominar “dever ético”. Cumprir o que se faz útil e necessário a sobrevivência harmônica, é um “dever” ou obrigação perante as regras de convivência. O dever situa-se como uma disposição especial a exigir seu cumprimento como condição de respeito, conveniência e êxito da conduta humana perante terceiros. Há uma lógica natural do dever que, partindo do nosso cérebro, nos estimula a cumprir os modelos mentais e educacionais que recebemos e adquirimos pela convivência. A ciência atribuem-nos, também, estados especiais de memórias, vindas de nossa formação genética ou biológica, e os que estudam o espírito, acreditam que pela reencarnação trazemos algumas heranças fortes, gravadas na memória, que influem em nossos comportamentos. A Ética, como conduta, é quase intuitiva, a partir das bases educacionais, mas aperfeiçoa-se através dos deveres, pelos códigos, pelas leis, aceitos e criados especialmente para tal fim. A falta de cumprimento do dever assume caráter de transgressão da norma, conseqüentemente, a transgressão torna-se objeto de punição natural, quer do grupo (com perda de oportunidades), quer legal (implicações penais), quer profissional (Tribunais de Ética), quer social (perante a comunidade). A vida impõe-nos condutas que são especialmente típicas do ambiente social e que parecem contrárias daquelas a que somos orientados por efeitos naturais. Por isso, podemos, por vezes, discordar das leis, por entendê-la contrária ao que nossa consciência ética determina, principalmente quando esta se contrapõe àquela contaminada por conveniências de grupos dominantes (que dêtem o poder, pelas autoridades delegadas ou usurpadas). Quando tal conflito se estabelece, o dever entre a consciência e a lei, passa a ser um imperativo; cumpre-se porque é obrigatório. Nesse caso, distinguem-se os aspectos de um dever ético natural e de um dever compulsório, mais de obediência do que vontade. O dever ético natural é o que a Ética acolhe como específico da natureza da conduta. Nasce e se desenvolve por uma voluntária manifestação de vontade, sem que exista a obrigação, mas como uma determinação interna que flui sem esforços. Tendência também natural do dever, como conseqüência de uma consciência ética, é caminhar para o racional.

“Quando a conduta humana volvida ao bem se faz desejável, deixa de ser compulsória; sendo sensível e racional, deixa de ser obrigação imposta, para ser de natureza voluntária”.

(DE SÁ, ANTONIO LOPES, 2000, p.90)

A racionalidade de um dever para com o social significa também ser sensível ao que devemos dar, não só em razão do que recebemos, mas com um princípio que nos empurra sempre a continuar a receber.

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O bem tem faces que precisam ser observadas, para que a consciência ética não se forme somente pela doação, mas também na negação, quando o “não” é que enseja um bem.

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Inteligência Emocional e Ética

A emoção é um sentimento que vem de estados biológicos e psicológicos e que pode motivar um impulso para a ação. Quando algo é percebido por nossos sentidos, é recebido em uma zona de nosso cérebro, tal zona é como se fosse um armazém de memória, que é a emocional. A emoção opera nessa área do cérebro, que é autônoma. Se o que acontece nessa zona não é direcionado, a tendência é que se pratiquem vícios e erros, afetando a conduta, logo, a Ética que é bem definida no campo racional. As emoções nos seres humanos podem influenciar positiva ou negativamente a conduta Ética, como um invasor no processo da consciência. Como o emocional é o primeiro estimulo que o cérebro recebe antes que a razão apareça influenciando-o, até por anulação, faz-se necessário que os estudos da Ética acompanhem as evoluções no campo da “ciência do eu”, que se ocupa da Inteligência Emocional. Razão e emoção são distintos, precisam estar harmonizados para a eficácia da conduta. A emoção tem um grande poder que precisa ser controlado para que se possa desenvolver a própria vontade ética, pois está, se opera em outra área de nosso cérebro. Tendo-se um domínio emocional, evita-se a perturbação do “eu”, com influências inevitáveis na estruturação de uma consciência ética. É função da inteligência emocional, conter o impulso emocional e direcioná-lo nos preceitos de uma consciência moldada em princípios éticos. O egoísmo, a violência, o desejo pelo material e poder são defeitos que acabam destruindo relações éticas, brotadas de uma supremacia do emocional sobre o racional. Vários fatores podem levar um indivíduo a desequilíbrios de ordem emocional, como o vício, quando não controlado pode levar a atitudes desumanas, como o ódio racial, religioso, político etc. A história registra verdadeiros atos de autênticos desastres sociais motivados pela falta de inteligência emocional dos seus dirigentes e que acabou culminando em atos desumanos como o “holocausto” e as bombas atômicas.

“Nada justifica a exterminação, a exploração, a escravidão e a especulação do homem pelo homem e, todos os atos, nesse sentido, são males que afetam a sociedade e transgridem os preceitos da Ética”.

(DE SÁ, ANTONIO LOPES, 2000, p.104)

Os cérebros dos seres humanos agem de formas diferentes em face das emoções que atuam sobre os mesmos. A falta de uso de uma inteligência emocional muitas vezes ocasiona a má conduta, afetando o campo da Ética. É impossível tentar criar e implantar normas gerais para o comportamento humano, diante da emoção, como se pudessem ser regras para todos os casos.

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O que pode ser feito é adotar princípios no campo da inteligência emocional que podem levar o ser humano a uma boa conduta. Emoção e Ética são enfoques distintos, mas interligadas quando se tem em mira analisar a inteligência emocional diante da formação da consciência ética (que deve ser racional, por natureza). O fato dos seres humanos agirem de formas diferentes frente a emoção, não nos permite deixar de tentar maneiras de melhor uso da inteligência emocional e muito menos de abandonar a questão Ética, somente porque nos apegamos a uma diferença de conceitos entre comportamento e conduta. O caráter objetivo da Ética frente ao subjetivo da emoção, não anula a apreciação dos fenômenos e nem das correlações que possam possuir, visando-se à qualidade da conduta. É inegável que o emocional tende a ser mais presente nos seres quanto mais conhecimentos evolutivos foram adquiridos. Para tanto nossos sentimentos necessitam de controle e só a consciência pode alcançar tal controle, principalmente quando a ação precisa ser Ética.

“O ser homem, no sentido amplo, de uma postura ética superior, requer, sem dúvida, um equilíbrio competente entre emoção, razão e os demais atributos do espírito humano”.

(DE SÁ, ANTONIO LOPES, 2000, p.107)

Quanto mais nos conhecemos, melhor será para tentarmos entender terceiros. A habilidade de expressar emoções é essencial para o sucesso no campo da conduta humana. Podemos acreditar que existe uma inteligência social que se manifesta por meio da inteligência emocional, diminuindo dificuldades que possam surgir por deficiências no campo da Ética.

A Ética Empresarial: Conceito e Evolução

A Ética empresarial ocupa um lugar curioso nas mentes de inúmeros administradores de empresa. Por um lado é colocada como algo a ser admirado e que serve de estímulo aos demais; por outro, é cercada por uma aura negativa, algo associado a problemas controversos que administradores de empresa devem evitar. Mesmo assim, tais administradores se sentem inseguros de como agir na prática, conseqüentemente o assunto Ética empresarial é muitas vezes colocado em segundo plano ou até mesmo evitado.

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A Ética empresarial é o comportamento da empresa quando ela age conforme os princípios morais e aceita pela coletividade.

A evolução histórica da Ética empresarial seguiu a evolução do desenvolvimento econômico.

Na economia de troca das sociedades primitivas, não existia lucro. A Ética de tais relacionamentos era limitada pelas relações de poder e pela necessidade de obtenção de certos bens.

O aparecimento do conceito de lucro, causou uma certa dificuldade de entendimento para a moral, já que os pensadores estavam acostumados com economia de troca. Em função disso, consideraram, no inicio, o lucro como um acréscimo indevido.

Mais adiante. No séc. XVII, estudos demonstraram que o lucro não é um acréscimo indevido, mas um condutor de distribuição de renda e de promoção do bem-estar social.

Com a encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, foi imposto um comportamento ético nas empresas.

Nelas foram expostos princípios éticos aplicáveis aos relacionamentos entre a empresa e seus empregados. Tais princípios valorizam o respeito aos direitos e à dignidade dos trabalhadores.

Mas somente na segunda metade do séc.XX que a Ética empresarial ganhou importância.

Em 1972 a proteção ao Meio Ambiente passou a integrar os preceitos da Ética empresarial, através da Conferência Internacional Sobre o Meio Ambiente, onde todos os segmentos sociais, inclusive os empresários foram alertados sobre a necessidade de se preservar e proteger o planeta.

A partir daí, quase todos os países do mundo subordinaram a atividade econômica à proteção do meio ambiente, através de novas leis que foram criadas exclusivamente para isso.

Em 1977 o Congresso Norte Americano aprovou uma lei sobre a Ética empresarial, que passou a proibir pessoas e organizações a oferecerem subornos a autoridades estrangeiras para conseguir fechar contratos, sofrendo penalidades quem não seguisse a regra.

No Brasil, aspectos da lei empresarial sofreram regulamentações em textos legais, principalmente nas áreas do meio ambiente, proteção ao trabalho, ao cliente consumidor, entre outros.

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Tais regulamentações exigem das empresas um comportamento ético em todos os seus relacionamentos e para motivá-los, alguns países têm autorizado os seus tribunais aplicarem condenações milionárias às empresas infratoras.

Atualmente a preocupação com a Ética empresarial, no mundo, é enorme. Provavelmente estamos vivendo a Era da Ética.

Algumas Razões para a Empresa ser Ética

O comportamento Ético por parte das empresas é esperado e exigido pela sociedade. É a única maneira que se tem para obter o lucro com o respaldo da moral.

Os líderes empresariais descobriram que a ética passou a ser um fator de competitividade.

Eis a razão da crescente preocupação, entre os empresários, com a adoção de padrões éticos para suas organizações. É claro, que os integrantes dessas organizações serão avaliados através do comportamento e das ações por eles praticados, tendo como base um conjunto de princípios e valores.

Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas passaram a ter sua conduta controlada e avaliada.

A credibilidade de uma empresa é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros.

Nessa dimensão ética distinguem-se dois planos de ação que são propostos com desafio às organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social etc.

De outro lado, o seu público mais próximo, como executivos, empregados, colaboradores, fornecedores, acionistas, envidam-se esforços para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e princípios do direito.

São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam situações que muitas vezes destroem uma imagem que consumiu anos para ser conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina, empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na reputação da empresa, são exemplo desses ônus.

Daí o motivo de várias empresas terem adotado altos padrões pessoais de conduta para a seleção de seus empregados, cientes de que, atualmente, a integridade nos negócios exige profissionais altamente capazes de compaginar princípios pessoais e valores empresariais.

É perfeitamente aceitável e totalmente necessário aliar lucros, resultados, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores típicos

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de empresa, com valores pessoais, tais como: honestidade, justiça, cooperação, tenacidade, compreensão, exigência, prudência etc.

Existem várias razões para uma empresa agir com Ética. Uma empresa Ética tem custos menores do que uma antiética.

Uma empresa Ética, faz pagamentos corretos, não cedendo a subornos e compensações indevidas. E por não agir de forma antiética, ela consegue colocar em prática uma avaliação de desempenho em suas áreas operacionais, o que já não acontece com uma que não age corretamente, pois certamente irá ter dificuldades em explicar a não realização, por exemplo, de uma venda específica, porque o concorrente ofereceu um suborno maior ao cliente.

Ao estabelecer como regra uma prática Ética, a empresa pode exigir o mesmo de seus empregados e administradores, cobrando-lhes maior lealdade e comprometimento.

As atitudes Éticas facilitam as parcerias empresariais, gerando respeito aos seus parceiros.

“A prática da Ética insere-se no rol dos deveres relativos à responsabilidade social dos agentes econômicos. Há um consenso entre juristas, filósofos, economistas, administradores, empresários e público em geral de que a empresa é responsável por ajudar a melhorar continuamente a sociedade da qual obtém lucro”.

(MOREIRA,JOAQUIM MANHÃES, 1999, p.32)

Quando uma empresa decide adotar uma postura Ética em seus relacionamentos, entendemos que para facilitar internamente seu entendimento, ele deverá criar um documento interno, ou seja, um código de Ética interno.

As pessoas que fazem parte de uma organização possuem formações culturais diferentes, experiências sociais diferentes e opiniões diversas.

O código de Ética aparece para padronizar e formalizar o entendimento ético da organização, evitando que os julgamentos subjetivos impeçam ou restrinjam a aplicação dos princípios, bem como acaba constituindo uma prova legal da determinação da administração da empresa, de seguir os preceitos nele refletidos.

Princípios Éticos Aplicáveis às Relações com Empregados

O relacionamento com os empregados se materializa nas Decisões de Trabalho sobre: recrutamento e seleção, contratação, promoção, remuneração, rescisão de contrato e aposentadoria.

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E para que suas Decisões de Trabalho sejam éticas, a empresa deverá seguir os seguintes princípios:

♦ Cumprir a lei, acordos, convenções e contratos

♦ Observar o princípio da igualdade

♦ Motivar as pessoas a serem felizes em outro ambiente, além do

trabalho

♦ Manter um ambiente de criatividade e crescimento profissional

♦ Não permitir práticas abusivas contra os empregados

♦ Seguir os padrões mais elevados de saúde e segurança no

trabalho

♦ Seguir critérios justos de avaliação de desempenho

♦ Não permitir que preconceitos ou discriminações possam

interferir em quaisquer decisões de emprego

Infelizmente a experiência de outros países mostra que a prática dos princípios acima, não tem sido suficientes. Esses países passaram, então, a estabelecer leis e regulamentos que apregoam as chamadas ações afirmativas, que são práticas efetivas do princípio.

Essas ações afirmativas fazem com que por exemplo, as empresas tenham em seus quadros, pessoas de outras raças, que não sejam dominantes em seu país, evitando o preconceito racial.

Nos Estados Unidos da América, existe um órgão cuja missão é promover a prática dos princípios éticos nas relações de trabalho, fiscalizar e punir violações – EEOC – (Comissão da Igualdade de Oportunidade do Trabalho).

Os tribunais americanos costumam aplicar uma multa para casos em que uma empresa age de forma deliberada. Portanto, concluí-se que um sistema de legislação detalhada de ações afirmativas pode funcionar muito bem.

O preconceito racial no Brasil é Crime.

Existem vários casos de empresas negarem trabalho por motivo de raça ou cor, neste caso a empresa estará sujeita à pena de reclusão de dois a três anos e ainda ter suas atividades suspensas até três meses.

Existe, ainda, uma prática mais sutil, que é a do tratamento diferenciado entre os colegas de trabalho.

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Essa é uma questão mais delicada, onde acreditamos que somente com uma conscientização do grupo de trabalho, poderemos mudar a mentalidade do grupo.

A empresa Ética deve estabelecer punições para o preconceito racial, independentemente da ação criminal a que será submetido o agente.

Outros tipos de preconceito também existem nas empresas, entre eles estão o preconceito contra a mulher e o da idade.

Os principais motivos do preconceito contra a mulher são:

♦ Econômicos – já que a mão-de-obra feminina implica em maiores custos com benefícios trabalhistas

♦ Culturais – uma noção errada, vinda de nossos ancestrais, de que a mulher não poderia exercer atividades exclusivas do homem

O preconceito de idade, o que discrimina as pessoas com idade superior a 40 anos, é igualmente reprovável sob o ponto de vista Ético.

A empresa Ética atua de maneira a atender às necessidades do trabalhador como ser humano, como por exemplo:

♦ Implantação de programas de treinamentos gerais e específicos, visando a capacitação profissional

♦ Comunicação aberta com os empregados, ou seja, recebimento e transmissão de informações de forma clara e eficiente

♦ Incentivo a criatividade, através de concursos internos, premiação e reconhecimento

♦ Promoção da integração da família, através de programas específicos tal como palestras educativas aos filhos dos empregados, colônia de férias, bolsa auxílio educação etc

♦ Redução dos controles de freqüência, na proporção do comprometimento e responsabilidade dos empregados para o atingimento de metas da empresa, bem como nas rotinas do dia-a-dia

Outros dados relevantes para uma empresa ser reconhecida como Ética:

♦ Acesso do empregado aos dados relevantes relativos à sua pessoa, ou seja, expor sempre a verdade ao empregado, permitindo-lhe o acesso as informações pessoais ou à sua carreira

♦ Respeito à privacidade, ou seja, não violação das correspondências pessoais do empregado, comunicações telefônicas ou através da internet

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e não interferir na vida pessoal do empregado, isto não interessa à empresa

Criação e Adoção do Código de Ética

A criação de um Código de Ética da empresa formaliza a definição dos princípios que adotará e sua decisão de segui-los.

Para tanto a empresa terá que se envolver como um todo, desde os seus controladores, administradores até os seus empregados, tendo como decisão a adoção da Ética como padrão de conduta.

A participação de todos os empregados na escolha dos princípios que constarão no Código de Ética é uma maneira de motivá-los a cumprir o Código no seu dia-a-dia do trabalho, isto não exclui a possibilidade de contratar uma assessoria externa para facilitar e acelerar o processo.

O Código de Ética deve ser o mais específico possível, tanto aos princípios vomo ás atividades da empresa e sua linguagem deve ser clara e objetiva.

A responsabilidade pelo conhecimento e cumprimento dos princípios do Código deve ser atribuída a todos os empregados, mas se fará necessário um coordenador das atividades relacionadas à Ética.

Tal coordenador poderá ser um gerente ou assessor externo, que deverá fazer com que o Código de Ética seja conhecido e cumprido, bem como fazer revisões e auditoria de Ética.

O coordenador de Ética será o canal de comunicação, esclarecendo dúvidas, recebendo comunicações de violações do Código.

Após a criação e implantação do Código de Ética da empresa, fazer-se-á necessidade do treinamento para que todos os profissionais que integram a empresa se familiarizem com o Código de Ética e se acostumem em ter os princípios como limitadores de suas ações.

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CONCLUSÃO

As empresas podem se constituir nos maiores vetores da moralização nacional, contribuindo para a criação de um ambiente de negócios livre das práticas ilícitas que os deturpam. A criação desse novo ambiente só será possível com a propagação de regras Éticas a serem observadas pelos agentes econômicos. Com a prática da Ética, as empresas afastarão os riscos de se verem envolvidas em escândalos. A prática da Ética não depende simplesmente da boa vontade e determinação dos controladores das empresas, ela só poderá ser alcançada através da implantação de um programa de Ética na empresa, que com o treinamento específico, os membros da organização começarão a ter uma consciência Ética que no passado não era possível.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NASH, Laura. Ética nas Empresas. 2.ed. São Paulo: Makron Books Ltda, 2001. AGUILLAR, Francis. A Ética nas Empresas. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editor Ltda, 1996. DE SÁ, Antonio Lopes. Ética Profissional. 3.ed. São Paulo: Editora Atlas S.A.

2000. MOREIRA, Joaquim. A Ética Empresarial no Brasil. 1.ed. São Paulo: Editora

Guazzelli Ltda, 1999.

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ANEXOS