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UNIVERSID ADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADU AÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A A TUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ESPA ÇO HOSPITALAR Por: Ana Cristina Guimarães Orientador Prof. Dr. Fernando Arduini Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ESPAÇO HOSPITALAR

Por: Ana Cristina Guimarães

Orientador

Prof. Dr. Fernando Arduini

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro

2

2006

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ESPAÇO HOSPITALAR

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Pedagogia Empresarial

Por: Vanessa Barreiros Santangelo

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de ter

cursado essa pós e por Ele sempre estar

abençoando a minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos adolescentes que

tanto me ensinaram e aos meus familiares.

5

RESUMO

O presente estudo pretende contribuir para uma reflexão a respeito da

atuação do pedagogo no espaço hospitalar, dando enfoque ao trabalho que

desenvolvi no projeto de extensão Uma alternativa educativo-cultural na travessia

hospitalar de adolescentes na enfermaria do NESA (Núcleo de Estudos da Saúde

do Adolescente) no HUPE (Hospital Universitário Pedro Ernesto), promovido pela

Faculdade de Educação/UERJ e a atuação de profissionais em classes

hospitalares. Os objetivos são: a) Compreender a importância do papel do

pedagogo no hospital; b) Entender a importância das classes hospitalares para a

vida das crianças e adolescentes internados; c) Avaliar a importância do projeto na

vida dos adolescentes internados no hospital Pedro Ernesto; d) compreender a

utilização das ferramentas utilizadas pelos profissionais da área de Recursos

Humanos para a seleção, recrutamento e treinamento dos novos estagiários. Em

termos conclusivos, destaca-se que a internação hospitalar influência a

escolaridade dos adolescentes internados e que o hospital também pode ser um

espaço educativo.

6

METODOLOGIA

A partir do trabalho que desenvolvi por 2 anos e 6 meses no NESA (Núcleo

de Estudos da Saúde do Adolescente) situado no Hospital Universitário Pedro

Ernesto, pude ter um contato mais próximo com essa situação. Foi utilizado como

fundamentação teórica livros, o projeto de extensão, revistas e a minha

observação como bolsista do projeto.

7

SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................................ 8

Capítulo I: Pedagogia Hospitalar........................................................................................ 111.1 - A Instituição Hospitalar ................................................................................................. 111.2 - A atuação do pedagogo............................................................................................... 15

Capítulo II: O Pedagogo como Educador ........................................................................ 192.1 - Classes hospitalares.................................................................................................... 202.2 - O Projeto “Uma alternativa educativo-cultural na travessia hospitalar de adolescentes da enfermaria NESA/HUPE/UERJ”................................................................. 22

Capítulo III: Utilizando ferramentas da pedagogia empresarial...................................... 27

Conclusão ............................................................................................................................ 35

Referências Bibliográficas ................................................................................................. 38

Índice .................................................................................................................................... 41

Folha de avaliação .............................................................................................................. 42

8

INTRODUÇÃO

A Pedagogia Hospitalar não é muito conhecido e divulgado no meio

acadêmico, na própria Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio

de Janeiro, muitos estudantes não tinham conhecimento desse trabalho

desenvolvido no Hospital Pedro Ernesto e muitos tinham até medo de ir ao

hospital ver o trabalho. Medo de pegar uma doença, do hospital, do diferente, do

adolescente, do novo, da morte.

Eu tive todos esses medos, é muito comum. A maioria das pessoas estão

acostumadas com uma sala de aula convencional com mesas, cadeiras e quadro-

negro. Mas se todos tiverem medo de enfrentar o novo, o que serão dessas

crianças e adolescentes que estão nos hospitais? Se eu não tivesse enfrentado o

meu medo, não teria tido a oportunidade de conhecer esse trabalho, aprender com

eles e fazer a diferença na vida de muitos que passaram por aquela pequena sala

do NESA.

Estabeleci, então, como objetivos de estudo:

Compreender a importância do papel do pedagogo no hospital;

Entender a importância das classes hospitalares para a vida das

crianças e adolescentes internados;

Avaliar a importância do projeto “Uma alternativa educativo-cultural

na travessia hospitalar de adolescentes na enfermaria do

NESA/HUPE/UERJ” na vida dos adolescentes internados no hospital

Pedro Ernesto;

Compreender a utilização das ferramentas utilizadas pelos

profissionais da área de Recursos Humanos para a seleção,

recrutamento e treinamento dos novos estagiários.

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No primeiro capítulo, busco analisar resumidamente o surgimento da

instituição hospitalar, e faço uma ponte com o Hospital Universitário Pedro

Ernesto, que é o maior hospital público em funcionamento no Estado do Rio de

Janeiro e onde o NESA (Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente) está

localizado; este é considerado como centro de referência no tratamento de

adolescentes. Destaco ainda a atuação do pedagogo no espaço hospitalar e a

importância de um atendimento pedagógico aos adolescentes hospitalizados,

caracterizando assim o papel do pedagogo em projetos interdisciplinares no

hospital enquanto espaço educativo. Busco retratar esse assunto na tentativa de

mostrar que as pessoas que estão dentro do hospital, não são doentes, apenas

estão doentes. É algo na maioria das vezes passageiro, e eles têm o direito de ter

uma vida normal quando saírem do hospital.

No segundo capítulo, destaco a importância de atividades realizadas nos

hospitais da rede pública hospitalar com adolescentes e crianças. Uma das

atividades seriam as classes hospitalares que tem por objetivo possibilitar o

acompanhamento pedagógico-educacional e garantir a continuidade do processo

de desenvolvimento escolar no ensino regular de crianças e adolescentes. Relato

o projeto de extensão “Uma alternativa educativo-cultural na travessia hospitalar

de adolescentes na enfermaria do NESA/HUPE/UERJ”, que é uma atividade

totalmente diferente da classe hospitalar, já que não tem uma estrutura de

atividades para manter a não defasagem hospital escola. E ressalto os desafios e

conquistas enfrentadas pela equipe de pedagogia no hospital, já que esta não é

considerada como parte integrante da equipe multidisciplinar, até então entendida

como sendo constituída apenas por médicos, enfermeiras, nutricionistas e demais

profissionais da saúde.

No terceiro capítulo, descrevo passo a passo todas as ferramentas da

pedagogia empresarial que utilizei na contratação de novas estagiárias que

estariam atuando no projeto. Foi realizado em primeiro lugar um recrutamento

externo por meio de cartazes que foram afixados nos corredores da Universidade.

10

Logo após esse recrutamento foi realizado a seleção das estagiárias com

entrevistas e vivências. E por último foi feito o treinamento com o objetivo

específico de repassar todos os conhecimentos e práticas necessárias para um

bom desempenho da função que estariam assumindo. O processo de treinamento

foi dividido em quatro etapas: diagnóstico, programação, execução e avaliação.

A fim de referenciar teoricamente o estudo foram lidas, interpretadas e

analisadas as idéias dos seguintes autores: CHIAVENATO (2000), MARRAS

(2000), CAMPOS (1995), PONTES (2003), CECCIM (1999).

11

Capítulo 1

PEDAGOGIA HOSPITALAR

1.1 - A Instituição Hospitalar

“Quando o indivíduo é internado em um hospital, tem na

sua história pessoal um momento de cisão de seu cotidiano,

o que gera uma série de problemas para sua autonomia e

transcurso normal de vida. Muitos fatores contribuem para o

aparecimento de desgostos e descontentamento,

ocasionando sofrimento, sensação de abandono, medo do

desconhecido, pois a situação hospitalar é totalmente nova e

desconhecida do individuo, provocando fantasias e temores.

Também, muitas vezes, a pessoa encara a doença como

uma agressão externa, uma punição, ocasionando

sentimentos de culpa”.

(CAMPOS, 1995,28)

A figura do hospital surgiu historicamente no ano 360 d. C, sob a influência

da religião católica. Neste período e sob a égide cristã, o homem passou a se

preocupar com seu semelhante.

Segundo Campos (1995) a evolução histórica dos hospitais passou por três

momentos; no primeiro momento não se tinha muito conhecimento da doença em

si e sim do doente, no segundo momento com a aquisição de mais informações

sobre as patologias, o hospital passou a ser o lugar para onde os enfermos que

necessitavam de cuidados eram encaminhados, limitando-se a atividades

12

curativas. Porém, a medida em que os conhecimentos de natureza preventiva

foram se desenvolvendo, chega-se ao terceiro momento em que se entende que é

preciso atuar desde a prevenção até a reabilitação.

No mundo contemporâneo, os hospitais se tornaram os centros de cuidado

da saúde. Atualmente, pacientes fazem uso de ambulatórios para cuidados que,

em períodos passados, eram recebidos em casa ou nos consultórios médicos.

Serviços como laboratórios, raio X, terapia física e outros recursos tecnológicos

são cada vez mais utilizados para o cuidado ambulatorial, diagnose e tratamento.

Pitta (2003: 42) observa que o hospital moderno vem, cada vez mais, se

afastando das características de “ofício”, entendido como “dever, onde o modo de

fazer, além de transmitido artesanalmente de uns a outros, tem um sentido

introjetado de dever, de fazer ‘o todo’ necessário para que a atividade aconteça”.

Isso ocorre por conta da complexidade do trabalho hospitalar que vem se

configurando em divisões e especialidades e pela incorporação de processos

tecnológicos.

Para a Organização Mundial de Saúde:

“O hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja

função é dispensar à comunidade completa assistência médica,

preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu

domicílio e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo

da saúde e para as pesquisas biossociais”. (CAMPOS, 1995:20)

O autor (1995:20) ainda conceitua o hospital definido pelo Ministério da

Saúde como sendo “parte integrante de uma organização médica e social, cuja

função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária

completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento,

inclusive o domiciliar, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar,

constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos

humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de

13

pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a

ele vinculados tecnicamente”.

Segundo Gonçalves (apud Campos, 1995: 21) o hospital:

“Não pode ser entendido desvinculado e isolado da comunidade que

pretende servir, mas como parte integrante e integrada da própria

dinâmica do mundo atual, que interfere em sua própria origem, em sua

política e em sua atenção, manutenção e desenvolvimento”.

O mesmo autor irá dizer que dentro do hospital existem três pólos de poder,

no qual os médicos são colocados na primeira posição, a administração hospitalar

é caracterizada como sendo o segundo pólo de poder e o terceiro pólo de poder, a

fonte de autoridade, seria a alta direção do hospital. A relação desses três grupos

irá ocasionar o bom desempenho do hospital.

Segundo Svensson (apud Pontes, 2003: 27), “o modelo do hospital

moderno, ao mesmo tempo, se caracteriza como uma estrutura

hierárquica de autoridade com regras estabelecidas e possibilita

oportunidades aos atores mudarem a suas relações interpessoais. Para

ele, quando as regras e as normas não estão totalmente definidas,

podem ocorrer processos de negociação nessas relações”.

Adam e Herzlich (apud Pontes, 2003: 26) “destacam que a criação dos

Centros Hospitalares Universitários e a instituição de um regime médico

hospitalar de tempo integral caracterizam a continuidade da evolução e

dão aos hospitais seu aspecto atual”.

Exemplificando o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), foi

inaugurado em 1950 e em 1962 tornou-se o Hospital-Escola da Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É o maior hospital público em

funcionamento no Estado, com cobertura assistencial estimada de 1.000.000 (hum

milhão) de habitantes. Além de ser considerado Centro de Excelência e

Referência na área de Ensino e Saúde.

14

Em 29 de Janeiro de 1975, é inaugurado a Enfermaria de Adolescentes

Profº Aloysio Amâncio, primeira no gênero no Brasil a oferecer atendimento

especializado ao adolescente. Com a institucionalização desse serviço, o

programa recebeu a denominação de Unidade Clínica de Adolescentes (UCA) que

já contava com uma equipe multidisciplinar. O trabalho efetuado na UCA se

configurou, em pouco tempo, como um trabalho prioritário da Universidade.

Foram criados três níveis de atenção dentro da UCA, sendo classificadas

como: nível de atenção primária, nível de atenção secundária e nível de atenção

terciária.

O Programa de Atenção Primária, foi criado em 1990, visando organizar um

sistema de referência e contra-referência na Área Programática ll Norte -

constituída pelos bairros de Vila Isabel e Tijuca – próximo a Universidade.

O Programa de Atenção Secundária é realizada no Pavilhão Floriano

Stoffel, anexo ao Hospital Universitário Pedro Ernesto e tem como objetivo o

atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação em nível ambulatorial dos

principais agravos de saúde que acometem a população adolescente no Estado

do Rio de Janeiro.

Em relação à Atenção Terciária, o programa está situado na Enfermaria

Aloysio Amâncio da Silva que é tido como referência no tratamento de

adolescentes com quadros clínicos e cirúrgicos que necessitem de investigação

diagnóstica e de recursos tecnológicos mais avançados. Dispõe de 20 leitos,

sendo 10 para o sexo masculino e 10 para o feminino, ocorrendo em média um

total de 400 internações por ano. Conforme, preconizado no Estatuto da Criança e

do Adolescente, a família tem permissão para acompanhar o adolescente durante

o período de hospitalização.

Com o crescimento e institucionalização dos três níveis de atenção, a

coordenação da UCA apresentou uma proposta ao Conselho Universitário da

UERJ para ascender à posição de Núcleo, com a denominação de Núcleo de

15

Estudos da Saúde do Adolescente (NESA), proposta que foi aprovada em 1995.

Desta forma, a equipe passou a ter com esse novo “status” mais autonomia e

facilidade para exercer suas funções.

Segundo Saito (2001), atualmente o NESA tem um corpo docente e

técnico-admistrativo de 86 profissionais, sendo 49 de nível superior e os demais

de nível médio.

1.2 - A atuação do pedagogo no espaço hospitalar

“Eu fui me fazendo, na prática, um educador. E fui

aprendendo, desde aquela época, a exercer uma prática de

que não me afastei até hoje: a de pensar sempre a prática.

De fato, pensar a prática de hoje não é apenas um caminho

eficiente para melhorar a prática de amanhã, mas também a

forma eficaz de aprender a pensar certo”.

(FREIRE, 1986: 9)

Respeito é algo muito difícil de ser conquistado. O nosso trabalho no

hospital não é tão respeitado quanto o trabalho desenvolvido pela recreadora, não

sei se pelo fato de muitas pessoas ainda não serem bem informadas quanto à

verdadeira atuação do pedagogo, principalmente no espaço hospitalar, já que a

idéia que se tem é de que a educação deve ser entendida dentro do espaço

escolar, ou se ainda não se consegue fazer a distinção entre professor/pedagogo

e professor/recreador. Eu não os recrimino, pois os próprios alunos de pedagogia

não entendem muito bem o trabalho que desenvolvemos no hospital, uma maior

divulgação se faz necessário.

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Libâneo (2002: 51) entende a pedagogia como:

“Uma área de conhecimento que investiga a realidade educativa, no

geral e no particular. Mediante conhecimentos científicos, filosóficos e

técnico-profissionais, ela busca a explicitação de objetivos e formas de

intervenção metodológica e organizativa em instâncias da atividade

educativa implicada no processo de transmissão/apropriação ativa de

saberes e modos de ação”.

E entende o pedagogo como:

“O profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta

ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão

e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista

objetivos de formação humana definidos em sua contextualização

histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com

fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em

suas várias modalidade e manifestações”. (LIBÂNEO, 2002: 52)

Hoje eu tenho a convicção de que a atuação de um pedagogo trabalhando

juntamente com uma equipe interdisciplinar é fundamental e a nossa presença

levando alegria, risos, sonhos, fortalecendo-o para lidar com a situação de crise,

com as vivências de dor e da própria internação, saber ouvi-lo, acolhê-lo e

principalmente educação é indispensável para essas crianças e adolescentes que

se encontram internados. Tem estudantes de pedagogia que nem sabem que

existe esse espaço de atuação, que passam pela disciplina Educação e Saúde e

não aprendem que existe essa possibilidade.

O conhecimento do doente vai além do entendimento da doença, pois vai

abranger a pessoa como um todo, sua história, suas aspirações, seus medos,

enfim, sua vida e seu modo de adoecer.

Rebello (2004: 73) ressalta que o Ministério da Saúde, em documento

elaborado pela diretoria de Programa de Educação em Saúde (DPES) apresenta o

foca da educação em saúde e o texto do documento aponta que:

17

“Considerar a educação em saúde como disciplina de ação significa

dizer que o trabalho será dirigido para atuar sobre o conhecimento das

pessoas, para que elas desenvolvam juízo crítico e capacidade de

intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual interagem

e, assim, criarem condições para se apropriarem de sua existência.

Abre-se, aqui, um espaço de especialização e atuação para o

pedagogo”.

Fui chamada por vários nomes como; recreadora, tia, professora e até mãe,

mas só depois de quase dois anos, a equipe de residentes, enfermeiras e da

limpeza, os acompanhantes e os próprios adolescentes me reconheceram como

pedagoga e não recreadora.

Dolto (1990:19/20) diz que “as pessoas com quem convivem

desempenham um papel muito importante na educação dos jovens

nesse período, pois como não são responsáveis pela sua educação, o

que fazem pode favorecer a espontaneidade e a confiança deles em si

mesmos, bem como a coragem para superarem suas impotências, ou,

ao contrário, leva-los à depressão e ao desânimo”.

Por isso, uma das preocupações era quanto à atividade a ser aplicada. O

trabalho tinha que ser de forma a nunca ser uma elaboração fechada, pois

dependendo dos adolescentes que iria encontrar no hospital, todo o planejamento

poderia ser modificado e readaptado para atender as necessidades dos que se

encontravam internados. Tinha sempre que estar preparada para dar palavras de

conforto e de ânimo.

Pontes (2003: 7) ressalta que “a percepção de que o jovem, mesmo

doente, pode aprender, criar e, principalmente, continuar interagindo

socialmente, muitas vezes ajuda a sua recuperação. Entendendo melhor

a sua lógica sobre a forma como ele vivencia a sua internação, os

profissionais de saúde poderão melhor focalizar as suas ações voltadas

para esses jovens”.

Era esse o objetivo que buscávamos atingir, o de mostrar que existia um

mundo lá fora e a vida dele não tinha acabado porque estava doente. E conseguir

18

isso era uma batalha diária, sempre que saia do hospital brincava dizendo que

tinha matado mais um leão.

Não posso afirma que consegui colocar um pouco de esperança no coração

de todos os adolescentes, mas tenho certeza que o trabalho que desenvolvi trouxe

diferença para a vida de muitos deles.

Três adolescentes melhoraram os seus quadros de anorexia; três

adolescentes apresentaram o desejo de voltar a estudar. O mais importante para o

projeto foi o reconhecimento da equipe de enfermagem do NESA quanto ao

trabalho desenvolvido. Uma das chefes da enfermagem elogiou o projeto e disse

que esse trabalho deveria ser estendido para a equipe de enfermagem que

também precisa de um momento de relaxamento e interação, porque é necessário

humanizar o hospital. Nossas atividades buscavam atingir esse objetivo.

“A filosofia da humanização nas relações leva também o paciente a aumentar a percepção de si mesmo, mobilizando-o a colaborar com o tratamento, fortalecendo-o para lidar com a situação de crise, com as vivencias da dor e da internação. É necessário estar com o paciente, ouvi-lo e acolhê-lo”. (Campos, 2002, 185/186)

19

Capítulo 2

O PEDAGOGO COMO EDUCADOR

“A professora falou que eu nunca vou ser nada na vida e que

tenho que me conformar. Sou limitada e nunca vou melhorar”.

(trecho extraído do meu diário de campo)

19/05/03

Ouvir uma adolescente de 15 anos falar que não conseguia fazer nenhuma

atividade porque tinha limitações e acreditava no que a professora havia falado a

respeito dela, é muito complicado tanto para ela que aceitava ser uma verdade,

quanto para nós que tínhamos como desafio mostrar que aquilo que a professora

havia falado não estava certo. É difícil acreditar que possam existir professores

que tenham essa postura tão discriminatória, e essa atitude pode nos levar a

pensar na alienação desses profissionais da educação e da própria escola no trato

com adolescentes portadores de necessidades especiais.

Embora a Lei de Diretrizes e Bases (lei 9.394/96), recomende que “os

sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais,

professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para

atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados

para a integração desses educandos nas classes comuns (art 59- Inc. III)”, a

realidade nos mostra uma situação bastante diferente.

Neste capítulo, tento relatar a minha atuação no projeto “Uma alternativa

educativo-cultural na travessia hospitalar de adolescentes da enfermaria

UCA/HUPE/UERJ” como bolsista e mostrar que embora a maioria das pessoas

pensem que o pedagogo só possa atuar na área de Recursos Humanos dentro de

um hospital, este também pode atuar em atividades educativas, as classes

20

hospitalares é um exemplo disso. Já existem vários livros, artigos e até

monografias que comprovam que essas atividades na vida dos internos só tem a

somar.

2.1 – Classes Hospitalares

“A classe hospitalar, como atendimento pedagógico-

educacional, deve apoiar-se em propostas educativo-

escolares, e não em propostas de educação lúdica,

educação recreativa ou de ensino para a saúde”.

(CECCIM,1999: 42)

A criação de classes escolares em hospitais é resultado do reconhecimento

formal de que crianças hospitalizadas, independentemente do período de

permanência na instituição ou de outro fator qualquer, têm necessidades

educativas e direitos de cidadania, onde se inclui a escolarização.

Esse não é fenômeno recente. Fonseca e Ceccim (1999) abordam o

assunto e esclarecem que, a partir da segunda metade do século XX, observou-se

que, em países desenvolvidos, como Inglaterra e Estados Unidos, orfanatos,

asilos e instituições que prestavam assistência a crianças violavam aspectos

básicos do desenvolvimento emocional das mesmas, por falta de atendimento

integral. Concluiu-se igualmente que tais lacunas apresentavam o risco de

seqüelas as quais, na vida adulta, poderiam evoluir para condições psiquiátricas

sérias.

A classe hospitalar tem por objetivo possibilitar o acompanhamento

pedagógico-educacional e garantir a continuidade do processo de

desenvolvimento escolar de crianças e adolescentes no ensino regular, garantindo

a vínculo com a escola e/ou favorecendo o seu ingresso ou retorno ao seu grupo

21

escolar correspondente, com um currículo flexibilizado e/ou adaptado. O hospital,

a doença e a internação passam a ser vistos como algo não tão ruim e sim como

passageiro. Com as atividades as crianças ou adolescentes passam a ter uma

relação mais intima com os outros internos, fazendo com que entendam e aceitem

que ele não é o único que está passando por aquele problema, eles acabam por

trocas idéias sobre suas experiências e tem a oportunidade de passar algumas

horas divertidas desenvolvendo atividades lúdicas e educativas.

Ceccim (1999: 43) aponta o importante papel do professor junto ao

desenvolvimento, à aprendizagem e ao resgate da saúde pela criança

hospitalizada. Diz que “a função do professor da classe hospitalar não é

de apenas “ocupar criativamente” o tempo da criança para que ela possa

“expressar e elaborar” os sentimentos trazidos pelo adoecimento e pela

hospitalização, aprendendo novas condutas emocionais, como também

não é de apenas abrir espaços lúdicos com ênfase no lazer pedagógico

para que a criança “esqueça por alguns momentos” que está doente ou

em um hospital”.

O autor ressalta também que:

“O atendimento na classe hospitalar tem servido à manutenção das

aprendizagens escolares, ao retorno e à reintegração da criança ao seu

grupo escolar e também ao acesso à escola regular, uma vez que

algumas das crianças hospitalizadas em idade de freqüência escolar não

estão matriculadas na rede de ensino. Quando a ausência da criança à

escola decorre de sua história de adoecimento e tratamento hospitalar, a

freqüência à classe hospitalar incentiva a criança e a família a buscarem

a escola regular após a sua alta do hospital”. (CECCIM, 1999: 44)

Além do mobiliário adequado, as classes, sempre que possível, devem

disponibilizar computadores, televisão, internet, vídeo, aparelho de som, telefone e

outros recursos essenciais ao desenvolvimento pedagógico dos estudantes. O

aluno também poderá ser atendido no ambulatório, na enfermaria, no leito, no

quarto de isolamento, nas casas de apoio e na própria residência. A coordenação

da classe hospitalar fica a cargo de um professor que conhece a dinâmica e o

22

funcionamento do sistema, assim como as técnicas e terapêuticas que dele fazem

parte.

Existem onze classes hospitalares em atividade no Rio de Janeiro que são

vinculadas à Secretaria Municipal de Educação e contam com professoras

concursadas pelo município. Estas constituem uma extensão da escola no

hospital, isto é, seguem o mesmo conteúdo didático sugerido pelo município,

atendendo crianças e jovens desde a Educação Infantil até a quarta série do

primeiro segmento do ensino fundamental. A classe hospitalar mais antiga ainda

em funcionamento fica no Hospital Municipal Jesus (hospital público infantil), que

iniciou oficialmente suas atividades em 14 de agosto de 1950.

2.2 - O Projeto “Uma alternativa educativo-cultural na travessia

hospitalar de adolescentes na enfermaria do NESA/HUPE/UERJ”

Para maior integrações dos adolescentes, durante o período de internação,

são realizados projetos que envolvem diferentes unidades da Universidade. Como

exemplo, devem ser citados: o programa com os adolescentes, utilizando

interpretação de textos e imagens, desenvolvimento da expressão e outras

manifestações culturais como marcas identificadoras da cidadania e que tem a

assessoria de docentes da Faculdade de Letras e o projeto de extensão, iniciado

em agosto de 1993, “Uma alternativa educativo-cultural na travessia hospitalar de

adolescentes na enfermaria do NESA/HUPE/UERJ” dinamizado pela Faculdade

de Educação e que é fonte de inspiração e base para a realização desse estudo.

O projeto fundamentou-se em Forquin (1993) que afirma sempre ser e

existir uma relação íntima e orgânica, inquestionável entre educação e cultura. A

proposta do projeto “Uma alternativa educativo-cultural na travessia hospitalar de

adolescentes na enfermaria do NESA/HUPE/UERJ” consiste em “oferecer aos

pacientes variadas oportunidades de ver o mundo a partir de suas experiências

23

anteriores, do seu cotidiano numa unidade hospitalar e de suas perspectivas no

retorno ao seu meio social, com subsídios para o desenvolvimento pessoal”.

(Relatório do Projeto, atualizado em 2003)

Para que estes objetivos sejam alcançados são realizadas atividades

educativo-culturais, duas vezes por semana na Enfermaria do NESA visando a

reintegração desses jovens ao seu meio sócio-cultural. As atividades procuram

atender ao desenvolvimento de quatro processos; relacionamento, comunicação e

informação, criatividade e encorajamento.

O trabalho em questão parte do principio de que há um mundo vivo e

atuante no espaço hospitalar. É preciso romper isolamentos, barreiras,

preconceitos, tristezas e propor novos olhares que ultrapassem os muros

cinzentos, os laboratórios, os centros cirúrgicos. É preciso criar alternativas,

propor novas opções curriculares, ampliando as práticas pré-determinadas da

cultura escolar. (relatório do projeto).

A opção metodológica da equipe trabalha de maneira lúdica, todas as

formas de expressão, propondo atividades de leitura e escrita dos diferentes

meios de comunicação social, independente do nível de escolaridade dos

pacientes.

Não há, portanto, a preocupação com conteúdos programáticos, e sim a de

levar os adolescentes a descobrirem, na sua práxis, um conhecimento que lhes

permita: relacionar-se bem com os outros, comunicando claramente suas idéias;

ter liberdade para expressar-se criativamente; sentir-se capaz de compreender os

fatos que ocorrem em sua volta, refletindo e analisando criticamente as situações

vividas.

Nesse sentido, a proposta da Faculdade de Educação/UERJ se diferencia

do trabalho realizado sob a denominação Classes Hospitalares. Tais classes são

promovidas em hospitais conveniados com Secretarias de Educação com o

24

objetivo de proporcionar o atendimento educacional a crianças e adolescentes

internados nas enfermarias, propiciando o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Ingressei, no projeto em fevereiro de 2002. Lidei com diagnósticos que

nunca tinha ouvido falar antes, tive que aprender a lidar com o inesperado, com os

grupos que se formavam a cada dia, devido às internações terem em média uma

semana. Aprendi a fazer um planejamento flexível, já que por vezes as atividades

propostas foram recusadas. Com o tempo, aprendi a ter sempre “cartas na

manga”, para atender às peculiaridades dos grupos.

Enfrentei vários desafios nesses dois anos e seis meses de atuação no

hospital. Conseguir se fazer notar pelos residentes, foi uma tarefa muito difícil,

pois eles nunca respondiam ao nosso cumprimento e por esse motivo dificultava o

nosso acesso à sala interdisciplinar do NESA, e era necessário o acesso a essa

sala para pegar os diagnósticos corretos dos adolescentes porque tínhamos que

ter esse controle e também porque muitos adolescentes mentiam ou não sabiam a

verdadeira doença e isso poderia ser perigoso para a nossa saúde já que

tínhamos livre acesso a todos os leitos e muitas doenças eram infecto contagiosas

e muita das vezes o papel de “perigo infecção” era afixado horas depois da nossa

chegada.

A não aceitação de alguns profissionais de saúde quanto ao trabalho

desenvolvido, entendendo como sendo uma recreação e não como um trabalho

pedagógico, foi uma grande barreira que tivemos de ultrapassar. Muitos

profissionais entravam na sala no meio da atividade sem pedir licença e retiravam

o adolescente da sala ou até mesmo lhes faziam perguntas particulares que muita

das vezes os deixavam envergonhados na frente de todos, como: “Você mediu o

nível da sua urina?”. Hoje acredito que não há mais dúvida quanto ao significado

do trabalho que desenvolvi no hospital, mas confesso que demorou muito para

isso acontecer, só fui observar essa melhora no relacionamento quando já estava

perto de deixar o estágio.

25

Ter de aprender a lidar com a morte, de forma que não deixasse

transparecer para os outros adolescentes a nossa tristeza, foi o meu maior

desafio. Perdi em 2 anos e 6 meses oito adolescentes; pessoas que tiveram um

grande significado nessa minha trajetória e que ficarão para sempre guardadas no

meu coração.

Pontes (2003: 39) ressalta que “o êxito de uma equipe multidisciplinar

depende, necessariamente, que cada um dos integrantes funcione como

parte de um todo em uma relação sinérgica que combina talentos

diferentes com conhecimentos diferentes e com técnicas diferentes para

responder aos problemas com esquemas conceituais também

diferentes”.

O grande desafio foi mostrar que as pedagogas devem ser consideradas

como membros da equipe multidisciplinar, até então entendida como sendo

constituída apenas por médicos, enfermeiras, nutricionistas e demais profissionais

de saúde.

Apesar de tantas dificuldades, as alegrias e conquistas superam as

barreiras, as tristezas e angústias. Destaco como uma das mais significativas, o

trabalho que desenvolvi pr quase dois meses com um adolescente autista. Apesar

de não ter aprendido como lidar com essa síndrome, consegui estabelecer com

ele uma relação que me foi muito gratificante. Eu fiquei maravilhada quando

depois de quase um ano que ele já havia recebido alta, ele voltou e me

reconheceu. Não pensei que um autista tivesse essa capacidade.

Foram 2 anos e 6 meses de total aprendizado e a principal lição foi

aprender a ver e ouvir as atitudes dos adolescentes de maneira menos crítica.

“Ver não é somente olhar. O ver necessita estar e não a penas passar

pelos espaços. Ver é tecer um lugar no não-lugar. Ver é observar a

realidade que se apresenta de forma complexa e inteira diante do seu

olhar. Ver não é se colocar como espectador de um mundo ilusório

criado por outros olhares. É a possibilidade de sentir antolhos e girar o

rosto para inviabilizar sua ação, de não se imobilizar diante do que se

26

vê. Ver é tornar-se capaz de perceber as alternativas e complexidades

presentes no cotidiano, mesmo quando não queremos vê-las”.

(MONTEIRO, 2001: 28)

27

Capítulo 3

UTILIZANDO FERRAMENTAS DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL

Mesmo sem saber, visto que a UERJ não oferece a formação em

pedagogia empresarial, utilizei algumas ferramentas empresariais para a seleção

de novas estagiárias.

Todo processo de recrutamento tem início a partir de uma necessidade

interna no que tange á contratação de novos profissionais.

Segundo Marras (2000: 69) o recrutamento de pessoal é:

“Uma atividade de responsabilidade do sistema de ARH que tem por

finalidade a captação de recursos humanos interna e externamente à

organização objetivando municiar o subsistema de seleção de pessoal

no seu atendimento aos clientes internos da empresa”.

Chiavenato (2000: 197) define o recrutamento como sendo:

“Um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos

potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da

organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual

a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos

oportunidades de emprego que pretende preencher. Para ser eficaz, o

recrutamento deve atrair um contingente de candidatos suficiente para

abastecer adequadamente o processo de seleção. Aliás, a função do

recrutamento é a de suprir a seleção de matéria-prima básica

(candidatos) para seu funcionamento”.

Foi realizado um recrutamento externo, que significa a contratação de

funcionários vindo de fora. A única fonte de recrutamento utilizada foi a colagem

de cartazes, que é considerado um sistema de baixo custo, pelos corredores da

UERJ, foi colocado as características exigidas e solicitando àqueles interessados

que comparecessem a sala do projeto “Uma alternativa educativo-cultural na

28

travessia hospitalar de adolescentes na enfermaria do NESA/HUPE/UERJ” para

candidatar-se à posição oferecida.

Segundo Marras (2000: 79) a seleção de pessoas é:

“Uma atividade de responsabilidade do sistema de ARH, que tem por

finalidade escolher, sob metodologia específica, candidatos a emprego

recebidos pelo setor de recrutamento, para o atendimento das

necessidades internas da empresa”.

O próximo passo foi a entrevista de seleção, com o intuito de detectar

dados e informações das candidatas, saber suas expectativas e desejos. Foi

realizado uma entrevista não-estruturada. Esta não requer um padrão

predeterminado ou não se prende a nenhum planejamento prévio de detalhes

individuais, deixando a entrevista mais livre. A principal vantagem desse tipo de

entrevista é o aproveitamento individual dos momentos e características de cada

candidato.

Para Chiavenato (2000:238) a entrevista propriamente dita constitui:

“Uma etapa fundamental do processo, na qual se intercambia a

informação desejada por ambos os participantes: o entrevistador e o

entrevistado. A entrevista envolve necessariamente duas pessoas que

iniciam um processo de relacionamento interpessoal, cujo nível de

interação deve ser bastante elevado e, sobretudo dinâmico(...) Uma

parte considerável da entrevista consistirá em prestar ao candidato

informações sobre a oportunidade existente e sobre a organização, com

o intuito de transmitir-lhe uma imagem favorável e positiva e reforçar seu

interesse”.

Com o resultado das entrevistas, selecionamos algumas candidatas para

participar da segunda etapa de seleção que seria uma vivência.

Foi montado em uma sala de estudos na UERJ o espaço que trabalhei no

NESA, demarquei no chão utilizando fitas coloridas tudo o que havia na sala;

desde a metragem da sala a todos os objetos que compunham esta, o intuito era

mostrar que o ambiente de trabalho era muito pequeno devido a quantidade de

29

adolescentes que participavam das atividades, grande parte deles iam para a sala

de cadeira de rodas, com o aparelho de alimentação e com as araras que

prendiam os soros.

O espaço também era muita das vezes divido com os acompanhantes, a

sala era o único lugar que tinha televisão e a maioria dos internos não tinham

televisão nos quartos. Muitos queriam participar das atividades, eles também

estavam “presos” aquele lugar sem ter nenhuma forma de distração e a maioria

dos internos era de classe baixa, então tudo que era levado para os adolescentes

acaba por despertar o interesse também dos acompanhantes, já que muitos ali

pude comprovar ter o nível de educação muito baixo.

O intuito também era impactar as pessoas para poder selecionar as que

realmente estavam querendo o trabalho, a maioria das alunas de pedagogia estão

acostumadas ao ambiente de sala de aula.

Em primeiro lugar foi realizado uma palestra para contar um pouco sobre o

projeto, os seu desafios, conquistas e tirar todas as dúvidas que fosse surgindo

em relação ao trabalho. Como não era uma sala de aula em uma escola com

atividades que seguem um planejamento fechado e sim atividade que eram

planejadas de acordo com as possibilidades dos internos e a sala estava

localizada dentro de um hospital, muitas indagações surgiram.

Depois fizemos várias atividades com as candidatas. Colocamos em folha

de papel algumas doenças e as candidatas tinham que sortear um papel e a partir

do problema sorteado elas teriam que fazer a atividade se passando pelos

adolescentes; como por exemplo: estar com o soro na mão direita sendo obrigada

a escrever com a esquerda mesmo sendo destra ou ser uma atividade para criar

um jornal desde a ilustração até a confecção das matérias e este ser analfabeto e

querer participar das atividades sem que os outros percebam que ele não sabe ler

nem escrever. Invertemos também os papeis, eu me coloquei no lugar de um

adolescente e elas no meu lugar. Queria com isto, verificar como elas se sairiam

diante de um problema tendo que buscar soluções bem rapidamente e como se

30

sairiam aplicando as atividades. Muitas ficaram sem saber o que fazer, por que

lidar com um adolescente é muito mais difícil do que lidar com crianças. Eles te

testam o tempo todo, falam gírias, “dão em cima”; eu buscava sempre ir vestida de

blusa de manga e calça jeans para não despertar nenhum interesse neles e com

isso manter uma distância entre homem-mulher e prevalecer o de aluno-

professora.

Já nessa primeira etapa de vivência, algumas se assustaram e desistiram.

Depois desse outra seleção o próximo passo foi levá-las para conhecer o hospital

e o trabalho. Assim que se entra num hospital e ainda tendo como agravante ser

público, o impacto para quem não está acostumado é muito grande, tudo é

diferente até o cheiro. A pessoa nunca pode imaginar que irá encontrar, e com

freqüência, baratas circulando livremente pelos corredores e pelos quartos e ter de

ouvir de uma funcionária que era só dar uma “pisada” nela que estaria resolvido o

problema. Depois dessa visita muitas desistiram.

Depois de muito analisar, foram selecionadas duas estagiárias. Confesso

que a escolha foi muito difícil, pois pensando friamente estaria colocando uma

pessoa para trabalhar no meu lugar, ela estaria me substituindo. E eu já tinha os

adolescentes como meus e ter que dividir o amor deles com outra pra mim foi

muito complicado.

Após essa seleção passamos a fazer o treinamento das novas estagiárias,

Chiavenato (2000: 497) entende o treinamento como sendo:

“O processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática

e organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos,

atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. O treinamento

envolve a transmissão de conhecimentos específicos relativos ao

trabalho, atitudes frente a aspectos da organização, da tarefa e do

ambiente, e desenvolvimento de habilidades”.

Chiavenato (2000: 496) ressalta também que o treinamento é:

31

“A educação profissional que visa adaptar o homem para determinado

cargo. Seus objetivos situados a curto prazo são restritos e imediatos,

visando dar ao homem os elementos essenciais para o exercício de um

cargo, preparando-o adequadamente para ele”.

Foi realizado o treinamento das novas estagiárias tendo como objetivo

específico repassas todos os conhecimentos e práticas necessárias ao bom

desempenho da função que elas estariam assumindo.

O processo de treinamento foi dividido em quatro etapas: diagnóstico,

programação, execução e avaliação.

Na primeira etapa foi realizado o diagnóstico da situação que representa o

levantamento e a análise que são o subsídio ao plano de treinamento. Segundo

Marras (2000: 152) o LNT (levantamento de necessidades de treinamento):

“Engloba a pesquisa e a respectiva análise pela qual se detecta o

conjunto de carências cognitivas e inexperiências relativas ao trabalho

existente entre o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes do

indivíduo e as exigências do perfil do cargo (...) É o primeiro passo no

processo do sistema de T&D. Dele partem as demais ações do “que” e

“como“ fazer e é por seu intermédio que se conhecem e ajustam as

carências existentes entre o que a empresa necessita e o que os

trabalhadores têm a oferecer”.

O maior problema verificado e esse é considerado muito grave para quem

deseja trabalhar com adolescentes é a aplicação de atividades totalmente voltadas

para o público infantil. A pessoa pode levar para uma adolescente de 13 anos que

está acamada um desenho para pintar, se ela gostar. Mas jamais pode tornar essa

a atividade do dia, não tem como sugerir para um adolescente do sexo masculino

que tenha por volta dos seus 17 anos que pinte um desenho para depois ser

afixado no mural. A maior preocupação é pensar uma atividade que agrade a

todos, a atividade tem que ser interessante porque eles estão doentes, e muitos

sentem dor, estão tristes e não querem sair dos leitos.

32

A segunda etapa consiste em programação que significa “analisar e

coordenar as ações consideradas prioritárias e necessárias para serem

implementadas em módulos de aprendizagem, conforme previamente planejado”

(Marras, 2000: 155) e em planejamento que é definido por Marras (2000: 155)

como sendo:

“Um elo de ligação entre as políticas, diretrizes e ações formais e

informais que regem as relações organizacionais enquanto indicadores

da cultura empresarial e seus agentes multiplicadores e os indivíduos

que compõem essa ‘sociedade’”.

Teve que ser planejado algumas ‘aulas’ para que as novas estagiárias

aprendessem um pouco sobre esse mundo da adolescência e como planejar

atividades que atraíssem a atenção deles. Só nos dois últimos períodos da

Faculdade de Pedagogia é que se tem a oportunidade de se aprender um pouco

sobre a adolescência e mesmo assim muito superficialmente. Então tudo que

aprendi foi buscando nos livros por conta própria e tive que passar esse interesse

para elas também.

O adolescente hospitalizado necessita de total assistência, tanto da família

como da equipe multidisciplinar atuante no hospital, pois a mudança na sua

imagem, a alteração da sua auto-estima, o afastamento mesmo que temporário do

seu círculo de amizades, da sua escola e da sua casa pode vir a ocasionar no

adolescente um sentimento de perda e solidão. Quando ocorrem várias

internações, essa situação pode se agravar, pois poderá contribuir para a

interrupção de seu cotidiano social, dificultando sua reintegração no grupo de

origem.

O adolescente assim que entra no hospital, perde a sua identidade e passa

a habitar um lugar que por vezes é desconhecido; convive com outros

adolescentes e seus acompanhantes sem que haja uma imediata identificação por

estes não se encontrarem inseridos no círculo de suas relações sociais. Essa

convivência irá ocorrer sem opção de escolha.

33

Ceccin (1997), afirma que a ausência da escola e dos grupos de lazer

deixa o adolescente num lugar de solidão, ficando restritos aos espaços

família/casa e hospital. Este adolescente passa a usar o uniforme da instituição e

a ser caracterizado como o portador de uma doença ou identificado não mais pelo

seu nome, mas pelo número do seu leito.

Segundo Campos (1995,32) “podemos perceber que o indivíduo, na sua

condição de paciente, fica sujeito ao domínio de uma estrutura hospitalar e ao

poder de profissionais que agem, muitas vezes, ferindo a autonomia e a tomada

de decisões do próprio paciente, como se fossem senhores da verdade”.

A terceira etapa é a execução do treinamento, é colocar em prática tudo o

que foi planejado e programado para suprir as necessidades detectadas.

As técnicas utilizadas no treinamento foram aulas expositivas, no qual foi

passado todo o conhecimento necessário desde o que era o projeto até como as

atividades eram realizadas; o estudo de caso em que foi passado um caso-

problema por escrito para ser analisado e conseqüentemente individualmente ser

apresentado alternativas para solucionar o problema e a dramatização com o

intuito de analisar o comportamento e a reação dos treinandos frente à situação.

E por último a quarta etapa que seria a avaliação do treinamento que tem

por finalidade aferir os resultados conseguidos comparativamente àquilo que foi

planejado e esperado.

As novas estagiárias passaram a trabalhar com a gente e aos poucos elas

foram criando suas próprias atividades e passaram a aplicá-las também. Esse

processo durou dois meses já que só havia atividades no hospital duas vezes por

semana e elas apresentaram dificuldades tanto quanto a adaptação quanto ao

planejamento e execução das tarefas. Trabalhar num hospital não é algo muito

comum na área de educação, muitos estudantes não faziam idéia de que

poderiam fazer atividade pedagógica nesse espaço. Esse é um trabalho que

acima de tudo exige amor, um amor incondicional pela educação.

34

Quando vimos que elas estavam preparadas, passamos a ir ao hospital só

para dar um suporte e também para fazer visitas porque para os adolescentes

essa separação também era muito difícil, muitos iam e voltavam para o hospital

para fazer acompanhamento, então já estavam acostumados com a gente e com o

nosso ritmo de trabalho.

35

Conclusão

É unânime a resposta quando se pergunta o que é importante para a vida

de uma pessoa ou até para mudar um país e todos dizem que é por meio da

educação que teremos um futuro melhor. Se for então por meio da educação,

como podemos não dar oportunidade de estudar para aquela parcela da

sociedade que está internada num hospital e deixou a escola, não por vontade

própria mas por motivos de saúde?

Penso com base na minha experiência como bolsista de extensão - de 2002

a 2004 - no Projeto “Uma alternativa educativo-cultural na travessia hospitalar do

adolescente internado na enfermaria do NESA/HUPE/ UERJ”, o fato de haver uma

equipe preparada para este tipo de especificidade no atendimento, minimiza as

dificuldades encontradas pelo adolescente quanto a sua hospitalização, embora a

sociedade insista em apontar somente a escola como sendo o local de atuação do

pedagogo.

Ficar “trancado” num hospital, muita das vezes sem nenhuma expectativa

de alta, é muito doloroso, era nítido esse sentimento no rosto e até mesmo na fala

dos adolescentes . Por isso, insisto que a permanência de um profissional da área

de educação na instituição hospitalar é muito importante, além de ser um

momento de distração para muitos deles é também um momento de aprendizado

e reflexão. Eu não posso dizer quanto a metodologia do trabalho desenvolvido na

classe hospitalar, pois nunca tive a oportunidade de ver mais de perto o trabalho,

o que sei aprendi pesquisando, mas os meus adolescentes aprenderam brincando

e eles gostavam.

Sei que é difícil para as pessoas que não sabem ou entendem esse

trabalho, julgar se o que fiz trará benefícios à vida dos internos. Mas eu insisto em

dizer que o trabalho pedagógico no hospital só tende a trazer crescimento, tanto

para nós quanto para os internos e profissionais da saúde.

36

Hoje vejo os adolescentes hospitalizados com um outro olhar, não mais um

olhar de pena, com os que via quando iniciei no projeto, mas com um olhar de

indignação pela falta de preparo com que certas pessoas da equipe da saúde e da

educação lidam com eles.

Eu tenho a plena consciência de que este trabalho que desenvolvi é apenas

o início, uma gota de um imenso oceano, de uma longa estrada que nós

educadores teremos de atravessar se quisermos ser porta voz dessas vozes

silenciadas que gritam para serem ouvidas, um grito que clama em dizer que eles

estão doentes, mas não são doentes; e que a partir do momento em que recebem

alta do hospital, eles têm o direito de ter uma vida normal, direito de serem

respeitados pelos professores e pela própria escola, que muitas vezes os tratam

com descaso.

A importância de se identificar essa parcela do alunado que fica muita das

vezes esquecida dentro de um hospital é muito grande. Muitas crianças e

adolescentes desistem dos seus estudos por acharem que não conseguirão

acompanhar os estudos quando voltarem para as escolas. Por isso a importância

desse trabalho que desenvolvi e também de se ter as classes hospitalares, onde

terão a possibilidade de ter o acompanhamento pedagógico-educacional e garantir

a continuidade do processo de desenvolvimento escolar no ensino regular,

existem 11 classes em atividade no Rio de Janeiro. Se esse trabalho não fosse

importante ou não rendesse ótimos resultados não estaria em funcionamento

desde 1950 no Hospital Municipal Jesus.

Muitas pessoas ainda não entendem o papel do pedagogo no espaço

hospitalar. As atividades visam trabalhar a comunicação/informação, o

encorajamento, a criatividade e o relacionamento. Apenas através de uma

brincadeira inocente, boba aos olhos dos adolescentes é possível ter resultados

maravilhosos.

Como não achar que uma atividade pedagógica no hospital não é

importante, quando um adolescente vira pra você e diz: Vocês me trazem

37

esperança; Vocês me fazem ter vontade de ver o sol; Obrigada Tia, vou sentir

muita saudade de você; Ah, fica mais aí, janta com a gente. Eu acredito nisso.

38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABERASTURY, A & KNOBEL, M. Adolescência Normal. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1981.

ABRAMOWICZ, A & MOLL, J. Para além do fracasso escolar. SP, Papirus, 1997

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ALVES, O José. Noções de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: Ética, 1971.

ARATANGY, Lídia. Ética e exclusão: o que a escola tem com isso? Revista Pátio.

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TRUCHARTE, F A R; KNIJNIK, R B; SEBASTIANI, R W & CAMON, V A A.

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39

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - CAMPOS, Terezinha Calil Padis. Psicologia hospitalar: a atuação do psicólogo

em hospitais. São Paulo: EPU, 1995.

2 - CECCIM, R. B. Crianças hospitalizadas: a atenção integral como uma escuta à

vida. In: CARVALHO, P. R. A. (org) Crianças Hospitalizadas. Porto Alegre: Editora

da Universidade/ UFRS, 1997 pp. 27-41.

3 - CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 6ª edição,

2000.

4 - Congresso Nacional. Lei nº 9.394 de 1996, Lei Darcy Ribeiro. Brasília-DF:

1996

5 - DOLTO, Françoise. A causa dos adolescentes. Rio de Janeiro: Nova

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6 - FONSECA, E. e CECCIM, R. Atendimento pedagógico-educacional hospitalar:

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1999.

7 - INSTITUTO PICHON-RIVIÈRE DE SÃO PAULO (1991) O processo educativo

segundo Paulo Freire e Pichon Rivière – Seminário. Petrópolis: Vozes, 3ª edição,

1991.

8 - LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê?. São Paulo:

Cortez, 6ª edição, 2002.

40

9 - MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do Operacional

ao Estratégico. São Paulo: Futura, 3ª edição, 2000.

10 - MONTEIRO, Solange Cstellano Fernandes. Aprendendo a ver: as escolas

da/na escola. In ALVES, Nilda & SGARBI, Paulo (orgs), Espaços e imagens na

Escola, Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

11 - PITTA, A: Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Amablume/

HUCITEC.

12 - PONTES, Maria Luiza. Projeto de extensão: Uma alternativa educativo-

cultural na travessia hospitalar de adolescentes na enfermaria do

NESA/HUPE/UERJ (texto atualizado em 2003).

13 - PONTES, Maria Luiza. Jovens Hospitalizados e Procedimentos

Intersubjetivamente Construídos no Espaço da Internação: Um Estudo de Caso

Etnográfico. Tese de doutorado apresentada à pós-graduação em Saúde da

Criança e da Mulher/IFF/FIOCRUZ como requisito parcial para a obtenção do

título de Doutor em Ciência. Orientador Prof. Dr. Romeu Gomes, 2003.

14 - REBELLO, Lúcia Emilia Figueiredo de Sousa. Uma relação muito delicada:

Educação e saúde na enfermaria do Núcleo de Estudos da saúde do Adolescente

do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Rio de Janeiro: UERJ. Monografia de

conclusão de graduação em Pedagogia, 2004.

15 - SAITO & SILVA. Adolescência: Prevenção e Risco. São Paulo: Atneu, 2001

pp 3 -29.

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Pedagogia Hospitalar 11

1.1 - A Instituição Hospitalar 11

1.2 – A atuação do pedagogo 15

CAPÍTULO II

O Pedagogo como Educador 19

2.1 - Classes hospitalares 20

2.2 - O Projeto “Uma alternativa educativo-cultural na

travessia hospitalar de adolescentes da enfermaria

NESA/HUPE/UERJ 22

CAPÍTULO III

Utilizando ferramentas da pedagogia empresarial 27

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 41

42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: