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UNIVERSI DADE CÂ NDI DO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PR OJETO A VEZ DO MESTRE AR MAZENAGEM E MOVI MENTAÇÃO DE MATERIAIS NOS ARMAZÉNS DE GRAN DE PORTE Por: Wagner Avon Cardoso Orientadora Profª F abiane Muniz Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

NOS ARMAZÉNS DE GRANDE PORTE

Por: Wagner Avon Cardoso

Orientadora

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

NOS ARMAZÉNS DE GRANDE PORTE

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

Obtenção de grau para especialista em

Logística empresarial.

Por: Wagner Avon Cardoso

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AGRADECIMENTOS

À minha tia Dagmar que sempre

deu incentivo para que eu

continuasse na busca de novos

conhecimentos e ascensão

profissional...

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Flavia que ficava com o

coração apertado por todas as noites

que eu chegava tarde em casa, sempre

me recebendo com carinho e incentivando

nas horas difíceis..

E a todos da minha família.

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RESUMO

Este trabalho trata da armazenagem e movimentação de materiais nos

armazéns de grande porte. Inicia mostrando a importância da integração dos

processos de armazenagem ao Sistema Logístico da Organização. Em

seguida, mostra o fluxo de materiais e informações, aos clientes internos e

externos dos armazéns. Não possuir uma estratégia definida para a utilização

dessas variáveis pode significar a perda de competitividade e enormes

prejuízos financeiros para toda cadeia de abastecimento. Por fim, analisa o

caso do Depósito de cargas da Empresa Brasileira de Infra-estrutura

Aeroportuária, que teve como pressuposto a armazenagem e movimentação de

materiais no contexto da logística de distribuição armazenagem.

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METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho quanto aos fins, pesquisas

descritivas e quanto aos meios , pesquisas bibliográficas. O método científico

apresentado foi de análise de conteúdo com o objetivo de dar maior

compreensão ao assunto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM PARA LOGÍSTICA

CAPÍTULO II 18

AS VARIÁVEIS TECNOLÓGICAS COMO FACILITADORAS NA ARMAZENAGEM E NA MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

CAPÍTULO III 29

A VARIÁVEL HUMANA IMPULSIONANDO A ARMAZENAGEM E A MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

CAPÍTULO IV 40

ESTUDO DE CASO

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como finalidade a demonstração da importância do

conhecimento de integração dos processos que melhor se adapta ao

seguimento da empresa. A armazenagem aparece como uma das funções que

se agrega ao sistema logístico, pois na área de suprimento é necessário adotar

um sistema de armazenagem racional de matérias-primas e insumos. No

processo de produção, são gerados estoques de produtos em processo e na

distribuição, a necessidade de armazenagem de produto é, talvez, a mais

complexa em termos logísticos, por exigir grande velocidade na operação e

flexibilidade para atender às exigências e flutuações do mercado. Não possuir

uma estratégia definida para otimização de processos e a utilização da TI

apropriada como diferenciais, pode significar a perda de competitividade e

prejuízos financeiros incalculáveis.

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CAPÍTULO I

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM

PARA A LOGÍSTICA

A Logística está muito ligada, hoje, ao produto. Todo o seu processo,

que vai desde a aquisição da matéria-prima até o consumidor final, pode ser

considerado único e sistêmico, onde cada parte do sistema depende das

demais e deve ser ajustada visando o todo. É a Logística que irá garantir a

posse do produto, pelo consumidor, no momento desejado. Portanto, falhas

ocorridas no sistema de informação, nas operações do depósito ou no

transporte podem comprometer toda a imagem de uma empresa e causarem

prejuízos incalculáveis.

Desde os seus primórdios a Logística vem sofrendo um processo de

evolução em seus processos. Atualmente, observamos que ela está agregando

valor de lugar, tempo, qualidade e informação a toda cadeia produtiva. Além de

agregar esses valores para o consumidor final, a Logística moderna também

procura eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente, ou seja,

tudo que gere custos e perda de tempo.

Ela também envolve elementos humanos, materiais (prédios e

equipamentos), tecnológicos e de informação. Assim podemos conceituar a

Logística como:

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira

eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e

informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de

consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. (NOVAES,

2001, p.36)

Quando adquirimos um produto não imaginamos o longo processo

necessário para converter a matéria-prima, mão-de-obra e energia em algo útil.

Ao longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando

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10pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos

distribuidores, e chegando ao consumidor através do varejista, chamamos

cadeia de suprimento.

A cadeia de suprimento se estende desde o fornecedor da matéria-prima

destinada à fabricação de um determinado produto, até o consumidor final,

passando pela manufatura, centros de distribuição ou armazéns, atacadistas e

varejistas.

A partir disso, trataremos sobre a importância da armazenagem nesse

contexto, pois antes do produto ser enviado às lojas de varejo e chegar as

mãos do consumidor, ele é despachado após ser manufaturado para os

depósitos ou centros de distribuição, onde permanece estocado aguardando

sua distribuição.

Para a logística, a armazenagem de material é uma atividade de apoio

que pode ser definida como sendo todas as ações, processos e movimentos do

material, desde o momento no qual ele é recebido no local onde será disposto

no armazém, até o momento em que for removido desse local, para expedição

ou fornecimento.

Bertaglia (2003, p. 170) afirma que: “A distribuição física consiste

basicamente em três elementos globais: recebimento, armazenagem e

expedição”.

Distribuição física

Fonte: Bertaglia, 2003, p.171.

Alguns autores, entretanto, utilizam o termo estocagem para denominar

o conjunto de ações, processos e movimentos que dispõem o material no

armazém, e consideram como armazenagem, os processos utilizados para o

recebimento do item na organização, a estocagem e os processos destinados a

expedição.

Para J. L. Amaral, consultor em logística, em seu artigo publicado na

Internet prefere distinguir os dois, referindo-se à guarda de produtos acabados

como armazenagem e à guarda de matérias-primas como estocagem. Logo, o

processo de distribuição física armazenagem significa os locais específicos

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onde os itens são armazenados, após o recebimento, nos centros de

distribuição ou armazéns, como prateleiras, estantes, tanques, estrados ou até

mesmo o solo.

Há algum tempo atrás e de uma maneira em geral, as Organizações não

davam a devida importância ao espaço destinado à armazenagem de

materiais. Com o passar do tempo, o mau uso desse espaço tornou-se um

comportamento antieconômico. Atualmente, as Organizações perceberam que

a utilização de um espaço adequado de armazenagem tornou-se fundamental,

já que no processo de produção são gerados estoques de produtos em

excesso, e, além disso, no processo de distribuição, o armazenamento de

produtos acabados é uma operação logística complexa por exigir velocidade

nas operações e flexibilidade para atender às exigências do mercado.

Sem uma armazenagem adequada, a atividade de marketing poderá ser

prejudicada perdendo em vendas e na satisfação do cliente, pois perdas

ocasionadas pelo armazenamento indevido de matérias-primas podem parar

linhas de produção, ocasionando em aumento de custos e falta do produto

acabado.

Por tudo isso, a armazenagem assumiu um importante papel na

obtenção de maiores lucros, aparecendo como uma das funções que se agrega

valor ao sistema logístico. Logo, é necessário ter um sistema de

armazenamento racional de matérias-primas e produtos, visando obter alguma

vantagem competitiva, principalmente desempenhando esta atividade de modo

mais eficiente que os concorrentes.

Durante muitos anos, a armazenagem foi alvo de muitas críticas dos

especialistas em logística que previam o seu fim, devido ao surgimento de

novos métodos como o just-in-time e técnicas como o cross-docking,

comparando a necessidade de armazenar materiais com a necessidade do uso

da máquina de escrever ou do mimeógrafo.

Contudo, o surgimento de novas tecnologias e métodos podem se

somar a armazenagem, ao invés de substituí-la. Um exemplo similar é o da

coexistência da Internet e livrarias. Podemos acessar livros, revistas e jornais

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através da Internet, entretanto, as livrarias não deixaram de existir. Da mesma

maneira, a armazenagem pode coexistir com o just-in-time. Este último exige

da Organização uma enorme e eficiente infra-estrutura organizacional e

acuracidade para prover suas demandas, coisa que poucas são capazes e

quando são, correm o risco de seus fornecedores ou clientes não serem.

O uso de um sistema de controle e gerenciamento de informações e

tarefas do armazém, integrado com os sistema de informações

computadorizados está facilitando a gestão dos processos de armazenagem,

permitindo o controle da informação dos produtos no interior do armazém,

reduzindo custos com controles e aumentando a eficiência.

A armazenagem não vai ser uma exceção, pois mesmo com o uso

crescente de novas técnicas, como a de minimização de inventário, o seu uso

ainda se faz necessário nas empresas que dependem do seu estoque para

atender à grandes demandas logísticas.

Apesar dos modernos sistemas de distribuição vigentes atualmente,

como entregas programadas diretas das linhas de montagem ou contra

pedidos atendidos em horas, os armazéns continuam a existir e continuarão

por muito tempo. Seu alto custo decorre de muitas vezes da má administração

e da falta de organização. (MARTINS e ALT, 2002, p.315)

Na aviação, temos um bom exemplo disso. Um avião comercial retido no

solo, devido à falta de um material ou de uma turbina no estoque do armazém

pode significar a perda de milhares de reais em faturamento no transporte de

cargas e de passageiros.

A Rolls-Royce é uma das empresas que fornece manutenção e estoque

de turbinas para centenas de aeronaves civis e militares, atendendo várias

empresas aéreas e forças armadas em diferentes países. Ela mantém bases

de revisão e armazéns localizados estrategicamente em vários países. Aqui no

Brasil, seus estoques estão concentrados em uma base situada em São

Bernardo do Campo, na grande São Paulo, e atendem a empresas aéreas do

Brasil e de outros países da América Latina.

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A totalidade das peças e componentes utilizados na manutenção dos

motores é importada e o valor de uma só peça pode chegar a U$ 100 mil ou

mais. Outro fato é que o número de componentes a ser trocado em um motor

quando passa por uma revisão geral pode chegar a mais de cinco mil. Apesar

disso, manter estoques é inevitável. É preciso manter um estoque adequado

para atender às necessidades dos pedidos de manutenção dentro dos prazos,

cabendo apenas analisar qual o nível de estoque a ser mantido. Além disso, a

Rolls-Royce ainda oferece turbinas de aluguel ou em sistema de leasing.

Nesse tipo de atividade, além de exigir que os custos com a

manutenção, reposição de equipamentos e peças sejam reduzidos, o cliente

não permite atrasos e muito menos falhas dos equipamentos ou dos

componentes menores, pois uma aeronave no solo em más condições de vôo,

pode provocar prejuízos financeiros e até acidentes graves com perda de vidas

humanas.

Em alguns casos, os componentes dos motores, além de serem

movimentados, são montados no interior do armazém, na medida que os

pedidos de turbinas vão sendo colocados pelas companhias aéreas. Logo, a

necessidade de se ter um armazém adequado ao tipo de atividade que a

empresa oferece, ou seja, com sistemas de informações eficientes que

facilitem o gerenciamento do armazém, equipamentos apropriados que

reduzem o índice de perdas e mão-de-obra especializada, pode se tornar um

fator de diferencial competitivo.

Portanto, podemos concluir que o armazém atual não está simplesmente

estocando. Ele também tem atividades de montar, embalar, movimentar,

desmontar, remanufaturar, reformular, colocar etiquetas, rótulos e marcas nos

produtos, Tudo isso confirma a importância do negócio da armazenagem para

a logística.

1.1- Os segredos da armazenagem.

Para que uma Organização consiga obter algum tipo de vantagem ,

como agilização do processo ou redução de custos com armazenagem, é

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preciso observar se os seus armazéns estão atentos a algumas características

fundamentais nesse tipo de atividade.

A gestão de estoque é um ponto que normalmente é desprezado pela

maioria das Organizações. Ela pode ser iniciada com a realização de um

inventário físico, ou seja, verificar se existe diferença entre o estoque físico e os

registros de controle. Caso haja, devem ser feito os ajustes, conforme

recomendações contábeis e tributárias.

Um outro ponto é que na armazenagem, quanto maior a distância menor

a produtividade. Em um grande armazém sempre existe um ponto mais

afastado, onde o ideal é que se reserve este ponto para os itens de baixo giro.

Nesse caso, a rearmazenagem pode agregar valor e criar um lay-out de

estocagem mais eficiente.

Reconhecer a importância dos clientes é fundamental. Na armazenagem

não se deve observar apenas o cliente, mas também, o cliente do meu cliente,

ou seja, entender as necessidades das pessoas que recebem os embarques

feitos em suas docas, para verificar se está sendo feito com qualidade.

Deixar que os funcionários controlem seu trabalho pode melhorar a

qualidade, bem como a produtividade. Em um centro de distribuição, o controle

pode ser perdido quando as pessoas não possuem as ferramentas adequadas

e suficientes para executar um trabalho. Alguns centros usam a filosofia “um

homem/uma máquina” para certificar que todos tenham as ferramentas

necessárias.

1.2 – A movimentação de material como um fator de diferencial competitivo

para as organizações.

Produtos e materiais são movimentados em toda a cadeia de

abastecimento, quer seja dos fornecedores para as empresas, quer seja delas

para dentro dos grandes armazéns das organizações, dependendo do modelo

que for estabelecido pelas empresas.

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Essa movimentação pode ser dividida em três atividades. Bowersox e

Closs (2001, p. 349) citam que: “As três atividades principais do manuseio são

o recebimento, o manuseio interno e a expedição”.

Tudo isso pode ocorrer em um único estabelecimento ou em vários. Por

isso é preciso identificar como as variáveis tecnológicas e humanas devem ser

utilizadas, ou seja, como e por quem esses materiais serão movimentados para

garantir a eficiência com que serão realizadas essas movimentações.

Podemos observar como essas variáveis interferem na Companhia GE

CELMA. Ela é uma das grandes empresas que atuam no setor de manutenção

de motores de aeronaves civis e militares, atendendo às empresas e forças

aéreas no Brasil, na América Latina e América do Norte. No Brasil, sua sede

está localizada na cidade de Petrópolis no Estado do Rio de Janeiro.

Toda movimentação de materiais ou equipamentos ocorrida no interior

de seu armazém segue especificações do fabricante dos motores. Para isso, a

companhia utiliza mão-de-obra e equipamentos especializados. Segundo Levy,

gerente de manutenções preventivas ou corretivas “o motor tem componentes

de alumínio, magnésio, carvão, etc, sensíveis à salinidade de locais próximos

ao mar e a impactos”.

Isso gera a necessidade de um caminhão especial, com sistemas de

amortecedores adequados a esse tipo de transporte, além de equipamentos

como empilhadeiras, carrinhos especiais, talhas e operadores capacitados. O

layout do depósito também ajuda no sistema de manuseio e é de extrema

importância para complementar essa movimentação.

O fluxo de movimentação de materiais em seus armazéns pode se

tornar um fator de diferencial competitivo, gerando a redução de custos com a

diminuição de danos aos produtos e embalagens. Além disso, pode gerar um

ganho em produtividade com a utilização de mão-de-obra especializada que

saberá utilizar melhor os espaços no armazém e encurtar as distâncias

percorridas.

Os funcionários e equipamentos que operam as movimentações devem

ter respostas rápidas e ao mesmo tempo ser bem flexíveis, pois toda vez que

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são realizados movimentos desnecessários, se perde tempo e

conseqüentemente, produtividade e qualidade. Se o que se pretende obter com

a movimentação adequada desses materiais é algum tipo de vantagem

competitiva, é preciso promover a redução desses movimentos.

Para que se consiga evitar movimentos desnecessários, torna-se

necessário o uso de uma movimentação inteligente através da aplicação de

regras e a utilização das variáveis tecnológicas e humanas. Para isso é

preciso:

- Planejar um sistema de informação que integre o maior número de

atividades de movimentação, coordenando todo o conjunto de operações;

- Reduzir, combinar ou eliminar movimentação utilizando equipamentos

modernos;

- Aproveitar os espaços, evitando o congestionamento das áreas de

movimentação e contribuindo para a redução dos custos de armazenagem;

- Unitizar a carga, pois a economia em movimentação de materiais é

diretamente proporcional ao tamanho da carga;

- Tornar as condições de trabalho mais seguras para aumentar a

produtividade;

- Usar equipamento de movimentação mecanizada ou automática sempre

que possível;

- Utilizar equipamentos adequados e versáteis, pois o seu valor é

diretamente proporcional a sua flexibilidade;

- Reduzir o tempo de ociosidade do equipamento e da mão-de-obra

empregada na movimentação de materiais; e

- Planejar a manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos.

Entretanto, alguns autores divergem dessa linha de raciocínio. Segundo

Moura, diretor do IMAN Consultoria LTDA de São Paulo, diz em um de seus

artigos publicados na Internet: “A melhor movimentação de materiais é

nenhuma movimentação de materiais”. Para isso, deve-se eliminar a

necessidade de movimentação de materiais em uma etapa anterior a ela.

Essa eliminação pode ser alcançada pelo método just-in-time que permite

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17ter como resultado um inventário reduzido e a redução do tamanho da carga

unitizada. Uma das lições que esse método nos passou é que, quanto menor a

movimentação nos armazéns, menores serão os custos, custos esses com

perdas de embalagens, acidentes, mão-de-obra, inventários, controles e

equipamentos.

Portanto, está bastante claro que a movimentação de materiais é uma área

geradora de custos e perdas e que se administrada de maneira inteligente,

utilizando equipamentos e mão-de-obra adequados, pode ser um fator de

diferencial competitivo.

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CAPÍTULO II

AS VARIÁVEIS TECNOLÓGICAS COMO

FACILITADORAS NA ARMAZENAGEM E NA

MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

Todas as etapas que fazem parte da cadeia produtiva desde o

fornecedor, compras, planejamento da produção, vendas, marketing,

distribuição até chegar no consumidor precisam de ferramentas para estar

interagindo com agilidade e qualidade.

Este capítulo se propõe a mostrar como a utilização da tecnologia, aliada

ao uso de equipamentos, facilita o alcance de vantagem competitiva em

relação aos concorrentes, além de permitir o controle de todo o processo de

armazenagem e da movimentação de materiais.

Cabe ressaltar que, somente o uso dessa tecnologia não é capaz de

criar alguma vantagem. Para que se obtenha algum ganho em termos de

resultados é preciso que toda essa tecnologia esteja integrada aos outros

processos logísticos. Por exemplo: se uma Organização tem um ótimo sistema

de gestão de seu estoque, ela pode oferecer uma entrega rápida e de forma

mais barata do que uma empresa que não tem esse tipo de sistema. Para isso,

é necessária uma troca de informações entre as atividades de armazenagem,

produção e vendas. Se isso ocorrer, todo processo produtivo é beneficiado.

Segundo Stair e Reynolds (2002, p. 4) em um dos seus conceitos de

informação, “Para ser um gerente eficiente, independente da área de negócios,

é fundamental entender que a informação é um dos recursos mais valiosos e

importantes de uma organização”.

Esse sistema de informação deve combinar equipamentos e softwares

para gerenciar e controlar as atividades de armazenagem e movimentação de

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materiais dos grandes estabelecimentos. Através desses recursos, atividades

como designação de locais de armazenagem, controle de lotes e estoques,

programação de mão–de-obra, seleção de pedidos e avaliação de

desempenho, atividades essas que dão apoio às operações de armazenagem,

podem ser executadas de maneira precisa, flexível e em tempo hábil.

2.1 – A tecnologia da informação aplicada à armazenagem.

O fluxo de informações é um fator de grande importância nos processos

de armazenamento e na movimentação de materiais nos grandes armazéns e

centros de distribuição. Além de contribuir para melhorar a competitividade da

logística de distribuição, através do apoio ao controle do gerenciamento das

atividades de armazenagem e movimentação de materiais, esse fluxo pode

agilizar toda a programação das atividades desses estabelecimentos.

Caso o controle desse fluxo seja efetuado por papel, pode existir uma

tendência de aumento do custo operacional dos processos de armazenagem,

pois o papel não permite que princípios como disponibilidade, precisão e

flexibilidade da informação, que são fundamentais para redução das despesas

e aperfeiçoamento desses processos, sejam aplicados de maneira adequada.

Uma Organização pode ter em seu armazém milhares de produtos e

suas variações. Alguns podem ser empilhados e outros não, alguns são

perecíveis ou congelados e outros não. Logo, as informações não devem ser

mantidas na cabeça das pessoas que executam os processos de

armazenagem, mas sim, inseridas em um sistema de controle, para facilitar a

obtenção de ganhos logísticos.

O principal benefício da tecnologia da informação para os grandes

armazéns é a sua capacidade de melhorar a qualidade e disponibilidade das

informações inerentes aos processos de armazenagem.

A utilização da TI, está facilitando todo gerenciamento das informações

que trafegam nos grandes estabelecimentos com maior eficiência, eficácia e

rapidez. Além disso, o seu uso está contribuindo para a interligação das

atividades de armazenagem e movimentação de materiais com todo o

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processo logístico das Organizações, gerando grandes reduções de custos.

Portanto, a Tecnologia da Informação é uma fonte importante de

melhoria da produtividade e da competitividade para as Organizações que

possuem atividades de armazenagem e de movimentação de materiais dos

grandes estabelecimentos.

2.1.1 – Principais tecnologias utilizadas nos processos de armazenagem de

materiais.

As Organizações que utilizam grandes estabelecimentos para

armazenagem de materiais podem aplicar a TI em seus processos, através de

tecnologias específicas. As principais são o intercâmbio eletrônico de dados,

comunicações e códigos de barras e leitura ótica.

O EDI é um meio de intercâmbio de documentos e informações entre

Organizações, de computador para computador, em formato-padrão. Ele

proporciona maior agilidade e capacidade na comunicação de informações do

que as formas tradicionais, como por exemplo: correio, fac-símile e telex.

Para Organizações que possuem um ou mais centro de distribuição

(CD) ou armazém é extremamente importante que as informações logísticas

sobre o fluxo de suprimento de materiais e estoques de seus produtos sejam

em tempo real. O EDI, através da rapidez de transmissão das informações,

pode proporcionar vantagens, como aumento da produtividade e redução do

custo operacional em seus estabelecimentos.

A produtividade aumenta na medida em que ocorre redução da

freqüência de entrada de dados e da quantidade de pessoas envolvidas no

processo, e o impacto no custo operacional se dá com a redução de mão-de-

obra e custos de impressão, correio, manuseio de transações por papel,

comunicação por telefone, fac-símile, além de outras burocracias.

A TI também aumenta significativamente o desempenho logístico em

decorrência dos meios de comunicação. A utilização de tecnologias, como a de

rádio freqüência (RF), de comunicação via satélite e de processamento de

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21imagens, estão ajudando na solução dos problemas causados pela

movimentação de materiais e pela descentralização geográfica dos armazéns.

Esse tipo de tecnologia está possibilitando um trâmite de informações

mais precisas entre os membros da cadeia de distribuição, aumentando o valor

agregado pelos os operadores dos armazéns.

Podemos comprovar através da RF, o ganho proporcionado pela

utilização da comunicação. Nos grandes estabelecimentos, a RF permite que a

comunicação seja em tempo real e nos dois sentidos.

Os operadores de empilhadeiras, ao invés de utilizarem listas de papéis

impressas horas antes, têm acesso às instruções em tempo real. Isso

proporciona mais agilidade e flexibilidade nos processos executados,

implicando em melhorias dos serviços. Além disso, a RF pode melhorar os

processos de separação, contagem de estoque e impressão de etiquetas.

O código de barras e a leitura ótica são tecnologias que facilitam a coleta

e a troca de informações nos grandes armazéns. Quando a coleta e a troca de

informações eram feitas em papel, esses procedimentos eram demorados e

propensos a erros. O uso dessas tecnologias permite aos usuários

acompanhar as informações de movimentação de caixas, paletes ou

containeres com reduzida possibilidade de erro.

O código de barras é a tecnologia de colocação de códigos elegíveis e

padronizados por computador em itens, caixas e containeres que permitem a

redução nos erros ocasionados pelo manuseio, recebimento, estocagem e

expedição de materiais.

Atualmente, esta tecnologia está sendo desenvolvida de maneira que se

consiga incluir o maior número de informações em uma menor área possível,

para não ocupar espaços nas embalagens e deixar o espaço disponível para

informações ou divulgação do produto.

No processo de armazenagem dos grandes estabelecimentos, a

implantação dessa tecnologia está sendo exigida, apesar do investimento que

tem de ser feito, pela grande concorrência existente nas Organizações que

possuem esse tipo de atividade.

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22 Através dela, os armazéns estão melhorando a preparação,

processamento e a expedição de pedidos, obtendo um controle acurado do

estoque, acessando as informações precisas e em tempo real, além de reduzir

custos com mão-de-obra.

O outro componente dessa TI automática é o processo de leitura ótica.

Esse processo faz a leitura dos códigos de barras, através de scanners,

manuais ou fixos, convertendo os dados lidos em informações úteis.

A tecnologia de leitura ótica tem aplicações importantes na logística de

distribuição. Ela facilita o processo de ressuprimento, através da comunicação

rápida da saída de um produto do estoque. Além disso, outra aplicação é no

manuseio e rastreamento de materiais, que com o uso dos scanners toda

movimentação de produtos, locais de armazenagem e recebimentos podem ser

rastreados. Isso poderá aumentar a produtividade da mão-de-obra,

economizando tempo e reduzindo erros.

2.2 – os equipamentos facilitando o processo de armazenagem e a

movimentação de materiais.

A armazenagem ocorre quando algum produto ou matéria-prima é

recebido, guardado para uso ou para ser transportado futuramente. Isso

significa retirar o produto do local de recebimento e transferi-lo para um local

apropriado, mantendo-o ali até que seja necessária a sua movimentação ou

distribuição física.

Os equipamentos podem atuar em todas as fases desse processo como

facilitadores na organização do armazém, bem como na otimização dos custos

de movimentação de materiais. Além disso, nos grandes estabelecimentos, a

velocidade e a capacidade de movimentar e armazenar materiais são fatores

importantes para a produtividade dos processos de armazenagem e na

movimentação de materiais.

Na definição do local interno e no controle de estoque, os equipamentos

de informática em conjunto com as ferramentas específicas da TI facilitam o

controle dos espaços livres e o fluxo do produto nos estabelecimentos.

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23

Já processos intermediários como a unitização, movimentação e

acomodação estão mais relacionados com equipamentos de movimentação

mecânica. Veículos como empilhadeiras, biggas, carrinhos, transelevadores

são os mais utilizados nesses processos, além de mezaninos, porta-paletes,

estantes e paletes.

O processo de unitização além de facilitar, evita o manuseio

desnecessário, através da consolidação e padronização dos volumes em

paletes.

Na movimentação e na acomodação, o material também é deslocado

pelo interior dos armazéns por meio desses equipamentos.

2.2.1 – Equipamentos automatizando a armazenagem.

Com a implementação dos sistemas automatizados para a

armazenagem, as empresas vão despertando para mais uma oportunidade,

que vem se consolidando como alternativa logística em um mercado cada vez

mais competitivo.

Analisando o fluxo de materiais nas fases da cadeia de abastecimento,

podemos identificar os momentos onde a velocidade torna-se zero. Essa

condição em que o material fica parado pode ser classificada em três grupos:

- Espera: pequenas paradas no fluxo de materiais. Ex: material

aguardando para entrar em processo;

- Estoque em fluxo: o material parado por um intervalo de tempo

aguardando outra atividade. Ex: material aguardando formação de carga

para embarque;

- Estoque reserva: o material fica parado por tempo suficiente para

caracterizar a sua condição de reserva. Ex: estoque de produtos acabados

para assegurar um adequado nível de serviço ao cliente.

Os sistemas automatizados nada mais são do que equipamentos

desenvolvidos para atender a essa condição de parada de fluxo de materiais,

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24tanto no processo de armazenagem quanto na movimentação dos produtos.

Dentre eles podemos citar:

- Carrosséis verticais e horizontais, que asseguram a ocupação do espaço

horizontal e vertical, trazendo o material até o separador;

- Estruturas porta-paletes autoportantes com transelevadores que atingem

40 metros de altur a e a carga paletizada é movimentada automaticamente

pelos transelevadores.

- Miniloads que é um sistema de estocagem automatizado com esteiras

de alta verticalização para rápido atendimento da solicitação.Esse sistema traz

o contentor ao separador, que faz a coleta dos itens e disponibiliza a

embalagem, que automaticamente retorna a seu local de estocagem;

- Separadores automáticos de pedidos que asseguram uma separação

rápida e automática de pedidos por meio de um sistema onde geralmente os

materiais ficam estocados por curto período – estoque em fluxo.

Esses sistemas, além de aumentarem a eficácia do processo de

armazenagem, trazem uma série de benefícios, entre eles:

- Aumento da acuracidade do estoque;

- Aumento do índice de ocupação do espaço;

- Maior velocidade operacional;

- Redução do número de avarias;

- Maior disponibilidade de trabalho sem grandes incrementos de custos

operacionais.

No entanto, as empresas não devem deixar de avaliar os riscos dos

sistemas automatizados, entre os quais: obsolescência dos equipamentos;

restrição da empresa, forçando que todas as decisões sejam tomadas em

função da utilização do equipamento; e a falta de análise de todos os impactos

gerados pela automação dos sistemas. Tudo isso pode implicar em custos

adicionais para as organizações.

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2.2.2 – A importância dos itens de segurança nos equipamentos.

Possuir equipamentos adequados e seguros para as atividades de

armazenagem e movimentação de materiais significa tornar produtivo o

trabalho de quem está operando o equipamento e lucratividade para empresa.

Para que isso ocorra, antes de adquiri-los a organização deve observar

o tipo, peso e dimensões da carga que será movimentada, bem como o

percurso, layout e o tipo de instalações onde serão utilizados.

Atualmente, o mercado está disponibilizando uma série de

equipamentos com recursos de segurança, para operarem na movimentação

de materiais no interior dos armazéns. Dentre eles, podemos destacar o

segmento das empilhadeiras, que são um dos equipamentos que mais

avançaram ultimamente na questão da segurança no trabalho.

Nesse tipo de equipamento, é fundamental a composição de itens como,

por exemplo: balança que informa se o peso da carga que será elevada é

adequado àquele equipamento, evitando riscos para o operador e o

equipamento; desligamento automático, caso o operador se afaste da

empilhadeira após alguns minutos; freios que possam ser acionados

eletronicamente e em conjunto com o motor, tornando-se mais eficientes;

alarme sonoro e extintores de incêndio.

Trabalhar com equipamentos seguros significa prevenir e evitar perdas,

tanto humanas quanto materiais, ou seja, significa redução de custos, além de

tornar produtivo o trabalho de quem opera.

2.2.3 – Utilizando equipamentos para evitar roubos e furtos nos armazéns.

Com milhares de produtos entrando e saindo diariamente dos grandes

armazéns e centros de distribuição, esses locais podem se tornar tentadores

para ladrões e funcionários desonestos, caso não se tomem medidas

adequadas.

Visando a redução de prejuízos com roubos, alguns procedimentos de

segurança, tanto internos quanto externos, podem ser aplicados pelas

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Organizações em seus armazéns ou centros de distribuição.

Uma política de segurança interna pode ser implantada, através da

instalação de um sistema eletrônico de segurança, com câmeras que permitam

monitorar todas as portas, janelas ou cercas de separação durante 24 horas.

Sistemas de alarme podem ser instalados em pontos estratégicos do

armazém para ativação no caso de uma emergência. Aparelhos de raios-X e

detectores de metais podem ser adquiridos para verificação dos funcionários

no interior dos armazéns.

Sistemas automáticos de pesagem de caminhões podem operar em

conjunto com aparelhos de rádio freqüência para realizar a identificação

eletrônica do veículo e da carga. Esses sistemas permitem a melhoria do

controle do carregamento e a conferência do peso da carga e do caminhão na

saída dos armazéns.

Como política de segurança externa, as entradas e saídas devem ser

controladas por câmeras. Lombadas eletrônicas anti-furto podem ser instaladas

nas portarias e saídas dos pátios, atuando em conjunto com cancelas que ao

serem abaixadas acionam o dispositivo de segurança das lombadas.

2.3 – As soluções WMS otimizando custo e serviço ao cliente.

Os WMS são produtos que executam a localização e o controle de

estoque de um localizador de estoque, geram relatórios de desempenho e

trabalho executado, além de gerenciar informações e conclusões de tarefas,

com alto nível de controle e acuracidade de inventário.

Evitar perdas, desperdícios e ter flexibilidade e agilidade são uma das

tarefas de um centro de distribuição (CD) ou de um armazém. A utilização de

um sistema de controle e gerenciamento do armazém permite a redução de

custos e aumento da produtividade através da melhoria da eficiência da mão-

de-obra, resultando num armazém que exige menor carga de trabalho.

Essas melhorias são obtidas com a redução da necessidade de horas

extras, contratação de pessoal adicional e correção de erros em tempo real, ou

seja, logo após terem sido cometidos. Além disso, os custos são reduzidos na

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27medida que o inventário é reduzido, principalmente, quando não há

necessidade de expansão para instalações maiores.

O grupo Sonae possui Centros de distribuição responsáveis pelo

abastecimento de várias redes de hiper e supermercados. Tomando como

exemplo o CD localizado em São Bernardo do Campo, que foi inaugurado em

setembro de 2001 em substituição a outros dois centros, podemos verificar a

importância da utilização de um sistema WMS.

O CD é responsável pelo abastecimento de 19 estabelecimentos no

Estado de São Paulo. Ele ocupa uma área de 34 mil metros quadrados, dos

quais 3 mil são de área climatizada e refrigerada. A movimentação atinge 20

mil itens diferentes entre mercearia, bebidas, perecíveis, bazar e têxtil. São 1,4

milhões de volumes expedidos por mês em 38 docas e 240 colaboradores,

divididos em três turnos.

O armazém funciona durante 24 horas e recebe em torno de 200

caminhões por dia. Um sistema WMS foi desenvolvido para controlar todo o

fluxo de materiais no armazém e garantir a acuracidade do estoque. O sistema

define toda a programação de armazenagem, movimentação e distribuição das

mercadorias. Para a movimentação de cargas, são utilizados 45 equipamentos

entre transpaleteiras, empilhadeiras selecionadoras de pedidos, empilhadeiras

retráteis e contrabalançadas a combustão.

Produtos como frutas e carnes com osso não chegam a ser estocados

no CD. Fazem apenas uma passagem pelo armazém para cross-docking e

separação, seguindo no mesmo dia para as lojas.

Os produtos não perecíveis são separados e seguem para as áreas do

CD específicas de cada loja. Já as verduras são entregues pelos fornecedores

nas lojas. Esse tipo de produto é de pouco valor agregado e alto volume. Como

a filosofia do CD é ter o menor número possível de perdas dentro do armazém,

eles são entregues diretamente nas lojas. Além disso, esse procedimento faz

com que o alimento chegue fresco ao consumidor.

Além da rotina diária, o CD também trabalha com as operações

especiais de promoção das lojas. Quando uma determinada loja quer

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acompanhar as ofertas de uma concorrente, ela baixa o preço de um produto

resultando em desabastecimento desse item. O CD tem que estar preparado

para atender às chamadas ou reposições dessa loja. Para ganhar agilidade na

reposição, a solicitação não segue via eletrônica com os demais pedidos do

dia, mas sim, separadamente e atendida com o pedido da solicitação anterior.

Apesar da grande quantidade de movimentações, o CD mantém uma

acuracidade do saldo em estoque de 99,5%. Com a utilização do WMS, cada

separador é também um auditor. Quando faz uma operação de separação, ele

já conta à quantidade estocada do produto. Após a separação, subtrai o

retirado, assegurando a acuracidade do saldo. A cada seis meses é feito um

inventário geral do CD.

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CAPÍTULO III

A VARIÁVEL HUMANA IMPULSIONANDO A

ARMAZENAGEM E A MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

A mão-de-obra utilizada pelas Organizações pode influenciar

diretamente na produtividade das atividades de armazenagem e movimentação

de materiais de seus estabelecimentos, uma vez que na maioria desses

estabelecimentos, essas atividades ainda exigem tarefas manuais, como por

exemplo: descarga de material dos veículos, movimentação interna de

pequenos volumes e contagem física de inventário.

As Organizações que visam obter algum ganho de produtividade com

essa variável devem utilizá-la de maneira suficiente e tê-la como capaz e

treinada, para realizar as operações e os procedimentos exigidos em seus

grandes armazéns ou centros de distribuição. Como exemplo, temos as

empresas de produtos eletrônicos e móveis, que estão estocando produtos em

um estado semi-acabado e executando as configurações somente após o

recebimento do pedido do cliente. O desafio para este modelo de

armazenagem é a necessidade de atrair e reter uma mão-de-obra altamente

capacitada para execução dessas atividades.

Contudo, a utilização da mão-de-obra nas atividades de movimentação e

armazenamento de materiais deve ser na medida certa, pois uma quantidade

em excesso pode fazer com que a produtividade caia, ficando vulnerável com

qualquer queda de desempenho dessa mão-de-obra.

Além de influenciar na produtividade, a mão-de-obra pode influenciar no

custo de sua utilização. Sobre esse assunto Bowersox e Closs (2001, p. 348)

registraram que:

Considerando todas as atividades desempenhadas dentro dos

depósitos, o manuseio de materiais é aquela que mais consome mão-de-obra.

A mão-de-obra necessária à separação e manuseio de produtos representa um

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30dos componentes de custo pessoal mais altos no sistema logístico.

Com isso, podemos afirmar que o ideal é mesclar a quantidade suficiente

de mão-de-obra com a utilização das tecnologias existentes no mercado, para

atingir produtividade e custos satisfatórios nas atividades de armazenagem e

movimentação de materiais.

Portanto, neste capítulo mostraremos a importância da utilização de

mão-de-obra qualificada nas atividades de armazenamento e movimentação de

materiais, bem como o seu uso de forma adequada interferindo diretamente no

aumento da produtividade e na redução de custos para as Organizações que

realizam essas atividades nos seus estabelecimentos.

3.1 – O fator liderança atuando no armazém.

A logística de armazenagem das Organizações está diretamente

relacionada com o desempenho das pessoas, mais precisamente no

desempenho de toda equipe do seu armazém. Para que esse desempenho

seja satisfatório, é necessário que haja na Organização um conceito de

liderança adequado. Portanto, é fundamental a atuação de um líder para o

sucesso das atividades de armazenagem e movimentação nos grandes

estabelecimentos dessas organizações. Segundo Júnior em um de seus artigos

na Internet:

A logística de armazenagem, pelo fato de ser afetada, positiva ou

negativamente, pelo desempenho das pessoas e, principalmente, da equipe do

armazém, precisa ser desenvolvida com um conceito de liderança adequado.

Portanto a liderança no armazém interfere significativamente no desempenho

da equipe em relação a sua motivação, exigências e criatividade, entre

inúmeros outros fatores que diferenciam um armazém tradicional de um

armazém de classe mundial.

Quando a equipe do armazém é orientada por um líder, pode ser criado

um ambiente de visões e valores compartilhados, que servirá de inspiração e

motivação para toda e equipe, e proporcionará uma situação de diferencial

competitivo na execução das atividades do armazém.

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31Outra influência do líder na equipe é que, através de suas habilidades,

ele tem condições de selecionar as pessoas certas para a atividade certa. Isso

facilitará no controle de todo o fluxo de atividades do armazém, no

cumprimento dos programas e prazos estabelecidos e no aumento do

desempenho da equipe.

O líder deve sempre usar da criatividade para inovar e buscar novos

métodos de trabalho e novas tecnologias para sua equipe. Com isso,

conseguirá aumentar o rendimento de sua equipe contribuindo para o aumento

da produtividade do armazém e da Organização.

3.1.1 – O líder interferindo na segurança e higiene da mão-de-obra.

Quando relacionamos mão-de-obra a questões sobre segurança e

higiene nos grandes estabelecimentos, identificamos um campo de atuação da

liderança no armazém, onde o líder deve estar preparado para gerenciar até

possíveis descuidos no trabalho.

A segurança e a higiene também são fatores que influenciam na

produtividade. Se a mão-de-obra possui condições de trabalho adequadas, as

operações de retrabalho, os danos e a desmotivação podem ser evitados.

O líder atual deve ser muito mais sábio do que técnico. Se essa

liderança for exercida com excelência, incentivará o comprometimento de todos

do armazém e certamente irá alcançar resultados positivos para a

Organização.

Um bom líder pode interferir, identificando os riscos de segurança nos

postos de trabalho e sugerindo métodos de prevenção e controle, ou seja,

elaborando procedimentos de trabalho seguros e instruindo os funcionários do

estabelecimento na execução das tarefas com segurança.

Ele pode realizar auditorias de segurança e verificar se os

procedimentos de evacuação de área são de conhecimento de todos, além de

assegurar se as áreas de trabalho estão livres de entulhos e obstruções.

A questão da prevenção de acidentes deve receber uma atenção

permanente das Organizações, pois é um fator de redução de custos. É

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32primordial para os grandes estabelecimentos que exista alguém para elaborar

ou fiscalizar um programa de segurança, que verifique constantemente os

procedimentos de trabalho e de operação de equipamentos, para localizar e

corrigir as situações que possam ocasionar acidentes.

O chão de um armazém, caso não esteja limpo, pode causar acidentes

que ocorrerão em prejuízos financeiros e materiais para Organização. Produtos

podem ser danificados por quedas e seus pedaços podem causar um acidente

com pessoas ou até mesmo danificar equipamentos. Logo, procedimentos de

limpeza são fatores importantes na redução de riscos com acidentes.

A segurança com acidentes no trabalho deve ser motivo de preocupação

de todos e não pode ser desconsiderada pelos administradores dos grandes

estabelecimentos e muito menos pela mão-de-obra que ali trabalha.

3.1.2 – Tipos de acidentes mais freqüentes com a mão-de-obra.

Os acidentes com a mão-de-obra normalmente acontecem ou pela falta

de treinamento operacional ou pelo mau uso dos equipamentos disponíveis

para a realização das atividades no interior dos armazéns. Outro fator que pode

contribuir para que ocorram acidentes é a utilização de equipamentos

inadequados.

A seguir, citamos os acidentes mais comuns:

- Queimaduras – ocasionadas pelo calor produzido por motor ou

descarga de equipamentos a combustão;

- Cortes – no caso de movimentação manual. É comum esse tipo de

acidente, pois algumas embalagens como as de madeira podem possuir pontas

e pregos salientes;

- Queda de mercadorias – ocasionadas por mercadorias que são mal

acondicionadas em seus endereços e quando são movimentadas caem sobre o

operador;

- Colisão entre equipamentos de movimentação – ocasionada pela

ausência de limitadores de velocidade. Nesses equipamentos a velocidade

máxima de translado dos equipamentos deve ser de 13,3 km/h; e

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- Colisão entre equipamentos de movimentação e estrutura de

armazenagem – equipamentos não adequados ou que não oferecem um amplo

campo de visão para manobras com a carga em locais de difícil acesso.

3.2 – O treinamento do pessoal assegurando resultados.

Para que as atividades de armazenagem e movimentação de materiais

sejam executadas com eficiência, é necessário a contratação e o treinamento

de pessoal qualificado, pois essa eficiência está diretamente ligada a qualidade

do pessoal. Por isso, é de grande importância o treinamento da mão-de-obra

para assegurar os resultados desejados.

Todo pessoal deve ser instruído antes do início das atividades e

posteriormente, cada grupo de funcionários deve ser treinado separadamente.

O ideal é que todo pessoal que trabalha na operação dos armazéns simule

suas atividades antes do início das operações, com o objetivo de proporcionar

experiência real de trabalho.

Para que um sistema de distribuição física funcione a contento e de

forma competitiva, é necessário dispor de pessoal devidamente capacitado e

treinado. Com a sofisticação dos equipamentos e do tratamento da informação

nas atividades logísticas nos dias de hoje, torna-se necessário reciclar o

elemento humano em todos os níveis. (NOVAES, 2001, P. 149).

A Organização deve reconhecer que com um funcionário treinado, ou

seja, que detém a informação e o conhecimento para realizar sua tarefa com

maior eficiência, ela pode obter a sua satisfação, além de poder fazer disso

uma estratégia para melhorar a sua satisfação e o seu desempenho no seu

trabalho.

A partir daí, a empresa começa a atingir os resultados desejados com a

mão-de-obra. Normalmente, o que se atinge com isso é ganho em

produtividade e redução de custos com perdas e acidentes, através da

competência e da qualidade da mão-de-obra.

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34Tomando como exemplo o caso do CD da Sonae, citado no capítulo 2

item 2.3, os altos níveis de acuracidade de estoque e produtividade são

atingidos pelos investimentos diários em treinamento e na formação dos seus

colaboradores.

O treinamento é desenvolvido pelo setor de RH, diretoria e gerentes de

distribuição e aplicado em todos os colaboradores do CD, padronizando os

processos de todas as etapas da armazenagem, desde a chegada da

mercadoria até a entrega do produto nas lojas.

3.3 – A mão-de-obra e a ergonomia.

Quando as condições de trabalho e equipamentos são adequados, o

rendimento do homem tende a aumentar, trazendo ganhos de produtividade

nos grandes estabelecimentos e lucratividade para as Organizações.

Conforme Abrantes: “A Ergonomia tem um papel fundamental na busca

de lucratividade dentro do contexto das empresas”, portanto oferecer aos

trabalhadores dos grandes armazéns e centros de distribuição equipamentos

satisfatórios e ergonomicamente adequados é sinônimo de prevenção de

afastamentos, perdas, despesas e valorização do capital humano.

Equipamentos que facilitam a visão do operador, que tenham baixo

ruído e que produzem pouco calor durante a sua operação proporcionam

segurança, conforto e satisfação ao ser humano, que é o ativo mais importante

das empresas.

A Ergonomia aplicada aos postos de trabalho irá harmonizar e integrar

os equipamentos e a mão-de-obra nas áreas de movimentação e

armazenagem dos grandes estabelecimentos, proporcionando vantagens ao

homem e a Organização.

3.4 – Utilizando a mão-de-obra para movimentar e reduzir custos.

O excesso de mecanização ou automação dos recursos dos armazéns,

pode fazer com que a movimentação manual de materiais no depósito fique

relegada a segundo plano, e não seja vista como um fácil e eficiente método de

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movimentação. Assim, antes de selecionar um equipamento de movimentação

para executar uma determinada tarefa, deve-se analisar a possibilidade da

movimentação manual.

Para que a mão-de-obra execute esse método de movimentação é

necessário que: leve-se em consideração o peso a ser manuseado, as

dimensões do objeto a ser carregado e as distâncias a serem percorridas.

Algumas técnicas de movimentação podem ser aplicadas para que a

utilização da mão-de-obra substitua o uso de equipamentos, dependendo do

tipo, peso e volume da carga que será movimentada. Por exemplo:

- Se a distância é curta a carga pode ser carregada nas costas como

sacos;

- No caso de tambores a carga pode ser rolada;

- Para caixas e fardos a carga pode ser arrastada; e

- Se o peso de uma determinada carga for até 5 kg e se dispõe de um certo

número de pessoas para realizar o serviço, a movimentação pode ser feita por

uma “corrente humana”, ou seja, de mão em mão em uma fila.

Para que a movimentação manual ocorra de modo a favorecer a

redução de custos operacionais, torna-se necessário observar as seguintes

características:

- Tipo de material – unidades individuais;

- Característica do material – pequeno, leve e frágil;

- Quantidade do material – pequena;

- Destino do movimento – próximo ou pequenas distâncias;

- Logística do movimento – áreas restritas, limitações de alturas,

movimentos complicados.

3.5 – Mão-de-obra própria ou terceirizada?

Devido ao aparecimento de empresas prestadoras de serviço que

operam na área de armazenagem e movimentação de materiais, as grandes

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empresas passaram a utilizar com mais freqüência esse tipo de serviço. A

opção de concentrar esforços em sua atividade principal foi facilitada pelos

prestadores de serviço, pois eles assumiram as atividades periféricas.

A maneira de pensar de alguns gestores proporcionou o surgimento de

parcerias entre terceiros e terceirizados, trazendo vantagens e desvantagens

para quem está terceirizando a execução das atividades de armazenamento e

movimentação de materiais.

As principais vantagens trazidas pela terceirização da mão-de-obra que

opera na atividade de armazenagem das empresas que contratam esse serviço

são:

- Flexibilidade de mão-de-obra;

- Enxugamento na estrutura de pessoal;

- Diminuição de custos com pessoal.

Já como principais desvantagens ocasionadas pela contratação de

serviços podemos citar:

- Perda do controle sobre o processo de armazenagem;

- Alta rotatividade da mão-de-obra;

- Prejuízos causados por ineficiência dos prestadores de serviço.

Pensando nesse tipo de prestação de serviço, a Transportes Aéreos

Marília (TAM) criou um modelo de terceirização em que a empresa contratante

produz, mas os funcionários da TAM são responsáveis pela armazenagem e

distribuição dos produtos.

O trabalho da TAM tem início dentro do centro de distribuição da

empresa, onde seus funcionários ficam responsáveis pela separação,

etiquetagem, consolidações, movimentações, além de prepararem o embarque

diretamente para o aeroporto.

Com isso, a etapa do terminal de cargas foi eliminada, o que significou

um manuseio a menos. É uma análise custo-benefício dentro da cadeia de

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37valor, pois essa etapa não agrega nada ao produto, no entanto eliminando

manuseios, evita-se avarias, danos e roubos.

As empresas que mais estão realizando esse tipo de parceria com a

TAM são as que atuam no ramo farmacêutico, autopeças e eletroeletrônicos.

Além das vantagens obtidas com a utilização dessa mão-de-obra terceirizada

como, por exemplo, a redução com custos com avarias e roubos de materiais,

essas empresas estão podendo concentrar todo seu know how e recursos na

produção, ou seja, na sua atividade fim.

Já a TAM se beneficia ao agregar valor ao seu transporte por meio

desse serviço, pois o mesmo avião que faz o transporte de passageiros é o que

transporta os produtos dessas empresas.

3.5.1 – Resultados esperados com a terceirização da mão-de-obra.

Além da redução ou eliminação de custos com a mão-de-obra que

executa as atividades próprias da armazenagem, as empresas esperam obter

dos operadores contratados resultados que justifiquem a opção pelo serviço,

como por exemplo:

- Facilidade no gerenciamento do armazém pela utilização de mão-de-

obra qualificada;

- Redução do índice de perdas por avarias, furtos ou retrabalhos pela

utilização de recursos humanos qualificados para execução das atividades

com qualidade e produtividade;

- Disponibilidade da empresa para focar em outras áreas da logística, pois

não terá a preocupação do controle da mão-de-obra que executa as

atividades de armazenagem e movimentação de materiais, bem como a

preocupação de com os outros recursos envolvidos na sua execução.

3.5.2 – Análise dos fatores que levam à decisão de terceirizar ou não.

Para tomar a decisão entre gerenciar seu próprio pessoal no armazém

ou contratar os conhecimentos técnicos externos, é aconselhável a pesquisa

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do número e da qualidade dos fornecedores terceirizados que estão

qualificados para armazenar e movimentar seus produtos.

O diretor do IMAM, consultoria LTDA de São Paulo, Edson Carillo Júnior,

destacou em seu artigo na internet, entre outras coisas, que “Antes de analisar

a questão devemos considerar a possibilidade de encontrar especialistas com

ampla experiência na área de armazenagem de produtos similares ao produto

em questão”.

Assim, podemos concluir que na armazenagem, a decisão deve ser

direcionada levando-se em consideração cinco fatores:

- Gerenciamento.

- Capital.

- Mão-de-obra.

- Flexibilidade.

- Controle.

Se a Organização não possui gerenciamento suficiente para um

processo de armazenagem, deve-se verificar qual é o risco de uma

terceirização com desconhecidos, ou seja, analisar o nível do conhecimento do

processo e do negócio contratado. Caso o número de pessoas seja excessivo,

a terceirização do armazém atuará como um meio de transferência de

emprego, onde além de considerar as aptidões e experiências dos novos

operadores do armazém, deve-se levar em conta, caso necessário, o tempo e

o local de aprendizagem.

A filosofia gerencial também pode influenciar na decisão de administrar

ou terceirizar a mão-de-obra. Se a empresa atua com gerentes que fazem

downsizing ou rightsizing, ou seja, reduzem pessoal e ativo, ela tende a

terceirizar. Se a empresa permanece conservadora, onde o poder é medido

pelo número de pessoas e do ativo, é natural que tenha pessoal próprio em

seu armazém, pois ele aumenta o número de pessoas na Organização, além

de manter um intenso ativo com instalações e equipamentos.

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39A mão-de-obra do armazém é um dos principais fatores na hora de

tomar a decisão de administrar ou terceirizar. Em alguns casos, manter a mão-

de-obra própria pode ter um custo mais alto do que as disponíveis no

mercado. No entanto, algumas Organizações conseguem contratar e manter

essa mão-de-obra a um custo inferior ao custo das empresas terceirizadas.

A flexibilidade é uma das causas mais freqüentes para uma decisão de

utilizar armazenagem terceirizada. Se a Organização sabe da quantidade de

operadores que precisará nos processos de armazenagem pode ser mais

econômico manter sua própria mão-de-obra. Porém, se a necessidade de

mão-de-obra for instável, é mais atraente a contratação de serviços de um

terceiro, pois valores podem ser poupados, evitando-se riscos como a falta de

mão-de-obra.

O controle da armazenagem é o argumento mais forte para se tomar à

decisão de terceirizar ou não a mão-de-obra de um armazém. Ele não pode

ser entregue a um terceiro qualquer. Qualquer falha que aconteça pode custar

o emprego de algumas pessoas. Contudo, esse risco pode ser controlado com

o uso de sistemas de informações que permitirão o gerenciamento de todo

pessoal do armazém.

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CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO

A INFRAERO é uma empresa estatal que possui vários armazéns

espalhados nos principais aeroportos do território nacional. Ela é responsável,

dentre outras atividades, pelo recebimento, armazenagem e distribuição de

toda carga internacional que chega ao país pelo modal aéreo.

Seus armazéns recebem a denominação de TECA e possuem uma

particularidade em relação aos armazéns de empresas privadas: têm um

sistema informatizado de controle e gerenciamento de armazém que opera

integrado ao sistema informatizado da Receita Federal, o SISCOMEX, pré-

requisito indispensável nesse tipo de negócio. Além disso, estão presentes em

vários municípios do país, trazendo boa vantagem competitiva dentro de um

sistema logístico.

Tomaremos como exemplo o TECA localizado no Aeroporto Internacional

Tom Jobim, situado no bairro da Ilha do Governador na cidade do Rio de

Janeiro. Ele ocupa uma área útil de 60.000 metros quadrados e situa-se

estrategicamente, próximo a uma das pistas do aeroporto.

O depósito foi inaugurado em 2000, em substituição a um outro de

dimensões bastante reduzidas. A alta administração decidiu pela substituição

devido ao tipo de negócio realizado. Na época as oportunidades de negócio

foram baseadas na política econômica em que a moeda nacional foi

equiparada a moeda norte-americana. Sendo assim, o antigo depósito tornou-

se pequeno e não estava mais suportando o aumento do volume de

importações de produtos.

Já os gerentes de logística deram atenção ao planejamento do lay-out

interno e seleção dos equipamentos mais adequados para a utilização no

interior do prédio. O novo armazém deveria ser capaz de acomodar seus atuais

níveis de negócio e ainda ter flexibilidade para se adequar aos próximos anos,

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41com baixos custos operacionais, modernos sistemas de iluminação e de

gerenciamento de riscos de incêndio, além de outras características individuais

que atenderiam as necessidades do negócio.

Inicialmente o gigantesco armazém chegou a movimentar 300 toneladas

de carga e 10.000 volumes por dia. A valorização da moeda nacional e a

ausência de concorrência no setor formavam uma combinação perfeita para

maximização dos lucros da empresa.

Entretanto, as ameaças se concretizaram. Com a mudança na política

econômica a moeda nacional desvalorizou, ou seja, houve uma valorização do

dólar. Além disso, a carga tributária estadual vem sofrendo aumentos

significativos. Isso contribuiu para a queda no volume das importações.

Atualmente, o armazém movimenta 1.500 volumes e 55 toneladas por dia, que

significa um movimento quase seis vezes menor do que o esperado.

Com essas alterações, passamos a ter um novo cenário. Passou a

existir a concorrência com os TECA de outros estados do país, devido à

diferença de valores dos impostos estaduais (IPI, ICMS). Além disso, o

Governo Federal criou a lei 1910, de 21 de maio de 1996, que permite que

depósitos particulares também armazenem esse tipo de carga. Aqui no Rio de

Janeiro, temos dois armazéns particulares prestando esse tipo de serviço.

Como exemplo de concorrência, temos o TECA da cidade de Vitória, no

Espírito Santo que possui um faturamento de R$ 23 milhões por mês, enquanto

que o TECA do Rio de Janeiro fatura apenas R$ 7 milhões mensais.

A localização do TECA do Rio de Janeiro pode ser considerada como

um ponto forte, pois reduz sensivelmente os tempos e custos de deslocamento

da carga até o armazém, bem como a integração de seu sistema de controle

com o SISCOMEX, pois o armazém disponibiliza uma sala de usuários onde o

cliente, desde que cadastrado pela Receita Federal, pode consultar a qualquer

tempo, o posicionamento de sua carga e recebê-la no momento desejado.

O armazém funciona 24 horas por dia para recebimento e no horário

de 08 às 17 horas para expedição de cargas. A necessidade de recebimento

por 24 horas se deve pelo fato de armazenar cargas do tipo: perecíveis, órgãos

humanos, remédios, animais e jornais.

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42Esse tipo de carga só recebe tratamento diferenciado no ato do

recebimento. Entretanto, não há a opção de armazenagem e expedição

diferenciadas, como por exemplo um setor próprio para esse tipo de carga que

poderia facilitar o controle e gerenciamento destas atividades, que além de

serem executadas por funcionários do armazém, são fiscalizadas por órgãos

públicos como a Receita Federal e Ministério da Agricultura, no caso de

animais. O funcionamento atual não estabelece um setor específico para

cargas que tenham urgência de entrega, ou seja, são armazenadas nos

setores estabelecidos pelo sistema.

Por se tratar de carga internacional, existe a necessidade, em algumas

etapas do processo de distribuição, dos funcionários trabalharem em conjunto

com os fiscais da Recita Federal. Essa integração ocorre nas fases de

recebimento e expedição dos materiais, onde existe a necessidade de

abertura, conferência e reembalagem dos volumes, bem como a comprovação

de toda a documentação, antes de sua entrega ao consignatário ou empresa

transportadora.

Já na armazenagem ou estocagem, ou seja, na movimentação e guarda

dos volumes no interior do armazém, isso não se torna necessário, pois essa

fase do processo é de inteira responsabilidade da INFRAERO.

O lay-out do armazém foi projetado de acordo com o modal de transporte

aéreo. Ele utiliza, em grande maioria das vezes, cargas unitizadas, que são

paletizadas e padronizadas. Isso facilitou todo o planejamento de recebimento,

armazenagem e distribuição, onde as áreas de estocagem e os equipamentos

de movimentação são escolhidos de acordo com a padronização da carga.

Contudo, este tipo de carga unitizada acabou criando certos vícios, que

refletem em custos para a empresa. Muitas vezes, a carga a ser movimentada

é um pequeno volume, que poderia ser movimentado de maneira manual. No

entanto, o hábito de transportar cargas paletizadas, que exigem o uso de

empilhadeiras, faz com que os funcionários optem por esse tipo de

equipamento para realizar a movimentação.

O TECA opera com um sistema integrado de controle e gerenciamento

de estoque, que permite acompanhar todas as movimentações da carga, em

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todos os setores do armazém, ou seja, como, quando e onde receber ou

estocar a carga. Todos os dados da carga (peso, tipo de embalagem, volume,

etc) estão inseridos no sistema. Isso permite que o próprio sistema arrume um

endereço disponível, ou o melhor endereço de armazenagem, para cada tipo

de carga.

O armazém é subdividido em 3 principais setores: recebimento,

armazenagem e expedição. O setor de recebimento é composto de dois boxes,

sendo um totalmente automatizado, onde a carga retirada das aeronaves é

colocada em uma esteira de movimentação chamada de RACKER, que leva a

carga até o segundo box. Este outro é um local intermediário, onde a carga fica

aguardando o momento de ser estocada. A conferência da carga pode ser feita

em qualquer um dos boxes, ficando a critério do fiscal da Receita.

Para a armazenagem da carga existem basicamente três setores: verde,

azul e preto. Neles, encontramos os SKU’s para materiais com peso até 30 kg,

os SKU’s para materiais acima desse peso ou de maior volume, onde a

movimentação é totalmente automatizada, e as salas específicas coma

câmaras escuras, desumidificadoras e frigoríficos.

Não existe uma sala projetada com piso especial, para receber

equipamentos eletrônicos de alta precisão, que requerem cuidados especiais e

sofrem com os danos causados pela energia eletrostática. Isso faz com que o

padrão de qualidade de armazenagem desse tipo de material abaixo do

esperado.

Para a expedição da carga também, existem dois boxes. Um para o

material que a Receita Federal julga isento de fiscalização nessa etapa do

processo e outro destinado à fiscalização. Neste setor, encontram-se os

escritórios e salas do armazém que são utilizados para resolver toda parte

burocrática, como por exemplo autenticação de guias de liberação de

importação, conferência de Invoices, dentre outras.

A mão-de-obra é terceirizada para o processo de recebimento, ou seja,

do momento em que a carga é retirada do avião até o box destinado ao

recebimento no interior do armazém. Já para a estocagem e movimentação

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44são utilizados funcionários da INFRAERO, que são contratados pelo regime da

CLT.

A terceirização é favorável na etapa de recebimento, pois nessa etapa são

exigidos equipamentos específicos para descarregar a carga no momento em

que o avião atraca, ou seja, equipamentos de acordo com o tipo de aeronave

que traz a carga. Esses equipamentos exigem mão de obra especializada para

operá-los e são de alto custo de manutenção e aquisição. Além disso, existem

uma diversidade de companhias aéreas, o que dificulta o gerenciamento da

chegada dos vôos, ficando toda responsabilidade com a empresa prestadora

desse serviço.

Os principais equipamentos que operam no interior do armazém são os

porta-paletes, empilhadeiras, transelevadores, carrinhos automáticos e

manuais e equipamentos de rádio freqüência. A automação se dá apenas em

alguns setores do armazém. Um investimento em equipamentos automatizados

agilizaria todas as fases do processo, tornando-os mais seguros e dinâmicos,

uma vez que todo tipo de carga, inclusive a considerada perigosa, é

movimentada no interior do armazém.

O treinamento é a parte menos valorizada no armazém. A mão-de-obra

só recebe algum tipo de treinamento no ato da contratação. Uma prestadora de

serviços é contratada para realizar treinamento de manuseio de cargas

perigosas, aéreas e restritas, dentre outras.

Cabe ressaltar, que um treinamento diário ou com maior freqüência sobre

novos procedimentos pode diminuir o risco de perdas com acidentes, aumentar

a satisfação do cliente e a qualidade do serviço prestado.

A segurança interna e externa do armazém é feita por uma empresa

prestadora de serviço de segurança. Além dos seguranças espalhados por

vários postos de serviço, existe um circuito interno e externo composto por

várias câmeras que filmam todas as movimentações 24 horas por dia, onde as

imagens ficam guardadas por 15 dias.

Somente as pessoas e os funcionários credenciados têm acesso ao

estoque, que é totalmente isolado por grades de proteção do restante do

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armazém. Por se tratar de carga de alto valor agregado os filmes poderiam ser

guardados por um período mais longo, pois poderiam facilitar na investigação

no caso de extravio de material, já que o inventário físico é realizado apenas

uma vez por ano.

A acuracidade do estoque chega a 100%. Isto se deve pelo fato da

segurança ser bastante rígida, o que evita perdas por roubos e furtos. Outro

fato é que qualquer discrepância que ocorra por esse motivo é caso de

investigação da Polícia Federal, pois pode constituir crime de contrabando e

descaminho. Além disso, uma vez por ano é realizado um inventário geral do

estoque, normalmente no mês de dezembro.

A opção adotada de inventário geral é desgastante para todos os

funcionários. Como o inventário é executado pelos próprios funcionários do

armazém, isso significa em um aumento das tarefas diárias, podendo causar

sobrecarga em alguns setores. Além disso, esse tipo de inventário exige um

planejamento criterioso e demanda um longo prazo para execução, sendo

recomendado apenas em determinadas condições, nas quais a Administração

constate a falta de confiabilidade dos dados registrados.

O inventário rotativo seria uma boa opção, pois ele tem como objetivo

eliminar a necessidade de inventários físicos ou minimizá-los, analisando as

divergências encontradas e eliminando as causas que as geraram em tempo

hábil, pois apenas uma parte do estoque é inventariada mês a mês. Além

disso, não causa sobrecarga de trabalho aos setores envolvidos, aumenta a

acuracidade do estoque e possibilita o inventario de todo universo dos itens

existente na Organização em um curto espaço de tempo.

Podemos verificar, que algumas das deficiências de armazenagem

poderiam ser sanadas com a presença de um líder, capaz de promover

mudanças, em contraste com a administração tradicional do armazém. Ele

poderia aprimorar as habilidades e dar orientação a toda equipe de

armazenagem, bem como interferir e influenciar as pessoas para serem

colaborativas e corporativas. Além disso, poderia ser desenvolvido um espírito

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de equipe, já que atuam em um mesmo local mão-de-obra própria, terceirizada

e de outros instituições públicas.

Outro ponto a ser analisado foi o de que a atividade de armazenagem do

TECA está sendo realizada de maneira rotineira não se adequando as

tendências, sem o objetivo principal, que é entregar a mercadoria certa, na

quantidade certa e no momento certo, o que pode assegurar uma vantagem

competitiva e a satisfação do cliente.

Não existe um mecanismo que analise o nível de satisfação do cliente

em relação ao serviço que está sendo prestado.

O serviço adequado pode estar longe do serviço desejado, ou seja,

aquele desempenho que realmente encanta o cliente e o faz repetir a compra.

Somente ao perceber um valor superior naquilo que compra é que o cliente se

transforma em cliente leal. (Revista tecnologística, maio, 2004).

No caso do TECA, que envolve a prestação de serviços de uma atividade

pertencente à cadeia de abastecimento, deve-se também atender aos clientes

de nossos clientes, ou seja, estar atento aos parceiros.

O armazém não presta nenhum apoio ou serviço a partir do momento

que a carga é entregue na expedição. Não existe uma preocupação em

atender a quem está transportando, ou até mesmo conhecer a qualidade do

serviço prestado pela transportado até o cliente.

A concorrência com outros depósitos está cada vez mais acirrada. Em

janeiro de 2003, com ocorreu uma remodelagem no regulamento aduaneiro os

depósitos particulares, antigas Estações Aduaneiras de Interior (EADIs)

passaram a se chamar Portos Secos. A mudança não ocorreu apenas no

nome, mas também caracterizou uma nova etapa de desenvolvimento desses

Portos, buscando maneiras de ampliar sua atuação e valer-se das

oportunidades surgidas em um momento de grande concorrência.

Nesse tipo de atividade, utilizar mecanismo de premiação, bônus ou

outro artifício para criar fidelidade é vedado por lei. Entretanto, oferecer uma

estrutura que agregue algum tipo de valor no serviço que é prestado ao cliente,

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47que não é disponível pela concorrência, como por exemplo uma tecnologia de

comunicação ou apoio em equipamentos ou mão-de-obra, que ajude aos

parceiros a serem mais eficientes, pode resultar em um elevado nível de

fidelização.

Logo, a parceria com todos aqueles que estão envolvidos no processo, como

despachantes, transportadores, órgãos federais e clientes, oferecendo todos

recursos disponíveis é um fator fundamental para satisfazer os que já são

clientes e conquistar os que ainda não são, tendo como conseqüência levar o

TECA a uma liderança de mercado.

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CONCLUSÃO

À medida que entramos no século XXI, precisamos considerar quais

tendências prevalecerão e como as variáveis tecnológicas e humanas irão

interferir em relação ao novo cenário no campo da armazenagem. Esse cenário

transformou os grandes armazéns em centros de atendimento de pedidos, que

são responsáveis pela distribuição dos produtos acabados (cliente externo),

além de apoiarem a manufatura (cliente interno). Isso implicou em considerável

pressão nas atividades do armazém e fazer os ajustes necessários não está

sendo fácil.

Nesse caso a visão dos processos de armazenagem e movimentação de

materiais nos grandes armazéns e centros de distribuição deve ser sempre

muito abrangente e voltada para o aprimoramento da produtividade. Isso

envolve eliminação de perdas relevantes, elevação da qualidade e do nível de

serviço aos clientes.

Para que isso ocorra é preciso estabelecer um plano estratégico de

armazenagem e traduzi-lo em um plano de ação onde estarão definidos os

sistemas de movimentação de materiais, sistemas de estocagem, sistemas de

produção e embalagem e os sistemas de controle de materiais.

Além disso, devemos entender as prioridades em relação ao serviço

prestado ao cliente (foco no cliente), as ameaças competitivas e oportunidades,

pontos fortes e pontos fracos, redução de inventário, restrições de capacidades

e outros fatores que podem impactar diretamente na estratégia de

armazenagem.

Também é importante reconhecer a importância de uma interação com a

liderança da empresa para estabelecer os objetivos de curto, médio e longo

prazo para que se venha obter uma armazenagem sob medida.

Variáveis como tecnologia da informação, seja ela, através do código de

barras ou rádio freqüência, informática e os equipamentos de movimentação,

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49como as empilhadeiras, são ferramentas que devem atuar e são

imprescindíveis nos armazéns. Atualmente, essas tecnologias podem assumir

o controle total do inventário dos armazéns e trazem ganhos de produtividade

da ordem de 15% e de acuracidade de estoque no padrão de 98%.

Outro fato importante é a ênfase nos serviços customizados que podem

ser oferecidos aos clientes. Se não existirem pessoas nos armazéns que

façam ofertas de idéias, como por exemplo: etiquetas e embalagens

personalizadas; tornar a mercadoria “pronta para venda” no ponto de

distribuição e disponibilizar a informação via EDI, para atender aos clientes do

seu armazém, alguém certamente o fará!

Se olharmos para trás veremos que a tendência é que os armazéns

estarão estocando cada vez menos produtos, especialmente com a revolução

do JIT, ECR, entrega direta no ponto de venda, técnicas de cross docking e

Internet.

Entretanto, podemos ficar com a certeza de que os armazéns

continuarão a existir e a desempenhar um importante papel na cadeia de

abastecimento da logística. Podemos estar certo de que a armazenagem

continuará a ser uma função dinâmica, direcionada pelas forças de mercado e

os grandes armazéns devem estar visando sempre uma melhoria contínua de

seus serviços.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Atlas, 2001. p. 509.

BOWERSOX, Donald J; CLOSS, David J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

FIGUEIREDO, Kleber. A logística e a fidelização de clientes. Revista Tecnologística, São Paulo, ano 8, n. 102, p. 66-72, mai. 2004.

JÚNIOR, Edson Carillo. Logística na prática: Liderança no Armazém. Guia de logística, São Paulo, 10 nov. 2002. Disponível em: < http: // www.guialog.com.br/ARTIGO127.htm >. Acesso em: 18 set. 2006.

LEVY, Carlos. Os bastidores do vôo. LOG & MAN, São Paulo, ano 23, n. 145, p. 72-76.

MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 353.

MOURA, Reinaldo A. Movimentar e estocar os materiais inteligentemente. Guia de logística, São Paulo, 20 abr. 2003. Disponível em: < http: // www.guialog.com.br/ARTIGO77.htm >. Acesso em: 18 set. 2006.

NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da cadeia de Distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. p. 409.

STAIR, Ralph M; REYNOLDS, George W. Princípios de Sistemas de Informação: uma abordagem gerencial. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. p. 496.

TEIXEIRA, Rubem. Depósito da Aeronáutica do Rio de Janeiro. Revista da Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico, Rio de Janeiro, ano2, n. 4, p. 11-12.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 09CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM PARA LOGÍSTICA

1.1 Os segredos da armazenagem 13

1.2 A movimentação de material como um fator de diferencial competitivo para as organizações 14

CAPÍTULO II 18AS VARIÁVEIS TECNOLÓGICAS COMO FACILITADORAS NAARMAZENAGEM E NA MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

2.1 A tecnologia da informação aplicada à armazenagem 19

2.1.1 Principais tecnologias utilizadas nos processos de armazenagem de materiais 20

2.2 Os equipamentos facilitando o processo de armazenagem e a movimentação de materiais 22

2.2.1 Equipamentos automatizando a armazenagem 23

2.2.2 A importância dos itens de segurança nos equipamentos 25

2.2.3 Utilizando equipamentos para evitar roubos e furtos nos armazéns 25

2.3 As soluções WMS otimizando custo e serviço ao cliente 26

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CAPÍTULO III 29

A VARIÁVEL HUMANA IMPULSIONANDO A

ARMAZENAGEM E A MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

3.1 O fator liderança atuando no armazém 30

3.1.1 O líder interferindo na segurança a higiene da mão-de-obra 31

3.1.2 Tipos de acidentes mais freqüentes com a mão-de-obra 32

3.2 O treinamento do pessoal assegurando resultados 33

3.3 A mão-de-obra e a ergonomia 34

3.4 Utilizando a mão-de-obra para movimentar e reduzir custos 35

3.5 Mão-de-obra própria ou terceirizada? 35

3.5.1 Resultados esperados com a terceirização da mão-de-obra 37

3.5.2 Análise dos fatores que levam à decisão de terceirizar ou não 37

CAPÍTULO IV 40

ESTUDO DE CASO

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Armazenagem e movimentação de materiais nos armazéns de grande porte.

Autor: Wagner Avon Cardoso

Data da entrega: 28/09/2006.

Avaliado por:Fabiane Muniz Conceito: