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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROCESSO DE QUALIDADE AMBIENTAL NA
ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE
Por: Alessandra Menezes de Souza
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROCESSO DE QUALIDADE AMBIENTAL NA
ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Administração da
Qualidade.
Por: Alessandra Menezes de Souza
3
RESUMO
Hoje, proteger o meio ambiente está se convertendo em
oportunidades para expandir mercados, baixar custos e prevenir-se contra
possíveis restrições a mercados externos (barreiras não tarifárias). Dessa
forma, a exigência de um meio ambiente saudável constitui um requisito de
peso ao comércio internacional. Em países desenvolvidos, as certificações
ambientais voluntárias significam para as empresas ampliação de mercado e
garantia de consumidores fiéis. Assim, a busca de maior competitividade pelas
empresas, incluindo-se as micro e pequenas, passa pela promoção de ações
de resposta positivas frente as novas demandas ambientais. A preocupação
com o meio ambiente, nos últimos anos, vem crescendo tanto nas sociedades
desenvolvidas quanto nas em desenvolvimento. Esta preocupação com a
qualidade ambiental pode manifestar-se principalmente pelo repúdio dos
consumidores em adquirir bens que ao longo de seu ciclo de vida causem
degradação ambiental. Nesse sentido, esta monografia visa apresentar uma
discussão acerca dos benefícios econômicos, sociais e ambientais que a
implantação de um sistema de gestão ambiental poderá proporcionar para as
empresas. Além disso, busca-se destacar a importância de ações individuais,
por parte das empresas, em prol da preservação do meio ambiente,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Desta forma será abordado
como a ISO 14000 dentro desse contexto pode contribuir para uma maior
competitividade.
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METODOLOGIA
Foram selecionadas as fontes de informação baseadas no seguinte:
pesquisa bibliográfica de fontes secundárias: livros nacionais, publicações
avulsas, revistas, jornais e matéria retirada da rede Internet, para, em seguida,
concretizar a tarefa, através da releitura dos textos selecionados.
Esta pesquisa se baseia no método dedutivo por partir do geral e, a
seguir, por colocar a generalização como um produto posterior do trabalho de
coleta de dados particulares. É um método de abordagem, constituído de
procedimentos gerais que norteiam o desenvolvimento das etapas
fundamentais de uma monografia.
A técnica utilizada é a qualitativa que serve para apresentar,
demonstrar, comparar ou reforçar as ideias do tema em questão.
Após a análise do material, foi exposto como as normas da família
ISO 14000 são uma ferramenta de gestão que auxilia as organizações de
qualquer tamanho ou tipo. Assim sendo, a incorporação da variável ambiental
pode ser um fator para um diferencial competitivo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO I - Gestão Ambiental 08
CAPÍTULO II - A ISO 14000 12
CAPÍTULO III – Considerações econômicas, ambientais e sociais 24
CAPITULO IV – O impacto da ISO 14000 nos negócios 29
CAPITULO V – Certificação ISO 14000 32
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
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INTRODUÇÃO
Será abordado nesta monografia o processo de qualidade ambiental
na administração da qualidade.
A questão central focada neste estudo é como a ISO 14000 pode
contribuir para uma maior competitividade.
Através da certificação ISO 14000, as companhias estão se
dirigindo, para um novo modelo de gestão: o da Qualidade Ambiental. Nesta
linha de raciocínio a série 14000 tem sido apresentada e considerada como
uma continuidade natural e necessária nesta busca empresarial de cada vez
maior competitividade, desta forma a análise mostrará a importância da
qualidade ambiental na gestão das empresas, com ênfase nas exigências
ambientais que as organizações têm que atender.
Alguns assuntos são abordados como, por exemplo, o conceito das
metodologias que caracterizam a qualidade do meio ambiente, as ações e
agentes que resultem em ações poluidoras, os impactos ambientais e o que é
necessário param se preparar para as normas ISO 14000.
Hoje, proteger o meio ambiente está se convertendo em
oportunidades para expandir mercados, baixar custos e prevenir-se contra
possíveis restrições a mercados externos (barreiras não tarifárias). Dessa
forma, a exigência de um meio ambiente saudável constitui um requisito de
peso ao comércio internacional. Em países desenvolvidos, as certificações
ambientais voluntárias significam para as empresas ampliação de mercado e
garantia de consumidores fiéis. Assim, a busca de maior competitividade pelas
empresas, incluindo-se as micro e pequenas, passa pela promoção de ações
de resposta positivas frente as novas demandas ambientais.
O presente estudo apresenta cinco capítulos que aborda
respectivamente a gestão ambiental que é a administração dos recursos
ambientais, a história da ISO 14000, como se deu o surgimento desta
ferramenta que compreende um conjunto de normas ambientais, não
obrigatórias e de âmbito internacional que possibilita a obtenção da certificação
ambiental, as considerações econômicas, ambientais e sociais que delimitam o
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processo de certificação das empresas, o impacto da ISO 14000 nos negócios,
ou seja, o que as empresas perdem ou ganham seguindo as regras desta
certificação e finalmente os passos necessários para se conseguir a
certificação ISO 14000.
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CAPÍTULO I
GESTÃO AMBIENTAL
A gestão ambiental é a administração do exercício de atividades
econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos
naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar ao uso de práticas
que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem
das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades
humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de
conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de
áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração
sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais
para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades
produtivas.
A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no
planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de
custos diretos - pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de
recursos cada vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia -
e de custos indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas
a danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de
comunidades que tenham proximidade geográfica com as unidades de
produção da empresa. Um exemplo prático de políticas para a inserção da
gestão ambiental em empresas tem sido a criação de leis que obrigam a
prática da responsabilidade pós-consumo.
À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade
de se preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o
meio empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas
de maneira mais racional. A partir do momento que a empresa coloca no
mercado um produto que mostra a preocupação com a preservação do meio
ambiente, esta empresa juntamente com seu produto, passa a se tornar uma
referência no meio empresarial. O próprio mercado consumidor passa a
selecionar os produtos que consome em função da responsabilidade social das
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empresas que os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais
como as da família ISO14000, que atestam que uma determinada empresa
executa suas atividades com base nos preceitos da gestão ambiental.
Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente,
realizada em Estocolmo na Suécia em 1972, a questão ambiental foi inserida
no meio das organizações de forma definitiva. Mesmo sendo considerada no
inicio somente uma restrição regulatória imposta pelo governo, já que a partir
da conferência, muitas normas e obrigações foram exigidas, tanto pelos órgãos
reguladores, como pela própria sociedade.
Mas a Conferencia de Estocolmo foi somente o "estopim" para a
grande evolução comportamental que estava por surgir, a partir desse
momento as práticas ambientais teriam que fazer parte das responsabilidades
sociais das empresas.
As Nações entram com força nessa evolução em 1992 com a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), denominada informalmente como ECO-92. A conferência
representou o auge do movimento a favor da sustentabilidade ambiental.
Nesse contexto vislumbra-se um cenário futuro, cada dia mais
presente, onde a gestão ambiental empresarial tornou-se sinônimo de
produtividade e sobre tudo, de competitividade. Se outrora a poluição era
compreendida como aquele indesejável mal necessário ao desenvolvimento,
agora a poluição é entendida como recurso produtivo desperdiçado.
Gestão Ambiental é o controle dos impactos ambientais provocados
por uma atividade empresarial qualquer. A implementação de um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA) constitui uma estratégia para que o empresário, em
processo contínuo, identifique oportunidades de melhorias que reduzam os
impactos das atividades de sua empresa sobre o meio ambiente.
A tendência atual é que as empresas façam do seu desempenho
ambiental um fator diferencial no mercado. O que significa, em alguns casos,
adotar requisitos internos até mais restritivos que os legalmente impostos no
país.
O Sistema de Gestão Ambiental, conforme a série ISO 14000,
fundamenta-se na adoção de ações preventivas à ocorrência de impactos
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adversos ao meio ambiente. Trata-se de assumir uma postura pró-ativa com
relação às questões ambientais.
Os 5 princípios do SGA são:
• Conhecer o que deve ser feito, definindo sua política de meio
ambiente;
• Elaborar o Plano de Ação para atender aos requisitos de sua
política ambiental;
• Assegurar condições para o cumprimento dos objetivos e metas
ambientais e implementar as ferramentas de sustentação
necessárias;
• Realizar avaliações qualitativas e quantitativas periódicas do
desempenho ambiental da empresa;
• Revisar e aperfeiçoar a política do meio ambiente, os objetivos e
metas ambientais e as ações implementadas para assegurar a
melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa.
A produção mais limpa é a aplicação contínua de uma estratégia
ambiental preventiva, integrada aos processos, produtos e serviços, para
aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente.
Sua adoção requer mudanças de atitude, garantia de gerenciamento ambiental
responsável, criação de políticas nacionais direcionadas e avaliação de
alternativas tecnológicas. A produção mais limpa aplica-se a:
• Processos produtivos: conservação de matérias-primas e
energia, eliminação de matérias-primas tóxicas, redução da
quantidade e da toxidade dos resíduos e emissões;
• Produtos: redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de
vida de um produto (desde a extração das matérias-primas até sua
disposição final);
• Serviços: incorporação de preocupações ambientais no
planejamento e entrega dos serviços.
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A prevenção da poluição é um processo associado à produção mais
limpa. É a utilização de processos, práticas, materiais, produtos ou energia que
evitem ou minimizem a geração de poluentes e resíduos na fonte de geração e
reduzam os riscos globais para a saúde humana e para o ambiente.
Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental é um processo de
verificação sistemático e documentado para obter e avaliar objetivamente
evidências para determinar se o Sistema de Gestão Ambiental de uma
organização está em conformidade com os critérios de auditoria formados pela
própria organização. O desempenho ambiental refere-se a resultados
mensuráveis do Sistema de Gestão Ambiental, relacionados com o controle
dos aspectos ambientais de uma organização baseados em suas políticas,
objetivos e alvos ambientais. Melhorias contínuas dizem respeito ao processo
de aperfeiçoar o Sistema de Gestão Ambiental para atingir melhorias no
desempenho ambiental total em alinhamento com as políticas da organização.
12
CAPÍTULO II
A ISO 14000
O Sistema de Gestão Ambiental descrito na ISO 14000 aplica-se a
aspectos ambientais de forma que a organização possa controlar e sobre os
quais se espera que tenha influência, sendo que a norma em si não declara
critérios específicos de desempenho ambiental.
As empresas e entes de vários segmentos buscam alcançar e
demonstrar desempenho ambiental eficaz. Uma das maneiras de fazê-lo é
controlando os impactos ambientais de suas atividades, produtos e/ ou
serviços. As auditorias e análises críticas do meio ambiente auxiliam a
encontrar e mensurar para a obtenção e manutenção dos objetivos previstos,
contudo, mesmo sendo essas ferramentas úteis, não são suficientes ou
completas em abrangência. Para que a organização possa efetivamente
atender aos seus objetivos, as auditorias devem fazer parte de um contexto de
trabalho mais amplo – um sistema de gerenciamento estruturado que seja
integrado com a atividade de gerência total.
Uma certificação ISO 14000 não garante que uma empresa ou ente
em particular, alcance o melhor desempenho ambiental possível. Ela somente
atesta que foram instalados os elementos básicos de um sistema de gestão
ambiental. As melhorias contínuas a que se faz referência na norma reportam-
se a melhorias continuas no sistema gerencial, e não no desempenho
ambiental diretamente.
A finalidade principal de um sistema de gestão ambiental é a de
fornecer a uma organização um processo estruturado e um contexto de
trabalho com os quais ela possa alcançar e controlar sistematicamente o nível
de desempenho ambiental que estabelecer para si. O nível real de
desempenho, os sucessos e o resultado em relação a todo o entorno, depende
do contexto econômico, da regulamentação e de outras circunstancias que
impactam direta e indiretamente o processo.
À medida que aumentam as preocupações com a manutenção e a
melhoria da qualidade do meio ambiente e com a proteção da saúde humana,
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organizações de todos os tamanhos vem crescentemente voltando suas
atenções para os impactos ambientais potenciais de suas atividades, produtos
ou serviços, segundo o mesmo autor. O desempenho ambiental de uma
organização vem tendo importância cada vez maior para as partes
interessadas internas e externas. Atingir um desempenho ambiental adequado
requer comprometimento da organização com uma abordagem sistemática e
com a melhoria continua do seu sistema de gestão ambiental.
Um sistema de gestão ambiental provê ordenamento e consistência
para que as organizações abordem suas preocupações ambientais, através da
alocação de recursos, definição de responsabilidades, e avaliação contínua de
práticas, procedimentos e processos.
A gestão ambiental é parte integrante do sistema de gestão global
de uma organização. A concepção do sistema de gerenciamento ambiental é
um processo dinâmico e interativo. A estrutura, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos para a implementação de políticas,
objetivos e metas ambientais podem ser coordenados com os esforços
existentes em outras áreas (por exemplo: operações, finanças, qualidade,
saúde ocupacional e segurança no trabalho).
O movimento em direção à normatização e gerenciamento
ambiental surgiu no início dos anos 90 através do trabalho de instituições
normatizadoras de diversos países europeus. Por ocasião da Eco-92 foi
apresentada a proposta de criação de um grupo especial para estudar a
elaboração de normas de gestão ambiental, com o intuito de serem
internacionalmente reconhecidas. Em março de 1993 instalou-se o ISO/TC-
207, comitê técnico com a função de elaborar uma série de normas, batizadas
de série ISO 14000.
A série de normas ISO 14000 foi concebida para auxiliar as
organizações a gerenciar os seus sistemas ambientais, consistindo em um
conjunto de documentos que definem os elementos-chave para que as
organizações tratem as suas questões ambientais, incluindo um conjunto de
metas e prioridades com atribuições de responsabilidade, medições e
relatórios dos resultados e auditoria. Ela trata essencialmente a questão
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ambiental, não incluindo nenhum aspecto social ou humano e não definindo
diretrizes ou políticas ambientais.
Consumidores, governos e companhias estão procurando cada vez
mais reduzir o impacto ambiental e melhorar a própria sustentabilidade a longo
prazo. Para as companhias, os objetivos mais importantes são tornarem-se
mais eficientes - obtendo mais "saída" por unidade de "entrada", sendo mais
ecoeficientes, enquanto melhoram os lucros e mantém a confiança de seus
stakeholders. Os padrões voluntários da ISO 14000 podem ajudar a alcançar
estes objetivos.
É importante notar que a ISO 14000 não especifica metas de
performance ambiental. Isto deve ser efetuado pela própria companhia,
levando em conta não só o efeito no ambiente, mas também a visão dos
stakeholders. Como então a ISO 14000 pode ajudar as companhias em
direção ao desenvolvimento sustentável? A implementação de um sistema de
gerenciamento com o foco no meio ambiente permitirá que as questões
ambientais estejam entre aquelas que participam da tomada de decisão
corporativa.
A ISO 14000 foi concebida de forma a garantir que os clientes
possam aferir a performance ambiental da companhia. De fato, ela irá ajudar a
integrar os sistemas de gerenciamento ambiental de empresas que
comercializam umas com as outras ao redor do mundo.
Os padrões ISO 14000 foram projetados para ajudar uma
organização a implementar ou melhorar os seus sistemas de gerenciamento
ambiental, e, como já foi dito, não definem valores de performance por si só.
Eles proveem uma forma de sistematicamente definir e gerenciar os
compromissos de performance. Isto é, eles estão preocupados em definir
"como" atingir uma meta, e não "o que" aquela meta deveria ser.
Adicionalmente ao núcleo dos padrões que definem o sistema de
gerenciamento, há também outras ferramentas de suporte, tais como
documentos de auditoria ambiental, avaliação da performance ambiental,
rotulagem ambiental e avaliação do ciclo de vida.
Tal como a ISO 9000, a ISO 14000 também exige que a
organização possua um sistema de gestão voltado à proteção ambiental,
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chamado de Sistema de Gestão Ambiental - SGA. O SGA fixa as exigências
ambientais que as organizações têm que atender.
Muitas organizações estarão seriamente ameaçadas pelas pressões
nacionais e internacionais, coerentes ou simplesmente econômicas e/ou
políticas. Estas pressões irão materializar-se pela exigência de a organização
possuir um SGA, selo verde (salvo conduto ambiental), rotulagem ambiental
(informações ambientais no rótulo), ciclo de vida (reciclagem de itens) e outras,
conforme previsto na ISO 14000.
As ISO 9000 e 14000 foram as primeiras certificações genéricas —
uma grande inovação no historial da certificação — a ser concedidas a
qualquer tipo de organização — empresa privada, pública, departamento
governamental, entre outras — de qualquer dimensão e pertencente a
qualquer setor da economia. Os sistemas de gestão desenvolvidos para aplicar
cada uma das normas partilham princípios comuns, o que facilita à entidade
que já trabalhe de acordo com uma norma de garantia da qualidade a
ampliação do seu sistema de gestão à área ambiental. Mais concretamente, a
ISO 14000 apresenta um vasto conjunto de métodos analíticos de amostragem
e teste, destinados a lidar com desafios ambientais específicos.
A ISO 14000 tem os seguintes termos e definições básicas:
• Organização: é mencionada como "uma empresa, corporação,
firma, empreendimento, instituição e partes ou combinações destas,
mesmo que não pertençam à mesma razão social públicas e
privadas, que tenham sua própria função e administração".
• Meio ambiente: é definido como os "arredores" no qual uma
organização opera, incluindo "ar, água, terra, recursos naturais,
flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações." O meio ambiente
se alonga do interior da organização até o sistema global.
• Aspecto ambiental: é definido como um elemento da atividade
produtos e/ou serviços de uma organização que possa, interagir
com o meio ambiente. Fica a cargo da organização identificar os
aspectos ambientais de seus produtos, processos e serviços ao
estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental.
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• Impacto ambiental: é qualquer mudança no ambiente, seja
adversa ou benéfica, resultante total ou parcialmente das atividades,
produtos e/ ou serviços de uma organização.
• Sistema de Gestão Ambiental: é parte do sistema total que inclui
a estrutura organizacional, as atividades de planejamento, as
responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos
para desenvolver, implementar, alcançar, proceder à avaliação
crítica e manter as políticas ambientais.
Os impactos ambientais gerados pelo desenvolvimento industrial e
econômico do mundo atual constituem um grande problema para autoridades e
organizações ambientais.
No início da década de 1990, a ISO viu a necessidade de se
desenvolverem normas que falassem da questão ambiental e tivessem como
intuito a padronização dos processos de empresas que utilizassem recursos
tirados da natureza e/ou causassem algum dano ambiental decorrente de suas
atividades.
No ano de 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e criou um
comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 que teria como objetivo desenvolver
normas (série 14000) nas seguintes áreas envolvidas com o meio ambiente. O
comitê foi dividido em vários subcomitês, conforme descritos abaixo:
• Subcomitê 1: Desenvolveu uma norma relativa aos sistemas de
gestão ambiental.
• Subcomitê 2: Desenvolveu normas relativas às auditorias na área
de meio ambiente.
• Subcomitê 3: Desenvolveu normas relativas à rotulagem
ambiental.
• Subcomitê 4: Desenvolveu normas relativas a avaliação do
desempenho (performance) ambiental.
• Subcomitê 5: Desenvolveu normas relativas à análise durante a
existência (análise de ciclo de vida).
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• Subcomitê 6: Desenvolveu normas relativas a definições e
conceitos.
• Subcomitê 7: Desenvolveu normas relativas à integração de
aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos.
• Subcomitê 8: Desenvolveu normas relativas à comunicação
ambiental.
• Subcomitê 9: Desenvolveu normas relativas às mudanças
climáticas.
O subcomitê 1 (sistemas de gestão ambiental) desenvolveu a norma
ISO 14001 que estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um
sistema que gerenciasse a questão ambiental dentro da empresa, ou seja, um
sistema de gestão ambiental. É a mais conhecida entre todas as normas da
série 14000.
Esta é primeira parte da norma onde é abordado o contexto histórico
em que foi desenvolvida, ressaltando a necessidade das empresas
estabelecerem parâmetros para a área ambiental. É falado sobre a estrutura e
importância dos requisitos descritos nela.
Alguns pontos fundamentais descritos:
• As auditorias e análises críticas ambientais, por si só, não
oferecem evidência suficientes para garantir que a empresa está
seguindo as determinações legais e sua própria política.
• O sistema de gestão ambiental deve interagir com outros
sistemas de gestão da empresa.
• A norma se aplica a qualquer tipo de empresa, independente de
suas características, cultura, local, etc.
• A ISO 14001 tem como foco a proteção ao meio ambiente e a
prevenção da poluição equilibrada com as necessidades sócio-
econômicas do mundo atual.
• A norma tem vários princípios do sistema de gestão em comum
com os princípios estabelecidos na série de normas ISO 9000.
Esta área fala dos objetivos gerais da norma, tais como:
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• Estabelecer a criação, manutenção e melhoria do sistema de
gestão ambiental e das áreas envolvidas em seu entorno.
• Verificar se a empresa está em conformidade (de acordo) com
sua própria política ambiental e outras determinações legais;
• Permitir que a empresa demonstre isso para a sociedade;
• Permitir que a empresa possa solicitar uma certificação/registro
do sistema de gestão ambiental, por um organismo certificador
(empresa que dá o certificado) externo.
O subcomitê 2 (auditorias na área de meio ambiente) no que diz
respeito à execução de auditorias ambientais, este subcomitê desenvolveu três
normas: ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012, em 1996.
Em 2001, foi desenvolvida a ISO 14015 que foi revisada em 2003.
No ano de 2002 foi criada a norma ISO 19011 que substituiu a 14010, 11 e 12.
As normas citadas estabelecem:
• ISO 14010: os princípios gerais para execução das auditorias;
• ISO 14011: os procedimentos para o planejamento e execução
de auditorias num sistema de gestão ambiental;
• ISO 14012: os critérios para qualificação de auditores (quem
executa as auditorias).
• ISO 14015: as avaliações ambientais de localidades e
organizações.
• ISO 19011: guias sobre auditorias da qualidade e do meio
ambiente.
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O subcomitê 3 (rotulagem ambiental) é a garantia de que um
determinado produto é adequado ao uso que se propõe e apresenta menor
impacto ambiental em relação aos produtos do concorrente disponíveis no
mercado. É conhecida também pelo nome de Selo Verde, sendo utilizada em
vários países como Japão, Alemanha, Suécia, Países Baixos e Canadá, mas
com formas de abordagens e objetivos que diferem uma das outras.
Para estabeler as diretrizes para a rotulagem ecológica, este
subcomitê criou várias normas. São elas:
• ISO 14020: Estabelece os princípios básicos para os rótulos e
declarações ambientais (criada em 1998 e revisada em 2002).
• ISO 14021: Estabelece as auto-declarações ambientais - Tipo II –
Auto-declarações ambientais (criada em 1999 e revisada em 2004).
• ISO 14024: Estabelece os princípios e procedimentos para o
rótulo ambiental Tipo I – Programas de Selo Verde (criada em 1999
e revisada em 2004).
• ISO TR 14025: Estabelece os princípios e procedimentos para o
rótulo ambiental Tipo III – Inclui avaliações de Ciclo de Vida (criada
em 2001).
No ano de 2003, foi iniciada a criação da ISO 14025 relativa ao Selo
Verde Tipo III que poderá ser usada como empecilho para às exportações dos
produtos de países que não estejam adequados e preparados.
O subcomitê 4 (avaliação da performance ambiental) Para
estabelecer as diretrizes para um processo de avaliação da performance
ambiental de sistemas de gestão ambiental, este subcomitê, criou as normas
ISO 14031 em 1999 (revisada em 2004) e ISO 14032 também em 1999.
As normas estabelecem e fornecem:
• ISO 14031: Diretrizes para a avaliação do desempenho
(performance) ambiental. Ela inclui ainda exemplos de indicadores
ambientais.
• ISO 14032: Exemplos de avaliação do desempenho ambiental.
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O Subcomitê 5 (análise durante a existência), ou seja, durante a
existência da empresa, é um processo criado com o intuito de avaliar os
impactos ao meio ambiente e a saúde provocados por um determinado
produto, processo, serviço ou outra atividade econômica.
A análise abrange todo o ciclo de vida de um
produto/processo/atividade aborda, por exemplo:
• a extração da matéria-prima;
• o processamento da matéria-prima;
• a produção;
• a distribuição;
• o uso;
• o reuso (quando necessário);
• a manutenção;
• a reciclagem;
• a eliminação (disposição final).
Para incentivar entidades oficiais e empresas privadas e públicas a
abordarem os temas ambientais de forma integrada durante toda a sua
existência, este subcomitê, criou diversas normas. São elas:
• ISO 14040: Estabelece as diretrizes e estrutura para a análise do
ciclo de vida (criada em 1997).
• ISO 14041: Estabelece a definição do âmbito e análise do
inventário do ciclo de vida (criada em 1998).
• ISO 14042: Estabelece a avaliação do impacto do ciclo de vida
(criada em 2000).
• ISO 14043: Estabelece a interpretação do ciclo de vida (criada
também em 2000).
• ISO 14048: Estabelece o formato da apresentação de dados
(criada em 2002).
• ISO TR 14047: Fornece exemplos para a aplicação da ISO 14042
(criada em 2003).
• ISO TR 14049: Fornece exemplos para a aplicação da ISO 14041
(criada em 2000).
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Com a finalidade de facilitar a aplicação, as normas 14040, 14041,
14042 e 14043, foram reunidas em apenas dois documentos (14041 e 14044).
O subcomitê 6 (definições e conceitos) consiste em toda a
terminologia utilizada em todas as normas citadas anteriormente (relativas à
gestão ambiental) é definida na norma ISO 14050, publicada no ano de 1998,
criada por este subcomitê.
Foi feita uma revisão desta norma, conforme descrito abaixo:
• ISO 14050 Rev. 1: Publicada em 2002 e revisada em 2004.
O subcomitê 7 (integração de aspectos ambientais no projeto e
desenvolvimento de produtos) estudou como o desenvolvimento de novos
produtos interage com o ambiente. Foi criada a seguinte norma:
• ISO TR 14062: Estabelece a integração de aspectos ambientais
no projeto e desenvolvimento de produtos (criada em 2002 e
revisada em 2004).
Nesta norma foi criado o conceito de ecodesign. Este, oferece
inúmeros benefícios as empresas que o utilizam, tais como:
• Os custos são reduzidos;
• O desempenho ambiental é melhorado;
• A inovação é estimulada;
• São criadas novas oportunidades de mercado;
• A qualidade do produto é melhorada como um todo.
O subcomitê 8 (comunicação ambiental) desenvolveu duas normas
relativas à comunicação
• ISO/TC 207/WG 4: Estabelece diretrizes e exemplos para a
comunicação ambiental.
• ISO 14063: Estabelece o que foi definido sobre comunicação
ambiental (criada em 2006).
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O subcomitê 9 (mudanças climáticas) desenvolveu desenvolveu
normas relativas as mudanças climáticas na Terra. Estas, em grande parte,
são provocadas por impactos ambientais gerados pelo homem. As normas
são:
• ISO/TC 207/WG 5: Estabelece a medição, comunicação e
verificação de emissões de gases do efeito estufa, a nível de entidades
e projetos.
• ISO/TC 14064 Parte 1: Relativa aos gases do efeito estufa, diz
respeito a especificação para a quantificação, monitoramento e
comunicação de emissões e absorção por entidades.
• ISO/TC 14064 Parte 2: Relativa aos gases estufa, diz respeito a
especificação para a quantificação, monitoramento e comunicação
de emissões e absorção de projetos.
• ISO/TC 14064 Parte 3: Relativa aos gases estufa, diz respeito a
especificação e diretrizes para validação, verificação e certificação.
• ISO/TC 207/WG 6: Estabelece a acreditação.
• ISO 14065: Relativa aos gases estufa, diz respeito aos requisitos
para validação e verificação de organismos para uso em acreditação
ou outras formas de reconhecimento.
Os certificados de gestão ambiental da série ISO 14000 atestam a
responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de uma
organização.
Para a obtenção e manutenção do certificado ISO 14000, a
organização tem que se submeter a auditorias periódicas, realizadas por uma
empresa certificadora, credenciada e reconhecida pelos organismos nacionais
e internacionais.
Nas auditorias são verificados o cumprimento de requisitos como:
• Cumprimento da legislação ambiental;
• Diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais de
cada atividade;
• Procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou
diminuir os impactos ambientais sobre os aspectos ambientais;
23
• Pessoal devidamente treinado e qualificado.
Entretanto, apesar do fato de que as empresas estejam procurando
se adequarem, a degradação ao ambiente continua em ritmo crescente.
Apenas um número pequeno de empresas busca a sustentabilidade
e as melhorias conseguidas são pequenas diante da demanda crescente por
produtos e serviços, originadas do desenvolvimento econômico.
24
CAPÍTULO III
CONSIDERAÇÕES ECONÔMICAS, AMBIENTAIS E
SOCIAIS
3.1 – Considerações econômicas
A certificação ISO 14000 auxiliará as empresas que veem a
preservação ambiental não como um empecilho, mas como um fator de
sucesso para se posicionarem no mercado, ou seja, uma oportunidade de
ascensão regional, nacional e internacional.
A implementação da gestão ambiental pode oferecer outras
vantagens para a empresa e também para o cliente. Entre as vantagens para a
empresa estão a criação de uma imagem “verde”; acesso a novos mercados;
redução e/ou eliminação de acidentes ambientais, evitando, com isso, custos
de remediação; incentivo ao uso racional de energia e dos recursos naturais;
redução do risco de sanções do Poder Público (multas) e facilidade ao acesso
a algumas linhas de crédito. Referente aos consumidores, estes possuirão
maiores informações sobre a origem da matéria-prima e composição dos
produtos, podendo optar, no momento da compra, por bens e serviços menos
agressivos ao meio ambiente.
Para Castro (1996), além de promover a redução dos custos
internos das organizações, a implementação de um sistema de gestão
ambiental aumenta a competitividade e facilita o acesso aos mercados
consumidores.
As desvantagens em não implantar um sistema de gestão ambiental
estão diretamente ligadas as barreiras não tarifárias, impostas por países mais
desenvolvidos, pois um sistema de normatização ambiental como a série ISO
14000 pode abrigar em suas entrelinhas mecanismos de proteção de
mercado.
Nos últimos anos, houve um crescimento acentuado de leis e
acordos internacionais na área ambiental que visavam a preservação do meio
ambiente, paralelamente a isso ocorreu uma grande expansão do comércio
25
mundial. No intuito de proteger o meio ambiente, muitos países passaram a
exigir padrões de qualidade ambiental muito elevados, criando barreiras não
tarifárias, que podem trazer efeitos danosos ao livre comércio.
Para Cicco (1994), o protecionismo pode estar abrigado na defesa
do meio ambiente, principalmente nas atividades produtivas que, por fatores
econômicos ou operacionais, não conseguem concorrer em regime de
liberdade comercial entre os países.
Segundo Cavalcanti (1997), a Série ISO 14000 vai representar um
grande problema para os países em desenvolvimento, como o Brasil, pois
estes países serão obrigados a se adequarem aos padrões estabelecidos
pelos países desenvolvidos, podendo aumentar, ainda mais, as desigualdades
econômicas e sociais entre o primeiro e o terceiro mundo.
Outro problema enfrentado pelos países em desenvolvimento serão
os rótulos ambientais (Selo Verde), pois os programas de rotulagem, por sua
falta de flexibilidade, poderão representar futuramente barreiras e restrições ao
comércio internacional.
Se um país importador estabelecer restrições sobre seus processos
produtivos, ele também se sentirá no direito de aplicar regras de proteção para
impedir a entrada de bens que não sejam produzidos obedecendo os mesmos
critérios. No entanto, isto constitui dumping ecológico1 e tal discriminação está
sendo dificultada pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
Dessa forma, a exigência de um meio ambiente saudável constitui
um requisito de peso ao comércio internacional. Em países desenvolvidos, as
certificações ambientais voluntárias significam para as empresas ampliação de
mercado e garantia de consumidores fiéis. Assim, a busca de maior
competitividade pelas empresas, incluindo-se as micro e pequenas, passa pela
promoção de ações de resposta positivas frente as novas demandas
ambientais (Castro,1996).
Castro (1996) cita como exemplo empresas brasileiras dos setores
de papel e celulose, couro e calçados e ainda o têxtil, que apresentaram
1 Segundo Almeida (1998) dumping ecológico ocorre quando um país, por possuir uma política ambiental mais branda, consegue produzir produtos que se destinam ao mercado externo a um menor custo de produção.
26
dificuldades para exportar seus produtos para os Estados Unidos, Europa e
Japão, uma vez que os países importadores alegavam que estas empresas
eram altamente poluidoras.
Além de legislações que regulamentam os processos produtivos, os
países poderão regulamentar os produtos, no que tange a materiais de
embalagens e exigências de reciclagem. Tal atitude dificultará o comércio
internacional, uma vez que a tendência nos países mais desenvolvidos é não
utilizar embalagens descartáveis, caso dos refrigerantes. Referente a
reciclagem, cabe a empresa produtora reciclar seus produtos após sua não
possibilidade de uso, por exemplo: máquinas de lavar, televisores etc.
Neste sentido, a mobilização internacional em torno da definição de
normas ambientais comuns reflete nitidamente a pressão dos agentes
econômicos, em diferentes graus, na busca do desenvolvimento sustentável,
possibilitando às gerações futuras usufruir de um meio ambiente mais
saudável.
Portanto, para continuar concorrendo em mercados cada vez mais
competitivos, as empresas devem tomar conhecimento e resolver os
problemas ambientais decorrentes de seus processos produtivos, caso
contrário, perderão gradativamente seu espaço entre os consumidores mais
exigentes e preocupados com o meio ambiente.
3.2 – Considerações ambientais
A implantação do SGA visa amenizar ou eliminar os impactos
ambientais advindos dos processos produtivos. Nesse sentido, o conjunto de
ações empreendidas pelas empresas durante a implantação do SGA trazem
melhorias ao meio ambiente.
Segundo Castro (1996), a partir de um SGA a empresa passa a
incentivar a reciclagem, buscar matérias-primas e processos produtivos menos
impactantes, passando a racionalizar o uso dos recursos naturais renováveis e
não-renováveis. Dessa forma, a implantação do SGA poderá possibilitar o
desenvolvimento de processos produtivos mais limpos, bem como de produtos
menos nocivos ao meio ambiente.
27
As preocupações ambientais das grandes e médias empresas são
quanto a redução de gases e emissões atmosféricas. Salienta, também, que
suas ações ambientais são movidas no intuito de obter o licenciamento, bem
como atender a legislação2 vigente no país. Referente as micro e pequenas
empresas, estas adotam procedimentos associados a redução de custos,
buscando reduzir a intensidade no uso de matérias-primas.
Por fim, pode-se afirmar que a ações ambientais das empresas,
manifestadas através da implantação da gestão ambiental, buscam
racionalizar o uso dos recursos naturais e reduzir o montante de dejetos e
resíduos devolvidos ao meio ambiente, contribuindo, com isso, para o
desenvolvimento sustentável.
3.3 – Considerações sociais
As vantagens sociais fundem-se com as vantagens ambientais. Uma
vez que a gestão ambiental visa corrigir problemas ambientais, decorrentes da
produção e consumo de bens que geram contaminações físicas e/ou
externalidades negativas, consequentemente a sociedade passa ser
beneficiada.
Como resultado da implantação de um SGA por parte da empresa,
dependendo do setor, pode-se obter a melhoria das condições de trabalho,
advindas, por exemplo, da redução de materiais particulados e de mau cheiro.
Além disso, as famílias que residem próximo as empresas que causavam
externalidades negativas, passam a usufruir de um ambiente mais agradável.
A ABNT - NBR ISO 14004 (1996) destaca, também, como
benefícios potenciais associados a um SGA a redução de incidentes que
impliquem em responsabilidade civil através da redução de conflitos jurídicos
locais, regionais, estaduais, nacionais e/ou internacionais decorrentes das
externalidades negativas advindas de seus processos produtivos.
2 Conforme Miranda et al. (1997), este tipo de comportamento caracteriza uma “estratégia reativa” quanto ao meio ambiente. Quando as empresas atendem a legislação ambiental
28
vigente e, também, preocupam-se com as pressões externas dos consumidores verdes e grupos de pressão (ONGs etc.), estão adotando uma “estratégia pró-ativa”.
29
CAPÍTULO IV
O IMPACTO DA ISO 14000 NOS NEGÓCIOS
A conscientização com os aspectos ambientais da sociedade onde a
empresa está inserida faz com que as organizações que implantam a ISO em
suas administrações, tenham uma vantagem competitiva em relação aos
demais concorrentes, pois o consumidor enxergará essa organização não
somente uma prestadora de serviços comum, mas sim como uma empresa
que está interagindo com o interesse da sociedade. Se o consumidor pode
escolher entre duas empresas com preço e qualidade similar, certamente ele
dará prioridade a empresa que tem com o meio ambiente uma relação não
danosa.
Com uma visão voltada para o futuro, os legisladores estão criando
leis mais rígidas, imputando sanções aos infratores, obrigando as empresas a
encarar com seriedade e responsabilidade a variável ambiental em sua
estratégia operacional.
As seguradoras já passam a avaliar os riscos de acidentes
ambientais na estipulação de prêmios de seguros.
Conforme Oliveira (2005), a ISO 14000 permite a empresa
demonstrar para seus consumidores que tem uma preocupação com o meio
ambiente. A normatização é de cunho voluntário, sendo desta forma o
mercado o grande exigente para a sua utilização.
Não há dúvidas de que a conscientização do público com os
aspectos ambientais faz com que as organizações que levam ISO em conta
tem uma vantagem competitiva em relação as demais.
Os produtos terão uma utilização mais segura minimizando os
desperdícios e aumentando a proteção ambiental.
As seguradoras já passam a avaliar os riscos de acidentes ambientais na
estipulação de prêmios de seguros.
Órgãos de financiamento internacional, como BIRD, têm exigido o
preenchimento de relatórios ambientais.
30
A sua implantação também proporcionará economias para as
empresas, através da redução do desperdício e do uso dos recursos naturais.
As empresas estão implantando sistema de gerenciamento
ambiental para minimização dos impactos ambientais e de seu custo; redução
de riscos com multas, indenizações etc; melhoria da imagem da empresa em
relação à performance ambiental; garantia de cumprimento de legislação
ambiental e regulamentos; redução dos custos com seguro; melhoria de
sistema de gerenciamento da empresa.
A ISO 14000 dá ênfase na melhoria contínua, o que proporcionará
às empresas conforme for sendo operacionalizado. Com ela, a empresa
procura o melhoramento continuo o que proporcionará economias crescentes à
medida que o sistema está em funcionamento. Se o consumidor pode escolher
entre dois produtos com o mesmo preço e qualidade similar, certamente dará
preferência aos que não afetam o meio ambiente de forma danosa.
A certificação ISO 14000 tem validade por 3 (três) anos. Após esse
prazo deverá passar por novas avaliações. A cada 6 (seis) meses, o sistema é
auditado para que se verifique a continuidade dos requisitos da norma. O
descumprimento pela empresa dos requisitos normativos acarretara na não
revalidação da certificação.
Em função disso, Oliveira (2005) descreve os principais objetivos
para que as empresas estejam implantando sistemas de gerenciamento
ambiental, sendo eles:
• Redução de riscos com multas, indenizações etc.;
• Melhoria da imagem da empresa em relação a performance
ambiental;
• Melhoria da imagem da empresa quanto ao cumprimento da
legislação ambiental;
• Prevenção da poluição;
• Redução dos custos com a disposição de efluentes através do
seu tratamento;
• Redução dos custos com seguro;
• Melhoria do sistema de gerenciamento da empresa.
31
Os benefícios da implantação da ISO 14000 são os seguintes:
• Confiança no produto fornecido pela empresa;
• Confiança de que a empresa dá prioridade aos aspectos
ambientais;
• Menor risco de acidentes ambientais;
• Maiores informações sobre a empresa quanto aos aspectos
ambientais.
32
CAPÍTULO V
CERTIFICAÇÃO ISO 14000
O processo de certificação começa pelo comprometimento da
direção da empresa e pela contratação de uma empresa certificadora
credenciada. A certificadora ajudará a empresa candidata à certificação na
elaboração do diagnóstico ambiental de todos seus setores. A partir disso,
define-se a política de meio ambiente da empresa, traçando-se seu plano de
ação.
A ISO 14001 é o principal documento das normas padrões ISO
14000, e foi elaborada após a série ISO 9000. Sendo especifico para os
elementos mínimos de um SGA efetivo.
A ISO 14001 é uma norma de gerenciamento organizacional, não é
uma norma de certificação de qualidade de produtos.
Conforme Oliveira (2005), a norma ISO 14001 "é um processo de
gerenciamento das atividades da companhia que têm impacto no ambiente".
Além destes conceitos, Oliveira (2005), cita algumas características
importantes da ISO 14001:
• Ela é compreensiva: todos os stakeholders participam na
proteção do meio ambiente (os clientes, os funcionários, os
acionistas, os fornecedores e a sociedade). São utilizados
processos para identificar todos os impactos ambientais. Toda e
qualquer tipo de empresa poderá utilizar a norma ISO 14001, tanto
organizações industriais, como organizações prestadoras de
serviços, de qualquer porte ou ramo de atividade.
• Ela é pró-ativa: seu foco é na ação e no pensamento pró-ativo,
não reagindo a políticas e comandos estabelecidos anteriormente.
• Ela é uma norma de sistema: em um único sistema de gestão, ela
reforça o melhoramento da proteção ambiental.
Contudo a ISO 14001 necessita que as organizações possam
desenvolver uma política ambiental com um compromisso para as
33
necessidades, prevenção de poluição, e melhoria continua; conduzir um plano
que identifica aspectos ambientais de uma operação e as exigências legais,
fixa objetivos e metas consistentes com política e estabelece um programa de
gerenciamento ambiental; implementar e operacionalizar um programa que
inclua uma estrutura e responsabilidades definida, treinamento, comunicação,
documentação, controle operacional, e preparação para atendimento a
emergências; confira as ações corretivas incluindo o monitoramento, a
correção, a ação preventiva e a auditoria; e faça uma revisão do
gerenciamento.
Para que uma empresa seja certificada pela ISO 14001 é
necessário passar um processo de cinco etapas que inclui a solicitação do
registro; revisão da documentação do SGA; uma revisão preliminar no local;
uma auditoria de certificação e a determinação da certificação atual. Esta
certificação é um processo contínuo no ato da certificação inicial e que tem sua
continuidade com auditorias que irá avaliar a empresa com uma determinada
periodicidade, para certificar se todas as conformidades estão de acordo com
os padrões da ISO 14001.
Contudo Oliveira (2005), afirma que a certificação pela ISO 14001
leva as empresas a ter certos benefícios, seus principais benefícios internos e
externos são:
Internos:
• Melhoria na eficiência das operações com maior retorno nos
investimentos;
• Disciplina organizacional;
• Reconhecimento e flexibilidade na legislação;
• Proteção dos investimentos no SGA;
Externos:
• Satisfação das necessidades contratuais;
• Expansão de mercados e da base de clientes;
• Maior competitividade;
• Melhora da imagem para clientes, fiscalização, funcionários,
investidores, comunidade local.
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O sistema de gerenciamento ambiental previsto pela norma contém
os seguintes elementos:
• Uma política ambiental suportada pela alta administração;
• Identificação dos aspectos ambientais e dos impactos
significativos;
• Identificação de requisitos legais e outros requisitos;
• Estabelecimento de objetivos e metas que suportem a política
ambiental;
• Um programa de gerenciamento ambiental;
• Definição de papéis, responsabilidades e autoridade;
• Treinamento e conhecimento dos procedimentos;
• Processo de comunicação do sistema de gerenciamento
ambiental com todas as partes interessadas;
• Procedimentos de controle operacional;
• procedimentos para emergências;
• Procedimentos para monitorar e medir as operações que tem um
significativo impacto ambiental;
• Procedimentos para corrigir não conformidade;
• Procedimentos para gerenciamento dos registros;
• Programa de auditorias e ação corretiva;
• Procedimentos de revisão do sistema pela alta administração.
O requisitos são os seguintes:
• Compromisso e política: fase em que a organização define uma
política ambiental e assegura seu comprometimento com ela.
• Planejamento: fase em que organização formula um plano que
satisfaça às políticas
• Implementação: fase em que a organização coloca um plano em
ação, fornecendo os recursos e mecanismos de apoio.
• Medição e avaliação: fase em que a organização mede, monitora
e avalia seu desempenho ambiental contra objetivos e alvos.
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• Análise critica e melhoria: fase em que a organização realiza uma
análise crítica e implementa continuamente melhorias em seu SGA
para alcançar melhorias no desempenho ambiental total.
A ISO 14000 pode ser adotada pela empresa como um todo, ou em
uma de suas unidades, como vem ocorrendo em grandes corporações. A
finalidade é prevenir - através de um Sistema de Gestão Ambiental - os
eventuais danos ambientais provocados pelos processos produtivos e pelos
produtos colocados no mercado de consumo.
A representante da ISO no Brasil é a ABNT - Associação Brasileira
de Normas Técnicas.
Um dos estímulos para empresas buscarem esta certificação está
na pressão internacional por produtos ecologicamente mais corretos. Como as
questões ambientais transcendem as fronteiras geográficas e influenciam as
relações de comércio internacional, as empresas interessadas em
corresponder aos novos padrões globais de comércio foram as primeiras a
reconhecer a existência de um consumidor mais consciente e da nova
realidade de proteção ambiental. Para tanto, começaram se estruturar, visando
reduzir as pressões ambientais negativas de seus produtos e processos. A
série ISO 14000 é um dos instrumentos que responde a esta demanda.
Seguem alguns aspectos importantes da certificação:
• Não estabelece requisitos absolutos para desempenho ambiental;
• Exigência / comprometimento com atendimento à legislação e
com melhoria contínua;
• Busca por resultados ambientais progressivamente melhores;
• Incentivo às melhores opções tecnológicas disponíveis quando
economicamente viável.
Após a implantação de todos os passos deve ser feita a verificação
e correção que têm como objetivos estabelecer procedimentos e programas
para auditorias periódicas de forma a verificar se foi devidamente implantados
e mantidos fornecendo resultados das auditorias à administração.
A frequência deve ser baseada na importância e riscos ambientais
da atividade envolvida e nos resultados de auditorias anteriores.
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CONCLUSÃO
A certificação ambiental é vista como um diferencial de
competitividade, que possibilitará a empresa reduzir seus custos de produção
via racionalização dos processos produtivos e substituição de matérias-primas,
reduzindo, com isso, o uso de recursos naturais. Além disso, possibilitará que a
empresa crie uma imagem verde junto aos seus clientes, bem como não
enfrente problemas quanto à exportação de seus produtos.
O comportamento dos empresários brasileiros vem mudando
quanto as questões ambientais, atualmente estão adotando algum tipo de
procedimento associado à gestão ambiental em suas atividades, tais como
reciclagem, disposição de resíduos, controle de ruídos, entre outros. As
preocupações dos empresários quanto às questões ambientais estão
aumentando, porém salienta-se que procedimentos isolados, sem definir a
política ambiental da empresa e sua efetivação via implantação da gestão
ambiental, contribuem, mas não garantem a obtenção da certificação
ambiental.
Portanto, a partir de pressões de consumidores, ONGs, Associações
e demais instituições públicas e privadas, as empresas passam a preocupar-se
com as possíveis degradações ambientais oriundas da produção e consumo
de seus bens e serviços. Neste sentido as ações isoladas dos empresários
ambientalmente corretos contribuem para que se atinja um desenvolvimento
sustentável e consequentemente uma imagem positiva perante a sociedade,
abrindo portas para novos mercados e novos consumidores.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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