UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · A qualidade, antes vista sob o olhar da...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A GESTÃO DA QUALIDADE COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: ESTUDO DE
CASO DO INSS
Por: Edléa Sant’Anna
Orientador
Prof. Fabiane Muniz da Silva
Rio de Janeiro
2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A GESTÃO DA QUALIDADE COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: ESTUDO DE
CASO DO INSS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
da Qualidade.
Por: Edléa Sant’Anna.
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AGRADECIMENTOS
A querida professora Fabiane Muniz da
Silva por todo seu apoio, carinho, e
demonstração exemplar de educadora,
que além de seus preciosos
conhecimentos científicos que me
passou, meu muito obrigada por sua
compreensão em um dos momentos
mais difíceis de minha vida.
RESUMO
O objetivo deste estudo é analisar como a gestão da qualidade
pode ser um diferencial competitivo para o INSS. Sendo assim, a presente
pesquisa está estruturada em três capítulos. No primeiro capítulo buscou-se
apresentar o conceito de qualidade e sua evolução. O segundo capítulo
apresenta a qualidade nos serviços. No terceiro capítulo abordam-se o serviço
público. Por fim, pode-se concluir que a gestão do INSS deverá desenvolver
novas competências empresariais e funcionais que a permitam entender e
atender a imprevisibilidade das necessidades dos consumidores não como um
problema, mas como uma oportunidade de diferenciação, de agregar valor em
seus serviços tornando-os satisfeitos.
Palavras-chave: Gestão; Qualidade; INSS.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se por ser um trabalho de revisão
de literatura, de caráter bibliográfico. Os autores utilizados na presente
pesquisa como base para o marco teórico foram: Marshall Júnior (2006) e Las
Casas (2007).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
CONCEITO DE QUALIDADE E SUA EVOLUÇÃO 9
CAPÍTULO II
QUALIDADE NOS SERVIÇOS Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO III
A GESTÃO DA QUALIDADE NO INSS 30
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
7
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho consiste em Analisar como a gestão da
qualidade pode ser um diferencial competitivo para o INSS
O estudo deste tema justifica-se uma vez que, com advento da
globalização as organizações buscam cada vez mais satisfazer as
necessidades dos clientes, assegurando o nível da qualidade dos produtos e
serviços com objetivo de alcançar os resultados econômicos e financeiros na
autossustentação do negócio.
Sendo assim, diante do cenário atual, cada vez mais competitivo
é indiscutível que a qualidade dos serviços ou produtos e a gestão da
qualidade são requisitos essenciais à sobrevivência das organizações. No caso
em específico do INSS, a qualidade dos recursos humanos é o alicerce para o
desenvolvimento das ações de melhorias.
O produto ou serviço adquirido pelos clientes deve atender às
promessas oferecidas, afinal o mercado, encontra-se mais competitivo,
exigindo que as organizações desenvolvam as suas atividades com qualidade
em todos os seus processos, para alcançar os resultados desejados.
Sendo assim, a presente pesquisa tem como questão problema
de estudo: De que forma a gestão da qualidade pode ser um diferencial
competitivo para o INSS?
Dessa forma, como hipótese para a questão problema de estudo,
tem-se que a gestão da qualidade pode ser um diferencial competitivo para o
INSS na medida em que promove a conscientização de seus recursos
humanos acerca da importância desta, uma vez que, sua prática promove a
minimização dos riscos organizacionais induzindo a administração da
organização a determinar suas metas e a efetuar análises críticas
sistematicamente para permitir a avaliação dos resultados alcançados e a
promoção de ações de melhorias.
8Reconhece-se que o trabalho está delimitado à realização de uma
análise acerca da gestão da qualidade e como esta pode ser um diferencial
competitivo para o INSS. Uma vez que a análise será realizada a partir de uma
revisão de literatura, este estudo apresenta certa limitação, tendo como foco a
generalização, tendo como embasamento teórico os renomados autores que
versam sobre este assunto.
Não se pretende elucidar particularidades na utilização da Gestão
da Qualidade como ferramenta estratégica. No entanto, esta restrição não
interfere no resultado da pesquisa, uma vez que o objetivo é descrever as
políticas e ferramentas da qualidade que podem constituir um diferencial
competitivo para as organizações.
A título de fazer-se cumprir o objetivo geral deste estudo
estabeleceram-se objetivos específicos, os quais foram: conceituar qualidade e
seus principais precursores, descrever as principais estratégias de melhoria
contínua que são utilizadas atualmente pelas organizações e apresentar as
políticas e ferramentas da qualidade que são utilizadas no sistema de gestão
da qualidade do INSS.
9
CAPÍTULO I
CONCEITO DE QUALIDADE E SUA EVOLUÇÃO
Hoje, é consenso entre vários estudiosos da moderna
administração que, como disse William Edwards Demming: “Não se gerencia o
que não se mede, e não se mede o que não se define, e não se define o que
não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”. Neste contexto,
medir representa avaliar seus resultados. (MARANHÃO e MACIEIRA, 2004;
CORREA, 2006).
Os conceitos de qualidade total ou de gestão da qualidade são
vistos atualmente como modelos de excelência para melhor gerir as
organizações. A gestão pela qualidade de produtos ou serviços permite a
busca da eficiência e eficácia da organização que se traduz numa maior
competitividade da mesma. A qualidade, antes vista sob o olhar da inspeção de
todos os produtos, é vista atualmente como algo essencial para o sucesso
estratégico de uma organização (MARSHALL JR et al., 2006).
1.1 – Movimento da qualidade ao longo da história
Garvin (2002) citado por Marshall Jr et al. (2006, p. 21) e Gurgel
Jr (2002, p. 327) classificam a qualidade em quatro períodos ou eras: era da
inspeção, era do controle estatístico da qualidade, era da garantia da qualidade
e era da gestão estratégica da qualidade.
Para compreender melhor a evolução da qualidade vamos fazer
uma rápida abordagem acerca dessas eras contextualizando-as com
pensamento dos principais autores.
101.1.1 – Era da inspeção
Antes da Revolução Industrial o processo produtivo era
realizado pelos artesãos que também avaliavam a qualidade de seus
produtos segundo critérios do próprio artesão. Com o advento da produção
em massa a inspeção formal passou a ser necessária. No início do Século
XX o criador da chamada “Administração Científica”, Frederick W. Taylor,
propõe que a inspeção dos produtos deixe de ser realizada pelos
funcionários da produção e passe a ser realizada por profissionais
especializados em controle de qualidade.
1.1.2 – Era do Controle Estatístico de Qualidade
Durante muito tempo realizou-se a inspeção total do lote
produtivo. Este controle limitava-se à inspeção e à separação das peças
defeituosas. A solução de problemas de qualidade não era responsabilidade do
Departamento de Inspeção.
Em 1931, Walter Shewhart publica o livro “Economic control of
quality of manufactured product” que dá início ao desenvolvimento do controle
de qualidade no processo produtivo através de procedimentos estatísticos.
Passa-se a utilizar a técnica de amostragem, visto que se torna impraticável
avaliar todos os produtos fabricados. A atenção passou a ser dada ao grau de
variação suportável que não levasse efetivamente a problemas.
A Segunda Guerra Mundial ajudou a consolidar este método, pois
era necessário diminuir o tempo para a inspeção final e o controle estatístico do
processo produtivo por amostragem possibilitou ganhos de produtividade e
qualidade na indústria.
A formação de Departamentos de Engenharia de Produção que
utilizavam técnicas estatisticas de amostragem possibilitou a formação de
11sociedades de engenheiros da qualidade nos Estados Unidos da América e no
Japão que criariam mais tarde os prêmios de qualidade.
1.1.3 – Era da garantia da qualidade
Após a Segunda Guerra Mundial o gerenciamento das empresas
evoluiu, principalmente no Japão que necessitava reconstruir sua economia.
Quatro elementos básicos possibilitaram a evolução para a Garantia da
Qualidade: A Quantificação de Custos da Qualidade, o Controle Total de
Qualidade, a Engenharia de Confiabilidade e o Programa Zero Defeito. O
objetivo era prevenir problemas usando outras técnicas além das estatísticas.
Este período foi construído graças à contribuição de diversos
autores. Willian Edwards Deming, estatístico em qualidade, aperfeiçoa o
sistema para solução de problemas organizacionais desenvolvido por Shewhart
e conhecido como ciclo de Deming ou PDCA; desenvolve também 14 pontos
fundamentais para o Total Quality Control (TQC) que ajudou o Japão a
melhorar a qualidade e reputação de seus produtos.
Sua contribuição foi tão expressiva que em 1951 o Japão criou o
Prêmio Deming de Qualidade em sua homenagem. A quantificação dos custos
da qualidade foi apresentada em 1951 por Joseph M. Duran em seu livro
“Quality control handbook” onde aborda a influência dos custos da não-
qualidade na competitividade da organização.
Segundo esse autor a gestão da qualidade divide-se em três
pontos fundamentais, denominados de trilogia de Juran: planejamento, controle
e melhoria da qualidade. O TQC baseia-se na qualidade desde o projeto do
produto, no envolvimento dos funcionários, fornecedores e clientes nos
processos de melhoria da qualidade e no aperfeiçoamento das técnicas
clássicas de qualidade.
Armand Feigenbaum foi um dos formuladores do TQC onde a
qualidade é vista como um instrumento estratégico pelo qual todos os
12trabalhadores devem ser responsáveis, ou seja, a qualidade é um trabalho de
todos e não só da produção ou do controle de qualidade. A qualidade torna-se
um objetivo gerencial dos mais elevados desde a concepção do projeto da
organização até seus produtos. Philip Crosby relaciona o custo da produção
com a falta de qualidade e desenvolve a metodologia “zero defeito” cujo
principio é “fazer certo pela primeira vez”.
1.1.4 – Era da gestão estratégica da qualidade
Nas duas últimas décadas do século XX a qualidade deixa de ser
vista com uma técnica e passa a ser vista como uma estratégia para o negócio
da organização.
Os princípios do TQC, disseminados a partir de 1950, já haviam
sido assimilados pelas organizações, no entanto a concorrência por um
mercado com clientes cada vez mais exigentes e amparados por uma
legislação de defesa do consumidor aumentou.
A necessidade das empresas produzirem mais e melhor, com
custos menores ao mesmo tempo deu nova amplitude aos programas de
qualidade. A adoção desses programas originou as certificações ISO que
incorporam rigorosos parâmetros de avaliação da performance organizacional
e vinculam, de acordo com sua classificação, a possibilidade de expansão no
mercado. O mercado passou a valorizar as empresas que abordam a qualidade
estrategicamente.
A Gestão Estratégica da Qualidade envolve o uso de técnicas
comportamentais, do conceito de clientes internos e externos - cuja satisfação
é o maior objetivo, da formação de equipes que pensem e executem projetos e
da ênfase nos processos e fluxos de trabalho a partir da estruturação
organizacional adequada. A qualidade passou a ser um objeto perseguido pela
cúpula estratégica das organizações, tornando-se objeto de interesse das grandes
corporações, tanto no setor fabril, como no setor de serviços (GURGEL JR, 2002).
13A principal diferença entre a abordagem do início do século XX e
a atual é que a qualidade agora está relacionada às necessidades e aos
anseios dos clientes. Atualmente, qualidade está muito associada à percepção
de excelência nos serviços. E quando se fala em serviços está-se falando
basicamente de pessoas. O elemento humano e sua qualidade representam o
grande diferencial contemporâneo (MARSHAL Jr et al., 2006).
1.2 – Definições de qualidade
Conforme vimos anteriormente o conceito de qualidade evoluiu ao
longo do tempo, Garvin (2002) citado por Marshall Jr. et al. (2006, p. 33) utiliza
cinco abordagens para definir qualidade:
• Transcedental
Qualidade não é uma idéia ou uma coisa concreta, mas uma
terceira entidade independente das duas....embora não se possa
definir qualidade, sabe-se o que ela é. Pirsig,1974 citado por
Marshall Jr et al.(2006, p. 33).
• Baseada no produto
Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade
de algum ingrediente ao atributo desejado. Abbott,1955 citado por
Marshall Jr et al.(2006, p. 33).
• Baseado no usuário
Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos.
Edwards,1968 citado por Marshall Jr et al.(2006, p. 34).
Qualidade é adequação ao uso. Juran, 1974 citado por Marshall Jr
et al. (2006, p. 34).
• Baseada na produção
Qualidade (quer dizer) conformidade com as exigências. Crosby,
1979 citado por Marshall Jr et al. (2006, p. 34).
14Qualidade é o grau em que o produto específico está de acordo
com o projeto ou especificação. Gilmore, 1974 citado por Marshall
Jr et al. (2006, p. 34).
• Baseado no valor
Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o
controle da variabilidade a um custo aceitável. Broh, 1982 citado
por Marshall Jr et al. (2006, p. 34).
Machado (2001) reporta que avaliar qualidade em serviço é
diferente de avaliar qualidade em processos industriais porque o serviço
apresenta algumas características particulares como a intangibilidade do
produto, a simultaneidade de produção e consumo e a heterogeneidade do
serviço (só existe quando ocorre).
Segundo Donabedian (1988) citado por Kluck et al. (2002, p.28),
antes de se pensar em avaliar qualidade, tanto em termos gerais como em
situações específicas, é necessário que haja um acordo sobre como esta
qualidade é definida e quais os elementos que a constituem. A definição de
qualidade é complexa, pois deve fazer referência a todas as dimensões e
dependerá do ponto de vista de quem a define.
1.3 – Indicadores de qualidade
Qualquer produto do trabalho humano é resultado de um ou
mais processos. Resultados, bons ou ruins, não acontecem por acaso. São
frutos de um processo. Para gerenciar, é essencial conhecê-los. Controlar
processos significa detectar os problemas (metas não atingidas e
resultados indesejáveis) analisar estes problemas, buscando as suas
causas, e atuar sobre elas para modificar o resultado, de forma que ele se
torne exatamente àquele que planejamos e desejamos. (MARANHÃO e
MACIEIRA, 2004)
15De acordo com Deming, citado por Nogueira (1999, p.17) “de 85 a
95% dos problemas são resultado de falha nos processos, e não de falha das
pessoas”. A essência da gestão pela qualidade está no planejamento, no
controle e na melhoria dos padrões de qualidade dos produtos e serviços, a
chamada trilogia de Juran, apresentada na figura 1.
Figura 1 – Trilogia da qualidade de Juran.
Fonte: NOGUEIRA (1999)
Os três pontos do triângulo: planejamento de qualidade, controle
da qualidade e melhoria da qualidade, são componentes essenciais, inter-
relacionados e mutuamente reforçadores da garantia de qualidade. o
planejamento define a missão da organização, inclusive dizendo quais são
seus clientes e quais os serviços a serem prestados. distribui os recursos e
estabelece os padrões para a prestação destes serviços. O controle da
qualidade nada mais é que o monitoramento, supervisão e avaliação para
assegurar que todo funcionário e toda unidade de trabalho atendem a esses
padrões e prestem constantemente serviços de boa qualidade. já a melhoria da
qualidade tem como meta elevar a qualidade e os padrões continuamente
mediante a solução de problemas e a melhoria dos processos. estas três
atividades podem ser realizadas através do controle dos processos
(NOGUEIRA, 1999).
16Segundo Chiavenato e Sapiro (2004) a essência do controle
consiste em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os
resultados desejados e pressupõe as seguintes etapas:
• Estabelecimento de objetivos ou padrões de desempenho
(qualidade, quantidade, tempo e custo);
• Avaliação ou mensuração do desempenho atual;
• Comparação do desempenho atual com os objetivos ou
padrões estabelecidos;
• Tomada de ação corretiva.
A comparação do desempenho pode ocorrer em duas situações:
• Resultado: a comparação é feita após o termino da operação.
É o controle sobre os fins.
• Desempenho: a comparação é feita paralelamente à operação.
É o controle sobre os meios.
Dentro da atividade de comparação devem-se estabelecer limites
dentro dos quais uma variação pode ser aceita como normal, de forma que as
intervenções sejam realizadas quando os limites forem ultrapassados.
Indicadores de desempenho são importantes ferramentas de
gestão que proporcionam um valor de referência a partir do qual se pode
estabelecer uma comparação entre as metas planejadas e o desempenho
alcançado. Servem para determinar a qualidade e a quantidade dos serviços
oferecidos e permitem também a comparação entre diversas unidades.
Portanto, ao avaliar o desempenho obtêm-se medidas e podem-se realizar
análises que demonstrarão quais os processos ou operações avaliados estão
satisfatórios e quais precisam melhorar (CORREA, 2006).
Como vimos o controle das atividades ou dos processos depende
da utilização de indicadores. Lord Kelvin, físico escocês e autor da escala
absoluta de temperatura, dizia:
17Quando se pode medir e exprimir em números aquilo de
que se fala, sabe-se alguma coisa a respeito, mas quando
não se pode medir, quando não se pode exprimir em
números, o conhecimento é parco e insatisfatório”
(MARANHÃO e MACIEIRA, 2004, p. 68).
Indicadores, segundo as Organizações Mundiais de Saúde, 1981
citado por Cipriano (2004, p. 42), são variáveis que ajudam a mensurar
mudanças e, geralmente, são utilizados quando elas não podem ser medidas
diretamente. Portanto, são medições parciais ou indiretas de uma situação
complexa, porém quando monitorados sistematicamente ao longo do tempo
podem indicar a direção e a velocidade destas mudanças.
Para a JCAHO, 1989 citado por Bittar (2001, p.22) indicador é
uma unidade de medida de uma atividade, com a qual se está relacionado ou,
ainda, uma medida quantitativa que pode ser usada como um guia para
monitorar e avaliar a qualidade das atividades dos serviços de suporte.
Para Marshall Jr. et al. (2006) os indicadores de qualidade são
fundamentais para monitorar o desempenho das organizações voltadas para o
sistema de gestão pela qualidade.
Neste tipo de gestão eles também podem ser chamados de itens
de controle quando relacionados ao efeito do processo e medidos ao seu final
ou itens de verificação quando utilizados para realizar o acompanhamento dos
processos (NOGUEIRA, 1999; BITTAR, 2001).
A figura 2 esquematiza-se como um sistema de medição
(indicadores) permite avaliar o desempenho de uma determinada atividade.
Assim, deve-se definir o objetivo que se quer para um evento e em seguida
definir o indicador. O objetivo nos informa o que vamos medir e onde
queremos chegar (meta). O indicador de desempenho permite avaliar ou medir
o grau em que o objetivo estabelecido esta sendo alcançado (MARANHÃO e
MACIEIRA, 2004).
18Figura 2 - Objetivos de um sistema de medição.
Fonte: Elaborado pelo autora da pesquisa
Um indicador pode ser caracterizado como uma taxa ou
coeficiente, um índice, um número absoluto ou um fato (BITTAR, 2001):
Taxa ou coeficiente: Número de vezes que um fato
ocorreu dividido pelo número de vezes que ele poderia ter
ocorrido, multiplicado por uma base e definido no tempo e
no espaço. Índice: Relação entre dois números ou a
razão entre determinados valores. Número absoluto:
Podem ser indicadores à medida que se comparam
valores iguais, maiores ou menores que ele. Fatos:
Demonstram a ocorrência de um resultado benéfico ou
não. (STEEL et al., 2004).
Fatos expressam dados qualitativos e é muito comum serem
chamados de “indicadores” pela literatura especializada. Já os itens a, b e c
expressam dados quantitativos e freqüentemente são denominados de índices
ou taxas. (GILMORE e NOVAES, 1997).
Diversos autores pesquisados utilizam os termos indicadores para
designar padrões qualitativos que são muito empregados na avaliação da
qualidade. Para uma leitura mais pormenorizada sobre este tipo de indicador
recomendam-se os artigos de Steel et al., (2004), Campbell et al. (2003) e
Marshal et al. (2003).
Neste trabalho utiliza-se o termo indicador para designar
parâmetros de uma atividade que podem ser quantificados.
19
CAPÍTULO II
QUALIDADE NOS SERVIÇOS
Para Albrecht (1992) apud Las Casas (2007) para proporcionar
qualidade total em serviços a organização deve fornecer qualidade e serviços
superiores a seus consumidores, clientes, funcionários e aos proprietários.
Ao tratar sobre o tema, Paladini (2008, p. 21) divide os produtos
em três categorias:
• Bens tangíveis: referem-se a produtos que exibem formas
concretas.
• Serviços: referem-se a bens intangíveis, representados por
ações desenvolvidas por terceiros em atendimento a
solicitações específicas de atividades a executar.
• Métodos: dizem respeito a procedimentos lógicos
desenvolvidos por terceiros ou informações por eles
organizadas, em atendimento às solicitações que se referem a
questões relativas aos meios de execução de uma atividade
(know-how).
Neste sentido, a organização deve estar atenta a todos os
públicos com os quais ela se interage, uma vez que os serviços são atos,
desempenho ou uma ação, ou seja, a empresa deve satisfazer necessidades,
resolver problemas e fornecer benefícios a todas essas entidades presentes no
seu mercado. Assim, ao dirigir esforços a todos esses públicos a organização
terá mais probabilidade de alcançar seu objetivo.
Os serviços por apresentarem características específicas tais
como intangiblidade, inseparabilidade, heterogeneidade e simultaneidade (LAS
20CASAS, 2007), (KOTLER, 2006) bem como não permitir a estocabilidade
(ROTONDARO e CARVALHO, 2005), ainda propiciam momentos de verdade.
Ao tratar dessa característica particular dos serviços, Las Casas
(2007) enfatiza que de todos os contatos de um consumidor com uma
organização, ele obtém a impressão de qualidade dos serviços por esta
prestados.
Os supermercados de vizinhança ou compactos, assim como a
grande maioria das organizações varejistas, têm o objeto de comercialização
uma combinação de produtos (bens e serviços) tangíveis e intangíveis, ou seja,
além de disponibilizarem o bem, mercadoria, para a venda, também produzem
outros bens nos departamentos de panificadora e açougue, assim como,
prestam diversos serviços, tais como: cobrança, empacotamento, crédito,
estacionamento, entrega, entre outros.
Neste sentido, tendo conforme figura 3, bens que dependem de
serviço.
Figura 3 – O espectro de bens-serviço
Fonte: Adaptado de Las Casas (2007)
Essa dependência dos serviços para concretizar a venda de seus
bens, faz com que haja diversos contatos do consumidor com a organização.
Esse momentos recebem avaliação crítica por parte dos consumidores e,
portanto, deve haver a preocupação constante com correta preparação da
21organização e, sobretudo, dos funcionários que serão fruto dessa percepção.
Deles resultará a impressão da qualidade.
Assim, o resultado de todas as interações é que formará um
conceito final, satisfatório ou não, por parte do consumidor e “a capacidade da
empresa em desempenhar todas as atividades previstas é que determinará o
nível de qualidade” (LAS CASAS, 2007, p.25).
Nessa visão, o varejista para ter o foco a qualidade dos seus
produtos (bens e serviços), deverá identificar todos os possíveis pontos de
contados da sua empresa para com o consumidor, tanto internos, quanto
externos. Estes últimos, apesar de não propiciar julgamento por parte do
consumidor, fazem com que o mesmo tenha impressões positivas ou não a
respeito da mesma.
2.1 Os frutos da interação entre consumidor e organização
Ao tratar a interação do consumidor com uma organização, Las
Casas (2007) entende como sendo estratégico os contatos e, ao poder estes
se darem através do ambiente físico, processos, pessoas e procedimentos,
torna-se elementos estratégicos de relevante importância para a qualidade,
pois, ao ter suas necessidade e desejos satisfeitos, o juízo de valores a qual a
empresa foi submetida, será considerada de qualidade.
Nesse sentido, qualidade em serviços direciona a empresa para
uma visão sistêmica global, que busca no consumidor sua principal força
propulsora.
Em relação aos benefícios que uma organização tem ao buscar a
qualidade total em serviços, Las Casas (2007) relata que uma pesquisa revelou
o crescimento médio das empresas voltadas para o cliente é na ordem de 10%
ao ano e lucros em torno de 12%. Sendo que a mesma pesquisa retrata que
empresa que não tem a mesma ênfase o crescimento é muito pequeno, e os
lucros ficam em torno de 1% ao ano.
22Em outra abordagem o autor ainda apresenta estudos que
revelam que se uma empresa retém a evasão de um consumidor em 5%, ela
terá um aumento proporcional nos lucros entre 25 a 85%, neste sentido,
quando uma empresa emprega esforços em qualidade nos serviços ela terá em
contrapartida um aumento significativo do lucro.
Corroborando com essa visão Kotler (2006) afirma que a retenção
de um consumidor só traz benefícios para a empresa, uma vez que esta
poderá efetuar vendas cruzadas, aumento do porte e melhor negociação das
compras, cooperação do canal de distribuição, menor custo, menor
sensibilidade a preços e fonte de novas idéias.
O autor supra também lembra que os consumidores depois de
certo tempo, tornam-se menos sensíveis a preços, uma vez que aceitam e
confiam na qualidade dos produtos (bens e serviços) fornecidos, pois estes já
foram testados.
A busca pela qualidade total em serviços deve levar a empresa a
questionar os seus consumidores sobre o nível de satisfação ou insatisfação,
conforme retratado no quadro 1.
Quadro 1 - Níveis de qualidade dos serviços Nível da qualidade Percepção do consumidor
Perfeição Ideal absoluto de serviço perfeito
Máximo possível O máximo viável
Desejável Um bom padrão
Justo Um padrão justo pelo preço
Mínimo tolerável Padrão mínimo tolerável
Intolerável Padrão fora do limite tolerável
Fonte: Adaptado de CORRÊA (2006)
Ao tratar da importância desse acompanhamento com o
consumidor Las Casas (2007, p.31) apresenta uma pesquisa que revela que
uma parte dos consumidores de algumas empresas estava insatisfeita o
suficiente para mudarem para os concorrentes, contudo, somente 4% destes
23reclamam. A pesquisa ainda revela que para cada reclamação recebida
existem 26 outros consumidores insatisfeitos.
Portanto, ao abrir um canal para receber as reclamações e um
processo para suas correções, uma empresa terá como desenvolver padrões e
melhorá-los, sobretudo, dos fatores que influenciam suas expectativas.
Para tal, uma empresa que busca a qualidade total deve estar em
permanente vigília sobre o nível de satisfação ou insatisfação de seus
consumidores e clientes, ou seja, ser capaz de monitorar internamente e o
mercado para atrair novos clientes insatisfeitos com a qualidade fornecida
pelos concorrentes.
Para o segmento de serviços a gestão da qualidade, conforme
apresentado, imprime um ritmo significativo de melhorias a um curto espaço de
tempo e custo baixo.
Segundo La Casa (2007), outros benefícios da qualidade para os
serviços são:
• Revelar satisfações ou insatisfações ocultas dos
consumidores;
• Formatar um processo com foco na importância do
consumidor para a empresa;
• Gerar mais uma fonte de idéias para a empresa;
• Reduzir os custos;
• Possibilitar o aumento da produtividade;
• Atratividade da empresa pela propaganda boca a boca
positiva;
• Maior retenção dos consumidores;
• Atrair novos clientes;
• Aumentar os lucros;
• Possibilitar mecanismos de controle da qualidade oferecida;
24• Reduzir a sensibilidade aos preços praticados;
• Possibilitar melhor relacionamento com o consumidor;
• Melhorar o espírito de equipe dos funcionários;
• Reduzir o impacto das estratégias dos concorrentes;
• Possibilitar acompanhamento do nível de motivação dos
funcionários;
• Criar indicadores de desempenho da qualidade;
2.2 Passos para a qualidade nos serviços
Para Las Casas (2007) existem diferentes formas de começar a
implantação do processo de qualidade, contudo, segundo sua experiência
prática na área de serviços converge para os seguintes atividades:
• Pesquisa;
• Mudança cultural;
• Marketing interno;
• Treinamento; e
• Comunicação.
Assim, após terem sido determinados os objetivos estratégicos a
empresa deve fazer pesquisa tanto interna quanto externa. A primeira visa
identificar barreiras, forças, entre outros elementos desejáveis para fase
posterior. A segunda auferirá através dos consumidores, concorrentes e
mercado, tendências, desejos, necessidades, sonhos e fantasias mutáveis que
darão foco para o processo da qualidade, sobretudo, níveis atuais de
satisfação ou de insatisfação dos consumidores, bem como, identificação de
espaços para aperfeiçoamento.
25De posse das informações a empresa poderá então, mais
assertivamente, desenvolver estratégias de serviços orientadas para a
qualidade.
Seguindo os demais passos a empresa deverá então desenvolver
processos de avaliação e de mensuração que darão feedback para novas
estratégias.
Tratando da importância da pesquisa com os consumidores, Las
Casas (2007, p.73) é enfático na abordagem das empresas voltadas para o
cliente que devem priorizar as pesquisas ao afirmar: “O certo é que, para
implantar qualidade, pesquisar é uma necessidade. E pesquisar
constantemente (...)”
Buscar um melhor relacionamento com os consumidores e
interrogá-los sobre suas necessidades e desejos, bem como, seus níveis de
satisfação e de insatisfação dos bens e serviços oferecidos, mais que uma
necessidade é uma obrigação dos gestores. Ao abrir canais de comunicação
com o consumidor, a empresa terá uma grande oportunidade de avaliação,
controle e aprimoramento da qualidade.
Sobre esse maior contato com o consumidor e de seus
benefícios, Las Casas (2007) aborda esta forma de gestão (Management by
Walking Around - MBWA), ou seja, administração por caminhada por aí e
lembra o seu idealizador Sam Walton, fundador da maior empresa de varejo do
mundo.
Além das pesquisas como instrumento de suporte para a
implantação e desenvolvimento dos processos da qualidade, o autor também
apresenta o benchmarking.
Na sua visão, esta ferramenta da qualidade ao visar verificar as
melhores práticas do mercado ou de empresas líderes e adaptá-las à empresa,
poderá ser uma excelente forma de desenvolver a qualidade. Contudo, aplicar
procedimentos testados e usados por outras empresas ou em outros mercados
é válido, desde que possam sofrer modificações para a aplicação em casos
específicos e que conduzam a resultados reais.
26Já para Marshall Junior (2006) a essência da abordagem
estratégica da qualidade é muito simples e pode ser resumida de acordo com o
Relatório da Sociedade Americana de Controle da Qualidade, onde se tem:
• São os consumidores dos produtos e não seus fornecedores
que têm a última palavra até que ponto o mesmo atende às
suas necessidades e satisfaz suas expectativas;
• Essas expectativas e satisfação relacionam-se com o que a
concorrência oferece e em toda a vida útil do produto, ou seja,
não somente na ocasião de compra;
• Para proporcionar a máxima satisfação ao consumidor, é
preciso que o produto tenha um conjunto de atributos.
Para o autor a padronização e melhoria dos processos se dão
através a participação e do comprometimento de todos os colaboradores ao
estarem imbuídos da filosofia de melhoria contínua.
De acordo com Juran apud Marshall Junior (2006) para a fase de
planejamento da qualidade, primeiro processo gerencial da trilogia Juran, tem-
se as seguintes etapas:
• Identificar os consumidores e clientes;
• Determinar as necessidades;
• Definir as características dos produtos que atendam a essas
necessidades;
• Elaborar processos capazes de reproduzir essas
características;
• Capacitar os colaboradores para que atendam o objetivo.
(MARSHALL JR., 2006)
27Já para o segundo processo da referida trilogia, controle da
qualidade se tem os passos. Este processo, segundo autor, visa o
cumprimento dos objetivos definidos na fase anterior.
• Avaliar o desempenho;
• Comprovar o desempenho com as metas;
• Atuar a partir das diferenças. (MARSHALL JR, 2006)
Para o terceiro e último passo da trilogia tem-se o processo de
melhoria da qualidade. Este visa produzir níveis de desempenho superiores e
inéditos de qualidade.
• Estabelecer infraestrutura para assegurar uma constante
melhoria;
• Identificar as necessidades específicas para criação de
melhorias;
• Para cada projeto de melhoria, delegar responsabilidade a
uma equipe;
• Fornecer os recursos e treinamentos necessários às equipes.
(MARSHALL JR., 2006)
Para implantar a prática de melhoria contínua, bem como padrões
de desempenho superiores, faz-se necessário que os gestores estejam
insatisfeitos com os níveis atuais e acima de tudo, tenha a coragem para mudar
(MARSHALL JR, 2006).
Visando a previsibilidade e a competitividade da empresa, esta
deve estar voltada à melhoria contínua, à padronização e, dependendo da
urgência, da melhoria radical.
28De acordo com Marshall Junior et al (2006, p. 91-92) para que a
melhoria seja contínua, também conhecida por Kaizen, deve haver um
gerenciamento da melhoria, bem como, da rotina:
Quadro 2 - Gerenciamento da melhoria x gerenciamento da rotina Itens Gerenciamento da melhoria Gerenciamento da rotina
Responsabilidade Alta administração Operacional
Nível Estratégico Tático/operacional
Objetivos Sobrevivência e crescimento do
negócio Padronização
Essência Eficácia organizacional Eficiência organizacional
Meios Disponibilizar recursos e adoção de
novas práticas
Evitar alterações ou
mudanças que possam
comprometer os níveis de
qualidade estabelecidos
Origem
Metas estabelecidas a partir de um
forte conhecimento das necessidades
dos consumidores e clientes
Educação e treinamento
Ferramenta Benchmarking Ciclo PDCA
Fonte: Marshall Jr.(2006)
Contudo, lembra Las Casas (2007, p.173) que a implantação de
um processo de qualidade se faz necessário que a alta administração tome
alguns cuidados, entre eles:
• Descobrir quais são as atuais e verdadeiras necessidades e
desejos dos consumidores e clientes;
• Estabelecer uma ordem de prioridades destes desejos e
necessidades;
• Medir o desempenho atual desses desejos e necessidades;
• Avaliar o que está sendo feito pela concorrência e;
• Elaborar um plano e mecanismos de controle para sair do
estado atual e ir ao encontro de um consumidor com suas
necessidades e desejos atendidos, surpreendido ou encantado
com a empresa.
29O emprego das ferramentas supra, bem como os seus
desdobramentos, tais como diagrama de causa e efeito, matriz GUT, 5W2H,
5S, FMEA, lista de verificação, estratificação, diagrama de Pareto,
brainstorming, diagrama de dispersão, entre outras, possibilitam melhor
entendimento dos problemas, contudo, não garantem a sua resolução. Para tal,
os colaboradores além de conhecer essas ferramentas e saber quando
empregá-las, devem estar comprometidos com a filosofia de melhoria contínua
e preparados para dar resposta adequada sobre o produto (bem ou serviço)
e/ou processo por eles produzidos.
30CAPÍTULO III
A GESTÃO DA QUALIDADE NO INSS
3.1 – Serviços Públicos
Verifica-se a existência de uma íntima sintonia entre
Administração Pública e o Serviço Público. Administração pública executa o
Serviço Público, porque considera indispensável à sociedade a sua existência,
e consequentemente o seu funcionamento.
Segundo Kohama (2003, p. 21), considera-se serviço público o
conjunto de atividades que são exercidos ou colocados à disposição da
coletividade, visando abranger e proporcionar o maior grau possível de bem-
estar social ou da “prosperidade pública”.
Mello (2003, p. 612) afirma que “Serviço Público é toda atividade
de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da
coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o
Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por
quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto,
consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais _ ,
instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema
normativo”.
Para Meirelles (2000, p. 319) “Serviço Público é todo aquele
prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles
estatais, para satisfazer as necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniências do Estado”.
Meirelles também afirma que as atividades que constituem o
serviço público variam segundo as exigências de cada povo e de cada época.
Os serviços públicos propriamente ditos são os que a Administração presta
diretamente à comunidade, devido à sua essencialidade e necessidade para
31sobrevivência do grupo social, tais como os de defesa nacional, de
preservação da saúde pública entre outros.
São considerados serviços próprios do Estado aqueles que se
relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público e só podem ser
prestados por órgãos ou entidades públicas. São geralmente gratuitos ou de
baixa remuneração devido à sua essencialidade.
Os serviços prestados pela organização caso objeto deste estudo
caracterizam-se como serviços próprios do Estado e são gratuitos.
3.2 – Competência para prestação de serviços
O Estado pratica a gestão de atividades que lhe são próprias,
incluindo a prestação dos serviços públicos, através do conjunto de órgãos,
chamados de Administração Pública.
Para exercer ou colocar á disposição da coletividade o conjunto
de atividades e de bens, visando proporcionar maior grau de bem-estar social,
o Estado, como organização do pode político da comunidade nacional,
distribui-se em três funções essenciais, quais sejam: função normativa,
administrativa e judicial. Estas funções originam-se dos chamados Poderes do
Estado (MEIRELLES, 2000).
A repartição das competências para a prestação dos serviços
públicos pelas entidades estatais opera-se segundo critérios técnicos e
jurídicos, tendo-se em vista sempre os interesses próprios de cada esfera
administrativa, a natureza e extensão dos serviços, bem como a capacidade
para executá-los vantajosamente para a Administração e para os
administrados.
A Constituição de 1988 estabelece poderes reservados ou
enumerados da União (arts. 21 e 22), poderes remanescentes para os estados
(art.25) e poderes indicativos para o município (art. 30). Distingue a
competência executiva da competência legislativa. A primeira é a competência
32material para a execução dos serviços, que pode ser privativa (art 21) ou
comum (art 23). A segunda refere-se à capacidade de editar leis e pode ser
também privativa (art. 22), concorrente (art. 24) e suplementar (art. 22 e 30).
A competência da União em matéria de serviços públicos abrange
os que lhe são privativos, enumerado no art. 21, e os que são comum,
relacionados no art. 23, que permitem a atuação dos Estados-membros e
Municípios.
Dentre os primeiros, cabe destacar a defesa nacional, a polícia
marítima, aeroportuária e de fronteiras, a emissão de moeda, o serviço postal,
os serviços de telecomunicações em geral, de energia elétrica, de navegação
aérea, aeroespacial e de infra-estrutura portuária, os de transporte
interestadual e internacional, de instalação e produção de energia nuclear e a
defesa contra calamidades públicas.
Quanto aos serviços comuns, lei complementar deverá fixar
normas para a cooperação entre as três entidades estatais, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
A competência do Estado-membro para a prestação de serviços
públicos não está discriminada na Constituição. Por exclusão, pertencem aos
estados todos os serviços públicos não reservados à União e nem aos
municípios.
A competência do Município para organizar e manter serviços
públicos locais está reconhecida no art. 30 da Constituição Federal. Os
serviços são restritos ao interesse local.
A organização caso objeto de análise caracteriza-se como uma
entidade que integra a União e presta serviços de natureza essencial do
Estado.
333.3 – O INSS com foco no cliente
O INSS, que já foi símbolo de ineficiência, atualmente vem
conseguindo reduzir suas filas e se transformar num centro de excelência de
gestão no setor público.
Em outubro de 2009, o presidente do Instituto Nacional de
Seguridade Social, Valdir Moysés Simão sabia que havia exatamente 5.471
pessoas esperando para serem atendidas nas 1.121 agências da Previdência
em todo o País. Isso ocorreu devido ao fato de que o sistema online de
gerenciamento permite à direção do órgão controlar os detalhes de cada
agência que se iniciou em janeiro deste ano, com um pedido do ministro da
Previdência, José Pimentel, de um sistema que permitisse que ele
acompanhasse tudo de sua sala:
O controle tão rigoroso de todas as informações é
novidade no INSS (...). Ninguém precisa esperar a
agência abrir, mas quando chegar o dia agendado será
atendido na hora. São cerca de 3,8 milhões de
atendimentos por mês, que duram em média 34 minutos -
ainda um pouco superior à meta de 30 minutos.
Trabalhamos com foco em resultado. Na semana
passada, o computador na sala dele mostrava que 29,8
milhões de pessoas já haviam sido atendidas
pessoalmente desde o início do ano e que 44,7 milhões
telefonaram para o número 135. Em agosto, foram
669.822 requerimentos (...). (SIMÃO, 2009)
O sistema online de gerenciamento que permite à direção do
órgão controlar os detalhes de cada agência começou em janeiro deste ano,
com um pedido do ministro da Previdência, José Pimentel, de um sistema que
34permitisse que ele acompanhasse tudo de sua sala. Hoje, o sistema é visível
na diretoria, em Brasília, e em todas as agências do País por meio da intranet.
Cada item é comparado com a meta, e uma bolinha verde ou
vermelha indica se está dentro ou fora do desejado. Os cem gerentes
executivos recebem por e-mail uma avaliação da sua região em comparação
com as outras e eles têm que prestar contas e apresentar um planejamento de
como melhorar. (SIMÃO, 2009)
A Portaria MPS/GM Nº 321, de 8 de outubro de 2008, instituiu o
projeto de concepção e implementação do processo de gestão estratégica,
com base na metodologia Balanced Scorecard (BSC), abrangendo o período
de 2009 a 2015.
No que se refere ao planejamento estratégico da Presidência
Social, foi um planejamento de longo prazo que traça novos objetivos para a
previdência social e permite, mais do que solucionar os problemas urgentes do
cotidiano, vislumbrar a previdência desejada por todos para o futuro.
Conforme o mapa estratégico, inicialmente, traduz a missão, a
visão e a estratégia da organização em conjunto abrangente de objetivos que
direcionam o comportamento e o desempenho organizacionais, proporciona a
clara percepção de como as atividades de cada um estão ligadas aos objetivos
da organização e possibilita, desse modo, o trabalho coordenado e colaborativo
em prol das metas traçadas.
Como missão, o INSS irá garantir proteção ao trabalhador e sua
família, por meio de sistema público de política previdenciária solidária,
inclusiva e sustentável, com objetivo de promover o bem-estar social.
No tocante à visão, pode ser reconhecida como patrimônio do
trabalhador e sua família, pela sustentabilidade dos regimes previdenciários e
pela excelência na gestão, cobertura e atendimento.
Seus valores organizacionais são:
• Ética,
• Respeito;
35• Segurança,
• Transparência, e
• Profissionalismo.
Os objetivos do INSS são:
• Prover soluções em ambiente tecnológico e integrado, seguro
e de alto desempenho,
• Aperfeiçoar a aplicação de recursos,
• Ampliar e adequar a rede de atendimento,
• Desenvolver cultura voltada aos valores, aos resultados e à
responsabilidade socioambiental,
• Promover a valorização e a qualidade de vida das pessoas,
• Desenvolver competências compatíveis com os objetivos
institucionais,
• Aperfeiçoar a gestão estratégica e a comunicação
institucional,
• Simplificar e desburocratizar normas e processos e
uniformizar procedimentos,
• Fortalecer os controles internos, a gestão de risco e a
segurança institucional,
• Conhecer o perfil do trabalhador e sua família,
• Fortalecer a educação previdenciária,
• Aprimorar a prevenção de riscos ocupacionais e mitigar os
efeitos da incapacidade laboral,
• Promover o atendimento com qualidade e o reconhecimento
automático de direito
36• Garantir a qualidade no pagamento de benefícios,
• Minimizar as ocorrências de litígios e aperfeiçoar as decisões,
• Ampliar a cobertura previdenciária,
• Fortalecer a credibilidade da previdência social junto à
sociedade, e
• Garantir a sustentabilidade dos regimes previdenciários.
A Resolução/INSS/PR nº 63/2009 aprovou o Plano de Ação INSS
2009 e este estabeleceu prioridades e metas, traduzidas num conjunto de
ações e indicadores alinhados aos objetivos estratégicos do Mapa, visando a
concretização das estratégias e o alcance dos resultados definidos para o
período.
O sistema de acompanhamento do Plano de Ação, módulo de
acompanhamento do Plano que, a partir da visualização do Mapa e da seleção
de cada um dos objetivos estratégicos, disponibiliza informações e resultados
mensais das unidades do INSS, por ação.
O sistema permite o diagnóstico rápido do desempenho das
unidades, utilizando-se de uma seta de tendência favorável e de legenda de
cores relacionada aos percentuais de execução.
Através do sistema de acompanhamento, os resultados poderão
ser acompanhados até o nível de 100 Gerências-Executivas e também podem
ser visualizados por meio de tabela ou gráfico. O Sistema ainda permite a
consulta e o registro de relato acerca da avaliação mensal da ação, inseridos
pelos gestores, com comentários de restrições e providências adotadas
durante sua execução.
O painel estratégico é uma ferramenta que disponibiliza os
indicadores do plano de ação de forma resumida, apresentando os resultados
do mês e o acumulado do ano. Facilita a compreensão e assimilação do
andamento das ações, permitindo a visualização dos resultados apresentados
37pelos indicadores, avaliados com base nas metas previstas e em critérios
associados a cores - azul (meta subestimada), verde (satisfatório), amarelo
(merece atenção) e vermelho (insatisfatório). Também permite a rápida
visualização da evolução dos indicadores em relação ao mês anterior, por meio
de sinais representados por gestos de uma mão classificados como crescente,
decrescente e constante.
Para o ano de 2010, os passos a serem seguidos são:
• Construção de desafios compartilhados,
• Painel Estratégico com visualização para todas as Agências
da Previdência Social (1.121 instaladas),
• Disponibilização padronizada de um maior número de
informações gerenciais com vistas a tomada de decisões,
• Ciclos do PDCA aplicados e acompanhados em todas as
Agências da Previdência Social.
38
CONCLUSÃO
A qualidade percebida é influenciada pelas expectativas e
percepções dos consumidores, a qual fomenta o nível de satisfação, que, por
sua vez, pode levar à retenção e à lealdade de mesmos.
Sendo assim, por meio deste estudo foi possível identificar que os
atributos do produto, seja ele um bem ou um serviço, influenciam o nível de
satisfação dos consumidores. Tal constatação pode melhor direcionar o gestor
na tomada de decisão no que diz respeito às prioridades que a empresa deve
implementar a fim de maximizar a avaliação e percepção de uma maior
qualidade.
O perfil de consumidores do INSS, apesar da não
homogeneidade, apresenta características próprias e, de forma global, um
relativo encaminhamento de percepção à qualidade dos serviços e aos
aspectos que apresentam maior impacto na satisfação. Isso sugere para os
gestores do INSS a adoção de ações mais amplas, daquelas até então
utilizadas.
Aspectos relacionados a toda dimensão da qualidade e atributos
tais como atendimento, estrutura, funcionários que tem contato direto com os
consumidores, processo de comunicação, conveniência e posicionamento são
valorizados nos serviços e fomentam a satisfação e, por conseqüência, a
percepção pela qualidade por parte dos consumidores.
No que se refere ao atendimento, percebe-se no INSS
oportunidade de serem contempladas questões relativas à gestão dos
processos voltadas à melhoria da percepção de aspectos tais como: agilidade,
simpatia, cordialidade e organização. Para vir a esse encontro, foram
desenvolvidos programas sistemáticos de capacitação e aperfeiçoamento dos
colaboradores do INSS para se desenvolver aspectos comportamentais, como,
por exemplo, respeito e atenção aos consumidores.
39Quanto aos funcionários, além da qualidade no atendimento já
mencionado, cada vez mais são exigidos o domínio das novas tecnologias,
rapidez, cortesia, atendimento às reclamações e aparência. Estas
competências são desejadas e requeridas cada vez mais pelos consumidores,
que passaram a não tolerar desvio de desempenho nesses serviços,
considerados como básicos para uma empresa que queira atendê-los.
Assim, a gestão do INSS deverá desenvolver novas competências
empresariais e funcionais que a permitam entender e atender a
imprevisibilidade das necessidades dos consumidores não como um problema,
mas como uma oportunidade de diferenciação, de agregar valor em seus
serviços tornando-os satisfeitos.
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43ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 1
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 2
DEDICATÓRIA ................................................................................................... 3
RESUMO 4
METODOLOGIA 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
CONCEITO DE QUALIDADE E SUA EVOLUÇÃO 9
1.1 – Movimento da qualidade ao longo da história ........................................... 9
1.1.1 – Era da inspeção.................................................................................... 10
1.1.2 – Era do Controle Estatístico de Qualidade ............................................. 10
1.1.3 – Era da garantia da qualidade ............................................................... 11
1.1.4 – Era da gestão estratégica da qualidade ............................................... 12
1.2 – Definições de qualidade .......................................................................... 13
1.3 – Indicadores de qualidade ........................................................................ 14
CAPÍTULO II
QUALIDADE NOS SERVIÇOS 19
2.1 Os frutos da interação entre consumidor e organização ............................ 21
2.2 Passos para a qualidade nos serviços ....................................................... 24
CAPÍTULO III
A GESTÃO DA QUALIDADE NO INSS 30
3.1 – Serviços Públicos .................................................................................... 30
3.2 – Competência para prestação de serviços ............................................... 31
3.3 – O INSS com foco no cliente .................................................................... 33