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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS LOGÍSTICOS Por: Wander Frauches de Andrade Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA DISTRIBUIÇÃO

DE PRODUTOS LOGÍSTICOS

Por: Wander Frauches de Andrade

Orientador:

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA NA DISTRIBUIÇÃO

DE PRODUTOS LOGÍSTICOS

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão Estratégica da Qualidade.

Por: Wander Frauches de Andrade

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho é uma homenagem a minha

mãe, Marieta, a quem devo opção pelo

estudo. Dedico-o, ainda, à minha mulher,

Ieda, e aos meus filhos, Leonardo e

Flávia.

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DEDICATÓRIA

Aos docentes e discentes desse curso de

pós-graduação e do zelo do meu filho em

me esperar nos dias de aula, meus

eternos agradecimentos por terem

proporcionado mais conhecimentos em

minha vida.

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RESUMO

A importância dessa pesquisa para a logística tem como propósito

instrumentalizar a comunidade empresarial para o emprego de modernas

estratégias e técnicas logísticas na forma de projeto de assessoria, consultoria,

pesquisa e cursos de atualização ou reciclagem, alem de treinamentos com

seus funcionários. O objetivo deste trabalho é mostrar a melhor maneira de

armazenar e transportar seus produtos e serviços até seus destinos. E com

isso atender ás exigências dos clientes de maneira eficiente e lucrativa.

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METODOLOGIA

Para a elaboração da presente pesquisa foi realizada uma

pesquisa bibliográfica com embasamento teórico nos principais autores que

dissertam sobre o tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08 CAPÍTULO I – A FUNÇÃO ESSENCIAL DA LOGÍSTICA NA EMPRESA 10 CAPÍTULO II – DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ................................................... 22 CAPÍTULO III – CPFR – PLANEJAMENTO COLABORATIVO: EM BUSCA DA REDUÇÃO DE CUSTOS E AUMENTO DO NÍVEL DE SERVIÇO NAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS ....................................... 41 CAPÍTULO IV – O SISTEMA DE TRANSPORTE ..................................... 54 CONCLUSÃO ........................................................................................... 58 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 60 ÍNDICE ...................................................................................................... 61 FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................... 62 ANEXOS ................................................................................................... 63

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INTRODUÇÃO

A Logística Empresarial tem como meta garantir a disponibilidade

de produtos e materiais nos mercados e pontos de consumo com a máxima

eficiência, rapidez e qualidade, com custos controlados e conhecidos. Hoje

considera-se a Logística como a última fronteira da Administração de

Empresas onde é possível conseguir economias significativas e reforçar a

competitividade.

Um dos principais desafios da Logística moderna é conseguir

gerenciar a relação entre custo e nível de serviço (trade-off). O maior obstáculo

é que cada vez mais os clientes estão exigindo melhores níveis de serviço,

mas ao mesmo tempo, não estão dispostos a pagar mais por isso. O preço

está passando a ser um qualificador, e o nível de serviço um diferenciador

perante o mercado.

Assim, a Logística ganha a responsabilidade de agregar valor ao

produto através do serviço por ela oferecido. Entre estas exigências por

serviço, poderíamos destacar:

· a de redução do prazo de entrega;

· a maior disponibilidade de produtos;

· a entrega com hora determinada;

· o maior cumprimento dos prazos de entrega;

· a maior facilidade de colocação do pedido.

A importância de cada dimensão do serviço também varia de

acordo como o perfil de cada cliente, uma vez que suas necessidades são

diferenciadas. Desta maneira, as empresas para manterem sua

competitividade estão segmentando os seus canais de atendimento e de

distribuição.

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A importância dessa monografia para a Logística tem como

propósito instrumentalizar a comunidade empresarial para o emprego de

modernas estratégias e técnicas logísticas, na forma de projetos de assessoria,

consultoria, pesquisa e cursos de atualização ou reciclagem além de

treinamentos com seus funcionários.

Esta monografia procura dar ao profissional uma visão geral da

administração de atividades logísticas em um ambiente organizacional. Esta

administração está voltada àquelas atividades necessárias para deixar

produtos e serviços disponíveis aos clientes no momento, local e forma

(condição) desejados.

O assunto é vital e absorve parte substancial do orçamento

operacional de uma organização, incluindo atividades de transporte, gestão de

estoques, processamento de pedidos, compras, armazenagem, manuseio de

materiais e programação de produção.

A ênfase situa-se nos princípios e conceitos que servem como

guias para a tomada de decisão. Cada capítulo da monografia oferece

perspectivas, discernimento, compreensão e desenvolvimento de habilidades,

enfocando Distribuição Física, Administração de materiais, nível de serviço,

administração de trafego, manuseio e acondicionamento do produto, controle

de estoques, planejamento Logístico e planejamento da movimentação de

mercadorias, armazenagem, principal motivações para a adoção de programas

de respostas rápidas entre clientes e fornecedores, o comércio eletrônico e os

custos Logísticos.

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CAPÍTULO I

A FUNÇÃO ESSENCIAL DA LOGÍSTICA NA EMPRESA

A logística está muito em voga ultimamente porque é considerada

a última fronteira, ainda não explorada, para redução de custos de qualquer

produto. Existem várias definições para a logística e uma das mais resumidas

diz que a logística é a rede de facilidades montada para movimentar materiais

e/ou produtos acabados. Outra definição interessante e mais abrangente diz o

seguinte: trata-se do processo de planejamento, implementação e controle do

fluxo e armazenagem de matéria-prima, inventário em processo, produtos

acabados e informações correlatadas do ponto de origem ao ponto de

consumo em conformidade com os requisitos do cliente.

Investir em logística é uma estratégia na qual empresas de

transporte de carga no Brasil estão apostando para enfrentar a virada do

milênio. Em outras partes do mundo como E.U.A, Europa e alguns países da

Ásia, a logística já se encontra num processo bastante avançado. Afinal de

contas, temos que considerar o seguinte: quem vai providenciar a entrega dos

produtos vendidos na era do e-commerce? Somente operadores logísticos bem

estruturados serão capazes de vencer este desafio tanto em se falando de

entregas locais como internacionais.

A cada dia que passa, a logística vem ganhando mais e mais

importância dentro das organizações. Isto se deve basicamente ao fato de que

a logística é uma das poucas frentes sobre as quais pouco se fez ao longo da

história. Muito já foi feito em termos de produção, Qualidade, Marketing,

Finanças e outras áreas das organizações. No entanto a logística levou muito

mais tempo para ser entendida e analisada como disciplina e como área de

negócios. A logística é um conceito recente, e ainda pouco difundido e

entendido pelas organizações. Por isso, a logística é hoje das poucas frentes

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onde ganhos consideráveis podem ser obtidos dentro dos processos das

organizações.

O bom gerenciamento dos processos logísticos dentro de uma

empresa pode representar significativas reduções de custos e vantagens

competitivas adicionais. E isto pode ser obtido, com investimentos

relativamente baixos, quando é comparado ao que é necessário fazer em

outras áreas para que os ganhos se tornem tão representativos e diferenciados

frente as empresas competidoras.

A logística é um fato econômico que tanto os recursos quanto os

consumidores não residem próximos donde os bens ou produtos estão

localizados. Este é o problema enfrentado pela logística; diminuir o hiato entre

a produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e

serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem.

1.1 A concepção logística na empresa

A concepção Logística de agrupar simultaneamente as atividades

relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administra-los de forma

coletiva é uma evolução natural do pensamento administrativo. As atividades

de transporte, estoques e comunicações iniciaram-se antes mesmo da

existência de um comercio ativo entre regiões vizinhas. Hoje, as empresas

devem realizar essas mesmas atividades como uma parte essencial de seus

negócios, a fim de prover seus clientes com os bens e serviços que eles

desejam.

Nos últimos anos ganhos substanciais nos custos foram

conseguidos, graças a coordenação cuidadosa destas atividades. Os ganhos

potencias resultantes de se rever a administração das atividades logísticas está

transformando a disciplina numa área de importância vital para uma grande

variedade de empresas. Podemos exemplificar com a Noxell Corporation

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(produtora de uma linha de produtos cosméticos e de beleza) enfrentava uma

serie de problemas como: tempo excessivo para completar e entregar pedidos

dos clientes, inconvenientes gerados por pedidos incompletos, grande

quantidade de erros no preenchimento dos pedidos e alto nível de perdas

devido a roubo e danos físicos às mercadorias. Com todos esses erros a

empresa teve que replanejar suas atividades logísticas levando em conta o

balanceamento dos custos de transportes, manutenção de estoques e

processamento de pedidos, também foram fechados diversos depósitos e

instalado um sistema de aperfeiçoamento de comunicações. Esta nova pratica

incorreu em maiores gastos com fretes e investimentos em equipamento de

transmissão de dados, estes custos foram superados por uma redução

substancial no custo de estoque. Ao mesmo tempo diminuído o tempo médio

para entrega, em nível nacional. Este trabalho de replanejamento realizou-se

uma economia anual media de $78.000.(Farrel, 1973, p.1-8)

1.1.1 A logística como base para o comércio

Na economia mundial, sistemas logísticos eficientes formam

bases para o comércio e manutenção de um alto padrão de vida nos países

desenvolvidos. Os países, assim como as populações que os ocupam, não são

igualmente produtivos. Assim, muitas vezes certa região detém uma vantagem

sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva. Um

sistema logístico eficiente permite uma região geográfica explorar suas

vantagens essenciais pela especialização de seus esforços produtivo naqueles

produtos que ela tem vantagens e pela exportação desses produtos às outras

regiões.

O comércio entre países e entre regiões de um mesmo país é

freqüentemente determinado pelo fato de que diferenças nos custos de

produção podem mais do que compensar os custos logísticos necessários para

o transporte entre as regiões.

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Os sistemas logísticos eficientes e eficazes significam melhor

padrão de vida para todos. Quanto maior e mais sofisticado for seu

desenvolvimento, e quanto mais baratas forem suas movimentações e

armazenagens, mais livre, será a troca de mercadorias e maior será a

especialização do trabalho. Sem tal desenvolvimento, o comércio, assim como

o conhecemos, normalmente não ocorre.

1.1.2 Os problemas logísticos permanecem

A importância da logística é influenciada diretamente pelos custos

associados as suas atividades. Os fatores mais relevantes como, o aumento da

competição internacional, as alterações populacionais, a crescente escassez

de recursos e a atratividade cada vez maior da mão-de-obra no terceiro mundo

estão influenciando o aumento dos custos logísticos.

O aumento do comércio internacional indica que a especialização

do trabalho continua acontecendo numa escala mundial. Os desafios logísticos

que resultam destes movimentos internacionais devem ser solucionados. À

medida que estes problemas puderem ser resolvidos todos poderão beneficiar-

se de mercadorias de melhor qualidade e menor custo. Grandes esforços já

foram feitos para o desenvolvimento de sistemas logísticos mais e mais

eficientes. Ainda resta muita coisa por fazer para se alcançar o nível ótimo de

eficiência e eficácia no suprimento e na distribuição por todo mundo e também

na economia doméstica.

A distribuição do camarão desde o mar até a mesa do consumidor

é um exemplo de que os problemas logísticos permanecem devido a qualidade

do produto onde é afetada pela maneira com que o sistema logístico é

administrado.

Os problemas da logística referem-se ao fluxo que vai desde o

pedido até a entrega. O fluxo é muito complexo, muita burocracia, problemas

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de carregamento, muita gente envolvida e não pode demorar, pois o mercado

não permite. Ainda aparecem como problemas à aprovação de crédito e o

aumento dos custos, por causa do frete (aumento de pedágio e combustível).

A informação vem basicamente do campo, da área comercial, do

estoque, produção e cotas de venda. A área comercial intermedia o campo e a

produção através do contato direto com o cliente, vendo qual o cliente mais

interessante, e se movimentando para mantê-lo.

As informações geradas são: pedidos do dia (através do

vendedor), relatórios gerenciais (faturamento), pedidos em carteira e PCP. O

erro mais freqüente nesse processo é a comunicação.

As estratégias são: agilizar o processo e ou reduzir custos através

da otimização de carga (aproveitamento do espaço do caminhão) e facilitação

do frete com caminhos contínuos e não vai e vem.

1.2 O que é logística empresarial?

“O processo de fazer chegar mercadorias aos clientes é tradicionalmente conhecido como distribuição física e começa na fábrica. Os gerentes escolhem um conjunto de depósitos (pontos de estocagem) e transportadores que fornecerão as mercadorias aos destinos finais no prazo desejado e ao menor custo total”. (Philip Kotler, 2000, p.557)

A idéia de distribuição física expandiu-se para o conceito mais

amplo de gerenciamento da cadeia de suprimento. O gerenciamento da cadeia

de suprimento começa antes da distribuição física: tenta suprir os insumos

corretos (matéria-prima, componentes e bens de capital), converte-os

eficientemente em produtos acabados e os despacha a seus destinos finais.

Uma perspectiva ainda mais ampla engloba estudo de como os próprios

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fornecedores da empresa obtêm seus insumos desde as matérias-primas. A

perspectiva da cadeia de suprimento pode ajudar uma empresa a identificar

fornecedores e distribuidores melhores, além de melhorar sua produtividade, o

que em ultima instancia reduz os custos da empresa.(Id)

Infelizmente, a ótica da cadeia de suprimento vê os mercados

apenas como pontos de destino. A empresa seria mais eficaz se considerasse

as exigências de seu mercado-alvo em primeiro lugar, e a partir desse ponto

projetasse a cadeia de suprimento, em um processo retroativo. Essa é a visão

de logística de mercado.

“A logística empresarial envolve o planejamento, a implementação e o controle dos fluxos físicos de materiais e de produtos finais entre os pontos de origem e os pontos de uso, com o objetivo de atender as exigências dos clientes e de lucrar com esse atendimento”.(Ibid,p:558)

Se fosse viável produzir todos os bens e serviços no ponto onde

eles são consumidos ou caso as pessoas desejassem viver onde as matérias-

primas e a produção se localizam, então a logística seria pouco importante.

Mas isto não ocorre na sociedade moderna. Uma região tende a especializar-

se na produção daquilo que tiver vantagem econômica para faze-lo. Isto cria

um hiato entre tempo e espaço entre matérias-primas e produção e entre

produção e consumo. Vencer tempo e distancia na movimentação de bens ou

na entrega de serviços de forma eficaz e eficiente é a tarefa do profissional de

logística. Ou seja, sua missão é colocar as mercadorias ou os serviços certos

no lugar e no instante corretos e na condição desejada, ao menor custo

possível.

1.3 As atividades-chave da logística

A logística empresarial tem como objetivo prover o cliente com os

níveis de serviço desejados. A meta de serviço logístico é providenciar bens ou

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serviços corretos, no lugar certo, no tempo exato e na condição desejada ao

menor custo possível. Isto é conseguido através da administração adequada

das atividades-chave da logística: atividades primárias e atividades de apoio.

Atividades primárias: Essas atividades são consideradas

primárias porque ou elas contribuem com a maior parcela do custo total da

logística ou elas são essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa

logística

As atividades primárias de divide em:

- Transportes: O transporte é uma atividade logística essencial na empresa

pois representa o elemento mais importante do custo logístico na maior parte

das firmas. O frete costuma absorver 2/3 do gasto logístico.

Nenhuma firma pode operar sem providenciar a movimentação de

suas matérias-primas ou de seus produtos acabados de alguma forma.

A importância dos transportes é sempre sublinhada pelos

problemas financeiros colocados para muitas empresas quando há uma greve

ferroviária nacional ou quando carreteiros autônomos paralisam suas

atividades devido a aumentos de combustíveis. Com isso os mercados não

podem ser atendidos e produtos permanecem no local de distribuição para

deteriorarem-se ou tornarem-se obsoletos.

“Transporte refere-se aos vários métodos para se movimentar produtos. Algumas das alternativas populares são os modos rodoviários, ferroviário e aeroviário. A administração da atividade de transporte geralmente envolve decidir-se quanto ao método de transporte, aos roteiros e a utilização da capacidade dos veículos “(Ballou, 1993, p. 24).

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- Manutenção de estoques: Para se atingir um grau razoável de

disponibilidade de produto, é necessário manter estoques, que agem como “

amortecedores” entre a oferta e a demanda.

O controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois

estes podem absorver 25 a40% dos custos logísticos, o que torna a

manutenção de estoques uma atividade-chave da logística.

Enquanto o transporte adiciona valor de “lugar” ao produto, o

estoque agrega valor de “tempo”. Para agregar este valor dinâmico, o estoque

deve ser posicionado próximo aos consumidores ou pontos de manufatura. O

numero normalmente grande destes pontos de estoque e os altos custos

associados a manter estes produtos armazenados, em geral entre 25 e 30% do

valor do produto por ano. A administração de estoques envolve manter seus

níveis tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo que provê a

disponibilidade desejada pelos clientes.

- Processamento de pedidos: Os custos de processamento de pedidos

tendem a ser pequenos quando comparados aos custos de transporte ou de

manutenção de estoques.

O processamento de pedidos é importante por ser um elemento

crítico em termos do tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes.

É também a atividade primária que inicializa a movimentação de produtos e a

entrega de serviços.

Estas três atividades logísticas podem ser colocadas em

perspectiva notando-se sua importância naquilo que pode ser chamado de

“ciclo crítico de atividades logísticas”. O tempo requerido para um cliente

receber um pedido depende do tempo necessário para entregar o pedido.

Como o resultado final de qualquer operação logística é prover serviço por

conseguir mercadorias para os clientes quando e onde eles quiserem, estas

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três atividades são centrais para cumprir esta missão. Por isso, elas são

chamadas de atividades primárias.

Atividades de apoio: Além das atividades primárias contribuírem

para a disponibilidade e a condição física de bens e serviços, existem uma

série de atividades adicionais que apóia estas atividades primárias:

- Armazenagem: Espaço necessário para manter estoques

- Manuseio de materiais: Está associada com a armazenagem e também

apóia a manutenção de estoques. Diz respeito á movimentação do produto no

local de estocagem.

- Embalagem de proteção: Um dos objetivos da logística é movimentar bens

sem danifica-los além do economicamente razoável. Bom projeto de

embalagem do produto auxilia a garantir movimentação sem quebrar. Além

disso, dimensões adequadas de empacotamento encorajam manuseio e

armazenagem eficientes.

- Obtenção: É a atividade que deixa o produto disponível para o sistema

logístico

(fluxo de entrada).

- Programação do produto: Ela lida com a distribuição (fluxo de saída).

Refere-se as quantidades agregadas que devem ser produzidas e quando e

onde devem ser fabricadas.

- Manutenção de informação: Nenhuma função logística dentro de uma firma

poderia operar eficientemente sem as necessárias informações de custo e

desempenho. Manter uma base de dados com informações importantes)

localidades dos clientes, volumes de vendas, padrões de entrega e níveis de

estoques) apóia a administração eficiente e efetiva das atividades primárias e

de apóio

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1.4 O desenvolvimento histórico da logística

O desenvolvimento histórico da logística desmembra-se em três

eras:

1.4.1 Antes de 1950: os anos adormecidos

Nesta época não existia filosofia dominante para guia-lo. O

transporte era encontrado freqüentemente sob o comando gerencial da

produção; os estoques eram responsabilidade de marketing, finanças ou

produção; e o processamento de pedidos era controlado por finanças ou

vendas. Isto resultava no conflito de objetivos e de responsabilidades para as

atividades logísticas.

A atividade logística militar na 2ª guerra mundial foi um inicio para

muitos dos conceitos logísticos utilizados atualmente. Mas o exemplo militar

somente influenciou as atividades logísticas das firmas comerciais alguns anos

depois. (Ballou, 1993, p. 28)

Por volta de 1945, algumas empresas já haviam colocado

transporte e armazenagem de produtos acabados sob um único gerente.(Ib)

Antes de 1950 nem o ambiente econômico nem a teoria estavam

aptos para a criação do clima necessário a uma mudança de atitudes. Mas

houve uma mudança natural onde a área de administração de marketing

estava mudando seu foco da produção (como influencia dominante) para uma

orientação para marketing (consumidor). (Ibid p.29)

Após a 2 ª guerra mundial, a economia dos E.U.A experimentou

rápido crescimento, devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de

depressão e a posição dominante da industria americana no mercado mundial.

Certa ineficiência na distribuição de produtos podia ser tolerada.

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1.4.2 1950-1970 :O período de desenvolvimento

Esta época representa desprendimento para a teoria e a pratica

da logística. O ambiente era propicio para novidades no pensamento

administrativo. O marketing estava bem estabelecido em muitas instituições

educacionais e orientava muitas empresas.

Em 1954, o conhecido professor de marketing (Paul Converse)

disse que as companhias prestavam muito mais atenção a compra e venda do

que a distribuição física. (Converse, 1954, p. 22)

Posteriormente, reconheceu-se que um evento-chave para o

desenvolvimento da logística empresarial como disciplina foi um estudo

conduzido para determinar o papel que o transporte aéreo poderia

desempenhar na distribuição física. Este estudo mostrava que o alto custo do

transporte aéreo não necessariamente deteria o uso deste serviço, mas que a

chave para sua aceitação deveria ser o seu menor custo total, decorrente da

soma das taxas do frete aéreo e do menor custo devido a diminuição de

estoques. Esta compensação de um tipo de custo no qual é um principio

importante para a logística empresarial.

As condições econômicas e tecnológicas eram tais que também

encorajam o desenvolvimento da disciplina. Foram identificadas quatro

condições-chave:

* Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores;

* Pressão por custos nas industrias;

* Avanços na tecnologia de computadores;

* Influencias do trato com a logística militar.

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1.4.3 1970 e além: os anos de crescimento

Na década de 70, a logística empresarial entrou em estado

descrito como de semimaturidade. Os princípios básicos estavam

estabelecidos e algumas firmas estavam começando a colher os benefícios do

seu uso.

A aceitação do campo transcorria vagarosamente, pois as

empresas pareciam estar mais preocupadas com a geração de lucros do que

com o controle de custos.

O termo geralmente empregado para descrever esta época foi a

estagflação. A filosofia econômica dominante passou do estimulo da demanda

para melhor administração dos suprimentos. Controle de custos, produtividade

e controle de qualidade passaram a ser área de interesse, a medida que as

empresas tentavam enfrentar o fluxo de mercadorias importadas. Os princípios

e conceitos formulados durante anos de desenvolvimento passaram a ser

utilizados com grande sucesso. (Ballou, 1993, p. 34)

O alto grau de interesse acabou levando a logística integrada.

Apesar de a distribuição física ter sido o tema dominante nas décadas de 50 e

60, um tema similar estava sendo desenvolvido em torno de compras. Esta

começando a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administração

de materiais. Hoje, a logística é entendida como a integração tanto da

administração de materiais como o da distribuição física.

Muitas companhias desenvolveram novos organogramas para

melhor tratar das atividades de suprimento e distribuição, freqüentemente

dando status da alta administração para a função, ao lado de marketing e

produção. O tempo da logística empresarial esta chegando e uma nova ordem

das coisas esta começando.

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CAPÍTULO II

DISTRIBUIÇÃO FÍSICA

A cadeia de suprimento de bens de consumo tem experimentado

mudanças substanciais nos últimos anos. Os novos contornos do ambiente

competitivo foram delineados a partir da abertura do mercado doméstico às

importações de produtos de qualidade e da tão aclamada estabilização

econômica. É a partir destas mudanças e de suas implicações nos negócios

que as empresas líderes estão mantendo um extenso monitoramento das

relações entre a indústria e o comércio com o objetivo de explorar as

oportunidades que emergem no mercado.

2.1 A história da distribuição

A distribuição começou a ser praticada há milhares de anos,

quando se iniciou a produção de bens destinados a indivíduos que não aqueles

que os produziam.

Por muitos séculos os veículos foram utilizados tanto para o

transporte das mercadorias a distribuir quanto para armazenagem dos

mesmos.

No século XIX foi desenvolvido o conceito de armazém que, aos

poucos, se tornou peça fundamental dos sistemas de distribuição, sendo que

ate meados do século XX os armazéns eram construídos com múltiplos

andares e a movimentação das mercadorias, feita com carrinhos de mão. O

surgimento das empilhadeiras e dos paletes, durante a 2 ª guerra mundial,

tornou possível uma altura de empilhamento de mercadorias de cerca de 9m,

contra os 3,5m praticáveis até então; introduziram-se os armazéns de um

único andar com pe direito elevado, os quais, no caso da distribuição, são

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denominados centros de distribuição (CDs), e houve um significativo aumento

da velocidade na movimentação das mercadorias. (Aslognews ,2001, p.8)

Modernamente existem conceitos, equipamentos e soluções que,

alem de evoluírem rápido, permitem que se faça a escolha do nível de

sofisticação técnica mais adequado a cada sistema de distribuição em

particular.

2.2 A importância da administração da distribuição física

A Distribuição Física preocupa-se com bens acabados ou semi-

acabados, ou seja, com mercadorias que a empresa oferece para vender e que

não planeja executar processamentos posteriores. Desde o momento em que a

produção é finalizada até o momento no qual o comprador toma posse dela, as

mercadorias são responsabilidade da logística, que deve mantê-las no depósito

da fábrica e transporta-las até depósitos locais ou diretamente ao cliente. O

profissional de logística deve preocupar-se em garantir a disponibilidade dos

produtos requeridos pelos clientes à medida que eles desejem e se isto pode

ser feito a um custo razoável. (Ballou, 1993, p.40)

A Distribuição Física pode ser considerada atividade mais

importante em termos de custo para a maioria das empresas, pois absorve

cerca de 2/3 dos custos logísticos e é o ramo da logística que trata da

movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da

firma.

Há dois tipos de mercados para os quais se deve planejar. Um

deles é o de usuários finais, que são aqueles que usam o produto tanto para

satisfazer suas necessidades como aqueles que criam novos produtos, que é o

caso dos consumidores industriais. Os consumidores finais também podem ser

companhias que, por sua vez, vendem os seus produtos aos seus clientes.

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O segundo mercado é composto por intermediários que não

consomem o produto, mas que o oferecem para revendas, em geral, para

outros intermediários ou consumidores finais. São, por exemplo, distribuidores,

varejistas e usuários finais.

A grande diferença entre estes tipos de compradores está no

volume e no perfil de compra. 0s compradores finais adquirem pequenas

quantidades e são em grande número. Suas compras são mais freqüentes do

que aquelas feitas pelos intermediários. Já os intermediários compram em

grandes quantidades. Como regra, existem menos destes últimos do que

consumidores finais. Para atender a esses dois tipos de mercados, o sistema

de distribuição física precisa ter certo grau de flexibilidade para suprir as

necessidades dos diversos tipos de clientes de forma econômica.

Todo consumidor quer receber a compra no prazo combinado e a

operação de transporte e distribuição deve garantir a entrega do produto ao

consumidor final. Quando um consumidor se direciona até uma loja e realiza

uma compra, ele a recebe na hora. Por trás dessa compra ocorreram alguns

processos de planejamento, operação e controle dos fluxos de materiais e

informações para que o produto fosse colocado na loja real. Se ele traz o

produto para casa na hora, significa que a sua expectativa inicial já foi

atendida. Mas se a empresa não tiver estoque desse produto, o consumidor

ficará frustrado e o vendedor perderá a venda.

Muitos fabricantes acham que o seu trabalho está encerrado

depois que o produto sai de suas instalações. Eles devem tomar cuidado com a

maneira como o produto é levado para outros países ou outras regiões e

devem observar atentamente o problema de distribuição do produto ao usuário

final. Para comercializar sabonetes no Japão, a Procter e Gamble (P&G) teve

de trabalhar com um dos mais complicados sistemas de distribuição do mundo.

Ela tem de vender para um atacadista geral, que vende para um atacadista

segmentado por especialidade do produto, que vende para um atacadista

regional, que vende para um atacadista local, que finalmente vende para os

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varejistas. Todos esses níveis de distribuição podem significar que o preço ao

consumidor acaba chegando ao dobro ou ao triplo do preço importado.

(PhillipKotler, 2000, p.408)

Podemos empregar muitas configurações estratégicas diferentes

de distribuição:

entrega direta a partir de estoques de fábrica;

entrega direta a partir de vendedores ou linha de produção;

entrega feita utilizando sistema de depósitos

Quando clientes adquirem bens em quantidades suficientes para

lotar um veículo, as entregas podem ser feitas diretamente a partir dos

vendedores, dos estoques de fábrica ou da linha de produção. Uma vez que

os fretes são menores, quando cargas completas de veículos vão até uma

localização do cliente, este método de entrega incorre no menor custo de

transporte.

Quando os clientes não desejam comprar em quantidade

suficientemente grande para gerar entregar com carga completa, os logísticos

empregam uma estratégia alternativa. Isto é motivado pela redução dos custos

de distribuição e pela melhoria do nível de serviço oferecido.

2.3 Distribuição: um desafio constante

Com a competição de mercado, acirra-se uma batalha de

concorrência de marcas e produtos que movimenta radicalmente as empresas.

Comparando-se a um pato ao nadar no lago, que parece deslizar tranquilo,

mas que em baixo d'água bate os pés rapidamente, as empresas não param,

buscando atender o mercado de maneira mais eficaz, com menores custos

possíveis.

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Muitas vezes, ao consumirmos um produto, não reparamos no

que está por trás dele. Começa com o seu desenvolvimento. Pesquisas, testes,

fabricação, até chegar na qualidade desejada e esperada por todos. Depois, o

desenvolvimento da embalagem mais adequada. Para lançamento no

mercado, a campanha de marketing é imprescindível para destacar sua

chegada. Paralelamente, a produção já está a todo vapor, para que o produto

esteja disponível para venda, conforme programação publicitária.

É nesse ponto que entra um outro componente fundamental, a

distribuição. Considerado em muitas empresas como o vilão dos custos, é o

diferenciador da performance dos serviços ao cliente. Abastecer diariamente os

pontos de venda é uma tarefa árdua, de desafios constantes, que somente

aparece, e negativamente, quando não se consegue cumprir, por qualquer que

seja o motivo.

As dificuldades são várias: filas que atrasam o descarregamento,

divergências no pedido, sistema fora do ar, recebimento fechado, zonas

proibidas para circulação de caminhões, trânsito, rodízio com restrição por final

de placa, etc. As dúvidas são muitas. É melhor e mais vantajoso ter frota

própria, investir em mais caminhões ou ter terceiros fazendo a distribuição?

Com a evolução da tecnologia, ganhamos fortes aliados, como rastreadores,

roteirizadores, gerenciadores de frotas, código de barras, etc.

Hoje é possível termos uma cidade como São Paulo mapeada no

computador, com suas variáveis de distância, sentidos, etc. Podemos fazer

melhor nossos roteiros, e com economia de custos, baseados numa malha

geográfica de distribuição otimizada, com redução de quilometragem,

combustível e tempo, considerando horários mais recomendáveis para

descarregamento, horários de livre circulação, aproveitamento maior da

capacidade dos veículos, redução no número de veículos utilizados, etc.

Em um grande centro como São Paulo, as mudanças são muito

rápidas e logo, por exemplo, a distribuição noturna dos produtos para os

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grandes pontos de venda se massificará em uma prática muito utilizada. Hoje

em dia, já é comum grandes supermercados terem equipes noturnas para

reposição de mercadorias, manutenção técnica e limpeza. Existe uma rede de

supermercados que já funciona 24 horas. O número de lojas neste sistema foi

sendo aumentado gradativamente, pela grande aceitação do público. A

princípio, não seria problemático ter uma equipe para fazer o recebimento dos

pedidos. Operacionalmente, racionalizaria de forma global o custo do

transporte.

No Brasil, as empresas confundem batalha de concorrência com

guerra de concorrentes. Se houvesse mais união de classe, na busca de

objetivos comuns, as empresas conseguiriam minimizar, junto aos grandes

pontos de venda, fatores dificultadores da operação de transporte, atingindo

melhores resultados. Reivindicações diversas já existem hoje, mas muitas de

forma isolada, portanto sem força.

A tendência nas grandes cidades é de piora no trânsito, com o

aumento de novos veículos, que entram em circulação a cada dia. Portanto,

esta será uma necessidade inevitável, já que ficará cada vez mais restrito o

tráfego de carga. O desafio continua e sempre será para nós motivo de buscar,

no dia a dia, soluções inovadoras, para que o produto esteja disponível na

prateleira dos pontos de venda, dentro dos princípios do conceito ECR -

Efficient Consumer Response.

Se isolamos o custo logístico relacionado com o processo de

distribuição, podemos constatar que se trata de uma das parcelas mais

representativas no Custo Logístico Total. Essa característica financeira, aliada

ao fato do processo de distribuição ter uma participação fundamental na

qualidade do atendimento ao cliente, faz com que o mesmo tenha que ser

adequadamente gerenciado.

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Nesse contexto, a tecnologia da informação não poderia deixar de

dar sua contribuição, visto que a mesma pode colaborar significativamente na

redução dos custos de distribuição, bem como na melhoria do nível de serviço

aos clientes. Com a possibilidade das empresas monitorarem em tempo real o

seu produto, em todo o ciclo de distribuição, até os mesmos chegarem às mãos

de seus clientes, inúmeras possibilidades de serviços adicionais são sugeridas

por conta do cenário atual, o que poderá ser traduzido em vantagens

competitivas se as empresas souberem explorar adequadamente estas

soluções.

* Sistemas de Gerenciamento de Transporte (TMS)

A gestão integrada nas organizações chegou também aos

sistemas de gestão de transportes, onde soluções específicas para coletar,

processar e fornecer informações gerenciais foram desenvolvidas e hoje já são

integradas aos ERP (sistemas corporativos).

Denominados TMS, sigla que significa Transportation

Management Systems, os Sistemas de Gerenciamento de Transporte são uma

categoria de produto que vem incrementando a qualidade e produtividade de

todo o processo de distribuição. As soluções TMS, como são relacionadas com

a distribuição, possuem módulos específicos para apoiar o gerenciamento do

processo em questão. Podemos citar como módulos específicos de um TMS,

as seguintes soluções: Gestão de frotas; Gestão de fretes; Roteirizadores;

Programação de cargas; Controle de tráfego/rastreamento; Atendimento ao

cliente, entre outros.

*Funcionalidades

As funcionalidades das soluções TMS são muitas e desenvolvidas

em função das necessidades específicas de cada negócio, porém é claro que

podemos fazer um descritivo básico de algumas funções que integram uma

solução voltada à distribuição.

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* Gestão de frotas

As funcionalidades que uma solução TMS possui no que diz

respeito à gestão de frotas compreendem:

Controle do cadastro do veículo: considera todas as informações necessárias

relacionadas a cada veículo da frota (seguros, leasing, etc.);

Controle de documentação: licenciamento, impostos, taxas, boletins de

ocorrência, pagamentos (à vista parcelado);

Controle de manutenção: controla as atividades relacionadas à manutenção

(garantias, manutenção preventiva, corretiva, etc.);

Controle de estoque de peças: envolve o cadastro de componentes,

localização de componentes, etc.;

Controle de funcionários agregados: controla o cadastro de funcionários

agregados;

Controle de combustíveis e lubrificantes: controla todas as informações de

atividades relacionadas com abastecimento de combustíveis e lubrificantes

(frota, data, veículo, custo, local, etc.);

Controle de tacógrafos: monitora o comportamento do motorista durante toda

a viagem;

Controle de pneus e câmaras: por meio do número gravado a fogo do pneu e

etiquetas nas câmaras, pode-se gerenciar a manutenção de pneus,

quilometragem rodada por pneu, e algumas empresas controlam até o

protetor de câmara, se necessário;

Controle de engates e desengates de carretas, entre outros.

Cada funcionalidade do módulo de gestão de frotas de uma

solução TMS, que não pode ser explorado em sua íntegra nesta série, pode

chegar a detalhes como:

Identificar que pneu está em que posição e quantos quilômetros rodou nesta

posição;

Gerenciar o rodízio por quilômetro rodado ou por sulco, que pode ser medido

na portaria da empresa a cada chegada de veículo, por exemplo;

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Liberar o abastecimento de combustível para o veículo por meio de uma

tecnologia que permite a troca de informações eletrônicas entre o veículo,

dotado de uma antena, e a bomba de combustível (posto);

Gerenciar o consumo de combustível e pneus de tal forma que qualquer

roubo desses itens no veículo é rapidamente identificado pelo sistema;

Emitir relatórios gerenciais dos mais diversos tipos, personalizados em

função da necessidade.

* Gestão de fretes

No que diz respeito à gestão de fretes, as soluções TMS podem:

Controlar por meio de um cadastro geral: transportadoras, rotas e taxas,

entre outras informações;

Controlar tabelas de fretes diferentes, ou seja, a tabela de uma

transportadora e a tabela de um dos clientes da transportadora;

Analisar e calcular o custo do frete por transportadora para subsidiar a

escolha da melhor transportadora;

Possibilitar cálculos e simulações de frete, para que uma transportadora

possa avaliar diferentes alternativas de custo e prazo de entrega, oferecendo

um melhor serviço ao cliente;

Calcular fretes considerando os diferentes modais, por trecho percorrido,

bem como todos os custos atrelados;

Controlar conhecimentos de carga voltados à multimodalidade (rodoviário,

ferroviário, aéreo, aquaviário);

Apontar as rotas mais adequadas;

Controlar o fluxo de informações por EDI - Intercâmbio Eletrônico de Dados,

ou via Internet;

Liberar pagamentos e recebimentos;

Conferir documentação.

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* Roteirizadores

No universo dos Sistemas de Gerenciamento de Transporte, os

roteirizadores podem ser adaptados como módulos específicos, tornando a

solução ainda mais completa, já que os mesmos podem incorporar

funcionalidades específicas ao TMS:

Determinação das melhores rotas a serem utilizadas;

Integração da sequência de entrega proposta com o sistema de

gerenciamento de armazéns (WMS) que direcionará a separação de pedidos

respeitando-se a sequência de carregamento;

Análise da distribuição a partir de mais de um centro de distribuição,

consolidando o melhor cenário;

Gerenciamento do tempo de entrega por cliente, a fim de identificar as

dificuldades específicas de carga e descarga em cada empresa;

Reprogramações de entrega em função de imprevistos ocorridos (problemas

de quebras, acidentes, congestionamentos, etc.).

* Controle de carga

Módulos de controle de carga são responsáveis por funções

específicas de planejamento e controle, tais como:

Planejamento de equipes de carregamento;

Controle de funcionários por equipe;

Gerenciamento de equipes específicas (ex.: transportes internacionais);

Planejamento da acomodação de cargas no veículo em função de peso,

volume, fragilidade, etc.;

Planeja e controla as autorizações de serviço entre a empresa e

fornecedores, a fim de que o motorista não tenha que levar dinheiro na

viagem.

* Outras tecnologias

Além das funcionalidades de um TMS, muitas outras tecnologias

podem fornecer informações precisas e rápidas para uma adequada gestão da

distribuição.

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Nesse contexto podem-se citar tecnologias específicas, tais como:

Rastreamento de veículos: o sistema de comunicação móvel de dados,

monitoramento e rastreamento de frotas, que utiliza recursos de

comunicação do satélite BrasilSAT e de posicionamento da constelação de

satélites GPS (Global Positioning System) - Autotrac. A tecnologia permite a

troca instantânea de mensagens entre os veículos e suas bases de

operação, possibilitando uma comunicação eficiente e sigilosa entre as

partes e a automação das atividades de campo;

Etiquetas de radiofrequência/transponders: a partir da identificação de uma

carga (ou de um veículo) com essa tecnologia, a mesma, quando chega ao

seu ponto de destino, é identificada automaticamente pelo sistema, visto

que a transmissão de dados é baseada em um sistema automático de

identificação por sinal de rádio. Isso possibilita um direcionamento

automático do veículo para a carga ou descarga, tornando mais ágil a

operação.

Investir em tecnologia da informação permite que se tenha uma

maior eficácia no processo de distribuição, pode ser mais fácil de se viabilizar

economicamente, pois é nesta atividade do processo logístico onde estão mais

intensamente localizadas as "variáveis de serviço"* que podem decretar o

sucesso de um produto: tempo de atendimento e custo.

* Variáveis de Serviço

As variáveis de serviço são tudo aquilo que se agrega a um

produto ou serviço de tal forma que o valor percebido pelo cliente seja alterado.

2.4 Canais de distribuição e conceito e funções

Os Canais de Distribuição são estruturas funcionais que mediante

suas operações geram a movimentação de produtos e serviços entre os

membros participantes de um mercado. Estas estruturas são indispensáveis

para o processo de distribuição pois criam as utilidades de tempo, de lugar e de

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posse atendendo às necessidades de servir à demanda. Além disso as

operações feitas através de Canais de Distribuição permitem economias e

eficiência para empresas que pertencem a um Canal de Distribuição pois

eliminam o numero de contatos que seriam necessários se cada empresa

tivesse que atender diretamente cada cliente individualmente em todos os

níveis do processo distributivo. Seria oneroso e quase impossível que grandes

industrias pudessem vender diretamente aos consumidores finais ou mesmo à

varejistas de pequeno porte.

Deve-se levar em consideração que o objetivo principal destas

empresas é produzir e não distribuir. Em contrapartida junto aos compradores e

aos consumidores finais estão os intermediários que operam com estoques

adequados e estruturados conforme às necessidades de seus clientes;

portando atacadistas e varejistas agem nos Canais de Distribuição como

facilitadores de transações e formadores de suprimentos diversificados

adequados às características da demanda dos mercados que pretendem

atingir, desta maneira os Canais de Distribuição podem ser definidos como:

"Sistemas de relações existentes entre empresas que participam

dos processos de compra, venda e distribuição de produtos e

serviços".(CEPPAD,1999)

Estas relações são desempenhadas mediante um conjunto de

atividades que envolvem cooperação e coordenação, especialização conforme

os objetivos operacionais de cada empresa. Em determinadas circunstancias

podem ser observados conflitos operacionais entre os participantes de um

Canal de Distribuição, notadamente no que se refere à transferência de

funções a serem executadas pelos mesmos, como por exemplo armazenagem,

preparação de cargas, embalagem, transporte e com os custos relativos à

estas operações.

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A Distribuição é o segmento da logística empresarial posterior à

manufatura e que se inicia com a coleta do produto acabado nas instalações de

produção. Tem por função administrar estoques com o objetivo de garantir a

satisfação do cliente, estabelecendo ligação entre a produção e os pontos de

demanda, de forma a entregar os bens corretos, no momento adequado, na

quantidade certa, no local combinado, em boas condições comerciais,

minimizando custos. (Aslognews, 1999, p. 8)

As redes de distribuição são compostas por fornecedores de bens

e serviços, pelos clientes desse fornecedores- que, na parte final da cadeia de

abastecimento, são os varejistas e atacadistas- e pelos consumidores. O custo

de distribuição depende da combinação de conexões estabelecidas até a

chegada do produto ao consumidor.

É evidente que, quando o fornecedor entrega direto de sua fábrica

para o cliente, o custo de distribuição é substancialmente menor do que no

caso em que os produtos passam pelo centro de distribuição. No entanto, os

centros de distribuição se fazem necessários para entregas mais pulverizadas.

Em geral, entregas diretas são viáveis apenas para grandes quantidades de

mercadorias destinadas a um único ou poucos pontos,havendo a completa

ocupação de um veiculo.

As entregas feitas por fornecedores ou varejistas no endereço do

consumidor correspondem aos processos de comercio eletrônico (e-

commerce). Já o caso em que o consumidor vai aos pontos de venda do

varejo, do atacado ou do fornecedor (lojas de fábrica) corresponde ao varejo

tradicional, no qual o custo de entrega é assumido pelo consumidor.

As principais atividades envolvidas num sistema de distribuição

são transporte, carregamento e descarregamento de veículos, manuseio e

movimentação de cargas, incluindo consolidações e desconsolidacões,

armazenagem, separação e embalagem e emissão de documentos.

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O planejamento de uma rede de distribuição permite conceder ou

reavaliar redes de distribuição –compostas por fabricas, centros de distribuição

e sistemas de transporte-nas quais tempos e custos, que podem ser estimados

via modelagem das atividades, são insumos básicos para analise comparativa

de alternativas de configuração da rede.

O planejamento deve responder a questões como: Quantos CDs

devem existir e onde devem se localizar? Qual a área de influencia de cada

CD? Quais devem ser os níveis de serviço ao cliente? Que modos de

transporte se recomenda utilizar?

A definição do numero e da localização de fábricas e centros de

distribuição e seu dimensionamento são, em geral, feitos em função da região

a ser atendida, da distribuição geográfica do mercado, do tipo de produto em

questão, das vias de acesso, de eventuais incentivos fiscais e da necessidade

de minimizar custos logísticos e atingir o nível desejado de serviço ao cliente.

Para minimizar os custos de distribuição, deve-se encontrar a

combinação mais adequada entre os custos de armazenagem e os de

transporte. Nos dias de hoje, as redes de distribuição devem ser

adequadamente planejadas de forma a permitir que a atividade de distribuição

se faca com eficiência, fator essencial para a competitividade das empresas

fornecedoras de bens e serviços.

2.4.1 A especialização

A especialização das atividades do Canais de Distribuição que

significa atribuir a cada membro do canal as atividades que os mesmos

executam da forma mais eficiente segue o critério geral da Logística ou seja

devem operar sua atividades com o menor custo total e maximizar o nível de

serviços. A partir da análise e da avaliação de um conjunto de fatores, tais

como, recursos materiais, experiência, performance, recursos organizacionais

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procura-se selecionar os participantes do canal que possam proporcionar

operações logísticas de maior eficiência e efetividade.

A tendência atual dos sistemas logísticos se afastar das

estruturas convencionais que eram estabelecidas visando esquemas de

integração vertical. Nestas estruturas as companhias de aviação além do

transporte aéreo de cargas, que ocorre entre terminais de cargas aéreas,

faziam também a coleta e a entrega das cargas no segmento rodoviário usando

frota própria, configurando portanto integração vertical. A tendência atual é

transferir a operadores independentes a execução destas atividades -

operando assim em condições de tercerização. Esta alternativa, em geral,

oferece economias de custo final de transporte, mas não elimina a necessidade

de controle do operador tercerizado mesmo que este mantenha um contrato

permanente com a empresa aérea.

Outra consideração relevante para a especialização refere-se ao

risco envolvido nas operações de transporte. Uma industria pode segurar os

estoques em seus centros de distribuição, seus estoques em transito ou

transferir os custos de seguro para seus operadores de carga; nas duas

alternativas ocorre a transferência de risco para outros participantes do canal.

2.5 Central de Distribuição: a automação como fator

competitivo

A automatização de uma central de distribuição não pode ser

considerada como um fator simples e ser tratada de forma isolada uma vez que

uma central de distribuição é apenas parte integrante da cadeia de

abastecimento, podendo ser considerado um dos elos de ligação entre as

áreas de vendas e o cliente final.

Inicialmente é necessário avaliar os processos empregados

atualmente na central a ser automatizada, apontando ao final as necessidades

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de melhorias e quais os processos que podem vir a ser automatizados de

forma rápida e eficiente.

Quando tratamos do assunto automação/automatização de uma

central de distribuição não podemos deixar de enfatizar a necessidade de estar

utilizando sistemas especialistas que possibilitem gerir de forma segura é

rápida todo o ciclo de informações geradas na central de distribuição - como

WMS (Warehouse Management System - sistema de Gerenciamento de

Armazém), OMS (Order Management System - Sistema de gerenciamento de

pedidos), TMS (Transport Management System - Gerenciamento de

Transporte), sistemas de R.F. (rádio frequência) com a utilização de coletores

de dados, considerando ainda a integração destas soluções especialistas com

os demais sistemas utilizados pela central de distribuição (Sistemas de Gestão,

roteirizadores, sistemas de captação de pedidos, etc).

Além dos possíveis sistemas especialistas que poderão vir a ser

empregados em uma central de distribuição, existem ainda os equipamentos

que possibilitam uma maior agilidade nos processos de movimentação e

armazenagem que devem ser avaliados, de acordo com o perfil de atendimento

da central (como esteiras, sistemas automáticos de separação, troolers, trans-

elevadores, etc.) que devem ser apontados através de estudos para a

viabilidade da automatização da central de distribuição.

2.5.1 Ganhos mensuráveis com a automação de armazém

Sem dúvida os possíveis ganhos com os processos de

automação, estão ligados diretamente com a realidade atual da central de

distribuição em relação ao seu atual grau de automatização. Porém de imediato

pode-se mensurar ganhos como:

· Maior acuracidade dos estoques;

· Redução dos níveis de estoque;

· Melhor acompanhamento na produtividade das equipes do armazém;

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· Redução dos tempos de recebimento, armazenagem, separação e

carregamento de pedidos;

· Maior agilidade no atendimento ao cliente;

· Diferencial competitivo no mercado;

· Redução de avarias ;

· Melhorias no ambiente de trabalho, principalmente no que tange a segurança

do trabalho;

· Redução de custos diretamente ligados a gestão dos processos logísticos da

empresa.

· Mão não se pode deixar de apresentar também alguns impactos que surgem

em um processo de automação de uma central de distribuição:

· Investimento considerável em equipamentos, Treinamento e Sistemas

Especialistas de Informação;

· Em muitos casos reestruturação dos departamentos ligados diretamente aos

processos logísticos da empresa;

· Investimentos em infra-estrutura para suportar processos automatizados;

· Riscos de investimento em soluções que não atendam a necessidades da

empresa devido a falta de planejamento ou acompanhamento de pessoas

especializadas.

2.5.2 Precauções a serem tomadas (avaliando processos e sistemas)

Contudo de nada adianta aplicar altas somas de investimentos

para automatizar uma central de distribuição, sem estar considerando as reais

necessidades da empresa sobre quais processos deverão ser reavaliados e

qual a forma da automação que melhor atenda as necessidades da empresa.

Sendo assim é de fundamental importância que procedimentos a

serem automatizados devem ser analisados e planejados pois em caso de se

aplicar de forma errada a automação dos processos logísticos, incorrerá

apenas em estar se utilizando a tecnologia para automatizar processos que

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necessitam ser revistos, fazendo com que impossibilite tornar a empresa mais

competitiva no mercado.

2.5.3 Equipamentos e sistemas

Após serem reavaliados os processos logísticos da empresa, e

ser apontado o tipo de automação que melhor atenda as necessidades da

empresa, é possível estar elaborando estratégias que possam ser utilizadas

como bases para suportar as necessidades de automação.

Sendo assim elabora-se o escopo dos passos a serem seguidos,

montando desta forma uma estratégia a ser seguida de acordo com o que foi

definido como a melhor forma estratégica de automação. Alguns tópicos que

devem compor a estratégia a ser adotada:

· Tipos de equipamentos necessários (coletores, computadores, Estruturas de

Armazenagem, impressoras, etc);

· Sistemas Especialistas de Informação (WMS, TMS, OMS, etc);

· Passos para implementar a automação;

Uma central de distribuição para manter seus processos

automatização necessita essencialmente de um sistema capaz de gerir todos

os processo logísticos (WMS), integrado com os sistemas utilizados na gestão

do negócio, de forma a agilizar o acompanhamento e o gerenciamento do fluxo

de informações geradas na central de distribuição, sendo flexível a tal ponto

que possibilite viabilizar a total automação dos processos ou apenas parte

deles.

Possibilitando assim, estar automatizando os processos logístico

de forma gradativa, como por exemplo após implantação de um (WMS)

Sistema de Gerenciamento de Armazém este sistema possibilitar a

implementação de coletores de dados para a automação dos processos que

envolvam a equipe de trabalho, agilizando assim o fluxo de informações sejam

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estes coletores serem estações do tipo BAT ou ligados através de Rádio

Freqüência ao WMS.

Atualmente a automação dos processos logísticos em uma central

de distribuição possibilita tanto ao gestor da empresa como as áreas

envolvidas, estarem acompanhando todo o processo do ciclo do pedido,

citando como exemplo empresas que prestam serviços de envios de

encomendas.

Atualmente as empresas de entregas de encomendas que são

apontadas como as melhores, utilizam recursos tecnológicos que

disponibilizam ao contratante dos serviços de distribuição destas empresas,

estar acompanhando desde o momento que disponibilizou o produto para ser

entregue até o momento exato da entrega ao destinatário final, acompanhando

inclusive os processos que sucederam a entrega do produto.

Este tipo de acompanhamento é possível de ser aplicado a

qualquer empresa atuante na área de logística, desde que possa estar

integrando todos os processos utilizado, de modo a gerar um fluxo de

informações ágil, seguro e eficiente.

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CAPÍTULO III

CPFR - PLANEJAMENTO COLABORATIVO: EM BUSCA

DA REDUÇÃO DE CUSTOS E AUMENTO DO NÍVEL DE

SERVIÇO NAS CADEIAS DE SUPRIMENTO

O conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos está

baseado no fato de que nenhuma empresa existe isoladamente no mercado.

Uma complexa e interligada cadeia de fornecedores e clientes, por onde fluem

matérias primas, produtos intermediários, produtos acabados, informações e

dinheiro é responsável pela viabilidade do abastecimento de mercados

consumidores.

Com as enormes pressões competitivas existentes atualmente, a

atividade de gerenciar a cadeia de suprimentos tem tido cada vez mais espaço

nas relações de negócios. Propõe-se que a competição no mercado ocorre, de

fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no das unidades de

negócios isoladas.

A cadeia de suprimentos total é aquela que envolve todas as

relações cliente-fornecedor desde a extração da matéria prima até a compra do

produto pelo consumidor final. Já a cadeia de suprimentos imediata é aquela

em que estão os fornecedores e consumidores com os quais a empresa faz

negócio diretamente. Finalmente, dentro da empresa em si está a cadeia de

suprimentos local, com os fluxos internos de materiais e informações entre

departamentos, células ou setores da operação. Daí a importância de um

planejamento para o gerenciamento dessas cadeias.

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3.1 Nível de serviço

Historicamente, o padrão de relacionamento entre clientes e

fornecedores nas cadeias de suprimento tem se caracterizado por um

comportamento distante, individualista, ou até mesmo conflituoso, onde cada

empresa foca a atenção nas suas próprias atividades, planejando e executando

suas operações de forma isolada e não cooperativa. Entretanto, o ritmo

crescente de competição em todo o mundo, causado pelos processos de

abertura comercial, desregulamentação, e aumento do comércio internacional,

têm levado as empresas a reverem suas antigas práticas de relacionamento.

Em função de seu esforço de cortar custos, aumentar a eficiência

e obter vantagem competitiva, as empresas estão sendo levadas a se

relacionar com os outros integrantes de sua cadeia de suprimentos de forma

diferente, buscando oportunidades de sinergia dentro do Supply Chain. Esta

nova postura se caracteriza por um comportamento cooperativo e pela troca

intensiva de informações entre os diversos membros da cadeia de suprimentos.

Por trás de todo isto está o pressuposto de que através de uma

maior visibilidade ao longo da cadeia é possível alcançar, simultaneamente,

substanciais reduções de estoque e melhorias dos níveis de serviço. O nível de

serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é

gerenciado. É o resultado de todos os esforços logísticos da firma. É o

desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes no atendimento

de pedidos. O nível de serviço logístico é fator-chave do conjunto de valores

logísticos que as empresas oferece, a seus clientes para assegurar sua

fidelidade. Como o nível de serviço logístico esta associado aos custos de

prover esse serviço, o planejamento da movimentação de bens e serviços deve

iniciar-se com as necessidades de desempenho dos clientes no atendimento

de seus pedidos.

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Nos últimos anos surgiram várias iniciativas com o intuito de se

obter ganhos de competitividade através de um melhor gerenciamento do fluxo

de informação ao longo das cadeias de suprimento, tendo como base o

intensivo de tecnologia de informação, e a adoção do conceito de parceria

pelos diversos participantes das cadeias. Conhecidas genericamente como de

Programas de Resposta Rápida (PRR), estas iniciativas englobam tanto por

procedimentos operacionais, tais como CRP (Continuos Replenishement

Program) e VMI (Vendor Management Inventory), quanto por programas

institucionais, como por exemplo o ECR (Efficient Consumer Response) no

setor de produtos de mercearia.

Tanto o CRP quanto o VMI buscam, através da disponibilização

de informações a respeito de vendas e estoque, a redução no tempo de

ressuprimento, criando desta maneira uma resposta rápida aos movimentos de

demanda do consumidor final, evitando desta maneira movimentos

antecipativos baseados em previsões de vendas que raramente se confirmam.

O ECR, por sua vez, é um programa mais abrangente que além de resposta

rápida, também é voltado para o gerenciamento de categorias, o aumento da

eficiência das promoções e o lançamento de novos produtos.

A adoção destas iniciativas por parte das empresas tem resultado

em substanciais economias, consequência tanto da redução de estoques

quanto da diminuição dos custos de processamento dos pedidos. O

Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment (CPFR) é a mais

recente iniciativa neste sentido, mas com foco específico no planejamento

colaborativo entre as empresas participantes da cadeia de suprimentos.

Entretanto, o CPFR não deve ser considerado como um programa de resposta

rápida.

Como o próprio nome indica, os programas de resposta rápida

têm como objetivo permitir que os fabricantes e seus clientes varejistas sejam

capazes de reagir rapidamente à demanda do consumidor final, conseguindo

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ao mesmo tempo uma redução no estoque existente em toda a cadeia de

suprimento, e um aumento na disponibilidade para o consumidor final.

O CPFR também busca uma redução nos níveis de estoque

combinada com uma melhoria nos níveis de serviço. No entanto, enquanto os

PRRs buscam este objetivo com base no fluxo de informações sobre a

demanda real do consumidor final, o CPFR se baseia na da elaboração

conjunta de previsões de venda e num planejamento de ressuprimento,

levando em consideração as limitações existentes na cadeia de suprimentos,

sejam elas do fornecedor industrial ou do cliente varejista / distribuidor. Desta

forma, o CPFR difere dos programas de resposta rápida pelo fato de estar

focado nos processos de previsão de vendas e planejamento de

ressuprimento/ produção, o que faz com que o mesmo adquira uma postura

proativa em relação à demanda final, em contraste a lógica reativa dos PRRs.

3.1.1 Definição e objetivo da CPFR

O CPFR pode ser definido como um conjunto de normas e

procedimentos amparado pelo The Voluntary Interindustry Commerce

Standarts (VICS), um comitê fundado em 1986 e formado por representantes

de diversas empresas, com o objetivo de aumentar a eficiência das Cadeias de

Suprimento, particularmente no setor de varejo, através do estabelecimento de

padrões que facilitem os fluxos físico e de informações.

Através deste conjunto de normas e procedimentos é possível

criar processos de negócios no qual fabricantes e varejistas / distribuidores

concordem em estabelecer objetivos comuns, desenvolver planos operacionais

e de vendas e, compartilham estes planos via transmissão eletrônica,

trabalhando em conjunto na geração e atualização de previsões de venda

ressuprimento.

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A intensidade da comunicação entre as empresas possibilita que,

caso ocorram mudanças na demanda final, causadas por campanhas

promocionais ou políticas de vendas, os planos conjuntos possam ser

ajustados imediatamente, minimizando desta forma custo de correção. Através

deste planejamento conjunto, torna-se possível sincronizar o ciclo de compras

do cliente com o ciclo de produção do fabricante.

O objetivo central do CPFR é o de obter, através de um

planejamento compartilhado, uma maior precisão nas previsões de vendas e

nos planos de ressuprimento. Em decorrência, torna-se possível a diminuição

dos estoques ao longo da cadeia de suprimentos e a obtenção de altos níveis

de serviço, o que por sua vez tende resultar em um aumento nas vendas.

3.1.2 Vantagens e utilização do CPFR

Do ponto de vista dos fornecedores, o CPFR representa uma real

oportunidade de obter um crescimento nas vendas, redução dos níveis de

estoque e dos ciclos operacionais. Isto se deve à possibilidade de realização

do planejamento de produção e distribuição em função da demanda final,

sendo possível, inclusive, realizar ações em conjunto com o varejista, visando

uma adequação às restrições identificadas na capacidade de produção ou

distribuição.

Outra vantagem é a possibilidade de se trabalhar de uma forma

mais estável, uma vez que se tem informação da demanda final, não

contaminada por reações especulativas das demandas intermediárias. Isto

significa que o fornecedor poderá controlar melhor sua produção e seu

estoque, inclusive o de segurança, uma vez que terá conhecimento do

calendário de promoções do varejista e consequentemente dos picos de

vendas, fazendo com diminuam as chances de falta ou excesso de produto. As

economias provenientes destas vantagens podem ser partilhadas com os

clientes através da redução do preço do produto.

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Do ponto de vista dos varejistas, a grande vantagem é o

comprometimento do fornecedor em termos de nível de serviço e redução de

preços a longo prazo. Este comprometimento resulta em redução dos índices

de falta de produtos, particularmente durante os períodos de promoção, pois o

fornecedor já estará preparado para suprir o aumento repentino na demanda.

Outra conseqüência é a redução nos níveis de estoque,

particularmente o estoque de segurança cuja magnitude é função das

incertezas associadas com o fornecimento. Vale ressaltar que esta confiança

depositada no fornecedor não é proveniente apenas de algum tipo de contrato,

e sim do fato do planejamento conjunto das vendas levar em consideração as

restrições existentes em ambas as partes. Fica portanto claro que o CPFR não

é um modelo voltado apenas para redução de preços, e sim na divisão dos

riscos recompensas entre fornecedor e cliente.

3.1.3 O processo do CPFR

De forma geral, o CPFR funciona da seguinte maneira:

inicialmente cada empresa parceira desenvolve sua própria previsão de vendas

utilizando os métodos e sistemas padrões para cada uma. Estas previsões são

então compartilhadas e, através de um software de CPFR são comparadas.

Caso sejam identificadas diferenças significativas estas são reavaliadas

conjuntamente.

Após se chegar a um consenso com relação às divergências, se

obtêm uma previsão conjunta de vendas, que irá servir de input para o plano de

ressuprimento, cuja elaboração possui processo semelhante, ou seja, baseado

na comparação dos planos e discussão em cima das exceções. Vale ressaltar

que a elaboração do plano de ressuprimento leva em conta as restrições do

fabricante, tais como capacidade de produção. Uma vez definido, o plano de

ressuprimento passa a atuar como uma previsão de colocação de ordens por

parte do distribuidor/varejista para o fabricante.

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Este processo ocorre periodicamente, não só para se realizar o

planejamento para outros períodos, como também para reavaliar os planos já

existentes. Esta reavaliação é necessária uma vez que as previsões individuais

de venda de cada empresa podem ter sofrido alterações após o planejamento

conjunto. Por exemplo, o varejista pode ter decidido realizar uma promoção

que não estava prevista anteriormente, e desta forma passa a prever um

aumento nas vendas. A medida que este processo vai se repetindo, ordens

previstas passam a ser tornar pedidos firmes.

Desta forma, seu processo é dividido em nove passos, descritos a

seguir.

Etapa 1: Consiste na elaboração de um acordo no qual as empresas

parceiras estabelecem as normas e regras para a relação de colaboração,

as expectativas de cada parte e as ações e recursos necessários para o

sucesso.

Etapa 2: Definição de um plano de negócios conjunto, o qual descreve

quais categorias de produtos serão inseridas no processo, objetivos

traçados, estratégias e táticas a serem utilizadas (estratégias de cada

categoria, calendário promocional, etc.). Também são definidos os

parâmetros do gerenciamento de cada categoria tais como: pedidos

mínimos ou múltiplos, lead times, intervalo entre pedidos, etc.. Este plano

de negócio conjunto é reavaliado periodicamente, normalmente a cada 4 ou

6 meses, e serve de base para o planejamento e controle das atividades do

dia-a-dia.

Etapa 3: Consiste no desenvolvimento das previsões de vendas individuais

de cada empresa. A diferença existente no CPFR para esta atividade é que

ambas as empresas dispõem de todas as informações necessárias para

tanto. O fabricante utiliza informações dos PDV's do varejista bem como seu

calendário de promoções assim como o varejista leva em consideração as

atividades de marketing do fabricante. Existe também um outro tipo de

informação a ser utilizada: o histórico de exceções ocorridas nas

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comparações passadas entre as duas previsões. Estas previsões

individuais são importantes pois cada empresa a realiza com diferentes

perspectivas, por exemplo o varejista realiza sua previsão para a venda de

produtos em cada ponto de venda (loja), ao passo que o

fabricante/distribuidor a realiza visando as vendas totais do varejo, muitas

vezes apoiado por relatórios de instituições tais como o ACNielsen.

Etapa 4: É feita a identificação de exceções através da comparação entre

as previsões realizadas pelo varejista e pelo fabricante/distribuidor. Como

cada empresa pode ter que gerenciar milhares de itens, em várias

localidades, não é factível que se espere que os planejadores das empresas

detectem as diferenças significativas existentes entre as duas previsões,

abrangendo todos os itens e localidades. Desta forma a comparação é

realizada por sistemas on-line, nos quais cada empresa joga suas

previsões, para que, em função dos parâmetros definidos no plano de

trabalho conjunto, as exceções sejam identificadas. O sistema então

alertará os planejadores apenas para os conjuntos de previsões de

itens/localidades para os quais as diferenças são relevantes. Desta forma o

trabalho das equipes de planejamento conjunto fica focado apenas nas

questões que realmente demandam análises. A identificação das exceções

é baseada na idéia de que se as previsões de um determinado item são

semelhantes o bastante, então este item não merece maiores atenções,

pois sendo as diferenças pequenas estas irão causar variações mínimas

nos planejamentos de ressuprimento, podendo portanto ser absorvidas pelo

estoque de segurança. Uma questão crucial é a determinação dos limites

após os quais as diferenças passam a ser relevantes, sendo determinados

no plano de negócios conjunto e que também devem ser reavaliados

periodicamente. Estes limites podem variar em função do horizonte para o

qual se está comparando as previsões. Por exemplo, ao se comparar

previsões para a semana seguinte, uma diferença de 5% pode ser

relevante. Entretanto, ao se comparar previsões para quatro semanas a

frente podem ser aceitas diferenças superiores, como por exemplo 15%. A

figura 1 ilustra como a identificação das exceções se dá ao longo do tempo.

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Etapa 5: As exceções identificadas são analisadas conjuntamente pelos

times de planejadores das duas empresas, buscando-se as razões pelas

quais estas exceções ocorreram, procurando ao mesmo tempo chegar a um

consenso acerca do valor previsto. Este trabalho em conjunto pode ser

realizado através de telefone, e-mail, vídeo conferências ou até mesmo de

reuniões físicas. Os motivos para o surgimento de exceções podem estar

relacionados a mudanças feitas por uma das empresas em aspectos que

causam impactos nas vendas e que por alguma razão não foram

comunicadas para a empresa parceira, como por exemplo a realização de

uma promoção não prevista, como também por expectativas diferenciadas

por parte do dois times com relação a alguns fatores, como o impacto que

uma promoção programada terá sobre as vendas. Uma vez que as

exceções tenham sido analisadas e se tenha obtido um consenso sobre as

mesmas, as mudanças são então incorporadas ao plano de previsões.

Etapa 6: Consiste na elaboração de uma previsão das ordens de

ressuprimento, tendo como base o plano de previsões de venda. A partir

deste ponto o CPFR passa a tratar do planejamento do ressuprimento do

varejista em função de uma previsão de vendas comum. Esta previsão das

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ordens leva em consideração não apenas a previsão de vendas mas

também outros fatores já pré-determinados como políticas de estoque,

frequência de pedidos e lead times de ressuprimento.

Etapa 7: Assim como o ocorrido com a previsão de vendas, também é

realizada uma busca por exceções para a previsão de ordens. Estas

exceções no entanto são relacionadas às restrições existentes por parte do

fabricante/distribuidor no que diz respeito à capacidade de atendimento das

ordens previstas. Esta capacidade de atendimento pode estar associada a

capacidade de produção, antecedência necessária para o planejamento da

produção, obtenção de insumos entre outros aspectos. Mais uma vez a

identificação das exceções segue parâmetros pré-determinados, ou seja,

serão classificadas como exceções apenas as restrições que causem

impactos significativos na operação.

Etapa 8: As exceções identificadas são analisadas e negociadas

conjuntamente, de modo que o fornecedor tenha capacidade de atender a

previsão de ordens. Durante esta negociação o varejista pode por exemplo

adiar alguma atividade promocional a fim de permitir que o fornecedor tenha

tempo de disponibilizar produtos suficientes para atender o aumento

repentino na demanda, evitando assim que ocorra falta do produto durante

promoção. As decisões tomadas nesta etapa podem muitas vezes afetar o

plano de previsão de vendas feito anteriormente, como no caso do

adiamento da promoção; caso isto ocorra uma nova previsão deve ser

realizada, reiniciando o processo. Após a análise e negociação das

exceções, o plano de previsão de ordens é alterado. Esta etapa representa

a grande vantagem do CPFR para o varejista, pois ao mesmo tempo que

consegue reduzir os níveis de estoque, obtém também um maior grau de

segurança no ressuprimento. Esta também é a etapa na qual o CPFR se

difere dos programas de resposta rápida, uma vez que a cadeia está

realizando seu planejamento em função da demanda real, e não só se

preparando para responder rapidamente.

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Etapa 9: A última etapa do CPFR é a transformação de ordens previstas

em pedidos firmes. Este processo pode ser automatizado através da

adoção de períodos de congelamento, ou seja, um pedido previsto é

constantemente reavaliado e, a partir de determinado período de tempo

contado em função do momento em que deve ser entregue, este passa

automaticamente a ser um pedido firme, não podendo portanto sofrer

alterações. Uma questão que pode ser colocada é a seguinte: se as

previsões de pedidos são automaticamente transformadas em pedidos

firmes, como é estabelecido o preço? Há negociação? Uma vez

estabelecida a relação de colaboração, a negociação de preço deixa de ser

uma barreira ou processo existente em cada ciclo de ressuprimento

(compra). O comprometimento entre as duas empresas através do CPFR

faz com que a negociação de preço seja acordada periodicamente, não

fazendo mais parte das atividades do dia-a-dia da relação entre as

empresas. Desta forma, para produtos do tipo commodity, com muitas

alternativas de fornecedores, sem diferenciação, ou onde o preço é o

principal fator de aquisição, o CPFR não é muito adequado. O CPFR é

aplicável para empresas que aceitam abrir mão de vantagens de curto-

prazo, obtidas através de negociação de preço, para buscar os benefícios

mútuos de uma relação de longo prazo.

3.1.4 Resultados práticos do CPFR

O CPFR já está começando a se tornar realidade, havendo

atualmente várias empresas ativamente envolvidas em sua adoção,

refinamento e treinamento tais como: Wal-Mart, Procter&Gamble, Nabisco,

Warner Lambert, Andersen Consulting, Eastman Kodak, JC Penney,

Kimberley-Clark, Kmart e NCR.

Um indicador de como o CPFR já está sendo utilizado é o

resultado de uma pesquisa realizada pela Syncra System, publicado em abril

deste ano e disponível no site da empresa (www.syncrasystems.com). A

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pesquisa foi feita em cerca de 120 empresas do setor de bens de consumo,

abrangendo fabricantes, varejistas, atacadistas e distribuidores. Segunda a

pesquisa, cerca de 79% das empresas pesquisadas estão envolvidas, em

algum grau, com iniciativas de gerenciamento da cadeia de suprimentos, e o

CPFR já desponta como o terceiro modelo de gestão mais utilizado, estando

menos presente nas empresas apenas em relação ao VMI e ao ECR. Estes

resultados podem ser vistos no gráfico 1. Vale ressaltar que a utilização do

CPFR não gera necessariamente uma diminuição da utilização das outras

iniciativas de Supply Chain. O ECR por exemplo é um programa, como já foi

visto, que engloba vários aspectos, estando o CPFR focada na parte de

ressuprimento das mercadorias.

Ainda com relação à pesquisa, as empresas envolvidas com o

processo CPFR já estão obtendo benefícios concretos, muitos dos quais já

previstos. Os principais resultados apontados foram os seguintes:

Aumento nas vendas dos produtos com planejamento colaborativo

Redução no erro de previsão

Redução no ciclo de ressuprimento

Redução nos níveis de estoque com consequente aumento no giro dos

mesmos

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Suavização da demanda para os fornecedores

Aumento da disponibilidade de produto para os varejistas

Visibilidade para melhor determinar os parâmetros de reposição por loja

Aumentos no nível de serviço dos fornecedores

Redução dos custos de planejamento de produção.

Estes resultados mostram que, apesar de ser um conceito

recente, o CPFR vem obtendo uma aceitação crescente, sendo implementado

por muitas das principais empresas de bens de consumo. Esta aceitação deve

apresentar um crescimento ainda mais acentuado a medida que os benefícios

obtidos se tornem mais visíveis, consolidando o CPFR como um modelo de

gestão da cadeia de suprimentos extremamente vantajoso tanto para varejistas

quanto para fabricantes.

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CAPÍTULO IV

O SISTEMA DE TRANSPORTE

O transporte representa o elemento mais importante do custo

logístico na maior parte das firmas. O frete bruto costuma absover dois terços

do gasto logístico e entre 9 e 10% do produto nacional bruto para a economia

americana como um todo. Por esta razão, o especialista em logística deve ter

bom conhecimento deste tema.

Logística pressupõe movimento de bens e serviços dos pontos de

origem aos pontos de uso ou consumo; atividade de transporte executa este

movimento gerando os fluxos físicos dos mesmos ao longo dos canais de

distribuição que também são relacionados com a movimentação das unidades

de transporte.

A atividade de transporte executa os movimentos de produtos ao

longo dos canais de distribuição mediante o uso de várias modalidade de

transporte que fazem os "links" entre unidades de produção ou armazenagem e

os pontos de compra ou consumo.

As atividades de transporte são mensuradas mediante dois

parâmetros: 1) - distâncias percorridas entre os pontos de produção e de

consumo; 2) - tempo em que os fluxos ocorrem. Denomina-se este parâmetro

como tempo em trânsito o qual é também uma variável muito importante em

logística, pois influi nos volumes de estoque, nos custos de manutenção de

estoques, nos períodos de cobrança e também no nível de serviços que uma

empresa pode oferecer.

Os fluxos físicos nos canais de distribuição ao geram portanto as

utilidade de tempo e de lugar e podem ser efetuados por modalidades de

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transporte de vários tipos, dependendo das decisões estratégicas que são

tomadas em função dos seguintes fatores e características das transações:

1. tipo de produto - valor, peso, volume, perecibilidade, etc.

2. tipo de mercado - tamanho, local, vias de acesso, sazonalidade, etc.

3. método de compra - prazos, faturamento, frete adotado, etc.

4. localização - da unidade produtiva, redes de armazenagem, local dos pontos

de transação ou compra dos bens.

5. variedade dos modos de transporte disponível.

A escolha das modalidades de transporte a serem escolhidas

para efetuar operações logísticas eficientes estás ligada às formas de

desempenho de cada tipo de transporte no que se relaciona com preço,

capacidade, flexibilidade, tempo em transito, terminais, atributos intermodais,

etc.

Os custo de transporte por via aérea,por exemplo, são mais altos

do que por via marítima . por via aérea, contudo, os bens não ficara tanto

tempo em transito quanto enviados em navio, de forma que são menores os

custos adicionais de oportunidade de estoque em transito e de manutenção de

estoques no destino. O ponto fundamental nesta decisão é a avaliação em

ambas alternativas do trade-off entre o custo de transporte,por um lado, e do

custo de oportunidade,por outro.

4.1 Modais de transporte

Rodoviário: serve para encomendas pequenas do tipo TL ou

LTL (TL = truck load, LTL = less than truck load), curtas, medias e longas

distancias, com coleta e entrega ponto a ponto, tem flexibilidade de rotas. Pode

ser definida pela função: TR = f(rotas, km, peso, preço)

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Ferroviário: indicado para cargas de grande tonelagem, valor

unitário baixo, sem urgência de entrega, apresenta taxa de danos alta,

terminais fixos, não é usado quando se requer coleta e entrega ponto a ponto.

Até os anos 60 era dominante em função da escassa oferta de caminhões e de

malha rodoviária. Terá que competir com hidrovias em certas áreas quando

estas estiverem prontas e disponíveis pois a relação energia/tonelagem é bem

mais favorável para o transporte fluvial. Nos EUA e na Europa observou-se um

declínio do transporte ferroviário na crise energética de 1973 e também pela

qualidade das hidrovias e redes de canais de navegação. As perspectivas

futuras do transporte ferroviário no Brasil dependem dos programas de

privatização, dos investimentos em novas ferrovias, frente à uma eventual e

necessária recuperação de rodovias e da modernização dos portos.

Hidroviário - Existem duas modalidades: Marítima - oceânica,

costeira; Fluvial - rios, canais de navegação e lacustre. Esta modalidade tem

possibilidades futuras positivas embora não apresente flexibilidade de rotas e

terminais, dependendo portanto de soluções intermodais, da expansão do uso

de containers, e de legislação que possibilite maior agilidade do processamento

em armazéns alfandegados (dry-docks). Com a inclusão de novos membros no

MERCOSUL, principalmente aqueles situados na orla do pacífico e que

poderão realizar exportações para a costa da Ásia, deve-se prever um aumento

do transporte inter modal nesta região, com uso de rodovias até o Chile e

containers embarcados para os mercados asiáticos. A tecnologia atual permite

que sejam utilizados métodos como o "roll on - roll off" para remessa de

veículos ou o "TOB ou COB" que tornam possíveis rápidas e seguras

operações de embarque e desembarque.

Aeroviário - modalidade rápida,. segura, com nível de perdas e

danos baixo, custos altos devendo ser escolhido para médias e longas

distâncias para os produtos de alta densidade na relação: TAER = f(peso x

volume x valor). Adota-se também esta modalidade para remessas de

urgência, cargas complementares de baixa durabilidade. A definição de fretes e

cargas aérea deve ser sempre negociada, porque muitas vezes as companhias

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aéreas aceitam cargas de mais volume e menos peso, premidos pela

necessidade de completar a carga da aeronave.

O transporte aéreo apresenta tempo de viagem rápido, pois as

aeronaves como o Boeing 747, deslocam-se com velocidade entre 800 a 900

km/h. Esta vantagem pode, em muitos casos, ser prejudicada com um "time

lag" maior em decorrência de poder haver congestionamento nos terminais

associados às demoras de alfândega e manuseio de palets nos pátios.

Em resumo, a seleção e o uso de transporte dentro do conceito

moderno de logística, deve seguir um esquema que de maneira geral examina

os seguintes pontos:

1 - Escolha da Modalidade de Transporte

2 - Seleção do Transportador (próprio ou terceiros)

3 - Operações executadas internamente ou externamente

4 - Equipamento a ser utilizado

5 - Contratos ou tarifas

6 - Informações, sistemas e Administração

7 - Termos gerais dos Fretes

8 - Terminais de Origem e Destino

9 - Recursos humanos internos e externos

10 - Métodos e amplitude dos Controles

Por fim, vale lembrar que o custo de transporte não pode ser

encarado como sendo de uma das empresas da cadeia de suprimento. Uma

vez que o seu correto gerenciamento irá alavancar a oferta de produtos em

mercados cada vez mais distantes e este é o objetivo fundamental do

transporte de carga.

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CONCLUSÃO

Na década de 90 o papel da logística no negócio aumentou tanto

em escopo quanto em importância estratégica. Integração da cadeia de

suprimentos, resposta rápida, gerenciamento do inventário com o Kanban,

filosofia Just-in-Time revolucionaram não somente a forma pela qual as

empresas gerenciam suas atividades logísticas, mas, também, como

gerenciam todo o seu negócio.

As estratégicas logísticas influenciam no projeto do produto, nas

parcerias, nas alianças e na seleção de fornecedores e outros processos vitais

de negócios. Este trabalho procurou desenvolver três idéias básicas. Primeira,

a logística desempenhará um papel crucial na empresa de manufatura ágil.

Devido a sua habilidade de se ampliar em múltiplas funções e fronteiras da

organização, a logística está posicionada para se tornar a nova inteligência da

empresa – coordenando e integrando todas as atividades ao longo da cadeia

de suprimentos. Segundo: este novo papel da logística coloca-a numa posição

única de ser capaz de criar valor ao cliente e, como resultado, uma

oportunidade para diferenciar produtos no mercado. Finalmente, a habilidade

da logística em satisfazer ao seu novo papel, à medida que a nova inteligência

da empresa exigirá o desenvolvimento de novas infra-estruturas logísticas e a

adoção de novas práticas logísticas. 0 principal papel desta infra-estrutura será

integrar as funções logísticas e da manufatura num único sistema estratégico

focalizado no cliente.

Duas questões fundamentais estão mudando o novo pensamento

sobre como gerenciar o fluxo de informações e de materiais na nova empresa

globalizada, seja em Bangcoc ou em Resende. A primeira é o desafio imposto

pela necessidade de movimentar produtos e materiais mais rapidamente e de

modo confiável em relação a maiores distâncias entre a empresa e os clientes.

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Para produtos complexos, como automóveis, as distâncias pelas

quais grandes volumes de peças, materiais e produtos acabados precisam ser

transportados podem ser muito grandes. Há, agora, uma multiplicidade de

fontes e destinos aos materiais, à medida que fluem pela empresa. Os

materiais não mais fluem de forma linear do fornecedor ao cliente. Os materiais

agora fazem o circuito ao redor do mundo.

A segunda questão é o desafio de gerenciar o estoque dos

clientes junto com seus programas de produção. Atualmente, poucas empresas

se dão ao luxo de ter uma base de clientes estáveis, algo que as alianças

estratégicas exigem cada vez mais.

Movimentar produtos, serviços e informações é somente um

aspecto da logística de hoje. Seu novo papel mais amplo é o da integração e

coordenação. A logística precisa gerenciar uma variedade de funções

empresariais disparatadas, como transporte, distribuição e tecnologia de

informações, a fim de otimizar a produção e a entrega de produtos aos

membros mundiais da cadeia de abastecimento.

À medida que os recursos produtivos estão cada vez mais

dispersos pelo globo, a logística torna-se a inteligência da empresa. Seu papel

é coordenar as competências e a distribuição num único recurso produtivo.

Resumindo, a logística é o que fará a nova empresa de manufatura funcionar.

Assim, pode-se concluir que a importância que a logística vem

tendo nos dias atuais é indiscutível, seja pelo caráter sistêmico que possui,

como também pela integração de toda a cadeia produtiva, do suprimento até a

distribuição física.

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Rio de Janeiro: Ed. Edgard Blucher, 1999.

BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transporte, administração de

materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos.

São Paulo: Pioneira, 1997.

FIGUEIREDO, Kleber. Distribuição física: o pensamento, o ensino e as

necessidades de capacitação em logística. Publicações Coppead.

Disponível on-line: [http://www.cel.coppead.ufrj.br/fr-capac.htm]

FLEURY, P.F., WANKE, P., FIGUEIREDO, K. Logística Empresarial: A

Perspectiva Brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São

Paulo: Prentice Hall, 2000.

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NOVAES, Antonio G.N. Sistemas Logísticos. São Paulo: Editora Edgar Blücher,

1998.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08 CAPÍTULO I – A FUNÇÃO ESSENCIAL DA LOGÍSTICA NA EMPRESA 10 1.1 A concepção logística na empresa ..................................................... 11 1.1.1 A logística como base para o comércio ........................................... 12 1.1.2 Os problemas logísticos permanecem ............................................. 13 1.2 O que é logística empresarial? ........................................................... 14 1.3 As atividades-chaves da logística ...................................................... 15 1.4 O desenvolvimento histórico da logística ............................................ 19 1.4.1 Antes de 1950: os anos adormecidos .............................................. 19 1.4.2 1950-1970: o período de desenvolvimento ...................................... 20 1.4.3 1970 e além: os anos de crescimento ............................................. 21 CAPÍTULO II – DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ................................................... 22 2.1 A história da distribuição ..................................................................... 22 2.2 A importância da administração da distribuição física ........................ 23 2.3 Distribuição: um desafio constante ..................................................... 25 2.4 Canais de distribuição e conceito e funções ....................................... 32 2.4.1 A especialização .............................................................................. 35 2.5 Central de distribuição: a automação como fator competitivo ............ 36 2.5.1 Ganhos mensuráveis com a automação de armazém .................... 37 2.5.2 Precauções a serem tomadas (avaliando processos e sistemas) ... 38 2.5.3 Equipamentos e sistemas ................................................................ 39 CAPÍTULO III – CPFR – PLANEJAMENTO COLABORATIVO: EM BUSCA DA REDUÇÃO DE CUSTOS E AUMENTO DO NÍVEL DE SERVIÇO NAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS ....................................... 41 3.1 Nível de serviço .................................................................................. 42 3.1.1 Definição e objetivo da CPFR .......................................................... 44 3.1.2 Vantagens e utilização do CPFR ..................................................... 45 3.1.3 O processo do CPFR ....................................................................... 46 3.1.4 Resultados práticos do CPFR .......................................................... 51 CAPÍTULO IV – O SISTEMA DE TRANSPORTE .................................... 54 4.1 Modais de transporte .......................................................................... 55 CONCLUSÃO ........................................................................................... 58 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................... 60 ÍNDICE ...................................................................................................... 61

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Data da Entrega:______________________________________

Avaliado por:__________________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

____________________________________________

Coordenador do Curso

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ANEXOS

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