ASPAS Colaborativo

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Jornal desenvolvido pelo Núcleo de Jornalismo e pelo Laboratório de Impressos da AESO - barrosmelo.edu.br

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As narrativas do fim do mundo povoam o imaginário humano e exercem sobre nós um tremendo fascínio. Umas destas predições, baseada no calendário maia, diz que o mundo vai acabar em dezembro de 2012(!).

O Aspas Colaborativo traz nesta edição um pouco da mitologia maia sobre o fim dos tempos, que na verdade, para aquele povo, era mais o início de uma nova era; traz também a estranha atração que o apocalipse zumbi de filmes e séries de TV exerce sobre nós, além de uma pequena amostra do fim do mundo nas expressões artísticas e midiáticas e na religião. Mas nem tudo está perdido. Os próprios maias acreditavam que manter o mundo e a vida nele era uma questão de sustentabilidade – não usavam este termo, mas a ideia era esta.

Prepare-se, então, para encarar nesta edição as várias faces do fim

do mundo e saber o que você pode fazer para mantê-lo por mais tempo – bacaninha como o conhecemos, ou até melhor! – em sua jornada elíptica ao redor do sol.

Expediente

Editorial

Reportagens

Colaboradores

Monica FontanaLia Alcântara

Fernando LimaNathália Calih

Profª Adrianna CoutinhoAlexandre L’Omi L’Odò Allyson SilvaLucas Araújo Haim FerreiraJean CarvalhoVictor Hugo Soares

Edicao de Arte Edicao

Ilustracao

Diagramacao Denise EscudeiroMariana PedrosaPaloma Campos

Débora CabralJoão FernandesKira LaureanoMaria Júlia

Aspas Colaborativo - Jornal Laboratório dos cursos de Jornalismo e Design Gráfico das Faculdades Integradas Barros MeloOlinda, PE - Setembro / Outubro de 2012 Ano 1, nº 2 Faculdades Integradas Barros Melo Direção: Ivânia de Barros Melo DiasCoordenação do curso de Jornalismo: Profª Monica FontanaCoordenação do curso de Design Gráfico: Profª Lia AlcântaraNúcleo de Jornalismo: [email protected]ório de Impressos da Aeso: [email protected]

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Novembro 2012+

RecifeCongelado

Fim do MundoCurtir

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AOS ORIXASdOS MAIAS

CliqueNa Lixeira

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dANI VAZEntrevista com

Sustentabilize-se

Mais DiaMenos Dia

Fim doMundo

rEPRESENTADO

Destrua sUAPropria CASA

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cEEEREBROS

FIM DO MUNDO

NA MIDIA

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Os fatos de um Recife

Segundo a doutora em conhecimentos ocultos provindos de crenças interioranas, Maria Vieira, minha mãe, é sim. A mulher diz isso e morre de medo de fantasma, dá pra acreditar? O fato é que não creio que o mundo acabe pra ninguém morto ou vivo e tampouco acredito que isso acontecerá antes da Copa de 2014 – durante, talvez. Depois, quem sabe. A verdade é que o Brasil não está preparado para o evento de tamanha magnitude – o Fim do Mun-do, é claro.

Tantos “fins” nos foram apresentados até hoje, não? Um dos meus preferidos, que vi no cinema com umas 5 pessoas, foi “O dia depois de amanhã”. O filme se passa em Nova Iorque – sim, por que ado-ram destruí-la – e conta a história de um grupo de pessoas que tenta escapar de um tsunami e de um congelamento instantâ-neo de tudo. Em meio a isso, sabe qual a

congelado

pior parte? A da turbulência. Enfim, eu sou alguém que sempre faz uma conexão do fim do mundo – ou, no caso, fim da hu-manidade – com o frio. Temos várias his-tórias que falam que a lava tomará conta da superfície da Terra; que o planeta será atingido por um meteoro do tamanho de Casa Amarela e blá blá blá.

Avaliando isso e pouco tempo depois de ver “Recife frio”, eu penso: como se-ria a chegada de um apocalipse polar no Recife?

Primeiro, vamos imaginar que, inicial-mente, a temperatura média da Veneza Brasileira vai baixar de 27 para 20°. Du-rante o verão, a temperatura sobe e várias tempestades com raios, trovões e muito vento chegam para baixá-la de novo. De repente, geadas no Recife. Nosso clima torna-se temperado. No inverno, frio, muito frio. Ventos que vêm do oceano cor-

tam o rosto dos recifenses como uma faca bem amolada. Seria como se estivéssemos ainda mais próximos do La Niña, fenôme-no que marca o resfriamento do Oceano Pacífico. Ainda no inverno, de dia, tempe-raturas que não passam dos 15°; à noite, termômetros chegando a 0°C por vários meses. É nesse clima de início do fim do mundo com a inversão climática que ten-tei prever o comportamento dos recifen-ses no clima temperado: 40° de calor seco com muitas tempestades no verão e frio intenso no inverno. Vejam os fatos:

Com 20°C: Já vai ter gente correndo pra Narciso Enxovais e decidindo que o chuveiro elétrico é uma necessidade. Vai ter um monte de gente tirando Sky HDTV pra comprar chuveiros para todos os ba-nheiros. O casaco jeans volta a ser um su-cesso e as Lojas Tropical investem pesado. Consumo recorde de chocolate faz com que Recife ultrapasse Brasília. Bar Central fecha e, no lugar dele, uma casa de fondue abre e faz sucesso. Disney importa os ca-checóis de Harry Potter para os interessa-dos “descolados”.

Com 15°C: Narciso Enxovais ganha prêmio “Top of Mind” em Pernambuco. Academias agora começam a trabalhar com aquecedores e, em vez de cantinas, abrem coffee shops com chocolate quente

Antes de mais nada, aviso que preceitos bíblicos serão citados apenas como exemplos e não como forma de profetizar algo, até por que não me interesso por isso. ”O mundo só acaba para quem morre”... é mesmo?

CrOnica

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ser Centro Zootécnico para Animais Polares.

Mar avança e prédios de Boa Viagem tornam-se vi-

veiros de tubarões. Com 0°C: Recife sofre com baixa

populacional e trabalhadores do Sul e do Sudeste, que enfrentavam

uma forte onda de calor, começam a migrar. Disney On Ice se apresenta nos lagos congelados da Praça de Casa Forte. MST invade castelo de Brennand e cria o primeiro feudo pós-moderno. Hino de Pernambuco muda de “Terra dos altos co-queiros” para “Terra dos altos pinheiros”. Cientistas comprovam que o sertão vai vi-rar mar. Barragem de Jucazinho entra pro Guiness como maior iceberg do planeta.

Muitas outras notícias poderiam virar manchetes bem parecidas com essas, caso o recife “congelasse”. O fato é que, com ou sem humor, no calor ou no frio, quem fica na pior é mesmo a população de baixa

renda. Podemos dizer então que o Fim do Mundo está mais próximo de alguns, isso va-ria com a classe social. En-

tão, caro leitor, a capacidade do seu iPhone não importa, o

que conta é em quantas vezes ele foi dividido no cartão, ok? Termi-

nando com uma citação genial que vem ao caso agora... “E o motivo todo mundo já conhece. É que o de cima, sobe e o de baixo, desce.”

em abundância. “Alternas” param de reclamar da cerveja quente vendida no mercado da Boa Vista. Núme-ro de pombos em Recife torna-se o menor desde a época de Maurício de Nassau. Paul McCartney volta ao Recife, faz show com paletó e jor-nalista da Rolling Stone cri-tica o frio regional. Recife importa quentão do Sul do Brasil. Chimarrão recifense, feito com jurubeba, vira ma-nia nacional. Catamarã e Va-por 48 agora tornam-se locais fechados e importam potentes aquecedores. Côco verde passa a custar R$ 4,99 – no Aeroporto já custa. O preço da energia aumenta, da passagem... também. População de baixa renda sofre e governo investe em chuveiros elétricos com energia a gás. 42 acidentes em um único fim de semana por causa dos chuveiros mal instalados do governo. A produção de café volta a ser a mais valorizada do País.

Com 10°C: Lojas Tropical muda de nome para Lojas Temperado. A Narciso lança a “Narciso Enxovais Elétricos” e tor-na-se uma das maiores empresas do ramo no Brasil. Cerveja Polar é a mais vendida do estado.

Recife abandona o ritmo do frevo e adota a Polka Nordestina. Moradores do complexo Novo Recife abandonam suas casas por causa do vento intenso. Moura Dubeux inicia projeto de construção de complexo de iglus no cais do Apolo e po-pulação protesta pelo Facebook. Eduardo Campos lança a candidatura do Recife para receber as Olimpíadas de Inverno. Assaltantes trocam a frase “passa o celu-lar!” por “passa o casaco!”. A dengue vai embora, mas doenças respiratórias, cardí-acas e diabetes afetam 75% da população. Geladinhos saem de circulação e a nova aposta do governo é o quentinho, coletivos com aquecedores e máquinas de café.

A passa-gem sobe de novo. Par-raxaxá muda o nome para Fonduexaxá.

Com 5°C: Avenida Norte muda de nome para Avenida “Polo” Norte. Rapa-dura é o novo “Dudu”. Delta Café compra o complexo de Suape. Milhares de peixes morrem todos os dias no Recife e escolas estaduais agora têm cardápio com frutos e algas do mar. Itamaracá desaparece de-finitivamente do Google Maps.

O Festival de Inverno de Garanhuns passa a ser no Recife e jornalista da Rolling Stones reclama de apatia do pú-blico. Zoológico de Dois Irmãos passa a

Por Lucas Araújo Ilustrações Kira Laureano e João Fernandes

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FIMMUNDOdo

Nathália CalihIlustração Maria Júila

O 21 de dezembro já chegou às redes sociais. Não, não é o fim das redes, muito pelo contrário.

No Facebook, por exemplo, fala-se em Festa do Fim do Mundo e é possível encon-trar mais de setenta resultados diferentes ao se buscar evento com esse tema. Dan-do um Google rápido no tópico, percebe-se que em muitos sites o uso do humor é notável. O final dos tempos foi usado até

para criticar a demora na construção e re-forma dos estádios para a copa do mun-do de 2014 (que será realizada no Brasil). Uma página traz em letras garrafais: “O fim do mundo de 2012 foi cancelado no Brasil, pois o país não tem capacidade para receber um evento desse porte”.

Falar em fim do mundo para outros já é algo mais sério. Muitos blogs foram criados para explicar a história e tornar conhecida essa cultura e estilos de vida. Alguns com um ar desacreditado, e ou-tros com tanto sensacionalismo que po-deriam despertar histeria nos leitores mal informados.

O site O Livro do Fim do Mundo, por exemplo, tem como proposta fazer com que as pessoas produzam textos levan-do em consideração a suposição de que o mundo acabaria em uma hora. Há uma lista de 474 histórias que vão do bizarro ao romântico.

No ano passado o pregador evangélico Harold Camping causou polêmica nas re-des ao afirmar que o mundo acabaria no dia 21 de maio. Depois, retificou, passan-do o acontecimento para o dia 21 de ou-tubro. O religioso já teria previsto o gran-de julgamento em 1964 e 1988, com isso acabou se tornando, como tantos outros, mais uma piada.

No Twitter a hashtag #JaQueOmundo NaoAcabou fez a alegria dos internautas que criticam as previsões apocalípticas através do humor relacionando seus twe-ets com a outra tag #fimdomundo. Alguns

tuítes trazem, além do humor, boa dose de ceticismo e autocrítica, como no comen-tário de @Debora1307: “#FimdoMundo é igual fechar com nota 10 em todas as ma-térias. acho que nunca vai acontecer.”

É crescente o número de títulos, filmes e músicas voltados para o assunto e as oportunidades que o mercado musical norte americano tem criado em torno do tema. A cantora Britney Spears aborda a temática no videoclipe da música Till The World Ends (Até o mundo acabar).

Em cenário pré-fim-do-mundo, com explosões e a proposta de curtir a vida até que ela chegue ao fim, terminar os dias numa boate dançante com amigos é mui-ta diversão. A cantora Beyoncé aproveita para levantar a bandeira do feminismo. Ela aparece num cenário pós-apocalíptico cercada por mulheres e dá a entender que apenas as mulheres seriam fortes o sufi-ciente para sobreviver ao fim do mundo.

A internet se revela cada vez mais como uma grande sala de debates aberta a qual-quer tipo de opinião. Com o polêmico as-sunto do fim do mundo não poderia ser diferente. “As pessoas sempre ficaram muito histéricas quando o assunto é o fim do mundo, esse ano ninguém está se impor-tando, daí é provável que o mundo acabe mesmo!” disse o estudante de Sistema de Informação, Rodrigo Barbosa.

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O fim do mundo é uma novela+

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Escrita por Dias Gomes e Ferreira Gullar e dirigida por Paulo Ubiratan e Gonzaga Blota a novela “O Fim do Mundo” foi exibida entre maio e junho de 1996, num total de 35 capítulos. A história se passa na fictícia Tabacópolis e tem início com a fatídica previsão feita pelo paranormal Joãozinho Dagmar, interpretado por Paulo Betti. Alterações no clima fazem os tabacopolinenses acreditar que o fim está próximo. Eles então se apres-sam em realizar todas as suas vontades mais secretas e bizarras. As loucuras culminam com o dono do hospício, Dr. Pesta-na, interpretado pelo ator Carlos Vereza, soltando todos os loucos e transformando a cidade no mais completo caos. Ao final da novela, os diretores fizeram uma ho-menagem ao cinegrafista Custódio Ferreira, morto num acidente de carro quando voltava das locações após gravar o último capítulo. Em 2000, a novela foi reprisada apenas em Brasília, durante o horário político, e em 2011 a Globo Internacional também reprisou a mininovela que em sua ideia original de-veria ser uma minissérie.

Fim do Mundo em 35mm

Diversos artistas relatam o fim do mundo através da músi-ca. Carmen Miranda, por exemplo, interpretou o choro “E o Mundo Não se Acabou”, que Assis Valente havia composto em 1938. Com muito senso de humor, a canção conta a his-tória de uma pessoa que se joga na farra acreditando no boato sobre fim do mundo:

Choro do fim do mundo

O cinema traz a representação visual do fim do mundo em inúmeras produções. “Melan-colia” de Lars Von Trier (Dinamarca, 2011), por exemplo, traz um ponto de vista existencial sobre o fim do mundo, aguar-dado pelo iminente choque do planeta Melancholia com a Terra, que ninguém sabe ao certo se vai, ou não, acontecer. O filme mostra como a possibilidade do fim do mundo vai afetando cada um dos personagens. Outro exemplo dentro do tema é a superprodução “2012”, de Ro-land Emmerich (EUA, 2009), que reúne todas as catástrofes naturais contadas até hoje, entre elas a Teoria do Calendá-rio Maia.

Na literatura, o livro “O Cataclismo Mun-dial” lançado em 2012, de Patrick Geryl, retoma uma análise científica dos códigos milenares dos maias e egípcios referentes ao desastre que nos espera. Cecília Meire-les relata, na crônica “O Fim do Mundo”, que o mito marcou sua infância e registra sua impressão sobre o tema: “O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos – além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas”.

A arte ocidental é bastante marcada pela idéia do apocalipse que vai definir um destino para os bons e para os maus, como no quadro “O Juízo Final” (1482), de Hie-ronymus Bosch. No cenário atual, pode-mos destacar a produção do artista gráfico português Pedro de Kastro, radicado no Brasil, que utilizando técnicas de gravura em metal, desenho a nanquim e bico de pena, retrata ícones da paisagem urbana brasileira num futuro pós-apocalíptico.

“Beijei na boca de quem não deviaPeguei na mão de quem não conhecia

Dancei um samba em traje de maiô E o tal do mundo não se acabou”

O choro de Assis Valente também foi gravado nas vozes de Adriana Calcanhoto e Paula Toller. Existem diversas outras músicas no contexto atual que retratam esta temática, ente elas “Um Minuto para o Fim do Mundo” (CPM 22), “Drumembês” (Zeca Baleiro), e “É Fogo” (Lenine), que interpretam o tema, seja através do humor, da crítica ou do viés romântico.

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Fim do mundo em prosa e verso

A arte do fim do mundo

Fernando Lima Ilustrações Débora Cabral

fimdo mundo

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Um dos primeiros relatos sobre mortos-vivos nasce no Caribe, com a prática dos vodus, em que era supostamente possível controlar corpos, inclusive sem vida, através de bonecos de barro.

O vodu combina ele-mentos do cristianismo primitivo, do catolicismo e de religiões tribais da África ocidental, particularmente Benín. Trata-se de devolver a vida a um corpo sem alma para que seja utilizado em trabalhos físi-cos. A indústria cultural se apropriou do princípio do vodu, que apregoa que um morto pode ser revivido por um feiticeiro, para criar o zumbi, mortos

reanimados por razões diversas que são praga e ameaça às pessoas, pois se alimentam de carne humana. Aquele que é atacado por um zumbi se transforma num deles. Os

devoradores de cérebro já foram até catalogados, em três categorias.

+Este tipo apresenta movimentos lentos e sua origem estaria ligada ao vodu, à expo-sição à radiação ou – tese um pouco mais intrigante – à superlotação do inferno que “expeliria” os mortos excedentes.

Zumbi Clássico

+Mantém os movimentos lentos e têm ori-gem na contaminação por bactérias, vírus ou fungos que causam a morte do indi-víduo, ressuscitado através de rituais ou outros meios desconhecidos.

Zumbi Infectado

+Retratado em videogames e séries de TV. Diferenciam-se dos outros por serem mais resistentes e velozes, teriam sido criados através de experiências de cientistas militares que desejavam produzir uma arma super poderosa que pudesse derro-

tar os inimigos sem sofrer grandes danos ou perdas.

Um grupo de cientistas das Universi-dades de Carleton e Ottawa (Canadá) rea-lizou, em 2009, um estudo para calcular a chance de sobrevivência na Terra caso ocorresse um ataque zumbi, o resultado foi que em apenas sete anos toda parte saudável da humanidade estaria extinta.

Na Universidade de Winchester, na Inglaterra, professores e especialistas se reuniram em 2011 para debater a invasão zumbi nas mídias, utilizando como exem-plo o aumento no número de títulos rela-cionados ao tema e o uso desse produto para vender outros.

Alguns pesquisadores relacionam o aumento no interesse pela cultura zumbi à crise econômica que os países ricos en-frentam. Para o pesquisador Daniel Drez-ner, da Tufts University, situada em Mas-sachusetts – EUA, “os filmes, em especial, são um veículo útil para tratar de questões como a fome, violência generalizada e fal-

ta de rumo para a vida”.Em 2011, Drezner lançou o livro

Theories of International Poli-tics and Zombies (Teorias

de Política Internacional de Zumbis – ainda não publicado no Brasil) em que afirma: “Sempre que os zumbis estão em alta na produção cultu-ral é porque temos pro-

blemas na política e na economia”.

Zumbi Moderno

Zumbis na academia

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Nathália Calih

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Aspas Colaborativo Novembro 2012+ 11Entrevista com

AC: Como conheceu a cultura Zumbi?DV: Eu era filha única, menina de prédio, criada por televisão. Assisti muita TV, e gostava de filmes de terror. Aí, na adoles-cência conheci vários amigos cinéfilos. Já chegamos a assistir uns 5 filmes de zumbi sem parar em uma noite (risos) a partir daí comecei com jogos como Left 4 dead e me apaixonei por um jogo bestinha, o Plants VS. Zombies. O universo nerd agora virou pop e aparecem muitas referências.

AC: Como surgiu essa vontade de fazer maquiagem zumbi?DV: Juntei coisas que eu curto: maquiar-me, maquiar os outros e coisas de zumbi, tais como jogos, filmes, podcasts, entre outros. A primeira vez que fiz maquiagem de zumbi foi em 2008, no primeiro Zom-bie Walk Recife, quando as pessoas nem sabiam o que fazer direito para ficar pa-recido com zumbi. Foi aí que pude então entrar em cena com minhas maquiagens simples, mas detalhistas.Aprendi muita coisa pesquisando na Internet. Para fazer uma maquiagem de alto nível é preciso ter materiais caros. Eu faço tudo a um preço acessí-vel (risos).

AC: Você é fã de alguma série sobre zum-bis?DV: Eu amo! Principalmente o The Wal-king Dead. Para mim é uma série de alto nível quanto à produção e ao conteúdo. A série é um bom exemplo para alguns fil-mes de zumbi, pois ela dá susto sem ser ridícula e tem maquiagem e efeitos espe-ciais de altíssima qualidade.

AC: Sobre a maquiagem, com que fim você faz?DV: Diversão. Faço porque gosto mesmo. Já cheguei a fazer maquiagem das forma-turas de umas amigas. Tudo de graça. A maquiagem tradicional aprendi a fazer com um maquiador, Maninho, que fazia todas as minhas maquiagens de 15 anos. Aí eu comecei a fazer minhas próprias maquiagens para eventos e, com o tempo, fui aperfeiçoando minhas técnicas. Sem-pre sem fins lucrativos.

AC: Pode nos dizer algumas das técnicas e os principais materiais?DV: Antes de começar a maquiagem zum-bi, a pessoa prende o cabelo e clareia o

rosto com pancake branco ou um pó bem claro. Aí é legal ter sombras roxa, marrom e preta para fazer as marcas de expressão, olheiras, etc. Tudo bem esfumadinho. Para fazer as cicatri-zes eu uso papel higiênico molhado numa mistura de cola branca hipo-

alergênica e água. Você faz um “pa-pel maché” e cola no rosto. Quando vai secando, passa o pancake ou o pó

(com muito cuidado para não desfa-zer tudo) para uniformizar o tom da pele da cicatriz e vai pintando com tinta preta e vermelha para o sangue. As tintas podem ser guache. Para o sangue comestí-vel (que você passa nas cicatri-zes, espalha no rosto, coloca na

boca, etc.) você usa mel karo com um pouco de xarope de groselha, achocolatado e umas gotas de anilina comestível vermelha (se

Daniela Vaz tem 23 anos, é designer e trabalha atualmente na Chilli Comunicação, uma em-presa recifense de design e comunicação. É fã de filmes e séries de TV. Define-se uma “viciada por informação inútil” e, como boa parte dos jovens, passa muito tempo no computador. Afinal de contas, o que isso tem a ver com Zumbi?

ficar claro, coloca uns pingos de anilina preta). Assanha o cabelo, coloca uma rou-pa velhinha e, de preferência, você faz uns rasgos e sujos nela. Tcharam! Um zumbi.

AC: Fala um pouco da oficina que você mi-nistrou em Curitiba.DV: A oficina era parte da grade de eventos do 20º Encontro Nacional de Estudantes de Design. Aconteceu em julho de 2010, em Curitiba, na Universidade Positivo. Me surpreendi com a sala lotada porque não sabia que tanta gente curtia o que eu gostava. Todo material foi oferecido pela comissão organizadora. Eu abri a oficina conversando com os encontristas sobre filmes de zumbi e pontuando os tipos: zumbi de vodu (cultura africana), zum-bi sobrenatural (tipo thriller, do Michael Jackson), zumbi por vírus, entre outros.Esses últimos, que são mais usados ulti-mamente nos filmes, são causados pela estupidez humana de criar algo tão peri-goso e serem tão descuidados (risos). Falei também das velocidades dos zumbis, eles foram ficando mais rápidos ao longo dos anos, e que os zumbis de hoje dão mais medo que os de ontem.

Fernando Lima

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Enquanto o cristão acredita que no mo-mento da chegada do Cristo merecerá o céu quem estiver pre-parado para isso, o Islã prega que haverá um grande juízo em que Alá irá mandar os justos para o céu e os pecadores para o inferno, durante algum tempo, para sua purificação. Permanecem no inferno os hipócritas religiosos, que se diziam mu-çulmanos, mas na prática nunca acredi-taram. O mundo, segundo o Alcorão, não vai realmente acabar, mas vai passar por alterações profundas. Nathália Calih

O fim do mundo estaria relacionado à volta de Cristo e de sua vitória contra o Anticristo, inaugurando o Reino Milenar na terra. O juízo final estaria relacionado à punição dos pecados praticados pela humanidade. O mundo, neste caso, seria destruído e chegaria ao fim. Para os cris-tãos, o livro do Apocalipse traz a previsão dos últimos acontecimentos antes, duran-te e após o retorno do Messias. Alguns cristãos acreditam que muitos aconteci-mentos descritos no livro já teriam come-çado. Jean Carvalho

O fim do mundo não é uma prerrogativa do calendário maia. A escatologia, ou “doutrina das coisas que devem acontecer no

fim dos tempos”, está presente em diversas religiões.Dos maiasaos orixAs

Cristianismo

Catolicismo

Judaísmo

Budismo

Espiritismo

Candomblé

IslamismoNa visão cristã católica, algumas datas já foram instituídas como, por exemplo, o ano 500 – instituído como a data do apo-calipse na época do reinado de Clóvis I –, ou o ano 1.000, por causa do aniversário do nascimento de Cristo. Para os evangé-licos, apenas Deus sabe o dia do fim do mundo. Há no catolicismo uma corrente que não acredita no fim de todas as coisas e sim em renovações de ciclos, baseados em versículos bíblicos: “Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.” João 14: 12. Isso seria uma prova de que a vida tende a se desen-volver e não a acabar. Allyson Silva

Acredita num período de grande sofrimento a fim de chegar ao li-bertador que vai aca-bar com todo tipo de corrupção sobre a Terra e levar os fiéis ao céu. Por utilizarem dois calendários, o lunar e o solar, houve conflitos na con-tagem dos anos e das eras, o que dividiu os judeus em um grupo que acredita fiel-mente nas datas bíblicas e outro que não acredita. Um de seus escritos mais valio-sos, o Talmude, estabelece uma validade de apenas seis mil anos para a Terra o que significa que, segundo os seus cál-culos, o fim do mundo ocorrerá em 30 de setembro de 2.239. Haverá uma série de acontecimentos até a chegada do milênio seguinte que é definido com uma era de paz, tranquilidade e santidade entre eles, a reunião dos judeus exilados de Israel, a derrota de todos os inimigos do povo, a construção do terceiro templo de Jerusa-lém e por fim uma ressurreição ou, em ou-tra linguagem, a revitalização dos mortos. Haim Ferreira

Não enxerga a pre-sença de um grande libertador que desce-rá à Terra para salvar os seguidores. Para o budismo, haveria uma perda dos ensinamen-tos e isso resultaria num caos total, com toda sorte de violência e perversidades de todos os gêneros. O Nirvana seria um paraíso alcançável a qualquer momento, através da neutralização de todos os sen-timentos ou desejos, um estado absoluto de paz, descanso e imutabilidade. Fernando Silva

Não há fim do mundo para o espiritismo, mas uma transição em vista do progresso dos homens. Partindo do pressuposto da pluralidade das existências, ou seja, a reen-carnação, o homem é um ser que tem como objetivo, em sua vida na terra, a evolução moral e intelectual, e para isso é preciso tra-balhar na caridade e no desapego material, para que possa evoluir sem precisar sofrer. O que se chama fim do mundo é para o es-piritismo chamado de transição planetária. Estaríamos saindo de um planeta de provas e expiações, para um estado chamado rege-neração, sempre na marcha da evolução. O “fim de mundo” é nada mais que um esta-do transitório do planeta, de depuração dos que na Terra habitam, para que se tornem pessoas melhores. Victor Hugo Soares

Tem uma cosmovisão diferente das reli-giões cristãs e ocidentais. Não possui a prerrogativa da salvação e não comparti-lha do pensamento maniqueísta de bem e mal, ou ainda do pecado. Acredita nas forças da natureza, na força dos Orixás – representações divinizadas da natureza –, nos ancestrais ilustres (os Esá ou Babá Egún) e na força essencial da ciência e da fumaça dos mestres, mestras, caboclos e malunguinhos da Jurema Sagrada. O fim do mundo é improvável nos termos que estão colocados atualmente. Este fim da existência material do planeta não se aplica, pois o candomblé concebe que as pessoas estão em um ciclo permanente de troca de energias vitais, um ciclo de re-novação. “Morremos e voltamos, e assim eternizamos a existência”. Alexandre L’Omi L’Odò

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Clique na lixeiraO lixo eletrônico não é o que recebemos

por email e vai parar naquela pasta do “spam”, na verdade, trata-se dos resíduos e componentes de máquinas descartados pelos consumidores. Portanto geladeiras, microondas, TVs e outros eletrodomésti-cos também entram nessa lista, não são só celulares, baterias, laptops e computadores. Relatório do Pnuma - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente aponta o Bra-sil como o maior produtor de lixo eletrônico entre os países emergentes. Segundo o do-cumento, cada brasileiro descarta cerca de meio quilo de material eletrônico por ano. O número foi questionado pelo Ministério do Meio Ambiente, que afirma ainda não ter quantificado estes dados. O Brasil já tem uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída a partir da lei federal 12.304, de agosto de 2010, que obriga empresas e con-sumidores a dar a destinação correta ao lixo eletrônico, mas falta, como sempre, fazer valer a lei.

O maior problema do lixo eletrôni-co é a forma como esse material tem sido descartado, principalmente porque seus componentes têm altíssima carga poluido-ra, como toxinas perigosas e metais pesados. Você já se perguntou onde jogar pilhas, baterias, câmera quebrada, celular velho, ou carregadores que não usa mais e não encontrou

Esta sentença maia ligada à ideia do colapso natural pela escassez de recursos mostra que a antiga civilização já tinha, na sua época, o senso de sustentabilidade. Eles só não tinham nomeado esse conceito. O fim do mundo previsto pelos maias não é exatamente o fim do mundo, mas o início de uma nova era em que o homem passa a ser visto como um ser que aprende a se relacionar de forma harmoniosa com os outros e com a natureza.

Para o biólogo Valter Tavares, sustentabilidade é tudo aquilo que se pode usar ao máximo, reaproveitar. “Não acredito numa vida sustentável por que a população tende a crescer e a sustentabilidade passa por uma constante. Eu tenho como usar, reusar, reutilizar e reciclar se eu tiver um número constante. Cada vez que a população aumenta, por mais lixo que eu tente reciclar,

eu nunca vou conseguir 100%. Então a reciclagem sempre é parcial. Algo sempre vai ser perdido.”

A veterinária Joana Ikeda, do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, acredita que a solução para a sobrevivência da diversidade de vida no planeta passa pela reeducação dos hábitos de consumo e por investimentos dos setores público e privado no tratamento de resíduos poluentes. “A sustentabilidade consiste basicamente num reaproveitamento saudável dos habitats pela preservação da vida. Claro que custo sempre há, mas o benefício é de longo prazo.”

O conceito de sustentabilidade estende-se da vizinhança local a todo o planeta. “Está relacionado à continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, de forma que seja possível suprir suas necessidades

e expressar o seu potencial no presente, mas também preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais”, resume o historiador João Azevedo.

Nao destrua sua propria casa

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Nathalia Calih

Os pontos de coleta são respon-sáveis pelas etapas de reciclagem

desses materiais. Estas etapas contam com a coleta, desmontagem, pré-processa-

mento e processamento, em que as substâncias tóxicas são neutralizadas com o uso de proces-sos tanto físicos, quanto químicos. Alguns de-les voltam a ser matérias primas como é o caso de determinados tipos de plásticos, ferro, alu-mínio, fios, cabos, entre outros. Existem dois tipos de tecnologias voltadas para a reciclagem desses componentes: a manual, menos segura mas que permite uma maior seleção e menor perda do que será matéria-prima novamente, e a automatizada, que é mais rápida mas fre-quentemente mistura materiais no momento do processamento.

Se você quer saber onde depositar seu lixo eletrônico é só acessar:

Nathália Calih e Fernando Lima

respostas? Para esse tipo de necessidade foram criados pontos de coleta que se encarregam da distribuição desses materiais para a reci-clagem, já que a incineração e o abandono na natureza trazem sérios riscos ao meio am-biente e às pessoas que nele vivem. Queimá-los pode gerar uma fumaça altamente tóxica e apenas deixá-los nos lixões não é solução, pois estes equipamentos ao se deteriorarem liberam substâncias capazes de contaminar o solo e os lençóis freáticos.

Ou entrar em contato com Informática e Lixo Eletrônico em Geral pelos telefones:

www.e-lixo.org

(81) 97039913 (81) 85518610T

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14 Aspas Colaborativo Novembro 2012+

bilize-se

Nathália CalihIlustrações Débora Cabral

Sustenta Listamos quatro atividades que você pode fazer na sua casa para ajudar a conservar o planeta

Customize roupas ao invés de comprar novas. O vintage está em alta e ser origi-nal também, você pode ter peças que são a sua cara e ainda contribuir com uma ati-tude super sustentável.

É possível que na sua casa funcione da seguinte forma, todos estão em suas ati-vidades pela casa. Ninguém está na sala, mas a luz está... ACESA! Apague a luz dos cômodos que não estão sendo usados. Conheça projetos como a Hora do Planeta, um ato simbólico promovido pela WWF no qual governos, empresas e população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global apagando as luzes durante sessenta minutos. Esse ano, a mobilização aconteceu em 31 de março das 20h30 às 21h30. Ah! É bom lembrar que aparelhos ligados em stand by também consomem energia. Desplugue-se!

E forre a lixeira com o jornal velho. En-quanto o papel jornal leva cerca de seis meses para se decompor no ambiente, as sacolas plásticas demoram 300 anos! Aprenda a fazer uma sacolinha de jornal para diminuir o uso das sacolas plásticas super poluentes em aspas.jor.br/sacola-de-jornal.

Recicle seu lixo. Não precisa ter uma lixeira para cada material. Claro que se tiver, melhor, mas as cooperativas de reciclagem recomendam que apenas separar o lixo orgânico do inorgânico já contribui bastante, e de forma bem simples, para a reciclagem. Outra ação simples é não colocar o canudinho de plástico dentro das latinhas, pois isso dificulta enormemente a reciclagem das latas. Também recomenda-se lavar todo o lixo inorgânico antes de mandá-lo pra lixeira. Isso evita o acúmulo de restos de alimento, que podem atrair ratos e baratas... blergh!

Apague as luzes!

Customize

Aposente a sacola plástica

Recicle seu lixo

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Aspas Colaborativo Novembro 2012+ 15

Mais dia,

Nathália Calih e Fernando Lima

Pedalando pelo

Ampliar ciclovias e aumentar o número de faixas exclusivas para ciclistas. Este é o desejo do grupo Bicicletada Recife, que aderiu à ideia internacional conhecida como Massa Crítica, grupo de pessoas que se encontram todo mês para desfrutar do prazer de pedalar pela sua própria cidade em segurança. O grupo cobra das autoridades um planejamento da mobilidade urbana que leve em conta o usuário de bicicleta, am-pliando a malha de ciclovias da cidade. Além disso, também cobra atitudes coerentes e conscientes de empresários e cidadãos.

Em sua página no facebook, os bicicleteiros criticam estabeleci-mentos comerciais que propagam iniciativas sustentáveis, mas não disponibilizam bicicletário. “Lu-gar de bicicleta é no bicicletário, de preferência perto da porta. Nesses locais a garagem só é longe da porta por que o carro é grande, no caso das bicicletas não tem necessidade dessa distância”, diz Cézar Martins, integrante do grupo Bike Anjo. No álbum de fo-tos “Aqui tudo é verde, mas só na tinta”, o grupo ironiza o “investi-mento de fachada” da empresa em sacolas retornáveis, cestas de com-pras e customização de cartões de crédito com cores verdes ou temas florais.

As práticas sustentáveis devem ser rea-lizadas principalmente pelas grandes po-tências industriais, mas os países subde-senvolvidos também têm sua parcela de responsabilidade, quando desprotegem os mananciais e olhos d’água, por exem-plo.

Países da América do Sul desperdiçam a potencialidade de água natural que a re-gião possui. Em paralelo, existem países onde o nível de abastecimento de água é baixíssimo, como alguns situados no con-tinente africano, Oriente Médio e partes da Ásia, que tentam encontrar alternati-vas para atender às necessidades de sua população.

A sustentabilidade tenta justamente encontrar o caminho para continuar pro-duzindo para atender às necessidades das sociedades atuais, mas cuidando melhor do planeta. O mais interessante, de verda-de, seria a diminuição dessa produção a fim de poupar o planeta.

Um dos princípios sustentáveis é co-nhecido como 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. É economicamente melhor que haja uma reutilização ou reciclagem, por-que esse tipo de ação gera uma atividade entre as camadas mais pobres da socieda-de, que vão tratar o lixo, transformá-lo e receber por aquele trabalho. Ao mesmo tempo em que reciclando despejam-se menos resíduos e preserva-se a matéria-prima extraída da natureza.

Visão empreendedora

As discussões sobre as energias limpas cada vez mais se encaminham para a con-clusão de que elas são a resposta à susten-tabilidade num futuro bastante próximo. Embora a indústria ainda resista pelo alto custo das energias limpas e renováveis, esta é uma tendência crescente, pelo me-nos nas empresas comprometidas a pen-sar alternativas menos poluentes.

Para fazer a diferença, é preciso apos-tar na capacidade criativa e na visão em-preendedora: “O uso da sustentabilidade através do empreendedorismo está rela-cionado à busca da inovação para atender aos desejos e necessidades dos clientes, utilizando os recursos naturais sem com-

prometer a satisfação das necessidades das gerações futuras”, esclarece o enge-nheiro Luiz Guimarães, coordenador do curso de Administração da Barros Melo.

Embora recorrente no campo da econo-mia, a sustentabilidade só é aplicada em projetos específicos, mas ainda não faz parte da formação de base do economista. “É de fato, muito interessante que haja um estudo voltado para isso, mas a aplicação nem sempre é comum. Na construção de um prédio com essa visão sustentável, por exemplo, é possível trabalhar aplicando o conhecimento de economista, mas isso não ocorre frequentemente”, explica José Alexandre Ferreira, coordenador do curso de Economia da Universidade Católica de Pernambuco.

De olho no consumidor

O publicitário Daniel da Hora acredita que o tema da sustentabilidade tem pau-tado a comunicação de algumas empresas que possuem projeto neste campo, afinal de contas, ele ressalta, as primeiras mar-cas que comunicarem isto, terão grande vantagem competitiva e serão as mais lembradas pelo consumidor, cada vez mais preocupado em saber como os pro-dutos e as marcas que ele consome lidam com questões como meio ambiente, ges-tão, mobilidade, reciclagem e ações adja-centes.

“A publicidade contemporânea tem sempre muita habilidade em perceber os temas mais relevantes da sociedade e uti-lizar isso como matéria-prima”, explica da Hora. “Neste sentido, o próprio mer-cado publicitário já tratou de estabelecer em seu código de autorregulamentação diretrizes sobre a publicidade de produ-tos sustentáveis”.

Desde 2011, o CONAR, órgão que regu-lamenta a profissão e suas condutas, traz indicações de como proceder, garantindo a clareza de informação sobre as práticas sustentáveis na fabricação e comerciali-zação dos produtos que trazem este tipo de apelo. Aos consumidores, cabe domar seus impulsos, deixando velhos hábitos de lado e adotando o consumo conscien-te, porque se a sustentabilidade não for colocada em prática na vida das pessoas, muito em breve o fim do mundo realmen-te chegará.

menos dia

VERDE

Nathália Calih

A sociedade tem que entender que um mundo sustentável é a saída. Senão, vai ser – literalmente – o fim do mundo.

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