UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE … DOS SANTOS ALMEIDA.pdf · 2009-08-05 · desde cedo...

36
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICA PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” AVALIAÇÃO: O OLHAR DO SUPERVISOR ESCOLAR POR: EUNICE DOS SANTOS ALMEIDA ORIENTADORA PROF.A MARIA ESTHER ARAÚJO DE OLIVEIRA RIO DE JANEIRO 2003

Transcript of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE … DOS SANTOS ALMEIDA.pdf · 2009-08-05 · desde cedo...

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVALIAÇÃO: O OLHAR DO SUPERVISOR ESCOLAR

POR: EUNICE DOS SANTOS ALMEIDA

ORIENTADORA PROF.A MARIA ESTHER ARAÚJO DE OLIVEIRA

RIO DE JANEIRO 2003

222

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVALIAÇÃO: O OLHAR DO SUPERVISOR ESCOLAR

Apresentação de monografia ao conjunto Universitário Cândido Mendes como Condição prévia para conclusão do Curso em Pós-graduação “Latu Sensu” Em supervisão Escolar Por Eunice dos Santos Almeida

333

DEDICATÓRIA

À minha mãe Florisbella, minhas irmãs Haidée, Maristela e minha sobrinha Marcelle, que estão sempre presentes em minha vida e são pessoas fundamentais para eu existir. Às minhas amigas Selma, Simone, Gisele, Marta, Ana e Tânia que juntas conseguimos superar vários obstáculos e...; Vencemos!

444

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por essa rica e maravilhosa oportunidade em minha vida. A ti Senhor, toda honra, toda glória e todo louvor... Obrigada por cada sorriso, por cada amigo, por cada obstáculo vencido.

555

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................ 6 CAPITULO I: O CONCEITO DE AVALIAR.......... 8 CAPITULO II: CONCEPÇÕES A RESPEITO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR............................................ 15 CAPITULO III: O SUPERVISOR ESCOLAR E A AVALIAÇÃO................................................................. 24 CONCLUSÃO ................................................................ 35 BIBLIOGRAFIA.............................................................. 36

666

INTRODUÇÃO

Dentre as diferentes temáticas que pupulam nos cursos de pedagogia e nas

escolas, surge amplamente divulgada a questão da avaliação.

Tema polêmico porque complexo e contraditório. Sua complexibilidade reside

na dificuldade de se encontrar meios de avaliação que se comportem de modo imparcial

nas formas tradicionais de avaliar: provas ainda são os modelos adequados para medir

conhecimento?

Por sua vez, a contradição que é histórica, transparece no fato contundente de

que se a contradição é antiga, significa que pouco se fez concretamente pelo tópico em

pauta.

Diante desse impasse, esta monografia visa definir, conceitualmente, a avaliação

escolar. Apresenta em paralelo, os teóricos nacionais mais importantes que discutem o

tema apresentado.

A pesquisa identifica também o histórico da avaliação escolar no seio da

educação brasileira, apontando incongruências nos métodos cristalizados de avaliar.

Reconhecidamente a prova é o seu símbolo.

Questionamos a relação ensino e avaliação para levantar os erros de percurso

educacional.

Afinal, a avaliação escolar demonstra o êxito ou a falência do aprendizado.

A análise sobre a avaliação avança em suas indagações ao debruçar-se,

transversalmente, nas questões políticas e ideológicas diluídas nas propostas adotadas

por cada unidade escolar.

Partindo da premissa que o educador deve ser um profissional politizado e

participante, o questionamento embasa sua fala na proposta por uma escola dinâmica e

otimizadora da cidadania - em clara referencia ao conceito de escola-cidadã.

A pesquisa opta por uma visão interdisciplinar da pauta avaliação e reivindica a

ativa participação do Supervisor Educacional nos processos decisórios a respeito dos

meios avaliadores. Dessa maneira, investiga no quadro disciplinar a ação da supervisão

Escolar um meio viável para renovação do conhecer e aplicar a ação avaliadora.

777Para testemunhar a importância do Supervisor. A investigação levanta os

pressupostos das atribuições do profissional desta área educacional no seio da

instituição escolar, correlacionando sua práxis com o tópico da avaliação escolar.

Para declinar sobre tantos temas correlatados ao macrotema da avaliação,

valemo-nos dos profícuos ensinamentos de Jussara Hoffmann, Perrenoud, Luckesi entre

outros que abrilhantam essa inaugural pesquisa universitária.

Seguramente transitaram por essas paginas de modo implícito os impagáveis

ensinamentos adquiridos ao longo da jornada acadêmica. Decididamente, a monografia

de final de curso de graduação é o coroamento de um esforço conjunto do corpo

discente e docente.

Diluídas por essas paginas estão as lições diárias de nossas professores, as

experiências vivenciadas nas salas de aula através do intercâmbio com os colegas de

classe. Certamente esta oculto na escolha do tema – avaliação – a influencia saudável e

enriquecedora de professores, orientadores... e por que não dizer amigos e promotores

de nossa vitória acadêmica.

888

CAPITULO I

O CONCEITO DE AVALIAR

A educação e de hoje se mostra mais socializadora; não é algo estanque e não

esta voltada apenas, e simplesmente, para a transmissão de conteúdos. A educação atual

tem como princípios fundamentais a preparação para a vida e a sociedade moderna, com

seus múltiplos desafios.

Esta na ordem do dia a conscientização da cidadania que cada um deve adquirir

desde cedo para haver respeito á pessoa, ao patrimônio privado e publico e `a natureza.

Não basta mais ir a escola para aprender ler e escrever. A escola, ao lado do seu papel

informador passou a ser formadora do cidadão no que se refere ao contexto

sociocultural. Por isso, deve problematizar as questões da realidade na qual esta

inserida.

Em meio a esse contexto, com as constantes mudanças ocorrida no campo da

ciência e em vários setores da sociedade, faz se necessário transformar a escola para que

ela atenda a demanda dos temas do cotidiano como desemprego ecologia , globalização.

A escola que desejamos deve estar inserida dentro de uma pedagogia engajada

com a transformação e crescimento do indivíduo que deve formar e informar. Por isso é

imperioso repensar o processo ocorrido dentro da sala de aula, através da reflexão e

critica constantes sobre todo o contexto social do grupo escolar. A analise deve ser

efetuada ao longo do caminho escolar do alunado, isto é, variando a idade a cada série

que o aluno cursar.

A escola moderna, portanto, se mostra insubstituível numa sociedade que se

quer democrática e progressista, visto que âmbito escolar se propõe as melhores

condições, para fazer interagir cada aluno com o mundo contraditório e desafiador que

ele tem à sua frente.

A sim, redimensionar a educação, é repensar a escola e seus componentes:

professores, coordenadores, orientadores, direção e pessoal de apoio técnico-

administrativo, além do objeto de atenção desses educadores, ou seja, o alunado.

A moderna pedagogia que interage o educando com seus correlatos sociais:

econômico/jurídico/político/ecológico/educacional deve atentar para conceber um

999ensino de qualidade e que, em longo prazo, efetive mudanças na formação acadêmico-

moral dos discente, para que eles não se torne cidadãos participativos e colaboradores

na sociedade ao qual pertençam.

A presente monografia busca discutir, no complexo quadro educacional a

questão da avaliação: sua matizes e diversificadas correntes de metodologia avaliadora.

Reconhecer suas incoerências (pontos positivos X pontos negativos), resultados

quantitativos e qualificativos.

Cabe indagar, então, o que venha ser o ato de avaliar?

Quando falamos em avaliação, estamos falando do nosso dia a dia, do nosso

cotidiano a nossa vida é permeada de ações avaliativas. Ao longo do dia avaliamos

como nos vestimos, como nos sentimos, como é o nosso comportamento interpessoal

continuamente; e por vezes nem nos damos conta disso.

Avaliar é algo intrínseco ao ser humano. Algo que faz parte da nossa

constituição psíquica e que o nos diferencia dos demais animais, pois avaliamos e

buscamos novas perspectivas para não repetirmos erros cometidos, injustiças a terceiros

a nós mesmos à natureza.

Existem semelhanças entre o ato de avaliar, intrínseco a raça humana e a

avaliação no âmbito educacional, assim, entendemos que a avaliação na educação é a

diagnose de processos e propostas que coordenadores, direção e professor de sala de

aula utilizam para verificar o que se aprende - o como, o quando e o porquê.

Romão Eustáquio adverte para o perigo que a avaliação representa, pois avaliar

é muito fácil qualquer um pode faze-lo essa é uma das crenças mais perigosas dentre as

disseminadas entre os educadores brasileiros.

A avaliação é dual, visto que implica na atuação dos dois vértices do ensino-

aprendizagem, ou seja, corpo docente e discente. Ao avaliar o aluno em termos

quantitativos ou qualificativos, o educador avalia sua performance, sua metodologia em

sala de aula seus recursos didáticos (uso do quadro negro, do retoprogetor, da voz, do

material impresso, do livro adotado).

Pensar em termos de avaliação subentende o próprio processo característico

das escolas de avaliar: provas, trabalhos individuais e coletivos, seminários.

111000A escolha do método avaliativo revela qual seja a postura ética e

acadêmica da escola. Ou seja, os meios de avaliação são os Raios-x da direção

pedagógico-metodológica da instituição. Quando a instituição opta por uma avaliação

repetitiva, autoritária e sem alternativa, revela que não se preocupa com as diferenças

culturais e cognitivas de cada aluno. Se cada um deles aprende de modo com ritmo e

variedade diversificada é de se esperar que sua avaliação, oral ou escrita, atenda à suas

peculiaridades. Impor um modelo único é romper com o ideal de democracia e

pedagogia progressista

.A questão da avaliação vem sendo amplamente discutida por teóricos e

profissionais de educação. Distinguimos teóricos de profissionais porque muitas das

vezes o teórico nunca lecionou na sala de aula. Trata-se de um estudioso que concebe

conceitos sobre avaliação sem Ter a experiência cotidiana com o alunado. Profissionais

da educação, segundo nossa definição, é o educador atuante que tem o magistério como

ofício e meta.

Dentre esses teóricos do tema da avaliação destaca-se Romão Eustáquio que

salienta a importância da avaliação criteriosa: “Avaliar não é simples e exige o domínio

de conhecimentos e técnicas além de experiências em processos concretos de

avaliação.”1

Contudo, ambos estão aptos a discutir a avaliação como forma de medir, julgar

avaliar, aferir notas e/ou conceitos. No campo da avaliação institucional podemos

pensar que o educador pode também errar ou não ao qualificar o aprendiz para esta ou

aquela tarefa e pode reprova-lo ou promove-lo à série seguinte.

Nesta perspectiva, indagamos: avaliar para quê? Para hierarquizar, excluir

selecionar, classificar, verificar, rotular ou alienar estas palavras estão impregnadas de

significados macerados pelos valores do contexto pedagógico institucional em que a

prática pedagógica acontece, pela visão do mundo de uma determinada classe social e

pelos princípios éticos dos sujeitos que a produzem.

Este julgamento de valor tem função de classificar o aluno num padrão que se

divide em: superior, médio ou inferior. Tal julgamento reproduz o modelo de

classificação social, onde estão camufladas as formas de representação de poder.

1José ROMÃO. A avaliação dialógica. P.44.

111111Romão Eustáquio em seu livro Avaliação dialógica exemplifica esse

processo:

Avaliar é tão complicado que se torna praticamente, impossível

faze-lo de forma correta. Este mito se desdobra em dois níveis. No primeiro, a

impossibilidade da avaliação correta é atribuída à complexibilidade por se tratar de

uma atividade intelectual, com envolvimento de ordem cultural, social, política,

psicológica, econômica e afetiva. Num segundo, e este diz respeito à avaliação do

professor, busca-se justificativa no argumento de que ninguém pode avaliar, senão ele

próprio, o trabalho de um profissional especializado em determinado campo de

conhecimento..2

Cipriano Luckesi abrilhanta o parágrafo anterior com sua conclusão: “

classificações que são registradas e podem ser transformadas em números, e, por isso,

adquirem a possibilidade de serem tomadas e divididas em médias”.3

Todo professor é um avaliador! Para auxiliar e nortea-lo nessa tarefa é

necessário dota-lo de um comportamento reflexivo, um aumento constante de sua

capacidade decisória de aferir notas e/ou conceitos, inovando e, sobretudo, aprendendo

sem parar para ampliar sua experiência.

Hoffmann discute em seus instigantes textos a questão política que reside no

bojo discussão sobre avaliação:

A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável

enquanto problematização, questionamento, reflexão sobre ação.

Um professor que não avalia constantemente a ação educativa,

no sentido indagativo, investigativo, do termo, instala sua docência em verdades

absolutas, pré-moldadas e terminais4.

2Idem, p.48 3Cipriano, LUCKESI. A avaliação da aprendizagem escolar. P.23. 4Jussara, HOFFMANN. Avaliação. Mito. Desafio. P.16.

111222No cotidiano da escola, a avaliação, nesta abordagem, tende a considerar,

ou distinguir, os bons dos maus alunos. Mas será que tal distinção leva em conta, o

respeito às diferenças individuais?

As formas de avaliar também modelam o educando. Enquanto ele for moldado

por provas impiedosas (orais ou escritas) não vai Ter oportunidade de ser seletivo em

relação aos meios de aprendizagem que a escola aplica. Ou seja, o aluno não terá

oportunidades de aprender novas formas de medição de sua capacidade intelectiva. E se,

amanhã, quiser ser professor, provavelmente, repetirá o jogo sórdido das avaliações

imperativas e pouco criativas. Porque devemos salientar que professores preguiçosos

costumam repetir, ad infinitum, modelos de conteúdos e provas. Somando à autoridade

da prova, a repetição de questionamentos que, na maioria das vezes, não respondem às

questões que estão na ordem do dia.

Está no bojo da avaliação tradicional a cristalização de modelos únicos de

medição do saber. A repetição do modelo-prova de múltipla escolha, preenchimento de

lacunas, correlacionamento de colunas, não oportuniza ao alunado o exercício do

raciocínio dedutivo. Dessa forma, quando o aluno deve se submeter-se a exames

dissertativos, encontra-se impossibilitado e defasado em relação aos outros

concorrentes, que têm o hábito da leitura e da análise do mundo ao seu redor.

O Brasil tem a sua frente o grande desafio da escolarização e, posteriormente, a

qualificação profissional. Os princípios destes ideais estão bem claros na nova

legislação educacional. Concluímos que a escola que não se moderniza, contribui para a

redução do numero de competidores no mercado de trabalho, porque não lhes dá a

oportunidade de avaliação inteligente.

Vivida positivamente, a avaliação escolar vai qualificar os alunos de modo que

eles se desenvolvam adquirindo identidade individual e social. É um movimento que

coincide com o próprio desenvolvimento do homem e que vem especificar a sua

natureza de acordo com os elementos naturais e culturais de sua existência. Esse

processo não é passível de mensuração, como não o é a aprendizagem que dele decorre.

Vale ressaltar que há, no momento, uma busca de novas propostas e novas

metodologias por parte de escritores/educadores e de professores, que possa trazer à luz

novos conceitos a respeito do ensino e dos meandros da avaliação. Cabe a cada

professor atualizar-se acerca do que se apresenta de novo. É exatamente, a discussão

111333desses questionamentos que evidencia o quanto à avaliação não pode ais servir

como selecionadora de quem passa e de quem é reprovado, numa divisão das melhores

e piores turmas.

É preciso que a avaliação sirva para que todos possam Ter experiência que

norteiem e orientem sobre as dificuldades: do professor ao ministrar as aulas e dos

alunos em aprender os conceitos lecionados. A avaliação deve aferir os pontos

positivos/negativos e as necessidades de cada um (professor/alunado).

Encontramos nas páginas escritas por Hoffmann elucidativas informações

sobre o que foi dito no parágrafo anterior: “ exercendo a avaliação como função

classificatória e burocrática, persegue-se um princípio claro de descontinuidade, de

segmentação, de parcelarização do conhecimento”.5

Deduzimos que a aceitação dessas idéias está centrada nas novas tentativas de

avaliar de outra forma - abandonando os modelos vigentes: arcaicos e autoritários. A

discussão que se instalou nos centros acadêmico, sugere que o conceito de avaliação

envolve auto-avaliação permanente do educador paralela ao alunado. O aluno tem que

perceber quais são suas dificuldades enquanto aprendiz: ele não recebe notas altas

porque é relapso durante as lições? Ou porque não estuda em casa? Ou ele é atento e

estudioso, mas durante as provas ele se sente acuado e temeroso e, psicologicamente,

alterado acaba por realizar um péssimo exame?

É difícil mudar a avaliação sem alterar todo o modo de operacionalizar da

escola, ou seja, a proposta didático-pedagógica instituída pela direção que inclui o perfil

dos professores e coordenadores, além do currículo e da programação letiva – esta

envolve o calendário cívico e as atividades para-escolares (passeios, gincanas, jogos

competitivos).

Desejamos que uma visão mais ampla e aprofundada no eixo ensino-

aprendizagem surja como instrumento de aumento do sentido educativo da escola.

Modificando assim as relações entre educandos e educadores, na ampliação da

construção de saberes e de valores que propiciem a formação de alunos-cidadãos, para

formarem um novo quadro social num futuro não distante e nem utópico.

5Jussara HOFFMANN. Avaliação. Mito. Desafio. p.100

111444Almejamos uma educação voltada para o conhecimento sem a estrutura

estática de apenas transmissão de conhecimento. Mas um processo de descoberta

mediado pelo educador ao educando. Nesta escola, que por enquanto é apenas uma

idealização, existirá uma valorização do processo do aprender enquanto se ensina,

porque o professor deve estar consciente de que enquanto leciona, ensina e aprende,

infinitamente, com seus alunos. Nesse contexto o eixo organizador das representações

da avaliação positiva configura-se como: “qualificação do aluno enquanto sujeito

cognoscente e interativo”.6

6 Jussara HOFFMANN. Avaliação. Mito. Desafio.. p.14

111555

CAPÍTULO II

CONCEPÇÕES A RESPEITO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

Este capítulo trata da concepção de diferentes autores sobre o tema de

avaliação.

A palavra avaliação, segundo o renomeado Aurélio é: “apreciação, análise” . o

dicionarista propõe também a divisão do termo em duas vertentes: avaliação formativa

(“processo dentro de um programa institucional, visando aperfeicoá-lo”) e avaliação

somativa (“visão do mesmo processo enfoque de julgamento”).1 desse modo, a

avaliação formal se dá por dois percursos: o de aferir o que se aprende e a soma do que

se aprende em diferentes contextos.

A complexibilidade crescente na sociedade vem trazer profundas modificações

no âmago da escola, da educação. São modificações sociais que envolvem a tecnologia

e ciência, mas também são modificações que influenciam na cidadania e propõe

reflexão e críticas. Notavelmente, a ação de avaliar percorre os avanços tecnológicos e

científicos. Martins Prado elucida com brilhantismo a complexibilidade do mundo

globalizado:

Sabe-se que aprender é um ato complexo e individual, onde o

sujeito, o educando procura adaptar-se ao meio procurando respostas para diversas

situações que este meio apresenta. Assim se dá o desenvolvimento de diversas

aprendizagens, o processo educativo se constitui das aprendizagens sucessivas,

gradativas e constantes.2

A avaliação é um dos pontos cruciais do eixo ensino-aprendizagem. Tal

terminologia mede o resultado de todo o processo educacional instaurado pela escola. A

avaliação é o espelho do que e como foi feito. Em linguagem estatística seria o gráfico

que reproduz o fracasso ou o sucesso da instituição porque revela os índices dos

aprovados reprovados.

1 Aurélio BUARQUE. Novo dicionário da língua portuguesa, p.85.

1116662José MARTINS PRADO. Princípios e metas da orientação educacional, p.18

Sobre o tema reprovação, Romão faz assertivas contundentes:

A eficácia da reprovação como instrumento de recuperação da aprendizagem

(...). recuperação é aliás algo ambíguo. Recuperar algo significa restaurar o que se

perdeu. O que o aluno perdeu? Nada, se ainda não ganhou o conhecimento que se

pretendia que ele alcançaria.

A recuperação e a reprovação batem fundo na auto-estima do aluno e alimenta

o processo de internalização da cultura do fracasso.3

Tema palpitante tem provado polêmica entre os pensadores educacionais.

Indiscutivelmente não se chega a um acordo tácito na escolha da melhor metodologia

avaliadora do que foi ensinado e do que aprendido. Por isso, se publica tanto a respeito

desta temática e, em síntese, percebe-se que a divergência de idéias supera a

convergência.

1.1 Concepções Históricas sobre Avaliação:

A questão da avaliação é amplamente discutida e abordada dentro e fora da

escola. É uma busca constante sobre a definição do real significado e de sua verdadeira

função social. São autores, brasileiros em sua maioria, que em suas vivências e

pesquisas lançam olhares diversos sobre a avaliação.

Desse modo, pode-se observar alguns exemplos sobre o mesmo tema:

Vera Werneck revela uma visão ampla sobre o processo de avaliar e procura

mostrar a amplitude do tema enfocando sua importância: “o ato de avaliar, mostra o

desejo do ser humano de superar-se e de não aceitar passivamente a situação”4

. 3José ROMÃO. A avaliação dialógica ,p.44/46 4Vera Werneck. A questão da velha e da nova avaliação. p.56

111777Para Ana Maria Saul,5 avaliação não é um fim, mais um meio, talvez o

mais importante de todo o processo educativo. Não se trata, em educação, de avaliar

apenas o conteúdo, mas está sempre revendo conceitos e valores. Embora sua visão

esteja centrada no processo educacional, existe em seus estudos uma ramificação mais

ampla porque vislumbra que as transformações estão intrínsecas no processo de ensinar

e avaliar e vão além do universo educacional, propondo, por extensão, transformação

sociais.

A autora propõe um novo modelo de avaliação para o brasil: a avaliação

emancipatória apresenta-se como um novo paradigma que simboliza um projeto de

transformação da pratica do universo da educação brasileira.

Luckesi visa detectar os níveis de aprendizagem atingidos pelos alunos e

decidir (decisão essa, proveniente do professor) o que precisa ser feito para corrigir

defeitos, sua visão é também uma proposta de avaliação diagnostica que deve ser parte

de um processo contínuo e global de ação e reflexão (inclusive com a proposta de auto-

avaliação – uma visão geral do acompanhamento na construção do conhecimento total

do aluno). Segundo o autor: “a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de

compreensão do estágio, de aprendizagem em que se encontra o aluno para que se possa

avançar no processo de aprendizagem”6.

O autor propõe uma critica a chamada pedagogia do exame – em referencia às

provas tão temidas pelo alunado :

Pais, sistema de ensino, profissionais de educação, professores

e alunos, todos têm suas atenções centradas na promoção ou não, do estudante de uma

série de escolaridade para outra.

Pedagogicamente do exame, esta centrada nas provas. Tal

avaliação não cumprirá a função de subsidiar a decisão da melhoria da aprendizagem.

Psicologicamente é útil para desenvolver personalidades

submissas. (...)desenvolvendo o auto controle psicológico, que talvez seja, a pior forma

5Ana Maria, SAUL. Avaliação emancipatória. p.43. 6Cipriano LUCKESI. A avaliação da Aprendizagem escolar, p.48.

111888

de controle, porque o sujeito é preso de si mesmo.7

São pressupostos básicos na delineação de uma nova proposta de avaliação, a

avaliação mediadora, que nos fala Hoffmann. Segundo a autora, avaliar é a dinamização

das oportunidades, o acompanhamento permanente e o desafio dentro do ritmo de cada

aluno. Encontramos a base desse pensamento na teoria de Vigostsky e a questão do

sócio-interacionismo. Dentro deste prisma a autora ressalta a importância do ritmo de

cada aluno e sua passagem pelos diversos níveis de aprendizagem.

A renomada escritora nos informa que: “Essa avaliação é ação, no sentido de

levar o aluno do saber provisório a um saber enriquecido. Nessa visão, não há um

resultado único. Há um processo. Há sempre um vir a ser”8

Hoffmann critica testes e provas porque eles são entendidos como instrumentos

de constatação e mensuração e não de uma investigação:

Considero que o reducionismo da avaliação à concepção de

MEDIDA denuncia uma consciência ingênua do educador no tratamento desse

fenômeno, pois ele não se aprofunda nas causas e conseqüências de tais fatos,

cometendo equívocos de maneira simplista.

A arbitrariedade na atribuição de graus e conceitos acontece

porque as notas, na maioria das vezes não correspondem a pontos referencias

determinados assim, vale a impressão geral dos professores e sua decisão individual do

que seja a graduação numérica representada do maior ou menos comprometimento do

aluno.9

A avaliação escolar, segundo Perrenoud, não existe sem relação social sem

comunicação interpessoal. Insere-se no sistema de ensino como um mecanismo que

7Idem, p.22/23/24. 8Jussara HOFFMANN. Avaliação. Mito. Desafio. p.100 9Ibidem, p50/51/52.

111999converte as diferenças culturais em desigualdades escolares. Por outro lado a análise

do seu processo mostra que “não existem medidas automáticas avaliações sem avaliador

nem avaliado; nem se pode reduzir um ao estado de instrumento e o outro ao de

objeto.”10

Ainda segundo Perrenoud: “deve se conceber a avaliação como um momento

de confronto entre as estratégias do professor que quer estimar o que vale realmente

cada aluno.”11 destacando-se assim a relação interpessoal entre discente e docente que

concebe o diálogo como melhor forma de encaminhar a avaliação.

Avançando em nossa análise é momento de nos deter na visão de Romão

Eustáquio da Fundação Paulo Freire: “A avaliação se transforma em mais um momento

de aprendizagem, tanto para o professor como para o aluno”12

Indispensável dizer que o educador pernambucano marca profundamente a

educação contemporânea com sua visão e sua proposta. Com cunho político e, sobre

tudo, de transformação.

A avaliação dialógica, preconizada por Romão encontra-se na medição o

espaço de reflexão. Intermediar e refletir ambos fatores priorisam uma nova tomada de

decisão, uma transformação total do aluno em seu processo escolar o que, seguramente,

vai refletir na sociedade.

O autor da terminologia avaliação diagnóstico assinala com um comentário

instigante:

Ao contrário, a escola cidadã na qual se desenvolve uma educação

libertadora, o conhecimento não é uma estrutura gnoseológica estática, mas um

processo de descoberta coletiva, meatizada pelo diálogo entre educando e educador.13

Adriana de Oliveira Lima, em seu livro, faz uma referência a Michel Foucaut e

as relações de poder que subsistem na vida de cada indivíduo no reflexo na avaliação

enquanto processo de seleção, relação social e educação voltada para a submissão:

10Phillipe PERRENOUD. Avaliação. p.218. 11Idem, p.200. 12José ROMÃO. A avaliação dialógica ,p.95 13José ROMÃO. A avaliação dialógica ,p.88.

222000 “Tentar uma avaliação que perpasse ao largo dos belos

discursos que jamais são postos em prática.”14

Percebemos, portanto, os pontos comuns nessas varias conceituações no olhar

de cada autor e sua especificidade. Há um ponto tangente: a avaliação deve ser

presumida, não como um fim mas um dos meios, talvez o mais importante do processo

educativo.

Ao professor não cabe apenas avaliar os conteúdos e a produção sistemáticas

do conhecimentos por parte dos alunos. Ao professor concerne estar a cada momento

revendo conceitos e valores propedêuticos. Inclui-se neste elenco a articulação da teoria

e da prática. Através do questionamento e da crítica. Favorecendo, assim, a reflexão e a

proposta de novos rumos.

Voltada para a transformação da postura do aluno e do professor, o ideal de

avaliação testemunhada pelos autores citados é muito mais do que a expressão de

determinados conceitos para os alunos, ao contrário ela expressa postura do educador

comprometido com a construção de conhecimentos e valores numa escola democrática,

plural e interdisciplinar.

Repensar o papel da imagem da escola diante da comunidade. Esta é a

premissa básica e fundamental da nova avaliação no meio educacional contemporâneo

Voltada para transformar, a avaliação é muito mais do que a reprodução de

determinados conceitos para os alunos. Concebida desta forma, ela reflete a postura do

educador comprometido com todos os avanços interdisciplinares na construção de

conhecimentos e valores cívicos e civis numa escola democrática que forma cidadãos

democráticos e conscientes de seus valores e deveres.

Por conseguinte, uma escola que reflita os anseios de democracia da sociedade

na qual esta inserida, deve ser participativa e fundada em valores de cidadania. que

reconhece a singularidade das pessoas.

14Adriana de OLIVEIRA LIMA. A avaliação escolar :julgamento ou construção. p.56

222111Efetivamente essa escola considerará que a avaliação é apenas um meio

para diagnosticar as necessidades, as dificuldades e os desvios de aprendizagem (dos

docentes e dos discentes) na caminhada escolar.

Almejando redefinir as ações pedagógicas para o êxito dos saberes pelos alunos.

A escola é um espaço onde se formam jovens que são construtores da

sociedade em que vivem e exercem a cidadania, pela dinâmica social num processo de

ação e interação com a realidade apresentada.

Os estudiosos do tema da avaliação repensam, atualmente, o que ocorreu no

caminho do processo avaliativo ao longo dos anos nos diferentes níveis escolares, nas

instituições públicas e privadas.

A avaliação agora, é orientadora do processo de compreensão por parte do

professor em relação aos processos que os alunos usam para aprender e reter o que lhes

ensina. O professor que não estiver só preocupado em “detectar” os resultados

insuficientes e classifica-los, poderá instigar o estágio de desenvolvimento do aluno.

Mediando os índices de avaliação e de reprovação. Aprendendo com os bens sucedidos

do mesmo modo que com os maus sucedidos nas provas, por exemplo.

As avaliações ( e seus instrumentos) devem basear-se no dialogo com o corpo

discente tendo em vista a mediação social e simbólica que os meios de avaliação apenas

engendram, isto é, estruturando o ato de avaliar a partir do histórico sociocultural do

aluno. Buscando, desta forma, a interação do sujeito com o mundo numa atividade intra

(consigo mesmo) e interpessoal (com o outro) para aprender a pensar o mundo.

Quando o sentido da avaliação deixa de ser a busca da resposta certa, cria-se o

espaço para que as diversas respostas possíveis seja confrontada, gerando novos olhares,

percepções e conhecimento. Ou seja, oportunizando as hipóteses que os alunos,

individual ou conjuntamente, possam perceber na problematização (seja na disciplina de

matemática, português, língua estrangeira, etc.) que foi apresentada e na busca de uma

solução possível de ser aplicada.

É desafiador repensar o que é avaliar e como faze-lo, mas principalmente o

porque fazê-lo.

222222

Capitulo III

O Supervisor Educacional e a Avaliação

Você pode fazer a diferença:

Relata a senhora Thompson que no seu primeiro dia de aula parou em frente

aos seus alunos e , como todos os demais professores, disse-lhes ‘que gostava de todos

por igual.’

No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila

estava sentado um pequeno garoto chamado Teddy. A professora havia observado que

ele não se dava bem com os colegas e muitas vezes suas roupas estavam sujas e

cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia prazer em dar-lhes nota

vermelha.

No início de cada ano letivo, cada professor era solicitado a ler com atenção a

ficha escolar dos alunos para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano. A

senhora Tompssom leu a anotação de Teddy por último e qual não foi a sua surpresa: a

professora do primeiro ano escolar de Teddy havia anotado o seguinte: “Teddy é um

menino brilhante e simpático, seus trabalhos estão sempre em ordem e muito nítidos,

tem bons modos é muito agradável”

A professora do segundo ano escreveu: “Teddy é um aluno excelente e muito

querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma

doença grave, desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito

difícil”

Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: “A morte de sua

mãe foi um golpe duro para Teddy. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem

nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providencias para

ajuda-lo”

A professora do quarto ano disse: “Teddy esta muito distraído e não mostra

interesse nenhum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala.”

A Sra. Tompssom se deu conta do problema e ficou terrivelmente

envergonhada. Sentiu ainda pior quando lembrou dos presentes de Natal que os alunos

222333lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos exceto o de Teddy que estava

enrolado num papel marrom de supermercado. Lembrou-se também que abriu o pacote

com tristeza em quanto os outros riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e

um vidro de perfume

pela metade. Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no

braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Teddy lhe disse que ela estava cheirosa

como sua mãe. Naquele dia, depois que todos foram embora a professora Tompsom chorou por um longo

tempo...

em seguida, decidiu mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus

alunos, especialmente Teddy. Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto

mais carinho e atenção mais ele se animava. Ao finalizar o ano letivo Teddy saiu como o melhor da

classe. Um ano mais tarde, a Sra. Tompsom recebeu uma notícia em que Teddy lhe dizia que ela era a

melhor professora que já teve na vida.

Seis anos depois, recebeu outra carta de Teddy contando que havia concluído

o segundo grau e ela continuava sendo a melhor professora que ele já tivera. Notícias

se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Theodore

Stoddard, seu antigo aluno mais conhecido como Teddy.

Mas a história não terminou aqui. A Sra. Tompsom recebeu outra carta de

Teddy que a convidava para o seu casamento. Ela aceitou o convite e no dia do

casamento estava usando a pulseira que ganhou de Teddy, e também o perfume.

Quando os dois se encontraram, abraçaram-se longamente e Teddy lhe disse:

“Obrigado por acreditar em mim e me fazer importante, demonstrando-me que posso

fazer a diferença.”

Mas ela, com os olhos brilhando, sussurrou baixinho: “Você está enganado.

Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até

que conheci você.”

Ilustrando esse relato (de autor anônimo) nos remetemos a Hoffmann:

Mas importante do que a ler e escrever, explicar matemática é preciso

ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando. Mais do que aplicar

provas e dar notas é importante ensinar com amor, mostrar que é possível sempre fazer

a diferença.1

222444A breve história transcrita tem um valor irrefutável e instiga a varia

reflexões e sugestiona questionamentos e tomadas de decisões. Mas também serve para

demostrar a importância de todos os elementos no processo educativo.

Numa avaliação correta e coerente todos são importantes agente

educativos. É óbvio dizer que os mais relevantes são o aluno e o educador. Porem há

uma figura que salvaguarda todo esse meandro, trata-se do Supervisor Escolar, que tem

uma amplitude muito grande no caminho da avaliação.

A função do Supervisor Escolar surgiu de uma necessidade de fora da

escola nos anos 60 e 70 concebeu-se a Supervisão como especialidade pedagógica a

qual incumbe garantir a efetividade e eficiência dos meios e eficácia dos resultados do

trabalho didático-pedagógica da e na escola. A supervisão tem como atividade básica

acompanhar, direcionar e avaliar as atividades da escola. Nessa concepção, o supervisor

será aquele capaz de pensar e agir, com inteligência equilíbrio, liderança, autoridade,

dominando conhecimentos técnicos e de relações humanas. Esse profissional tem como

objeto de trabalho o controle total da qualidade do processo pedagógico como um todo.

É o supervisor pedagógico o super- homem da educação, ou super-mulher, como os

senhores desejarem, é o profissional ideal na construção da escola ideal.

Segundo nossas investigações, o Supervisor está habilitado a interferir no

processo avaliador, contrabalançando a relação entre docente e discente. A partir das

deficiências e competências de ambos.

1Jussara HOFFMANN. Avaliação. Mito. Desafio. p.56

222555A função S.E. deve ser exercida por um pedagogo devidamente habilitado

e com profundo conhecimento de suas atribuições na rotina diária de uma escola. Ele

deve procurar cumprir, dentro das normas legais, as determinações da direção geral da

instituição ao qual pertencer. Porém, cada profissional tem sua bagagem cultural e seu

ideário. Caberá ao Supervisor ministrar com sabedoria e imparcialidade seus conceitos

e, ao mesmo tempo, obedecer aos ditames do programa didático-pedagógica

predestinado pela comunidade interna e externa da escola.

É prerrogativa do S.E. levar o alunado a uma integração consciente e ativa do

processo educativo, ou seja, ensino-aprendizagem para garantir uma educação de

qualidade em todos os sentidos.

Desejamos assinalar que o supervisão escolar parte de que o ato de

orientar não e transmitir soluções pré concebidas mas trata se o despertar e orientar o

espirito crítico dos professores/alunos.

A supervisão escolar visa formar cidadãos paras manter determinadas

estruturas sociais e econômicas, mas para transforma-las no sentido de maior

humanidade e justiça, a partir do conceito da escola cidadã esse desenvolvimento esta

relacionado a compreensão de si – sua]s atitudes, interesse, opiniões, aptidões. E esses

itens estão correlacionados com o seu amadurecimento físico, mental e social.

A comunhão de todos esses elementos formará os seus desejos e expectativas

em direção a maior coerência, integração e auto direção nas trilhas que aparecerão em

suas trajetórias existenciais. Esse bloco de ações formará as experiências que

favorecerão a atuação de suas escolhas, diante das possibilidades que aparecerão em

suas vidas.

Os objetivos gerais de Supervisor educacional pode ser listado como sendo:

• Favorecimento de um ambiente propício ao desenvolvimento total do

educando, auxiliando-o na integração social, ou seja, na escola, na família, na

comunidade.

Um ambiente propício seria concebido como um espaço físico acolhedor que

ponha fim a dicotomia escola x rua. Tal ambiente estabeleceria a diferença entre o que

se aprender “na rua” e o que se ensina na escola. Estabelecer tais diferenças não é

222666sinônimo de preconceito. Porque reconhecemos que a “rua” seja também uma forma

de escolarização para a vida.

• Coordenação de uma ação conjunta e responsável com a equipe docente

para verificar, avaliar e orientar no processo de avanço de dificuldades de

aprendizagem e vida e em comunidade.

Esta ação conjunta coordenada pelo supervisor e um reflexo do desejo da

escola participativa em seu processo integrador do sujeito aluno com o sujeito cidadão

isto e a extensão da ação educacional para alem do s muros da escola.

• Identificação de áreas prioritárias no trabalho da escola voltado para a

integração da família.

A escola e a visão do orientador deve ser aquela centrada na realidade de

sua unidade escolar- familiar.

Especificamente pode se dizer que o Supervisor Escolar deve:

• Dar ao educando significação de vida, com liberdade e responsabilidade

social. Em outras palavras: é preparar o aluno para vida social, pensando que esta seja

justa, igualitária e cidadã.

• Estimular intelectualmente o aluno. A valorização do aspecto cognitivo

com vistas à formação pessoal e para o trabalho.

• Integrar escola/comunidade. Significa o processo de aliança entre a escola e

a comunidade a qual pertence o aluno. O S.E. deve interagir os dois espaços para

agrupar a ação educacional que parte da escola e vai eclodir na casa do discente.

Em síntese: verificamos que as atribuições educacionais do S.E. são múltiplos

e, portanto, interdisciplinares. Devido ao grau de complexibilidade de sua atuação

ilustrando nos tópicos acima, podemos sem modéstia e imparcialidade, afirmar que o

S.E. é uma figura central em todo o esquema escolar. De acordo com essa premissa

podemos acrescentar que seu ofício educativo se reflete de maneira indissociável no

processo avaliativo. Afinal, o profissional interage os alunos nas instâncias psico-física-

motora, no âmbito sociocultural porque deve conhecê-lo intrinsecamente para organizar

222777as orientações (intra e extra muros escolares), ou seja, na família, na comunidade e,

evidentemente, na própria escola.

Dessa forma se esquadrinha o perfil ideal do S.E. no Brasil: o de um

profissional multifacetado. As exigências de sua práxis supervisional requerem desse

educador um trabalho intelectual de grande porte, visto que lidar com os alunos em

variadas instâncias comporta atividades de altíssima responsabilidade social.

Tal assertiva assinalada nos parágrafos anteriores revigora o conceito da

centralidade do S.E. nos processos avaliativos. Verifica-se, então, que o S.E. deve

participar de todo o arcabouço educacional: da preparação das aulas até a concepção dos

métodos avaliadores.

Hoje, é imperativo que a Supervisão Educacional trabalhe com a noção de

formação da cidadania, compreendida durante a formação do aluno para que ele seja

capaz de decidir, participar e influir, futuramente, nas decisões relativos ao seu país.

Os principais autores que tratam da Supervisão Educacional discorrem sobre as

diversas atuações desses profissionais e suas formas de atuação na escola brasileira.

Obviamente o todo Projeto Pedagógico está alicerçado na ideologia de seus

idealizadores, isto é, tem um fundo político. Sabemos que em escolas que apenas

reproduzem e/ou reforçam metodologias preestabelecidas acabam por reescrever formas

de dominação e poder. A absolecência destas praticas estará refletida na postura

classificatória, e excludente, dos métodos avaliadores.

O Projeto Pedagógico avalizado pelo diálogo e pela troca de idéias e opiniões

se fará presente nas reuniões de professores. A democracia estará instaurada: onde todos

podem e devem Ter vez e voz de forma justa e solidária e, acima de tudo, o Supervisor

terá uma postura de mediador deste processo, interagindo com toda a equipe. Afinal ele

é o profundo conhecedor dos alunos em diferentes instâncias (pela base psicológica que

adquire durante os encontros). Inegavelmente, o S.E. é o articulador/

catalizador/centralizador dos alunos e professores!!!

Uma característica marcante nas práticas pedagógicas mais modernas e com

cooperação solidária de todos os membros docentes. Partindo-se dessa premissa, a

222888avaliação e todo o conjunto educativo (inclusive a função do supervisor), tem no

aluno, com suas interações, o alvo maior. O professor deve atuar como mediador desse

momento valorizando também a relação escola-cidadania com a participação de todos.

A partir dos encontros entre os professores devem surgir as novas propostas de

avaliação, de acordo com a interpretação dos membros do corpo docente a respeito do

que foi discutido na reunião e, assim, ocorrerá a complementação dos saberes de cada

educador. Instaura-se então um novo planejamento, que demanda ação e novos rumos

para ensinar e, depois, avaliar o que foi aprendido pelo aluno.

A avaliação do desempenho escolar deve ser a mediadora da qualidade escolar.

Concluímos que a avaliação deve demonstrar a capacidade de produzir saber da

instituição de ensino e de seus componentes.

Segundo Regina Leite Garcia2 :

(...) a aprendizagem é resultado de uma relação entre o sujeito e o

objeto, mas a avaliação não deve ser apenas a verificação de produto desta relação, é

ver e rever a ação produzida pelo sujeito num movimento de transformação, onde se

adquire um novo conhecimento, que transforma o sujeito, a avaliação então se verifica

a todo o momento nessa relação.

As avaliações sou seus instrumentos devem se basear no diálogo e na medição

buscando a interação do sujeito com o mundo, numa atividade interpessoal. O S.E. deve

abandonar sua função burocrática e agir pelas premissas da escola cidadã.

Dentro deste quadro, a escola com os seus atores precisa estar atenta aos

desafios que se mostram a cada fim de semestre, para fazer da avaliação uma

perspectiva que vise construção de conhecimentos sólidos. Cada ator deve levar em

consideração a complexibilidade do relacionamento humano para que a encenação da

prática educacional receba aplausos.

2Regina,GARCIA. Uma orientação educacional nova para uma escola nova. p.99

222999A prática da Supervisão Educacional se pretende mais critica,

questionadora e colaboradora, num processo de mudança e de transformação. Isto posto,

a avaliação deve ser parte de um processo educativo e não um fim em si mesmo. Numa

prática educativa contextualizada, ajuda-se o aluno a agir, pensar, criar e transformar,

dá-se possibilidades de conhecimento e estabelecimento de caminhos que o insiram na

competitividade típica do mundo atual.

A Supervisão Educacional hoje busca interfaces com outras disciplinas, senão

com todas as áreas do conhecimento. A interdisciplinaridade se faz presente na práxis

de todo educador. Tal assertiva multiplica quando se pensa na responsabilidade civil e

moral do Supervisor.

A interdisciplinaridade se desdobra da audição atenta e cordial às vozes dos

alunos, que são exemplos dispares de personalidades, maturidade e capacidade

intelectiva. Corpo docente, staff administrativo, pais e sociedade: todos estão

convidados e exercitar a participação na escola e, por conseqüência, na vida em

sociedade do discente.

O pedagogo é um especialista que deve atuar de forma flexível e inovadora,

colaborando com a administração da escola para oferecer ensino adequado às

necessidades e à realidade de sua clientela. Sua atuação é integradora, visando aumentar

as chances de sucesso e permanência dos educandos na rede escolar, através da

interferência na metodologia da avaliação. contribuindo, assim, para a diminuição do

êxodo dos discentes e do aclamado fracasso escolar brasileiro.

O olhar do Supervisor Educacional nesse processo deve ser o de facilitador do

diálogo e em vários momentos o de viabilizador, seja em qual for o nível de instrução

(educação infantil à universidade) da inserção do aluno na vida adulta de modo

participativo portanto politizando- o para agir na sociedade em que vive

Deve o Supervisor Educacional trabalhar de acordo com o Projeto Pedagógico

de sua unidade escolar, cooperando com os professores para que estes colaborem e

reelaborem suas perspectivas educativas. Todo o corpo docente deve reconstruir no

aluno a significação cultural e histórica, isso se refletirá, certamente, na transformação

social do homem .

333000Deve ser um profissional /pesquisador comprometido com a realidade

sócio-político educacional de seu contexto social proporcionado ao aluno formação

prático-teórico. A soma destes atos educacionais irá contribuir para uma perspectiva

mais critica da sociedade visando sua transformação. O Supervisor Educacional deve

fornecer condições essenciais para construção de uma sociedade democrática e

solidária.

A Supervisão Escolar cabe o papel de garantir uma adaptação equilibrada

entre formação e inserção na vida ativa, contribuindo para re-qualificação da mão de

obra desempregada e complementando o trabalho desenvolvido pelos sistemas de

ensino, no sentido de proporcionar as qualificações adequadas aos jovens que se

encontram nesses sistemas. Deste modo, a atuação dos sistemas de orientação escolar e

profissional deve ser repensada e adaptada de forma que estes sistemas possam de fato

contribuir para uma plena integração social dos cidadãos.

Vida cidadania ,dialogo, participação, autonomia, solidariedade, respeito,

justiça, ética, política são palavras de ordem comuns nos dias de hoje em vários

aspectos de ação social. A educação é um dos campos de ação social, que naturalmente,

será mais cobrada, quanto à sua participação efetiva para que estes ideais, representados

naquelas palavras de ordem, possam ser concretizados.

Que estas palavras não se coloquem apenas isoladamente, mais faça parte

do ideário da escola, como órgão que representa a concretização da formação e da

informação do cidadão.

Finalizando: cabe à Supervisão Escolar subsidiar o caminhar da avaliação

como processo de aquisição de conhecimento, de construção de saber e não como

conclusão ou meta de chegada. Assim, tal fato se traduz numa proposta de avaliação que

seja contínua, inserida também no processo constante de atualização do professorado.

Esta postura do Supervisor Escolar perante a avaliação deve ser a que

leve em conta a diversidade de característica do ser humano respeitando sua

singularidade em desvincular-se da ação pedagógica, ou seja, deve propor a avaliação

que seja enriquecedora e estimuladora dos alunos.

É importante trazer para a sala de aula um novo sentido para a

aprendizagem e para a avaliação. Trata-se da escola em que o aluno tenha acesso aos

333111bens culturais ao conhecimento produzido historicamente, e possa adquirir

habilidades para transformar esses conteúdos em seu contexto social.

A avaliação idealizada pela Supervisão Educacional é aquela que vê a

avaliação superando o autoritarismo, o conteudismo e a punição através da reprovação

ou da recuperação. A avaliação progressista, construtivista permite desejar uma nova

perspectiva avaliadora marcada pela autonomia do educando que deve rapidamente

saber-se o agente do aprendizado.

333222

Conclusão

Nos percursos da pesquisa monográfica realizamos as etapas típicas da jornada

acadêmica: leituras, fichamentos, comparações entre autores, conclusões e redações

provisórias daquilo que viria ser a monografia completa.

A avaliação provou ser um assunto relevante, abordado por respeitados

educadores que investigam a questão sob diferente prismas, buscando clarifica-la e

orientar os professores-fiés depositários do julgamento escolar.

A temática possui larga bibliografia e depois de acura leitura de bons

livros, verificamos que a avaliação ortodoxa é duramente criticada pelos professores da

educação, engajada na criação e manutenção no ensino de excelência .

Destes autores buscamos subsídios para argumentar nesta pesquisa discutimos

a avaliação mantenedora da prova que amedronta o alunado e é seguramente indesejada.

Certificamos que a ferição de notas não é um instrumento justo para julgar o aluno.

Deduzimos que o aluno deve ser avaliação por uma concepção pluralista

que abrase de modo igualitário todas as facetas cognitivas.

A pesquisa engajou-se no aprofundamento das investigações sobre a

avaliação. o engajamento traduziu-se pela explícita demonstração de repúdio ao

autoritarismo, à idéia da escola fechada, presa às metodologias avaliativas

preestabelecidas e, portanto, calcificadas.

Por fim, a monografia focalizou sua atenção no par Supervisor Escolar e

Avaliação, demostrando que o Supervisor Escolar é um exemplo e esta habilitado a

empreender os mecanismos didáticos plausíveis, no incremento das soluções para a

complexibilidade da avaliação.

Concluímos que o Supervisor Escolar pode ser valioso avalista da avaliação alicerçada na premissas progressistas educacionais.

Na defesa do Supervisor Escolar enumeramos e exemplificamos suas

atribuições didáticas, assinalando-as como horizontes a serem descortinados na busca da

terra firma da avaliação que deve medir a competência escolar de um aluno-cidadão.

Caberá a cada disciplina optar pelos meios convenientes para modificar a

situação vigente. As provas são, em definitivo, uma forma de avaliação que amedronta e

que gera os famosos subterfúgios dos alunos: decorar e colar. Dessa forma, não somam

conhecimentos e não formam o conjunto de saberes que os proverão, sistematicamente,

333333para o futuro profissional e para a vida do dia–a-dia. Afinal, o aprendizado escolar

deve auxiliar nas habilidades que devemos Ter na pratica diária: ler, escrever e contar

são atos cotidianos que executamos a todo momento. A leitura-escrita deve se tornar

automática, tal qual a respiração que nos mantém vivos.

333444

Bibliografia

HOLANDA, Aurélio B. Novo dicionário da língua portuguesa. São Paulo:

Melhoramentos, 1991.

CADORIN, Helena de Almeida (org). Orientadores em ação: um caminho na

construção do próximo milênio. Rio de Janeiro: Sotese, 1997.

...................................................... Orientadores em ação 2. Vencendo pela

persistência de fazer bem feito. Rio de Janeiro: Sotese, 1998.

GARCIA, Regina. Leite Maia, Eny Mariza. Uma orientação educacional nova

para uma nova escola. São Paulo: Loyola, 1995.

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação. mito e Desafio: uma

perspectiva construtiva. 29° ed. Porto Alegre: Mediação, 1993.

................ . Avaliação mediadora. Uma prática em construção – da pré escola à

universidade. Porto Alegre: Mediação,1993.

LIMA, Adriana de Oliveira. Avaliação escolar, julgamento ou construção?

Petrópolis: Vozes, 1994

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem escolar. 9° ed. São Paulo:

Cortez, 1999.

LÜCK, Heloisa. Planejamento em orientação educacional. 12° ed. Petrópolis:

Vozes, 2000.

MARTINS, José do Prado. Princípios e métodos de orientação educacional.

2° São Paulo: Atlas, 1987.

333555MELO, Sonia. Orientação Educacional: do consenso ao conflito. São

Paulo: Papirus, 1999.

OLIVEIRA, Vera Barros. Bossa, Nádia A (org). Avaliação psicopedagógica

da criança de zero a seis anos. 7° ed. Petropólis: Vozes, 1998.

PERRENOUD, Phillipe. Avaliação: da excelência à regulamentação das

aprendizagem-entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica, desafios e perspectivas. São

Paulo: Cortez, 1999. (Instituto Paulo Freire-Guia da escola cidadã)

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. Campinas:

Autores associados, 1996.

APOSTILAS:

SAUL, Ana Maria. Avaliação emancipatória. apostila cedida pela professora

Madlene Outeiro.

WERNEK, Vera. A questão da velha e nova avaliação. Apostila cedida pala

professora Madlene Outeiro.

333666

Anexos