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1 Darcy de Almeida Paixão UFPB - UFBA AVALIAÇÃO DO EFEITO DA LASERTERAPIA EM BAIXA INTENSIDADE NA REPARAÇÃO ÓSSEA APÓS RADIOTERAPIA EXTERNA – estudo experimental em ratos Salvador

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    Darcy de Almeida Paixo

    UFPB - UFBA

    AVALIAO DO EFEITO DA LASERTERAPIA EM BAIXA INTENSIDADE NA REPARAO SSEA APS RADIOTERAPIA EXTERNA estudo experimental em ratos

    Salvador

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

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    2006

    Darcy de Almeida Paixo

    AVALIAO DO EFEITO DA LASERTERAPIA EM BAIXA INTENSIDADE NA REPARAO SSEA APS RADIOTERAPIA EXTERNA estudo experimental em ratos

    Tese apresentada ao Programa Integrado de Ps-graduao em Odontologia UFPB/UFBA, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Doutor. rea de concentrao: Laser em Odontologia

    Orientadora: Prof. Dra. Viviane Almeida Sarmento

    Salvador, 2006

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    AVALIAO DO EFEITO DA LASERTERAPIA EM BAIXA

    INTENSIDADE NA REPARAO SSEA APS RADIOTERAPIA

    EXTERNA estudo experimental em ratos

    Darcy de Almeida Paixo

    Orientadora: Profa. Dra. Viviane Almeida Sarmento

    BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. Viviane Almeida Sarmento Profa. Dra. Elaine Bauer Veeck Profa. Dra. Luciana Maria Pedreira Ramalho Profa. Dra. Gardnia Mascarenhas de Oliveira Zumata Profa. Dra. Denise Cerqueira Oliveira Aprovao:

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    DEDICO ESSE TRABALHO

    Ao meu pai Jorge Eduardo Carvalho de Almeida, uma pessoa que no

    poupa esforos para ajudar seus filhos, sempre me incentivando em todas as etapas

    da minha vida e acreditando muito na minha capacidade. Sem sua ajuda tenho

    certeza que no teria vencido tantos obstculos e no estaria aqui.

    * * *

    minha me Maria Teresa Chaves Santos de Almeida, me totalmente

    dedicada, sempre presente em todas as etapas da minha vida, participando

    ativamente de tudo. Obrigada por voc existir! Tenho certeza que sem sua presena

    no teria conseguido ser o que sou hoje.

    * * *

    Ao meu marido Dalton Andrade Paixo, uma pessoa maravilhosa, que

    sempre me incentivou profissionalmente. Obrigada por participar de vrios

    momentos da parte experimental desse trabalho, sempre disposto a ajudar, sem

    medir esforos. Voc muito importante para mim!

    * * *

    Ao meu irmo Mateus Santos de Almeida por fazer parte de minha vida, e

    dessa forma me proporcionar a felicidade de ter uma famlia unida.

    * * *

    minha av Maria Thereza Chaves F. Santos, minha segunda me, que

    sempre torceu pelo meu sucesso. Obrigada por todas as oraes e velas acesas nos

    momentos mais importantes de minha vida.

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    AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    Professora Dra. Viviane Almeida Sarmento, pela perfeita orientao, no s

    neste trabalho, como tambm na realizao do meu primeiro projeto de pesquisa e,

    acima de tudo, por sempre me incentivar e apoiar. Obrigada por aparecer em meu

    caminho, tornando-se uma luz na minha vida, exemplo a ser sempre seguido.

    * * *

    Ao Professor Dr. Antnio Luiz Barbosa Pinheiro, pelos valiosos ensinamentos

    e orientao nos muitos trabalhos realizados no Centro de Pesquisa em Laser da

    Faculdade de Odontologia da UFBA, bem como, neste curso de Doutorado. Por ter

    sempre confiado no meu trabalho, tornou-se pessoa de vital importncia na minha

    vida, abrindo espaos para o meu crescimento profissional.

    * * *

    Ao Prof. Dr. Jean Nunes dos Santos, por sua preciosa contribuio na

    interpretao das lminas desse trabalho.

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    AGRADECIMENTOS

    Faculdade de Odontologia da UFBA, em especial ao Prof. Dr. Edmar

    Santana, pelo apoio e assistncia dados ao nosso curso de Doutorado.

    * * *

    CAPES, pelo apoio financeiro, atravs da bolsa de maro/2004 a maro/2006.

    * * *

    UNIME, Prof. Dra. Ana Verena Madeira e ao Prof. Dr. Marcos Borges

    Ribeiro por permitirem a realizao deste trabalho no Biotrio dessa Instituio.

    * * *

    Faculdade de Odontologia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande

    do Sul, em nome das Professoras Doutoras Elaine Bauer Veeck e Nilza Pereira

    da Costa, por disponibilizarem tempo, espao e equipamentos para a realizao da

    parte imaginolgica do experimento, alm da extrema boa vontade, pacincia e

    conhecimento dedicados ao presente trabalho.

    * * *

    Faculdade de Odontologia da UFPB, em especial ao Prof. Dr. Lino Joo da

    Costa, pelo aprendizado obtido nas aulas ministradas nessa Instituio.

    * * *

    Ao Hospital Santa Izabel, principalmente Dra. Maria Eulina Ramos

    Tavares por permitir a realizao desta pesquisa no Centro de Radioterapia.

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    colega de doutorado Samantha Seara da Cunha, que presenciou quase

    todos os momentos da elaborao deste trabalho, sempre me apoiando e

    incentivando. Tenho certeza que sem sua ajuda seria bem mais difcil a concluso

    desta pesquisa.

    Gyselle Meirelles, amiga e companheira durante os momentos mais

    difceis do curso.

    Aos colegas do curso de doutorado: Alessandra, Amalha, Ana Gis, Daniel

    e Nelson, pelos bons momentos que dividimos.

    Ao fsico Jailton Caetano de Souza por sua pacincia e orientao nas

    diversas sesses de radioterapia realizada no Hospital Santa Izabel.

    Ao tcnico do Laboratrio de Fisiologia da UNIME, Cristiano Rosa, pelos

    cuidados aos animais durante todo o experimento.

    tcnica do Laboratrio de Anatomia Patolgica da UFBA, Maria de

    Lourdes Silva Santos, por sua valiosa contribuio na confeco das lminas para

    o estudo histolgico.

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    ... Nossa Senhora das Graas,

    minha protetora espiritual,

    por sempre iluminar

    os caminhos da minha vida.

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    melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar;

    melhor tentar, ainda que em vo, que sentar-se fazendo nada at o final.

    Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.

    Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ..."

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    Martin Luther King

    SUMRIO LISTA DE FIGURAS--------------------------------------------------------------------- 12

    LISTA DE QUADROS E TABELAS-------------------------------------------------- 14

    LISTA DE ABREVIAES------------------------------------------------------------- 15

    RESUMO----------------------------------------------------------------------------------- 18

    ABSTRACT-------------------------------------------------------------------------------- 20

    1- INTRODUO------------------------------------------------------------------------- 22

    2- REVISO DA LITERATURA------------------------------------------------------- 25

    2.1- RADIOTERAPIA-------------------------------------------------------------------- 26

    2.2- EFEITOS COLATERAIS DAS IRRADIAES----------------------------- 33

    2.3- TECIDO SSEO------------------------------------------------------------------- 38

    2.4- REPARAO SSEA------------------------------------------------------------ 41

    2.5- OSTEORRADIONECROSE----------------------------------------------------- 44

    2.6- LASERTERAPIA-------------------------------------------------------------------- 47

    2.7- IMAGEM DIGITAL------------------------------------------------------------------ 59

    3- PROPOSIO------------------------------------------------------------------------- 66

    4- METODOLOGIA---------------------------------------------------------------------- 68

    4.1- DELINEAMENTO DA PESQUISA--------------------------------------------- 69

    4.2- POPULAO E AMOSTRA----------------------------------------------------- 69

    4.3- EQUIPAMENTOS------------------------------------------------------------------ 71

    4.4- MATERIAIS E INSTRUMENTAIS---------------------------------------------- 72

    4.5- COLETA E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS-------------- 72

    4.4.1- Procedimento Cirrgico-------------------------------------------------------- 72

    4.4.2- Laserterapia----------------------------------------------------------------------- 75

    4.4.3- Radioterapia----------------------------------------------------------------------- 76

    4.4.4- Sacrifcio dos Animais---------------------------------------------------------- 76

    4.4.5- Obteno da Imagem Digital e Anlise Radiogrfica------------------- 76

    4.4.6- Anlise Histolgica-------------------------------------------------------------- 81

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    4.5- HIPTESES------------------------------------------------------------------------- 81

    4.6- ANLISE DE DADOS------------------------------------------------------------- 82

    5- RESULTADOS E DISCUSSO--------------------------------------------------- 83

    6- CONCLUSES------------------------------------------------------------------------ 111

    7- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS---------------------------------------------- 113

    ANEXO A Parecer do Comit de tica em Pesquisa Hospital Santa Izabel --------------------------------------------------

    123

    ANEXO B Colorao com Hematoxilina-Eosina (HE)------------------------ 124

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    LISTA DE FIGURAS Figura 1- Animal em decbito lateral.........................................................

    73

    Figura 2- Orifcio monocortical com broca para pea reta no 1---------------

    73

    Figura 3- Sutura externa da ferida---------------------------------------------------

    74

    Figura 4- Animais posicionados no suporte de acrlico, para sesso de radioterapia--------------------------------------------------------------------------------

    74

    Figura 5- Pernas traseiras desarticuladas sobre a placa de imagem do sistema radiogrfico digital-------------------------------------------------------------

    78

    Figura 6- Placa de imagem do Sistema DenOptix sendo posicionada no suporte para captura da imagem na unidade de leitura--------------------

    78

    Figura 7 Imagem radiogrfica digital do fmur dos ratos do grupo vermelho------------------------------------------------------------------------------------

    79

    Figura 8- Histograma mostrando os valores de nvel de cinza da rea selecionada na pata do espcime zero---------------------------------------------

    81

    Figura 9 - Mdia da massa corporal dos ratos no dia zero, nos grupos avaliados-----------------------------------------------------------------------------------

    87

    Figura 10 Mdia da massa corporal dos ratos na terceira semana-------

    87

    Figura 11 Mdia da massa corporal dos ratos nos grupos verde e vermelho------------------------------------------------------------------------------------

    89

    Figura 12 Aspecto da fstula aps dois dias de drenagem espontnea da perna irradiada. Animal do grupo azul------------------------------------------

    92

    Figura 13 Media nos nveis de cinza do fmur dos ratos, a depender do grupo avaliado------------------------------------------------------------------------

    93

    Figura 14 Animal do grupo irradiado com Laser e sacrificado com trs semanas. Observar a presena de grande quantidade de ostecitos (HE, 40X)-----------------------------------------------------------------------------------

    98

    Figura 15 Animal do grupo no irradiado com Laser e sacrificado com trs semanas. Observar a pequena quantidade de ostecitos (HE, 40X)-------------------------------------------------------------------------------------------------

    99

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  • 13

    Figura 16 Mdia do nmero de ostecitos (dez campos) nos ratos dos grupos preto e azul----------------------------------------------------------------------

    99

    Figura 17 Mdia do nmero de ostecitos (dez campos) nos ratos dos grupos verde e vermelho---------------------------------------------------------------

    100

    Figura 18 Mdia do nmero de ostecitos (dez campos) nos ratos dos grupos preto e verde--------------------------------------------------------------------

    101

    Figura 19 Mdia do nmero de ostecitos (dez campos) nos ratos dos grupos azul e vermelho-----------------------------------------------------------------

    101

    Figura 20 Animal do grupo irradiado com Laser e sacrificado com trs semanas. Observar a presena de osteoblastos na periferia do osso cortical (HE, 40X)-------------------------------------------------------------------------

    104

    Figura 21 Animal do grupo no irradiado com Laser e sacrificado com trs semanas. Observar a ausncia de osteoblastos na periferia do osso cortical (HE, 40X)-------------------------------------------------------------------------

    104

    Figura 22 Mdia do nmero dos canais de Harvers dos grupos preto e verde-----------------------------------------------------------------------------------------

    106

    Figura 23 Mdia do nmero dos canais de Harvers dos grupos azul e vermelho------------------------------------------------------------------------------------

    107

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    LISTA DE QUADROS E TABELAS

    Quadro 1 - Mdia da massa corporal dos ratos entre o dia zero e a

    terceira semana do experimento, em cada grupo...................

    88

    Quadro 2 Mdia da massa corporal dos ratos entre o dia zero e a

    quinta semana do experimento, nos grupos verde e vermelho

    89

    Quadro 3 Mdia dos nveis de cinza do fmur irradiado, nos diferentes

    grupos avaliados...............................................................

    94

    Quadro 4 Associao entre a presena de osteoblastos na periferia do

    osso cortical e o grupo avaliado...........................................

    102

    Quadro 5 Associao entre a presena de osteoblastos na periferia do

    osso cortical e o grupo avaliado..........................................

    103

    Quadro 6 - Mdia do nmero de canais de Harvers entre os grupos

    avaliados............................................................................

    105

    Quadro 7 - Mdia do nmero de canais de Harvers entre os grupos

    avaliados...........................................................................

    106

    Tabela 1 Nmero de ratos que apresentaram clinicamente reao

    inflamatria na ferida cirrgica, no dia do sacrifcio, a

    depender do grupo avaliado................................................

    92

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    A/D - Analgico / Digital

    ATP - Adenosina trifosfato

    BA - Bahia

    Bit(s) - binary digit (elemento binrio)

    Bmp - Bitmap format (Formato de arquivo Bitmap)

    BMP - Bone morphogenetic protein (protenas morfogenticas)

    CAPES - Coordenao de aperfeioamento de pessoal de nvel superior

    CCD - Charge Coupled Device (Dispositivo armezenador de carga)

    CGy - centiGray

    Cm2 - Centmetro(s) quadrado(s)

    CW - Corrente contnua

    DE - Densidade de energia

    DNA - Desoxirribonucleic acid (cido desoxirribonuclico)

    dpi - Dots per inch (pontos por polegada)

    E - Energia

    F - Freqncia

    G - Grama

    GaAl - Glio-Alumnio

    GaAlAs - Arseneto de Glio e Alumnio

    Gy - Gray

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    H - Hora (s)

    HE - Hematoxilina-Eosina

    HeNe - Hlio-Nenio

    Hz - Hertz

    InGaAsP - Fosfeto Arseneto de Glio e ndio

    J - Joule

    J/cm2 - Joule por centmetro quadrado

    KV - quilovolt(s)

    LASER - Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

    (amplificao da luz por emisso estimulada de radiao)

    MA - miliamper(es)

    MASER - Microwave Amplification by Stimulation Emission of Radiation

    (amplificao de microondas por emisso estimulada de radiao)

    min - Minuto

    mJ - Milijoule

    ml - Mililitro

    mm - Milmetro

    m - Micrometro

    mW - Miliwatt

    nm - Nanmetro

    NTCP - Normal Tissue Complication Probability (probabilidade de

    complicao do tecido normal)

    O1 - Observao 1

    O2 - Observao 2

    OMS - Organizao Mundial de Sade

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    ORN - osteorradionecrose

    p - Probabilidade

    P - Potncia

    Pixel - picture cell (a menor parte de uma imagem)

    Pl/mm - Par(es) de linhas por milmetro(s)

    R - Randomized (aleatrio)

    rpm - Rotaes por minuto

    S - Superfcie

    seg - Segundo(s)

    SP - Storage Phosphor (placa de armazenamento em fsforo)

    t(s) - Tempo, em Segundos

    TCP - Tumor Control Probability (Probabilidade de controle do tumor)

    UFBA - Universidade Federal da Bahia

    UFPB - Universidade Federal da Paraba

    UNIME - Unio Metropolitana de Educao e Cultura

    USA - United States of Amrica (Estados Unidos da Amrica)

    V - Velocidade

    X - tratamento

    W - Watt

    - Energia de fton

    - Comprimento de onda

    oC - Graus Celsius

    % - por cento

    - Marca registrada

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  • 18

    RESUMO

    Esse estudo teve como objetivo avaliar o efeito da Laserterapia em baixa

    intensidade na reparao de feridas cirrgicas produzidas no tecido sseo de ratos

    da raa Wistar. Para isso, foi artificialmente produzido um orifcio no fmur dos ratos

    e quatro dias aps, os ratos foram submetidos a radioterapia externa com fonte de

    cobalto radioativo na dosagem de 3000 cGys. O grupo experimental recebeu

    adicionalmente sete sesses de Laserterapia de 780 m, 40 nW, 100 J/cm2, por 100

    seg. (quatro pontos ao redor da ferida cirrgica) a cada 48 h, iniciadas

    imediatamente aps a cirurgia. Esses animais foram sacrificados em trs e cinco

    semanas. Os resultados foram baseados nas anlises clnica, radiogrfica digital e

    histolgica. Clinicamente, embora os ratos tenham ganhado massa corporal com o

    decorrer do experimento (p< 0,05), aqueles submetidos Laserterapia apresentaram

    reaes inflamatrias cutneas. Na avaliao radiogrfica observou-se que em todos

    os casos, exceo do grupo no submetido Laserterapia e sacrificado em cinco

    semanas, a mdia dos nveis de cinza da perna submetida radioterapia foi menor

    que a da perna contra-lateral, embora no tenha havido diferena estatstica (p>

    0,05). Em relao aos achados histolgicos, o nmero de ostecitos (p< 0,0001) e

    de canais de Harvers (p< 0,0001) foi significativamente maior nos grupos irradiados

    com Laser, em todos os tempos de sacrifcio. Em relao aos osteoblastos, pode-se

    observar que existiu associao entre sua presena e os grupos submetidos

    Laserterapia (p< 0,05). Pode-se concluir ento que, com as doses aplicadas e

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  • 19

    protocolo seguido no presente estudo, a radioterapia determinou reabsoro do

    tecido sseo, que tendeu a normalizar com tempo e que Laserterapia aumentou a

    atividade de remodelao ssea e irrigao sangunea local, embora tenha

    provocado reaes cutneas adversas.

    UNITERMOS: Radioterapia, Laserterapia, Osteorradionecrose.

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  • 20

    ABSTRACT

    The goal of this work was to evaluate the effect of a low intensity

    Lasertherapy in the healing of surgical wounds produced in bone tissue of Wistar

    rats, few days before the beginning of the radiotherapy. For this, an orifice was

    artificially produced on the femur bone of the rats and four days after, the rats had

    been submitted to an external radiotherapy with a radioactive source of cobalt in the

    dosage of 3000 cGys. The experimental group received addicionally seven sessions

    of 780nm, 40nW, 100J/cm2 Lasertherapy (25J/cm2 in four points around the surgical

    wound) at each 48 h, initiated at the day of the surgery. These animals had been

    sacrificed in three and five weeks. The results were based on the clinical, digital

    radiographic images and histologic analyses. Clinically, even though the rats had

    gained body mass with elapsing of the experiment (p< 0,05), those who has been

    submitted to the Lasertherapy presented cutaneous inflammatory reactions. In the x-

    ray evaluation it was observed that in all the cases, with the exception of the group

    not submitted to the Lasertherapy and sacrificed with five weeks, the average of the

    gray levels of the leg submitted to the radiotherapy was minor than the counter-lateral

    leg, even though it didn't have statistical difference (p> 0,05). Regarding the

    histologic findings, the number of osteocits (p< 0,0001) and Harvers channels (p<

    0,0001) was significantly larger in the groups that had been radiated with Laser, in all

    sacrifice times. Regarding the osteoblasts, it can be observed that exist associations

    between its presence and the groups submitted to the Laserterapy (p

  • 21

    normalize within time and the Lasertherapy increased the activity of bone remodeling

    and local blood irrigation, even so it has provoked adverse cutaneous reactions.

    UNITERMS: Radioterapy, Laserterapy, Osteorradionecrosis.

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  • 22

    1- INTRODUO

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  • 23

    1- INTRODUO

    Dentre as modalidades teraputicas em oncologia, a radioterapia

    representa um recurso bem estabelecido para o tratamento do cncer em cabea e

    pescoo, consistindo na utilizao de radiaes eletromagnticas no tratamento dos

    tumores (BOYER et al., 2000). de fundamental importncia a preveno e o

    controle dos efeitos secundrios, induzidos pelo tratamento radioterpico de cabea

    e pescoo, uma vez que estes podem limitar o tratamento oncolgico, chegando

    mesmo a impor sua interrupo definitiva, o que comprometer o controle local do

    tumor (LABBATEL; LENH; DENARDIN, 2003).

    Na radioterapia de cabea e pescoo destacam-se os efeitos da radiao

    sobre o tecido sseo, que podem determinar o aparecimento da osteorradionecrose.

    Esta doena de difcil controle pode advir aps uma exodontia ou outro

    procedimento odontolgico nos ossos maxilares que estabelea uma porta de

    entrada aos microorganismos patognicos. Isso porque o osso irradiado torna-se

    menos vascularizado e assim mais susceptvel a uma infeco. Para evitar as

    complicaes inerentes aos tratamentos odontolgicos aps a radioterapia, incluindo

    a osteorradionecrose, recomenda-se que uma adequao do meio bucal seja

    realizada antes do incio das sesses de radioterapia. Porm nem sempre tais

    medidas profilticas so realizadas, principalmente pela no participao do

    cirurgio-dentista na equipe multidisciplinar oncolgica. Nesses casos, se os

    pacientes necessitarem, em algum momento do perodo ps-tratamento, sobretudo

    no primeiro ano aps a radioterapia, de intervenes odontolgicas cirrgicas, estas

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  • 24

    podem evoluir com complicaes importantes. Atualmente, os tratamentos

    disponveis para esses casos, como antibioticoterapia, debridamento da leso e

    aplicao de oxigenao hiperbrica, no surtem os efeitos desejados na maioria

    das vezes, culminando com a necessidade de resseco do fragmento sseo

    necrosado ou mesmo mandibulectomia total em certas situaes.

    Tratamentos alternativos precisam ser pesquisados, no apenas para

    serem aplicados durante o perodo ps-radioterapia, mas tambm para acelerar a

    cicatrizao de feridas ocorridas num perodo prvio muito prximo do incio das

    sesses de radioterapia. As aplicaes clnicas da luz Laser tm sido amplamente

    estudadas. Particularmente a Laserterapia de baixa intensidade tm se mostrado

    bastante eficaz no reparo de tecido sseo (DORTBUDAK; HAAS, MAILATH-

    POKORNY; 2002; FREITAS; BARANAUSKAS; CRUZ-HOFLING, 2000; WEBER,

    2003).

    Dessa forma, esse estudo teve como objetivo avaliar o efeito da

    Laserterapia em baixa intensidade na reparao de feridas cirrgicas produzidas no

    tecido sseo de ratos da raa Wistar, aplicada quatro dias antes do incio da

    radioterapia.

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  • 25

    2- REVISO DA LITERATURA

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  • 26

    2- REVISO DA LITERATURA

    2.1- RADIOTERAPIA

    A radioterapia vem evoluindo desde a descoberta dos raios X por

    Roentgen em 1895, da radioatividade por Becquerel e do primeiro elemento

    radioativo, o rdio, pelo casal Curie (GARCIA, 2002). Porm, somente em 1922, no

    congresso de Internacional de Oncologia em Paris, a radioterapia foi reconhecida

    como disciplina mdica (SPENCE; JOHNSTON, 2001).

    O objetivo dessa modalidade teraputica a destruio de clulas

    neoplsicas malignas com o mnimo grau de morbidade aos tecidos normais

    adjacentes, porm a radiossensibilidade da populao de clulas tumorais

    raramente corresponde a tal premissa. Dessa maneira, a dose de radiao

    necessria para o tratamento muitas vezes limitada pela tolerncia dos tecidos

    normais includos nos campos irradiados (BOYER et al., 2000).

    O alvo da radiao ionizante na radioterapia o DNA da clula. O perodo

    mais susceptvel da clula ao da radiao durante a fase de mitose, quando o

    material gentico celular est duplicado. A maior parte da radiao usada nesta

    modalidade de tratamento consiste em raios X de alta energia que, quando

    atravessam o tecido, liberam uma determinada quantidade de energia. Essa energia

    liberada que causa a remoo dos eltrons dos orbitais mais externos dos tomos

    que constituem as clulas, formando tomos instveis ou ons. Esses eltrons

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 27

    podem lesar o DNA direta ou indiretamente, atravs de radicais livres formados por

    eles prprios (SPENCE; JOHNSTON, 2003).

    A indicao da radioterapia no tratamento do cncer ocorre em trs

    circunstncias: quando no h outro tratamento curativo; a terapia alternativa

    considerada txica ou como funo paliativa em casos avanados. Tem como

    finalidade a interrupo do crescimento e reproduo de clulas neoplsicas e

    normais. Como as clulas malignas crescem rapidamente, muitas delas estaro se

    dividindo e sero mais susceptveis radioterapia do que as clulas normais

    (LORENCETTI; SIMONETTI, 2005).

    Existem duas formas bsicas de aplicao de radioterapia: teleterapia e

    braquiterapia. A escolha da radioterapia depende do tipo de cncer e da

    profundidade em que se encontra o tumor e requer vrias visitas ao centro de

    radioterapia. Uma vez estabelecido o plano de tratamento e o tipo de aplicao o

    paciente poder iniciar a radioterapia, porm no significa que o protocolo

    determinado inicialmente no ser mudado at o final das sesses (DE VITA, 1997).

    Quando as fontes radioativas so colocadas no interior dos tumores, a

    aplicao denominada de braquiterapia intersticial. Mas tambm existe a

    braquiterapia intracavitria, isto , a vaginal. Esta especialidade da radioterapia,

    tambm conhecida como curieterapia ou endocurieterapia, surgiu dos experimentos

    iniciais do casal Curie com fontes de rdio. Na dcada de sessenta foi estimulada

    pelo desenvolvimento de tcnicas com carga postergada (afterloading) e, mais

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 28

    recentemente, com o advento de sistemas robotizados de braquiterapia de baixas e

    altas taxas de dose (SPENCE; JOHNSTON, 2003).

    Na teleterapia ou radioterapia externa, a fonte de radiao produz um

    feixe de raios que emitido pelo equipamento distncia varivel de 80 a 100 cm

    da pele do paciente e dirigida ao tumor. Os principais aparelhos so os

    aceleradores lineares (Linacs). Esses aparelhos podem gerar eltrons ou raios X de

    alta energia. Os eltrons tm pequena penetrao tecidual e, portanto, so usados

    no tratamento de leses superficiais, como cnceres de pele (SALVAJOLI et al.,

    1999).

    Outra fonte de radiao externa o cobalto 60. medida que sua meia-

    vida declina, ele emite raios gama e til no tratamento de metstases sseas. Os

    aparelhos so comumente chamados de telecobaltoterapia (SPENCE; JOHNSTON,

    2003).

    A telecobaltoterapia uma terapia com comprovada eficcia no

    tratamento do cncer e determina uma elevao da estimativa de vida ou at mesmo

    a cura do paciente. Isso se deve alta preciso do procedimento no campo de

    irradiao e pelo total de energia depositada. O aparelho que utiliza o cobalto como

    fonte de energia comumente chamado de bomba de cobalto (www.

    humanitasoline.co/HOL/index, 14/10/05).

    A unidade de medida usada em radioterapia o Gray, sendo mais

    freqente a utilizao do seu submltiplo, o centigray (1 Gy = 100 cGy). O

    fracionamento convencional em radioterapia externa consiste na administrao de

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 29

    180-200 cGy por dia, cinco dias por semana, sendo este o valor para o qual se

    consegue o melhor compromisso entre uma taxa relativamente baixa de efeitos

    secundrios tardios e uma taxa de controle tumoral relativamente elevada. As doses

    de radiao empregadas para o tratamento dos tumores malignos de cabea e

    pescoo podem ser de at 7.000 cGy, podendo ter indicao exclusiva, pr- ou ps-

    operatria (BOYER et al., 2000).

    Sabe-se, h muito tempo, que a tolerncia dos tecidos normais

    irradiao no funo apenas da dose, mas tambm do fracionamento e do

    volume do rgo irradiado. Para os fracionamentos habituais (180 a 200 cGy/dia,

    cinco vezes por semana) foram criados alguns ndices biolgicos que estimam riscos

    de leso dos tecidos normais com determinadas doses de radiao. Esses ndices

    geralmente so baseados em dados experimentais com irradiao de animais em

    laboratrio, na experincia clnica de radioterapeutas e extrapolaes matemticas

    utilizando os conceitos modernos de radiobiologia. A Normal Tissue Complication

    Probability (NTCP) um ndice que representa a probabilidade de uma determinada

    complicao ocorrer em um tecido que esteja recebendo quaisquer doses de

    irradiao. Foi descrito primeiramente por Dritschilo et al. (1978), mas atualmente

    vrios modelos j foram desenvolvidos para o seu clculo e anlise. Esses modelos

    basicamente se diferenciam na forma como a varivel volume colocada nos

    modelos matemticos, supondo-se que, para diferentes rgos, o volume irradiado

    tenha pouca ou muita importncia para o desempenho de determinada funo. Com

    vistas a essas diferenas, grficos podem ser criados para ajudar na anlise dos

    histogramas dose-volume (BURMAN et al., 1991).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 30

    O uso dos histogramas dose-volume para anlise do plano de tratamento foi

    introduzido h mais de duas dcadas e hoje uma ferramenta indispensvel para a

    anlise de dose em tecidos normais. Ele pode ser expresso em suas formas:

    diferencial e integral. A primeira expressa a taxa e uniformidade da dose em um

    determinado volume de rgo, ou seja, informaes sobre pontos quentes ou frios

    no volume desejado. J no seu formato integral, o histograma dose-volume nos d

    uma relao quantitativa entre a dose de tratamento e o volume. Por fornecer

    informaes quantitativas mais claras, a forma integral a mais utilizada

    (KUTCHER; JACKSON, 2000).

    So vrios os trabalhos que tm sido feitos recentemente analisando as

    diferentes formas de aplicao da radioterapia e procurando novos mtodos para

    que sejam calculadas as dosagens de aplicao cada vez mais precisas. O uso de

    sistemas de planejamento tridimensional em radioterapia tem facilitado a anlise e

    comparao entre diversos planos de tratamento. Estes sistemas se baseiam na

    reconstruo tridimensional das imagens obtidas em exames de tomografia

    computadorizada e integrao destas imagens com o plano de tratamento. Assim,

    consegue-se prever, de maneira mais exata, as doses de radiao que envolvem o

    tumor e os tecidos normais adjacentes. Dessa forma, foi realizado um estudo por

    Pitagoras et al. (2003) com o objetivo de comparar diversas tcnicas de irradiao

    para o cncer de esfago. Para tanto foi utilizado sistema de planejamento

    tridimensional. Em um paciente com carcinoma espinocelular de esfago mdio,

    foram estudadas as seguintes tcnicas de tratamento: dois campos ntero-

    posteriores e dois campos ltero-laterais paralelos e opostos, trs campos em "Y" e

    em "T" e quatro campos em "X". Foram obtidos os histogramas dose-volume,

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 31

    considerando como rgos de risco medula espinhal e pulmes. Os resultados

    foram analisados de acordo com as recomendaes da NTCP e Tumor Control

    Probability (TCP). Quanto s doses de irradiao em pulmo, a melhor opo foi a

    tcnica em dois campos ntero-posteriores paralelos e opostos. A medula foi mais

    poupada quando se utilizaram campos ltero-laterais. Como concluso do estudo foi

    sugerida a combinao de pelo menos duas tcnicas de tratamento: ntero-posterior

    e as tcnicas com campos em "Y", "T" ou ltero-laterais, para o balanceamento das

    doses em pulmes e medula espinhal. Ou, ainda, a utilizao de tcnicas de trs

    campos durante todo o tratamento.

    Alm da preocupao em se pesquisar novas tcnicas de aplicao da

    radioterapia, tm sido feitos tambm trabalhos com o intuito de analisar as

    vantagens de uma terapia combinada em certas situaes. Novos avanos vm

    sendo incorporados no tratamento radio e quimioterpico do carcinoma epidermide

    de cabea e pescoo. Apesar do prognstico reservado dos tumores avanados,

    sabe-se que existe a possibilidade de se incorporar protocolos combinados de

    quimioterapia e radioterapia com intuito de preservao de rgos ou paliao em

    estgios de doena recorrente ou localmente avanada que no so bons

    candidatos cirurgia. Nesse contexto, h uma necessidade urgente de incorporar

    questionrios de qualidade de vida e avaliao funcional nos estudos de

    preservao de rgos, alm de assegurar a importncia do resgate cirrgico depois

    de protocolos radio-quimioterpicos. Pensando nisso, foi realizado por Herchenhorn;

    Dias (2004) uma extensa reviso dos avanos que vm ocorrendo no tratamento

    no cirrgico do cncer de cabea e pescoo, com especial ateno diferentes

    protocolos de radioterapia, novas combinaes de quimioterapia, terapia e

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 32

    marcadores moleculares, bem como a incorporao de terapia de re-irradiao e

    tratamento adjuvante aps cirurgia.

    Apesar dos avanos obtidos no conhecimento sobre essa doena e seu

    tratamento, o simples fato de se utilizar a palavra cncer para designar um conjunto

    de patologias tumorais j indica a necessidade da integrao entre os vrtices

    psicolgico e mdico, pois se observa enorme contedo emocional ligado idia

    cncer. comum a associao do cncer com doena fatal, vergonhosa e

    comumente considerada como sinnimo de morte, o que contribui para que as

    pessoas mantenham sentimentos exclusivamente pessimistas sobre a doena

    (EPSTEIN, et al, 1999).

    Dessa forma, foi realizado um estudo por Lorencetti; Simonetti, (2005)

    onde foram avaliadas diversas formas de se manejar o estresse de adaptao a uma

    situao. O sucesso desse manejo vai depender das estratgias de enfrentamento,

    definido como um processo utilizado para controlar as demandas da relao

    indivduo-ambiente que sero elaboradas pelo indivduo. Este trabalho teve como

    objetivo identificar as formas de enfrentamento utilizadas diante dessa doena e do

    tratamento. Realizou-se estudo qualitativo, atravs da Anlise de Discurso do Sujeito

    Coletivo. Foram entrevistados dezesseis pacientes em tratamento radioterpico,

    sendo a amostra constituda por convenincia. Pode-se observar que os

    participantes, ao enfrentarem o cncer e a radioterapia elaboraram estratgias de

    enfrentamento, tanto baseadas na emoo, como no problema. Como resultado foi

    observado que a maioria dos indivduos entrevistados foi do gnero feminino, o que

    correspondeu a 75% da amostra e a faixa etria mais prevalente foi a de 60 a 69

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 33

    anos (seis pacientes). A idade o fator de risco mais importante, dependendo do

    tipo de cncer. Isso pode representar o efeito cumulativo da exposio, ao longo da

    vida, aos agentes carcinognicos.

    2.2- EFEITOS COLATERAIS DAS RADIAES

    A radioterapia um dos tratamentos de eleio para pacientes portadores

    de neoplasias de cabea e pescoo, porm verifica-se que o aparecimento de

    seqelas praticamente inevitvel. O tipo de resposta do sistema ou rgo atingido,

    suas alteraes morfolgicas e funcionais visveis e detectveis, dependem de

    determinada dose de radiao em um perodo dado de tempo. Estas seqelas

    incluem dermatites nas regies irradiadas, cries de irradiao, principalmente em

    dentes em mau estado de conservao, xerostomia, quando a terapia atinge as

    glndulas salivares maiores e alteraes inflamatrias ou infecciosas da cavidade

    bucal denominadas genericamente de "mucosite" (LABBATEL; LEHN; DENARDIN,

    2003).

    Esses efeitos adversos, de acordo com o perodo em que ocorrem, so

    classificados em agudos e tardios. A morbidade aguda ocorre durante a radioterapia

    e acomete tecidos com alta taxa de renovao celular, como a mucosa bucal. Os

    efeitos tardios podem apresentar-se meses ou anos aps o tratamento, ocorrendo

    em tecidos e rgos de maior especificidade celular, como msculos e ossos, bem

    como comprometendo a formao dentria, o desenvolvimento e o crescimento,

    quando o tratamento realizado durante a infncia (LABBATEL; LENH; DENARDIN,

    2003).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 34

    H trs fases distintas de efeitos da radioterapia. Os efeitos iniciais

    geralmente so observados durante o tratamento ou nas primeiras semanas aps a

    sua concluso. Os efeitos da radiao aguda ocorrem principalmente em tecidos que

    se renovam como a pele, a mucosa bucofaringeana, o intestino delgado, o reto, a

    mucosa vesical e a mucosa vaginal. Esses tecidos proliferam rapidamente para

    permitir a resoluo rpida de uma reao excessiva. Efeitos intermedirios

    geralmente ocorrem vrias semanas a meses aps a concluso do tratamento, e os

    efeitos tardios geralmente so encontrados muitos meses a anos aps o tratamento.

    Na verdade, os efeitos tardios so aqueles que limitam a dose empregada na

    radioterapia. Esses efeitos incluem necrose, fibrose, formao de fstula, ulcerao

    no cicatrizada e leso de rgos especficos. A oncognese tambm um efeito

    tardio da radioterapia. Clinicamente, os efeitos tardios parecem depender da dose

    total de radiao e da quantidade da frao de radiao (BOYER, 2000).

    Os tecidos normais tendem a repopular as regies irradiadas com mais

    facilidade que os tumorais, embora os tumores tambm o faam. Como existem

    muito mais tecidos sadios do que tumorais nas regies irradiadas, esta caracterstica

    favorece o tratamento. Devido a vrios defeitos metablicos inerentes atividade

    mittica das neoplasias, a regenerao tende a ser menos eficaz para danos

    subletais. Tecidos normais tendem a se recuperar entre duas aplicaes, desde que

    haja um intervalo de ao menos quatro horas, enquanto que os tumorais tendem a

    demorar mais ou no o fazem (SALVAJOLI; SOUHAMI; FARIA, 1999).

    Sobre a pele a radiao com doses moderadas ou altas provoca

    inflamao, eritema e descamao seca ou mida da pele, porm, a regenerao se

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 35

    processa s custas da camada basal, podendo haver reparao com fibrose do

    derma tardiamente, ou, mais raramente, ulcerao, necrose, ou ainda, pela

    capacidade indutora oncogentica dos raios X, o aparecimento de um carcinoma no

    local que recebeu a radiao pregressa (SALVAJOLI; SOUHAMI; FARIA, 1999).

    A radioterapia quando utilizada na regio de cabea e pescoo,

    dependendo da dose de irradiao, tempo, volume do tecido irradiado e dose de

    distribuio podem produzir alteraes reversveis e irreversveis nos tecidos que

    envolvem a leso. Os efeitos deletrios causados pela radioterapia considerados de

    relevncia para o cirurgio-dentista so aqueles que ocorrem nas glndulas

    salivares, ossos, dentes, mucosas bucais, msculos e articulaes que esto

    localizados na regio de cabea e pescoo. Essas alteraes ocorrem devido

    perda de clulas e dano na vascularizao local determinados pela terapia

    antineoplsica. Uma variedade de complicaes bucais no-infecciosas

    regularmente vista como resultado tanto da radioterapia quanto da quimioterapia.

    Duas mudanas agudas, a mucosite e a hemorragia, so os problemas

    predominantes, associados radioterapia, especialmente em alguns tipos de cncer,

    como na leucemia, que envolve altas dosagens. A mucosite aguda dolorosa e a

    dermatite so os efeitos secundrios mais frequentemente encontrados na terapia

    com radiao, porm vrias alteraes crnicas continuam a importunar os

    pacientes por longo tempo aps o tratamento. Dependendo do campo da radiao,

    da dose de radiao e da idade do paciente, as seguintes conseqncias so

    possveis: xerostomia, perda do paladar, osteorradionecrose, trismo, dermatite

    crnica e anormalidades do desenvolvimento (NEVILLE et al., 1998).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 36

    Na regio de cabea e pescoo pode-se afirmar que na grande maioria

    dos pacientes que so submetidos radioterapia para tratamento de neoplasias

    malignas, ocorrem complicaes bucais provenientes de efeitos adversos agudos ou

    tardios. Podem surgir mucosite e ulcerao, as quais no trazem problemas

    funcionais, mas alm de dolorosas proporcionam uma soluo de continuidade na

    barreira biolgica, favorecendo a invaso de microorganismos, produzindo quadros

    infecciosos agudos. A radioterapia interfere com a homeostasia das clulas malignas

    e normais. Um efeito importante a perda da capacidade proliferativa dessas no

    tecido epitelial de revestimento da boca. A perda desta capacidade resulta em

    atrofia, necrose e ulcerao da mucosa, predispondo-a infeco secundria por

    vrias espcies de microorganismos (PARULEKAR et al., 1998).

    Foi realizado um estudo por Magalhes et al. (2002), no qual analisou-se

    a incidncia dessas seqelas em trinta e um pacientes irradiados, examinados no

    Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da

    Universidade de So Paulo. As alteraes bucais observadas foram xerostomia,

    trismo, mucosite, candidase, doenas periodontais, crie de radiao e

    osteorradionecrose. Um protocolo de preveno e tratamento dessas manifestaes

    apresentado nesse trabalho.

    Em outro artigo, os autores descrevem trs casos desta patologia e ao

    mesmo tempo alertam o cirurgio-dentista para a importncia de um

    acompanhamento clnico sistemtico do paciente sob tratamento radioterpico,

    visando um reconhecimento precoce da mucosite por radiao, a preveno das

    infeces secundrias e de suas complicaes (LIMA, 2002).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 37

    Com relao mucosite foi realizado um estudo por Labbatel; Lehn;

    Denardin (2003) no qual foram selecionados vinte e um portadores de cncer de

    cabea e pescoo alocados em dois grupos: grupo placebo com onze pacientes e

    idade mdia de cinqenta e oito anos. Esse grupo realizou dois bochechos dirios

    com gua oxigenada. E grupo medicao com dez pacientes, com idade mdia de

    cinqenta e dois anos, cujos integrantes realizaram dois bochechos dirios com

    gluconato de clorexidina a 0,12%. Os pacientes foram avaliados semanalmente com

    exame local para deteco das alteraes de mucosa (classificao de acordo com

    a Organizao Mundial de Sade (OMS) e Grupo de Terapia por Radiao em

    Oncologia - graus 0 a IV) e preenchimento de questionrio de qualidade de vida

    ressaltando os aspectos de dor, apetite, paladar e hbitos alimentares. Como

    resultado os autores encontraram que a graduao da mucosite foi mais intensa no

    grupo placebo em seis das dez semanas de avaliao. A freqncia e intensidade

    das dores foram piores no grupo placebo na quarta semana de radioterapia e a

    modificao de paladar foi mais intensa nos indivduos que no usavam o

    medicamento apenas na stima semana. No foram encontradas diferenas nos

    outros parmetros de qualidade de vida. Dessa forma, pode-se concluir que o

    gluconato de clorexidina no eliminou as leses de mucosa mas diminuiu,

    significativamente, os seus efeitos deletrios e intensidade sem apresentar um

    reflexo persistente na qualidade de vida dos pacientes.

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 38

    2.3- TECIDO SSEO

    O tecido sseo um tecido conjuntivo especializado, constitudo de 33%

    de matriz orgnica, que inclui 28% de colgeno tipo I e o restante de matriz orgnica

    formada por protenas no-colgenas, incluindo osteonectina, osteocalcina, protena

    morfognica ssea, proteoglicana ssea e sialoprotena ssea que se dispem de

    maneira a formar os ossos, as estruturas rgidas e resistentes que constituem o

    esqueleto (TEN CATE, 1994).

    Apesar de seu aspecto aparentemente inerte, os ossos crescem e so

    remodelados por toda a vida (TEN CATE, 1994). Quando lesados, como em fraturas,

    so capazes de reparao, fenmeno que demonstra sua permanente vitalidade. A

    homeostase do tecido sseo controlada por fatores mecnicos e humorais, locais e

    gerais (KATCHBURIAN, 1999).

    A matriz orgnica dos tecidos mineralizados, onde esto depositados os

    cristais de hidroxiapatita, desempenha um papel molecular e estrutural como

    armao ou molde para a deposio do componente inorgnico. Como os outros

    tecidos que sofrem mineralizao, a matriz orgnica do osso tem dois

    compartimentos: o fibrilar, representado pelas fibrilas colgenas, e a substncia

    interfibrilar fundamental. O colgeno presente no osso maduro do tipo I e

    representa 85% da matriz orgnica: entretanto, outros tipos de colgeno esto

    tambm presentes, mas em uma quantidade bem pequena, cerca de 5%

    (KATCHBURIAN, 1999).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 39

    No tecido sseo, trs tipos celulares podem ser reconhecidos nas

    diferentes fases do desenvolvimento do osso: as clulas formadoras da matriz

    orgnicas so os osteoblastos. Nas reas de remodelao os osteoclastos atuam

    reabsorvendo o osso mineralizado. Alm dessas, encontra-se os ostecitos que so

    os osteoblastos inativos (KATCHBURIAN, 1999).

    Osteoblastos sintetizam osteide e so mediadores de sua mineralizao;

    so encontrados alinhados ao longo das superfcies sseas.

    Ostecitos representam sobretudo osteoblastos inativos aprisionados dentro

    do osso formado; podem auxiliar na nutrio do osso.

    Osteoclastos clulas fagocitrias que so capazes de reabsorver o osso e

    que so importantes, juntamente com os osteoblastos, na rotatividade e na

    remodelao constantes do osso.

    Os osteoblastos e os ostecitos derivam-se de uma clula mesenquimal

    primitiva, chamada de clula osteoprogenitora. Os osteoclastos, por sua vez, so

    clulas fagocitrias multinucleadas derivadas da linhagem celular dos macrfagos-

    moncitos (YOUNG; HEATH, 2000).

    As superfcies internas e externas dos ossos so recobertas por clulas

    osteognicas e tecido conjuntivo, constituindo o endsteo e o peristeo,

    respectivamente. A camada mais superficial do peristeo contm sobretudo fibras

    colgenas e fibroblastos. As fibras de Sharpey so feixes de fibras colgenas do

    peristeo que penetram no tecido sseo e prendem firmemente o peristeo ao osso

    (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 40

    Na sua poro mais profunda, o peristeo mais celular e apresenta

    clulas osteoprogenitoras, morfologicamente parecidas com os fibroblastos. As

    clulas osteoprogenitoras multiplicam-se por mitose e se diferenciam em

    osteoblastos, desempenhando papel importante no crescimento dos ossos e na

    reparao das fraturas. O endsteo em geral constitudo por uma camada de

    clulas osteognicas achatadas revestindo as cavidades do osso esponjoso, o canal

    medular, os canais de Harvers e os de Volkmann (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

    Em um osso maduro, geralmente dois tipos de tecido sseo podem ser

    diferenciados: o osso esponjoso e o osso compacto. Entretanto, em ambos a

    estrutura basicamente a mesma, sendo constitudos por sistemas lamelares e

    existindo diferenas apenas na quantidade e disposio das lamelas e na existncia

    ou no de espaos entre os referidos sistemas. Assim sendo, o osso esponjoso

    formado por lamelas, na sua maioria paralelas entre si, com escassos sistemas de

    lamelas concntricas. Todavia, as lamelas formam delgadas trabculas que deixam,

    entre elas, amplos espaos preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, vasos

    sangneos e tecido hematopoitico, constituindo, portanto, parte da medula ssea.

    Por sua vez, o osso compacto formado por numerosos sistemas de lamelas

    concntricas, sendo denominados sistemas de Harvers. Esses apresentam-se

    densamente agrupados entre si, constitudos, cada um deles, por vrias lamelas. As

    regies de osso compacto encontram-se, geralmente, constituindo quase a

    totalidade da espessura da difise dos ossos longos. Os sistemas de Harvers

    constituem a unidade estrutural do osso maduro e so caractersticos no osso

    compacto. Os ostecitos encontram-se geralmente localizados entre as lamelas,

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 41

    apresentando-se achatados, seguindo seu longo eixo uma orientao tambm

    concntrica em relao s lamelas e aos canais centrais. Os canais de Harvers

    alojam geralmente um vaso sangneo. Esses canais apresentam comunicao

    entre si atravs de canais transversais denominados de Volkmann (KATCHBURIAN,

    1999).

    2.4- REPARAO SSEA

    Um organismo vivo mantm a capacidade de reparar suas perdas. Isso

    uma propriedade que est presente desde o nvel celular. Quando uma clula sofre

    agresso focal, as organelas inviveis podem ser isoladas num vacolo limitado por

    membrana, digeridas e eliminadas, enquanto as partes perdidas so reconstitudas,

    permitindo a volta da clula sua estrutura normal. Por vezes, as membranas

    formam um resduo quimicamente heterogneo, de difcil digesto, que ento

    posto de lado no interior da clula, enquanto esta continua a viver. Quando, em vez

    de atingir focalmente as clulas no seu citoplasma, a leso causa a perda de muitas

    clulas, o reparo mais complexo e pode assumir uma das possibilidades: se as

    clulas parenquimatosas morrem, mas o estroma permanece ntegro, o reparo se

    faz a partir de clulas do mesmo tipo das que morreram voltando o rgo sua

    estrutura normal. Nesse caso o fenmeno ocorrido foi uma regenerao. Porm, se

    o estroma destrudo, o reparo se faz s custas do tecido conjuntivo, o que

    chamado de cicatrizao (MONTENEGRO, 1999).

    O processo de cicatrizao ssea descrito por trs fases: uma fase

    inflamatria, uma reparadora e uma de remodelao. A inflamatria caracterizada

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 42

    pela formao de um cogulo sangneo que envolve as superfcies sseas no local

    da leso, estendendo-se pelo peristeo e cavidades medulares prximas,

    acompanhada de edema mais ou menos intenso. Instala-se, assim, um processo

    inflamatrio agudo com grande mobilizao de neutrfilos e macrfagos, provocado

    pela liberao de substncias quimiotticas (histamina e serotonina, por exemplo) no

    local lesionado. Esta fagocitose tem como objetivo comear a remoo do cogulo

    das regies necrosadas, bem como dos ostecitos mortos que surgem nas

    superfcies sseas da regio lesionada. Imediatamente, inicia-se a fase reparadora

    com o aparecimento de um grande nmero de fibroblastos produtores de colgeno e

    responsveis pela formao de um calo fibroso, no qual as fibras colgenas

    envolvem a regio lesionada. medida que a ao dos macrfagos prossegue,

    reabsorvendo o cogulo e o tecido sseo necrosado, surge gradativamente uma

    nova rede capilar, oriunda das clulas endoteliais remanescentes dos vasos

    rompidos e das clulas mesenquimais indiferenciadas, que invade a regio do

    cogulo juntamente com fibroblastos e osteoblastos, para formar rapidamente um

    novo tecido sseo no local, por meio de um processo de ossificao

    intramembranosa ou endoconjuntiva, resultando em um osso imaturo. O calo sseo

    tem uma textura prpria, sendo mais celular e menos mineralizado, indicando a

    rapidez do processo de ossificao e justificando a denominao de osso imaturo.

    Na fase remodeladora, o calo sseo passa por uma srie de processos de

    reabsoro e neoformao at que a regio lesionada retome a textura que possua

    antes da leso. As atividades osteoblsticas e osteoclsticas removem os excessos

    de material do calo sseo, restabelecendo as cavidades sseas que existiam e

    reconstroem os sistemas de Harvers e o trabeculado de osso esponjoso na mesma

    disposio anterior leso (CATANZARO GUIMARES, 1982).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 43

    O osso trabecular no somente o primeiro tipo de osso a ser formado

    durante o desenvolvimento do esqueleto, mas tambm o primeiro tipo a ser

    depositado durante a cicatrizao de uma fratura. No stio de fratura, um cogulo

    sangneo formado inicialmente, mais tarde substitudo por um tecido colgeno

    altamente vascularizado (tecido de granulao) o qual se torna progressivamente

    mais fibroso. As clulas mesenquimais diferenciam-se em condroblastos e,

    progressivamente, substituem este tecido fibroso de granulao com cartilagem

    hialina. Esta ponte firme, mas ainda flexvel, conhecida como calo provisrio.

    Posteriormente, este calo reforado pela deposio de sais de clcio na matriz

    cartilaginosa. As clulas osteoprogenitoras do endsteo e do peristeo so, ento,

    ativadas e depositam uma trama de osso trabecular no interior e ao redor do calo

    provisrio, transformando-o em calo sseo. A unio ssea atingida quando o stio

    de fratura completamente unido pelo osso. Sob a influncia do estresse funcional,

    o calo sseo lentamente remodelado para formar o osso maduro (BURKITT;

    YOUNG; HEATH, 1997).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 44

    2.5- OSTEORRADIONECROSE

    A osteorradionecrose constitui um risco permanente no indivduo

    submetido radioterapia na regio de mandbula e, tecnicamente, uma ferida com

    hipxia devido esclerose de pequenos vasos. Isto compromete a capacidade

    defensiva e propriedades de reparo dos tecidos irradiados, predispondo a mandbula

    infeco, seqestro sseo, limitao funcional e deformidade facial. A incidncia

    varia de 4% a 15% dos casos irradiados em diferentes centros de tratamento e est

    relacionada condio orgnica do paciente, o mtodo de fracionamento da dose

    total, a dose total administrada, a tcnica radioterpica empregada, caractersticas

    anatmicas dos campos irradiados e presena de estruturas que concentrem dose

    de irradiao, trauma e/ou infeco (GIS et al., 2000). Em leso extensa situada

    em assoalho bucal e irradiada com doses acima de 6500 cGy a ocorrncia de

    osteorradionecrose pode chegar a 25% (KLOTCH, 1996).

    A mandbula, devido maior densidade do osso, a mais comumente

    envolvida, e a manifestao ocorre geralmente dentro de dois anos aps a

    radioterapia (LOLES et al., 1998). Radiograficamente, as reas afetadas do osso

    apresentam radiolucidez mal definida, podendo desenvolver zonas de relativa

    radiopacidade medida que o tecido sseo necrosado se separa das estruturas

    vitais remanescentes. Dor intratvel, perfurao da cortical, formao de fstula,

    ulcerao superficial e fratura patolgica podem ocorrer (FRANCESCHINI et al.,

    2004).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 45

    Entre todas as seqelas da radioterapia na regio de cabea e pescoo, a

    osteorradionecrose uma das seqelas mais preocupantes pela sua complexidade

    de tratamento. Devido melhoria das condies de tratamento e preveno, tem

    sido menos freqente atualmente (FRANCESCHINI et al., 2004).

    A osteorradionecrose pode predispor o paciente a um processo infeccioso

    crnico ou agressivo, ou causar destruio do tecido por necrose direta, porque

    altera os mecanismos de defesa da mucosa para impedir infeco (MAIA et al.,

    1997).

    Diante da ocorrncia desta indesejvel seqela o tratamento mais

    recomendado a oxigenao hiperbrica (HBO), ou seja, emprego de oxignio sob

    alta presso atmosfrica. O oxignio nestas condies promove neovascularizaes,

    angiognese, aumento da atividade celular, bactericida, bacteriosttico e

    aumenta a colagenase (SOUZA, BARBOSA, 1991).

    A ntima cooperao entre o radioterapeuta e o cirurgio-dentista

    essencial para que o paciente receba os benefcios de radioterapia sem sofrer com

    as srias complicaes e o desconforto das seqelas. Uma avaliao do estado de

    sade dentria, antes do tratamento radioterpico, faz parte dos procedimentos que

    podem ajudar a evitar infeces, necrose e dor subseqentes (SOUZA, BARBOSA,

    1991).

    Como procedimentos tcnicos preventivos da rea odontolgica devem

    ser removidos dentes com grande destruio por crie e com mobilidade devido

    periodontopatias. Leses periapicais inflamatrias, restauraes duvidosas e cries

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 46

    devem ser criteriosamente tratadas, e aplicao tpica de flor e a orientao de

    higiene bucal juntamente com a profilaxia dentria devem ser realizadas neste

    momento (SOUZA, BARBOSA, 1991).

    Antunes et al. (2004) preconizam como tratamento odontolgico prvio ao

    tratamento oncolgico, a restaurao dos dentes cariados com material definitivo ou

    provisrio, pois aquelas leses agem como fonte de infeco e podem ter sua

    condio agravada devido xerostomia. Quando a crie est em estgio avanado

    comprometendo a polpa, deve ser realizado o tratamento endodntico ou exodontia.

    O tratamento endodntico deve ser realizado somente se o paciente tiver condio

    clnica e se, at o perodo previsto para a radioterapia, o paciente tiver a infeco

    debelada. Em presena de infeco, deve ser utilizada antibioticoterapia emprica ou

    baseada na hemocultura. Se persistir dvida quanto resoluo da infeco, o

    dente deve ser extrado.

    Os pacientes com doena periodontal devem ser submetidos a tratamento

    periodontal especfico; entretanto, deve-se realizar exodontia dos dentes com bolsa

    periodontal maior ou igual a 4 mm e/ou com mobilidade grau 1. Esta recomendao

    baseia-se no fato de esses dentes alm de servirem de fonte de infeco, sero

    fatores complicadores aps a radioterapia, perodo em que existe o impedimento

    para realizao de exodontias, devido possibilidade de o paciente apresentar

    osteorradionecrose (AAPD, 2001; NCI, 2003; MEURMAN, 1999). Se o paciente for

    submetido a um tratamento quimioterpico de altas doses ou a radioterapia, todos os

    dentes com prognstico duvidoso devem ser extrados antes do incio da terapia

    (RABER-DURLACHER, 1989).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 47

    Alm do sucesso dos regimes preventivos, a ausncia de cries em

    indivduos ps-irradiados deve-se em parte ao monitoramento contnuo do cirurgio-

    dentista (GARONE NETTO, BIAGIONI, 1990).

    GRIMALDI et al. (2005) realizaram uma reviso de literatura sobre a ORN

    na qual chegaram concluso que o cirurgio-dentista tem a funo de minimizar,

    ou at mesmo, evitar esses efeitos proporcionando uma melhor qualidade de vida

    para esses pacientes. Dessa forma, uma adequao do meio bucal necessria

    antes da radioterapia, assim como a parte clnica do tratamento deve comear o

    mais rpido possvel. Devem ser extrados os dentes com comprometimento pulpar,

    comprometimento periodontal, decduos com rislise fisiolgica, restos radiculares,

    dentes impactados parcialmente e prximos ao tumor.

    2.6- LASERTERAPIA

    A luz, desde os primrdios da civilizao, vem sendo utilizada com

    finalidades teraputicas. Os gregos a utilizavam na helioterapia, e os chineses

    usavam a luz solar para tratar de doenas de pele, cncer e at mesmo quadros de

    psicose (PINHEIRO, 1998).

    O desenvolvimento do Laser teve seu incio a partir de 1917, quando

    Einstein formulou a teoria da Emisso Estimulada. Esta teoria foi baseada na teoria

    Quntica proposta por Planck (1900) a qual discute o relacionamento da quantidade

    de energia liberada pelo processo atmico (PINHEIRO, 1998). Dcadas mais tarde,

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 48

    em 1958, Schawlow, Townes, publicaram um artigo sobre Maseres Infravermelhos

    e pticos. Nesse artigo, discutiram os princpios das tcnicas de emisso

    estimulada, desde o alcance de microondas at os alcances infravermelho e ptico

    do espectro, os quais citam Townes (1954) como responsvel pelo anncio sobre o

    efeito da emisso estimulada de radiao no alcance do microondas do espectro.

    Este foi o primeiro Maser Amplificao de Microondas por Emisso Estimulada de

    Radiao (MELLO et al., 2001).

    A palavra Laser significa Light Amplification by Stimulated Emission of

    Radiation ou Amplificao da Luz por Emisso Estimulada de Radiao (MELLO

    et al., 2001; RAMPIL,1991). A luz Laser consiste de ondas que possuem um

    comprimento especfico e que corresponde distncia entre dois mximos e dois

    mnimos, medida na direo em que a onda est se movimentando (PINHEIRO et

    al., 2002). O Laser produz um raio de luz de natureza ondulante que se propaga por

    meio de ondas eletromagnticas, que podem ser medidas atravs de comprimentos

    de ondas em nanmetros (nm). Tipos de Laseres com comprimento de onda entre

    400 a 800 nm so Laseres visveis, que podem ser de vrias cores. J os Laseres

    com comprimento de onda abaixo de 400 nm e acima de 800 nm so invisveis,

    ou seja, ultravioleta e infravermelhos (MELLO et al., 2001).

    O Laser uma forma de radiao no-ionizante, altamente concentrada,

    que em contato com os diferentes tecidos resulta em efeitos trmicos, fotoqumicos e

    no-lineares. As diferenas em efeitos so resultantes da diferena dos meio-ativos,

    os quais determinam o comprimento de onda da radiao emitida. Em sendo uma

    forma de energia no-ionizante, ao contrrio de outras formas de radiao usadas

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 49

    terapeuticamente, tais como raios X, gama e nutrons, a radiao Laser no

    invasiva e muito bem tolerada pelos tecidos (PINHEIRO, 1998).

    Os recursos atuais da tecnologia com Laser, utilizados na Medicina e na

    Odontologia, foram obtidos graas ao desenvolvimento da fsica do Laser,

    principalmente pela contribuio da Engenharia Eletroeletrnica, bem como da

    ptica. Com esta parceria entre as reas de exatas com a rea da sade, hoje

    possvel um cirurgio-dentista indicar um tipo de Laser, com um determinado

    protocolo, para cada tipo de tecido, sem provocar danos no dente e nas estruturas

    adjacentes (MELLO et al., 2001).

    As caractersticas do Laser so: coerncia, colimao e

    monocromaticidade (MERCER, 1996). Coerncia tem sua idia ligada direo

    ordenada das ondas em relao ao tempo. Num mesmo instante uma determinada

    emisso possui vrias ondas justapostas, onde suas amplitudes tm valores iguais,

    ou seja, raios com o mesmo comprimento de onda formando um feixe coerente

    (MELLO et al., 2001). A colimao ou paralelismo significa que a luz Laser emite em

    uma nica direo com baixa divergncia dos raios. Essa caracterstica faz com que

    o raio caminhe no espao sem mudar sua dimenso (SALGADO; VIEIRA;

    BLACHMAN, 2000). Monocromaticidade a caracterstica dos Laseres em produzir

    raios constitudos por uma s freqncia e uma s cor (MELLO et al., 2001).

    Os Laseres mais utilizados em Odontologia so: Laser de CO2 (Laser de

    Dixido de Carbono), Laser de Nd:YAG (Laser de Neodmio trio Alumnio

    Granada), Ar-Laser (Laser de Argnio), HeNe (Laser de Hlio-Neon) e o AsGa

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 50

    (Laser de Arseneto de Glio). Vrios elementos foram descobertos para a fabricao

    de uma fonte de Laser : certos slidos, cristais, semicondutores, vapores, gases e

    lquidos. As diversas tecnologias aplicadas aos elementos ativos fazem com que

    existam fontes de Laser que pulsem, outros que emitam continuamente, com

    potncias que podem variar de miliWatts at dezenas de quilowatts (BRUGNERA et

    al., 1991).

    Os Laseres tm sido classificados de acordo com muitos critrios. A mais

    ampla classificao aquela que divide os Laseres em dois grandes grupos, de

    acordo com a sua teraputica em: Laseres cirrgicos e os Laseres no-cirrgicos.

    Os Laseres podem ser tambm classificados de acordo com seu funcionamento, em

    contnuo ou pulstil (PINHEIRO, 1988b, 1990a). De acordo com MELLO et al., 2001,

    os Laseres so tambm classificados em relao ao meio ativo que produz a

    radiao (gasoso, slido, semicondutos ou lquido).

    Para que a energia Laser exera sua funo necessrio que ela seja

    absorvida pelos tecidos. Conseqentemente, cada tipo de tecido absorve melhor um

    tipo de energia Laser (PINHEIRO, 1988a).

    Atualmente, sabe-se que a interao do Laser com os tecidos depende de

    vrios fatores, como: comprimento de onda do Laser, potncia do Laser, tipo de

    tecido e sua capacidade de absoro, freqncia de pulsos por segundo, durao do

    pulso, quantidade de energia aplicada, modo de entrega (fibra ptica ou brao

    articulado com lentes), distncia focal, presena ou no de sistema de refrigerao

    e, finalmente, tempo de exposio (MELLO et al., 2001).

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 51

    Quando a luz do Laser interage com o tecido bucal, ela pode ser

    absorvida, parcialmente transmitida, difundida ou refletida (PICK, 1992). Para ter

    efeito no tecido a luz deve ser absorvida por de seus elementos de forma que a

    energia da luz seja convertida em um outro tipo de energia como, por exemplo,

    aumentando o grau de movimentao das molculas do tecido atravs de energia

    trmica, ou seja, produo de calor e conduza a efeitos visveis observados nos

    tecidos. Se o tecido for completamente transparente ou for um refletor perfeito da luz

    Laser, nenhum efeito ser observado desde que nenhuma energia tenha sido

    absorvida em qualquer situao. A difuso da luz Laser dificulta o prognstico dos

    efeitos colaterais, pois a luz desviada em trs dimenses e rapidamente tornar-se-

    fora de alcance (MERCER, 1996).

    Laserterapia tem sido apontada como capaz de modular vrias respostas

    biolgicas afetadas por alguns fatores envolvidos com o modo da radiao, tais

    como: dose total de energia, espectro do Laser, densidade de potncia e fase de

    radiao. A fim de aplicar a terapia Laser ao uso clnico, as propriedades e os efeitos

    biolgicos do Laser devem ser precisamente elucidados e desenvolvidos modos

    mais efetivos de radiao, assim como mtodos de aplicao mais fceis de usar.

    Freitas, Baranauskas, Cruz-Hfling (2000) analisaram a influncia do

    Laser HeNe na osteognese aps uma fratura cirrgica controlada em ratos Wistar,

    com incio de terapia vinte e quatro horas aps a cirurgia. Os animais foram

    separados em trs grupos, de acordo com as doses de radiao. Aps radiaes

    dirias, os espcimes foram sacrificados, no oitavo e no dcimo quinto dias ps-

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 52

    operatrios. As tbias contra-laterais no receberam radiao e serviram como

    controle. Atravs de microscopia eletrnica e ptica, os autores observaram que a

    Laserterapia, com doses de 31,5 J/cm2 e 94,7 J/cm2, resultou na formao de um

    trabeculado sseo mais espesso, indicando uma maior sntese de fibras colgenas.

    Entretanto, a dose de 3,15 J/cm2 no apresentou diferena aparente entre os grupos

    experimental e controle. A Laserterapia no somente diminuiu o perodo de

    cicatrizao como tambm produziu uma maior rea de reparo sseo. O mecanismo

    biolgico relacionado com este processo ainda no est bem definido. A hiptese

    mais provvel que a energia Laser possa excitar as porfirinas e os citocromas,

    promovendo, desta maneira, uma maior atividade celular, aumentando a

    concentrao de ATP, ALP e liberando clcio.

    Almeida-Lopes et al. (2001) estudaram o efeito da Laserterapia em

    cultura de fibroblastos humanos, comparando o efeito na proliferao celular de

    Laser de luz visvel com Lasers infravermelhos, mantendo a dose constante de 2

    J/cm2 e usando diferentes irradiaes. A radiao com Laser foi realizada com

    Lasers diodo com os seguintes comprimentos de onda: 670 nm, 780 nm, 692 nm,

    786 nm. Os resultados mostraram que, nas culturas de fibroblastos em condies de

    dficit nutricional, quando radiadas com a mesma dose, o Laser infravermelho

    induziu a uma maior proliferao celular quando comparado ao Laser visvel, quando

    as potncias eram diferentes. Entretanto, Lasers de mesma potncia de sada

    apresentaram efeitos semelhantes no crescimento celular, independentemente do

    comprimento de onda. Para os autores, a terapia com Laser de baixa potncia

    melhora a proliferao de fibroblastos, in vitro, alm de que um menor tempo de

    exposio resulta em uma maior proliferao.

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 53

    Outro trabalho, realizado por Limeira (2001), investigou, por meio da

    anlise histolgica, a influncia da Laserterapia (GaAlAs, 830 nm) no processo de

    cicatrizao ssea de feridas cirrgicas em fmur de ratos, submetidas a implante de

    osso bovino liofilizado anorgnico associado ou no regenerao ssea guiada

    com membrana biolgica de cortical ssea bovina descalcificada. A biomodulao

    do Laser sobre a cicatrizao ssea em fmur de ratos submetidos a implante de

    osso anorgnico, com ou sem membrana biolgica, foi evidenciada, sobretudo pela

    estimulao na produo de grandes quantidades de fibras colgenas nos grupos

    irradiados, principalmente a partir do vigsimo primeiro dia. O autor concluiu que o

    uso da Laserterapia resulta em efeito biomodulador positivo sobre a cicatrizao

    ssea em cavidades de fmur de ratos submetidas a implante de osso anorgnico,

    evidenciado aos vinte e um e aos trinta dias, bem como a implante de osso

    anorgnico associado membrana biolgica, mais evidente no trigsimo primeiro

    dia.

    Pinheiro et al. (2001) avaliaram morfologicamente a neoformao ssea

    aps a radiao com Laser de 830 nm em feridas cirrgicas criadas em fmur de

    ratos. Os autores ressaltam que os achados desse estudo sugerem que a utilizao

    do Laser no ablativo (830 nm) melhora significativamente a cicatrizao ssea nos

    estgios iniciais, concluindo, pois, que a Laserterapia pode aumentar o reparo sseo

    nos estgios iniciais da cicatrizao.

    Em 2001, Nicolau analisou o efeito da Laserterapia (GaAlAs) em tecido

    sseo de rato submetido a uma leso, por histomorfometria ssea atravs de

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 54

    microscopia ptica e de fluorescncia. Para o estudo, empregaram quarenta e oito

    ratos Wistar, divididos em dois grupos: um grupo controle e outro experimental, o

    qual recebeu radiao. Ambos os grupos foram divididos em trs subgrupos, de

    acordo com o tempo de sacrifcio aps a cirurgia: cinco, quinze e vinte e cinco dias.

    A cirurgia foi realizada da mesma maneira, tanto no grupo controle quanto no

    experimental. A Laserterapia foi realizada no segundo, quarto, sexto e oitavo dias

    aps a cirurgia com Laser GaAlAs (660 nm), com uma densidade de energia de 10

    J/cm2 e um tempo de aplicao de cento e sessenta segundos. Os resultados

    mostraram, nos animais irradiados, uma diminuio nos ndices de reabsoro em

    funo do tempo, de cinco para quinze dias, permanecendo estveis em vinte e

    cinco dias. No foram observadas diferenas significativas quanto superfcie

    osteoclstica e a superfcie de reabsoro, em quinze dias, entre os grupos

    experimental e controle. O autor concluiu que a terapia com Laser no ablativo

    induziu o aumento da remodelao ssea em todas as fases do experimento, porm

    sem causar alteraes na microarquitetura ssea nos animais irradiados.

    Torricelli et al. (2001) avaliaram, in vitro, o efeito bioestimulador do Laser

    GaAlAs na cartilagem ssea. Para o estudo, culturas de condrcitos derivadas de

    cartilagem humana e de ratos foram expostas ao tratamento com Laser, utilizando

    os seguintes parmetros: 300J, 1W e 100 ou 300Hz (grupo A e B, respectivamente).

    As aplicaes foram realizadas por dez minutos, diariamente, por cinco dias

    consecutivos. O grupo controle no recebeu tratamento com Laser. Os resultados

    mostraram um efeito positivo na bioestimulao da proliferao celular em relao

    ao grupo controle. O aumento na viabilidade de condrcitos irradiados foi mantido

    por cinco dias aps o trmino das aplicaes. Para os autores, os resultados obtidos

    http://www.pdfcomplete.com/cms/hppl/tabid/108/Default.aspx?r=q8b3uige22

  • 55

    no estudo proporcionaram uma base para a utilizao racional do Laser, com os

    parmetros avaliados, tanto experimental quanto clinicamente.

    Drtbudak, Haas e Mailath-Pokorny (2002) avaliaram os efeitos da

    Laserterapia em ostecitos e tambm na reabsoro ssea em stios de implantes,

    em cinco babunos machos. Quatro lojas foram realizadas, em cada crista ilaca,

    para acomodar os implantes. Os stios do lado esquerdo foram irradiados com Laser

    de 690 nm, com 1 mW de potncia, durante um minuto (6 J), imediatamente aps a

    insero dos implantes. Aps cinco dias, os resultados foram analisados

    histologicamente. Os resultados mostraram que o nmero de osteoclastos viveis

    era maior nas amostras dos grupos submetidos radiao Laser imediatamente

    aps a colocao dos implantes em comparao com o grupo controle, sugerindo

    uma maior quantidade de osso vital presente na rea irradiada do que nas reas

    no-irradiadas. A reabsoro ssea, em contraste, no foi afetada pela Laserterapia.

    Os autores concluram que a radiao Laser pode ter efeitos positivos na integrao

    de implantes e que possvel a cicatrizao ser acelerada por meio de tal processo.

    Kreisler et al. (2002) analisaram os efeitos da radiao Laser na taxa de

    proliferao de fibroblastos gengivais humanos in vitro. Um grupo de cento e dez

    culturas de fibroblastos foram radiadas com um Laser diodo (GaAlAs; 809 nm; 10

    mW) com doses entre 1,96 J/cm2 e 7,84 J/cm2. O tempo de exposio variou entre

    75 e 300 seg. Outras cento e dez culturas de fibroblastos serviram como controle e

    no receberam radiao. O tratamento com Laser realizou-se alternadamente: uma,

    duas e trs vezes, em um intervalo de vinte e quatro horas. A taxa de proliferao foi

    determinada pela atividade de fluorescncia por um indicador adicionado a cultura

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  • 56

    celular. A proliferao foi determinada vinte e quatro, quarenta e oito e setenta e

    duas horas aps a radiao. Os resultados mostraram que as clulas irradiadas

    revelaram uma atividade proliferativa consideravelmente maior. As diferenas foram

    muito significativas, vinte e quatro horas aps a radiao, mas diminuram de uma

    maneira energia-dependente quarenta e oito e setenta e duas horas aps a

    radiao. Os autores concluram que o efeito da Laserterapia nos fibroblastos ficou

    evidente. Sua durao, entretanto, parece ser limitada. Os pesquisadores

    ressaltaram que os resultados encontrados podem ser clinicamente relevantes,

    indicando que tratamentos repetitivos so necessrios para alcanar um efeito

    positivo do Laser nas aplicaes clnicas.

    Silva Jnior et al. (2002) estudaram morfometricamente a quantidade de

    osso neoformada aps a radiao com Laser GaAlAs em feridas cirrgicas em fmur

    de ratos. Nesse estudo, quarenta ratos foram divididos em quatro grupos, com dez

    representantes cada, da seguinte maneira: grupo A (doze sesses, 4,8 J/cm2 por

    sesso, perodo de observao de vinte e oito dias); grupo C (trs sesses, 4,8

    J/cm2 por sesso, perodo de observao de sete dias). Os grupos B e D serviram

    como controle, no recebendo radiao. A morfometria computadorizada mostrou

    uma diferena significativa entre as reas de osso mineralizado nos grupos C e D.

    No houve diferena entre o grupo A e B. Os autores concluram que, em tais

    condies experimentais, a terapia com Laser no ablativo com 830 nm melhora a

    cicatrizao ssea nos estgios iniciais.

    Nicola et al. (2003) avaliaram a atividade de clulas sseas aps a

    Laserterapia prxima ao stio da leso ssea. Para o estudo, fmur de quarenta e

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  • 57

    oito ratos receberam perfurao. Os animais foram divididos em dois grupos: um

    experimental, com vinte e quatro ratos, e um grupo controle, o qual no recebeu

    radiao, tambm com vinte e quatro animais. O grupo experimental foi radiado com

    o Laser GaAlAs (660 nm, 10 Jcm2) no segundo, quarto, sexto e oitavo dias aps a

    cirurgia. Os resultados foram avaliados por meio de histomorfometria ssea.

    Segundo os autores, a atividade celular foi maior no grupo irradiado, quando

    comparado ao controle, concluindo que a Laserterapia aumenta a atividade nas

    clulas sseas, tanto na reabsoro quanto na neoformao, ao redor do stio de

    reparo, sem, entretanto, alterar a estrutura ssea.

    Weber (2003) avaliou histologicamente a influncia da radiao Laser,

    utilizando um Laser diodo infravermelho (GaAlAs, 830 nm, 50 mW, CW) no processo

    de cicatrizao de enxertos sseos autgenos. Para tanto, criaram-se feridas sseas

    no fmur de sessenta ratos Wistar, sendo que o fragmento sseo removido foi

    utilizado como enxerto autgeno. Os animais foram divididos em quatro grupos, com

    quinze exemplares cada, de acordo com o protocolo de radiao no transoperatrio:

    G1 (grupo controle); G2 (radiao na loja cirrgica); G3 (radiao no enxerto sseo)

    e G4 (radiao na loja cirrgica e no enxerto sseo). A dose de radiao durante o

    ato operatrio foi de 10 J/cm2, aplicada sobre a loja cirrgica (G2 e G4) e sobre o

    enxerto sseo (G3 e G4). Todos os animais, com exceo do grupo controle foram

    irradiados por quinze dias, a cada quarenta e oito horas, com uma dose de 10 J/cm2

    (4 x 2,5 J/cm2), com perodos de observao de quinze, vinte e um, e trinta dias. Os

    resultados obtidos na presente pesquisa demonstraram que nos grupos em que o

    Laser foi aplicado na loja cirrgica durante o transoperatrio (G2 e G4), a atividade

    de remodelao ssea foi qualitativa e quantitativamente mais exuberante quando

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    comparados com os grupos G1 e G3. Os resultados permitiram concluir que o Laser

    tem um efeito de biomodulao positiva sobre o processo de cicatrizao ssea em

    enxertos sseos quando aplicado durante o transoperatrio.

    Vieira (2003) analisou, sob microscopia de luz, o efeito da dieta;

    Laserterapia (780 nm) e fototerapia (400 - 2000 nm) na cicatrizao de feridas

    cirrgicas. Cinqenta ratos da raa Wistar foram divididos em dois grupos: nutridos

    (n=25) e desnutridos (n=25), sendo o ltimo induzido por dieta experimental e a

    seguir, subdividido em dez subgrupos. Foram produzidas feridas excisionais

    padronizadas no dorso dos animais: dois grupos controle de cinco animais cada

    (cinco animais nutridos e cinco desnutridos e que no receberam Laserterapia), e os

    demais irradiados ou iluminados por sete dias (780 nm, 2 mm, 40 mW ou 400 -

    2000 nm, 5,5 cm, 40 mW e doses de 20 J/cm2 e 40 J/cm2). Os animais foram

    sacrificados oito dias aps a cirurgia e os espcimes foram removidos

    rotineiramente, processados e analisados usando como parmetros: pavimentao

    epitelial; inflamao; proliferao fibroblstica; e a organizao e maturao das

    fibras colgenas. Em todos os grupos irradiados ocorreu aumento da quantidade e

    melhor organizao das fibras colgenas, alm de melhor padro inflamatrio em

    relao aos grupos controle. A quantidade e a forma dos fibroblastos nos grupos

    irradiados tambm foram alteradas em relao aos do grupo controle. Nos grupos

    dos animais desnutridos observaram-se adipcitos multivacuolados, sugerindo

    quadro de degenerao gordurosa provavelmente devido ao quadro de desnutrio.

    Conclui-se que o fator nutricional interferiu no processo cicatricial e que a fototerapia

    mostrou biomodulao positiva na cicatrizao de feridas, sendo esta mais evidente

    nos animais desnutridos.

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    2.7- IMAGEM DIGITAL

    Com o advento das imagens radiogrficas digitais surgiu um novo

    caminho de investigao. A radiografia digital vem sendo aperfeioada a cada dia e

    apresenta como principais vantagens em relao ao sistema convencional: a

    utilizao de um menor tempo de exposio aos raios X e eliminao do

    processamento qumico, responsvel por uma grande porcentagem de erros que

    interferem na qualidade da imagem (MOL et al., 1992; NELVIG et al., 1992;

    SARMENTO et al., 1999). Alm disso, possvel avaliar a quantidade de tecido

    atravessado pelos raios X, a partir da determinao do valor de cinza dos pixels que

    compem a imagem o que se denomina mensurao dos nveis de cinza de reas

    especficas (SARMENTO, COSTA, PRETTO, 1999). Essa medida determinada

    por uma escala de cinza, que varia do valor zero (que corresponde aos pixels com

    cor preta) ao valor 255 (correspondente aos pixels de cor branca), passando por

    uma srie de tons de cinza intermedirios, cada um com um valor numrico

    especfico (FERREIRA et al., 1999, SARMENTO, COSTA, PRETTO, 1999). Isso

    acrescenta anlise visual da densidade e contraste da imagem radiogrfica, uma

    medida quantitativa objetiva (SARMENTO, COSTA, PRETTO, 1999).

    De modo geral, para a produo da imagem digital so necessrios um

    dispositivo de entrada de informao (sensor eltrico que capta a imagem), um

    dispositivo de processamento de informao (computador com um conversor

    analgico/digital A/D) e um dispositivo de sada de informao (monitor e/ou

    impressora, para exibio da imagem). Esse mtodo semelhant