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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDE
VANESCA CÍNTIA JULIO
ORIENTADORA: DAYSE SERRA
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDE
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia.
Por: Vanesca Cíntia Julio
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por não me deixar pestanejar em nenhum
momento.
E ao meu amado pai. Por sempre acreditar e apoiar
meus sonhos.
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DEDICATÓRIA
Bola de Meia, Bola de Gude
Milton Nascimento
Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto balança Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente Um sol bem quente lá no meu quintal Toda vez que a bruxa me assombra O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas Que eu acredito Que não deixarão de existir Amizade, palavra, respeito Caráter, bondade alegria e amor Pois não posso Não devo Não quero Viver como toda essa gente Insiste em viver E não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude O solidário não quer solidão Toda vez que a tristeza me alcança O menino me dá a mão Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto fraqueja Ele vem pra me dar a mão
A todas as crianças.
Que ao se tornarem adultos
nunca esqueçam a magia do brincar....
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RESUMO
Esta dissertação retrata o quão importante é o ato de brincar, e principalmente
seus benefícios perante o processo de aprendizagem. Para compreendermos
melhor tal importância, foi realizado um breve histórico sobre alguns jogos
existentes em nosso país, assim como a origem destes. Estes, os jogos,
contribuíram diretamente para criação de inúmeras brincadeiras, que
atualmente são utilizadas no âmbito escolar, mais precisamente dentro da sala
de aula. Não poderia deixar de citar algumas boas razões para exercer esta
atividade tão prazerosa. A contribuição perante o contexto familiar, não foi
esquecida. Diferenças entre brinquedo, brincadeira e jogo, também foram
retratadas, assim como sua intervenção positiva frente o processo de
aprendizagem. Assim como age em inúmeros momentos como parceiro do
professor. O brincar possui características essenciais para construção de
novos saberes; algumas destas particularidades serão abordadas nesta
pesquisa.
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METODOLOGIA
Esta dissertação foi desenvolvida unicamente com o auxílio de pesquisas
bibliográficas, ou seja, livros, textos, artigos, reportagens e sites. Tendo como
base teórica pesquisadores que contribuem ou contribuíram de forma maciça à
aprendizagem. Tais como: Kischimoto, Maluf e Vygotsky, dentre outros.
Explicitando os benefícios do brincar frente o processo de aprendizagem.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO………………………………………………………….....................08
CAPÍTULO I
1 CULTURA DO BRINCAR………..............................................................................09
1.1 BRINCAR: UMA HISTÓRIA DE ONTEM, HOJE E SEMPRE ............................09
1.2 UM PASSEIO PELA HISTÓRIA ............................................................................10
CAPÍTULO II
2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ............................................................................16
2.1 ALGUMAS RAZÕES PARA BRINCAR................................................................17
2.2 A FAMÍLIA E O BRINCAR.....................................................................................19
CAPÍTULO III
3 O LÚDICO NO PROCESSO DE APENDIZAGEM...................................................21
3.1 BRINQUEDO, BRINCADEIRA E JOGO................................................................21
3.2 O LÚDICO NA APRENDIZAGEM.........................................................................24
3.3 O LÚDICO COMO PARCEIR DO PROFESSOR...................................................25
CAPÍTULO IV
4 AS BRINCADEIRAS E AS SALAS DE AULA.........................................................28
4.1 BRINCADEIRAS PARA SALA DE AULA............................................................29
5 CONCLUSÃO..............................................................................................................36
6 BIBLIOGRAFIA…………………………..................................................................37
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INTRODUÇÃO
Esta dissertação surgiu da curiosidade proporcionada pelo
encantamento do brincar perante o contexto educacional. Como pode uma
atividade tão corriqueira contribuir maciçamente frente as questões
relacionadas a aprendizagem? Sem citar sua contribuição sócio-cultural. Com o
brincar quebramos preconceitos, construímos laços afetivos, aprendemos a
conviver com as diferenças, em lidar com limites e regras dentre outros. E tudo
isso sem aflição, pois o brincar age como mediador no processo de
aprendizagem, ou melhor, como parceiro do professor. Contribui para que o
ambiente seja alegre, instigante, divertido. Desmistificando a idéia negativa do
aprender.
Vale ressaltar, que as atividades retratadas podem e devem ser
utilizadas nas diferentes faixas etárias. Todavia, podem e devem sofrer ajustes
sempre que necessário. O objetivo maior é transmitir conhecimentos a todos os
envolvidos no contexto educacional de forma divertida, tornando o âmbito
escolar um local interessante.
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CAPÍTULO I
1 - A CULTURA DO BRINCAR
1.1 - BRINCAR: UMA HISTÓRIA DE ONTEM, HOJE E SEMPRE
Ao observar as crianças brincando, pude notar que tal atividade se
caracteriza como uma das mais democráticas, pois não difere seus
participantes por condição sócio-econômica, religião, descendência étnicas,
além de outros preconceitos existentes. Por sua vez, o fato de algumas
brincadeiras ou brinquedos resistirem bravamente ao passar do tempo, ou
melhor, em alguns casos, dos séculos sobressaiu perante todos os
encantamentos proporcionados pelo ato de brincar. É o caso da amarelinha, do
esconde-esconde ou pique – esconde, cabra-cega, mímica, cantigas de roda,
pipas, pião e outros brinquedos.
A atual geração possui livre acesso aos avanços tecnológicos e mesmo
assim não deixam de desfrutar das inúmeras sensações proporcionadas pelos
brinquedos e/ ou brincadeiras que resistem ao longo dos séculos.
Afinal de contas, quem é que nunca brincou e quem não gosta de
brincar? Quem não se recorda do brinquedo preferido? Dos encontros com os
amigos e das cantigas de roda?
Para compreendermos o quanto o ato de brincar é parte integrante de
nossa história, iremos destacar alguns brinquedos e retratar o quanto são
presentes até hoje.
Sabemos que as brincadeiras são transmitidas de geração em geração,
onde as crianças as reproduzem ou criam um novo jeito de brincar, baseando-
se no que ouviram e vivenciaram. Viabilizando na grande maioria das vezes o
surgimento de novas brincadeiras de uma nova forma de estarem se
sociabilizando.
Se pararmos para observar as crianças brincando em seus mais
diversificados espaços (praça, via pública, pátio de escolas, playground, vielas,
escadarias...) em algum momento irão apresentar ou apresentam brincadeiras
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conhecidas de longa data, tais como: amarelinha, esconde-esconde, cabra-
cega, cantigas de roda, adoleta, quebra-língua, mímica, pipa, peteca, pião,
bonecas, carrinhos, carrinhos de rolimã, bolinha de gude e outros.
Amado (2002, p.11) demonstra que o universo lúdico foi e continua
sendo “uma introdução ao mundo... nunca uma lição... mas uma descoberta”.
Ressalto que a atual geração é a que mais se possui acesso aos
avanços tecnológicos e nem por isso as brincadeiras antigas perderam o
encantamento.
Segundo Kischimoto, 1993.
“... tradicionalidade e universalidade das brincadeiras ocorrem porque muitas, ainda hoje, ocorrem fundamentalmente da mesma maneira de quando foram criadas. Por exemplo, a amarelinha que é jogada, basicamente, seguindo o mesmo ritual de quando foi criada antigamente, na Grécia, sendo utilizada por diversos povos do mundo...”.
Este capítulo sugere conhecer um pouco mais de algumas brincadeiras
presentes no cotidiano das crianças brasileiras e como estas chegaram ao
Brasil.
Saliento que o ato brincar possibilita as diferentes faixas etárias,
crianças, jovens, adultos e porque não idosos, uma possibilidade de decifrar
enigmas que os rodeiam. Este, o brincar, não se distinguir-se como um mero
passatempo, uma vez que auxilia no desenvolvimento promovendo processos
de socialização e aprendizagem.
1.2 - UM PASSEIO PELA HISTÓRIA
Fazendo um retrospecto na história e considerando o ato de brincar,
observamos que este se encontra presente em todas as épocas, desde a mais
remota até a atualidade. É interessante que tenhamos informações referentes à
origem do brincar, pois desta forma teremos a real noção desde quando uma
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simples brincadeira nos acompanha e o quanto este simples e corriqueiro ato é
importante para o processo de aprendizagem e socialização.
As brincadeiras são universais, estão na história da humanidade ao
longo dos tempos, são parte integrante da cultura de um país, de um povo.
Achados arqueológicos do século IV a.C, na Grécia, descobriram bonecos em
túmulos de crianças. Há referências a brincadeiras e jogos em obras tão
diferentes como a Odisséia de Ulisses e o quadro que retrata jogos infantis de
Pieter Brughel, pintor do século XVI. Nessa tela, de 1560, são representadas
cerca de 84 brincadeiras que ainda são presentes em diversas sociedades.
Segundo Wajskop (2007) o ato de brincar, desde a antiguidade, era
utilizado como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se
rompeu o pensamento romântico passou-se a valorizar a importância do
brincar. Já que a sociedade via o brincar como uma negação ao trabalho e até
como desinteresse pelo que é sério.
Segundo KISCHIMOTO
“... acredita-se que o brincar existe desde o surgimento do homem, pois com qualquer objeto pode-se inventar uma brincadeira, pode-se criar um brinquedo, desde um simples cabo de madeira, que se pode fazer de cavalo, como uma folha, uma pedrinha que se pode inventar diferentes brinquedos, dependendo da imaginação de cada um. Há referências de que durante a antiguidade, há mais de 2500 anos, a garotada se divertia com bigas de brinquedo (carros puxados por dois cavalos), que eram justamente os veículos que iriam usar quando crescessem. As bonecas são outro exemplo de brinquedo antigo, sendo que inicialmente eram de pano ou de barro, aperfeiçoando-se com o passar do tempo e surgimento da tecnologia, sendo que hoje pode-se encontrar bonecas que falam. De certa forma, as bonecas surgiram para ensinar as meninas a cuidarem dos bebês, o que era útil para quando se tornassem mães. Referências ao pião são abundantes na literatura histórica e antropológica. Apesar de o pião ter chegado ao Brasil com os portugueses, sua origem remota está entre os gregos e romanos, sendo citado antes do ano de 579 a.C por Pittacus. Calímaco, cinco séculos antes de Cristo, refere-se ao pião como brinquedo infantil popular na época...”.
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No Brasil, a grande maioria das brincadeiras teve forte influência da
colonização européia. Cascudo (2001) afirma que grande parte das práticas
lúdicas da infância brasileira - adivinhas, lendas, cantigas de roda, histórias de
príncipes, rainhas, assombrações, bruxas e brinquedos, como a pipa o pião, o
bodoque e os jogos de pedrinhas, a amarelinha, entre outros – foram trazidos
pelos portugueses e fazem parte da cultura européia, devido a colonização
foram agregadas a cultura brasileira.
Vale ressaltar o contexto social do brincar, uma vez que este consegue
aproximar as mais diversas etnias, fazendo com que determinada brincadeira
ou brinquedo se perpetue ao longo dos séculos, como é o caso do pião. Que
segundo a citação a cima, teve sua origem na Grécia no ano de 579 a.C.
O site http://folclore-online.com, acessado em 12 de dezembro de 2010,
retrata vários jogos tradicionais de origem portuguesa. Neste podemos
encontrar adivinhas sobre alguns brinquedos. Observe a adivinha relacionada
ao pião:
1.- Para andar lhe pus a capa
E tirei para andar
Que ele sem capa não
Nem com ela pode andar
Com capa não dança
Para dançar se bota capa
Tira-se a capa para dançar
2.- Estando nu, eu não danço
Me vestem para dançar
Mas me arrancam a capa
Para me verem brincar
3.- É de madeira e ferro
Carrega tripa por fora
Quando brinca com ele
Pula, canta, até chora
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4.- Ele, com capa, não anda,
Sem capa não pode andar,
Para andar, bota-se a capa
Tira-se a capa para andar
A pipa ou papagaio, como também é conhecido em algumas regiões do
país, é outro brinquedo muito comum.
Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro (1988, p.577),
narra que a pipa ou papagaio, possui provável origem oriental. Utilizados
primitivamente, pelos adultos, como fins práticos e com o passar dos séculos,
transformaram-se em brinquedos infantis. Ainda hoje, na Ásia, é muito comum
encontrar homens de meia idade divertindo-se com papagaios de papel.
Já Elizabeth Bernardes, afirma que:
“... a pipa ou papagaio é um brinquedo sazonal de origem oriental e foi trazido para a América Portuguesa no séc. XVI. Segundo a enciclopédia chinesa Khé-Tchi-King-Youen, a pipa foi inventada pelo general chinês Hau-Sin, no ano de 206 a.C.. Este comandante do exército utilizou uma pipa para calcular a distância que o separava do palácio Wai-Yang, para conquistá-lo por meio de um túnel. Ainda, contam as tradições orientais que os habitantes de uma cidade situada conseguiram se comunicar e pedir ajuda por intermédio de um papagaio...”
Atualmente, infelizmente, o brinquedo é utilizado com outros fins que
não seja proporcionar diversão. Em algumas favelas o brinquedo é utilizado
para avisar os traficantes da chegada de policiais na comunidade.
Embora uma brincadeira seja característica de um determinado povo,
peculiar a uma determinada cultura, certas formas de brincar são
reconhecidamente universais, como a boneca, a pipa, o pular corda...
Transmitidas de geração em geração, de país para país. Em decorrência do
processo de criatividade do ser humano, o brincar recebe alterações que
possibilitam a criação de outras brincadeiras e assim sucessivamente.
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Segundo KISCHIMOTO não podemos esquecer que há brinquedos que
podem ser caracterizados como universais, uma vez que:
“... há brinquedos universais presentes em qualquer cultura e situação social como as bolas, as pequenas armas para simulas caçadas e pescarias, ossos imitando animais, danças de roda, criação de animais e aves, insetos amarrados e obrigados a locomover-se, corridas, lutas de corpo, saltos de altura, distância, etc., os quais parecem, segundo o autor estar, estar presentes desde tempos imemoriais em todos os países...”
Os tipos de brincadeiras utilizados retratam a cultura de diversas
sociedades e diferentes momentos históricos, retratando os tipos de relações
sociais e educacionais. Por exemplo, na década de 50 a grande maioria dos
brinquedos eram relacionados a era espacial, pois representavam a chegado
do homem a lua. Aviões, foguetes, bonecos de astronautas eram facilmente
encontrados.
Já na década de 80, ocorreu a revolução da tecnologia. Os brinquedos
eram em sua grande maioria de cunho eletrônico, era o surgimento do
videogame, das bonecas que falavam e se locomoviam, carrinhos movidos a
controle remotos, dentre outros.
Atualmente uma parcela da sociedade utiliza a tecnologia como forma
de brincar. Tendo como exemplo os vídeos games de última geração, jogos
agendados com outras pessoas pela internet, imagens em 3D, jogos portáteis
além de uma vasta opção de mecanismos tecnológicos. No entanto, ainda é
muito comum observar crianças, das mais diferentes etnias e contexto social
interagindo com o outro e com o mundo o intermédio de um pião, com uma
pipa, com o pular-corda acompanhado de uma cantiga.
Em falar em cantiga, uma das mais populares se não uma das mais
antigas é Cirandinha. Quem nunca ouviu: Ciranda, cirandinha. Vamos todos
cirandar.Vamos dar a meia volta,Volta e meia vamos dar...
Atualmente as cantigas também servem para distinguir as partes do
corpo, assim como trabalhar a concentração, fala, memória, parte motora e
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atenção. É o caso da cantiga/música cabeça, ombro, joelho e pé de autoria
desconhecida, porém muito comum no cotidiano das crianças.
Cabeça, ombro, joelho e pé Joelho e pé Cabeça, ombro, joelho e pé Joelho e pé Olhos, ouvidos, boca e nariz Cabeça, ombro, joelho e pé Joelho e pé Hum, ombro, joelho e pé Joelho e pé Hum, ombro, joelho e pé Joelho e pé
É possível observar que o ato de brincar existe desde o surgimento da
espécie humana. Na realidade iniciamos esta ação quando ainda estamos na
barriga de nossa mãe. Acredita-se que o ato de brincar faz parte da vida do ser
humano desde o ventre de sua mãe. Seu primeiro brinquedo é o cordão
umbilical; através de toques, puxões e apertos o bebê começa a criar relação
com algo.
De acordo com Machado (2003), a mãe também brinca com seu bebê
mesmo antes dele nascer, pois fica imaginando como será ser mãe, e associa
as lembranças de como brincava com sua boneca. Assim, quando o bebê
nasce, já há uma relação criada da mãe para como o bebê e do bebê para com
a mãe, pois esse já reconhece sua voz. Nessa relação contínua o bebê vai
diferenciando sua mãe e começa a criar novos parceiros. Cabe a estes
parceiros proporcionar ao bebê um ambiente que permita a criança ser criança
e desenvolver-se utilizando o corpo e seus sentidos, sentindo-se livre para criar
o seu brincar.
Contudo, as brincadeiras de autora ainda estão presentes no cotidiano
das crianças. Algumas brincadeiras sofreram pequenas modificações, ajustes
relacionados ao espaço geográfico ou cultural. O brincar é natural na vida das
crianças. È algo que faz parte de seu cotidiano e se define como espontâneo,
prazeroso e sem qualquer compromisso.
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CAPÍTULO II
2 - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
Neste capítulo veremos alguns bons motivos para brincar; assim como a
importância deste frente o âmbito familiar. Poucas pessoas sabem, mas
este simples ato pode contribuir positivamente para constituição da
autonomia, autoestima e fatores motivacionais de uma criança, que em
alguns anos se tornará um adulto e terá sua parcela de contribuição para
sociedade.
As brincadeiras, aparentemente simples, são fontes de estímulo ao
desenvolvimento cognitivo, social e afetivo de uma criança. Além de
caracteriza-se como uma forma de auto-expressão.
O ato de brincar proporciona a criança representar papéis, elaborar
situações que lhe foram agradáveis ou não. No entanto, quando uma
criança recria alguma situação, tal elaboração faz de forma que ela suporte,
não correndo riscos reais. Através do faz-de-conta, a criança traz para perto
de si uma situação vivida e a adaptada a sua realidade e principalmente a
sua necessidade emocional.
O brincar é utilizado como instrumento pedagógico, pois permite a
criança aprender de forma lúdica. O ato de brincar fornece ampla estrutura
básica para mudança da necessidade e da consciência, criando um novo
tipo atividade em relação ao real.
É uma atividade que permite à criança a emancipação da realidade
imediata para a realização de ações dirigidas ao pensamento e mediadas
por significados. Constitui-se a partir do entrecruzamento da realidade com
o imaginário, fazendo com que a criança simultaneamente, integre-se ao
real e crie outras realidades possíveis.
Brincando as crianças aprendem como a sociedade funciona e espera
que ela se comporte. Deste modo, testam regras, conceitos, limites, leis,
conseqüências etc.
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2.1 – ALGUMAS RAZÕES PARA BRINCAR
Ao longo de minhas observações, estas vem me mostrando que a
realidade infantil é constituída a partir da magia e o brincar é um
momento mágico, uma vez que possibilita a criança alimentar sua
criatividade, consequentemente estimula a capacidade de criar e
reinventar o mundo.
Brincar é muito mais de uma atividade sem conseqüência para
criança. Brincando a criança interpreta e recria o mundo em que vive.
Através do faz-de-conta, a criança traz para perto de si uma situação
vivida e adaptada à sua realidade e necessidade emocional.
Segundo Maluf brincar é:
• comunicação e expressão, associando pensamento
e ação;
• um ato instintivo voluntário;
• uma atividade exploratória;
• ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico,
mental, emocional e social;
• um meio de aprender a viver e não um mero
passatempo.
O brincar esta presente em nossa vida desde a primeira infância, pois é
brincando que os bebês descobrem como as coisas funcionam. É neste
período que começam a se relacionar com a vida, percebe seu corpo, o espaço
a sua volta.
O brincar é de suma importância frente as etapas do desenvolvimento
das crianças, uma vez que é o precursor do processo de socialização. Com ele
aprendemos a lidar com alguns sentimentos, tais como: ganhos, perdas,
frustrações, medo, alegria, raiva, choro... Enfim, uma infinidade de sentimentos
que prepara o indivíduo para vida social. Além de trabalhar a autonomia,
autoestima e fatores motivacionais.
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Segundo Maluf:
“... o brincar proporciona aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo...”.
A grande maioria das crianças, para não dizer todas, possuem uma
característica em comum, a curiosidade. Esta apresenta um mundo a ser
explorado, fazendo com que à criança adquira novos conhecimentos
brincando. Ser parte integrante de qualquer brincadeira é uma excelente
oportunidade para vivenciar experiências, boas ou ruins, que irão auxiliar no
processo de amadurecimento, seja intelectual ou afetivo.
Também passam a aprimorar habilidades que podem ser utilizadas
futuramente, dependendo da profissão a ser escolhida, tais como: atenção,
concentração e outras habilidades psicomotoras.
Maluf afirma em Brincar - Prazer e Aprendizado, que:
“... Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o funcionamento do pensamento, adquirimos o conhecimento sem estresse ou medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente...”.
O ato de brincar desenvolve habilidades de uma criança de forma
natural, haja vista que brincando aprende a socializa-se com outras crianças,
vindo a desenvolver a motricidade, a criatividade, sem cobranças, mas com
prazer.
Segundo VYGOTSKY (1998):
“... existe uma relação muito estreita entre desenvolvimento e aprendizado, pois é através do aprendizado que desperta-se os processos internos de desenvolvimento. E nesse processo de desenvolvimento e aprendizado, o brinquedo, é de fundamental
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importância, pois... a criança envolve-se em um mundo ilusório e imaginário...”
O brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, uma
vez que brincando aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolvendo
a motricidade, o raciocínio, a criatividade, a fala dentre outras habilidades. Por
sua vez, tais habilidades são trabalhas sem medo e sim com muito prazer, pois
a cada brincadeira existe um processo de socialização e descoberta do mundo.
Na medida em que a criança interage com os objetos e com outras
pessoas, construirá relações e conhecimentos a respeito do mundo em que
habita, vivenciando e impondo regras, experimentando vitórias e frustrações e
consequentemente amadurecendo com todas as experiências, seja boas ou
ruins.
Saliento que o brincar é um direito da criança, como o apresentado na
Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Denominada Estatuto da Criança e do
Adolescente, acrescentada no Capítulo II, Art.16º, Inciso IV, que toda criança
tem o direito de brincar, praticar esportes e divertir-se.
2.2 – A FAMÍLIA E O BRINCAR
A família é considerada a menor unidade da sociedade e pode ser
considerada a primeira, além de mais duradoura e “estável”. Sendo assim,
cabe aos pais ou responsáveis assumir o papel de mantedores desta célula da
sociedade, provendo sustento, educação valores culturais.
No entanto, perante a atual competição no mercado de trabalho e o
anseio dos pais em prepararem seus filhos para este, impossibilita estas
crianças de participarem de brincadeiras, estas de extrema importância para a
estruturação emocional desta criança, que em alguns anos se tornará um
adulto.
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Muitos, pais, acreditam que prover de uma boa condição financeira, uma
escola de preferência bilíngue, valores, bons exemplos são as mais
importantes ferramentas para auxiliar na formação de um bom caráter.
A aproximação dos pais com os filhos é fundamental para o futuro das
crianças. Acredita-se que quando os pais brincam com os filhos, podem
ensiná-los a perder medo e a lidar com frustrações. A criança se sente mais
confiante, pois possuem a pessoa amada ao seu lado. Esta proximidade
contribui para elevação da autoestima.
Segundo pesquisas recentes, 30 (trinta) minutos diários são o suficiente
para ter uma criança segura, feliz e com boa relação familiar. Mas será que a
correria do dia a dia permite que os pais priorizem 30 minutos para o
desenvolvimento adequado de seu filho? No lugar de algum presente ou uma
boa mesada, em alguns casos para suprir a culpa de não estar com o filho, os
genitores deveriam presentear com algo bem melhor: mais tempo para os
filhos.
Mais importante do que o brinquedo é o ato de brincar. O momento da
família dedicado ao filho; abrir mão das formalidades, sentar ao chão,
desenhar, trocar de voz, ler historinhas, jogar jogos, inventar brincadeiras...
Mas atualmente quem assume esta postura muitas das vezes é a
professora em atividades propostas pela instituição escolar ou a empregada.
Para preencher a lacuna deixada pelos pais, os DVDs, os jogos eletrônicos,
cursos de idiomas, escolinhas de esportes, dentre outros são utilizados.
No entanto, é importante ressaltar que apesar dos grandes benefícios
que o ato de brincar na escola proporciona nada deve substituir a brincadeira
entre pais e filhos, uma vez que os benefícios da troca entre os progenitores e
seus descendentes geram confiança e estabilidade para que estas crianças se
sintam preparadas para interagir com o mundo.
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CAPÍTULO III
3 - O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
3.1 - BRINQUEDO, BRINCADEIRA E JOGO
Com o objetivo de compreender o processo de aprendizagem, não há
como fugir dos mistérios proporcionados pelos brinquedos, brincadeiras e
jogos. Estes são parceiros silenciosos que permitem que as crianças
desenvolvam importantes funções mentais, como o desenvolvimento do
raciocínio abstrato e da linguagem.
Não podemos omitir que as mais sublimes lembranças são as evocadas
pelos brinquedos. Estes são objetos mágicos, transmitidos de geração para
geração, com um imensurável poder de encantar crianças e adultos.
Muitos acreditam que o brinquedo, possui como sua maior característica
sua destinação a divertir uma criança. Enganam-se.
Vygotsky em, A formação Social da Mente (1984), diz que:
“... definir o brinquedo como atividade que dá prazer é
insuficiente, porque existem outras experiências que
podem, ser mais agradáveis à criança. O que atribui ao
brinquedo um papel importante é o fato de ele preencher
uma atividade básica da criança, ou seja, de um motivo
para ação...”
No entanto Maluf, acredita que:
“... O brinquedo é um meio de demonstrar as emoções e
criações de uma criança. No brinquedo o modo de
pensar e agir de uma criança são diferentes do modo de
pensar e agir de um adulto. Isso acontece quando as
crianças, por exemplo, desconsideram brinquedos mais
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caros e sofisticados e se apegam a outros mais simples,
e que às vezes elas mesmas fabricam...”
O brinquedo contém sempre uma referência ao tempo de infância do
adulto com representações vinculadas pela memória e imaginações. O
vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo,
pois conota a criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica.
Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. Em Brincar: Prazer e
aprender, a autora faz a seguinte observação: “... o brinquedo não é apenas
um objeto que as crianças usam para se divertirem e ocuparem o seu tempo,
mas é um objeto capaz de ensiná-las e torná-las felizes ao mesmo tempo...”.
O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança
experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de
estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da
atenção.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o impacto
provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de
impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão
sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estão sendo oferecidas
à criança através de brincadeiras e de brinquedos garante que suas
potencialidades e sua afetividade se harmonizem.
Vale ressaltar que o prazer não pode ser considerado a característica
definidora do brinquedo. O brinquedo preenche necessidades, que em muitos
casos funcionam como o agente que impelem a criança à ação. São
exatamente estas necessidades que fazem a criança avançar em seu
desenvolvimento.
MALUF faz a seguinte observação:
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“... É verdade que o brinquedo é apenas o suporte para a
brincadeira, e é possível brincar com a imaginação. Mas
é verdade também que, sem brinquedo, é muito mais
difícil realizar uma brincadeira, pois é ele que faz com
que as crianças simulem situações...”
A brincadeira é o passatempo peculiar da infância, ou seja, é uma
atividade natural da criança, que não implica em compromissos, seriedade.
Porém, envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.
Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu conhecimento e
aprende a conviver com seus semelhantes.
Para a criança, a brincadeira é oriunda da espontaneidade e da
imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente estruturadas. Para
passar a existir basta uma bola, um espaço para correr ou um risco no chão.
VYGOTSKY acreditava que a brincadeira possui três características: a
imaginação, a imitação e a regra. E que as características citadas estão
presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais,
naquelas imaginárias, como ainda nas que exigem regras. Em uma de suas
obras, Maluf destaca a importância do brincar: “... É importante a criança
brincar, pois ela irá se desenvolver permeadas por relações cotidianas, e assim
vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo que a cerca...”
KISHMOTO, afirma que:
“... É a ação que a criança desempenha ao concretizar as
regras de jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se
dizer que é o lúdico em ação. Dessa forma brinquedo e
brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e
não se confundem com o jogo...”
O significado do jogo depende da linguagem de cada contexto social.
Enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade
lhe atribui. É este aspecto que nos mostra porque, dependendo do lugar e da
época, os jogos assumem significações distintas.
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Através do jogo a criança libera suas energias, além de elaborar
questões que lhe proporcionam incômodo, uma vez que o jogo pode
transformar uma realidade difícil. Este, o jogo, propicia condições de liberar a
fantasia, além de ser uma grande fonte de prazer.
O jogo é, por excelência, integrador, há sempre um caráter de novidade,
o que é fundamental para despertar o interesse da criança, e à medida que
joga ela vai conhecendo melhor, construindo interiormente o seu mundo. Esta
atividade é um dos meios propícios à construção do conhecimento.
3.2 - O LÚDICO NA APRENDIZAGEM
Infelizmente é uma constante nos depararmos com crianças,
adolescentes ou jovens resistentes a instituição escolar e ao ensino
proporcionado por esta. Muitos acreditam que o fator motivador desta
resistência, seja a forma de transmitir o conteúdo necessário,haja vista que na
grande maioria das instituições escolares, o conteúdo não é transmitido de
maneira prazerosa tampouco lúdica, gerando grande desinteresse.
Em contra partida, a convivência de forma lúdica e prazerosa com a
aprendizagem, pode estabelecer relações cognitivas às experiências
vivenciadas, bem como relacioná-la as demais produções culturais e
simbólicas conforme procedimentos metodológicos adotados.
Através da atividade lúdica, a criança forma conceitos, seleciona idéias,
estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis
com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se
socializando. O lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo
externo.
Santa Marli (1997), diz: “... brincar é a forma mais perfeita para perceber
a criança e estimular o que ela precisa aprender e se desenvolver...”
25
A ludicidade possui extrema importância no processo de aprendizagem,
pois é o ambiente para expressão mais pura do ser, haja vista que é o espaço
de toda criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as
pessoas e com os objetos.
O lúdico no processo de aprendizagem é considerado prazeroso, devido
a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um
clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna
uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de
vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se
desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as
energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo.
Em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de
caráter apenas lúdico é este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção
de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo
conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade
operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva
e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do
indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões.
3.3 – O LÚDICO COMO PARCEIRO DO PROFESSOR
Sabemos que uma das características da instituição escolar, se não a
principal, é a divulgação do conhecimento promovendo o processo de ensino-
aprendizagem. Por sua vez, algumas instituições escolares permitem que os
educadores lancem mão de artifícios que auxiliam no processo de
aprendizagem. È o caso do lúdico dentro da sala de aula, onde este é utilizado
como colaborador para o processo de aprendizagem.
Felizmente há escolas que dão o devido valor ao brincar. Além de
proporcionar estrutura física para desenvolvimento de atividades culturais e
psicomotoras, também possibilitam a ida de brinquedos à sala de aula,
tornando o aprendizado prazeroso.
26
Cabe ao professor estabelecer metodologia e condições para motivar o
aluno, ou seja, o educador deve criar oportunidades para que o aluno assimile
o conhecimento de forma prazerosa, desenvolvendo habilidades e atitudes que
estimulem suas capacidades cognoscitivas.
É neste momento que o lúdico passa a ser parceiro do professor, haja
vista que este pode proporcionar aos alunos um aprendizado diferenciado, uma
vez que se difere dos métodos tradicionais tornando-se um momento divertido.
Sabemos que várias questões podem ser trabalhadas a partir de jogos e
brincadeiras. Contar e/ou ouvir histórias, dramatizar, desenhar, cantos, realizar
experiências, música, teatro, artes visuais, confeccionar brinquedos dentre
outros. Podem ser utilizados como motivadores frente o processo de
aprendizagem, e que muitas vezes estão entrelaçados com assuntos diversos
como: meio ambiente, numerais, leitura e escrita, dentre outros.
A sucata, para muitos objetos sem grande valia, pode ser utilizada como
recurso no processo de aprendizagem. Partindo do pressuposto que papelão,
garrafas pet, pequenos pedaços de madeira, plástico e outros recursos
extraídos do cotidiano podem ser transformados em objetos expressivos, ou
melhor, construtivos. E o melhor, sem grandes investimentos financeiros, pois
são objetos descartados pela sociedade.
Sendo a brincadeira resultado de aprendizagem, e dependendo de uma
ação educacional voltada para o sujeito, devemos acreditar que adotar jogos e
brincadeiras como metodologia curricular possibilita ao sujeito, seja criança,
adolescente ou adulto, base para subjetividade e compreensão da realidade
concreta.
O lúdico é acionado pela imaginação. Assim podemos afirmar que as
brincadeiras podem abrir espaço para o jogo da linguagem com a imaginação,
se configura como possibilidade da criança forjar novas formas conceber a
realidade social e cultural em que vive além de servir como base para
construção de conhecimentos e valores. Isto faz com que o ato de brincar seja
uma grande fonte de desenvolvimento e aprendizagem.
Vale ressaltar que o técnico, professor, deve estar munido de
conhecimentos para que possam entender e interpretar o brincar. Assim como
utiliza-lo para que auxilie na construção do aprendizado da criança. Para que
27
isso aconteça o professor necessita estar muito presente e participante dos
momentos lúdicos.
O educador deve ter cuidado de como são afixados os jogos em seus
fins pedagógicos, para que não se transformem em atividades dirigidas e
manipuladoras. Se isso ocorrer o jogo deixará de ser jogo e perderá seu
objetivo maior que é possibilitar um aprendizado diferenciado, pois não será
caracterizado pela liberdade e espontaneidade.
Contudo, se a escola não atua positivamente, garantindo possibilidades
para o desenvolvimento da brincadeira, ou ao contrário, age negativamente
impedindo que esta ação aconteça. Perante a problemática, faz-se necessário
apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira
como atividade social da infância. Considerando que a brincadeira deva ocupar
um espaço central na educação, acredito que o professor seja a figura
fundamental para que isso aconteça, uma vez que cria espaços, oferece
material e compartilha das brincadeiras.
Propor brincadeiras como aprendizagem, evidencia que o brincar
transformado em instrumento pedagógico, na educação, vai proporcionar a
formação da criança para cumprir seu papel social e mais tarde de adulto.
28
CAPÍTULO IV
4 - BRINCADEIRAS PARA SALA DE AULA
VAMOS CONHECÊ-LAS?
A finalidade deste capítulo é divulgar algumas brincadeiras direcionadas
para dentro da sala de aula, uma vez que são de grande valia frente
construção do conhecimento, pois permitirem que qualquer indivíduo se
relacione com o mundo que o rodeia, adquirindo qualidades fundamentais para
seu desenvolvimento físico, mental e social.
O ato de divertir-se vai oportunizar aos envolvidos no processo de
aprendizagem sejam crianças, adolescentes ou adultos, experiências únicas da
essência lúdica possibilitando o aumento da autoestima, do autoconhecimento
e de suas responsabilidades e valores. Além do enriquecimento de suas
próprias capacidades, mediante estímulo e iniciativa, a melhoria nos processos
de comunicação e criatividade, que é certamente uma característica e um
objetivo fundamental da atividade lúdica, seja ela uma brincadeira, jogo ou
brinquedo em suas diversas formas de realização.
Para alguns educadores, que por ventura esqueceram que já foram
também crianças, este capítulo traz a oportunidade de relembrar e resgatar um
pedacinho da infância e criar uma ponte para que eles, os educadores, se
comuniquem com os educandos de forma divertida. E o principal, que
consigam transmitir informações necessárias para o desenvolvimento pleno
(físico, mental e social) deste indivíduo.
É importante informar, que toda atividade lúdica pode ser aplicada em
diversas faixas etárias, mas pode e deve sofrer interferência em seu
procedimento de aplicação, metodologia de organização e no ministrar de suas
estratégias, de acordo com as necessidades específicas das faixas etárias.
Vale salientar que todas as brincadeiras citadas a seguir, foram retiradas
do livro: Brincadeiras para sala de aula, de autoria de Ângela Cristina Munhoz
29
Maluf - 8º edição, Editora Vozes. Observe que cada brincadeira possui um
objetivo e o material utilizado é de baixo custo e encontrado facilmente.
Então, vamos brincar? Ou melhor, vamos aprender?
4.1 – BRINCADEIRAS PARA SALA DE AULA
O que é, o que é?
Material: Nenhum.
Objetivos: Estimular a concentração, a atenção, e o senso de humor.
Formação: Alunos dispostos em circulo, sentados no chão.
Desenvolvimento: Enquanto os alunos, dispostos em círculo,
permanecem sentados no chão, um aluno sai da sala por alguns minutos. Os
colegas escolhem um objeto. Não precisa ser um objeto da sala de aula; pode
ser qualquer objeto escolhido pelo grupo. O aluno retorna e tenta descobrir
qual é o objeto escolhido, formulando perguntas aos colegas e recebendo
pistas dos mesmos. Por exemplo: o aluno que saiu da sala dirigi-se a um dos
colegas, perguntando: É grande? É faz barulho? È azul? Os colegas só podem
responder sim ou não. Quando o aluno que saiu da sala conseguir adivinhar o
objeto, o colega que eu a pista é quem vai se ausentar para adivinhar.
Lá vai o caminhão...
Material: Nenhum.
Objetivos: Estimular a concentração, atenção, percepção visual e
audição.
Formação: Alunos sentados em círculo.
Desenvolvimento: O professor começa o jogo dizendo: Lá vai o
caminhão carregado de... (nomes de legumes, frutas etc.). Um aluno de cada
vez deverá falar uma palavra, que corresponda ao mesmo tipo de produto
indicado pelo professor. Por exemplo, o professor diz: Lá vai o caminhão
30
carregado de maças. Os alunos deverão dizer nomes de várias frutas. O aluno
que disse uma fruta que já foi nomeada pelo colega, ou falar uma palavra sem
sentido, ou demorar a falar a palavra, sai da brincadeira. Assim, seguem
brincando, alternando entre frutas, legumes e outras variações. Nestas
variações entra a criatividade do professor, inserido na brincadeira seu
conteúdo programático, tais como: profissões, meios de transportes, produtos
industrializados.
Pode-se variar a brincadeira, fazendo com que o caminhão, em vez de ir
carregado, esteja viajando para as capitais dos estados ou para as cidades de
um estado predeterminado pelos alunos ou pelo professor, de acordo com os
temas em estudo.
Corrida do barbante
Material: Rolos de barbante
Objetivos: Desenvolver destreza, agilidade e espírito de equipe.
Formação: Alunos sentados em suas carteiras, arrumadas em colonas
com o mesmo número de participantes.
Desenvolvimento: O primeiro aluno de cada equipe receberá o rolo de
barbante. Ao sinal do professor, o primeiro de cada fileira deverá levantar-se,
passar duas vezes o rolo de barbante ao redor de sua cintura, sem seguida,
passar o rolo de barbante para o companheiro seguinte, sentando-se. Este
receberá o rolo de barbante e repetirá a ação assim sucessivamente. O último
da fileira passará a executar a ação ao contrário: desenrolará da cintura e
enrolará o barbante no rolo, sentando-se. Vencerá a equipe cujo primeiro
jogador colocar sobre a carteira o rolo de barbante devidamente enrolado.
Memorizando
Material: Nenhum.
Objetivos: Desenvolver a memória, criatividade e atenção.
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Formação: Formar várias colunas com o mesmo número de alunos. Os
alunos deverão estar sentados em suas carteiras.
Desenvolvimento: Ao sinal do professor, o primeiro aluno de cada
coluna levanta-se, rapidamente, toca um objeto qualquer, pronuncia o nome do
objeto e volta para o seu lugar. Sai o aluno da coluna seguinte, toca o mesmo
objeto que o colega tocou, repete o nome do objeto, toca outro objeto
pronunciando o seu nome também. E assim sucessivamente. O aluno que não
esquecer nenhum objeto e acertar a ordem contará ponto para sua equipe.
Vence a brincadeira o aluno que tiver mais pontos.
Trenzinho
Material: Nenhum.
Objetivos: Estimular a memória, atenção, agilidade e pronta reação.
Formação: Alunos em círculo.
Desenvolvimento: Primeiramente os alunos deverão ficar em círculo, e
depois deverão formar um trem. O professor diz ao ouvido de cada participante
uma parte do trem. Depois, ele diz: O trenzinho quer sair, mas estão faltando
as rodas. Os alunos que são as rodas saem correndo e colocam-se atrás do
professor, segurando um a um na cintura do outro. Depois o professor continua
dizendo: O trenzinho quer sair, mas estão faltando as janelas. E assim por
diante, todas as partes do trem são chamadas. O trenzinho só irá quando
estiver completo, com todas as partes.
Pode-se sair pela sala, imitando o trem, seu barulho, apito, movimentos
de curvas etc. da mesma forma pode-se variar o tipo de transporte,
obedecendo as características de cada veículo.
Quem sou eu?
Material: Papel e caneta, caixa ou boné.
Objetivos: Estimular a concentração, atenção, criatividade e senso de
humor.
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Formação: Alunos sentados em suas carteiras, em círculo.
Desenvolvimento: Cada aluno deverá escrever seu nome em um
pedaço de papel e deposita-lo em um boné ou caixa. O professor mistura bem
os papéis; a seguir cada aluno retira um, fazendo uma descrição escrita do
colega cujo nome ele tirou. A descrição deve ser bem curta. O professor pode
estabelecer um tempo para a produção, avisando quando este tempo estiver
quase esgotando. Recolhem-se todas as descrições que, a seguir, são lidas
em voz alta. Atribuem-se pontos aos alunos que descobrirem o colega cuja
descrição o professor esta lendo.
Carta curiosa
Material: Caneta e folha de papel.
Objetivos: Desenvolver a criatividade, agilidade mental e vocabulário.
Formação: Alunos sentados em suas carteiras.
Desenvolvimento: Ao sinal do professor, cada aluno deverá escrever
uma carta, cujas palavras comecem todas pela mesma letra (preestabelecida).
O professor dirá ou sorteará a letra escolhida. Por exemplo: “G”. E os alunos
deverão escrever, livremente, mas com certo sentido. “Ganhei gatos, galinha
gostou. Gorilas gargalharam, gotas gelaram e girafas giraram.” Vencerá o
aluno que escrever uma carta, de acordo com o estabelecido, que contenha o
maior número de palavras e num prazo determinado (2 a 3 minutos).
Complete a frase
Material: Nenhum.
Objetivos: Trabalhar oralmente as palavras, despertando a atenção, a
criatividade e a iniciativa.
Formação: Alunos dispostos em círculo.
Desenvolvimento: O professor deve dizer uma frase qualquer. O
participante seguinte deverá dizer a última palavra que o participante anterior
falou e completar a frase. Ex: Maria comeu manga; a manga é muito saborosa.
33
Saborosa também é a laranja. A brincadeira prossegue, aumentando as frases
até alguém errar, quando então se reinicia com nova frase.
Viagem
Material: Nenhum.
Objetivos: Despertar a atenção, destreza, adquirir conhecimentos
gerais sobre cidades, estados ou países, além de estimular a percepção visual
e audição.
Formação: Os alunos formam um círculo, exceto um que ficará no
centro do círculo.
Desenvolvimento: Posicionados em círculo, todos escolherão nomes
de países, cidades ou estados. O participante do centro dirá: Vou viajar de X
para Y. Os representantes dos países, cidades ou estados que o aluno do
centro citou trocam de lugar imediatamente; enquanto isso, o aluno que esta no
centro do círculo tentará ocupar um dos lugares. O aluno que ficar sem lugar
terá que ficar no centro do círculo, dando continuidade a brincadeira.
A corrida dos troféus
Material: Pequenos objetos (troféus) tais como: botões, garrafas
plásticas, latas, tampas de garrafa, lápis, tesouras, brinquedos etc.
Objetivos: Estimular a atenção, agilidade e honestidade.
Formação: Alunos divididos em 2 ou 3 grupos.
Desenvolvimento: Os objetos selecionados são colocados no centro da
sala. Divide-se a sala em dois ou três grupos. Ao sinal do professor, um aluno
década grupo iniciará a corrida para trazer objetos para seu grupo, podendo
apanhar apenas um objeto de cada vez. Estabelece-se em tempo (30
segundos, por exemplo) durante o qual o representante da equipe procurará
trazer troféus. Vence a brincadeira o grupo que apanhar a maior quantidade de
objetos. Decorrido o tempo predeterminado os restantes de cada grupo devem
ser substituídos, reiniciando-se a brincadeira.
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Lojas de fitas
Material: Nenhum.
Objetivos: Estimular a criatividade, adquirir conhecimentos de
matemática, sobre compra e venda, noções de cores, socialização e
descontração.
Formação: Alunos sentados em suas carteiras ou no chão, um ao lado
do outro.
Desenvolvimento: Um dos alunos será o comprador, outro será o
vendedor. Os demais alunos serão as fitas. Todos serão uma cor (laranja,
verde, amarelo, verde-escuro), de acordo com a escolha de cada um.
A brincadeira começa quando a compradora entra na loja e se desenrola
o seguinte diálogo:
_ Tem fita?
A vendedora diz:
_ Que cor?
A compradora diz:
_ Amarela.
_ Tem.
_ Quanto custa?
_ R$ 3,00 (três reais) o metro
_ Quero levar dois metros (ou três, ou quatro, conforme a preferência).
A vendedora vai até o aluno que representa a cor amarela;
imediatamente o aluno se levanta e o vendedor gira o aluno quantas vezes
forem os metros que a compradora levará da fita. Neste caso a vendedora irá
girar o aluno apenas duas vezes. Caso não tenha a cor da fita na loja, a
vendedora diz que não tem,oferecendo outras cores. E a brincadeira segue,
com a substituição de alunos no papel de vendedor, comprador e fitas.
Encerra-se a brincadeira quando os alunos estiverem passado por, pelo
menos, dois papéis.
Esta é mais uma brincadeira resgatada das vivências lúdicas de quando
ainda era possível brincar na rua.
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Qual é a palavra?
Material: Quadro e giz.
Objetivos: Estimular a atenção, concentração, percepção visual,
imaginação e criatividade.
Formação: Todos os alunos sentados em suas carteiras.
Desenvolvimento: O professor escreve no quadro de 5 a 10 palavras,
sem as vogais. Ex: FTBL (futebol), HSPTL (hospital), TRBLH (trabalho) etc. Os
alunos terão dois minutos para descobrir as palavras. Quem acertar mais
palavras conta pontos. A brincadeira pode ter uma variante em que os alunos,
divididos em equipe, tentam descobrir as palavras. Será vencedora a equipe
que concluir primeiro e corretamente a tarefa.
Nesta brincadeira podem ser priorizadas palavras com determinadas
características ortográficas, procurando sanar dificuldades de ortografia, como,
por exemplo, o uso de: ss, z, c, ç, j, g, l e u entre outras. É também uma
atividade interessante para crianças em fase de alfabetização, de acordo com o
nível em que se encontrem.
36
CONCLUSÃO
Após a pesquisa realizada, podemos concluir que todo ser humano
beneficia-se de brincadeiras, inicialmente pelo aspecto lúdico e principalmente
pelos benefícios proporcionados à aprendizagem.
Com intermédio do brincar desenvolvemos várias capacidades.
Exploramos e refletimos sobre a realidade, a cultura na qual vivemos,
incorporamos novos valores, questionamos regraras, papéis sociais,
amadurecimento emocional, limites, além de adquirir e transferir conhecimento.
Assim, ultrapassamos a realidade, transformando-a através da imaginação.
A incorporação de brincadeiras na prática educacional é de imensurável
valia. Estas são capazes de desenvolverem diferentes atividades, que por sua
vez contribuem para inúmeras aprendizagens e consequentemente à
ampliação de rede de significados construtivos independente da idade, sejam
crianças, adolescentes ou adultos.
O brincar frente aprendizagem, assegura a sobrevivência de sonhos e
promover a construção de conhecimentos vinculados ao prazer de aprender,
por manifestar-se de uma maneira natural e agradável. A instituição escolar
passa a ser relacionada como um local alegre, divertido e prazeroso.
Consequentemente ajudam a proporcionar conhecimentos mais significativos
aos educandos, que continuam diariamente construindo seu próprio
conhecimento através do simples e extraordinário ato de brincar.
37
BIBLIOGRAFIA
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2002.
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38
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. (2009). Brincar: prazer e aprendizado. pag. 20. 7ª edição. Petrópolis. Editora: Vozes. MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. RJ: Vozes, 7º
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MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. RJ: Vozes, 7º
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http://www.faced.ufba.br . Acessado em 12/12/2010.
39
ANEXO 1
O quadro “Jogos Infantis”, do pintor Pieter Brughel, de 1560, que retrata
84 brincadeiras.
Retirado do site: http://www.faced.ufba.br
Acessado em 12/12/2010.