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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” MEMÓRIA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA Leidiana de Oliveira Brandão Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

MEMÓRIA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Leidiana de Oliveira Brandão

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

MEMÓRIA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

OBJETIVOS:

Esta publicação acadêmica atende a complementação

didático pedagógica da metodologia de pesquisa e a

produção e desenvolvimento da monografia, como

exigência do curso de pós-graduação latu sensu em

Neurociência Pedagógica, pela autora Leidiana de

Oliveira Brandão, sob a orientação da Doutora Marta Pires

Relvas.

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AGRADECIMENTOS

A Deus todo poderoso pela graça da vida, a minha mãe

(in memoriam) pelo incentivo e a minha família.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a minha família.

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RESUMO

A memória é uma faculdade cognitiva fundamental para aprendizagem,

como processo de lembranças não está localizada em um determinado local do

cérebro, ocorrendo, portanto em todo sua extensão. O trabalho apresenta de

forma sucinta todo o processo de formação das memórias da fase da

aquisição, passando pela consolidação até chegar na evocação. Mas manteve

como foco o aspecto da consolidação. Foram realizadas classificações quanto

ao tempo de duração e ao conteúdo dessas memórias.

Outra consideração no aspecto da consolidação da memória foi a

influencia que os estados de animo e as emoções exercem neste período e as

modificações que ocorrem no nosso cérebro em virtude de estímulos externos,

traçando para isso uma relação entre memória, aprendizagem e plasticidade

cerebral. Como fundamento foi utilizado pesquisas neurocientíficas que

nortearam esta obra.

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METODOLOGIA

O trabalho será elaborado através de pesquisas bibliográficas em livros,

sites da internet e artigos. Os pressupostos teóricos serão fundamentados em

fontes bibliográficas relevantes.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA 9

CAPÍTULO II

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE

ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 25

CAPÍTULO III

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO

COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42

ÍNDICE DE FIGURAS 44

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INTRODUÇÃO

Memória é uma função cognitiva que nos permite ser o que nós somos,

pois através dela construímos nossa identidade, afinal, somos aquilo que

recordamos como disse Izquierdo(2002). Tudo que sabemos a respeito do

mundo, dos outros e de nós mesmos está armazenado em nossa memória. A

história nos mostra sua importância, onde muito antes da invenção do alfabeto

e da escrita, era crucial para o bem estar de um individuo e da sociedade que

tinha que contar somente com uma história oral.

Reconhecendo sua relevância, esta capacidade cognitiva foi

imortalizada pelos gregos com a figura de Mnesmosyne, a deusa da memória.

Mnesmosyne era considerada uma das mais poderosas deusas de seu

tempo. Afinal de contas, alguns acreditam que a memória era uma dádiva que

nos distingue de outras criaturas no mundo animal, considerando-a algo divino.

Com seu poder poetas e adivinhos podiam voltar ao passado e relembrá-lo

para a coletividade. Em seu poço, ela fazia com que os mortos que bebiam de

sua água relembrassem de suas vidas, ao contrário, os mortos que bebiam

água do poço de Lethe esqueciam da mesma. Além disso, Mnesmosyne tinha

o poder de imortalizar artistas e historiadores que ao criar suas obras eram

mantidos inesquecíveis, tornando-os memoráveis.

Apesar de despertar o interesse do homem desde a Antiguidade, os

primeiros estudos científicos foram realizados a pouco mais de um século.

Hoje, através dos avanços neurocientíficos, adquirirmos uma maior

compreensão acerca dos mecanismos de formação da memória.

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CAPÍTULO I

NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA

"Chego aos campos e vastos palácios da memória onde estão

os tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções

de toda espécie. Aí está também escondido tudo o que

pensamos, quer aumentando quer diminuindo ou até variando

de qualquer modo os objetos que os sentidos atingiram. Enfim,

jaz aí tudo o que se lhes entregou e depois, se é que o

esquecimento ainda o não absorveu e sepultou... Quem poderá

explicar o modo como elas se formaram, apesar de se

conhecer por que sentidos foram recolhidas e escondidas no

interior?..." (Santo Agostinho, O palácio da memória,

Confissões, Livro X). Esta pergunta de Santo Agostinho, feita

há dezessete séculos, parece hoje ainda tão atual e relevante

do que quando foi formulada. Isto se deve particularmente à

natureza da memória. Como muito apropriadamente coloca o

Iván Izquierdo, um estudioso da área de neurobiologia da

memória, "...somos aquilo que recordamos, literalmente. Não

podemos fazer aquilo que não sabemos como fazer, nem

comunicar nada que desconheçamos, isto é, nada que não

esteja na nossa memória... ...Eu sou quem sou, cada um é

quem é, porque todos lembramo-nos de coisas que nos são

próprias e exclusivas, e não pertencem a mais ninguém. As

nossas memórias fazem com que cada ser humano ou animal

seja um ser único, um indivíduo". (Carlos Fernando de Mello e

Maribel Antonello Rubin).

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Quando se inicia uma leitura são utilizados aprendizados automatizados,

interpretando estes grupos de palavras de acordo com o conhecimento

previamente adquiridos, armazena-se os significados dos parágrafos anteriores

para dar sentido aos posteriores e aprendem-se coisas novas.

Simultaneamente a isso, o corpo neste processo não se esquece de manter a

respiração e a circulação ativas, enquanto os olhos decodificam os símbolos ou

letras, que formam estas palavras. As atividades diárias que são realizadas

sem que se perceba seu automatismo, sua importância e que processos

cerebrais são envolvidos. Importa ressaltar, o relacionamento com o outro, com

quem se compartilha: crenças, costumes, hábitos, o que caracteriza o ser

humano como individuo. Todos estes exemplos levam a uma função cognitiva

extremamente complexa chamada, memória.

Comumente as pessoas referem-se à memória como se ela fosse uma

parte do corpo, de localização definida e que pudesse ser tocada. Ela é na

realidade um processo de lembranças que não está localizada em um

determinado local do cérebro por ser um processo que ocorre em todo o

cérebro.

Outro aspecto sobre a memória é que ela não guarda as informações de

forma intacta, no entanto sim fragmentos ou traços que são armazenados e

recuperados em forma de memória. Os seres humanos formam novas

memórias sobre outras mais antigas, podendo modificá-las e reinventá-las.

Portanto, as memórias não são amostras fiéis de fatos reais, mas construções

que são modificadas conforme o contexto em que são recuperadas e em meio

a um intenso trânsito de sinapses.

O início da formação das memórias acontecesse na fase conhecida por

aquisição e que consiste na chegada das informações aos sistemas sensoriais

(visual, tátil, auditivo, olfativo e gustativo) na forma de estímulos (Memória

sensorial). Os dados que chegam ao cérebro são, então, processados em

diferentes regiões podendo ser classificadas em três tipos de acordo com o

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tempo de duração. A memória de trabalho ou operacional - só têm tempo de

permanecer alguns segundos ou minutos em mente, antes de desaparecer por

completo. As outras duas deixam vestígios e seguem em um processo que as

consolidarão como memórias de curto ou longo prazo. Nessa fase, iniciada a

partir de um período de 1 a 6 horas após a aquisição, neste processo há

participação da amígdala, do septo, do hipocampo e do córtex entorrinal

(Figura 1). As de curta duração ocorrem paralelamente com as de longo prazo

com duração de 6 horas em diante. As memórias de menor duração precisam

recorrer às de maior duração, já estabelecidas, para fazerem sentido e

poderão, eventualmente, tornarem-se memórias de longa duração.

Fonte: http://www.mixtotal.net/curiosidades/dj-vu-um-bug-cerebral/

(Figura 1)

A formação de memórias, desde a aquisição, passando pela

consolidação até chegar à evocação ou lembrança, são processos

dependentes da transmissão de informações célula a célula por meio da ajuda

de neurotransmissores ou moléculas, que agem no espaço existente entre dois

neurônios (sinapses). Essas substâncias são responsáveis por ampliar a

comunicação entre as células, uma vez que permitem a ligação de receptores

na membrana da célula, que é assim estimulada, provocando o

desencadeamento de uma cascata de reações químicas. Entre as muitas

reações, os neurotransmissores costumam ativar enzimas (proteínas que

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aceleram reações químicas), que entram no núcleo da célula, ativando genes

que, então, sintetizam proteínas. Essas proteínas estão envolvidas não apenas

na formação inicial da memória, no entanto também no momento de recrutá-las

como lembranças, para então serem rearmazenadas.

Generalizando poderá ser dito que todas as informações que se utiliza no

dia-a-dia estão relacionadas à memória. Dados novos que precisam ser

armazenados por alguns milésimos de segundo ou por décadas ou

informações que precisam ser acessadas e recuperadas no cérebro para

resolver um problema, para dar sentido a determinado contexto ou

simplesmente para emocionar.

1.1 - Definição

Memória é a base do conhecimento, como tal, deve ser trabalhada e

estimulada. É através dela que se dá significado ao cotidiano e será acumulado

como experiência para utilizar durante a vida.

Segundo Izquierdo (2002),” memória é a aquisição, a formação e a

evocação de informações”.

Lent define memória como um “processo mediante o qual adquirimos,

formamos, conservamos e evocamos informação. A fase de aquisição é

coloquialmente chamada “aprendizagem”, enquanto a evocação recebe

também as denominações expressão, recuperação e lembrança.”(LENT, 2008,

P.242)

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1.2 - Definindo os diferentes tipos de memórias segundo o tempo de

retenção

Ao estudar a memória é possível observar a existência de vários modelos

explicativos para o seu funcionamento, todavia uma das questões que ainda

intriga os pesquisadores é a relação entre a memória de curta e a de longa

duração. Alguns defendem que a memória de curta duração seria apenas o

início do processo que levaria à formação de uma memória de longa duração.

No entanto, a maioria dos resultados obtidos nas pesquisas sobre o assunto

tem sinalizado para a existência desses dois mecanismos distintos,

funcionando de forma independente, mesmo quando age na mesma estrutura

do cérebro.

“Uma informação-chave dos estudos em pacientes com lesão

cerebral também levou ao ceticismo sobre a estrutura hierárquica

do modelo modal de memória. (...) A implicação desse trabalho é

que a memória de curta duração não pode ser a passagem para a

memória de longa duração, da maneira como foi sugerida no

modelo modal. Ao invés disso, a informação dos registros da

memória sensorial poderia ser gravada diretamente na memória

de longa duração. (GAZZANIGA, 2006, P.328).

Segundo Gazzaniga (2006) a memória possui um componente temporal o

que leva-nos a caracterizá-la segundo o tempo pelo qual armazenamos uma

informação. Neste trabalho identificamos a memória sensorial, a memória de

trabalho, a memória de curta duração e a memória de longa duração.

Dentro deste conceito é possível trazer a ideia de que memória pode ser

caracterizada por seu conteúdo e que os diferentes tipos de informação podem

ser retidos em seu sistema.

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Quanto ao seu conteúdo, as memórias podem ser classificadas como

declarativas, que são aquelas que podem se verbalizar, como um fato; e não-

declarativas ou de procedimento, que são aquelas memórias que não se

conseguem verbalizar. Na segunda categoria (memória "de procedimento")

incluem-se atividades motoras complexas (memória muscular), como dirigir um

automóvel, tocar piano, entre outras atividades. O aprendizado e a formação

desses dois tipos de memória dependem basicamente de estruturas cerebrais

diferentes. As memórias de procedimento são menos estudadas, porque

parecem ser menos suscetíveis ao esquecimento. Assim, pacientes com

dificuldade de lembrar fatos podem, com frequência, não ter dificuldade para

dirigir um carro ou andar de bicicleta.

1.2.1- Memória Sensorial

Memória cuja duração resume-se a segundos ou milésimos de segundos

(0,5 a 2 segundos). Gazzaniga (2006) chama de traço sensorial de alta-

capacidade, não estando disponível para acesso consciente. Um exemplo é

quando o professor está explicando a matéria e o aluno esta com a mente em

outro lugar. Ao perceber o comportamento do aluno, o professor aumenta a sua

voz e se prepara para fazer uma pergunta. Mas ao perceber o aumento da voz

do professor, houve as ultimas informações, e quando perguntado as repete,

como se soubesse do assunto tratado. Outro exemplo é quando você ler um

determinado número de telefone e sai correndo para procurar o aparelho, e ao

encontrá-lo percebe que esqueceu.

A Informação chega pelas entradas sensoriais de todos os órgãos dos

sentidos. Ela é crua, sensorial, e não sendo analisada com algum significado e

atenção, rapidamente será perdida. Em um jantar, por exemplo, num ambiente

onde numerosas conversações acontecem e as mentes são bombardeadas

com informações. Então se escolhe a informação que se deseja prestar

atenção e a transfere para a memória de maior duração.

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Este processo envolve associação de significando a um padrão sensorial.

Esta informação é testada na presença ou ausência das funções sensoriais

elementares, ou seja, nós reconhecemos um padrão de dados sensoriais crus

como algo significante.

“A característica principal dos traços da memória sensorial é que

ela decai rapidamente. Em geral, a maioria dos modelos mostra

que esses traços sensoriais não são diretamente acessíveis à

consciência, embora a informação possa ser recuperada da

memória sensorial, analisada e trazida à consciência, se o

processo for imediato. (...) as memórias sensoriais contêm uma

representação da informação com base em sensações, ao

contrário da representação semântica (isto é com base em

significados).” (GAZZANIGA, 2006, P. 323).

A memória sensorial não requer nenhuma atenção consciente. Como a

informação é percebida, assim ela é armazenada automaticamente na memória

sensorial.

A memória sensorial é essencial, porque é o que dá o efeito de unidade

de um objeto, por exemplo, se o objeto na memória sensorial é um retângulo

colorido, a pessoa pode ou não pode prestar atenção a ela. Se prestar atenção,

reconhece-se que é uma placa. Depois de ter depositado tanta atenção a um

pedaço de informação, ela pode passar sobre a memória de curto prazo ou

de longo prazo.

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1.2.2- Memória de Trabalho ou Operacional

Memória breve, cujo armazenamento é temporário não deixando traços,

ou seja, arquivos – é como se fosse online. A memória de trabalho assume um

papel gerenciador, pois recebe as informações, determina se é nova ou não e

em ultimo caso sua utilidade para o organismo.

“A memória de trabalho... é totalmente diferente dos demais tipos

de memória. Certamente é curta, dura desde poucos segundos

até, no máximo, 1-3 minutos. Contudo, o principal, é que seu

papel não é de formar arquivos, mas sim o de analisar as

informações que chegam constantemente ao cérebro e compará-

las com as existentes nas demais memórias, declarativas e

procedimentais, de curta ou longa duração. A memória de

trabalho não tem conseqüências bioquímicas mensuráveis que

não sejam as muito breves que decorrem a cada momento da

atividade elétrica de qualquer neurônio.” (IZQUIERDO, 2002,

P.51).

“a memória de trabalho representa a função que a memória RAM

(random-access memory) cumpre em um computador: manter a

informação viva disponível enquanto está sendo percebida e/ou

processada. Essa forma de memória é sustentada pela atividade

elétrica dos neurônios do córtex pré-frontal e sua interação com o

córtex entorrinal, o hipocampo e a amígdala. A memória de

trabalho não deixa traço: depende exclusivamente da atividade

neuronal on-line.” (LENT, 2008, P.247)

Processada fundamentalmente no córtex pré-frontal acompanha poucas

alterações bioquímicas. Essas atividades elétricas dos neurônios acontecem

mais precisamente na porção anterior do lobo frontal. Esse sistema

gerenciador do córtex pré-frontal é realizado através das conexões dessa

região via córtex entorrinal com o hipocampo e com as demais áreas

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envolvidas nos processos de memória em geral. A memória de trabalho

depende da transmissão glutamatérgica no córtex pré-frontal e colinérgica na

amígdala. Muitos reconhecem a memória de trabalho como o grande sistema

"gerenciador" de informações do cérebro, já que ela literalmente decide que

memórias vai se formar ou evocar.

“essa atividade elétrica neuronal, ao viajar pelos axônios e atingir

a extremidade destes, libera neurotransmissores sobre proteínas

receptoras dos neurônios seguintes, comunicando, assim, a

estes, traduções bioquímicas da informação processada. O córtex

pré-frontal recebe axônios procedentes de regiões cerebrais

vinculadas ‘a regulação dos estados de animo, dos níveis de

consciência e das emoções. Os neurotransmissores liberados por

esses axônios que a vêm de estruturas muito distantes...

modulam intensamente as células do lobo frontal que se

encarregam da memória de trabalho.” (IZQUIERDO, 2002, P.20).

Numa sala de aula o educador deve estar atento ao estado de animo de

seus alunos, pois um estado de animo negativo, decorrente de uma noite mal

dormida, o cansaço, depressão ou desanimo traz perturbações a memória de

trabalho, o que dificulta a aprendizagem, já que o sujeito não consegue prestar

atenção.

A memória de trabalho é aquela utilizada para entender a realidade que

rodeia o indivíduo, com o processamento imediato das informações recebidas,

para a formação e evocação da memória de curta duração, que dura algumas

horas, e da memória de longa duração, que dura dias, anos ou décadas.

“a memória de curta duração depende do prévio processamento

das informações pela memória de trabalho, cuja principal base

anatomofisiológica é o córtex pré-frontal, precede aos outros dois

tipos de memória e determina que tipo de informação e quanta

informação será “fixada” nos sistemas de curta e de longa

duração.”(IZQUIERDO, 2002,P.52)

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1.2.3 - Memória de Curta Duração

A memória de curta duração forma arquivos que podem permanecer

latentes por horas e dias, e armazena a informação enquanto o processo de

consolidação acontece. Sua duração varia entre 30min e 6h. Segungo Lent

(2008) ela “é encarregada de manter a informação comportamentalmente

disponível durante horas nas quais a memória de longa duração ainda não

adquiriu sua forma definitiva” (LENT, 2008, P.247).

Para a informação ser lembrada ou esquecida dependerá de eventos

anteriores como também dos posteriores da informação a ser armazenada.

Eventos que acontecem antes do armazenamento da informação podem

efetuar a quantidade de informação lembrada e armazenada, e por quanto

tempo. Em estudos foram descobertos que o conhecimento anterior de um

determinado tópico afeta a habilidade para codificar e se lembrar de informação

nova relacionada àquele tópico. Por exemplo, os que possuem conhecimento

extenso em um tópico anterior a exposição de informação nova relacionada

àquele tópico, podem melhor codificar e se lembrar de informação que os com

pequeno ou nenhum conhecimento prévio. Estudos feitos em interferência e o

armazenamento de informação em memória a curto prazo concluíram que

quanto mais semelhante a informação obtida antes e depois do

armazenamento seja à informação desejada, o mais provável é interferir.

Por isso, importa ao professor procurar fazer sempre uma ponte com o

conhecimento já adquirido com o conhecimento prévio, visando tornar este

conteúdo significativo, ou seja, com sentido. Pois o aprendizado tem maior

êxito quanto se estabelece uma relação de significados.

Outro aspecto, é que a memória de curta duração tem sido comparada à

moradia temporária enquanto sua casa está sendo construída. Conversa-se,

aprende-se a ler mapas, e utiliza-se em geral à linguagem oral e escrita

enquanto as memórias definitivas ainda não estão consolidadas.

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“O papel da memória de curta duração é, basicamente, o de

manter o individuo em condições de responder através de uma

“cópia” da memória principal, enquanto esta ainda não tenha sido

formada. Para isto, a memória de curta duração não sofre ao

longo das 4-6 horas em que se pode estimar sua duração

máxima; a partir desse intervalo, ela passa a ser gradativamente

substituída pela memória de longa duração.” (IZQUIERDO, 2002,

P.54, 55).

1.2.4 - Memória de Longa Duração

As memórias de longa duração podem ser recordadas por horas, dias, meses

ou anos, após as informações terem sido armazenadas. Memórias de longa

duração exigem em sua formação uma maior quantidade de regiões corticais

ativadas.

“As memórias que persistem no tempo denominam-se memórias

de curta duração e de longa duração, declarativas ou

procedimentais. As primeiras duram entre 30min e 6 h, enquanto

as segundas perduram durante muitas horas, dias ou até anos.”

(LENT, 2008, P. 247).

“As memórias de longa duração não ficam estabelecidas em sua

forma estável ou permanente imediatamente depois de sua

aquisição. O processo que leva a fixação definitiva da maneira em

que mais tarde poderão ser evocadas nos dias ou anos seguintes

denomina-se consolidação.” (IZQUIERDO, 2002, P. 27).

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1.3 - Diferenciando...

Quando se trata de diferenciar o papel da memória de curta e longa

duração surge duas posições, a primeira seria a de que a memória de curta

duração seria encarregada de manter a informação enquanto a de longa

consolida-se, sendo então etapa inicial da memória de longa duração, ou que

elas possuem processos independentes. Segundo as recentes pesquisas a

segunda posição é a mais acertada, pois “as bases da memória de curta

duração são essencialmente bioquímicas, e diferentes das da memória de

longa duração” (IZQUIERDO, 2002, P.51), e “resultados recentes indicam que

o processamento da memória de curta duração é paralelo ao da memória de

longa duração, embora ambas sejam processadas nas mesmas regiões: o

hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex parietal associativo.”(LENT, 2008, P.

250)

“a memória de curta duração é seletivamente afetada por muitos

tratamentos administrados nas mesmas áreas que processam a

memória de longa duração: a região CA1 do hipocampo, o córtex

entorrinal e o córtex parietal . Portanto, as mesmas áreas estão

envolvidas no processamento de cada tipo de memória, embora

por meio de mecanismos claramente diferentes. (...) o conteúdo

das memórias de curta e longa duração é basicamente o mesmo;

se aprendemos de cor um determinado texto ou figura e não outro

qualquer, tanto 1 ou 3 horas mais tarde (memória de curta

duração) como no dia seguinte, se nos lembramos dele (memória

de longa duração). Isto indica que a informação aferente aos dois

sistemas mnemônicos é a mesma. Em outras palavras, a

informação aferente (os estímulos condicionados e

incondicionados) chega através das mesmas vias sensoriais, e a

resposta ou resposta correspondentes são emitidas pelas

mesmas vias motoras ou efetoras. A diferença entre os dois tipos

de memória (de curta e de longa duração), que faz com que

sejam sensíveis a diferentes tratamentos e respondam a

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processos distintos, não residem no input (a percepção e a

analise do texto ou figura) nem no output (a evocação do texto ou

da figura e seu significado). A diferença entre as memórias de

curta e de longa duração reside não em seu conteúdo cognitivo,

que é o mesmo, mas sim nos mecanismos subjacentes a cada

uma delas.” (IZQUIERDO, 2002, P.53).

Fonte: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/saiunamidia/Geral/noticia_28.htm

(Figura 2)

1.4 - Memórias Declarativas e Procedimentais

Quanto ao seu conteúdo, as memórias podem ser classificadas como

"declarativas", que são aquelas que se conseguem verbalizar, como um fato;

ou procedimentais, que são aquelas memórias que não se consegue verbaliza,

somente demonstrar. Na segunda categoria incluem-se atividades motoras

complexas, como dirigir um automóvel ou andar de bicicleta. O aprendizado e a

formação desses dois tipos de memória dependem basicamente de estruturas

cerebrais diferentes.

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O processamento das memórias declarativas envolve o hipocampo, o

córtex entorrinal e várias outras áreas corticais. Entre as memórias

declarativas, as mais aversivas, emocionais ou de alerta são fortemente

moduladas pelos núcleos basal e lateral da amigdala. As memórias procedurais

são processadas preponderantemente pelo cerebelo e sistemas a eles

associados.

1.4.1- Memórias Declarativas

As memórias declarativas são bastante estudadas e são classificadas

quanto ao seu tempo de duração como imediata, de curta e de longa duração.

As memórias declarativas envolvem fatos e conhecimentos gerais

(memória semântica: por exemplo, o idioma inglês) ou episódios (memória

episódica ou autobiográfica: por exemplo, as aulas de inglês) são os eventos

assistidos ou participativos. A memória semântica resulta do processamento de

memórias geralmente adquiridas em episódios, misturadas a memórias

preexistentes e gerando, às vezes, novos insights.

“podemos, é claro, lembrar dos episódios por meio dos quais

adquirimos memórias: cada aula de inglês, a última vez que

cheiramos uma rosa, o dia em que memorizamos um poema.”

(IZQUIERDO, 2002, P. 22).

1.4.1.1- Memória Episódica e Semântica

Memória episódica, como originalmente descrita neste trabalho, refere-se à

memória autobiográfica de eventos específicos temporal e espacialmente

localizados. Contém informações sobre o contexto em que um evento ocorreu,

sendo, portanto, similar à memória operacional. Todavia, por referir-se à

evocação de eventos já ocorridos (ou episódios), difere da memória

operacional que se refere a um evento em curso.

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A memória semântica independe do contexto e contém informações sobre

relações lógicas entre os eventos do ambiente, como, por exemplo, conceitos

gerais, linguagem, fatos e regras de funcionamento do mundo, muitos dos

quais estão explicitamente acessíveis. A maior parte do conhecimento

semântico é adquirida nas primeiras décadas de vida, sendo particularmente

resistente à desorganização, não estando usualmente prejudicada em

pacientes amnésicos geralmente entendida como a responsável pelo

desempenho em tarefas que envolvem completar palavras, decisões léxicas e

identificação de palavras, nas quais o sujeito faz uso de um conhecimento pré-

existente sobre palavras e conceitos. Assemelha-se, nestes casos, à memória

implícita, mas difere da memória de procedimento.

1.4.2- Memórias Procedimentais

A memória de procedimento refere-se à informação sobre regras e

procedimentos que são aplicáveis a uma variedade de circunstâncias

diferentes.

“memórias procedurais ou memórias de procedimentos as

memórias de capacidades ou habilidades motoras ou sensoriais e

que habitualmente chamamos de “hábitos” (IZQUIERDO, 2002,

P.23).

Este sistema de memória não permitiria o acesso explícito ao conteúdo de

conhecimento, e expressar-se-ia apenas através do desempenho; isto é,

através da ativação das estruturas de processamento ou procedimentos

envolvidos nas tarefas de aprendizagem. A aquisição de habilidades motoras

envolve esse tipo de aprendizagem (por isso o nome "de procedimento").

Todavia, há aprendizagens não-motoras que envolvem um processamento

similar de informações, como é o caso do desenvolvimento de habilidades

perceptuais e de habilidades cognitiva. Por esta razão, o sistema seria melhor

denominado como sendo não-declarativo. A aquisição e retenção deste tipo de

informação decorreriam da plasticidade inerente às estruturas de

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processamento que se modificam em cada ocasião em que a informação é

processada, o que requer múltiplas tentativas de aprendizagem e permite

pouca elaboração sobre o que foi aprendido.

As memórias de procedimento são menos estudadas, porque parecem ser

menos suscetíveis ao esquecimento. Assim, pacientes com dificuldade de

lembrar fatos podem, geralmente, não ter dificuldade para dirigir um carro ou

tocar piano.

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CAPITULO II

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO

ESTADO DE ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS

Os estados de animo, as emoções, ansiedade e o estresse estão

intimamente relacionados com as memórias. “Um aluno estressado ou um

pouco alerta não forma corretamente memórias em uma sala de aula. Um

aluno que é submetido a um nível alto de ansiedade, depois, de uma aula,

pode esquecer aquilo que aprendeu. Um aluno estressado, na hora da

evocação (em uma prova, por exemplo), apresenta dificuldades para evocar (o

famoso “branco”); outro que, pelo contrário, estiver bem alerta, conseguirá

fazê-lo muito bem.” (IZQUIERDO, 2002, P.63).

A emoção também faz parte do processo criativo, pois a grande força

motora da Criatividade é a imaginação (manipulação de imagens: visuais,

auditivas, táteis ou olfativas), que depende das imagens captadas pelo sujeito

em um determinado momento, assim como das informações que foram

gravadas nos circuitos nervosos, onde, com ajuda da emoção, foram

organizadas em determinadas categorias. Um grande artista ou inventor é

alguém que consegue usar a emoção para manipular essas imagens visuais,

auditivas, táteis ou olfativas de modo muito rico.

Outro fator considerável quanto às emoções são as que são despertadas

através dos encontros. Ao encontrar alguma pessoa a memória é revivida de

forma positiva no aspecto cognitivo (saber quem é a pessoa) e emocional

(saber se é alguém de quem se gosta). Portanto, não há memória ou tomada

de decisão sem emoção.

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2.1 - Ansiedade e Estresse

Os eventos emocionalmente carregados são lembrados com maior

facilidade que os sem um significado emocional. As memórias são tratadas de

forma diferente dependendo do que ela estiver associada (emoções

agradáveis, desagradáveis e outros fatores individuais). As emoções

agradáveis são geralmente lembradas melhor do que os desagradáveis. As

lembranças positivas contêm mais detalhes contextuais, que por sua vez,

ajudam a memória.

“A modulação da aquisição e das fases iniciais da consolidação

ocorre basicamente ao mesmo tempo, e é difícil distinguir uma da

outra. Ela envolve dois aspectos: 1) distingue as memórias com

maior carga emocional das demais e faz com que as primeiras

sejam mais bem gravadas; 2) em determinadas circunstancias,

acrescenta informação neuro-humoral ou hormonal ao conteúdo

das memórias.

O núcleo-chave na modulação das fases iniciais da consolidação

e a região basolateral do núcleo amigdalino ou amígdala (Figura

1). Essa estrutura envia fibras ao córtex entorrinal e diretamente

ao hipocampo, através das quais processa seu papel modulador.

A amígdala basolateral responde a numerosos estímulos

periféricos tanto sensoriais como hormonais e vegetativos. As vias

correspondentes atingem essa estrutura através de sinapses no

córtex entorrinal (McGinty, 1999). O cótex entorrinal pode, assim,

ser visto como um grande “filtro” e processador intermediário de

informação que é dirigida: a) ao hipocampo para seu

processamento em termos de consolidação de memória de curta

ou longa duração, e/ou de evocação; b) a amígdala basolateral

para sua analise em termos de nível de alerta ou de emoção.”

(IZQUIERDO, 2002, P.64)

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Fonte: http://www.blog-medico.com.ar/

(Figura 3)

A ansiedade e o estresse causam a liberação dos chamados hormônios do

estresse, o adrenocortrófico (ACTH), glucocorticódes, adrenalina, vasopressina

e da ocitocina, que afetam a consolidação da memória. Como foi abordado

nesta monografia o estresse e ansiedade não combinam com um ambiente

saudável e favorável a aprendizagem. Algumas práticas precisam ser revistas

tanto pelos pais como pelos educadores, visto que um ambiente onde o

professor utiliza a prova como instrumento de ameaça e medo, não corrobora

com o processo de consolidação deste conteúdo. Ou quando os pais

sobrecarregam seus filhos de atividades, para torná-los “mais preparados”.

Importa ressaltar que pais e educadores devem favorecer a criação de um

ambiente livre de ameaças e do excesso de pressões.

“o alerta, a ansiedade e o estresse causam a liberação de

hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise anterior

(Figura 4 e 5), de glucocorticóides pelo córtex da supra-renal, de

adrenalina pela medula da supra-renal e de vasopressina pela

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hipófise posterior. O nível sanguíneo destas substancia

correlaciona-se com o estado do sujeito. Assim, aumenta à

medida que o alerta aumenta e se confunde já com um grau

moderado de ansiedade, continua aumentando à medida que a

ansiedade cresce, até o ponto de se confundir com o estresse, e

aumenta ainda mais à medida que o estresse se intensifica. O

efeito de todas essas substâncias na aquisição ou na fase inicial

da consolidação (primeiros 5-10 minutos) é aumentá-la até certo

nível, e a partir deste, quando a ansiedade é intensa e começa o

que poderíamos denominar estresse, o de diminuir a

consolidação.

(....) a ocitocina, hormônio da hipófise posterior, como a

vasopressina, e de estrutura química similar a esta. A ocitocina é

o principal hormônio do parto e age sobre o útero, mas também

afeta direta e indiretamente neurônios da amígdala, provocando

sua inibição e tendo, em conseqüência, um efeito amnésico.”

(IZQUIERDO, 2002, P. 64 e 66).

Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores-

20da-20Hip-F3fise

(Figura 4)

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Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores-

20da-20Hip-F3fise (Figura 5)

A emoção também afeta na codificação da memória de trabalho. Estudos

mostram que medos e preocupações diminuem a capacidade disponível para

processamento. Constataram também que as pessoas mais ansiosas têm

problemas de memória de trabalho quando fazem matemática.

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2.2 - O Efeito do Humor

Outro aspecto ligado a emoção é o humor. É possível lembrar mais

facilmente quando o humor coincide com o humor que é sentido quando se tem

contato com a aprendizagem da informação. Importa destacar que quanto mais

forte as emoções despertadas, maior será o efeito sobre a memória.

“Na codificação congruente com o humor, a informação é

aprendida de forma mais eficaz devido a sua valência afetiva, que

é consistente com o estado de humor do indivíduo no momento

da aprendizagem. Em dois experimentos desse tipo,

participantes foram primeiramente induzidos a um determinado

estado de humor através de métodos como hipnose ou através da

escuta de músicas carregadas afetivamente. Esse procedimento

era seguido por uma etapa de aprendizagem, onde os

participantes tinham a tarefa de memorizar listas de palavras

tristes ou alegres. Em um momento posterior, quando os

indivíduos já se encontravam em um estado de humor eutímico,

foram testadas suas memórias para os materiais aprendidos. Em

ambos os experimentos, observou-se um aumento significativo

nos índices de recordação em condições de codificação

congruente com o humor (por exemplo, palavras tristes quando o

humor induzido era de tristeza), em relação às condições de

incongruência com o humor (por exemplo, palavras alegres

quando o humor induzido era de tristeza).

Segundo Forgas, a explicação para resultados, como os acima

descritos, está no fato de que os indivíduos que se encontram em

um estado particular de humor geram mais associações para as

informações que vão ao encontro desse humor, codificando-as

mais eficazmente. Corroborando com essa hipótese, estão os

achados de que participantes alegres ou tristes passam um tempo

maior estudando materiais que são congruentes com seus

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humores e menos tempo com materiais incongruentes”

(GIOVANNI KUCKARTZ PERGHER; RODRIGO GRASSI-

OLIVEIRA; LUCIANA MOREIRA DE ÁVILA; LILIAN MILNITSKY

STEIN, Rev. Psiquiatria. Rio Rd. Sul vol.28 no.1 Porto

Alegre Jan./Apr. 2006).

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória

da emoção

Dentro do cérebro há diversas estruturas com várias funções e muitas

dessas áreas trabalham em conjunto para realizar tarefas, ajudando inclusive a

aprender e a lembrar.

O hipocampo desempenha um papel fundamental em relação à memória.

Localiza-se próximo a amígdala, que processa a emoção e ele, hipocampo,

processa a informação factual que chega ao cérebro. O mesmo também se

comunica com o sistema de ativação reticular, podendo comparar a informação

com o passado e supervisionar os eventos, novos ou habituais.

A amígdala é uma região do cérebro mais fortemente implicada na

memória emocional. Ela processa a emoção, filtrando-a e catalogando-a para

um futuro. Ela está envolvida no significado emocional dos acontecimentos, e,

através de sua ligação com as regiões do cérebro lidar com as experiências

sensoriais, também parece ser responsável pela influência da emoção sobre a

percepção, alertando a perceber os eventos emocionalmente significativos,

mesmo quando a pessoa não está prestando atenção.

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Outro envolvido nesta interação é o cerebelo, mais fortemente associada

com habilidades de coordenação motora, também pode estar envolvidos na

lembrança de emoções fortes, em especial, na consolidação de memórias de

longo prazo e do medo.

Partes do córtex pré-frontal também parecem estar envolvidas. Um estudo

descobriu que uma região do córtex pré-frontal foi co-influenciadas por uma

combinação de estado de humor e tarefa cognitiva, mas não por eles

sozinho. Outro estudo descobriu que o córtex pré-frontal dorso lateral é mais

ativo quando os participantes surpreenderam-se pelas respostas inesperadas.

Fonte: http://www.inec-usp.org/cursos/cursoIII/circuitaria_neuronial_ansiedade.htm

(Figura 6)

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Atividades sentidas como agradáveis ativam mecanismos de recompensa

e liberam dopamina e serotonina, neurotransmissores que alteram o meio

ambiente interno, o estado das vísceras, o sistema muscular, a expressão

facial, as emoções, os sentimentos e o comportamento. Dessa forma, a

experiência de uma situação prazerosa gera reorganização corporal e

comportamental.

Em síntese a emoção atua sobre a memória em todos os pontos de seu

ciclo, na aquisição, consolidação e evocação.

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CAPITULO III

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA

RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

A maioria dos sistemas no cérebro é modificada com a experiência, o

que significa que as sinapses envolvidas são alteradas por estímulos

ambientais captados pela percepção sensorial.

As influencias deixadas pelo aprendizado e memorização são frutos

dessas mudanças que ocorrem em nosso cérebro. A plasticidade, portanto, é

uma condição necessária para a aprendizagem e uma propriedade intrínseca

do cérebro ao longo da vida toda.

O cérebro é fisicamente alterado através do reforço, enfraquecimento e

eliminação das conexões neurais existentes, e também através das novas

conexões. O tipo de aprendizagem determinará o grau de modificação cerebral,

e quanto maior o tempo do processo de aprendizagem, maiores e mais

profundas alterações ocorrerão.

3.1- A capacidade plástica do cérebro e o papel da

aprendizagem

O cérebro pode aprender e permanecer produtivo e criativo durante

toda uma vida, devido a sua capacidade plástica. A plasticidade neural é a

capacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os

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neurônios a partir da experiência e do comportamento do indivíduo. Através da

plasticidade, novos comportamentos são aprendidos e o desenvolvimento

humano torna-se um ato contínuo. A cada nova experiência, o ser humano

pode aprender e reaprender, adaptar e modificar informações conforme as

funções de regeneração das células nervosas e de suas inúmeras conexões

entre os neurônios. Esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é

imutável, uma vez que a plasticidade neural permite que uma determinada

função do Sistema Nervoso Central (SNC) possa ser desenvolvida em outro

local do cérebro como resultado da aprendizagem e do treinamento.

As atividades dos neurônios geram um mundo interno que se adapta e

se modifica à medida que interagem com o meio ambiente, tendo os sentidos

como elo de comunicação. A cada nova vivência e aprendizado, novas

conexões neurais são acrescentadas. A plasticidade neural é natural e

essencial para o aprendizado, para o desenvolvimento das funções

neuropsicológicas e motoras do indivíduo.

“O conceito de plasticidade sináptica foi definido há mais de

um século pelo fisiologista Charles Sherrington e é uma

propriedade essencial do desenvolvimento e uma das

principais funções cerebrais. Em concordância com o conceito

de plasticidade, LeDoux (2002) sustenta que o cérebro é muito

sensível ao ambiente, e isso não é incompatível com um

funcionamento possibilitado (mas não determinado) pelos

genes. A experiência permite a aquisição de conhecimentos e

de informações pelo SN provocando alterações anatômicas em

diversos locais do encéfalo e essas alterações modificam a

intensidade das conexões entre as células.

As modificações sinápticas não se restringem a algum período

do desenvolvimento e ocorrem em todos os momentos em que

há aprendizagem (Kandel, 2000). O cérebro adulto se adapta

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constantemente aos estímulos e essa plasticidade não se

manifesta apenas em comportamentos de aprendizagem e

memória que indicam a base biológica da individualidade.

Essas mudanças dinâmicas são visíveis no processamento do

SN e podem ser estudadas de forma mais consistente no

principal local que envolve a troca de informações no cérebro:

a sinapse.”( ANDRÉ LUIZ MONÉZI ANDRADE. Psicol. Reflex.

Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009).

Pode-se definir plasticidade cerebral como uma capacidade adaptativa

do sistema nervoso central, para modificar sua estrutura e funcionamento,

através de suas conexões neurais (figura 7).

Fonte: http://neurociencia-educacao.pbworks.com/w/page/9051885/Sinapse

(FIGURA 7)

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“Uma maneira de se entenderem os processos de plasticidade

é por meio da teoria proposta por Hebb. Segundo o autor,

quando um axônio de uma célula A está próximo o suficiente

para excitar uma célula B, e esta excitação se mantém de

maneira persistente por meio de potenciais de longa duração

(LTP), acontece um processo de crescimento ou alterações

metabólicas em uma ou em ambas as células, o que acaba por

aumentar a eficiência das sinapses.

Para que o LTP ocorra, é necessário que um neurônio receba

estimulações elétricas mais fortes que o comum como forma de

aumentar o tamanho dos potenciais de campo na célula. Esse

aumento da carga elétrica na célula faz com que esta envie

estímulos mais fortes para as outras e assim sucessivamente.

O glutamato é um neurotransmissor que desempenha um

papel-chave na plasticidade neural. Ele age sobre dois tipos de

receptores, NMDA e AMPA. Os receptores AMPA são

mediadores das respostas produzidas quando o glutamato é

liberado de uma membrana pré-sináptica, ao passo que os

receptores NMDA permanecem com seus canais bloqueados.

Quando existe uma estimulação elétrica mais forte, ela acaba

por abrir os canais do receptor

NMDA. Esta abertura permite um influxo de íons de Ca 2+ no

neurônio pós-sináptico, iniciando uma cascata de eventos

bioquímicos em que esta célula nervosa gera estímulos mais

intensos para outras.

Esta série de eventos intracelulares pode durar de horas a dias

e possui funções importantes nos processos da memória e

aprendizagem. (Angela Donato Oliva; Gisele P. Dias; Ricardo

A. M. Reis, Psicol. Reflex. Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009).

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3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória

Sem memória não há aprendizagem, ou seja, aprendizagem e memória

estão intimamente ligadas. A memória é construída pela aprendizagem, e os

benefícios da aprendizagem consequentemente persistem através da memória.

Estes dois processos têm profunda inter-relação, assim a memória está sujeita

aos mesmos fatores que influenciam a aprendizagem.

Uma das definições correntes indica que a aprendizagem é a

modificação do comportamento, como resultado da experiência ou aquisição de

novos conhecimentos acerca do meio, e a memória é a retenção deste

conhecimento por um tempo determinado.

Neste fenômeno as células dentro do sistema nervoso central se

comunicam entre si durante o aprendizado. Os neurônios são responsáveis

em última instância, por permitirem o aprendizado e a memória, realizam essa

tarefa.

Os profissionais da educação devem, portanto provocar a estimulação

cerebral de seus educandos utilizando várias estratégias no processo ensino-

aprendizagem, pois o cérebro é plástico, ou seja, ele é capaz de mudar seu

desempenho e suas estratégias como resultado de estímulos externos.

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CONCLUSÃO

A memória é uma função do sistema nervoso de extrema complexidade,

e como vimos diferentes áreas cerebrais processam diferentes tipos de

memória. Neste trabalho analisamos estas diferentes áreas e o processo de

consolidação e a atuação do educador.

Outro ponto importante foi a analise da influência do nível de ansiedade

e do estado de ânimo na formação das memórias. Pois a emoção modula

constantemente a forma como os dados e os acontecimentos são

armazenados na memória, o que interfere significativamente no processo de

aprendizagem.

Foi abordada ainda a relação da memória com a plasticidade cerebral e

aprendizagem. Constatamos que a aprendizagem pode acontecer a qualquer

idade, sendo importante a estimulação deste cérebro.

Portanto, esta obra não esgota o tema exposto, sendo necessária ainda

a realização de muitas pesquisas neurocientíficas nesta área.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

9

NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA 9

1.1 - Definição 12 1.2 - Definindo os diferentes tipos de memórias segundo o tempo de retenção 13

1.2.1- Memória Sensorial 14

1.2.2- Memória de Trabalho ou Operacional 16

1.2.3 - Memória de Curta Duração 18

1.2.4 - Memória de Longa Duração 19

1.3 - Diferenciando... 20

1.4 - Memórias Declarativas e Procedimentais 21

1.4.1- Memórias Declarativas 22

1.4.1.1- Memória Episódica e Semântica 22

1.4.2- Memórias Procedimentais 23

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CAPÍTULO II 25

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO

NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 25

2.1 - Ansiedade e Estresse 26

2.2 - O Efeito do Humor 30

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória de emoção 31

CAPÍTULO III 34

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM

A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 34

3.1 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da aprendizagem 34

3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42

ÍNDICE DE FIGURAS 44

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44

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - HIPOCAMPO E DO CÓRTEX ENTORRINAL 11

FIGURA 2 - HIPOCAMPO, CÓRTEX ENTORRINAL E O CÓRTEX

PARIETAL 21

FIGURA 3 – CEREBRO E SUA DIVISÂO 27

FIGURA 4 - HIPOTALAMO E HIPÓFESE 28

FIGURA 5- HIPÓFISE 29

FIGURA 6 - CÓRTEX 32

FIGURA 7 - SINÁPSE 36