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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP CURSO DE PEDAGOGIA
GIOVANA BETINELLI
MÚSICA NA ESCOLA
CAÇADOR 2011
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GIOVANA BETINELLI
MÚSICA NA ESCOLA
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado a Universidade Alto Vale Do rio do Peixe UNIARP como requisito para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.
CAÇADOR 2011
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família que sempre
me apoiou e incentivou-me nesta trajetória.
Aos educadores que acreditaram no valor da
música na educação, que acalentam como ideal,
dedicar o melhor de si à criança.
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RESUMO
A música é aqui abordada como um recurso pedagógico por estar constantemente ligada à vida dos seres humanos. Ela está presente em diversos momentos de nossa vida, nas mais variadas situações. A música é considerada um dos estímulos mais potentes para ativar os circuitos do cérebro. Sendo ela feita por seres humanos, ela é uma linguagem que pode ser percebida pela audição, pelo sentimento e pelo intelecto. A música ajuda a afinar a sensibilidade dos alunos, aumenta a capacidade de concentração, desenvolve o raciocínio lógico, a expressão corporal e a memória. O benefício de uma boa escuta musical se estenderá para todas as áreas do conhecimento. Palavras chave: educação, música e criatividade.
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ABSTRACT
Music is boarded here as a pedagogical resource for being constantly on to the life of the human beings. It is present at diverse moments of om life, in the most varied situations. Music is considered more powerful stimulations to activate the circuits do brain. Being it made by human beings, it it is a language that can be perceived by the hearing, the feeling and the intel1ect. Music helps to sharpen the sensitivity of the pupils, increases the concentration capacity, develops the logical reasoning, the corporal expression and the memory. The benefit of a good musical listening will extend for all the areas of the knowledge. Key-Words: education, music and creativity.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 1 FUNDAMENTAÇAO TEORICA ............................................................................... 7 1.1 A HISTORIA DA MUSICA ..................................................................................... 7 1.2 A MÚSICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES ................................................................ 9 1.3 MÚSICA NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS ................................................. 12 1.4 PCNS .................................................................................................................. 13 1.4.1 Abordagem sociocultural da Educação Musical ............................................... 13 1.4.2 Ensino de Arte ou Educação Artística? ............................................................ 15 1.4.3 Ensino de Música e formação docente............................................................. 16 1.5 A IMPORTÂNICA DA MÚSICA NO CONTEXTO ESCOLAR .............................. 17 1.5.1 O trabalho desenvolvido na educação infantil .................................................. 19 CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 25 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
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INTRODUÇÃO
A finalidade da musica na sala de aula na Educação Infantil não é tanto
transmitir uma técnica particular, mas sim desenvolver na criança o gosto pela musica
e a aptidão para captar a linguagem musical e expressar-se através dela.
A música esta ligada ao se humano desde muito cedo e quem sem ela o mundo
tornaria um vazio e sem espírito. A musica é uma arte que vem sendo esquecida, mas
que deve ser retomada nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global
e emotivo com o mundo. Na sala de aula, ela poderá auxiliar de forma significativa na
aprendizagem.
É necessário que os professores reconheçam a musica como uma disciplina de
sala de aula.
A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o
ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada
individua toda a perfeição de que ele é capaz, sem a utilização da musica é mai difícil
atingir essa meta, pois ela é uma atividade que colabora para que o individuo aja e
mude o seu mundo.
É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores de
cultura dentro do processo educativo e que leve em conta a importância do
aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das crianças como indivíduos
produtores e reprodutores de cultura. Só assim poderão procurar e reconhecer todos
os meios que tem em mãos para criar a sua maneira de aprendizagem.
A música é um instrumento facilitador do processo de ensino aprendizagem,
portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso na sala de aula.
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1 FUNDAMENTAÇAO TEORICA
1.1 A HISTORIA DA MUSICA
É muito difícil definir o que seja musica. Inúmeros estudiosos tem investigado o
significado da arte musical, chegando a conclusões nem sempre unânimes. A música
é uma linguagem universal, que variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira
de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas.
O conhecimento musical se inicia da interação com o ambiente, através de
experiências concretas, que aos poucos levam a abstração. A criança se envolve
integralmente com a musica e a modifica, transformando, pouco a pouco.
Alfabetização a princípio significa o domínio da leitura e da escrita, mas esse
domínio é na verdade a conclusão de um longo processo. Para que uma criança seja
alfabetizada, é preciso que ela passe antes por uma série de etapas em seu
desenvolvimento, tornando-se então preparada para a aquisição da leitura e da
escrita. Essas etapas compõem a chamada "fase pré-escolar" ou "período
preparatório". O processo de alfabetização, é bastante complexo para a criança, por
isso a importância de se respeitar o período preparatório, que dará a criança o suporte
necessário para que ela prossiga sem apresentar grandes problemas. Uma criança
sem o preparo necessário, pode apresentar durante a alfabetização, dificuldades
relacionadas à coordenação motora fina e à orientação espacial, não sabendo por
exemplo, segurar o lápis com firmeza, unir as letras enquanto escreve, ou como
posicionar a escrita no papel. Pode ainda ter problemas para identificar os fonemas e
associá-los aos grafemas.
Também é possível encontrar crianças que só sabem copiar textos, e durante
um ditado, não conseguem escrever. Podemos falar também sobre as dificuldades de
interpretação de texto, de compreensão, de raciocínio lógico e ainda nas dificuldades
emocionais. Complexos de inferioridade, insegurança, medo de situações novas,
medo de ser repreendida, medo de errar, de não corresponder às expectativas dos
pais, apatia, indiferença ou indisciplina e revolta, problemas de socialização, baixa
auto-estima, e outros. O período propício para a alfabetização é entre os 6 ou 7 anos.
Segundo Freud, é a chamada "fase latente", quando a criança já não tem mais
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interesses relacionados à descoberta do próprio corpo e do sexo oposto, bem como
suas relações, e pode ter toda a sua atenção voltada para a aprendizagem por que
esses interesses só voltam a se manifestar na puberdade. O processo de
alfabetização pode chegar à 2 anos dependendo da maturidade, do preparo, do ritmo
da criança e do quanto foi .estimulada. Este é o período adequado para que a criança
tenha completo domínio da leitura e da escrita, havendo a necessidade daí por diante
do aperfeiçoamento da ortografia, da gramática e a estimulação constante da
compreensão, interpretação e produção de textos. Além de tudo isso, uma boa
alimentação, boa saúde, tempo de sono respeitado com horários regulares e um
ambiente de tranquilidade, segurança e amor entre a família, integração entre a
família e a escola, facilitam muito a superação do período de alfabetização com
bastante êxito.
Falando agora do período preparatório, precisamos levar em consideração que
para ser alfabetizada, uma criança precisa antes de tudo ter uma auto-estima elevada,
precisa estar bem emocionalmente, ter segurança e auto-confiança, para poder
enfrentar as dificuldades que o processo de alfabetização irão lhe impor. Além disso, a
criança precisa apresentar características de socialização. Seja qual, for o seu
temperamento, ela deve saber se portar em grupo, respeitar as pessoas, saber quais
são seus limites, ter disciplina, estabelecer boa comunicação, ir aos poucos
adquirindo independência e responsabilidade, saber ganhar e saber perder, ter boas
maneiras, etc. Depois disso, a criança deve apresentar um bom desenvolvimento
motor e dominância lateral definida. Isso significa que ela deve brincar muito,
exercitar-se através de jogos e brincadeiras que estimulem as percepções sensoriais
(gustativa, olfativa, visual, tátil e auditiva). Deve dominar seus movimentos corporais
com habilidade e segurança, deve conhecer seu corpo, seus limites, ter postura,
equilíbrio, reflexos e raciocínio lógico bem desenvolvidos.
Por isso a importância das, brincadeiras de rua, de jogar bola, andar de
bicicleta. rolar na grama, brincar com areia, nadar, correr, pular, etc. Isso é o que
chamamos de coordenação motora global. O próximo passo, é o desenvolvimento da
coordenação motora fina. A criança se desenvolve nesse sentido quando desenha ou
pinta com todos os tipos de lápis, pincéis, quando usa tesouras ou quando pinta com
os próprios dedos. Quando rasga, amassa ou pica papéis, quando brinca com jogos
de encaixar e montar, enfim, são atividades que limitam-se mais ao uso das mãos,
associadas ao raciocínio, à percepção sensorial e à concentração. Também são
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pré-requisitos importantes o desenvolvimento da capacidade de concentração, o
desenvolvimento da memória e do raciocínio lógico e abstrato.
Estes podem ser aprimorados com brinquedos e programas educativos,
músicas, histórias, filmes infantis, livros, conversas informais, e tantas outros
recursos. Toda e qualquer atividade estimula o cérebro, e quanto mais estimulado,
melhor é o desempenho da criança em todo o processo de aprendizagem. Além de
tudo isso a criança precisa sem dúvida apresentar bom desenvolvimento físico e boa
saúde. Por causa de todo esse aprendizado é importante que as crianças frequentem
a pré-escola. Os pais devem estar atentos quanto a escolha de uma, por que muitas
não tem a aprovação da secretaria de educação do município. São as conhecidas
escolas de "fundo de quintal", onde não existem os recursos necessários para todo o
desenvolvimento do período preparatório.
1.2 A MÚSICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES
Um outro campo de desenvolvimento é o que lida com a afetividade humana.
Muitas vezes menosprezado por nossa sociedade tecnicista, é nele que os efeitos da
prática musical se mostram mais claros, independendo de pesquisas e experimentos.
Todos nós que lidamos com crianças percebemos isso. O que tem mudado é que
agora estes efeitos têm sido estudados cientificamente também comprovou algo que
muitos pais e educadores já imaginavam: os bebês tendem a permanecer mais
calmos quando expostos a uma melodia serena e, dependendo da aceleração do
andamento da música, ficam mais alertas.
Nossas avós também já sabiam que colocar um bebê do lado esquerdo, junto
ao peito, o deixa mais calmo. A explicação científica é que nessa posição ele sente as
batidas do coração de quem o está segurando, o que remete ao que ele ouvia ainda
no útero, isto é, o coração da mãe. Além disso, a eficácia das canções de ninar é
prova de que música e afeto se unem em uma mágica alquimia para a criança. Muitas
vezes, mesmo já adultos, nossas melhores lembranças de situação de acolhimento e
carinho dizem respeito às nossas memórias musicais. Já presenciamos vivências em
grupos de professores que, a princípio, não apresentavam memórias de sua primeira
infância. Ao ouvirem certos acalantos, contudo, emocionaram-se e passaram a relatar
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situações acontecidas há muito tempo, depois confirmadas por suas mães.
Por todas essas razões, a linguagem musical tem sido apontada como uma das
áreas de conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil,
ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, das artes visuais, da matemática e
das ciências humanas e naturais. Em países com mais tradição que o Brasil no campo
da educação da criança pequena, a música recebe destaque nos currículos, como é o
caso do Japão e dos países nórdicos. Nesses países, o educador tem, na sua
graduação profissional, um espaço considerável dedicado à sua formação musical,
inclusive com a prática de um instrumento, além do aprendizado de um grande
número de canções. Este é, por sinal, um grande entrave para nós: o espaço
destinado à música em grande parte dos currículos de formação de professores é
ainda incipiente, quando existe. É preciso investir significativamente na formação
estética (e musical, particularmente) de nossos professores, se realmente quisermos
obter melhores resultados na educação básica.
Ainda abordando os efeitos da música no campo afetivo, estudos recentes
ampliam ainda mais nosso conhecimento a respeito de pessoas que ouviam músicas,
as quais segundo as mesmas Ihes causavam profunda emoção. Verificou-se que ao
ouvir estas músicas, as pessoas acionaram exatamente as mesmas partes do cérebro
que têm relação com estados de euforia. Segundo esses autores, isso confere à
música uma grande relevância biológica, relacionando-a aos circuitos cerebrais
ligados ao prazer.
Há também inúmeras experiências na área de saúde, trabalhos em hospitais
que utilizam a música como ele.mento fundamental para o controle da ansiedade dos
pacientes. A origem deste trabalho remonta à 23. Guerra Mundial, quando músicos
foram contratados para auxiliar na recuperação de veteranos de guerra por hospitais
norte-americanos. Pode-se afirmar que esse foi um grande impulso para a área de
musicoterapia, hoje com reconhecimento acadêmico consolidado. É cada vez mais
comum a presença da música nestes locais, seja para diminuir a sensação de dor em
pacientes depois de uma cirurgia, junto a mulheres em trabalho de parto (para
estimular as contrações) ou na estimulação de pacientes com dano cerebral. Nesse
sentido, não é exagero afirmar que os efeitos da música sobre os sentimentos
humanos estão, cada vez mais, migrando da sabedoria popular para o
reconhecimento científico.
A música também traz efeitos muito significativos no campo da maturação
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social da criança. É por meio do repertório musical que nos iniciamos como membros
de determinado grupo social. Por exemplo: os acalantos ouvidos por um bebê no
Brasil não são os mesmos ouvidos por um bebê nascido na Islândia; da mesma forma,
as brincadeiras, as adivinhas, as canções, as parlendas que dizem respeito à nossa
realidade nos inserem na nossa cultura.
Além disso, a música também é importante do ponto de vista da maturação
individual, isto é, do aprendizado das regras sociais por parte da criança. Quando uma
criança brinca de roda, por exemplo, ela tem a oportunidade de vivenciar, de forma
lúdica, situações de perda, de escolha, de decepção, de dúvida, de afirmação. As
cantigas e muitas outras que nos foram transmitidas oralmente, através de inúmeras
gerações, são formas inteligentes que a sabedoria humana inventou para nos
prepararmos para a vida adulta. Tratam de temas tão complexos e belos, falam de
amor, de disputa, de trabalho, de tristezas e de tudo que a criança enfrentará no
futuro, queiram seus pais ou não. São experiências de vida que nem o mais
sofisticado brinquedo eletrônico pode proporcionar.
Mais tarde, já às voltas com as dores e as delícias do adolescer, ainda uma vez
a música tem papel de destaque. Sem sombra de dúvida, a música é uma das formas
de comunicação mais presente na vida dos jovens. Inúmeras vezes, é por meio da
canção que temáticas importantes na inserção social desse jovem, não mais como
criança, mas agora como preparação para a vida adulta, lhe são apresentadas. Como
exemplo, temos os videoclipes que apresentam a jovens de classe média a dura
realidade do racismo, da vida nas periferias urbanas e que podem ser utilizados por
pais e educadores como forma de estabelecer um diálogo,·· uma porta para a
construção da consciência cívica.
Mais tarde, depois do nascimento, faça dos momentos junto ao bebê
momentos de puro prazer: cante enquanto lhe dá banho, faça brincadeiras ritmadas
na troca de fralda, toque seu corpo ao ritmo da canção. E, principalmente, não abra
mão das cantigas de ninar. Esqueça a conversa de que isso "põe a criança mimada":
atualmente, pediatras são unânimes em estimular esse contato. Lembre-se: criança
quieta, que dorme sozinha, que não reclama companhia, nem sempre é sinônimo de
criança feliz. Muitas vezes, o bebê super independente de agora, poderá vir a ser o
adulto carente de amanhã.
Caso você sinta necessidade, procure serviços especializados na
musicalização de bebês. Busque informações sobre os profissionais envolvidos,
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assista a algumas aulas, certifique-se do tipo de trabalho desenvolvido. Mas
lembre-se: não busque por aceleração de aprendizagem, pela formação precoce de
virtuoses. Tenha em foco apenas a possibilidade de momentos prazerosos e
estimulantes para seu bebê. Todo o resto, que poderá vir a acontecer ou não, será
lucro.
Mais tarde, por volta dos quatro, cinco anos, é comum os pais se perguntarem
se não estará na hora de aprender um instrumento. É importante saber que o
processo de musicalização deve anteceder o aprendizado de um instrumento
específico. Em geral, as boas escolas de música desenvolvem um trabalho anterior,
de vivência e sensibilização musical, para depois, quando a criança já se encontra
alfabetizada, iniciar as aulas de instrumento e de leitura musical. Se esse for o seu
interesse, vá em frente; caso não o seja, insista para que na escola de seu filho a
música tenha espaço no currículo. Esse espaço não significa necessariamente uma
aula específica de música: no caso da educação infantil, essa fragmentação do
trabalho pedagógico nem é a mais indicada pelas tendências educativas mais sólidas.
Esse espaço pode ser concretizado mesmo nas atividades de rotina, no repertório
utilizado, nas brincadeiras musicais, na freqüência a eventos promovidos pela escola.
Por outro lado, a presença de um professor especialista, um licenciado em música,
pode potencializar um trabalho de qualidade, na parceria com os demais educadores:
o importante é que esse trabalho não seja artificial, isolado do projeto pedagógico
como um todo.
1.3 MÚSICA NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS
A música possui um papel importante na educação das crianças. Ela contribui
para o desenvolvimento psicomotor, sócioafetivo, cognitivo e lingüístico, além de ser
facilitadora do processo de aprendizagem. A musicalização é um processo de
construção do conhecimento, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade,
criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória,
concentração, atenção, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também
contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
A musicalização na educação infantil está relacionado a uma motivação
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diferente do ensinar, em que é possível favorecer a auto-estima, a socialização e o
desenvolvimento do gosto e do senso musical das crianças.
1.4 PCNS
A presença do ensino de Arte e Música nas escolas brasileiras ocorreu, nos
últimos anos, de forma bastante variada, destacando-se três momentos significativos:
o Canto Orfeânico, entre as décadas de trinta e sessenta; a Educação Artística, na
década de setenta e o momento atual, caracterizado por múltiplas interpretações e
práticas.
Verificamos a obrigatoriedade deste ensino através do seguinte texto:
O ensino de arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (LDB n. 9.394/96, Art. 26, § 2°).
A redação deste artigo nos permite realizar certos questionamentos: alguma
modalidade de ensino de Arte - Artes Visuais, Música, Teatro ou Dança, deverá ser
privilegiada ou todas elas deverão ser trabalhadas? Nas séries iniciais do ensino
fundamental, que profissional deverá ministrar este ensino: a professora ou o
professor especialista?
Encontramos algumas respostas no sexto volume dos Parâmetros Curriculares
Nacionais e apresentaremos uma reflexão sobre algumas dimensões do processo de
ensinar e aprender a partir da leitura crítica deste documento, enfocando: a
abordagem sociocultural da Educação Musical; o ensino de Alie ou de Educação
Artística e a questão da formação docente.
1.4.1 Abordagem sociocultural da Educação Musical
Os estudos sobre a relação entre cultura e educação musical questionam a
abordagem eurocêntrica que considera o repertório da tradição erudita européia como
o de "maior valor" e revelam a importância de se considerar não a música, mas as
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músicas das diferentes culturas como componentes das diversas comunidades
sociais.
A repercussão desta concepção para ensino de Música encontra-se, por um
lado, na importância de se considerar a diversidade cultural e musical da escola e, por
outro, na necessidade de se trabalhar com as músicas, enquanto possibilidades
diferenciadas de organização sonora e meios de ampliação da experiência e discurso
musicais dos/as alunos/as.
Este aspecto nos leva à afirmação sobre o trabalho com as diferentes culturas,
encontrada no PCN-Arte (2000, p. 51):
[a arte] pode ser observada [...] na música dos puxadores de rede, nas ladainhas entoadas por tapeceiras tradicionais, [...] nos pregões de vendedores [...] O incentivo à curiosidade pela manifestação artística de diferentes culturas [...] pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus [...] possibilitando [...] reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade artística de manifestar-se na diversidade.
Para Penna (2001, p. 2), essa concepção do ensino de música "é bem
direcionada, uma vez que consideramos que a função da educação musical na escola
de ensino fundamental é ampliar o universo musical do aluno"
Acrescentamos à ênfase no conhecimento das diferentes culturas, a
importância das discussões sobre o inter-relacionamento entre elas, considerando a
multiplicidade, complexidade e entrelaçamento entre os traços e marcas culturais dos
indivíduos e das relações sociais. Tal perspectiva aproxima-se do conceito de
interculturalidade de Barbosa (1995, p. 11), para quem: "o termo 'Intercultural' significa
a interação entre as diferentes culturas".
Uma outra dimensão da relação entre cultura e ensino de Música trata de
retroalimentar a perspectiva intercultural, trazendo para o debate a contribuição que a
Música pode lhe conferir. A esse respeito, afirma Sekeff (1996, p.145): "mais do que a
herança genética, é exatamente a cultura que determina a música dos povos e
justifica as suas realizações (ao mesmo tempo em que sua música vai constituir
também sua cultura)".
Consideramos que um trabalho crítico realizado com a multiplicidade de
manifestações musicais das diferentes culturas, pode contribuir para que os/as
alunos/as compreendam melhor as inter-relações existentes entre elas. Ou, dito de
outra maneira, a perspectiva intercultural possui uma importante contribuição para os
estudos e práticas do ensino de Música e, este ensino, pode desempenhar um papel
relevante na compreensão das questões colocadas por tal abordagem.
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1.4.2 Ensino de Arte ou Educação Artística?
O texto do PCN-Arte (2000, p. 30) afirma que chegou-se à década de noventa
"mobilizando novas tendências curriculares em Arte [...] São características [...] as
reivindicações de identificar a área por Arte (e não mais por Educação Artística) e de
inclui-Ia na estrutura curricular como área, com conteúdos próprios [...]".
Entretanto, a mudança de nomenclatura de Educação Artística para Arte
parece ainda pouco clara para a efetivação do ensino desta área.
A título de exemplo, tomamos o edital do concurso para professores do estado
de Minas Gerais.
Neste concurso, realizado em 2001, houve cinco vagas para professor de Arte
na região da 400 Superintendência Regional de Ensino. Destas, uma era para
professor de Arte - ensino médio - e quatro para professor de Educação Artística - 30 e
40 ciclos do ensino fundamental (Minas Gerais, 2001, p. 266; 272).
Ora, se a Arte deverá se constituir enquanto área em todos os níveis da
educação básica, ainda que encontrem-se professores atuando nas escolas, esse
número de vagas chega a ser inexpressivoo É interessante notar, também, a
ambigüidade na denominação: Arte para o ensino médio e Educação Artística para o
ensino fundamental.
Não houve nenhuma referência à presença do professor especialista para as
séries iniciais do ensino fundamental, o que nos faz supor que nas escolas da rede
estadual mineira esta tarefa estará a cargo das professoras.
Com relação às diferentes modalidades de Arte o edital foi bastante aberto,
uma vez que o professor habilitado em qualquer uma delas poderia se submeter ao
concurso e seu trabalho ocorreria de acordo com sua habilitação especifica. Isto
parece demonstrar que, ainda que denominado genericamente como professor de
Educação Artística, a expectativa era a de que seu trabalho fosse especializado,
diversamente daquele concebido como polivalente, da década de setenta.
A respeito da distribuição das modalidades do ensino de Arte nos currículos,
encontramos no PCN-Arte (2000, p.108-109):
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Um bom planejamento precisa garantir a cada modalidade artística no mínimo duas aulas semanais, em seqüência, a cada ano [ ... ] Por exemplo, se Artes Visuais e Teatro forem eleitos respectivamente na primeira e segunda séries, as demais formas de arte poderão ser abordadas em alguns projetos interdisciplinares, em visitas a espetáculos, apresentações ou apreciação de reproduções e vídeos, pôsteres, etc. A mesma escola trabalhará com Dança e Música nas terceira e quarta séries, invertendo a opção pelos projetos interdisciplinares.
Percebemos, com isto, que o contexto confuso e periférico do ensino de Arte
possui, nas orientações didáticas deste documento, um forte direcionamento.
1.4.3 Ensino de Música e formação docente
Ao se referir à professora, o PCN-Arte (2000, p. 57) resvala na questão da sua
pequena formação em Arte: "o professor das séries iniciais não ter vivenciado uma
formação mais acurada nesta área [...]. Mas a proposição de amplos e complexos
objetivos como: "expressar e saber comunicar-se em artes [...] interagir com materiais,
instrumentos e procedimentos variados [...] compreender e saber identificar aspectos
da função e dos resultados do trabalho do mista [...]" (PCN-Arte, 2000, p. 53-54);
também nos fizeram refletir sobre a importância da formação e atuação docente.
Consideramos relevante que a formação musical esteja inserida no contexto
atual de reflexões e propostas para a formação de professores/as, inicial e continuada
ou permanente. Como afirma Penna (2001, p. 4): "Faz-se necessário [...] buscar
meios para capacitar o professor das primeiras séries para o trabalho musical em suas
turmas [...].
Quanto à questão do professor especialista, recorremos a um questionamento
de Bellochio (2001, p. 46): "bastam 45 minutos de aula de música semanais, de modo
desarticulado dos demais conhecimentos que estão sendo trabalhados pelos
professores, para potencializar a educação musical na escola?".
Esta e outros professores e pesquisadores do campo da Educação Musical têm
insistido que o trabalho com Música seja realizado pelo especialista, adequadamente
formado para tal, ou pela professora, num trabalho colaborativo com o mesmo.
Transcrevemos, ainda, a reflexão de Bellochio (2000, p. 03) sobre as
possibilidades e limites da ação educativa em Música das professoras:
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Como possibilidades entendo, acima de tudo, o entrelaçamento entre diferentes áreas de conhecimentos que compõem o saber escolar [...] Os professores de SIEF conseguem potencializar, muito além da reprodução de canções, mediações dialógicas, utilizando-se de conhecimentos musicais [...] Entendo que alguns limites podem ser compreendidos pela questão do conhecimento específico em Música.
Destacamos a possibilidade de entrelaçamento entre a Música e as demais
áreas do conhecimento e informamos que, embora não tenha sido objeto deste texto,
esta é uma das dimensões de nossa investigação.
Finalizamos estas reflexões apontando algumas "duplicidades" não resolvidas
nos textos legais: o denominação e concepção de ciclos e séries; a denominação e
concepção de áreas e disciplinas; as abordagens disciplinar e interdisciplinar; a
Educação Artística e a Arte, a Música e demais modalidades; as atuações da
professora e do professor especialista.
1.5 A IMPORTÂNICA DA MÚSICA NO CONTEXTO ESCOLAR
Segundo Jeandot (1982), a música é um elemento contribuinte para o
desenvolvimento da inteligência e a integração do ser. A música facilita o processo de
aprendizagem, age como um instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e
receptivo, e também ampliando o conhecimento musical do aluno, afinal a música é
um bem cultural e seu conhecimento não deve ser um privilégio de poucos.
O mesmo autor sugere que a escola deve oportunizar a convivência com
diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva
do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se tome mais crítico.
Acreditamos que musicalizar crianças é um processo dinâmico, que não pode prescindir de novas idéias. Por isto mesmo é necessário que o professor, principalmente na convivência com os alunos, cultive a capacidade de um tempo, ensinar e aprender. (MOURA, p. 103, 1996).
Segundo Campbell; Dickinson (2000, p. 147) ao comentarem sobre a
inteligência musical, resumem os motivos pelos quais ela deve ser valorizada na
escola:
- Conhecer música é importante.
- A música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser
desenvolvida.
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- A Música é criativa e auto- expressiva, permitindo a expressão de nossos
pensamentos e sentimentos mais nobres.
- A música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os outros, tanto
em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras.
- A música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem não encontrar
em parte alguma do currículo.
- A música melhora a aprendizagem de todas as matérias.
- A música ajuda os alunos a aprenderem que nem tudo na vida é quantificável.
- A música exalta o espírito humano.
Conforme Bréscia (2003), a investigação científica dos aspectos e processos
psicológicas ligados à música é tão antiga quanto as origens da psicologia como
ciência.
Assim como as atividades de musicalização a prática do canto também traz
benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais explorada na escola. O
mesmo autor afirma que, cantar pode ser um excelente companheiro de
aprendizagem, contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e
descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos recreios, cantar pode
ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão das emoções. Além
disso, o canto também pode ser utilizado como instrumento para pessoas aprenderem
a lidar com a agressividade.
O relaxamento propiciado pela atividade de cantar também contribui com a
aprendizagem. Segundo Barreto (2000), o relaxamento depende da concentração e
por isso só já possui um grande alcance na educação de crianças dispersivas, na
reeducação de crianças ditas hiperativas e na terapia de pessoas ansiosas. Comenta
ainda que crianças com problemas concentrada, já que esta depende do controle
respiratório.
As atividades relacionadas à música também servem de estímulo pra as
crianças com dificuldade de aprendizagem e contribuem pra a inclusão de crianças
portadoras de necessidades especiais. As atividades de musicalização, por exemplo,
servem como estímulo a realização e o controle de movimentos específicos,
contribuem na organização do pensamento, e as atividades em grupo favorecem a
cooperação e a comunidade. Além disso, a criança fica envolvida numa atividade cujo
objetivo é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de
rendimento, sua forma de expressão é respeitada, sua ação é valorizada, e através do
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sentimento de realização ela desenvolve a auto- estima.
Sadie apud Bréscia (2003), afirma que, crianças mentalmente deficientes e
autistas geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um
veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e
de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos
casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar
controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio de fala.
1.5.1 O trabalho desenvolvido na educação infantil
Os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que as crianças
comecem a entender o que é linguagem musical. Todo o trabalho a ser desenvolvido
na educação deve buscar a brincadeira musical, aproveitando que existe uma
identificação natural da criança com a música. A atividade deve estar muito ligada à
criatividade e à descoberta.
"Usar música na escola não é nenhuma inovação. Desde o século XVI, aqui
mesmo no Brasil, os jesuítas já se utilizavam a música como atrativo para agregar as
crianças indígenas para os seus ideais de catequização nas escolas". (WEIGEL,
1998, p. 31).
Considerada em todos os seus processos ativos (a audição, o canto, a dança, a expressão corporal e instrumental, a criação melódica) a música globaliza naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da criança: cognitivo, lingüístico, psicomotor, afetivo e social (WEIGEL, 1998, p. 13).
O ambiente da escola deve ser alegre e acolhedor, e a música contribui muito
para isso, podendo fazer parte da sala de aula. É importante cantar, principalmente se
a sala está muito agitada. A música ajuda a relaxar, acalmar, estimular, interagir,
ampliar o vocabulário.
A linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto estima, do auto-conhecimento, além de ser um poderoso meio de integração social e que, por si só, justifica sua presença no contexto escolar (WEIGEL, 1998, p. 34).
É como arte e conhecimento sociocultural que a música deve ser entendida e
dentro desse contexto os conteúdos a serem abordados deverão contemplar uma
postura interdisciplinar.
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Segundo Weigel (1998), na arte musical, como educação, o que conta é o
processo educativo, ou seja, o professor deve procurar favorecer a vivência de
atividades rítmicas e musicais, sem preocupações como resultados imediatos.
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal,
pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se
adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora,
etc.) Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao
desenvolvimento.
A ação do professor irá variar de acordo com o momento e o clima da turma:
ora provocando situações novas, ora atuando como catalisador dos interesses
emergentes ou dispersos, mas que possam ser aproveitados para levar a criança a se
expressar musicalmente.
Nesse sentido, recomenda-se ao professor:
- Evitar preocupações com resultados ideais. O importante é que a criança viva
a experiência rítmica e musical com desembaraço e segurança, mesmo que o
resultado do trabalho fique diferente do esperado.
- Lembrar que toda criança possui expressividade rítmica e musical em maior
ou menor grau, que será desenvolvida e aprimorada pela continuidade do trabalho.
- Lembrar que o ritmo de desenvo1vimento varia de criança para criança.
Assim, observar cada uma delas e adaptar as atividades à sua compreensão.
- Evitar uma postura diretiva, favorecer um clima de descontração e
espontaneidade.
- Demonstrar por seu rosto e gestos a "vida da música". Isto quer dizer cantar
com entusiasmo e movimentação, a fim de despertar o interesse da criança para
música.
- Provocar situações novas ou aproveitar o interesse e entusiasmo da criança,
prolongando ou diversificando a experiência.
- Favorecer atitudes de iniciativa, exploração, descoberta e invenção durante
as experiências musicais:
• Variando as propostas;
• Ativando a fantasia e a imaginação da criança;
• Acompanhando o seu desempenho com interesse;
- Evitar estabelecer limites rígidos de tempo. É importante a capacidade de
abandonar um planejamento para aproveitar as sugestões da criança, incluindo estas
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sugestões no trabalho que está sendo desenvolvido.
- Incentivar o desempenho do grupo, sem corrigir a criança ou demonstrar que
não gostou de seu desempenho.
- Tratar com naturalidade a criança de melhor expressividade rítmica e/ou
musical, evitando fazer elogios individuais, comparações com os colegas ou pedir
constantemente que participe sozinha.
- Realizar avaliações após as atividades musicais, perguntando a cada criança
se gostou, o que sentiu e se gostaria de modificar alguma coisa na brincadeira.
- Ligar e integrar a música às outras formas de expressão, tais como: a
dramatização, o desenho, a literatura, etc. Por exemplo, estimular:
• As crianças a desenharem a historiado que a cantarem;
• A cantarem uma cantiga sobre algum desenho feito antes;
• A dramatizarem a história da música que acabaram de cantar;
• A fazer todos os sons da história que acabaram de ouvir, etc.
Segundo Weigel (1998), na escola, deve-se incentivar a criação de bandinhas
rítmicas, promover a interação com grupos musicais da comunidade, contribuindo
assim Rara que as crianças se tomem ouvintes sensíveis, amadores talentosos, e até
mesmo músicos profissionais. Mas nunca esquecendo que o principal objetivo da
música na escola é o desenvolvimento da percepção, de criação e expressão corporal
para um bom desenvolvimento do processo de comunicação e expressão.
Segundo Jeandot (1982), o potencial criativo da criança é extremamente
trabalhado na musicalização, fazendo com que a criança raciocine melhor, crie meios
de resolver suas próprias dificuldades e desenvolva sua auto-estima.
A musicalização é um processo de construção do conhecimento musical, que
tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, estimulando e
contribuindo para a formação global da criança. A música como forma de expressão e
linguagem deve interagir com outras fom1as de expressão como a pintura e teatro e a
dança .
Aspectos trabalhados a partir da musicalização segundo Jeandot (1982):
- Socialização
- Esquema corporal
- Som e silêncio
- Percepção e discriminação auditiva (ouvir, escutar, sentir e perceber)
- Pulsação
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- Andamento
- Desenvolvimento rítmico
- Melódico
- Jogos
- Danças, marchas, cirandas
- Bandinha
- Relaxamento
Desenvolvimento musical segundo Jeandot (1982):
01 Ano e meio
- Canto espontâneo de sílabas
- Grandes diferenças no tempo, tom e intensidade de voz
- Presta atenção em certos ruídos tais como: campainha, assobios, relógios
- Reação típica à música com uma atividade total do corpo
02 Anos
- Canta versos soltos de canções, geralmente desafinados
- Reconhece algumas melodias
- Agrada-lhe o equipamento rítmico: guizos, Pandeiros que a estimulam a
cantar.
- Tem muitas reações rítmicas: as curvas, dobras de joelhos, balança-se
dobrando os braços, a cabeça e bate com os pés no chão.
03 Anos
- Pode reproduzir canções inteiras, embora geralmente fora do tom
- Possui menos inibição para cantar em grupo
- Pode reconhecer várias melodias
- Experimentar instrumentos musicais
- Agrada-lhe participar de grupos rítmicos
- Anda depressa, salta, caminha e cone, obedecendo ao compasso da música
- Agrada-lhe fantasiar ritmos
04 Anos
- Controlar melhor a voz
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- Realizar jogos simples
- Tem muito interesse em dramatizar canções
- Criar pequenas canções durante o jogo
05 Anos
- Produz com precisão os tons simples que vão de Dó médio até p segundo FÁ
superior
- Podem cantar afinadamente melodias curtas
- Reconhece e aprecia um extenso repertório de canções
Existem muitos recursos capazes de tornar uma educação diferente, dinâmica
e motivadora.
A música é um melo criativo que, sabendo utilizá-lo enriquece o saber.
Colocando a música como um assunto em destaque e intercalar com
disciplinas, é trabalhar com a interdisciplinaridade.
E foi isso que aconteceu, ouvimos a música, "Vamos brincar da cor":
Vamos brincar da cor, da cor que eu falar, a cor que eu disser você vai ter que
encostar, contar até cinco e depois voltar ... amarelo, azul, vermelho, verde, roxo...
Com essa música trabalhamos o corpo e a mente. As crianças sentiram- se
motivadas e alegres. Contaram quantas coras teriam que procurar. Ficaram atentas
para saber o momento exato de procurar determinada cor e voltar para o lugar.
A dança como arte sempre integrou o trabalho as regiões e as atividades de
lazer. Os povos sempre privilegiaram a dança sendo esta um bem cultural e uma
atividade inerente à natureza do homem. (Parâmetros Curriculares Nacionais Arte
Secretaria de Educação Fundamental, 1999, p. 67)
Aproveitando que a música fala de cores, trabalhou- se as coras primárias e em
seguida as cores secundárias e frias. Misturamos para formar as cores secundárias,
trabalhamos conceitos e palavras.
Trabalhamos também com a história de Ruth Rocha "Bom dia todas as cores",
com essa história houve interpretação e relatos. Os alunos também interpretaram
através de teatro e desenhos.
No outro dia apresentamos a música em um cartaz e com melodia, "o sapo não
lava o pé":
O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora lá na lagoa, não lava
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o pé porque não quer, mas que chulé.
Com a participação das crianças, destacamos as vogais existentes na letra da
música e os alunos falaram sobre outras palavras que iniciam com vogais. Também
contamos a quantidade de vogais e consoantes existentes na letra da música.
Englobamos também a lenda, "João Felpudo", conversamos sobre o conceito
de lenda e falamos sobre os hábitos de higiene que faz bem para nossa saúde e bem
estar.
Em seguida os alunos criaram fantoches usando material reciclável.
Conversamos sobre a importância da reciclagem e o tempo que determinados
objetos levam para se decompor.
Os alunos criaram uma dramatização com os fantoches.
Num outro momento trabalhamos com a música de Sandy e Júnior, "As quatro
estações":
A noite cai, o frio desce, mas aqui dentro predomina esse amor que me aquece,
protege da solidão.
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CAPÍTULO 2
O ano de 2011 é data limite para que toda escola pública e privada do Brasil
inclua o ensino de música em sua grade curricular. A exigência surgiu com a lei nº
11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determina que a música deva ser
conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. “O objetivo não é formar músicos,
mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos”. Nas
escolas, a música não deve ser necessariamente uma disciplina exclusiva.
Ela pode integrar o ensino de arte “Antigamente, música era uma disciplina”.
Hoje não. Ela é apenas uma das linguagens da disciplina chamada artes, que pode
englobar ainda artes plásticas e cênicas. A ideia é trabalhar com uma equipe
multidisciplinar e, nela, ter entre os profissionais o professor de música.
“Cada escola tem autonomia para decidir como incluir esse conteúdo de acordo
com seu projeto político-pedagógico”. Apesar de ser uma boa iniciativa, o trabalho
com equipes multidisciplinares para o ensino de música não tem acontecido de forma
satisfatória nas instituições de ensino. De qualquer maneira, trabalhar de forma
interdisciplinar ou multidisciplinar em escolas de educação básica é uma tarefa
complicada.
É necessário prestar atenção se o seu filho está tendo aulas de música com
uma equipe adequada ou mesmo se esse tipo de aula está sendo oferecida na escola
dele, como diz a lei. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, só estão
autorizados a lecionar na educação básica os professores com formação em nível
superior, ou seja, profissionais que tenham cursado a licenciatura em Universidades e
Institutos Superiores de Educação na área em que irão atuar.
Portanto, os professores que devem ser responsáveis pelas aulas de música
do seu filho são aqueles com formação superior em música. Avaliação da
Aprendizagem: Avaliar é um ato que deve ser feito com responsabilidade, ética e
moral. A avaliação, além da medida do desempenho, engloba também o contexto, a
concepção político-filosófica predominante, a realidade na qual está inserido o sujeito
avaliado. A avaliação fundamentada em pressupostos tradicionais e apenas
quantitativos ainda é uma abordagem usual, contudo insuficiente.
Refletir sobre a avaliação no desempenho escolar assim como o cenário da
educação na formação do aluno como um indivíduo voltado para a cidadania, trata-se
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de uma necessidade fundamental para uma prática educativa mais justa e igualitária.
Isto porque acreditamos que o processo ensino e aprendizagem deve estar pautado
no respeito ao educando, considerando como pressuposto seus aspectos físico,
social e econômico; não podendo haver qualquer espécie de discriminação uma vez
que no momento em que o aluno é valorizado em sua plenitude, poderá se efetivar a
formação de cidadãos críticos e ativos no contexto social.
Contudo, vale ainda apontar que a avaliação não é somente uma questão
relacionada aos professores, mas à escola como um todo. A partir destas
observações, podemos apontar que a prática educacional brasileira opera na quase
totalidade das vezes como verificação. Neste processo avaliativo, deixa-se de lado o
foco humanitário, emocional, o conhecimento prévio do aluno sendo considerados
apenas certos os conteúdos e respostas que previamente satisfazem os padrões
preestabelecidos pelo sistema em vigor. Estas características necessitam ser
redimensionadas já que não mais podemos compactuar com processos educacionais
que somente se pautem em reproduções conceituais. Dever-se-ia pensar na
avaliação para o crescimento do aluno, assim como para construção de sua cidadania
e de sua autonomia.
Entende-se que, neste processo avaliação – ensino - aprendizagem, todos os
educadores devem ter em mente o que é avaliar e o quanto uma avaliação pode
mexer com a auto-estima de um aluno, se usada de forma incorreta. Avaliar não deve
ter como base a exclusão e sim a inclusão do educando, sempre pensando naquele
ser humano como um grande potencial de grandes feitos futuros. Transformar valores
e arraigar conceitos deveria ser o principal objetivo da avaliação. Em síntese, não
podemos avaliar de forma qualitativa os saberes de cada aluno nas escolas, sem se
dar conta do papel do educador; do pedagogo frente à avaliação. Enfatizar o papel do
educador perante o sistema avaliativo é importante, pois entendemos que tratamos
com pessoas e esperamos que estas, possam contribuir para uma redefinição desta
sociedade vigente.
A exclusão social se dá na maioria das vezes por conta de processos
avaliativos que somente mensuram conhecimentos pré-estabelecidos sem se dar
conta do complexo cenário que esta questão nos remete. A música é um meio de
expressão de idéias e sentimentos mas também uma forma de linguagem muito
apreciada pelas pessoas. Desde muito cedo, a música adquire grande importância na
vida de uma criança. Você com certeza deve lembrar de alguma música que tenha
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marcado sua infância e, junto com essa lembrança, deve recordar as sensações que
acompanharam tal execução. Além de sensações, através da experiência musical são
desenvolvidas capacidades que serão importantes durante o crescimento infantil.
Em condições normais, os órgãos responsáveis pela audição começam a se
desenvolver no período de gestação e somente por volta dos onze anos de idade é
que o sistema funcional auditivo fica completamente maduro, por isso a estimulação
auditiva na infância tem papel fundamental. Sabe-se que os bebês reagem a sons
dentro do útero materno e que a música, desde que apropriadamente escolhida, pode
acalmar os recém-nascidos.
Vale ressaltar a importância não apenas da música tocada através de um
aparelho, mas também o contato estabelecido entre a mãe e o bebê. Assim, cantar,
murmurar ou assobiar fornecem elementos sonoros e também afetivos, através da
intensidade do som, inflexão da voz, entonação, contato de olho e contato corporal,
que serão importantes para a evolução do bebê no sentido auditivo, lingüístico,
emocional e cognitivo.
Isso ocorre também durante todo o desenvolvimento infantil, pois através da
música e de suas características peculiares, tais como ritmos variados e estrutura de
texto diferenciada, muitas vezes com utilização de rimas, a criança vai desenvolvendo
aspectos de sua percepção auditiva, que serão importantes para a evolução geral de
sua comunicação, favorecendo também a sua integração social.
Quando estão cantando, as crianças trabalham sua concentração,
memorização, consciência corporal e coordenação motora, principalmente porque,
juntamente com o cantar, ocorre com freqüência o desejo ou a sugestão para mexer o
corpo acompanhando o ritmo e criando novas formas de dança e expressão corporal.
Contudo, não se deve esperar que apenas a escola estimule a criança.
Deve-se, ao contrário, oferecer a ela um leque variado de experiências
musicais para que perceba diferenças entre estilos, letras, velocidades e ritmos
(trabalhando assim a atenção e a discriminação auditiva) e permitir que faça escolhas
e sugira repetições, o que geralmente a criança pequena faz com frequência, como
forma de aprendizagem e recurso de memorização (desta forma ela estará
trabalhando a memória auditiva).
No setor linguístico percebemos a possibilidade de estimular a criança a
ampliar seu vocabulário, uma vez que, através da música, ela se sente motivada a
descobrir o significado de novas palavras que depois incorpora a seu repertório.
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Todos esses benefícios são estendidos não só à linguagem falada, mas
também à escrita, na medida em que boa percepção, bom vocabulário e
conhecimento de estruturas de texto são elementos importantes para ser bom leitor e
bom escritor.
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REFERÊNCIAS
BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.
BRASIL, Ministério da Educação. PCNS - Parâmetros Curriculares Nacionais. Artes, 3 ed. Brasília, 2001.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: Arte, Brasília: Mec/Sef, 1999.
BRESCIA, Vera Lúcia Passagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Atamo, 2003.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKSON, Dee. Ensino e Aprendizagem por Meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. Contexto, São Paulo, 2001.
GARDNER, Howard. Estrutura da mente. A estrutura das inteligências múltiplas. Artes Medicais. Porto Alegre, 1995.
JEANDOT. Nicole. Explorando o universo da música. Scipione. São Paulo, 2 ed., 2002;
MOURA, Ieda Camargo, Musicalizando Crianças: Teoria e Prática da Educação Musical ed Etica, ed. 02, 1996.
MOURA, Leda Camargo de. Musicalizando crianças: teoria e prática da educação musical. Editora Ática: São Paulo, 1996.
WEIGEL Anna Maria Gonçalves. Brincando de música. Kuarup. Porto Alegre, 1998.